26 Reharmonizacao

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Felipe Moreira

Técnicas de Reharmonização
Reharmonizar uma música significa inserir novos acordes ou substituir os já existentes por outros
possibilitando novas harmonias e sonoridades. Porém, antes de começarmos a reharmonizar uma
música, é necessário:

• Domínio dos Campos Harmônicos Maior e Menores


• Construção de tríades e tétrades
• Fluência no instrumento
• Bom gosto e um certo cuidado para não descaracterizar a melodia da música

Veja como identificar possíveis trechos para substituições de acordes e certos cuidados para isso:

• Melodias repetitivas permitem acordes distintos


• Ausência de melodia abre espaço para novos acordes
• Melodia com notas ou pausas longas possibilitam mudanças de acordes
• Analisar possíveis choques da melodia com o acorde substituído

Estudaremos a seguir as principais técnicas de reharmonização usadas constantemente na MPB e no


Jazz.

Substituição por Função Harmônica

É a técnica mais simples que consiste na substituição dos acordes de mesma função harmônica
dentro do campo harmônico, seja ele maior ou menor. Veja as tabelas abaixo:

Campo Harmônico Maior

Função Acordes
Tônica I7M / I6 / IIIm7 / Vim7
Subdominante IV7M / IV6 / IIm7
Dominante V7 / VIIm7(b5)

Campo Harmônico Menor

Função Acordes
Tônica Im7 / Im(7M) / Im6 / bIII7M / bIII7M(#5) / VIm7(b5)
Subdominante IV7 / IVm7 / IVm6 / IIm7(b5) / bVI7M / bVI6 / bVII7
Dominante V7 / VIIº

Dominante

É o acorde de estrutura dominante encontrado quinta justa acima ou quarta justa abaixo de um
acorde maior ou menor. Temos os dominantes primários, secundários e auxiliares, todos explicados
a seguir.
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Felipe Moreira

Dominantes Primário, Secundário e Auxiliar

Todo acorde pode ser precedido pelo seu dominante, preparando a sua chegada. Observe alguns
exemplos:

• C7 prepara F7M ou Fm7 • Db7 prepara Gb7M ou Gbm7

Podemos classificar os acordes dominantes como:

• Dominante Primário: é o acorde dominante da tonalidade


• Dominante Secundário: são os acordes dominantes dos demais graus da mesma tonalidade
• Dominante Auxiliar: são os acordes dominantes dos Acordes de Empréstimo Modal

Dessa forma, dentro de um campo harmônico maior ou menor, cada grau pode ser preparado pelo
seu dominante.

SubV7

É o acorde dominante encontrado um semitom acima de um acorde, que substitui o V7 por terem
ambos o mesmo trítono e, portanto, a mesma função harmônica.

Assim como acontece com os dominantes, temos o SubV7 primário e os SubV7 secundários. Não
temos SubV7 auxiliares, pois os mesmos são os dominantes secundários da tonalidade.

Substituição por Trítono – Dominante, SubV7 e Diminuto

O intervalo de Trítono é o responsável pelo som dissonante preparatório, ou seja, cria a expectativa
de chegada de um outro acorde. É formado pelo IV e VII graus da escala Maior ou da Menor
Harmônica, dividindo a oitava em duas partes iguais.

Sua resolução consiste no movimento, respectivamente, da terça e sétima do acorde dominante para
a fundamental (semitom) e para a terça de um acorde maior (semitom) ou menor (tom). Dessa
forma, um único trítono possui quatro possíveis resoluções, pois encontramos o mesmo trítono em
duas escalas distintas, considerando a enarmonia entre elas. Veja o exemplo a seguir:

Diminuto

A estrutura deste acorde é composta por dois trítonos. Se um trítono possui quatro possíveis
resoluções, temos portanto, oito possibilidades num único acorde diminuto. Veja a seguir o
exemplo com o acorde de Bº:

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Podemos classificar um acorde diminuto das seguintes formas:

• Diminuto Ascendente: tem função de dominante, resolvendo um semitom acima

Am7 Bº C7M F#m7(b5) D#º Em7

• Diminuto Descendente: é um acorde de passagem, resolvendo um semitom abaixo

Am7 Abº G7 Dm7 Fº Em7

• Diminuto Auxiliar: consiste num acorde diminuto que resolve num outro acorde com o
mesmo baixo

C#m7 Bº B7M A7M Dº D7

• Diminuto de Passagem Ascendente ou Descendente: quando o baixo do acorde diminuto


está a um semitom do baixo do acorde anterior e posterior

Bm7 Bbº Am7 E7M Fº F#m7

• Diminuto de Função Cromática: quando o acorde diminuto resolve na inversão do I ou V


graus, ascendente ou descendente

C7M Dm7 D#º C/E G7M Em7 Dº G/D

Nunca um acorde diminuto é SubV7 de um outro acorde, entretanto, um acorde diminuto pode
preparar outro diminuto.

Acordes Suspenso e Frígio

Se analisarmos a estrutura de um acorde G7sus4, podemos identificar nela um acorde Dm7.


Portanto, um acorde suspenso pode substituir o IIm7 num II cadencial. Veja os exemplos:

• Em7 A7 D7M ou A7sus4 A7 D7M

• Gm7 C7 F7M ou C7sus4 C7 F7M

Ao analisarmos a estrutura de um G7sus4(b9), podemos identificar nela um acorde Dm7(b5). Dessa


forma, um acorde frígio também pode substituir o IIm7(b5) num II cadencial. Observe os exemplos:
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• Cm7(b5) F7(b9) Bbm7 ou F7sus4(b9) F7(b9) Bbm7

• Fm7(b5) Bb7(b9) Ebm7 ou Bb7sus4(b9) Bb7(b9) Ebm7

Vale lembrar que o acorde suspenso também pode preparar um acorde menor, assim como o acorde
Frígio pode preparar um acorde maior, desde que os choques melódicos sejam evitados.

Podemos também utilizar os acordes Suspenso e Frígio como SubV7 de um acorde.

Acordes de Empréstimo Modal (AEM)

São os acordes de uma tonalidade menor usados numa tonalidade maior paralela e vice-versa.
Tonalidades paralelas ou homônimas consiste em tonalidades diferentes para a mesma tônica: Dó
Maior e Dó Menor são homônimas, por exemplo.

Raramente encontramos mais de dois AEM seguidos numa música, pois quando isso ocorre,
geralmente é uma modulação. O dominante que prepara um AEM é denominado Dominante
Auxiliar. Porém, os SubV7 auxiliares soam como Dominantes Secundários e são analisados dessa
forma.

II Cadencial Primário, Secundário e Auxiliar

Para realizarmos uma cadência harmônica autêntica é necessário a utilização de acordes que
representem cada uma das três funções harmônicas. Por preencher estes requisitos, o II cadencial
(IIm – V7 – I ) tornou-se uma cadência vastamente usada tanto na MPB quanto no Jazz.

Podemos classificá-la como:

• II cadencial primário: cadência do I grau de uma tonalidade


• II cadencial secundário: cadência dos demais graus da tonalidade
• II cadencial auxiliar: cadência dos Acordes de Empréstimo Modal

Na prática, utilizamos diversas variações desta cadência na preparação de acordes. Observe:

IIm7 – V7
IIm7(b5) – V7(b9) Preparam acordes Maiores ou Menores
IIm7 – V7(b9)

O SubV7 pode substituir o V7, formando a cadência II SubV7. Observe a seguir:

IIm7 – SubV7
Preparam acordes Maiores ou Menores
IIm7(b5) – SubV7

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Temos também o II cadencial para o SubII e o SubV7 de um acorde. Veja:

SubII – SubV7 Preparam acordes Maiores ou Menores

Logo abaixo, por exemplo, temos o II cadencial dentro do campo harmônico de Dó maior:

• Dm7 – G7 – C7M • Gm7 – C7 – F7M


• Em7(b5) – A7(b9) – Dm7 • Am7 – D7 – G7
• F#m7(b5) – B7(b9) – Em7 • Bm7(b5) – E7(b9) – Am7

Repare que os acordes de estrutura maior e dominante foram preparados pelo II cadencial IIm – V7,
pois consideramos o campo harmônico Maior para ambas. Já os acordes de estrutura menor foram
preparados pelo II cadencial IIm7(b5) – V7, pois consideramos o campo harmônico da menor
harmônica neste caso, apesar do Im7 ser da escala Menor Natural ou do Modo Dórico.

Uma reharmonização de grande efeito é possível quando a melodia for a terça do acorde menor com
sétima numa cadência IIm7 – V7: substitua o acorde menor com sétima por um II cadencial um
semitom acima. Veja o exemplo:

• | Cm7 | F7 | Bb7M | em | C#m7 F#7 | F7 | Bb7M |

Substitutos do IVm (Subdominante Menor)

São os acordes que possuem a sexta menor da tonalidade (Ab em Cm) em sua estrutura, sendo
substitutos entre eles. Veja a tabela abaixo na tonalidade de Cm:

Substitutos do Subdominante Menor


Grau Cifra
IVm Fm
IVm6 Fm6
IVm(7M) Fm(7M)
IVm7 Fm7
bII7M Db7M
IIm7(b5) Dm7(b5)
V7sus4(b9) G7sus4(b9)
bVI6 Ab6
bVI7M Ab7M
bVII7sus4 Bb7sus4
bVII7 Bb7

Todos esses acordes são considerados AEM quando usados na tonalidade homônima maior.
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Substituto do Maior e Menor com Sexta

Se analisarmos a estrutura de um acorde Maior com Sexta, constatamos que ao mudar a ordem das
notas, colocando a Sexta no baixo, temos um acorde Menor com Sétima Menor. Veja:

Portanto, são acordes substitutos, tendo a mesma função harmônica.

Se analisarmos a estrutura de um acorde Menor com Sexta, constatamos que ao mudar a ordem das
notas, encontramos um acorde Meio-Diminuto e um Dominante disfarçado (sem o baixo). Observe
o exemplo a seguir:

Dessa forma, todos são acordes substitutos, apesar de terem funções diferentes, pois o F7(9) é
dominante e os demais subdominantes.

Temos também o acorde Menor com Sexta Menor, que pode ser substituto de um acorde Menor
com Sétima Menor e Nona, uma quinta justa abaixo ou uma quarta justa acima. Veja o exemplo:

Substituto do IV7

Um acorde diminuto quando construído no I grau de uma tonalidade seguido ou antecedido pelo I
grau maior ou menor, pode mascarar um acorde IV7(b9), tendo função de subdominante. Observe
os exemplos:

• C7M Cº C7M • Dm7 Cº C7M

Acorde #IVm7(b5)

Este acorde tem função cromática e resolve:

• Ascendente: em grau diatônico invertido


• Descendente: em acorde IVm6

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