Dissertação - Alfino Ndlalane - Isgegm - 2022
Dissertação - Alfino Ndlalane - Isgegm - 2022
Dissertação - Alfino Ndlalane - Isgegm - 2022
GWAZA MUTHINI
Xai-Xai
2022
Alfino Zaqueu Alberto Ndlalane
Xai-Xai
2022
Índice
Lista de Siglas ........................................................................................................................................ VI
DEDICATÓRIA .................................................................................................................................. VIII
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................... IX
RESUMO ............................................................................................................................................... XI
ABSTRACT.......................................................................................................................................... XII
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14
1.1. Contextualização da pesquisa ................................................................................................... 15
1.2. Delimitação do Estudo (Temporal e Espacial).......................................................................... 18
1.3. Identificação do problema ......................................................................................................... 18
1.4. Objectivo Geral: ........................................................................................................................ 20
1.5. Objectivo Específicos: .............................................................................................................. 20
1.6. Pergunta de Pesquisa................................................................................................................. 21
1.7. Justificativa e Pertinência da pesquisa ...................................................................................... 21
1.8. Estrutura da Dissertação............................................................................................................ 22
CAPITULO II - REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 23
2.1. Conceito de ensino-aprendizagem ................................................................................................. 23
2.2. Teorias e correntes pedagógicas .................................................................................................... 25
2.2.1 Pedagogia tradicional ............................................................................................................ 25
2.2.2. Pedagogia da Escola Nova .................................................................................................... 26
2.2.3. Pedagogia com abordagem comportamentalista ................................................................... 27
2.2.4. Pedagogia Libertadora .......................................................................................................... 27
2.2.5. Pedagogia com abordagem da Psicologia Genético-Cognitiva ............................................ 28
2.2.6. Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos .............................................................................. 28
2.2.7. Pedagogia com abordagem da Psicologia genético-dialéctica .............................................. 29
2.3. Metodologias activas de ensino centrado na aprendizagem do estudante ................................ 30
2.4. A Sala de Aula Invertida no processo de ensino e aprendizagem do estudante........................ 37
2.5. O papel do professor na aprendizagem da Sala de Aula Invertida............................................ 42
2.6. A Sala de Aula Invertida na redução da hecatombe escolar ..................................................... 45
2.7. Passos para uma avaliação inovactiva em Sala de Aula Invertida ............................................ 47
2.8. Estudos Similares ...................................................................................................................... 53
CAPÍTULO III - METODOLOGIA ..................................................................................................... 55
3.1. Tipo de pesquisa ....................................................................................................................... 55
3.2. Método de estudo ...................................................................................................................... 56
3.3. Instrumentos e técnicas de recolha de dados............................................................................. 56
3.4. Sujeitos da Pesquisa (Participantes): Abordagem Mista ........................................................... 58
3.5. Análise e tratamento de dados .................................................................................................. 58
3.6. Considerações éticas ................................................................................................................. 58
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DE RESULTADOS ........................................ 60
4.1. Caracterização da Escola Secundária de Chicualacuala ........................................................... 60
4.2. Formas de recolha e tratamento de dados de campo ................................................................. 61
4.3. Observação das aulas dos professores da Escola Secundária de Chicualacuala ....................... 61
4.4. Aspectos genéricos das observações de campo ........................................................................ 67
CAPÍTULO V - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ................................................................... 75
5.1. Percepções dos Professores sobre o uso da Sala de Aula Invertida .......................................... 75
5.2. Percepções dos Estudantes Sobre o Uso da Sala de Aula Invertida.......................................... 80
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 90
ANEXOS .............................................................................................................................................. 97
Índice de Quadros
Quadro 1 Percepções Sobre o que constitui Ensino Centrado no Professor e Ensino Centrado
no Estudante ............................................................................................................................. 36
Quadro 2 Papel do Estudante no Processo de Ensino e Aprendizagem .................................. 43
Quadro 3 Papel do Professor no Processo de Ensino e Aprendizagem ................................... 43
Índice de tabelas
Tabela 1: Aplicação da sala de aula invertida pelos professores .......................................................... 79
Tabela 2: Percepções de estudantes sobre a aplicação da sala de aula invertida .................................. 85
Lista de Siglas
AVA Ambientes Virtuais de Aprendizagem
TV Televisão
VII
DEDICATÓRIA
Este estudo, dedico a minha família, e em particular a minha mulher Nercia Rui
Samuel por ter-me apoiado e encorajado em cada momento desta caminhada.
Dedico, igualmente, este estudo, a minha filha Bely Shanay Alfino Ndlalane, para que
um dia na sua caminhada académica, tenha me como referência e exemplo por seguir e
superar o meu percurso académico.
Por fim, dedico este estudo, a todos que me ouviram e apoiaram nos momentos de
dúvidas e angústias, perdoaram os meus atrasos e a minha ausência.
VIII
AGRADECIMENTOS
Após longa e árdua caminhada, chegou o momento de endereçar meus
agradecimentos a todas pessoas que directas ou indirectamente contribuíram com seu esforço
para minha caminhada que culminou com a elaboração desta dissertação.
Estou ciente de que coro risco, de um lado, de não conseguir abarcar, neste espaço,
todos os nomes, e por outro lado, de não encontrar palavras que possam, na verdade,
expressar a minha gratidão como é merecido.
Posso afirmar, sem medo de errar, que esta dissertação é o resultado de sacrifício,
empenho e dedicação, tenho em primeiro lugar, de agradecer a Deus, que me concedeu
energia e sabedoria de modo a desenvolver este estudo.
Agradeço aos meus pais Zaqueu Alberto Ndlalane e Ana Job Mate Ndlalane por terem
apostado em mim, rogo a Deus para que eu nunca vos decepcione. Agradeço, também, aos
meus irmãos Januário Ndlalane, Anifa Ndlalane, Nércio Ndlalane e Artinércia Ndlalane pelo
apoio moral.
A minha mulher, Nercia Rui Samuel, vai um obrigado muito especial, por ter
concordado com este projecto perene, e por conseguinte passar sacrifícios financeiros durante
a minha formação e que nos momentos de aflição, sobretudo, por falta de dinheiro de
mensalidades renovava sempre minhas energias. Não me posso esquecer de minha filha, Bely
Shanay Alfino Ndlalane, por aceitar minha falta de atenção nos momentos que mais precisava
do meu carinho.
IX
À Prof. Dra. Telma Nhantumbo, pelo incentivo em pesquisas, e pelas oportunidades
de participar nos eventos educacionais, com destaque para o II Seminário do Centro
Provincial de Educação à Distância de Gaza (CPEDG).
Aos meus primos, cunhadas, cunhados, amigos e sobrinhos (Bié, Castelo, Zitha,
Armando, Alaine, Mizael, Lizete, Inês, Iolanda, Martinha, Pablo, Hercília, Sostino, Catarina,
Euneta, Mauro, Dino, Doninha, Rufino, Arnaldo M., Maida, Auxílio, Otinélio, Alexandre,
etc) aquele abraço de tio, amigo, cunhado, primo e que este nível sirva de vossa fonte de
inspiração e que consigam atingir maiores e melhores níveis académicos.
Há muito mais a quem agradecer. A todos que ficaram muitas vezes sem o meu
telefonema ou visita devido à falta de tempo, cansaço, mas nunca por esquecimento,
incontáveis vezes cancelei os telefonemas devido o decurso das aulas, estavam todos no meu
coração me impulsionando na caminhada.
X
RESUMO
Nesta pesquisa fez-se um estudo sobre as metodologias inovactivas de ensino na Escola Secundária de
Chicualacuala, na Província de Gaza, através de práticas docentes de professores tendo em vista o atendimento
do alunado com técnicas cativantes de aprendizagem. A pesquisa optou por uma abordagem mista, isto é,
qualitativa e quantitativa de cunho etnográfico e na análise de conteúdo, que consistiu na realização de
entrevistas semiestruturadas junto aos gestores do topo, professores e estudantes da escola que foi o lócus da
investigação. Neste estudo pretendia-se discutir as possibilidades e desafios do uso da Sala de Aula Invertida na
prática docente para a melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem, acabando com o desengajamento do
alunado e reduzindo a hecatombe escolar. O estudo mostrou que os professores estão empenhados na busca da
qualidade do ensino. Mostrou, igualmente, que alguns professores na prática docente continuam usando
metodologias tradicionais do ensino, a exposição do conteúdo na sala de aulas para transmitir conhecimentos
aos estudantes, que estes por sua vez, desempenham o papel de ouvintes e admiradores do professor, não
inculcando o aprender a aprender. Deste modo, a contemporaneidade nos invoca para novos olhares sobre a
educação, onde o papel do professor deixa de ser de transmissor do conhecimento e passa a ser o de mediador
do processo de ensino e aprendizagem, o estudante ganha autonomia no aprender a aprender, sendo ele próprio o
produtor do conhecimento. Distinguiu-se, neste estudo, que a escola tem sido muitas vezes um lugar de muitas
controvérsias e não necessariamente de consensos, por parte dos gestores do topo e professores. Há um
entendimento de que a escola é um lugar de um público professorado homogéneo e padronizado, e o alunado
deve ter tratamento homogeneizado.
Palavras-Chave: Ensino e aprendizagem, Metodologias activas, Qualidade de Ensino, Sala de Aula Invertida.
XI
ABSTRACT
In this research, a study was carried out on the innovative teaching methodologies at the Chicualacuala
Secondary School, in the Province of Gaza, through the teaching practices of teachers with a view to serving the
students with captivating learning techniques. The research opted for a mixed approach, that is, qualitative and
quantitative, ethnographic and content analysis, which consisted of conducting semi-structured interviews with
top managers, teachers and students of the school that was the locus of the investigation. This study aimed to
discuss the possibilities and challenges of using the Inverted Classroom in teaching practice to improve the
quality of teaching and learning, ending student disengagement and reducing school catastrophe. The study
showed that teachers are committed to the pursuit of teaching quality. It also showed that some teachers in
teaching practice continue to use traditional teaching methodologies, exposing content in the classroom to
transmit knowledge to students, who, in turn, play the role of listeners and admirers of the teacher, not
inculcating the learn to learn. In this way, contemporaneity calls us to new perspectives on education, where the
teacher's role is no longer that of transmitter of knowledge and becomes that of mediator of the teaching and
learning process, the student gains autonomy in learning to learn, being himself the producer of knowledge. It
was distinguished, in this study, that the school has often been a place of many controversies and not necessarily
of consensus, on the part of top managers and teachers. There is an understanding that the school is a place of a
homogeneous and standardized teaching public, and the students must have homogenized treatment.
Keywords: Teaching and learning, Active Methodologies, Teaching Quality, Inverted Classroom.
XII
“Muitas pessoas são especialistas em dizer o quê devemos fazer para melhorar o
ensino e aprendizagem, mas poucos nos mostram como e de que forma fazer, de
maneira eficiente e realista”
XIII
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
É nessa perspectiva que Schneiders (2018), sinaliza que numa abordagem tradicional,
sem o uso de metodologias activas para a aprendizagem do estudante, o professor
normalmente planeia as suas aulas no sentido de transmitir o conhecimento aos estudantes,
considerando os conteúdos que devem ser repassados a eles. Assume uma postura central de
controlo, de acesso e de distribuição dos conteúdos a serem explorados em sala de aula.
Trata-se de um professor conteudista que utiliza o tempo em sala de aula para a transmissão
de conhecimentos. (Grifo nosso). O ensino é tradicionalmente conduzido através de aulas
expositivas. Essa estratégia de ensino é realmente uma forma económica de atender o ensino
de massa.
14
Schneiders (2018), destaca como resultado do método tradicional, o facto de, por um
lado, o professor como figura central em sala de aula, preocupado em transmitir os seus
conhecimentos aos estudantes que, por sua vez, permanecem sentados passivamente
recebendo grandes quantidades de informações que normalmente não compreendem. Por
outro lado, o professor desconsidera que essa pode ser a primeira vez que esses estudantes se
deparam com tal assunto.
Nesse sentido, Ferreira e Lima (2016), propõem que para o professor ensinar com
mestria, precisaria do CHA: Conhecimentos – conhecer algumas características de como o
ensino pode ser desenvolvido na prática docente, Habilidades – identificar diversas maneiras
de trabalhar o ensino com o seus estudantes, Atitudes – utilizar uma variedade de
metodologias e recursos didácticos durante a prática do ensino em Sala de Aula.
De acordo com Matos (2018), até o final do século XX, o professor era visto como
uma fonte de saber em que os alunos deveriam fazer por merecer para saciar sua sede de
conhecimento. Como o acesso à informação era limitado, o professor tinha esse poder. No
entanto, o conceito de pedagogia foi discutido ao longo do tempo, e hoje, um dos órgãos mais
abalizados para tratar de educação no mundo, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e Cultura – a Unesco, braço educacional da Organização das Nações
Unidas – ONU, define Pedagogia como a arte e ciência de ensinar, como uma prática
profissional e como um campo de estudo académico. Abrange não apenas a aplicação prática
do ensino, mas também questões curriculares e o volume teórico sobre como e por que ocorre
a aprendizagem. (Unesco, 2019). Estudiosos e pesquisadores conceituados deste órgão,
repensaram nos desafios no contexto escolar e do ambiente de sala de aula onde foi notável o
15
registo de movimentos transformadores no que concerne às ideias, conceitos, bem como à
tecnologia, ao método, às estratégias e aos procedimentos.
O professor é peça fundamental nesse processo e continuará sendo, mas é preciso ter
disposição e coragem para se libertar de práticas engessadas e construídas através dos últimos
séculos. A educação como um todo precisa passar por uma reformulação, métodos antigos
não são mais tão eficientes para o século XXI, nesse sentido Pereira e Lima (2018),
consideram uma irresponsabilidade o fato de os professores insistirem em ministrar suas
aulas da forma antiga, meramente expositiva, diante de uma vasta literatura demonstrando
que os métodos activos de ensino são mais potentes e eficientes que os passivos. Esta onda
16
traz consigo uma demanda: os professores precisam modificar sua forma de ensinar 1, bem
como os estudantes precisam assumir novos papéis dentro e fora de sala de aula.
Já nesse sentido, Matos (2018), defende que, o estudante de hoje, que será o
profissional do amanhã, deve ser capaz de buscar informação por conta própria, com alguma
garantia sobre as bases que sustentam essa informação, ter a habilidade de rastrear se
necessário até a raiz daquilo que está sendo divulgado, suscitar o questionamento sempre e
não confiar cegamente em qualquer fonte. Só assim ele estará habilitado para continuar a
apreender durante a sua vida inteira. Preparar os estudantes para essa nova realidade, dar a
eles a possibilidade de desenvolver desde cedo a capacidade de aprender por conta própria
com disciplina e precisão é um dos desafios atuais. Para isso ele necessita de criatividade,
responsabilidade e concentração. Cabe a cada professor descobrir como sua disciplina pode
ser determinante e duradoura na vida de seus estudantes através não apenas dos conteúdos
mas também da forma como eles são abordados. Aprender a apreender não é um processo
fácil. É necessário conferir à disciplina o tratamento que lhe é devido, propiciando ao
estudante acesso a meios que aprofundem a compreensão dos fenómenos, não só para
maximizar o rendimento escolar, mas para instrumentalizá-los, a fim de que possam se
posicionar de modo mais consciente na reflexão sobre a comunidade em que vivem e o
momento histórico presente.
1
A relação entre o professor nas instituições e os estudantes se torna uma relação entre mercados e clientes,
definindo o primeiro em função da qualidade da mercadoria de que é vendedor (Mucache, 2022).
17
1.2. Delimitação do Estudo (Temporal e Espacial)
18
de optimizar o desempenho escolar dos estudantes. Esta preocupação pode ser agravada pela
acomodação discente diante da modalidade de ensino tradicional, assimilada historicamente.
19
se fala habitualmente, é que deste então, notou se uma corrida ao fornecimento de brochuras
com conteúdos ligados à disciplina e não necessariamente o essencial para a aprendizagem
dos estudantes. Portanto, quando se fala de ficha de apoio, exercícios ou actividades, é
interessante sublinhar que não estamos falando de texto de 50 páginas onde o estudante é
obrigado a estudar e resumir em dois dias. Estamos falando de textos que o estudante poderá
explorar de facto e conseguir agregar ao seu processo de Ensino e Aprendizagem com
actividades claras que orientam a aprendizagem.
De que forma a Sala de Aula Invertida pode contribuir para a melhoria da qualidade
de Ensino na Escola Secundária de Chicualacuala?
1.4. Objectivo Geral:
Analisar as potencialidades da técnica da Sala de Aula Invertida como possibilidade
para a melhoria da qualidade no processo de Ensino e Aprendizagem.
20
Analisar as potencialidades da Sala de Aula Invertida no desempenho dos estudantes
por meio das suas impressões face a utilização da técnica na Escola Secundária de
Chicualacuala.
De que forma a Sala de Aula Invertida pode contribuir para a melhoria da qualidade
de Ensino na Escola Secundária de Chicualacuala?
Sob ponto de vista profissional, baseia-se nas constatações verificadas in loco pelo
pesquisador, onde nota-se o contínuo apego à metodologia tradicional durante a actividade
docente dos professores na maioria das Escolas Secundárias da Província de Gaza, em geral,
e na Escola Secundária de Chicualacuala, em particular, fenómeno este que contribui para a
fraca participação e colaboração dos estudantes nas aulas. Com efeito, a experiência pessoal
associada e confrontada com a situação que se vive na referida escola levam a reflectir sobre
a necessidade de desenvolver no ambiente escolar uma aprendizagem mais significativa para
21
o estudante e em sintonia com as necessidades atuais da nossa sociedade, buscando encarar
cada aula como uma oportunidade de ressaltar habilidades já presentes em cada indivíduo e
apresentando a possibilidade de aprender novas habilidades durante esse processo.
22
CAPITULO II - REVISÃO DE LITERATURA
Embora não seja aqui possível uma discussão alargada, é necessário considerar a
necessidade de compreensão de conceitos de ensino-aprendizagem.
23
Nessa mesma perspectiva, Mutuque (2022), ampara que
De acordo com Libâneo (1994), para que haja aprendizagem é necessário que exista
um processo de assimilação activa que para ser efectivo necessita de actividades práticas em
várias modalidades e exercícios, nos quais se pode verificar a consolidação e aplicação
prática de conhecimentos e habilidades. É portanto, nesta perspectiva, que Silva (2012) citado
por Mutuque (2022), refere que o estudante passa a ser o centro do processo. O professor
torna-se facilitador da aprendizagem, priorizando o desenvolvimento psicológico e auto
realização do estudante, agora, agente activo, criativo e participativo no processo de
aprendizagem. Os conteúdos ganham significação, são expostos através de actividades
variadas, como trabalhos em grupo, estudos por pares, pesquisas, jogos, experiencias entre
outros. A principal característica deste novo paradigma reside em aprender a aprender.
24
2.2. Teorias e correntes pedagógicas
Sobre isso, Lemmer (2006), afirma que, tradicionalmente pensa-se que aprender é um
processo que leva os estudantes a repetirem a informação que lhes é apresentada.
Luckesi (1994), realça que, o professor é a figura central do processo educativo. Ele
se apresenta como o detentor da autoridade, exigindo dos estudantes uma atitude receptiva,
passiva, controlando opressivamente os processos de comunicação na sala de aula. As acções
do ensino estão centradas em aulas expositivas e transmissão oral dos conteúdos pelo
docente, atendendo a uma sequência predefinida e a um rigoroso e inflexível controlo do
25
tempo. Sobre o assunto em debate, Libâneo (1994), afirma que a educação tradicional incide
em particular atenção, narrar uma verdade a ser absorvida e esvaziada na vivência dos
discentes, apresentado o ensino como algo imóvel, estático, compartimentado e obediente.
Segundo Levin (1987) citado por Lemmer (2006), foi construído o pressuposto
segundo o qual, o ensino tradicional não consegue reconhecer as forças dos estudantes, não
constituindo, assim, para eles, um desafio que encoraje a aprendizagem activa.
Toda a experiência, nos afirma Dewey (1979), “por mais trivial que à primeira vista
possa parecer, é capaz de assumir ilimitada riqueza de significação, amplificando sua série de
associações percebidas” (p. 239).
Neto (2015), sustenta que, os conteúdos, nessa abordagem de ensino, são definidos a
partir dos interesses e das necessidades dos estudantes. A interpretação feita dos princípios
escolanovistas levou muitos professores a considerar os conteúdos escolares como menos
importantes que as actividades propostas.
26
2.2.3. Pedagogia com abordagem comportamentalista
De acordo com Neto (2015), a proposta pedagógica alimentada pelos princípios da
abordagem comportamentalista considera que a aprendizagem acontece por estímulo e
resposta e que as contingências sociais definem o comportamento humano que reage a uma
acção externa.
Nessa perspectiva, Neto (2015), afirma que a educação tem a função de modificar
comportamentos seja na perspectiva da ética, das práticas sociais ou das habilidades básicas
para o controle do ambiente cultural. A escola deve prever formas de condicionamentos para
manter e instalar o comportamento por ela desejado. Assim, Skinner (1974) sustenta que
“para que o condicionamento se efectue é necessário que o organismo seja estimulado pelas
consequências de seu comportamento” (p. 45).
27
2.2.5. Pedagogia com abordagem da Psicologia Genético-Cognitiva
Com a abordagem da Psicologia Genético-Cognitiva temos, então, um modelo
centrado na aprendizagem do estudante. Na medida em que o estudante, através de suas
estruturas cognitivas, dos conhecimentos prévios, interesses e actividades, torna-se agente
activo de sua própria aprendizagem o conhecimento implica em uma reorganização de
esquemas mentais. Desse modo, “o ensino deve promover a construção do conhecimento por
parte do estudante e, em consequência, sua actividade cognitiva” (Canellas & Cubero, 2001,
p. 304).
Snyders (1988), sustenta que ao mesmo tempo, para cumprir com sua função social,
cabe à escola oferecer elementos que possibilitem uma análise crítica da sua realidade
imediata, ajudando o estudante a romper com a experiência difusa e estereotipada. A escola é
o local onde se apresentam aos jovens modos de raciocínio rigoroso, pouco característico da
juventude. Nessa perspectiva, na medida em que o conhecimento culturalmente elaborado
28
proporciona rupturas com a cultura primeira, esses jovens precisam da orientação e da
intervenção do professor.
29
2.3. Metodologias activas de ensino centrado na aprendizagem do estudante
Esta mesma visão e perspectiva são secundadas por Penteado (1992), quando
considera que as aulas podem estruturar-se de forma cooperativa, competitiva ou
individualizada. Cada forma de organização tem finalidades diferentes, nenhuma forma de
organização é, por si mesma, positiva ou negativa. Porém, o trabalho cooperativo tem vindo a
ser mundialmente reconhecido como uma das estratégias que a escola deve usar para
melhorar todo o tipo de aprendizagens e também como preparação da vida profissional.
Quanto mais cedo se começar essa aprendizagem, melhor.
Freitas, Solé e Pereira (2011), afirmam que na organização das aulas, individualização
– os métodos de avaliação formativa em uso permitem ao professor tentar alterar num sentido
positivo o processo de ensino-aprendizagem numa turma, mas para terem efeito num
determinado estudante requerem uma certa individualização. Embora pareça complicado, é
possível, sem alterar profundamente as estratégias de ensino-aprendizagem, dedicar atenção
individual a estudantes que dela necessitem. Reconheça-se que há impedimentos vários para
uma individualização: turmas numerosas, horários rígidos, regulamentos obrigatórios.
30
pelos professores com vistas a alcançar a aprendizagem de determinados conhecimentos,
valores e comportamentos” (p. 145).
Neste clima, Ferreira e Lima (2016), afirmam que, o método chamado tradicional
consiste em o estudante apenas memorizar o conteúdo, transformando o estudante em um
mero reprodutor do conhecimento. Esse método de ensino esteve presente por muitos anos na
educação, mas nos dias correntes os docentes começam a discutir estes procedimentos, pois,
com o decorrer dos anos houve a transformação para o método inovador.
Autores como Pereira (2003), Teófilo e Dias (2009) e Weintraub, Hawlitschek e João
(2011), corroboram com a afirmação segundo a qual, no método tradicional de ensino-
aprendizagem, o professor é responsável pelo ensino, e ele apresenta o conteúdo por meio de
aulas expositivas.
31
conhecimentos repassados pelo professor, sem normalmente realizar muitos questionamentos
acerca da sua origem e desdobramentos.
Portanto, não se trata de discutir se com o método tradicional o aluno pode aprender
ou não, mas sim apresentar o olhar de Pinho et al (2010) citado por Kruger e Ensslin (2013),
ao destacar que a vantagem desse tipo de ensino talvez reside no facto do professor possuir
maior controle da aula, pois é visto como proprietário do conhecimento. Porém, também
apresenta desvantagens, como o facto de os alunos apenas assimilarem o que é repassado
pelo professor e não desenvolverem o pensamento crítico.
Moreira (2010), destaca que no ensino tradicional, muitos professores não se limitam
a repetir no quadro-de-giz o que está nos livros; fazem esquemas, sínteses, trazem exemplos,
explicam, fazem demonstrações, enfim, “dão boas aulas”, segundo modelo clássico. Mesmo
assim, os estudantes copiam tudo o que podem para estudar depois.
32
a iniciativa, a criatividade, a auto-responsabilidade e a auto-direcção que por sua vez
impendem o desenvolvimento para a auto-realização” (p. 98).
Nesse sentido Moreira (2010), sinaliza que o método tradicional de ensino parece
natural a todos, ou seja, aos estudantes, pais, professores, directores, inclusive para quem não
tem filhos na escola, nem vínculo com a escola, e, por isso mesmo, não é questionado. Mas
deveria sê-lo: transmitir informação desde a cabeça do professor até o caderno do estudante,
para que este transfira a informação do caderno para a sua cabeça para passar em exames é
um objectivo inadequado de educação.
Kruger e Ensslin (2013), catalogam que além do método tradicional, outro método
utilizado pelos professores é o construtivista, um ensino centrado na aprendizagem do
estudante, no qual o próprio estudante é o sujeito activo no processo de ensino-aprendizagem.
Assim, para Oliveira et al (2012) citado por Kruger e Ensslin (2013), o método
tradicional deve ser complementado com outros métodos de ensino e, os professores devem
avaliar constantemente os resultados alcançados com esta mudança, para identificar se ainda
existem lacunas a serem ajustadas para um melhor aprendizado. Portanto, um método que
frequentemente é aplicado para complementar o método tradicional, ou até mesmo ser único
método aplicado com uma turma, é o método construtivista. Com esse método, o estudante
torna-se activo no processo de ensino-aprendizagem, havendo uma descentralização da figura
do professor, no qual o estudante deve também ser capaz de construir seu conhecimento
(Cória-Sabini, 2003). Para que isso ocorra segundo Haddad et al (1993), o professor passa a
actuar não mais como sujeito activo na aprendizagem, e sim como um agente facilitador. Para
tal, Kruger e Ensslin (2013), destacam que o professor deve criar condições para que o
estudante consiga se desenvolver e buscar informações nos diversos meios disponíveis.
33
Segundo Demo (2004), os professores precisam ministrar menos aulas, para que os
estudantes tenham mais oportunidade de estudar. Portanto, o papel do estudante fica mais
activo porque ele não passa maior parte do tempo ouvindo o professor, mas sim interagindo,
fazendo actividades e assumindo papel protagonista da aula. O professor fortalece a
confiança do estudante na sala de aula, pois sente-se mais seguro para tirar dúvida com o
professor e discutir o conteúdo com colegas. Nessa senda, Silveira, Bertolini e Parreira
(2020), vaticinam que os professores precisam repensar o seu fazer pedagógico, buscando
metodologias de ensino diferenciadas.
É nessa mesma perspectiva que Moreira (2010), afirma que actualmente fala-se muito
em ensino centrado na aprendizagem do estudante, em professor como mediador e em
aprender a aprender. Se estivermos de acordo com estas directrizes, certamente estaremos de
acordo com a afirmação segundo a qual a narrativa não é a melhor forma de ensinar e
teremos que rever nosso modelo de bom professor.
Behrens (2001), refere que nesse contexto, professor e estudante buscam a produção
do saber usando instrumentos de investigação e pesquisa. No processo aprendizagem dos
estudantes o professor deve ser inovador, reflexivo, criativo e parceiro dos educandos. Ao
estudante cabe assumir a postura de construtor do próprio conhecimento, manifestando
autonomia, criatividade e acção. Na procura dessa transformação, o estudante deve ser sujeito
do seu próprio ambiente, procurando desenvolver a consciência crítica que o leve a percorrer
caminhos para a construção de um mundo melhor.
34
Segundo Chahuán-Jiménez (2009) citado por Kruger e Ensslin (2013), uma vantagem
do método construtivista é que existem diversos meios disponíveis para consulta, como
livros, internet, revistas, televisão, entre outros. Assim, o professor não é o único que tem
acesso aos conteúdos da disciplina. O estudante também possui acesso aos mesmos meios
que seu professor e com isso pode também adquirir conhecimento a partir da realização de
pesquisas e se tornar activo no processo de ensino-aprendizagem.
Debruçando sobre essa questão, Moreira (2010), sustenta que, a aula não é o espaço e
o momento para depositar conhecimentos na cabeça do estudante, nem as avaliações são o
instrumento para verificar o quanto ficou depositado e de que modo ficou. Aliás, Moreira
(2010), salienta que por mais relevantes que sejam esses conhecimentos, o estudante tem que
perceber essa relevância e apresentar uma intencionalidade para aprender.
35
Quadro 1: Percepções Sobre o que constitui Ensino Centrado no Professor e Ensino
Centrado no Estudante
36
forma passiva do professor. Nesse ambiente, o professor actua como orientador e facilitador
do processo de aprendizagem e não como única fonte de informação e conhecimento.
Do atrás exposto, torna-se claro que, abordagens de ensino focadas no ensino centrado
na aprendizagem do estudante são propostas para garantir o protagonismo do alunado no
processo de ensino-aprendizagem, ainda que seja necessária a mediação do professor, o
estudante possui papel mais activo nas abordagens.
37
A luz dos postulados fundamentais de Schneiders (2018),
Nesse contexto, Schneider, Suhr, Rolon e Almeida (2013), sinalizam que alguns
autores têm apresentado a sala de aula invertida como possibilidade de organização curricular
diferenciada, que permita ao estudante o papel de sujeito de sua própria aprendizagem,
reconhecendo a importância do domínio dos conteúdos para a compreensão ampliada do real
e mantendo o papel do professor como mediador entre o conhecimento elaborado e o
estudante. Os autores destacam que a ideia do Flipped Classroom “sala de aula invertida”
surgiu em escolas do ensino médio americano com Jonathan Bergman e Aaron Sams onde
precisaram lançar mão de estratégias diferenciadas para atender alunos que precisavam se
ausentar por longo tempo das aulas regulares para jogos (muitos deles eram atletas).
38
dúvidas e contribuições, para momentos de discussão e aplicação, em contrapartida a aulas
magnas e teóricas. A partir desta experiência inicial, os professores resolveram ampliar esta
possibilidade para todos os estudantes, invertendo a lógica das aulas: os estudantes, por conta
própria, nos locais e horários em que eles mesmos decidirem, assistem aos vídeos, que tem o
papel de levar o conteúdo teórico das disciplinas, apresentado conceitos, autores e diferentes
proposições a respeito do tema de estudo. A partir daí e com o estudo de vários materiais de
apoio os estudantes se reúnem com os professores não mais para a aula expositiva, mas sim
para a aplicação do conteúdo explorado nos vídeos e estudado previamente.
39
ii. As actividades envolvem os conceitos estudados em textos, livros, fichas de apoio,
vídeo-aulas, por meio das anotações solicitadas pelo professor (aprendizado, dúvidas,
perguntas, etc) e podem ser desenvolvidas de forma assíncrona (por meio de fóruns de
discussão, por exemplo) ou de forma síncrona (nas interacções presenciais ou em
aulas online);
iii. Avaliação: o professor precisa estabelecer critérios de avaliação das actividades, por
meio da observação e, também, de um feedback individualizado aos estudantes.
É desta forma que, para Behrens (2001), o universo de informação cresceu de forma
assustadora nestas últimas décadas, logo, o eixo da prática docente precisa passar do ensinar
para focalizar o aprender, e especialmente, o aprender a aprender.
Behrens (2001), refere que nesse contexto, professor e estudante buscam a produção
do saber usando instrumentos de investigação e pesquisa. No processo aprendizagem dos
estudantes o professor deve ser inovador, reflexivo, criativo e parceiro dos educandos. Ao
estudante cabe assumir a postura de construtor do próprio conhecimento, manifestando
autonomia, criatividade e acção. Na procura dessa transformação, o aluno deve ser sujeito do
seu próprio ambiente, procurando desenvolver a consciência crítica que o leve a percorrer
caminhos para a construção de um mundo melhor.
Feita toda essa discussão, sobressai a ideia, segundo a qual, o professor admite um
novo papel, de mediador, a partir da viabilização e criação de um ambiente que possa
estimular a aprendizagem do estudante. A Sala de Aula Invertida exige uma interacção, um
posicionamento do professor frente ao conteúdo trabalhado e a resposta do estudante, com
comentários, intervenções e contribuições para que o processo de aprendizagem aconteça. A
apropriação do conhecimento acontece de forma activa, sendo ambos, professor e estudante,
parte importante desse processo.
40
moçambicanas. Dos estudantes é esperado que se sentem a ouvir com atenção o professor
“detentor do conhecimento” e, mais tarde, que apliquem esse mesmo conhecimento num teste
formativo ou numa outra forma de avaliação proposta pelo professor.
Segundo Bergmann e Sams (2012), nem todos os estudantes entram na sala de aula
dispostos a ouvir a narração do professor por diversas razões. Uma delas é que alguns não
têm interesse na disciplina ou, simplesmente, desacreditam no actual modelo educativo. No
modelo tradicional, ainda em vigor, o que acontece é que o professor entra na sala de aula, os
estudantes sentam-se, escrevem o sumário – no início ou no final da aula – o professor expõe
os conhecimentos que considera necessários e claro, que estão de acordo com as metas
curriculares, por vezes, regista algum esquema no quadro para facilitar a interiorização da
matéria aos estudantes e, no final da aula, manda os trabalhos para casa. Estes trabalhos de
casa não têm o apoio do professor e é aqui que os estudantes revelam as suas maiores
fraquezas e/ou fragilidades (Rolo, 2015).
Bogan e Ogles (2015), ao reflectirem sobre a sala de aula invertida, observam que o
que acontece é que o estudante poderá ter oportunidade para colocar questões na aula
seguinte, mas na maioria das vezes, o professor ambiciona avançar na matéria, reservando
pouco tempo para o esclarecimento de dúvidas, devido às imposições das metas curriculares
cada vez mais exigentes.
41
O conhecimento associa-se à capacidade do indivíduo em compreender a realidade e
processar as informações, adaptando-as as suas próprias vivências e ao seu mundo
sociocultural. É nesse contexto que Belloni (2006), refere que a redefinição do papel do
professor é crucial para o sucesso dos processos educacionais.
De acordo com Lemmer (2006), “os professores fingem implementar a mudança, mas
continuam com as práticas tradicionais” (p. 105). O problema ainda se agrava pelo facto de
os estudantes serem tidos como uma plateia convidada para admirar o professor “o meu
professor sabe muito”.
É nessa perspectiva que Unesco (2001), destaca no documento Educação para todos
no fórum da declaração do compromisso de Dakar, que deve-se assegurar que as
necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam atendidas pelo acesso
equitativo à aprendizagem apropriada, a habilidades da vida e a programas de formação para
a vida. Desse modo, é necessário destacar que essa enfâse de satisfação de necessidades
básicas deve incluir o aprender a aprender, uma perspectiva da Sala de Aula Invertida.
Lemmer (2006), indica que a actual mudança de paradigma requer uma abordagem
centrada na aprendizagem do estudante e uma desconstrução do papel do professor. Nesse
sentido, o professor deixa de ser fonte de conhecimentos que devem ser transmitidos. Essa
42
mudança do papel do professor introduz aspectos relevantes que abrem novos olhares para a
aprendizagem do estudante.
Papel do estudante
Explorar os documentos, manuais, fichas através da resolução de
actividades
Assistir vídeo-aulas antes do encontro com o professor
Participar das actividades na sala se aulas
Responsável pela sua aprendizagem
Debater com os colegas o conteúdo da aula
Papel do Professor
Facilitador
Mentor
Auxiliador
Fornecer de apoio individualizado a todos estudantes
Incentivador
Ouvinte de ideias
Desta feita, prevalece a ideia de Berrett (2012) citado por Schneiders (2018), segundo
a qual, com a metodologia da Sala de Aula Invertida o papel do professor passa a ser o de
mediar e orientar as discussões e a realização das actividades, agora executadas em sala de
aula, considerados os conhecimentos e conteúdos adquiridos previamente pelo estudante, isto
é, fora do ambiente da sala de aula. Agora o professor pode dedicar o seu tempo de sala de
aula, na presença dos estudantes, para consolidar conhecimentos para orientá-lo, esclarecer as
43
suas dúvidas e apoiá-lo no desenvolvimento do seu aprendizado. É, portanto, uma estratégia
que propõe mudar alguns elementos do ensino presencial, sugerindo uma alternativa à lógica
tradicional.
Para uma melhor elucidação sobre o argumento atrás exposto, torna-se necessário
buscar Lemmer (2006), onde apresenta a seguinte anedota contada por Tribus (1966): “Sabes,
na quarta-feira passada ensinei o meu cão a assobiar. Deu-me uma trabalheira, mas ensinei-o
a assobiar. Claro que ele não aprendeu, mas eu ensinei-o” (p. 136). Lemmer (2006), refere
que devido esse erro táctico surgiu convicção geral de que a questão central nas escolas não é
ensinar, mas sim aprender. Este novo paradigma transforma o professor num mediador ou
facilitador da aprendizagem.
É nessa mesma perspectiva que Mazur (2015) citado por Schneiders (2018), afirma
que ensinar é apenas ajudar o estudante a aprender. Nesse sentido, palestrar conteúdos e
conceitos para estudantes ouvintes e passivos pode não ser a melhor forma de ajudar. O
estudante ouviu, mas, se não foi o suficiente para assimilar e (re) significar os conteúdos,
pode não ter aprendido.
Schneiders (2018), defende que com a Sala de Aula Invertida, tanto o professor
quanto o estudante devem mudar de postura. O estudante deixa de ser um expectador e passa
a actuar activamente, tornando-se protagonista do seu aprendizado. Já o professor sai do
palco, deixa de actuar como palestrante e se posiciona próximo ao aluno, auxiliando-o no
processo de aprendizagem, assumindo uma postura de orientador e tutor.
44
2.6. A Sala de Aula Invertida na redução da hecatombe escolar
Há muitas questões dentro das escolas e das salas de aulas que tornaram-se
homogéneas e universalmente reconhecidas como um problema que urge corrigir.
À luz da análise de Jacomini (2009), destaca-se que a escola deve buscar formas de
superar a exclusão e mudar argumentos como “os estudantes não querem aprender”, “não se
dedicam”, “não tem capacidade”, “são indisciplinados”, muitas vezes usados para legitimar a
reprovação. Aliás, “o aluno que não quer aprender”, alistou-se e/ou foi matriculado para
aprender, agora, como é que ele não quer aprender? Por que o aluno não aprendeu? As
escolas, os professores estão a decidir a vida dos estudantes sem critérios, o único critério tem
sido a nota baixa.
Este argumento é ainda sustentado por Melchior (2004), quando considera que “ao
invés de procurar pelos culpados do fracasso escolar, é necessário procurar os factores que
geram o sucesso, ao invés de trabalhar em cima de aspectos negativos” (p. 14). Portanto, esse
fracasso escolar carrega consigo exclusão social e escolar, empurrando o alunado a rótulos de
“reprovados”, “repetentes”, etc.
É na mesma perspectiva que Melchior (2004), relata que, os professores não sabendo
encontrar as soluções para as dificuldades reais de aprendizagem, limitam-se a prever o
fracasso, mas dificilmente assumem sua própria incapacidade e devolvem para a clientela
estudantil, por meio de justificativas preconceituosas, a culpa por este fracasso.
45
É mister relacionar o insucesso escolar com o absentismo e as faltas. Assim, Lemmer
(2006), destaca que a palavra absentismo é normalmente usada para descrever a não
frequência na escola e as faltas, por outro lado, descrevem um absentismo mais sistemático.
Ainda de acordo com Lemmer (2006), as causas para absentismo e faltas crónicas podem ser
classificadas em duas vastas categorias: causas externas e causas relacionadas com a escola.
A primeira categoria inclui problemas financeiros e económicos, obrigações familiares,
pressões de grupos de companheiros e factores socioculturais e ambientais. A segunda
categoria inclui currículos irrelevantes e/ou métodos de ensino-fracos, horários escolares
inflexíveis, professores, gestores e outro pessoal escolar com falta de sensibilidade e poucas
competências académicas ou sociais. Portanto, uma consequência do absentismo ou faltas
crónicas é o insucesso escolar.
46
Outra opinião importante é a de Vally (1998), que destaca que os professores são por
vezes culpados de violência, e esta noção não se limita a bater-se e abusar-se fisicamente dos
estudantes, está ligado inclusive à violência de nível psicológica, onde destaca-se a agressão
verbal e cognitiva não respeitando os conhecimentos prévios dos alunos, colocando perguntas
de conteúdos surpresos e/ou desconhecidos pelos estudantes, como se fosse uma educação
por emboscada, culminando com a falsa conclusão segundo a qual os estudantes “não sabem
nada”.
Numa perspectiva tradicional, Haydt (1992), entende avaliação como uma medida
classificatória. É nesse contexto que defende que, avaliar é julgar, tendo como base uma
escala de valores, tendo por base padrões ou critérios.
Essa posição de avaliação acima apresentada, é criticada por Perrenould (1993), que
defende que, a avaliação não se restringe exclusivamente ao avaliar as aprendizagens de cada
aluno para atribuir-lhe uma nota, mas para também, o alunado, descobrir em que nível de
aprendizagem se encontra, no sentido de, compreender a necessidade de permanências e
avanços. E ainda, ajuda o professor a reflectir sobre o quanto o seu trabalho está produzindo
resultados.
47
A mesma visão é encontrada em Loch (2000), onde defende que avaliar
Não é dar notas, fazer médias, reprovar ou aprovar os alunos. Avaliar, numa
nova ética, é sim, avaliar participativamente no sentido da construção, da
conscientização, busca da auto crítica, auto-conhecimento de todos os
envolvidos no ato educativo, investindo na autonomia, envolvimento,
compromisso e emancipação dos sujeitos (p. 31).
48
uma nova visão da avaliação, onde depreende-se que a avaliação é um juízo de qualidade
sobre dados relevantes para uma tomada de decisão no sentido de construir conhecimentos,
habilidades e atitudes (CHA).
Vasconcellos (2005), destaca que, a avaliação que vem sendo praticada por muitas
escolas é factor de não aprendizagem (e não mudança). Isso ocorre porque não abarca o todo,
concentra-se na avaliação do aluno e, não se volta a si mesma (meta avaliação).
49
Na visão de Passos e Andrade (2017), a avaliação classificatória/excludente, é voltada
para a aprovação ou reprovação do estudante, sendo o alunado avaliado pela capacidade de
reter as informações, sem qualquer preocupação se houve ou não aprendizagem. Esse tipo de
avaliação exclui o estudante da aprendizagem do saber. O alunado não aprende, pois não tem
ninguém que o ensine a aprender.
Luckesi (1996), assevera que essa nova abordagem sobre a avaliação, nasceu da
insatisfação com os tratamentos somente técnicos da avaliação tradicional e que a escola hoje
não avalia a aprendizagem do estudante, mas sim, examina ainda dentro da modalidade
jesuítico-comeniana. Sendo assim os exames são pontuais, classificatórios e selectivos ou
excludentes, uma vez que, excluem grande parte dos alunos. E, complementa suas afirmações
dizendo que o pecado da Escola, ao avaliar o aluno, é examiná-lo em vez de avaliá-lo.
Avaliação inovactiva, de acordo com Hoffmann (2009), exige prestar muita atenção
no aluno, conhecê-lo, ouvir seus argumentos, propor-lhe questões novas e desafiadoras,
guiando-o por um caminho voltado à autonomia moral e intelectual, pois estamos vivendo um
50
momento caracterizados por uma infinidade de fontes de informação. Nessa concepção a
subjectividade na elaboração das perguntas é positiva, uma vez que, permite no momento da
correcção uma reflexão sobre as hipóteses construídas pelos alunos.
De acordo com Passos e Andrade (2017), a avaliação não deve ser tida como um
processo acabado, ela precisa ser levada como algo contínuo e em constante evolução. A
avaliação precisa deixar de ser conservadora e autoritária, para tornar-se amorosa, inclusiva e
inovadora.
1º Passo: Negociação entre professor e estudantes sobre os assuntos que deverão ser
abordados na prova de avaliação;
2º Passo: Levantamento dos objectivos traçados para cada conteúdo abordado. Neste
momento, os estudantes deverão expor seus conhecimentos prévios sobre o devido assunto a
ser explorado, se possível exemplificar casos que possam ocorrer no dia-a-dia. Este
levantamento deverá ser feito via diário de bordo ou caderno de notas/apontamentos pelo
professor e pelos estudantes;
Nessa perspectiva faz se necessário destacar Pais e Monteiro (2002), que defendem
que “a explicitação de critérios será tanto mais completa e útil, quanto melhor conseguir
indicar com clareza o que os alunos devem fazer em situação de aprendizagem e também as
características que o produto final deve apresentar” (p. 47).
51
3º Passo: Desenvolvimento do tema a ser explanado pelos estudantes com mediação
do professor, fazendo citações das anotações. O professor deverá perguntar o estudante o
porquê dele pensar daquela maneira;
7º Passo: Debate das actividades propostas, onde a resolução dos exercícios deverá
ser realizada sob supervisão do professor, sem tomar parte activa do processo;
No pensamento de Pinto (1994), essa actividade de debate e anotações pode ser feito
por pares, pois poderá inculcar aos mesmos maior autonomia na organização do seu trabalho
e na construção de aprendizagens, assim como poderá permitir uma melhor compreensão do
erro, porque, o facto de os estudantes chegarem a um consenso por pares, permite-lhes
perceber onde, como e porque se errou, sendo desta forma mais fácil poderem obter sucesso.
52
Outra opinião importante é a de Sadler (1998) citado por Black e Wiliam (2001), onde
refere que a resolução de actividades por pares ganha impulso em contexto de sala de aulas,
uma vez que a linguagem utilizada é a mesma que utilizariam numa outra situação.
10º Passo: A partir do debate feito anteriormente, cada estudante deverá se auto-
avaliar, reconhecer o nível de sua aprendizagem, podendo solicitar outra prova de avaliação,
para expressar seu ponto real de aprendizagem e sanar possíveis equívocos deixados na prova
de avaliação ora realizado;
Em práticas lógicas, as observações da etapa 9 e 10, deve ser reservadas uma nota de
zero a dez, ou um conceito a depender da instituição.
Assim, como defende Passos e Andrade (2017), a avaliação vai além de uma
avaliação somativa e de outros métodos de avaliação, onde tanto os estudantes quanto os
professores poderão verificar se os objectivos foram ou não alcançados. E se não foram,
saberão identificar onde existe a falha, e a corrigirão antes mesmo de avançar a mais um nível
de aprendizagem. Isso somente será possível, a partir do momento em que os estudantes
encontrarem seus “erros” e tentarem corrigi-los ou procurarem uma solução para aquele
determinado problema.
53
Dessas pesquisas, destacam-se, entre outras, Silva e Figueiredo (2013), que
apresentam discussões sobre o uso das tecnologias como recurso e metodologia no ensino, no
artigo “Os desafios da educação contemporânea: o ensino de História e o emprego das novas
tecnologias”; Grossi, Gonçalves e Tuf (2014), na pesquisa “Um panorama das tecnologias
digitais da informação e comunicação na educação: desafios, habilidades e incentivos
estatais” reflectem sobre os novos desafios, as novas habilidades e os incentivos estatais
necessários aos professores para utilizarem as TICs; a de Costa, Guimarães e Grossi (2014),
no artigo intitulado “Concepção construtivista permeada pelo uso de tecnologias: um estudo
de caso”, investigam os impactos das TICs na prática pedagógica construtivista. Por fim,
Milhorato e Guimarães (2016), em “Desafios e possibilidades da implantação da
metodologia Sala de Aula Invertida: Estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior
privada”, descrevem os impactos da metodologia Sala de Aula Invertida em uma Instituição
de Ensino Superior Privada.
54
CAPÍTULO III - METODOLOGIA
Neste capítulo, faz-se a descrição da metodologia que foi utilizada durante a pesquisa,
destacando-se as fases da recolha, análise e interpretação de dados. Portanto, descreve-se os
procedimentos metodológicos que foram usados desde a escolha da amostra, concepção dos
instrumentos de recolha de dados, validação dos questionários e guiões de entrevistas e sua
implementação, os procedimentos para responder às questões de pesquisa, assim como a
análise dos dados.
No presente estudo, seguiu-se a pesquisa acção que segundo Ribeiro (2004), ocorre
quando concebida e realizada em estreita associação com uma acção ou com a resolução de
um problema colectivo. Este tipo de estudo foi útil para esta pesquisa porque o pesquisador e
os participantes estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
O estudo, se alicerça ainda nos princípios da abordagem mista que, segundo Creswell
(2007), ocorre quando dados qualitativos e quantitativos são colectados e analisados para
estudar um fenómeno num único trabalho. A pesquisa qualitativa, segundo Denzin e Lincoln
(2005), constitui-se em um conjunto de práticas interpretativas e materiais que exploram o
mundo, transformando-o em uma série de representações que são criadas por meio de notas
de campo, entrevistas, conversas, fotografias, gravações e diários. Ludke e André (1986),
acrescentam que, a pesquisa qualitativa em educação, envolve a obtenção de dados
descritivos, o contacto directo do pesquisador com a situação, enfatiza mais o processo que o
produto e retrata a perspectiva dos participantes.
55
específica onde ocorre; procura retratar a realidade de forma completa e profunda ao
explicitar diversas dimensões presentes em uma determinada situação; conta com várias
formas de informação, visto que o pesquisador recorre a uma variedade de dados, colectados
em diferentes momentos, em situações variadas e com uma variedade de tipos de
informantes.
De acordo com Lenin (1965) citado por Minayo (2001), metodologia é o caminho do
pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Neste sentido, a metodologia
ocupa um lugar central no interior das teorias e está sempre referida a elas. A metodologia
inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a
construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador. Ainda de
acordo com Lenin (1965) citado por Minayo (2001), o método é a alma da teoria,
distinguindo a forma exterior com que muitas vezes é abordado tal tema (como técnicas e
instrumentos) do sentido generoso de pensar a metodologia como a articulação entre
conteúdos, pensamentos e existência.
56
utilizando-se avaliações de aprendizagem acerca das percepções dos estudantes sobre o
trabalho.
57
3.4. Sujeitos da Pesquisa (Participantes)
58
obtidas nas avaliações e questionários foram utilizados apenas para análise e posterior
publicação dos resultados. Esses dados foram usados apenas para efeitos académicos. A
versão final da pesquisa é entregue a instituição estudada.
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CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DE RESULTADOS
Devido às suas particularidades geográficas, por ser uma escola rural, a nível
socioeconómico, a escola é homogénea, com uma grande diferenciação social, cultural e
económica. O corpo da Direcção da Escola é constituído por cinco membros do sexo
masculino (Director da Escola, três Directores Adjuntos Pedagógicos e um chefe da
Secretaria).
60
Para auxiliar um bom funcionamento da escola, existe ainda uma equipa de pessoal
não docente que envolve pessoal auxiliar e administrativo. Em relação ao pessoal auxiliar e
administrativo, a escola contava com um número de 8 colaboradores, sendo 3 do sexo
masculino e 5 do sexo feminino.
Depois da recolha de dados foi feita a categorização das respostas por forma a
concluir sobre as ideias que predominavam em volta dos assuntos abordados e propor
fórmulas de aplicação da técnica da sala de aula invertida nas aulas com vista a inculcar o
aprender a aprender em relação à metodologias activas de ensino centrado na aprendizagem
do estudante.
61
A presença do pesquisador na escola era permanente, no período de manhã, e três dias
no período de tarde. A inserção do pesquisador na escola foi facilitada pelo facto de ser
igualmente funcionário afecto na escola onde o estudo se realiza, tendo-se garantido a
confiança por parte de estudantes e professores para a efectivação da recolha de informações.
Contudo, apesar de o pesquisador ser igualmente professor nesta escola, foi possível notar um
desconforto em alguns professores, mesmo após a explicação sobre os objectivos da pesquisa,
tendo criado embaraço para a observação das aulas. Vários motivos foram apresentados,
dentre os quais o facto de estar a dar avaliações. Por exemplo, no primeiro dia agendado para
a assistência, um professor criou condições para a aula não decorrer e os alunos foram
deixados a deriva.
O cenário que se verifica nesta escola, é o facto de que enquanto decorriam as aulas,
alguns estudantes passeavam pelo pátio escolar. Um exemplo observado nesta escola,
enquanto as aulas decorriam em 11 salas de aulas, havia duas salas de aulas (2 e 7) sem
professores, e os estudantes passeavam pelo pátio da escola, conversando em tom de voz
natural e gritando quando achassem necessário. Um cenário muito curioso observado nesta
escola, foi a frequência de adolescentes e jovens na escola que não pertenciam a esse período
de leccionação e que participavam dos passeios e conversas no pátio da escola. Em relação a
este último grupo, foi identificado pelo pesquisador como grupo de estudantes pelo facto de o
pesquisador conhece-los, pois são estudantes de outro turno na mesma escola, que iam e/ou
voltavam de aulas de educação física ou de outros destinos, aproveitando ver os amiguinhos
dentro da escola.
Outro aspecto curioso que chamou atenção ao pesquisador, foi o facto de alguns,
estarem em grupos no recinto escolar, cantando em coro e ensaiando danças para apresentar
nas aulas de educação física. Apesar destas actividades serem de carácter educativo na
disciplina de educação física, perturbavam o decurso normal das aulas na escola. Um
exemplo observado pelo pesquisador, era a curiosidade e vontade de os demais estudantes em
62
aulas assistirem esses ensaios, alguns na perspectiva de copiar alguns passos para
incorporarem nas suas práticas na mesma disciplina, e outros, simplesmente pela diversão.
Nas aulas observadas, todas as turmas 8ª, 10ª, 11ª e 12ª classes, verifica-se uma ligeira
predominância de raparigas.
63
consideração à apresentação deste. Porém, o pesquisador considerou este elemento
influenciado pelo facto do pesquisador ser conhecido pelos estudantes como professor na
escola. De seguida, o professor explicava a modalidade de estudo para esta aula. O professor
para o processo de correcção explorava as respostas dos estudantes sem recurso ao material
de leitura, explorando a capacidade cognitiva dos estudantes e estimulando as intervenções
do alunado no sentido de superarem as possíveis lacunas sobre os conteúdos avaliados. Neste
trabalho de correcção, o professor dava atenção às respostas dos alunos, priorizando a
participação dos estudantes que revelaram maiores lacunas na avaliação. Estas acções acima
referidas, revelam esforços empreendidos pelo professor no sentido de melhorar o
aproveitamento pedagógico mediante a superação de dificuldades de aprendizagem em
alguns alunos, com vista a reduzir a hecatombe escolar.
No que concerne a dinâmica na sala de aulas, esta foi uma das aulas em que os
estudantes participavam, emitindo as suas opiniões sobre as respostas das perguntas
colocadas pelo professor e que constam da avaliação e o professor ia comentando cada uma
delas. No final da aula, o professor apresentou o tema da aula seguinte aos estudantes e
seguidamente deu actividades para serem resolvidas em casa.
64
não fez o controlo de presenças dos estudantes na sala de aulas. Esta situação, reflectia que
nem todos os professores eram homogéneos na sala de aulas.
Um exemplo que mostrou que o conteúdo não era conhecido pelos estudantes, foi o
facto de o professor após tentativas de estabelecer debate, ter recorrido ao fornecimento da
informação e/ou conteúdo através do ditado de apontamentos. Esta actividade de o professor
ditar e os estudantes escreverem, para o pesquisador, confirmava a afirmação segundo a qual,
o conteúdo era uma novidade para os estudantes.
Outro aspecto observado na sala de aulas, é que findo esta actividade de ditado e
entrega de informações aos estudantes, que procedeu-se em duas fases, a primeira
culminando com o ditado e a segunda limitando-se a explicação, houve a marcação do TPC,
onde o professor, ditava perguntas. Algo curioso observado, é o facto de que as perguntas que
eram ditadas aos estudantes limitavam-se ao conteúdo leccionado nesta aula observada. Não
foi orientada nenhuma pergunta ligada ao conteúdo do tema seguinte. Nesta perspectiva, na
análise do pesquisador, os estudantes em casa, tem actividades de consolidação da matéria já
leccionada pelo professor, não tendo actividades orientadoras de estudo do tema que segue.
Esta acção, impossibilitava a participação activa e afectiva dos estudantes na sala de aulas.
Na mesma perspectiva, ficava evidente que, a aula seguinte seria, expositiva e baseando-se no
65
ditado de apontamentos e explicação detalhada do professor, haja vista que os alunos tinham
pouca chance, senão nenhuma, de dominar o conteúdo a ser leccionado. Assim, obviamente,
a aula continua centrada no professor.
Os estudantes começam por saudar o professor com o mesmo ritual: “Bom dia Senhor
professor”, e este por sua vez respondia; “Bom dia, podem sentar”. De seguida o professor
procedeu com a marcação de faltas no livro de turma aos estudantes que não se faziam
presentes na sala de aulas. Imediatamente, o professor, registou o tema no quadro e fez
perguntas oralmente aos estudantes. Esta acção culminou com um silêncio na sala de aulas,
pois, os estudantes não se prontificaram a responder e nem a debater em torno nas questões
colocadas pelo professor. Perante este silêncio, o professor orientou os estudantes para
escreverem o apontamento que o professor passava a ditar a partir daquele instante, e
obviamente, os estudantes limitavam se de facto, a escrever o ditado de apontamentos.
66
Foram observadas aulas da disciplina de Francês na 10ª classe Turma C, cujo tema
era: “Les adjectifs: Exprimer un accord et un désaccord”. Estiveram presentes nesta aula 38
estudantes, dos quais 29 eram raparigas e 9 rapazes. Com a entrada do professor na sala de
aulas, o ritual de saudação foi colocado em prática na língua em que a disciplina é
leccionada: Bonjour. E o professor deu voz para que os estudantes se sentassem.
Ainda nesta aula observada, foi possível notar-se que o professor chamava os
estudantes pelos nomes, o que revelou que o professor desta turma conhece os seus
estudantes. A aula termina com o anúncio do tema a seguir e marcação do TPC. Facto curioso
que chamou atenção ao pesquisador, é que enquanto nas outras aulas observadas, os
professores marcavam TPC ligado ao tema já leccionado, o professor nesta sala de aulas,
marava o TPC de conteúdo ligado ao tema seguinte. O que revelava ainda que, os professores
não eram homogéneos na sua forma de trabalhar em relação a este aspecto.
Com efeito, das observações feitas nas aulas na Escola Secundária de Chicualacuala,
notou-se que, a sala de aula não era um local homogéneo, mas sim heterogéneo, com várias
67
culturas, hábitos, experiencias, realidades e com interesses de aprendizagem diferente.
Contudo, foi observado que as turmas posicionavam-se de formas diferentes em relação à
mesma disciplina e professor. Em algumas salas de aulas, a aprendizagem e assimilação dos
conteúdos eram lentas e em outras era mais rápida. Esses posicionamentos diferenciados,
estavam ligados à forma como os professores conduziam o processo de ensino e
aprendizagem.
68
controlar sempre o grau de realização das tarefas. Este último grupo, negava a ideia segundo
a qual, os alunos devem ser punidos.
Em visada de âmbito geral, foi notado que, as relações entre gestores do topo e
professores, a relação entre professores e alunos, encerava-se em tendências de dominação e
subordinação, características exactas de uma gestão autocrática e burocrática, ignorando
quase sempre, os princípios de uma gestão participativa e/ou democrática, não abrindo espaço
para a negociação do processo de ensino e aprendizagem.
Com base nas palavras proferidas com frequência pelos professores e das observações
feitas na Escola Secundária de Chicualacuala, as relações profissionais entre os gestores de
topo e os professores, entende-se que estavam azedas devido a forma de gestão, na qual, os
primeiros tomavam decisões e o segundo grupo era chamado para ouvir as decisões tomadas
e cumprir o que foi estabelecido. Todavia, foi possível notar-se que, teoricamente os
professores estavam subordinados às regras traçadas pelos gestores do topo, mas na prática,
estes eram autónomos, na medida em que, não seguiam nas entrelinhas as orientações. Este
posicionamento visa clarificar que, embora os professores estivessem na situação de exclusão
da tomada de decisões, não havia nenhuma reprodução fidedigna das actividades por parte
dos professores.
Um exemplo observado nesta escola, é que foi dada a orientação segundo a qual,
nenhum professor devia leccionar aulas da sua disciplina nos tempos de reunião de turma,
contudo, enquanto em quatro turmas decorria a reunião de turma sendo orientado pelos
respectivos directores de turmas, em sete salas estavam em curso as aulas normais de
disciplinas dos professores que teriam últimos tempo como forma de ocupar os alunos e
possibilitar sair da escola mais cedo que a hora prevista nos horários das turmas, e duas
turmas estavam à deriva sem reunião de turma e sem aulas, passeando pelo recinto escolar.
Em uma reunião havida, o DAE do I Ciclo afirmou que: “nenhum professor deve
entregar aproveitamento abaixo de 80% neste segundo trimestre. Abaixo disso não vamos
levar”. A mesma exigência foi reforçada pelo Director da Escola, divergindo apenas na
percentagem, tendo afirmado: “Sabe o que significa entregar 30% de aproveitamento
positivo? Isso não deve acontecer. Pelo menos no mínimo 50% de aproveitamento”.
69
Embora os gestores divirjam em relação do mínimo percentual em estatísticas do
aproveitamento, as falas dos gestores acima apresentadas, mostraram claramente que os
gestores estão preocupados com os resultados, e não com os caminhos usados para o alcance
desses resultados.
Por seu turno, alguns professores disseram: “as notas que estão nos verbetes não
espelham a verdadeira situação, elas foram produzidas. Se fosse para lançar as notas reais dos
alunos, mesmo essa percentagem não teríamos”.
Outra fala de um professor que mereceu atenção do pesquisador, foi a seguinte: “não
estou abalizado na política, peço uma capacitação de como aumentar o aproveitamento
pedagógico sem olhar as notas reais dos alunos”.
Outra fala que importa apontar, é dos professores que afirmavam: “precisamos apertar
os alunos agora para eles se preocuparem com os estudos, mas no final o cenário vai mudar,
haverá mudança”.
Alguns professores, repetidas vezes falaram: “a nota não se oferece e não se inventa, o
aluno deve estudar”.
70
Foi possível ainda notar-se que, a avaliação escolar, é entendida por alguns gestores
desta escola e professores como uma forma de avaliar o aluno e certificar a assimilação dos
conhecimentos “transmitidos” pelo professor. Notou-se o facto de avaliar-se os conteúdos e
não o processo.
Durante o decurso da pesquisa, foi frequente ouvir: “é difícil ensinar esses conteúdos
em uma aula de 45 minutos, o tempo não é suficiente”. Na análise do pesquisador, alguns
professores culpam o relógio pelas suas incapacidades metodológicas.
71
Curso diurno, foi caracterizada pela tonalidade que destaca que “a nossa preocupação deve
ser garantir o sucesso escolar, o aluno deve estar presente na aula. A permanência do aluno na
sala de aulas ajuda o seu desenvolvimento. O professor deve buscar saber quais as
dificuldades dos seus alunos”. Esta fala, no entender do pesquisador, mostra claramente que o
professor não deve se conformar com os péssimos resultados, mas buscar fórmulas para
engajar os estudantes e garantir que nenhum deles fique para trás, pois esta é a proposta de
uma educação para todos.
72
telefónicos, envio de notas por whatsaap, publicação de pautas trimestrais nas vitrinas da
escola, pois, na contemporaneidade, é preciso ser aliado da inovação.
73
escolar destes, não depende exclusivamente do seu empenho particular, mas do apoio e
acompanhamento familiar dados as alunos.
É nessa mesma perspectiva, que Ortigão e Aguiar (2013) citado por Cossa (2016)
defendem que “a existência de um contexto familiar caracterizado por um ambiente de apoio
aos estudos permite que os alunos tenham desempenhos escolares melhores” (p. 154).
No que concerne aos professores desta escola, foi possível notar-se que, a maioria
eram homens, existindo apenas quatro professoras.
74
CAPÍTULO V - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
Este capítulo ocupa-se em analisar pormenorizadamente os resultados da pesquisa.
Aqui faz-se a análise das percepções dos professores da Escola Secundária de Chicualacuala
sobre as possibilidades de uso da Sala de Aula Invertida na prática do ensino. O capítulo
discute as percepções dos estudantes sobre o uso da Sala de Aula Invertida no processo de
ensino-aprendizagem na perspectiva de analisar as possibilidades de uso desta técnica para a
melhoria da qualidade de ensino-aprendizagem.
75
Pesquisador: Como consciencializar o estudante que ele precisa estudar em
casa antes de trazer o conteúdo para a sala de aulas?
Professor AM: “O aluno precisa estar ciente da importância do conhecimento
prévio na sala de aula”.
Professor SG: “Dou exercícios de investigação que tem uma relação directa
com o conteúdo a estudar”.
Em visada de âmbito geral, os depoimentos segundo os quais o estudante precisa estar
ciente da importância do conhecimento prévio ou dar exercícios aos estudantes, abrem espaço
de dúvidas sobre a possibilidade de engajar o alunado a buscar domínio dos conteúdos para
posterior debate na sala de aulas. Portanto, a reflexão está aberta: como consciencializar o
estudante a realizar as actividades em casa e estudar para ter domínio dos conteúdos antes do
encontro na sala de aula com colegas e professor?
Por outro lado, evidenciam-se por parte dos professores da Escola Secundária de
Chicualacuala, argumentos que apontam para uma dinâmica na sala de aulas quando o
alunado se faz presente com conhecimento do conteúdo:
É nessa perspectiva que os professores nas suas práticas devem utilizar o reforço
positivo. Assim, estará a convidar estrategicamente todos os estudantes a participar da aula
para demonstrarem suas aprendizagens através da avaliação formativa.
Uma Sala de Aula Invertida é uma situação em que o professor passa o conteúdo
prévio para o alunado desenvolver em casa. Isso normalmente pode ser feito com recurso a
76
tecnologias de Informação e Comunicação. Face a barreiras tecnológicas, apurou-se os
seguintes depoimentos:
77
Pesquisador: Qual é o papel do professor na contemporaneidade?
Professor MM: “Claramente, o professor deve transmitir bem conhecimentos.
Isso significa que deve ler muito para poder explicar a matéria aos alunos”.
Professor IB: “O professor deve saber explicar o conteúdo as crianças,
dominar os alunos para lhe respeitarem”.
Estes argumentos acima expostos, lamentavelmente, revelam que o corpo docente,
não é homogéneo no seu pensar sobre o papel do professor na contemporaneidade. Ainda
perdura a ideia segundo a qual o professor é um dono do saber e mero transmissor dos seus
conhecimentos, devendo o alunado saber prestar atenção na explicação do professor para
poder memorizar os conteúdos da disciplina.
78
Tabela 1: Aplicação da sala de aula invertida pelos professores
Questionados se usam a sala de aula invertida 14.2% (n=1) optou por sim,
responderam não (n=6, 85.8%). Indagados se tem fornecido matérias de consulta quando
orienta actividades responderam sim (n=1, 14.2%) e não (n=6, 85.8%). Quanto à afirmação:
tem orientado actividades com recurso a plataformas digitais, 5% (n=1) optaram por sim,
responderam não (n=6, 85.8%).
79
Quando questionados se os estudantes mostram domínio de conteúdo quando vem
com conhecimento prévio sobre a matéria e indagados se a sala de aula invertida pode
melhorar o processo de ensino e aprendizagem (n=7, 100%) responderam sim.
Aqui faz-se a correlação dos dados colhidos através da análise documental com os
dados colhidos nas entrevistas feitas com os estudantes da Escola Secundária de
Chicualacuala.
Nesta análise e avaliação das percepções sobre o uso da Sala de Aula Invertida na
Escola Secundária de Chicualacuala, incorpora-se os depoimentos dos estudantes. Nota-se
que existem evidências de estudantes estarem engajados na aprendizagem com uso da Sala de
Aula Invertida, como destacam de forma categórica os seguintes depoimentos:
É interessante a fala dos estudantes, ao se entender que a Sala de Aula Invertida, ajuda
a resgatar os estudantes historicamente fracos nas salas de aulas, abre espaço para a
participação massiva do alunado. Com efeito, são os estudantes que tem maior espaço de
explicarem um ao outro sobre os conteúdos em estudo, cabendo o professor cumprir seu
papel de mediador deste processo, e jamais como transmissor do conhecimento.
80
Depoimentos reforçam o posicionamento acima referenciado sobre o novo papel do
professor:
Estudante CJ: “Eu acho uma boa forma porque ao aprender dessa forma fico
mais interessada e também a possibilidades de nós alunos participarmos mais
nas aulas. Dessa forma consigo mais tirar dúvidas”.
Estudante CL: “Eu achei essa forma de aprender muito boa, pois com mais
dias para aprendizagem, fácil se adquirirem os conhecimentos, até os tímidos
falam. É uma boa forma na minha opinião”.
Debruçando sobre as impressões dos estudantes sobre o uso da Sala de Aula Invertida,
foi possível captar mais impressões dos estudantes conforme atestam os seguintes
depoimentos:
Estudante AO: “Achei muito bom estudar usando Sala de Aula Invertida
porque é uma boa forma de aprender mais, é mais interessante estudar dessa
forma, adquiri mais conhecimentos”.
Estudante EM1: “Sala de Aula Invertida eu acho que vai mudar muito os
alunos na escola secundária de Chicualacuala porque com essa forma de
estudar os alunos vão participar muito nas aulas e é uma forma de transmitir o
conhecimento”.
Estudante IS: “É um bom caminho ou uma forma de adquirir mais
conhecimento e a Sala de Aula Invertida ajuda a aprender mais sobre a
matéria. É contagiante e dá nervosismo no começo, mas é muito bom”.
Ainda debatendo sobre a mesma indagação, foi possível apurar dos depoimentos dos
estudantes a compreensão da ideia de que a Sala de Aula Invertida é repassar de forma prévia
o conteúdo que será abordado na aula seguinte. O aluno não deve ser surpreendido com os
conteúdos na sala. Não importam os meios a utilizar, o importante é que o aluno venha a sala
com conhecimentos prévios. É desse forma que os estudantes atestam em seus depoimentos:
81
Estudante EM2: “Achei bom porque gostei de estudar antes da aula para tirar
dúvidas na sala; As aulas se tornam mais interessantes ao estudar dessa forma;
A Sala de Aula Invertida é um bom caminho”.
Estudante CN: “Para mim é difícil chegar em casa ler todos apontamentos
que o professor ditou. Mas com perguntas sei como começar a estudar”.
Estudante TM: “Eu e meu grupo pelo menos, todos os dias vamos a sala
enquanto estudamos, e falamos sempre sem esperar ouvir tudo do professor”.
Estudante HD: “Eu acho que essa forma de aprender é uma forma moderna e
adequada, pois facilita totalmente a compreensão das matérias por nós
estudadas e motiva a estudar sempre em casa, o que aumenta o horizonte de
conhecimento”.
Tendo em conta as falas dos estudantes acima apresentadas, pode se afirmar que a
Sala de Aula Invertida tem alguns impactos positivos, pois, primeiramente ela torna o aluno
mais activo no processo de Ensino e Aprendizagem, porque é o aluno quem busca esse
conhecimento através de instrumentos orientados pelo professor. Não é somente na sala de
aula que o aluno aprende.
O estudo buscou captar as impressões dos estudantes no sentido de apurar a
necessidade de estudar usando a Sala de Aula Invertida no seu processo de formação, e os
depoimentos apontam o entusiasmo por esta estratégia, como se pode constatar:
82
Ainda debruçando sobre a questão em pauta, depoimentos revelam uma prática
constante nas escolas, a cábula:
Estudante AO: “Na minha opinião é muito bom aprender assim porque a
gente não precisa de cabular, a pessoa busca inteligência por si mesmo desta
forma”. (Grifo nosso).
Estudante OC: “Desde que comecei a estudar assim, eu já não cabulo. Desta
forma estou a estudar de verdade”.
Estudante GC: “Todos nós do meu grupo paramos de cabular. O professor
nos mostrou uma nova forma de estudar”.
Estudante AD: “Com esta maneira de estudar, mesmo as cábulas podem
diminuir. Aliás, nem haveria mais motivo para cabular nas provas”. (Grifo
nosso).
83
conteúdo pelo professor, e torna-se um espaço de debate, troca de olhares sobre o conteúdo,
desenvolvimento de espírito crítico e satisfação de dúvidas.
Estudante FC: “Sim. Gostaria porque dessa forma é muito fácil de estudar; é
a base do desenvolvimento do aluno para a inteligência; dessa forma aprendo
de forma individual”.
Estudante NS: “Eu vejo esta como a melhor forma de estudar, por isso,
prefiro continuar a estudar assim”.
Estudante AS: “Sim. Gostaria de aprender as matérias usando estratégia da
Sala de Aula Invertida”.
Estudante TM: “Professor, se formos a estudar dessa forma, com certeza
muitos de nós podemos ser bons na escola. Concordo e gostaria de estudar
assim sempre”.
Estudante CL: “Na minha humilde opinião, gostaria sim de aprender todas as
disciplinas usando a estratégia da Sala de Aula Invertida”.
Estudante SN: “Na minha opinião, gostaria sim de continuar a aprender
usando sua estratégia da Sala de Aula Invertida”.
Estudante EM2: “Sim. Eu gostaria de continuar a aprender usando esta
estratégia da Sala de Aula Invertida porque muitos tem possibilidades de
participar nas aulas com esta forma de ensinar”.
84
Tabela 2: Percepções de estudantes sobre a aplicação da sala de aula invertida
Questão CT % C % N % D % DT %
(n) (n) (n) (n) (n)
Eu prefiro a sala de aula tradicional do que a 0 5 0 0 95
sala de aula invertida. (N=20) (n=0) (n=1) (n=0) (n=0) (n=19)
Através deste trabalho, consegui desenvolver 45 45 5 5 0
estudo de forma autónoma. (N=20) (n=9) (n=9) (n=1) (n=1) (n=0)
O método da Sala de Aula Invertida aumentou 70 15 10 5 0
minha compreensão da matéria. (N=20) (n=14) (n=3) (n=2) (n=1) (n=0)
Consegui estudar e participar das aulas. (N=20) 40 40 5 10 5
(n=8) (n=8) (n=1) (n=2) (n=1)
Eu me sinto mais confortável em uma aula 0 5 0 55 40
tradicional do que em uma sala de aula invertida. (n=0) (n=1) (n=0) (n=11) (n=8)
(N=20)
Eu gostaria de continuar a estudar no formato de 90 10 0 0 0
sala de aula invertida. (N=20) (n=18) (n=2) (n=0) (n=0) (n=0)
(N= número total de pesquisados; n= número de professores que optou por determinada
resposta; CT = Concordo totalmente; C = Concordo; N = Neutro; D = Discordo; DT =
Discordo totalmente)
Fonte: Autor do trabalho.
A Tabela 2 aponta que a maioria dos estudantes (n=18, 90%) concordou totalmente e
(n=2, 10%) concorda que gostaria de continuar a estudar no formato de sala de aula invertida.
Conforme o resultado, o alunado valida esse elemento da abordagem invertida. Quando
questionados se preferem a sala de aula tradicional do que a sala de aula invertida (n=19,
95%) discorda totalmente da afirmativa. Concordaram da afirmativa 5% (n=1). A alternativa
“eu me sinto mais confortável em uma aula tradicional do que em uma sala de aula invertida”
foi identificada como não favorável: a maioria (n=11, 55%) discordou e discordou totalmente
(n=8, 40%). Apenas concordou (n=1, 5%). Indagados se através da sala de aula invertida,
conseguiram desenvolver estudo de forma autónoma a quantidade de respostas para os itens
concordo totalmente e concordo foram (n=18, 90%), optaram por neutro 5% (n=1).
Discordaram da afirmação 5% (n=1).
Do resultado da tabela 2 pode se concluir que a sala de aula invertida inculcou novas
possibilidades de aprendizagem mais significativa nos estudantes, levando-os a optar em
estudar usando este método, em detrimento da aula tradicional.
85
participar das aulas concordaram totalmente e concordaram (n=16, 80%), optou por neutro
5% (n=1), responderam discordo (n=2, 10%). Discordaram totalmente 5% (n=1).
86
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a problemática prevalecente na educação moçambicana, atrelada a fraca
qualidade de ensino, resultante até certo ponto, de apego a metodologias tradicionais
resumidas na exposição do conteúdo pelos professores nas salas de aulas e o fraco domínio
de técnicas e metodologias activas de ensino centrado na aprendizagem do estudante, o que
abre espaço para a desmotivação de estudantes por esse modelo de ensino, e
consequentemente fraca aprendizagem que dita a exclusão do alunado sob forma de
hecatombe escolar.
De que forma a Sala de Aula Invertida pode contribuir para a melhoria da qualidade
de Ensino na Escola Secundária de Chicualacuala?
Por outro lado, as falas dos gestores, professores e estudantes da Escola Secundária de
Chicualacuala, foram registados, recolhidos e mantidos originalmente os depoimentos dos
participantes da investigação. No presente estudo, preserva-se o princípio de
confidencialidade, portanto, os nomes dos entrevistados foram codificados, para preservação
de suas identidades.
O estudo sublinha que, não deixa em momento algum, verdades absolutas e, não
apresenta conclusões, mas sim considerações que doseadas podem servir de sustentáculo para
os que tencionam frequentar salas de aulas com uso de ferramentas que possibilitam um
ensino centrado na aprendizagem do estudante, inculcando no alunado, uma potência no
aprender a aprender.
87
Assim, embora a pesquisa tenha envolvido apenas uma instituição, podemos
depreender que, o ensino nas instituições é historicamente baseado em exposição de
conteúdo, uma estratégia tradicional que acompanha a aprendizagem do alunado, tornando o
professor dono das sete chaves secretas do conhecimento, devendo ele transmitir esse
conhecimento aos estudantes, e estes que geralmente, tornam-se passivos com a difícil tarefa
de ouvir o dono do saber a descarregar a informação e escrever o ditado de apontamentos nos
cadernos. Nesta prática, alguns professores acabam por culpar o relógio pela sua
incapacidade metodológica.
Um pai, uma mãe, um(a) encarregado(a) de educação, matricula o filho porque confia
na capacidade da escola em ensinar. Portanto, deve-se tirar da mente a ideia de que o
estudante não aprende. Na sala de aulas não temos um público homogéneo, é uma clientela
heterogénea, portanto, estudantes aprendem de forma diferente e com interesses de
aprendizagem diferente.
Neste contexto, ficou evidente que o professor na sala de aulas deve ser agente de
mudança, deve buscar alternativas. Nessa perspectiva, a Declaração de Jomtien (1990),
destaca que abordagens activas e participativas são particularmente valiosas no que diz
respeito a garantir a aprendizagem e possibilitar aos educandos esgotar plenamente suas
potencialidades.
É nessa perspectiva que entendo ser mais importante, a Sala de Aula Invertida, uma
metodologia activa, um ensino centrado na aprendizagem do estudante, uma ferramenta para
engajar os estudantes na busca de conhecimentos, surge como alternativa para a melhoria da
qualidade de ensino nas instituições. Desta feita, o professor deixa de ser transmissor de
informação e passa a assumir o grande papel de súper professor: mediador, articulador,
orientador e facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Assumindo que aprender a
aprender não é tarefa fácil, o professor deve inculcar ao estudante abandonar o papel de
plateia, admirador do professor, ouvinte e passa a assumir o papel verdadeiro de estudante,
88
ganhando autonomia e liberdade, saindo da opressão da sala de aulas, do terrorismo
académico, apresentando suas aprendizagens com firmeza diante de colegas e professor.
89
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96
ANEXOS
Anexo I
A escola autoriza o pesquisador a colectar dados em ambiente escolar e está ciente que os
estudantes terão aulas ministradas pelo pesquisador juntamente com a participação dos outros
professores da disciplina e responderão um questionário com perguntas fechadas e abertas a
partir das orientações feitas pelo pesquisador, com questões relacionadas ao significado do
trabalho.
O pesquisador assegura que a participação nessa pesquisa, por parte da escola, dos
professores e dos estudantes, será do carácter voluntário, estando garantido o sigilo, a
confidencialidade e a utilização dos dados obtidos somente para fins académicos. Os
participantes não estarão expostos a desconfortos ou riscos. Todos estão informados que a
participação poderá ser suspensa a qualquer momento sem prejuízo a ninguém.
O Supervisor: ___________________________________________
O pesquisador: __________________________________________
Anexo II
Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido informado aos participantes
Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) e/ou participar na
pesquisa de campo referente a pesquisa intitulada “Possibilidades e Desafios de utilização da
técnica da Sala de Aula Invertida na prática do ensino dos professores da Escola Secundária
de Chicualacuala”, desenvolvida pelo professor Alfino Zaqueu Alberto Ndlalane, estudante
do curso de Mestrado em Ciências de Educação promovido pelo Instituto Superior de Gestão
e Emprendedorismo Gwaza Muthine. Fui informado(a) ainda que poderei contactar ou
consultar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone no 842181085 ou
Email: [email protected].
Declaro que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo
financeiro e com finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui
informado(a) dos objectivos estritamente académicos do estudo, que em linhas gerais é
analisar as potencialidades do Método da Sala de Aula Invertida como possibilidade para o
processo de Ensino e Aprendizagem na Escola Secundária de Chicualacuala.
Como participante da pesquisa declaro que concordo em ser entrevistado uma ou mais vezes
pelo pesquisador em local e duração previamente ajustados, permitindo ( )/ ou não
permitindo ( ) a gravação de entrevistas.
Fui também esclarecido(a) que minha colaboração se fará de forma anónima, por meio
entrevista semiestruturada, observação e o acesso e análise de dados colectados se farão
apenas pelo pesquisador e/ou seu orientador.
Fui ainda informado(a) pelo pesquisador que tenho a liberdade de deixar de responder a
qualquer pergunta ou posso-me retirar desse estudo a qualquer momento, temporária ou
definitivamente sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou
constrangimentos.
Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
OBS.: Termo apresenta duas vias, uma destinada ao participante e a outra ao pesquisador.
Anexo III
Entrevista sobre a aplicação da Sala de Aula Invertida para estudantes
Este inquérito serve para que cada um dos estudantes da turma (participante do estudo)
responda sobre a sua participação nesta nova forma de aprender – Sala de Aula Invertida. O
objectivo desta entrevista é captar as impressões dos estudantes face a utilização da Sala de
Aula Invertida nas aulas, com vista a saber se gostaram desta estratégia, se aprenderam
facilmente a matéria e se gostariam de passar a aprender dessa forma.
Itens CT C N D DT
CT – Concordo totalmente
C – Concordo
N –Neutro
D –Discordo
DT – Discordo totalmente
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Na sua opinião, gostaria de continuar a aprender as matérias usando esta estratégia da Sala de
Aula Invertida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
1.1 Você começa a aula fazendo a revisão da matéria anterior? Sim____. Não____.
1.2 Explorando os conhecimentos prévios dos alunos sobre o conteúdo a ser abordado?
Sim____. Não____.
2.1 Você orienta os seus alunos a virem a aula já conhecendo o tema a ser abordado?
Sim____. Não____
2.2 Você fornece materiais para que os estudantes estudem previamente a matéria antes de
ser abordado na sala de aulas? Sim____. Não____.
2.3 Os estudantes mostram domínio do conteúdo quando vêm com conhecimento prévio da
matéria? Sim____. Não____.
2.10. Os conceitos básicos são anotados em casa pelos estudantes? Sim_____. Não_____.
3.1 Você tem orientado aulas/actividades com recurso a plataformas digitais? Sim____.
Não____.
R:________________ _________________________________
R: _______________________________________________________________________
3.5. O que faz quando a Escola não possui recursos tecnológicos avançados?
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5. Explica de forma resumida sobre como tem sido as suas aulas quando os estudantes
vêm a sala com conhecimentos prévios sobre o tema a ser abordado na aula?
R:_________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________.
6. Como consciencializar o estudante que ele precisa estudar em casa antes de trazer o
conteúdo para a sala de aula?
R:________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
R:________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
9. Outros dados:
9.1 Idade_____
9.2 Género____.
Classe…………..Turma…………… Data……………………………………………………
Observações /
Observação Itens de Observação S/N Verificação de aspectos Sim Não Não
na sala de NS qualitativos a Obs.
aula considerar
- Efectua a articulação
das aprendizagens a
realizar com
Integra os diferentes aprendizagens anteriores
objectivos e - Se houver lugar a TPC,
conteúdos numa assegura-se de que os
Plano de estrutura e sequência estudantes o realizaram e
Aula que facilitam a efectua a sua correcção
aprendizagem - Efectua uma síntese
global dos conteúdos
tratados na aula
- Indica tarefas a realizar
em casa pelos estudantes
- Anuncia o tema/assunto
da próxima aula
estabelecendo ligações
com os conteúdos
abordados
Contempla métodos e - Apresenta coerência
actividades entre conteúdos,
adequadas ao objectivos/competências a
processo de desenvolver,
ensino/aprendizagem estratégias/actividades,
recursos e avaliação das
aprendizagens
(momentos, formas e
instrumentos)
- Explicita, de forma
Utiliza uma clara, as aprendizagens
linguagem técnica (conteúdos e objectivos)
clara bem como as tarefas a
realizar na aula.
- Mostra segurança no
desenvolvimento dos
conteúdos não incorrendo
Apresentação em erros ou imprecisões
da aula - Apresenta o saber de
Concretiza o plano forma problematizadora
ajustando-o à de modo a suscitar
dinâmica de aula dúvidas no estudante
- Recorre a exemplos
pertinentes na exploração
dos conteúdos
relacionando-os com os
conhecimentos dos
estudantes
- Adequa os recursos aos
O material é objectivos e aos
adequado ao processo conteúdos
de - Adequa os recursos ao
ensino/aprendizagem nível etário dos
estudantes
- Aproveita as
possibilidades didácticas
de recursos variados
(manual, fotocópias,
mapas…)
3.Educação inclusiva
Existe na turma criança portadora de deficiência física ou psicológica? Sim_______
Não______.
Caso sim, que medidas especiais e interventivas formam usadas?
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4.Outras considerações
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