Neurociencia e Aprendizagem 05
Neurociencia e Aprendizagem 05
Neurociencia e Aprendizagem 05
e Aprendizagem
PROBLEMAS EMOCIONAIS
E TRANSTORNOS AFETIVOS
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:
• conhecer os principais transtornos afetivos: transtornos ansiosos e depressivos;
• aprofundar o conhecimento de duas classificações: Episódio Depressivo e Ansiedade de
Separação;
• conhecer as especificidades dos transtornos em crianças e adolescentes;
• discutir as possibilidades educativas e de tratamento.
Problemas emocionais
Problemas emocionais e comportamentais do indivíduo podem ser um fator de risco para
o baixo desempenho escolar e até mesmo para o surgimento de transtornos e distúrbios
de comportamento mais graves.
ATENÇÃO
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo sobre relações familiares e o desempenho esco-
lar de crianças mostrou que os conflitos em casa têm alta correlação com baixo rendimento
na escola. Interessantes os achados do estudo: o contexto de adversidades familiares vai se
desenrolando desde a gestação, com continuidade nos anos pré-escolares e escolares.
Alguns sintomas, como alteração de sono, apetite e atividade motora também ocorrem
durante o episódio depressivo, além de diminuição da energia e sentimentos de culpa e
desvalia. Algumas vezes, a pessoa com depressão pode planejar ou tentar suicídio.
Episódio depressivo ou a
Sentir-se triste e melancólico é perfeitamente normal e também é necessá- depressão maior
rio para nosso equilíbrio emocional. Estranho é quando a pessoa não sente Formas como os manuais psiquiátricos
tristeza com nada ou é alegre o tempo inteiro. Mas o episódio depressivo classificam a depressão.
ou a depressão maior são um conjunto de sintomas que causam prejuízos
significativos para o cotidiano da pessoa.
Para que não exista confusão entre ter uma tristeza normal e ter um episódio de depres-
são, seguem abaixo critérios para diagnosticar o transtorno. A presença de cinco sinto-
mas é necessária para o diagnóstico:
• Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato
subjetivo (ex.: sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex.,
chora muito). Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.
• Interesse ou prazer acentuadamente diminuído por todas ou quase todas as ativi-
dades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou
observação feita por outros).
• Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5% do
peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
Em crianças, deve-se considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados.
• Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
• Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não
meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
• Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
• Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser deliran-
te), quase todos os dias.
IMPORTANTE
Muitas vezes em nossas vidas passamos por momentos difíceis durante os quais parece que
estamos com depressão. No entanto, sofrer pela morte de um ente querido ou pela perda de
um emprego é normal e não pode ser classificado como depressão, a não ser que a tristeza
permaneça por mais de dois meses.
ATENÇÃO
A ideia aplicada ao transtorno de depressão se aplica aqui também. Ficar ansioso é normal,
especialmente na correria do cotidiano, em que temos múltiplas preocupações e pressões. É
importante vivenciar ansiedade, pois isto quer dizer que a pessoa tem noção dos perigos e
ameaças que estão a sua volta e, assim, pode se proteger deles. O problema acontece quan-
do a ansiedade prejudica a vida da pessoa e invade sua mente por razões banais.
IMPORTANTE
A depressão acontece em cerca de 3 a 11% das pessoas adultas; já em crianças e adoles-
centes, a incidência vai de 2 a 9%. Quanto mais velha é a criança, mais claros os sintomas
ficam, facilitando, assim, o diagnóstico.
Crianças pequenas não conseguem expressar sua tristeza e mostram-se apenas irritáveis e
rabugentas, o que pode confundir o profissional que a avalia.
O Transtorno de Ansiedade de Separação, por sua vez, acontece em 4% das crianças e
possui critérios mais fáceis de serem observados neste público.
DEPRESSÃO
Vejamos primeiramente a Depressão. Os sintomas de depressão na escola são a falta de
concentração, o desinteresse pelas atividades escolares e a diminuição no rendimento escolar.
CURIOSIDADE
Você sabia que o Transtorno Depressivo Infantil afeta muitas crianças na atualidade?
Pesquisas mostram que esta é uma condição complexa e compromete o rendimento escolar
e o desenvolvimento psicossocial.
Veja alguns sinais:
• instabilidade emocional;
• baixa estima;
• comportamentos de irritação ou agressividade;
• alterações no sono;
• perda do apetite;
• cansaço ou perda da energia habitual;
• baixo desempenho escolar;
• esquiva social;
• modificação de atitudes em relação ao processo educacional.
Além dos aspectos emocionais, os autores apontam que a criança também pode apre-
sentar problemas cognitivos, como diminuição no nível de memória e de atenção. Ela não
consegue completar suas tarefas escolares e tem dificuldades de tomar decisões. Há,
portanto, diminuição de desempenho escolar e possíveis atrasos na linguagem.
ANSIEDADE
Vejamos agora as características da ansiedade na infância e seus impactos para a vida
escolar.
A cognição é habitada por pensamentos catastróficos: “algo ruim irá acontecer e não vou
ser capaz de lidar com isso. Irei decepcionar a todos”. Há ruminação de pensamentos até
o ponto de não prestar mais atenção a sua volta ou na tarefa. O pensamento negativo
alimenta a ansiedade e piora o desempenho escolar e social.
ATENÇÃO
O diagnóstico de depressão e ansiedade na infância é muito difícil. Muitos dos sintomas são
compartilhados por outros transtornos.
Por exemplo, a desatenção está presente no TDAH e a apatia está na Deficiência Intelectual.
É preciso tomar muito cuidado para que se encontrem todos os sintomas que enquadram o
diagnóstico, assim como os sintomas mais definidores de cada perturbação.
No caso da depressão, o persistente humor triste e, no caso da ansiedade, a preocupação
antecipatória desmedida.
O professor auxilia tanto na identificação quanto no tratamento, uma vez que é capaz de
observar os comportamentos e manifestações emocionais, o impacto social e os prejuízos
cognitivos que a criança sofre.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Sugestão de filme: As Horas
Este filme ilustra muito bem a depressão em diferentes gerações e mostra que o transtorno
não é uma invenção da atualidade.
Os processos cognitivos e das emoções ganharam força a partir dos séculos XVIII e XIX
após os trabalhos de Gall, Broca e Papez.
SISTEMA LÍMBICO
Fornix
Corpo caloso Epífise
COMPONENTES COMPONENTES
DO DIENCÉFALO DO CÉREBRO
Grupo anterior de Cíngulo
núcleos talâmicos
Giro para-hipocampal
Hipotálamo
Hipotálamo
Corpo mamilar
Amigdala
Giro Para-hipocampal
Hipotálamo
Controle do Sistema Nervoso Autônomo; Regulação da temperatura
corporal; Regulação do comportamento emocional; Regulação do sono
e da vigília; Regulação da ingestão de alimentos e de água; Regulação
da diurese e do sistema endócrino; Regulação dos ritmos circadianos.
Tálamo
Hipocampo
Amígdala
É ativada em situações emocionais, como encontros agressivos ou de
natureza sexual; relacionada aos aprendizados emocionais e ao armaze-
namento de memórias afetivas; responsável pela formação da associa-
ção entre estímulos e recompensas.
Septo
A pesquisa em Neurociência, como você pode ver, vem desvendando as estruturas cere-
brais que participam de nossas emoções, como medo, alegria, raiva, reações de fuga e
luta, tristeza. Os neurotransmissores são responsáveis por fazer as conexões entre as
estruturas e com todas as descobertas, fica mais fácil descobrir medicações e tratamen-
tos, para a intervenção com pessoas que necessitem de ajuda.
Espero que este passeio na história tenha sido esclarecedor para você.
Referências
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