Modelo de Recurso Inominado

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA COMARCA DE


XXXXXXX 

 
Processo nº xxxxxxxx
 

xxxxxxxxx, já qualificada nos autos do processo em


epígrafe, que move em face do xxxxxxx, por sua
advogada legalmente constituída, vem mui
respeitosamente perante esse douto Juízo, com fulcro
no artigo 41 da Lei 9.099/95, interpor
TEMPESTIVAMENTE o presente

RECURSO INOMINADO

conforme razões em anexo.

Observa que a REQUERENTE está sob o pálio da Justiça Gratuita, razão


pela qual deixou de efetuar o preparo.
  

Nestes termos,

Pede deferimento.

   xxxxxxx

OAB- xxxx
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO 

 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL DA BAHIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE XXXXXXX
PROCESSO Nº: xxxxxxxxx
RECORRENTE: XXXXXXXXX
RECORRIDA: XXXXXXXXX
 

Eméritos Julgadores,

DOS PRESUPOSTOS DE ADMISSIBILDADE 

 A RECORRENTE pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,


assegurados pela lei 1060/50 e consoante art. 98 caput NCPC/2015. Espera-se,
portanto, que esta Egrégia Turma se manifeste a respeito, concedendo a
gratuidade.

Infere-se dos artigos supracitados que qualquer uma das partes no


processo pode usufruir do benefício da justiça gratuita. Logo, a recorrente faz
jus ao benefício, haja vista não ter condições de arcar com as despesas do
processo sem prejuízo da sua mantença, uma vez que se encontra
desempregada, com, conforme CTPS juntada aos autos.

Ainda sobre a gratuidade a que tem direito, o NCPC dispõe em seu art
99 § 3º que “presume-se verdadeira a alegação de insuficiência de recursos,
sendo desnecessário, num primeiro momento, a produção de provas da
hipossuficiência financeira.

Assim, ex positis, pois, requer-se os benefícios da assistência judiciária


gratuita.

A decisão recorrida foi publicada em xxx/xxxx/xxxxxx. Considerando o


prazo legal de 10 dias para a apresentação do presente recurso e, ainda, a data
em que este foi interposto, tem-se respeitado o pressuposto da tempestividade
recursal. 

DA SÍNTESE DO PROCESSO

xxxxxxxxxxxx

A sentença do juízo a quo julgou improcedentes os pedidos que foram


pretendidos na exordial sob o fundamento de que o recorrente não levou aos
autos prova suficiente, como também indeferiu o pedido de inversão do ônus
da prova ao recorrente. Levou em consideração em sua decisão a falta de
provas de que o recorrente não hospedou no processo, que poderia ser
comprovado facilmente pela recorrida, caso houvesse a inversão do ônus da
prova.

Diante deste fato, não teve alternativa a recorrente senão recorre-se da


segunda instancia desta justiça.
 

RAZÕES PARA REFORMA

Em apertada síntese o MM. Juízo a quo, julgou improcedente a presente


ação, como já dito, alegando in verbis: 

“(...)Consoante regra ínsita no art. 355, I do NCPC ¿o juiz julgará


antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras
provas¿. É o caso dos autos, considerando que pelas partes não foram
indicadas outras provas a serem produzidas. É o caso dos autos.

O Novo Código de Processo Civil estabelece, em seu art. 373, que o


ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu
direito e ao réu quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.

Da análise dos autos, não tendo sido realizada a inversão do ônus da


prova pelo Juízo, e a despeito das alegações contidas na petição inicial,
a parte autora não se desincumbiu do seu ônus probatório de
demonstrar os mínimos fatos constitutivos de seu direito, sobretudo
quanto ao cancelamento do serviço em 01/09/2018, com a retirada dos
aparelhos de transmissão, pela ré. Sequer número de protocolo
informou. Era ônus da autora comprovar a data do fato,
imprescindível à análise da exigibilidade do débito em lide.

Outrossim, nota-se que o documento hospedado no evento 1.4,


relativo à fatura vencida em 24/09/2018, demonstra a utilização do
serviço durante o período de 24/08/2018 a 23/09/2018, não havendo
nada nos autos que evidencie a ausência de disponibilização do serviço
em tais dias.

Conforme é sabido, a inversão do ônus da prova preconizada no art.


6°, VIII do CDC, regra de procedimento (e não de julgamento), é ope
judici, isto é, não automática e somente efetivada por ato do juiz
mediante a apreciação dos seus requisitos (verossimilhança da
alegação ou hipossuficiência do consumidor), se contrapondo, assim, a
inversão ope legis (ou por força de lei).

Face ao exposto, e por tudo mais que dos autos consta, JULGO
IMPROCEDENTE o(s) pedido(s) da parte autora, motivo pelo qual,
com fulcro no art. 487, I, do NCPC, EXTINGO O PROCESSO
COM APRECIAÇÃO DO MÉRITO.

Data Venia Maxima, a sentença a quo merece reforma no seguinte ponto:


 
O D. juízo a quo indeferiu o pedido relativo à indenização por danos
morais baseando-se na premissa de que as alegações formuladas pela Autora
não restaram demonstradas.

Desta forma, de acordo com o art. 6º, VIII, do CDC, quando o


consumidor for (além de vulnerável, condição presente em todos os
consumidores) hipossuficiente, ou quando houver presença de verossimilhança
em suas alegações, de acordo com critério do juiz, ocorrerá a inversão do ônus
da prova.

É de entendimento dos tribunais que se tratando de relação de consumo,


mostra-se cabível a inversão do ônus da prova nos termos do artigo já
mencionado, como pode-se vê:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RELAÇÃO DE CONSUMO.


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO
DE QUE A PROVA É RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR
AFASTADA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR
VERIFICADA. ART. 6º, INCISO VIII, CDC. RECURSO CONHECIDO
E DESPROVIDO. 1. A inversão do ônus da prova, mesmo nos casos
que envolvam direito do consumidor, não se opera de forma
automática, dependendo do preenchimento dos seguintes requisitos:
verossimilhança das alegações ou hipossuficiência do consumidor. 2.
O consumidor é a parte vulnerável na relação, conforme preceitua o
artigo 4º do Código do Consumidor, podendo o juiz inverter o ônus
da prova quando há um dos dois requisitos previstos na Lei
consumeirista, sendo certo que na hipótese, encontra presente não só
a verossimilhança das alegações como a impossibilidade ou excessiva
dificuldade na obtenção da prova por parte do consumidor. 3.
Tratando-se de relação de consumo, mostra-se cabível a inversão do
ônus da prova, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do CDC. 4. In casu,
há verossimilhança nas alegações da parte autora, posto ser
incontroversa a contratação do seguro, em vida, de seu falecido
esposo, sendo certo que a proposta por ele assinada encontra-se em
poder da seguradora.  5. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(córdão 1227725, 07148439320198070000, Relator: ROBSON BARBOSA
DE AZEVEDO, Quinta Turma Cível, data de julgamento: 29/1/2020,
publicado no DJE: 13/2/2020.

 Ainda:

CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, VIII,


DO CDC. PROVAPERICIAL. RESPONSABILIDADE PELAS CUSTAS.
1. Conforme o art. 6º, VIII, do CDC, a inversão do ônus probante no
curso do processo é direito básico do consumidor para a facilitaçãoda
defesa de seus direitos, cabendo ao magistrado verificar a existência
de uma das condições ensejadoras da medida, quais sejam a
verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência da parte, segundo
as regras ordinárias de experiências. 2. No entanto, a inversão do
mencionado ônus não implica responsabilização da ré pelas custas da
perícia solicitada;significa tão-somente que já descabe à autora a
produção dessa prova. Optando a ré por não antecipar os honorários
periciais, presumir-se-ão verdadeiras as alegações da autora.
Precedentes do STJ. 3. In casu, o juízo a quo determinou a inversão do
ônus probante e a antecipação dos honorários periciais pela ré em
ação de obrigação de fazer fundada em contrato de prestação de
energia elétrica. Alicerçou-se no fundamento de que compete à
prestadora de serviços acomprovação da regularidade da cobrança
tida por excessiva pela autora. 4. Ora, tendo sido invertido o ônus da
prova, desaparece a necessidade de o autor provar o que estiver no
âmbito da inversão. Logo, é supérfluo obrigar o réu a produzir prova
cuja apresentação seja de seu exclusivo interesse, pois a sua negativa
ou omissão em nada prejudicará o sujeito vulnerável, só o favorecerá
emconseqüência da própria inversão. 5. Agravo Regimental não
provido. (STJ - AgRg no REsp: 1098876 SP 2008/0227038-3, Relator:
Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 08/09/2009, T2
- SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/04/2011).

 Dessa forma, a r. Sentença não levou em consideração a hipossuficiência


do recorrente e nem reconheceu a verossimilhança das alegações que é bem
evidente, assim trouxe prejuízos processuais cerceando o direito do recorrente
de ser ver amparado pela lei visto que o recorrente não tem condição técnica e
nem financeira além de não ter dado oportunidade para o recorrente se
manifestar sobre a concessão ou não.

Logo o recorrente foi surpreendido quando da sentença negou a inversão


do ônus da prova, a respeitável decisão não se ateve as exigência do novo
código de processo civil, que foi proferida na vigência da nova Lei.

DOS REQUERIMENTOS DA JUSTIFICATIVA DA REFORMA E PEDIDOS

Diante das considerações acima expostas, a Recorrente requer seja


conhecido o presente recurso e, quando de seu julgamento, lhe seja dado
integral provimento acerca da reforma da sentença recorrida para acolher o
seguintes requerimentos:
1. O reconhecimento de que o recorrente é pessoa hipossuficiente na relação do
consumo;
2. Que seja concedida a inversão do ônus probatório pelos dois requisitos
elencados no inciso VIII do artigo 6º do CDC, ou que pelo menos um dos
requisitos seja reconhecido;
3. Que seja concedida a inversão do ônus probatório pelos dois requisitos
elencados no inciso VIII do artigo 6º do CDC;
4. Que seja concedida a justiça gratuita ao recorrente nos termos do artigo 98
do CPC/15;
5. A condenação da Empresa-recorrida das custas processuais e de honorários
advocatícios;
6. Requer que o presente recurso seja CONHECIDO e, quando de seu
julgamento, seja totalmente PROVIDO para reformar a sentença recorrida,
com o consequente retorno dos autos ao juízo a quo para reformar sua
decisão, por ser da mais lídima JUSTIÇA.
Fazendo isto, essa colenda Turma estará renovando seus propósitos de
distribuir a tão almejada Justiça.  
Nestes termos,

Pede deferimento.

xxxxxx
OAB- xxxx

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