O Lugar Do Patrimônio Industrial-Dezen-Kempter Eloisa
O Lugar Do Patrimônio Industrial-Dezen-Kempter Eloisa
O Lugar Do Patrimônio Industrial-Dezen-Kempter Eloisa
Campinas
2011
Revisão:
Maria Regina de Silos Nakamura
Capa:
Fábrica Brasital, Salto, SP. Montagem da autora sobre fotografia de vista aérea do complexo têxtil e parte da
cidade em 1949. Fonte: Museu da Cidade de Salto.
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou
eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Banca examinadora: Cristina Meneguello, Marly Rodrigues, Silvana Barbosa Rubino, Beatriz Mugayar
Kühl, Maria Cristina da Silva Schicchi
ii
À minha família, que incentivou, apostou, confiou,
induziu, encorajou, ajudou, opinou, esperou, dedicou,
acreditou, inspirou, estimulou e compreendeu esta minha
empreitada.
v
Agradecimentos
Este trabalho não teria sido realizado sem a ajuda inestimável de várias pessoas
e instituições que gostaria de agradecer, correndo o risco de ao nomeá-las
expor esquecimentos condenáveis pelos quais me desculpo antecipadamente.
À orientadora deste trabalho, Profa. Dra. Cristina Meneguello, pelo crédito
dado à perspectiva de abordagem adotada, por sua generosidade, confiança
e paciência, que, ao longo do percurso, depositou em minha pesquisa,
incentivando e estimulando os vários caminhos que esta tese tomou.
Às professoras Dra. Silvana Rubino e Dra. Regina Tirello, agradeço pelas valiosas
sugestões feitas no Exame de Qualificação, as quais foram fundamentais para o
enriquecimento deste trabalho.
Aos membros da banca de defesa.
Ao Arquivo Central do IPHAN - Seção Rio de Janeiro, especialmente
Hilário Pereira Filho, que muito gentilmente me atendeu fora do horário de
expediente, assim como Ivan Sardinha e Raquel Hilfred.
Ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.
Ao CONDEPHAAT.
À biblioteca da Pública Municipal Prf. Arthur Riedel, na Brasital de São Roque.
À regional do Maranhão do IPHAN.
Ao Museu da Cidade de Salto, em especial ao historiador Elton Frias.
Ao Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos.
Aos colegas da CPROJ-FEC; em especial, à Edilene Donadon e ao Tuco, que
me incentivaram de forma muito carinhosa e entenderam a necessidade de
minha ausência.
Aos funcionários da biblioteca do IFCH; em especial, à Regiane Alcântara.
Aos Amigos do TICCH, que, em vários encontros, contribuíram para ampliar a
discussão abordada nesta tese.
Ao Prof. Dieter Hassepflug, meu orientador da Bauhaus-Weimar, que tive a
oportunidade de reencontrar no Brasil, pelas sugestões, ideias e incentivo.
Aos meus alunos do CEUNSP, em Salto, e da UNIP, com os quais também
aprendi no avanço desta pesquisa.
Aos meus colegas da Unicamp, de Salto e da UNIP.
À Tuti, pela inestimável colaboração na organização deste trabalho.
Agradeço aos meus queridos irmãos Vânia e Xico, com quem sempre pude
contar, pela ajuda constante e calorosa torcida.
Em especial, agradeço ao meu pai Floriano, cujas palavras de incentivo
e valorização me deram energias para seguir sempre na busca do meu
desenvolvimento pessoal e intelectual; e à minha querida mãe Ofélia, grande
incentivadora dos meus projetos de vida.
Ao meu amado marido Hermann, minha eterna gratidão pelo seu
companheirismo e pela paciência com que acompanhou minhas angústias.
E aos meus pequenos Isabella, Carolin e Theo, que acompanharam muitas das
visitas às fábricas, correram por seus corredores, brincaram em seus salões e,
acima de tudo, agradeço por se esforçarem em entender por que a mãe deles
precisava estar ausente.
vii
Abstract
KEMPTER, E. D. The Place of Industrial Heritage. 2011. Thesis (Doctorate)
– Institute of Philosophy and Human Sciences, Campinas State University,
Campinas , 2011.
viii
Resumo
KEMPTER, E. D.. O Lugar do Patrimônio Industrial. 2011.Tese (Doutorado) –
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2011.
ix
Lista de Tabelas
Lista de Quadros
Lista de Mapas
x
Lista de Figuras
xi
Figura 58 Fábrica Fiat Lingotto, estado antes da reconversão. 96
Figura 59 A antiga fábrica Fiat Lingotto readequada. 96
Figura 60 Lingotto Bolla e Heliporto; (b) Acesso ao setor de exposição, shopping, universidade e hotel; (c) P{inacoteca Agnelli. 96
Figura 61 Lingotto Fiere. À direita, o escritório central da Fiat. 96
Figura 62 Ruinas de Detroit. Foto de Yves Marchand e Romain Meffre. 100
Figura 63 Moinho Central/Fluminense. Em primeiro plano os cilos. 101
Figura 64 Moinho Central/Fluminense. 101
Figura 65 Casa das Caldeiras. Projeto Kinotrem, parte da exposição Arte/Cidade 1997. 102
Figura 66 Casa das Caldeiras. 102
Figura 67 Casa das Caldeiras. Foto de Pedro Kok. Disponível 102
Figura 68 Complexo industrial da Mina Zollverien em Essen, Vale do Ruhr, Alemanha. 106
Figura 69 Gasômetro de Oberhausen, Vale do Ruhr, Alemanha. Este foi o maior depósito de gás da Europa. 106
Figura 70 Évora, Portugal. 111
Figura 71 Sprague Eletric Company, 111
Figura 72 Mass MoCA. 111
Figura 73 Complexo Siderúrgico de Völklingen. 112
Figura 74 Complexo Siderúrgico Völklingen - Vista das Fornalhas. 112
Figura 75 Complexo Siderúrgico Völklingen - elevador inclinado que acessa a plataforma de carregamento a 30 metros de altura, onde o 112
combustível e os minérios eram pulverizados para dentro das fornalhas.
Figura 76 Gasômetro, Oberhausen,Vale do Ruhr, Alemanha.Vista interna da exposição “Sternstunden – Wunder des Sonnensystems”, parte 113
do projeto de celebração do Vale do Ruhr como Capital Cultural da Europa em 2010.
Figura 77 Gasômetro, Oberhausen, Vale do Ruhr, Alemanha. Vista externa. 113
Figura 78 Conjunto Industrial KKKK, Registro, São Paulo. 114
Figura 79 Número de bens tombados por estado: (a) até 1967; (b) até 2009. Elaboração da autora com base em dados do IPHAN. 127
Figura 80 Praça Victor Civita, antigo incinerdor de lixo hospitalar.
Figura 81 Os 44 bens listados pela UNESCO, considerados Patrimônio Industrial pela APPI. 144
Figura 82 Cotonifício Cândido Ribeiro - Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Vista dos Fundos, Chaminé. 144
Figura 83 Cotonifício Cândido Ribeiro - Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Vista dos Fundos, divisa com a Fonte das Pedras. 144
Figura 84 Cotonifício Cândido Ribeiro - Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Vista da Fachada para a Rua das Crioulas, detalhe do painel de 144
azulejos.
Figura 85 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Detalhe Porta. 146
Figura 86 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Fachada. Detalhe: beiral 146
Figura 87 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Interior. Detalhe: estruturas metálicas. 146
Figura 88 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Interior. 147
Figura 89 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Detalhes do gradil de ferro da sacada (a), escada e guarda-corpo de ferro (b) e portão de ferro 148
da porta principal (c).
Figura 90 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Acesso ao pátio externo (a) e (b); escada de madeira (c) e (d); escada de ferro (e). 150
Figura 91 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Fachada lateral para a Rua da Inveja. 152
Figura 92 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Fachada lateral para a Rua do Mocambo. 152
Figura 93 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Fachada Frontal para a Rua das Crioulas. 152
Figura 94 ábrica de Tecidos Santa Amélia. Detalhe dos azulejos da Fachada Principal. 152
Figura 95 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Levantamento Gráfico. Implantação. 152
Figura 96 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Levantamento Gráfico: Fachada Rua das Crioulas (a); Fachada Rua do Mocambo (b); Corte 152
Transversal (c); Corte logintudinal sobre o corpo principal (d).
Figura 97 Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Levantamento Gráfico. Corte transversal sobre o corpo principal. 152
Figura 98 Fachada Fábrica de Vinho Tito e Silva, 1985. 153
Figura 99 Fachada da Fábrica restaurada. 153
Figura 100 Processamento do pedúnculo. 154
Figura 101 Tonéis e bombas de recalque, depósito de mosto. 154
Figura 102 Máquina de cortar caju, inventada pelo fundador da indústria. À esquerda prensa manual. 154
Figura 103 Detalhe da rotulagem. Funcionário coroando a tampinha. 154
Figura 104 Primeiro plano padiolas para o transporte de frutas. Segundo plano: toneis para acondicionar o mosto. 154
Figura 105 Vista do setor de rotulagem. 154
Figura 106 Fábrica de Vinho Tito e Silva. Bloco Principal, Saguão de acesso. 155
Figura 107 Detalhe do Balcão de recepção e venda 155
Figura 108 Máquina Rotuladeira 157
Figura 109 Máquina de arrolhar. 157
Figura 110 Máquina de lavar garrafas., rotativa, com capacidade de 2000 garrafas por hora 157
Figura 111 Máquina de engarrafar de 12 bicos. Marca Welba 157
Figura 112 Vista do setor de Embalagem e Rotulagem. 158
Figura 113 Vista dos tóneis para acondicionamento do mosto. 158
Figura 114 Local para o procesamento do pedúnculo 158
xii
Figura 115 Planta dos Pavimentos com a distribuição das diferentes funções espacialmente 158
Figura 116 Corte longitudinal da edificação. 158
Figura 117 Foto da Fachada Principal à época do estudo de tombamento. 158
Figura 118 Levantamento gráfico da fachada para a Rua da Areia 158
Figura 119 Brasital, Salto - SP. 161
Figura 120 Croquis de autoria de Paulo Sgarbi, indicando o primeiro edifício da Fábrica São Luiz. 164
Figura 121 Croquis indicando a tipologia e ritmo das envasaduras do primeiro edifício da Fábrica São Luiz. 164
Figura 122 Croquis indicando o segundo edifício da Fábrica São Luiz. 164
Figura 123 Croquis indicando a tipologia, ritmo e ornamentação das envasaduras do segundo edifício da Fábrica São Luiz. 164
Figura 124 Implantaçao da Fábrica na quadra. 166
Figura 125 Corte do Eixo Histórico da Cidade (Rua Paula Souza e Barão de Itaim.). Em destaque os edifícios tombados. 166
Figura 126 Primeiro prédio da Fábrica São Luiz. 168
Figura 127 Levantamento do maquinário existente na fábrica na época do estudo de tombamento. Fotos de Hugo Segawa. 173
Figura 128 Levantamento da Fachada da fábrica para a Rua Paula Souza. 174
Figura 129 Levantamento da Fachada da fábrica para a Praça D. Pedro I. 174
Figura 130 Fachada da fábrica para a Rua Paula Souza. 175
Figura 131 Vista da fábrica a partir da Praça D. Pedro I. 175
Figura 132 Janelas tipo. (a) Prédio de 1869; (b) Prédio de 1897. 175
Figura 133 Porta Principal da Fábrica, entrada do “Espaço Fábrica São Luiz”. 175
Figura 134 Imagens internas do segundo pavimento da Fábrica São Luiz. Note algumas máquinas remanescentes, e o estado precário do piso 176
de assoalho de madeira. Fotos: Paulo Ricardo Zemella Miguel.
Figura 135 Planta do Pav. Térreo da Fábrica São Luiz. Elaboração da autora sobre documentação do processo de tombamento da Fábrica. 176
Figura 136 Imagens internas do segundo pavimento da Fábrica São Luiz. Note algumas máquinas remanescentes, e o estado precário do piso 177
de assoalho de madeira. Fotos: Paulo Ricardo Zemella Miguel.
Figura 137 Planta do Pav. Superior da Fábrica São Luiz. Elaboração da autora sobre documentação do processo de tombamento da Fábrica. 177
Figura 138 Implantação da Fabrica Brasital São Roque na Gleba. 178
Figura 139 Em detalhe, Logo da Empresa 178
Figura 140 Reprodução da circular e questionário a ser distribuída aos vendedores de tecidos pelas agências de correios. 180
Figura 141 Fábrica em construção. Enrico Dell’Acqua está no grupo central de pessoas, à esquerda, sem chápeu 181
Figura 142 Vista panorâmica da Fábrica na década de 1940 do século XX. 182
Figura 143 Vista panorâmica da Fábrica na década de 1930. 183
Figura 144 Vista panorâmica da cidade de São Roque na década de 1940. Note-se ao fundo e à esquerda a chaminé da fábrica e a mata. 183
Figura 145 Vista panorâmica da cidade de São Roque no início do século XX. 184
Figura 146 Sistema de Vigas e colunas metálicas que sustentam a laje do andar superior. Hoje funciona no pavimento inferior a Biblioteca 184
Municipal de São Roque
Figura 147 Sistema de Vigas metálicas que sustentam a laje do andar superior. Hoje funciona no pavimento inferior a Biblioteca Municipal de 184
São Roque
Figura 148 Pavilhão Principal da Fábrica. Hoje funciona ali o salão de eventos 184
Figura 149 Detalhe das vigas e colunas metálias que sustentam a cobertura do Pavilhão principal. 184
Figura 150 Detalhe da Cobertura e Shed do Pavilhão Principal. 184
Figura 151 Fábrica Enrico Dell’Acqua em Buenos Aires, Argentina. Esquina entre a Calle Darwin e a Castillo. 186
Figura 152 Fábrica Enrico Dell’Acqua em Buenos Aires, Argentina. Esquina entre a Calle Loyolla e a via férrea 186
Figura 153 Fábrica Enrico Dell’Acqua em Buenos Aires, Argentina. Esquina entre a Calle Darwin e a Loyolla. 186
Figura 154 Fábrica Enrico Dell’Acqua em Buenos Aires, Argentina. Esquina entre a Calle Darwin e a Loyolla, ao fundo a linha férrea. 186
Figura 155 Detalhe do Acesso aos apartamentos. Fachada para a Calle Darwin. 186
Figura 156 Fábrica Enrico Dell’Acqua em Buenos Aires, Argentina. Esquina entre a Calle Loyolla e a linha férrea. Imagem do início do seeculo 186
XX.
Figura 157 Foto da Brasital ilustra o primeiro exemplar do Catálogo Turístico da Cidade, logo depois de sua aquisição pela prefeitura da 189
cidade.
Figura 158 Vista do Conjunto de Edificações a partir da Via Estrutural. 191
Figura 159 Exposição do calendário de atividades do Centro Cultural Brasital. 191
Figura 160 Worshops do calendário de atividades do Centro Cultural Brasital. 191
Figura 161 Panorama da Fachada Principal da primeira edificação da Empresa de Enrico Dell’Acqua. 191
Figura 162 Imagens internas do Pavilhão Principal, no segundo pavimento da Fábrica. (a)-(b) Grande Salão (c) Sala das turbinas. 192
Figura 163 Planta do Pav. Superior do Pavilhão Principal da Fábrica da Brasital em São Roque. 192
Figura 164 Imagens da Brinquedoteca (d); Corredor de União entre o edifício principal (primeiro prédio construído) e a ampliação) (e); Hall 192
de distribuição das salas de cursos e atividades (f).
Figura165 Cortes longitudinais da Fábrica. (a) Pavilhão original; (b) ampliação.. 193
Figura166 Planta do Pav. Térreo do Pavilhão Principal da Fábrica da Brasital em São Roque. 193
Figura167 Imagens do Bazar que comercializa os trabalhos dos alunos e voluntários. 193
Figura168 Imagens do Bazar que comercializa os trabalhos dos alunos e voluntários. 193
Figura169 Vista do Pátio de acesso à Biblioteca, hoje denominado Praça Enrico Dell’Acqua. 193
xiii
Figura170 Implantação da Fábrica Brasital na quadra urbana 194
Figura171 Fábrica Júpiter. 196
Figura172 Fábrica Júpiter 196
Figura173 Fábrica Fortuna. (1903) 198
Figura174 Fábricas Fortuna, e Júpiter vista a partir do Rio Tietê. 199
Figura175 Moradias Operárias da Fábrica Fortuna 199
Figura176 Praça da Igreja Matriz (1903). 199
Figura177 Construção do Novo prédio da Fiação, denominado pela população local como "Castelinho" (década de 1920). 200
Figura178 Obras de construção do canal da usina Porto Góes (1924). 200
Figura179 Teleférico que fazia a interligação de mercadorias e maquinários entre as fábricas de Papel e de Tecidos. 200
Figura180 Vista dos chalés e do Prédio da Fiação concluído. (1929). 201
Figura181 A presença do espaço público é somente o pano de fundo para as atividades fabris. 201
Figura182 Planta do pavimento térreo da nova fiação. 201
Figura183 Planta do 1. pavimento da nova fiação. 202
Figura184 Planta do 2. pavimento da nova fiação. 202
Figura185 Localização das Fábricas de Papel e Tecidos, e das quadras das moradias operárias 203
Figura186 Planta cadastral das quatro quadras denominadas “quintalão”. 203
Figura187 Moradia operária típica dos quintalões. 203
Figura188 Remanescentes das tubulações de água para acionamento da turbina geradora de energia. 204
Figura189 Esquema de funcionamento da casa das turbinas e dos equipamentos geradores de energia. 204
Figura190 Equipamentos da firma inglesa Matter Platte. 204
Figura191 Vista Panorâmica do conjunto da fábrica em sua cota mais baixa. 206
Figura192 Prédio das Passadeiras e Bancos da Jupiter e Fortuna. 208
Figura193 Prédio dos descaroçadores (1930). 208
Figura194 Prédio da Tecelagem. 208
Figura195 Prédio daTinturaria. 208
Figura196 Diagrama das Edificações que formam o conjunto da Brasital. 210
Figura197 Diagrama das Edificações que formam o conjunto da Brasital. 211
Figura198 Localização da Fábrica Nova América no bairro de Del Castilho. 212
Figura199 Vista Panorâmica da Fábrica e Fazenda Pau Grande (1911). 213
Figura 200 Panorama da Fábrica Cruzeiro no bairro de Andaraí (1911) 214
Figura 201 Planta indicando a localização da Fábrica Cruzeiro. 215
Figura 202 Fachada da Fábrica Bonfim (1921). 216
Figura 203 Entrada para a Fábrica Carioca. 216
Figura 204 Vista Geral das duas Fábricas da Carioca (1921) 216
Figura 205 Loteamento dos terrenos pertencentes à Fabrica Carioc 217
Figura 206 Fábrica Cruzeiro, prédio do almoxarifado. 218
Figura 207 Fábrica Mavilis. 218
Figura 208 Fábrica Cruzeiro. Desmonte e demolição na década de 1960. 218
Figura 209 Fábrica Cruzeiro. Desmonte e demolição na década de 1960. 218
Figura 210 Cia Nova América, acesso principal. 221
Figura 211 Cia Nova América, acesso principal. 221
Figura 212 Cia Nova América, Corredor denominado “Rua do Rio 222
Figura 213 Cia Nova América, Corredor denominado “Rua do Rio 222
Figura 214 Cia Nova América, Corredor denominado “Rua do Rio 222
Figura 215 Cia Nova América, “Rua do Rio”, Cartaz das atividades do carnaval 2010, 222
Figura 216 Cia Nova América, acesso lateral ao boulevard “Rua do Rio”, e também à Universidade. 223
Figura 217 Cia Nova América, acesso lateral ao boulevard “Rua do Rio”, e também à Universidade. 223
Figura 218 Cia Nova América, acesso secundário à Universidade Estácio de Sá. 224
Figura 219 Cia Nova América, fachada para o acesso viário principal. 224
Figura 220 Cia Nova América, detalhe das Janelas. 225
Figura 221 Cia Nova América, detalhes dos espaços internos. 225
Figura 222 Fazenda do Bangu. 227
Figura 223 Planta da Fábrica e Vila Bangu. 229
Figura 224 Planta dos ramais férreos de Bangu. 231
Figura 225 Em primeiro plano a Rua da Fábrica, que dava acesso ao portão principal da empresa. Saída para o almoço (1907). 232
Figura 226 Saída para o almoço na década de 1940 232
Figura 227 Vista da Fábrica no início do século XX. Em primeiro plano à direita, o primeiro conjunto de casas operários (“casinhas”) 232
Figura 228 Escola Rodrigues Alves (início do século XX). (a) Sala das meninas (b) Sala dos meninos. 233
Figura 229 Antigo Campo do Bangu Athletic Club nos jardins da fábrica. 234
xiv
Figura 230 Fábrica Bangu na Exposição Nacional de 1908 - Morro da Urca. Seção de Gravura. 235
Figura 231 Fábrica Bangu casa dos motores (1906). 235
Figura 232 Fábrica Bangu, sala de dobração (1906). 235
Figura 233 Fábrica Bangu, sala de estamparia (1906). 235
Figura 234 Fábrica Bangu, sala dos teares (1906). 235
Figura 235 Fábrica Bangu, oficina de gravura e tipografia (1906). 235
Figura 236 Pavilhões tombados. 237
Figura 237 Propaganda do Vestibular da UniSuam, que tem Campus dentro do Shopping Bangu. 238
Figura 238 Logomarca do Shopping aludindo ao caráter fabril do local. 238
Figura 239 Vistas da Fachada, e seus detalhes, da Fábrica Bangu junto à Rua da Feira. 238
Figura 240 Espaços internos mantém o caráter fabril do local. 239
Figura 241 Fachada para o antigo jardim interno da fábrica (Av. Santa Cruz 239
Figura 242 Corredor de acesso principal à Fábrica Bangu 239
Figura 243 Detalhes de elementos do corredor de acesso principal à Fábrica Bangu 239
Figura 244 Espaços internos do Shopping, onde observam-se as colunas metálicas, shed e cobertura da Fábrica Bangu. 240
Figura 245 Diferentes acessos ao Shopping. (a) antiga Travessa da Fábrica, (b) Rua da Feira e (c) Rua Santa Cruz. 240
Figura 246 Cobertura metálica como elemento conector das duas alas da antiga fábrica, acessado pelo corredor onde encontram-se a 240
Chaminé e a torre do relógio
Figura 247 (a) Logomarca evidencia os elementos tipológicos característicos da Fábrica Bangu (Chaminé, Torre do relógio e ritmo da 240
fenestração). (b) este logo é reproduzido em todo o mobiliário urbano, detalhes, entradas, propaganda do Shopping
Figura 248 Ícones da Fábrica Bangu (a) Torre do relógio e (b) Chaminé. 241
Figura 249 Fábrica Brasital em Salto, SP 243
Figura 250 Minerdora Zollverein 246
Figura 251 Minerdora Zollverein 246
Figura 252 Fábrica Brasital, Salto, SP, vista a partir da margem oposta do Rio Tietê. 248
Figura 253 Fábrica São Luiz, Itu, SP. 249
Figura 254 Fábrica Brasital, São Roque, SP. 249
Figura 255 Fábrica Bangu, Rio de Janeiro. 250
Figura 256 Fábrica Nova América, Rio de Janeiro. 251
Figura 257 Funcionárias da Brasital São Roque. 267
Figura 258 Fábrica Santana. Modelo de seqüência do processo produtivo de fiação e tecelagem. (1911) 268
Figura 259 Fábrica Mavilis. Seção de batedores. (1911). 270
Figura 260 Fábrica Mavilis. Máquinas cardadeiras vistas de costas, com o rolo de pasta de algodão. 270
Figura 261 Fábrica Mavilis. Máquina reunideiras. 271
Figura 262 Fábrica Mavilis. Seção das penteadeiras. (1911) 272
Figura 263 Distribuição, localização por estado e identificação dos bens tombados pelo IPHAN considerados patrimônio industrial no Brasil. 277
Figura 264 Distribuição dos bens tombados pelo IPHAN no Brasil, por estados. Em destaque os estados com maior acervo de bens culturais 279
tombados
xv
Sumário
Introdução 19
Anexos 267
Anexo I - Por dentro de uma fábrica de tecidos: do fio ao pano 269
Anexo II - Bens tombados pelo IPHAN 277
xvii
▲FIg. 1. moInHo FLumInEnsE, Bom rEtIro – são PauLo
Foto: Douglas Nascimento
Quem não sente ainda grande emoção ao passear por áreas industriais abandonadas,
fábricas desocupadas, ou portos onde gruas enferrujam, ou por estações desativadas?
Uma emoção estranha, uma vez que não está necessariamente relacionada,
como freqüentemente se acredita, à nostalgia de uma outra época. Nossa “boa”
consciência, por outro lado, nos coloca em estado de alerta: como podemos sentir
saudade de um tempo que nossos antepassados eram condenados a horas de
trabalho intensivo, em condições sanitárias difíceis? O silêncio desses territórios
abandonados, dessas construções desmoronadas, nos coloca, contudo, em um
estado de alucinação, uma vez que podemos ver os corpos, escutar vozes e gritos,
ter a sensação de uma atmosfera de vida comum que a literatura e o cinema nos
sugerem o tempo todo. Um estado visionário, retrospectivo, que nos incomoda [...]
(JEUDY, 2005, p.25)
18
Introdução
2
O Projeto denominado
Internationale Bauausstellung Esse projeto, seguindo a mesma diretriz implementada pelo
(Exposição Internacional IBA-Emscher Park2, tinha por objetivo incentivar novas ideias e projetos
de Construção), conhecido
por IBA-Emscher Park, foi nas áreas de desenvolvimento urbano, social, cultural e ecológico,
estabelecido na região do consideradas como setores básicos para impulsionar e direcionar as
Ruhrgebiet, no Estado da
Nordrhein-Westfalen, a partir mudanças em uma antiga região industrial em processo de transformação. 21
de 1989, com duração pré-
estabelecida e encerramento As indústrias, como elementos estruturantes dos territórios e da
fixo marcado para 1999. sociedade, formam um complexo sistema de colaborações entre atores
e atividades que imprime uma imagem única nas cidades. Devido a uma
▼Fig. 5. Fachada e detalhe da
E-Werk, Saarbrücken, Alemanha. nova dinâmica socioeconômica, a cidade, construída de modo efetivo e
Disponível em: <http://www.ewerk-
sb.de/index.php?nav=281>. Acesso
também simbólico, constitui um território onde novos atores e novas
em: 10 ago. 2009. atividades irão formalizar e imprimir outra natureza à configuração de
▼▼Fig. 6. Vista interna da Sala de
concertos da E-Werk, Saarbrücken, lugares existentes, e a presença de antigas instalações industriais acaba
Alemanha. Disponível em: transformando-se em espaços passíveis de novas interpretações e
<http://www.ewerk-sb.de/index.
php?nav=281>. Acesso em: 10 ago. interações, o que tem acontecido em regiões preteritamente industriais,
2009.
Introdução
▲▲Fig. 7. Símbolo da mudança estru-
tural: Zollverein em Essen, Patrimônio
da Humanidade. Foto: Thomas Willem-
sen, Zollverein Database.
▲Fig. 8. Área de intervenção do Proje-
to IBA-Emscher Park.
Disponível em: <http://4.bp.blogspot.
com>. Acesso em: 14 out. 2010.
◄ Fig. 9. Kokerei Hansa. Foto: Manfred
Vollmer. Disponível em: < http://www.
lwl.org/pressemitteilungen/daten/bil-
der/19220.jpg>. Acesso em 26 jan.
2011.
3
O Projeto 22@ visa
transformar 200 hectares de
solo industrial de Barcelona
em “[...] um inovador distrito
produtivo, dotado de
22 excelentes infra-estruturas, que
oferece mais de três milhões de
m2 de novos espaços no centro
da cidade para atividades
intensivas de conhecimento”,
como é o caso dos projetos 22@3, em Barcelona, e o IBA-Emscher Park, conforme discurso dos
planejadores catalães. Como
na Alemanha. plano urbanístico, o Projeto
22@ prevê a renovação de
Contudo a introdução de novos elementos construtivos somente Poblenou por meio de um
poderá ser considerada positiva se estiver associada à preservação novo modelo de cidade mista,
compacta e sustentável, que
da integridade do patrimônio existente, para não correr o risco de favoreça o desenvolvimento
romper laços de pertencimento e alterar a legibilidade do espaço. E, de talento e a coesão social.
E como estratégia econômica,
especificamente no caso de antigas áreas industriais e de residência transforma o principal pulmão
operária, deve-se levar em conta a possibilidade de uso e apropriação industrial da Catalunha em
social desses novos equipamentos por parte dos primeiros habitantes. importante polo científico,
tecnológico e cultural. Esse
Sobre o projeto 22@, Ester Limonad (2005) coloca que o projeto gerou uma série de
manifestações e indagações
desejo dos movimentos sociais populares de preservar áreas históricas sobre sua validade, como
como signo de um passado de lutas defronta-se com a intenção de podemos perceber na
posição de Horacio Capel:
renovação urbana dos planejadores, arquitetos e técnicos da prefeitura, “Otro aspecto que merece
somada à cobiça dos especuladores imobiliários. Considera ainda debate es el de la atención
al tejido industrial existente.
que os esforços de preservação do patrimônio histórico e cultural Se tiene la impresión de que
industrial catalão impulsionam os movimentos populares em razão das ha primado la conversión en
oficinas y viviendas, sin prestar
descaracterizações do conjunto existente operadas em nome de uma atención a las necesidades de
modernização e integração urbana, as quais constituem propostas da la diversificación del espacio, y
prefeitura de Barcelona no plano 22@. de la importancia de mantener
algunas actividades y talleres
As áreas industriais desativadas representam para os industriales en el barrio,
así como la localización de
empreendedores imobiliários, por sua dimensão e localização, espaços de equipamientos. A ello se une
O Lugar do Patrimônio Industrial
▲►Fig. 10. Can Gili Vell – Antiga oportunidades, cujo valor simbólico e arquitetônico pode simplesmente
fábrica de farinhas em Poble Nou,
Barcelona: (a) manifestação de uma ser desprezado.
resistência popular contra o projeto;
(b) estado da edificação antes de sua
reabilitação; (c) panorama futuro da As mudanças nas relações espaço-tempo estabelecidas com a
proposta de reabilitação do espaço
da fábrica para Lofts. Disponível em: contemporaneidade - destacando-se a velocidade das transformações
<http://www.flickr.com/photos/info_
poblenou/>. Acesso em: 4 set. 2010.
intrínsecas à revolução da informática e da economia, que permeia
todas as atividades humanas - podem restringir drasticamente o
tempo de maturação necessário para a salvaguarda do patrimônio da
la falta de sensibilidad por 23
el patrimonio histórico. En
industrialização e, em especial, para serem definidas as possibilidades de
especial, ha faltado un plan del intervenção. Não havendo essa presteza, todo o processo voltado à sua
patrimonio bien elaborado, y permanência física pode tornar-se ineficaz.
apoyado en criterios sólidos
y transparentes, que debería Tratando-se de medidas de proteção do patrimônio industrial, a
haber existido antes de
tomar decisiones de derribo exigência de maior agilidade em todo o processo encontra dificuldades
de edificios concretos. Los no que se refere à implantação e à implementação dos meios necessários
ciudadanos, y en particular
los del Poblenou, tuvieron para tanto, pois o tempo real de elaboração de inventários, de tramitação
confianza en el Ayuntamiento. dos instrumentos de proteção e de sua promulgação supera muitas
Sin duda se fueron inquietando vezes a destreza das operações especulativas do mercado imobiliário e
cada vez más por el crecimiento
de los precios de las viviendas da própria dinâmica urbana, criando contradições para todo o trajeto
y la falta de voluntad para de conservação da identidade e do caráter que a indústria imprimiu de
construir vivienda social, así
como por la tardanza en la maneira inconfundível em determinadas áreas, cidades e regiões.
llegada de equipamientos
prometidos. Y finalmente se O tempo de maturação das intervenções para valoração e
exaltaron al ver lo que ocurría reabilitação do patrimônio industrial é ainda muito mais extenso do
con Extractos Tánicos, un
edificio que fue derribado que o que se apresenta nos processos tecnológicos econômicos atuais.
por la propiedad un sábado, Para se ter ideia da dimensão desse processo, tomemos, por exemplo,
a pesar de las promesas que
había hecho el Ayuntamiento o tombamento estadual das fábricas Santa Adélia e São Martinho,
para conservarlo”. Ver: CAPEL, em Tatuí. O pedido de tombamento no Conselho de Defesa do
H. De nuevo el modelo Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo -
Barcelona y el debate sobre el
urbanismo barcelonés. In: Bibio CONDEPHAAT - é feito em abril de 1989, e, em 1994, o órgão decide
3W. Revista Bibliográfica de dividir o processo, especificando o caso de cada uma das fábricas. O
Geografía y Ciencias Sociales,
Univ. de Barcelona, 25 jan. 2006, conselheiro dá parecer favorável em setembro de 2006, e os bens são
vol. XI, nº 629. Sem paginação. inscritos no livro do Tombo Histórico em 12 de março de 2008. Entre
Disponível em: <http://
www.ub.es/geocrit/b3w-629. a abertura do processo e a inscrição no livro do tombo, decorreram
htm>. Acesso em: 4 set. 2010. quase dezenove anos.
Introdução
◄Fig. 11. Companhia de Fiação
Caso semelhante aconteceu com o tombamento da Fábrica São e Tecelagem São Martinho, Tatuí.
Luiz, em Itu, também no Estado de São Paulo. O pedido do tombamento Detalhe da Torre do Relógio.
Disponível em: <http://www.
data de 1969, ano em que a fábrica completa seu centenário. Dez anos panoramio.com/photo/1916410>
Acesso em: 20 jan. 2011.
depois, o processo é arquivado a pedido do arquiteto Carlos Lemos, ▲Fig. 12. Companhia de Fiação
e Tecelagem São Martinho, Tatuí.
diretor técnico do Serviço Técnico de Conservação e Restauro - STCR, Vista do Conjunto. Disponível em:
que alega o seguinte motivo:“[...] em face da política do CONDEPHAAT < h t t p : / / w w w. p a n o r a m i o. c o m /
photo/1916501>. Acesso em: 20 jan.
para as chamadas cidades históricas, estarem os tombamentos pontuais 2011.
e isolados fora de cogitação” (CONDEPHAAT, Processo nº 09888/1969,
24 p. 22). O pedido de reabertura do processo foi feito em 1982, data
de encerramento das atividades da fábrica, pelo diretor do Museu ▼Fig. 13. Companhia de Fiação e
Tecelagem São Martinho, Tatuí. Vista
Republicano de Itu, Jonas Soares de Souza, que temia pela vulnerabilidade da entrada principal. Disponível
em: <http://i1.trekearth.com/
do imóvel, sem atividade, frente a uma possível destruição. Entre o photos/37107/sao_mar tinho.jpg>.
Acesso em: 20 jan. 2011.
pedido inicial de tombamento da fábrica, seu encerramento, reabertura
▼▼Fig. 14. Companhia de Fiação
e, finalmente, sua inscrição no livro do tombo, em dezembro de 1983, e Tecelagem São Martinho, Tatuí.
Residências operárias. Disponível
decorreram quatorze anos. em:<http://static2.bareka.com/
photos/medium/1483690.jpg>.
Não obstante essa característica de morosidade inerente Acesso em 20 jan. 2011.
aos órgãos de defesa do patrimônio cultural brasileiro, sublinha-se a
importância que desempenham na sua construção e preservação,
apesar de a base da amostragem estar centrada em determinadas
épocas e limitada a elas (colonial, barroco etc.), e de o patrimônio
da industrialização, devido à sua complexidade, ainda causar certa
perplexidade a esses órgãos, como poderemos constatar na terceira
parte desta tese.
A análise da permanência de estruturas industriais centrada
somente na esfera patrimonial revelou-se uma redução de sua
importância. Essa redução vicia a compreensão do que seria tal
patrimônio, uma vez que os órgãos de defesa forçosamente trabalham
para a formação de uma amostra significativa de cada categoria
patrimonial, o que resulta em não poder cobrir o extenso repertório de
exemplares da arquitetura industrial presentes na maioria das cidades
brasileiras.
Assim,parece oportuna a avaliação da experiência de intervenções
urbanas em áreas preteritamente industriais ocorridas nos últimos vinte
O Lugar do Patrimônio Industrial
anos - para efeito deste trabalho, especificamente, nos estados do Rio
de Janeiro e de São Paulo -, apresentando um panorama que possibilite
visualizar quais seriam as posturas relacionadas à preservação do
patrimônio cultural arquitetônico da industrialização como parte ativa
e importante da cidade em sua totalidade, consideradas em sua forma
espontânea, sem a pressão exercida pelos órgãos de preservação.
Para abordar essas questões, a investigação buscou,
primeiramente, entender as transformações ocorridas no território a
partir do desenvolvimento industrial nas cidades onde se processou
a origem da indústria moderna brasileira e a expressão espacial desse
processo, tendo por foco a indústria têxtil, que, como veremos, foi
o setor industrial mais expressivo, deixando um legado construído
bastante significativo. Em atenção a esse recorte, foram analisadas as
reconstruções do território industrial com base em dois pontos de vista:
a sua salvaguarda patrimonial oficial e a sua preservação como ato de
reapropriação espacial.
Não é mérito desta tese discutir critérios teóricos de restauro.
Importa-nos discutir os impactos que a preservação das reminiscências
das estruturas produtivas - como herança cultural da indústria,
portadora de elementos simbólicos e identitários que foram expressão
de uma sociedade emergente e progressista - produzem no ambiente 25
construído.
Esta pesquisa está centrada em dois eixos. No primeiro eixo,
foi realizada a revisão bibliográfica, mediante a qual emergiram alguns
escritos que foram fundamentais para o desenvolvimento deste
trabalho. No que tange o desenvolvimento da indústria e sua dimensão
econômica, social e urbana, não poderiam deixar de ser revistos os
trabalhos de Warren Dean, Stanley Stein, Wilson Cano, Wilson Suzigan,
Flávio Versiani. Na área do patrimônio industrial e sua preservação, há
os clássicos trabalhos de Kenneth Hudson e Angus Buchanan, além dos
estudos de Cristina Meneguello, Phillip Gunn, Telma de Barros Correia,
Silvana Rubino, José Manuel Lopes Cordeiro, Marly Rodrigues, Beatriz
Kühl, Jorge Tartarini, Jaime Migone Rettig, Eusebi Casanelles, Ulpiano
Bezerra de Meneses, Rui Gama, Ademir Pereira dos Santos, somente
para citar alguns. Outra fonte de consulta importante foram os Anais
dos encontros do TICCIH4, tanto nacionais como internacionais, e as
dissertações e teses de Helena Saia, Gabriela Campagnol, Danielle
Couto Moreira, Manoela Rufinoni, Anicleide Zechini, Ludmila Pauleto,
4
TICCIH, The International
Cláudia dos Reis Cunha, Mary Helle Moda Balleiras, entre outras.
Committee for the O segundo eixo centra-se na consulta às fontes documentais
Conservation of Industrial
Heritage, criado em 1978, é dos inventários constantes dos processos de tombamento dos órgãos
vinculado à UNESCO e visa de proteção do patrimônio cultural nas esferas municipal, estadual e
à salvaguarda do patrimônio
industrial. O Comitê Brasileiro federal, assim como a consulta aos documentos das empresas, mantidos
de Preservação do Patrimônio hoje em arquivos privados, como os das fábricas Brasital, de Salto e de
Industrial é representação
oficial do TICCIH desde 1998. São Roque, que atualmente estão guardados no Centro de Memória
Introdução
da Fundação Bunge; e a documentos governamentais, como os da
Companhia América Fabril, mantidos pelo Arquivo Geral da Cidade do
Rio de Janeiro.
Para entender a lógica de reapropriação dos espaços ocupados
por atividades industriais e responder à questão central desta tese –
qual é o lugar do patrimônio industrial, com suas tipologias específicas
e caráter próprio, nas estratégias de produção do espaço urbano
contemporâneo - partimos de duas hipóteses:
Nos projetos e estratégias de reabilitação de áreas preteritamente
industriais, categorias como tipo e caráter das fábricas são propriedades
enfatizadas, a ponto de se transformarem em testemunhos eloquentes
para a valorização histórica, social e cultural de espaços industriais
abandonados e estigmatizados, decorrendo disso que a sua reintegração
à dinâmica urbana provoca desdobramentos na melhoria da qualidade
de vida e incremento dos aspectos econômicos da comunidade, que
antes dependia das atividades industriais.
Esses processos de reabilitação criam atratividade para áreas até
então degradadas, produzindo um progressivo desenvolvimento que
induz a uma nova interpretação do local e levando a um distanciamento
de seu passado, ligado a um momento histórico específico. Ao perder
26 sua importância econômica, os símbolos arquitetônicos mantidos não
são suficientes para narrar fatos que deveriam ser preservados no
processo de patrimonialização.
Com base nessas hipóteses, no estabelecimento do mapeamento
do território da tese, descrito a seguir, e na sistematização do campo de
pesquisa, o trabalho estrutura-se em quatro partes.
A primeira parte visa descrever o processo de industrialização
nascente no Brasil, no período definido pela história econômica como
primeira fase do desenvolvimento da atividade industrial (até o final
da década de 1920), evidenciando a organização urbana resultante
desse processo e, posteriormente, a reestruturação produtiva, que
impõe mudanças e rupturas em relação aos espaços onde a indústria
se concentrou.
A segunda parte avalia a transformação do paradigma urbano,
buscando identificar a mudança do significado do urbano frente
à transformação do ambiente construído, resultante do processo
de industrialização e, posteriormente, da globalização econômica,
intensificada pela crescente informatização de relações e comunicações,
a qual compromete a relação espaço-tempo, tornando incertos os
paradigmas vigentes de produção do espaço construído no que se
refere à arquitetura, ao urbanismo e à organização territorial.
A terceira parte procura apresentar os conceitos ligados à
problemática patrimonial, em especial, com relação ao patrimônio
da industrialização frente ao processo de renovação e requalificação
Introdução
da imagem da cidade. O segundo capítulo aborda as perspectivas que se
colocam para a cidade pós-fordista, buscando identificar novos símbolos
urbanos, cujo conteúdo sintetize o espaço no tempo. Estuda-se também
a relação entre novos paradigmas socioeconômicos e sua implicação na
relação espacial do tempo presente.
Na terceira parte, o primeiro capítulo parte da análise do papel
dos organismos de preservação na salvaguarda do patrimônio cultural,
congregando o papel histórico do IPHAN e a evolução do quadro de
bens tombados desde a sua fundação até os dias atuais. O segundo
capítulo aborda a indústria como campo do patrimônio cultural. Assim,
é apresentada uma perspectiva histórica da preservação do legado da
indústria. O terceiro capítulo volta-se a uma análise da valorização do
patrimônio industrial brasileiro sob a óptica dos organismos oficiais
de preservação por meio da análise do tombamento da Fábrica Santa
Amélia, no Maranhão, e da Fábrica de Vinho Tito e Silva, na Paraíba.
A quarta e última parte desenvolve-se em seis capítulos. O
primeiro trata da organização interna das fábricas têxteis, objetivando
destacar a importância do processo produtivo na definição física
do espaço industrial. Os cinco capítulos seguintes reinterpretam os
territórios industriais, analisando as características históricas e tipológicas
28
das fábricas selecionadas, tanto no sentido de preservação do edifício
como símbolo, quanto no tocante às potencialidades desses espaços
de oportunidade no processo de requalificação urbana das cidades.
Os relatos dos casos de reabilitação do patrimônio da industrialização
identificam tipologias de intervenção e formas de abordagem e avaliam
as novas políticas de atuação do poder público e da sociedade em
relação à proteção dos bens culturais da industrialização. Nesses
capítulos, são estudadas as fábricas América Fabril e Bangu, do Rio de
Janeiro, e de São Paulo, as fábricas Brasital (municípios de Salto e São
Roque), além da São Luiz.
Por fim, os elementos analisados no decurso desta investigação
levam a uma consideração final sobre as relações que se estabelecem
no atual estágio da sociedade entre a dinâmica espacial vigente e a
abordagem qualitativa na reabilitação do patrimônio arquitetônico da
industrialização.
Introdução
30
Introdução
Parte 1
A Dinâmica Industrial
Brasileira
34
Não difficultem com ameaças periódicas a sua marcha natural, e mantenham-lhe, como
é de justiça comesinha, as condições em que foi creada e tem evolvido até hoje, e esta
indústria nacional, tão nossa, attingirá, fatalmente, pelas condições especiaes da sua existencia,
importancia egual ou maior á de que se desvanecem e orgulha, com predilecção notoria,
nações essencialmente industriaes.
49
▲Mapa 3. Localizaç vão das fábricas O final do século XIX e o início do século XX constituíram um
no Estado do Rio de Janeiro em 1905.
Fonte: Ilustração da autora sobre Mapa período de transição na história do Brasil, marcado por transformações
de Divisão Municipal do Estado do Rio
de Janeiro. de ordem econômica, social, política e cultural, com repercussões no
espaço urbano, arquitetônico e habitacional das cidades.
No último quartel do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro,
antigo Distrito Federal, passou a ser o principal centro comercial e
financeiro do país, o que contribuiu para que a província do Rio de
Janeiro se transformasse em um importante centro de empreendimentos
industriais.
Porém o desenvolvimento da indústria de transformação local
só se tornou possível por meio da proteção em relação à concorrência
estrangeira, visto que o porto do Rio de Janeiro era o mais importante
centro de importação do país.
Suzigan (2000, p. 142) afirma que a substituição da Bahia pelo Rio
de Janeiro como principal centro da indústria manufatureira de algodão
pode ser atribuída aos efeitos da expansão do cultivo e exportação do
café, que se tornou predominante na área do Rio de Janeiro, no período
Capítulo 2 - A indústria têxtil no Rio de Janeiro
de 1840 a 1883.
As primeiras fábricas foram instaladas na cidade e província do
Rio de Janeiro a partir da década de 1840. A primeira foi a Andaraí
Pequeno, que operava com 900 fusos e produzia fios de algodão
para pavios de vela e tecidos grosseiros, de qualidade inferior. Ao ser
desmontada em 1865, sua maquinaria foi usada em outra fábrica, a Santa
Tereza, em Parati, que ainda estava em operação em 1882 segundo o
relatório da Comissão de Inquérito Industrial do mesmo ano.
A suspensão das taxas alfandegárias incidentes sobre máquinas
e matérias-primas, em 1846 e 1847, colaborou para o surgimento de
fábricas maiores. A primeira foi a Fábrica Hartley, “[...] que em 1852 foi
equipada com 76 teares e um máquina a vapor de 30 H.P.” (SUZIGAN,
2000, p. 141). De acordo com a Comissão de Inquérito Industrial de
1882, na década de 1850, ela já operava com uma pequena proporção
de seus teares e acumulava estoques, sendo fechada em seguida. A
segunda foi a Fábrica Santo Aleixo, no distrito de mesmo nome, em
Magé, que entra em funcionamento em 1849, equipada com cinquenta
teares, 2.012 fusos e 50 H.P. de energia hidráulica.
As primeiras fábricas têxteis de algodão se desenvolveram
como unidades industriais completas, situadas nas proximidades das
50 fontes de energia elétrica, integrando fiação, tecelagem e processo de
acabamento em um mesmo lugar. Esse foi o caso da Fábrica Santo
Aleixo, que começa sua construção em 1847, trabalhando nas obras
colonos oriundos da Alemanha e trabalhadores brasileiros. Na ocasião,
já haviam sido construídos canais e um açude de 500 braças (1.100
metros) para conduzir as águas do Rio Roncador, com a função de
mover as máquinas. Em 1850, um engenheiro provinciano afirma
que a fábrica já estava concluída e encontrava-se em funcionamento,
inicialmente em um prédio simples, porém de construção elegante,
com cinquenta teares, dos quais 22 estavam em funcionamento naquele
momento, fabricando diariamente entre 1.200 e 1.400 varas (1.320 e
1.540 metros) de tecido e empregando 116 trabalhadores de ambos os
sexos (STEIN, 1979, p. 54).
O relatório do presidente da Província do Rio de Janeiro13,
conselheiro Luiz Antonio Barboza, indica que, em 1855, a Fábrica Santo
Aleixo funcionava
[...] com uma roda de ferro de 115 palmos de diametro e 16
de bocca, tocada por agua, fazendo mover simultaneamente, ou
conforme as necessidades, 2 moinhos onde se prepara farinha
para sustento dos operarios; uma serra circular; 1 engenho de
descaroçar algodão; duas machinas de o limpar; 16 cardas; 4
spuders; 4 puchadores; 2 tornos; 2012 fusos; 6 machinas de fazer 13
Relatório apresentado ao vice-
novellos; 50 theares (trabalhando actualmente 28); 4 machinas presidente da província do Rio
de urdir e uma de desdobrar. Empregam-se constantemente de Janeiro, Sr. Dr. Joé Ricardo
nesta fabrica de 125 a 150 operários livres de ambos os de Sá Rego, pelo presidente, o
sexos, e pela maior parte mulheres e menores. Consome por conselheiro Luiz Antonio Barboza.
mez, approximadamente, 30.000 libras de algodão [...]. Estes Por ocasião de passar-lhe a
productos consistem em pavios para vellas, barbante para administração da mesma província.
costuras, panos grosso de diversas larguras para vestuario 1855. Disponível em: <http://brazil.
de trabalhadores, saccaria, etc, que no mercado encontram cr l.edu/bsd/bsd/u831/000049.
vantajosa extracção (p. 47). html>. Acesso em: 12 set. 2010.
mais importante centro industrial, com a mais diversificada estrutura ▼Fig. 26. Fábrica Santo Aleixo, Chalé
do proprietário. Fonte: Kidder, D. P.;
produtiva (NEGRI, 1996, p. 24). Fletcher, J. C (1857, p. 276).
O Lugar do Patrimônio Industrial
Tabela 4 - Fábricas de Fiação e Tecelagem de algodão em 1905
FORÇA MOTRIZ (HP) PRODUÇÃO
OPERÁ-
LOCAL FUND. NOME FUSOS TEARES ANUAL EM
VAPOR HIDR. RIOS METROS
Jd. Botânico 1889 Fábrica Corcovado 18.000 806 1.406 -- 786 10.000.000
Jd. Botânico 1884 Fábrica Carioca 32.000 1.067 1.243 -- 1.163 14.000.000
Villa Isabel 1885 Fábrica Confiança Industrial 37.800 1.500 1.650 -- 1.280 17.000.000
1875, Fábrica Cruzeiro, Bomfim e Pau
Andarahy Grande 1890, 27.670 1.100 800 250 1.320 10.000.000
Grande (Cia. América Fabril)
1878
São Cristovão 1900 Fábrica Santa Maria (1) 64 150 -- 150 600.000
Fábrica de Fiação e Tecelagem
Bangú 1889 Bangú (Cia Progresso Industrial 37.340 1.247 1.900 -- 1.600 11.000.000
do Brasil)
Fabrica de Tecidos de Linho
Sapopemba 1906 e Algodão (Cia. Nacional de (1) 240 350 -- 280 --
Tecidos de Linho) (2)
Industrial Campista (Santos,
Campos 1884 2.800 92 160 -- 250 800.000
Moreira & Cia.)
Niterói 1893 Fabrica Manufactora Fluminense 12.840 318 500 -- 1.050 7.800.000
Niterói 1893 Fábrica São Joaquim 8.000 230 500 -- 400 1.000.000
Paracambi 1871 Fábrica Brasil Industrial 31.884 958 -- 1.500 1.050 12.000.000
Fábrica de Fiação e Tecidos
Magé 1891 6.568 160 400 -- 450 2.800.000
Mageense
53
Andorinhas (S. Fáb.de Fiação e Tecidos
1890 7.208 270 -- 450 460 3.000.000
Aleixo-Magé) Andorinhas
Fáb. de Tecidos S. Pedro de
Petrópolis 1874 4.620 164 200 50 290 1.850.000
Alcantara
Fáb. de Fiação e Tecidos Dona
Petrópolis 1892 3.200 108 140 -- 200 2.000.000
Izabel
Fáb. de Fiação e Tecidos
Petrópolis 1874 26.500 1.000 -- 1.380 1.104 8.000.000
Petropoliana
Fábrica de Fiação e Tecidos
Petrópolis -- 8.740 386 300 300 450 4.550.000
Cometa
Fáb. de Fiação e Tecidos Santo
S. Aleixo (Magé) 1849 3.200 140 -- 150 320 1.200.000
Aleixo
TOTAL 324.760 11.186 11.669 4.080 14.240 120.199.908
Obs.: (1) não tem fiação; (2) em liquidação forçada. Fonte: Cunha Vasco (1905, p. 14).
A alienação patrimonial de terras de propriedade da Companhia ▲ Fig. 27. Vista aérea parcial do bairro
de Bangu, com a Companhia Progresso
Progresso Industrial, ocorrida a partir da década de 1930, fez surgir o Industrial do Brasil (Fábrica Bangu),
1957. Fonte: Oliveira (2006).
bairro Bangu. Oliveira (2006, s. p.) relata que “[...] a própria empresa
criaria, no início da década de 1930, um Departamento Territorial, que
elaboraria projetos de loteamentos e promoveria a venda dos terrenos
aos arrendatários através de pagamento a prazo”. Os operários da
fábrica tinham as prestações dos terrenos descontadas diretamente
dos seus salários. Entre 1936 e 1948, foram aprovados 61 projetos de
loteamentos.
Na década de 1960, a área da empresa ainda não loteada
foi vendida para a Companhia Estadual de Habitação (CEHAB), que
empreendeu a construção de alguns conjuntos habitacionais em Bangu,
como Vila Aliança (1962),Vila Kennedy (1964) e D. Jaime Câmara (1968),
totalizando 14.237 novas unidades habitacionais para a região.
A fábrica encerra suas atividades em fevereiro de 2004, e o
complexo fabril é transformado no Shopping Bangu18.
Outras tipologias que se destacaram no Rio de Janeiro foram
fábricas que acabaram transformando-se em grandes conglomerados,
como é o caso da América Fabril, cuja gênese foi a criação da Companhia
de Tecidos Pau Grande em Raiz da Serra, região serrana do Estado do 18
Este trabalho analisa as
Rio de Janeiro. A fábrica - idealizada por engenheiros ingleses sob as características tipológicas e a
reabilitação do espaço da Fábrica
ordens de empresários brasileiros - foi implantada em uma localidade Bangu no Capítulo 16, Parte 4.
59
Tabela 6 - Número de Fábricas de Tecido na capital e interior de São Paulo entre 1875-1930
Ano Capital Interior
1875-1881 1 6
1910 8 16
1911 9 23
1925 30 34
1930 58 61
Fonte: CARONE (2001, p. 96).
Salto de Itu 1882 Fábrica de F. e T. Monte Serrat 2.800 133 120 -- 175 1.350.000
São Roque 1879 Fábrica São Roque -- 250 -- 150 400 (1)
São Paulo 1897 Fábrica de F. e T. Móoca 6.000 200 300 (2) -- 500 --
São Paulo 1877 Fábrica da Companhia Industrial -- 210 300 (2) -- 400 3.500.000
constituída por um contingente de 10.256 operários, dos quais 9.514 ▲Fig. 36. Escola de Meninas, Vila Maria
Zélia, fachada, estado atual. Disponível
eram mulheres. em: <http://farm4.static.flickr.
com/3560/3772825490_edef82a465.
jpg>. Acesso em 06.fev.2011.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a indústria têxtil brasileira
começa a apresentar sinais de obsoletismo, em especial, com relação ao
maquinário, o que, considerada a proibição de importação na década de
1930, tornou impossível tirar vantagem de qualquer avanço tecnológico
de origem estrangeira.
Além disso, a partir da metade dos anos 1950, a indústria
brasileira entra em um processo acelerado de desenvolvimento,
investindo em setores mais dinâmicos e não tradicionais, como a
indústria automobilística.
O movimento de estímulo ao transporte rodoviário pelos
governos estadual e federal na década de 1940 favoreceu a construção,
em 1947, da Rodovia Anchieta, ligando São Paulo - o principal mercado
O Lugar do Patrimônio Industrial
22
A General Motors já operava consumidor do país - ao porto de Santos - o principal porto do Brasil.
em São Caetano do Sul desde
1927. Seguiram-se a Varam A rodovia, assim como a ferrovia 80 anos antes, além dos incentivos
Motores; depois a Volkswagen fiscais, foi decisiva para a instalação de várias indústrias ao longo do seu
Caminhões, em 1948; a Brás percurso, particularmente as montadoras de automóveis22.
Motor (montadora dos Fuscas),
em 1951; a Willys Overland, O setor têxtil também foi afetado pelo desenvolvimento industrial
em 1953 e a Mercedes Benz,
em 1956. Ver: MARICATO, E. sistêmico da época e começou a passar por grandes transformações.
A proletarização do espaço A partir de 1970, incentivos fiscais e financeiros governamentais
sob a grande indústria São
Paulo: o caso de São Bernardo possibilitaram a modernização e a ampliação da indústria têxtil com o
do Campo na Região objetivo, sobretudo, de aumentar as exportações brasileiras de produtos
Metropolitana de São Paulo.
1977. Dissertação (Mestrado têxteis.
em Arquitetura e Urbanismo)
- FAU Universidade de São Contudo a abertura do mercado interno aos fornecedores
Paulo, 1977, trabalho citado externos iniciada em 1990, a eliminação de entraves burocráticos às
por Sakata (2006).
importações e a redução das tarifas aduaneiras conduziram à regressão
23
Singer (1968, p. 53) alerta das exportações e, consequentemente, a uma grande competição com
que a política industrial per os produtos importados, de melhor qualidade e mais baratos, o que
se privilegia a maior eficiência
produtiva e competitividade acabou induzindo ao fechamento de muitas empresas e obrigando
entre as firmas, o que tenderia aquelas que sobreviveram a investir fortemente na sua modernização.
a reforçar as localidades
com maiores externalidades Essa modernização e a redução de custos de produção estavam
positivas, que era o caso
da capital. Externalidades alinhadas a outro movimento importante ocorrido anteriormente - a
positivas é um conceito desconcentração industrial do núcleo da metrópole, em função das
elaborado no começo do
século XX pelo economista deseconomias de aglomeração23 na capital em direção ao interior e 69
Alfred Marshall, o qual aos municípios vizinhos, particularmente Santo André e São Bernardo,
expressa que, se o progresso o que levou a maioria das indústrias da Mooca, Belenzinho, Pari e Brás a
tecnológico é internalizado
por um determinado número abandonarem suas plantas industriais, deixando um legado construído à
de empresas, a concentração mercê da especulação do setor imobiliário.
espacial favorece uma rápida
difusão desse conhecimento O perfil industrial da cidade se molda a uma nova dinâmica pós-
para a região como um todo.
Contudo as economias de industrial, e os signos identitários impressos nos vestígios das edificações
aglomeração se transformaram, industriais funcionam como códigos a serem decifrados sobre essa
com a saturação das
instalações industriais, em singularidade cultural e social promovida durante décadas pela indústria.
problemas como: degradação
ambiental, encarecimento da
mão-de-obra, precariedade
do sistema de transportes de
massas e sobreutilização dos
sistemas de transportes de
bens, elevação do custo do
solo para fins residenciais e,
consequentemente, aluguéis
dispendiosos. Tudo isso
elevava o valor da produção
e da força de trabalho da
capital em comparação com
as cidades menores, que
não apresentavam ainda tais
problemas.
74
88
33
Segundo Moisés (1997, p. Na reflexão sobre a noção de patrimônio cultural, e mais
119), essa expressão latina especificamente sobre a noção de patrimônio industrial, torna-se
designava, no teatro grego, a
técnica artifical de precipitar o necessário questionar as ideias e ideais contemporâneos de urbanidade
desenlaçe das tragédias com o e cultura e a pertinência do projeto de patrimonialização – conservar
aparecimento súbito de uma 89
divindade em cena, por meio sítios, preservar sua autenticidade para as gerações futuras – diante de
de um mecanismo que a fazia um objeto que se transforma constantemente, e cujos valores culturais
descer do teto, a elevava do
solo ou lhe permitia executar mudam de acordo com as épocas.
movimentos no ar, como se
voasse. Aristóteles, em seu Nosso ponto de partida é evidenciar que a intensidade do
tratado Poética, censurou processo de urbanização produzido pela era da máquina transportou
expressamente autores que para as cidades, na proporção direta da sua dimensão e aceleração, a
recorriam com frequência ao
Deus ex machina no desenlace aglomeração de vantagens e oportunidades, mas também os principais
de suas tramas, advertindo problemas de polarização - exclusão social, dano ambiental, o aparente
que “[...] ao Deus ex machina,
não se deve recorrer senão caos citado por Bernard Secchi -, criando uma paisagem singular, repleta
em acontecimentos que se de novos signos a partir da fábrica, a que, como um Deus ex machina33,
dão fora do drama, ou nos
do passado, anteriores aos era dado o poder de resolver o conflito em cena, pelo seu domínio ou
que se desenrolam em cena, seu discurso de persuasão.
ou nos que ao homem é
vedado conhecer, ou nos No Brasil, aqueles que vivenciaram a cidade de São Paulo em sua
futuros que necessitam ser
preditos ou pronunciados, pois fase de concentração industrial - que estruturou a região metropolitana,
que aos deuses atribuímos tornando-a o polo econômico do país, com suas chaminés, a poluição,
nós o poder de tudo verem” a velocidade expressa na imagem da “São Paulo que não pode parar” -
(ARISTÓTELES apud MOISÉS,
1997, p.119). O conceito de dificilmente conseguem dissociar essa construção imagética dos novos
Deus ex machina degenerou- conteúdos e formas que brotam na metrópole financeira em sua fase
se nas tragédias e comédias
clássicas, transformando-se, atual: o conteúdo muda, mas a forma se transmite de maneira quase
na Renascença, em linguagem imutável.
alegórica ou simples ornato,
vazio de conteúdo. O sentido O lugar industrial, hoje, remete, ou contém elementos que
que buscamos empregar aqui é
o emprestado pela visão grega remetem, a algo externo a ele: valores, ideais, imaginários. A imagem
do mundo, da divindade a urbana, construída na fase de crescimento das cidades em razão da
quem é dado o poder de tudo
resolver. industrialização, no final do século XVIII e início do XIX, ainda permanece
Capítulo 6 - em busca de uma nova imagem urbana
Porém como fica, nessa relação, a classe trabalhadora? ◄Fig. 58. Fábrica Fiat Lingotto, estado
antes da reconversão. Fonte: Revista
A autora coloca claramente que a colaboração da empresa e do Domus, n.676, set.86, p. 201.
governo sempre foi a favor dos grupos mais ricos, e que nem a cidade ▲Fig. 59. A antiga fábrica Fiat Lingotto
readequada. Disponível em: <http://
nem a Fiat haviam pensado, mesmo que remotamente, em introduzir upload.wikimedia.or g/wikipedia/
commons/f/f1/Lingotto.JPG>. Acesso
melhorias para a população fabril, forçada a chegar à fábrica do jeito que em: 27 set. 2010.
fosse possível.
Esse modelo foi repetido em várias cidades mundo afora, e,
não obstante as questões econômicas e as estratégias de valorização
envolvidas no processo de reabilitação de antigas áreas industriais
desocupadas, de grandes dimensões e visivelmente degradadas, no intuito
de transformá-las em centros comerciais cenográficos e esteticamente
agradáveis, algumas questões têm sido deixadas para trás. Em primeiro
96 lugar, é necessário apontar que parte desses edifícios e sítios industriais ▼Fig. 60. (a) Lingotto Bolla e Heliporto;
(b) Acesso ao setor de exposição,
deve ser considerada patrimônio cultural, em função dos processos shopping, universidade e hotel; (c)
produtivos e dos valores estéticos da produção industrial que merecem P{inacoteca Agnelli. Disponível em:
<http://flic.kr/p/3RF3eQ>. Acesso em:
ser registrados e fazer parte da memória daquele espaço; e, em segundo 27 set. 2010.
lugar, deve-se considerar que o processo de sua conservação e posterior ▼▼Fig. 61. Lingotto Fiere. À direita,
o escritório central da Fiat. Disponível
reabilitação implica reconhecer o papel da comunidade que deu vida e em: <http://en.wikipedia.org/wiki/
File:Lingotto-2.jpg>. Acesso em: 27 set.
operacionalizou tal espaço. 2010.
O Lugar do Patrimônio Industrial
O que podemos concluir com esse exemplo é que, nos projetos
de reabilitação de áreas industriais e, de modo geral, na composição
dessa nova cidade contemporânea, não tem restado muito além de
uma vaga referência à sua função anterior, com a conservação de um ou
outro edifício, ou até mesmo somente de elementos simbólicos, como
a casa das caldeiras e a chaminé das Indústrias Matarazzo, na Avenida
Água Branca, mantidos em nome da memória coletiva.
Pois é justamente nesse ambiente especulativo que o fim da
Modernidade, como também o foi para a cidade antiga, transforma-
se em um território de obsolescência e desativação, transformação e
reutilização.
Secchi (2006, p. 91) afirma que essa sucessão de mescla,
diversificação e obsolescência na cidade destrói valores posicionais e
continuamente propõe novos problemas culturais, quer digam respeito
aos graus de tolerância, compatibilidade e incompatibilidade em relação
ao outro, a suas práticas, a seus usos e atividades, aos ruídos e aos
odores, quer refiram-se às temporalidades sobrepostas e entrecruzadas.
O resultado dessa transformação espacial é a mescla de
linguagens arquitetônicas, culturas, figuras sociais, materiais urbanos e
formas espaciais pertencentes a diversos períodos históricos, mescla que
constitui a cidade contemporânea e que, para Secchi (2006), forma uma 97
estrutura que nega o tempo linear, no qual é evidente o anacronismo, a
“[...] violência do curso do tempo, de sua sucessão cronológica” (p. 90).
Nesse contexto, a cidade contemporânea configura-se cada vez
mais como uma estrutura composta de cidades reconhecíveis pela sua
história na sucessão de explosões dos limites herdados desde o período
industrial até o mais recente.
Essa estrutura é considerada por autores como Ascher (2004)
como a base de uma terceira revolução40, ou terceira modernização.
Nela, assim como nas anteriores, operam-se mudanças profundas na
forma de pensar, produzir e gerir os territórios e as cidades.
A terceira modernização refere-se, assim, à sobrecarga das ordens
antropológicas do humano pela intensificação dos regimes de tempo
e espaço na contemporaneidade, traduzido por Augé (2004) como
sobremodernidade. Para o autor, a sobremodernidade é caracterizada
pela perda do lugar antropológico por meio de três figuras de excesso:
o excesso de signos na superabundância de acontecimentos, o excesso
de espaço na aceleração do tempo e o excesso de individualismo na
individualização das referências (AUGÉ, 2004, p. 48).
Segundo Augé (2004, p. 24), um lugar pode definir-se como local
de identidade, espaço relacional e histórico; um espaço que não se pode
40
No entendimento de Ascher
(2004), a primeira revolução definir como espaço de identidade, nem como relacional nem como
é aquela que se opera no histórico, definirá um “não lugar”. Essa análise focaliza-se na concepção
Renascimento, e a segunda é a
Revolução Industrial. de que uma cidade não pode ser considerada unicamente como um
103
▲Fig. 69. Gasômetro de Oberhausen, Vale do Ruhr, Alemanha. Este foi o maior depósito de gás da Europa. Foto: Karola Kohler. Disponível em: <http://
www.dlr.de/rd/Portaldata/1/Resources/portal_news/newsarchiv2007/gasometer_380.jpg>. Acesso em 22 mar. 2010.
◄Fig. 68. (página 105) Complexo industrial da Mina Zollverien em Essen,Vale do Ruhr, Alemanha. Disponível em: <http://cdn.fotocommunity.com/Essen/
Zollverein/Kokerei-Zollverein-Weltkulturerbe-a19672660.jpg >. Acesso em 19 fev. 2011.
destradicionalização da imagem da cidade, em que sua dimensão
temporal, nomeadamente os seus recursos patrimoniais, históricos
e monumentais, tende a ser usada como elemento estratégico da
promoção do local. Esses recursos são voltados ao entretenimento do
turista e, em razão disso, sofrem um processo de releitura, na qual a
tradição assume um novo código. Uma das teses do autor reside no
fato de o patrimônio histórico e monumental local, ele próprio em
processo de destradicionalização, desempenhar um papel crucial na
reconfiguração da identidade-imagem da cidade de Évora, reconhecida
pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade e que tem encontrado, 111
no turismo urbano e cultural, um dos seus recursos mais valiosos, tanto
no que diz respeito à redinamização da cultura e da economia locais,
quanto no que se refere à sua projeção internacional.
Zukin (1995, pp. 80-81), por sua vez, exemplifica sua afirmativa
citando a transformação da antiga cidade industrial de North Adams,
em Massachusetts, quando da instalação do MASS MoCA –Museu de
Arte Contemporânea de Massachusetts- nas instalações abandonadas
da Sprague Electric Company, com a aposta de que esse museu poderia
criar uma indústria de turismo em uma área “desorganizada” pelo
declínio econômico, transformando arquitetura vernacular em paisagens
de consumo.
Capítulo 7 - Patrimônio contemporâneo: diversidade complexa
◄ Fig. 73. - Complexo Siderúrgico
de Völklingen. Disponível em: <http://
commons.wikimedia.org/wiki/File:VH_
au%C3%9Fen_pano.jpg>. Acesso em:
19 set. 2010.
▼▼Fig. 74. Complexo Siderúrgico
Völklingen - Vista das Fornalhas. Fonte:
Unesco Ourplace.
▼Fig. 75. Complexo Siderúrgico
Völklingen - elevador inclinado que
acessa a plataforma de carregamento
a 30 metros de altura, onde o
combustível e os minérios eram
pulverizados para dentro das fornalhas.
Fonte: UNESCO Ourplace.
59
Entre as várias referências
bibliográficas sobre o assunto,
podemos citar Andrade (1993), Muito tem sido escrito nos últimos anos sobre o papel do
Rubino (1991), Fonseca (1997) Estado brasileiro na constituição do patrimônio nacional e o papel de
e Chuva (1995).
60
BOMENY, Helena.
destaque que os bens patrimoniais passaram a ocupar como referenciais
Patrimônios da memória no espaço da cidade, em especial, na primeira metade do século XX,
nacional. In: Instituto Brasileiro em um momento no qual se procurava estimular o sentimento de
do Patrimônio Cultural,
Departamento de Promoção, nacionalidade, amalgamando a nação em torno de suas referências
Coordenadoria de Pesquisa simbólicas: bens que ofereciam identidade cultural à sua população59. 117
e Editoração (org.). Ideólogos
do patrimônio (Coletânia
de palestras proferidas no A responsabilidade dessa tarefa coube a um organismo
seminário Intelectuais do responsável pelo patrimônio nacional, criado em 1937, que, como
Patrimônio Cultural, realizado
de 15 a 17 de maio de 1991, no ressalta Chuva (1995, p. 23), já integrava o projeto político-ideológico de
Rio de Janeiro). Rio de Janeiro: nacionalização do Estado nos anos 1930, cuja proposta era estabelecer
ED. IBPC, 1991.
parâmetros para a construção da nacionalidade por meio de referências
61
Essa lei dá nova organização
ao Ministério da Educação e simbólicas, as quais deveriam impingir unidade e impedir qualquer feição
Saúde Pública e cria o Serviço plural da nação.
do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional: Sobre os anos 1930, Helena Bomeny comenta que é desenhada
“Art. 46. Fica creado o Serviço a política institucional em que o Estado ousa reunir intelectuais de todos
do Patrimonio Histórico
e Artístico Nacional, com os matizes, combinando projetos, propostas e ideias mescladas da utopia
a finalidade de promover, dos anos 1920. O discurso do governo vai ao encontro dos discursos
em todo o Paiz e de modo
permanente, o tombamento, a intelectuais (BOMENY60 apud CAVALCANTI, 1995, p. 47).
conservação, o enriquecimento
e o conhecimento do Faria (1995, p. 34) corrobora essa afirmativa ao afirmar: “[...]
patrimonio histórico e artístico
nacional. a parte mais nobre da intelectualidade paulista, que em 1932 está
§ 1.º O Serviço de Patrimonio contra Getúlio Vargas, em 1934 já começa a se aproximar, por causa da
Histórico e Artístico Nacional
terá, além de outros orgãos que Constituinte”.
se tornarem necessarios ao seu
funcionamento, o Conselho Nesse momento, surgem inúmeros estudos com a proposta de
Consultivo. pensar quem era o “povo” do Brasil, compreendendo suas singularidades,
§ 2.º O Conselho Consultivo
se constituirá do director visando contribuir para a orientação de novas diretrizes a serem
do Serviço de Patrimonio traçadas, na forma de instituições e normas, para o controle do espaço
Histórico e Artístico Nacional,
dos directores dos museus e das pessoas, algo característico do Estado Novo.
nacionaes de coisas históricas
ou artísticas e de mais dez Quanto à institucionalização do patrimônio, a Lei nº 378 de
membros, nomeados pelo 13 de janeiro de 193761 e o Decreto-Lei nº 25 consolidam o debate
Capítulo 8 - Construção do Patrimônio Cultural Brasileiro
sobre o patrimônio do país, que, segundo Rubino (1992) “[...] já tinha Presidente da República.
§ 3.º O Museu Histórico
maturidade suficiente para deixar de ser projeto”62. Nacional, o Museu Nacional de
Bellas Artes e outros Museus
No início desse século [XX] houve uma profusão de Nacionaes de coisas históricas
projetos de lei visando a criação de um órgão público ou artísticas, que forem creados,
preservacionista. Em comum, eles têm o fato de serem cooperarão nas actividades
projetos de pouca ou nenhuma eficácia concreta, e o do Serviço do Patrimonio
mais importante: eles começam a delinear, seja via Histórico e Artístico Nacional,
conceitos e disciplinas - arte, arqueologia, história -, seja pela fórma que fôr estabelecida
via distribuição geográfica do que se queria preservar, os em regulamento.
pontos da política cultural que se implantaria mais tarde Art. 47. O Museu Histórico
(RUBINO, 1992, p. 33). Nacional é mantido como
estabelecimento destinado
Rubino (1992, p. 59-61) sinaliza ainda algumas medidas á guarda, conservação e
exposição das reliquias
preliminares importantes que antecederam a criação do Serviço referentes ao passado do Paiz
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN63, como o e pertencentes ao patrimonio
federal” (BRASIL, Diário Oficial
tombamento de Ouro Preto, em 1933; o decreto federal nº 24.735, da União, 15/01/1937, página
de 14 de julho de 1934, que incumbia o Museu Histórico Nacional 1.210, coluna 1).
da proteção, catalogação e fiscalização dos monumentos históricos e
62
Em sua dissertação, Silvana
Rubino discorre sobre a proto-
obras de arte - muito embora não se conhecesse o acervo de bens história da preservação legal do
a serem preservados, exceto pela iniciativa de alguns estados, como patrimônio do país por meio
da reconstrução das tentativas
Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e São Paulo64 -; e, por último, o artigo legais, discursivas e intelectuais
148 da Constituição de 1934, que dispunha, entre outras coisas, sobre anteriores à instituição do
SPHAN. Ver: RUBINO, S. B. As
a proteção dos objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico fachadas da história: As origens,
do país. a criação e os trabalhos do
SPHAN, 1936-1967. 1991.
118 206p. Dissertação (Mestrado
Soma-se a essas medidas o contexto político e cultural da década em Antropologia Social) -
de 1930, no qual Gustavo Capanema, à frente do Ministério da Educação Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade
e Saúde, e os modernistas Mário de Andrade, Carlos Drummond e Estadual de Campinas,
Cândido Portinari tiveram “[...] a oportunidade de conferir às suas Campinas, 1992.
posições estéticas um caráter prático e efetivo” (RUBINO, 1991, p. 57). 63
O Instituto de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
Rubino (1991, p. 57) também sublinha a importância do – IPHAN, foi originariamente
denominado Serviço do
anteprojeto de Mário de Andrade e, particularmente, de seu conceito Patrimônio Histórico e Artístico
de patrimônio “abrangente e múltiplo”, que incluía o negro, o índio, Nacional – SPHAN (1937-
1946), passando a constituir
o estrangeiro, o residual e o inusitado, além das formas inacabadas e uma Diretoria do Patrimônio
menores de arquitetura, rompendo com a distinção entre o histórico e Histórico e Artístico Nacional
(1946-1970), Instituto do
o artístico a favor do cultural. Essa visão “profética” de Mário de Andrade Patrimônio Histórico e Artístico
criou o que a autora denominou o “SPHAN virtual”, que diverge do Nacional (1979-1990), Instituto
Brasileiro do Patrimônio
“SPHAN real”, que toma corpo e é efetivado sob a direção de Rodrigo Cultural - IBPC (1990–1994)
M. F. de Andrade, de 1937 a 1967. e novamente IPHAN a partir
de 1994, estando vinculado ao
O caráter nacional popular é evidenciado no discurso de Ministério da Cultura.
Rodrigo M. F. de Andrade, tão logo tomou posso do cargo de diretor
64
Durante a fase sob a
administração de Rodrigo
do SPHAN. M. F de Andrade, o IPHAN
dispunha de seu escritório
O SPHAN dispõe-se a uma tarefa de interesse central no Rio de Janeiro, então
indiscutivelmente nacional: a defesa do patrimônio capital federal, de onde ele,
comum a todos os brasileiros. Tudo deve ser feito do assessorado, entre outros, por
princípio visto que a própria noção do interesse geral Lucio Costa, Alcides da Rocha
precisa ser compreendida por todos e não apenas por Miranda, Edgar Jacinto da Silva
uma elite. Para um fim comum o esforço deverá ser e José de Souza Reis, dirigia
comum. Este espírito de proteção dos testemunhos da as quatro delegacias regionais,
história e da arte merece ser acolhida entre todas as estrategicamente instaladas
classes (ANDRADE, R. M. F.65 apud ANDRADE, A. L. D., nos estados de Pernambuco,
1993, p. 112). Bahia, Minas Gerais e São Paulo
(MAYUMI, 2005, p. 15).
O Lugar do Patrimônio Industrial
65
ANDRADE, Rodrigo Melo A propósito do período de gestão de Rodrigo Melo Franco
Franco. Rodrigo e o SPHAN:
coletânea de textos sobre o de Andrade, Fonseca (1997, p. 157) distingue, na atuação do órgão,
patrimônio cultural. Rio de uma ausência de uniformidade. Enquanto as décadas de 1930 e 1940
Janeiro: Ministério da Cultura,
Fundação Nacional Pró- foram marcadas pelas descobertas, pelas pesquisas do patrimônio que
Memória, 1987, p. 28. estava em formação e, especialmente, pela atuação dos profissionais
66
ANDRADE, Rodrigo Melo que constituíam a vanguarda modernista, as décadas seguintes, 1950 e
Franco. Rodrigo e o SPHAN:
coletânea de textos sobre o 1960, teriam sido um período de tecnificação da atividade do órgão,
patrimônio cultural. Rio de que passou a se concentrar nos tombamentos e nas obras, relegando a
Janeiro: Ministério da Cultura,
Fundação Nacional Pró- segundo plano as atividades de pesquisa e divulgação.
Memória, 1987, p. 39.
Além disso, o órgão, em sua fase inicial, apresentava carência de
67
A expressão “tombamento”
vem do direito português, profissionais especializados para compor seu quadro de funcionários,
no qual o verbo “tombar” como reconhece Antonio Luiz Dias de Andrade:
significava “inventariar” ou
“inscrever” nos arquivos do Uma das principais dificuldades enfrentadas a princípio
reino, os quais eram guardados pelo novo órgão foi a de conseguir montar um quadro
na Torre do Tombo. São quatro de técnicos e profissionais habilitados para as tarefas que
as categorias de livros de se apresentavam indispensáveis. O país não dispunha de
tombo definidas pelo Decreto- experiência anterior a que pudesse recorrer e os poucos
lei nº25: interessados no assunto primavam pelo diletantismo, não
a) Arqueológico, etnográfico e mantendo inclusive afinidades ideológicas com o projeto
paisagístico; que se desejava implementar (ANDRADE, A. L. D., 1993,
b) Histórico; p. 113).
c) Belas-artes;
d) Artes aplicadas. Saia (1977) distingue, entre as ações prioritárias desenvolvidas
Quanto às modalidades de no início das atividades do órgão, um empenho no intuito de consolidar, 119
tombamento:
nas rotinas jurídicas do país, as restrições ao direito de propriedade
a) Provisório: decretado no
início do processo, com efeitos decorrente do ato de tombamento.
imediatos ao tombamento
definitivo, exceto no tocante ao A questão do tombamento já fora tratada por Rodrigo M. F.
registro em cartório imobiliário de Andrade, quando relatava que somente um regime discricionário
e ao direito de preferência
reservado ao Poder Público. disporia de condições necessárias para homologar a legislação, à qual
b) De ofício (ou ex officio): se antepunham as pressões vigorosas em defesa do pleno exercício do
incide sobre bens públicos e
efetua-se por determinação do direito de propriedade:
presidente do IPHAN;
Creio que, se fosse incrementada a idéia de que além,
c) Tombamento voluntário; muito além, da propriedade particular existe uma outra,
d) Tombamento compulsório: que é a propriedade coletiva da nação, constituída por
uma imposição do poder todos esses elementos que constituem sua cultura, o
público, não interessando se Serviço de Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico
há ou não aquiescência do teria no Brasil a mesma aceitação que encontramos na
proprietário. França, na Itália, na Inglaterra, ou na Grécia (ANDRADE,
R. M. F. 66 apud ANDRADE, A. L. D., 1993, p. 112)
Capítulo 8 - Construção do Patrimônio Cultural Brasileiro
Tabela 10 - Bens tombados entre 1938 e 2009, por estados
ESTADO 1938-1967 1968-2009 Variação entre 1967
e 2009
nº % nº % %
Alagoas 7 0,92 11 1,06 57,15
Amazonas 1 0,13 4 0,38 300,00
Amapá 1 0,13 1 0,10 0,00
Bahia 145 19,15 176 16,91 21,40
Ceará 2 0,26 21 2,02 950,00
Distrito Federal 1 0,13 4 0,38 300,00
Espírito Santo 13 1,72 14 1,34 7,69
Goiás 18 2,38 22 2,11 22,22
Maranhão 13 1,72 20 1,92 53,84
Minas Gerais 176 23,25 204 19,60 115,90
Mato Grosso do Sul 0 0,00 4 0,38
Mato Grosso 1 0,13 5 0,48 400,00
Pará 18 2,38 25 2,40 38,88
Paraíba 19 2,51 22 2,11 15,78
Pernambuco(1) 61 8,06 82 7,88 34,42
Piauí 6 0,79 7 0,67 16,67
Paraná 11 1,45 15 1,44 36,36
Rio de Janeiro 156 20,61 225 21,61 44,23
Rio Grande do Norte 14 1,85 14 1,34 0,00
Rio Grande do Sul 18 2,38 38 3,65 111,11
Rondônia 1 0,13 2 0,19 100,00
Santa Catarina 9 1,19 22 2,11 144,44
122 Sergipe 24 3,17 25 2,40 4,16
São Paulo 42 5,55 77 7,40 83,33
Tocantins 0 0,00 1 0,10
TOTAL 757 100,00 1041 100,00 37,52
(1) incluído o bem de Fernando de Noronha
Fonte: Elaboração da autora com base nos arquivos de tombamentos do IPHAN.
128
132
A Carta de Nizhny Tagil define patrimônio industrial como os
vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico,
social, arquitetônico ou científico74. Ainda segundo a Carta, esses vestígios
referem-se não somente aos espaços que dão suporte à produção,
armazenagem e infraestrutura industrial, mas também aos espaços das
atividades sociais relacionadas com a indústria, como as habitações
operárias, os locais de culto ou de educação.
Apesar dessas iniciativas pelo patrimônio industrial e sua
preservação, permanecem ainda questões fundamentais sobre como
articular eficazmente ações práticas com as dimensões teóricas. Como
compatibilizar, por exemplo, interesses como reuso adaptável, reparação
ambiental, revitalização de comunidades com temas que exploram o
trajeto da inovação tecnológica, os sentidos amplos de cultura material 73
A Carta de Nizhny Tagil sobre
e as transformações sociais intrínsecas à industrialização. Os desafios o patrimônio industrial foi redi-
gida durante o XII Congresso
profissionais enfrentados para analisar e preservar um passado industrial Internacional do TICCIH, em
no século XXI apresentam-se cada vez mais complexos em razão 2003, na Rússia, e apresenta-
da à XV Assembléia Geral do
das transformações globais, nas quais as antigas “oficinas do mundo” ICOMOS, realizada na China,
vivenciam histórias de desindustrialização e, com isso, períodos longos em 2005, a qual, reconhecendo
a importância do patrimônio
do abandono e negligência. industrial, propôs uma reflexão
específica sobre o tema para
Isso conflui em direção às recentes formulações feitas por a XVI Assembléia Geral do
ICOMOS,que foi realizada no
Cossons (2007), que evidencia que o conhecimento e a experiência da Canadá, em 2008.
indústria estão desaparecendo muito rápido, e já não podemos supor 74
Carta de Nizhny Tagil, tra-
que o significado da industrialização permanecerá na consciência pública. dução para o português de José
Lopes Cordeiro. Disponível em
Parece que estamos diante de um embate sobre o que preservar <http://www.patrimonioindust-
rial.org.br>. Acesso em: 20 jul.
e como, e, para o tratamento do assunto, precisamos entender um 2008.
revolução industrial inglesa, fornecendo matéria-prima para o mercado ▼Fig.84. Cotonifício Cândido Ribeiro
- Fábrica de Tecidos Santa Amélia. Vista
externo e suprindo o mercado interno de tecidos (VIVEIROS84 apud da Fachada para a Rua das Crioulas,
detalhe do painel de azulejos. Fonte:
CAMPOS, 2008, p. 8). IPHAN- Regional Maranhão.
Capítulo 10 - Patrimônio Industrial: espaço da memória ou memória do espaço?
Segundo indicam os registros documentais, a fábrica foi, durante ◄▲▲Fig. 100. Processamento do
pedúnculo. Fonte: IPHAN, Processo nº
meio século, a única a produzir vinho de caju, a princípio de forma 1054-T-82.
artesanal, e a partir de 1920, em razão da grande demanda de vinho de ◄▲Fig. 101. Tonéis e bombas de
recalque, depósito de mosto. Fonte:
caju no Nordeste, a empresa adquire características industriais, importa IPHAN, Processo nº 1054-T-82.
máquinas e chega a prensar cerca de trinta toneladas de caju por dia ▲Fig. 102. Máquina de cortar caju,
inventada pelo fundador da indústria.
(SPHAN/DTC, Processo nº 1054-T-82, p. 8). À esquerda prensa manual. Fonte:
IPHAN, Processo nº 1054-T-82.
A fase áurea do processamento de frutas tropicais no Nordeste,
ocorrida nas décadas de 1940 e 1950, foi resultado do emprego da
técnica industrial nas fábricas, que passaram a contar, a partir de 1938,
com a orientação do Laboratório Bromatológico da Paraíba, sob a
chefia do Dr. Vicente Trevas Filho, importante químico paraibano. A
essa iniciativa privada, seguiu-se a criação do Campo Experimental
do Cajueiro, fundado por iniciativa do Ministério da Agricultura e do
Governo da Paraíba, que realizava experimentações tecnológicas com 93
O líquido da casca da
154
as frutas tropicais, visando à transformação da produção artesanal em castanha (LCC) é vendido
exploração industrial, considerando as tradições culturais e o imenso a alto preço como material
estratégico para fins bélicos.
proveito econômico e social que essa prática trazia para o Nordeste.
A exploração industrial do caju para outros fins93, as novas
orientações econômicas do Ministério da Agricultura e a desativação
da estação experimental de João Pessoa são motivos apontados pela
Fundação Nacional Pró-Memória para o desaparecimento de grande
número de fábricas regionais de doces e vinhos de caju.
◄▼▼Fig. 103. Detalhe da rotulagem.
Funcionário coroando a tampinha.
Conforme indicado no inventário, a Fábrica Tito e Silva, após Fonte: IPHAN, Processo nº 1054-T-82.
duas épocas de franco crescimento, na década de 1920 e entre 1940 ◄▼Fig. 104. Primeiro plano padiolas
para o transporte de frutas. Segundo
e 1950, atingiu uma fase que caracteriza o último estágio do ciclo plano: toneis para acondicionar o
de vida de uma empresa, com a administração passando da segunda mosto. Fonte: IPHAN, Processo nº
1054-T-82.
para a terceira geração, encontrando-se prestes a “[...] desaparecer, ▼Fig. 105. Vista do setor de rotulagem.
suas máquinas serem dispersas, a sua experiência e a sua tecnologia Fonte: IPHAN, Processo nº 1054-T-82.
160
[...] É necessário tornar esses critérios operacionais dentro das atuais circunstâncias, fazendo-
se, de modo gradativo, experimentações conscienciosas e fundamentadas, para se chegar a
uma amadurecida e atualizada unidade de princípios, capaz de enfrentar os problemas em
toda a sua complexidade, levando em conta as questões sociais e econômicas envolvidas,
mas com a plena consciência de que a matriz que motiva e em que deve ser tratada a
questão é a cultural.
O intuito é que esses bens possam continuar a exercer seu papel primordial, a saber, ser
documentos fidedignos e, como tal, servir como efetivos suportes do conhecimento, em
vários campos do saber, e da memória coletiva. (Kühl, 2010b, p.18-19)
96
QUATREMÈRE DE As fábricas de tecidos estudadas neste capítulo representam
QUINCY. “Type”. Encyclopédie
Méthodique : Architecture. a configuração de um tipo, considerada a definição de Quatremère
Liège: chez Panckoucke, Tomo de Quincy, no sentido da “[...] idéia por trás da aparência individual
III, 1825, p. 543. Disponível
em: < http://visualiseur.bnf.fr/ do edifício, uma forma ideal, geradora de infinitas possibilidades, da
ar k:/12148/bpt6k85720c>. qual muitos edifícios dissimilares podem derivar” (QUATREMÈRE DE
Acesso em: 29 ago. 2010. QUINCY, 182596 apud PEREIRA, R.B., 2010, p. 66).
97
Ibidem, p. 545. Acesso em: 29
ago. 2010. Ao analisar o espaço consolidado pelas fábricas selecionadas em
163
98
Aqui nos valemos novamente São Paulo e Rio de Janeiro do ponto de vista físico e cultural, buscamos
dos verbetes de Quatremère entender suas relações convergentes - daí a fundamentação no conceito
de Quincy. Caráter é o verbete
mais longo da Encyclopédie de tipo - e desvendar suas peculiaridades e divergências regionais.
(1832), com cerca de quarenta
páginas, em que o autor se No anexo 1, descrevemos como se dá o processo de produção
dispõe a distinguir as diversas de tecido, importante para entender o espaço produtivo das fábricas de
utilizações do termo das
suas aplicações específicas tecido em seus aspectos formais e documentais.
no campo da Arquitetura e,
dentro desta, as numerosas Sobre o tipo, Quatremère de Quincy refere-se à “aparência
variações existentes. Em nossa individual do edifício”, na acepção de que cada um dos principais
análise, empregamos o caráter edifícios deve encontrar em sua destinação fundamental, nos usos que
para definir, nas edificações
industriais, seus caracteres lhe concernem, um tipo que lhe é próprio. A arquitetura deve tender
distintivos que permitem a se conformar, da melhor forma possível, a esse tipo, se quer imprimir
sua singularização, dentro
do conceito já enunciado a cada edifício uma fisionomia particular (QUATREMÈRE DE QUINCY,
de tipo, como expressão da 182597 apud PEREIRA, R.B., 2010, p. 68).
unidade que preside a eleição
de elementos, a disposição Dessa forma, observamos que todas as fábricas selecionadas
das massas, a distribuição, a
ordenação, a modenatura e neste trabalho, apesar da variação em seu produto final (modelo),
os contrastes. Quatremère conservam sempre visível, e de forma sensível ao sentimento e à razão,
de Quincy atribuía o uso da
ideia de caráter “[...] a uma seu princípio elementar: sua destinação como edifício que abriga o
determinada espécie ou a processo de transformação industrial e seus respectivos maquinários.
um certo número de traços
distintivos, ou seja, àqueles A “fisionomia particular” desses edifícios, impressa em seus
que têm eminentemente aspectos plásticos e projetuais, é identificada aqui nas técnicas
a propriedade de designar
e de distinguir um objeto construtivas, no seu sistema estrutural, na escala, na tipologia e tamanho
entre muitos outros objetos das envasaduras, na sua altura, nos seus sistemas de exaustão e ventilação
semelhantes” (QUATREMÈRE
DE QUINCY, 1832 apud forçada e na sua relação com o espaço urbano, que lhes conferem
PEREIRA, 2008, p.191). caráter98 , distinguindo-os de outras tipologias arquitetônicas.
Capítulo 11 - O espaço das fábricas: relações convergentes e divergentes
▲Fig. 120. Croquis de autoria de
No caso da Fábrica São Luiz, em Itu, a questão do caráter do Paulo Sgarbi, indicando o primeiro
edifício da Fábrica São Luiz. Fonte:
edifício fica enunciado na descrição da arquitetura do primeiro edifício CONDEPHAAT, Processo nº
da fábrica feita pelo arquiteto do CONDEPHAAT, Paulo Roberto 22338/82, p. 52.
Sgarbi: “[...] de caráter sóbrio e despojado, o primeiro bloco, ◄▲Fig. 121. Croquis indicando a
tipologia e ritmo das envasaduras
inaugurado em 1869, apresenta no tratamento externo das fachadas, um do primeiro edifício da Fábrica São
Luiz. Autor: Paulo Sgarbi. Fonte:
ritmo regular das envazaduras, com janelas de vergas retas e ausência CONDEPHAAT, Processo nº
22338/82, p. 52
de ornatos” (CONDEPHAAT, Processo Nº 22338/82, p. 52; grifos da
autora).
99
As três acepções que a palavra
caráter pode exprimir, segundo
Quatremère de Quincy, seriam:
Quando o arquiteto Sgarbi refere-se ao segundo edifício da a primeira, relativa à força e à
Fábrica São Luiz, inaugurado em 1897, ele volta a usar a qualificação grandeza física colocadas nas
obras da arte da construção,
164 “sóbrio”: “[...] e a novidade é o tratamento plástico das fachadas, em harmonia com o estado das
com sóbria modenatura neoclássica” (CONDEPHAAT, Processo nº necessidades físicas e morais
vigentes na época; a segunda,
22338/82, p. 54, grifo da autora). relativa à originalidade, no
concernente à distinção de uma
Apesar das diferentes linguagens plásticas, a unidade do conjunto determinada obra, sobretudo
foi obtida através do acabamento da alvenaria de tijolos revestida em nas obras de imitação; e a
terceira, relativa à propriedade
todas as paredes dos dois edifícios e do ritmo das envazaduras, que indicativa do que o edifício é
apesar de sua variedade formal resultam em uma composição dinâmica e do que ele deve parecer ser
(QUATREMÈRE DE QUINCY,
e harmoniosa reforçada pelas variações de altura dos dois volumes, e 1832 apud PEREIRA, 2008, p.
no discreto uso de elementos ornamentais nas fachadas do edifício mais 193).
recente. ▼◄Fig. 122. Croquis indicando
o segundo edifício da Fábrica São
Luiz. Autor: Paulo Sgarbi. Fonte:
Percebemos assim que o caráter identificado pelo arquiteto CONDEPHAAT, Processo nº
22338/82, p. 54
Sgarbi na Fábrica São Luiz vai ao encontro da terceira acepção do
▼Fig. 123. Croquis indicando a
verbete utilizada por Quatremère de Quincy99, na qual caráter “[...] tipologia, ritmo e ornamentação das
envasaduras do segundo edifício da
consiste na arte de imprimir a cada edifício uma maneira de ser de fato Fábrica São Luiz. Autor: Paulo Sgarbi.
apropriada à sua natureza ou ao seu emprego, de forma que nele se Fonte: CONDEPHAAT, Processo nº
22338/82, p. 54.
do passado: a instituição do
(CONDEPHAAT, Processo nº 22338/82, p. 26). patrimônio em São Paulo,
1969-1987. São Paulo: UNESP:
É interessante notar que o fechamento da fábrica suscitou a Imprensa Oficial do Estado:
retomada das discussões, encerradas em 1979, após o processo ficar CONDEPHAAT: FAPESP, 2000.
paralisado por dez anos. E, além disso, atribuiu uma urgência que até
então não havia se manifestado. A fábrica foi tombada pouco mais de
um ano após o pedido de reabertura do processo, em 15 de dezembro
O Lugar do Patrimônio Industrial
108
Esse olhar pode ser de 1983.
avaliado como um reflexo
das abordagens feitas por Outro fato curioso é que, no parecer do conselheiro
Varine-Bohan, que defendeu o
patrimônio do conhecimento, Antônio Luiz Dias de Andrade, existe a preocupação em preservar o
como o saber fazer e as edifício juntamente com as “[...] primitivas máquinas e equipamentos
técnicas, no curso de formação remanescentes [...]”108 (CONDEPHAAT, Processo nº 22338/82, p. 73),
de especialistas de que Antônio
Luiz Dias de Andrade tomou que acaba não sendo explicitada na minuta de tombamento.
parte.
Entendemos, pela leitura do processo, que a preservação do
109
Participaram dessa vistoria
os arquitetos Silvia Ferreira maquinário ficou condicionada a um levantamento sistemático que
Santos Wolff, Maria Cristina avaliaria a pertinência do pedido.
Wolff de Carvalho, Walter
Pires e Hugo Segawa, do O relatório da vistoria realizada por técnicos do CONDEPHAAT
CONDEPHAAT, e Alexandre
Luis Rocha, do IPHAN. e do IPHAN109 no edifício já tombado, em fevereiro de 1984, descreve
110
Conforme minuta de o processo de fabricação de tecidos e a relação do maquinário existente
tombamento. na fábrica, única documentação a inventariar esses equipamentos.
Nessa vistoria, os técnicos questionam a validade do tombamento
do maquinário, visto que este já havia sido bastante adaptado, não
restando nada do período em que a fábrica funcionava a vapor, a não
ser a caldeira:
A primeira questão que surge é se haveria sentido em
tombar máquinas isoladamente, por um critério de
antiguidade ou raridade, vistas como peças de museu
isoladas do contexto do processo de fabricação têxtil. 171
No caso da Fábrica de Tecidos São Luiz, convivem,
lado a lado, máquinas antigas e outras menos raras e
mais modernas. Outra questão, que de certa forma se
contrapõe a esta, é se há sentido em tombar todo o
maquinário, visto que é numeroso e que nos últimos
tempos ocupam todas as instalações fabris, inclusive
a parte não tombada (CONDEPHAAT, Processo nº
22338/82, p. 94).
◄ Fig. 127. Levantamento do Apesar desse parecer favorável para a inclusão dos equipamentos
maquinário existente na fábrica na
época do estudo de tombamento. como parte integrante do bem tombado isso não ocorreu, e as
Fotos de Hugo Segawa.
máquinas acabaram sendo vendidas pelos proprietários da fábrica,
A - DETALHE DA URDIDEIRA PLATT
BROTHERS restando apenas a caldeira111. Assim, o inventário sistemático dos
B - URDIDEIRA PLATT BROTHERS equipamentos elaborado pelos técnicos do CONDEPHAAT constitui a
C- URDIDEIRA LANCASTER única documentação, visual e descritiva, dos artefatos industriais móveis
MOORE
da Fábrica São Luiz.
D - BATEDOR
E - BATEDOR Quanto à sua reutilização, além das sugestões apresentadas
F - ENROLADEIRA pelos técnicos da STRC visando à reativação da produção fabril com
G - PRENSA ENFORDADEIRA propósitos didáticos, o arquiteto do CONDEPHAAT, Paulo Sgarbi, em
H - BATEDOR instrução no processo de tombamento da Fábrica de Tecidos São Luiz,
I - DOBRADEIRA alude à perspectiva de utilização cultural como medida de preservação
J - DOBRADEIRA NAVALHADEIRA do imóvel.
K - ENROLADEIRA Tendo sido recentemente desativada, não resta dúvida
L/M - INSTRUMENTOS DE AFERIÇÃO que sua preservação até nossos dias, se deve às atividades
E VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE ininterruptas, ali desenvolvidas.
DOS FIOS NO LABORATÓRIO
Nesse sentido é imprescindível que uma medida como
N - MÁQUINA DE FABRICO DE o tombamento deste imóvel, seja acompanhada por um
CHINTZ
B
C
H
Caldeira a vapor
E
elevador monta-carga
176
F
D E
F G H
O Lugar dO PatrimôniO industriaL
A B C
D E F
177
G H I
C
elevador monta-carga
D
H
A
B
180
Estou ainda a ver nossa terra no alvoroço daqueles ◄◄Fig. 153. Fábrica Enrico Dell'Acqua
em Buenos Aires, Argentina. Esquina
primeiros tempos. Invadiu-a uma febre de construção, entre a Calle Darwin e a Loyolla. Foto:
alastrando-se não só pelas zonas recentemente abertas E. D-K.
como enchendo os claros do centro urbano. As ruas ◄Fig. 154. Fábrica Enrico Dell'Acqua
da Liberdade (hoje Henrique Dell’Acqua) e Pedro em Buenos Aires, Argentina. Esquina
Vaz, então simples caminhos sem nenhuma habitação; entre a Calle Darwin e a Loyolla, ao
a Dr. Steveaux, onde só havia as pequenas casas do fundo a linha ferrea. Foto: E. D-K.
velho Camilo de Lelis, a de Benedito Mirim e uma ou ▲▲ Fig. 155. Detalhe do Acesso aos
outra em ruína; a hoje Rui Barbosa, que do lado direito apartamentos. Fachada para a Calle
de quem sobe, desde a rua Dr. Steveax, não tinha Darwin. Foto: E. D-K.
nenhuma construção sinão (sic) a face lateral do teatro ▲Fig. 156. Fábrica Enrico Dell'Acqua
e uma casinha contígua – todos esses pontos foram se em Buenos Aires, Argentina. Esquina
povoando quasi simultaneamente. entre a Calle Loyolla e a linha férrea.
Imagem do início do seeculo XX.
O comercio acompanhou este movimento geral, Fonte: Colombo, 1999, p.49.
tomando nele os italianos assinalado relevo: padarias,
barbearias, açougues, fábricas de macarrão e de cerveja,
casas comerciais de todos os ramos, oficinas de alfaiates,
ferreiros, sapateiros – em todos os gêneros de atividade
figuravam eles, e prosperavam. Por uma coincidência
curiosa, até a Matriz esteve por esse tempo entregue a
um vigário italiano – o padre Pedro Gravina.
191
►Fig. 158. Vista do Conjunto de
Edificações a partir da Via Estrutural.
Fonte: Foto Studio Roque Jr.
▼►►Fig. 159-160. Exposição e
worshops do calendário de atividade
do Centro Cultural Brasital. Fonte:
Prefeitura do Município de São Roque.
▼▼ Fig. 161. Panorama da Fachada
Principal da primeira edificação da
Empresa de Enrico Dell'Acqua. Foto:
E.D-K.
B
192
D E F
B
▲Fig. 165. Cortes longitudinais da Fábrica. (a) Pavilhão original; (b)
ampliação. Fonte: Prefeitura da Cidade de São Roque.
► Fig. 166. Planta do Pav.Térreo do Pavilhão Principal da Fábrica da
Brasital em São Roque. Elaboração da autora sobre documentação
da prefeitura da cidade.
▼▼Fig. 167- 168. Imagens do Bazar que comercializa os trabalhos
dos alunos e voluntários. Fotos: E. D-K.
►▼Fig. 169.Vista do Pátio de acesso à Biblioteca, hoje denominado
Praça Enrico Dell'Acqua. Foto: E.D-K.
193
169
167
8
16
▼Fig. 189. Esquema de funcionamento da casa das turbinas e dos equipamentos geradores de energia.
Fonte: Centro de Memória da Fundação Bunge.
▼▼ Fig. 190. Equipamentos da firma inglesa Matter Platte. Fotos: E.D-K.
204
206
Quanto à questão do ato de lembrar, a conselheira Suely Kofes,
em seu parecer sobre o tombamento, refere-se à importância do
Museu da Cidade de Salto na valoração da fábrica e na manutenção da
memória fabril:
Como sabemos, referir-se à memória é também enfrentar
o embate contínuo entre lembranças e esquecimentos.
No caso da cidade de Salto, como é bem mostrado pela
documentação que forma o processo e pelo estudo
do UPPH [Unidade de Preservação do Patrimônio
Histórico], estamos diante deste embate. Por um lado o
Museu guarda e expõe objetos históricos (subsidiando
o conhecimento histórico de todos os interessados e
a continuidade das lembranças e do reconhecimento
da população local), por outro lado parte desta história,
concretizada no conjunto fabril, está submetida a
sucessiva perdas de integridade. O que resta do conjunto
arquitetônico (que, aliás, forma uma paisagem com o rio
Tietê) alimenta-se da documentação do museu, também
o inverso é verdadeiro e é esta alimentação mútua que
garante a possibilidade narrativa de uma história que
é local, mas não é apenas local e que pode provocar ▼Fig. 191. Vista Panorâmica do
conhecimentos e reconhecimentos em diferentes escalas conjunto da fábrica em sua cota mais
(CONDEPHAAT, Processo nº 57.118/08, 2006, p. 268). baixa. Foto: E.D-K.
BloCo d (antiga teCelagem) bloco e (À eSQ.) - bloco G (À dir.) cASAS doS MeStreS
área = 9.151,57m2
interior do BloCo d
A
b
210 k
c
j g
i
e
O f d
BloCo e (lateral) BloCo e (aCesso via BloCo e (fundos) à BloCo f (antiga tinturaria -
área = 7.884,79m2 BloCo g) direita o BloCo g preparaÇÃo)
área = 3.054,61m2
A
b
k
c
j g
i
e 211
o f d
▲Fig. 205. Loteamento dos terrenos Com cinco fábricas urbanas espalhadas pela cidade e uma rural,
pertencentes à Fabrica Carioca. . Fonte:
Arquivo da Cia América Fabril - AGCRJ. em Magé, o sistema de comunicação entre elas era crucial. Desde o final
do século XIX, o transporte entre as fábricas urbanas da companhia era
feito por bondes, e por trens com a Pau Grande.
Uma crise administrativa em 1923, originada em divergências
existentes no seio do empresariado - no qual o capital comercial
ainda tinha um peso muito forte, refreando os avanços e a ousadia
do grupo industrial de vanguarda -, levou alguns membros dissidentes,
pertencentes ao grupo que representava a mentalidade industrial e
liderados por Mark Sutton, a fundar uma nova empresa. Possivelmente
foi a mentalidade comercial da equipe administrativa instaurada desde
então, conjugada às dificuldades por que passou o ramo industrial têxtil
no período, que levou a Companhia América Fabril a perder o posto de
liderança na década seguinte (WEID, 2009, p. 33).
A dissidência não ficou restrita ao alto escalão da Cia. América
Fabril. Nesse período, a maior parte dos funcionários da Companhia
Nacional de Tecidos Nova América era procedente também da
América Fabril. Além disso, o movimento constante de crescimento e
modernização permanente verificado até a década de 1920 não foi
mais retomado (WEID, 1986, p. 115).
Capítulo 15 - A Cia América Fabril e a Cia Nacional de Tecidos Nova América
A América Fabril iniciou um processo falimentar nos anos de ◄Fig. 206. Fábrica Cruzeiro, prédio do
almoxarifado. Fonte: Arquivo da Cia
1960, sendo a Fábrica Carioca, localizada no Jardim Botânico, bairro que América Fabril - AGCRJ.
valorizou muito com a expansão da cidade, a primeira unidade a ser ▲Fig. 207. Fábrica Mavilis. Fonte:
Arquivo da Cia América Fabril - AGCRJ.
desativada em 1962 devido às condições precárias de seu maquinário. ▼►Fig. 208 - 209. Fábrica Cruzeiro.
“Sua desativação foi seguida rapidamente pela corrida do mercado Desmonte e demolição na década de
1960. Fonte: Arquivo da Cia América
imobiliário, que tratou de apagar rapidamente seus vestígios quase por Fabril - AGCRJ.
completo” (PIMENTA, 2007, p. 72). Parte do loteamento da área da
antiga Fábrica Carioca foi adquirida pela Rede Globo de Televisão.
A próxima fábrica a ser desativada foi a Cruzeiro, principal
unidade da Companhia América Fabril, localizada, juntamente com suas
218 vilas operárias, em área privilegiada do bairro de Vila Isabel. A fábrica
foi desativada em 1968, e parte de seus operários foi remanejada para
as outras unidades da América Fabril - Bonfim, Mavilis, Pau Grande e a
recém-adquirida Cia. Deodoro Industrial -, na tentativa de recompor
seu parque industrial em uma área da cidade menos valorizada.
A área, até então ocupada pela fábrica Cruzeiro, foi dividida pelos
credores da Cia. América Fabril, na maioria instituições oficiais, como o
Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, e a área que correspondia
à fábrica propriamente dita foi cedida ao Banco Nacional de Habitação,
que a substituiu por um condomínio residencial vertical, “[...] chamado
de ‘tijolinho’ pelos moradores do bairro” (PIMENTA, 2007, p. 72).
225
B C
D E F
235
▲ Fig. 241 (várias). Fachada para o antigo jardim interno da fábrica (Av. Santa Cruz). Fotos: E.D-K. 239
▲ Fig. 242 (várias). Corredor de acesso principal à Fábrica Bangu. Fotos: E.D-K.
▲ Fig. 243 (várias). Detalhes de elementos do corredor de acesso principal à Fábrica Bangu. Fotos: E.D-K.
240
▲ Fig. 245 (várias). Diferentes acessos ao Shopping. (a) antiga Travessa da Fábrica, (b) Rua da Feira e (c) Rua Santa Cruz. Fotos: E.D-K.
▲ Fig. 246 (várias). Cobertura metálica como elemento conector das duas alas da antiga fábrica, acessado pelo corredor onde encontram-se a
Chaminé e a torre do relógio. Fotos: E.D-K.
▲ Fig. 247. (a) Logomarca evidencia os elementos tipológicos característicos da Fábrica Bangu (Chaminé, Torre do relógio e ritmo da fenestração).
(b) este logo é reproduzido em todo o mobiliário urbano, detalhes, entradas, propaganda do Shopping Fotos: E.D-K.
Considerações Finais
universitário, o que conduziu a uma nova interpretação do local e a 141
Quando a Instituição de
Ensino Superior comprou as
um relativo distanciamento de seu passado industrial, rememorados instalações da antiga Brasital,
dentro da instituição somente por meio dos símbolos edificados que o conjunto ainda não estava
em processo de tombamento.
foram mantidos141 . Quando a Brasital de Salto é fechada, os antigos Portanto manter o aspecto
original das edificações foi
operários se vão em busca de novos postos de trabalho, e ela perde uma decisão econômica e não
a importância econômica que tinha para a cidade. Os remanescentes política.
edificados não são suficientes para narrar a sua história. Esse papel
memorial é exercido efetivamente na cidade pelo Museu da Cidade de
Salto, que mantém a história da fábrica viva por meio de documentários,
depoimentos de ex-funcionários e de arquivos iconográficos; e também
pelo Centro de Memória Bunge, que, como sucessora da última empresa
a ocupar a edificação, conserva documentos empresariais, cartográficos
e iconográficos, dispobililizando-os para consulta. O primeiro, por estar
na cidade e ter contato direto com ex-funcionários, exerce o papel
de guardião da memória da Brasital de uma forma mais efetiva e
atuante. Por fim, o processo de patrimonialização da fábrica, com seu
tombamento, garante a proteção da edificação e a manutenção de seu
caráter e tipologia.
Com relação ao caso da reabilitação da Fábrica São Luiz, em
248
Itu, estamos diante de uma iniciativa bastante particular, pois a fábrica
permaneceu como propriedade da família de um de seus fundadores,
que zela pelo local como um templo e exerce a função de difusor da ▼Fig. 252. Fábrica Brasital, Salto, SP,
vista a partir da margem oposta do Rio
história da fábrica ao narrá-la aos visitantes. Seu desmonte não resultou Tietê. Foto E.D-K.
Considerações Finais
Fábrica e promove a sua difusão. ◄Fig. 255. Fábrica Bangu, Rio de
Janeiro. Foto: E.D-K.
O Estado do Rio de Janeiro,
como pudemos verificar na primeira
parte desta tese, respondia, no início do
século, por 37,8% da indústria brasileira,
o que lhe conferia a condição de mais
importante centro industrial, com a
mais diversificada estrutura produtiva.
Com o deslocamento industrial para o
Estado de São Paulo em 1920, o Rio
de Janeiro perde seu lugar como centro
industrial do país, o que talvez explique
o fato de sua identidade hoje pouco se
relacionar com a atividade industrial.
As características das intervenções nas edificações fabris
estudadas nos casos do Estado do Rio de Janeiro concretizam essa
imagem cosmopolita e cultural que está fortemente arraigada em sua
imagem urbana.
250
No caso das instalações das Companhias América Fabril e Nova
América, estamos diante de unidades que se originaram de fusões
de outras fábricas para criar um sistema de produção integrada, em
uma trajetória de crescimento vertiginoso que as transformou no
mais importante complexo têxtil do país. No desmonte ocorrido na
década de 1980, muitas unidades que compunham a Cia. América
Fabril foram demolidas. Já o espaço industrial da unidade Nova América
resistiu e foi transformado no Shopping Nova América. A característica
fabril foi utilizada como um diferencial estratégico do empreendedor
na valorização da história e preservação da memória urbana, criando
um atrativo a mais para o consumidor que busca a proximidade com
a história do lugar, além de manter a representatividade simbólica e
a identificação que os moradores do bairro possuíam com a fábrica.
A reabilitação da Cia. Nova América reafirma o lugar do patrimônio
industrial como catalisador de transformações econômicas, urbano-
geográficas e culturais pelas quais as cidades e as sociedades capitalistas
vêm passando na produção do espaço urbano contemporâneo.
O quinto e último caso analisado neste trabalho diferencia-se
das demais indústrias pelo fato de sua implantação ter se dado em uma
área de enorme extensão territorial na zona rural carioca. Em função
dessa característica, a Fábrica Bangu tornou-se o elemento indutor do
desenvolvimento local pela implantação de infraestrutura urbana, que,
aliada à decadência da atividade rural, promoveria um novo vetor de
Considerações Finais
que primeiramente conduz aos seus conteúdos de memória, ou seja,
aos conhecimentos e valores do trabalho socialmente acumulados nos
registros da vida dos trabalhadores - homens, mulheres e crianças -
que ajudaram a construir esses espaços de produção, e que conferiram
identidade a bairros e cidades. E em segundo lugar, por meio de sua
reabilitação e de um novo uso, cria a possibilidade de todos interagirem
com o espaço fabril, apesar de nunca terem mantido com este qualquer
tipo de relação de trabalho.
Reabilitar espaços antigamente ocupados pela indústria pode
significar o rompimento de um processo de esvaziamento de sentido
do patrimônio industrial, bem como pode significar a valorização
da memória do trabalho, o que contribui para a formação de uma
imagem positiva da atividade industrial, que sustentou uma grande
parte da população dos estados estudados. Esse processo requer
esforços efetivos dos órgãos de preservação, da sociedade, do Estado
e, sobretudo, dos empreendedores imobiliários.
A valorização cultural, tecnológica, histórica e social do
patrimônio industrial confere às cidades um novo lugar, importante
252 graças às características intrínsecas de seu tipo, caráter, poder, ordem
espacial, aura e pluralidade. A nossa herança industrial poderá, assim,
permanecer objetivamente atuante, tornando-se um lugar sustentável,
capaz de renovar-se, receber funções variadas, ser frequentado e utilizado
com o passar do tempo, além de poder revitalizar áreas desativadas e
estagnadas. Manter viva a imagem e a identidade dos lugares industriais
reafirma o respeito que a população tem pelo seu espaço de moradia
e trabalho, regenerando a autoestima esmaecida com o esvaziamento
produtivo, e torna esses espaços um lugar digno de preservação.
ENDERS, A.. Les lieus de mémorie dez anos depois. Estudos históricos,
Rio de Janeiro, vol.6, n.11, p.128-137, 1993.
JEUDY, H. P.. Espelho das cidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005.
LYNCH, K. A cidade como meio ambiente. In: In: DAVIS, K. et al. Cidades: A
Urbanização da Humanidade. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1977.
NOBRE, A. L.; KAMITA, M.; LEONÍDIO, O.; CONDURU, R.. (Org.). Lucio 261
Costa - um modo de ser moderno. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p.
132-145.
Bibliografia
PEREIRA, A. F.. A indústria antiga trabalho manufatureiro em uma sociedade
escravista. In: Encontro Regional de História ANPUH, 12., 2006, Rio
de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPUH, 2006. p. 1-8.
SAIA, L.. Até os 35 anos, a fase heróica. Revista CJ. Arquitetura, n.17. Rio
de Janeiro: FC Editora, 1977.
265
IPHAN. Processo de Tombamento N.0031-T-38. Fábrica de Ferro Patriótica:
ruínas. Ouro Preto, MG.
Bibliografia
_____________. Processo de Tombamento N.1185-T-85. Complexo
ferroviário de São João Del Rei, MG.
I. Fiação
Constitui a primeira etapa de produção e é dividida em uma
fase preliminar, denominada preparação, e na fiação propriamente dita.
II. Tecelagem
A tecelagem também era subdividida em duas fases: preparação
e tecelagem. 273
III. Beneficiamento
É a terceira grande etapa da produção de tecidos e compreendia
muitas seções, como: bordados, mercerização, alvejamento, tintura do
pano, estamparia, vaporização, flanela, facas, engomação e acabamento.
276
277
ESTADOS
CLASSIFICAÇÃO TOTAL
AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RS SC SE SP TO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens
integrados 0 0 0 7 0 1 2 1 11 7 0 0 0 0 1 0 0 9 4 0 1 1 0 9 0 54
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e
acervos de bens móveis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 1 0 0 4 0 0 2 0 0 6 0 16
anexO ii - bens tOmbadOs PeLO iPhan
CLASSIFICAÇÃO QUANT.
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
11 BENS BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 3
PATR.INDUSTRIAL: 0 BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 6
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 1
BENS IMÓVEIS - Ruínas 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 11
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
MERCADO MUNICIPAL O Mercado Municipal de Manaus teve sua construção iniciada em 1880, pela firma “Bakus & Brisbin”, de Belém, com pavilhões construídos em estrutura de
ferro, pela firma “Francis Morton Engineers Liverpool”. Sua inauguração se deu em 1883. Dessa época é datado o edifício principal. Trata-se de um galpão
de aproximadamente 45 metros de comprimento e 42 m de largura, construído em estrutura de ferro. A estrutura é sustentada por 28 colunas, sendo os
parapeitos onde estas se apoiam e as duas salas laterais, em alvenaria de pedra e tijolo. Em 1890 foram construídos dois outros pavilhões (galpões) laterais
de igual tamanho, também com estrutura de ferro e cobertura de zinco. Os “novos” pavilhões possuem 360 m2 de área útil. Sua estrutura é formada por
beirais abertos, encimados por arcos de ferro, os quais são sustentados por colunas, também em ferro. Nas duas fachadas principais, fechando os arcos, há
gradis de ferro com ornatos decorados, acompanhados por vidros coloridos. Por volta de 1908, foi construído o pavilhão posterior para a comercialização,
na época, de tartarugas, o qual possuía iluminação a querosene. Tal pavilhão teve a estrutura em ferro construída pela companhia “Walter Macfarlane,
Anexo II - bens tombados pelo iphan
Glasgow”. Seu formato difere dos outros, sendo este totalmente fechado, possuindo cobertura em quatro águas e feita com chapas onduladas.
PORTO DE MANAUS A forma de pensar a arquitetura do início do século está bem representada no porto. O ferro aparece com soluções formais próprias - armazéns com
chapas onduladas de vedação, o “road-way” sobre bóias flutuantes. Porém, quando se trata dos edifícios da Alfândega e da Administração temos a estrutura
de ferro escondida sob vedações de alvenaria, com elementos alusivos a estilos passados. Os prédios da Alfândega e da Guardamoria representam uma
transição entre o conjunto de armazéns e os edifícios da Manaos Harbour, por utilizarem o sistema de pré-moldagem. Três das edificações tombadas são
anteriores aos empreendimentos da Manaos Harbour Ltd.: o antigo edifício do Tesouro Público (inscrições na fachada 1887-1890) de estilo neo-clássico; o
trapiche 15 de novembro - o único em chapa prensada de fabricação belga (possivelmente trata-se do mesmo trapiche Princesa Isabel cuja construção foi
iniciada em 1888 e rebatizado com o advento da República) e a bomba de incêndio, junto a este trapiche, que já é mencionada nos relatórios das obras
públicas datado de 1869 a 1881. Os armazéns foram construídos de 1903 a 1910.
RESERVATÓRIO DE Com sua obra iniciada em 1893 e concluída em 1897. O prédio, todo em alvenaria de pedra com estrutura de ferro de origem inglesa, feita pela empresa
MOCÓ “Dorman & Long”, serviria para abastecer boa parte da cidade, que contava àquela época, com algo em torno de 100 mil habitantes. Tem capacidade para
5.650m³ e uma área construída de 1.444m², sendo o reservatório construído em estrutura metálica, sustentado por pilares e vigas metálicas que o colocam
a 16 metros da superfície. O reservatório encontra-se em pleno funcionamento e é responsável por 60% do abastecimento de água de Manaus.
281
282
AMAPÁ
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 0
1 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 1
PATR.INDUSTRIAL: 0 BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 1
DISTRITO CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
1
FEDERAL BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 1
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 2
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
4 BENS
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
PATR.INDUSTRIAL: 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 4
13 Conjunto urbano Porto Seguro Cidade Alta de Porto Seguro, BA: conjunto arquitetônico e paisagístico 15.07.1968 15.07.1968
14 Conjunto urbano Rio de Contas Rio de Contas, BA: conjunto arquitetônico 08.04.1980
15 Conjunto urbano Salvador Rua Carneiro de Campos, Sodré e Trav.Aquino Gaspar: conjunto arquitetônico 08.06.1964
16 Conjunto urbano Salvador Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do centro histórico 19.07.1984
17 Edificação Salvador Mausoléu da família do Barão de Cajaíba e Imagem da Fé 24.11.1966
18 Edificação Salvador Asilo D. Pedro II: prédio 08.07.1980 08.07.1980
19 Edificação Cachoeira Capela da Ajuda 15.09.1939 15.09.1939
20 Edificação Salvador Capela da Ajuda 17.06.1938
21 Edificação Salvador Capela de Nossa Senhora da Escada 11.04.1962
22 Edificação Cachoeira Capela de Nossa Senhora da Pena e ruínas do sobrado anexo 08.07.1943 08.07.1943
23 Edificação Ilhéus Capela de Nossa Senhora de Santana 20.02.1984 20.02.1984
283
284
O Lugar do Patrimônio Industrial
161 Edificação Salvador Solar do Unhão e Capela Nossa Senhora da Conceição 16.09.1943 16.09.1943
162 Edificação Salvador Solar Ferrão 27.06.1938
163 Terreiro Salvador Terreiro do Axé Opô Afonjá 28.07.2000 28.07.2000
164 Terreiro Salvador Terreiro da Casa Branca 14.08.1986 14.08.1986
165 Terreiro Salvador Terreiro de Candomblé do Bate-Folha 03.02.2005 03.02.2005
166 Terreiro Salvador Terreiro de Candomblé Ilê Iyá Omim Axé Iyamassé, rua Alto dos Gantois nº 23, 02.02.2005
Federação.
167 Terreiro Salvador Terreiro do Alaketo, Ilê Maroiá Láji 30.09.2008 30.09.2008
168 Equip.urb.e infra-estr. Cachoeira Chafariz da Praça Dr. Mílton 09.08.1939
169 Equip.urb.e infra-estr. Salvador Parque e Fonte do Queimado 14.02.1997
170 Equip.urb.e infra-estr. Salvador Salvador, BA: conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico 14.07.1959
171 Paisagem natural Palmeiras Morro do Pai Inácio: conjunto paisagístico e rio Mucugêzinho 05.05.2000
287
288
O Lugar do Patrimônio Industrial
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
ENGENHO EMBIARA: A casa e a fazenda eram denominadas “Morgado Real do Embiara”. A primitiva Capela data de 1637, porém o atual sobrado, construído por Bernardino
SOBRADO José Aragão, só foi edificado em 1806.
ENGENHO FREGUESIA: A Sesmaria, onde mais tarde surgiria o Engenho Freguesia, foi doada em 1560 a Sebastião Álvares. Nesta época, o engenho possuía grandes edifícios. Em
SOBRADO, FÁBRICA DE 1624 foi incendiado pelos holandeses. A feição que a casa possui hoje é resultado das obras que aconteceram em 1760. Em 1900 o engenho deixa de
AÇÚCAR E CAPELA DE moer e é desapropriado, em 1968, pelo Governo Estadual para a instalação do Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, aberto ao público em 1971.
NOSSA SENHORA DA
PIEDADE
ENGENHO LAGOA: O conjunto de sobrado e capela implanta-se sobre uma elevação de onde se dominam extensas pastagens, anteriormente ocupadas por canaviais. A capela
SOBRADO E CAPELA se situa à esquerda da casa, muito próxima da mesma. A construção deste conjunto, um dos mais requintados do Recôncavo Baiano, deve datar do final do
século XVIII, ainda que não se saiba com precisão, o que é indicado pela simetria de sua composição. O sobrado desenvolve-se em dois níveis: o primeiro
formado pelo saguão e dependências e o segundo por salões, quartos, cozinhas etc. Devido à topografia, o segundo piso se apóia sobre arcaria, na frente e,
no fundo, sobre o terreno. A monumentalidade caracteriza-o volumetricamente
ENGENHO MATOIM: Em 1584, a propriedade de Jorge Antunes era composta de um engenho, casa-grande e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Foi destruído pelos
SOBRADO E FÁBRICA holandeses e reconstruído pela família Rocha Pita no séc. XVIII. Em 1973, o local foi desapropriado pelo Estado da Bahia e passou a integrar o Centro
DE AÇÚCAR Industrial de Aratú.
ENGENHO SÃO O engenho integrava o morgado instituído por José Pires de Carvalho, tendo suas terras demarcadas pelo Conselho Ultramarino em 1797. Em 1820,
MIGUEL E ALMAS: documentos registram a propriedade do Engenho de São Miguel com galeria de casa de moradia, fábrica e capela de pedra e cal. A propriedade continua
CASA E CAPELA em poder dos descendentes de seus primeiros proprietários. Pouco pode-se identificar no monumento devido ao seu avançado estado de arruinamento.
Restam apenas a caixa de muros do sobrado e uma das sineiras da capela.
ENGENHO VITÓRIA: Em 1812 inicia-se a construção do engenho, pelo Com. Pedro Bandeira, abastado negociante e senhor de engenhos da região e um dos introdutores
SOBRADO, CAPELA, da navegação a vapor na Bahia. O edifício é um dos mais representativos exemplos da casa rural assobradada. O sobrado é desenvolvido em três níveis,
CRUCIFIXO, SENZALA segundo planta em “T”, originalmente ligado à fábrica.
E BANHEIRO
CEARÁ CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
0
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
21 BENS BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 4
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 13
PATR.INDUSTRIAL: 0 BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 1
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 1
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 1
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 21
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 2
SANTO BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
0
0
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 12
14 BENS BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
PATR.INDUSTRIAL: 0 BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 14
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 1
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 6
20 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 10
PATR.INDUSTRIAL: 03 BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 2
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 1
TOTAL 20
ENGENHO CENTRAL O Engenho Central da Pindaré-Mirim, ou Companhia Progresso Agrícola, foi criado pelo Decreto-Lei nº 7.811, de 31/08/1880. Todo o maquinário e
SÃO PEDRO: CASA aparelhagem necessários à sua instalação foram importados da Inglaterra e executados pelo técnico Robert Collond, da firma inglesa Fawcet Preston & Cia.
Nessa época foram fixados os trilhos da primeira ferrovia do Estado. Em 1888, ainda por iniciativa da mesma empresa, é instalado em Pindaré o sistema de
iluminação elétrica, conferindo ao município um pioneirismo no gênero em todo o Brasil (somente em 1892 é que a cidade fluminense de Campos foi dotada
de energia elétrica). O Engenho Central possuía 500 carros de boi, 35 carroças, cerca de 50 casas de madeira, três léguas de terra apta à lavoura e 10 km de
via férrea. Hoje, este secular monumento, com sua tradicional chaminé, seus paredões em alvenaria, seu teto laminado sobre custosa estrutura de ferro, é um
dos últimos representantes do sistema de engenhos centrais instalados no Brasil durante o Império.
FÁBRICA SANTA O prédio onde funcionou a Fábrica Santa Amélia abrigou, primeiramente, a fábrica da Companhia de Lanifícios Maranhense, instalada em 1892. Com a
AMÉLIA: PRÉDIO falência desta, a fábrica e o maquinário foram arrematados em leilão, por Cândido José Ribeiro, em 1902 e, somado à Fábrica São Luís, passou a constituir
o “Cotonifício Candido Ribeiro”. A fábrica funcionou por 64 anos, sendo fechada em 1966, tendo grande importância no processo de industrialização do
Maranhão, iniciado em meados do século XIX, produzindo inclusive para exportação
SÍTIO DO FÍSICO: Sua importância está relacionada ao fato do local ter abrigado a primeira indústria da região, com o beneficiamento do couro, arroz e ainda a fabricação de
RUÍNAS cera e cal. Além disso, após a morte do físico em 1817, passou a fabricar fogos de artifícios. Faziam parte do conjunto, além da residência do físico, curtume,
fornos, conjunto de tanques, poços, armazéns, cais, laboratório, rampas, telheiros e canalizações com caixa de distribuição para os tanques.
Anexo II - bens tombados pelo iphan
293
294
MINAS
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 7
GERAIS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
3
13
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 162
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 16
204 BENS BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
PATR.INDUSTRIAL: 03 BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 1
BENS IMÓVEIS - Ruínas 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 1
TOTAL 204
122 Edificação São João Del Rei Igreja de São Francisco de Assis 15.07.1938 15.07.1938
123 Edificação Ouro Preto Igreja de São Francisco de Paula 08.09.1939
124 Edificação Minas Novas Igreja de São José 27.04.1967
125 Edificação Alvorada de Minas Igreja de São José de Itapanhoacanga 28.09.1971
126 Edificação Itabirito Igreja de São Vicente 16.01.1953
127 Edificação Serro Igreja do Bom Jesus de Matozinhos 14.01.1944 14.01.1944
128 Edificação Ouro Preto Igreja do Bom Jesus do Matozinhos 08.09.1939
129 Edificação Diamantina Igreja do Senhor do Bonfim 06.12.1949
130 Edificação Mariana Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte 06.12.1949
131 Edificação Berilo Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição 13.03.1974
132 Edificação Catas Altas Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição 08.09.1939
133 Edificação Conceição do Mato Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição 19.11.1948 16.11.1948
Dentro
297
298
CLASSIFICAÇÃO MUNICÍPIO NOME ATRIBUÍDO BELAS ARTES HISTÓRICO ARQUEOLÓG. ART.APLIC.
O Lugar do Patrimônio Industrial
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
CATAGUASES: Conjunto histórico que inclui Conjunto de Prédios das Residências Operárias, à Rua Francisca Peixoto, projeto do Arquiteto Francisco Bologna, de Propriedade
CONJUNTO da Companhia Industrial de Cataguases; Prédio da Fábrica Fiação e Tecelagem Cataguases/M.Ignácio Peixoto & Filhos, à Praça Manoel Ignácio Peixoto s/n° de
HISTÓRICO, Propriedade das Indústrias Irmãos Peixoto.
ARQUITETÔNICO E
PAISAGÍSTICO
COMPLEXO O complexo ferroviário de São João del Rei fazia parte da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada através da concessão provincial de 1872, com
FERROVIÁRIO DE o nome “Estrada de Ferro d’ Oeste”. Seu percurso iniciava na cidade de Sítios, atual Antônio Carlos, que estava ligada com a Estrada de Ferro D. Pedro II
SÃO JOÃO DEL REI (depois Central do Brasil), partindo daí para São João del Rei. O complexo ferroviário inclui, além do trecho ferroviário São João del Rei, com uma extensão
de 12 Km, em bitola estreita (0,76 mm) e ainda em funcionamento como linha turística, as seguintes edificações: 1- O prédio da Estação de São João Del Rei,
apresentando plataforma com cobertura estrutural de ferro. 2- O prédio da Estação de Tiradentes, caracterizado pelas linhas simples, sem muito detalhamento,
com cobertura em telha francesa e plataforma arrematada por lambrequins de madeira. 3- O Museu Ferroviário, antigo armazém de carga da ferrovia ,anexo
à estação de São João Del Rei, inaugurado por ocasião do centenário da Estrada de Ferro Oeste de Minas, em 1981, encontrando-se entre suas relíquias a
locomotiva número 1. 4- Rotunda de São João Del Rei, com edifício e telhado em forma diagonal, vãos em arco pleno, paredes em alvenaria de tijolos, cuja
recuperação realizada pela Rede Ferroviária, procurou manter os elementos construtivos originais, como o “girador de locomotivas “, as linhas e valas de
inspeção e alguns pedestais de pedra onde eram apoiadas as colunas de ferro para a sustentação do telhado. Nela acham-se guardados diversas locomotivas e
vagões. 5- Oficinas de manutenção, cujo prédio foi inaugurado em 1822. Possui máquinas centenárias de fabricação inglesa, em perfeito estado de conservação,
que ainda hoje continuam dando assistência na reparação das locomotivas e vagões. 6- O antigo almoxarifado e antigo armazém.
FÁBRICA DE FERRO A Fábrica de Ferro Patriótica foi fundada pelo Barão de Eschwege, tendo sido construída em terreno de propriedade do Barão de Paraopeba, que mais tarde
PATRIÓTICA: viria a ser seu sócio. Os trabalhos de construção tiveram início em fins de 1811 e, a 12 de dezembro de 1812, deu-se a primeira corrida de ferro no Brasil, o
RUÍNAS que confere à Fábrica Patriótica de São Julião um papel fundamental na história da siderurgia no Brasil. O Barão de Eschwege, fundador da fábrica de ferro e
um dos pioneiros da indústria em nosso país, era alemão de origem, engenheiro e naturalista, chegou ao Brasil por ocasião da viagem da Família Real, em 1808,
sendo aqui nomeado Tenente-Coronel do Real Corpo de Engenheiros de Vila Rica, Intendente das Minas de Ouro e Curador do Real Gabinete de Mineralogia.
Conforme o projeto da fábrica, foram instalados quatro fornos, duas forjas de ferro, um malho, bem como um engenho de socar, instalados num único edifício.
O malho, com os respectivos cabos, bigornas e aspas, foi importado da Inglaterra pelo governo brasileiro e doado à fábrica, tendo sido o primeiro no Brasil
que, movido a força hidráulica começou a forjar o primeiro ferro, produto dos fornos desta primeira fábrica. Alguns anos depois construiu-se, em nível inferior,
um telheiro para o malho e as duas forjas. De acordo com o plano primitivo, o malho foi disposto entre as forjas, o que permitiu a instalação, no mesmo prédio,
de quatro outros pequenos fornos de fundição, possibilitando o uso alternado dos fornos. A fábrica encerrou suas atividades provavelmente em 1822, após a
partida de von Eschewege para a Europa, em razão de divergências entre os principais acionistas da empresa. O plano do barão era de antecipar a fabricação
da grande usina do Morro do Pilar, assim como a de Ipanema e de ser, assim, a primeira fábrica de produzir ferro industrialmente no Brasil.
MATO CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
0
GROSSO DO BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
0
1
SUL BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros)
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura
2
0
4 BENS BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
PATR.INDUSTRIAL: 00 BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 1
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 4
MATO CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
0
GROSSO BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
0
1
5 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 3
PATR.INDUSTRIAL: 00 BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
Anexo II - bens tombados pelo iphan
TOTAL 5
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
24 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 5
PATR.INDUSTRIAL: 01
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 18
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 1
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 25
VER-O-PESO: O Mercado do Ver-o-Peso, que ficou conhecido como Mercado de Ferro, começou a ser construído em 1899 segundo proposta dos engenheiros Bento
CONJUNTO Miranda e Raymundo Vianna. A estrutura, toda de ferro, foi trazida da Europa, a cobertura principal é em telha tipo "Marselha" e as torres art-noveau possuem
ARQUITETÔNICO E cobertura em escamas de zinco, sistema "Vieille-Montagne". O Mercado de Carne, é conhecido também como Mercado Municipal ou Mercado Bolonha. A
PAISAGÍSTICO edificação foi feita pelo engfenheiro Francisco Bolonha, externamente é de alvenariae com pátio interno com imponente estrutura metálica. É composto de
quatro corpos iguais e autônomos onde se localizam as lojas, separadas por duas vias que se cruzam. Dispõe de um pequeno pavilhão e um mirante circular.
Anexo II - bens tombados pelo iphan
303
304
PARAÍBA
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
22 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
PATR.INDUSTRIAL: 01 BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 1
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 19
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 1
TOTAL 22
FÁBRICA DE VINHO A fábrica foi fundada em 1892, por Tito Henrique da Silva. Na década de 30 passou por processo de modernização, funcionando normalmente até o início
TITO SILVA da década de 80, quando seu patrimônio foi leiloado para pagar dívidas junto ao Governo. Seu tombamento representou uma inovação nessa área, pois não
só o monumento, a maquinaria e o equipamento foram preservados, como também a técnica industrial. O prédio se constitui por três blocos independentes,
interligados por pátios internos. A empresa possui entre outros objetos raros, 20 tonéis de madeira de lei de 1892, prensas manuais e uma máquina de rotular
alemã de 1930
Anexo II - bens tombados pelo iphan
305
306
PERNAMBUCO
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 1
82 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 1
PATR.INDUSTRIAL: 01 BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 4
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 73
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 1
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 2
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 82
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
ENGENHO POÇO O Engenho Poço Comprido foi construído em meados do século XVIII, destacando-se entre os 71 engenhos existente no Vale do Siriji até o século XIX.
COMPRIDO: CASA O engenho Poço comprindo, assim como os outros engenhos do Vale evoluíram , primeiro moviedos á tração animal, ou em alguns caos com roda d’água,
GRANDE E CAPELA depois por máquina a vapor, até ficarem de fogo morto, passando apenas a fornecediores de cana para as usinas. As atividades açucareiras do Engenho
Poço Comprido foram perdendo força a partir do final do século XIX e início do século XX, encerrando as atividades produtivas por volta da década de
1960, quando foram introduzidas novas tecnologias. utilizando as terras somente para o fornecimento da cana-de-açucar, para a usinas que encamparam a
produção de açucar e alcool na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Fato peculiar ao Engenho de Poço Comprido, que o distingue de todos os outros
ainda existentes, contemporâneos ou não, é o fato da casa grande e da capaela formarem um só corpo, interligadas entre si por uma passarela que comunica
o pavimento superior da casa com a galeria lateral superiro esquerda da capela.
PIAUÍ CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
0
7 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 0
PATR.INDUSTRIAL: 00
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 5
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 1
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 1
TOTAL 7
309
310
PARANÁ
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
15 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
PATR.INDUSTRIAL: 01 BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 1
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 12
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 2
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 15
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
ENGENHO DO MATE Exemplar de arquitetura rural construído por volta de 1870, é o ultimo remanescente dos inúmeros engenhos de soque de erva mate movidos a
força hidráulica no Paraná. Apresenta planta quadrada e telhado de quatro águas em pavilhão. A técnica construtiva utilizada é a do pau-a-pique sobre
embasamento de alvenaria de pedra. Foi restaurado entre 1980/1981. O tombamento abrange o acervo do museu e o seu terreno.
RIO DE CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
9
JANEIRO BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
4
13
225 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 166
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 13
PATR.INDUSTRIAL: 06 BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 6
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 13
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 225
15 Conjunto urbano Cabo Frio Cabo Frio, RJ: conjunto paisagístico 27/04/1967
16 Conjunto urbano Rio de Janeiro Conjunto residencial Parque Guinle 16/04/1986
17 Conjunto urbano Rio de Janeiro Jardim e Morro do Valongo: conjunto arquitetônico e paisagístico 30/06/1938 30/06/1938
18 Conjunto urbano Angra dos Reis Mambucaba: conjunto arquitetônico e paisagístico 11/12/1969
19 Conjunto urbano Rio de Janeiro Palácio do Catete, parque e Rua do Catete: conjunto arquitetônico 06/04/1938 06/04/1938
20 Conjunto urbano Parati Parati, RJ: conjunto arquitetônico e paisagístico da Cidade 13/02/1958 13/02/1958
21 Conjunto urbano Parati Parati, RJ: conjunto arquitetônico e paisagístico do Município 01/03/1974 01/03/1974
22 Conjunto urbano Nova Friburgo Praça Getúlio Vargas: conjunto arquitetônico e paisagístico 04/07/1972
23 Conjunto urbano Rio de Janeiro Praça Quinze de Novembro 14/03/1990 14/03/1990 14/03/1990
24 Conjunto urbano Vassouras Vassouras, RJ: conjunto paisagístico e urbanístico 26/06/1958
25 Conjunto urbano Rio de Janeiro Quinta da Boa Vista 30/06/1938 30/06/1938
26 Conjunto urbano Niterói Ilha da Boa Viagem: conjunto arquitetônico e paisagístico 30/05/1938 02/12/1940 30/05/1938
311
312
O Lugar do Patrimônio Industrial
164 Edificação Petrópolis Palácio Imperial de Petrópolis, parque e Quartel dos Semanários 15/06/1938 23/09/1954
165 Edificação Rio de Janeiro Palácio Itamarati 20/07/1938 20/07/1938
166 Edificação Rio de Janeiro Palácio Tiradentes 17/06/1993 10/03/1993
167 Edificação Rio de Janeiro Prédio à Avenida Marechal Floriano, 168, bloco I 13/06/1988 13/06/1988
168 Edificação Rio de Janeiro Prédio à Avenida Pasteur, 250 11/07/1972
169 Edificação Rio de Janeiro Prédio à Rua dos Inválidos, 193-203 20/04/1938 20/04/1938
170 Edificação Rio de Janeiro Prédio do MEC 18/03/1948
171 Edificação Niterói Recolhimento de Santa Teresa: remanescentes 08/01/1955
172 Edificação Rio de Janeiro Rua Gonçalves Ledo: conjunto urbano 28/04/1980
173 Edificação Angra dos Reis Sobrado à Praça General Osório, 19 03/11/1970
174 Edificação Angra dos Reis Sobrado à Praça General Osório, 3 a 13 17/12/1969
315
316
O Lugar do Patrimônio Industrial
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
TRECHO FERROVIÁRIO O trecho ferroviário foi declarado Monumento Histórico Nacional pelo Decreto nº 35.447-A, de 30 de abril de 1954. Este Decreto foi revogado pelo
MAUÁ-FRAGOSO Decreto nº 67.592, de 17/11/70. Este foi o primeiro trecho ferroviário do país (14 Km).
Anexo II - bens tombados pelo iphan
AVENIDA MODELO: Conjunto residencial edificado no último quartel do século XIX. Cortiços, estalagens, avenidas e vilas são as denominações dos diversos tipos de habitação
CONJUNTO DE popular surgidos para suprir a demanda crescente de moradia para trabalhadores livres na capital do país. A Avenida Modelo segue o padrão de casas
HABITAÇÃO COLETIVA térreas em seqüência, estruturadas ao longo de uma servidão, com entrada pelo logradouro público, junto ao sobrado do proprietário.
BASE AÉREA DE SANTA O tombamento inclui as pontes rolantes, os elevadores, as escadas de acesso, o motor, o mecanismo de abertura das portas principal e secundária, e a
CRUZ: HANGAR DE estação de passageiros anexa.
ZEPELINS (RIO DE
JANEIRO, RJ)
PALÁCIO DE CRISTAL Em 1884, com o fim de abrigar melhor as exposições hortícolas, foi importado e montado um pavilhão, o Palácio de Cristal. O Palácio de Cristal foi
E PRAÇA DA construído nas oficinas de St. Sauver-les-Arras, na França, por encomenda do Conde D’Eu, então Presidente da “Sociedade Agrícola de Petrópolis”. Sua
CONFLUÊNCIA finalidade seria a de servir como pavilhão para as exposições de flores e produtos agrícolas que aquela Sociedade já vinha promovendo desde 1875. Em
1879, mais precisamente no dia 2 de fevereiro, sua pedra fundamental foi lançada, cabendo ao Engenheiro Eduardo Bonjean a tarefa de acompanhar a
montagem do Palácio de Cristal na Praça Koblenz (ou Praça da Confluência), em Petrópolis. Sua inauguração foi realizada no dia 2 de fevereiro de 1884, com
um grandioso baile, que contou, inclusive, com a presença maciça de toda a Corte Imperial brasileira. Em Exemplo típico de arquitetura dita “das grandes
exposições”, surgidas com a Revolução Industrial, no século passado, o Palácio de Cristal consiste em pré-moldado em estrutura metálica, formando cruz
com braços retangulares nas laterais e em hemiciclo na frente e nos fundos com vãos preenchidos por vidros transparentes (originalmente, consistiam em
cristais “bisotados” importados da Bélgica).
317
318
O Lugar do Patrimônio Industrial
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
ESTAÇÃO DOM Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II, foi inaugurada em 29 de março de 1858, com trecho inicial de 47,21 km, da Estação da Corte a Queimados, no
PEDRO II, TAMBÉM Rio de Janeiro. Esta ferrovia se constituiu em uma das mais importantes obras da engenharia ferroviária do País, na ultrapassagem dos 412 metros de altura
DENOMINADA da Serra do Mar, com a realização de colossais cortes, aterros e perfurações de túneis, entre os quais, o Túnel Grande com 2.236 m de extensão, na época,
CENTRAL DO BRASIL o maior do Brasil, aberto em 1864. A Estrada de Ferro D. Pedro II, através do trabalho dinâmico de seus operários e técnicos, transformou-se, mais tarde
(1889) na Estrada de Ferro Central do Brasil, um dos principais eixos de desenvolvimento do país. Na Central do Brasil, foi tombado o edifício que começou
a ser construído em 1936 e foi inaugurado em 1943, um exemplo significativo da modernidade técnica do Estado brasileiro da época
JARDIM BOTÂNICO Com a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, uma das providências de Dom João VI, foi a criação de uma Fábrica de Pólvora, tendo em vista
que o fornecimento de suprimentos bélicos, para os territórios de ultramar, encontrava-se interrompido pelo cerco napoleônico a Portugal. O decreto
de 13 de maio de 1808 criou, então, no Brasil a Real Fábrica de Pólvora, bastante assemelhada a que existia em solo português; as orientações técnicas
para sua instalação foram ditadas pelo Brigadeiro Carlos Antônio Napion que foi primeiro diretor. Em curto espaço de tempo a fábrica já era responsável
pela produção do explosivo que abastecia o mercado brasileiro. Casa dos Pilões, ficou sendo a denominação, mais simples, para a “Oficina do Moinho dos
Pilões”, na realidade, um dos setores da Real Fábrica de Pólvora, e local onde se realizava a compactação da mistura de salitre, enxofre e carvão, em grandes
almofarizes de madeira. Em 1826, a Fábrica de Pólvora foi desativada e transferida para a Vila Inhomirim, na Raiz da Serra, e inaugurada em 1831.
RIO GRANDE CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
4
DO NORTE BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
0
0
14 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 9
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
PATR.INDUSTRIAL: 01 BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 14
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
ENGENHO DO Localizada no Engenho de Cunhaú. Segundo o capitão-mor de Pernambuco, Alexandre de Moura, e o desembargador Manuel Pinto da Rocha, o engenho
CUNHAU: RUÍNAS DA estava em funcionamento em 1614, bem como cultivadas a maioria das terras ao seu redor. Confiscado e vendido em 1637, Cunhaú passou às mãos do
CAPELA capitão Jorris Gartsmann. Em 1645, o conselheiro Jacob Rabbi e a tribo dos Janduís devastaram a região. Em 1835, a posse do local passa a André Cavalcanti
de Albuquerque Maranhão Arco-Verde. Da capela do Engenho de Cunhaú, construída com tijolos cozidos, batentes e cornijas de pedra lavada, restaram as
paredes laterais, a parede de fundo. As paredes laterais da capela-mor possuem seteiras. Na parede do retábulo resta o nicho em arco.
319
320
RONDÔNIA
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
02 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 0
PATR.INDUSTRIAL: 01 BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 2
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 2
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
PÁTIO FERROVIÁRIO A ferrovia Madeira-Mamoré, com 366 km, ligava Porto Velho a Guajará Mirim, em Rondônia, foi inaugurada em 1912, durante o ciclo da borracha, e
DA ESTRADA DE desativada em 1972. A Ferrovia Madeira-Mamoré é um dos maiores, e também mais desastrosos, projetos já implantados na Amazônia. Durante sua
FERRO MADEIRA construção, devido a doenças tropicais e falta de cuidados médicos, mais de seis mil operários morreram, o que levou o empreendimento a ficar conhecido
MAMORÉ, como “ferrovia do diabo”, espalhando-se a lenda de que, para cada dormente da ferrovia, havia morrido um homem. A construção começou em 1907, em
BENS MÓVEIS E Porto Velho, e terminou em 1912, quando a ferrovia chegou à divisa com a Bolívia, em Guajará-Mirim. A ideia da obra era servir para o escoamento da
INTEGRADOS borracha produzida na região. Como o Rio Madeira tem muitas cachoeiras nesse trecho de Rondônia, a ferrovia levaria a borracha até um ponto em que os
barcos pudessem navegar. A conclusão da estrada-de-ferro não coincidiu com o bom preço da borracha. O ano em que a obra terminou foi o último em
que o Brasil produziu mais borracha do que o resto do mundo. Já na década de 1930, com a crise econômica mundial, o tráfego na ferrovia foi parcialmente
interrompido.
Hardman ao investigar a construção da ferrovia Madeira-Mamoré em plena floresta amazônica profere alguns comentários sobre o que significou o
fenômeno ferroviário universal neste tempo:
A indústria das estradas de ferro representou uma empresa de grande porte e sua rápida internalização, durante a segunda metade do século XIX, foi
um dos fatores básicos para que se articulasse de modo pleno o mercado mundial. (...) Por toda a parte, de forma simultânea, batalhões ambulantes de
operários foram incorporados para criar novas paisagens, para traçar novo mapa-múndi, decisivo à circulação de mercadorias dali em diante. À enorme
concentração dessa força de trabalho seguiu-se depois, inelutavelmente, sua dispersão. Grande movimento de terras e de homens: a implantação das
vias permanentes das estradas de ferro é um capítulo privilegiado do nascimento e morte de cidade, da dizimação de populações nativas, de processos
migratórios e de colonização significativos na Ásia, África, Américas e Oceania. (...) É como se um mesmo enredo se passasse, ao mesmo tempo, em
diferentes cenários (HARDMAN, 1988, p. 127-128). HARDMAN, F. F. Trem fantasma: a modernidade na selva. São Paulo: Companhia das Letras, 1988,
RIO GRANDE CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
1
DO SUL BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
2
3
38 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 24
PATR.INDUSTRIAL: 00 BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 2
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 5
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 38
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
CAIS DO PORTO: O Pórtico central e os dois armazéns laterais (a sua direita e a sua esquerda) possuem estruturas metálicas, encomendadas à Casa Costa Daydée, de Paris. Sua
PÓRTICO CENTRAL E montagem foi iniciada sob orientação do engenheiro francês, Henri Hauser, e concluída, em 1922, pelo engenheiro brasileiro Trajano Ribeiro. Os panos de vidro
ARMAZÉNS da fachada foram executados pela vidraçaria De Lucca, de Porto Alegre. Sua construção insere-se no contexto de introdução e desenvolvimento no Brasil
da arquitetura de estruturas metálicas indrustrializadas, importadas da Europa. Apreciada pelo baixo custo do material e pela facilidade de montagem, essa
modalidade de construção foi praticada no Brasil sobretudo entre 1870 e 1920, restando, nos dias de hoje, poucos exemplares.
SANTA CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
1
CATARINA BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos
0
2
22 BENS BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 15
PATR.INDUSTRIAL: 01 BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 1
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 1
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 1
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 1
TOTAL 22
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
PONTE HERCÍLIO A Ponte Hercílio Luz é uma das mais importantes pontes pênseis do mundo e a maior do Brasil. O comprimento total é de 821,005 metros, sendo formada
LUZ pelos viadutos de acesso do Continente, com 222,504 metros, da ilha, com 259,080 metros, e pelo vão central pênsil com extensão de 339,471 metros,
composta por 28 vãos no total, 2 torres principais e 12 torres secundárias.A estrutura de aço tem o peso aproximado de cinco mil toneladas, e os alicerces e
pilares consumiram aproximadamente 14.250 m³ de concreto. As duas torres medem cerca de 75 metros, a partir do nível do mar, e o vão central tem altura
aproximada de 30 metros. A Ponte Hercílio Luz foi construída na década de 1920 - entre novembro de 1922 e maio de 1926 - pelas firmas associadas Byington
& Sundstrom. Foi projetada pelo Eng.º David Barnard Steinman, das firmas associadas Robinson & Steinman, U.S.A. Consulting Engineers, tendo sido concluída e
inaugurada em 13 de maio de 1926.
323
324
SERGIPE
O Lugar do Patrimônio Industrial
CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados 0
25 BENS BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 2
PATR.INDUSTRIAL: 00 BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 23
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 25
15 Coleções e acervos São Paulo Acervo Histórico da Discoteca Oneyda Alvarenga, acautelado no Centro Cultural São 14/02/2008 14/02/2008
Paulo
16 Conjunto Urbano Jundiaí Conjunto de edificações da Companhia Paulista de Estrada de Ferro. 14/07/2004
17 Conjunto urbano São Paulo Conjunto do Ipiranga: Museu Paulista, Monumento à Independência, Casa do Grito e 26/06/1998 26/06/1998 26/06/1998
Parque da Independência
18 Conjunto urbano Santo André Vila Ferroviária de Paranapiacaba 30/09/2008
19 Conjunto urbano Carapicuíba Aldeia de Carapicuíba, SP: conjunto arquitetônico e urbanístico 13/05/2001
20 Edificação Mairinque Estação Ferroviária de Mayrink. 08/07/2004
21 Edificação S.José do Rio Pardo Barraca de Euclides da Cunha 30/08/1939
22 Edificação São Paulo Capela da Venerável Ordem Terceira do Carmo 17/05/1999 17/05/1999
23 Edificação Santana de Parnaíba Capela de Nossa Senhora da Conceição 19/02/1941 19/02/1941
24 Edificação Taubaté Capela de Nossa Senhora do Pilar 26/10/1944 26/10/1944
325
326
O Lugar do Patrimônio Industrial
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
CONJUNTO DE O conjunto, na época da construção, estava entre os maiores e mais bem equipados do país. Distribuía-se em vários setores, contando com oficinas de
EDIFICAÇÕES reparação de carros e vagões, de pintura de carros e vagões, de carpintaria, mecânica, além de compartimento para máquina fixa, depósito de materiais,
DA COMPANHIA depósito para madeira serrada, oficinas de fundição, etc. O conjunto das oficinas ocupa atualmente cerca de 30 mil metros quadrados de área construída
PAULISTA DE em um terreno de 145 mil metros quadrados onde, além de oficinas, casas de força, pátios de manobra, escritórios, existiam também moradias para os
ESTRADA DE FERRO trabalhadores. (KÜHL, 2010, 10-11)
Anexo II - bens tombados pelo iphan
VILA FERROVIÁRIA DE Este complexo foi planejado, empreendido, construído e mantido pela “São Paulo Railway Co. Ltd.”, uma “single-enterprise” ferroviária, no período que vai de
PARANAPIACABA 1860 até 1946. Neste período, Alto da Serra foi um modelo de vila operária que nasceu e sempre viveu em função de uma única atividade e onde imperou
uma relação de paternalismo entre os trabalhadores e a empresa. Historicamente, Alto da Serra é composta pela junção de três partes: a Vila Velha, que é o
núcleo original; a Vila Martin Smith, a parte projetada e; a Parte Alta ou a Vila dos Aposentados.
ESTAÇÃO A estação ferroviária de Mairinque, cumprindo com a função articuladora, apresenta características próprias; em primeiro lugar, por estar localizada em
FERROVIÁRIA DE aterro elevado, no qual se configura o conjunto ferroviário como um todo, formado por oficinas, por armazéns e pela própria estação e, em segundo lugar,
MAYRINK. por estar implantada entre duas linhas férreas – Estradas de Ferro Sorocabana e Ituana –, constituindo, portanto, uma estação-ilha, sendo esta a tipologia
explorada pelo arquiteto Victor Dubugras e pouco encontrada na malha ferroviária do Estado de São Paulo
CASARÃO DO CHÁ Edifício representativo da imigração japonesa no Brasil foi projetado por Kazuo Hanaoka, em 1942, para abrigar uma fábrica de chá. Utilizando elementos
construtivos ocidentais - telhas marselha, esquadrias, taipa de mão - e soluções formais inspiradas na arquitetura dos castelos e templos do Japão obtém
resultado de grande plasticidade, identificado com a cultura japonesa no Brasil.
327
328
O Lugar do Patrimônio Industrial
PATRIMÔNIO DESCRIÇÃO
INDUSTRIAL
ENGENHO DOS Datando da primeira metade do século XVI, é o único exemplar conhecido da primeira tentativa oficial de exploração açucareira no Brasil. Montado
ERASMOS: RUÍNAS por Martim Afonso de Souza, foi posteriormente vendido a um comerciante flamengo, Erasmo Schetz, de onde advém a denominação que passou a ser
chamado. Sofreu obras de consolidação e limpeza em 1965, durante as quais foram desenterradas várias formas de pão-de-açúcar em meio a uma camada
de cinzas e entulho que, presume-se, seja resultado de incêndio que nele terá ocorrido em 1603. Espera ainda por obras complementares e parqueamento
de sua área envoltória, bem como estrutura de atendimento ao público. O edifício foi doado à Universidade de São Paulo.
ESTAÇÃO DA LUZ Em 1860, inicia-se a construção da estrada de ferro The São Paulo Railway Company que ligaria a próspera região de produção de café do interior de São
Paulo ao principal porto exportador, Santos. Em 1865, inaugura-se a primeira estação em São Paulo, substituída, em 1900, pela Estação da Luz, monumental
edifício em ferro e tijolos, projetado na Inglaterra, com área de 7.520 metros quadrados, que se tornou referência obrigatória em todos os guias e relatos de
viajantes, reorientando o crescimento da cidade. Ainda hoje funciona como importante entroncamento do sistema metropolitano de transporte.
REAL FÁBRICA DE Remanescentes de arqueologia industrial do primeiro complexo funcionante para exploração e fabricação do ferro no Brasil. Os esforços para a implantação
FERRO SÃO JOÃO de uma siderurgia, concentraram-se em Ipanema, a partir de 1818, com a vinda de artesãos e mestres europeus, entre os quais Varnhagem, cujo o filho,
DO IPANEMA: importante historiador, ali nasceu. Estas instalações funcionaram até o final do século XIX, produzindo grades, equipamento agrícola e armas brancas
REMANESCENTES
TOCANTINS CLASSIFICAÇÃO
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Objetos e bens integrados
QUANTIDADE
0
01 BEM BENS MÓVEIS E INTEGRADOS - Coleções e acervos de bens móveis 0
BENS IMÓVEIS - Sítios urbanos 1
PATR.INDUSTRIAL: 00
BENS IMÓVEIS - Edificações (inclusive os Terreiros) 0
BENS IMÓVEIS - Equipamentos urbanos e infra-estrutura 0
BENS IMÓVEIS - Jardins Históricos e Parques 0
BENS IMÓVEIS - Paisagens Naturais 0
BENS IMÓVEIS - Ruínas 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Coleções e acervos arqueológicos 0
BENS ARQUEOLÓGICOS - Sítios Arqueológicos 0
TOTAL 1
329