Teoria Da Aprendizagem de Bruner

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Bruner apresenta o conceito de teoria da aprendizagem como um conjunto de regras que

funcionam em benefício do objetivo de se obter conhecimento da forma mais eficaz. Portanto,


a teoria é apresentada em forma normativa, uma vez que define critérios específicos e
também abrangentes que sejam passíveis de articular com os diversos currículos de ensino
(Silva&Gomes,2017). Bruner, como construtivista, reconhece a importância da procura em
perceber como o sujeito conhece/aprende/adquire significados, em como constrói as suas
estruturas cognitivas. Por isso se foca tanto na questão “em como algo a ensinar pode ser mais
bem aprendido”, Bruner citado como em Silva 2017. Para compreender a teoria da
aprendizagem de Bruner foram utilizados dois artigos: A Teoria da Aprendizagem de Bruner e o
Ensino de Ciências da autoria de Alisson Henrique Silva e Luciano Carvalhais Gomes e
Pedagogia da Infância: Aprendendo Com Bruner da autoria de Cristina Mesquita. O primeiro
foca-se numa abordagem mais sucinta e é mais abrangente quanto à faixa etária do aluno, já o
segundo artigo incide na aprendizagem durante a fase da infância.

Segundo Silva, o autor propõe quatro caraterísticas de base que constituem uma teoria de
ensino:

● A teoria deve incidir sobre a criação de experiências de ensino que influam a


predisposição do aluno para a aprendizagem;
● Deve clarificar a estrutura do conjunto de conhecimentos a ser abordado;
● Deverá informar sobre a sequência mais eficiente para aprender as matérias a ser
estudadas;
● Deve incidir sobre a natureza da aplicação de prémios e punições durante o processo
de ensino aprendizagem.

Digamos que Bruner define a aprendizagem como um processo pessoal ativo de descoberta e,
neste sentido o pensamento e o raciocínio aumentam o seu grau de complexidade ao longo do
tempo.

O autor aborda alguns aspetos a considerar quanto ao desenvolvimento intelectual do aluno,


como fatos culturais, motivacionais e pessoais, assim como idade, sexo e classe social. Diz
ainda que uma teoria da aprendizagem deve ter em conta estes aspetos ao procurar a melhor
maneira para se alcançarem os objetivos de ensino. Neste sentido, tem sido algo discutida a
predisposição para explorar alternativas referentes ao comportamento de pesquisa, tendo
como base três medidas: ativação, manutenção e direção. Assim este método, tende para criar
algo que faça dar início à exploração, algo que a mantenha em ação e algo que faça evitar que
se perca.

Segundo Bruner, qualquer tipo de conhecimento pode ser resumido para ser compreendido
por qualquer estudante. Para isso determina que o conhecimento pode ser estruturado em
três variáveis ou estádios, diretamente relacionados com a habilidade do estudante dominar a
matéria, tendo igualmente a idade e o seu currículo em conta: a representação ativa, que
abrange um conjunto de ações para obter determinado resultado; a representação icônica,
que apresenta um conjunto de imagens ou gráficos, que simbolizam um conceito sem uma
definição pré-feita; e a representação simbólica, que apresenta um conjunto de preposições
lógicas ou simbólicas, com regras para formar ou transformar proposições
(Silva&Gomes,2017). Em relação a isso, Bruner acrescenta que as crianças podem agir dentro
deste tipo de representações de forma não sequencial (Mesquita, 2014).

A sequência representa os momentos em que a matéria é revelada ao aluno e tem como


principal objetivo auxiliar no desenvolvimento da sua capacidade de compreensão, da sua
capacidade de transformação e da transferência do assunto em estudo para outro contexto.
Por isso, a sequência do conteúdo deve incidir sobre a exploração de uma determinada
hipótese, assim como deve incidir sobre a exploração de alternativas. Aqui o tutor/educador
assume um papel imprescindível na decisão sobre a melhor forma de aprendizagem para o
aluno (Silva&Gomes, 2017). Na fase seguinte que trata a resolução de problemas e ainda o
próprio estudo, há um ciclo que engloba a formulação de um processo de verificação ou
tentativa que deve ir articulando os resultados com determinados critérios. O objetivo deste
processo é de alimentar a autossuficiência do aluno e para isso o papel do educador é
fornecer-lhe ferramentas e ações para que mais tarde adquira uma postura de independência.

Um dos pontos fortes da teoria de Bruner consiste na aposta da aprendizagem em contexto


cooperativo, ou seja, na interação entre alunos experientes e menos experientes. Desta forma,
sobre o ponto de vista de um contexto de faixa etária infantil, calcula-se que a criança estará
mais disponível para receber o apoio dos outros na organização do seu pensamento e para
desenvolver as suas próprias ações. Neste contexto, o educador terá a função de apoiar o
aluno para que naturalmente faça o seu percurso de aprendizagem, respeitando as suas
habilidades, dando-lhe reforço e espaço para que desenvolvam, e retirando-se quando verifica
que o aluno tem autonomia para realizar certa ação (Mesquita,2014).

Como referido no artigo Pedagogia da Infância: Aprendendo com Bruner, para que isto
efetivamente se concretize é necessário traçar um perfil do educador. Este deve ser capaz de
levar o aluno a descobrir por si próprio, tendo clara noção que durante uma tarefa, apenas
pode deixar por resolver ações que estão ao alcance da criança, e que para isso terá que ter
clara noção daquilo que a criança reconhece e daquilo que ainda não consegue resolver; deve
também incidir sobre uma aprendizagem conjunta, atenção conjunta, realização de tarefas
conjuntas, relação social entre aluno e tutor, criar mundos possíveis em que determinadas
proposições possam ser verdadeiras, apropriadas e oportunas” (Mesquita,2014).

Bruner enfatiza que o desenvolvimento da criança se deve fazer em ambientes de


oportunidade, promovendo a interações agenciadoras e a Auto iniciação. Isto permite à
criança ter controlo sobre aquilo que pretende aprender e assim promover uma aprendizagem
habilitadora, que favorece a aprendizagem participativa, proactiva, comunitária e colaborativa,
que é fundamentalmente voltada para a construção de significados. Na perspetiva de Bruner, a
cultura ou instrumentos de cultura representam um papel fulcral na construção de
significados, assim como a narrativa que se também se insere nesta categoria. Como citado em
Mesquita, Kishimoto diz que “ a narrativa como forma de discurso oral, descreve fatos em
sequência de passado real ou imaginário e essa é a sequência que veicula o significado”. Assim,
a narrativa é um meio pelo qual a criança participa na cultura, seja através da linguagem oral
ou discurso narrativo. Desta forma, Bruner coloca em paralelo a função da educação e da
cultura, mostrando que uma não vive sem a outra, a cultura através da educação está em
constante mudança, pois “a educação é uma complexa procura no sentido de ajustar uma
cultura às necessidades dos seus membros e de ajustar os seus membros e os seus modos de
conhecer às necessidades de uma cultura”, (Mesquita,2014,p.54).

Durante o artigo de Cristina Mesquita, são abordados cinco aspetos a ter em conta na
aplicação da pedagogia infantil apoiada na perspetiva de Bruner, que permitem conceber o
processo desta forma de aprender e ensinar ativa, centrada na aquisição do conhecimento
como significado.

● O Espaço e os materiais:
o O espaço Bruneriano representa um espaço social em que é valorizada a
oportunidade para agir, pensar, comunicar. Objetiva fomentar o sentido de
participação numa comunidade habilitadora e a construção de conhecimento,
sentimentos e emoções através da interação ativa com a realidade do aluno.
o A aprendizagem pela ação obriga à manipulação de objetos, de forma
intencional, não imitativa.
o A aprendizagem deve envolver a manipulação de instrumentos culturais,
simbólicos e materiais, olhando para as suas especificidades;
o O educador deve selecionar intencionalmente os instrumentos para
aprendizagem, que podem ser brinquedos, jogos, canções, histórias, etc.
● O tempo:
o Deve existir uma rotina estável, com repetições cíclicas;
o A organização de tempo deve permitir a ação da criança com os materiais,
possibilitando a experimentação das suas possibilidades e o diálogo sobre as
suas observações.
o A sequência temporal deve construir-se como a estrutura de uma narrativa,
sendo uma sequência de eventos que possibilita a criação de significados, tem
como elementos: o inesperado, a questão e a descoberta por soluções.
o A organização do tempo, é algo comprometida com o ritmo e formas de
aprendizagem individual.
● As interações:
o A aprendizagem, sobre a perspetiva de Bruner, consiste na “construção de nós
mesmo como agentes animados por intenções autogeradas”
(Mesquita,2014,p.) dentro de comunidades, através da partilha e negociação.
o Deve ensinar-se que “consciência de si” está intrinsecamente ligada à
conceção do outro como um si mesmo.
o Deve existir um diálogo entre a criança e o tutor que lhe permita ir
aumentando gradualmente o seu grau de complexidade de pensamento.
o O apoio deve ter como principal foco a autonomia da criança para criar
significados por ela própria.
o Criação de espaços escolares para trabalhos coletivos, de forma a que cada
aluno se possa construir a partir de referentes da construção em grupo. O
educador deve focar-se em cultivar um ambiente de convivência social
saudável, de intercâmbio e negociação.
● As atividades e projetos:
o Devem ter em conta a ação, a reflexão, a colaboração e a cultura.
o
Requerem a utilização de estratégias que conduzam e regulem a ação para
obter uma meta específica. Como regulação da ação deve usar-se termos de
comparação entre o que está feito e o que se idealiza fazer, utilizando a
diferença no ato de correção.
o Utilização de estratégias para ajudar a descobrir, refletir, colaborar e contatar
com a cultura: o jogo e a narrativa.
▪ O jogo permite ensaiar várias combinações num ambiente seguro.
Permite à criança desenvolver a sua capacidade de observação e
reflexão sobre as suas ações, assim como lhe permite aprender as
convenções sociais.
▪ A narrativa permite à criança criar significados através da cultura.
Bruner sugere a utilização das histórias, que proporcionam várias
leituras do mundo; a criação de oportunidades para que as crianças
façam as suas próprias histórias e exprimam os seus sentimentos; o
recurso a canções, dramatizações e teatro para a construção dessas
narrativas; a utilização de diferentes tipos de texto, para que
desenvolvam a sua linguagem.
● Observação, planificação e avaliação:
o O educador deve observar a criança e refletir sobre a sua interação com a
mesma. Além disso, o autor sugere que o educador grave momentos da sua
interação com a criança, de modo que consiga perceber as potencialidades e
fraquezas dessa interação.
o Observar a ação da criança para compreender os processos que ela própria
utiliza para realizar os seus projetos.
o Deve focar-se na observação centrada nos pormenores da interação entre as
crianças.
o A planificação deve ter em consideração os dados obtidos através da
observação e da escuta. Como processo intencional, deve refletir sobre o
campo das possibilidades para criar espaços de oportunidade para a criança.
Deve ser construído pelo grupo em modo de cooperação, que objetiva
desenvolver projetos que conduzam à descoberta de resolução de problemas.

Bibliografia:

Silva, A.H; Gomes, L.C. (2017). A Teoria da Aprendizagem de Bruner e o Ensino de Ciências.
Arquivos do MUDI,v21, nº 3, p.23-25. Acedido a 2 de junho de 2019, em

https://www.google.com/search?rlz=1C1SQJL_pt-
PTPT817PT817&ei=qWL0XJjEEZKcaaDTjaAF&q=bruner+teoria+da+aprendizagem&oq=bruner+t
eoria+da+a&gs_l=psy-
ab.1.0.0j0i22i30l9.17041.19112..21033...0.0..0.135.1362.0j11......0....1..gws-
wiz.......0i203j0i10i203.bHaMU8RHJb4

Mesquita, Cristina (2014). Pedagogia da Infância: Aprendendo Com Bruner. INFAD Revista de
Psicologia,vol3, nº1,pp.51-66. Acedido a 2 de junho de 2019, em
https://ipcb-my.sharepoint.com/personal/clotilde_agost_ipcb_pt/_layouts/15/onedrive.aspx?
id=%2Fpersonal%2Fclotilde_agost_ipcb_pt%2FDocuments%2FAnexos%2Fperspetiva%20de
%20Bruner%281%29%2Epdf&parent=%2Fpersonal%2Fclotilde_agost_ipcb_pt%2FDocuments
%2FAnexos&cid=9b7567ac-6451-4f44-88cc-6b1b9ed03373

Você também pode gostar