Ilê Orixá

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ILÊ ORIXÁ

Uma breve explicação sobre o culto aos orixás

- Batuque do Rio Grande do Sul -

Ronie Ánderson Pereira

(Pai Ronie de Ogum Adioko)

Nação Oyo e Jeje

- 2019 -
2

Copyright © 2019 by Ronie Ánderson Pereira


Todos os direitos reservados - 1º Ed 2015

Ilê Orixá Ogum Adioko e Oya Tofã


Rua Vidal Brasil, 559 e 569 – Novo mundo – Gravataí - RS
CEP 94075-030
Telefone: (51) 3497 4127 (51) 9838 2598- (51) 8293 3850
Conheça o Ilê Orixá em www.ileorixa.com.br
e-mail: [email protected]
Designer Capa
Willy Roza
Revisores
Ronie Ánderson Pereira e Zulamir Ribeiro
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pereira, Ronie Ánderson
Ilê orixá : uma breve explicação sobre o
culto aos orixás : batuque do Rio Grande do Sul :
nação Oyo e Jeje / Ronie Ánderson Pereira
(Pai Ronie de Ogum Adioko) . -- Areia Branca, SE:
Livrorama, 2019.
ISBN 978-85-448-0271-7
1. Afro-brasileiros 2. Cultos afro-brasileiros -
Rio Grande do Sul 3. Cultura popular 4. Orixás
5. Religiosidade I. Título.
15-10875 CDD-299.6
Índices para catálogo sistemáico:
1. Orixás : Culto : Religiões de origem
africana 299.6
3

Agradecimentos

A todos os orixás por me darem força, saúde, tempo e


condições para expor a nossa religião e me permiir registrar
uma parte do conhecimento que aprendi.

Em especial agradeço ao orixá Ogum Adioko, por ter me


escolhido como ilho, e possibilitar muitas vitórias e conquistas
em minha vida.

Ao babalorixá Alexandre de Oya Tofã pelo incenivo na


construção deste trabalho, pela ajuda nos incansáveis dias de
leitura dos rascunhos e por sempre acreditar que seria possível
construir este trabalho.

Ao babalorixá Sérgio Machado Trindade de Xangô Godo Aloxé,


por ter me iniciado na religião dos orixás, e mostrar o quanto é
linda nossa religião.

A yalorixá Fernanda de Xangô Aganju Fumilayo minha eterna


irmã do axé, amiga , parte desta história e grande
incenivadora.

A meus pais, parte de minha ancestralidade, sem o qual não


estaria aqui, meu muito obrigado.
4

Esta obra é dedicada a todos que esiveram antes de nós


e possibilitaram que tudo fosse pensado e construído,
nossos ancestrais, e aos que irão vir depois de nós, nosso
futuro.
5

Ohun i awa mò ni die, Ohun i awa kò, náá.


nigbanáà? nje awa duro abi losiwaju?

O que se sabe é pouco, o que se aprende também.


Então? Estagnar-se ou aperfeiçoar-se
6

Sumário
APRESENTAÇÃO......................................................................9
ILE ORIXÁ OGUM ADIOKO E OYA TOFÃ....................................13

1 PRINCESA EMÍLIA DE OYA LAJA E A FORMAÇÃO DA NAÇÃO


OYO E JEJE NO RIO GRANDE DO SUL....................................14
1.1 Princesa Emília de Oya Laja........................................15
1.2 Formação da nação oyo-jeje.......................................18
1.3 Considerações inais...................................................22
2 FUNDAÇÃO DO ILÊ ORIXÁ..................................................24
2.1 Filosoia do Ilê orixá....................................................25
2.1.1 Missão:................................................................26
2.1.2 Visão:...................................................................26
2.1.3 Valores:................................................................26
3 A MARCA DO AXÉ..............................................................28
4 SÍTIO ILÊ IFÉ.......................................................................32
5 AS FLORES DA PRIMAVERA NOS ENCANTAM....................35
6 A ESTAÇÃO DAS FOLHAS....................................................38
7 A RENOVAÇÃO DAS ÁGUAS...............................................42
8 ANCESTRALIDADE DE PAI ALEXANDRE E PAI RONIE..........45
RELIGIÃO E CULTURA...............................................................52

9 É PRECISO SEPARAR...........................................................53
10 CULTO A ANCESTRALIDADE.............................................58
11 A BALANÇA DE XANGÔ....................................................61
12 OS CÂNTICOS NOS RITUAIS AFRICANOS..........................65
13 ORALIDADE AFRICANA.....................................................70
14 A DANÇA NOS RITUAIS AFROS.........................................75
7

RITOS RELIGIOSOS....................................................................80

15 PROCESSO INICIÁTICO.....................................................81
15.1 Deinição de batuque...............................................82
15.2 A iniciação no batuque do Rio Grande do Sul...........84
15.3 Lavagem da cabeça...................................................87
15.4 Aribibó......................................................................89
15.5 Bori...........................................................................90
15.6 Aprontamento..........................................................91
15.7 Entrega de axés........................................................92
15.8 Considerações inais.................................................93
16 BATER CABEÇA POR QUE?...............................................95
17 SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS................................................98
18 ONDE EXISTE FOLHA EXISTE ORIXÁ...............................103
19 QUAL VELA DEVO ACENDER AO MEU ORIXÁ?...............111
20 SACRALIZAÇÃO DE ANIMAIS.........................................114
21 RITUAL DO BORI............................................................121
22 POR QUE FAZER UMA OFERENDA?................................126
23 ASSENTAMENTO DE ORIXÁS..........................................130
24 POR QUE FAZER ECÓS?..................................................135
25 FAZER AMALÁ PARA XANGÔ?........................................138
26 POSSO ENCHER MINHA QUARTINHA?...........................144
27 AXÉ DE FALA..................................................................147
RELAÇÃO COM O SAGRADO...................................................150

28 AXÉ: A BASE DA RELIGIÃO AFRICANA............................151


29 A RELIGIOSIDADE E A FÉ................................................158
30 VIVER A RELIGIÃO..........................................................161
31 VALE A PENA SER FEITICEIRO?.......................................163
32 O AXÉ DE UM BABALORIXÁ...........................................167
8

33 O MOMENTO CERTO PARA FAZER OBRIGAÇÃO............172


34 A ESCOLHA DO PADRINHO OU MADRINHA...................175
35 FAZER O CERTO.............................................................177
36 ENTRE A CIÊNCIA E A RELIGIÃO.....................................180
37 A CONDUTA CORRETA DE UM OMORIXÁ......................184
38 A CONDUTA CERTA DE UM PAI DE SANTO....................188
39 A RELIGIÃO NÃO É MÁGICA...........................................191
CONCEPÇÕES SOBRE DEUS E OS ORIXÁS................................194

40 QUEM É DEUS?..............................................................195
41 O QUE SÃO OS ORIXÁS?................................................203
42 O NASCIMENTO DE UM ORIXÁ......................................209
43 AXERÔ NÃO É IBEJI........................................................212
44 ORIXÁ BARÁ LODÊ E OGUM AVAGÂ..............................217
45 O ORIXÁ OGUM: SENHOR DA GUERRA..........................222
46 O ORIXÁ OYA: A RAINHA DOS VENTOS..........................226
47 JOGO DE BÚZIOS............................................................230
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................237
9

APRESENTAÇÃO

Mo juba akoda
Eu saúdo os primórdios da Existência

Este livro se propõe a realizar a análise do coidiano de


um Ilê, sua roina diária e pressupostos necessários ao convívio
em uma comunidade de terreiro.

Não tem por objeivo de forma alguma ensinar, mas


sim releir sobre a religião africana, analisar o contexto diário e
desenvolver nos futuros omorixás1 responsabilidades, além de
despertar nos babalorixás2 e yalorixás3 a vontade de dividir o
conhecimento com todos.

É preciso mudar a opinião de muitos que ainda pensam


que a religião não deve ser discuida, registrada, aitudes assim
apenas fazem com que a religião africana ique cada vez mais
imcompreendida, marginalizada e criicada por muitos.

A literatura disponível em religião africana é pequena e


especialmente sobre a nação do Rio Grande do Sul é bem
deicitária se comparada a outras tradições religiosas, o que
1
Omorixá: ilho de orixá , iniciado.
2
Babalorixá: o responsável pela iniciação na religião. A autoridade
máxima de um terreiro
3
Yalorixá: o mesmo que babalorixá
10

faz com que os interessados em compreender a teologia de


terreiro sobre nação4 necessite muitas vezes consultar obras
produzidas no Candomblé bahiano, que sem dúvida durante a
história soube melhor preservar sua idenidade cultural, mas
no entanto se difere bastante da nação do Rio Grande do Sul,
daí a necessidade de obras deste ipo.

De forma nenhuma esta obra pretende desestruturar


os Ilês distribuídos pelo Brasil e especialmente em nosso
Estado, mas desenvolver um espírito críico entre todos, para
colocar a religião em debate, a im de promover uma melhor
compreensão sobre seus ritos, suas liturgias e seus dogmas.

É preciso compreender a dinâmica da religião e não


somente cultuar sem ter o entendimento do que está se
fazendo. Como vamos cultuar o que não conhecemos? Como
argumentar sobre a crença se muitos nem a conhecem
completamente?

Religião se aprende na práica, no convívio diário


dentro de um Ilê, para aprender é necessário paricipar estar
presente, nenhum livro subsitui o aprendizado diário, o
convívio com as diferenças e o conhecimento transmiido pela
oralidade de um babalorixá ou yalorixá para seu omorixá. A
experiência recebida pelos nossos ancestrais. Mas isso não faz
com que a discussão sobre a ritualísica não seja importante e
necessária.

4
Nação é forma como é conhecida a religião de matriz africana no Rio
Grande do Sul, conhecida popularmente como batuque.
11

Mas é necessário que parte deste conhecimento seja


registrado, armazenado e muliplicado, é necessário que todos
os iniciados descubram a importância de se qualiicarem, de
buscarem a verdade.

Somente desta forma é que a religião africana poderá


ser preservada, compreendida de forma adequada e em
consequência mais respeitada.

O povo de terreiro precisa estudar a sua religião,


entender como de fato funciona sua matriz religiosa, para
poder defendê-la. Não basta ser de axé é necessário viver o
axé, viver a religião na sua integridade. A religião africana é
muito mais do que acreditar no orixá e fazer oferendas a eles, é
viver no dia a dia, é ser a extensão do orixá, ninguém é o
próprio orixá, mas somos sua representação no aye.

Ser de religião africana antes de tudo é cultuar a


ancestralidade, valorizar a oralidade e conhecimentos
transmiidos pelos mais velhos. Ser de um axé não nos torna
imune aos problemas do mundo, mas nos faz mais forte para
enfrentá-los.

O livro encontra-se dividido em cinco partes, a primeira


Ilê orixá Ogum Adioko e Oya Tofã, apresenta a história do Ilê,
a sua estrutura, fundação e caracterísicas, leva o leitor a
entender a dinâmica de funcionamento, a segunda parte
Religião e Cultura, onde o foco maior de relexão não está na
religião e sim na cultura produzida por ela dentro da religião,
em Ritos Religiosos são explorados os conceitos mais

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