O documento discute os rituais de Cruzamento e Amaci na Umbanda, explicando suas práticas e propósitos de acordo com diferentes casas. Dirigentes espirituais descrevem como os rituais preparam e energizam os médiuns, protegendo-os e facilitando a comunicação com os guias espirituais.
O documento discute os rituais de Cruzamento e Amaci na Umbanda, explicando suas práticas e propósitos de acordo com diferentes casas. Dirigentes espirituais descrevem como os rituais preparam e energizam os médiuns, protegendo-os e facilitando a comunicação com os guias espirituais.
O documento discute os rituais de Cruzamento e Amaci na Umbanda, explicando suas práticas e propósitos de acordo com diferentes casas. Dirigentes espirituais descrevem como os rituais preparam e energizam os médiuns, protegendo-os e facilitando a comunicação com os guias espirituais.
O documento discute os rituais de Cruzamento e Amaci na Umbanda, explicando suas práticas e propósitos de acordo com diferentes casas. Dirigentes espirituais descrevem como os rituais preparam e energizam os médiuns, protegendo-os e facilitando a comunicação com os guias espirituais.
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Nessa série Sacramentos de Umbanda, procuramos trazer ao
leitor uma explanação direta dos dirigentes espirituais sobre as
práticas sacramentais que encontramos dentro da Umbanda. Essa, por ser uma religião multifocal e multicultural, irá também refletir a pluralidade em suas práticas. A procura por um entendimento comum, muitas vezes é infrutífera, pois apesar de estarem sob a égide de um mesmo tronco – a palavra Umbanda – as práticas se diferem de tamanha forma, que poderíamos dizer se tratarem de religiões distintas. Mas não o são porque em seu cerne eles mantêm uma mesma ideia e um mesmo núcleo, a Caridade. Abordamos no artigo anterior, os rituais de Batismo e nesse contamos com nossos entrevistados para falar um pouco sobre O Cruzamento e o Amaci. O Cruzamento e o Amaci. Dois rituais muito importantes dentro da Umbanda e que se destinam quase que exclusivamente aos membros que compõe a corrente mediúnica, sejam eles médiuns, curimbeiros ou cambones. Cada casa tem seu jeito de apresentar os cruzamentos, porém nos registros de casas muito antigas podemos encontrar o ritual sendo feito pelo dirigente ou guia-chefe da casa, ou ainda por alguém por ele definido. Usando-se da Pemba Branca ou de Pemba ralada, marcava-se no corpo do médium cruzes (+) em determinados pontos, tais como: Fronte, Tórax, Umbigo (alguns trocam pela nuca), Costas das Mãos e Peito dos Pés. Dessa forma, cruzando e abençoando esses locais, lavava-se a cabeça com o Amaci, que é um preparo de ervas bem grosso e encorpado, preparado também pelas figuras acima citadas. Há quem inverta o ritual, primeiro fazendo o Amaci e posteriormente cruzando os médiuns, porém o que devemos notar aqui é o intuito desses rituais, de preparar e sacramentar certos pontos de “acoplamento” entre os espíritos comunicantes (guias-espirituais) e os encarnados. Não é algo que deva ser feito a qualquer momento, mas em um ritual específico e geralmente fechado e dedicado só aos trabalhadores da Casa Espiritual. Agora acompanhe abaixo, as respostas de nossos entrevistados para as perguntas sobre Cruzamento e Amaci. 5. O cruzamento dos médiuns tem um propósito específico além de reconfirmar suas forças e energizá-lo? José Antônio Rodrigues: Entendo esta pergunta como o cruzamento inicial e quando o mesmo se dá solicitado pela entidade chefe, e é realizado por um médium de frente da Casa e tende sim a fortalecê-lo para a Gira a iniciar. Allyne Freitas: Não trabalhamos com cruzamento na Tenda, aqui fazemos o trabalho de reconfirmar as forças dos Orixás com deitadas. Geralmente nas forças dos Pai de Cabeça dos filhos. Eles fazem uma pequena oferenda e trazem a bebida do Orixá. Deitam no terreiro, lavamos a nuca e a coroa com a bebida dos Orixás e cobrimos com o pano de cabeça, eles deitam na esteira e durante a deitada passamos pelo corpo deles, o pau de chuva e o adjá. É o ritual simples, porém com uma energia maravilhosa. Entre os itens que trazem são 4 velas na cor do Orixá, a guia nas forças do Orixá e flores. Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: Em nossa casa o cruzamento do médium é feita pela entidades dona da casa, o propósito desse cruzamento é a energização e purificação do médium. Renato D’Ogum: Cruzamento efetuado pelas entidades sagradas e de luz tem um propósito bem maior do que imaginamos, alguns cruzam com objetivo de não pegar carga negativa do terreiro, ou de onde aquele determinado médium também passa. Claro, tudo depende do livre arbítrio do médium, costumo falar que médium bom é aquele que tem responsabilidade das suas atitudes e atos. Felipe Campos: O Cruzamento pode ter diferentes funções dependendo de qual ritual ou intenção se está aplicando, pode ser uma iniciação, onde são cruzados pontos chaves de fluxo energético do corpo do médium para que funcione como portais da energia que irá ser iniciado, essa iniciação também pode ter uma função de graduação do médium ao serviço mediúnico dentro da hierarquia existente no seu Templo. Também pode ser utilizado não para abrir pontos energéticos, mas para fechar, dependendo da necessidade energética ao qual o médium ou a casa passará, como por exemplo, na quaresma que muitos Templos fazem o cruzamento para proteger o corpo espiritual e físico do médium, logo o cruzamento é uma ritualística versátil e fundamental do rol ritualístico de Umbanda. Pirro d’Oba: Sabemos que o ser humano tem defeitos, busca evolução e lapidação através da religião. Os cruzamentos, antes de tudo tem o intuito de fornecer um realinhamento entre o alto, o embaixo e o terreno. Envolver o médium num processo de transcendência nos mistérios universais da existência. Paulo Ludogero: Em nossa doutrina além dos itens citados (ver primeiro artigo sobre Sacramentos de Umbanda: Batismo), dependendo da situação serve para fechar o corpo e proteção. 6. O que é o Amassi, Amaci ou Amasse? José Antônio Rodrigues: Preparo de ervas aromáticas, ervas de força, com água, álcool ou perfume misturados as ervas. Nesta mistura são geralmente amassadas, maceradas com as mãos dos filhos designados ao preparo. Allyne Freitas: Amaci é a lavagem da coroa do filho nas forças do Orixá, aqui temos o ritual de fazer nas 12 forças. Cada amaci é feito com as ervas passadas e deixada de repouso na quantidade de dias pedidos também. O filhos ficam de preceito e no dia do Amaci abrimos a Jurema, saudando o mesmo, defumando a cada filho e suas guias são deixadas junto ao amaci para serem limpas e renovada as energias. Aqui saudamos e usamos o Amaci como intuito de entrega aos Orixás de corpo, alma e coração. Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: Sim o preceito e o mesmo. O que difere apenas e o tempo do preceito. A finalidade do ritual de casamento na umbanda e a confirmação junto ao astral do matrimônio. Os itens são a vela, o vinho, a pemba , o sal e o pão. Renato D’Ogum: O Amaci é um conjunto de forças energéticas manuseadas por ervas frescas para uma possível iniciação ou uma coroação. Hoje em dia é muito comum dar um amaci no batismo ou em uma breve iniciação de um filho de umbanda quando se entra em um terreiro para iniciar sua vida Umbandista. Assim, existindo propósitos maiores para Amacis. Felipe Campos: O Amaci é um preparado de ervas maceradas de um determinado Orixá ou Orixás, que possuem um grande poder da natureza e de suas potências universais que chamamos de Orixás. São realizados para purificar, iniciar, batizar, enfim, e entram como uma das principais ferramentas espirituais e naturais da religião de Umbanda. Religião que desde o seu inicio recorreu aos Amacis e que possui no seu principio a não utilização de sangue animal, neste caso, o Amaci é usado com tanta força quanto qualquer outro ritual que se use algum liquido ou lavagem de cabeça. Pirro d’Oba: Amací para nós é um ritual com ervas consagradas. Serve para que possamos doar as energias dos Orixás aos médiuns de acordo com os Orixás regentes de seus Orís. Ou seja, se temos 7 filhos na casa que farão o ritual anual de amací, detalhamos quais são seus Orixás de cabeça. E é com essas informações que fazemos o processo, com foco de fornecer ao médium um desdobramento de suas potencialidades, podendo assim auxiliar através do impacto energético e espiritual uma sensação de Epifania em sua experiência dentro do terreiro. Paulo Ludogero: Em nossa doutrina é um conjunto de ervas maceradas e consagradas pelos dirigentes, tem como função: a) reforçar forças espirituais b) desenvolvimento c) coroação d) e objetivos a mando dos guias chefe da casa.
Feitura de santo, no Candomblé e no Batuque significa
a iniciação de alguém no culto aos orixás. Iniciação no candomblé. A iniciação no culto aos orixás representa um renascimento, um novo começo. A pessoa está nascendo novamente, nascendo para o orixá, para o mundo espiritual e para uma vida em busca da realização pessoal (pessoal, não material ou financeira), em algumas casas inclusive a pessoa recebe até um novo nome pelo qual será chamada dentro da comunidade do Candomblé. Por meio da iniciação, nos preparamos e formamos para uma conectividade firme, sagrada e permanente com o Divino, o Criador, a natureza e suas funções protetoras e consequentemente com nós mesmos. É como fazer um acordo com o orixá, em que se diz que para sempre vamos cultuá-lo e adorá-lo, e o orixá irá nos ajudar em toda nossa trajetória, em vida e até depois dela. Através do apoio divino, o ser humano tem condições para vencer as dificuldades internas e externas e a construção de um futuro melhor. A iniciação é um processo extremamente complexo e individual. Diversos são os motivos que levam uma pessoa a iniciação, os mais comuns são: • O orixá dizer que a pessoa necessita de iniciação através do oráculo de Ifá; • A pessoa entrar em um transe profundo (como um desmaio) durante uma cerimônia aos orixás, que significa que o orixá está pedindo a iniciação. Nesse caso, o sacerdote consulta o jogo de búzios para saber qual é o caso, qual o orixá e suas condições, se pode esperar ou se é um caso urgente. Normalmente são feitos acordos com o orixá até a pessoa ter condições financeiras e férias de seu trabalho para poder se iniciar; • A pessoa ter um carinho e apreço pela religião e pelos orixás, encontrado no culto um local em que sinta que é o seu lugar e se sentir acolhida, e decidir se iniciar de coração e por amor aos orixás; • Alguma doença difícil de ser curada e com grande risco de morte que necessite da iniciação para resolvê-la; Lembrando que em nenhum caso a pessoa é obrigada a se iniciar, ela deve se iniciar de coração e não por alguém dizer a ela que deve se iniciar. Há casos em que as pessoas buscam os orixás pelas dificuldades do próprio caminho; outros ainda, buscam fugir às religiões tradicionais por concluírem que muitas delas estão tão voltadas para o dia a dia dos homens e para os seus interesses imediatos que acabam por fugir à sua real finalidade: promover o encontro do ser com a Divindade, ampará-lo em suas dificuldades espirituais e consequentemente, também as materiais. Alguns ainda são provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas. Após a decisão sobre a iniciação, o primeiro passo é consultar o oráculo de Ifá, para recebermos as orientações e procedimentos necessários para que tudo aconteça. Definida a data e chegado o momento de iniciar-se, começam os rituais, que variam de pessoa para pessoa. A iniciação tem por início o recolhimento, que é a reclusão dentro do terreiro, que varia de 16 a 21 dias, longe da vida profana, devendo concentrar-se na iniciação, no orixá e nos aprendizados. Corpo físico, mente e alma são ritualisticamente preparados para os componentes da manifestação divina. São feitos os ebós que foram apurados pelo jogo de búzios, são tomados banhos com folhas sagradas e o aprendizado começa, a rezar, dançar, cantar e etc. A pessoa também faz o seu quelé, seus fios de conta, contreguns e demais adornos que irá usar. Conhecimentos acerca de seu próprio orixá são-lhe ministrados: a maneira adequada de cultuá-lo, as suas proibições (euó), as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a divindade pessoal. Será feito o ritual de bori (dar de comer ao Ori), onde é cultuado e ofertado o primeiro orixá que se deve ser cultuado, o nosso próprio Ori. Suspenso o bori depois de 3 dias normalmente, começa a iniciação propriamente dita, que é a catulagem (cortar o cabelo), dependendo da casa esse processo é feito no rio, durante um ritual em que se faz alguns ebós e juramentos, e na volta é ensinado o orixá (que normalmente incorpora nesse ritual, se a pessoa for médium, mas não sendo obrigatório ele incorporar) o caminho de volta para o terreiro, e em outras casas é feita com as águas das quartinhas dos orixás, varia de casa para casa e do carinho do sacerdote. Após esse processo, de volta ao terreiro, é feito a raspagem total de cabelos, simbolizando o nascimento e são feitos as curas, para preparar o corpo e cabeça da pessoa para receber a energia enorme do orixá (Não significa que a pessoa vai incorporar o orixá), e a pessoa recebe o seu quelé. Após isso, é feito o assentamento do orixá, são feitos sacrifícios de animais, onde através das rezas e cânticos, evolui o espírito do animal que está sendo sacrificado e o encaminha para o Orum, devendo toda iniciação ser oferecido pelo menos um animal de 4 pés (animal caprino), flores, frutas e comidas apuradas pelo jogo de búzios, devendo a carne dos animais assim como as frutas e outras comidas, distribuídas e repartidas com a comunidade. Após a iniciação, você e o orixá se tornam uma coisa só, você passa a ser o templo vivo do orixá. Mesmo se não incorporar, você ainda assim terá toda a energia, o axé e o orixá dentro de você, ele só não vai se manifestar através do transe. Saída de Iaô A festa ritualística que marca o término deste período é denominada Saída de iaô, neste momento ele será apresentado à comunidade. Ele será acompanhado por uma autoridade à frente de todos para que lhe sejam rendidas homenagens. Se for um ogã ou uma equede, deverá acompanhá-lo o orixá que determinou que este fosse o ogã/equede dele. Deitado sobre uma esteira, ele saudará com reverência e paó, que são palmas compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo iaô e acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Primeiramente saudará o mundo, neste momento a localização da esteira é na porta principal da casa. No seu interior, ele saudará o axé (normalmente fica no centro do barracão) onde estão os fundamentos da casa e do sacerdote, os atabaques, o sacerdote que o iniciou, e no caso de ser um ogã ou equede, saudará também o orixá que lhe escolheu. Nesse ritual o corpo do filho de santo é pintado com pó branco (efum), azul (uáji) e vermelho (ossum), ele usa na cabeça uma pena vermelha chamada Ecodidé. Essa saída é feita normalmente em 3 dias seguidos. No primeiro dia, o iaô sai com roupas todas brancas e com o corpo pintado apenas com efum, homenageando Oxalá. No segundo dia, o Iaô sai pintado com uáji e efum. No terceiro, com efum, uáji e ossum, representando o orixá indo para a guerra, pintado para assustar os inimigos. Após estes, vem a última saída, que é aberta a pessoas de fora da comunidade, depois das reverências, é a hora do orixá incorporado gritar seu Oruncó (nome). O sacerdote escolhe alguém para ser o padrinho de Oruncó, que é a pessoa que vai ouvir o nome do orixá. No caso de um ogã ou uma equede, o orixá que te suspendeu dirá o nome do seu orixá e escolherá o padrinho. Porém o iaô ainda não terminou as obrigações terá ainda que cumprir um preceito normalmente de três meses, dependendo do orixá, e continuar usando o quelé (uma gargantilha de contas) que foi colocada em seu pescoço no início da feitura de santo. Durante esses três meses o iaô continuará dormindo numa esteira, usará roupas brancas e seguir uma série de restrições denominada de preceito ou resguardo como: não ter relações sexuais, não se olhar no espelho (Lembrando que nesse momento, você e o orixá se tornam um só, e até tirar o quelé, é como se tudo que você fizesse fosse o orixá fazendo) não comer carne vermelha, não beber bebidas alcoólicas, não fumar, e mais algumas, dependendo do orixá da pessoa. Aquele que descumprir o preceito deverá fazer a maioria dos processos da iniciação novamente, pois não valerá de nada se ele não cumpriu o preceito, além de não merecer o sagrado, pois prefere se divertir nos prazeres carnais ao invés de colocar o orixá em primeiro lugar. É o período mais difícil para o iaô que precisa voltar a trabalhar, muitos se iniciam no período de férias do trabalho e quando termina as férias precisam voltar para um ambiente onde sem dúvida será notado por todos, discriminado por alguns e terá que se manter calado, terá muitos problemas na hora das refeições, pois está proibido de comer em bares e restaurantes, terá que levar uma marmita, comer no chão e aceitar os olhares de curiosidade. Algumas casas atualmente por esse motivo têm feito alguns acordos com os orixás para que o iaô que precisa trabalhar já saia do terreiro sem o quelé, mas terá que cumprir todos os itens do resguardo nos mínimos detalhes. Nesse caso não precisará usar somente branco, poderá usar roupas de cores claras. Existem casos de empresas que o uniforme é preto, marrom, azul marinho, nesses casos o orixá permite, não vai querer que seu filho perca o emprego. Terminado o período de quelé, é feita a retirada do mesmo e outro ritual é feito para comemorar a comumente chamada "caída de [quelé".