Abordagens em Psicologia Saúde Mental Cotidiana - Volume 2
Abordagens em Psicologia Saúde Mental Cotidiana - Volume 2
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Organizadora
Conselho Editorial
Ma. Tatiany Michelle Gonçalves da Silva, Secretaria de Estado do Distrito Federal, SEE-DF
Ma. Emile Ivana Fernandes Santos Costa, Universidade do Estado da Bahia, UNEB
Me. Heder Junior dos Santos, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP
Esp. Érica dos Santos Carvalho, Secretaria Municipal de Educação de Minas Gerais, SEEMG
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-84599-09-3
DOI: 10.5281/zenodo.5800094
2021
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AUTORES
Capítulo 1
A PROTOPSICOLOGIA DE PLATÃO NA PSICOLOGIA MODERNA
Alessandro Vieira dos Reis
9
Capítulo 2
O USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS NA GESTAÇÃO E AS SUAS
CONSEQUÊNCIAS
Gilmar Antoniassi Junior; Saulo Gonçalves Pereira; Emilly de Souza
26
Silva Moreira
Capítulo 3
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA RECUPERAÇÃO FUNCIONAL
ATRAVÉS DA REALIDADE VIRTUAL: UMA NOVA PERSPECTIVA 45
Charles Henrique Andrade de Oliveira; João Ricard Pereira da Silva
Capítulo 4
MEUS FUNCIONÁRIOS NÃO SÃO ‘COISAS’ NO AMBIENTE DE
TRABALHO!
A INFLUÊNCIA DA PERCEPÇÃO DO SUPORTE ORGANIZACIONAL NO
ASSÉDIO MORAL PESSOAL E LABORAL EM PROFISSIONAIS DA 65
ÁREA DA SAÚDE E EDUCAÇÃO
Nilton Soares Formiga; Ionara Dantas Estevam; Juliana Bianca Maia
Franco; Ennio Alves de Sousa Andrade Lima
Capítulo 5
INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DE ESTRESSE EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES: REVISÃO INTEGRATIVA DE ESTUDOS
BRASILEIROS 88
Luanara da Silva dos Santos; Yasmim Regiane Hesper; Jean Paulo da
Silva; Virginia Azevedo Reis Sachetti
Capítulo 6
O ANALISTA E O ANALISANDO NO CONTEMPORÂNEO
Alfredo Menotti Colucci
114
Capítulo 7
SUICÍDIO E O COMPORTAMENTO SUICIDA: CONCEITO, TEIORIAS E
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E PÓSVENÇÃO 122
Rosário Martinho Sunde
Capítulo 8
ANÁLISE DE DADOS EM PSICOLOGIA: TUTORIAL DE MACHINE
LEARNING PARA CLASSIFICAÇÃO NO JASP 0.15 147
Alessandro Vieira dos Reis
Biografias
CURRÍCULOS DOS AUTORES 166
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Capítulo 1
A PROTOPSICOLOGIA DE PLATÃO
NA PSICOLOGIA MODERNA
Alessandro Vieira dos Reis
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
ABSTRACT: Plato's concepts have defined Western thought in such profound ways
that paradoxically they often become thoughtless assumptions. And psychology is no
exception to that rule. However, this chapter raises the thesis that what became
popular in Psychology was only an impoverished version of platonic thought. Knowing
what Plato established about the study of the soul helps to better understand the
influence of this philosopher still present in psychology today, either to criticize him
with more property, or to develop his points. Therefore, this research aimed to raise
the platonic protopsychology present in the author's philosophy texts, in order to
explain its influence today. For this, a bibliographical research was carried out on five
dialogues of Plato where the soul is investigated: "Timaeus", "Gorgias", "Phædrus",
"The Republic" and "Phaedo". The following are: a) an explanation of the origin and
nature of the soul; b) the relationship between soul, body and world; c) the platonic
formula for a healthy psyche.
KEYWORDS: Philosophy; Plato; Psychology; Philosophy of the mind.
INTRODUÇÃO
A importância de Platão na formação do pensamento ocidental é tamanha que
já foi dito que “a caracterização geral mais segura que se pode fazer da tradição
filosófica da Europa reza que esta se resume a uma série de notas de rodapé feitas
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Não haveria como um autor de tamanha importância como Platão não ter
gerado diversas leituras e interpretações. Algumas mais acertadas do que outras.
Nesta seção encontram-se destacados quatro mal entendidos comuns sobre a
obra de Platão, que não sobrevivem a um exame mais detalhado. São eles:
1. “Platão fala demais de Metafísica, em detrimento do mundo
material”. Platão embasa sua filosofia em uma visão metafísica da
realidade, mas suas obras estão sintonizadas com problemas políticos
e sociais de Atenas, lidando com questões práticas como a educação e
a formação de líderes (OLIVEIRA, 2020). Platão mesmo não era uma
pessoa obcecada pela alma em detrimento do corpo. Seu nome
verdadeiro era Aristocles. “Platão” era um apelido decorrente de seus
omoplatas: era um homem de ombros largos, alto e forte, que, como
atleta, chegou a vencer campeonatos de artes marciais (LAÊRTIOS,
2008);
2. “Platão é dualista”. Platão não era dualista, mas ternário
(BERTONCELLO, 2021). A filosofia platônica preconiza que todos os
aspectos da realidade são sínteses entre dois modos de ser: o ideal e o
sensível. Não se trata de conflito entre ambos, mas de dialética, gerando
um terceiro aspecto. Por exemplo, como veremos na seção 3.1, o
psíquico é uma dialética entre o corpo material e o plano das ideias;
3. “A obra de Platão está nos textos”. Trata-se de uma uma forma falha,
deficitária de estudar esse filósofo. Segundo comentaristas, a obra
escrita é apenas um fragmento da filosofia platônica, que só pode ser
entendida à luz das doutrinas não-escritas (REALE, 2019). Platão, ainda
segundo Reale, agia inspirado por Pitágoras, cuja escola de Filosofia
tinha caráter iniciático, mas também por receio da perseguição política
posterior à execução de seu professor, Sócrates. Assim, restringia os
conceitos mais importantes de sua filosofia para transmissão oral aos
alunos que se mostrassem mais dignos. Por isso, os textos de Platão
não expõem de forma alguma os aspectos mais importantes de seu
pensamento. Para compreender o núcleo do platonismo as melhores
formas seriam: os relatos dos maiores platônicos, como Plotino e
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
modela o mundo material (SOUZA, 2021). Autores como Skinner são fervorosos
críticos do mentalismo, defendendo uma Psicologia de base experimental, pautada na
determinação ambiental do comportamento por meio de contingências de
reforçamento (SAMPAIO, 2005), e não explicável pelo que seriam “ficções
explanatórias” (OLIVEIRA; VIANA, 2020), tais como a alma segundo a perspectiva
platônica.
O platonismo costuma apresentar ainda outro aspecto problemático, para os
pensadores da Psicologia: ele é intelectualista. Isto é, despreza os desejos e as
emoções em nome do intelecto (LAUREANO, 2018). Nesse sentido, a Psicanálise se
oporia à perspectiva platônica por defender a importância do desejo e da vida afetiva
no psiquismo, e não entronizar a razão. Contudo, a obra de Platão teria sido mais
influente do que se costuma pensar na Psicanálise. Sigmund Freud teria criado a
Segunda Tópica, ou modelo estrutural do psiquismo, influenciado pela alegoria
platônica da carruagem alada, presente em “Fedro” (MANDAI, 2019). Nesse célebre
trecho da obra, a alma é descrita como o conjunto de três forças interagindo em uma
carruagem (o corpo):
a) um cavalo branco, que é forte e traça o caminho correto;
b) um cavalo preto, fraco e que se desvia do caminho;
c) um cocheiro, que tenta controlar ambos os animais.
Ainda segundo Mandai (2019), o ego, no modelo psicanalítico, corresponderia
ao cocheiro, no modelo platônico; o cavalo branco, ao superego; e o cavalo preto, ao
id.
Freud tirou de “Fedro” a inspiração para a segunda tópica psicanalítica? Talvez
não. É possível que Freud apenas tenha constatado um estado de coisas da cultura
que foi formatada por séculos de influência do pensamento platônico. Em todo caso,
semelhanças entre a protopsicologia platônica e a psicanálise não se restringem à
alegoria da carruagem alada. Segundo Laureano (2018), a Psicanálise, freudiana e
lacaniana, pode ser alistada como parte da tradição platônica uma vez que o filósofo
oferece subsídio para lidar com as contradições da realidade; subsídios muito
próximos àqueles adotados por Freud e Lacan.
2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente investigação é de natureza básica, uma vez que tem por propósito
sistematizar saberes teóricos fundamentais a respeito da Filosofia de Platão e como
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
ela influencia a Psicologia hoje. Em outras palavras, pretende-se com este capítulo
criar bases para futuras pesquisas aplicadas (GIL, 2002).
A pesquisa empreendida teve uma abordagem qualitativa, estando mais
interessada na interpretação de fenômenos, isto é, “tende a colocar questões
utilizando ‘o quê’, ‘como’ e ‘porquê’ ” (PINTO; CAMPOS; SIQUEIRA, 2018, p. 30).
Quanto ao objetivo, a pesquisa foi explicativa, pois pretendeu não apenas
explorar e descrever, mas apontar maneiras as quais a Filosofia de Platão ainda toca,
ou pode tocar, a Psicologia Moderna (MARCONI; LAKATOS, 2017). O procedimento
adotado foi a pesquisa bibliográfica centrada nos diálogos de Platão e alguns
comentaristas contemporâneos. Tal procedimento foi inevitável pela natureza textual
do objeto de pesquisa.
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 - ORIGEM E NATUREZA DA ALMA
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Fonte: o autor.
ideia/número 1 2 3 4
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O Quadro 1 expõe como a cognição começa com o intelecto puro (que a alma
trouxe do plano das ideias), e vai se desdobrando, na direção do mundo físico; em
conhecimento racional (2), opiniões particulares (3) e sensações físicas (4). A boa
integração da alma com o corpo envolve o equilíbrio nessas quatro etapas. Ainda
ecoando Pitágoras, para Platão a alma é feliz quando realiza tais etapas de forma bela
e organizada (REALE, 2019). A felicidade da alma depende da harmonia desta com o
mundo (via conhecimento racional e opiniões verossímeis) e com o corpo (via
sensações físicas). Harmonia muitas vezes comparada por Platão a uma melodia
(BARATIERI, 2020).
Além das dialéticas descritas nas duas tópicas platônicas (ver Imagem 2),
outras se fazem presentes na protopsicologia do filósofo. Em especial, no diálogo
“Fédon”, cujo tema central é a imortalidade da alma. Platão busca demonstrar, por
uma série de argumentações, a razoabilidade da existência de vida após a morte. Ao
longo disso, contudo, acaba tecendo considerações sobre a alma humana para além
do tema central do diálogo.
No diálogo, Sócrates, prestes a ser executado, deseja consolar seus amigos.
Para isso faz uso de mitologia, literatura, argumentação lógica, analogias aritméticas
e das ciências (Astronomia e Anatomia) e até experimentos mentais para demonstrar
que a alma é imortal, e por isso seus amigos não deveriam se afligir com sua morte.
O próprio Platão levanta a questão de que “Fédon” teria sido escrito apenas como
uma espécie de consolação racional para amenizar o sofrimento da perda trágica do
amigo e mestre (p. 163).
“Fédon” começa com o questionamento sobre porque Sócrates não se suicida
para abreviar seu sofrimento enquanto condenado à morte que esperava tanto tempo
encarcerado; e termina com Sócrates morrendo tranquilamente, após esperar o
cumprimento da sentença. A resposta extraída do texto é a de que Sócrates não era
uma alma comum, mas um filósofo, sendo portanto mais resiliente aos sofrimentos,
também estando preparado para morrer sem medo. A razão lhe conferia a certeza da
imortalidade da alma. Esse é o enredo principal do diálogo.
Constam, contudo, como tópicos acessórios onde a alma humana é analisada:
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para entender a alma humana seria preciso identificar uma alma humana perfeita e
estudá-la. Essa tese muito se assemelha ao que hoje recebe o nome de Psicologia
Positiva, para a qual a pesquisa psicológica deveria focar o saudável e não o
patológico (ZANON et al, 2020).
Quanto à análise de uma alma perfeita, a solução vem ao final do diálogo,
quando Platão fala a respeito de Sócrates: “Podemos afirmar que foi o melhor homem
entre todos que conhecemos. O mais sábio e mais íntegro” (p. 190). Portanto, em uma
visão platônica, o estudo de pessoas como Sócrates, em termos de perfeição moral,
existencial e intelectual, deveria ser a base da criação de uma Psicologia. E,
dialeticamente, essa felicidade pode ser estudada e ensinada como uma espécie de
preparação para o aspecto trágico da vida: seus sofrimentos incontornáveis, como a
morte.
Uma pista para como se dá essa educação para a saúde psíquica está no
diálogo “O Banquete”. Neste, Platão defende que o amor é a chave para uma alma
feliz. Enquanto no “Fédon” Platão fala do amor ao conhecimento, em “O Banquete”
ele trata do amor de uma alma por outra. O tema do amor entre almas volta no diálogo
“Cármides”, onde é apresentado como fundamento da saúde integral da alma
(MANDAI, 2019).
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Platão Freud
Condutor Ego
Cavalo preto Id
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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ŽIŽEK, S. Plato, Descartes, Hegel: Three Philosophers of Event. In: The Palgrave
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Capítulo 2
O USO DE DROGAS LÍCITAS E
ILÍCITAS NA GESTAÇÃO E AS
SUAS CONSEQUÊNCIAS
Gilmar Antoniassi Junior
Saulo Gonçalves Pereira
Emilly de Souza Silva Moreira
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INTRODUÇÃO
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GESTAÇÃO
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Estudos indicam que, nos Estados Unidos, 8% (320 mil) das gestantes já
utilizaram drogas ilícitas e 13% (510 mil) fizeram uso de tabaco no último trimestre da
gestação. Os mesmos dados são semelhantes na Europa. Após a nicotina e o
consumo de álcool, a cocaína, a cannabis e os opioides são os mais utilizados no
período gestacional (SIQUEIRA; MAEDA, 2020).
No Brasil, o uso de drogas lícitas e ilícitas pelo público feminino vem crescendo
exponencialmente ao longo dos anos. Supõe-se que aproximadamente 20% das
mulheres, façam uso de drogas durante o período gestacional, podendo variar, em
forma e grau, e o uso contínuo tem aumentado progressivamente nos últimos anos,
resultando em efeitos deletérios durante a gestação (LIMA, et al., 2015).
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Álcool
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Alguns estudos declaram que não existe uma quantidade de álcool que possa
ser seguro no decorrer da gravidez, e que deveriam aconselhar as mulheres a abster-
se de bebidas alcoólica durante todo o período de gravidez. O consumo de bebida
alcoólica entre as grávidas diferem entre os países. No Brasil, verificou-se que 34,4%
delas consumiam bebidas alcoólicas, 12% nos Estados Unidos e na Suécia, 52% na
França, 59% na Austrália e 60% na Rússia. Essas diferenças se devem aos
programas preventivos, fatores culturais, demográficos, raciais e socioeconômicos
(SOUZA, et al., 2012).
Nicotina
Maconha
Conhecida pelo nome de " cânhamo " da Índia, a Cannabis sativa é uma planta
da família das Moraceae.. Os seus efeitos são conhecidos há mais de 4 milênios. Na
China foram registrados o seu desempenho em práticas medicinais desde o século III
a. C. Apesar de que no início do século passado, se tornou um " problema sócial ",
sendo banida na década de 30. Países relacionaram o consumo da maconha à
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Cocaína
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A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo. Nos EUA, 40% dos
cidadãos já pelo menos uma vez. O vício deste entorpecente é o mais habitual. Este
é semelhante ao vício do álcool em comparação com as outras drogas. O uso de
maconha pode provocar provisórias mudanças de caráter ansiosas, por exemplo,
reações de pânico, ou sintomas de feitio psicótico. O uso contínuo de maconha é
propício causar prejuízos cognitivos (GOMES, 2017).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
De acordo com o sexto artigo, das autoras Erika de Nazareth Teles da Rocha
e Rosilene Reis Rocha, publicado em 2019 tiveram como objetivo compreender quais
as consequências devido ao uso de drogas em recém-nascidos, utilizando a
metodologia de revisão de literatura, indicando os resultados que o consumo das
drogas durante a gravidez traz grandes consequências para os recém-nascidos
(TELES DA ROCHA E ROCHA, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Capítulo 3
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA
RECUPERAÇÃO FUNCIONAL
ATRAVÉS DA REALIDADE
VIRTUAL: UMA NOVA
PERSPECTIVA
Charles Henrique Andrade de Oliveira
João Ricard Pereira da Silva
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
RESUMO
Este artigo propõe uma discussão sobre o uso da realidade virtual como uma
ferramenta para obtenção de dados que comtemplem a avaliação psicológica na
recuperação funcional, reafirmando a importância da Psicologia como ciência atuante
em uma equipe multiprofissional cujo objetivo principal é a melhora na qualidade de
vida de pessoas inseridas no processo de reabilitação, trabalhando seus processos
de subjetivação dentro uma intervenção interprofissional. O presente artigo propoe
uma forma de aproximação da área da Psicologia com as especifidades tecnológicas,
juntoo a estudos científicos mais específicos e refletindo o papel do profissional em
avaliar características não observáveis diretamente em um ambiente virtual. Nesse
sentido, reconhecemos os usuários dos serviços na saúde valorizando a sua
singularidade, seus processos simbólicos, suas emoções, diante de um procedimento
não tradicional e mais motivador e interativo, colocando-os como sujeitos ativos nesse
processo. O profissional de psicologia deve ampliar a utilização de ferramentas, como
a realidade virtual, no intuito de buscar novas técnicas de avaliação psicológica, o que
pode contribuir significativamente nos resultdos de avaliação e nos próprios processos
de intervenção.
Palavras-chave: Realidade Virtual. Avaliação Psicológica. Recuperação Funcional
ABSTRACT
This article proposes a discussion, through the research carried out, on the use of
virtual reality as a tool for obtaining data that covers psychological assessment in
functional recovery, reaffirming the importance of Psychology as a science in a
performance in a multiprofessional team whose main objective it is the improvement
in the quality of life for people inserted in the rehabilitation process, working their
subjectivity processes within an interprofessional intervention. A way of approaching
the area of Psychology in technological areas with more specific scientific studies and
reflecting the role of the professional in evaluating unobservable characteristics directly
in a virtual environment, considering their uniqueness, their symbolic processes, their
emotions, in the face of a non-traditional procedure and more motivating and
interactive, placing the user as active in this process. The psychology professional
must expand the use of tools, such as virtual reality, in order to seek new psychological
assessment techniques.
Keywords: Virtual Reality. Psychological Evaluation. Functional Recovery.
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1. INTRODUÇAO
1Mestrado Profissional em Psicologia – Práticas e Inovação em Saúde Mental – PRISMAL, pela Universidade
de Pernambuco (UPE) campus Garanhuns.
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Termo criado no final da década de 1980 por Jaron Lanier, cientista da computação e artista (Rodrigues &
Porto, 2013).
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética sob o número CAE
83717518.3.000.5207, sendo conduzida de acordo com os padrões éticos exigidos.
Os usuários participantes foram chamados de Interators3 sendo todos maiores de 18
anos, totalizando 03 (três) usuários participantes, inseridos na recuperação física, em
acompanhamento psicológico que possuíam como recurso complementar o
dispositivo dos jogos digitais, como parte de seu planejamento de sua recuperação
funcional, tendo assim toda a equipe técnica que atua junto ao usuário. Para cada
usuário houve a participação de 03 (três) profissionais de áreas diferentes
(fisioterapia, fonoaudiologia e enfermagem) que atuam concomitantemente junto aos
participantes. Todos os participantes também assinaram o TCLE. Os relatos citados
foram verbalizados livremente (sentimentos e elaborações) ao longo desses
encontros. O total de encontros agendados com cada usuário e equipe profissional
foram de 05 (cinco).
3
Nome dado ao sujeito que interage com ambiente virtual, integrando a esse ambiente (Sato, 2009).
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Esclerose Lateral Amiotrófica
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3. RESULTADOS
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É bem mais prazeroso fazer porque sai da mesmice... É bom quando tô com raiva de alguma
coisa, coloca o jogo de bater, aí eu extravaso... E força mais também porque são os dois
trabalhando, cada um me força de um jeito diferente (risos)... Fica até mais difícil de fazer duas
coisas ao mesmo tempo, falar e prestar atenção no jogo... Cansa muito... Sinto dores, mas é
suportável, parece que trabalho mais ou igualmente quando no ginásio (referente a fisioterapia
em solo) (Relato da Interator1 em atendimento interprofissional com AvatarFisio e AvatarPsi)
É estranho essa luva (adaptação recomendada pelo AvatarFisio), vou ter que me acostumar
com isso (risos)... Com todos juntos eu me esforço mais, mas é difícil falar e realizar os
movimentos, os exercícios... Sinto até dor quando falo... Imagine fazer isso tudo com um medo
danado de cair pra frente (risos)... Mas me sinto muito bem com todos juntos... É até mais
divertido, esqueço que estou fazendo tratamento (risos)... (Relato da Interator1 em atendimento
interprofissional com AvatarFisio, AvatarFono e AvatarPsi)
Pessoal isso é muito comum quando tem mudança de medicação, é como se o corpo dela
tivesse se adaptando à medicação, mas não impede a realização das atividades. (fala da
AvatarEnferm referende a pressão arterial muito abaixo do normal para a usuária)
. . . Vamos fazer por etapas e vendo até onde você aguenta e consegue, ou se você preferir
dispensamos os atendimentos físicos hoje (fala de AvatarFisio)
Dentro dos objetivos específicos de relaxamento fica difícil de realizar esse trabalho quanto ela
está realizando essa atividade, porque ela fica muito tensa e focada no jogo... puxa muito
esforço físico... seria bom depois de sair daqui eu faria esse trabalho específico de relaxamento
no pescoço. (fala da Avatarfono)
. . . Acho melhor a gente continuar toda semana trabalhar junto [fisioterapia e psicologia] porque
esta tendo um resultado muito melhor (fala do AvatarFisio)
. . . Ah acho ótimo os dois juntos... me sinto mais segura... sem problemas (fala da Interator1
em atendimento interprofissional de AvatarFisio, AvatarFono e AvatarPsi)
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Olha assim é mais difícil que os outros, porque tenho que prestar atenção em duas coisas
diferentes (risos)... e como os dois juntos (psicólogo e fisioterapeuta) aí é que vai ser mais ainda
(risos)... (fala do Interator2)
Ficou bem claro que os objetivos tanto da gente quanto do usuário eram os mesmos, dar mais
segurança em seus movimentos para o seu dia a dia, maior mobilidade para retorno as suas
atividades. Ele tem uma evolução muito grande, devido à gravidade de sua lesão, a
recuperação foi grande, agora é o que a gente chama de manutenção, trabalhar em cima das
sequelas que ainda atrapalham ele... (fala do AvatarFisio em atendimento com AvatarPsi)
Vamos fazer diferente então, para trabalhar a voz enquanto tu joga vê se consegue realizar o
exercício da língua... Será que tu consegue fazer as duas coisas? (fala da AvatarFono)
Dá pra fazer sim... Só esqueci de contar quantas vezes eu fiz (risos)... Eita tô me sentindo
importante com todos os doutores comigo (risos)... fico até mais cansado com tanta coisa
(risos)... (fala do Interatro2 – em atendimento com AvatarFisio, AvatarFono e AvatarPsi)
Esse é até mais difícil (X-box) porque as minhas pernas não obedecem direito (risos), tenho
que prestar mais atenção, acho até que cansa mais... Mas é mais “real” (risos)... (fala de
Interator2)
Eu gosto mais de utilizar esse porque o movimento é mais completo, exige mais do paciente,
fica até melhor para trabalhar... Além da gente poder ver a coordenação do paciente, se ele tá
entendendo, a postura... (fala de AvatarFisio)
Seria ótimo que fosse toda semana assim, vocês todos juntos e ficava aqui pelo menos uma
hora inteira (risos)... (fala do Interator2 referente a intervenção em conjunto, com AvatarFisio,
AvatarFono e AvatarPsi)
55
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Olhe eu pensei que fosse mais fácil, mas a gente pensa que é um simples jogo, mas cansa e
é mais difícil que fazer os exercícios “normais”... Só tenho que colocar na minha cabeça que
se aqui eu faço tudo, porque não faço quando tô na minha cidade (risos)... Parece que na minha
cidade as pernas travam... Parece que fico com vergonha porque lá todo mundo me conhece...
(fala do Interator3 em atendimento com AvatarFisio e AvatarPsi)
Ele só evolui... Tem apresentado ganhos tanto físicos quanto cognitivos... (fala do AvatarFisio)
Eu sempre gostei muito de jogos eletrônicos, por isso pra mim é tão tranquilo (risos)... Mas não
é tão fácil assim não, é que eu já venho fazendo a um tempo... Mas cansa mais do que as
outras terapias, acho que é porque eu tenho que prestar atenção em várias coisas ao mesmo
tempo... E agora fazendo exercício com a língua complica mais ainda (risos)... Mas é bom, nem
parece tratamento... (fala do Interator3 em atendimento com AvatarFisio, AvatarFono e
AvatarPsi)
Parece que quanto mais tempo passa, mais medo a gente tem, e fica com mais cuidado nas
coisas, até deixando de fazer as coisas com medo de ter algo, piorar, machucar... É
complicado, aqui me sinto seguro e tal... Mas na rua... Mas tô pensando em voltar a andar de
bicicleta... (fala do Interator3)
Você tem total condição de realizar muitas coisas, e com certeza andar de bicicleta vai te ajudar
sim, você tem condições... Vai ter o cuidado como qualquer outra pessoa... (fala do AvatarFisio)
Eu penso muito em voltar a trabalhar, mas não mais pra sala de aula, não tenho mais juízo
(risos)... Quero voltar a trabalhar, mas sem a rotina pesada de antes... Minha mulher que tem
gostado porque agora é ela que fica mais tempo na rua e eu ajudo nas tarefas domésticas...
(fala de Interator3 em atendimento com AvatarFisio e Avatar Psi)
Eita esse cobra mais da gente porque eu tenho que fazer o movimento bem perfeito, dá mais
trabalho, mas também eu gosto mais desse (X-box)... Canso mais... Mas também esse eu
penso mais no meu dia a dia, porque esse é mais realista... (fala do Interator3)
Ele tem uma evolução muito boa, fico impressionado pelo diagnóstico dele, e a mais de 03
(três) anos não teve piora, pelo contrário, evoluiu em muitas coisas... (fala de AvatarFisio)
Eu acho que muita coisa ainda não melhorou por causa da minha cabeça, porque aqui na
cidade eu ando muito, resolvo as coisas enquanto o carro não volta pra minha cidade... Mas lá
na minha cidade tem hora que travo... Fico preocupado com o pessoal me olhando e fico com
vergonha... (fala do Interator3 em atendimento com AvatarFisio e Avatar Psi)
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4. DISCUSSÃO
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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6. REFERÊNCIAS
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pp. 49-58 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Brasil.
64
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Capítulo 4
MEUS FUNCIONÁRIOS NÃO SÃO
‘COISAS’ NO AMBIENTE DE
TRABALHO!
A INFLUÊNCIA DA PERCEPÇÃO DO
SUPORTE ORGANIZACIONAL NO
ASSÉDIO MORAL PESSOAL E
LABORAL EM PROFISSIONAIS DA
ÁREA DA SAÚDE E EDUCAÇÃO
Nilton Soares Formiga
Ionara Dantas Estevam
Juliana Bianca Maia Franco
Ennio Alves de Sousa Andrade Lima
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Introdução
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(cf. PEREIRA, 2018). Desta maneira, o presente capítulo neste livro, buscou avaliar a
relação entre o suporte organizacional e o assédio moral em trabalhadores de setores
da saúde e da educação em um município do sertão paraibano do nordeste do Brasil.
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
apresentar como um sinal de que algo não está reagindo bem, possibilitando com
isso, avaliar e sugerir modificações e reestruturação mental no trabalho, influenciando
de forma positiva para a organização (cf. BRANT, MINAYO-GOME, 2004; MENDES,
CHAVES, SANTOS, MELLO NETO, 2007; TSCHIEDEL, MONTEIRO, 2013).
Sendo assim, percebido o suporte, por parte dos funcionários, a execução das
atividades, as quais, embasadas nas recompensas poderão ser influenciadas,
melhorando a produtividade e no reconhecimento dado pela organização, elaborar e
efetivar ações que tenham vantagens para a empresa sendo desenvolvidas através
de práticas confiáveis, pois, ações manipuladoras prejudicam a imagem da empresa
diante de seus funcionários (OLIVEIRA-CASTRO, PILATI, BORGES-ANDRADE,
1999; SILVA, CAPPELLOZZA, COSTA, 2015; KURTESSIS, EISENBERGER,
BUFFARDI, STEWART, ADIS, 2015).
Para Eisenberger, Huntington, Hutchison e Sowa (1986), as empresas
normalmente valorizam funcionários que demostram compromisso com a empresa,
mostrando-se envolvidos com o trabalho, dedicados e leais. Ao mesmo tempo, o
colaborador almeja trabalhar numa empresa que lhe traga confiança, proporcione um
ambiente harmonioso de trabalho, reconheça seus esforços e possuam líderes justos
e capacitados.
Estas condições, na concepção de Rhoades e Eisenberger (2002), já são
destacadas como pontos prioritários para à assimilação desse construto pelo
trabalhador e o melhor desenvolvimento da organização, são estes: recompensa da
organização e as condições de trabalho, apoio recebido dos supervisores e justiça de
procedimento.
Dessa maneira, o suporte organizacional pode ser entendido como uma forma
de contrato psicológico por suas funções girarem em torno de expectativas de trocas
e benefícios mútuos, onde a organização possui obrigações legais, morais e
financeiras para com seus empregados, fazendo com que ele apresente um bom
desempenho e comprometimento (FORMIGA, FLEURY, SOUZA, 2014).
Por outro lado, o suporte organizacional, também, se relacionaria,
negativamente, com o absenteísmo e saúde geral e mental do trabalhador, atuando
como fator de proteção para a saúde do trabalhador, da organização e da vida social,
condição essa, que poderia contribuir para uma diminuição ou inibição de benefícios
auxílio-doença, motivado por incapacidade laborativa, prejudicando a produtividade e
eficácia das organizações (cf. PASCHOAL, 2008; BENTONCELLO, BORGES-
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Metodologia de pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e correlacional, de abordagem
quantitativa envolvendo profissionais da educação e saúde no munícipio de
Conceição-PB /Brasil.
2.1. Amostra
Para o cálculo da amostra foi utilizadou o pacote estatístico GPower 3.1, com
objetivo de avaliar o poder estatístico (isto é, o teste de hipótese) associado ao ‘n’
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
psicométrica o estudo de Siqueira e Gomide Jr. (2014), foi que Formiga, Fleury e
Souza (2014), desenvolveram uma pesquisa para verificar, através da análise fatorial
confirmatória, a consistência da estrutura fatorial da escala; estes autores,
observaram indicadores psicométricos que garantiram a organização fatorial proposta
pelo autor da EPSO (𝛸²/gl = 1,42, RMR = 0,02, GFI = 0,99, AGFI = 0,97, CFI = 0,99,
TLI = 0,99 e RMSEA = 0,03).
Escala de percepção de assédio moral no mundo do trabalho (EPAMT): Trata-
se de um instrumento que é composto por 24 itens (questões), desenvolvida por
Martins & Ferraz (2011); os itens focam nos atos de violência praticados no trabalho
pelo chefe e/ou subordinados, tendo como objetivo agredir, de forma sutil ou direta, o
trabalhador nos aspectos da sua profissão ou vida pessoal.
Nesta escala, o respondente deverá indicar sua resposta numa escala do tipo
Likert, com variação que salienta à frequência da ocorrência de determinada situação
(por exemplo, 1- nunca ou quase nunca; 2 – menos de uma vez ao mês; 3 – ao menos
uma vez ao mês; 4 – mais de uma vez ao mês; 5 – ao menos uma vez por semana; 6
– várias vezes por semana e 7 – uma ou mais vezes ao dia).
De acordo com Martins e Ferraz (2014), a EPAMT é distribuída em dois fatores:
os itens 1, 2, 5, 6, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 22 e 23 compõem o fator assédio moral
profissional, referindo, aos atos de violência praticados pelos chefes com intenção de
agredir os aspectos profissionais do subordinado; os itens 3, 4, 7, 8, 11, 12, 14, 20, 21
e 24, forma o fator sobre os atos de assédio moral pessoal, o qual, tem como foco a
agressão ao trabalhador em relação aos seus aspectos pessoais.
Escala de Impacto Afetivo do Assédio Moral no Trabalho (EIAAMT): A presente
escala originou-se da EPAMT; esta, apresenta 13 das 24 questões abordadas na
EPAMT e mesmo que escritos em direção gramatical e semântica semelhante ao
EPAMT, os itens são respondidos focando no quanto cada questão apresentada tem
impacto emocional relativo a humilhação sofrida, isto é, “o abalo ou comoção de
grande intensidade emocional, provocado por atos de violência no trabalho dirigidos
pelo chefe aos subordinados” (MARTINS, FERRAZ, 2014, p.32).
Essa escala apresenta 04 pontos (escala de Likert), que representam o
sentimento que cada situação provocou na vítima (opção 1 – Nada humilhado; 2 –
Pouco humilhado; 3 – Humilhado e 4 – Muito humilhado).
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RESULTADOS
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Nota: * p < 0,01; EPAMT total = percepção de assédio moral no mundo do trabalho; EPAMT saúde = percepção de assédio moral no
mundo do trabalho dos sujeitos da saúde; EPAMTeducação = percepção de assédio moral no mundo do trabalho dos sujeitos da
educação; EIAAMT total = impacto emocional do assédio moral no mundo do trabalho; EIAAMT saúde = impacto emocional do
assédio moral no mundo do trabalho dos sujeitos da saúde; EIAAMTeducação = impacto emocional do assédio moral no mundo do
trabalho dos sujeitos da educação
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PAMT ---
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EPSO (r = 0,28; p < 0,01). Por outro lado, a variável nível educacional, apresentou
escores negativos associados a EPAMT (r = 0,23; p < 0,01), EIAAMT (r = 0,26; p <
0,01) e EPSO (r = -0,13; p < 0,01).
Variável Independentes
EPAMT Estatística
Variáveis Dependentes Média d.p. IC 95% F PO *
Educação 40,00 3,13 33,47-46,54
Setor
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EIAAMT
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Notas: d.p. = desvio padrão; IC = Intervalo de Confiança; PO = Poder Observado. *p-valor ≤ 0,01
4 DISCUSSÃO
De forma geral, o presente artigo teve como objetivo central verificar a relação
entre suporte organizacional e assédio moral em funcionários da área da educação e
da saúde de um município do sertão paraibano; considerando os achados empíricos
do estudo, inicialmente, foi efetuado análises estatísticas que pudessem avaliar, de
forma consistente, a garantia das medidas administradas no público alvo, pois, tal
intenção, a qual, assumiu-se como um objetivo secundário, deveu-se a condição
conceitual e empírica, em não encontrar estudos com as referidas medidas no
contexto social e profissional, em que se realizou a pesquisa.
Assim, no que se refere a consistência interna (seja relacionado ao conjunto de
itens, seja na sua variação dos escores alfas) das escalas, os resultados revelaram a
fidedignidade destas; desta forma, não apenas confirmou a questão teórica abordada,
mas também, a mensuração do fenômeno que se pretendia avaliar, em um contexto
tão específico de trabalho.
Tais achados convergente, empiricamente, aos previamente observados pelos
autores das escalas em contexto urbanos no Brasil, revelando com isso, indicadores
psicométricos que garantiram a qualidade da mensuração do suporte organizacional
e assédio moral numa amostra de funcionários do setor de saúde e educação em um
munícipio do Estado da Paraíba, seguindo os parâmetros de medida propostos por
Siqueira (1995) e Martins e Ferraz (2011; MARTINS, FERRAZ, 2014).
Com isso, frente a tais resultados, pode-se afirmar que os respondentes foram
capazes de avaliar o seu estado psicológico e funcional (nesta questão, foca-se na
percepção de suporte organizacional e sua influência no assédio moral) no ambiente
de trabalho, respectivamente (de forma implícita) a influência do gestor sobre o
processo e sistema de trabalho. Ao considerar tais indicadores psicométricos, é
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político destes funcionários; por ser de um município com sem um concurso frequente
e com alta incidência de pessoas com prestação de serviço, seja de ‘ordem’ política
ou de ‘amizade’, é possível que haja essa discreta autoavaliação do apoio em que o
gestor do setor oferece ao funcionário suporte, se e somente se, centrar-se mais na
existência de um retorno unilateral da parte funcionário-gestor.
Desta forma, tais resultados seriam úteis para as avaliações e ações no recurso
humano (RH) e a política de segurança de saúde psicológica no trabalho; tais
condições podem ser verificadas a partir da administração deste instrumento de
avaliação aos funcionários no seu espaço organizacional, facilitando assim, a
identificação desse problema em questão e a causalidade deste no risco de atitudes
não saudáveis do trabalhador.
O fato principal apresentados neste estudo, não é culpabilizar a organização,
mas sim, os maus funcionários, pois, estes, causam danos no engajamento, confiança
e segurança profissional, bem como, na qualidade de vida social e laboral de si mesmo
e dos demais, afinal, uma organização é feita com seres humanos e o RH deverá ter
sua participação direta na formação da cultura e comportamento organizacional justo
e saudável.
De forma geral, na proposta da avaliação correlacional entre as variáveis,
constatou que a organização, no papel dos seus gestores, tem a capacidade de gerar
e manter a saúde dos seus funcionários, especialmente, no que diz respeito a saúde
mental; nestes resultados, as relações foram negativas, porém, pouco intensa,
exigindo maior desenvolvimento e treinamento na ação do RH nos setores de
trabalhos do município estudado.
Quanto a esse fato, os resultados da ANOVA revelaram que o problema
levantado neste estudo, tem sua incidência maior na área da saúde e que os sujeitos
que mais percebem são aqueles que tem o nível superior; porém, quando essas
variáveis são cruzadas, o resultado se altera, pois, os sujeitos com nível médio no
setor da saúde são os que percebem mais o assédio moral e tem mais impacto afetivo.
Tais resultados sugerem maior atenção a condição de trabalho, mas, também,
na funcionalidade da demanda e cumprimentos das atividades laborais; com base
nestes achados, é preciso que o trabalhador desenvolva as condições propícias de
atenção na identificação deste fenômeno, antes que seja maior a sua intensidade e
frequência nele como efeito negativo na qualidade do equilíbrio laboral afetivo,
comportamental e interpessoal.
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os constructos utilizados nesse estudo, quando aplicados às organizações e
ao trabalho, especialmente, na esfera pública municipal, podem potencializar a
construção e desenvolvimento de um processo de trabalho mais humano nas
organizações, principalmente, quando identificado eventos de risco, possam estar
incluídas em um sistema de saúde social, pessoal e organizacional; sendo assim,
quanto mais recente for possível a identificação e intervenção em atitudes e condutas
que contribuem para o assédio moral na organização, melhor será a estruturação de
estudos e políticas públicas sobre a saúde do trabalhador diante deste fenômeno,
capaz de transformar a realidade social e a gestão das organizações.
83
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
REFERÊNCIAS
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Capítulo 5
INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO
DE ESTRESSE EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES: REVISÃO
INTEGRATIVA DE ESTUDOS
BRASILEIROS
Luanara da Silva dos Santos
Yasmim Regiane Hesper
Jean Paulo da Silva
Virginia Azevedo Reis Sachetti
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
RESUMO
Este estudo teve objetivo de identificar os instrumentos utilizados para avaliar estresse
em crianças e/ou adolescentes em pesquisas na área da psicologia, publicadas no
Brasil em idioma português, entre os anos 2009 e 2019. As buscas foram realizadas
nas bases Scielo, Redalyc e no BVS Brasil utilizando os termos stress AND criança
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
ABSTRACT
This study aimed to identify the instruments used to assess stress in children and/or
adolescents in research in the field of psychology, published in Brazil in portuguese,
between the years 2009 and 2019. The searches were carried out in the Scielo,
Redalyc and BVS Brasil databases using the terms stress AND criança OR
adolescente. After selection and screening, 16 articles met the inclusion criteria in the
sample. There was a predominance of the use of the Escala de Stress Infantil (ESI)
for assessment in children, while for assessment in adolescents the instruments were
varied. The hospital and school were the main fields of use of the instruments, with
sport practice, basic health care and public social assistance policy. The assessment
of stress in children and adolescents is an important challenge in professional practice
and the systematization of evaluation procedures can contribute to more effective and
responsible intervention processes.
Keywords: Mental Health; Psychological Stress; Human Development
RESUMEN
Este estudio tuvo como objetivo identificar los instrumentos utilizados para evaluar el
estrés en niños y/o adolescentes en investigaciones en el campo de la psicología
publicadas en Brasil en portugués entre los años 2009 y 2019. Las búsquedas se
realizaron en las bases de datos Scielo, Redalyc y BVS Brasil. utilizando los términos
stress AND criança OR adolescente. Después de la selección y cribado, 16 artículos
cumplieron los criterios de inclusión en la muestra. Predominó el uso de la Escala de
Stress Infantil (ESI) para la evaluación en niños, mientras que para la evaluación en
adolescentes los instrumentos fueron variados. El contexto hospitalario y escolar
fueron los principales campos de uso de los instrumentos, con el deporte, la atención
básica a la salud y la política pública asistencial. La evaluación del estrés en niños y
adolescentes es un desafío importante en la práctica profesional y la sistematización
de los procedimientos de evaluación puede contribuir a procesos de intervención más
efectivos y responsables.
Palabras clave: Salud Mental; Estrés Psicológico; Desarrollo Humano
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1 INTRODUÇÃO
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2 MATERIAIS E MÉTODOS
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Os critérios de exclusão foram: não possuir texto completo disponível; ser estudo de
construção, adaptação, tradução e/ou validação de instrumentos; e não informar o
instrumento utilizado para avaliação de estresse.
A primeira etapa de seleção e inclusão dos estudos foi realizada por duas
pesquisadoras de forma independente. Os artigos foram lidos em seu título, resumo e
método. Após a conclusão, foi realizada reunião de consenso para debate sobre as
divergências encontradas incluindo um terceiro pesquisador. A segunda etapa, que
consistiu na triagem dos estudos a partir dos critérios de exclusão, foi realizada pelos
três pesquisadores também de forma independente, a partir da leitura integral do
artigo, sendo realizada posteriormente, nova reunião de consenso para debate das
divergências.
A busca nas bases de dados resultou em um total de 374 artigos distribuídos
em: Scielo (36), BVS (76), Redalyc (262). A Figura 1 apresenta o fluxo utilizado nas
etapas de seleção dos artigos.
Scielo
Triagem
36
Seleção Excluídos:
Redalyc - Estudos de construção, adaptação, tradução ou
validação de instrumentos;
262 - Não informar o instrumento específico para
avaliação de estresse;
- Não utilizar instrumento padronizado para avaliação
de estresse;
94
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
3 RESULTADOS
Tabela 1
Caracterização dos estudos conforme participantes, instrumento utilizado e contexto.
95
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Sintomas de Saúde
Stress para
Adultos
96
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
97
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
98
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
realizaram seu estudo com o intuito de verificar a relação existente entre escolha,
vocação e estresse em estudantes na fase de escolha profissional. Por fim, Faria,
Weber e Ton (2012) tiveram como objetivo identificar a presença de estresse em
jovens em preparação para o vestibular e relacionar com variáveis do contexto familiar
e sociodemográfico.
No contexto do esporte o instrumento Escala de Ansiedade, Depressão e
Stress de 21 itens (EADS-21) em versão reduzida (Silva et al., 2016) foi utilizado por
Gomes et al. (2017) em estudo com objetivo verificar a prevalência de má qualidade
de sono e sua relação com características pessoais e sintomas de depressão,
ansiedade e estresse em adolescentes atletas amadores. Ainda no contexto do
esporte e utilizando o instrumento Lista de Sintomas de “Stress” Pré-Competitivo
Infanto-Juvenil (LSSPCI) Caputo, Rombaldi e Silva (2017) desenvolveram pesquisa
com objetivo de determinar os sintomas de estresse pré-competitivo em atletas
adolescentes de handebol.
O Inventário de Eventos Estressores (IEE) foi utilizado por Abreu et al. (2016)
no contexto escolar e investigou a relação existente entre eventos estressores
cotidianos, senso de comunidade e bem-estar subjetivo em alunos de escolas urbanas
e rurais do Nordeste do Brasil, analisando as diferenças por contexto territorial.
Bonilha et al. (2014) utilizaram o 10-item Perceived Stress Scale (PSS-10) em
pesquisa no contexto escolar. O objetivo foi analisar as características sociais e
estresse como correlatos de consumo de cigarros na adolescência, identificando
elementos de distinção entre adolescentes que experimentaram cigarros e não
progrediram para o tabagismo regular e aqueles que se tornaram fumantes correntes.
Por fim, Justo, Novaes e Emmanuel (2010) utilizaram a Escala de Stress para
Adolescentes (ESA) em estudo no contexto escolar com o objetivo de averiguar a
relação entre o estilo parental percebido e o nível de estresse dos adolescentes.
4 DISCUSSÃO
99
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100
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
101
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102
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
a maneira de como lidar com a ansiedade diante de provas por exemplo, bem como
o comportamento de estudar, afetando assim o rendimento escolar (Gonzaga, 2016).
Entende-se que crianças em idade escolar estão sujeitas ao estresse emocional, visto
que há nesse período, grandes adaptações pela qual passam e que são inerentes ao
seu desenvolvimento. Assim, torna-se necessária a modulação dos fatores
estressantes na prevenção de problemas relacionados ao estresse não adaptativo,
bem como a busca por mecanismos de defesa que protegem as crianças e que são
psicologicamente adaptativos (Lipp, Arantes, Buriti, & Witzig, 2002).
A utilização de instrumentos de avaliação como a ESI permite a identificação
de sinais e sintomas relacionados ao estresse de modo a permitir a elaboração de
estratégias didático-pedagógicas que envolvam prevenção de potenciais agravos.
Nesse contexto, os sintomas mais prevalentes de estresse em crianças incluem
desobediência inusitada, dificuldade de concentração, enurese, ansiedade,
pesadelos, insônia, birras, dificuldades escolares, entre outros. Porém, apesar de sua
possível identificação, nem sempre os sintomas de estresse infantil são
diagnosticados, fazendo com que pais e professores sem informações adequadas
sobre o assunto, apresentem práticas parentais pouco colaborativas, dificultando
ainda mais o auxílio à criança que apresenta mudanças de comportamento ou queda
do rendimento escolar. Situações como essa, tendem a agravar o problema, tornando-
se uma fonte de estresse importante (Lipp, Arantes, Buriti, & Witzig, 2002). Há assim
necessidade de se desenvolver programas de prevenção do estresse dentro das
escolas, visto que crianças estressadas, poderão tornar-se adultos estressados, uma
vez que não possuem mecanismos para lidar com os estressores da vida em
desenvolvimento.
103
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
104
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105
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
106
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
107
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
6 REFERÊNCIAS
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
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45082010rw1134
113
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Capítulo 6
O ANALISTA E O ANALISANDO NO
CONTEMPORÂNEO
Alfredo Menotti Colucci
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Meu táxi aproximava-se do túnel que leva para o Leme ou para Copacabana,
quando olhei e vi a Igreja de Santa Teresinha. Meu coração bateu mais forte:
115
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
reconheci dentro da carne da alma, que sentia na dor; reconheci que seria na igreja
que eu poderia encontrar refúgio.
Despedi o táxi e senti que era com um andar humilde que eu entrava na
penumbra fresca da igreja. Sentei-me num banco e ali fiquei. A igreja estava
totalmente vazia. O seu cheiro de flores me envolvia e me sufocava brandamente.
Pouco a pouco meu tumulto interior foi se transformando numa resignação
melancólica: eu dava minha alma em troca de nada. Porque não era paz o que eu
sentia. Sentia que o meu mundo havia desmoronado e que eu restara de pé como
testemunha perplexa e incógnita.
Depois fui esquecendo minha dor e olhando os santos da igreja. Todos tinham
sido martirizados: pois este é o caminho humano e divino. Todos tinham desistidos de
uma vida maior em prol de uma vida mais profunda e mais machucada. Todos não
tinham "aproveitado" da vida única que nós temos. Todos tinham sido tolos, no sentido
mais puro da palavra. E todos haviam sido perpetuados para sempre, para o nosso
coração sedento de misericórdia. E por que, meu Deus, era tão necessário o sacrifício
de nossos desejos mais legítimos? Por que a mortificação em vida?
A imagem não era de porcelana, isso logo vi. Mas de que material? Parecia
cera. Cera, no entanto, derreteria ao calor das velas e do verão, não podia ser. Era
um material que eu nunca tinha visto. Eu sabia que, se tocasse na santa, saberia de
que ela era feita. Quando eu era pequena, nossa empregada Rosa, irritada porque eu
mexia em tudo, costumava dizer: "Essa menina tem os olhos nas mãos, só sabe ver
pegando".
Eu só saberia ver pegando, mas sabia que se o padre entrasse e visse não
havia de gostar. Olhei em torno de mim, a igreja continuava vazia, então furtivamente
estendi a mão para tocar no rosto de Santa Teresinha.
Não pude completar o gesto porque do fundo da igreja apareceram duas moças
que se encaminharam para o caixão e ali comigo ficaram. As duas moças tinham o ar
aborrecido, e ficamos as três mudas ali. Até que uma disse para a outra:
- Afinal de contas quando é que vem todo o mundo para o enterro da vovó? Ela
não pode ficar morando na igreja!
116
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Ouvi, ou melhor, mal ouvi, e entendi de súbito. De súbito, toda pálida por dentro
entendi que aquela não era Santa Teresinha e sim uma mulher morta. Uma mulher
morta que eu quase havia tocado com meus dedos. Quase. Por um átimo de segundo
eu fora interrompida pela chegada das netas da morta.
Sei que embaixo do batom meus lábios deviam estar brancos. E eu mesma não
entendia por que tanto susto ao quase tocar na morte - se a morte faz parte de nossa
vida. Não se entende vida sem morte, no entanto eu quase desmaiara ao tocar no que
era também minha. Eu tinha que sair daquela igreja e os pés me faltavam ao solo.
Finalmente consegui uma força maior, levantei-me e sem olhar para nada saí.
Na rua fiquei de pé muito tempo aspirando o cheiro que estar vivo tem. É uma
mistura de carne, de corpo com gasolina, com vento do mar, com suor de axilas: o
cheiro do que ainda não morreu.
Depois mandei parar um táxi e fraca, porém tão viva como um botão fresco de
rosa7, fui toda pálida para casa. Lispector, 1999, p 167.
...........
117
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
um espaço onde Morte e Vida estão muito próximos e tão nascente e frágil como um
botão de rosa.
Agamben diz: “Perceber no escuro do presente essa luz que procura nos
alcançar e não pode fazê-lo, isso significa ser contemporâneo. Por isso os
contemporâneos são raros” p. 65. Entendemos esta colocação como que para ser
contemporâneo se necessita possuir um espaço interno, ou seja, uma fronteira entre
Vida e Morte, que organiza um continuo escuro que podemos chamar de espaço
transicional/potencial.
... Fez uma detalhada análise das próprias criações e confessou uma intuição:
sua escrita passava por um momento de mudança. Era como se ele tivesse decidido
penetrar mais fundo no universo que até então vinha descrevendo. Identifica, assim,
duas fases em sua trajetória: a da estátua e da pedra. A primeira, mais "barroca" e
adornada, começava a ser suplantada por uma etapa em que o objetivo era a busca
do essencial. "Que é isto de pretender penetrar o interior da pedra em vez de continuar
a descrever sua superfície?", indagou o literato português naquela tarde. Em seguida,
respondeu: "A minha ideia, ou melhor, a minha preocupação, neste momento ou mais
provavelmente desde sempre, ainda que nos últimos títulos se tenha tornado mais
evidente, é considerar o ser humano como prioridade absoluta. Por isso, o ser humano
é a matéria do meu trabalho, minha cotidiana obsessão, a íntima preocupação do
cidadão que sou e que escreve". .... Dentro de nós há uma coisa que não tem nome,
essa coisa é o que somos. 08/2013, Revista Bravo, p 13.
8
Silveira, LFB Continuidade e Descontinuidade nas Questões de Fronteira
118
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Os psicanalistas são cegos a medida que optam por uma ideologia teórica que
os impede de "ver" a fronteira entre as teorias e conceitos.
Aproximar estes conceitos é necessário que uma nova "bruxa" nos auxilie a
pensar a mente como produto da natureza. Do "casamento da física do muito pequeno
com o do muito grande" nasce essa nova bruxa, como Freud chamou a
metapsicologia.
119
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
120
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
permite ao setting que, pela periodicidade e clima afetivo propicia a evolução para o
novo.
Referências
Bion, W. R. Two papers: the grid and caesura. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
Bion. W.R. Cesura. Rev bras.Psicanal, 15:123-136. 1981
Colucci, A M e Woiler, E. Estudo e investigação de traços arcaicos em
desenhos: novos métodos. Rev. bras. psicanál, 2014, vol.48, no.1, p.173-190. ISSN
0486-641X
121
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Capítulo 7
SUICÍDIO E O COMPORTAMENTO
SUICIDA: CONCEITO, TEIORIAS E
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E
PÓSVENÇÃO
Rosário Martinho Sunde
122
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Resumo
O objetivo deste estudo foi resumir as estratégias de prevenção e pósvenção do
suicídio a partir de estudos de Revisão Sistemática da Literatura sobre a temática. É
uma Revisão Integrativa da Literatura embasada no enfoque qualitativo sob
abordagem de análise de conteúdo de Saldaña (2013). Os dados foram coletados em
outubro de 2021 em três bases de dados (Science Direct, PsycInfo e PubMed) usando
os seguintes descritores: “Suicide OR Suicidal Behavior AND Suicide Theories AND
Suicide Prevention AND Suicide Postvention” cujos critérios de inclusão foram:
estudos gratuitos e disponíveis na íntegra de forma online de revisão sistemática da
literatura: inéditos e originais, que discutem a questão do suicídio e de comportamento
suicida, publicados em português, inglês, espanhol e francês. Foram achados
inicialmente 96 estudos que depois da aplicação dos critérios de exclusão e inclusão
sobraram nove artigos acrescidos com outros quatro estudos obtidos por busca
manual, somando no total 13 que foram usados na análise final. Os dados da pesquisa
apontam que apesar das abordagens sobre a temática tenha crescido no país nos
últimos anos, há necessidade de promover discussões mais aprofundadas sobre a
importância de se trabalhar com métodos e estratégias de prevenção e pósvenção ao
suicídio.
Palavras-chave: Suicídio, Comportamento Suicida, estratégias de prevenção e
pósvenção.
Abstract
The aim of this study was to summarize the strategies for the prevention and post-
invention of suicide from studies of Systematic Literature Review on the subject. It is
an Integrative Literature Review based on the qualitative approach under Saldaña's
(2013) content analysis approach. Data were collected in October 2021 in three
123
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
databases (Science Direct, PsycInfo and PubMed) using the following descriptors:
"Suicide OR Suicide Behavior AND Suicide Theories AND Suicide Prevention AND
Suicide Postvention" whose inclusion criteria were: free studies and available in full
online systematic review of the literature: unpublished and original, which discuss the
issue of suicide and suicidal behavior, published in Portuguese, English, Spanish and
French. Initially, 96 studies were found, which after applying the exclusion and
inclusion criteria, nine articles remained, added with another four studies obtained by
manual search, totaling 13 that were used in the final analysis. The survey data show
that although approaches to the subject have grown in the country in recent years,
there is a need to promote more in-depth discussions on the importance of working
with methods and strategies for suicide prevention and post-invention.
Keywords: Suicide, Suicidal Behavior, prevention and post-invention strategies.
Introdução
O suicídio é uma questão de saúde pública, afetando o indivíduo, a família e a
sociedade, no geral. Em países de baixa renda, onde as altas taxas de suicídio entre
jovens adultos fazem com que este seja uma das principais causas de morte.
Fundamentação teórica
Conceitos essenciais
A temática do suicídio se interliga com muitos outros comportamentos de
autoagressão que motivam o indivíduo a provocar a própria morte. Às vezes, esses
124
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Por sua vez, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) define suicídio como
“um ato deliberado, executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de
forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele
acredita ser letal” (ABP, 2014, 9). A palavra suicídio deriva etimologicamente do latim
sui (si mesmo) e caedes (ação de matar) significando assim, uma morte intencional
autoinfligida (CORREA, & BARRERO, 2006).
125
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
126
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
fenômeno novo, muitos teóricos, mesmo na idade clássica, muitos teóricos tentaram
explicar o suicídio. Por exemplo, Shneidman10 (1985, 1993) nas suas análises,
entende o suicídio como uma resposta à dor psicológica (ou seja, psychache), um
estado agudo de dor interna intolerável, associada a uma experiência introspectiva
ligada a emoções negativas, caracterizadas por tristeza, culpa, angústia, medo, raiva,
desespero, solidão, vergonha e perda.
Para Durkheim11 (1897/1951), com uma visão sociológica, cada sociedade está
predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes voluntárias, e o que
interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o processo social, dos
fatores sociais que agem não sobre os indivíduos isolados, mas sobre o grupo, sobre
o conjunto da sociedade. Ele coloca o suicídio como um fato social, sendo o
isolamento social o fator de risco. Por outro, Baumeister12 (1990) descrevendo o
suicídio como uma fuga de um estado aversivo de mente, e Beck e Abramson
(Abramson et al., 2000; Beck, 1967) apontam a falta de esperança como fator principal
para a presença de comportamento suicida.
127
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
desenvolve ideação suicida nunca vai fazer uma tentativa de suicídio (KLONSKY &
MAY, 2015).
Uma nova abordagem sobre o suicídio começa a se fazer sentir nos anos 2000,
sobretudo, quando Thomas Joiner (2005) apresentou a Teoria Interpessoal do
Suicídio. Joiner introduziu a estrutura pela qual (a) ideação suicida e (b) a progressão
da ideação para tentativas foram tratadas como processos separados que vêm com
conjuntos separados de explicações e fatores de risco. Ele propôs uma aplicação
específica da estrutura: a pertença frustrada (quando a necessidade fundamental de
uma pessoa pertencer não é satisfeita) e a sobrecarga percebida (percepção de uma
pessoa de ser um fardo para outros) combinam-se para provocar o desejo de suicídio,
enquanto a alta capacidade de suicídio facilita tentativas de suicídio potencialmente
letais (op.cit., 2015).
129
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
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132
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
O processo de seleção e análise dos artigos foram usados como critérios para
a inclusão: os estudos de revisão sistemática da literatura, inéditos e originais,
gratuitos e disponíveis na íntegra de forma online, todos que pesquisam o suicídio e
o comportamento suicida, teorias de suicídio, prevenção ou pósvenção ao suicídio,
publicados em português, inglês, espanhol e francês. Ademais, foram usados como
critério de exclusão os artigos duplicados e aqueles que não passaram pelo processo
de avaliação por pares. A Tabela 1 descreve a estratégia de busca dos artigos em
cada base de dados.
14Um aplicativo web/móvel gratuito que auxilia autores de revisão de literatura a realizar o processo de
seleção dos artigos de forma rápida e eficiente.
133
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Análise de dados
Os estudos analisados nesta revisão, descrevem a temática do suicídio sob
várias abordagens, desde a conceituação do objeto de estudo, abordagens teóricas e
estratégias de prevenção e pósvenção do suicídio. Dos 13 artigos selecionados, cinco
estudos foram publicados na Austrália, três no Brasil, três nos Estados Unidos da
América, um no Reino Unido e um na China. As principais bases consultadas incluem
a PubMed, Web of Science, PsycINFO, SciELO, LILACS, MEDLINE e Scopus
havendo outras, específicas de cada país. A tabela 2 apresenta a síntese dos artigos
incluídos na revisão.
134
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Revisão Sistemática médicos. tratamento; tempo limitado; incerteza sobre a eficácia; perguntas
de Literatura, (2021). sobre a notificação de tratamento em credenciamento, licenciamento
e seguro de vida e invalidez; e o estigma que os profissionais de
saúde têm em relação aos transtornos mentais. A auto prescrição,
recorrer à família em busca de ajuda ou “lutar em silêncio” São
fatores que favorecem o médico a gerenciar os problemas por conta
própria.
A busca identificou 111 artigos, dos quais nove preencheram os
SOUZA et al. Descrever a frequência, critérios de inclusão. Os estudos demonstraram maior taxa de
Suicídio e povos as características e os Revista PubMed, SciELO, mortalidade por suicídio em pessoas do sexo masculino, solteiros,
indígenas brasileiros: fatores que contribuem Panamericana PsycINFO e LILACS. com 4 a 11 anos de escolaridade, na faixa etária de 15 a 24 anos, no
Brasil
revisão sistemática, para o suicídio em povos de Salud Pública domicílio e nos finais de semana, tendo como principal método o
(2020). indígenas brasileiros. enforcamento. Os principais fatores de risco para o suicídio foram
pobreza, fatores históricos e culturais, baixos indicadores de bem-
estar, desintegração das famílias, vulnerabilidade social e falta de
sentido de vida e futuro.
ZORTEA et al. The De 8.413 estudos identificados, oito artigos primários foram
Impact of Infectious incluídos, examinando os efeitos de cinco epidemias em desfechos
Disease- Related Investigar os impactos Journal of Crisis MEDLINE, relacionados ao suicídio. Houve evidência de aumento das taxas de
Public Health potenciais de epidemias Intervention and EMBASE, PsycInfo, suicídio entre adultos mais velhos durante a SARS e no ano seguinte
Austrália
Emergencies on nos resultados Suicide CINAHL, Scopus, à epidemia (possivelmente motivada por desconexão social, medo de
Suicide, Suicidal relacionados ao suicídio Prevention Web of Science, infecção por vírus e preocupação em sobrecarregar outras pessoas) e
Behavior, and PsyArXiv, medRxiv e associações entre a exposição à SARS / Ebola e aumento das
Suicidal Thoughts: A bioRxiv tentativas de suicídio. Um estudo pré-impresso relatou associações
Systematic Review, entre angústia COVID-19 e ideação suicida no mês anterior.
(2020).
135
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Austrália
LEO. Contemporary comportamento suicida Intervention and Citation Index, sistemas de classificação tendem a ser cada vez mais precisos e
Classifications of usando o escopo de Suicide CINAHL, PubMed e operacionais para o trabalho de campo clínico e de pesquisa. No
Suicidal Behaviors: A classificação. Prevention Scopus entanto, em nível internacional, o desenvolvimento de classificações
Systematic Literature, parece preceder o estabelecimento de definições e termos acordados
(2019). para descrever o comportamento suicida.
Psychology of Dos 2765 estudos achados, 30 artigos foram selecionados e os
Sexual resultados indicaram claramente a necessidade de trabalhar tanto no
MCNEIL, ELLIS, & Resumir as evidências Orientation and AHMED, Academic nível individual quanto no nível estrutural para reduzir a
ECCLES. Suicide in sobre os fatores que se Gender Search Complete, discriminação no nível da sociedade e do serviço, aumentar o apoio
EUA
trans populations: A correlacionam com a Diversity CINAHL, PsycInfo, dos pares e garantir o acesso às intervenções necessárias.
systematic review of ideação e tentativa Psychology of PsycArticles, Web of
prevalence and suicida em populações Sexual Science, Scopus,
correlates, (2017). trans. Orientation and OVID-EMBASE, e
Gender PubMed.
Diversity
Um total de 382 examinados e 122 serviram de amostra final. Os
resultados apoiaram a teoria interpessoal: a interação entre
CHU et al. The Examinar a relação entre pertencimento frustrado e carga percebida foi significativamente
interpersonal theory os construtos da teoria associada à ideação suicida; e a interação entre pertencimento
of suicide: A interpessoal e os Psychological PubMed, Medline, frustrado, peso percebido e capacidade para o suicídio foi
systematic review and pensamentos e Bulletin, PsycINFO e Web of significativamente relacionada a um maior número de tentativas
meta-analysis of a comportamentos Science. anteriores de suicídio. No entanto, os tamanhos de efeito para essas
EUA
suicídio na infância, fatores associados ao Ciência & Saúde PubMed e Psycinfo prevenidos desde que sejam identificados e a criança receba
(2017) comportamento suicida Coletiva tratamento psicológico e médico. Conclui-se que conflitos
em crianças com até 14 familiares, problemas na escola, bullying, impulsividade e depressão
anos. estão associados ao suicídio na infância.
136
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Reunir pesquisas que um total de 121 estudos foram selecionados que depois da triagem
ZAHID & investiguem a Journal of Crisis sobraram 12 estudos para análise final. Os resultados indicam que a
UPTHEGROVE. prevalência, fatores de Intervention and Medline, Psych Info e prevalência de tentativas de suicídio variou entre 7% e 47%,
Austrália
Suicidality in Autistic risco e fatores Suicide Web of Science enquanto a ideação suicida foi relatada em até 72% dos casos. Ser do
Spectrum Disorders, comórbidos de suicídio Prevention sexo masculino e ter história de automutilação e depressão foram
(2017). em transtornos do citados como fatores de risco significativos.
espectro autista.
Identificar ensaios No geral, dos 13.747 encontrados, 29 artigos relevantes foram
CALEAR et al. A clínicos randomizados de identificados na revisão, descrevendo 28 ensaios individuais de um
systematic review of intervenções programa de intervenção contra suicídio para jovens. Três dos
psychosocial suicide psicossociais para European child ensaios (todos avaliando os Conselheiros baseados na escola
Austrália
prevention suicídio de jovens em & adolescent PsycInfo, PubMed e Cuidam, Avaliam, Respondem, Capacitam, Treinamento de
interventions for ambientes escolares, psychiatry Cochrane Enfrentamento e Apoio e ou Programas de Cuidado, Avaliação,
youth, (2016). comunitários e de saúde Resposta, Capacitação de Pais) envolveram vários braços de
intervenção com uma condição de controle.
Sintetizar os resultados De 389 artigos identificados em nossa pesquisa, 13 artigos
da pesquisa sobre preencheram nossos critérios de inclusão. Resultados: Identificamos
MARZANO et al. tentativas ao suicídio em Prevention of oito estudos que relatam associações entre tentativas quase letais de
Reino Unido
Prevention of Suicidal prisões e considerar suas Suicidal prisioneiros e fatores específicos. O último incluiu fatores históricos,
Behavior in Prisons, implicações para as Behavior in MEDLINE e relacionados à prisão e clínicos, incluindo morbidade psiquiátrica e
(2016). políticas e práticas de Prisons PsycINFO comorbidade, trauma, isolamento social e bullying. Esses fatores
prevenção do suicídio também foram identificados como importantes nos relatos dos
próprios prisioneiros sobre o que pode ter contribuído para suas
tentativas (apresentado em quatro estudos).
Identificar e recomendar Dos 3740 estudos, 1.117 resumos lidos foram achados 80 medidas
medidas de autorrelato usadas para avaliar pensamentos e comportamentos suicidas. No
BATTERHAM et al. psicometricamente entanto, 61 não eram medidas de autorrelato em inglês destinadas a
A systematic review corretas de ideação e avaliar pensamentos suicidas e comportamentos na população em
EUA
and evaluation of comportamentos suicidas geral. No entanto, 11 desses 19 restantes não foram identificados na
measures for suicidal que poderiam ser usados Psychological MEDLINE e revisão de Brown (2001). As características das 19 medidas retidas
ideation and em pesquisas Assessment, PsycINFO seis foram consideradas medidas breves de autorrelato (cinco itens
behaviors in populacionais de adultos. ou menos), enquanto o restante foi considerado como medidas de
population-based autorrelato mais abrangentes de pensamentos e comportamentos
research, (2015). suicidas.
137
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
China
meta-analysis of dos tratamentos de Controlled Trials, depressão (p \ 0,00001) e a escala de avaliação cognitiva de Montreal
cognitive behavioral psicoterapia breve para Neurological EMBASE, PubMed, (p = 0,006). Não houve significância estatística na escala do
and psychodynamic depressão na doença de Sciences Chinese National questionário 39 da doença de Parkinson (p = 0,31). Na análise de
therapy for depression Parkinson para melhor Knowledge subgrupo por tipos de psicoterapia breve, a eficácia da psicoterapia
in Parkinson’s disease informar o atendimento Infrastructure, psicodinâmica foi melhor do que a terapia cognitivo-comportamental
patients, (2015). clínico e pesquisas Wanfang database e (SMD = -2,02 vs diferença média padrão = -0,90) para a medida de
futuras VIP information resultado de acordo com a escala de avaliação de Hamilton para
database escala de depressão.
Esta revisão foi feita a partir de 19 estudos de 490 publicações. A
maioria dos estudos centrava-se na redução dos fatores de risco
LAPIERRE et al. A Examinar os resultados (rastreio e tratamento da depressão e diminuição do isolamento), mas
Austrália
systematic review of das intervenções Journal of Crisis quando se considerava o sexo, os programas eram mais eficazes para
elderly suicide destinadas a idosos Intervention and COCHRANE, as mulheres. As avaliações empíricas de programas que atendem às
prevention programs, suicidas e para identificar Suicide MEDLINE, ERIC, necessidades de idosos de alto risco pareceram positivas; a maioria
(2011) estratégias de sucesso e Prevention PsycINFO dos estudos mostrou uma redução no nível de ideação suicida dos
áreas que precisam ser pacientes ou na taxa de suicídio das comunidades participantes. No
mais exploradas. entanto, nem todos os estudos usaram medidas de suicídio para
avaliar o resultado da intervenção e raramente objetivaram melhorar
os fatores de proteção.
138
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Das leituras feitas a partir dos estudos analisados entendemos que no Brasil, o
governo e entidades não governamentais tem empreendido esforços com a
implementação de programas e projetos de prevenção contra o suicídio. Os estudos
apontam a existência de vários fatores de risco que conduzem a ideação e tentativa
ao suicídio. Os transtornos psiquiatricos, principalmente a depressão segundo
Kawasaki (2021) é o maior responsável pelas altas taxas de suicídio. Essa ideia é
encontrada em Zahid & Upthegrove (2017) que identificaram históricos de automutilação e
depressão na pesquisa que investigavam a prevalência, fatores de risco e fatores comórbidos
de suicídio em transtornos do espectro autista. Na verdade, “um dos fatores de risco
que as literaturas têm apontado são os transtornos psiquiátricos como a depressão,
esquizofrenia, transtornos de ansiedade, transtorno bipolar e outros transtornos da
personalidade” (SUNDE & PAQUELEQUE, 2021, p.8).
Para Souza et al. (2020), os principais fatores de risco para o suicídio inclui a
pobreza, fatores históricos e culturais, baixos indicadores de bem-estar, desintegração
das famílias, vulnerabilidade social e falta de sentido de vida e futuro. Quase na
mesma linha de pensamento (interação com o meio social) encontramos as
concepções de Zortea et al.(2020) que apontam a desconexão social, medo de
infecção por vírus e preocupação em sobrecarregar outras pessoas como as
principais causas de aumento das tentativas de suicídio. Esta é a reflexão de Émili
Durkheim que olha no suicício como um fenômeno social.
Por tanto, como humanos que somos, os vínculos que mantemos com os
demais e a forma como interiorizamos esse patrimônio social pode favorecer ou não
aos comportamentos de autodestruição. Quando o vínculo é saudável e o sujeito se
sente integrado no grupo, as experiências sociais constituem fatores de proteção a
139
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Essa ideia corabora com uma revisão sistemática de literatura cujo obetivo
principal foi compreender a questão do suicídio na adolescência..Os resultados desta
pesquisa evidenciaram que os fatores associados ao suicídio são: transtornos
psicológicos, uso de álcool e/ou drogas, exposição à violência, conflitos familiares,
história de suicídio na família, experiências estressoras e depressão (SANTOS &
LEÂO-MACHADO, 2019).
140
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
É nesta perspectiva que Lapierre et al. (2011) destacam que a maioria dos
estudos por eles analisados centravam-se na redução dos fatores de risco (rastreio e
tratamento da depressão e diminuição do isolamento). Estratégias inovadoras devem
melhorar a resiliência e o envelhecimento positivo, envolver os guardiões da família e
da comunidade, usar telecomunicações para alcançar adultos mais velhos vulneráveis
e avaliar os efeitos da restrição de meios e da educação dos médicos no suicídio de
idosos (LAPIERRE et al, 2011).
141
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Considerações finais
O suicídio é um fenômeno complexo e multipacetado cujas causas são menos
exploradas e afeta pessoas próximas e a população em geral (um problema de
saúde pública). Apesar de ser um fenômeno complexo, ele pode ser prevenido,
reconhecendo os sinais de alerta em si mesmo ou em pessoa próxima. Os
comportamentos suicidas (de ideação e/ou de tentativa suicida) são sinais de alerta
ao suicídio.
142
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Referências
143
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
CHU, C. et al. The interpersonal theory of suicide: A systematic review and meta-
analysis of a decade of cross-national research.. Psychological Bulletin, 143(12), p.
1313–1345, 2017. doi:10.1037/bul0000123
144
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
SUNDE, R.M. & SUNDE, L.M.C. Luto familiar em tempos da pandemia da COVID-
19: dor e sofrimento psicológico. Rev.Interfaces, v.8.N.3 (2020), ISSN 2317-434X
(NÚMERO ESPECIAL – COVID-19). DOI: http://dx.doi.org/10.16891/2317-
434X.v8.e3.a2020.pp703-710
145
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
146
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Capítulo 8
ANÁLISE DE DADOS EM
PSICOLOGIA: TUTORIAL DE
MACHINE LEARNING PARA
CLASSIFICAÇÃO NO JASP 0.15
Alessandro Vieira dos Reis
147
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
INTRODUÇÃO
148
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
149
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
4) uma parte para teste, isto é, o modelo criado na fase anterior é testado para verificar
sua eficiência preditiva quanto ao problema formulado na etapa 1.
Segundo Bashir et al (2020), o processo de cinco etapas descrito
anteriormente, quando bem executado, evita problemas dois grandes problemas: a) o
overfitting, ou “sobreajuste”, que consiste no algoritmo não “aprender” com os dados,
mas em algo como decorar as respostas corretas do banco de dados analisado, o que
impede que o modelo generalize para outros; b) o underfitting, ou “sub-ajuste”, onde
o algoritmo empregado não era sofiscitado bastante para tratar os dados, não
conseguindo se ajustar à complexidade destes.
Vale destacar que nem todo projeto que utilize técnicas de ML consiste no
desenvolvimento completo conforme as 5 etapas apresentadas. A aplicação de ML
para resolver um problema em Psicometria, por exemplo, não envolve
necessariamente o desenvolvimento de uma ML desde a estaca zero. Nesse exemplo,
“como não há o uso desse modelo [de ML] para desenvolver um algoritmo para que a
máquina aprenda, pela definição de aprendizagem de máquina, não estamos
utilizando seus métodos” (FRANCO, 2021, p. 264). Ou seja, softwares como o JASP
(JASP, 2021) ajudam a aplicar algoritmos desenvolvidos com ML, mas em si mesmo
não criam algoritmos. Nesse sentido, o JASP exerce uma importante função de
popularizar a ML, facilitando sua aplicação direta. A disseminação da ML na Psicologia
vem sendo facilitada com instrumentos como o JASP, que permitem aplicar as
técnicas de ML sem demandar conhecimento em termos de desenvolvimento de
software.
Contudo, ainda há poucas orientações disponíveis para o uso do JASP para
ML voltadas à comunidade de psicometristas em português. Diante dessa
problemática, esta pesquisa teve por objetivo oferecer um tutorial de como
implementar os algoritmos de Classificação em ML disponíveis no JASP 0.15. A
Classificação consiste em uma forma de aprendizagem supervisionada baseada no
procedimento estatístico de Regressão Logística, onde um conjunto de dados permite
estimar se um caso do banco de dados se enquadra em uma determinada classe ou
em outra (MAXWELL; WARNER, FANG, 2017). Como exemplos de problemas de
Classificação: usando dados médicos, classificar pacientes conforme faixas de risco
de infarto (LI et al, 2020); usando posts em redes sociais, classificar sentimentos dos
usuários que os realizaram (AGUIAR et al, 2018).
150
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
151
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
152
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Fonte: o autor.
2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
153
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Este capítulo é baseado em uma pesquisa de natureza aplicada, uma vez que
tem por propósito a produção de um tutorial que possa ser utilizado por psicometristas
diante de desafios práticos (GIL, 2002). Trata-se ainda de uma pesquisa do tipo
quantitativa, pois gira em torno de procedimentos analítico-matemáticos para
tratamento de dados em Psicometria. Por fim, a pesquisa adotou uma abordagem
descritivo-explicativo, característica da natureza de um tutorial (MARCONI;
LAKATOS, 2018).
154
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: o autor.
155
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Fonte: o autor.
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Predição
1 2 3 Total
Fonte: o autor.
157
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Fonte: o autor.
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Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
159
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
ainda como a classe 2, formada pelas pessoas que se declaram extrovertidas, foi
predita com maior precisão de verdadeiros positivos, tendo maior valor de AUC de
(0.927). Novamente o teste DMIE se mostra eficiente para discriminar introvertidos
(ver Quadro 4) e extrovertidos (ver Imagem 2), e ineficiente para identificar os
indecisos.
Por fim, as Curvas de Andrews resultantes podem ser usadas para criticar a
análise feita até o momento. Esse gráfico gera uma representação 2D de dados
multidimensionais, possibilitando avaliar intuitivamente como múltiplos dados geram
classes (GARCÍA-OSÓRIO; FYFE, 2005). As Curvas de Andrews do DMIE explicita o
quanto as 3 classes do banco de dados estão misturadas umas nas outras. Caso
fossem 3 classes distintas, seria possível ver 3 cores separadas na Imagem 3:
Fonte: o autor.
160
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
Fonte: o autor.
161
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
162
Abordagens em Psicologia: Saúde Mental Cotidiana
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