Controle Glicêmico Na Odontologia

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MÓDULO 5 – ATUANDO NAS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

CONTROLE GLICÊMICO NA ODONTOLOGIA

As patologias sistêmicas apresentam manifestações na cavidade bucal e


como tal necessitam de tratamento diferenciado. Com o Diabetes Mellitus (DM)
não é diferente. Segundo pesquisas recentes, os quadros infecciosos e inflama-
tórios bucais (periodontites e lesões endodônticas) podem deteriorar a condição
metabólica do paciente, assim como prejudicar o seu controle.

Por vezes, isso pode significar o uso de quantidades maiores de insulina


e medicamentos, além de colocar o portador de DM em risco multiplicado para
eventos cardiovasculares (infarto), cerebrovasculares (AVC), precipitação de in-
suficiência renal e progressão de retinopatias.

Diante do quadro, é fato a necessidade do cirurgião dentista aferir o es-


tado glicêmico do paciente antes de iniciar procedimentos mais invasivos. A in-
teração com a equipe médica (endocrinologista, cardiologista, nefrologista) é de
grande valia no controle clínico geral do portador de DM.

Quando o controle glicêmico não é feito de forma efetiva, o paciente está


sujeito a enfrentar um tratamento odontológico mais prolongado pelo fato do or-
ganismo apresentar deficiência no combate a microrganismos (vírus, fungos e
bactérias) e formação deficitária de tecidos, piorando e/ou comprometendo o
prognóstico geral. O quadro de infecção bucal é, muitas vezes, a principal causa
dessa descompensação.

Diminuição no fluxo salivar, mobilidade dental, infecções fúngicas recor-


rentes e halitose (mau-hálito) forma o conjunto de sintomas (descritos na anam-
nese) que deve levar o cirurgião dentista suspeitar da presença da doença. Mas
isso não é uma regra. Um quadro de hiperglicemia grave detectada em condi-
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ções anormais (estresse agudo infeccioso, traumático, circulatório ou outro) não
deve ser considerado isoladamente como diagnóstico de DM.

Ao detectar quadros de hiperglicemia (altos níveis de glicose no sangue)


ou hipoglicemia (baixos níveis de glicose no sangue), sintomáticos ou não, po-
dem-se prevenir complicações transoperatórias ou pós-operatórias, assim como

prever o prognóstico e lançar mão de métodos e terapêuticas para a melhoria e


conforto do paciente. Isso é possível com medidas simples, como manter um
medidor de glicemia no consultório odontológico.

A presença do glicosímetro é essencial. O equipamento é útil em quase


todas as fases do tratamento odontológico. Na anamnese, para averiguar o con-
trole glicêmico; em exames pré-operatórios; no diagnóstico de episódios agudos
de hiper e hipoglicemia na cadeira do CD; aferir a correlação da progressão do
tratamento odontológico com a melhora metabólica do paciente e, principal-
mente, visando o diagnóstico de pacientes não diagnosticados.

Em síntese, a anamnese é uma entrevista que tem por objetivo trazer de


volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença. Embora vital durante
as consultas em todas as especialidades médicas, a anamnese deve ser parti-
cularmente rigorosa no consultório odontológico.

De acordo com todos os grandes estudos na literatura científica, o porta-


dor de DM, na ocasião do diagnóstico, apresenta em 50% dos casos, uma ou
mais das complicações clássicas do DM, sendo a periodontite uma delas. Além
disso, o paciente frequentemente apresenta hipertensão grave, doença cardio-
vascular, doença cerebrovascular, neuropatias, retinopatias e nefropatias (pro-
blemas renais).

Por apresentar uma ou mais doenças, esses pacientes estão sob terapêu-
tica medicamentosa múltipla, com uso de anticoagulantes, antiagregantes pla-
quetários, hipotensores e digitálicos. São drogas que possuem interferência di-
reta no tratamento odontológico e devem ser conhecidos pelo cirurgião-dentista
no início do tratamento.

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No caso do paciente diabético, aferir a pressão arterial (PA) antes de qual-
quer procedimento odontológico é uma condição essencial.

O DM é um grave problema de saúde pública contribuindo em 40% das


mortes quando relacionadas a doenças cardiovasculares. Se considerado isola-
damente como doença crônica, o DM é a maior causa de morbidade e
mortalidade no mundo e é provocado pela falta absoluta ou relativa de insulina
– hormônio produzido pelo pâncreas e responsável pela regulação da glicemia
(nível de glicose) no organismo. O distúrbio acontece quando a quantidade de
insulina no corpo é insuficiente e a glicose é impedida de ser absorvida pelas
células, o que provoca a elevação dos níveis sanguíneos de glicose, cuja taxa
normal, em jejum, é de 70 a 110 mg/dl.

Os tipos I e II são os mais comuns. O primeiro resulta principalmente da


destruição das células beta do pâncreas; manifesta-se tipicamente na infância e
na adolescência; os pacientes possuem menor controle dos níveis glicêmicos;
correspondendo a 5% do total de portadores de DM. O segundo é caracterizado
por ser a forma mais comum, representando 95% dos portadores. É resultado
de defeitos na secreção de insulina; os pacientes estão acima do peso ou são
obesos.

A taxa de glicose capilar deve ser medida:

1) Como exame complementar durante a anamnese;


2) Pacientes com sinais e sintomas característicos do DM;
3) Pacientes que apresentam hipertensão arterial;
4) Durante exames pré-operatórios para procedimentos invasivos
(raspa- gens periodontais ou cirurgias);
5) Quando o paciente apresenta sintomas de hiperglicemia ou
hipoglicemia;
6) Após procedimentos cirúrgicos, para fins de liberação do paciente
com segurança;
7) Para acompanhamento da evolução da terapêutica odontológica e
previ- sibilidade do diagnóstico.

Fonte: Guia “Meu paciente tem diabetes, e agora?” Reach Johnson&Johnson

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