Centro Alpha de Ensino Associação Paulista de Homeopatia Ado de Castro Bechelli

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CENTRO ALPHA DE ENSINO

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA


ADO DE CASTRO BECHELLI

TRATAMENTO HOMEOPÁTICO DE UM CASO DE ENXAQUECA:


RELATO DE CASO

SÃO PAULO
2021
ADO DE CASTRO BECHELLI

TRATAMENTO HOMEOPÁTICO DE UM CASO DE ENXAQUECA:


RELATO DE CASO

Monografia apresentada a ALPHA/APH


como Exigência para conclusão do curso de
especialização em Homeopatia.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Pustiglione

SÃO PAULO
2021
Bechelli, Ado de Castro
Tratamento homeopático de um caso de enxaqueca: relato de caso/ Ado de
Castro Bechelli, -- São Paulo, 2021
32f.
Monografia – ALPHA / APH, Curso de Especialização em Homeopatia.
Orientador: Professor Dr. Marcelo Pustiglione.
1. Homeopatia 2. Tratamento homeopático 3. Enxaqueca I. Título
Agradecimentos:

Agradeço aos meu pai, Ado Alberto Jocondo Bechelli ¨in

memorian¨, por incentivar meu sonho de cursar medicina e a

minha mãe Irene da Conceição Castro Bechelli, por todo apoio

que me deu.

Ao meu orientador Professor Dr. Marcelo Pustiglione por toda

sua orientação, sabedoria, dedicação e disponibilidade, sem os

quais não seria possível a realização desta monografia.


RESUMO

A enxaqueca é uma doença de alta prevalência, com importantes repercussões nas


atividades diárias dos indivíduos e de difícil tratamento na prática médica
hegemônica. OBJETIVO: esta monografia visa relatar o caso de uma paciente do
sexo feminino de 55 anos de idade portadora de enxaqueca há mais de 40 anos,
que foi tratada sem sucesso pela terapêutica alopática. MÉTODO: as informações
foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com a paciente,
pesquisa na Matéria Médica Homeopática e Repertório de Sintomas e revisão da
literatura. CONSIDERAÇÕES FINAIS: o caso relatado e publicações levantadas
trazem à luz a discussão da terapêutica homeopática de uma doença complexa
como a enxaqueca. O presente estudo, apesar de relatar um caso ainda em
andamento, mostra que a terapêutica homeopática é capaz de proporcionar
resultados satisfatórios e duradouros no que diz respeito ao alívio sintomático e
melhoria da qualidade de vida, quando comparado com a terapêutica hegemônica.

Palavra chaves: Homeopatia, Tratamento homeopático, Enxaqueca.


ABSTRACT

The objective of this paper is. Migraine is a highly prevalent disease, with important
repercussions on individuals' daily activities and difficult to treat in hegemonic
medical practice. OBJECTIVE: This monograph aims to report the case of a 55-year-
old female patient with migraine for over 40 years, who was unsuccessfully treated
by allopathic therapy. METHOD: the information was obtained through a review of
the medical record, interview with the patient, research in the Homeopathic Materia
Medica and Repertoire of Symptoms and literature review. FINAL
CONSIDERATIONS: the case reported and publications raised bring to light the
discussion of homeopathic therapy for a complex disease such as migraine. The
present study, despite reporting a case still in progress, shows that homeopathic
therapy is capable of providing satisfactory and lasting results with regard to
symptomatic relief and improvement in quality of life, when compared to hegemonic
therapy.

Keywords: Homeopathy, Homeopathic Treatment, Migraine.


SUMÁRIO

1. FISIOPATOLOGIA DA ENXAQUECA ............................................ 8

2. FUNDAMENTOS DA HOMEOPATIA ............................................11

2.1 LEI DOS SEMELHANTES .................................................................................................. 11

2.2 EXPERIÊNCIA NO INDIVÍDUO SÃO ................................................................................... 12

2.3 DOSES MÍNIMAS ............................................................................................................. 13

2.4 MEDICAMENTO ÚNICO (O IDEAL HOMEOPÁTICO) ........................................................... 13

2.5 A CONCEPÇÃO HAHNEMANNIANA DE DOENÇA ............................................................... 14

2.6 AS PREPARAÇÕES HOMEOPÁTICAS DERIVADAS OU DINAMIZADAS ................................. 16

2.7 POSOLOGIA EM HOMEOPATIA ........................................................................................ 16

3. MÉTODO ........................................................................................18

4. RELATO DE CASO ........................................................................19

4.1 RELATO DA PACIENTE NA PRIMEIRA CONSULTA HOMEOPÁTICA.................. 19

4.2 DESCRIÇÃO DOS SINTOMAS DA ENXAQUECA .............................................. 21

4.3 CARACTERIZAÇÃO SINTOMÁTICA: ............................................................. 21

4.4 SELEÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DOS SINTOMAS DO CASO .............................. 22

5. CONDUTA ......................................................................................25

6. DISCUSSÃO ....................................................................................28

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................31


8

1. FISIOPATOLOGIA DA ENXAQUECA

A fisiopatologia da enxaqueca ainda não foi completamente elucidada. As

principais estruturas envolvidas parecem ser o sistema nervoso central (córtex e

tronco cerebral), o sistema trigeminovascular e os vasos correspondentes, outras

fibras autonômicas que inervam estes vasos, e os vários agentes vasoativos locais,

como a substância P (SP), Endotelina (ET), peptídeo relacionado ao gene da

calcitonina (CGRP), Oxido Nítrico (NO), Acetilcolina (ACh), 5-HT (5

hidroxitriptamina), entre outros. (VINCENT, 1998)

A depressão alastrante cortical (DAC) é o fenômeno neurológico que

provavelmente justifica achados clínicos na enxaqueca. Ela tem velocidade de

propagação semelhante à aura, ativa o núcleo espinhal do trigêmeo e está

relacionada à liberação de CGRP e NO, (VINCENT, 1998).

Alterações circulatórias detectadas por métodos complementares reforçam o

papel da DAC. A identificação de anormalidades em pelo menos três loci

(cromossomas 19 e 1) na enxaqueca hemiplégica familiar ocorreu recentemente.

Elas estão relacionadas a anormalidades nos canais de cálcio voltagem

dependentes tipo P/Q, específicos do sistema nervoso central, que regulam a

liberação de vários neurotransmissores, incluindo possivelmente a serotonina,

(VINCENT, 1998).

A exemplo de outras anormalidades neurológicas paroxísticas que resultam

da hiperexcitabilidade da membrana plasmática, é possível que a enxaqueca ocorra

devido a uma desordem de canais iônicos.


9

As cefaleias têm aumentado em importância quando comparadas aos

grandes temas neurológicos. Sua prevalência elevada determina consequências

significativas para bem-estar do indivíduo e para a produtividade de empresas,

comunidades e nações. Não obstante, seu mecanismo fisiopatológico ainda não é

completamente conhecido.

Muitas foram as hipóteses, mecanismos e causas relacionadas às

enxaquecas, tais como alimentos, alergias, vaso espasmos, alterações

serotoninérgicas, desordens plaquetárias, desordens da barreira hematoencefálica,

ou origem psicogênica. Evidências indicam que a enxaqueca é uma doença

neurológica que se origina na intimidade do sistema nervoso, com bases genéticas.

Na enxaqueca, a alteração genética de um canal de cálcio cerebral

específico provoca um estado de hiperexcitabilidade, com metabolismo cerebral

anormal, que torna o SNC mais susceptível a estímulos externos (como luminosos e

alimentares) e internos (stress emocional, por exemplo). Áreas específicas na

porção média do tronco cerebral se tornam particularmente excitáveis, funcionando

como centros geradores das crises. Náuseas e vômitos decorrem da excitação do

núcleo do trato solitário.

A DAC, que surge em decorrência da hiperexcitabilidade do córtex cerebral,

leva à ativação do sistema trigeminovascular, tanto nos vasos da periferia quanto do

núcleo trigeminal no tronco cerebral, o que provoca dor. Eventualmente, a DAC pode

ser subclínica, provocando, neste caso, a enxaqueca sem aura. Se clinicamente

manifestada, a DAC corresponderá à aura enxaquecosa, cuja natureza (visual,

motora, sensitiva etc.) variará de acordo com a(s) área(a) cortical(ais) atingida(s).

Nas meninges, a inflamação neurogênica provoca a liberação de

substâncias neurotransmissoras vasodilatadoras, como o CGRP e a SP, que


10

interagem com outras substâncias liberadas localmente pelo próprio vaso e por

fibras nervosas de outra origem, reflexamente. Estas substâncias incluem outros

peptídeos, o NO, ACh, 5-HT, entre outras. A excitação do sistema trigeminal

caminha antidromicamente pelas redes perivasculares, difundindo o processo de

inflamação neurogênica. Ortodromicamente, os estímulos trigeminais atingem o

tálamo e posteriormente o córtex cerebral, contribuindo para a dor, (VINCENT,

1998).

A enxaqueca não é caracterizada pela presença de cefaleia, mas pelo

estado de susceptibilidade constante que torna o enxaquecoso permanentemente

sujeito a uma crise, mediante fatores desencadeantes. Para que o fator

desencadeante possa eventualmente provocar uma crise (e não é obrigatório que o

faça sempre), é necessária a pré-existência da susceptibilidade enxaquecosa,

comum a todos os doentes.


11

2. FUNDAMENTOS DA HOMEOPATIA

A homeopatia é um método terapêutico natural que aplica clinicamente a lei

dos semelhantes, e que utiliza as substâncias medicamentosas em doses

infinitesimais, (POZETTI, 1990).

Essa terapêutica consiste em curar os doentes utilizando remédios

produzidos a partir de matérias primas retiradas da própria natureza, sendo estas

oriundas dos reinos vegetal, animal e mineral, (POZETTI, 1990).

A homeopatia é fundamentada no poder que as substâncias na Natureza

têm de alterar o estado de saúde das pessoa que pode ser observado por meio da

experimentação, (PUSTIGLIONE, 2021). Os quatro pilares abaixo descritos, são

decorrência deste poder:

2.1 Lei dos semelhantes

Similia similibus curentur enunciada inicialmente por Hipócrates, tida como

válida por Paracelsus e admitida por muitos outros antes de Hahnemann. Segundo

Pozetti, (1990):

“Qualquer substância capaz de produzir no indivíduo aparentemente


são, porém sensível, um determinado quadro mórbido, é capaz de
curar, em doses adequadas, um indivíduo sensibilizado por uma
doença com quadro mórbido semelhante, excetuando-se,
naturalmente, as lesões irreversíveis”.

A Lei dos Semelhantes formula o paralelismo de ação existente entre o

poder toxicológico de uma dada substância – não importando a sua origem – e seu
12

poder terapêutico. Essa lei pode ser resumida em três proposições: (POZETTI,

1990)

a) Toda substância farmacologicamente ativa produz em indivíduos sãos

e sensíveis um quadro ou conjunto de sintomas que é característico dessa

substância;

b) Todo indivíduo doente apresenta um quadro ou conjunto de sintomas

mórbidos que é característico de sua doença. O conjunto ou quadro de sintomas

mórbidos deve ser entendido como a “reunião de todas as alterações na maneira de

sentir ou de agir do doente”, alterações essas decorrentes justamente de sua

doença;

c) A cura, isto é, o desaparecimento desse quadro ou conjunto de

sintomas mórbidos, pode ser obtida pelo emprego de doses infinitesimais da

substância cujas manifestações toxicológicas ou experimentais, provocadas no

indivíduo são sejam semelhantes ao quadro ou conjunto de sintomas apresentados

pelo indivíduo doente.

2.2 Experiência no indivíduo são

Método criado por Samuel Hahnemann para obtenção de sintomas capazes

de serem induzidas pelos diversos elementos da Natureza, seja acidentalmente

(experimentação acidental), seja protocolarmente (experimentação metódica). Ao

conjunto dos sintomas que essa substância provoca no indivíduo são quando

ministrada em doses sub-tóxicas dá-se o nome de Patogenesia. Ao conjunto das

patogenesias organizado num texto dá-se o nome de Matéria Médica Homeopática

(MMH).
13

Os sintomas que figuram na MMH, provêm de três fontes distintas a saber:

a) da toxicologia; b) da experimentação patogenética; c) da observação terapêutica

(clínica)

Para encontrar o medicamento ou os medicamentos homeopáticos de um

dado doente, a metodologia correta consiste em fazer coincidir dois conjuntos

sintomáticos racionais, ou seja: aquele da patogenesia experimental e aquele do

doente na sua doença, (POZETTI, 1990). Em síntese, o medicamento deve ser a

imagem do doente vista num espelho.

2.3 Doses mínimas

O medicamento homeopático é mais eficaz: quanto mais homeopaticamente

correta tiver sido sua escolha (baseada na totalidade sintomática característica);

além disso, a potência e frequência devem ser adequadas ao caso conforme

referido no parágrafo 277 do Organon, (PUSTIGLIONE, 2010).

2.4 Medicamento único (o ideal homeopático)

Hahnemann, no parágrafo 273 do Organon, não considera nem necessário e

nem admissível em nenhum caso sob tratamento “administrar a um doente mais de

uma única substância medicamentosa simples a cada vez” e aponta o que está “de

acordo com a Natureza e é mais racional”, (PUSTIGLIONE, 2010), a saber:

➢ Prescrever uma única substância medicamentosa simples e bem

conhecida de cada vez num caso de doenças; ou

➢ Misturar diversas drogas com ações diferentes.

No mesmo parágrafo, Hahnemann afirma que “em homeopatia (a única,

verdadeira, simples e natural arte de curar), não é absolutamente permitido dar mais
14

de uma substância medicamentosa diferente por vez ao doente!”, (PUSTIGLIONE,

2010).

Outros aspectos relevantes merecem referência, a saber.

2.5 A concepção hahnemanniana de doença

A doença em homeopatia é entendida como o desequilíbrio da energia vital

miasmaticamente afetada pela Psora, que se desenvolve congênita ou tardiamente

com respeito à influência excitante das circunstâncias externas, (CANDEGABE,

2000). Os sintomas são a expressão individualizada do desequilíbrio vital.

Impregnados pela tendência miasmática que lhes dá uma direção e um sentido

dinâmico evolutivo biopatográfico, revelam em seu conjunto o modo idiossincrásico

de adoecer, (CANDEGABE, 2000).

A constituição mórbida está dada pelo desequilíbrio dinâmico com que a

energia vital, onde estourou a psora, impõe o arquétipo constitucional do doente

uma mudança, uma nova ordem na forma de sentir e atuar com relação às

sensações como das funções, tanto de um órgão em particular como do organismo

– mente e corpo – em geral. Consequentemente, podemos estabelecer que esta

nova ordem de manifestação da vida, no estado de doença, com relação a uma

predisposição subjacente que denota uma constituição mórbida especial, se

expressará na totalidade com uma dupla hierarquia nos dois planos de expressão:

da mente ao corpo (sintomas mentais, gerais e locais e do passado ao presente

(sintomas históricos, intermédios e atuais), segundo Candegabe, (2000).

Em Alopatia e Enantiopatia importam os sinais da doença, estando a

conduta terapêutica condicionada ao diagnóstico patológico. Em homeopatia, para

tornar possível a identificação do simillimum – base de tratamento – impõem-se


15

acrescentar às manifestações próprias da doença outras pertencentes à reação

individual do doente, que traduzem o seu modo de reagir e de sentir frente à

agressão, individualizando ou distinguindo-o dentro do diagnóstico através de

modalidades, sensações, concomitância e desvios de comportamento, (KOSSAK-

ROMANACH, 2003).

A consulta homeopática visa extrair do paciente os sintomas raros,

estranhos e peculiares, os sintomas e sinais que são capazes de identificar o início

do seu adoecer, o que o faz sofrer, os seus sentimentos a tudo que o rodeia, o ponto

de partida do seu desequilíbrio físico e ou psíquico, ou seja, tudo aquilo que faz com

que o indivíduo seja notado como um ser único.

O médico como um excelente ouvinte, anota fielmente todo o relato do

paciente assim como ele diz, de forma espontânea sem interromper o curso do

relato, livre de preconceito e com os seus sentidos aguçados para uma observação

fidedigna do caso, como orienta os parágrafos 83 e 84 do Organon, (CANDEGABE,

2000).

Se, durante o relato espontâneo, não se conseguir extrair pontos

importantes sobre diversas partes e funções do corpo ou do estado psíquico, o

médico pode conduzir as perguntas usando expressões gerais para forçar o

paciente detalhar o que não ficou claro, segundo o parágrafo 88 do Organon,

(PUSTIGLIONE, 2010).

Toda essa particularidade da consulta homeopática, visa encontrar no

paciente os sintomas que são capazes de individualizar o caso. A prescrição

homeopática depende de duas totalidades:

• Totalidade sintomática do doente = conjunto de todos os sintomas,

objetivos e subjetivos, que expressam seu estado mórbido;


16

• Totalidade patogenética = conjunto global das manifestações

constatados no decurso da experimentação de uma droga em

indivíduos sadios, (KOSSAK-ROMANACH, 2003).

Após escolhido os sintomas e buscá-los no repertório, seleciona-se os

medicamentos estudando as patogenesias com o intuído de encontrar o

medicamento que mais se assemelha com os sintomas do caso e prescrever então

o chamado medicamento simillimum, capaz de cobrir a maioria dos sintomas do

paciente que são compatíveis com os sintomas descritos na patogenesia do

medicamento escolhido descrita na MMH.

2.6 As preparações homeopáticas derivadas ou dinamizadas

O medicamento homeopático tem uma preparação específica. Estas

preparações originam-se da transformação das substâncias base (tinturas mãe), por

meio de processos farmacotécnicos específicos (diluições sucessivas seguidas de

sucussões), resultando em dinamizações.

2.7 Posologia em homeopatia

Na terapêutica homeopática, diferente da alopática, não existe a

preocupação com a dose a ser prescrita de acordo com a idade, o peso e o sexo do

paciente, considerando-se que o medicamento não age pela quantidade, mas sim

pela similitude. O clínico deve levar em consideração a dinamização mais adequada

do mesmo, de acordo com a sua profundidade de ação, de acordo com a

característica de cada paciente, considerando a similitude, a reatividade individual, o

grau de intensidade da doença, sua maior ou menor cronicidade etc.

As dinamizações baixas (D, 1CH – 6CH) são indicadas nos estados agudos,

atuam sobre os tecidos ou órgãos enfermos.; as dinamizações médias (12CH,


17

18CH, 30CH): são indicadas nos estados que estão passando à cronicidade,

facilitam a circulação, melhoram as trocas celulares, aumentam a eliminação de

toxinas; as dinamizações altas (100CH, 200CH, 500CH, 1000CH, 5000CH,10M,

50M) são indicadas geralmente nos estados crônicos, tem ação direta sobre o

psiquismo do paciente, (POZETTI, 1990).


18

3. MÉTODO

As informações foram coletadas por meio do relato espontâneo da paciente,

de forma isenta de preconceitos, com sentidos aguçados, a fim de extrair na

anamnese o conjunto de sintomas conforme orientado por Hahnemann e constantes

nos parágrafos 84 a 91 do Organon, (PUSTIGLIONE, 2010), da revisão do

prontuário, pesquisa na MMH, no Repertório de Sintomas e revisão da literatura.


19

4. RELATO DE CASO

Paciente A.C.F.D.N, 54 anos, sexo feminino, branca, separada, cirurgiã-

dentista, natural de São Paulo, atualmente residindo em Santo André busca

atendimento homeopático devido enxaqueca desde os 15 anos de idade. Realizou

tratamento enantiopático e foi assistida por diversos colegas, com uso de diversos

medicamentos alopáticos desde os 18 anos de idade.

Realizada investigação laboratorial não havendo referência de alterações

dignas de nota.

4.1 Relato da paciente na primeira consulta homeopática

Primeira consulta em 24 de novembro de 2020.

“Tenho sintomas de enxaqueca desde os 15 anos de idade. No início os

episódios ocorriam duas vezes ao mês. Eram episódios com dores suportáveis, que

cediam com medicação analgésica comum, do tipo dipirona ou paracetamol. Não

incomodavam tanto”.

“Percebi piora da intensidade da dor, após episódio de infarto do meu pai,

por volta dos meus 18 anos de idade. Apesar da piora da intensidade da dor, não

houve aumento da frequência dos episódios”.

“Casei aos 28 anos de idade”

“Senti piora tanto na frequência como na intensidade da dor, após os 30

anos de idade, devido a um episódio traumático de aborto. Tive dificuldade para

aceitar o ocorrido”.
20

“Quando fiz 33 anos, tive novo episódio de aborto. Após este episódio,

passei a ter de 3 a 4 episódios de enxaqueca na semana. Episódios que não cediam

com a medicação usual, que antes resolvia”.

“Separei-me aos 40 anos de idade. Com a separação, houve melhora da

enxaqueca”.

“Passou por consulta psicológica, em que a psicóloga diagnosticou a

enxaqueca oriunda de um possível processo de automutilação”.

“Após a separação implantou um DIU. Percebeu diminuição da frequência

das crises para apenas uma vez por semana”.

“Após seis meses os episódios de enxaqueca voltaram a aumentar de

frequência para 4 vezes na semana e com aumento da severidade da dor”.

“Passou em consulta com alguns neurologistas que prescreveram diversos

medicamentos, a saber”:

“Começei com Depacote, este medicamento após algum tempo de uso

manteve a frequência das crises, porém a dor cedia com o seu uso”.

“Percebi que se ficasse em jejum, comece doce, alimentos com corante, as

crises iniciavam. Identificou estas substâncias como causalidades das enxaquecas”.

“Percebi também que durante um tempo praticou atividade física e as crises

melhoraram tanto na frequência como na dor”.

“Após o uso do Depacote, fiz uso ainda de: Naramig; Propanolol, Imigran;

Topiramato; Lítio e por último a associação de Zomig com Nimezulide dispersível”.

Refere que nos últimos meses antes da consulta, vinha apresentando seis a

oito episódios de enxaqueca ao mês (média de 2 vezes na semana).


21

4.2 Descrição dos sintomas da enxaqueca

Refere que a enxaqueca não repete um padrão claro, entretanto informa

que:

• É hemicraniana, porém sem lado marcante. Ora é no lado esquerdo, ora no

direito.

• Inicia-se sempre com dor no fundo do olho. Quando o episódio se instala, fica

indisposta, irritada, não consegue se concentrar e fica chata (sic)

• Raramente é precedida de áurea. Episódios de náusea em metade das

vezes, que persistem até o final da dor.

• Durante os episódios, fica muito sensível a odores e a luz; fica irritada em

locais barulhentos.

• Ao deitar a dor piora, quer ficar quieta, porque falar piora a dor. Percebe que

durante as crises fala mais baixo e mais devagar.

• Durante esses anos todos identificou várias causalidades para aparecimento

das crises: mudança climática; jejum prolongado; ingestão de doces;

exposição ao sol; e locais com odores fortes.

• Periódica: vindo com frequência semanal.

• Característica da dor: pulsátil que às vezes irradia para os seios da face e que

melhora quando pressiona a cabeça.

4.3 Caracterização Sintomática

Sintomas mentais: As crises pioraram após notícia de infarto do miocárdio

do pai (sentiu medo), e voltaram a piorar após notícia do aborto espontâneo

(frustração por não atender o desejo ter filho; muito mais pelo marido que por ela).
22

Se considera uma pessoa ansiosa e perfeccionista (tudo tem que estar em

ordem). É muito organizada e metódica.

Não gosta de decepcionar as pessoas, tem dificuldade para falar não.

Se considera muito chorona e não consegue controlar o choro. Sente que é

muito emotiva.

Gosta de estar com pessoas, porém as vezes gosta de ficar só. Não se

sente uma pessoa solitária.

Quando contrariada, se fecha, fica quieta. Não gosta de brigas, nem de

discussão.

Refere ter muito medo de baratas.

Sintomas gerais: Considera-se friorenta, gosta do calor. Não suporta banho

frio. Gosta de dormir deitada de lado (sem preferência de lado), com a perna

encolhida. Também gosta de dormir de bruços.

Desejos e aversões alimentares: Deseja: massas, pizza, frutas, feijão

farofa, derivados de leite e ama o café.

Aversão: carnes, língua e ostras;

Agravação: doces;

Sonhos: Sensação que está caindo

4.4 Seleção e hierarquização dos sintomas do caso

Utilizado o repertório do Ariovaldo Ribeiro Filho para repertorização do caso:

Transtornos por notícias más

Mental > Transtornos por > notícias, más

Consciencioso

Mental > Consciencioso > acerca de trivialidades


23

Complacente

Mental > complacente

Doces desejo

Alimentício > doces > desejo

Doces agrava

Alimentício > doces > agrava

Carne agrava

Alimentício > carne > agrava

Sonhos caindo

Sonhos > caindo

Friorento

Generalidades > friorento

Repertorização:

1 2 3 4 5 6 7 8 Pontos Cobertura

ars Ars ars Ars ars ars Ars 13 7/8


ign Ign ign ign Ign ign ign 12 7/8
puls Puls Puls puls puls Puls puls puls 17 1
sulph sulph sulph Sulph Sulph Sulph sulph sulph 16 1

➢ Antecedentes pessoais

➢ Doenças da infância: sarampo, catapora

➢ Histórico de dois abortos

➢ Histórico vacinal

➢ Vacinas: tríplice viral, dupla adulto, gripe, hepatite, febre amarela, Coronavac.

➢ Antecedentes familiares

➢ Enxaqueca - mãe

➢ Diabetes Mellitus 2 - Avô materno


24

➢ Câncer – Avó paterna (pâncreas)

Ao exame físico:

Ectoscopia: Paciente lúcida, orientada em tempo e espaço. Ativa e

colaborativa, pele pálida, hidratada, eupneica, acianótica, anictérica e afebril. Bom

estado geral e nutricional, cabelo de coloração acinzentada. Apresenta expressão do

olhar triste, fala calma e em voz baixa e pausada.

Exame físico diversos aparelhos:

Sem alterações, não apresentando nada digno de nota.


25

5. CONDUTA

Após estudo das matérias médicas homeopáticas (7; 8; 9), optou-se por

iniciar o tratamento em 24/11/2020 com a prescrição da Pulsatilla nigricans na 30

CH, devido a cronicidade do caso, – 6 gotas em solução aquosa 1 X por semana

durante 1 mês.

Após 45 dias (dia 08 de janeiro de 2021), veio para o primeiro retorno.

Segue o relato da paciente:

“Fiquei muito bem, sinto um bem-estar geral e estou há 30 dias sem crise de

enxaqueca, inclusive comi doces no Natal e não apresentei. Sinto-me mais alegre,

estou bem comigo mesma.”

A paciente refere apenas que nos primeiros dias após a tomada do

medicamento ficou bastante chorona, mesmo sem ter motivo aparente, porém logo

passou. Não apresentou nenhum sintoma novo ou antigo, ou patogenesia.

A conduta médica foi de suspender a tomada da medicação e aguardar por

mais algum tempo a ação do medicamento.

No dia 21 de janeiro de 2021, retoma contato e informa ter tido duas crises

fortes de enxaqueca após a consulta do dia 08 de janeiro. Feita a repertorização do

sintoma local.
26

Repertorização sintomática:

2 9 10 11 12 13 8 6 Pontos Cobertura

acon acon acon acon acon acon acon 9 7 em 8

bell BELL BELL bell bell BELL BELL bell 19 8 em 8

PULS puls puls PULS puls puls 14 6 em 8

sulph sulph sulph SULPH sulph sulph 13 6 em 8

ign ign ign ign ign IGN 11 7 em 8

Optou-se por prescrever a Belladonna 6 CH na posologia de 6 gotas em

solução medicamentosa durante a crise, repetindo a cada 2 horas se necessário.

Após 15 dias sem crise álgica, apresentou novo episódio de enxaqueca. Fez

uso da Belladonna, conforme prescrito e não obteve nenhum resultado na supressão

da dor, sendo obrigada a fazer uso da medicação alopática.

Foi orientada a usar a Sanguinária canadenses, 6CH (na posologia de 6

gotas em solução medicamentosa durante a crise, repetindo a cada 2 horas se

necessário), durante a crise.

Após 10 dias sem crise álgica, apresentou novo episódio de enxaqueca. Fez

uso da Sanguinária canadensis, conforme prescrito e informa ter tido supressão da

dor no início da crise, porém, não foi suficiente para o total alívio e mais uma vez

recorreu a medicação alopática.

Relata que o mês de fevereiro foi muito tenso no trabalho, com muitas

preocupações e notícias tristes, inclusive com a morte de pessoas próximas.

Sentindo-se triste. Devido o momento de luto, foi prescrita Ignatia amara na 30 CH


27

em dose única. Após 15 dias, retorna consulta com relato de piora do estado

emocional, sentindo-se irritada e nervosa “não me sentia como sempre fui”.

Após nova repertorização do momento atual, optou-se por prescrever a

Pulsatilla nigricans na 200 CH. Após 1 semana, paciente retoma o contato sentindo-

se muito melhor, mais calma e centrada. “Sinto-me bem comigo mesma”.

Na última consulta em 31 de maio de 2021, informou que após 10 dias sem

episódio de enxaqueca, voltou a ter dois episódios seguidos e intensos.

Foi prescrito o medicamento Sulphur, que aparece como medicamento com

maior cobertura e pontuação na repertorização do simillimum e da enxaqueca na

posologia de 6 CH, como medicamento episódico na crise.

Paciente refere que ao apresentar sintomas iniciais da enxaqueca em

09/06/2021, tomou Sulphur 6CH, 6 gotas em solução medicamentosa. Referiu

diminuição da sintomatologia, e após a segunda tomada da medicação 30 minutos

após, cessou completamente os sintomas da doença.

Permaneceu sem crises até 16 de junho/2021, porém no dia 20 de junho,

relatou ter tido uma crise muito forte de enxaqueca, que não cedeu com o Sulphur,

conforme prescrição feita. Relata ainda que a crise foi muito forte, sendo necessária

a administração da medicação alopática em dosagem dobrada para obter o efeito

desejado.
28

6. DISCUSSÃO

A prescrição do medicamento Pulsatilla nigricans, baseou-se nas

características apresentadas pela paciente durante a anamnese.

As causalidades psíquicas: medo de que o pai falecesse devido infarto do

miocárdio e ter frustrado o marido por não ter gerado filhos.

A repertorização do caso, evidenciou os medicamentos Pulsatilla nigricans e

Sulphur com cobertura máxima e pontuação semelhante.

Recorreu-se a leitura da MMH. Neste quesito Pulsatilla apresentou maior

similitude com o caso.

A boa resposta inicial com a prescrição da Pulsatilla nigricans 30 CH,

demostrou ser o medicamento quantitativamente correto e qualitativamente

adequado.

A paciente relatou que ficou por aproximadamente 21 dias sem crise alguma

(coisa que nunca aconteceu desde então); inclusive, durante as festas de fim de

ano, abusou de doces, sem que, no entanto, houvesse o desencadeamento de crise.

Referiu ainda estar se sentindo bem, apresentar um bem-estar geral.

Desta forma, o medicamento prescrito foi quantitativamente correto e

qualitativamente adequado.

Porém, devido o retorno das crises, foi realizada nova repertorização dos

sintomas atuais, optando-se pela prescrição da medicação episódica. Foram

prescritos na sequência, sem resultado: Belladonna e Sanguinaria canadensis.

Devido o falecimento de amigos próximos, estava se sentindo muito triste.

Solicitou ajuda homeopática para superar. Optou-se por prescrever a Ignatia amara
29

na 30 CH dose única. Após 10 dias a paciente relatou intenso sentimento de

irritabilidade.

Optamos por voltar ao simillimun do caso, a Pulsatilla nigricans, agora na

potência de 200CH. A paciente após 10 dias informou estar se sentindo bem

novamente, com sensação de bem-estar geral. Entretanto alguns dias após,

apresentou nova crise de intensidade severa e precisou recorrer a medicação

alopática em dosagem superior ao que normalmente usava.

Por fim, recorremos ao Sulphur, que na repertorização do caso também

apresentava cobertura máxima e pontuação semelhante a Pulsatilla.

De início houve boa resposta com supressão da crise, o que deixou a

paciente confiante. Porém após uma semana, a crise retornou com mesma

intensidade.

Este caso está sendo importante para meu aprendizado, pois entendi que

uma boa anamnese, repertorizações adequadas, medicações corretamente

prescritas; podem ser insuficientes para a resolução do quadro, se os obstáculos a

cura não forem removidos.

No presente momento, estamos pesquisando quais seriam os obstáculos a

cura, para que possamos removê-los e evoluir favoravelmente com o tratamento.


30

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na consulta homeopática, o grande desafio é conseguir obter a essência do

indivíduo, sua história de vida, suas emoções, seus sentimentos, seus sofrimentos.

A homeopatia aborda o indivíduo de forma individualizada, pois entende que

as pessoas são únicas e reagem de forma diferente aos diferentes estímulos.

Sem dúvida, a homeopatia como prática médica, apresenta um atendimento

humanizado e individualizado. A sensação de bem-estar geral que a homeopatia

proporciona é o grande diferencial desta terapêutica médica e, reforça que o ser

humano, é uniforme, incapaz de ser curado se separarmos o seu corpo de sua

mente.

Como toda terapêutica, podemos ter casos de sucessos e casos de

fracassos, mas a busca do sucesso será sempre incessante, porém as experiências

de sucesso nos incentivam a tratar os diversos quadros clínicos, com a terapêutica

homeopática.

Procurar entender o caso na sua totalidade e complexidade é o grande

desafio do médico homeopata. Os obstáculos a cura devem sempre ser

pesquisados quando do insucesso do tratamento, pois a escolha do medicamento

quantitativamente correto e qualitativamente adequado pode não ser suficiente para

a melhor condução do caso.


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