Farsa Pronta
Farsa Pronta
Farsa Pronta
Introdução
Leonor- A Farsa de Inês Pereira, é a peça mais extensa de Gil Vicente,
sendo considerada uma das obras-primas do autor. Esta foi representada
pela primeira vez no ano de 1523, no Convento de Tomar, estando
presente D.João III. Como se tinham levantado dúvidas sobre a sua
autenticidade Gil Vicente, pediu para que lhe dessem um mote. O mote
que recebeu foi “ mais quero asno que me leve do que cavalo que me
derrube”. Com ele compôs uma farsa constituída por 10 personagens.
calão, ironia, sarcasmo e trocadilhos. Como por exemplo nos versos 196 e
197 onde eu digo: «E ela sabe latim/e gramática e alfaqui». Gil Vicente
também usa o cómico de caráter e o cómico de situação, o cómico de
caráter baseia-se na personalidade das personagens, sendo Pero Marques
e os Judeus, bons exemplos devido aos seus comportamentos e posturas.
Já o cómico de situação, resulta das situações em que as personagens se
colocam, como quando foi dito a Pero Marques para se sentar numa
cadeira, porém o mesmo não se sabia sentar na cadeira.
Personagens:
Rafaela--Eu sou Inês Pereira, uma jovem pertencente à pequena burguesia
e personagem principal desta farsa, já que toda a ação desenrola em
torno de mim. Sou uma personagem modelada, isto é, a minha densidade
psicológica varia ao longo da ação. Tenho três momentos distintos,quando
estou solteira, quando estou casada e fico viúva e quando caso pela
segunda vez. Enquanto estou solteira mostro-me desejosa, já que tenho o
desejo de casar com um homem que me deixe ser livre e que seja
simplório e discreto, mesmo que feio e pobre. Bem, acho que posso dizer
que sou idealista. O porquê deste desejo? Bom, eu estou farta de todas as
tarefas que a minha mãe me manda fazer, quero sair de casa, quero ter
uma vida livre e dada aos prazeres, o que faz de mim sonhadora, mas
também preguiçosa. Recebi o meu primeiro pretendente e rejeitei-
o,ironizando-o. Adoro ser trocista. Finalmente casei-me. Sentia-me alegre
por finalmente me ter livrado das tarefas de casa e poder sair quando
quisesse. Mas rapidamente essa alegria se tornou em tristeza pois nada
correu como imaginava e tornei-me numa prisioneira na minha própria
casa. Senti-me arrependida durante este tempo por não ter casado com o
meu 1º pretendente, Pero Marques. O meu marido morreu e eu fiquei
Farsa de Inês Pereira
Sei que fui, de certa forma, desrespeitosa para com Pero Marques pois
acabei por traí-lo com o Ermitão, um antigo apaixonado. Senti-me
satisfeita com o resultado do meu casamento mas também percebo que
não aprendi com o que vivi e que fui eu também farsante pois fui
enganada e mesmo assim acabei por enganar outro alguém.
Ariana-- Eu sou uma mãe e dona de casa. Preocupo-me bastante com a
educação e o futuro da minha filha Inês, por vezes posso ser autoritária
com a mesma, porém é para o seu bem. Eu faço com que ela realize
tarefas domésticas e também não a deixava sair de casa, para ela
aprender a fazer bem as tarefas. Na minha opinião, o primeiro
pretendente, Pero Marques, era o pretendente ideal para a minha filha,
porém ela preferiu casar-se com o Brás da Mata, eu era contra o
casamento, mas, para mostrar à minha filha que a apoio, ofereci-lhe a
minha casa quando ela se casou.
Rita--Pero Marques- Eu vivo bem financeiramente, herdei a fazenda do
meu pai. Sou ingénuo, simplório e rústico, já que nem numa cadeira eu me
sabia sentar. Sou apaixonado e fiel já que estava decidido a casar com
Inês. Acabo por ser ridicularizado, humilhado e rejeitado por Inês. Mesmo
assim, respeito-a e prometo casar com ela quando a mesma quiser. No fim
fui enganado por Inês e caracterizado como asno já que fui muito ingénuo
e até carreguei Inês às costas até onde o Ermitão se encontrava para me
trair.
Leonor--Brás da Mata- Brás da mata: Eu para me casar com Inês talvez
tenha mentido sobre a minha pessoa,digamos que fingi ser rico e que
também a deixaria ser livre só para me poder casar com Inês e ganhar
benefícios com o casamento. Eu não era como Inês esperava, pois mal me
casei, quis voltar a ser solteiro. Quando nos casamos não a deixava sair de
casa, porque não queria que ela andasse por aí a falar com outras pessoas.
Farsa de Inês Pereira
Mas, um dia, tive de deixar a minha bela esposa e ir lutar para a guerra,
porém morri a prestar serviços pelo nosso país.
Rita--Lianor de Vaz é amiga da mãe de Inês e alcoviteira, que foi
requisitada para arranjar um marido para Inês. É casada mas revelou que
trai o marido. É honesta e desinteressada pelo dinheiro, já que apenas me
apresentou a Inês por ser muito amiga da mãe da mesma. É também
conselheira pois avisa Inês dos perigos do seu ideal. É também
persistente, pois sempre insistiu com Inês para que a mesma casasse
comigo.
Leonor-- Os dois Judeus casamenteiros são Latão e Vidal, foram eles que
me recomendaram e apresentaram a Inês como o seu marido ideal,
ambos falam como se fossem uma única pessoa interrompendo-se um ao
outro.
Os dois judeus são desonestos e exageraram nas minhas qualidades para
eu me conseguir casar com Inês, fazendo com que parecesse que eu fosse
exatamente o marido que Inês queria, mesmo que não seja verdade. Vidal
e Latão são bastante materialistas e ganharam bens próprios devido aos
casamentos arranjados que eles fazem.
Leonor—Ah, o Fernando, meu moço! Que se fingia de amigo mas na
verdade tentava me queimar em tudo o que podia. Denunciando o meu
verdadeiro caráter e algumas das minhas intenções. E ele vingou Inês
quando eu foi para a guerra e acabei por morrer.
Ariana— Ai a Luzia, uma amiga da minha querida Inês, foi convidada para
o seu primeiro casamento, onde cantou e bailou bastante, animando a
festa.
Conflito
Rafaela--Inês: O conflito foi o facto de eu querer ter um marido para assim
poder sair de casa quando quiser, como quiser e ir aonde quiser e
finalmente livrar-me das tarefas de casa.
Leonor--Escudeiro: Então Inês casou comigo, um homem rico da nobreza,
bonito, muito liberal e, o mais importante, que encaixa nos ideais de Inês.
Farsa de Inês Pereira
Desenlace
Rita--Pero: Esta ação dramática termina comigo a carregar Inês às costas
por um rio segurando uma louça em cada mão.
Rafaela--Inês: Como eu disse, tal e qual um burro de carga.
Rita--Pero: E íamos também a cantar uma canção durante o caminho.
Rafaela--Inês: Que remete à minha traição para com o Pero. Ai como ele é
inocente.
Ariana--Mãe: A lição que podemos retirar desta obra é que não nos
devemos levar pelas aparências e não nos devemos fiar naquilo que as
pessoas mostram ser e na realidade não são e também que não devemos
subestimar ninguém pela sua forma de ser e agir.
Farsa de Inês Pereira
Leonor--Fim: Espero que tenham ficado a saber mais sobre esta Farsa.
Obrigada!