Conema 06-2011-23-42

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 20

Anexo 2

TERMO DE REFERÊNCIA
ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL PARA
POSTOS E SISTEMAS RETALHISTAS DE COMBUSTÍVEIS
I. DIRETRIZES GERAIS

O roteiro para elaboração deste estudo foi desenvolvido com base nos Procedimentos para
Identificação de Passivos Ambientais em Estabelecimentos com Sistemas de Armazenamento
Subterrâneo de Combustíveis (SASC), adotados pela Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, aprovados em 26.01.2006.

O objetivo do Estudo de Investigação do Passivo Ambiental é identificar a presença de


hidrocarbonetos no subsolo, resultante de uma contaminação provocada por vazamentos ou
derramamentos de combustíveis e lubrificantes em postos ou sistemas retalhistas que utilizam
SASC.

O método proposto neste documento contempla várias ações apresentadas de forma detalhada
no item II, a seguir. A última dessas ações consiste na emissão de um relatório, que deverá ser
entregue ao Órgão ambiental competente, em 02 (duas) cópias: uma em meio impresso e
outra em meio digital.

II. DETALHAMENTO DAS AÇÕES NECESSÁRIAS

1. Comunicação ao Órgão ambiental competente

Antes de iniciar os trabalhos, a empresa contratada para realizar a investigação do passivo


ambiental de determinada área, deverá apresentar expressamente ao Órgão ambiental as
seguintes informações:

a ) Razão social da empresa contratada, CNPJ, endereço completo, telefone, responsável


pela informação e seu e-mail;
b ) Razão social da empresa contratante, CNPJ, endereço completo, telefone, responsável
pela contratação e seu e-mail;
c ) Local de execução do trabalho: Razão social do empreendimento, CNPJ, endereço e
telefone;
d ) Data de início e previsão de término dos trabalhos.

2. Coleta de dados básicos da área;

Esses dados devem ser coletados por meio de entrevistas com pessoas que conheçam a
área, tais como o proprietário do empreendimento e/ou do terreno, antigos e atuais
empregados do empreendimento, funcionários de concessionárias de serviços públicos
(água e esgoto, principalmente), vizinhos, entre outros. O objetivo desse levantamento é
obter as seguintes informações:

a ) O histórico das construções da área, considerando eventuais melhorias, demolições e


reformas realizadas;
b ) O histórico da operação com combustíveis na área;
c ) As atuais operações com combustíveis;
d ) Os sistemas de drenagem existentes na área (água pluvial e esgoto);
e ) As características e a situação (em uso ou desativado) dos tanques e das linhas de
combustíveis;
f ) A movimentação média mensal de combustíveis, por produto;
g ) A distribuição dos sistemas de abastecimento de combustíveis;
h ) Os eventos de vazamento, as medidas tomadas e os relatórios emitidos;
i ) As plantas da construção e o layout da área, incluindo o Sistema de Armazenamento
Subterrâneo de Combustível (SASC), acompanhados da Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART);
j ) Os diagramas esquemáticos do sistema de abastecimento de combustíveis (SASC).

3. Reconhecimento da área para um trabalho seguro;

Nesta etapa, deverá ser realizado o reconhecimento da área, ou seja:

a ) Revisar as informações obtidas nas entrevistas mencionadas na fase de coleta de dados


básicos;
b ) Verificar as plantas de construção e reformas realizadas;
c ) Inspecionar a área para identificar intervenções no subsolo e a existência de utilidades
subterrâneas, tais como poços de captação de água, galerias, redes, entre outros,
mapeando em campo essas utilidades subterrâneas e indicando em planta a sua
localização;
d ) Verificar a localização dos equipamentos subterrâneos (ex.: tanques, tubulações de
sucção de combustível, de descarga do produto, de respiro, de energia elétrica e de
telemetria, gasodutos, etc.), comparando-a com aquela indicada nas plantas de
localização obtidas previamente;
e ) Revisar as plantas ou elaborar um croqui com as informações obtidas sobre a área,
incluindo as correções ou suplementações, quando necessárias;
f ) Inspecionar, quando possível, as utilidades subterrâneas para verificar a eventual
presença de combustíveis e realizar medições da concentração de vapores e dos
índices de explosividade.

4. Locação dos Pontos de Sondagem e Determinação do Número de Amostras a Serem


Coletadas

Em estabelecimentos com área total igual ou inferior a 1.000 m2, os pontos de sondagem
devem se situar em áreas desobstruídas e a jusante dos equipamentos, considerando-se o
provável sentido de escoamento da água subterrânea, conforme a seguinte seqüência de
priorização:

a ) Tanques de armazenamento de combustíveis, em uso e desativados, exceto os tanques


de armazenamento de álcool;
b ) Filtros de diesel;
c ) Bocais de descarga à distância;
d ) Unidades de abastecimento (bombas), exceto as de abastecimento de álcool;
e ) Tanque de óleo lubrificante usado ou contaminado;
f ) Caixas separadoras de água e óleo e sumidouros;
g ) Área de lavagem de veículos;
h ) Troca de óleo e lubrificação;
i ) Armazenamento de resíduos oleosos.

Deve-se atentar para os riscos inerentes à realização de sondagens nessas áreas. A


sondagem somente deve ser executada quando se tiver certeza da inexistência de
tubulações enterradas ou de que a mesma não atinge qualquer equipamento.

Caso as sondagens não possam ser realizadas nos pontos indicados, especificar e justificar
no Relatório Técnico o fato que determinou essa impossibilidade, deslocando a sondagem
o mínimo necessário para um ponto sem restrição.

Nos estabelecimentos em que tenha ocorrido reforma recente (efetuada a 5 anos ou


menos) e os novos tanques estejam localizados em área diferente da área ocupada pelos
tanques substituídos, deve ser considerada a posição dos tanques antigos na locação dos
pontos de sondagem.

Nos estabelecimentos com área total superior a 1.000 m2 (mil metros quadrados) a
locação dos pontos de sondagem deve ser precedida pela avaliação de gases no solo, a ser
realizada de acordo com o procedimento indicado no Anexo II deste documento.

Nesses estabelecimentos os pontos de sondagem devem ser locados junto às anomalias


observadas na investigação de gases no solo e também próximos aos equipamentos, a
jusante dos mesmos, considerando-se o provável sentido de escoamento da água
subterrânea.

O número de amostras a serem coletadas deve ser definido em função da área total do
estabelecimento (ver notas inseridas nas tabelas 1 e 2 do Anexo I), do número total de
tanques, incluindo-se os tanques de armazenamento de óleo usado ou contaminado, e da
profundidade do nível d'água subterrânea, como indicado no Anexo I. Para identificar a
tabela desse Anexo a ser adotada, deve ser realizada uma primeira sondagem até que seja
atingido o nível d’água subterrânea ou até 15 metros de profundidade, o que ocorrer
primeiro, conforme descrito no item 5, a seguir

Se atingido o nível d’água, deve-se adotar a tabela 1 do Anexo acima referido, sendo o
número de sondagens igual ao número de amostras de solo e de água subterrânea a serem
coletadas. Caso o nível d’água subterrânea não seja atingido até a profundidade de 15
(quinze) metros, a tabela 2 deve ser adotada para os casos de estabelecimentos com
reforma completa de suas instalações ou a desmobilização de seus SASCs. Caso a reforma
completa não seja efetuada, devem ser realizadas três sondagens para cada tanque de
armazenamento de combustível, exceto os de armazenamento de álcool; três sondagens
para cada tanque de armazenamento de óleo usado ou contaminado; uma sondagem para
cada unidade de abastecimento (exceto as de abastecimento de álcool); uma sondagem
para cada filtro de diesel; uma sondagem para cada caixa separadora de água e óleo; uma
sondagem para cada sumidouro (efluentes oleosos) e uma sondagem para a área de
lavagem de veículos, troca de óleo e lubrificação.

Nos casos de adoção da tabela 1, para cada sondagem realizada deve ser enviada uma
amostra de solo para análise química, a qual deve ser coletada conforme procedimento
descrito no item 5, a seguir, e instalados poços de monitoramento, nos quais se deve
coletar uma amostra de água subterrânea para análise química em cada poço instalado,
conforme estabelecido no item 5 e no Anexo III deste documento.

Nos casos em que a sondagem atingir a profundidade de 15 (quinze) metros, deve ser
instalado um poço de inspeção, conforme procedimento de instalação de poços de
monitoramento descrito no item 5. As demais sondagens devem ser locadas a uma
distância não superior a 1 (um) metro dos equipamentos e ficam restritas às seguintes
profundidades:

a ) Próximas aos tanques de combustíveis e de óleo lubrificante usado ou contaminado 


5 (cinco) metros;
b ) Próximas às unidades de abastecimento, filtros, bocais de descarga à distância, caixas
separadoras de água e óleo, sumidouros de efluentes oleosos e área de lavagem de
veículos  2 (dois) metros.

Nesses casos, em cada sondagem deve ser coletada uma amostra de solo, inclusive
naquela onde houver sido instalado o poço de inspeção, de acordo com o procedimento
descrito no item a seguir.

5. Coleta de Amostras e Realização de Análises Químicas

O método de sondagem a ser utilizado deve ser compatível com a geologia e a


hidrogeologia local, devendo ser utilizados equipamentos que garantam a penetração até
as profundidades requeridas. Em áreas em que predominem litologias resistentes à
penetração por equipamentos mecanizados, como granitos, basaltos, gnaisses e
micaxistos, a sondagem pode ser interrompida ao atingir-se o topo rochoso, mesmo que o
nível d’água não tenha sido alcançado e a profundidade da sondagem seja inferior a 15
metros. A comprovação dessa situação deve ser efetuada por meio da realização de outra
sondagem para avaliação da continuidade da presença do topo rochoso.

Iniciada a sondagem, a cada metro perfurado deve ser coletada uma amostra de solo, por
meio da cravação de amostrador tubular com liner, de modo a se evitar perdas de
compostos por volatilização.

A amostra coletada deve ser dividida em duas alíquotas. Uma das alíquotas deve ser
acondicionada em saco plástico impermeável auto-selante (preferencialmente de
polietileno), com um litro de capacidade. Essa alíquota deve ser composta pelas amostras
contidas nas extremidades do liner. A outra alíquota, correspondente à parte central do
liner, deve ser nele mantida, sob refrigeração (temperatura inferior a 4 oC). O liner deve
estar totalmente preenchido pela amostra, evitando-se a existência de espaços vazios. As
duas alíquotas devem ser identificadas, anotando-se o número da sondagem e a
profundidade correspondente.
Na primeira alíquota deve ser realizada a medição de gases em campo, de acordo com o
seguinte procedimento:

a ) Preencher a metade do recipiente (saco plástico) com o solo amostrado e,


imediatamente, fechar o lacre. Quebrar manualmente os torrões existentes (sem abrir o
recipiente), agitar vigorosamente a amostra por 15 (quinze) segundos e mantê-la em
repouso por cerca de 10 (dez) minutos até a medição;
b ) No momento da medição registrar a temperatura ambiente, agitar novamente a
amostra por 15 (quinze) segundos e realizar, imediatamente, a medição dos gases
presentes no espaço vazio do recipiente, introduzindo o tubo de amostragem (sonda)
do equipamento de medição no saco plástico por meio de um pequeno orifício a ser
feito no mesmo, evitando tocar o solo ou as paredes do recipiente;
c ) Registrar o maior valor observado durante a medição, o qual normalmente ocorre a
aproximadamente trinta segundos após o início da medição (verificar a indicação
contida no manual do fabricante). Medições erráticas podem ocorrer em função de
altas concentrações de gases orgânicos ou de elevada umidade. Nesta situação, alguns
equipamentos analógicos podem indicar zero imediatamente após ter assinalado uma
alta concentração de compostos voláteis. Em situações semelhantes, registrar, no
caderno de campo, as anomalias observadas;
d ) Utilizar equipamentos com detector de foto-ionização (PID) com lâmpada de 10,2 eV,
ou maior, oxidação catalítica ou ionização em chama (FID). Seguir as instruções
contidas no manual fornecido pelo fabricante para o uso, manutenção e calibração do
equipamento. Anotar os registros correspondentes à calibração;
e ) Iniciada a medição com um determinado equipamento, o mesmo deve ser utilizado em
todas as amostras da área investigada. Caso isso não seja possível, substituir o
equipamento defeituoso por outro dotado do mesmo detector.

Realizada a medição dos gases em todas as amostras coletadas em cada sondagem,


identificar aquela que apresentou a maior concentração e enviar a amostra de solo
correspondente à mesma profundidade, que se encontrava mantida sob refrigeração, para
ser analisada em laboratório. Transferir essa amostra, rapidamente, para um frasco de
vidro com boca larga e tampa com vedação em teflon, mantendo-a, na medida do
possível, sem deformações, e preenchendo todo o frasco, evitando-se os espaços vazios no
interior do mesmo. No caso de ser utilizado frasco do tipo head space, preencher a metade
do frasco, lacrando-o imediatamente.

Identificar cada frasco com a localização do ponto de sondagem, a profundidade de


amostragem e a concentração de gases medida em campo. Nessas amostras, devem ser
feitas as determinações de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) e PAH
(hidrocarbonetos aromáticos polinucleados). As amostras coletadas em áreas de troca de
óleo e de armazenagem de óleo lubrificante usado ou contaminado devem ser analisadas
também para TPH (hidrocarbonetos totais de petróleo). O laboratório deve ser informado
de que a análise a ser realizada deve possibilitar a quantificação dos hidrocarbonetos que
compõem o óleo lubrificante, gasolina e o diesel.
Caso não sejam observadas diferenças na concentração de gases nas amostras, enviar para
o laboratório a amostra situada junto à franja capilar. Nos casos em que o nível d’água
não houver sido atingido, as profundidades de amostragem devem ser as seguintes:

a ) Amostras coletadas próximas aos tanques de combustíveis e de óleo lubrificante usado


ou contaminado  5 (cinco) metros;
b ) Amostras coletadas próximas às unidades de abastecimento, filtros, bocais de descarga
à distância, caixas separadoras de água e óleo, sumidouros de efluentes oleosos e área
de lavagem de veículos  2 (dois) metros.

Nunca enviar para o laboratório a amostra na qual foram realizadas as medições de gases
em campo.

A amostragem de solo no interior das cavas dos tanques deve ser realizada no momento
da sua remoção, conforme “Análise de fundo de cava”.

Os poços de monitoramento, a serem instalados quando o nível d’água for atingido,


devem atender as especificações contidas na ABNT NBR 13895, com exceção do tipo de
tubo de revestimento e de filtro, que deve ser, sempre, geomecânico. Os filtros devem
possuir 3 metros de extensão, sendo 2,0 metros inserido na zona saturada e 1,0 metro na
zona não saturada.

A granulometria do pré-filtro deve ser dimensionada em função do material geológico da


formação e do espaçamento das aberturas do filtro. Os filtros não devem ser envolvidos
em mantas geotêxteis. A extensão do pré-filtro deve ser ligeiramente maior do que a do
filtro, de forma a não permitir que o mesmo sofra interferência da camada selante, que
deve ser umedecida para propiciar uma vedação correta (bentonita granulada ou em
pelets), quando esta camada estiver posicionada total ou parcialmente na zona não
saturada.

Os poços de monitoramento devem ser desenvolvidos adequadamente, não somente por


bombeamento, mas também pela realização de movimentos que promovam a entrada e a
saída de água pela seção filtrante.

É recomendado que seja aguardado um período de 3 (três) a 5 (cinco) dias entre a


instalação do poço e a coleta das amostras de água, não sendo aceitável que o
desenvolvimento do poço substitua a purga.

O poço de inspeção, a ser instalado nos locais em que a primeira sondagem não atingir o
nível d’água, deve possuir 3 (três) metros de filtro e ser construído de acordo com a
ABNT NBR 13895, podendo, porém, ser revestido por tubo edutor geomecânico de no
mínimo 1 ¼ ” de diâmetro.

Após a instalação dos poços de monitoramento deve ser elaborado o mapa


potenciométrico local, para certificação de que todos os poços foram instalados a jusante
dos equipamentos.
No caso de alguns poços estarem a montante dos equipamentos (tanques, filtros, bocais de
descarga, unidades de abastecimento, entre outros) e não ter sido constatada contaminação
nas amostras de água neles coletadas, devem ser instalados poços adicionais a jusante dos
equipamentos, em número igual ao de poços que ficaram a montante.

A coleta de amostras de água subterrânea deve atender as especificações contidas no


Anexo III deste documento.

Devem ser produzidas amostras para controle de qualidade, a saber: branco de campo,
branco de lavagem de equipamento e amostra para controle da temperatura da caixa
utilizada para o transporte das amostras.

Registrar em cada frasco de amostra coletada a identificação do poço de monitoramento e


encaminhar para o laboratório as amostras de água subterrânea para as determinações de
BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) e PAH (hidrocarbonetos aromáticos
polinucleados). As amostras coletadas em áreas de troca de óleo e de armazenagem de
óleo lubrificante usado ou contaminado devem ser analisadas também para TPH
(hidrocarbonetos totais de petróleo). O laboratório deve ser informado de que a análise a
ser realizada deve possibilitar a quantificação dos hidrocarbonetos que compõem o óleo
lubrificante, o diesel e a gasolina.

Poços de captação de água subterrânea existentes na área do empreendimento também


devem ter amostras coletadas e enviadas para análise de BTEX e PAH.

O laboratório selecionado deve possuir procedimentos de controle de qualidade e utilizar


métodos de análise indicados pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA),
conforme apresentado na edição mais recente do Standard Methods for Water and
Wastewater Examination ou métodos estabelecidos por entidades certificadoras.
Observar, rigorosamente, os procedimentos de preservação das amostras de solo e de água
subterrânea, bem como os prazos para realização das análises.

A constatação da presença de produto (combustível ou óleo lubrificante) no solo ou na


água subterrânea deve ser registrada, sendo essa situação suficiente para que a área seja
declarada contaminada. Nesse caso, não há necessidade de se continuar a investigação
prevista neste documento, tampouco de se apresentar o Relatório Técnico de investigação
de passivos ambientais. Exige-se, entretanto, que o Órgão ambiental competente seja
comunicado do fato, por meio de uma declaração assinada pelo profissional responsável
pela investigação e pelo responsável pelo empreendimento.

Nesse caso, independentemente da manifestação do Órgão ambiental competente, o


responsável pela área deve realizar a investigação detalhada das plumas de fase livre,
dissolvida e retida no solo, bem como estudo de avaliação de risco, com o objetivo de
definir a forma de intervenção a ser adotada na área. Concomitantemente a essas ações,
devem ser adotadas medidas destinadas à eliminação da pluma de fase livre. O estudo de
intervenção detalhada a ser adotado na área objeto da remediação deve ser apresentado ao
Idema para análise e aprovação.

As sondagens eventualmente interrompidas e as não utilizadas para instalação de poço de


monitoramento devem ser totalmente preenchidas com calda de cimento ou bentonita
umedecida, evitando-se assim que os produtos eventualmente derramados na superfície
atinjam o subsolo.

Os poços de monitoramento instalados para a realização da investigação de passivos


ambientais devem ser selados com calda de cimento ou bentonita umedecida quando do
resultado dessa investigação não indicar a existência de contaminação. Essa desativação
deve ser efetuada somente após a emissão da licença ambiental solicitada.

6. Emissão do relatório

Deverá ser emitido relatório conciso, objetivo e conclusivo, contendo o nome legível, o
número do registro no respectivo conselho de classe e a assinatura de toda a equipe
técnica responsável por sua elaboração, bem como a indicação de qual parte do relatório
esteve sob a responsabilidade direta de cada técnico. Sugere-se, ainda, ao coordenador da
equipe rubricar todas as páginas do documento. O Relatório, a ser apresentado ao Órgão
ambiental competente em uma cópia impressa e uma em meio digital, deverá estar
acompanhado da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Os seguintes itens e informações deverão, obrigatoriamente, estar contidos no relatório:

 INTRODUÇÃO

 OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO REALIZADA

 DESCRIÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO

a) Identificação do Empreendimento;

- Razão Social;
- Endereço completo;
- CNPJ e Inscrição Estadual.

b) Localização do empreendimento, incluindo mapa georreferenciado (*) do seu


posicionamento frente à divisão político-administrativa, assinalando os seguintes
pontos relevantes:

- Estradas de rodagem/vias de acesso, redes de água e esgoto, energia elétrica,


linhas telefônicas;
- Áreas de interesse especial, enfatizando o relevo, a fauna e a flora;
- Drenagens principais, lagoas, etc.

(*) Planta de localização da área, com poligonal definidora dos limites do empreendimento
georreferenciada e coordenadas dos vértices no sistema de projeção UTM ou Geográfica. Em
ambos os casos, utilizar “datum” horizontal SAD-69. Os vértices da poligonal devem ser
determinados com precisão mínima de 10 metros.

As informações deverão ser entregues em meio impresso e em meio digital. Os arquivos em


meio digital deverão ser apresentados, preferencialmente, no formato shapefile (SHP).
Aceitam-se, também, os formatos DXF, DWG ou DGN, desde que obedecidas às seguintes
exigências:

 Elaborar os desenhos como “polyline”, sem processo algum de suavização (“spline”);


 Fechar os polígonos correspondentes às áreas definidas.

c) Objetivos e justificativas do empreendimento, destacando a sua importância no


contexto sócio-econômico da região e a escolha do local para sua implantação.

 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA INVESTIGAÇÃO


REALIZADA

Nome completo, endereço, CNPJ, nome do responsável legal, nome da pessoa de


contato e respectivo número do telefone, e-mail e outras informações consideradas
relevantes.

 DESCRIÇÃO TÉCNICA DO EMPREENDIMENTO E DOS MÉTODOS E


PROCEDIMENTOS ADOTADOS DURANTE A INVESTIGAÇÃO DO
PASSIVO AMBIENTAL

a ) Descrição das características da instalação e da operação do empreendimento,


tendo por base as informações obtidas na fase de coleta de dados básicos da área.
b ) Planta ou croqui do estabelecimento com a indicação dos pontos de sondagem e a
localização atual das edificações, dos equipamentos, das tubulações, dos drenos e
galerias subterrâneas. No caso de empreendimentos que passaram por reforma
recente (efetuada há 5 anos ou menos), indicar, também, a antiga posição dos
tanques e das unidades abastecedoras (bombas);
c ) Planta ou croqui da área do estabelecimento com a localização dos pontos de
amostragem de gases e as respectivas concentrações;
d ) Descrição do método de campo empregado na amostragem de gases do solo;
e ) Justificativa para a seleção dos pontos para execução das sondagens;
f ) Descrição dos procedimentos adotados na amostragem de solo e de água
subterrânea, especificando o equipamento empregado na sondagem, o material
utilizado na amostragem, o equipamento de medição de gases e o procedimento
adotado para sua calibração;
g ) Descrição do perfil de cada sondagem realizada, indicando a litologia observada, a
profundidade do nível d’água, a profundidade final da sondagem, as
concentrações de gases medidas e a profundidade correspondente à amostragem
de solo. Apresentar justificativa técnica para a eventual interrupção da sondagem
antes da profundidade requerida;
h ) Perfil construtivo dos poços de monitoramento ou do poço de inspeção, indicando
a cota dos primeiros, a qual deve ser determinada para o topo do tubo de
revestimento do poço;
i ) Mapa potenciométrico com a localização dos poços de monitoramento instalados
e com a representação das linhas de mesmo potencial hidráulico e do sentido de
escoamento da água subterrânea.
j ) Estudos de caracterização geológica do terreno onde se insere o empreendimento,
contemplando a análise de solo, considerando a sua permeabilidade e o potencial
de corrosão.
k ) Estudos de caracterização hidrogeológica, contemplando a definição do sentido de
fluxo das águas subterrâneas; identificação das áreas de recarga; localização de
poços de captação destinados ao abastecimento público registrados nos órgãos
competentes até a data da emissão do documento no raio de 100 m, considerando
as possíveis interferências das atividades com corpos d’água superficiais e
subterrâneos.
OBS.: Caso se constate a não existência de lençol freático na profundidade de no
mínimo 10 m, poderá o empreendedor substituir o estudo de definição do sentido
de fluxo das águas subterrâneas por um laudo ou parecer técnico assinado por
profissional competente e habilitado, acompanhado de devida Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART.

 PRINCIPAIS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO REALIZADA

Resultados das análises químicas, comparando-os com as concentrações referentes aos


valores orientadores de investigação estabelecidos pela Resolução CONAMA N.º
420/2009 e com as concentrações máximas permitidas indicadas no item III deste
procedimento.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apresentadas conforme as normas técnicas da ABNT vigentes.

 ANEXOS

a ) Anexo contendo as anomalias observadas durante a medição de gases no solo e os


registros de campo correspondentes às medições da concentração de gases do solo
e da temperatura ambiente;
b ) Anexo contendo o certificado da calibração do equipamento de medição de gases,
indicando a data de realização do procedimento e o nome do gás utilizado;
c ) Anexo contendo a ficha de recebimento de amostras (check-list) emitida pelo
laboratório no ato de recebimento das mesmas, a cadeia de custódia referente às
amostras e os laudos emitidos pelo laboratório. Os laudos devem estar assinados
pelo profissional responsável pelas análises, conter a identificação do local
investigado, a identificação do ponto de amostragem (solo ou poço), a data em que
a análise foi realizada e a indicação dos métodos analíticos adotados, dos fatores
de diluição, dos limites de quantificação, do branco de laboratório, do branco de
campo, do branco de equipamentos, da recuperação de traçadores (surrogate) e da
recuperação de amostra padrão;
d ) Documentação fotográfica;
e ) Documentação cartográfica;
f ) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) referente ao Estudo de Investigação
do Passivo Ambiental;
g ) Outros documentos considerados relevantes.

III. AÇÕES A SEREM ADOTADAS

Em função dos resultados observados na investigação de passivo ambiental, as seguintes


ações devem ser adotadas:

 Caso as concentrações de contaminantes na água subterrânea sejam inferiores aos valores


orientadores de investigação estabelecidos pela Resolução CONAMA N.º 420/2009 (1),
aplicáveis ao local, e inferiores aos valores de NABR para ingestão de água subterrânea
em ambiente residencial, fixados nas tabelas do ACBR (2), para os parâmetros que não
possuam valores orientadores de intervenção, a área pode ser considerada livre de
contaminação.
Nesses casos os poços devem ser totalmente preenchidos com calda de cimento ou
bentonita umedecida. A desativação deve ser efetuada após a concessão da licença
solicitada.

 Caso a investigação realizada tenha resultado na completa delimitação da pluma


dissolvida, considerando para o fechamento da pluma os valores orientadores de
intervenção (1) e os valores de NABR para ingestão de água subterrânea em ambiente
residencial, fixados nas tabelas do ACBR (2), para os parâmetros que não possuam valores
orientadores de intervenção, e indique que a mesma encontra-se restrita à área do
empreendimento, deve-se comparar a maior concentração observada na água subterrânea
com os valores de NABR, fixados nas tabelas do ACBR, estabelecidos para o cenário de
exposição via inalação em ambientes fechados residenciais.

a ) Caso as concentrações observadas na água subterrânea sejam inferiores ou iguais aos


valores de NABR considerados, a área deverá ser monitorada por um período de dois
anos, por meio de 4 (quatro) campanhas de monitoramento com periodicidade
semestral, a serem realizadas nos meses de maio/junho e novembro/dezembro. Caso
as concentrações, durante todo o período estabelecido, se mantenham estáveis ou em
decaimento o caso pode ser encerrado.

b ) Caso as concentrações observadas sejam superiores aos valores de NABR


considerados, deve ser realizada a investigação detalhada e a avaliação de risco
específica para a área.

 Caso a pluma dissolvida não tenha sido delimitada e/ou ultrapasse o limite da área do
empreendimento, considerando para o fechamento da pluma os valores orientadores de
intervenção (1) e os valores de NABR para ingestão de água subterrânea em ambiente
residencial, fixados nas tabelas do ACBR (2), para os parâmetros que não possuam valores
orientadores de intervenção, deve ser realizada a investigação detalhada.

 Nos casos em que seja constatada a presença de fase livre sobrenadante, deve ser efetuada
a recuperação do produto e, concomitantemente, realizada a investigação detalhada da
área, com a delimitação das plumas de fase livre, dissolvida e retida no solo.
 Caso as concentrações de contaminantes no solo sejam inferiores aos valores orientadores
de investigação estabelecidos pela Resolução CONAMA N.º 420/2009 (1), a área pode ser
considerada livre de contaminação, não se constituindo empecilho ao licenciamento. Para
os parâmetros que não possuam valores de intervenção estabelecidos, devem ser
utilizados os valores de NABR, estabelecidos no ACBR (2) como parâmetros de
referência, especificamente aqueles definidos para o cenário de exposição via inalação em
ambientes fechados residenciais.

 Caso as concentrações de contaminantes no solo sejam superiores aos valores de


investigação estabelecidos pela Resolução CONAMA N.º 420/2009 (1), ou superiores aos
valores de NABR estabelecidos no ACBR (2) para o cenário de exposição via inalação em
ambientes fechados residenciais para os parâmetros ausentes da lista de valores
orientadores de intervenção, deve ser realizada investigação detalhada da área visando a
sua remediação.

 Os valores de TPH devem ser comparados com os valores de intervenção para solo e
água, fixados em 1.000 mg/kg e 600 µg/L respectivamente.

(1) ResoluçãoCONAMA N.º 420/2009 - Dispõe sobre critérios e valores orientadores de


qualidade do solo quanto à presença de substânciasquímicas e estabelece diretrizes
para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em
decorrência de atividades antrópicas (será usado como referência);
(2) Ações Corretivas Baseadas em Risco (ACBR) Aplicadas a Áreas Contaminadas com Hidrocarbonetos
Derivados de Petróleo e Outros Combustíveis Líquidos (será usado como referência).
ANEXO I

TABELA 1

NÚMERO MÍNIMO DE AMOSTRAS DE SOLO E DE ÁGUA SUBTERRÂNEA


(SITUAÇÃO 1 – NÍVEL D’ÁGUA ATÉ 15m)

A1 A2 A3 A4
T1 3 4 5 6
T2 4 5 6 7
T3 5 6 7 8

A1 = estabelecimentos com área menor que 1.000 m2 (*)


A2 = estabelecimentos com área igual ou maior que 1.000 m2 e menor que 4.000 m2 (*)
A3 = estabelecimentos com área igual ou maior que 4.000 m2 e menor que 8.000 m2 (*)
A4 = estabelecimentos com área igual ou maior que 8.000 m2 (*)

T1 = estabelecimentos com até 4 tanques subterrâneos (**)


T2 = estabelecimentos com 5 a 9 tanques subterrâneos (**)
T3 = estabelecimentos com 10 ou mais tanques subterrâneos (**)

(*) A área a ser considerada deve ser a área total do terreno do empreendimento.

(**) Inclusive o(s) tanque(s) para armazenamento de óleo lubrificante usado ou contaminado

TABELA 2

NÚMERO MÍNIMO DE AMOSTRAS DE SOLO


(SITUAÇÃO 2 – NÍVEL D’ÁGUA ABAIXO DE 15m)

A1 A2 A3 A4
T1 4 6 8 10
T2 6 8 10 12
T3 8 10 12 14

A1 = estabelecimentos com área menor que 1.000 m2 (*)


A2 = estabelecimentos com área igual ou maior que 1.000 m2 e menor que 4.000 m2 (*)
A3 = estabelecimentos com área igual ou maior que 4.000 m2 e menor que 8.000 m2 (*)
A4 = estabelecimentos com área igual ou maior que 8.000 m2 (*)
T1 = estabelecimentos com até 4 tanques subterrâneos (**)
T2 = estabelecimentos com 5 a 9 tanques subterrâneos (**)
T3 = estabelecimentos com 10 ou mais tanques subterrâneos (**)

(*) A área a ser considerada deve ser a área total do terreno do empreendimento.

(**) Inclusive o(s) tanque(s) para armazenamento de óleo lubrificante usado ou contaminado

OBS.: A contagem dos tanques existentes no empreendimento é realizada levando-se em


consideração a quantidade de tanques desmobilizados/removidos, desde que o
local de instalação dos novos tanques seja diferente do local original do tanque
desmobilizado e/ou removidos. Também deve fazer parte da contagem a posição
dos tanques antigos, mesmo que não mais existente no local.
ANEXO II

PROCEDIMENTO PARA AVALIAÇÃO DE GASES DO SOLO

AÇÕES NECESSÁRIAS

O método proposto é constituído pelas seguintes tarefas, a serem executadas conforme a


seqüência indicada:

1. Estabelecimento da rede de pontos de medição

A área a ser considerada deve ser a área total do terreno do empreendimento.

Nessas áreas os pontos de medição de gases devem ser dispostos conforme uma malha
regular, quando possível, com espaçamento de no máximo 5 metros. Circunscrevendo essa
malha, deve ser implantada uma malha adicional com espaçamento de 10 metros, visando a
delimitação da pluma de gases. Sempre que forem observadas anomalias, a malha deve ser
adensada para melhor caracterização da pluma de gases.

Deve-se atentar para os riscos inerentes à realização de perfurações nessas áreas, sendo
desaconselhada a sua execução quando não se tiver certeza de que tubulações ou
equipamentos enterrados não serão atingidos.

Os pontos de medição devem ser locados a 1 metro de qualquer utilidade identificada durante
o reconhecimento da área, de forma a permitir uma perfuração segura, dada à incerteza
inerente ao processo de reconhecimento e à variabilidade das instalações.

2. Medição de gases no solo

A perfuração deve ser realizada por meio de métodos seguros e compatíveis com as condições
da área.

A medição dos gases no solo deve ser realizada por meio de um dos seguintes procedimentos:

 Sonda constituída de um tubo aberto de pequeno diâmetro (2,5 cm ou menos) e uma


mangueira de material plástico (nylon ou teflon). A sonda deve ser cravada a um metro
abaixo da superfície do terreno, sendo parcialmente retirada (aproximadamente 25 cm) ao
ser atingida essa profundidade, realizando-se a medição por meio de analisadores de gases
adaptados à mangueira.

 Perfuratriz com broca de 16 mm de diâmetro, sonda metálica de 10 mm de diâmetro, com


16 perfurações de 3 mm de diâmetro cada nos últimos 40 cm de sua extremidade inferior,
e mangueira de material plástico (nylon ou teflon). O piso e o solo subjacente devem ser
perfurados até a profundidade de 1 metro, devendo, imediatamente após a retirada da
perfuratriz, ser introduzida a sonda e realizada a medição por meio de analisadores de
gases adaptados à mangueira.
Os analisadores de gases devem ser mantidos, operados e calibrados de acordo com as
recomendações do fabricante, contidas no manual do equipamento. Antes de se efetuar cada
leitura deve ser verificada a leitura do zero do equipamento. Caso a medição seja diferente de
zero, a mangueira da sonda deve ser trocada.

Os gases do solo podem ser uma mistura dos compostos orgânicos contidos no sistema de
armazenamento subterrâneo de combustíveis com outros compostos de fontes não
relacionadas a combustíveis. O sulfeto de hidrogênio e o metano (oriundos de esgotos das
proximidades) são exemplos de compostos usualmente encontrados em trabalhos realizados
em áreas urbanas. A presença desses compostos pode determinar anomalias falso-positivas de
gases no solo.

Dessa forma, recomenda-se a eliminação do metano no momento das medições, quando o


equipamento empregado a permitir. Em relação ao sulfeto de hidrogênio, deve ser observada
a presença de rede de esgoto próxima aos locais onde os resultados da medição forem
elevados, reportando-se este fato no Relatório Técnico.

Ao final de cada medição de gases, os furos devem ser preenchidos com uma calda de
cimento ou bentonita umedecida, evitando-se que os produtos que eventualmente sejam
derramados atinjam o subsolo por meio desses furos.
ANEXO III

PROCEDIMENTOS PARA AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUBTERRÂNEA

1. Método Convencional

Purgar 3 volumes da água existente no interior do poço, com a finalidade de assegurar que
toda a água que porventura esteja estagnada no poço seja removida, possibilitando a coleta de
uma amostra representativa de água.

Esta purga deve ser realizada de forma uniforme e em vazões compatíveis com a capacidade
do poço em repor água. O objetivo é que este trabalho seja realizado sem causar grande
rebaixamento do nível de água no interior do poço, evitando o efeito cascata que pode ocorrer
na seção filtrante nesta situação e, conseqüentemente, a aeração das amostras e perda de
compostos orgânicos voláteis. Esta purga também deve ser feita de forma a evitar a criação de
fluxo turbulento na área de recarga do poço (pré-filtro), evitando o arraste de sedimento para
o seu interior. Dessa forma, equipamentos como bailer (coletor de amostras) e válvulas de pé
devem ser evitados nesse procedimento.

Desde que utilizado com o cuidado necessário, o bailer pode ser empregado na coleta de
amostras, devendo ser empregado um bailer distinto daquele eventualmente utilizado na
purga. As válvulas de pé não devem ser empregadas na amostragem.

2. Purga de Baixa Vazão (Micropurga)

Neste método procede-se uma purga controlada do poço, utilizando-se baixas vazões de
bombeamento, ligeiramente inferiores à capacidade de produção do poço, causando o mínimo
de rebaixamento possível. Durante esse procedimento, diversos parâmetros químicos
indicadores devem ser monitorados, com a finalidade de definir o momento da coleta da água
(água representativa da formação). Nesse procedimento deve ser utilizada necessariamente
uma célula de fluxo.

A purga é concluída quando se atinge a estabilidade hidrogeoquímica, que é avaliada pela


determinação sistemática dos seguintes parâmetros: temperatura, pH, condutividade
específica, EH, oxigênio dissolvido (OD) e turbidez. O quadro 1 apresenta os critérios de
estabilização definidos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos - USEPA.

Quadro 1 - Critérios de Estabilização (fonte: EPA, 2000)

Parâmetro Variação Permitida


Ph 0,1 unidades
Condutividade Elétrica 3%
Potencial oxi-redução (EH) 10mV
Turbidez 10% (quando a turbidez > 10 UTN)
Oxigênio Dissolvido 0,3 mg/L
Os parâmetros pH e temperatura são geralmente insensíveis para indicar o término da purga
pois tendem a estabilizar rapidamente, ou mesmo não sofrem alterações perceptíveis.

O rebaixamento da coluna d’água no poço durante a purga não deve ser limitado a um valor
arbitrário. O rebaixamento deve ser observado e registrado para cada poço da rede de poços
de monitoramento, sendo importante se alcançar a estabilização do nível d’água durante a
purga.

Finalmente, as amostras são coletadas para a determinação de parâmetros em laboratório. A


qualidade das amostras não deve ser alterada pelo frasco, transporte, temperatura e tempo
decorrido entre a coleta e a análise.

3. Purga mínima

Aplicável, especialmente, aos poços de monitoramento com baixa recarga.

Em algumas áreas, os poços de monitoramento são instalados em formações com


condutividade hidráulica muito baixa. Nesses poços, a aplicação dos procedimentos normais
de purga e amostragem levam ao completo esgotamento dos poços, inclusive na seção
filtrante.

Tal fato leva a um aumento significativo do gradiente hidráulico em volta do poço, alterando
o fluxo natural da água na formação e no pré-filtro, que passa a ser turbulento na região
imediatamente adjacente ao poço, podendo arrastar sedimentos para o interior do poço.

Durante a extração, contaminantes ligados à matriz sólida serão somados àqueles em fase
dissolvida, uma vez que as amostras não podem ser filtradas.

Os procedimentos recomendados para a amostragem de poços deste tipo variam muito, mas,
na a maioria dos casos, recomenda-se que seja feita a remoção de toda a água do poço durante
a purga, e então proceda-se à amostragem tão logo haja volume de água suficiente no poço,
uma vez que a purga de vários volumes nesses poços não pode ser efetuada em tempo
razoável devido à baixa recarga.

A secagem dos poços pode causar uma série de problemas na qualidade das amostras:

 O tempo necessário para a recuperação do volume de água necessária para a amostragem


pode ser muito elevado, afetando as características químicas das amostras por um tempo
de exposição prolongado da água às condições atmosféricas. Em muitos casos, o poço
pode não produzir volume de água suficiente em um período de tempo razoável;

 O esgotamento do poço pode causar um efeito de cascata na água que está adentrando no
poço, resultando na perda de gases dissolvidos, na mudança do estado de oxidação e na
alteração da concentração das substâncias de interesse, decorrente da oxidação de metais
dissolvidos e da perda de compostos orgânicos voláteis;
 A drenagem da água do pré-filtro localizado ao redor da seção filtrante pode resultar no
aprisionamento de ar nos espaços porosos, que poderia causar um ligeiro aumento na
concentração de oxigênio dissolvido e no estado de oxidação;

 Resulta na elevação da turbidez da amostra pela alteração do regime de fluxo da formação


e na suspensão de sólidos presentes no fundo do poço;

 Dependendo de onde é a entrada de água no aparelho utilizado na purga, ele pode não ser
capaz de remover toda a água do poço, resultando em uma mistura do volume
remanescente de água com a aquele que está entrando no poço durante a recuperação.

A purga do poço até o seu esgotamento pode resultar em uma alteração química significativa
da água que entra no poço durante a sua recuperação e que será coletada em seguida.

Desta forma, ainda que os procedimentos estabeleçam que deve ser efetuada a total remoção
de água nestes poços, os resultados obtidos com este procedimento são incertos. Algumas
agências reguladoras americanas sugerem que tal procedimento seja evitado devido aos
efeitos que podem causar na qualidade das amostras coletadas para a determinação de
parâmetros sensíveis.

4. Método de Amostragem de Purga Mínima

Nos casos em que mesmo utilizando-se uma purga com vazões baixas possa ocorrer o
secamento do poço, a água já existente na região da seção filtrante do poço representa a
melhor alternativa para se coletar uma amostra de água subterrânea representativa da
formação local. Nessas situações, o método de amostragem de purga mínima é a melhor
forma de coletar uma amostra desses poços sem causar distúrbios significativos na coluna de
água e sem causar um rebaixamento que possa alterar a característica das amostras coletadas.

A amostragem de Purga Mínima requer a remoção do menor volume possível de água,


previamente ao início da coleta. O volume a ser coletado geralmente é limitado ao volume do
sistema de amostragem (câmara da bomba e tubo de descarga por exemplo). Após a
eliminação deste volume de água, a amostragem é realizada, uma vez que se assume que a
água bombeada (existente no interior do poço na zona da seção filtrante) é representativa da
formação.

Neste procedimento de amostragem as vazões de bombeamento devem ser menores do que


100 mL/minuto. Devido ao fato de formações com baixa condutividade hidráulica não
produzirem água suficiente para atender a demanda mesmo quando o bombeamento ocorre
em baixas vazões, o rebaixamento do nível da água não pode ser evitado. Desta forma, com a
finalidade de avaliar a quantidade de água disponível para a amostragem, deve ser efetuado o
calculo do volume de água existente na seção filtrante acima da profundidade de captura do
equipamento utilizado. Somente este volume será coletado e a amostragem deve parar no
momento em que este nível seja atingido.

O método de amostragem por purga mínima, consiste na coleta de água existente somente na
seção filtrante, e deve evitar o esgotamento total do poço.

Você também pode gostar