Neurociencia e Aprendizagem 05

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Neurociência

e Aprendizagem

PROBLEMAS EMOCIONAIS
E TRANSTORNOS AFETIVOS
APRESENTAÇÃO

C rianças com dificuldades emocionais podem apresentar fracasso escolar, problemas


de socialização e também problemas físicos, como perda de sono e apetite. O
psicopedagogo e demais profissionais da saúde e educação devem considerar os
problemas afetivos para promover sua identificação precoce, diagnóstico e tratamento
adequado.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:
• conhecer os principais transtornos afetivos: transtornos ansiosos e depressivos;
• aprofundar o conhecimento de duas classificações: Episódio Depressivo e Ansiedade de
Separação;
• conhecer as especificidades dos transtornos em crianças e adolescentes;
• discutir as possibilidades educativas e de tratamento.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Transposição Pedagógica Infra-Estrututura e Suporte


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Laila Coelho Silva Coordenação
FICHA TÉCNICA

Produção de Anderson Peixoto da Silva


Coordenação Pedagógica
Design Multimídia
Assessoria ao Professor,
Coordenação AUTORIA
Assessoria ao Aluno e Tutoria
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação Profa. Tatiana Correa
Design Multimídia
Gabrielle Nunes Paixão Profa. Celina Rio Pires
Marcela Vasconcellos Scarpelli
Alan J. Galego Bernini

BELO HORIZONTE - 2019


PROBLEMAS EMOCIONAIS E
TRANSTORNOS AFETIVOS
Caro(a) aluno(a), neste módulo estudaremos os problemas
emocionais típicos que acometem os indivíduos no seu processo de
aprendizagem e também discutiremos alguns transtornos afetivos
que podem ocorrer no percurso do desenvolvimento. Vamos lá?!

Problemas emocionais
Problemas emocionais e comportamentais do indivíduo podem ser um fator de risco para
o baixo desempenho escolar e até mesmo para o surgimento de transtornos e distúrbios
de comportamento mais graves.

Ansiedade, retraimento e sentimento de inferioridade podem se caracterizar como uma


condição de risco psicossocial e colocar o indivíduo em situação de desvantagem social
e educacional.

ATENÇÃO
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo sobre relações familiares e o desempenho esco-
lar de crianças mostrou que os conflitos em casa têm alta correlação com baixo rendimento
na escola. Interessantes os achados do estudo: o contexto de adversidades familiares vai se
desenrolando desde a gestação, com continuidade nos anos pré-escolares e escolares.

De forma semelhante, os transtornos afetivos provocam um impacto negativo no rendi-


mento escolar e no relacionamento familiar e social do indivíduo.

Vamos aprender um pouco


sobre eles? Prossiga!

Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos 61


Transtornos ansiosos e depressivos
Veremos a seguir a definição de depressão e ansiedade. Esses dois transtornos apresen-
tam origens complexas, pois podem ser biológicas ou psicossociais. Seu diagnóstico é
mais comum em adultos, mas as evidências científicas têm mostrado que eles também
acontecem na infância, prejudicando a adaptação escolar.

EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR


Para que uma pessoa seja diagnosticada com depressão, ela deve apresentar humor depri-
mido ou perda de interesse por quase todas as atividades por um período mínimo de duas
semanas.

Alguns sintomas, como alteração de sono, apetite e atividade motora também ocorrem
durante o episódio depressivo, além de diminuição da energia e sentimentos de culpa e
desvalia. Algumas vezes, a pessoa com depressão pode planejar ou tentar suicídio.

Você já percebeu como é comum,


atualmente, as pessoas afirmarem:
“Fiquei deprimido!” ou “Estou
deprimido!”? O que você acha disto?

Episódio depressivo ou a
Sentir-se triste e melancólico é perfeitamente normal e também é necessá- depressão maior
rio para nosso equilíbrio emocional. Estranho é quando a pessoa não sente Formas como os manuais psiquiátricos
tristeza com nada ou é alegre o tempo inteiro. Mas o episódio depressivo classificam a depressão.
ou a depressão maior são um conjunto de sintomas que causam prejuízos
significativos para o cotidiano da pessoa.

Para que não exista confusão entre ter uma tristeza normal e ter um episódio de depres-
são, seguem abaixo critérios para diagnosticar o transtorno. A presença de cinco sinto-
mas é necessária para o diagnóstico:

• Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato
subjetivo (ex.: sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex.,
chora muito). Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.
• Interesse ou prazer acentuadamente diminuído por todas ou quase todas as ativi-
dades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou
observação feita por outros).
• Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5% do
peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
Em crianças, deve-se considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados.
• Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
• Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não
meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
• Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
• Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser deliran-
te), quase todos os dias.

62 Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos


• Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os
dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros).
• Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida
recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para
cometer suicídio.

IMPORTANTE
Muitas vezes em nossas vidas passamos por momentos difíceis durante os quais parece que
estamos com depressão. No entanto, sofrer pela morte de um ente querido ou pela perda de
um emprego é normal e não pode ser classificado como depressão, a não ser que a tristeza
permaneça por mais de dois meses.

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO


Vejamos agora algumas informações sobre a ansiedade, uma perturbação que muitas
vezes acontece juntamente com a depressão. A ansiedade é caracterizada por uma preo-
cupação excessiva antecipatória em relação a diversos eventos e atividades, a qual a
pessoa não consegue controlar. Ela acontece na maioria dos dias da pessoa e deve persis-
tir por 6 meses para que o diagnóstico de ansiedade seja dado.

ATENÇÃO
A ideia aplicada ao transtorno de depressão se aplica aqui também. Ficar ansioso é normal,
especialmente na correria do cotidiano, em que temos múltiplas preocupações e pressões. É
importante vivenciar ansiedade, pois isto quer dizer que a pessoa tem noção dos perigos e
ameaças que estão a sua volta e, assim, pode se proteger deles. O problema acontece quan-
do a ansiedade prejudica a vida da pessoa e invade sua mente por razões banais.

A ansiedade aparece nos manuais psiquiátricos com diversas nomenclaturas e especifi-


cidades, o que é essencial para estabelecer o tratamento mais adequado para cada tipo.
Por exemplo, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo é uma espécie de padrão adaptativo
ansioso, assim como o Estresse e o Ataque de Pânico.

Dentre os diferentes transtornos ansiosos, tem-se a Ansiedade de Separação, que é mais


comum na infância do que na vida adulta. O transtorno ocorre antes dos 18 anos de idade
e prejudica a vida social e escolar da criança.

De acordo com o DSM, trata-se de uma ansiedade inapropriada e excessiva em relação


ao nível de desenvolvimento, envolvendo a separação do lar ou de figuras de vinculação,
evidenciada por três (ou mais) dos seguintes aspectos que duram por pelo menos quatro
semanas:

• Sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência ou previsão de afastamento


de casa ou de figuras importantes de vinculação.
• Preocupação persistente e excessiva acerca de perder, ou sobre possíveis perigos
envolvendo figuras importantes de vinculação.
• Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação
de uma figura importante de vinculação (por ex.: perder-se ou ser sequestrado).
• Relutância persistente ou recusa a ir para a escola ou a qualquer outro lugar, em
razão do medo da separação.

Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos 63


• Temor excessivo e persistente ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras impor-
tantes de vinculação em casa ou sem adultos significativos em outros contextos.
• Relutância ou recusa persistente a ir dormir sem estar próximo a uma figura impor-
tante de vinculação ou a pernoitar longe de casa.
• Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação.
• Repetidas queixas de sintomas somáticos (tais como cefaleias, dores abdominais,
náusea ou vômitos), quando a separação de figuras importantes de vinculação ocor-
re ou é prevista.

IMPORTANTE
A depressão acontece em cerca de 3 a 11% das pessoas adultas; já em crianças e adoles-
centes, a incidência vai de 2 a 9%. Quanto mais velha é a criança, mais claros os sintomas
ficam, facilitando, assim, o diagnóstico.
Crianças pequenas não conseguem expressar sua tristeza e mostram-se apenas irritáveis e
rabugentas, o que pode confundir o profissional que a avalia.
O Transtorno de Ansiedade de Separação, por sua vez, acontece em 4% das crianças e
possui critérios mais fáceis de serem observados neste público.

DEPRESSÃO E ANSIEDADE EM IDADE ESCOLAR


Para começar, por que estudamos essas duas classes de transtorno juntamente? Porque
eles fazem parte de uma categorização comum, a dos transtornos internalizantes. Esse
tipo de transtorno é caracterizado por angústia, tristeza, falta de interesse, retraimento
social e fobias. Por outro lado, temos os transtornos externalizantes, que são marcados
por agressividade e problemas de conduta.

DEPRESSÃO
Vejamos primeiramente a Depressão. Os sintomas de depressão na escola são a falta de
concentração, o desinteresse pelas atividades escolares e a diminuição no rendimento escolar.

CURIOSIDADE
Você sabia que o Transtorno Depressivo Infantil afeta muitas crianças na atualidade?
Pesquisas mostram que esta é uma condição complexa e compromete o rendimento escolar
e o desenvolvimento psicossocial.
Veja alguns sinais:
• instabilidade emocional;
• baixa estima;
• comportamentos de irritação ou agressividade;
• alterações no sono;
• perda do apetite;
• cansaço ou perda da energia habitual;
• baixo desempenho escolar;
• esquiva social;
• modificação de atitudes em relação ao processo educacional.

64 Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos


A criança com depressão é raivosa, pessimista e às vezes afirma que gostaria de morrer.
Ela tem baixa autoestima e comete erros de atribuição, ou seja, quando algo ruim acon-
tece, ela se culpa e, quando há algo bom, ela não enxerga seu mérito.

Além dos aspectos emocionais, os autores apontam que a criança também pode apre-
sentar problemas cognitivos, como diminuição no nível de memória e de atenção. Ela não
consegue completar suas tarefas escolares e tem dificuldades de tomar decisões. Há,
portanto, diminuição de desempenho escolar e possíveis atrasos na linguagem.

Socialmente falando, a criança com depressão se isola do grupo, experimenta a solidão e


fica entendiada rapidamente em situações que, antes dos sintomas, lhe eram interessantes.
Assim sendo, ela tem um número pequeno de amigos e poucos contatos interativos com eles.

ANSIEDADE
Vejamos agora as características da ansiedade na infância e seus impactos para a vida
escolar.

A criança ansiosa apresenta queixas corporais e somáticas, inquietação, desconforto em


estar no próprio corpo, sudorese, tontura, vertigem, desconforto estomacal, taxa cardíaca
aumentada, falta de ar e irregularidade intestinal.

A criança possui dificuldade de expressar os sintomas de medo, pânico e irritabilidade


e pode relatá-los de forma especial, como dizendo que estão “nervosas”, “trêmulas”,
“nauseadas”, “estranhas”. Comportamentos comuns também são: evitação de eventos
temidos, roer unhas, chupar dedo, compulsões e desatenção.

A cognição é habitada por pensamentos catastróficos: “algo ruim irá acontecer e não vou
ser capaz de lidar com isso. Irei decepcionar a todos”. Há ruminação de pensamentos até
o ponto de não prestar mais atenção a sua volta ou na tarefa. O pensamento negativo
alimenta a ansiedade e piora o desempenho escolar e social.

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Avaliação e tratamento
O profissional de educação e de saúde deve estar atento aos critérios internacionais para
realizar o diagnóstico de depressão e ansiedade. Como vimos neste módulo, existe uma
série de requisitos para se classificar alguém com esses transtornos.

ATENÇÃO
O diagnóstico de depressão e ansiedade na infância é muito difícil. Muitos dos sintomas são
compartilhados por outros transtornos.
Por exemplo, a desatenção está presente no TDAH e a apatia está na Deficiência Intelectual.
É preciso tomar muito cuidado para que se encontrem todos os sintomas que enquadram o
diagnóstico, assim como os sintomas mais definidores de cada perturbação.
No caso da depressão, o persistente humor triste e, no caso da ansiedade, a preocupação
antecipatória desmedida.

O tratamento indicado pelos médicos é o medicamentoso e o psicoterápico. Como vimos


anteriormente, os transtornos podem provocar problemas cognitivos e fracasso escolar;
então, o tratamento psicopedagógico também não pode ser dispensado.

É importante destacar que a depressão possui aspectos biológicos, psicológicos e sociais;


assim, o tratamento deve englobar toda esta complexidade e envolver família e escola de
forma sistêmica.

O professor auxilia tanto na identificação quanto no tratamento, uma vez que é capaz de
observar os comportamentos e manifestações emocionais, o impacto social e os prejuízos
cognitivos que a criança sofre.

A psicoterapia deve ajudar a criança a aprender a monitorar seus medos e pensamentos


de fracasso, ensinando-lhe técnicas de relaxamento para lidar com a tensão.

MATERIAL COMPLEMENTAR
Sugestão de filme: As Horas
Este filme ilustra muito bem a depressão em diferentes gerações e mostra que o transtorno
não é uma invenção da atualidade.

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Neurociência em Foco: Pesquisas
Aplicadas e Atualidades
Vamos caminhar pela história???

A pesquisa científica de identificação das áreas cerebrais e as emoções têm percorrido


um longo percurso. Vamos conhecer um pouco desta jornada?

Os processos cognitivos e das emoções ganharam força a partir dos séculos XVIII e XIX
após os trabalhos de Gall, Broca e Papez.

Franz Joseph Gall (1758-1828) médico e anatomista alemão especificou a morfologia


do cérebro e das principais estruturas nervosas. Pierre Paul Broca (1824-1880) cientista,
médico, anatomista e antropólogo francês fez o primeiro mapeamento das funções cere-
brais a partir da observação de pacientes com danos cerebrais. Ele também identificou
o lobo límbico (limbo = margem). Grande avanço para os fenômenos neurobiológicos
relacionados à emoção foi conseguido por James Papez (1883-1958) neuroanatomista
americano que deslocou o olhar de uma perspectiva de centros emocionais. Demonstrou
que a emoção não é função de centros cerebrais específicos e sim de um circuito, que
envolvia quatro estruturas básicas: o hipotálamo com seus corpos mamilares, o núcleo
anterior do tálamo, o giro cingulado e o hipocampo. Este circuito, que recebeu seu nome:
Circuito de Papez, atua de forma harmônica elaborando as funções centrais das emoções,
como também as expressões periféricas (sintomas).

SISTEMA LÍMBICO

Fornix
Corpo caloso Epífise

COMPONENTES COMPONENTES
DO DIENCÉFALO DO CÉREBRO
Grupo anterior de Cíngulo
núcleos talâmicos
Giro para-hipocampal
Hipotálamo
Hipotálamo
Corpo mamilar

Amigdala

Franz Joseph Gall Pierre Paul Broca James Papez .

Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos 67


Revisões posteriores das estruturas pertencentes ao Circuito de Papez, sugeriram o
conceito de Sistema Límbico (SL) – que retorna ao termo criado por Broca, que descrevia
o lobo límbico relacionado às estruturas ligadas as emoções. O SL passou então a ser
designado como o circuito neuronal associado com as respostas emocionais.

Um grande passo foi dado, não acham??


Continuaremos agora, com outros pesquisadores do século passado que
também tinham o interesse pelo conhecimento dos processos mentais
e cerebrais. Alguns de seus pioneiros foram: o fisiologista e psicólogo
vienense Sigmund Exner (1846-1926), o psicanalista Sigmund Freud
(1856-1939) e o médico francês Israel Waynbaum (–). Através de
seus trabalhos, surgiu um maior conhecimento sobre redes neuronais e
possíveis estruturas anatômicas que constituiriam os circuitos emocionais.

Sigmund Exner Sigmund Freud

Na passagem do século XIX para o XX, surgiram as primeiras teorias neuropsicológicas


das emoções. William James (1842-1910) filósofo e psicólogo americano e Carl Lange
(1834-1900) médico e psicólogo dinamarquês. Eles, independentemente, desenvolveram
a teoria de James-Lange das emoções. A teoria propõe que as emoções são desenvolvi-
das a partir de reações fisiológicas a estímulos.

Ainda contribuíram as ideias de Walter Cannon (1871-1945) fisiologista e médico ameri-


cano e de Philip Bard (1898-1977). Juntos elaboraram que o SNC causava tanto a expe-
riência subjetiva quanto as manifestações fisiológicas e comportamentais.

William James Carl Lange Walter Cannon Philip Bard

68 Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos


Com o desenvolvimento de novas técnicas de pesquisa em neurofisiologia e em neuroima-
gem, o conhecimento das bases neurais dos processos envolvidos nas emoções tem sido
aumentado, principalmente nas investigações sobre o Sistema Límbico (SL).

Veja na tabela a seguir, as estruturas e funções do Sistema Límbico de modo simplificado:

ESTRUTURAS DO SISTEMA LÍMBICO


Giro do cíngulo

Relacionado à depressão, à ansiedade e à agressividade. Em casos de


lesão dessa estrutura, observa-se lentidão mental.

Giro Para-hipocampal

Relacionado ao armazenamento da memória.

Hipotálamo
Controle do Sistema Nervoso Autônomo; Regulação da temperatura
corporal; Regulação do comportamento emocional; Regulação do sono
e da vigília; Regulação da ingestão de alimentos e de água; Regulação
da diurese e do sistema endócrino; Regulação dos ritmos circadianos.

Tálamo

Funções relacionadas com a sensibilidade, motricidade, comportamento


emocional e ativação do córtex cerebral.

Hipocampo

Funções relacionadas ao comportamento, memória, tomada de deci-


sões e também relacionado com o sistema imunológico.

Amígdala
É ativada em situações emocionais, como encontros agressivos ou de
natureza sexual; relacionada aos aprendizados emocionais e ao armaze-
namento de memórias afetivas; responsável pela formação da associa-
ção entre estímulos e recompensas.

Septo

Relaciona-se à raiva, ao prazer e ao controle neurovegetativo.

Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos 69


Ainda existem duas estruturas cerebrais muito importantes em relação as emoções e
afetividade. Vamos vê-las??

1. Área pré-frontal: Considerada a sede da personalidade. Participa


na tomada de decisões e de estratégias comportamentais mais
adequadas à situação física e social. Também parece estar
relacionada à capacidade de ordenar pensamentos e controle
emocional.
2. Cerebelo: Além de participar das funções motoras, age em
vários processos cognitivos, como: tarefas executivas, aprendi-
zagem, memória procedural e declarativa, linguagem, funções
visuais e espaciais, além de disfunções na personalidade, no
afeto e na cognição.

A pesquisa em Neurociência, como você pode ver, vem desvendando as estruturas cere-
brais que participam de nossas emoções, como medo, alegria, raiva, reações de fuga e
luta, tristeza. Os neurotransmissores são responsáveis por fazer as conexões entre as
estruturas e com todas as descobertas, fica mais fácil descobrir medicações e tratamen-
tos, para a intervenção com pessoas que necessitem de ajuda.

Espero que este passeio na história tenha sido esclarecedor para você.

70 Problemas Emocionais e Transtornos Afetivos


Síntese
Com este módulo você aprendeu que entre as características da depressão estão: a
persistência de humor triste e a falta de interesse em atividades do cotidiano. Você viu
também que, para diagnosticar uma pessoa com depressão, é necessário seguir alguns
critérios cuidadosos, pois sentir um pouco de tristeza é bastante normal.

No módulo, vimos também a ansiedade, que é caracterizada como uma preocupação


diária, excessiva e antecipatória acerca dos eventos da vida. Em crianças, o tipo de ansie-
dade mais comum e prejudicial é a ansiedade de separação, a qual impede a criança de
se distanciar de seus pais de maneira tranquila.

Você estudou aqui também algumas peculiaridades da depressão e da ansiedade na


infância. Além dos aspectos emocionais, os transtornos também afetam a cognição e o
desempenho escolar da criança.

O tratamento deve envolver médicos, psicólogos, psicopedagogos, escola e família. Os


transtornos ansiosos e depressivos possuem causas biológicas, psicológicas e sociais;
então, a intervenção deve abordar todas essas áreas.

Espero que você tenha compreendido os conceitos que desenvolvemos no decorrer de


nossos estudos. Você está de posse de um rico conteúdo, que será fundamental para sua
prática clínica ou institucional. Boa sorte e sucesso!

Referências
ESPERIDIÃO-ANTONIO, V. et al./ Neurobiologia das emoções. Rev. Psiq. Clín 35 (2); 55-65, 2008.
American Psychiatric Association – APA (2000). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. DSM
IV – TR. Tradução Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed. 4a ed.
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed.
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Andriola, W.B. & Cavalcante L.R. (1999). Avaliação da depressão infantil em alunos da pré-escola. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 12, 419-428.
Caballo, V. E., & Simón, M. A. (2005). Manual de psicologia clínica infantil e do adolescente: Transtornos gerais.
São Paulo: Livraria Santos Editora.
Friedberg, R. D & McClure, J. M. (2004). A prática clínica de terapia cognitiva com crianças e adolescentes.
Porto Alegre: Artes Médicas.
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Lopez, F. (2004). Problemas afetivos e de conduta na sala de aula. Em: Coll, C., Marchesi, A., Palácios, J. & cols
(2004). Desenvolvimento psicológico e educação. Transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas
especiais. Volume 3. Porto Alegre: Artmed.

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