Santana

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 149

----------J ~---

-s.:v:':

"~..,.•:
..., ..~:~::.::',..;
...",J~%7,i ,.-' ....... T·· -.«. .. '.,
'. ,:.,' "''" ,..
',"I."''' "'~ ,' ,. ' , ....I ....• .'".,",:: ...<:,.,
~. ','~
' ,.' ".'.", ',. , .,
..... , ... ' . " ' .••• , .0'"
..~. : " ,.'" ,. ' . , ':,..... .
. , " • • . ••• ,• . • .•. . ".•_ . _
., :.,..;;...• ,
.. ' ...
" . ,' " : . : ",".
. .

hist6ria dos bairros de sao paulo

o bairro
de santana
maria celestina teixeira mendes torres
prefeitura municipal - secretaria de educacao e cultura
departamento de cultura
o BAIRRO
DE SANTANA

Ma ria Cel estina Teixei ra Mendes Torres

esereveu

SERlE
HIST6 R IA DOS
BAIRROS
DE SAO PAULO - VI
Segu ndo premio do II Concurso
Municip al de Hlstaria dos Bai rr os
de Sao Paulo, promovido pete De-
pa rt amento de Cultura da Secr etaria
de Ed u ca ~ a o e Cultura da Prefeitura
do Municipio de Sao Pa ulo, e cuter-
gado pela Comiss ao Ju fgadora assim
constit uida : Prof. Dr. E rnesto Leme ,
Dr . Jose Ped ro Leite Cordeiro e
Jorna lista Fe rna ndo Goes .
IND IC E

Introito , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 9

L Das Origens ao Ftm do Seculo XVIII 9

2. Alguns Aspectos de Santa na no Seculo XIX 27

Santana no Seculo XX 83

Conclusac 147

Bibliograf ia 153

Ilustra coes 161

Anexos 163
INTROITO

Ao cscolhermos 0 bairro de Santa na pa ra assun to


dcsta pcquc na pcsqulsa, dccldimos adotar uma cspccic de
metoda baseado na cronologla, buscando visualizar a pai-
sagcm peculiar a detcrminados momcntos de sua histo ria.
Por isso, dividimos 0 assu nto em trss part es, alem da
Conclusao - a primcirn, cron ologicamcntc a mais Ionga
- das origens ao fim do sec ulo XV II I - e, todavia , a
mais curta, e mais pobrc quanta a documcntos, j a que,
na distante zona nor te da Sao Paulo, ai nda nada chegara
daquilo qu e rcpr escnta a vida urbana. Dcspovoada c scm
rccursos, na da mais scria do qu e urn longinquo ba iera
rural, cuja proprledad c mais importa nte scria a fazenda
dos jesuftas. A scgunda - scculo X IX - ju aprcscnta
urn bai rro ainda com caractcrfsticas de bai rro rural, mas
com atividadcs rnais diversl ficadas a rnedida qu e 0 tempo
passa, transformando 0 balrro r ura l de Santana em
nucleo cducacional, hospital, ccmitcrio, c, aind a, em qu ar-
tel, no peciodo repu bllcano, poueo tempo dcpois de sec
clevado a carcgoria de distrlto de paz. A tereei ra is San-
tana scculo XX, para cujo estudo ha maior rique za de
documcntacao, atingido pelos pia nos urbanlsticos mais
modcrnos , afasta dos os elemen tos negativos q ue rcta rda-
ram sua urbanizacao.

o BAIR HO DE SA~ TA jI,"A 9


Como certos fates ou Iatores nao dcsaparcccm, ou
antes, fazem se sentir com maior Intcnsldadc em momcn-
tos posteriores ao scu aparecimento, alguns delcs sao tra-
tados em mais de urn momento de nossa hlstoria. como
acontece, por ex" com as ter ras da fazenda Santana, com
o tramway da Cantarcira . ou com a tradicional Ponte
G rande, verdadeira constantc na biografia de Santa na.
Tr atando-sc, espcclficamente, da hlstcda de um
"bairro'', e nao, prcpriamcnte, da historla de urn sub-
distrito, cnca ramos como tcma baslco. aqu ilo que 0 povo
chama de Santana , isto C, mais ou mcnos a area que fica
entre 0 Campo de Marte c Ponte Grande, c 0 ou tclro de
Santan a, ondc sc constr ulu a eapcla de Santa Cruz c vi·
zlnha ncas, deixando de cstudar, em dctalhcs. cadn ruicleo
que integra 0 atu al sub- distrito de Santana , pols, na rca-
lidade, eada urn delcs tern a sua htstoria pa rticular, alguns
quase tao antigos como a fazenda do Colcgio da Compa-
nhia de Jesus de ulcrn-T icte. alguns rices de tradicfio, re-
tra tos de velhos povoa dorcs da terra pa ulistana. mas que,
juntos, jamais cabcriam nos limites dcsta pcsquisa.

10 o B:\IRRO DE S.\XT AX."


1. DAS OR IGENS AO FIM DO SECU LQ XV II I

Em Sao Paulo, como em t6das as cidadcs, ,I zona


urbana pro priamcn tc dita, corresponde a parte cent ral da
cidade, onde ha maior at ividade comc rclal, rnaior circula-
l;iio de vefculos e pcdestres, parte esta cuja area au mcn ta
com 0 dcscnv olvimcn to da cidade a expa ndir -se em di-
versas dir ccocs. Sao as trechos mals antigos da cidade,
na tu ralmcntc rcmcdelados, mas conscrvando urn ccrto
aspecto antigo, com ru as estreitas, casas scm jardins, com
fachadas com por tas de ace au grades de ferr o, a cscon-
der uma cidadc q ue mal sc pode disfarca r. Mas ncssa parte
centra l, ext rcmamc ntc movel, ainda e posslvel disting uir
urn pequeno nuclc o a que se (1<\ 0 nome de "ce nt ro" e que
se desloca de ac6rdo com a cvolucao da cidadc, seguido
de uma zona de transicao para uma cspec lc de zona ur-
ban a extcr na, com gran de va ricda dc de aspectos e de tipos
de habi tacao.
A zona urbana extcrna pcrtcncem os ba irros que ro-
deiam 0 "centro", ap rcse ntando caractcrfsticos de acordo
com sua or igem c cvoluc ao, ou, provavclmcntc, de acordo
com suas funcoes. Muitos bai rros urbanos fora m, outrora,
agfomcrados de tipo rural no rcdo r de pcquc no nacl co
urb ano. Com a cxpansao urbana acabam se torn ando
a rrab aldcs, ligados ao cent ro, cvcntualmcntc, por linhas

o BAIR HO DE S A ~ T A;'IJ A II
de bondes ou qualquer outra forma de transporte, perm i-
tindo sua integracao na ddadc.
Uma outra zona distingue-se da urbana, pcla maior
distancia que a separa do "centro" - zona suburbana,
com maiores espar;os vazlos. com certos traces de zona
rural , bairros aos q uais, muitas vezes, faltam os mais ele-
mentares mclhoram cntos que transformam a cidadc em
meta dos q ue vivem no campo, melhora mentos que signi-
ficam, em prin cipl e - enquanto a Cidade nfic se torna
desumana, asfixiantc e cruel - mais confOrto, mais
saudc e bern cstar. Na zona suburbana a Insratacao dos
mo radorcs precede, gcralmcnte, os mclhorarncntos ur-
banos, ao cont nlrio do que se da normalmente nos lotea-
mentes urbanos em que services de agua, luz c esgotos, e
ate pavimcntacfio, antecedent os moradorcs, que pagam,
por isso, altos prccos pclos terrenos. E 0 caso, por exem-
pia, dos Ioteamcn tos que dcram origem a ccr tos bairros
dcnominados "Jardins", em oposicao a bairros pcrife-
ricost ") .

A ocupacao da zona norte da capital paulista, par-


ticularm ente do trecho de alem-Tiete, nao acompanhou
o ritmo de urbanizacao, ligado a Iate rcs diversos, que nfin
estudarernos aqu i pa r j a terem sido salicntados em varies
estudos publicados sobre 0 assunto - alguns deles citados
par nos na bibliografia final deste - e tambern assina-
lados nos cstudos de bairros como Santo Amaro. Pinhci-
res, Penha e Bras, bairros que, alias, nao fazem part e da
zona norte de S. Paulo.

(1) Scgu mlo Anl<; nio Delorenzo Xct o, "Rcformn I'olitico-Admi-


nistrativa do Xlunk-lpiu da Capit al de S, Paulo", in Hevlsta
do Arqulvo ~llI n i (· i rml . CLXX, p. 220, de a{'(;rdo com P'-'s-
qutsu realizuda I'm 19,'j7-SH, soh oriuntac ;n do I'c. L. J.
Lebrct, "os dist rltos de p"'z em <i" C n Cilladc sc diyid ia,
seriam untdadcs de dtrncn soes variav cts, que nne se podcm
chamar, de Into, {II' "bnirros", senile n n zona t'{'u tral, c,
nssfm mcsmo, nno se tratu nunca de bat rros orga nieos, com
autonorma de vida colcttva".

12 o B:\IRRO DE S:\~T:\~:\
E ntretan to, dos ba irros do norte de Sao Paulo nao
sc podera dizcr que foram ocupados tar dtarncnte pelos
antigos moradores da vlla jcsuitica, do vclho Sao Paulo
do Campo, pcis 0 bairro da Luz, antigo bairro de Noss a
Senhora da Luz, do G uare ou do Guarepe, ja era babltado
no seculo XV I, c a He ja sc refer ira 0 padre Anchicta.f" )
em cart a dirigida ao padre Manuel de Paiva. T ambem
da tam do ultimo quartel do XVI algu mas conccsszes de
terrae como as de Joiio Maciel, Henr iqu e da Cunha, Do-
mingos Pires, Joao Gaga e Man uel Godinho (3) .
Ban hada pelo rio T iete, cujas cnchcn tcs inundavam
pcriodicamentc as varzcas vtzlnhas , era a rcgiao frequen-
tadn pclos que, em toscas embarcac ocs, ao longo do T a-
manduatef, chegavam ate as pro ximidades da Ponte
Grande, ou pclo rio Tiete, a montante au a jusan tc, atin-
giam as novas fazendas que, de cer to modo , abasteciam a
vila incipicntc. ( 4 )
De aco rdo com os dizcrcs da "Ccrtldao de meia le-
gua" da Cidade de Sao Paulo, datada de 1769 , a scsmaria
de meta legua, fazend o piao no centro da cldade, teria
seus marcos num raio de mcia legua, na dtrccao da Pcuha,
Pinheiros. Ioiranca e Santana. e.

" ... pa ra a parte da Capela de Nossa Senhora


da Luz c Bairra de Santa Ana sc mediu outra
meia legua de rossfo, fazendo-se da mcsma
forma pifio ncsta Cidadc, c chegon a dita meia
legua adiantc da Ponte Gr ande do R io Tie tz
no ate rro que vai para Santa An a, adonde
se pa s sinal para tambem se assentar pa-
drao ... "( 5)

o nuclc o inicial da Cidadc csta situado na colma


entre 0 T amanduatel e 0 Anhangabau, c pa rte substancial
do centro da cidad e e na colina historlca q ue se encontra .

(2) Arroyo, L"Imardo - "As Igrcjas de Sao Paulo", p. 23.


(3) Carta s de Dutas de Terms (I 555-1600), p. 88.
(4) T aunay, Afonso d'E . - "Sao Pa ulo no scculo XVI, p. 214.
(5) Carras de Dates de T erras (176.'5-1800), p. 88.

o namao D E SANT A:"JA 13


E entre os tres rios - Ti cte. T amanduatei e Pinheiros -
cstcndc-se a maior parte da massa urba na paufisrana. Em
virtudc de condicocs topognif icas. 0 cent ro da Cidade
englob a 0 tope das colinas, as cncostas e os vales. cxiglndo
a construcao de viadu tos, pontes e tuncis. Co mo a expan-
sao da Cidade foi rcaliz ada a partir do nuclc o hlstor tco.
isto C, do antigo Colegio des Jcsuftas, transrorm ado em
centro do povoado de S:lo Paulo do Campo. a capi tal
paulista apresenta uma forma de cxpansno concen trica.
com urn centro de irradiacao em vanas direcoes.
o unlco caminho a ligar 0 povoado cent ral 010 bairro
da Luz ou do Gua re e suas vizinhancas. ainda no scculo
XVII I. sera urn ca minho Ingrcme, a chamada estrada do
Gua re, urn des cinco ea minhos impo rta ntcs da vila de Sao
Pa ulo dcsdc 0 scculo XVI. Estc caminho c conhccido
ho]c com 0 nome de Rua Ftorencio de Abreu.
A conccssao de terras de sesmaria nlern do Guare
contribuira para aumentar a zona r ural do mun icipio.
Nao apc nas alem do G uar c. mas em ou trns dirccoes, de
maneira que. no fim do scculo XVlI l, lui Iazendas em
bairros novos. Alem des bairros de Ipiranga. Ibira pucra c
Pinheiros ha ai nda Tr emcmbe. G uapira. Guarulhos. l taq ua-
qu ccctuba, Sao Miguel e OUI~ A'Ssim. as fazemlas des
moradores de Sao Paulo ficam num ruio de scis ou sctc
laguas, uma lmcnsa ar ea rural em tomo de rcd uzidn a rea
urbana.
O s antigos caminhos de tropciros on de bandclrantcs
constituem as radiais qu e rcprcscntam as dirccoes tomadas
pclo movimcnto de expa nsao do antigo a rraial de scr ta-
nistas que foi Sao Pa ulo do Campo no seculo XVI. Ao
longo desscs cami nhos, as sesmarias. primciro. as da tas
dc pois - aquclas muito maiorcs do q ue estes - da riam
origem a sltlos. tazendas e chaca ras, OU. slrnplcsmcntc, a
cnorme s casarocs com quintais mal fcchad os, il bcira da
cstrada pocircnta ou en larneada.
A conquista da varzca do T ictc foi lcnta. A plan fcie
inundavcl do T icte que. em alguns trcc hos, chcga a 2 Kms.
de largu ra, form a verdadelra Iaixa de separacao entre os

o SAIRRO D E SA:'\T ,.\:'\A


"
bai rros c as areas urbanlzadas, como aco ntece com Casa
Verde e Fregucsia do 0 , na parte norte-ocidental, Santana,
no norte, c Vila Maria, oa dirccao norte-oriental. Na
realidadc, "as linhas de limites entre as pla nfcies alu viais
e a s sopes das colinas e terraces ffuviais ma reava m, com
exatidao surpreendente, as fro ntciras entre a area cfctlva-
mente urbaniznda e as ar eas de baldios c brejais aban-
do nado s'', afirma Aziz Nacib.I")
No lado no rte da cap ital paulista, scgulndo 0 ca-
minho nat ural do rio Ticte, do is grupos de balr ros irfio
se formar : urn, na vcrtcntc esqucrda do rio, desde a pe-
rifcria da part e central da cldadc, ale a varzea, formado
pelos bair ros de San ta E figenia , Ca mpos Ellseos, Born
Retire e Luz; ou tro , na vertente alc m-T icte , na colin a a
dircita, prolongando-se ate a scrra da Cantarei ra. A este
grupo pertence ant igos c tradlclonais subu rbios da Ca·
pltal, como Santa na, Freguesia do 6 , Casa Verde c T u-
curuvi. r ")
As inunda co cs, outrora, eram rnaiores do que as
atuais. " 0 Tam and uatcf dcsa guava para cima da Corea ,
fronteando 0 Pari, na paragem cha mada Piacaguera . As
cheias colossals. aqucm T icte, avizinh avam-sc do Convcnto
da Luz. Alc rn. transpunham 0 Areal, 0 cam inho do Ca -
randiru e 0 da Fazend a Sant'Ana", afir rna N uto Santana,
na sua excclcnte obra "S50 Paulo Historicov. t ")
Os bairros da vcr tentc dircita. multas vezcs ilhados
alcm T icte, em virtudc das in undacocs. separados do cen-
tro da area urba na pela varzea - extensa c alon gada pla-
nicic aluvial - perm anc ceram rnais tempo do que os
outros com aspecto rur al, pcrmitindo, tal isolamento, que
ad quirissem ca ractcrfstlcas mui to cspcciais, e so tcrao fun-
950 come rcial au indust rial bern mais tarde, em plena
seculo XX, no auge da cxpansao de Sao Paulo, tendo con -
tribufdo para isso, tambem, a topografia da regiao, cons-

(6) AI/ Silbe r, A2iL Xad h - "0 Sitio Urb ano de S. Paulo", in
A Ctdedc de Sfio Paulo, vol. 1, p. 220.
(7 ) Silveira :\Iendcs, Hcna to - "Os Bnirros da Zona No rte" ,
in A Ctdadc de Sao Paulo. vol. III.
(8) Santana, Xuto - "Silo Paulo I1istorico" , vol. I. P- 24.

o BAIRHO DE SA:'oIT A:"I A 15


tituida de uma serle de outeiros e flaneos das altas colinas,
logo apes a varzca.
E: menos intense a cxpansao urba na ncssa direcao do
que nas outras, cujos caminhos levam a Santos, ao Rio
de Janeiro c ao interior. No seculo XI X sera muito mais
intcnsa a conccssao de datas nos caminhos de Santo
Amaro, Ipiranga, Plnhcir os c Penha, do que nos cami-
nhos de Santana c Cantareira . I nauguradas as linhas fer-
rcas, constr ufdas as estacocs da Luz e Bras, lui urn surto
de dcsenvolvimcnto pri ncipalmen te para Lcstc e Norte.
Tal dcsenvolvimcnto continuara nos anos scguintcs, em
ritmo acclcrado na zona Lcstc, mas na dirccao do No rte
sera mu lto mais lcnto, quase sc limitando aos arrcdorcs
da Bstacao da Luz. Nesta dirccao, nao so a varzca do
T icte cons titui barrcira, como as cstradas que a atra-
vessam, cstabclcccndo rclacocs com 0 sul de Minas, niio
tern a importancla da Jigacao com 0 Rio de Janeiro, a
Icstc, ou com 0 porto de Santos, ao sui, e 0 interior de
Sao Paulo, a oeste. Por isso a cxpansao urbana sera mais
lenta no lado nort e da Cidade, na direcao dos bairros
alem da Luz, que nao crcsccrao no mcsmo rit mo do Bras
c ou tros.
Zona de passagcm para a serra da Mantiqueira -
por af passa 0 caminho rumo a Atibaia, Braganca c sui
de M inas, ou para Iocalidadcs do interior, como Jundial
e Campinas, que teriam side , outrora, marcos lmportantcs
para os que sc dirigiam para 0 "sc rtao". Por ai passavam
tropes c carros de boi, em sua Iunca o de abastecimento
do mercado da Cap ital, nao apenas conduzindo ao po-
voado centra l, como nos scculos XV II e XVll l, os pro-
dutos de chacaras e sitios de alcm T ietz, mas transportan-
do para cle, os rnantimcnt os que, nos seculos XV II I e
XIX , procedlam do sui de Minas, de B raganca e de
Atibaia .
Durante cerca de tres scculos, tcda a rcglao pe ulis-
tana de alem-Ticte desenvolveu-se at raves do transporte
animal, 0 que e explicado pela propria topografia, pois
'
alguns pcquenos .
nuclcos .
de povoa mento, situados no topo

16 o BAIRRO DE S A~ TANA
das colinas , so podcriam scr atlngidos por ingrcmcs la-
dclras .
Santana e 0 principal bai rro da ver tentc direi ta do
rio Ticte, situado no divisor das agu as des ribcirocs Man-
daqui c Trcmcmbe, c cujo limite sctcntnonal e a Serra
da Cantarcira.
Segundo Amerlco de Moura .tv) os primciros po-
voadorcs dcssa rcgiao scriam: Pedro Dias, portuguss,
casado com Ma ria da Gril, filha de Tibirica, mora dor em
Santo Andre em 1558, c que tinha, assim como scus fi-
lbos c genres, "u ma fazcnda da banda da Ponte Grande" .
Entre scus Iilhos cstu Antonio Dias Arenso, com fazcnd a
ai, cm 1583 e 1584. Domingos Fernandes, fcrrc iro c ango-
lciro, com Iazcnda na Ponte Grande (1578). Crtstovao
Goncalves, que se obrigara, junto a Camara Municipal, a
fabricar telbas (1580). Ant/into Preto, com scsma rla em
Carapicuiba c Iazcnd a na Ponte Grande, falccido antes de
1608. loanicncs Sobrinho (1590). Alcm desscs, 0 por-
tugues Joao Maciel "tcve chaos no Guarcpc e no Ma-
naq ui'', em fins do seculo XVI.
Santana e 0 mais antigo nuclco de povoamcnto si·
tuado na pcrifcria, na zona nor te da Capital. Como tal,
tern sua origem com a doacao de uma scsma rta do Co-
legio da Companhia de Jesus, em 1673. Con hecida du-
rante muito tempo como Fazcnda do Ticte ou Fazcndn
de Santana, foi uma das muitas propricdadcs que os
padres da Compa nhia de Jesus possuiam no Brasil, na
cpoca colo nial, formando vasto c rico pat nmonlo. Obtidas
umas como scsmarlas, outras por doacao de Iicis at raves
de testamcntos, pud eram os jesuttas cstabclcccr em Sao
Paulo e em outras capitanias, magnificas fazcndas, com
pcrfcita organizncfio.
A fazcuda de Santana foi doad a aos jcsuftas pelos
herdclros de Ines Monteiro, a "M atrona'', em 1673. Dots
an os dcpois, 0 padre Lourenco Crave iro, rcitor do Cole-

(9) Moura. Americo de - "Os Povoadorcs do Campo de Pirn-


tiningn", in Hcvistu do Arqulvo Municipal, nne III,
vol. X.XV.

o BAIRHO D E SAi\'TAl'\"A 17
gio de Sao Paulo, pede "um as tet ras alagadicas. junto as
qu e tern do lade de Ij do Anan:bi ou T icte". Rcquc r a
justificacao da posse do sttlo Ma naqui. no caminho de
T remcmbe. junto a Iazcnda dc Santana "0 qual sltio houve
o dito Colegio, de Matcus Pacheco de Lima. que 0 tcve
por doa cao de D, Francisco Rendon dc Quevedo". As
terras deste, segundo sua propria decla racao. no ribclrao
Manaqul, Ioram-lhc "dadas cm do te de casamemo pelo
senhor Amador Bueno que Deus haja". A doccao dc
Rendon tras a data de 1670 ,
Em 172 1, na prcsenca do padre Reiter Rafael Ma-
chado, e lavrada a "outorga que Maria Gaga faz para que
seu marido Marcus Pacheco, pud cssc trocar urn sulo com
outro, de Bento Pires R ibeiro, que c a utuul Santana.
segundo aflrma 0 pad re Scrufim L citc.t !" )
Nessc mcsmo ano. 0 padre Reit er adqul rc urn sltio
qu e foi do Capitiio Jose de Camargo, passando 0 mcsmo
dcntro dos vulos da fazcnda Sant'A na, a qual sc intcgrara .
Aos poucos. pois. os jcsui res. ao mesmo tempo que
aumenta m suas propriedades. organizam a Iazcnda San-
tana. que sera. em mcados do seculo XVI II, a mais im-
port ante do Colcglo de Sao Paulo.
Possulndo. em meados do XVIII , 300 cabecas de
gado bovine e 10 cavalos. a fazcnd a Santana podia (or-
necc r lcite a Cid adc. alcm de mandioca. legumes e frutas .
Da Iavoura cuida varn as scus 140 servos - note-so que
o pc. Serafim Leite n50 sc refere a cscravos. mas a
"servos" - que viviarn em casas separadas. Em 177 1
ha via 47 casas, on dc viviam 176 pcssoas. segundo a re-
1:1<;50 dos " Bens conficcados ao s Jesuitns em Sao Paulo.
177 1-178 2". conscrvada no Arquivo Nacio na' do R io de
Jan eiro . E sta retacno traz " nornes c scus rcspcctivos
apelidos" . (11 )

(l0) Leite. pc. S('rafi 1ll - "Historin da Compauhtn 11,.. J" ~I1 S IW
Brasil". vn], \ '1. p. :Me;.
(I I) Sl'g11lu!o Scrnfuu [,pih', ob. ctt., sao o~ Sl'~llillt,..S; Oljvetea,
..\ l varl's. Hod ril!;!l"'s, T avares, C am po s. Sardinha, N unes, Mas-
r-arc nhns, Co m-t a, Ma tos. Queirnz, n a rhosa. Lc fio. Cruz,
Lim a, M('ndl'S. ~ f ari ns , D uart e, Alm('id a, Anjos, Santos,
Machado, Souza, Mad oira, Cotia, Casttlho.

18 o HAIRIIO D E S :\ ~T."" ~ :\
o
Em 1727, como a Igrcja de Santa An a csttvcssc pra -
ticamentc em minas. a rei tor Jose Viveiros, dcpois de con-
cluidas algumas obras do Cole gio de Sao Pa ulo, dccidira
rcstaura-la, cons tr uindo uma casa uncxa para rcsid cncia
dos Padres qu e. aos do mlngos e dias sa ntos, ai cclcbra-
yam missa. T inha a casa oito cubk ulos. dols corrcdo res
e uma vera nda Iorrada. urn sobrado cobc rto de tclha s,
com lojas, cozin ha c rcfcitcrio. Na Ircntc, uma Icrrarla.
Ao todo, cram 12 portals e 13 [a nclas. A par tir de 1735,
qua ndo ficou conclulda. tornou- se a rcsidencia pcrtna-
nentc de dais rctig iosos, cujo superior, em 1757, era 0 pc.
Man uel Pimentel.
Com a pol ltica do ma rques de Pombal, cxpulsando
as jcsuitas de tc rras po n uguesas, a Fazc nda de Santa na
passou ii Coroa. Os lnvcntarios, cntfio rcaliz ados , assl-
nalam :

Na F azcnda: "c arpintaria. casa de rular man-


dioca, de dcscasca r algodao, depositos ( uma
tulha de 22 palmos de cornprldo por 8 de lar go
e de altu ra), arados. grades de grade r a ter ra,
cartes. a rmacoes de roda c dgua, pilocs, fornos
c divcrsas cspcc lcs de ferra ment a c utcnsilios
de cobrc. ferro, cstanho c la150, c movcis c
trastcs indispcnsa vcis a lima casa de ta nta genre
c movimcnto";
na Igreja : "imagc ns, Iivros. tunicas, Iitas, pa-
vilhocs, gua rdas, pain els: entre outros. dois
gran dcs, pintados em tabua, q ue cstao no sa-
brado, um de Santo Ir uiclo, out ro de Sao Fran-
cisco de Borj a".

A fazcnda jcsultica de Santana ab rungla tcrras que ,


em 1766. alcm da q uinta propriamcmc dita . sc cstc ndia m,
de um lado, a te a cstrada de Jundi af, de outro, a te a
varzca do rio Ti ctc, incluindo aind a tcrres em Mandaqui,
Tremembe. A gua ra! c Serra da Camarcira.

2.0 o HAlnRO D E S A ~ TAX :\


A sede da Fazenda situava-sc exatamente onde hoje
se ergue 0 Ou artc l do Exercito. Na cpoca da indepen-
dencia do Brasil nela rcsidiam os And radas. Segundo 0
depoimento do pc. Manuel Joaquim do Amaral Gurgcl,
ai tcria sido redlgido por Jose Bonifacio, em dczem -
bro de 1821, a rcprcscntacao do Governo Provincial, que
teria contnbufdo para 0 " Fico", do prfncipe-regcnte D.
Pedrot w) ,
Outras Iazcndas havia , alem das citadas, nas tcrras
situadas a margcm direita do rio T iete. Entre os bcns de
Ana Costa, mulher de Bras Machado, arrolados em testa-
mento aprovado em 22- 1-1643, consta urn sitlo em
"T ramambe'', com uma casa de taipa de mao de tres
lances, com suas drvorcs de cspinho, algcdoal, tres porcos,
3 cguas".(l:l )
Dentro do pcrfmctro comprecndido atualmcntc pclos
terrenos que formam 0 trccho Carandiru-Coroa, isto c,
pcrfmetro que "comcca no rio T iete, no ponte em que e
atravessado pela Ponte Grande, da l seguindo pcla rua Vo.
Iunta rios da Patrie ate a cstrada do Carandiru, dai por
cia ate 0 ponto onde a mcsma corta 0 corrcgo do Caran-
diru, dai ate as suas cab ccciras, da r continuando pcla
estrada de rodagem de Conccicao de Guarulhos ate Iron-
tear as cabeceiras do corrego das Ped ras. dcsccndo por
estc ate 0 rio Tict e, e por estc abaixo ate 0 ponto de par-
tida", ( B) idemificam-sc "arias sftios, entre os q uais 0
sftio da Varga, doado em 1623 , por Goncalo Pires. aos
jcsulras. passando esta propricdade, postc riormcntc, a Joiio
de Toledo Casrclhuno. Simao de Toledo Castclhano . Ma-
nuel Jose da Encamacno, Jose An ton io da Silva. Manuel
Lopes de Oliveira , ln dcio Jose Lopes. Estc ultimo dcixou
suas terras , em invcr uarlo, a Joscfa E ufnisia de fid em.

(12) ll clutorto do Dr. Manuel jouquim do Am,lra} Gllrg, ·1 a Dr.


F ran cisc o I j!;ll1ld o ~1 ;lrc(llld,'s H o mem de ~ I l,n() (lHH4).
(13) Inve nt.irios c T es tnmcn tos, vol. XXX IV.
(14) Pereira de S(l(ll'~I, \\' ash in glon Luiz - R,·lal,',ri" ;lllTt'S{'Il-
tado a c.imara ~hmki pal de Sao Pau lo (1918), vol. II. , I. 91.

o BAIRHO DE SAS TAX.\ 21


Vizinho a Manuel da Encamacno, Jose Bernardo da
Cun ha tent urn sitlo com prado a Jeronimo F er na ndes de
Lima, na pa ragcm de T rcrncmbc. t':')
No Mandaqui, "n a outra ba nda do Rio Grande, mcia
legua terra dcn tro", dcsdc 1616 fora conccdkla liccnca a
Am ador Bueno par a "Inzer urn moinh o de rnocr trigo". (l'J)
Nfio e apenas ncssas bandas de Sao Pa ulo q ue sc planta
trigo, pois. de mod o gcral. a t crtilida dc des campos de
Piratinin ga e sal ientada partic ular mcntc pclos padres da
Comp anbi a de Jesus. Fcr tcis em scnras de trigo e grandcs
vinbas. dint dcla s 0 pad re Simiio de v ascc ncclos.f '" )
A mado r Bueno e seu pa i Ba rtolo mcu Bueno obtl-
vcram Ires co ncessocs de scsrna rias em 16 11 e 1627, 0
que thcs dcu Ires leguas de chao . Os rcccnsca mcntos do
scculo XV III furao rcfcrencias a ,",t rios Buenos nas U ..tas
de populacno rcfcrentcs it Fregucsla do 0 c Bairro de
Santana, que incluia m tam bern as tcrr as do Mand aq ui.
1\'0 lnvcntdrio de Cata rina R ibeiro, filha de Am ador
Bueno. ha rcfcrencia a " lim sitio no Porto Grande do
T tctc, sob rc 0 rio, com umas casas de dols lances de
taipa de m no. cobertas de telhas, com urn ccrcado de
valo s p...--quenos, c as casas velhas. q ue jri fora m vistas c
avatia das pclos avaliado rcs deste juizo, pol' 40 S00(J'.(1")
Assim, conccdidas tcrr as a moradores de S50 Paulo .
alcm-Tlcte, algu ns bai rros ja scrao disc riminados no pri-
rnciro rcccnscumcnto importante rcalizado em 176 5. ( '")
Bstc rcccnsca mcnto etta os balrros de Nessa Scnho ra do
O. Jaragua. Trcmcmbc. Ca ntarcira . San tan a, Pari. Ta-
wapi, Pcnha . Ar tcanduva. Sao Miguel, Sao Berna rdo.
Borda do Ca mpo. Kassa Scnhora das Mcrces. S50

(I,')) J{elxert,\ri,) dt' Sp"m a ri'ls (172 1- 18:2 1), Livro uP 21. f. 9 1.
(W) Carlas lk D at as de T.. rr us ( WOj.](j,'jOj, p. ·0\.1 .
(17) Vusconcclos. Simau de - " Cronil':l 1!.J Comp:!,,"ia d e ]l'''W
Ill) Estaclo dll Brasil", 2.11 cd., I. p. 87 .
(18) Leite, Aun-linno - "Pequcna I1ishlria du Cusa Yl'rd c" , p,
36 e 50.
(19) J-1oren(.'(', Amador - C uriosi da(lc do ccnso p;U1Ii"tano til'
1765 , in Ik\'i_ta do An plim ~I lln idpal , LXXIX, p. 13::.

22 0 8 .\IRRO 1>E SA:\"TA:\"A


Caetano, Piraj ucura, Embuucava, Pinhciros, Caguac u.P v)
Santana tinna, c mao, 83 fogos, ondc viviam 168 homcns
c 188 mulhc rcs.
E dcssa cpoca em dia ntc, mais ou mcuos, que sc de-
scnvorvcra 0 buirro da Luz, dcpois da dcmarcacac Ja
Scsma na do Marco oa Mcia Lc gua ( 176Y). Fazcndo
centro na Sc, um raio J~ 3 Kms. para 0 ludu de Santa na,
ia ulcm do rio T ICh':, ale a cham ada paru gcm do Area l,
baixada do "lictc, junto ao morro de Santa na, ond c, por
muitc tempo, havcria cxplcracao de arcia. A paragcm do
Areal e hoje a rua Yolunnin os da P atria, pcrto do Ca-
randir u, ( ::1)
Documcnt os do seculo XV III c XI X, conscrvados
no Departamento do Arquivo do Estad o de Sao Paulo,
pcrmitcm que sc tcnha uma visao do que scna 0 bair ro
de Santa na, com suas cas as csparsas, suns cluicarus c
rocas. Realizados pelas Ccmpanhias de Ordcnancas,
alguns rcccnscamc ntos consignam, nolo apenas 0 numcrc
de fogos c de habitantes, mas tambem, profi ssoes c ati-
vidad es em geral. cstado civil, cor e naturalidade , e ate
pcq uenas ocorrencia s a q ue chamam pitorcscarncntc de
"casualidadcs'', isto C, fates ocorridos de urn para ou lro
rcccnseam cnt o.
Em 1778, a " Usia Geral do numcro de todas as
gentes da Ordcnanca do Baiera de Sant'Ana, de que 6

(2lll A popll bdi n d,' Sa;) Paul" dividi a-sc Ib s"gn in!e mma-im:
Frcgucsia ,b Cidudr- - :192 fo~o s, (l.1!) !lO OW ll S. RA7 nut-
lh cres. Pa ri - 13 fogos. 2!) homen s, 4 1 mulhf"rf's. Embun-
cava - ,5 fogos. 2.'3 ' ho mcns, 18 mulhe rr-c, Plracotara - 9
fogos. 2 1 lmme-ns, 29 mllllwrPS. Pin hl'im<; - lO fo!::,.,., 22
bomene, 24 mulheres . Xoesa Scnhora 110 6 - 58 fogos,
14.5 hOllll'ns. 3E>O mul herr-s. Sant'Ann - &1 Iocos. 168 110-
mens. 188 111ulht>res. Tl'('ml'1111~ - 12 fogos, ' 3 1 lmrnens,
30 mulhr-rr-•. Jaragu;'i _ i ll fogos. 2R homens. 29 mnlherr-s.
Caglla\'u k i,\allc) '- 72 fol.(o": 150 hom-us. \;i9 mulherr-s.
T utuap...-, - S2 fogo <. I ">fi hom"ns, 2(Jl) 111llll,,· rl's. \ krel-s -
12 f,,).!;os. 23 1" '111t> ns, 2,1 mnllu-res. S;l o Cadanu - 11
fogos. 17 houu-ns, 20 mulhcrcs. Silo \ ligm·l - (1.1 f'\ g<ls,
121 1""'1<'11,. "f! mullwn-s. CUl.(ua~'u - 2.1 forros, 0:) lHl-
men s•.')(i J11111ht>r('s . 1'l'nlm -' 37 fogos, H-I '!lom t>J1s, R2
m ulhcrcs. (d. T a uo ;\\', :\. - " Ilis\(iri;; ,tl Cldado de Sao
Pau lo no s['{'u ln xvnt". \'HI. II (I 7fl.'i-IROj) . p. IOR).
Silva Bruno. E. - "Ili,t,',ria e Tradi ~..x"S dol Cldade de Siiu
Pa ulu", I. p. 19-1.

o B.HRRO D E S.\:\'T:\ :\':\


ca pit5.o Jose Antonio da Silva", rcglstra 122 Iogos par a a
ba irro , com urn tolal de 1.139 habltantcs.I ' ")
Nesta rclacno n50 consta a profis sfio des chcfcs de
fam ilia, mas na lista de soldados da Com panhia de O r-
de nancas, de 1768, a profissao prcdominantc c a de la-
vrador. 0 que e. em ccr to scntido, conflrmado pclo nu-
mero de escravos rcgistrados ern 1778, pois rnuitas
pessoas possucm mais de dcz cscravos, e, considerando-sc
as ativldadcs prcdo minuntcs entre os morad orcs da Capt-
tania, c de sc super que a maioria de scus cscrnvos traba-
lhasse principalmcnte em atividadcs ngrfcolns.
Todavia, c uma populacao nfio de todo fixa, pais
hi scmprc os que mudam para a cidadc. c ale os que
fogem! Aprcscntando Ilutuacocs, tanto q uant o ao nu mcro
de casas como quanto ao de habitantes, terri em I7HO,
para I II fogos, gH6 pcssous, c, em 1786 , par a 131 Iogos,
1.059 pcssoas. Em 1795. com 126 Iogos, 0 balrro tera
1.02 9 habl tan tcs.
1':0 fim do seculo, com 136 casas, mal chegando a
casa dos mil habi tan tcs, 0 bair ro de Santana tern pouco
mais de 25 0 cscravos a trabalhar em ativld ad cs tlpica-
mente rur als, prod uzindo mitbo, fcijuo, mundioca, algc da o
c aguardcnte. nilo havcndo, po rem, referenc la a producao
de acucar, cmbora constcm, em 1798, 15 cngenhos. To-
davia, sc a aguerdcntc c, em gcral. vcndida na Paroquia.
isto C, na Cldadc de Sao Paulo, os gencrcs alimenticios
sao, na sua maioria, ccnsumidcs pclos proprios produ-
torcs, dcclarando elcs "plantar para come r", mas vcndc-sc
[cite c lcnh a di uriarncntc na Cidadc. Alguns poucos
cr iam algumas cab c'cas de gado, vcndcndo urna ou out ra
cabcca apc nas para podc r comprar mantlmcnros. Algu-
mas Iam ilias vivcm de fiar c tcccr algodao, cnquanto
outras fnhricam quitandas c cang ulhas que vcnde m dia-
riamcntc na Cidad c. Villa mulh er com scus cscravox vivc
de Iazcr colcha ...; colchas tnmbcm sao confcccionadus por

(22) I )llpu b~·ao ttl Capil;11 ( 1••8 ). mao;o n.v I. ca d. fl. C 3,


D. :\.. E.

24 o IJAIHHO DE SAXT AX A
um casal com um filho, tres agrcgado s c 11 cscra vos, q ue
tambem sc dcdica a lavoura, te ndo colhido, ncssc a no, 30
alqucircs de mandioca, 30 a rrobas de algodjic, 10 alq uci-
res de milho, 5 de fcijao, possui ndo ainda, 30 cabecas de
gada . Ao lado de alguns sapatelros, um to mciro. va nes
ca rpintciros, um olcl ro e pcdrclro s, lu i 'linda as que vivcm
de vend er lcitc e lcnha, da pcsca, ou .. . da vadlagcm.
A lguns slmptcsrncntc dccla ram-sc "pobrcs", mas de urna
mulh cr e cinco cscravos sc diz que "vivcm de vadiacao
par falta de cconomlu da Scnbo ra''; uma outra e scus tres
filho s "vivern de passar pelas casas dos viainhos pa ra
comer alguma coisa'', cinco out ras pcssoas "vivcm a va-
dlaca o''. D uas rnufhcrcs com duis e quatro filhos pcdc m
csmolas. Asslm, eonstam 61 pcssoas ncssas con dlcoes _
pob rcs, vadios a u parasitas.
A paisagcm c rcstica e pobrc, niio obstante a rica
mata que Ihe serve de fundo, ncm a agradavel vista q ue,
do alto da colinn sc dcscorti na alem -Ti cts, isla C, do lade
do Col egio de Sao Pa ulo. Pobre, embo ra haja alg umas
famflias de ma iores r ccursos, com regular numcro de
cscravos, coruo C 0 caso do s oficials da Cornpanhla de
O rdcnancas - 0 capitao Antonio Manuel Pires, por
cxcmplo, que "vivc de mandar buscar tropas de animals
ao Contincntc do Rio Grande do SuI", colhendo 150 al-
quclrcs de milh o, 30 alq . de arroz, 40 alq . de fcijao, tude
para a consumo", tern 28 cscravos em 1798. Com alguns
moradores a ir de casa em casa em busca de comida, niio
tern a bairro aind a um nr de prospcrldadc ...
Entretanto, par ordcm de S. Majcstadc, a Camara
dcvc proibir a vadiacfio. J ti em 1768, a Camara Muni-
cipal tornara mcdidas rclativ as a urn dcsocupado, urn ccrto
Matias Lcmc, que vivia com scus dois filhos "no bai rro
de T rcmcm bc", em casa cobcrta de palha, scm lavou ra
a u situacao pcrmanentc, por cuja causa vern a cntra r no
numc ro de sftios vola ntcs que S. M. munda proibir." A
Cam ara decide q ue "no termo de 15 dius sc vao arran-

o BAIHIlO D E SA:\TA;'I;A
cha r em qual qucr Ingar dcsta capitania em que tcnha de
50 vizinhos para Jll a i s" . ( ~:l )
Nao obstan te, hoi semprc os que vivcrn de csmolas,
nuo apcnas pobrcs viuvas, mas tambern casais , com alguns
agrcgados. Cube aqu i, tod avia, lcmbrar que os agrcga dos
nem scmpre sao cstranhos a familia, ligados a esta por
tacos de t rabalho ou razocs cconomicas, mas, gcralmcntc,
purcntcs - irmfios. sobrinbos, noms. avos. nctos.

(23) Cartas ,I,. Datus (175.3-11:100), d(auuo Ordeus Regias, vel.


170. p. 2.53 v.

26 () IHIlm(} DE SAl\TA XA
2. A LGUNS ASPECTOS DE SANTANA NO StCULO X IX

As listas dos habitantes do bairro nos an us seguin-


tcs, no comeco do seculo X IX, nne variam muiro, e, sc
hi pcquenas altcracocs para mcnos, sao cxplicadas, na
coluna de "casualtdadcs", por mudancas para a Cidadc.
As proprius ativid ades nao mudam muito c alguns lavra do-
res, em suas dcclaracocs, rcvclam, as vezcs, uma certa pros-
pcridadc cvidcn ciada por urn numcro maior de escravos.
Em 1806 vlvem em Santana 370 brancos, 258 prc tos
e 285 mulatos, num total de 913 pcssoas. Dcssa popu-
lacao, 76 sao agricultorcs, 9 ncgoclantcs, 4 artistas, 12
jorn alciros, 2 olciros, 20 Iiand ciras, 150 cscravos, 115
cscrav as c 2 mcndigos, segundo consta do resume final
aprcsc ntado pelo capitao da Companhia de Ordcnancas.
Alguns mapas organizados em anos posteriores, com
urn titulo geral de "B air ro de Santana", aprcscnta m dados
rcfercntes a Trcmcmbe, Guapira c Cachocira. 0 total de
fogos c de moradorcs aproxirna -sc dos nu mcros citados
acima, mas 0 que sc refere cspccuicamcntc ao bairro com
a denominacgo de Santana e rclativamcntc pequeno.
Em 1818, uma lista assinada pelo cap itfio Francisco
Anto nio de M iranda, refcre-se a 125 fogos. t ' ) Inlctada

(I ) Listu dos Habitnntcs cxisteutes no Bairro de San tana, tCf[110


devta Cldade de Silo Pallid; sells nomex, clllpn\go" natura-

o BAIHI\O D E SAXTAXA 27
com as indicacocs rclativas a Companhia de Ordenancas
e as MiHcias, C continuada pclos nome s de s mor adorcs de
Gua pira - 0 primciro nome c do mor ado r de urna casa
nova ao pc du Ponte G rande c pclos de T rcmcrnbc, cu]o
morudo r mais prospcro c Man ucl F erraz de A raujo, com
36 cscravos, lavoura de milho, fcijao, cana, algodao, amen-
doim, alent de criacao de gada cavala r, rnuar c vacum.
Em T rcmcmbc ha duas casas novas. Fi nalmente, cstao
rclacionados os habl tantcs do "bairro de Santana" num
total de 27 Iogos.
A leitur a deste documcnto rcvcla a dificuldadc para
sc estudar urn bnirro pcrfeitamcnt e individualizado, po-
dcndo-se concluir que algu ns rcccnseamcntos antcriorcs
incluiam, sob a rubrica "Bairro de Santa na", as mora-
dorcs de Tr emcmbc e G unpira, scparados, com novas sub-
titulos, na Lista de 18 18. Dcssa maneira, a area abran-
gida por Santana scria muito superio r ao que corrcspondc,
110 documento, cspeclficamcntc, a Santana, abra ngendo
terra s que formam atun lmentc uma gran de parte da zona
norte da cap ital pa ulistn. t ") c que pcrtcnccm a varies sub-

lidad('s , [datil" E st ndos , Cores , O c u p no;:i)t·s, com a es poct-


fi<:w;;iio d as Casualidad('s 'llll' ucontcccnuu em cadu umn
(las rcs pectivas fnmilias dcsdo a futurn da Ltsta do Ano
nntcccnd cntc. l'an:"l< luias (Ie :-\<lssa Scnhom do () c de Santa
E fig~n i a ". {l'opula~'ao da C a p ital, 18 18-1824, r-aixn 36, De-
pnr tnmr-ntn do Arquivo (10 Estado dr, Siio l' auIo. F sto listu
CS t{1 as sinadu por Francisco Ant,\nio de Mirandn, capitiio d a
Com/h1nhia (\(, Ord cnnnc ns do Bairro de Santana. natural
da I hn d o 1';e o, Btspado de Angra, cusado com D. Maria
Ioaquin u de ~ lira)]{la ; vtve d e negbdo de Iazc-nda seen c
molhndos, e uma fl'rraria; tern 2 filhos, 3 agn'g:l\los (, 7
cscravos.
(2) Eis a [isfn dos mora do ros de Santana (dwf" ,Ie fam ilia); sc -
goo do a rela~'iio de 18 1.'1: J. j oaquim Jos" de Moracs, na-
Iural (ll' I' a rn nih n, ca sado COlli C " rtn u!r' s \f a ria d e Cn-
margo, 4 Illhos, vtvcndo do suns all;r\lleias; 2 - ~ I ('re nd ana
Hod ril4U('s, v ruva, 10 cscrnvos, agricultora; 3 - Bnrtolomcu
B ll P \10 dn li m a. ('asarln com Eseolast ka :\laria . 4 filhos,
8 ("cravos, agr ic\I!tor: .'5 - Francisco de Paula Barh",,,,
casudo com Ana, I fil1m. agr icu ltor; .'i - Lourenco Fran-
dseo da Silva , cnsa do t'om ~lari a , 1 filho, e;lTp intciro ; (j -
~ I a r i a joaquiua lIe Toledo. 2 filho, . vfvcndo de suns ag~n­
da s; 7 - ~ Iarga r itla ~ laria d e Jesus, 4 fil1ws. fia nd c ira ;
K - .\[ aria de T oledo, com U(ll11 irma. vrvcm d e esrnnlns:
!) - Ana (le Souza, vive de c;\~'ar pcixc: 10 - Manuel
F ranc-isco do Souza. r-as.«lo com Franc-isca , 3 Itlhos, 4 agre-

o HAIH HO D E S A:'\T A~ A
dislritos. Asslm, Santana scria, de Iato. ap cnas 0 que
co rrespondia as tcrras em tome da antiga Iazcnda dos
jcsu itas.
o rccen seam cntc de 1818 referc-sc tambem a dua s
novas casas em Santana. Infclizmente, nao traz outras
informacoes sobre clas, quer scbre 0 material utilizado,
quer sobrc sua area c numc ro de portas c jnnclas. Uma
delas e de urn prcto que "vivc de andar com a caixinha
de Nossa Scnhora do Rosario ", q ue nada mals dcclara
sobre sua profissao; para urn homem de 26 anos nao pa-
rcee que seja esse urn tra balho muito pcsado. Sua casa
" nova" dcvc scr bastantc rnodcsta. A out ra case pcrtcncc
a urn tropc iro de 30 nnos que declara tcr planmdo milho
c fcijao. Dcntrc os 27 chcfcs de familias rcsidcntcs no
"bairro de Santana", 11 cxcrccm ntividadcs tlplcamcntc
rurai s, plan tando milho. Icijao, algodt to. arr oz, cnando al-
gumas cabecas de gado. Apc nas Damaslc Antonio da
Silva, Melchior Rod rigues da Costa c Francisco Baruel
possuem cngcnho pa ra fab ricacao de ag ua rdc ntc, mas niio
ha referencia a pfuntacno propr ia dc cana. Das atividadcs
declaradas, d uas parccc m tipicamentc femininas - qua-

:g"ad n, . 3 (''S(1'<l\'OS. <l ~rkult or ; II - Rosa ~Llri a de Dl ivcim


Pin heirn, \'iil\'a, I filh a. I Who. I nc ta r- I ,"«'ra\,o ; vive
de sua, a~.~ndas; I:! - Ana j oaqui na, viuva, 1 Who, I ncta,
:! a grq~'\llos rom seue 3 Whos, 5 escravos , vive dos jornais
destes; 13 - Alia Maria , natural de Santo Amaro, \·i\'.\'a,
3 WhO'. 2 gl·nros. I ne ta, fia ndeira: 15 - ' l.IIIUt'1 da Stlva
" ae ha<!o, vi.wo, :! mh os. I escravo, (" ald t'in'im; 16 - j c-
remlav J. •1,' CilIllarp;o, casado COlli \'kt~nd ;l de Paula , I
filha, \ ' IVC de undar rom a caixinha de Xossa 5r-nhora do
Hos.ino, cas u Illl\'a : I. - Pl;iddo Cubas, cas ali" l,<lm Alia, 2
Filhos, agr kllltor; 18 - ..I.ntonin Marta, viuva , 7 filhos, vivo
de silas a~.~ndas ; 20 - D unuisto AIIl<i nlo da Silva, casado
rom Rita. 6 Hlhos, ,') escravos, agricultor: 2 1 - Hosa da
Siqucira, .'5 filhos, Iiaudci ra; 2:! - "anue! Barhosa Buello,
natur al tit' ' Iillas, cnsudo com In.ieia Franctsca, 6 escruvos.
ag rk\lltor: 23 - F nmd Sl'O Antonio lla Silva Harm) (d,
or tografi'l ,10 ,L"'llll wn to), viuv o, 5 mho s. 21 ewravos, ar;ri-
cultor; :2,.1 - 'l aria D ins, 1 mh o, 4 agrcgallos, vive do 'l ui.
tnnd ns; 2') - Antonio Mu nucl de Cam arl-(o, cusndo emu
Ana, na tura l II" Sao Bern ardo, 5 cscravos, nwklllto r; 26
- j oaqunu Jost" Xbhrcp;a, ce sad o com Ana vttorta da
I'lI re 7~1 , 2 fil ll.." ,I esc ravos. trope-ire c Lavrador, cnsa nova ;
27 - " ,'k llior l\ odri ~ll (,s d a Co sta, onsado com Ana CI'r-
t r udcs de " ora,'s, 2. mhos, 5 escravos, ;\gricllito r,

o BAIRR O DE SA:\'T,%X\ 29
tro m ulhcrcs vivcm tic fia r algodao, um a tic sua s q ui.
tand as.
Urn dos mars lnrcressa ntcs to mbarncntos c o de la-
vrad ores da Cap ltania de Sao Pa ulo, cujos mapas sc en-
co ntra m no Depa rtam ento do A rquivo do Estadc de Sao
Paulo. mas. at ualmcntc. na o a dispos ic ao do publico, de
modo qu e. no me mento. so pudernos utiliza r 0 resume pu-
blica do na Rcvista do Arquivo M unicip al, em 1935. scm
os detalh es que scrlam muito uteis pa ra uma visao rnais
completa do balrro de Santana.t w)
Soh a ctiquc ta tic "B cns Rusticos", 0 rcccnscam cnto,
q ue abr an gc Sao Pa ulo, Par an a c Santa Cata rina. rcali-
zado po r ordcm tic D. J oiio VI , segundo Aviso Regie de
21 de o ut ubro de 18 17, cstcvc a ca rgo das Cornpan hias
de Ordcna ncas. scnd o complete na s suas infor macoes
sobrc a maioria dos munlc fpios, de accrdo co m as cxi-
gcncias. Embor a 11 50 sc cncor urcm os ma pas das Ire-
gucsias do Bras. Santa E flgenia. Ipir an ga c Pa rn a iba.
podc-sc tcr uma boa iddia da cconomia agricola da co-
ma rca de Sao Pa ulo durante 0 pcriodo q ue untc ccdc u a
Indcpcndccia.
Em Sa ntana fo ram a rrolados, pclo capitao Fran c isco
de Pa ula Bar bosa. 12 lavra dorcs, com urn to tal de 69
cscravos. Tab lavrad orc s distr ibu iam-sc da scg uin tc ma -
nc rra:
Barro Branco ( 2 ) ; Cachoci ra (2 ); Engorda-
dor ( 2 ) : Mo rrinho ( I); Serra de Trcmcm-
be ( 5 ).

Os maiorcs proprieta ries de csc ravos cra m: cap.


Ma nuel Ferra z de A rau jo (S erra tic Trcmcmbc ) 22; Fran-
cisco An !{mio Barucl ( M orri nho ), 16 ; Antonio Ma nuel
de Camarg o ( Burro Bra nco ) , 10; Fran cisco c An tonio
Rodrigues ( Cacholr a ) , 7; Ma nuel Rod rigues da Silva
(Se rra de Cachoclra j . 5; Ma ria Pinto da Silva (Tre-

(3) A guirr a, JOU' ) II . O . - "Tombumento {Ie Ull i ", in It A . ~ I.,


vel. X p. 57.

30 o B.-\IRRO D E S:\\"T:\\".-\
membe ) , 5; Francisco Xavier de O liveira ( T rcmcmbc).
4. Niio hri refcrencia a cngcnhos, ncm a agregados.
O s ma pas de populacno da mcsma cpoca rcfercr n-sc,
como vim os, a num cro mu ito superio r de agricutto rcs.
mas como em gcral dccla ram plantar pa ra a consume, C
pro vavcl que 0 faca m em terrenos rclativamcnte pcq ucnos,
nao propriamcntc fazcndas ou sltios, c, pe r isso, nao arro-
lades como p roprictririos r urais , num tor nbamcnto cu jo
titulo e "B cns Rusticos". Notc-sc, ainda, que cm bor a
nestc rcccnsca mcnto 1150 constc, entre os J 2 lavrad ores,
ncn hurn propr icuirto de cngcn ho, a lista de populacao de
18 18 rcglstra so no pcq ucno bai rro de Santa na , tres cngc-
nhos, pertcnccndo ur n delcs a Baru cl. Tambcm , nem scm-
pre coincide 0 numcro de cscravos - 0 cap. Ferraz de
A ra ujo consta, numa rclacfio, com 22 cscruvos, noutra,
com 35 - 0 que nos leva a admitir que, provavclmcntc.
o nurnero de cscrav os arrolados no Tombamcnto de 1S 17
pcrtcncu exclus jvatncntc a zona rural, vlvcndo as out ros
no povoado, ou simplcsmcntc cntrcgucs a outras ativi-
dadcs 11aO cspcclficarncntc rurais.
Um rcccnsca mcnto rea lizado em 1823 (1820·18 23 ),
inclui, sob 0 titulo gcral de "Bairro de Santana" , Ca-
choeira, Trcmcmb c c Santana .t') E m primciro lugar, os
nomcs dos que pertencem a Campanhia de Ordcnancas
- cap itao, alfcrcs, tres sargcntos, quat ro cabo s c rcs pcc-
tlvas farmlias, cscravos c ocupacocs. A n50 scr o sar gcnto
Jo se Pires de Assuncso. que c carpintci ro c ma rccnciro,
tod os as outros dcclararam-sc agricultorcs. O s morndo rcs
de Cac hocir a c de T rcrn cmbe sao rcccnscados em scguida .
cstando, par ultimo, as de Santana, em 30 casas. Neste
a na, lui ta mbcm uma casa nova em Santana .
Par a tod o a Bairro a Lista acus a 136 ragas, com
8S9 mora dcres - 397 bra ncos, 241 prctos c 251 mula -
tos. E xistc, pa is, no Bair ro. urna rninoria de brancos. no-

(4) Lista dos habttuntcs que exls tem nil Cia . de O rdcllalU; as
,In Bairro de San tana. T;~ rnlO dc-sta Imp,' rial Cidad,· de
S,io Paulo, do ann de 1820 ate 0 de 1823. (I'npu l,l\'iio da
Cal'it<ll. 18 1K-I H27, D. A. E.)

o UAII\ I\O D E SAXTAXA 31


la ndo-se accntuada misccgcnacao. Fa to que se verifica
tambem nos rccenscam cntos anter torcs. Mas nfio hi um a
malo rla de cscravos, pots entre os negros e mularos muitos
sao livres . T ambem, nfio hi referenda a indios ou gcntio
da terr a. 0 resume final do rcccnscamento de 1820- 1823
C 0 scguintc;
Ocupocoes: mtllcianos - 57; agriculto-
res - 55 ; ncgociantcs - 2; artistes - 14 ;
vivem de jornais - 12 ; de suas agendas -
22; de suas vcndas - 5; de fiar algodao - 7;
de csmolas - 4.

Pessoas: homens livres - 300; mulh cr cs


livrcs - 380; cscravos - 121 ; csc ravas - 88.

Producoes , milho - 1261 alqucircs; arroz


lSI alqucircs; fa rinha de man dioca - 50 8
alqueires; amcndolm - 12 alqucircs; algodao
- 32 arrobas; agua rdcntc - 140 can adas:
a nimais vacuns mar cados - 115; an imais ca-
valarcs - 58.

Assinado : ca p. Francisco A. de Miranda

Uma ni pida analise da prod ucao rcvcla ur n dctalh c


interessante - Iraco rc ndimc nto do trabalhadc r rural, isto
C, do brace cscravo. E xc1uidas as cscravas - admit in-
do-se, com certo otimismo, que sc dcdiqucm apcnas a
service s domcsticos, "de dcntro", c que todos as cscravos
se dcdiqu cm a atividades rurais, nenhum delcs trabalhan-
do em vcnda s, agencies ou jorn ais - cncontramos 12 1
cscravos produzindo 22 16,5 alqu circs de "gsncros ali-
mcntarcs'' ( milho, fcijdo , a rroz, farin ha de mandioca c
arncndoi m) , 140 canadas de aguardentc, 32 a rrob as de
algodeo e "m a rcando" 173 a nimals, 0 que da , por cscra vo,
uma media anual de monos de 20 alq ucircs de gencros
alim cntfcios, mcnos de mci a a rrob a de algodao, pouco
mais de uma canada de aguardente, e pouco rnals de um
a nimal marcado.

32 o BAIHHO DE SA ~T A~A
E cvidcntc que nao sc pede julgar mediante dado s
relatives apcnas ao pcriodo citado , mas a silua, ao e mais
ou menos a mesma quanto aos outros a nos. pcsq uisas
rcalizadas por nos sab re economic agniria em ou tros mu-
nicipio de Sao Paulo ncssa r ncsma cpoca. em que utiliza-
mas dadcs rnuito mais completes de Tombcamcnto de
1817-18 18 e "maces de pop ulacao" de muitos anos, alcm
de numcrosos lnvcntarlos c cscrituras de comprn c vcnda
de pro pricd ad cs ru rais, pcnuitcm que adm ita scr a mesma
situac flo fraeo rcnd imcnto da mao de obru cscrava - nn
municipio de Sao Pa ulo. Alcm da mnncirn rudimcntar de
se lavra r a terra, com pouco usc do arado, dcvc-sc lcvar
em coma , ainda. contribuindo para a pcqucna producao,
entre outros fatores, 0 fato de nao serem todas as terras
apropriadas pa ra a lavoura.
Em 1825. do Mapa Geral des Habitantcs do Bair ro
de Santana. com 154 casas , consra 0 scgui ntc q uadro :

K O habitentcs Solteiros Casados Vi.... vos jT o tais

II
" II
" II
"
llr'IIW(ls ........ .. 113 110 42 41 8 18 339
Pretos hvn-s
Prctos cafivos .....
Mulatos ltvrcs ... .
21
II ·I
99
.-
17
oo
I.'](]
I'
13
35
16
13
·to 2
-1
·1
13
78
H>9
31.
\ Iula lns cativos .. . ~1 II -1 I 3 I ·18

De acordo com a norma scguida na confcccao de tais


mapas. cs primciros Iogos rccenscndos ( 27) sao ocupados
pcla Com panhia de O rdcnancas. Os out ros sao distribui-
dos pclas csquadras de Santana (44). Barro Branco (25).
Mandaqui e Frcgucsia do 6 ( 36) e Serra (22).
Pcrrnanccc a prcpondcrancia da profissao de lavra-
dor - alguns, alcm de agrtcultc rcs, vivcm tambcm do
"rcndimcnto'' de scu carro, com q ue tr abalha m na Cidadc,
ocupacflo muito comum. como sc dcduz da s Atas da Ca-
mar a de Sao Paulo, havcndo , postc normcntc, ale "pontos''
cspccilicados para cstacio numcn to des mcsmos, de accrdo
com a sua proccdencia.

o B.-\IIUm D E S:\:\"T:\:\":\ 33
Nao se tra ta, po rem, de habitacocs r urais, pois no
caso de Santa na, por cxcmpto, lui refcrencia , entre os fogos
rcccnscados, isto c, entre as 44 casas, apcnas a 5 sttlos,
cujo s prop rictarl os rcsld cm na Cldadc, d cixando dois dclcs.
de com pletar cm as dccla racocs porque "se allstaram na
Clda dc". Isto quer dlzcr que mui tos mora dorcs do ba irro
tern tambem sua casa na Cidadc, dividindo scu tempo
entre suas ocupacocs rurals c ccrtas at ividades urba nas,
cxcrccndo cargos publicos, c assistlndo a festus rctigiosa s
c cfvicas . T ats d ccla racocs dificulram, cntrctnnto, urn
estudo mals aprofundado da paisagcm do bairro, nfio ha-
vcndo, pois, po sslbllldadc de sc vcrif icar, cxatamcntc, den-
tro do bairro, qual scr ia a parte mals rural, cmbora, a
ncsso vcr, durante toda a primeira r nctadc do scculo X IX,
Sa nta na, com poucas casas, csparsas aqui c ali, todas clas
com sua s pequenas roca s, com uma pcqucna criac ao de
gad o, nada ma ts seri a do que um modesto bairro ru ra l,
cuja pop ulacao cxcrccria atividadcs proprius de pcqucnas
comunida des agni rias - carrciros. fiandciras, q uit and ci-
ras, etc. Alias, a urbun lzacao de Santan a so ira sc rea-
lizar, de fat e, ra rdta r ncnte, a partir do fim do scculo.
As Compa nhlas de Ordcna ncas, cspcclc de tcrcci ra
linha milita r, continuam. ainda no Imperio, vcrdadciros
agcntcs da ad minlstrac ao , como 0 foram na epoc a colo-
nial, mals lm por.antcs como agcntcs fiscals c auxiliarcs
adm inistrativos, do que no sere r r nilitar. O s oficiais das
Com pa nhlas de Ordcnancas sao em gcral de r nuita impor-
ta ncia social e cconcmtc a, grandcs proprietarie s c senhorcs
de cscrev os, cnca rrc gados de d tvcrsa s atlvtd adcs ligadas a
ad minisrrac ao local, co mo coleta de co la de rccur sos para
as obras da ponte a u envian do cah os pa ra fiscaliza r a
cxcc ucao das mesmas r ") c ate sugcrindo a ncccssidadc de
dcterrninados sc rvlcos.

(,3) Villa H-prt''''nl,,\'a() do ca p. com:\lI(bule Francisco Ant,\nio


(1,-. \Iiranda, d at:Hla do Bairrn d<> Sa nta na, 22.-4 -IS2.0, f pita
'10 Scnhor Gencra l s(j\Irt~ a f"lna (10 atcrrudo {!e Santana,
provu () 'lUI' ufirmumos : "Hf'Jlf('SCllto que da l'o nt" Crand"
para a parte (10 J"CU comaudo do hairro de Santa Ana,
ussim como para a parte do \'omando d('sta Ctdndo, sc [a z.
precise em alg"ns l \l ga re~ , lcvuntur 0 aterrmlo (' culca-lo

:J4 o RAIRBO D E SA~T A~ A


Militarcs da segundo linha. isto e, millcia uos. tambcm
eram pessoa s de rccu rsos. como Francisco A ntonio Ba-
ruel. alfe rcs de milicias. corn sitio c olaria em San tan a,
com mais de 30 cscravos . colhc ndo todos os a nos a rroz.
feijao. milho. produzindo aguardente. c, ate, em 1827, ja
col hcndo duas arrobas e mcln de cafe, Embora ainda scja
csponidica a producao de cafe no mu nicipio de Sao Paulo,
e precise lcmbrar q UI: de Casa Verde ja em 1794 panira
urn caixotc de cafe para a Eur opa.t") mas nan lui out ras
rercrencins a cafe nos documcntos per n6s cons ultados.
An sc iniciar o scculo X IX , Siio Paulo con scrvu ain da
o scu ar pro vinciano. com sua-, mod cstas casas de taipa
de pilao. cnormcs quinta is mal Icchados. scus bccos c tcr.
reiros. E, com uma topr ografla em que rio c vales cons-
tituc m um trace pecu liar, tern varias po ntes de madeiras.
muita s vczcs em cctado bas tan tc prccario, a dcsafia r a
Camara c a populacdo. Problema q ue, no scculo XX.
fura os urbanistas plancjarcm c construlrem viadutos como
solucac pa ra 0 .. Ireqiicn tcs congcstlonamcn tos de transite. a
cncut rnr distdncias c mclhorar comun icacocs en tre a cent ro
C os buirros. abr indo largas uvcnida s scm cruzarucntcs.

A construcao da Ponte Grande, j,\ plan ejada em


1700 , tcrla side, segund o Taunay, a prlmcira ob ra de en-
gcnhariu du capital paulist a.t ")

.1" pl'tlrt' C:ll1ho. no filll d, ' ..vitar os ca lo.ldnx,s {'1lI 'jUC se


" l;, !a lll us a nirnais (jilt' uclc cacm, e os 'llLl' ,1''..;1('S sc des-
vl.un v.wm JlO otcrradc I'd"" rsbanceiras". (Ikc:i"tro Gt' ral
du Ca ll1il ra de Sao Paulo, Ib~O- I &:!~ , \'01. X\ 'I, p. 43 ). v.
bmhl'lll Prad o Jr., Caio - F,lnJla<,-ao do Brasil Contcmpo-
rJ.n''tI , ca p. :\ , Iminis tra"'-l" .
() capitiin F r,md " " .-\ uli'nio de :\l ir;Ul, b constani da
" Lista tins hubitante-s 'Ill<' e \istt'1lI n n butrro d" Santana
(ls:!n)-II):!.1), viv"",I" II" .' l'U S n".!~oeios de Iaze-nda ",,\-a, f r-r-
rartn " uma chacurn. lo 'ml" II r-scrnvos. 1',11 anti!!;o capit.io
,I,' ordcn.mcus ,10 Hairr " ,I,' Santana, '1 a1111..1 ,I" Camarzu
l'Ircs t-ru lsn~ , til1 h" , 11:1 Frq~ut'si a d.. {:uarull"", l1 r::;a
fa ~"11lh de- " ria.";'i,,, <1..d" r"11I1n-'" agril'ullor, l'O111 33 e-cru-
vns. r-utrctnnto, 1'111 I 791i, vivla "de mandur ],mcar tropns de
alli lll"is 11<) C Ollti ll(,Il11' ,I" Hill C randc ,I" sur', prov nvol-
nu-nh- para a sua fa ~ (, lH la tit' r-riacao.
{(l) Lei it' , Aurelinno -oil . cit., p . 71.
(7) T <1111 M V , Afons o 111' - " lIisl(lria Sei-'l't'lltisla d a \"ila ,I" Sao
Pa lll,,''', 1\', p, 3.')0.

o B.\lIUIO DE S .\ ~T .\~.\
A Ponte Gran de do rio G uard ( Ticte) e objcto de
frcqucntcs dccisocs municipuis. Ai nda no scculo XVI II,
a prccaricdadc de sua construcao con tribui para isolar a
populacno do bair ro de Santa na do centro da cldadc. Umn
cnchcn tc do Ta mand uatcf carrcgara a Ponte Pcq ucna do
Atcrrado de Santana, em 1830. obrignndo os transc untcs
a sc uti lizarcm de lima pingucla que 0 vcrcudor Francisco
Mariano da Cunha c Francisco Barucl mandaram Inzer.
Francisco da Cun ha dcmmcia, cnttto, o estado prec ario da
Ponte Grande, sugc rindo que sc proiba 0 transite por cla,
dccidindo, asslm. a Camara mandar fazer os conscrtos nc-
ccssanos. Todaviu. a proibicao da passage m de carros pre-
judice os ca rrciros de Santana. a ponto de rccorrcrcm
estes ao Impcrador, em I S32.(8) Urn mandate darado de
17-3- 1732 intima os moradorcs a pagarc m 0 conserto da
"Ponte gran de do Ttcte, que foi conscrtad a por Manuel
de Gois Ca rdoso em prcco de 5S760 rs" .e ) Dois anos
dcpois, dcz morad orcs do ba irro de San tana sao intimados
a pagar "0 cm que foru m lancad os para a fatur a da ponte
grand e do Gua rc. contra os quais tinha havldo sentence
na ouvid or ia gcra l dcsta Cld adcv.tw)
E vidcntcmcn tc. a cstado prccari o da Ponte niio preo-
cupa ape nas a Camara c alguns moradorcs de San tana,
mas tambcm. os pad res da Compan hia de Jesus, q ue pos-
sucm. no bairro, a prospcra fuzcnda de Santa Ana. Por
isso, 0 padre Fabiano Bulhocs, reitor do Cologie . dcpois
de rcallzar ncste importantcs ohms autor iza 0 pa dre Jose
de Moura a cons trulr pa ra a Cam ara a ponte de Nessa
Scnho ra do G uard, no rio Tiete, media nte a subvcncao
de 300S000 pa ra as dcspcsas e salaries. ( 11 ) De fato, a
25-9-1 734, 0 pa dre 1 0 5 0 de Moura Gaviao , como pro-
curador de scu irmao, o padre Jose de Mour a, da Com-
panhia de Jes us, propoc it Cam ara, em nome destc, "man-

(8) Tn unav. A. <II' - "Historin da Ctdado Ill' Siill 1' :11110 soh 0
Imptrro" (1822-1&11), p . 4(;6.
(9) Atns <In C,lma ra (la C ida<ll' de S,io Paulo, X, p. 17(-,.
(JO) Atas, X. p. 37H.
(Ill Leite, S... rafim - "JIi,;t(lria da Cmnpnnhia d e ]l'SIlS no Bra -
sil", VI, p. 4 Il .

o U:\IRHO DE SA:\TA~A
dar fabricar de novo a ponte de Nessa Scnhora no rio
Ticte, toda de madeira de lei. com ranchocs de cancla
prcta." A Ca ma ra autoriza a construcao da po nte, que
dcvcria tcr, no minima, scis palmos de largu ra, c, no fim
do uno, co nc1uida a obra, cxanunada pctos louvados, sera
considcrada superior ao combinado, "fortissirnu, com boas
c adminivcis madciras. com gros sura mui capaz de resis-
fir ao tempo, tanto po r scrcm ta nchocs de uba mirim,
como ta mbcm as travessas delcs scrcm todas do mcsmc
pau, c que os tabalocs cra m todos de cancla prcta . .
segundo consta do tarmo luvrado entao.( l:!)
o padre J ose de Moura era 0 superior da aldcia de
Mboi, c, na construcao da ponte utitlzara, como m ao de
obru, os indios que cstavam sob a di rcciio du Compnnhia
de Jesus. Segundo os pcriros, a obra valia mats do que
o cstlpulado no contrato. Taunay ad mite a possibitidadc
de uno rcccbcrcm. os indios, joru ul algum pclo trab alho.
mas Scraflm Leite afinua q ue "rcccbiam os mcsmos saki-
rios que os indios des moradorcs c gcralmcntc mais''. De
q ualq ucr manciru, a obra, por baixo prc<;o, rcprcscnto u
1\'50 obstante, no com C,\,o de 1740, "a po nte do Ticte,
import ante mclhoramcnto publico.
ca minho de Santana", cstara a mcac ada de ca ir "roberta
de madciras c ra mal hadas traz idas pcla cn ch cn rcv.r '")
Situacno q ue pcrmancccra por muito tempo. pols cn tra-sc
no scculo X IX com 0 m csmo problema - as Atas da Ctl-
mara M unicip a l ira o consignar, Ircqtlcntcmcntc, dcspcsas
com a ponte c com 0 atcrrado de Santana, tanto para (l
material ncccssario (tabuas c prcgos} , c scu transportc,
como para pagamento de ca rapina. ( I I) Paga-sc an cap.
Manuel da Cu nha "de conscrtar a ponte de Santa Ana c
a ponte pcqucna. em pregar urnas tabuas, 58 pregos, cai-
bra r c alugucl de U111 jomalciro . ISNOO; c do con-

( 1:1) TauIlay, A. <1", - "Entr;"J:" e Saida' de Silo 1'<1 u10", in


H. A. \ 1.. 1.\. p. H.
(13) At,ls, .\1. p. a.ro.
(H ) l'ap" is AVlll,o, (HiOO- l S0 1), in II. A. xr., vol. II, p. 76.

o BAIi Ul O DE SA:\"TA :\"A


serto do atcrrado de Santana c ponte das pcqucn as .. .
35 180 ."( ")
Scmprc Ioi de extrem a importancia a man utencao das
pontes na cstrada de Santana. Um offcio do govcma dor
Franca c Hort a, datado de 19 de agosto de 1807, diri-
gido a Camara Municipal, louva- lhc a "zclo c a cficacia
com que sc tcm csmcrado a beneffcio da causa publica.
concordando que sc paguc 0 conserto das duas pontes na
cst rada de Santana . com 0 rcndimc nto das En tradas do
mesmo caminho." Todavia, em corrcicao realizada em
outubro do mcsmo ana , Miguel An ton io de Azevedo Vei-
ga poe em duvida a lcgalida dc da "Rcmatacao do con-
ser to das duas Pontes de Santana". Afirma ignora r "com
que autondndc c porque principios a Camara dcssa 0-
dade csni cob rando dos passageiros que passam pclas $0-
breditas Pontes csportula alguma que scja aplicada para a
Po nte do Ca rmo, 16, ncstc suposto, sc sera admissivel, na
falta de bcns do Consclho, translornar as Redit us apli-
cados para csta Ponte nos conscrtos daquclas't.r w )
A respcito da cons trucao, consert os e manutcncao
dos cam tnhos, pontes e atcrrados, dccidira-sc, em 1804,
"Iicar a inspccao da Camara M unicipal de Sao Paulo tudo
a que inclui dent ro do marco da meia legua c a inspccao
do Capltao-Mor tudo 0 que fica fora do dito marcov.P")
Aos comandantcs das pontes - San tana, Plnheiros,
Carmo, Fo nseca c 0 - sao cnviadas instrucocs rclativas
a cobranca de uma taxa de passagc m, da qual cstao
iscntos os proprietaries des sftios par clas scrvtdos, c que
as utilizam obrigatoriamcnte.jt ") Tambcm os cncarrc-

(1.'5) l'ap{'i'; Avulsos (Hl06 ), dec . XXIV - Lisla <los j!;asto s COlli
os cunscrtos dus pontes do Hosvio da Ctdadc, in H.. A. :\1.,
XII. p. 18,'5. O utms docuuu-ntos rcfcrcm-sc a outms des -
1)(,>i1~ rclanvas a<) concer to lias pontes c do utorrudo de
Snntu nu.
( 10) I'apcis AVll!sOS (HmO), do c. XIV, in H. A. :\1., XII. p. H r,.
(17) H (" gi~tn Cr-rnl da Cdma rn de Silo Pnulo (1I)OJ- I80S), vol.
XIII, p. lJO.
(I R) l\ (" gisto G\'r al do Clmma de Si,o Pa ul" (1803- 1808), p. 234 :
"Cada carro que puxsnr pclu po nte ('arrq~ado, sc]u qual
f'lr a (";Irg,l, pagan', CH lla vcz , 40 rs. "Dcscarrcgado, pagnr{l
20 rs. " 0 ga do vat-urn ljlW pussar, sendo per via do comer-

38 o IH. In n O D E SA:\"T A:\"A


gados das pontes devcm contr atar can ons c rcmciros para
dar passagcm a tod os os viandan tcs.r")
E ntrelanto, a po nte de Sa nta na nao c de utilidade
a pcnas para os moradorcs de Sao Pau lo, mas tambern para
os das vilas vizinhas, que usam a cstrada de Santa na. Por
isso. a Camara paulis tana oficia ~l da vila de At ibai a sobrc
as dcspcsas com 0 conserto da pon te ( 18 15 ) . E, como
de ccrto, os problemas fina ncciros da ultima dcvcm scr de
diffcil solucao, Sao Pau lo dcv c cobra-la va rias vezcs, exi-
gindo que pague sua pa rte dos gastos, isto e, 14 8 mil
reis. eO)
Um outro problema aflige as a utor idadcs. Nao bast a
ma nter em boas con dicocs a cstra da e a pon te de San tana.
Nao c sufidcnte que se cobrem fintas dos usuaries da
ponte, cuja arrccadacao dove reverter em beneficia da
mcsma. B pre cise ainda manter vigilancia sobrc a entrada
des gcncros q ue de vcm abastcccr a Capital, cvltando os
a travcssadorcs .
A rcgiao scrvida pcla cstrada de San ta na tern urna
funcao bastantc lmportante, que lhc d[1 urn ar trpica ment c
rural , pcrcorrida po r tropas c car ros de bois - ab astcci-
memo do mcrcad o da Cida dc de Sao Pau lo. Muitns rno-
a
radorcs do ba irro de Santana chcga m cidadc diariam cnte,
a vende r Icltc, lcnha, qu itan das, cangathas e mantimentos .
Nao so des ba irros do norte, mas das vilas viz.iuhas
tombcm.
A Camara extgc que os vcnde dorc s tragam as ge-
ncros ~IS Casinhas, isto C, ao mcrcudo publico da Cidadc,

cio, para cortar no :u;:ouguP Ill! ve nder em 11l.', p ,lganl 10 rs.


;>'!as SI",\I" d", morndorcs dn ctdado (Iue os mandan-m a
pastar, podr-m s.ur para 0 pusto c rec olher-sc nos ,PllS
currats scm n uda pagarem, l'lll ra za o de seus donos j,i tcrcru
contrihnidc". "ClI!:\ ('avall'iro ()n~, de fora, entmr 1lI\ sair,
scndo de fora da (, ,,lade, paganI sonll'ule ]0 rs. pdl' cavulo,
C nada polu p('S'oa que val em r-ima" (l 4-$I~ IK04).
(19) Hegislw Gernl da Cdmaru de Sa" Pa u lo (IKO:3-1808), H,,-
gistro rlp curta no sargcnto Antonio de l':ulna, (jlle sc ncha
nn ponte de Santana para fazt,r vir dlla , C;lJloas I' f'\lr m :la s
4 rcmciros (' dar passagelll a todos os vinndantcs (13-1-180.~).
(20) Hq .(istro Genll da C. ;>'1. de 5;10 Pa"],, (H1l5~18Hl), vol.
.\Y, oa
o BAIHHO D E SAi\TA ~A 3!l
onde dcvcm sec vcndidos dirctamcntc ao povo, rna" alguns
comcrciantcs de maiores rccursos, vfio as cntradas do 6 ,
da Pcnha c de Santa na, comprand o as cargas c dcsvia n-
do-as pa ra Santos e ate para outras capltanias, 0 que leva
a Camara a oficiar ao General solicitando providencia
contra tal sistema, exigindo castigo contra os qu e trans-
formam 0 comercio de gencros alirucnticios em verda -
dciro monopolio, com prejulzo " para 0 sustento do povo
dcsta cidade e de scis lcguas em roda" .(21)

•••
Na chamada "e strada da Luz'', que vai para Santana,
mui tas datas de terras scrao conccdidas na primclra rnc-
tad e do seculo XIX, de tamanhos variavcis, scndo dlscuti-
des pcla Cama ra tambcm alguns pcdidos dc scsma nas,
antes que, com a indcpc ndencla do Brasil, se altcrcm as
Iormas de concess ao de tcrras.f -")
Como se trata de bairro rural, cortado pe r caminhos
de tropas, sao com uns as qucstocs surgidas par cau sa de
"tcrras de scr vidao publica".
E m 1833, a Cam ara M unicipal e ati ngida por uma
dcssas qucs tocs, quando moradorcs de Sant a Efigenia e
de San tana, em rcquerimento assinado pa r Anton io F ran-
cisco Barucl c out ros, aprcscntam qucixa contra F loriano
Anto nio Rodrigues, que "fccha ra uma porcao de campos

(21) It G. d a C. ~1. de S. l'aHln (l8 13-H119), vol. XV, p. «a.


(22) C. D . T. (1801-1820); 2.5 hr_was de test.ida por 7 lnncas c
mcia de fundo a Inaoio de F reitas Te ixeira ( 1l -ll-1808)
"cujos Iundos cntostam l'nm a poutu do valo do Con-
vento dn Luz , adiantc de Intieio Bur-no" (doc. XXIX , p. 4ll);
77 hracas nu Estrada du Lux, "in du dcs ta cidade para a
Iazc nda de Santana e 4 c nwia "r a~'as de Iuudo, que cutes-
tam l""n () COllve ntu da LIlZ, c de outre lado co m Inacio
BUl'no", para Jose Hod rigucs de Castell o.> ucla eril!;ir uma
mcrada de casu pa ra sua vlvcndn, vi,to se rem incremento
c for moze a"iio ria Ci\la rle (I 2-11 -180H), d . Doc. LYII , p .
104. Sesma ria de umn higua em qnadrn, rC(!"crida pd o
gumda-mnr Juse Blleno de ~ I o ra i s , no batrro de Sa ntana,

prio suplkan tc; alega q ue as cultivn


Due. CXllI, p. 228 ).
Il'.
paragem de Tupera, "tenus (l"e purtcm com 0 sitio llo pro-
cinco an os (L'5-4- I820,

40 o HAIHHO DE SA:'IJTA:'IJA
de scrv ida o publica, impedindn a passagem de tro pcir os,
q uando fica rui m a passagc m na Ag ua Fria." T ra ta-se de
um terrene na "cncruzilhada da cst rada vclha que vai para
a Cantarclra, segui ndo a Est rada da Ca nchocira a le a
cabccci ra do ribcirfio chamado Agua Friu, c pclo ribcirfi o
aba ixo ate cncontrar com a dit a cstrada vclha", ncsga de
terra irregular, forma ndn urn Sngulo , com cspaco sun-
clcn tc para a cstrada.
Flor iano A. Rodrigues aprcscnta tftulos data dos de
1806 c 18 15, pclos q uais 0 primciro proprictario, Fran -
cisco Xavier de A ragao Sarmen to, vendcu as tcrras a F lo-
riano J ose Freire.
o J uiz de Paz foi favoravcl a F lorian o Rod rigues,
mas 0 proc urador da Ca ma ra rccor rcu, alcg and o nao
scrcm validos os tftulos aprescntados, pots 0 papel de
venda passado em 1806 tra z a assinatura de Joa na Cor-
reia. falecida em 180 I . Propoc, pais, urna w;50 de em-
bargo para sc rcivi ndica r a terrene, a rim de sc lmpcdtr
q ue scja fcchado .
Co nt inuando 0 proccsso, a dccisao final, 'li nda do
Trib una l do Rio de J aneiro , a 18 de mar co de 1838,
julga improccdcn tc a aca o movida pclo proc urador da
Camara M unicip al de S. Pa ulo, consid crando 0 recorr idc
como "legitime scnhor c possuidor do rcferido tcrrcno,
havid o j a po r out ros particula t es scus antcpossuidorcs, q ue
por muitos a nos 0 poss ufram rnansa c pacltlcam cn tcv.t w)
Aos poucos n a tcr rado de Santana muda de aspecto,
com novas casas, mas algumas s50 feilas na prop ria
estrada, diminu indo-Ihe a largura, 0 q ue leva a Ca mara
Munici pal a cm ba rgur as o bras iniciadus. cxig indo que as
construcocs scjam fcitas no min ima "duns bracas a rre-
dadas do atcrrado't.t v")

(23) C. D . T . (l 82.1-I H.15), vol. XI , p . 13·1-1.1H).


(2..1 ) C. D. T. (1837), vol. xtn, p . uo. S(lh re a cn nslru<;an de
('asa~ de j oaquim Anltlni n dn Fo nseca e Vice-nte Ferreira".
X" lll eSlllO din, Ale xa nd re Antonio dos li d s solictta 11m
tern-no no lado dircito do p rindpio do utcrr udo de Santa na
c no mlll S\'iiuin(I', joaquim F rancisco de T oledo sohcitar.i
a C;; m a ra autor iznc iio pa ra cons trllir ai Ulna casinha
(C. D . T" 1838. XIV , p . 20). E m IK4Z , j OS{~ jacin to de

o B.\II\ HO D E SA:\'"T A:\'" A 41


Continuum os litigios. Em 1837 novam cntc a Cft -
mara e pcnurbada po r qucstocs lie tenus lie scrvldao pu-
blica. T rata-sc. 010 mesmo tempo. lie terrenos sltuados
nos Campos de Sant o Amaro e no bairro lie Santana.
Xcstc , Ir uicio Jose Lopes fechara terren os junto a !>ClI
sitio - corrcdor e varzca - com prcj ufzo pa ra os que
de tes ...c utiflza vur n na ob tcncao lie lenha c pas tagc m
para 0 scu gado. A com issao cncur rcgad a pcla Camara
de examtnar tais terrenos. afirma. em sell pareccr. qu e:
"nao pod em Iicar privados dcla (da scrvldac publica )
scm notavcis incomodos c prejufzos , pnncipnlrncntc os q ue
tern anima is que prccisaria rodcar todo 0 sitio do supli-
cantc, nao pcd cndo passarcm pclo corrcdor q uando ha
cnchcntcs" . ( ~"' )
Em 184 3 scni a "q ucstao por causa dos terreno s q u;:
tcnam pcr tcuc ido nntcriormcntc a lima scsmu rtu de D.
Gcrtrudcs Maria du Enca mac ao". Tais campos, con hc-
cidos como da "bnrrcc a lu nda". scmprc forum uuliza dos
pelos moradorcs do hnirro de Santana para pastagcns de
seus ani ma is. mas um des cr iadorcs. 0 ulf c res Manuel de
Toledo, procu ra ndo cvita r futu ras duvidas corn os her-
deiros de D. Gcnrud es. comprara os ca mpos fuzcndo "in-
scrir na cscri tu ra a chiusula de nao podcrcm sc r Iccha dcs.
atcnta a scrvid uo publ ica" . Adquirindo as tetras do alfc-
res, Joaquim Mari a no Camargo rcccbcru a cscm ura de
D. Genrud cs, corn a refcrida clau ... ula. Todavia . fez
"fecho de valos" c colocou duas portciras na cstrada
que liga Sao Pa ulo a Ccnccicao de Guarulhos. cstrada
esta q ue passava dcnt ro dos Campos. Alcm disso, Icchou
com ce rca de madeira urn gra nde pcda co de terrene de
varzca.

Oliwira, Jo s,·. ~ la'"I<·1 d.. Ol ivpira .. F ra nd ' l'" .\ 1aria tto ,Ie
Oli veira solk-itum d ata, til' u-rrus no lallo din 'ito 11a ,..-trudn
de San tana. ;\;0 tlI",lllo ano , Jo,e Ant,' nio " J II;I O Alvr- d..
Altll"i da p. ·,il' ''1 cartu tI" data WI ('aillin ho ,11' Suntana
(C. D. T., IS:17, 1I'1·tl , p. 109, 11 9).
(25) C . D, T . (l1.;:3!i-l !iIfi), vel .\ 1\ '. p. 1'12. l' ,lrt'r:t'r lIa ('Ollli"iio
COITl\>m ta p OT Ant. jnio H. \ ' i!.lw " Fr ancisco 'I.uiallo dn
CUll ,,, c F r;md 'l"O .-\llltlnio Baru{' (d . a nrt o~raf ia do
documcnto],

o lHlIHlO DE S.-\"\ T .-\"\ .-\


Con tra ele propuzeram os moradores do bairro uma
a~ao de nunciacao de obra nova. Somcnte, porem, em
29 de julho de 1843 a Comissao Permanente da Camara
sera de opiniao, de acordo com 0 advogado, que a mesma
intente acao de libelo contra Joaquim Mariano de Ca-
margo.P")
Tambem no Areal, F rancisco Ferreira abrc valos na
varzca de scrvidao publica para fazer q uintal em sua
olaria, a margem do Tamanduatei; e logo "ad iante da
Ponte Grand e", Joaquim Francisco fecha com " paus urn
circulo de varzea pa ra horta" . Como ambos nao tern
tnulos, scrao notificados pclo fiscal a desimpcdlrem cs
terrenos dent ro de 15 dias. E, enquanto, modcstamcntc,
Jose F rancisco Maciel pcdira a Camara tcrreno para edi-
ficar " uma casinha adiante da Ponte de Santana", D.
Maria Fra ncisca de Oliveira Flor es pedira, dirctamentc ao
Govsm o da Provincia, "uma porca o de terrene devoluto
no ater rado da ponte. de Santana't.f ' ")
o bairro de Santana situa-se entre 0 bairro da Luz,
e,
isto entre a Cidade, c as safdas para Conccicao de Gua-
rulhos, A tibala e Braganca. Os proprietaries de sitios e
terrenos nessas direcocs devcm manter parte de suas
tcrras como "scrvldno publica", com caminhos livres e
pastagens para os animais.
No Ar eal, por exernplo, "no caminho que segue da
cstrada de Atlbaia , par debaixo da Fazenda Santana , entre
os vales desta", 0 capitao Leocadio Rod rigues de Carv alho
construfra casas, dcixando para 0 caminho mais ou mcnos
oitenta palmos. Denunciado a Camara por moradores do
bairro, solicita a mesma, "a fac uldadc para construir junto
do valo da fazenda Santana, em terreno que Ihc pcrtence
por doaceo, uma morada de casa s.I ' ") . Tambern, Joa-
quim Rodrigues Goulart, ao pcdlr urn tcrreno do Iado cs-
q uerdo dessa estrada, junto aos Campos da Fazenda de
Santana, promete deixar livre a transite dos moradores

(26) C. D. T. (1838-1846), vol. XIV, p. 128, 130 e sg.


(27) C. D. T. (1838-1846), vol. XIV, p. 135, 140, 152, 126.
(28) C. D. T. (1847-1850), vel. XV, p. 85.

o BAIHItO DE SAN TANA 43


que vern de Atibaia, construi ndo "urn port ae facil de abri r
e fccha r, mcsmo porqu c. com ele, cvita-sc a fuga de tropas
em regrcsso, dcsone rando-sc os tropciros de rond as". ( ~'1l)
Pelo lado do A real 0 bnirro liga-se ai nda a Fr egucsia
do 6 , c nesse caminho, u rn espanho l que se diz chamnr
D. Jose, apo dcrara-sc de terrenos pub licus. Dcnu nciado a
Cama ra, csta cmba rga a obra irncdiatamcntc.t")
Em gcral, as cartas de datas conccdida s cxlgcm qu e
os moradorcs, isto e, os pro prietaries cons truam suas
casas " rccuadas' do aterrado, assinando termo de ndo
exigirem indcnlzacao, "sc por ventura, ern algum tempo
for precise rccuar a casa alem do aterradc au mcsmo,
drncl i-la". como e 0 case, por cxcmplo, da conccssao
fcita a Joaqu im de Lima (1847), no camin ho de Santan a
alc m da Ponte G rande.
No cnminho de Santa na. amda nas proxlmidadcs da
Luz, nas viainha ncas de s terrenos pcrtcnccnres ao rancho
do Fr eitas. sao conccdidas algumas cartes de data s - a
Francisco Rodrigues da Cunha, junto a Luiz Pacheco de
Toledo, e a J ulifio Baptista Soar es e sua mulh er, vizinh os
do prim eiro. Todavia, a Cama ra indctcrc novos pcdid os
de terrenos ncsse local, diante do parecer do fiscal. que
afir ma q ue, "nao sc dcvcni dar mais data de terreno
algu rn, porque impede a fren te e a comodidadc do Rancho
rciuno, alcm disso, passava a impedir a corrcntcza das
uguas na primcira pont e do aterrado no tempo das en-
chentes, e mcsmo vinham a ficar as tropas cxpostas no
rancho grande, scm lugar para pastagcm". Alcm disso, 0
tcrrcno concedido a J uliiio Baptista Soares chega ale
"perto da primcira pont e do esgoto da varzea , c e um
dos esgotos indis pensa vcls" . 0 intcrcssado em urn tcr-
reno vizinho a este csta pronto a cntupir 0 csgoto,
que elc considc ra inut il, com 0 que a Ca mara concorda .
conccdcnd o-lhc a data, visto cstar a r ncsrna "d cntro da
mcia legua·'.e n )

(29) C. D. T. (1838-1846), vel. XIV, p. 173.


(30) C. D. T. (1847-1850), vol. XV, p. 47.
(3 1) C. u . T. (1847-1850), ' "01 . XV, p. 39 a 43.

o 8 :\II\HO OF. S.-\:\TAX:\


T als doc umcntos rcvelam, com ccrta sim pllcldadc, a
cornplcxidadc do problema, as dificuldadcs co m que sc
lura para 0 aprovcitamcnto integral da varzca , scm pre-
juizo pa ra a populacuo. lcva ndo-sc em coma os problemas
nao apena~ de transite c comunicacocs e tru nsportc. mas
tambcrn os de sa udc publica c co nfortc des morado res
do bairro.
Vdrios intcrcssados insistcm em pcdi r terra" " no
comeco do a rcrrado da pon te de Santan a": Joaq uirn
Matias Blcudo. 010 pcdi r terrene "do lado di rcito indo
dcsta cidudc", afirma q ue e ccnvcnicnte "aumcntar as cdi-
ficacoes nas povcncocs". solicitandc tc rras nas q uais "fica
inclu fda lima pcqucna ponte o u csget o, hojc inutil depots
da abcrturn da vnla irncd iata . tanto qu e. com a illun-
dnc iio de 1850. nan chcgou a aglla ao rncsmo csgot o".
Dccidindo atcndc r uo pcdid o, visto que a conccssao
Icita a Luiz Pac heco de T oledo, Fra ncisco Rodrigues du
Cun ha c J uliiio Ba ptista Soa res co ntrih uira para q ue sc
consolidassc 0 ntcrrn do. c "sc aformozcussc" aqucla en-
tradu da ctda dc. c qu e tals ter renos dcvolut os ncnh urna
ut ilidudc prcsta m ao publico. a Cam ara concede a data
a Bicudo. mediante a ob rigaca o de atcrrar 0 regc q ue
serve de csg i"{O".( I:!) En trctanto. conccdidn a datu de 10
bracas de Ircntc po r 30 de Iundos, a 5-8 - 185 1, dcla dcsis-
lira Bic udo a 14- 2- 1852.
O utras cartas de da tas scrao conccdid as no comeco
do a terrado de Santa na . Sao terr enos bcir and o 0 ca nal
no vo de T a ma nd uatei. na rcalidadc , terr enos na cst rada
da Luz pa ra a Pon te G rande, aque m dcsta.(33)
Assim. em mcados do seculo, a partir do Jard im PU-
blico c do Bairro da Luz, ao longo da chamada rua da
Luz, em tomo des terrenos do ran cho do Freitas c do
atcrrado da Ponte Grande, van sc constr uindo casas em
terrenos rcla tiva mcntc peq uenos, como 0 de Lu iz Pacheco
de Toledo, "com cinco bracas de lar gura na Ircntc, quatro

{.(12) C. D . T. (I H.'5 1- l.'l:;.1j, vel. X\' I, p. &1 e &1.


(3 '3) C. D. T. (l 8."iI - l li.'i.1), vol. XVI, p. 6..f, 72, ins, inc, I1l8,
iso, 1\l0.

o IB.IR HO DE S:\:\T.-\:\A ·15


c mcia no fundo. qu inzc de comprimcnto em cadu lade ,
confinando pcla frcntc com a cst rada qu e segue pa ra
Santa na, do Iado direito com te rrene dcvoluto ondc sc
acha 0 mar co da mcia tcgua do rosslo da cldadc, do Iado
csquerdo com 0 tcrrcno concc dido a Francisco Silveira
Pereira" , cujo pcdido fora dlscut ldo em 1842, Posterior -
mente, Luiz Pacheco de T oledo pcdl ra urn tcrrcno que fica
no fundo da area de sua pro pricdndc . " no tcrrcno aqucm
da Pont e G ra nde, all' lima vala do Ta mandua tci, cuj u
area sed multo su perior ao prtmci ro'', ell )
A dat a Ioi conccdlda . com a cond icao de dclxa r "entre
a vala c 0 fundo do tc..reno que ccrcu r , um u fatxu de gO
palmos de lar gura para scr vidao public a" .
A construcao do canal de Tamand uatc i concorr c
para sc lntc nslficar 0 interesse des moradorcs do bairro
da Luz, pe r terrenos ate cntfio aban don ados, pr incipal-
mente p Ol' sere m terrenos de varzca, sujcitos a inunda-
cocs. Joaquim F. de Tole do c Amaro Antonio da Silva
solicitam terrenos no princfpio do at crra do da Po nte
Gra nde, aqucrn do Tamandua tcf. De acordo com a "de-
marcacao da nova rua qtle acompanba a margent do ca nal
novo do Tanumdua tci, no bairro cia Luz. os ter renos silo
con sidcra dos dcvolutos, scndo, purt anto. atcndidos os dois
intcrcssados''. As datas rcfcrcm-sc a terrenos de 10 c 8
brucas de frente no lugar dcnomlnado "adi antc da Luz,
de trcntc para a cstrada gcral, c fundo para 0 T aman-
duatcf''. (:~.-,)
Nas r ncsmas cond lcocs scrno conc cdidas novas dutas
de tcrras na cstrada da Luz pa ra a Ponte G ra nde, lim i-
tadas pcl a nova run que dcvc ficar na ruargc m do IlOYO
leito do Ta manduatcf. Em dczcm bro de ] 852 scrao at cn-
didos varios pcdidos "n o ter rene que segue para Santana",
cnda lotc com 1a bracas de Ircntc c 30 de Iundos, situados
"na varzca du Ponte Grande. junto ao atcrrado da mcsma
pontc't.t")

(3·1) C. n. T. (18.') [- 1853), p .1,3 c sg.


(3,'.) C. n. T, (1&=;[-1H.'):», r- 72.
(3(;) C. I). T . (18.,)1-18.'53), vol. XvI, p. 168. Silo atcndtdos os
]w,! i,!os de Francisco \!a ria de JC' \1S, Jose Antonio :"10-

·Hi 0 BAlR nO DE SA'\"TA'\"A


A Camara M unicipal dis trihuira aind a algun s ter -
renos na varzca de Santana nos anos scgutntcs.t-" ) 0
an a de 1859 sera urn ano fertil em pcd idos de terms, pols
so na scssao ordi naria de 19 de maio scrao lidos 89 reque-
rlmcntos pcdin do terr enos em varies localldades do mu-
nlcipio . No mcsmo mes. na scssno de 26, scruo lidos 19,
mas nao M mato r interesse pclos terrenos da varzea de
Santana, ao com rari o do que succdc com a frcguesla do
Bras, no caminho da Penha.
Fo ra do raio da mcia lcgua a que a Cama ra tern di-
rcito, csra rccusa a tcndc r aos pcdidos de tcrras. Assirn ,
qua ndo Antonio Mariano de T oledo, que, intimado pelo
fiscal. Iora obrigado a demolir uma casa que comccara
a cdlficar no Areal de San ta na, sollcita urn te rrene devo-
Into na bcira da cstrada , "pouco mais adiantc da entrada
do atcrradinho que vai para a ch.icara do finado padre
Manuel da Lapa, c hojc de Jose Branco de Barros , Iuga r
muito pantanoso", a Cam a ra conc orda em lhc con ceder
em ou tro luge r, por estar 0 terrene pcd ido fora da s terr as
do rosslo. Todavia, 0 intcrcssa do, inconforma do, diri-
gc-sc ao Gove mo Provincial. r'" ) E m 1860 Anronto Ma-
ria no de To ledo sera, afinal, atcndtdo pcla Camara, scndo-
lhc cnnec dido tcrrcno alcm da ponte do aterrado de
Santana .t")
Contlnuam a scr atcndidos pcdidos de tetras na va r-
zca da Luz, entre 0 R ancho Publico c o Tamandua tci,
scrvindo como po nto de rcfcrencia a tcrrcno anterior-

rcirn, ]oa( jldm J,lSC do Freitas Vilnlva. A D r. Francisco


J()SC de Azevedo Jr . {, concedtda umn data lie terra de 8
hrucas e Ires palmos do frcntc por 2.5 hracas de Fundo (p.
190). j ouquim Freitas Vilalva tom urn acouguc 110 b airro
de Luz, ehq~alldo a solicitar uutonaacao it Edmara pa ra
nratur as rcscs fora do matadouro, U {jue foi indefcnclo,
d. Alas (l8.''iB). vol. XLIII, p - 49.
(37) C. D . T . (1839), vol. XVII I, p. 10:2-20.5 : a Ju~c Joaq uim
:\Iaull'de 10 hracns com [rente para a run d a Ponte Grande,
contl,l;lla :1 data de An a Florinda, a Jose Inocencio Correa,
10 hrncas contiguus a Mamcdc .
(38) C. D. T. (1847-18.50), vol. XV, p. D7 c sg.
(39) C. D. 1'. (1860), vol. XIX, p. 30 . Aquem da Ponte Craw.Ie
sao conccdrdos terrenos a Fid{\ndO Xepomuceno Prates, Ana
da Silva Prates o Feliciano Prates.

o BAJIUIO DE SA:\'T Al\'"A 47


mente concedido a Luiz Pacheco de Toledo. I!") terrenos
pantanosos, nos quais os suplicantes promct cm construir.
Al guns pcdldos rcfcrcrn-sc a terrenos entre a Casa de Cor-
rer;ao e a chdca ra do tcncmc-coronel Nepom uccno Prates,
mas a perspec tive da constru cao de um a cstrada de ferro
leva 0 fiscal Rufino Mariano de Barros a dar pa reccr
contra rio a con ccssao. Nos fundos da casa do cap. Luiz
Pacheco, "para os lados dire itos, no ba irro da Luz" , pc-
dirac terrcno varies membros da familia Bar uel, antiga
familia q ue ja no comeco do seculo possula terras no
ba irro de Santana . O s pedidos serao indcferidos, consi-
dcrand o-se tals terr enos logradou ros publicos.I v"]
R cal iza-sc, assim, a ocupaca o dos terrenos do bairro
da Luz , com rnuior intensidade ate a Ponte Pcqu cna .
Alcm da Po nte G rand e, para 0 lado de Sant ana, isto e, a
margcm dircita do rio Ticte, na subida do outclro, POllCOS
sao a s terrenos conccdidos , havendo 'linda rnuit o chao para
scr ocupado cfctiva rncntc, 0 qu e lcvara al nda ulgum tempo.
Na o se pode , po is, falar em urbanizacco do dista ntc
bairro de Sant an a, 0 que na o C motivo para admlracao,
vista qu e, em 1870, sera encamin hada a Ca mara uma

(.10) C. D. T. (1860), vol. XIX, p. 73, 74, 164, 166, 170, 171,
172.
(,,11) C. D. T. (1860), vol. XIX, p. 95 c sg. doc. c i.v (26-7. 1860).
Os tenn os do parecer do fiscal sao os Sl>guinll's: "Com
quanto scja exacto existi r 0 terrene e ntre a casa d e corrccao
e 0 te n. eel. Prates dcvoluto, julgo-m e Impossfbilttado a
julgar justa a pn'll' n~-iio do suppe. pro (lue 0 cspa.-'<W exis-
rente que se pede, esta e m hannonia ao csp."L~so superior ao
lado do jardun , c Iaze ndo-se qualquer proprfed ade , embora
fique uma run en tre a casa de correcao c a prup ried adc ,
ja vern ficar l~se umco cdfficio, d os (PIe POSSUiIllOS, scm
cssn simetr ta de este r com duas pra<;as em scus lad es.
Acressc alnda qu e niin cxistindo por esse lade , ter renos
devolutos, e Sl' for p. 0 futuro, ncccssdrio nugmcntar-se
esse ed ificiu, terfi n de o fnzer para 0 lad o de sima, tapando,
pr to. lima TIIa ( jill' t CI1l sc~u im cnto do Iundo do [nrdim , e
amda mais, (11Il'm snlx-, Sf' a IIIma. C;lmara niln kra m T C S-
sidadc dessse ter n-no p- qunlqucr miste r, ran cho Oil anua zcm,
com a nlx-rturn da cstrudn de ferro qlll', constn, tc-r do pri n-
cipiur-s c a fad lll",l dd b agora CIII mco. it vista des tas nmles,
subnu-t to a illnstnula consldcrnego de V.V.Sas. c que deff i-
rira o como ucbun-m mais [usto. D s. Cdc. a Y. Y, Sus. S.
Pa ulo, 16 de fevcr cim de 1860. Rufino Mariano lie Bar ros,
fiscal" (Atas, 1866, p. 6:2, 92, 95. Alas, 1867, p. 53).

o BAIRRO IlE S:\ XT AXA


proposta para manda r " roca r as matas virgens cxistcntcs
quase no centro da F rcgucsla de Santa Efigenia , no campo
do Cha, por constar que ali sc acou tam cscravos fu-
g idos".( 4~)

Urn cxamc das rclacocs de obras c scus orca mentos,


que sc encon tram nas Atas da Camara Municipal, n50
rcvcla grandcs pianos urban fsticos pa ra esse lado da Ci-
da de. Em 1869, ao terminar 0 seu quatrisnlo, a Camara
Municipal da Imperial Cidadc de Sao Paulo aprcsc ntu
aos novos vcrcad orcs, urn resumo des ocor renclas mais
notavcis do seu mandato. No sctor de Obras Publicas
afirma ter tratado de "mclhorar as ruas da Cidade, de con-
Iormidadc com as verbas do scu orcamcnto c arcndcnd o
scmprc 11 impo rtancia relativa de cada uma delas. "Nada
consta, ent rcranto, na rclacao aprese ntada, cspccifica-
mente, em bcncficio do bairro q ue sc cstendc adiantc da
Luz. Atc urn pcqucno conser to no atcrrado Pad rc Ma-
nuel, nn cstrada de Santana, orcado em 6005000 , devc
scr feito com a "coadjuvacao dos mora dorcs dessc
lugar" .(4.1)
Hund Roarch & Sydcn, prop rietaries de uma fundi-
'Sao de ferro e bronze no bairro da Luz, sollcltam, alnda
esse ana, urn terreno de 30 bracas a margent esquerda
do T amanduatci, com Ircn tc de 80 a 100 bracas, na
cstra da de Santana, comp romc tcndo-sc a fazcr, por sua
conta, as obras necessaries para canalizar 0 rio, de modo
que rique a pon te ao abrigo das cscavacocs provocadas
pcla chcias anuais.t")
Zona rural, percarrida par tropeiros que, depois de
atravessa-la, irao parar no rancho da Luz, antes de leva-
rem suas mcrcado rias ao Mercado. Por isso, a 2 de sctcm-
bra de 1869 , 0 prcsldcntc da Camara propoe que "se re-
presente aos podcrcs compctcntcs para ma ndar conser-
tar a cstrada pela Cantareira por scr prefcrida pclos tro-
pciros que pagam impastos; e tambem as cabcceiras da

(42) Atas, 1870, p. 73.


(43) Atas, 1869 , p. 20. 145.
(44) Ams, 1869, p. Hl7.

o RAm nO D E SAXTAXA
merca do paulistano. T ransformada a scdc em Scmina rio
de Bducandos pelo pr imeiro prcsidentc da Provincia de
Sao Paulo, L ucas Antonio Mo nteiro de Barr os, depots
ba rfio e viscondc de Congonbas do Ca mpo, em 1825, fo ra
di rlglda, a princip ia, per Joaquim Fra ncisco do Llvra-
mcnto.
o Scminario de Ed ucandos fora muitas vezcs vi-
sitado pcla Comissao de visitas a Estabclecim cntos de
Caridadc e Prisocs, q ue cnvia va, em scgutd a, scus Rcla-
torios a Ca mara Municipal de Sao Paulo.I'")
Dos R clatorios de 1829 a 1841 ncm scm prc Ioram
favoravcis rcsscmin do-sc 0 Scrnlna rio, or a de fulta de dire-
~ao, ora de falta de confort o. Segundo 0 de 1829, em -
bora 0 cdi ficio Jesse bom, comedo c arcjado, c as me-
ninos sc aprc scntassern hem dtspo stos c limpos, no mo-
menta da visita a dirccao cstava confiada a um mcn ino
de 12 ou 13 anos, que era mo nitor. Mas 0 que dc ixu a
Comissao sinccra mcntc cstarrccida, C 0 Livro de Oracccs
par cia cncontrado no Scmlnarlo - "Livre de Oracao
ondc fanatls mo c supcrsticno sc csmcram em fazer pin-
turas atcr radoras do Inferno" .
Em maio de 183 1, porcm , jJ cstara a cas a chela de
gotclras: um ruio dcstr ufra, sets mcscs antes, uma porcgo
do tclhado de uma sala c danificara-lhc tambcm uma
parc dc. "Na cozinha sc ve 0 famine am eaca ndo rufna,
c 0 tclhado da Capc1a se acha tao bern prectsando repa-
racao em grande pa rte do Indo csqucrdo''. A Co m issao,
em vista dis so, sugcrc a tra nsfcrencia do Scmin a rlo pa ra
a Cidadc, pois possui somcntc um cscravo - urn o utro
Iuglra - q ue dcve Javar rou pas, cozinhar c fazer corn-
pras na Ckladc distantc. Terti tres cscravos em 1833 ,
ma s hJ muita probrcza no Seminario, com cam as cstra-
gadas, ro upas e cotch ocs rotus, cozinha c tclhado q uasc
a cair. Alc m disso, nao lui sacc rdotc, ncm cir urgjao, de-
Iiciencia s que eria m problemas de dificil soluc ao.

(&t) Santana, Xuto - Doeuincnt.irin lI islb rieo , II, p. 72., 78, 82,
\1.5, 100, 120.

o UAIHHO DE S A:\TA~A
As tetras da tazcnda cstao pr eticam cnte abandona-
das. Nao hri horta, nem jardim. Nenhuma plant acao nas
tcrras cuja fertilidade Iora clogiada pclos proprios jcsufras
em outra s epocas, quan do a fazenda contribuia para 0
abastccimento da cidadc colonial.
Em 1839, 0 Scmtnario abr iga 26 mcnlnos, tendo sido
a Casa rccdificada e substit ufdos os lcltos qucbra dos, mas,
embora a Ca pcla possua todo 0 ncccssario para os oficios
rcligiosos, 0 Seminuria njio tern capelno.
Todavia. as reforma s do cdificio seriam muito suma-
rias, pois em 1845 estaria nova mcntc (o u ainda?) em
ruinas, sempre com falta de pessoal para 0 service. pois
quando ia 0 cscravo a Cidadc para fazcr compras, os me-
ninos tinham que provid cnciu r sua propria cornid a.
o dlretor do Seminarlo de Santana , no apr cscntar
scu Rclatorio ern 31- 12-1R59 quclxa-sc principalmentc du
dificuldadc de mcios de transportc, nilo apcnas para a
compra de mantimcntos na Cidadc, mas para a transpo rte
de doentes para a Santa Casa. utllizand o-sc, para isso, de
sua propr ia rede e de escravos de vlainhos. 0 unic o
animal de que dispunham morrera de vclho, c 0 vice-pre-
sldcntc da Provincia mandara. cm substitulcno. urn outro,
no mesmo cstado - "niio serve ncm para pastar''. Os
pastos ja nfio rcndcm nada, as tropciros ja nne os alugam,
pols. em virtudc da seca, 6 fticil fazer pastar os a nimals
nas varzcas, scm pagar alugucl.t'")
Terras abandonadas, incultas, cscrav os a furtar a di-
rccao nas compras que faziam na Cidade. antigas bcnfci-
torias da F ezcnda ca indo em ruinas, por falta de cuida dos
- cis 0 que se tornou a prospera fazenda do Ti ers.
Os Relatc rios dos Pr csid cnt es da Pr ovincia de Sao
Paulo a Asscrnbleia Provincial ou a scus sucess orcs no
Govemo estao chclos de rcfcrencias ao Semina rio de
Santana, que scda urn des tres intcnintos de lnstrucjto

(85) Hclatorto do cstadc do Semim'lrio de Santana, de 31-12-1&'>9,


in A ne x,) '10 D isl'urso com que 0 Ibno. e E \IllU, Sr. S.'nadur
J. J, Fernandes Torres, prostdonte da Provincia, nbrlu a
.",,-ssemIMia u-~slali va Provincial em 1860.

o B:\ IRRO D E S.-\:\'T A:\' ,\ 69


pnmana cntgo cxistcntcs na Provincia ( os ou tros dais
cram 0 de Bducandas, na Capit al, co de ltu, dirig idn
por rcllglosas, par ticula r ).
o Scmina rio de Ed ucandos csteve algum tempo ins-
talado na Ci dad c, em casa comprada pcla A sscmblcia
Provincial, do R ev. C6nego Jo aq utm do Monte Ca rmclo.
F eria sido uma tcntativa, cntiio, de oricntacgo pro fissio-
nal, pois numa epoca em que sc proccssa a transformacao
de mao de obra. instala -sc nelc, alern de clas sc de pri-
mcir as lctras, uma ofieina de sapatci ro.r ' ") Mas. em
1861 cstani instalado novamcntc em San tana , passando
G prcdio q ue pcrtcncc ra ao C6nego Monte Ca rmelo, a scr

ocupado pclo Scrninario de Educanda s. Como j{l dissc-


mos antcriormcntc, Amaral G urgel chamani, cntao , a
atcncfio de F rancisco Homem de Mclo ( 1864 ) rccor- a
dacao histo rtca Iigada ;1 rcprescntacao pautista ao Pri ncipe
Rcgcntc D. Pedro, em 182 1.(1" )
De urn modo gcral. as instalacocs do Semina rio con -
tln ua m prccarias, nfio obstan te alguns con scrtos mandados
fazer pclo padre Joiio Baptista de Oliveira que, em 1863,
afirmara q ue a Capcla, intcriormc ntc, tinha a "dccencta
necessaria" , mas ainda havia gotelras, cstando 0 exterior
arruinado. A casa nccessitava de grandcs consc rtos, nlio
tendo "absolutamcntc 0 necessa ria", com rcfeitorio
imundo , scm "urn fogeo que slrva". No do rml tor to, as
marqucsas cstavam arruinadas c colchoes c trav cssciros
prccisavam de rcfo rmas. Na Escota "rude falta'' inclusive
co mpendios. A (mic a oficina a funcionar era a de a l-
fainte. Nessa cpoca traba lhava m no Scmi nar lo, como scr-
vcntcs, " urn africano c duas af ricanas com filhos me-
no rcs''. Scndo ins uflclcntcs para 0 scrvlco, 0 pc. Joao
Baptista "alugar a" do is cstrangciros que, com 0 cabo do

(8U) Hd at,',rio lla~ Ocurrencias do Sc-minario (Ie Educaudos d o


ultimo (Ie outubro de rase ao {,ltilllo de outubro do 1860,
]JI'lo din-tor Bento j ose dt, ~ I orai" a 2.-11-1H(iO, in I\ ela t()rio
do Prc sidcn tc da Provin cia Cons"lheiro AlltCmio j O~I' 1I" 1I-
ri'IU('S, 18HO, p . HJ.
(1'17) )'\{·la t6 rio (10 Con sclhciro ~LI1l"d j O<1<I"im do Amaral C urgel
a j oao Jacinto de Mendonca, p . !5.

70 o BAlHII O D E SA:\'Tr\:\'A
corpo pcrmancntc, csta riam tra balbando a con tcnt o.
Ent rctan to, a disciplina nac era pcrfcita c 0 padre quci-
xava-sc de na o conscguir a arcncao de alguns alunos a
suas advcrtencias.r'")
Um regulamento datado de 25 -6-18 64 dri ao Semi-
mirio de Santana um a organizacao cujo plano e a sistema
do trab alho ma nual. de acordo com a idcla de Dr. Pires
da Mota, contida no art. 3.0, § 1 da lei n .v 16, de
12-4- 1863. Alias. ja em 185 1,0 Govsmo Prov incial, pro-
curando favorece r a forma cao profisstonal dos mcninos
ali internados. conccdera urn cmprestimo de 6 contos de
r cis a fundic fic de Guilhcrmc Emblige r, com a condicao
de manter elc, como aprcndizcs, 8 mcni nos maio rcs de 12
ancs, do Scm ina rio de Santa na. A uxiliando a "Iabrica
de Iundlceo e galvanis mo" de Em bligcr, pretc ndia 0 Go -
vcmo nan apcnas formar pcq ucnos oficiais, mas incen-
tivar uma industr ia "t ao nova como uti l a Pr ovincia", diz
o prcsidcntc Nabuc o de Araujo, ern seu Rcla tor to de
1852. ( ~ !l)

T als tcn tarlvas revclam a formacao de uma nova


mcntalidadc, agora que a campanha abolicionista exigc
uma reformulacao das no rmas de trabal hos e a formacao
de urn novo tipo de mao de obra. de aco rdo com as novas
condlc ocs cconoruicas c sociais da Provincia.
As sirn, 0 Scmiruirio de Bducandos, criado com a fina-
Iidadc de amparar rncnorcs dcsvalidos, deve tomar-sc uma
Esco la de A rtifices. No fim do ano 1864, lui 45 al unos
artifices matriculados, mas a "escola de primciras lctras e
bald ada de quasc todos os objctos indlspcnsavcis, c a
oficina de alfaia tc. fccha da alguns mescs, so sc rcab rira.
ncssc ana, a IS de maio. Seu dircto r, Luiz N. Varela,
em seu Rclat orlo. rcrcrc-sc a concerto do frontispfcio da
capcla, em qu e se gastou 200S000, e sugcrc a crfacno de
uma Esco la de Musica, cuja finalldad e scrla crninente-

(HH) Bre ve H.,]utilr;o do E stu\lo ern \1"1' ", ;leb a 0 SPlllin;'trio de


E\111cando\ de Santana. in Hela tilr;o do Prcsidcntc Pires d a
~I ot;l a
A. P. de Sao Palllil. p. 4H.
(S!)) Hclutorio do pre sidente du l'rov lncia Xnbuco clc Araujo
(IH52).

o BAmnO D E SA:\"TA:\"A 71
mente ed ucative. pois scrviria a urn tempo de "obrigacao
c rccrciov. I w)
Entreta nto . a verdadc c quc 0 Scmlnano dc Sant ana.
como Escola Protlssiona l nao Ioi urn succsso. Por isso. 0
prcsidc ntc da Provincia, J oaquim Salda nha Mar inho, nu
lie di rigir a A sscmblcia. em 1868, pro pora a sua cxtin-
t;aO.( DI )
" Basta ate ndc r a
historin destc Esta bclcci-
mente, acompanh and o todas as a uto nzacocs
havidas, dcsdc a sua cnacno ale a prcscntc.
para conheccr q ue ncm plano, ncm combine-
t;aO, nom sistema hou ve, ncm tern havido a ta l
rcspcito . .. " Scm d uvidu a vontadc do Legis-
lador C constit ulr ali uma Escola de A rtcs e
Orlcios. ad mit indo e man tcndo ncla mO\os
pob rcs ate ccr ta idade, pa ra qu e se pre-
pare m com oc upacfio provcitosa e poss am tor-
nar-sc urcis a si e ao pais ... "

Segundo Sa lda nha Marinho, "a cx tincfio do Semi-


nario. no csta do em que sc acha, c eco nomic real para a
Pro vincia" , po is, apenas pa ra sc cnsina r as prlmei ras
lctras e a oficio de alfa iatc. de modo incomplete, a 25
mcninos, lui uma Casa 1I0 Estado ocupada. um Dirctor.
urn Capclac. um Medico, urn Professor . urn Mestre Al-
falurc, scrvcntcs, ctc., com urn gasto a nnal de 12 :520$ rs."
Os Rclator ios citado s trazem. e m ancxo, mapas dus
alun os internos c exrcrnos, com " nome, idadc, nat urali-
dade, data de en trada c saida. c obsc rvacocs", em verios
a nos. A maio ria dos alunos c de Sao Paulo, mas alguns
sao de cida dcs do interio r. A lgun s alu nos cxtcrnos per -
tcnccr n a antigus familias do hai rro de Sant ana. como
os q uatro Bar ucl, scndo UI11 , filho de Antonio Ba ruel, os
outros. tres filhos de Francisco Ba rucl.

(\.10) Ikbtorio (In pres. {hi Provinci.r Jmi n C rispilliallo Soan' s a


Asst"mblt.">ia Lq:("islatim I'ru\"ind,ll (lS(>:,»), p. 2:4 r- 3-1.
(9 1) Hcl atorio (Ll pTS. J. Suklanha \ la ri"J.n ;'1 "\"{'l1lhl" ia Pro-
\'ind al ( 1S6S).

72 o n.unuo D E S,\ " T AXA


Urn do s alunos intcmos do Scmimino de Santa na.
para onde fora em 1827. foi F rancisco de Assis Vieira
Bueno.t w ) Refcrindo-sc a alimenta cao comu m no Inter-
nato. afirma que a ceia era urn prato de couvc, c "per
cima. outre de caldo da mcsma. tude com farinha do:
milho. Como a mostardu de Sao Bern ardo. nunca fal-
tava. tud o qu anto vinha era dcvorudo" .
o metoda adot ado era 0 de Lancaster. isto e, de
cnsino mutuo, sob a oricntnciio de um ofieial inferior do
E xcrcito. Cada grupo de nlunos ( dccu ria] era dirigido
per urn delcs (dccu riao}. mcstrc de turrna. por scr menos
ignoran te ou mals habilitado. t w)
Asslm. a amiga fazcndu do Ticte ou de Santana. que
pcrtcnccra aos jesu itas nos seculos XVII e XV III, e que
scrvira de rcsidencia ao s Andradas ao alvorecer do I m-
perio. passara no seculo X IX , sucess lvamcr uc, de N ucl~
Educacional e de assistencia soc ial, a Hospital e Cemi-
terio de vadolosos e a Colonia de Imigrantes.
E, finalmcn le, no fim do seculo.rlotcadns as ter ras,
o an tigo casarao sera transformado em O uar tcl. Dcsdc
189 3, alojara contin gcntcs das divcrsus arrnus, q ue tran -
sltam uu cstaciona m na Ca pital. Mas sera um edificio
em ru fnus, aspcc to j a salicn tado em 1863 pclo dircto r do
Intcm ato de Ed ucand os. Constru fdo de grosses tai pas,
tal cdificio perma ncccra de pi ate 1916. quando nao
apc nas a antiga scdc da Iazcnda. mas tutha s. scnzala e
capcla inio desaparecer para . no local sc r cons tru ido 0
Q uartel do Exercito, na atual Rua Alfredo Puj ol. t '" )
aquartclando, em 1909, a 10. 3 Cia. de Cacadorcs. Alia s.
cscrevcndo em 1909, sobrc os q uar tets de Sao Paulo,
Pedro Dias de Campos ja sc rcferia no fato de tal predio
"cstar em pe. dcsaf iando a picarcta da s Obras Publicus.
com a sua hcdion dcz de cdificio em dcr rocadav. t'<)

(\)2) Silva Brunn, E. - oh . ('it., p. 27·i, I.


(93) Silva Bru no, E. - oh. cit., I, p. 407.
(94) San tana , Nuto - II. A. ~ 1. \"01. XLV I, p. 13.
(9.5) Campos , Pedro Dins de - ''' Qua rk is de Sao Paulo" , in
H. I. II . G. de Sao l'lIu10, \'OJ. XI\·. p. 20J . Atualmcnte en-
contra-so nlojudo ai 0 ('ontinY;l'ntl' do CI'OH ,I" Siio Paulo .

o n.uuno DE S.\~TA~ .\ 73
A ntigos moradorcs de Santana lcm bram-sc aind a de
umn mag nifica arv o rc - uns rcfcrcrn- sc a uma painci ra,
outros a uma figueira - c ujo tronco "dcz homcns juntos
nao abracavam'', e it sombra da qual, segundo tcriam
ouvido de seus pais, D. Pedro II , em visita uo vclho
casarno, costu mava dcscansar. Um "Htstc rico'' do Ouar-
te l. publica do na R cvista do CPOR de Silo Paulo (1 965)
refere-se a uma cnormc ftgucira que tcriu dado origem il
denominacao de Bairro da F igueira pa ra 0 local.
A csqucrda do antigo cdiffcio. numa area rcta ngular ,
crguia-sc a capclinha, segundo Nuto Santana. sucessora da
prirncira crmida que tinha San'Ana poc orago.tw) Se-
gundo 0 que nos contaram an tigos moradorcs do bai rro
- entre eles, 0 Sr. Luiz Al piovezz, euja fa milia possuia
o terrene ondc csta atu alrnc nte sua casa, na rua Alfredo
P ujol - a image m de San t'Ana, que se cncom ra a tual-
mente no nieho cxtcm o da Matriz de Santana, feita de
terra cora, Ioi encon trada na capela do Scmimirio de
Santa na. O uando, no vclho casarno, sc instala ra m os rni-
litares, a imagem foi ret irada c guard ada na casa de Glo -
vannc Ch emin, de origem t troleza, rcslde ntc em Vila
Maria, sendo dar transferida para a Capcla de Santa
Cruz, const ruida na rua Volun tar ies da Patria, e que foi
a ruatriz provisoria de Santa na .

•••
Urn outro Colcgio sera lnstalado em Santana, em
1894, perteneen te ~IS irmas da Congrcgacao de Suo Jose.
E stes tinham fundado urn Cole gio par a meninas, sob a
dcn ominaca o de "Sagrado Coracao de Mar ia", come-
cando a funcionar com 50 pcnsionistas c nove orfiis,
na avcnida A ngelica, no bai rro das Palmcir as, em
18- 12- 1892. Como aumcntassc scmpre 0 numcro de
alunas, a Cotcgio Sagrado Co racao de Maria foi transfc -
ride pa ra a colina de San t'A na sob a di rccao da irma
Mar ia V irginia Faraldi. Nos prirnciros tempos do colegio

(90) Santana, Xuto - "Sao Paulo JIist6ri<:o", I, p. 24.

o DAIR nO D E SA:\'TA I.'\A


prestaram rclevantcs services a irma Maria Serapia Char-
vier, ehegada ao Brasil em 1870, e que, depois ina para
(J Colegio do Patrocfnlo, em Itu, a irma Maria Honorina

e a irma conversa Maria Lucia Pallet. (117 )


A construcao do cdiffcio foi iniciada pelo padre Hi-
polito Braga em 1892, para urn Colcgio de meninos,
tendo side adquirido dois anos depois, pcla Congregacgo
de Sao Jose, que postcriormcntc 0 ampliou. Alias, a
construcao niio era muito s6lida, c, na cminencia de urn
desabamento , as irmas, na realidad c, construfram urn
novo prcdio , de cujas sacadas sc avlsta 0 rio Ttcte, e,
mais adla ntc, a cidade de Sao Paulo.
En trctanto, como houvcssc sldo fundada uma con-
grcgacao com 0 nome de Sagrado Coracao de Jesus, as
irmfis de Sao Jose dccidiram substitulr 0 nome de scu
colcgio pclo da padrocira do bairro. Mas j a possufa, par
doaca o da familia Ismacl Dias, uma bela estatua da
Virgem Maria.
No Coleglo de Santana cnsinava-sc, cntao, tc das as
matcri as dos Cursos Primarlo e Sccundario , preparando-se
nelcs muitas candidates a Eseola Normal.
o cdiffcio do Colegio Santana foi eonstruido junto
ao terreno onde sc construlra a pcquna lgrcja crigida a
Santa Cruz para cuja construcao muito contribuira a fa-
milia Baruel, cuja chacara tern sua scde mesmo na rua
Volunta ries da Patria. Ao scr desmcmbrada Santana da
Paroquia de Santa Efig enia, em 1895, a ca pela de Santa
Cru z torna-se a matr iz provisoria, adrnlnlstrad a pclos
padres da Salcuc, scndo para cla transfcrida a pequena
imagem de Sant'A na, onde ficara ate se construir a matriz
definitiva na mesma rua, mas urn poueo mais abaixo.
Pa r muito tempo a Santa Cruz e 0 Coleglo de San-
tana scrao as pontos de refcrencla em documentos ofieiais
da Camara Municipal ao se refcrir, par exemplo, a ques-
toes de alinhamcnto de terrenos, ou de abcrtura de ca-
minhos da zona norte. E a ca pcla de Santa Cruz sera

(97) Pulianteia orga llizada em homcnagem u Mndre Maria T eo-


dora, 19 18.

o HAm RO DE SA:\' T A1\"A 75


indicada como po nto de origem do "populoso ba irro de
Santana", em va ries livros sabre a Historic da Cidadc
de Sao Paulo.
• ••
No fim do scculo X IX Santana e ainda rcccnscada
como parte da Frcgucsla de Santa Etigcnia. Isto contri-
bui para se ter uma idcia muito difercnt c da rcalidadc.
tanto quanta '10 bal rro de Santa Efigenia como em rcla-
l;ao a Sant ana c Born Retire.
Em seu Rala tor io. Dr. A nton io de Tol edo Piza , di-
retor do Service de Estatfstica e Arqulvo do Estadc de
Sao Paulo, em 1894 rcfc«....sc a Santa Erig':nia como bair ro
rico e a rtstoc ni tlco, com grande numcro de nnistus, com
grande dcnsidad c de populacno, em rclac nc ao num cro de
predio , lsto 15, 924 ba bitantes par p rcdio . T al dcnsidade
de pop ulacno sera cxplicuda por clc, como deco rrcntc do
fato de haver no Born Retire , Ponte Gr and e c A lto de
Santana grande aglomcrucao de gentc em cortlco, e nquan~
to 0 rcsto da frcgucsla e notavcl por scus grand cs sobradcs
que admitcm a prcscnca pcr manentc de mu itos inqui-
Iinos.I ' "} T emos, pols. razoes divcrsas prcvocando 0
mesmo fcnomcno , pa is sobrados da "aristccratica" Santa
Efigenia e comcos de Born Rctiro e San tan a sO tcrdo em
comum 0 Iato de scrvircm de abrigo a muita genre . . .
Uma pequena a nalise da s estausticas de casamcntos.
nascimcntos e obit os em 189 3, revela que no distrito de
paz de Santana. para 107 nascimentos, 4 8 tem pais bra-
silciros, 3 1 italla nos. 9 portugueses, 2 cspa nhois. 2 fran-
ceses. 2 alcmacs e 12 de nuclonalidadc ignorada. Entre
as maes, sao em muior mimcro as brastlciras ( 6 1) , sc-
gulndo-sc 3 1 italla nas. 7 po rtuguescs. 3 cspanholas, I
Iranccsa, 2 alcmas. Vc-sc. pols, qu e cmbo ra nao haja
em Santa na . uma influencia italinnn tiiu grande como no
Bni s, ha, de modo gcral, lima g rande porccnt agcm de
cstrangciros. principalm cntc italia nos, 0 q ue de ccrta

(98) Toledo Piza, dr. Ant<'mio \1" R.·lat' lriO a Dr. c" z.lr io
Mota , Jr., de. Alfrl"l o Pujol (' dr. Dmo IlU('Ih).

76 o H:\ m HO D E SAX T A X A
forma, c cxplicad o par haver no bairro uma Colon ia de
imigra ntcs instal ada pclo Govsrno Provincial.
Os Rcla torios do Dr. Toledo P izn sallcntarn 'linda
um dctalhc que mcrcccria urn cstudo mais pro funda, na
bus ca das bases socials e cconomicas da cvoluciio da ca-
pital pauflsta - a prescn~a de certa porccntagcm de filhos
ilcgftimos, maior no distrito Sui da SC c Santana, entre as
bai rros jli considcrados u rba nos . Nos suburbios de Sao
Pa ulo c malor a porccnragcm de filhos ilcgttimos do que
nus urb anos. Trat a-sc de elementos para uma boa pes-
quisa sabre a formacao c origem das famllias paullstanas
em mcios sociais c cconomicos divcrsos , ondc niio S{l
varia a pad rfio financeiro, mas tambcm a formacao cul-
tural c moral, dcvcn do-sc lcvar cm cont a ainda a tradi-
r;ao fam iliar do Sao Paulo quasc quat roccnts o, cuja pre-
scnca e bas tantc scnsivct em boa parte do distrito de
Santa Efigenia .
An afisa ndo a porccntagcm de obitos na "grande c
rica frcgucsin de Santa Brigenia", Dr. Piza salicnta que
foram reglst rados, em 1894, 536 obltos de criancas. nu-
mcro cxcc sslvamcntc alto - 65% do obituarlo to tal da
frcgucsia - cham 'Indo a atcncao des podercs pub licus
para 0 sane amento do Bor n Retire c da Ponte Grande,
q ue "sao os balrros umidos c monos salubrcs dcsta pros-
pera frcgu esia", Terrenos de va rzca, inundados pcriodi-
camcntc, nelcs vivo uma grande masse de po pulacao
rucnos Ia vorccida pcla fort una , atraidn pclos prccos mais
balxos de terrenos mal situados, scm r ccursos pa ra um
minima de conforto, ou r ncsmo Instalada em mfscras
chops em terrenos dcvolutos, em oposlcao aos bclos c
ricos sobrados rcsidcnciais cons trufdos pclos fazcndciros
cnrlquccidos pela cspantosa expansao da lavou ra do cafe.
Neste fim de scculo. a marcha pa ra a indus trializacao
de Silo Pau lo c cada vez mais acclcrada . como se veri-
fica ao cstudar, os bairros que se dcscnvolvcram as mar-
gens das cstradas de ferr o, Mas Santana nao pcrtcncc
ainda a esse numc ro, embora ja possua a "sua" cst rada
de ferro. A cstatfstica industrial rcvcla a cxisrencia de 45

o UAII\ HO DE SA.\" TAXA 77


cst abclccimc ntos a vapor na frcguc sia de Santa Etigenla,
mas nfio ha rcfcrencia ncssc scntldo , a cstab clccimc ntos
dessc tipo, em Santa na. 0 unico cstabclccimcnto indus-
trial q ue consta na Var zea do T icte e a Empresa de Lim-
peza Publica . . . E sta pa is, Santana, ain da bem lon gc de
sc lorna r um baiera indus tr ial.

•••
Certos fatorcs negatives dificultariio 0 descnvolvi-
mento mat s rapido do hairro de Santa na , niio obsta nte sua
ma gnifica locallzacao, em altitude clcvada, gozando de
cxcctcntc clima.
A_ princip io, alcm do problema perma nente de tra ns-
partes por cam inhos q uasc lnt ra nsitdvcis, a instalacao do
Hospital c do Ccmit crio para vitima s da vari ola. dcpols ,
a de um hospit al do s Lazaros, no G ua pir a. no comeco
do sec ulo x x( nn) - cxplicavcls nurn a cpo ca em qu e tats
terr enos cram consi dcrad os basta nte afastados da Cid adc.
ldcais , porran to. pclo "is ola mcnto", - nao cria ria m co n-

(9,)) A Lv .enda do C n :~p i ra Foi comprnda , por huciativu do pro -


v"{!or da San ta Casa de :>'li ' l'f icon lia do Sao Paul o, Dr. Ocr -
qucira Ceza r, mediante urn a subs criciio nil alta socicdadc
l':mlis ta, 'I'w alcuucou 0 tota l de Z-I:390S000. 0 hospital
foi ina llgnra{lo a '1-9- Hl0 4. 0 dir etor do cs talx-lecimeuto
n a 0 Sr. O sbrin ;'; OV:I('-', c 0 mordomo, 0 Sr, Franei s{,o de
Arruda Morucs. H a vla, cntao, na cluicnra, com sua, [x-lns
[abotk-abetras 43 dor-ntcs, scndo Zi homcns c 16 mulhcr cs.
A 14 de sctcmbro de HJO.'), a jwdidn dn ~ lesa Administra-
ti va da Santa Casu, 0 llospita passou a scr a{lm inistnulo
1)('1:1, I rmii s de Si'i o Jos{', s('ll{lu nOl\wa(\a dirctoru do rues -
1II0, a inni'i Ernr-rcnc-iana . En trctanto, a C apd a nia do H o s-
pital cxtnvu a cargo dos ~ Ii " i n l\,i rins da Snlcttc-. Crncus il
Con grega~';\ [) de Sao Jos'\ a antiga Chacuru to rnOIl-se nfw
so mais ho nita , COlli 1l0VU, [urdinv, come hast ant e produ-
tivn, com sna granja, hortas c pomarcs. A te 11111 teatm, pr!-
lIIe im , c, rlep ois, 1111\ C inema , forum instalndos no llospitnl
(d . Polianteia cit. adma). De C uapirn, atualmcntc .la-
(;ani'i, os docntcs scriio rcm ovklos para n lIos\)ital Santo
An~clo, ccnstruido com todos os re'l uisito, de li!4i('TIl'. ,\
pw,jmi{bd" d e lim Hospital como esse ('oJ\stit"iria mil fntor
negattvo pa ra a pro sp('ridadc do hairro (10 C uupirn, per i,so
todo 0 sell pro!4rc"o (' rclativnmcntc [('centc, particulsrmcnto
nestcs ultimos nnos . C"apira, como vl mos. no fim (10 scc ulo
XVIII e com.~'0) do XIX cstava incl uido nos rec enseamcntos
relatives [\0 hai rro de Santana.

78 o BAIR HO D E SA;.;n ,X A
d i~Ocs favora vcis a iustalacao de noves mo radorcs no
bairro. Alem disso, 0 proprio O uart el. abr igando tropas
"cstranhas, vind as de outros Estados do Brasil, con stltuida
urn ccrto impccilho, segundo a oplniao de moradorcs an-
tigos do bairro , ao prcgrcsso do bairro.
Entretanto. esta C uma op iniao de uma ou tra gcra-
~ao, referindo-se aos pnmciros tempos da Republica.
epoca ainda de dcsaju stam entos e de choque de opiniocs,
q uando 0 Exerciro, apoiando os republicanos, a tod o 0
momento ida cntrar em contato com adeptos da rncnar-
quia . E mais ainda - c precise lembrar que tudo fal-
tava no bairro de Santana. pe ls os pos tes de llumlnacao
pu blica nao tinham atln gidc 'linda a rua Alf redo Pujol,
como se pode verificar pot urn abaixo assiuado do s
moradorcs do ba irro dirigido a Camara Mu nicipal em
1901.(100)
Atualmcnte, cncontram-sc alojados no O uar tcl, os
mOl;OS do CPOR de S50 Paulo, rap aziada bem cducada,
com a q ual tivcmos oportunldadc de convc rsar varies
vezcs, quando, em busca de documentos, nndamos pcIo
ba irro. Entrevlstamos mu itos dclcs, ate urn tcncntc em
sua propria casa, obtcndo destc alguns dados importantcs
sob re a histcri a do Ouartel de San tana . A opiniao a res-
pcito deles e bas ta ntc favoravel. mesmo entre os vclho s ...
X"ao obstante tals fatores negatives. Santana rcccbcni
novo impu lso Iavoravcl a sua integracao ma is rapida na
Cidade de Sao Paulo, com 0 estabelccimento do Tramway
da Cantarcira e de uma linha de bondcs puxados a
burros, e, ainda com 0 aum ento legal da s terms que for-
mam 0 patrim6nio da C idade .

(100) A 2 ~ 1 2 - H)() I , mn ubnixo-nssiuudo dos mo radon-s de Sa ntana


pedird it C ;'L111a r,l ~ llI ll il'i p<l l; l. cons ert" 11'1 ruu Yolunnirios
{In l>{ltria at e () alto do morro C na run Alfrt-do Pujol: 2. co-
locacfio de cunos de ferro Oil construcao tic la x-ires nns
pontes da run AlfIt'llo Pujo l; 3. c()l()('a~-a() (It, 12 hunpadns
pa ra il u m i n a~-ao alt'· 0 lurgo tin Q nartd {!a run Pu jol; 4.
reparucfio do ca minhn qne vai p ara 0 "cmit{-rin; .i . mandn r
vcnficar terrenos que sc d{'v{'m desapropriur pa m ulinhn-
mento du run Col. Scr afim , em scguuncuto da rua Alfredo
Pu jol. (d . Atas, 19(2).

o BAlRRO DE S:\ :\"T..\:\":\ 79


Das alas das scssces da Cam ara Municipal, na ultim a
decade do sec ulo, consta m varias indicacccs c pa rcccrcs
rclatlvos a conccssocs para cstabclc clmcnto de linha de
bondcs da Ponte G ran de it Serra da Canta rcira .
E m 1890, Benja min Fra nklin Silveira da Mota c
A lfredo Silveira da Mota cram os conccssionarios de uma
linha de bondcs da Ponte Gra nde a Santana. Prctcndcndo
a mpliar os services, rcqucrcram conccssao pa ra "a cons-
trucao de urn ra mal q ue, par tindo do A real sc dirija it
Fre guesia do 0 , eosteando a Colon ia de Santana c ma r-
gcan do 0 rio Ticte, mas seu pcdido foi indcfc rido a
3 1-3-1890. E ntreta nto, a Camara Mu nicipal aprovara a
pctlcao de D r. A nton io Mu niz de Souza e out ros pa ra
a constr ucao de uma linh a de bond c "que, pa rtindo da
Pon te Grande, V,I :1 Serra da Canta rcira , passa udo por
Santana, c com urn ra mal para a frcgucsla 'tIo a".
Ha, pois, urn maior interesse pcla zona norle da
Cidadc, ago ra q ue a Cap ital pa ulista adq uirc 0 direi to
indiscutfvcl a mais mcia Icgua quad rada de tcrras, pais a
3- 12- i ;;90, a Camara M unicipal rcccbcni urn offcio do
Gov crno de Sao Pa ulo comunicando que 0 Mlnlstcrlo da
Agricultu ra, Comcrcio e Obra s Publicus autorizou- o a
"conceder ao Consel ho de I ntcndencia Municipal desta
Capital, em derrcdor da Cldadc, as term s dcvolutas ne-
ccssarias pa ra complcmcnto de uma lcgua quad rada ou
4356 hectar es, em q ue deve ficar constituido 0 pa tri-
ruonio £1'1 mcsma Intendencia, tendo em vista a dcclaracao
de jd poss uir meta lcgua de terra s que jil foi doa da desde
159 8, cabcndo ,t Intcndencin 0 deve r de mcdir c dcmar-
ca r a area das tcrras conc cdidas".
Dessa rna ncira, a Camara M unicipal de Sao Pa ulo -
tra nsfor mada em Consclho de Intcndcncia apos a procla-
macpo da R epublica - tcr a a mpla Iibcrdadc para cstcn-
dcr a bairros distantes, os mclhoramen tos urbanos mais
urgentcs, podend o dispor das tcrr as de acordo com as
novas normas lcgais. ( Hl! )

(101) A 10-1· 1890, 0 Covdmo l'rovisorio do Siio Paulo dissclvcrri


a Camara Xlunh-lpal nomcnndo urn Consclbo de Intenden -

80 o uxmuo DE SAXTA~A
Tra nsformado em dislr ito de paz dcsde 1889 , 0
bai rro de Santana receb cra ainda pcqucnc cor uin oen te da
Policia ao scr criado 0 distnto policial q ue ira auxiliar a
Intendencia a prom ovcr as mclhcramc ntos que farao. dele,
no futu ro. uma cspcclc de capital da zona Norte, scrvid o
pe r um variado sistema de comunicacocs c transportc.
dos quais trntarcmos com ruais dc talhc s q uando nos rcfc-
rirmos a Santana no scculo XX.

•••
Os mapas publ icados pcla Com issao do IV Ccnrc-
ruirio da Cidade de Sao Pau lo. em 195~ , rnostra m a
cvolucao da Cidadc, e. dcn tro dcla. a situac ao do bairro
de Santana. tt'< )
Os rnapas mais anttgos da Cidade nada trazcm a
rcspcito de Santana. que so apa rcccni nus ultimas dccadus
do scculo XIX,
A planta da Cidadc de Sao Pa ulo lcvant ad a pcla
Companhia Canta reira c Esgotcs. assinada pclo cngc-
nhciro c c hcfc Henr y B. Joyner. podc da r uma idcia do
q ue scria a zona norte de Sno Paulo em 188 1. Passando
a r ua Joao T cod oro, a Casa de Corr ccao c a Convcntc
da Luz sao os unlcos cdiffcios de ceria impor tancia c qu e
constam du "R cfcrcncin dos Edifici os Publicos. Um
corrcr de casas ao longo do chamado Campo da LUI . ate
() Largo do Comcrclo da Luz c da Ponte Pcq ucna. sob r.. .
o Tumanduatcf. Entre csta e a Ponte Gr a ndc. sobrc 0
rio T lcte. 0 atc rrado de Santan a, quase scm casas, con-
tinuando pa ra 0 norte como cstrada de Braganca.

eta para vwrcer 0 A:o\"t m o municipal. A primeim St"Ssao


dcst c ira St· reulizar a 13-1- 18tJO (.\ tas das Ses",.,)('s d il C,I-
mara :'. Iunidpal de S:io Paule (Consclho (I{, Intendencia],
Hmo, p. ·1). St'!41111dn Jo:i n :'. 1.. nd,'S Jr. - 0 :'.hlll idpio de
Sao Paulo - a lei n.v H.l ,It, 13-1 1-1WH, ar t . .18, n.? 1, con-
..cd c nos municipio» pallli,tu~, para forlll a~'ii() ,I" '1,as d-
d adcs, vrlas c pov uados. u~ tr-rrns d.. volntns atl ja(,(,ll tt'~ :h
pnv()a~~-x 's tit' muis de m il almas e m rai.. ,I,· eirculo de (J Km
a partir da prac a central. Esta lei l' o ~ lI .a 1 do art. 1')
da lei cvtudunl n.? lO:lH, dt' 19- 11- l\.lOO.
(l ()-l ) Sao Paulo Antigo - Plant as da Ctdade - Comiss,io tin 1\ '
ccn tenado dn Cidade de S,i ,) PalliD, 193-1.

81
Em 1890, J ules Marlin public a a "Plante da Capital
do Estado de Sao Paulo c scus arrabaldcs", e dcsta nao
constarao casas no Iongo do Campo da Luz e do atcrrado.
Entre 0 Convcnto da Luz e a Ponte Pcqucna. apcnas 0
Largo do Comercio da Luz. E, para 0 no rte. entre a
Ponte Peq uena c a Ponte Grande, urn At crrado de San -
ta na a bsoluta mcntc desc rto.
Entretanto, a "Plante Geral da Ca pita l de Sao
Paulo", organi zada sob a dirccao do Dr. Gomes Ca rdim,
Intendente de Ob ras em 1897, escala de I :2000(r'. nao
so e mais com plcta. como revela a Cld ade ava nca ndo
sabre 0 suburblo , as vespcr as do seculo Xx. Ruas abcr tas
nao so entr e a Ponte Pcqucna e a Ponte Gr ande , mas des
dois lades do antigo At er rado de Santana. ago ra com a
denomlnacao de rua Volu ntaries da Pat rie. continuando
°
com no me de rua de San tana, rnais ou mcncs pa ralc la
a nova via de tra nspor tc, 0 T ramway da Ca nta rclra .r t'" )
A dircita da r ua Voluntaries da Pat ria. a parti r do
Carandini. as travcssas Leite de Moracs. Ga briel Piza.
D uar te de Azevedo , Tome de Souza , Con selhciru Saraiva
c a r ua Anehieta. A csquc rda, 0 Caminh o para 0 Cemt-
terio e a r ua Alfr edo Puj ol. E, no comeco da rua de
Santana, a Santa Cr uz c 0 Colegio de San tan a.

(103) A Hila Volunuirios da Pat rta, de ucordc COllI (J fil'i.:.riu da


Pr cfcttura ~ hlllidpal , contend» a nomcnclnturn dns m as da
Cap ital, rove a sua {k nOllliu a~'Jo nfici alil.<l\1a "m llJl6. En -
tretanto, a 25-H-I HIiH, a C,imara discutc 0 pan'{'('r da Co-
missflo {'J\earr{'~ada de dar nUJlWS as m ~IS, iu,lkando (lue
"a rua da nova frq~m'si a de Snnt'A na, a partir ,b Ponto
C rande , ate a subkla do mor ro, M'i<\ {l<-nnmina.Ja run Volun-
tsnos da I'at ria".
82 o B:\ IRI\O DE S.-\:\'TA:"'A
SANTANA NO SECULO XX

Nos uttimos anos do secuto X IX, com 0 dcscnvolvi-


mento urbano mais nipid o, diminufdo 0 interesse por fes-
tas rcligiosas que caractcnzavam a vida pa ulistana dur ante
as primeiro s scculos, criados novo s deri vatives, as maca-
da res da Imperial Cidadc de S50 Pau lo cncon tram novos
passatcmpos na lIha dos Amores, no Jardim da Luz, nos
Taludcs do Carma - locais bastantc mclhorados d urante
a adruinistracao de Dr. Joao T eodo ro - c ainda em lu-
gares mais dlstantcs, como 0 Tivoly Garden, no Marco
da Mcia Legua, e a Chacar a da Flo rcsta, na Po nte Grande,
ondc se rcalizavam alegrcs plquc nlq ucs.t t )
Alent dos passeios a Chacara da Florcsta, na Ponte
Gr and e, uma Dutra chacara era frcqucntementc vlsltad a
pelos cstudantcs da Acad emia de Direlto - a do boticarlo
Barucl, mais para 0 norte, em Santana, onde, segundo
Everardo V. Pereira, havia "rc uniocs de noitc intcira''
que aeabavam com urn "co ncurso bezerrlt'', em que ven.
cia 0 que bcbcsse de uma so vez maior quantidad c de

(1) "Almnnaq ue ria Provlnciu de Sao Paulo para 188,5", p. 19i.


Carv alho, Afonso Jose - "Sao Paulo Antigo (1882-1886)",
in R. 1. 11. G. de Sao Paulo, XLII.

o BAIRRO OF. SAJ'IlTANA 8:J


lcite quentc tirade na hora. t v) T odavia. Santana aind u c
bairro modesto, dcspcvoad o e mal iluminado.
o Alma naquc da Provincia de Sao Paulo (1 880).
refere-sc apc nas a uma Escola Publica em Sant ana. na
r ua do At errado de Santan a. na Ponte Grande. De accrdo
com 0 Rclatorto do Presidenre da Provincia. Dr. J oao
Teodoro Xavier. em 18730 professor da Escola de San-
tana era Joao Evangel isla de T . Bar bo sa. tendo side re-
movido 0 anterior. ern 1872. para 0 Lar go des Curros.
Em 1874 a Esccla. que era masculina. tinha 49 alu nos
matricutados que a Ircqucntavam regular mcnte. No ano
scguintc e "aprcscntada a apost ila da ca rta de profcsso ra
de primciras lctras do bair ro de Santana. da Ircgucsla de
Santa Efigcnia", Ma ria Custodia Soa res, dat ada de 23 de
ahril do mesmo ano.e ) Nessa epoca, na "dlsta ntc" San-
tan a. os profcssor cs. como sc ve, n50 ficavam por muito
tempo na mesilla cscolinha de bairro, cvidcutcmcmc scm-
pre em b usca de mals confc rt o c facilid adcs.
No serer cultural. saficnta m-se. no hairro. a O bscr-
varorlo Astronomico. instalado pelo brigadciro Couto Ma-
gafhaes em sua chdca rn na Ponte Gr ande. na margcm
dircita do rio Ti et N ~ ) C 0 Colegio Santana. antigo Sa-
grade Coracao de Maria. das irmas de Sao Jose. tran s-
ferido das Palmciras para 0 ou tciro de Sant an a. em 1894.
No comeco do seculo X X. va rias escolas cstaduais
csta rao instaladas no bai rro de Santan a. Q uatro dclas sl-
tuadas na rua Votu nninos da Patria. duas no Alto de
Santana. na rua Alfredo P ujol, du as no Ca randi ru. du as
no Bairro do Limfio. uma no Barro B ranco. um a no
Gu api ra. duas no Mandaqui. um a na Cantarclra, uma no
Bairro da Cach ocira, uma na Vila Sofia.( lI ) Note-so que

(2) P(,rei ra. Evcranlo Vulun - "A Palllin'·ia I", fiO nnos", in
It A. \I .. exT. ))..'5 1.
(:3) Ata s. 1,<;7'5. p. I'll. Ik la l<'lrio (10 Prcvidcuh- du I'rovlnota, D r.
Joan T ('{lllm o Xnvir-r ,I l\'iS!'m hlt ia Provincial. 1'<;7.1 : a (" ("oln
p{,hli('a ma'culi n:l (1,' Sa ntana Ioi ('rLl{l a a L'5 -6- 1HWl. ll'ndo
stdo entiio llouu'a,l" S,'ll nrof" 'snr l",i n Alves (1, · Siqw'ira.
(4) L('i" ' . Aun-liuno _ " 0 B rig,ul.. iro· Conto (J.. \laga lhii,'s".
p. 1.3.'3.
(5) " Almana" Lm-mnu-rt", S:ln P'm ln. rmr n Hlfl.1· 1flll-l. Els a
lista dos prof",s'ln's (I" 3..10): Ancilh Invcruivvi. Glliillnar

o BAIR RO D E SA~T:\~:\
ainda sc incluiarn, sob a dcnominacao de Santana, loca-
Iidadcs qu e atua lmentc constitucm bairros novos, algu ns
delc s pcrtcnc cntcs a ou tros sub-distritos q ue 1150 Santana.
A rua Voluntarie s da Patna c a m als impo rta ntc
arteria de Sa ntana . Conj ugada com a avcnida T iradcn-
tes, do Indo da Luz, tiga a cidadc de S50 Pa ulo ;1 Can -
tarcira. Scu nome, oficializado por uma lei de 19 14 c
urn ato de 1916 da Prcfeitura de S50 Pau lo, foi dado em
homenagcm ao 7.0 Batalh ao de votuntarlos da Patrie,
ineorporado ao 35. 0 do Corpo Geral, que parttu de Sao
Pa ulo em julho de 1865, pa ra combatc r contra as forcas
paraguaias . Rcgressan do a Sao Pa ulo, ao tcrmlnar a
guerra , a 25-5-1870, a Cidadc engalanar a-sc para rc-
ccbd-lo, rcalizando-sc um ba nq uete de 500 talhcrcs no
J a rdim da Luz, segundo Pa ulo Cu rslno de Moura, em
"Sao Pa ulo de O utror a'' (p. 226).
Co mo ar teria de maim circulactto, at cstarao , na pr i-
moira dccada do scculo, alcm do Cartorio de Pa z,( ") das
q uat ro cscol as prima rlas cstaduats, du Igreja Santa Cru z
c do Cologie Santana. as poucas casas comcrcials do
bairro - lojas de ferragens c trcns de cozi nha , ferreiros c
scrralhciros , fcrradores, deposi tos de forragcus , funilcir os.
arm azcns de secos e molhados. Mais alent, na rua da Can -
tarcira, urn de posito de lcnha . 0 proprio tlpo des esta-
bclccirncntos scrviri a para dcfinir al nda a principal aspecto
do bai rro , nos primclros anos do scculo XX .

do> San tos Torrczilo, joao Evangelista de Toledo Ba rbosa c


~I a ri aTcrcza Marcomh-s clc j esus, nn run Volun tanos d.i
P,itria; Quirino de Ara\ljo e Sofia d{, ~lor;l(" , no Alto de
Santana ; Xluria Rita Marcondcs Dominuucs c Pedr o Pinto
c Silva, no C arundiru, j llliao j O''' luim d~ Fr eitas c Ana C a-
roli na Soares, no n ,lirr o {]o Linul o ; j ,Jaqll im Vicente da Silva
Hosa, no Bairro Barm Branco; Lutz Gn ill lt'r me Savoy. no
Bairro Gllapira; Maria Elisa C asali c ~[{lri o Ca st ro Car-
valho, uo ~l a ndafJ lli ; Fcllpa To rre, ua Silva, nn Cantarcira,
J) Ollli1l140S Cis bcrto Hmuaciotti, no Bairr o da C achocira;
~Ia r ia Estlwr, na Vila Sofia.
((;) A C ida rle Ioi dividid a ern 2 1 dtstr ttos de paz _ 100 casas
halntadas, 110 minlmo, para cuda urn. Santana consntot, em
11J03, () (;.0 distrito, cujc cartono sera inst ulado ua rua \'0-
Iunttirtos da 1':i!ri<1 .

o BAIHRO DE SA:'\I TAXA 85


Na segunda decade do scculo, na rua Volun ninos da
Pa tria, cstarno 0 Gr upe Escola r, cujo dirctor era Luiz
Cardoso Fra nco, e 0 unico cinema do bai rro, de acordo
com 0 A lmanaque Lacmrncrt para 19 13. Este Grupe -
o primciro de Santana, sera transfer ido rnais tarde pa ra
a avenida Cruzeiro do Sui, "rcbatisado' com 0 nome de
Grupo Escolar Buenos Aires, dcnon un acao pa ra a qual
os a ntigos moradorcs do bair ro nao cncon trar n razao de
sec M uiros delcs ainda sc lembram do pro f. Cardoso,
fala m dele c das professoras com carinho c sa udade . No
novo predto, it avenida Cruzeiro do Sui, cstii arualmcntc
o Glruislo Est adual de Santana. mas o mais a ntigo ginasio
estadual de San tana IS 0 C. E. Octavio Mendes.
E ra, cntao, ja servido per var ies meios de com uni-
cacao com a Cidadc: qu atro vexes pOT dia urn tra mway
da cstacao Cen tral, que, passando por Santana , Mandaqui
e T rcmcmbc. faz ponto final na Canta reira. Nos domin -
gas e fcriados e maier 0 movimento, scndo acrcsce ntados
mais dais tr cns, altera ndo-se a ho rari o. a bairro continua
a oferecer at ra tivos para os que dcse jam passar algumas
horas lange da Cidadc, em dias de folga. Nfio IS ai nda 0
tipo de trem de sub urbia, aborrotado de trabalhadores a
viajar dla riame nte.
Alem do T ra mway da Catarcira.t ") a linha de bo ndes
que serve a Santana C uma das mais cxrensas, liga ndo Li-
bcrdadc a Ponte Grande. Da Lib crdadc, desde "quatro e
cinquc nta da r nanha, ate doze e cinque nta c nove da noire",
partem bon des para a Ponte Grande, de ondc partcm tarn-
ber n, dcsdc 5,02 do man ha ate J 1,58 da no ite, para a Li-
bcrdadc. Co mo de Vila Ma riana parte para Sant o A ma ro
a linha da Companhia Ca rr is de Ferr o Sao Paulo a Santo
Amaro, c da Ponte Grande para a Norte trafcgam os
bondes puxados POf a nimais, na realidade, San tana nao

(i) Segundo ;) "Alm<lnak L ,lt'lllll lt'r t " , ern 1904 servtram como
dwks de c,ta(;iio do T ramway da ClTltarcira; Joiio Urmll'O
de Oliveira, na Estw;iio de Snntuna: Arualclo Silva, na do
Xlandnqui, Joaquim Silveira, na dc T w rne ml,.,', ; Antonio des
Santos, ua da Cuntarctra.

86 o BAm RO D E SANTANA
esta, absolutamen re. isoleda. pais tais linhas ligam 0 Norte
ao SuI, servindo tod as, de fa ro, a Cidadc.
Estuda ndo a Cidadc de Sao Paulo, Mo rse.I ") assi-
nala os inconvcn icntcs da "rucntalid adc de praca centra l",
prcjudica ndo 0 plancjam cnto da s cidadcs, valor izan do 0
nuclco urbano como unidad e tradicional para adminis-
tr acilo politica. Assim. luz, dgua, csgoto, cscolas. buncos.
etc. - em preju izo da zona rural ou mais distan te do
ndclco urbane. Ora. San ta na, bairrc semi-rural, nao
goza ni logo de mclhoramentos urbanos csscnclais de
modo que muit os terrenos, principalmente na parte alt a
do bai rro, scnio vcndtdos rclativamc ntc baratos, 0 que
pcrmiti ra a pcsso us scm multos rcc ursos a co nst rucao de
casas mod cstas. scm mu ita belcza c cc nforto. Scm melos
para construcocs mais confo rtavcis c de mclhor aspcc to,
scm rcc ursos pa ra embelczamcnto de scus lotes, os com-
pradorcs de tais terrenos acaba m se amon toa ndo em rua s
mal planejada s, scm pra cas ou a reas arbor izada s.
Entretant o, lcntnmcntc , antigas cluicuras scrfio rc-
con strufdas, sob uma nova mcntalidadc, em cstilos rnais
mod cmos. e, gracas as vamagcns do clima nas proximi-
dadcs da scrra. com sua mata cxubcrant c, nao so sc orga-
nizariic apraz lvcls rcstaura ntcs ca mpcstres, como, poste-
riormcntc, mod emcs hospitais. Santan a deixani de ser
bai rro agricola, para ser tambcm residencial c de rccreio,
para sc torna r, em mcados do scculo atual, uma cspecic
de sub -centro como outros bair ros pcrifcn cos, como Pi-
nhci ros c Penha.t ")
No inicio do sec ulo XX, Santa na ainda csta prati-
camcntc cxcluida da pa rte urbanizad a da Cidadc , como
se pcrccbe pelos pontos finais da s linhas de bond cs ele-

"De C011luniua oc a ~ ktn"pj)lc", p. 2HO.


(I;) ;"IOTSt·, Hk lta rd -
(9) S('gulldo Andwd f", Enelilks. I' Cdmara, 11t·lly F. - "A Fa r~'a
Puhlicn de Sao Paulo, Es1x\ ·() Historico", ps. 20 a 2-1 , scgundo
Almanuque lie 188.'5 . San tana, no fun II" scculo pa ssndo niio
cstuva ind uilla entre os locais assinalndos para chamados d o
Corpo de Bombciros - determtnado 11ll11Wro de bad aladas
era sinal de fogo em ddl'nJlinado loc,ll, e os mats d istantes
r-ram Bras. ~ loOCa e Pari. Do lado do Xorte, 0 Campo da
Luz e imroia!;iK'S.

o B:\lRnO D E S:\ X T A X A 87
trices, em 1901 - do tado norte, 0 ponte final, de aco rdo
com 0 contruro, sera a Av cnida Tt radc ntcs, cuja abcrtura
sc dcvc ao prcfeito Dr. Antonio da Silva Prado - "bor-
dcjada em toda sua cxtcnsao, po r habl tacocs clcgantcs c
por jardins'', segundo Gaff rc. P" ) Em 1904 a Iinha de
bon dcs clct rtcos chcgara ate a Ponte Grande. Pa ra alcm
dcsta c de Santana, os bo nd inhos puxados por animals,
c que , no scc ulo passado, scrviam para distin guir as capi-
tais das cidadcs do interior, cor uinuarao a trafega r ain da
J:o r alguns a nos.
Os bondcs clcrricos so cbcgarfio a Santana em 190R,
fezcnda parade. a principio, na csquina da rua Duarte de
Azevedo. Postcriormcnt c, as irmas de Sao J ose, do Co-
Icglo Santana. conscgutr nc 0 prolongamcnro da linha ate
o out ciro. 0 que foi corncm orado corn gra ndcs Icstas. A te
entao, 0 q ue serv ia mcsm o 0 bairro cram os "bondcs de
burros".
Tais bondcs pcrtcncia m a uma cmpresa particula r c
cram puxados Pe r dois anirnais, c, durante algu m tempo,
tiveram tni tcgo mu tuo com os da Vlacao Paultsta, fazcn-
do-se, assim , 0 percurso de Santana at e 0 largo do Ro-
sari o, hojc Praca Antonio Prado . Como houvcssc urn
dcscntcn dimc nto entre os proprlcta rios das duas linha s,
os usuaries passaram a fazcr baldc acao ob ngatoriamcn tc,
na Ponte Grande.
Segundo Nutc Santana, Lim des historiadorcs muis
hem inform ados du Ctdadc de Sao Pa ulo, em scu exec-
lcntc livro "Sao Pau lo H istbr ico",( ll ) j,i em 1,)()3, de
acordo corn a inform acao do fiscal da Prc fcitura , as difi-
culdadcs para a manutcncao da empresa agravum-sc
dia a dia. em vir-tude dn concorrencin q ue lhc fazia a Es -
tr ada de Ferro Cantarcira. Todavla. 0 fiscal achava que a
E mp ress dcvia scr man tida. mcs mo com ralhas, "arcndcn-
do-se as con vcntenclas dos moradorcs do ba irro de San -

( 10) G aff re, L. A., dl" do por Pasq ual Pet rone. "A Ctdndc de
Sao Pau lo no s('eu lo XX" , in E vo hl(,;IO Urh;ma da Ctdodo
tic Sao Paulo, V cadcmo (]a Ikvi , ta de ll ist-uia.
(11) Sant ana, Xuto - "Sao Palll" Historico", III, p. 2H7.

88 o BAIH HO DE S A~T AXA


."!i..
g ~

-,
~ ­

~~
"'"'"
i:u=
~ ::l
, ",
"
t:.t-.
.0
a
~
~"
""-a1
~

el
tana que s6 tinham tal mcio de transportc, do extreme
da linha ate a Ponte Grande" .
De fate, numa sessao da Camara Mun icipal, a
4-7-19 03. disc ure-sc urn req uerimento do conccsslona rlo
da linha Ponte Grande-Santan a. An ton io 1. Fon tes Jr.,
solicitando iscncno de imposto s. As disc ussocs sao acalo-
rada s, puis. enqu anto uns sao a favor da Empresa. out ros,
como Ba ruel, sao contra. alcgan do que os bondes co rrem
de q uarenta em q uarcnta minutos, scm obscrvar 0 ho-
rario . Afinal. dccidc-sc conceder a iscncao. dcsdc que 0
co ~ccssio n ario sc rcsponsabilize pelas dcspesas com me-
Ihoramentos na rua voluntaries da p a tr i a . ( ' ~ )
o ser vice de tra fcgo era feito com dois carros em
ma u estado de conscrvacao. dois cond utorc s c dois co-
chci ros, c 18 animals. Cobrava-sc 5200 pcla pnssagcm,
c, em vcz de uma buslna, usava 0 eondulor um a pito
como os de soldado. Mas piorava dia a diu. jogando os
carros sobrc as dorm entes mal colocados nas ruas csbu-
racadas ondc se altcm avam lama e pocira. Num percurso
de 3 Kms. mals ou mcnos, os bondcs saltavam dos trllhos
umas vinic ou trint a vezcs.
Nessa epoca. a run v oluntaries da Parria tinha rnais
o aspecto de uma cstrada do que de uma rua. pcrcorrida
ainda por tropas e carros de bois. com predios baixos. de
pau a pique, e lrncnsos quintals com cercas dc bambu ou
de car aguata, com uns poucos lamp iocs.
A Empr esa pcssufa urn deposito no local onde esta
a Igrcja Matriz, onde gua rdave. a noitc, os seus bcndes: a
eocheira ficava a rua Co nsclhciro Saralva, pcrto da rua
Dr. Zuquim . Depots. 0 deposito c a cochcira Coram ins-
talados na rua Volun ta rie s da Patr ia. ond c cstcve insta-
lado mais tarde 0 Deposito da Cia. Ant a rtica . Mas, urn
dia, os pnssagclros. cansados des services dclic tcutcs da
E mpresa , rcsolvcram incendiar os bondc s. Nn rcalidade.
houvc dols assaltos, urn em outubro, outro em dezcmbro
de 1906. Num dotes, mascarados , alguns ind ividuos assal-

(12 ) Atas, 1903, p. 247.

90 o BAIRRO DE S.":'\T:\:'\'\
tararn 0 deposito inutilizando 0 material rodantc; no outro,
amo tinados, os pass agciros desatrelaram os ani mals, in-
ccndlaram 0 bondc, impclin do-o trilhos abaixo, na d ire-
o;;:ao do T icte.
No comcco de 1907 ainda nfio cstani regularizado
o trafego da linha de bonde de Sant ana, mas em 190 8 os
bo ndcs clct rlcos ligarao Santa na ~l Cidadc, num hor:irio
que coincidia com 0 do Colcgio San tana .

•••
Sera 0 rio T icte urn dos fat6res do dcscnvolvimcnto
do ba irro de San tana, quando, as suas margc ns. sc loca-
lizarem os primclros clubcs de rcgatas - a csqucrda da
ponte, 0 C luhe de Rcgatas Sao Paulo (1 905 ) , c a sua
fren te, 0 Cluhe Espcria.( J:l ) E, junto a Ponte G rande,
irfio se cstabclcccr os vcndcdorcs de pctisquciras, popu-
lares com suas "iscas portuguesas'', prcparad as em foga-
rciros, diante do freg ues.( 14 )
Segundo 0 Album de J ules Martin, a Chacara F lo-
resta, da boemia do fim do X IX torna ra-sc, em 1905,
sede do Clubc de R egatas de Sao Pau lo "ondc a mocldadc
ia buscar vigor nas remad as fort es T icre acima ", em frente
ao Clube Esperia, lnstala do em 1899 . E em 19 12 ja
havcra referenda, ta mbem, ao Clube T iete, de natacao
e rcgatas, na Ponte Grandc. r" )
Tambem 0 Corpo de Bombeiros alarga scu campo
de a0;;;:50 para 0 lado no rte da Clda dc, apc rfcicoando 0
scu material. ln staladas novas caixas aut omatlcas, alem
de service tclcgrafico - 160 calxes tipo Oamwcll subs-
tituem, em 1911 , 0 material fabricado na Alc manha , ins-
taladu em 1895 - a are a urba na abran gida por sells scr-
vlcos teni par Iimitcs as bairros de Vila Pr udente, Pcnha,
Santa na, Lapa, Pinhciros, Vila Maria c Ipiranga. t w)

(13) "Silo Paulo Antigo e Sao Paulo ~ loJ"rnu", p- 88.


(J 4) Perei ra, Ever ard» Vulun - "A I'nulic-ein loa fiO anos", in
It A. ~ I. , XCI, p. 63.
(15) Silva Bruno, E. - oh. cit., p. 1249.
(16) Andrade, E. c Ca mara, I I. - "A Fur<;a 1'{,!Jlica de Siin Paulo.
Esbol;O Histo nco", p- 228.

o RA IRRO D E SA ;'I;T A:"'A 91


O ua nto ao poltciamcnto, havia os con nngc nrcs para os
services de ro nda na Ponte Grande , dcs tacados do Cor po
Policia l Pcrmancntc.
Amplia-se a a rea urba na de Sao Paulo. Sao Pa ulo,
mctropotc do cafe, passa a scr a metropole industrial,
moderna c din amic a, particularmcn tc a part ir da Primcira
G uerra Mundial, com a iustalaceo de fab ricas e oflcinas,
com 0 lotcamcnto das grandee areas de terr enos, c com
a m uln plicacao de ccrtas industrias agra rtas como a de
carvao de lcuha, c iutcnsiftcacao de rcca ntos de recrem
em arrabatdcs afastados, mas aprazfvcis, como Canta-
rciru c Santo A ma ro.
Entrctanto , ampliando-sc a area da mctropolc, sc ra-
pidamcntc batrros pcr lfericos como Penh a, Lapa c Santo
Amaro, que distam em media 10 Kms. do centr o urbano,
sao intcgrados na vida urba na, com funcfio rcsidc ncial.
pa ra 0 lade nor te a influencia da mct ropolc C mcnor,
csba rrand o na scr ru da Cantarci ra.r v ) Graces, porem .
a abc nu ra da avc nida Tiradentes c as linhas de bondc e
do T ramway da Canta rcira, San tan a podcra tam bcm intc-
grar-se dcfinitiva rncnte na ar ea urbana.
Mas, ao contra no do que sc dev ia cspcrar. nilo sera
em torno do Colcgio Santana c da Capcla trausformada
em Matriz provisorla, no alto da celina. que ira se dcscn -
volvcr 0 nuclco central do bai rro. Niio s6 a locallzacno
em tcrreno acidenrado, da capcla de Santa Cruz, como
a mu danc a do t rajcto da cstrada de rodagcm Atibaia-
Br apan ca-Sul de Minas, que ladcava a auriga fazcnda.
para 0 lado oposto. dcsviara m das ccrcanias da crmida de
Santana 0 cent ro populoso do balrro. E stc centro ira sc
descnvolver colina abatxo. ondc 0 padre Joan Batista
Gomes comccani a constr ucao da nova matriz. Esta. em
1915. aind a s6 toni a parte dos fundos. qu e c hoic a sa-
cnstia: a nave c uma das torrcs S{l scrrio concl ufdas em
1925. r-noua nro a scgunda tor re e os carrilhocs datarao
de 1944 .(18)

(171 Sil v~ Th,, " n F.. - " I>. " it.. TIT. " . T:1M). c-itando Arol( lo Azc -
,,,",In . Sllh,',rhios O ri" ntnis (],. Sitll Pa ulo.
( I8) San tana, Xuto - " Sao Pall]" Il is«lri("o". V. p- ] --fO,

92 o namuo D E SAX T A;\IA


Na segundo dccuda do seculo XX a capital paulista
aindu era uma cidndc Iracionada. varzcas c vales csca-
vades. e trilhos de cst rad a de ferro sepa ram troches ed i-
Iicados. A orga nizacno de companhias constr utoras ira
con tr ibuir para a forma cao de novo s ba irros. apes a cxe-
cucao de importantcs obras de tcrraplcnagcm, arrua-
mentes c pavimcnracao. Asslm. entre outros. surgini
mais urn miclco rcsidcncia l na zona norte - Alto de
Santana.( III) .
Uma cstatfstica rcfcrcntc ao numcrc de predio s, se-
gundo as distrit os.t >') assinala, para Santana. em 191 1.
fiSI pred ios, e. em 19 18. 170 7, com prcdomiuftncia de
casas tcrrcas, 0 que c cxplicado pelo fato de nfio contar
ainda 0 bairro com as Iacifldadcs de cncrgla clctrlca para
clcvadores.
Com a cxpans ao da Cida dc, os mclhoramcntos
urbanos, 'lOS pOllCOS, ntlngcm 0 bairro. A 16-3- 19 12, a
Cia . Te lcfonica instala 0 prlmclro aparclho. com liga~ao
dircta para a Cidadc. no Colcgio Santa na. dirigido pclas
irmas de Sao Jose. mas s6 em 1936 sera construida a csta-
,5.0 de Santana. com 200 Iinhas. Em 1938 serite insta-
lades os pr imciros tclcfon cs autormiticos. ampliando-sc 0
service para 400 linhus, pa ssando a mil em 1941. (0
"Estado de Sao Paulo. 25-7-1968). Entrctant o, tal me-
Ihoramento niio sc dilundc tao dcprcssa. pols um des
moradorcs de Santana. cntrcvi stado pelo "0 Estado de
Sao Paulo. a 27 de julho de 196 8. afirrua que qu ando so-
llcirara um aparclho em 1941, Sant ana tinha apcnas 300
telefoncs. Urn dia antes dessa cntrcvista. inaugurava-sc,
tcsuv amcntc . a cstac ao 298 . na avcn ida Cruzeiro do Sui,
passan do Santana a tcr 6.2 00 linhas, das qu ais 200 para
tclefcne publico.
A partir de 19 16 a Light passa a Iorncccr luz cle-
tr ica as vias pu blicus, ern substit uicj io a iluminaclto a gas,

( W ) Sunuva, Auunlr-u de Barros - "As re et'nlt·s l' r i a ~·i)t · s urhanas


t 'lllSao Paulo", in Arquitvturn no Br'lsil, vol , V, ['S . 29 ,
17(). 181.
(20) Pet rone. P. - oil. r-it., eitando Pau lo Rangd l'cstana, S.10
Paul o, 'I Capital ..\ rt isl ka ,

o B:\IRRO D E S:\:\T A :\:\ 9:1


que so desapareceni das ruas na decada dos trinta. SO-
mente em 1922 as ruas do Jard im America. Ipiranga c
San tana reccbcrao ta l benctlcio.f ' ")
o service de aguas c esgotos nao acompanhou 0
ritmo acelerado da cxpansao urbana.t w) c somente em
19 I5 fora m iniciados os services das redes de Agua
Branca, Lapa e Santana . Confirma-se, assim. u:na norma
mais ou menos gcra l - service s de agua, luz, esgoto e
pavimentacao prccedcm os mo radore s nos loteamcntos
urbanos planejados, em que os lotes sao de alto preco,
ao passo q ue nos suburbios, onde os moradores muitas
vezes se Ins' alam antes dos melhora mcntos urbanos, Pe-
gando baixos prccos pclos terr enos. as auto ridades tar-
dam em fomccer-l hcs um minima de conlo rto.
Embo ra scrvldo pclos bond es eletricos e pelo
tramway da Cantarcira , ainda serao numerosos, no bal rro,
par multo tempo , os vciculos de tracao animal.

•••
Sant ana, como distrito de paz, so apa recera no ultimo
ano do Imperio, a 4 de ab ril de 1889, as vespc ras, portanto,
niio apenas de uma mudanca no regime politico naclo-
nal, mas de uma futura redeflnicao de funcoes do muni-
cipio, quando, de acordo com a Constltuicao Republ i-
cana , 0 municipio sera declarado autonomo e indepen-
den te em tudo q uan to sc refere a sua vida cconomica e
administrativa, evldentemcnte respeitadas as leis federais
e os direitos de outros rnunicfpios.
Ent retanto, cmbora gozando da faculdade de arre-
eadar, em sell beneficio, impostos provenientes de "te rras
adjaeentes a povoacoes de mais de mil almas, no raio do
cireulo de 6 Kms., a partir da prac a eentral",(23) falta m
ainda as autoridades municipals, oncntacl to e plancjaruen-
to no campo do urbanismo, tanto no que diz rcspeito ao

(21) Egas, Eu~enio - "Galena des Presfdentus do Estudo de Sao


Paulo", II e II I.
(22) Egas, Eugenio - ob. cn., II e Ill.
(23) Ribeiro , J. lndfce Alfahet ico da lei n.o 1038, cap. IV.

94 o BAIR RO ne S.o\XTA:'olA
confOrto da populacao, como no que se liga it cstetica e
it paisagem urbana, salvo uma ou outra tcntativa.
Fora do centro propriamentc urbano, cstfio os nuclcos
suburbanos. na pcrlfcria, todos eles antigos povoados que
Aroldo Azevedo inclui em tres categorias - industrials,
residenciais e de recrcio. e ag ricolas. Santana, no tim do
seculo XIX, ainda sc mantern nesta ultima catcgoria. Em-
bora 0 solo paulistano nao sc]a de fato dos mals rertcts, nos
arrcdores da Cidade sempre 5C plantou alguma coisa.
A colonia agricola de Santana continuou, em certo sen-
tide, a tradicao da antiga fazenda jcsuirica. vcndcndo
certos produtos, mas nfio os mesmos ncm na mcsrna pro-
porcao de outrar a, agora q ue a Cidadc grande c pc pulosa.
com maiores cxigencias. pas~a r a a absorver tude 0 q ue
rccebc, insaciavcl, a cxigir cada vez mais. No secuto XX,
Santana, antes de sc trunsformar no bairro de multiples
aspectos de ho]c, terti os caractcrfstlcos da scgunda catc-
gorla, isto C, rcsidcncial c de rccreio, com scus " rccrcios"
e "recantos", c, ainda, com urn aspccto muito scu e
curioso, com as vcndas, ao longo da cstrada para a Can-
tarcira, de Frangos, milho verde cozldo, mel e parnonhas.

•••
A 4 de abriI de 1889, pcla lei n.v 99, e criado 0 dis-
trlto de paz de Santana, sendo estabclecidas as scguintes
divisas: F"')

"P rlnclpiam na Ponte Grande, acompanham 0


Tlete ate a divisa de Concelcao de Guarulhos,
no rio Cabucu do Guapira. seguem 0 Cabucu
acima ate 0 bairro de Cachocira, dar seguem
pclo J uqucrl-Mirlm abaixo ate antiga cstrada
de rodagcrn. atravessando esta, procurando a
eabeeeira do Cabucu de baixo, por estc ate a
ponte da Barra Funda, c da i, Ticte acima, ate
a Ponte Grande. ficando cornprccndtdas ncstas
(24) $inopsc Estatistica do Municipio de Sao Paulo, lUGE, 19.'50.

o BAlRRO OE S:\:'\TA:'\A 95
divisas as fazcndas do Bispo c a de Pedro
Doler."

As divisas deste distrito foru m alrcradas pcla lei n.v


12 19 de 24- 11- 19 10, junto a
Frcgucsia do 0 :

"Comccam na foz do corrcgo Mandaqui , su-


bind o por estc ate cncontrar a cstra da vclha da
Frcgucsia do 6 , scguind o esta cstr ada ate 0
suio des Rodrigues, scguindo as divisas do
sftio de T ristan Alves de Siqucira, at e enCOI1-
trar 0 rio Cabucu c pur setc acima ate as ca-
bccci ras c dcstas ~IS ultirnas reprcsas da Can-
tar cira, fican do csras pcrtc nccndo a Santa na, e
dcstas rep resas pclo cspigjto rn ais proximo da
ultima dctas ate cncontrar com as divisn do
J uqucr t."

De acordo com a divlsgo admtnis trativa do Brasil,


em 1911 , 0 muni cipio de Sao Paulo tern 18 distritos: SC,
Libcrdadc, Bras, Nessa Scnhora do 6 , Pcnha, Santa E fi-
genia. S50 Miguel, Sa ntan a, V ila Mariana, Santa Cecilia,
Bclcnzinho, Cambuci, Buranta, Lapa, Mecc a, Born Rc-
tiro c Bela Vista.
As succssivas altcracocs na divisao admi ntstra ttva
altcra ram cstc numcr o - 26 em 1933, 36 em 1937, urn
dis tr ito subd ividido em 36 zonas qu e cor rcspondcm ao s
antlgos dis tritos, em 1938, 39 sub-distritos em 1944, 40
sub-distr itos em 195 0 no dlstrito-scde .
E m 1950 Santa na constitui 0 x.vsub-dtstrito do dis-
trito-scdc de Sao Pa ulo. De acordo com a Sino psc E sta-
usrica do m unicipio de Sao Paulo, pubtlc ada pelo IBG E,
sao as scguintcs as suas divlsas:

" En tre a 4.° sub-distrito (6 ) c o 8.° (Sa nta na):

Comcca na serr a da Canta rcira , em fren-


te a cabcccira rnnis sctcn trional do corrcgo da

96 o BAnmO DE S,\ ~T AX A
Cachocira, desce pOl' sste ate 0 corr ego de It a-
guacu, e, por estc abaixo, ate 0 ribciri io Ca-
bucu de Baixo, pelo qual dcscc ate a cstrada
do I mirim.

"Entre 0 5.0 sub-d istrito (Santa Efigenia ) e


o 8.0 (Santana):

Corn cca na Serra d a Ca ntarcira , em frcntc


it cabe ecira nor- orienta l do cor rcgo do Guarau,
dcscc par estc ate a rcpresa do mcsrno nome,
alcanca a cstrada de Santa Ines, pelo eixo da
qual vai ate a rua V ol. caminha par csta e pelo
seu prolonga rncnt o ate a ttngir 0 eruzame nto
das linhas do T ramway da Cantareira, poueo
ao norte du I nvcruada, vai dessc cruzamcnto
ate a ponta mais ocidcntal do langue da inver-
nada da Forca Publica, segue pclo mcio do
tanquc arc ati ngir a cstrada da Invemada, pclo
cixo da qual cami nha ate eneo ntrar a cstrada
da Agua F ria, sobc por estc pela cabcccira que
nasce entre as ruas Dcz c Doze, va l ate a cs-
trada Canta rcira, avanca ate 0 caminho que
tem 0 nome de rua Imperial, por d e dc scc ate
cntroncar com a linha do Tr amway da Canta-
rcira (lin ha de G uarulhos ), segue pclo ctxo
dcssa linha ferrca ate cruzar 0 cixo ell rua M
pela qual caminha ate a cstrada do Carandiru
c por csta cami nha ate a cstrada da Conceicao
CpOI' csta ate cruzar a avcnida Angelina.

"En tre 0 8.0 (Santana) c 0 37.0 (Vi la Maria ) :

Comeca no c ruzamcn to da cstrada dn


Concclcao com a avcnida Angelina, con tinua
pclo cixo dcsta ate a estra da da Bela Vista,
cujo cixo pcreorrc ate frontcar a ponta mais
or iental da lagoa eonhecida pelo nome de
" Dcscobcrt o do G uifhcnnc''.

o HA lHHO D E S A~TA~ A !J7


"Entre 0 8.0 (San tana ) e 0 26.0 ( Pari):
Comeca oa rua da Divisa, onde esta en-
frenta a po nta mais oriental da lagoa Dcsco-
berto do Guilherme, segue pelo leito desta ate
atingir a Jinha de tones de tra nsmissao da
Light and Power, prossegue pela rncsma li-
nha de tcrres ate a Iinha Ierrca do Tramway
da Can tar cira , c pelo cixo dcsta chega ate a
ponte mats sctc ntnonal sobrc 0 Ticte.

"Entre 0 8. 0 (San tana) e o 16.0 (Born Retire):

Corneca no rio Tide, ondc He cruza eom 0


cixo da rua Itaporanga, dcsce pelo rio ate a foz
do corrcgo que vern do Obscrvatorio Ast ro-
nomico.

"Entre 0 8.° (Santana) c 0 24.0 (Casa Verde):


Comcca no Ti etz, na foz do corrcgo que
vern do Obscrvatorto Astronomlco, segue em
Jinha reta ao eruzamento da rua Tcncntc Ro-
cha com a rua Curupait i, rcta que acompanha
a rua Tcncntc Roeha c scu prolongamento
ideal, lorna pelo eixo da rua Maria Curupatti,
que percorre em toda sua cxtcnsao, ate alcan-
a
ca r cami nho mais curto, leva cstrada do lmi-
rim, segue pelo elxo dcsta ate a pon te sobrc
o rio Cabucu de Ba ixo."

Como acon tece com a maioria des bairros da Ca-


pital, 0 que cor rcsponde, segundo os Iimitcs cstabclcc idos
pa r lei, ao sub-distri to de Santana, nfio coincide, em suas
linhas gerais, ao que a populacao chama de bairro . Bairro
e dcnominac ao mais popu lar, que inclui ate uma certa
tcmu ra que cnvolvc urn POllCO de tradicao ou de lenda,
e que a lei nao consegue mudar. Ncm cxistc uma dcfi-
nh;ao precisa do que seja um bal rro; scm limites cxatos,

98 o DAIHUO DE SANTANA
muitas vezcs ab rangc ter ras que pertcnccm a mais de uma
frcgucsia ou de um dislrito, ou mais modcrna mcntc, a
mais de um sub-distrito .
o bair ro de Santana, da epo ca colonial, ou mesmo
do comeco do Imperio, nao e 0 bairro de San tana de
hojc, diminufdo na sua area , com a individualizacao de
110V OS nucleus, q ue acabaram dele sc dcsmemb rando, nada
se pa rcccndo com 0 "Balrro de Santana" cu]a po pulacao
o capitao das ordcnancas conhccia, e rclacionava , pclo
nome, idadc, cor, cstado civil, numcro de filhos e cscravos,
e ate pclos havercs, Segundo Nut o Santana. tv") 0 antigo
bairrc de Santa na dcsdob rou-sc em : Trcmcmbc, Canta-
rcira, G uapira, Carandiru, Are al, Vila G uilhcrmc, Vila
Maria, Parada I nglese, Jardim Sao Paulo, Vila Mazzei,
l mirim, Chora Mc nlno, Santa Terczinha. alcm de varios
outros de menor Irnportancla. Algu ns destcs pcrtcnccm
atualmente a outros sub-dlst ntos, cnquanto alguns per-
tencem ao sub-dtst rtto de Santan a.
T odavia, Santana de hojc e, de fate, 0 ant igo nucleo
que florcsccu em tom e da capcla construtda nas tcrras
doa das aos jcsuftas, c que sc cxpandini, posterlormcntc,
alent des lotes da Colo nia ali instalada, primciro em
turno do Colcgio Santana c da Capcla de Santa Cruz,
dcp ois junto a nova Ma triz. E como peque nos satelitcs.
os novas J ardine, as Vilas, au ccrtas reallzacocs oficiuix,
como Pcnlrcnciar la, Acropo rto, etc.
Dccrctos do seculo XX. cstabclcccndo novos distri -
tos au sub- distritos, dfio uma ideia des dcsmcmbramen-
tos a que nos rcfcrimos. 0 distrito de Tuc uruvi foi criado
pcla lei cstadu al 11 .° 210 4 de 29·12·1 925. tendo sido des-
mcmbrado de Santana. Pclo decreta n.v 86 37, de
30-8-1934 , foi esta bclccido 0 sub-distrito do Pari com
tetras desmcrnbra das do Bras c de Santana. A 41." zona
distrltal de Vila Maria, crlada pelo dec reta 9859, de
23-2- 19 38, foi Iormada par tetras dcsmcmbr ada s de San-
lana q ue, pclo mesmo decreta, se tra nsforma em 8. a

(2:5) Santan a, .\""1110 - '·:-'k tropo!c ", vol. II , p . 107.

o DAIHn O DE S:\ XT A;.JA uu


zona do distr ito de paz de Sao Pau lo. Tambcm 0 sub-dis-
trit e de Casa Verde sera for mado poT tcrras dcsrncmbra-
das de Santana .
Outros sub-distri tos scrno csta bclccldo s mediante des-
membra menlo tambem de un idadcs novas: de terms de
Nessa Scnhora do O e de Casa Ver de sera formada 0
do Lirnao: Vila Guilhermc compor-sc-a de terms dcsmen -
bradas de Santana. Par i c Vila Maria; de Ne ssa Scnhora
do O. Casa Verde e Santa na serao des memb radas as
tetras q ue formarao 0 sub-dist rito de Vila Nova Cachocl-
rinha. f-")
o maior sub-dlstrlto a sc dcsmcrnbrar de Santana e
Tucuruvi. com 89.0 7 Kms.v, cuja dcnsidadc de populaca o,
em 1968. C de 3955 habitantcs por q uilomctr o q uadrado .
De todos os sub-d istritos da rcgiao norte C T ucuruvi 0 de
maio r area c menor dcnsida dc de populacao. Casa Verde
sera 0 de malor dc nsidadc, com 7,11 Kms.> e 16263 ba-
bltantcs po r quitorn et ros quadrados. scgulndo-sc V ila
Ma ria, com 11, 19 Kms." c 1262 6 habltan tcs per Kms.s
Com tais dcsmcmbramcntos, mutt os Iotcam cntos aca-
bam pcrt cnccndo a mais de urn sub-distrito, como c a caso
do Jardirn Sao Bento. em tetras que pc rtcnccram, dcsdc
1905, aos manges bcncduinos. na antiga chacara des
Mo rrinhos. Ai , junto a sua rcsidencia. os monjcs co ns-
truirar n uma pcqucna capcla. na a ria do mat o. junto do
ponte final da rua Alfredo Pujol. Dcdlcad a a Nessa Sc-
nh ora da Gloria , Ioi construfda pclo irmfio leigo Antonio
Schom mer. O . S. B., hahi l carpintciro, que, todos os dias.
dcpois de fechar a ca rpimaria, na C hucara. ia rezar 0
terce com urn grupo de cria ncas , diantc da imc gcm. Para
atrair as criancas. 1;1 havia, no patio. da is ba lances feitos
pelo plcdoso car plnteiro.
A 15 de agosto de 19 38,0 prior do mostciro de Sao
Bento, D. Amaro von Emclen, prcccdcu ;1 bcn crio d n ca-
pcla, passan do, cntiio. a haver missa diariamcntc. as 8
ho ras da rna ulas de catecismo. as 14 horas. ES4
..flQU,,,O
~ta. 2J..l.I96.5!lo-.1.O
.
100 0 '. \ 0 B.\lImO DE S,,"XT:\ X:\

~
~ . 'IlL It"T£ C, : \
p ,) 0 1::~!9
'''!M.~
ta ndo em Roma a arccbispo D. Jose G aspa r de Afo nscca
e Silva, cmpcnhado em .desdo bra r paroqulas da arqui-
diocese, cscolheu a lgrcjinha de Ness a Scnhora da Gloria
para scdc da nova frcgucsia de Sao Pedro de Alca ntara,
ofcrcccndo-a ao Mostciro de Sao Bento. Seu primciro
vlgarlo fol D. Ama ro von Emden, com provisao de
11. 12· 1939, c posse a 3-3· 1940, substitufdo, dc pois, por
D. Polica rpo A mstal den, cmpossado a 8-9-1940.
o novo vigari o, que era Reite r da Faculdade de
Filosofia de Sao Bento, mandou construtr a rcsklencla
pa roquial c fund ou as primciras assoclacocs pa roquiats,
dcscnvolvcndo ainda a Escola Paroquial.
A imagc m de Nessa Senhora da Glo ria, que mcdc
1,60 ms., C uma rccordacao da antiga Igrcja de Sao Bento,
~l qual Fcrniio Dtas Pacs tcrla feito doacao. B uma ima-
gem esculpida em madeira c que, cncontrada " no mcio
de outras vclharias'', como diz D. Potlcarpo, avarl ada c
abandonada, foi resta urada pclo trade carpint ciro, rcabi-
litando-a para 0 culto pub lico.
Postcrior mcnrc a Igreja passou para os missionaries
de Nossa Scnbora Consolata, 'lOS quais as bcnc ditinos
cedera m, para rcside ncla, 0 antigo Observutorio de D.
Miguel Kruse, const rufdo na Chacara, e que j,i nfio cstaria
funcionando em 1946 .
Q uando os bcncditin os dccidirum lotcar a Ch acar a,
os missio naries proe uraram alargar scu campo, esta belc-
condo uma paroquia no lmirim, e, dep ots, uma outra no
Chora- Menino - ambas, pols, s50 filhns da pa roquia de
S50 Pedro de Alcanta ra. Com fina nciamento da Caix u
Econurnica. construfram, mais ou rncnos em 1954, 0 Ins-
tituto dos Missionarie s da Consolata.
Do lotcamcmo lias tet ras do Mos tciro de S50 Bento.
que pcr tcnciaru, a prindpio, ao dist rito de San tana. fni
cncarrcgada a firma Camargo Correia, que mandou asfal-
ta r as ruas, valorfzando bastantc as lotes , fazendo do
"Jardim S50 Bento", urn novo bairro rcsidcncia l ... ate
o dia em que foram cons tru fdas ali algumas fa bricas.
Tais te rrenos pcrtcncem at ualmcnte a Casa Verde e a

o HAIHHO D E SA:\"TA:\"A lUI


San tana, mas do lado destc pcrmanccc ai nda 0 caratcr
rcsidencial.
No J ardim Sao Bento c xistc ainda a an tiga scdc da
Chacara construfda em 1702 (pelo rncnos csta data q ue c
sc ve num a das po rtas). Tod avia, no mo men to, csni alu-
gada a gm njciros, transforrnada em incubadclra, e na pc-
qu ena sa te. a dire ita, que fo i a sua a ntiga capela - de
aco rdo com 0 sistema muit o difundido na zona r ura l _
hoje estri in staladu uma pa uperrima cozinhu. No alto de
uma das portas de entrada, eujos batcm cs sao de madeira
trabalhada , ainda cx tstc uma taboleta com os dizcr cs -
" privati....o dos rcligiososv.p't)

. . * '"
Em 19 18, ao uprcscn tar scu Rcla to rio (I Camara
Municipal Washington Luiz, q ue m ra prc rcito da Cidadc
de Silo Pa ulo nos a nos dlffccis de 19 14 a 19 1R, dcpois de
cxpiicar, em lin ha s gerais, as mat or es dificu ldads com q ue
lutnra , lam cnta ndo nao tcr pod ido realize r "obras q ue
marcam tem pos c consagra rn pcnodos admlnlstrat lvos",
rcfere-se aos bcns imovcis patrimoniais do M unicipio.
lcmb rando que tais bcns rcprescn ta m ainda a doacdo feita
por Marti m Afonso de Souza, confinnada po r ca rta de
scsmaria de 25-3-1724 cxpcd lda pclo Capitno - general
D . Rodri go Ceza r de Mcnczcs. I ' ")
Ent re outras, pcrtcncem ao patrimonlo do m unicip io,
a" tcrr as junto a Ponte Pcq ucna, a ma rgem csquc rda do
ca na l do Tamand uat cl. na cpcca ocupadas com dcpcn-

(2. i) I nform a~~-,,·s ohtidas no Xlostciro de S;'O Bento, g ra\'as i~


boa vontado de D. Da niel Sutncr (a q llem dcvemos tambem
a plunta do sili" (I" \ Iorr inh o, dist rtto dl' Sant:ma, 1011) e
D. l'olk ;lrpo, I' 'linda, no Livro do Tomho 11,' S. Ped ro lie
Alcflntarn, gra~'a, :\ g('llti!,'za (In IX'. Jo;,o Tolosauo, ntnul-
mente cnmo elm-tor do Instltutu dos ~lis s ioll;iri<ls ILl Con-
soluta. 0 utunl vig:ir i" i- " Pv- Z pfe rilw Fastro. Emboru 0
J..r rdim Sao Bento pcrtcnc u, ern quusc su a totalfdude, an
, " b-distrilo <1(' Casa V'"nle, sua hi,tbria pcrtcnco t;\m!>tm
a Santana, (Ie oudc ,I' dcsnu-mbrou.
(~8) Pereira de Soma, " 'ashingloll Luiz - Rela l{lrin aprcseutndo
it C:l tllar a \Illnidp.\l de Sao Paulo, 1.0 vol., 1919.

102 o B:\ IRRO D E S,\XTAXA


denci as da Zon a Lcstc. do Service de Lim pesa Publica da
Cidadc. As terms da Varzca de San ta na , a dl rcita do r io
Tier s, pcrtcnccm ao Patrimonio Muni cipal, por conccssfio
do Estado. de acdr do com as leis cstaduais n.v 16, de
13- 11-1 89 1. n." 323 . de 22-6-1895 . n.v 1038, de
19-12- 1906; dccrcto s n.v 73 4. de 5- 1-1900, n.v 1454, de
5-4 .1907, c n.v 1533, de 28- 11- 1907 . Tam bcm csnto
ncssa sltuacno as tetras junto it Chacura do Mostclro de
Sao Ben to c as ocupadas pclo Clu be Esp crla, ju nto a
Po nte Grande.
1\"50 obstante as dificulda des, 0 prefe ito procura ra
baratea r a vida da populacao, c dcsc nvolvc r os m eios de
trans porte c de com unicacoes, d iminuindo 0 custo de vida.
Asslm, autorizn 0 calca mcn to de va rlas r uas, ent re as
qu ais, a rua Am aral Ga ma, ent re as ruas Consct hciro
Mor eira de Barros e A lfredo Pujol, em Sant a na. Alcm
disso, a linhn de bond cs San tana e prolongada ate a po r-
tao do Ccmltcrlo local, scr vindc tam bcm £1 rua M oreira
de Barros.
A ssim. fica senslvelmentc melhorado 0 sistema de
tran spor tes do bair ro, pois ncssa epoca j a cxistem dez
csracccs 010 longc da cstrada do T ramway da Ca n.arcira,
q ue em 19 16 pcrco rrcu uma cxtcnsao de 24 1 220 Kms.,
tendo transportado, ncssc ano, 1 495 992 pcssoas.fw )
Mas serao os anos vindou ros de ardua luta.
Em 1918 a capital paulis ta sera assolada por urna
dcva stadora epidemic tic gripe. A Cid adc ini se trans-
forma r em lim vasto hos pital, ondc sc poe a prova 0 cspi-
rito de solidar icdadc humana c de cr tstianismo . T oda a
populacdo valida a postos. a prcfci to to ma mcdi das ex-
ccpcionais. particularmcnte nos ba irros ondc a dcnsidad c
de populaca o c maior. Nos hospi tais e nos pos tos de so-
corro de cmc rgencia trabalha-sc dia c noit c. E nos Cc mi-
tcrios - aumcnrou-sc o numcro de covctros, cujo saki-

(29) Anllad o E~t atl~t ko (19 16). Eiv al~"U lls mun eros que mcstmm
o dcsenvolvlmento do buirr o: a Comp;lIlhia da Centan-t ra
t ran-portou. em 1912. 461.888 pessoas: ('11\ 1914, 1.3-13.41 9;
e lll 1915, 1.·152.99 2.

() HAlII lIO DE SA:\'TA:\" A 103


rio foi a umcn ta do; do tados alguns ccrmtcrios de luz clc-
trica para sc rcalizarcm cntc rramcntos tambe m a noire _
abrcm-sc covas scm ccssa r, cnqua nto se impro vlsa m fa-
bricas de caixocs mor tua ries.
Em Santana foi instalado um H ospital Pr ovlsori o no
Grupo Escolar, ondc as irm as de Sao Jose, do Colcgio
Sa nta na, forum enfermeiras dcdic ada s. Durante esscs dins
o Colegi o ma ntlvcra-sc Iccha do, cnquanto as irmas Can-
dida, Bea triz, Regina, Baptista, Ma dalena, c outras, ao
lado de madre Virginia, se dcsdobravam no tra ramcnto
nno s{) dos dncntcs instalados no Hospital, como vlsl-
la ndo toda a Paroquia . lcvando contorto cspiritual, alent
de remcdio c alimcntos.I'")
Tambcm em Hospital de Er ncrgencla to t transfer-
made 0 O ua rtcl ondc sc alcjava a l.'' Companhia do 43.0
BC, rcccnterncntc construfdo, no local da antiga scdc da
Fazcnda Santana,
Nee obs tante tais dificuldadcs, a qucsrao des bcns
pat rimoniais do M unicipio podcra scr rcsolvld a, dando
ma rgent a mclhoramcntos urbanos COl vartos bair ros, fa-
cilitando ainda a construca o, por particula res, em terrenos
cuja posse lhcs fora rcconhccida lcgalmcntc.
Um a tmpor ta ntc qucstao entre a Municipalidadc c
pa rticul ar cs fui dccidid a, quanto :1 posse de tcrras na
Coroa c na Varzca de Santana.t" ) Ccnto e oit cnta e
cinco intcrcssados juntaram os documcntos de sua proprio-

(30) Silva, O livia Sehasli,m a - " L'ma Alm a de Fe - ~ Ll(l rl'


~l ar ia 'Feodora Voiron (I H:n- l\h?,5), p. 210;:3.
(3 1) Perei ra de Souza, \ V. L. - IId a l,'lrio apn '",nlado it Camara
.\ h midpal de SfUl I'a lllo HHJ11i ), 2.° vol. , .'5 .'5 3 . Xos autos de
di seri mina<;a o (la s «-rrus dcvolutus do pcriuu-tro Cur.mdtru-
Corn" , no hairro ,I" Sa nlana, ('on,l a 0 l"'rimdrn 'comccanclo
no rio 'l'i d <\ no ponto em q ue ,~Ie eutmvc ssado p, . I;1 Punk
G ra nd e, dui ~l'gllindo \wla rna \'()I"nl ,i r i o~ da l':ttri'l, ale a
" str,lda <10 Carundiru, dai por ,'Ia at{, o ponlo ondc a nw~ma
corta {) C(lrrq~o llo C ar a lldiru , <Iai po r da ale , WIS c ube-
cctras, (h i contimuuulo ]1"la ",trada d" rod a g" lll d e C on -
ee i<;ao (le ( ;"arulh"" at (, fr"llk a r as ealwe('jr;lS do e(,rre go
dus Pcdr as ,1('S{'{,"do por t'ste ale 0 rio Ti e tE\ c p or dste
a ba ixo ale u ponte de par tidn, comprcendr-ndo ,~, t" lWrl-
llldro todns as ilhas c ti l'l'~qll<,ras do rio Tide," Ve-sc, pvr
(~ ,Ic per fmutro co mo 0 c ntflo distrito de Sa nt an a ahra ng ill
terras que utuahncnc pertcnccm a muitos sub-dis tritos.

104 0 H:\ IH HO D E SAj\;'L \:\, A


I ~
dade sobre cssas terras, havcndo alguns ainda que rcqu c-
reram prazo para cxibir titulos. Examinados os docum cn-
tos, verificou-se qu e a rnaioria delcs, de dat as reeentes,
rcferc-se a parcelas de antigas propricdadcs, cujos titulos
sao antcrio rcs a leis que dlspoem sobr e tcrras dcvo-
lutas.(32) Sao elas - 0 shio da Varga, 0 sitio das Vel-
lozas, e parte do sitio Bar ucl, 0 sino Bela Vista, 0 sitio
Bonifacio, 0 sitio Fortaleza, propr icdad cs cssas que corn-
prccndlam a parte extrema do perimctro discri minado.
Uma da s prop ricdades e de G uilhcnne da Silva, de-
nominada Vila G uilherme, composta de tres partes -
511io da Varga, ao qual j a tivemos ocasifio de nos rcfcrir,
e que, dcixado em invcntano a Josefa Eufrasia de Belem,
com uma part e adqui rida em 1832, a Felizarda Mari a,
viuva de F rancisco Bueno (doacfto de Ocrtr udcs Mari a
do Carmo) , Ioi vcndido ao Con sclheiro Bar no de R ama -
lho, qu e rcgistr ou a prop riedade em 1856. ( 33)
o sitio das Vcllozas, cuja origem esta na venda feita
po r Catarina Rodrigues de Barros em 1760, a Pedr o Coe-
lho da Silva, passando po r succssao, a Felipe San tiago
do Rosario, Francisco Mar ia e sua irma, padre Antonio
Vcloso e Valer iana Veloso, Joaqui m de Paula Salles, An-
ton io Mari a do Curmo e Narciso Silva Br anco . T ais tcr-
renos foram arrematados pclo consclheiro Ramalho e
comendador Fidelis Nepomuccno Prates Jr., que as par-
tilharam mais ta rde, fiea ndo 0 eonselheiro Ramalho com
a parte adjaccntc ao sitio da Varga, da ta ndo de 1855 a
divisa clara dcssas terra s pclo rio T icte; a par te adqui-
rida de Antonio Joaqui m Bar uel e parcc1a do antigo sitio
Baruel, sob re 0 qual ha, no processo, diversos titulos qu e
satisfazcm as exigencies lcgais.

(32) Decrcto n.o 734, de 5-1· J900. que (11-1\ regulnmcnto para a
excl'u\'iin <las leis 11.0 323, de 22-6-189.'>, 11.° 5·15, de 2-S-1I;gS,
e n.o 0.'55, de 23-8- ISmJ (d. P. de Souza, oil. cit., vel.
II, p. 5.16.
(33) A Lei de Terms de 1850, f('glllammiada e-m 1854, estabc-
Jeceu 0 registro obrigatorin des terrenos. Atual mcntc, lai_
regislros, eonservados no Departamento do Arqllivo do Es-
tado d.. Sao Paulo, nao C!>tao 11 disposil,',io do pIlhliro pa ru
ronsultas, sO sendo alelldidns cs ped idos de c1·rtid{x.'S, feitcs
de nc drdo com a norma legal.
lOG o HAIH n O DE SAXTA:'oiA
Verificou-se que, na s divcrsas epocas em que foram
feitas transfcrenclas dos shies da Varga e das vellosas. as
divisas entre esscs dois sftios se corrcspondcm perfeita -
mente. Alern dissc, a propnc da de de Vcloso, Filho &
Cia. c parte de tcr ras qu e pcrt cncerar u outrora a Miguel
Menton, com ancxacao de pcqucna parte do sftio da
Varga, situa do entre as valos daquelas terms e a linha
do "B ura co do lnga". a s documento s cxa minados coin-
cidcm com os dizcrcs de invcntarios cn tcrlorcs.
Tambem ficou reco nhccida a posse em favo r de Lino
Pires Tavares q uant a a ilha formad a pete Tiere e pclo
Ticteq ucra, no bai rro da Corea. de acordo com carta de
scmcnca passada em 1892 aprcsenta da pclo tntcrcssado.
que rccon hccla a prcscrkao uq uisittva por ocupacao de
mais de trint n anos, 0 q ue csni de acordo com as oxigen-
clas do dccrcto n.v 734, qu e rcconhcc c como de domlnio
as posses antcrio rcs a 2 de agosto de 186 8.
Apes algumas duvidas suscltadas por uma cscritura
publica datada de 6-5-1873 , que satisfazcndo embora as
exigencies do decre ta, aprcscntava divisas obscuras na
parte correspondcntc aos Iundos, considcmda a Ircnte pclo
atcrrado de Santa na, arualmcntc dcnominado rua Volun -
tarlos da Pat ria, foi rcconh ccida a posse de Klabin , Irr nao
& Cia. a terren os qu e ante s pcrtcnccra m a Francisco
A ntonio de O liveira Ca mpos. Tais terrenos fazem fundo
com a cluicara dos herdcl ros de Jose Bonifacio de Toledo,
de acordo com escritura datnda de 1873.
Assim, de acordo com a sentence publicad a no Dia-
rio Of icial de 19-5-19 18. assinada po r Ca rlos Decou rt,
foi homologada a disc riminacno do pcrfmctro que abrangc
as terrenos situados nos bnir ros de Santana. Carandi ru c
Coroa, no distr ito de paz de Santa na , mun icipio c eo-
rnnrca de Sao Paulo, pa r cuja scntcuca foi considcrada de
clom fnlo privado a totaltdndc dos terrenos comprcc ndldos
dcntro do rcfcrldo perfmctr o.
Fcita a discrlminacao, pudcram, livrcmcntc, 0 :'. pro-
prtcnlrios de tais te rrenos. fuzcrcm lotcam cntos e neles rca-
lizar algu ns mclhoramentos. havc ndo, pa is, um pequeno

o B.\IRRO DE S.\XTAX.\ 107


sur to de progresso, com cvidcn tc mclhoria quanto as ruas
de maior movimento que, aos poueos, iriio scndo pavimcn-
tadas . E a te 0 scrvico tclcfonico in! scr ampllado, pols
em janeiro de 1926 Santana dispora de 212 aparclhos,
com uma media de 1630 Iigacocs.
Em Vila Zelia, distnto de Santana, scrao lncorpo-
radas ao domi nic publico do municipio, as arc us que
constituirao 0 k ilo de qu atro r uas c tres prar;as,e~) rccc-
bidas de Correia c Santos. No mcsmo a no (1 930), sera
autoriz ada a ccssao uo Clu bc de Rcgat as Tictc. de urna
area il ma rgcm di rcita do Tietz, no local mais convcnicntc
pa ra instala cao de sua scdc, scndo cedidos seu usa e gozo
a titulo gramito c prccario. Bvidcntcmcntc a ccssao de"
tuis terrenos contribuirfio par a da r mnis vida nos bai rros
da margem dlrclta do T icte, ainda urn pouc o fora da in-
nuencta da vid a intcnsa da Cidadc.
A lcm d isso, algumas firm as import antes proc ura m
introduzi r ccrtos mclhommcntos, inclusive doando tcrras
pa ra a fund acf iu de ccmitcrio adjaccntc ao j<i cxistc ntc.
como e 0 cuso da Socicdadc Bencficlentc Israchta que doa
a Municipalidadc 5300 m> de terrene pa ra tal fim.e ·' )
T od avia, Santana ainda aprcscnta, a essa altura, um
eerto aspccto de zona rural. Uma "cstatfstica de transite
das cstrad as municip als num pcrfodo de 24 horns "rcvcla
o scguintc, em 1926 :

E ~ lrad ;l ~
Vcic. a
Aul " m oveis T UlaJ
Ir a !.'. lIlIim.

Sant o Amaro ... .. 7\J9 223 J022


Ca" t;uei ra .. . . . (;RO 231 91-1
Cmupinas ........ 57 0 :n :5 \JO\J
S. :\Ii gud (Hio ) .. . 70-t 1.1R 1)-12
Santana-Limiio so tss 2HJ
Sa nlana-:\ la nd aq ui 130 67 HJ7

(3-t) Terfio (IS nomos de Hafw·J de Oliveira , Joao de Castclhano,


M at c us L emc, P ew d e Campos, Clara Fernandes, jcronimn
D ias c Ana Tenorio (Lei n.v 3..562, de 13-9-1930).
(35) I't, ,, do Rio - Hclatori o 01'' "''0",,10 " Cdmnea Municipal
de SilO Paulo (1926).

108 o BAlRRO DE S A :\' TA ~ A


da Luz) , e a de Sant'A na, com 1305 alu nos, cujn maior ia
dcscc ndc de pais cst ra ngci ros (5 11 sao filhos de brasi-
lciros, 749 sao de cstrangci ros) . Existent ainda duas
Escolas Reunidas - uma noturna. na colina. em Santana.
com tres classes c 2299 alunos. na Parada Jnglcsa.
Santana e a rnais importa nte bairro da Zona Norte,
como se podc vcrifica r pelo scguinte quadro de populacao:

Po pu l a ~ao dos su b-distritos da zona Norle

I Sub -d btrttus 1934 1940 19;;0

S.\:\T-\:'\.-\ .... .. ..... 43 51-;15 51 01)1 !JO l!l/5


r'1('llrllVi .. ...... ... .. :2-1 (n~ 3.1761 SS 72!l
Casu Verde ...... 13 -t5:2 :2:2 1:20 5S 5il
Vila \ !aria .... . . .. . .'5 722 I." 21H s I :In
N. Senhum do ( > . .. .. .. 7 I-i(;(; 1.'3 4.16 .;101 2

Balr ro cuja dcnsldadc de populacao, e m 11.)50 sen,


2367 habitantcs por qu ilomctro quadrado, ainda em 1911
so possuia 65 1 prcdio s em todo 0 distr ito, pa ssandc a
1707 em 1 9 1 8. ("~7 ) E nqua nto as bairros r nals cent rals,
como Sc. Santa Eflgenla. Consolacao vern dirninu ir a sua
populacao ncssc pcriodo, Santana cont inua em ritmo
asccndcnte. como todos os out ros bairros da zona norte,
que passam a ser procurados nao so por aquelcs qu e
buscam terrenos mals baratos para construc ac de casas
de tipo media, mas tam bcm por pcssoas de maiorcs
rccursos. em busca de terrenos mais amplos pa ra 0 csta-
bclecime nto de chacaras ou casas de campo, a u ai nda
para rccrelos campcs trcs. Novos lotcamentos scrno fcitos,
alguns sem plane s urban isticos. Fcitos, muitos delcs, por
cmp resas lntercssadas rnais em lucros rapidos c Ieccis do
que no confurto J us compra dores, tais lotcar ncntos resell-
tlr- sc-ao da falta de mcfhommcntos csscnciuis, como luz,
dgua e csgotos.
Fatorcs dlvcrsos cont rlbucr n pa ra a cxpansno da Ca-
pital , transformando- a em verdadciro "fcnomcno urbane",

de I'opulacjo c l~ stat i s l ica ~ lllTal, ps. 2 12, 2:20 {' 238.


(37) Petrone, 1'. - ob. ctt., p. 129.

o HAlRRO DE SAXTAXA II I
como sallcut a Petrone. Mais Ior tcmcntc. os de ord cm
cconomlca - suhstituicfio da monoeultura ca rcctra pcla
policult ura, cxpansao cia redo de estradas de rodagcm,
pondo a Ctdadc em contacto com Minas Gerais, Goies,
Pa ra na, indust rializacao em rttmo acclc rad o. 'Iuis fatorcs,
aliados ;\ imig rucao cs trangct ra, Iazcrn de San Pa ulo tim
centro de convcrgencia tam bcm de brasitciros de outros
Estados, cont ribumdo para 0 aumcnto da po pulacgo
urbana, e. natu rahnente para agravar as problemas da
cidadc que crcscc rapidamcntc, a exigir, com urgencia ,
novos pianos de urbanlzacao.

Um tmportantc fator de ocupacao c cxpa nsrio foi 0


Tramway da Cantarcira, 0 "trcn ztnho'', como foi conhe-
cido durante muito tempo.
A "Canta rcira" n50 foru criada para tran sportc co-
tidian o de passagciros. mas. inicialmcntc ( I X9 3) cons -
trufda para facilitar 0 ccntatcto com 0 Rcscrvatorio de
Aguas da Serra. Dc bitola cstrcita ( 60 em), sell ponto
inicial de pa rtida era 0 Pari. porto do Patin da S. Paulo
Railway c do atcrrado do Gasomctro. em vlrtudc de sua
ftnalidadc iuicial que incluia o transpor tc de matcriais . S6
postcnormcntc tcria passado a transporte alguns poueos
moradorcs da zona. ou. event ualmen te, passagciros em
busca de descanso ou divertimento no suh urbio apraz ivcl
cia Canrarcira.
Bsq ucmaticamcntc, a cs rrada era um Y, com vert ice
no A real. c galhos da Cantarcira c de Guarulhos, me-
dindo, incluindo us ramats, 50 Kms. de cxtc nsao. Simples
linh a de service para as obras da captacao c aducao de
agu e para a Cidadc, foi, de Iato, 0 primci ro transportc
colctivo da Zona Xortc. scrvindo aindn pa ra 0 abas tccl-
m ent e do Mercado Municipal, c uja localizacao cxigiu ()
rccuo da cstacno. Um segundo rccuo, dcsta vez para a
ruu Joao Tcodoro, foi dctermina do em virt udc do con-
gcstionamcnto da zona, csscncialmcntc atacadista, e do
usa crcscente de ca rninhocs.

112 () BAIHno D E SA XT A ~ A
E m vanas opor tunidadcs cogitou-sc da reforma da
cstrada, ao longo da qual, m uitos pro prietaries de terras
abriram portocs para a faixa tranviaria, tra nsformando-a
em rua. Tais reformas poderiam transforma r 0 T ramway
da Cantarcira em radial metropolita na, ou, em pcrfcita
cstrada para unibus, ou, ainda em longa c con for tav cl
estrada de ferro ... S )e
Em 1925, estudos sa bre a construcao do Mctropo-
litano rcaltzados pela Light nfio eonsideraram de urgencia
uma linha metropolitana pa ra 0 Norte, visto scrcm, cntao,
satisfatorios os services do T ramway da Cantarcira. N u-
quela epoca, pois, uma linha do Metropolitano naq uela
dirccao, niio ser ia, de forma alguma, pnorttaria.t >")
Mas, ao fazer um cstudo (1928) para refor ma da
Ca ntareira, a pedido do Govem o do Bstado, 0 prof. An-
to nio Carlos Ca rdoso aprcscntou urn plano que consistia
na tran sfor macn o da Canta rcira numa cspcclc de linha
mctropolita na c1etrificada. A linhn tronco scna clevada ,
dupla, pa rte na A vcnida Cr uzeiro do Sui c vrirzca, pa rte
sobrc 0 canal do Tam anduatci, Iazcndo-sc a comumcacao
com 0 Centro pela coordcnac ao com a redc da Light, me-
dian te transbc rdo no Mercado.
A ideia de sc cons truir uma linha mctropofita na per-
sistiu ainda quando se fez 0 "plano de avcnidas", quando
era prcfcito Dr. Pires do R io (1 929 ). No plano, "0 scto r
No rte scria servido por uma linha clcvada Ta r uanduutci-
Cr uzeiro do SuL com possfvcls csgalha mcnt os supcrficiais
ao longo do T icte", e "urn segmento do a ncl cent ral eons-
titui rin a ligacao final entre as linhas No rte (Santana c
Cantareira) c Sui ( Santo Amaro ), que complctarlarn uma
import ante c Iogica dia mctralv.t-v)
Para Prestes Maia, em seu Rclatorio como prcstdcntc
da Co missao do Mct ro polita no, 0 pcrfodo de 1938-1945
rena stdo. na Prcfcltura, urn pcriodo mais de realizacocs
(38) Pr estos ~ I a m , F c outros - Antc-proj cto de um sistema de
transporte rapid o, P 194.
(39) Pr es tos Mala , F. C o utros - ob cit., p. 37.
(40) Prcstes Xlaln, F. C outros - ob. dt., ps. 46 C 47.

II' o BAUHl.O DE SA:\T A:\' A


que de plancjarncnto, mas foram fcitas prcvrsocs. rcscr-
vando-sc passagcns para 0 tracado do ructropolitanc. M o-
dificando-sc a prop ria cstrutura urbana, os antigos pIa nos
do Met ropolitano tivcram q ue ser readaptados, considc-
rando-sc absolutamcntc necessario 0 novo sistema de
transportes, adrnitindo-sc a possibilidadc de linha .. etc-
vadas. supcrflciais c subtcrra neas, segundo 0 pla no de
Ma rio Leao.(~ l) A s Hnhas radials senam Xonc ( Sa n-
tana), Esracao da Soroca bana, Co nsolacao- Rcbovcas-Pi-
nheiros. Ito rcro-Santo Ama ro. Joiio Mendcs- Rlncao da
Tabatingucra-Penha. Pclo plan o, a linha Norte sair in e m
clcvado, do Patio do Colcgio, pararia no Patio do Pari,
donde prosscguir ia. mediante transbo rdo, pcla cstr ad a
Ca nta reira, refor mada . q ue a i chcga rta em subtc rra nco .
Estc plano, anafisado pcla Co missao do Mctropoli-
tunc. pa rccc contplicudo nu solucao da linha No rte "de-
vido a r nanutc ncno da Cantarcira com o rad ial autonomn,
obrigando a uma bnklcnciio d tspcnsavcl. assim como pela
adocno do sub tcrranco ao lon go do Cunal't.t")
Data de 194R urn projeto da Cia. G eral de Engc -
nharia. em que 0 tracado proposto rcsu mc-sc a trcs linha s
diamctrais, em que a linha ~-S co mpo r-sc-ia de du as
radiais oposras. A Norte partiria em subtcrrunco do Par-
que An hangabau. scgui ndo pcla avcnid a A nhan gnbau In -
ferio r. Carlos de Souza Nazareth e Ti radcntcs. ate a rua
Bandcirantcs. ondc cmcrgira. passando a elcvado, C ter-
minando a pr im eira ctapa na Ponte Peq uena. an tes do
Tamanduatci, mais ou mcnos na pr aca Jose Roberto. ;Sao
foi cst udad o 0 prosscguim cn to , q ue a pcn as Ioi indicado.
par ccendo qu e era intcncao scguir por Tlradcn tcs c Vo-
lunt a rios da Pat riu, em dcman da do T ram way d n Ca ntu-
rcira , no Curandi ru . Scria uma Iinha muito cur ia, e. SI:-
gu ndo 0 parecer da Com issao do Met ropolitan o, " a rad'al
Norte tcrm innria mal na Ponte Pcq uc na, q ue, ulcm de
pro ximo de mats. nllo c
ponto irradiantc, C o prolon gn-

1-11) Prestos .\ Iaia, F. t' outros - ob. ctt., p. 53.


(42) Prestos .\Iaia, F. l' outros - 01,. r-it., p..'5(i.

o B.-\IRRO D E S.-\XT.-\X.-\ 115


mcnto suma riamcntc apomado, p rejudlcana cstc ticarncntc
a Po nte Gra ndc". (43)
Curta tambem scriu a linh a Norte-Sui ( Mocma-San-
tana) , do tracado proposto pcla Compagn ie du Chem in
de Fer Mctropolitain de Pa ris (1 947 ) .
Analisando os divcrsos tracados para um sistema me-
tropolitano, ofcrccidos :IS aut orid ades m unicip als, a Co-
missao do Mctropolitan o, nor ucada em 1955 pclo prcfcito
Line de Matos, soh a prcsidencia do eng. Prestos Maia ,
salic nta q ue a soluciio mctro politana. sob dctcrminados
pontes de vista, 6 m ulto rnais vantaj osa qu e a avcnida-
expressa, scndo soluciio csscnciatmcntc dcrnocratica e po-
pular, para a m assa, alcm de aliviar as r uas. t - ") A vcr-
dade IS que c precise trazcr as pcssoas a
ckladc, e nao
prop rtamentc, os au tomovcis, tr ansporte comu rn aos mais
afortunados.
Consfdcran do 0 a umcn to da populacao da Capita l
pa ulista, a const rucao des linhas mcrropolitanas scna im-
prcscindtvcl. Em Sant ana, de 1940 a 1950, a aumcnto foi
de 63.75 % (a populncao ressou de 550 8 1 para 90 198 ).
Mas ern algu ns batrros do Norte, como V ila Maria. Ne ssa
Scnhora do 0 , 0 aumcnto foi alent de 200% .( 4'-' )
Urn q uadro de " passagciros transport ados nos ano s
de 1948 c 1955 "rcvcla que para a zona No rte ( Sa ntana ),
houvc urn aumc nto de X6% no numcro de passagciros
tra nspor tados por onibus e bondcs incluin do 0 transpo rtc
pete T ram way da Cantarci ra. Maior porccntagcm, 50-
mente na zona Sudocstc ( Pi nheiros ), co m 9 3%.
Num a estimative de "Passagciros p rovavc is de SIS-
tema de Metro". anos de 1955, 196 0 c 196 5, C a zona
No rte (San tana ) q ue ofcrccc maior aum cnto de um Pc-
r iodo para o urro, isto C, 1955 - 60.2 00.000; 196 0 -
93.000.000; 1965 - 145 .000.000.

(43) Prestos ~ I a ia, F . (' outros ob. cit., p'. .'57 c- sq:;s.
(4-1 ) Prestos .\!ai'l, F . e outros - ob. ctt., p- 101.
(41 ) Prestos .\\aia, F . I' outros - oh. cit., Q uad ro n.v 1 - Crcs-
oimcnto dn l'opllb~'a,) 1I0S ])i'trilos c Sub-distritos da Capital
Ccnsos de HJ.10 c }fno.

116 o UAIHHO DE SAX T AX A


o projcto de urn mctropolitano par a Silo Paulo scrla
uma boa oportunidadc para 0 cstudo de urn plano em
bcncffcio do Tramway da Ca ntareira. ja transformado em
ra mal da Estrada de Fe rro Sorocabana. com sua bitola
numentada para urn metro. 0 que. todavia nne irnpcdiu
que a cstrada comlnuassc dcficita ria. sofrcndo a concor-
rcncia des novas linhas de onibus a scrvir a populacao
marginal.
A Com issao do Mct ropohr a no. nprcsc nta ndo, em
v.irios liens. as sclucecs mais necessa ries. sugcrc a sua
transformacao em umu linha mctropolitana: - a) co r-
rigir 0 tracado ; b ) ga rant ir-Ihc 0 lcito proprio; c ) clcva-lo
na tra vcssia da varzcu: d) csta bclcccr uma cstuciio cen tral
bern localizada : c) preye r a ligacao com a redc mct rop o-
lua na c clctnflca-lo; g) proc cdcr a cntcndimcn to inter-
mu nicip a l pa ra pcnct rucuo em Guar ulhos. Tudo isso en -
quad ra ria a Ca nta reira, naturalmcntc, no esque ma urbane
do transportc rapid o, const huin dc a R ad ial Norte Metro-
polit a na , ligada postc riormcmc it Radial SuI, fonnando a
diamctral Norte- Sui.
A soluciio propo sta pcla Comissao lcvarin a prirnci ra
ctapa da Radial Norte ale 0 A real. scrvindo " Iutura
Cidade Nautica, a Pcnircnciaria e Dctcncno, constituindo
"urn no irr adiantc de linhas sccu nda rlas". Urn ra mal
csqucrdo scguiria pcla Avcnida Cruzeiro do SuI. cntao
com 40 rns. q ue scria alargada para 50 met ros. facilitando
a passagcm da linha. Como a Avenida tcrmina no outciro
de Santana. ondc sc crgucm 0 Colegio c a Igreja, a Co-
missao suge re a construcilo de urn tuncl. Estc ramal tcr-
minaria no Mandaq ui. 0 ra mal dircitc scria na dircciio
lie Guarulhos. pa nlndo do Ca ra ndiru.
A progrumacao scgulrla 0 cr ltcrio tin pnondade das
linh as ra dials, dcixa ndo pa ra cta pn rna is tar dia as int er-
ligacocs cen trals, rnais earns c considcradas mcnos urgcn-
tcs. Divididas as tres dlamct rais prcvistas em sew. scis
ralos, a ordcm da cxccucd o scria , em pri mciro Ingar, a
linh a No rtc-Sul. com prioridadc para 0 raio corrcspon-
dcn tc it Iinha Sui ou Santo Am aro.

o B.\ IRnO D E SA:\TA:\A 11,


A linha Norte nu Cantareira, segundo rain da din-
metral ~-S . dcvcrla , pois, scr con strufda em scguida , por
scr "consldcravcl 0 num cro de passagclros captdvet par a
(J metropoli ta no. ao rncnos pa ra 0 tronco, entre a Luz e

Sant ana e Cara ndir u. Emreta nto, todo 0 cstudo da linha


Norte precisarin "scr rcromado em minuc ia, dcsdc 0 lc-
vantamcmo topografico. D cvc scr urna opo rt unidndc para
urn plan o de rnclhora rnento viario de toda a zona". ( !")
Os estud os relatives ao Mctropolitano fora m rcto-
ruado s na administraceo Ad emar de Barros (1957-6 1) ,
de acordo com 0 scu Plancjamento.t -t ) adc tando-se 0
critcrio de que "0 metro nao e ferrovia sub urban e, nao
dcvendo agravar a snoacno do centro urbane, fucilita ndo
o accsso dns popufucocs muito afast ada s''. Todavia , 0
cri tcrio adotndo para a cscolha da primciru linha, dcu
prcfcrcnciu il linh a gcncrlcamcntc dcnomln ada Lcstc-
Oeste, intcrligando Pcnha il Lapa, numa cxtcnsao de 20
Kms. A scgunda linha sc rviria "a Es tacno Rodoviaria, a
scr localizada na Ponte da s Bandcir as, c as a reas dense-
mente povoada s. Iazcndo a ligar;ao Pinheiros-Estacao Ro-
doviaria -Ipiranga. numa extcnsao de ap rox jmadamcrue
20 Kms." .
A Estacao Rod ovuiria. segundo 0 Pla ncja mcnto. de-
vcr ia ser instalada jun to a Ponte das Bandclras, "sltuacao
pri vilcgiada em face dos acessos as autovias que sao:
avc nidas ma rginais do T lete, R adial Norte-Sui, Avcnida
Cr uzeiro do SuI. A ven ida do Estad o : localiza cao er n ar ea
scrvlda pclo Mctrcpolitan o : locallza cno em area m unici-
pal: possibifldedc de cxecucao Imediatav.tv-) Em casu
de necessidadc. scrlam utilizadas as areas ocu pad as polo
Clube de Rcgaras Tict e. cuja trans fcr encia csta ria pre-
vista para a Cidadc Nauticn. 0 que <linda dcrnundariu
alg um tempo.
E m ma teria de oh ms priblicas lni sellllJrl' q ue "s c
demander algum tempo " . As vezcs urn tempo indcfi-

(·W) P rc-ste-s \l ai.l, F. ,. olllr,,~ _ 0 1>. c-it. - Lmlm \'orh' " " Cl1l-
tan-ira, I". 2 IH·2."O.
(-1 7) Harm, . :\ ,It'mnr d, · - 1'L.ru·j'llIw nt" (I!J . ,7- H)(JI), p. !fi7.
(-IS) Barros. .\ d,·rnar d.· - oh. cit.. p. 17:!.

! !~ 0 B.\IRRO D E SY \ T \ ".\
nido ... A lei n.? 4979, de 14-5-56 aprovarn plano da
Cldade Nautica em Vila Gu ilhcrmc. com lago com pista
oHmpica, avcnida de contomo. cspaco para clubcs cspor-
tivos, area para auromovels e areas verdes. Os cstudos e
a claboracao do projcto defini tive para a construcao da
Cldade Nau tica foram atrlbuidos a Comissao de Mclho-
ramcntos do Tle te e Tamanduatei, devendo a co nst rucao
scr fcita na area situada na Varzca da Pon te Grande, entre
Vila Ma ria e a rua Votunnirlos da Patrie. a rua Caran-
diru e a avo Marginal do Canal do Ti cta (decreta n.v
1270. de 2-4-1952 ) . Entrctanto. a 29 de junho de 1969,
a Gaze ta da Zona No rte publlcara 0 oficio da Associacno
Comereial ( Distrital de Santa na ) ao Sf. Prcfcito Paulo
Maluf c, entre outras rclvln dica cocs, cstd - "curn pri-
mente da Lei da Cidadc Na utlca ( Prestos Maia) , de
gran de alcancc soh aspccto sanita ria e viario, para a Vila
Guilh crmc, Santana c Carandi ru."
A proposiro da Cida dc Nautlca podcmos aimlu lcm-
brar que, em maio de 1963, a "Comissao Especial para
Estudo das Enchcntcs do Rio Tic te e scus aflucntcs '', rcu-
nida em scssac especial da Camara Municipal de Sao
Paulo, ouvini 0 prof. Lysandro Pereira da Silva afirmae
que(tll)
"Ja no nosos tempo de chcfc da Comis-
sao do Ticte, era grande cmpcnhc construir a
Cidadc Nautica. c as cnte ndimcn tos cstavam
bern adiantados. Nao Iossc a Pecfeito Janie
O uudros tee, praticamente, suspe nse todas as
dema rches, quando ja se tin ha conscgu ido
80% da area da Cidade Na utica, c scriu pos-
sfvcl sc tcr rculizado aqucla obra , com 0 au xi-
lio e coopcraceo do Go vem o Federal , porquc
ja havlu cntcndimcntos com 0 Diretor do De-
partamento de Sanc amcnto, q ue conco rdara

(49) lcela tuno da COllli"'an Especial pa ra E,tullo <l,IS Elld,ellles


do Hio Tide c "ellS afhu-ntcs - 133a. Se,sao E,peeial rea-
lizada em 7 de maio de 1003, Camara ~Illnid p,al d.. Sao
Paulo, 1963 .

o "AIRRO DE S.-\XT AS A 119


em realize-las por intermedic de scu Dcpan a-
menta."
•• •
Ale m do Tramway du Can tarciru, tam bcm a cana-
lizaciio do rio Ticte favorcccra a ocupacao da zona no rte
da Cidade tic Sao Pa ulo. D ura nte a administracao do
prcfclto Pires do Rio foi cri ada uma comissao par a estu-
dar a caoauzacno e retificacao do rio Tiet e e urbani-
zacao da s areas laterals. Alias. ja em 1892 tinha side
criada uma comissao com a mesma finalidade, mas foi
cxtinta a nos dcpois par falta de verba.
Para a rcallzacao das obr as. a Prcfcitura cntra em
entcndime ntos com os p roprietaries dos terrenos ncces-
sartos it locacao gcra l do n6,,0 canal do rio T icte e ave-
nidas marginals. Assim, scrao adquiridos var ies terrenos
em Coroa e Vila Guilhermc, a margcm do rio Tiete.( :i(J)
A Com issao de Mclhoramcnros do rio Ti ete, em
1927, em scu Rclator io ao prcfeito Pires do R io, did que
faz pa rte do sell program a 0 estudo do pro jcto tic cxpan-
sao da Cida dc ao longo da Va rzca do T iete - tra ta-sc
de projctar uma Cidade nova, aj usta ndo-a e coorde nan-
do-a lntimamcntc com a Cldadc atual:

" Sao bairros intciros a scre m cstudados,


cada qu al com uma feicac propria : sao dezc nas
de uvcnidas pa ra as ligar e coordcnar entre si;
sao grandes ar ter las q ue ponham 0 scu con-
junto em harmonia com 0 sistema de transtto
rapido. Sao novos ramais de cstradas de ferro.
dcsvland o para a margem dir clta do rio. 0 tra-
Icgo de mercadorias. os desvios Industrials:
e urn gra nde porto fluvial scrvido por vias
Icrrcas ; urn ucroporto e uja localizacno na
varzca parccc lmpor-sc: sao gra ndcs p'lrque s,
logradouros publlcos . . ."

(50) Alnll'ida Prado, J. Baptista, c Aze vedo Soares . Antenor -


Rt'!alorio relative nos cxercicjos de 19-28 e 1929, Admini~­
t rao;-.io Pin'S do Rio, JlI'. 2-1 e segs.

120 o BA\RRO D E SA:\T.-\XA


Na verdadc, uma soma de pianos para a huma niza-
~ao da vida urbam, q ue a cxtcnsao da a rea cent ral exigc,
dia a dia, com maier insistencia. E a cxccucao de tal
pla no beneficia ria, evidentcmentc, toda a zona No rte. com
a rcalizacao de obra s de grande interesse para os rnora-
dorcs de Santana c arrcdorcs.
Durante a adm lnistr acuo Pires do Rio , Ulhoa Cint ra
e Presres Mala ap resenrararn urn plano de urbanizacao
em q ue se eng lobaram a plano do "Pcr imctro de Irradia -
~ao" do primcirc, e 0 " Plano de Avenidas" do segundo
( 1930) . Faz pa rte de tal plano de urbanizacao 0 cha-
mado " sistema Y" , conj unto de tres grandcs avenldas qu e
dcvc m atrave ssar a Cida dc dcsde 0 Ti cte ale 0 vale do
Piuhclros, com urn minimo de cruzamcn tos. 0 tronco do
Yea Avcnlda Inferior do Anhanga bau, ligand o 0 Pa rq uc
do A nha ngabau a Ponte G rande, incorpora ndo parte da
Avenlda T iradcntcs. As hastes do Y sao a avcnlda Nove
de J ulho e a 23 de Maio (cx-avenida ltororo }, realizan-
do-se a convergencia no largo do Piq u CS . ( ~ I )
Prcstcs Maia compara, em termos, a A venid a
An hangabau Inferior a arteria carioca Gctulio Va rgas -
csta e prolangamcnto do Mangue, aqucla c 0 prolonga-
menlo da av.. T irudcntes. A traves dessa A venida, San-
la na, na decadu dos quar cnta, fica ra mclhor lntcgrada
na vida urbana de Sao Pa ulo. A lias, em sc u Plancja-
ment e. 0 prcfcitc A dcmar de Barros ira lcrnbra r que , na
dccuda dos quarcnta, zon as lnteiras da pcriferia "cra m
desprovidas de Indo 0 service c cornercio, e devia m rc-
corrcr fatalmentc ao cen lro" . e :)
Retomados os cstudos rclatlvos a ca nallzacao do
T icle - baseados. em principio, nus projetos des cngc-
nhciros Sat urnino de Brito, primciro, Ulhoa C intra, dcpois
- tendo em vista. par ticu lurmcutc, 0 problema do sanc a-

(5 1) l'n ,slcs ~l ;li " , F. - Os Xlolhoramcntos <1" S;io Paulo, p. 11.


As aulori7.a~-&'~ p am a constmcac da Avt'nida Infe rior d,)
Anhanga ha{l, liy;ando 0 Anllan!l:"ball a POlltl' G r;mdc , estao
co ntidas nos d.'(:rl'los-Ieis II.... 10.5, de 18 -7-H)'1l e 480, de
27- 1 2~1 943.
(52) Barros, Adcmar de - Planejamc ntc (19.57. 1961), p. 12.

o B.\lIUlO DE S.\ :'O TA:'O.\ 12 1


mente , rnuitas pont es sc rao constr ufda s, algumas antigas
scrao substitufdas au rcmod clad as.
As obras Ioram iniciadas a jusan te da Cidade, em
Osasco t " ) tendo a Prefcitura adquin do. nos E .E.U.U .,
uma draga eletnca. de succa o c rccalq uc, cujas pccas
foram mon tada s sob rc 0 casco de madeira, tendo se im-
provizado urn csralciro na Ponte Grande. Foi, assim, pas.
sivel ma nter um service de dragagem pcrma ncntc que
pcrmitia a navegacao de barcos de pcq ucno cala do e ntre
a Penha e Mogi das Cruzcs.
Feitas algumas cxproprlacoes no trccho supe rior ,
fora m iniciadus as cbras da Ponte G rand e que, em vo-
lume c imp ortancia tecnica, cquivaleria au Viaduto do
Cha, tend o, cntreta nto, rnais oito metros de largura.
Assim, a anti ga Po nte Grand e, rcformada em 1865, qu e
tao bem scrvira a tropa s c ca rros de bois. ser a substi-
tuida, qua se um scculo dcpols, pcla modcrna Ponte lias
Band ciras, constru ida quase no rncsmo local, com t res
vaos, cento e vintc metros de comprimcnto c tr inta c tres
de largura. " 0 vao centra l e tr ansposto po r um a rea trl ar-
tic ulado, sabre que sc apoiam as vigas extremes. No s
encontros foram alojadas instalecoes sanita rias. deposi tos
c a seccao fiscalizadora do rio. Sua constr ucao cfctuo u-sc
a
em seco, margem do rio, em ponto onde depois foi co r-
tado 0 canal. Esta obra, com seus pilones de 25 metr os
de altu ra, demarc a a cixo da nova ave nida Tir adentes.
que , prolongada pcla A nha ngabau Inferior, sera a
arteria mcstra da Cid adc na dirccao Nortc-Sul.t'{>") A
Ponte Gr ande, inaugurada a 25- 1-1942, rcccbcu ainda
a
urn tipo de lluminacao di ta "de luxo'' igual das A veni-
das Iplranga c 9 de Ju lho.
Urn no vo tipo de transponc colct ivo ini surgir, a
pa rtir da deca da do s 20, como cons equencia du cr tsc de
cnergia clctricn c do dcscnvolvirncnto da industria au to-

(53) Barros, Adcmar de _ Helutorio apresentudo lIO E xmo. Sm .


Gd{llio \'ar~as (193R-l\l 39), p. 286. Pn-stcs ~ I ai ll - Os ~"' ­
Ihorllm<'lltm tl.· Sao I',ml" , p . 18.
(54) Prestos ~ I it ia, F . - Os Mclhorauu-ntos de S:io Paul o, p- 24.

122 o HAlRRO D E SA!'\T:\:'\A


mobi listica - os pri meiro s onlb us urba nos. com pon a ndo,
em media. dcz a doze passagcl ros . Tera. enrao. Santan a,
slmulta ncamcn tc, alem des ant igos carrov e troles, quatro
tipo s de tr ansportcs mals modemos a sua dls pos iceo -
o tramway, os Onibus. os bc ndcs eletricos. c aind a urn
ou outro autornovel .
T ornando-sc obsoletes os bondcs cletrlcos C 0
Tramway da Can tar cira dcficitdrios, dada a concorrencia
de out ros mcios de trunsportc mais rapido, c a dificuldade,
para 0 Bstado. em mantc-lo em condicocs, (J ramal da
Soroeabana acabara dcsapa rcccndo, pa ssa ndo a Prcfci-
tura a ret ira r os trilhos de scu Icito. :'\ao foi, asstm, ap ro-
veitnda a untigu estrada de ferro. como uma das linhas do
Mctropolimnc . cujas ob ras scrao iniciadas na adm inistra-
f;ao Faria Lim a. como ccnscqbencla do dcc rcto 661 1, de
31 de agosto de 19 66, em q ue Ioi instituido 0 -Grup o
EXCCUlivo do Mctropolitano de Sao Paulo". di rctamcruc
subor dinado ao prefeito.
Em 19M , 0 prcfcito Prcstes Maiu ja aprova ra 0
plano proposto pclo Depar tamento de Ur bunismo rcla-
tivc il cons tituicfio du linha Norte do Sistema de T ra m -
porte Rapido Metropo lita no, dcs dc 0 final da Av. Cru-
zeiro do Sui ale cntroncur com a linha da Estrada de
Ferro Sorocabana, ramal da Cantareira, junto II cstacao
do Mandaq ui. A decisao foi a nun ciad a pclo jor nal da
zona Norte - "Tribuna Paulista' - de 26 de janeiro.
em man chc rc. sob a titulo sugestivo de "Fare s que valem
notlcla". Em man chctc, ainda. 0 rncsmo jomal, a 7 de
junhc, dcvc ria an unciar qu e, ai nda esse meso " 0 trcnzi -
nho da Cantar cira dcvcni parar na cstacno do A real.
dc rrubando-sc lmediatamcutc a ponte, obra necessaria a
construcno da avo Cruzeiro do SuI.
Pclu ultima vcz, 0 trcnainho, indo do Tumunduatci,
transpos a ponte c chcgo u ~l cstacao do Areal. Esta. a
partir de 14 de ju nho de 196-1- , passoll a scr a cstacao
inic ial do T ramway da Cnntarcira . ate a sua cxtincao dcfi-
nitiva. Evidcntcrnentc, sc isto e 0 ponto de pamda para
futures melhora mentos urban os. tras aos usuaries do trcn-

() B:\IHRO DE S:\XL\XA 12.1


zinho, novos problemas, cnquanto a Prcfcitura na o co-
Inca, a sua disposicao, novos mcios de transportc. Ma s,
de modo gcral, a mai oria da populacao do bairro julga,
no memento, dcsncccssarta a rna nutcnceo da linha fcrrca,
considcrad a obsolcta, a dific ulta r as obras da a vo Cruzeiro
do Sui, c as proprius "400 fam ilias que rcsidcm na Can-
tarcira nao faze m qucstao do trcnzinbo", afirma 0 repo r-
ter da T rib una Pa ullsta.P" ) Alias, a rctirada do trcn-
zinho das ruas do hairro ja tin ha side plcitcada na Camara
Municipal lie Sao Paulo, pelo vcrcador Joaquim Tome
Filho, em 1952.
Evidcntcrncntc, rctomados os cstudos, varios fator es
dcvcriam scr lcvados em conta na busca do trac ado, pro-
curando Iixar a linha pri oruaria, pion cira, que dcvia sc
cnquadrar perfcitamcntc no cstudo gcral das linhas do
Mctropolitano. Co m pequ enas alt cracocs, 0 G. E . M.
adotou 0 plano de Prcstcs Maia, cscolhcndo a linha N-S .
Vcr ificou-sc que, crnbora a zon a de maier dcnsldadc de
populacao Icssc a scrvld a pela linha Le ste-O cstc, 0 maior
fluxo de trMcgo e 0 maio r gradic ntc de c rcscirncnto en-
contram-sc na linha Nortc-Sul.
Assim, a cons trucgo da linha Nort e-Sui, prioriniria,
Iigando Santana no Jabaquara, foi iniciada no fim da ad-
rnlnist racno Fa ria Lima, dcvcndo abrangcr um pcrcurso de
2 1,7 Kms., com 23 cstacocs , pclo scguintc percur so : Av.
Cruzeiro do Sui, Ponte Pcqucna, Av. T tradcntcs, Av.
Prestos Main, La rgo Sao Bento, Rua Boa Vista, Pea.
Clovis Bcvibiqua. Av. Libcrdadc, R. Verguciro. R. Do-
mingos de Moracs, Av . Jab aq ua ra, Av. Eng. A rman do
Arruda Perei ra, ate 0 Parquc Jabaquara, com ramal para
Mocr na, partindo do Pa rafso.f-")
A 5 de julho de 1969, fcsrivcmcntc, sao iniciados os
trabalhos do trccho n.v 1, na avc nida Cruz eiro do Sui,
entre as ruas Leite de Moracs c D arzan, dcvcndo tcr tres
cstacocs - no Ca ra ndir u, na A venida Cruzeiro do Sui e
ua Ponte Pequcna. A rnais importantc sera a da av. Crn -

(5,'5) " Tribu na Paults ta", 21 -fi-l\)(j4.


(.'56) "0 E, jatlo de Suo Pau lo", de 17-H-HJ6H.

124 0 BAIHRO D E SAKT A~ A


zctro do Sui, que ira intcr hgar-sc com a futu ra cstacao
rodovlaria. pcrto das margen s do Ticte. Estc t recho sent
todo em clcvado, com cerca de 3 Kms. de cxtensao.
o plano de urna terminal rodoviar la em Sant ana c
an tigo mas somcntc em 1968 0 sccrcta rio des T ran spor-
tes, Firmino R ocha Freitas , con du iu pcla sua construcao
na zona Norte. T al terminal scrla construfda multo pro-
ximo da cstacno terminal do Met ro. scndo a cia ligado
par cam inho cobcrto, cstando prcvist a a constructto de
varlas insralacocs que atcn dcriio uos intcresscs do publico,
isto e, bancos. agencias de turismo, scrvico de Pron to So-
corro, casas de banho e Iavanderia cxprcssa. lojas , agencia
de correio, instit utes de bclcza . Alcm disso, Iaz parte do
proj cto a montagem de paincl de con trolc clctronico para
informa r os passagciros sobrc as pro ximas safdas.Pt)
o terrene escolhldo para a construcfio da term ina l ~
uma area de 40 mi l rns.v, entre a avcnida Cruzeiro do
SuI, a avo Morvan Dies de Figueiredo, a rua da Coroa c
a Marginal Dlrclta do Tlcte. A obra. supcrvionada pclo
Governo Estadual. na r nargcm dlrctta do T ictc, favorc-
cere , segund o os tccnicos. 0 accsso des (mibus as divcrsas
cstradas de rodagcm - F crnfio Dias, Dutra, Anhangucra
e Br-2.
Embora a Bstacrio Rodovlar la nao sc localize cxa-
ta mcntc no bair ro de Santa na , a sua construcso it ma rgem
dirctta do Ticte, ofcrccc cxcclcntcs perspectivas aos mora-
dorcs do bair ro que , cnt rcvistados por nos, considcram a
sua construcao c a da linha N-S do Metropofita no, ele-
mentos basicos para 0 progreso da zona Norte e sua intc -
gra-;ao total na vida urbana da capital paulista.

•••
Durant e muitos anos a rua Voluntanos da Patna foi
a unica arteria que, da Ponte Grande, lcvava no Alto de
San tana, alcm da via fcrrca. Par isso rncsmo. de trflnslto

(57) Faria Lima, J. Y. do - ~I et r<) - novcmbro do HJ6S, c "0


Estudo de Sao Paulo", 15-5 -HJ69.

o ll AlHHO D E SANTA:"JA 125


congcstio nado , particularmcntc nos chamados horartos
comcrciais, nao obstante 0 desvio de ccrto num cro de pas-
sageiros pa ra os trcns da Cantarc ira. Resscmia -se, tod avia ,
de urn calcamcnto dc tcltuos o, cu]u cor rccao , como em
outras ruas da Capital, dcpc ndia de verba orcamcntaria.
No seu plano de "Mcl horamcntos de Sao Paulo" , 0
prcfeito Prcstcs Maia lnsistc na lmportancla da pavimcn-
tacao de numerosas ruas e pracas, que de pendia, tod avia,
de aprovacao de uma "lei de tax acno". Estabelccendo urn
programa de calcamcn to ent rozado com os plan es de trans-
porte colctivo , partindo do pr incipia de qu e " a rna pavl-
mentacao constitui cnormc cmbaraco ao service de un i-
bus, aumcntando-lhcs 0 custcio'', Prcstcs Maia manda pa-
vimcntar ou repavimcntar numcrosas r uas c pracas consl-
deradas impo rtant es no plano viario, inc1uindo nao so a
rua Voluntaries da Patria t ' ") come a Consclhclro Mo-
reira Barros e O lavo Egfdio , do bairro de Santana .
As fotografias publlcadas por Prcstcs Maia diio urnu
idcia dcssas ruas na decade des q uarenta. Scrvirno como
docurnentari o para uma comparacao com as modernas
avenidas qu e as substituira o em futuro proxi mo. Ali as.
as dais aspectos da rua Voluntaries da Petrie focalizados
po r Prestes Maia, ja podem ser comparados com 0 aspc cto
atua l ( 1960 ) - a "Voluntaries" daqucla epoca apr esenta
uma pavimcnta cao nova , sem os inconvcnicntcs qu e aprc-
scuta hojc c que fazcm 0 descspero dos motoristas, c
possui ainda terrenos arborizados , ao passo que hoj c todo
o bairro ja sc ressentc da falta de areas verdes .
Com a suprcssao da Estrada de Ferro Ca ntarcira,
cvidentemente lui vcrdadciro colapso no sistema de trans-
portes para os bai rros da ma rgem direila do rio Ticte, e
cnquanto nfio sc normalize, a rua Volun taries da Patria c
insuficicntc para 0 trafcgo intense . Voltar pa ra casa ,
depots de urn dia de service, era , cntao, pa ra os mora-
dorcs de Sant ana, T ucuruvi, Horta Florestal, Tr cmcmbe,

(.'58) Prost cs Maia, F . - Os Mclhornmcntos de Sao Pa ulo, p. 2G.

126 o HAlRRO D E SA ;\,T AKA


verdadcira odisscin , a cornccar nas filas intcrmin avets no
Anhangabau, a cspcra de uma conducao.
As obras da Av. Cruzeiro do SuI faziam parte des
pianos de melhoramentos da Prefeitura. desde muitos anos
arras. Urn dccreto-lci. datado de 15-6-19-1.3, autoriza a
Prefeitura a adquirir na Av. Cruzeiro do SuI. urn terrene
a
pcrt encentc a Paroqula de Santana. ncccssarlo cxccucao
dos melhoramcntos aprovados pcla lei n.v 3600. de
3-6· 1937. E, postcriormcntc, em I 95..J., 0 dccrcto n. ?
2-1.02, declarando de utitidadc publica area necessaria 010
ala rgamcnto da A v. Cruzeiro do Sui, rcfcrc-sc a dccrctc
de 22-7-1916, que aprova tal alargamento.
Em 1963, na admlnlstracao Prcstes Main, a lei n.v
6253 aprovara plan o de alargamcn to da avcnlda . no limite
entre os sub-d istritos de Sa nta Efigcnia, Sa nta na c Pa ri,
pa ra 60 metros, no trccho entre a rua da Co re a e a av o
A uxiliar, de accrdo com planta aprovada em 1949. na
cxtc nsao aproxirnadu de 680 met ros.
No mcsmo ana, a lei 0.0 6359 aprova 0 plano de
abertura de uma avenida intcrligando as avc nidns San -
tos Dumont e Cruzeiro do SuI. 0 primeiro trccho, entre
a avo San tos Dumont c a rua voluntaries da Pat ria. com
33 metros de Iargura c 220 ms. de extcnsao. aproxiruada-
mente ; 0 segundo. entre a r ua Voluntaries da Pa tria c a
av. Cruzeiro do SuI. 001 extensao aproximada de 83 me-
tros , ineorporando 0 lclto da rua Santa Eulalia, coinci-
dindo 0 alin hamcnro norte com a divisa da proprlcdadc
da Sao Pa ulo Light S.A. - Servlcos de Elct ricidadc.
A avo Santos D umont CoL du rante multo tempo, co-
nhecida como Radial Korte. 0 trecho entre 0 cruzumcnto
dos cixos da avo T tradcnt cs com a rua Ba ndciruntcs c:
praca projctud a. situado 275 metros alem da rua A viador
Gil Gu ilherm e, pnsso u a tcr 0 nome de Santos D umo nt ,
dcncminacno tambcm cxtcnslva a praca, de acor do com
a lei n.o 5060, de 15-10 - 1956 . Foi objeto de impor tan te
plancjam en to na ad ministr ucno A demar de Barros, de
acordo com 0 projc to de lei n.v 2899-60, relative ao alar-
garne nto da avo Genera l Ataliba Leonel e da rua Darzan.

o B:\IRRO D E S:\ XTAX:\ 127


Os melhoramcntos para estas d uas vias sao lndlcados,
principalmente, em Iuncao da avo Santos Dumont e da
avo Cruzeiro do SuI. A avo General Ataliba Leoncl, que
serve de ligacao aos bairros de Santana, Tucuruvl c adja-
cencias, dcvena ser alargada para 36 metros, entre as ave-
nidas Santos Dumont e Cruzeiro do Sui, com duas pistas
de 13 metros, cantelro central de 2 metros e dais passelos
laterais de 4 metros Os rnelhoramentos para a rua Darzan
seriam necessaries para completar a Ilgacao da avenida
Cruzeiro do SuI com a avenida de contcr no do Campo
de Marte.
A Av. Cruzeiro do Sui serve nao apcnas ao bairro
de Santana, mas ao Pari e a Santa Eflgenia. Em tomo
da ponte que a atra vessa sera realizado importante plano
de urbanizacao (lei n.v 6400, de 1-10-1963, substltulndo
lei n.v 6253, de 5 de abriI). Trata-se do alargamento da
Av. Cruzeiro do Sui (50 ms.) no trecho entre a avo Auxi-
liar e uma praca triangular, que seria aberta na cabc-
celra sui da ponte da Av. Cruzeiro do Sui, praca que
incorporara trecho do leito da mcsma avenida e compor-
tara rampas de accsso a ponte e dues vias laterais em
forma de V.
A lei autoriza ainda a construcao de uma outra praca,
tambem em forma triangular, na cabeceira norte da ponte,
no trecho cornpreendido entre a avo Marginal dirclta do
Ticte e 0 eruzamento da rua da Coroa com a avo Cru-
zeiro do SuI. Esta praca incorporara trecho do leito da
avenida c comportara, como a outra , rampas e vias de
acesso a ponte e duas vias laterals em forma de V.
Quem passar atualmente pela aventda Cr uzeiro do
Sui, dcpois de atravessar a ponte do rncsmo nome
700 ms. de comprimcnto, 38 ms. de largura - nso reco-
nhccera a antiga via junto ao leito da Cantareira. No
momento, em virtude das desapropriacoes para a alarga-
menta da via, 0 aspecto ainda e de uma rua com habi-
racecs relatlvamcnrc modestas, construcces mais ou menos
antigas ao longo da antiga via ferrea, resto de consrrucoes
demolidas. Naturalmente, a tendencia e a valorizacao dos

128 o BAIRHO DE SANTANA


A area ocupada pclo Campo de Ma rte. r' ") foi de
fata, a principia, ocupada para exercicios da Perea Pu-
blica cstadual, ma s ao scr eri ada a sua Escola de Avtacao,
em 1918, 0 campo passou a ser usado pclos aviocs,
scndo, cntiio, construfdos vartos hanga rcs, ondc as au las
tccncas cra m ministra das pelu americano Orton Hoove r.
Fechada a Escola de Aviacao da Forca Publica em
1930, 0 scu material foi tra nsfcrido para a aviacao mi-
litar do Excrcito, tom ando-sc a Campo de Marte a sede
do nuclco de aviacao. Em 1932, as forcas consrltuclo-
nalistas pa ulistas ocuparam 0 Campo durante as tres mcscs
da revolucao, comccand o mcsmo a con strucao de novas
hangarcs.
T erminada a Rcvolucao de 1932, as forcas fcderals
rcocuparam a Cam po pa ra a Avla cao miJitar, scndo
crtado, em 1936, 0 2.0 R egimento de A vlacno. No ana
scguinte foi construlda a primcira pista de asfalto, scndo
todo a Ca mpo aterrado.
A 6 de abril de 1939 foi criado 0 Pa rquc de Aero-
nautica, com a nome de Parque Regional de Sao Paulo,
nome este subs tltufdo pclo dccrcto 33 02 de 22-5-1941,
pclo de Parquc de Aeronauti ca de S50 Paulo . Dai pa r
diantc foram scndo constr ufdos novas cdiflclos, scndo
subs tituida a pista de asfalto por outra de concreto, mals
ampla ( 1942 ) . Alc m dlsso, 0 terren o foi drenado para
a cons trucao de lima plataforma de manobras.
A partir de 194 8, apes a instalacac de modcmos
cqulpamcntos. a Campo reeebeu novo s mcthoramcntos,
inclusive as de ordcm social. como rct citorto, centro
medico, etc.
Atualmcnt c, existent, no Parq uc de Ac ronautica de
Sao Paulo, aproxlmadam cnte 258 0 pcssons. entre pessoal
civil e militar, a maioria vivcndo fora de Santana, segundo
informaram pessoas que }{I trabalham.

(6 1) E stas infonnneo cs forum obtklns no pr{,priu Par'l llC {l" At'TO-


ruiutica, gra~':l s it gcntilpza dos oficinis c d a sccrctariu que
nos atcndc ram (Jua ndo Ja e,t ivcm os e-m prinl'ipio de jlliho .

130 o BAlRRO DE SA;\"TA~A


Ent retanto, as terr as do Cam po de Marte tern side
objcto de litigio, tendo a Prefeitura Municipal de Sao
Paulo, mais de uma vez, tcntado uma reivi ndicacao de
posse. Pols, na realidade, nas prime iras decades do seculo,
cia sc scntia dona dcssas terras, a ponto de autorizar 0
sen usa como camp o de futcbol as criancas que Ircqti cn-
tavam a capela dos bencditlnos situada nas pr oxlmidad es,
na antiga Chacara de Sao Bento. E 0 que conta frei
Policarpo, lcmbrando-sc que uao havendo aula as quin tus-
tetras, elc para hi lcvava os "s cus meninos" para um poUCI,)
de exercfcio ao ar livre.
Por isso. em 194 8, sera discut ido, na Camara Mu-
nicipal, urn projcto relativo ao Campo de Marte, e a lei
n.v 3799, de 14-1 1.49, "d ispord sobrc mcdidas judiclais
a
tcndentes rccupcracao de posse dos terrenos municipals
dcnominados Campo de Marte" . Alias, um mapa mos-
trando a "canalizacno do Ti cte c urban izacno gcral, nas
vlzlnhancas da Ponte Grande" , estampado no livre de
Prcsres Maia "O s Melhoramcntos de Sao Paulo" , mostr a,
"na parte superior 0 CamJX) de Marte, proprio municipal.
prcsentemente utilizado como ae roporto tecnico, milirar
c csportivo, mediante comodato com 0 Ministerio da
Acronautica" . Tais dizeres pro vam que, pa ra 0 grande
prcfcito, as tenus do Campo de Marte pcrt cnce m ao rnu-
nicfpio de S50 Paulo.
Ndo apcuas a Camara, mas tambem particulates ter n
tcntado reivindicar a posse de terren os do Campo de
Marie. scm succsso porem, po is nao par ecc facil 0 Ex er-
cito abrir mao de tantas benfeitorias ali rcalizadas, e q ue
Ilzeram do Parque de Aer onautica de Sao Paulo urn de s
melhores esta bclcclmentos espcciallzado s da America do
SuI.
Urn dos argumcntos mais poderosos em que sc ba-
seiam os que dcfendem 0 dlrcito do Govern o F ederal a
tais tcrras e a fato de q ue pclo mcnos parte da are a do
Campo de Marte pcrteneera tl antiga fazcnda Sant'An a,
conflsca da aos jcsuitas pcla Coroa portu guese, passando.
posteriormente, a pcrtencer ao Imperio brasllelro, nao ha-

o B.\ lRRO D E S":'\T AX\. 131


vcndo, port anto , duvida quanto ao direito do Exerclto
sob re 0 Campo de Ma rte.
T odavla, c born lcmbrar que, apos a procla macao
da Republica. em 1890, 0 Ministerio de Agricultura. Co-
mercio e O bras Publicas a utorizou 0 Govem o Pa ulista a
conceder ao Con selho de I ntcndencias que fora nomc ado
em substitukao a Cama ra Municipal, as tcrras dcvc lutas
ao rcd or da Cid adc de Sao Paulo. nccessarlas pa ra com-
pletar uma legua q uadrada. Ora. qu and o sc fez a dcma r-
cacao da Scsmar ia de Mcia Lcgua (1769) 0 raio de meta
lcgua, panlndo da SC, atingiria 0 a ntigo Areal, e com a
nova concessao (1890) , as terras jesuiticas esta riam in-
clufdas no pat rlmonlo mu nicipa l.
Dcssa ma ncir a, as dois a rgumcntos podcm scr dis-
cutidos, csta ndo . posslvclmcntc, a brcc ha a favor de urn
dos Iltlgantcs, na qucstflo Hgnda nao ta nto a posse federal
ou muni cipal de tcrras dcntr o da legua conccdida, mas
sim quanto ao prob lema de "tet ras dcvolutas", cuja dcfi-
nicao c contcudo jur idico dcveriam scr cstudado s.
O ucr sc]a federal, cstadual au municipal. a Campo
de Marte c uma vesta area quase junto a a rea central da
Cidad e e que , provavelm ente, sofrcra modiflcacocs no fu-
turo, mas sugcre. a tualmente. algumas considc racocs me-
lancdlicos aos morado res de Sant a na e Casa Verd e.
A localizacao de um campo de avlacao na varzea de
Santa na nao Iavorccc a con strucao de a rra nha-ce us no
ba iera . A lei 0 .° 3597 de 28-4-1937, quando e ra pre-
feito Dr. Fabio Prado, q ue regula a altura des edificios a
serem cons trufdos proximo aos limites des aeroportos , dlz,
em seu a rtigo I : "Dcm ro da zona que fO r pcla Prcfeitura
considcrada necessa ria a utilizacao dos acropor tos do
Cam po de Ma rte, na Va rzca de Santana , c do Ca mpo de
Congonhas, em ln dia nopolis c Jabaq uara, ncnhu m cdiffcio
ou cstrutu m de qualqucr natureza podcra tcr altu ra que
cxccda a rclacno de I : 10 m a rcfcrida altu ra c a mellor
distancla a linha limite do aeroporto " .

•••
132 o acauo DE S A~ TA ~A
A lei estadua l n.v 2456, de 30 de dezembro de 1953,
divide 0 municipio de S50 Pau lo em sctc distritos, c 0 dis-
trit e sede que c Sao Paulo, subdivide -se em 40 sub-
dtstr itos, divisfio csta utilizada particularrncntc em fun-
~5.o da Justica de Paz. T al sub-divisiio inclui, como as
antcrlo res, sob a rubrica de "s ub-distr ito", pcquenos ccn-
tros de povoamcnto, que corrcsp ondcm, em geral, a dcno-
minacao generica de "bat rros''. Postcriormcnte, pclo de-
creta n.? 3270, de 20-9- 1956, para cfeitos cdministra-
tivos, 0 municipio foi dividido em 19 sub-prcfelturas,
alent da de Santo Amaro. Uma dclas seria a de Santana,
com area aproximada de 4 2 16 hectares e populacao cal-
culada ern 180 .000 habitantc s. "Comeca no canal do rio
T iete, no ponto em que termina uma rua projetada , cuja
dcscrlcao consta do paragrato refcrente ~l Nossa Senho ra
do 0; segue par elc ate encontrar as divisas das terras
do Bstado, na Can tcrcira; segue por essa dlvisa ate 0 li -
mite entr e os sub-d lstntos de Santa na c Tucuruvi pelo qual
segue ate a estrad a da Cantarcira; continua par esta, pela
rua do Imperador e seu prolongamento, ate 0 lcito do
antigo Tramway da Can tarcira, pelo qual segue ate a avo
Cruzeiro do Sui e pa r csta e pelo canal do rio T lete, ate
o ponto final do perfmctro.t w) Tal sub-prcfc itura sera
subdividida, pelo decrcto n.v 3329, de 8-1 1-1956, nas
sub-prefeituras de Casa Ve rde e Santana, a primeira com
area de 1281 hectares e 65 000 habitantes, a scgunda com
2935 hectares e 115000 babitantcs. As divlsas de San-
tana comecarlam "no canal do rio T icte, no ponto ondc
tcrmina 0 Ccrrcgo do Observatorlo Astronomico, scgulndo
por estc, rua Tenente da Rocha, rua Maria Cu rupaiti,
estra da do I mirim, e pelo limite entre os sub-distritos do
o e de Santa na, e ate a divisa das terras do Es tado na
Cantarcira . Segue por csta divisa ate 0 limite entre as sub-
distrltos de Santana c T ucuruvi, pelo qual segue ate a
cstrada da Cantarcira. Continua pa r esta estrada, pela rua
do Imp crudor c scu prolongamento, ate 0 leito do antigo

(62) Leis c Dccrotos do Municipio de Sao Paulo (1956).

o RATR RO DE SANT AXA 133


Tramway da Cantareira, pclo q ual segue ate a avo Cru-
zeiro do SuI, e por esta ate a canal do T icte e inicio
destc pcrfmctro."
Todavla, nas tabelas cxplicativas rcla tivas a discrtmi-
nacao da despesa, nao lui dotacoes cspcciais para as novas
sub-prcfeltu ras. (63)
Uma alcntada pcsqulsa feita sab re 0 aglornerado
urbano de Sao Paulo, rcalizada para a Municipalidade,
sob a orienta ceo do pe. Lebrcr, na qual tom ou pa rte 0
prof. Antonio Delorenzo Neto (1957- 1958) , sugere a di-
visiio do Mun icipio de Sao Pa ulo em 16 Distrintos - 0
IV seria Santan a, formado pelos sub- distritos de Vila
Santa Maria, Casa Verde (B aixa) , Imirim, La usanc Pa u-
Itsta, Mandaqui, T remcmbe, T ucuruvi, Carandiru e San-
tana 1, cuja pop ulacao global, em julho de 1957, seri a
273 215 habitantes.
o resultado de tal pcsquisa c a vcrlrtcacao de que
nao exitcm, no municipio de Sao Pau lo, bairros or ganlcos
de vida eoletiva, scndo fraca a vida de bair ro. En tre
outras coisas, sallenta-se:

"e xtcnsao cspacial cxcessiva, da cidadc c


dos bai rros sub urban os, agravando os encargos
de cquipamento e manutcncuo;
"congestionamento excessivo dos bairros
centrals;
"ausencla de grandes rad iais em dirccao
aos grandcs conjuntos suburbanos;
"ausencia de ligacoes pcrim ctrais intcmas
que pcrmi tam evitar 0 centro da cidade nas
comunicacoes entre bairros;
"deso rganlzacfto de bairros, c conccntra-
9ao cxccsslva dos services publicos e privados
nos bai rros cent rals."

(63) Delorenzo Ncto, Antonio - "A Itcforma Politic o-Adminis-


trutiva do Munic ipio da Capital do Siio Paulo", in It A. },I.,
vol. CLXX.

134 0 BAIRU O D E SANTANA


Congc stionamcnto do tr afego, tra nspo rte s deficlentcs
e morosos c conccntracao admini strati va em bair ros orgd-
nicos scriam os tr es mais graves pro blemas, Na realidadc,
ofictalmentc, 0 distrito da Cida dc aprcscnta unidadcs de
dimensoes var iaveis. com funcocs na J ustlca de Paz, qu e
nilo se podc chamar, de fato, de " balr ros'', senao na zon a
centra l, e assim mcsmo, nno se tr ata nun ea de bairros
organicos, com au tonomia de vida colcriva. t '" )
Entrctanto , reform as poli tico-administrativas do tipo
dcsta nfio sc fazcm rapid amcntc. E tcremos ainda, em
1960, Santana como sub-distrito, cum uma populacao
urbana de 161474 habit antes e 4890 habi rantes da zon a
ru ral. num total de 166364 habitan tes, vivendo em 359 ().+
domlcfflos. p" ) 1M., po is, urn scnslvcl aumento de popu-
lacao, em 1950 0 total de habitantcs de Santana era
90198 . Em 1966 a populacao de Santana aringira a citra
de 22 42 14 habitantcs, numa ar ea de 34,07 Kms.s
Arauj o Filho, distinguindo , na Capital, dois gr upos
de sub-dis triros urb anos. com a reas infcriorcs a 40 Kms.s.
c suburbanos e rurals, com a reas superiores a 40 Kms,".
em 1950 - colocn San tana entre os prlmeiros. dcntro de
uma subdlvlslto (de grande ar ea - de 25 a 40 kms.v.) com
uma densid ade de populacao, em 1950, de 2367 hab i-
ta ntes por Kms.2 . ( 6tI )
Nao obsta nte pcqucnas disc repa ncies encontrada s em
Iontes divcrsas, pod cmos ter uma visdo de San tana at ual.
et raves do s dados da Fu ndacao IBG E-I BE, relativ es aos
ultlmos ano s.
T ais numeros rcvelam 0 aspcc to moderno do bairro
de Sant ana . nfio mais ru ral, mas a urn tempo rcsidcncial .
comcrcial e ind ustrial. Perdendo urn pou eo de sua poesia.
pcrdendo seu cnca nto rustico, alterando-se sua paisagem
pitoresca para urn novo aspccto urbano, Santana pcrd c, de

(6,1) Delorenzo Neto, Anttmio - (lb. eLI, ps. 219 I' 2:20.
((5) Hecen seumento Ce ral d e 19(jO, IBGE , Hto.
(66) AsJX't:IOS do ~l u n icl p io de Sao Paulo (1966), Fund. IBGE -
IBC , Iospctorta Hegional de Estatistica de Siio Paulo, S. E. C.,
5~o de Cadastro e Controle. Araujo Filho , ",\ popula~;io
paultstaua", in A Cidade de 5iio Paulo, vol. II.

o DAIRRO DE SAXTA NA 135


fato, aqu ilo que fez dele urn dos recantos mais atraentes
e agradaveis do fim do scculo X IX c primeiras decadas
do XX . O uasc deixa de ser urn passcio para turls tas,
disto conservan do ape nas 0 fato de ser passagem para 0
Horto Florestal, urn des Iugares mals lindos de todo 0
Bstado de Sao Paulo, c onde sc situa 0 Palacio do Go-
verne do Estado.
Urbaruzado - com 94 medicos, 132 dentistas, 38
farmac ias c 63 Iarmaceuticos, com 4 crnpresas de tra ns-
porte rodoviario, com sete services oficiais de Saudc P U-
blica - 0 sub-dlstrito de Santana conta, em 1965, com
496 cstabelecimcntos industriais ( des quais 28 paraliza-
dos), com urn total de 71 45 opcrarios. 30369 cria ncas
Ireqticntam, em 1965 , scus 109 cstabclecimentos de
cnsino primario, onde lecionam 888 professorc s. Para a
juventude, Santana con ta com 14 cstab elccirnentos de
ensino medic, com 383 profcsso rcs, alcancando, no infcio
de 1967, uma matrfcula de 11047 alunos.
Segundo a estimativa da Prefeitura Municipal para
1968, a populacao de Santa na sera de 234955 babitan tcs,
subi ndo 0 numcro de operartos pa ra 9204, num total de
4 39 estabeleeimentos industrials, com prepondcrftncia de
industries mctalurgicas ( 55), de tecidos ( 49 ) , vcstuarios
e calcados ( 58 ) e produtos alimentares (57). Esta csta-
tfstica revela urn detalhe interessante - aumenta 0 rui-
mero de opcnirios, mas diminui 0 de cstabc1ecimcntos
industriais, diminuindo principalmente, 0 mirncro de in-
dustrias de madeira e mobiliario.
Em anexo, ap rcscntamos uma sintcsc do sub-distri to
de Santana, relativa 11 situacao das crlancas em idadc
escolar, de acord o com dados fornecidos pcla Sccrctarta
de Estado dos Ncgocios da Educacao e Diretoria do En-
sino M unicipal, e urn mapa do r ncsmo sub-dls trito com
a distribuiceo das cricncas, salas de aulas e parques infan-
tis. Tais dados constam de urn Icvantamcnto rcalizado cm
1967, e logo sc verifica que, se cxistc um numcr o rc1ati-
vamcntc alto de escolas, 0 sub-d istr ito ainda se resscntc

136 o DAIRRO D E SA:NTANA


da falta de parques infantis - apcnas quatro, situados
na zona de maior dcnsldadc de populacao em idadc
cscolar (de 7 a 11 anos ).
a
Um aspccto digno de nota C 0 que sc rcfere assis-
tencia hospitalar - 10 hospitals, em 1967 , com 1248
lciros. A prese nce dos hospitals c cxp hcad a, em parte,
pclas vantagcns do clima sa udavcl, nas proxi midades da
Serra e da Mal a da Can tarci ra. Pa r sua vez explicaria 0
r uimcro de medicos, far macia s, far maceuticos e dcntlstas .
Mas, para que scrvem 1248 Icitos para 250 000 habitan-
tes? Por isso a imprcnsa de Santana salicnta a dcficicncin
da asststencia hospitalar , publicando 0 oficio da Associa-
r;ao Corn crcial ( Distrital de Santana) ao Prcfcito Salim
Ma luf, em que entre outras rclvin dlca cocs, sc pede , tam-
bern, alcm de urn Hospital Mu nicipal , um Pronto Socorro
Municipa l bern aparclhado.
Niio obstante, estc e, de fato, urn dos aspectos posi-
tlvos do bai rro, ondc ha urn "Parquc Hospitala r do Man-
daqul". Dura nte 0 govemo Adcruar de Ba rros. I ' ") em
1938, dc u-sc dcctdido apoio ao a umcnto do mimc ro de
leltos, tan to no Sa natcrio do Mand aq ui mais 5 1 lcitos
pa ra aduItos) , como no H ospital D. Lconor de Ba rros
( mats 250 lcitos para criancas). Cuid ou-sc ainda da am-
pliacao do "Institute Ademar de Ba rros para Penfigo F o-
liacco''. "0 H ospital-Sana torlo D. Leonor de Ba rros,
erguido com donatlvos angariados em nossa pop ulacao'',
como diz A. de Barros, foi ina ugurado no Natal de 193 8,
sendo incorporado ao patrim6nio do Bstado c cntrcgue a
administracfio do Service de As sistencla Hospitalar.
Com 0 dcscnvolvimcnto do bairro, aumcntada as
comunicacocs com 0 centro da Cidadc, a ntigas chacaras
foram scndo lotcadas, derr uba das as arvorcs, ccdcndo
luga r a construcao de prcdlos em cst ilo rnode rno.
Abrcm-se ruas em novos lotcamcntos, como as da Pre -

(67) Barros, Ademar de - Hclntoric aprcsentado ao Exmo. Sm.


Cctulio Vargas (1938-1939).

o BAIRRO DE SANTA~A 137


dial Novo Mundo, que, no Jardim Sao Paulo, tera o scus
leitos doa dos a Prcfeituru pela lmobillarta.t w )
A antlga Chacara Bar ucl, com seu magnifico arvo-
redo, tambcm pcrdcra scu encanto, muti lada quando corn-
pradorcs de lotcs comccarcm a derrubar as belas c an-
tigas arvores. 0 caso chcga a ser lcvado a Camara Mu-
nicipal (1 948 ) , pelo vercador Camilo Ashea r e outros.
que ofcrecem a discussao, um projeto de dcsapropriacao
da Chacara Barucl para fins assistcncials. 0 vcrea dor
Cantfdio Sampaio, antigo morador do bairro, favoravel
tl rcscrva da totalidadc do imcvcl, afirma: ( IlU)

"Esta cbacara atualmente sltuad a no coracao


do bairrc de Santana, e 0 (mica local em que
verdadeiramcnte poderiamos construir alguma
coisa util, de concreto C de pratic o, em favor
da juventude do Bairra de Santan a. E um
bairro que crcscc nat ural mente, scm prcvlsao
c planejamento, e nao fora m rcservadas outras
areas a nno scr, providencialmcntc, a chacara
Baruel, cujo projcto do vcrcado r Ashca r vcio
garantir a etctlvacao de ob ras de assistencia
social."

Sollcira-se urgencia na aprovacao do projcto, vista


que nno ha, em Santana, terreno propfcio aos fins indi-
cados. Ja nao he, no balr ro, ern 1948, lugar pa ra
ncnhuma praca. Todo 0 bairro csta, pratlcamcnte cons-
trufdo. varies vereadorcs inslstcm na necessidade de se
salver, imcdiat amcnte, 0 patrimonio vegetal que scna
ponto dc rcercio de mui tos bair ros de Sao Paulo, lcm-
brando-se que a construcao dos predios necessaries a
cxccucao do projcto scria 0 fim das arvo rcs. Contra 0

(68) Decreta - Lei do 10-10-1944 aceita c dc clarn cn trcguc s ao


tnlnsito publico as mas Mirnnte e Antonio Onganls, ubcrtus
em te rrenos do j ardim Sao Paulo.
(69) Anais da Cama ra Municipal de Silo Paulo (1948), p. 8264 ,
pri mcira discussi\o do projeto de Lei de 15-2-1940, de Cu.
milo Ashcar 0 outr os.

138 o BAIRRO DE SANTASA


201, 20 m2 de construcao e 5 1,00 m2 de tcrrnco coberto.
o pavimento superior tern 175,38 m2 de construcao e
79,3 0 m2 de terra ce descoberto. Alem disso, 0 predlo
tern urn s6tao, cuja area e ide ntica a part e construfda do
pavlmento superior.
A Biblioteca Infantil de Santana, inaugurada a 27
de marco de 1954, e diriglda at ualmente por D. Maria
Luiza Fu rlanetto Bruno. Visitada por nos, em junho deste
ano, fomos rcccbidas por D. Rogeria Montoro de Ca-
margo, que, gcntilmcntc nos mostrou as instalacocs da
Biblioteca, q ue atende, atualmc ntc. a rnais de 400 crlan-
cas. Hi qu em pcnsc em demolir estc prcdio, substituln-
do-o por urn r nais rnodcmo e mais ample. mas os dois cdi-
ficios da Chacara Barucl ainda sao os rcmancsccntcs de
urna cpoca em que a capital paulista sc integra num pc-
d odo de transicao para a cpoca da industrlatizncao. Am -
bos, e duas vclhas jabo ticabciras ainda rcsistcm ao tem-
po ... ale quando? Sera acertado dcstrui-los?
Em 1969, nada mais pobre do que a pcquena area,
junto a antiga igreja de Santana, em Irentc as tetr as q ue
constituiram a sedc da Chaca ra Barucl, e q ue tern 0 nome
de Largo de Santana. Urn velho pinheiro - scria a
unica arvorc da praca? - foi abatido lui pouco tempo, e
ainda la esta 0 "toco' a atcstar 0 que teria sido ...
Urna pcsquisa da "Estrutura Urbana da Aglomera-
c;ao Paulista - zonas de distribuicao das camada s sociais'
nao assinala favclas na zona Norte, rcvelando prcdorni-
nancia de classes popularcs urba nas.t tv) Urn passcic por
Santana - estamos nos referindo apcnas a Santana, e
nao a totalidadc da zona Norte - confirma 0 resultado
de tal pcsq uisa. Nfio ha, de fate , favclas, e, mcsmo
quando se fez 0 dcsfavelamcnto do Canlnde, em 196 1,
apcnas urna familia mudou-sc para Santana; tres muda-
ram-sc para Vila Edc, uma para Vila Mazzei, as outr as
foram transfcridas para outros bairros. Os moloristas de
praca. que conhcccm bern 0 bairro, entrcvistad os pa r n6s,
(70) Barros, Ademar de - Planejamento (1957. 1961).

140 o BAIR RO OF. SASTAS :\


confirmam tal Iato, mas fazcm qucstao de salicntar que
nao lui muita frcguesia para scus carros - a malorta da
populacao nfio ter n carro particular, niio usa taxi, mas so
anda a pc au de unibus.
Embora seja conium - c estc niio c urn aspc cto
peculiar a sstc bairro, mas geral - mulhcrcs maltrapi-
lhas, com tris tcs c imun das criancas no colo, asscdia rem
os transcuntcs, particularmcnte na zona mais comcrcial,
nas proxirnidadcs de ca sas de lunches, e pcdi r "auxilio
pa ra conducao'', 0 aspcc to gcra l da pop ulaceo e bas ta ntc
agradavcl, com sua atividadc, com ccntcnas de cscolarcs
a pcrcorrerem alegrcmente as ruas com scus livros c ca-
dem os a tiracoto. Segundo alguns antigos moradorcs do
hair ro, a malorla dos que pedem csmolas pclas r uas de
Santa na vcm de outros bairros c ate de outras cidades,
prlnclpalmenrc do suI de Minas.
Como nao ha, em Santana, grandcs csta bclccimcntos
industriais, mas antes fabricas de tama nho medic ou pe-
quc nas - para urna populaciio de 234.955 hab itantes, em
1967, apcnas 9.204 opcrarlos - nilo M , no bairro,
grandes nucleos so de habltacocs ttplcarnentc opcrarias ,
talvcz em virtu dc da relative facilidade de transportcs,
cmbora prcd ominc 0 tipo de babit acao popular.
Nuclcos rcsldcncials, com aspec to mais modcrno,
com rcsldsncias de padrao mats elcvedo for am sc for-
mando em balrros de povoamento rnais rcccnte, como 0
Jardim Sao Paulo, conslde rado urn dos mats clcgantcs de
Santana, onde se csta construind o urn Balncario, algumas
ruas na pa rte alta e a Jardim Sao Bento, que, em pa rte,
pcrtence a Casa Verde.
E bern diferente San tana de hojc, com suas diversas
Iuncocs, mals de acordo com as no vas aspiracccs da po-
pulacfio, do Santa na de out ro ra, mals pobre, scm duvida,
mais modesto e mais r usttco, e, pa ra usar urn termo tao
do gusto da atua l gcracao, menos vcrsatil tambem.
Com multiplas Juncoes, c na o so rural, como varia-
das ind ustrlas de diversos tipos , e nao apenas as ligadas
a atlvldad cs agnirias, nao mais a prcdomlna ncia de pro-

o DAmno D E SAr\TA:.JA 141


fi~~ ao ae rfcola . c sim as rnais diversas, e, alndu, nile mais
cxclusivlda dc da rcligiao catollca, mas uma minari a de
estabelecimentos catcltcos, em rclacao a protcstantes eva n-
gelicos c esplritas. Todavia, convem notar que nao se
tra ta de uma maioria de adeptos. e sim de entidades ou
estabelccimenros. Tal fato podc ria, talvez, ser cxpficado
pela infiltracao progressive de elementos cstra ngclro s a
partir dos ultimos a nos do seculo X IX, tr ansform ando a
propria pai sagcm urb ana de Sao Paulo.
o pequeno nucl co de povoamento que sc dcsenvo l-
vera Icnta mente em torno da rustica cape la des jcsuit as,
con stru ida em terr ae qu e pcrt enccram a antigos mora-
dares de Sao Paulo do Ca mpo, pcrdc scus dois aspectos
tfpicos dos seculos ant cr iorcs, isto e, catolico e agricola,
para adq uirir 11m novo, constituid o de multipla s facetas.
Mais modcmo, com maio rcs comcdidadcs , com as va n-
tagens scculo XX . pa rte intcgrant e da grande c mod cma
mctropole paulista, Santa na sera uma especic de centro
comercial, indu stri al e hosp ita lar da zona Norte, com suas
duas arteries princi pals - Voluntaries da Patrie e Cru -
a
zeiro do SuI. Ugand a-a Cid ade , sem contar alnda a Av.
Santos D umont c importa ntes ruas tr ansversals. Scu pc-
qu eno centro comercial sera a ponto de convergencia do s
mo radores de bairros vizinhos, que ali se abastcccm nas
lojas tipo su per-mcrcado. e ou tras onde se adora a sis-
lema de crediario para facilidade de pagamento. A r ua
Voluntaries da Pa tria pcr man cce a art eria comcrcia l. mas
scm aprcscntar um dct crrninado aspecto au cer ta cxclusl-
vidad e de produtos. I:: urn comercio variado. ond e se
vendc de tudo - casas de moveis, fazend as, armarlnhos,
merccarlas, verdadeiro centro comercial , ondc n50 faltam
ta mbem agencias ban cdria s - a maioria de s bancos na-
cio nais tern agend as no balr ro.
Com o vcrda dclro centro comere ial, ha alguns anos
Santana possut a seu Clubc de Lojistas, que tnmbern pu -
blica, semanalmcntc. urn jornal, que tcvc, a pri nciple, a
nome de "Folha da Zona Norte", passa ndo, dcpois, a se
denominar "Tribuna Paullsta ", atualrne nte sob a dir ecao

142 o BAIRRO DE S.\:oiTA:oi.-\


de Francisco Vasconcelos. Com suas lnstalacccs na ru a
Leite de Moraes, csta , atu alrncntc, no scu decim o primciro
ano de atividades, a defender os inter esscs do bairro.
Ao Clube dos Lojistas tambcm cabc 0 meri to da
rc novacso do J ardi rn da Igrcja, que atravcs de proveitosa
campanha junto a populacao do bair ro, obtevc Iundos
para transformar a pcquc na praca em "cartao de visita
da zona Nortc't.C")
Em outu bro de 1964, com grandcs fcstas , foi inua-
gurada a ilumi nacao do J a rdim , tendo dtscur sado 0 cnt ao
dcputado Valer io Giuli, que em scu discurso, rcfcre-sc a
cpoca em qu e 0 largo da Matriz de Santana tin ha portae.
Com scus ean tciros remodclados c bancos Iixos, com os
nomes das firmas eontribuintes, 0 Iardim, iluminado a
mercuric, tornou-se nos anos scgutntcs vcrdadci ro motivo
de vaidadc des san tancn scs. E ntrctauto, atu almente ju
prcclsa de nova rcforma, panicularmcn tc quanto a ilumi-
nacao, por isso 0 Clu be dos Lojistas inlcia , no momento,
nova campanha, em que sc inclui tambcm, construcao de
urn palan quc para aprcsc ntacao de rctrctas aos domingos
11 noitc . A "Tribuna Pa ulista" de 25 de maio a I de
junho, em scu "Baldo de Notfclas''. afinua "que ja cntrou
em cntcndi mcntos com 0 padre da par6quia de San tana
para as dcvidas provlden cias. A par te de aja rdinamcnto
cstara a car go do Service de Parq ues e Jardins da Munl-
cipalidadc''.
Como bai rro tradlcional, de antigo povoamento,
Santana e urua cspecie de "capital" da zona Norte. E
por Isso mesmo, e scdc da Igreja E piscopal, criada em
1966. Du rante 14 anos fol vigario da Paroquia , 0 pc.
Francisco Amos Connor, M . S., que, cntrcvistado por nos,
fala com prazcr ora sobrc a sant a pndrocira , ora sabre
a ohra des padres de Salette. Entre as provisoes de maio
da Curi a Mctropo litana, foram indicados para a Paroquia
de Santana, as R cvmos. Pes. Nilton Afon so Ga sparreto,
M, S. c Paschoal R ochcd rcux, M . S·e~ )

(7 1) "Tri buna Paultsta", 3I -.'j ~ HJ(l4 .


(72) "0 Sao PUlllo", 6rgao du Fundacilo ~ Idrorolitana Paultsm.

o HAlHRO D E SAKTANA 143


De acordo com dados fornecidos pela agencia do
IBGE, em Santana, a populacao do sub-distrito e esti-
mada, em 31. 12·1968, em 224 .955 habitantcs, numa ar ea
de 34,07 Kms." Numa cstatlstica publieada no Boletim
Mensa! da Prcfitura Municipal de Sao Paulo (n. ? 134,
ebril-maio de 1968 ) Santan a pertenee ao grupo des scis
maiores sub-distritos de S50 Paulo, tan to quant o a area
COIllO a populacao (v . An exos ) . Verdadcira Cida dc, den-
tro do municfpio, pa is poucas cidadcs do Estado de S50
Paulo tern popu lacao superior a de Santana. T odavia,
nem San tan a, ncm bair ro algum da zona Norte csra in-
cluido entre a s bai rros de malo r dcnsldade de populacao,
o que, provavclmentc, aconteccr a em futuro nac muito
distante.

144 o BAlHHO D E SANTAXA


" .•• ,,,;•• ,

·

a
i •.
::::
... :=
;'
1

~'! I·HI;I\II'\~-1
··
-t • 1,1
':.:
..
;;
: .,
:=
.
..
· "

~r ~
,' If " ]
.
'0
~
'
~

" AI
<"

'0

'I.
,'I \:
j

I

/
CONCLUSAO

No proccsso de ur bamz acao de Sant ana a tua ra m


fator cs positives c negative s, 0 q ue cxplica . de cer ia for ma,
a Ientidao com q ue 0 bai rro chcga a sc intcgrnr de nim
do nuclco urba ne rJa capital paulista.
Fat or cs fra ncumcntc negatives. rclacio nados uns com
os Quiros, fizcr am de Santan a. por qu asc tres seculos, urn
bai era com todos os carac terfsticos de ba irro rural.
A pri ncfpio, a locafizacao de propriedades rurais. en-
tre as quais a fazcnda Santana. des jcsuitas, a mais de
uma legua do a ntigo Colegio de Sao Paulo do Ca mpo.
scparada deste pclo rio T lcte e sua ampla varzca, facil-
mente inundavel, com todos os problemas de transportcs
c com unicacocs . E. como conscq iiencic dcsta dis rdncia c
destc isolam ent o. cis q ue Sant ana e considcra da locali -
da de ideal pa ra a instalac ao de urn Hospita l c de urn
Cemlterto par a as vfum as da variola ou da lep ra !
Ev idc ntc mcn tc, tais Ia torcs, conjugcdos, nile atrai-
riam para 0 bair rc , on das de novas r norad orcs. em con-
di<;: 6es de melhorarcm 0 scu aspecto ou os suus rccursos,
mas apcnas modcstas co rrcntcs de povoamcntc dcspido
de co nfono, na vcr dadc, quase scm exigen cies.
Todavia, Iatc rcs positives. poc seu lade, irfio Ievar
pa ra 0 bal rro , elemen tos que serno baslcos para sua inte-

o BAIRRO D E S.-\ ~ L\~ A 147


gracao na vida urba na paulista na - a estra da de fer ro
Ca ntarcira, primciro. 0 sa ncame nto c mclhoramcntos da
Va rzca do rio T ide. depots. como que ajudarao a eneu r-
tar a dtstancia ent re a ant iga fazenda jcsuftlca, - trans-
forma da em Colegio, ou Colon ia. transferido 0 Hospital
para outre local - c a Cidade, cnriquccida pcla cspan-
tosa cxpansao da lavoura cafccira e j a em vias de rapida
industnalizacao .
A o Iongo. puis da mais antiga radial Norte - r ua
voluntaries da Patrta - constr ulr-se-ac, no fim do seculo
X IX c pri meiras decades do scculo X X. os primciros cdi-
ffcios de eert a importancia, a revela r 0 proccsso de urba-
r uzacao do bairro clcvado a dis tr ito de paz, isto e, car-
tririo, Coleglo, Gr upo Escola r, lojas, matrt z. Da rncsma
mancira, dos dois lados do lcito do T ramway da Can-
ta reira. no vas casas, cmbora de aspcc to modesto, scrfto
construfdas. E serao rasgadas avenidas, algumas ja pavi-
men/ad as. com modem a iluminacil o. Ginasios e clubcs
csportivos, jomais e rcuniocs socials Oll bcncflcicnte, hos-
pitais e saloes de beleza, cent ro de prot ccao familiar e
mereado dis trital, lcjas de va rcjistas c casas bancarias,
casas de lanc hes e rcstau ra ntes campcst rcs - 6 toda uma
paisagcm urbana, em opo slcao aos seculos a ntcriorcs.t t" )
Analisadas as Iuncocs do bai rro de Santa na, veri-
fica-sc que a funcfio mais impor tan tc 6 de carater ccono-
mico, lsto 6, a funcao comcrcial, conccntrada na s pri n-
cipais radiais c algum as ruas transvcrsais, dcstacand o-sc,

(7,'3) 0 Centro de Estudos l' A<::lo Sodal, Iund.ulo em H)32, orga-


"i~.a<;<lo klllinilla para llwlhor eOlllwl'l'r as aspira<,'{}l's da
gentp hraxilcira, organizou tres Centres lie Prole<;:10 Familiar
Pili bnirros populurcs - Santana, I'o ntc l\ '(\uena e Quarta
Parada (d. S,IO Paulo de Untem, de Ho]o e oc Amunbj, ano
I, n.? 7, p. 21 - agibto de Wil l. Um dos aspectos do Plano
de E nl(' rg('nl'ia dos Bairros du Capital I' a Fundacfio de
Xlcrcadinhos Distritais, sob () patrocinio l!a Prcfeitura; ;I
23 ·10- 1947 Ioram inaugurndos os de Santana e Vila ~ Iaria.
o ~I"r<.,adinhn "I", San tana 0('11\1;\ uma 'Irea de HOO ms .~, C(Jm
.'32 lxurcas para vcncla d e vcrc mas, aves , 1x,i\('s, carne, nrtt -
gos de mcrcearin c Irios (d. Sao Paulo de Ontcm, de Hoje
e de Amanha, nne \ '11, n.v 27, W47 ).

148 o BAlHHO DE SAXTA:'\IA


casas comcrciais , so volta a noitc para casa, venficando-sc
f1u xo e rclluxo de pcpulacao pela r nanha e II noite.
A runcso indu strial su rge tardiam entc. Somcnte nos
ultimos anos a prcscntc-sc com maior dcstaqu c, accntuan-
do-se a medida que sc processou a construcdo das ave-
nidas mer glnais c apos a inauguracao da rodovia Prest-
de nte Dutra . Tod avia. como ja dissemos, Sa nta na esta
lon ge de scr urn bairro industrial. Na rcahd adc. a indus-
tnalizacao maier. em bai rros da zona Korte , realiza-sc
cxatamentc nos ter renos da varzca. qu e vfio dcixa ndo de
scr improvisados ca mpos de futcbol , para sc tran sforma-
rem em mod erna s fubr icas, c nao nas cncostas das colinas
que const itucm urn do s aspec tos peculia res dn topograf ia
de Santana.
T udo isto dii lim aspccto scculo XX '1 0 bai rro de
Santana, mas c tempo de lcmbrar, com Lc Ccrbusicr, que
as cidadcs existent pa ra a con fort c dos q ue ncla vlvcm.
e que nao basta a br ir r uas e rasga r avcnldas pa ra cons-
truir a cidadc mod cm a.
As ca rnctcristicas basicas de um distri to rcsidenclal,
isto e. ampl os espat;os livres em tome das rcsldencias,
a bundancla de ar. vcn nlacao cficiente. luz, runs la rgas fa-
cilita ndo 0 tr afcgo, services pubticos de dgua. luz, tclc-
Ione. ("sgOIOS. conducao colctiva, cortl nas de arvo redo
para protccao con tra a ruido, vcntos cxccssivos e
poeira.t") tudo q ue deve existir simul tan camcme, na
realid adc. ainda nao sc enco ntra na devida proporcao em
Santana .
Se exlstcm algumas rua s nessas condicccs, au alguns
"J ar dins" c " Vilas", sc, de fato , ha de tude urn pouc,)
em San tana . 0 bairro ainda csra na Iasc de urbanizacao
bascada em q ucstocs de transite c transponc. niio obs-
ta nte as modc rnas tendencies do urban lsmo pnullstano,
scntidas c posta s em pnitica nus u ltlmo s anos por Prestcs
Maia c Faria Lima. nuruu tent ativ e de hnrmo niza r 0 uti!
e a agradav cl. humanizando a Cidadc.

(74) Du mont Yillan-s, Hentique - "Urbnnismo .' Imlllslri'l em


Sao Paulo". p. ~7.

150 0 B.-\IRRO D E S.-\:'\"T .-\:'\".-\


Santana , bairro tradicional. de clima sau dav cl, de
vastos horizontcs, c ba irro scculo XX, pclo scu dina-
mismo, pela sua atividadc, pcla rcnovacao de seu sistema
viario, pclas suas ligacocs diarias com 0 cen tro da cap ital
paulist a atr aves de incmcras linhas de unib us, mas pleiteia
aq uilo que a urbantzacao dcsrruiu - as areas verdes, im-
prcscind fveis para a populacao, cuja tendencla c aum cn-
tar sempre.
Pcrco rrcmos 0 bairro m uitas vezcs - a pc, de taxi,
de onibus. Visitamos a rcdacao dos dois jornais. Fomos
aos Colcgios c as Igrcjas. Vlsita mos 0 O uartcl c a ntiga
Chaca ra de Sao Bento. T oma mos lanchc aq ui e ali, con-
vcrsando com todo m und o, nas r uas, nos pontos de
onibus, nas lojas. Visiramos gente cuja cxistencia igno ra-
varnos. Em toda parte fomos bern receb idos e bern tra-
ta dos, com gcntilcza, c, aind a, com bondade. Pudemos
scntlr Santana, c nao apcnas vcr urn bairro com o os
outros.
Santana, com seu povo franco c acolhcdor, mcrcce a
atc ncao dos modernos urba nistas, que hiic de torna-lo urn
de s me ls prospcros bairros de Sao Pa ulo. E so-lo-a, tcmos
ccrtcza, dcsdc qu e se cump ra m as prorncssas de um
urba nismo no vcrdadciro sentido da palvra, em que 0
" homcr n" seja a meta. dcsdc que sc possa resplrar urn
poueo de ar puro em tcda pa rte, como an unciou 0 pre-
feito Maluf, dcpois de dar posse a Com issao Especia l do
lbirapuera":

"A Cida de de Sao Paulo devera conta r com


novos putmoes verdes. Dez qua rteirocs serao
dcsaproprlados - urn em cada bairro - para
da r luga r a pracas publicus, onde 0 prefcito
prctendc plantar muitas arvrocs c flo rcs, par a
humanizar a Cldadcv.t " )

Sera Santana um desses dcz balrros pri vilegiados?

Julho de / 969
(75) "0 Estuclo de Silo Paulo" de 26-6-1969 .

o DAIHHO D E SA:\"TA:\"A 151


BIB LIOGRAFIA

I. Livr os e Arligos de Revistas

AgUl rr,l, Joao B. C. - "0 Tombamcnto de 1817", in H.. A. :-'1.,


vol. X, p. 57, Dcp. de Cult ura da l'refcitura de S. Paulo.
Almeida Junior, J050 Mend es - :\Ionografia do Mun icipio de
Sao Pa ulo, Typ. Seckler, S. l'au!o, 1882.
Almeida Prado, J. Baptista e Azevedo Soares , Antenor - R el nl{i.
r io relnt ivo aos excrcicios de 1928 e 1929 . Admimstracao
Pires do Rio, Prof. de Silo Paulo.
Andrade. Euclid..-s c Camara, Hely F. de - A Fo",a Publica de
Sao Pa ulo - EsblH;o Hist orico, S. Paulo, 1931.
Amllja F ilho, J. It - "A populacan paulis tnna" in A Cidade de
Silo Paulo, vel. II, Assoda<;ao dos Cc6p;mfus Brusllclros (v.
Azevedo, Arold o],
Arroyo, Leonardo - Igrejas de Sao Paulo, Liv. Jose Olympio Ed. ,
Hin, 1953.
Azevedo :-'lnT< ju{,s, :\1. E. de -
Apolliamcnto, lIist6rico s, Geogra .
Iicos, Estatisticns e Noticlosns da Provincia de Sao Paulo,
2 vols., Comlssfio do IV Ccnt cmirio d n Cidedc de S. Paulo,
19.'j4.
Azevedo, Aroldo de, c doutros - A Cldudc de Sao Paulo - E s-
tud os de Geografia Hum ane, 4 vols., Assnd a~'ao dos Ge6-
j:!;rafo s Brasil eiros, Scccao Regional de S. Paulo, Cia. Editdra
Xaclonul, S. Paulo, 1958.
Azevedo, Amldo de - Subdrblos Orientals de Sao Pa ulo, Sao
Pau lo Ed. Ltda., Sao Paulo, 1945.

o BAIHRO D E SANTA~A 153


Bnndcccbt, Pedro Brasil - "Efemendcs Paullst as" in Hev. do
I. H. G. de Sao Paulo, "01. LXI II , 1967.

Barros, ~ I a r ia I'ae s de - 1'1\0 Tem po de Dantes, Ed . Brnsilicnsc,


Siio Paulo, 19·16.
Barros, Adomar Pereira de - Planejame nto (19.'57-196 1), l'rd .
Munici pal de Suo Paulo, 19.57.
Bologna, Arnenco - "Efemcridcs Paultstas", Hev, do I. n . C.
de S. 1'., V. LXIII , 19(j6.
Camara, H ely F . dn - \'(~r An\lra<!e, Eudi<!es.
Campos, Ped ro D I <lS de - "0 Corpo de Bombciros de Sao Paulo",
Rev. do J, II, G de Sao Pau lo, vel XII I, p. 137.
Campo s, Pedro Dias de - "Q unrtots d a Cap ital" , Hcv. do J. II . G.
de Sao Pau lo, vol. XIV, p- 203 .
Carvalho, Afonso Jose de - "Sjo Paulo Anti~o (1882-18H6)", ill
Rev. do I. II . G. de Sao Paulo , vel. XLI, p . 47.
Delorenzo Xcto, Antonio de - "A Rcforma Politiro-Admmistrn-
ttva do Municipio da Capital de Suo Paulo ", in R. A. ~f. ,
vol. C LXX, p. 211.
Duarte Silva, Nicolan - "E fcmeridcs Paultstns", Rev. do 1, II . G.
de Sao Pa ulo, vel . LXI II , 19(:17.
Egas, Eugt,nio - Os Municipios de Sao Paulo , puhlica<;,iio ofidal
do Oovar no do Est udo de Siio Pau lo, 192(t
Egas, Eugemo _ Cale ria dos Prcsidenres de Sao Pau lo, 3 vol.
puhhea<;,iio OfICI,1 1 do Coverno do Estndo de S. Paulo, 1\)26
c 1927.
Ferreira , T ito Livlo - "A I~rcja do Col{'gio", j cmal de San
Pa ulo, 1950.
Fl orence, Amador - "Curiosidadcs do Censo Panlixtano ", de
1765, in R. A. :\1., vol. LXXIX, p. 131.
F reitas. Afonso A. de - Pla n'lIisl\iria da C id ade de Sao Paulo
no pe riodo de IIl00-1874, Ed . (10 T. H . G. de sae Pa ulo,
E . Arra ult & Cit>, T om " 1914.
Freitas. Afonso A. de - Tradil;i,e, e Heminiscenci as Pa ulistunns,
Ed. da Hcvista do Brasil, Sao Paulo, 192..'5 .
Gaffre , 1.. A. - Visions du Bresil - Francisco Alves & Cia .,
Hio, HJl2 .
Geige r, Pe(ho Pinellas - E voluciio da Red e Urba na Brastlciru -
C{}l t'~'ao "Brasil Urbano", C\'PE, I1\EI', :\IE C, nto. 1963.

Fari a Lima, J. V. - Me lro - novembro de 19fi8, Prefeiturn :\111-


nicipal de Sao Paulo.
Leite, Aur elinno _ Pcqccna His torla da Casa Verde, od. Pocai,
Siio Paulo, 1939.

154 o DAIRRO DE SANTANA


Lo tte, Aureliauo, - 0 Briga ddru Couto de ~Iagalhat·s, Grafit'a
Sauer, Bio, 1936,
Leite, Serafim, pt'. Xonls Cartas }esu ilieas (.Ic XMn.. g a a
" ieira), Cia. E(lil" ra Xacional, Sao Paulo, 19-10.
I......t e, Se rafim , pc'. - lI is""ria <la Co mpan hia de J('~u , nil Ura,i1•
.. \"01.

\lai i!, Francisc o Pres!(..., - Estudo de urn p lano de .-h ·e ui(las pa ra


a Cidad.. de Sa D Paulo _ Cia. :\ldhuT<lJlWlltos, S. Pauln, 19 30 .

:\Iaia. F ra ncisco Prestos _ o~ :\Idhoramelllos dc Sao Paul o, Pre


fd tm a \ IUllidp;l] dt' S,iu 1'.11110, 19..1'';.
\ Iad'ado, J. Ak ,m ta ra - " ida e \ torte do n:lIu!ci rante - He\'ista
(los T ribunals, S. I'auln, Ul2H.

Matos O dtlon :\o.c;ul'ir<t - "A Citl ad c de Sii,) Paulo no ' ''-'l'U!''


XIX" ill E\'ol u~ii() (Ill Cid,.t!(· tie Sao r auln, C"It-~';i(J It.-vi,',,
de Historin, Sfio I'au lo, HI,";.'i.

:\kmles , H"na to Silwira - "Os Hairros da Zuna Xurtc c us


Bairros O rie ntai , ', ill A C i,!atlc de' Sao l'uulo, Ass. (I" , C ,',', -
.c;mfos Brasil<'iros [v, Az.'v.·,ln, A.).

\Idlo, Handol fo II. de _ "A 'Igua e-m Sao Paulo", ill n. A. \1. ,
X\ ', 1935.
x toora. .Amertco d.. - "0.- po voudores do C ampo de I'iw tininga",
R. A. :'II., XX\'.

xtoura, Paulo Curstno de - Sao Pa ulo de Outr ora (E w l(' aI...ao da


\ Ielropole) 3.& t'(l i~'iio , Liv. Martins, 195-4.

:'Ilonbeig, Pie rr.. - l.a croiscance de la "iIle de Sao Paulo, Insti-


tute e t Revue d e Gt'Ographie Alpi ne, C re noblc, 19.33.

\l orS(", Rich ard - I>e Comunidadc a \ te tropolc - Bio~rafia de


Sao Paulo, COI ni s.,ij o dr- 1\' Centeruiric (It, Sf,,) I'a uln, 19S-t.

:\Hillu, Danid l'.'(lrn - Siio I'aul " em 183 6 - Ensato de um (Iua-


dro estali,t;eo d" Pnu'ineb - H{'{'{l i<;: ao de () Estudo (1('
Sao Paulo, 19 2.1 (a I. - t.. 1. {. li t' 11'1.18. typo (1l' Cost .. Silveira).

:\hill"r, :'-:in, L. - " A ,ITt'a eeut rnl da C ldad,,", in A Cidnde d c


Siio Pauln, As>. lins G-t'()~nl f"s Hrasild rns (w r Azt·\'(',)o, A.).

l'es tuna, Paulo Ha ng. 'l - A E~p'lllsao Eco n,)m i,'a do i':,!:III" de
Sao l"llll" nom ,.:culll - I S22- 1!l22, Serv l~" li" l'"h! k,'~'''''' S
dn S"('re lar ia tI., Ag rit'ult m;l , Sao Pau lo, 1\12:l.
n
I'ctrom-, 1'. - "Sao l'nnlo no " ''('111" XX in E \'n I U~'iiu Urbana
,

de Sao 1"lUlo, C,,!. Ht'vi'hl cit, 1I1' t<'" ia, S. Pa ulo, llJ.";."; .

I' into. Alfredo :'Ilon'ira - A Cidade de Sflo Paulo em 1900 (h n-


pressoes de Viagt'm ), Im p. Xaciona], !900.

o H.-\IRRO UE S .-\~TA="A 155


Prado Jr., Cnio - .·oml;l~iio 110 Brasil Cont em poruuco (CoMnia),
2.a. ed. Ed. Bms tlu-usc Ltda., S. Pau lo , H).l.j .
Sa ntana, :\"",,10 - J)oc uml'nt ,irio lI is",rieo , 2 vok, Dq l. de CuI-
tur a da Pn·f. ~ hm idp;11 Ill' S;io Pa ulo.
San tan a, .'\ 1110 - ~ It.'ln'p,o ll' , Dt·p . de C ,,!tur:l II:. l'ref. ~ !llllit:ip'li
de Sao 1';1,,10, 19.30 .

Santana. Xuto - Sao Pau lo lI i,torieo , 6 tomos, I"'p . II.· Cuh ura
d a PIl.'£. ~ 1"n id p'11 tit· San Pa ulo. 19.T7- W4·1 .

Saraiva. Amnd ...u d" Ibrros - ~ As recentcs I·ri:l~...-,.·s ur l"l oas ....m
Sao Paulo". in ..\ rt!uilt'l ura no Bra sil. \",,1. v, n.v 29, Rio.

Sil\"a Bnmo. E mun l - lI islt, ria I' Tradi~s d u C ida tll' de Sao
Paul o, Co m. t1.n 1\ ' C...·nlo·narin da Ctdade d. · Sa,) Paulo, 1954.
Sslv a, Ha ul .\ mlrad t, t' - "San Paulo nos T t·mpos Co loni ais", in
A Eidedc til' Sao Paule Ivcr Azc \'t'llo, A. tit')'
Silva, Schastiana O livia - L' Il1 '1 Alm a til' Fe _ ~ I(\(lrl' ~ I:l ri;l T e o-
dora \'uim n, Iundadoru da Provincia Bra sik ira de Situ .Ins~ de
Cha mhe ry (18 :t "i-l!J2.'; ), Ed. Avc \L1 ria Lt ., HJ.lH, Siio Pa ul o.
Sous a, Everurdo Valim l't·n ·ira tit' - "A l',m lid 'ia h:l (in nnos".
in R. A, \ 1., vol. XVI , p. fi3.
Sou sa, E ve ra rd o " "lim P...n ·ira de _ " !km in i"·t~ll ..ias AI'atlt' m iea, "
in R. :\. \ 1., vol. .'\C Il I, p. Il l.

Sam p'liu, T eodoro - Sao Paulo no tempo de .-\Ilchid a. 1~St-... )tl


T ipo g:r.ifk a Sal...sian'l, S. Paulo, 189• .

Sinlt>t-"S de Paula, Eu ript'tl.... - " C..on t riIHli~~:io 1I1nn ogr:lfil';l pa ra 0


estudo da st.o~llub f",ub\';io de Sao Paulo", C....1. n e , -i,t a de
lIistoria, n.o 17, S. Paulo, 19.3-1.

Taunav, Af.'Jnsn Ir K - Jl islt;ria S<-iSCt"ntista da " ila t1~, S. Pa ulo.


·f tnUlOS. Typ. Itl" 'll, S. Paulo, 192.6-1929.
Taunav. Afonso d 'E . - X"n Du co r. Du eo (Xotid as tit' Sao Paul o
156.3-1 820). T yp. ldoal. S. l'a1110, HE4.

Taunav, Afo nso d'E - Sao Paul ... no s£'tOul.. X," I (lI i, t" ria da " ita
pjrati nin~a n a l, E . Arrault & C.it·, T il1 lTs, 1921.

T aunav, Afon so d'E , - "Ent rt....las e Said as da Ci l1;I(II' dl' Sao


rani,,". in H...\ . ~ I. , \"01. 1.'\.
Tauna v, Afom" Ir E. _ lIi, ti,ria tla Cldade de Siio p 'lUlco lU I sl'c ulo
X\' III . 2 VO]S., C oh'\'ao do Dcp. il l' Culturu. !livi, :-u) do Ar-
quivo II b tbrit'tl, 1'r...f. ~ " mi dpal de- S. P'llllo, u).'n.
\'as('on('e!IlS, Sim :i n dl ' - Crlln icll tin Compa nhi n til' J<"SIIS do
Estado till Brasil. 2.9. ed., J. Fernandes L op es, Lisbon, H)(i5.
Yillares, H cnrique D umo nt - Urbanism" c Indll, tria I'm Silo
Paulo - Sao Paulo, 19·1().

156 0 H.-\IIUm m : S AXT .-\X.-\


II . pu b r i ca ~ Oe s Gera is e Cole~Oe s de Documentos

Ala s da Calmlra lia Yil", tie Sao Paulo - l' lI hl ka~-.io oficinl dn
Arquivo I'llhlieo \ Iu nieipal (I" Sao Pa ulo,

Alas da C~\mara tI:l Ctdade til' Siio Pa ul" - Ik l' .trt,llIw utn do
C lIltura (D ivi, ;\() de J) (}elllnput a~'ao lI ist,'rio'" " Social], l'n--
fr-iturn do \ hlll il'ipill .1" Sau P'lllio.
Almanach tI~1 Provincia til'S , I'aulu - eel. pUr j " r).:c S{'('\.;I.'r, S,
l' a" lo, 1&>:;, HiS6, HiSS,

Almanad, da l' n l\ lnei a de Sao I'nulo para I!>' :J - O r~aui zado por
,\ uhl nio l"" ~ Ittplisla d t' L U lU" ( , Paul o Ddfim da Fons(''l'a ,
Sa,) Pa ulo, IS' 3.
Alma nad, 1..;I.'TIInlcrt d e Sao Paulo para )90:J-I!HJ--I.

..\ I ll\ ~1I1~l('k Laemmert de San Paule para 191 3.


Alllli, da C 'lIl1ar il \ h mid p,11 de Sa" Puulo - (\'ululill's din'rsos
- shulo X X),

Anu.irins [ stul ht i.'us - Dt' p:trlalllt'utu de Esta t islka do Est ndo (1c-
Sa" I'a nh., ( W I(;, Hl2/1, 1!J2' , W.'59 ).
A,pectos do \Iunidpio de San I'uulo, 19fiG ,. 196. - Fu nd:t~1in
IUGE-IUE. lnspetoria Hl'l~iona l dl' [ , tal i, ll('a de San Pa ul" .
Curlu s de I)at a~ de Terms - l 'u bliC"a~-ao do D q ,a rt 'ln Wnln de
Cultura Itt I'rcfeilura \l lIllid pal de S,i o Pa ulo.
Documcntus Iuteressuntes pa ra a lI istoria l' Cnst lllllCS de SaO
Paulo - Departamento li n Arquivo do Est,"lil de Siio Pa ulo .
I n n'n l~\ r iu ,c Te 'lam,'nllrl - Departamento (1n Ar'lUIVO do Estado
lle S,i o Pa ulo.

l urn ai"
" A C 'l1.d Ol", 2.1- I - IOC).'j.
' "1"olha do' S,io Paulo". ~mus 1965 e 1.0 st'nll'sl re de 1969 .
M.\ Gazd a (10 Xortc". ",ulleros d in 'rsos (II)6/) , 19f191.
" 0 E, IOld" d. , SaO 1" 1111,,", antis 1967, wns " 1.0 St' !U, de 1909.
''Trilm na 1' ,,,,li, I,,", n'llllt'm , uin'T'<tlS (H)6.I, 1965, 196\1\.
" 0 SJ n Pa ulo" , tlr.l!:ao &1 Fll nd'I~'a,) \ Idwflulit a na l' anl b t,l,
maio " illllllO (k H.I69.
I A' i, e De ('reln~ tlo Estadu rlc Siio PUllIn,

Leis c Decretos tlo Im pe rio.


"Papeis Avuls os", in H. A. \ 1., muncros divcrsos (d ta.los uus
:\"ola s),

n.'pertorio das Scsmarias couce didas pe los Capihics Ge nera;s du


Capitania de Siio Paulo de-de 1<21 ah~ 182 1 or~a n i7~"ldo pt'];1

o B:\IRRO DE S.,\ x TA x A 157


Scccdo Llistoric n do D e pa rta me n to do Arquivc do Estudo,
Tip. do Globo, 1944 , S. Paulo .
Scsm"ri <l~ , (jvols., pu b!. pcla S,T<,;aO l Iisto rica do Dcpart.nncnto
do Arquivo do Est.«!o de Silo Paulo.
"Hcccnscamcntos de O rdcnancns da Ctdado de Sao P aulo e
sell ~ hm ieipi () (1768)", in Hey . d o 1. 11. G. de Sao Pau lo,
vol. XXXI\'.
Hecen seamcntos d e HJ20, 1940, J!J60. - IBGE , Hio.
Hcc e nsc nm ontos do Tem po d o I mp~ r io _ ~ Ia~'os ,Ie I'opulaciio
da C a pi tal, de 1761 a I1H l - Caixas de mallllsnilos do D c.
pnrtumcnto do Anlnivo do Estndo ,1(' Sao Pallio.
Hq~istro C e ral da Camara d ll C ida dc d e Sii" Pau lo - l'u blica~'ao
do Ikpartallleuto de Culture da l'rd. d" Sao Paulo.
Hela tli riu da Comissfio C e ntra l d e E sl al i~l ;"a - Leroy Kin g , SilO
Paulo, 1888 .
Hda t6 rio d o ano lie 187.'> da D ird" ria da Ikpartio;;iio d e Es tn-
listi l'a d o Es tudo d e S. Pau lo. 1896.
H..Ja l(or i ,,~ ll,,~
prefci tos:
Dr. Antdnio du Silva Prado
Dr. Haynullll10 D uprat
Dr. Pires d o Hin
D r. ' Vashing toll L lIiz l'l'n 'ira de Souza
D r, Adcmnr lie Burros
il Cdmarn :\[ llnid pal 11" Silo Pa ulo (anos cliversos},
Helatorio d a Com i~sa o E ~p"eial pa ra Es tudo du s Enchcntcs d o
Hio T ie lc C ~e us uf'lucn tc s - 13 ,1 .11 Sessiln ES]1('('ial n':lli zatb
('nl 7-.5-1963, Camara ~ "llli,..i]1al de Silo Paulo, W63 .
Jld ati, rio relative ao s exe rdd() ~ d e 1928 I ' }!J2!J - Adin. P ires
do Hio, por J. B. Almeida I'r udo e Ant,'n(}f AZ"\'l'llo S oa rt'~ .
Hd nt 6r io d o inte rve nto r Adem a r Pereira d e Bn rros _ A prcsentudo
ao £\1110 . Sur . C etll!iO Vargas (1931';-39).
nela l,',ri os dos Prc~i d "nt e s d a P ro \'lndll lie Sao P lO"I ,, :
An t",llin C,lmlido <1a Hocha, ty po Amhiell, J H70
J. J. Fernandes T orres, 18,5H, T ip. :2 d" D "z ,>m!>ro
Con~dll(' iro Antonio jO~t~ He n riques. I HtiO
C ons clhciro Manuel j onqutm do Ama ral Gm gd
Jose :\"abuco d p Araujo, Tip. d o C<)\'I~ rn<), l B.'):?:
j oa » Cris piniano Soar es, H,W5
J. Salclanlm :\[ arinlln, 1868
Pin-s da Mota, 11';(1-1
Hd ahlr io do E stado d o Seminario lie Sa nla na, d e 3· 12-185 8 -
In Anex o lln Dis ClIfSO I,m que" limo. c Exmo. Sm . Sonador
J. J. F.. rnand"s Torres prosidcutc d a Pruvinciu, ubriu a
As scmbk-ia Le g isla tiva l'lll HmO.

Hl'!:Il1!rio dus Ocorrc n"; llS 110 Se m imirio dos Educa nrlos d o ulti mo
d e o utubro de 185 9 no ultimo de Ol1lu{,ro lie 1860 - Pd o

158 o BAIHHO DE SA:"I T Ai\'A


din-tor Bento Jos':' de ~ I ora i s , a :!-1I-1860, in Hclatorto do
Prcsuh-ntc da Prov. Co ns . J'N,: He nriques , 1S60 .
Rdat orio do E stad o em (Iue M.' acha 0 Scm inario de Educandos
de San tana - In Relat orio do PHOS. da Provin cia Dr . Pires da
xtot a, IS6-I.
Rel atorio do Pres. Jose j caq ulm Fernande s da e mt a Pereira
JUninr - T ill. Am e ri.'a, S. Paulo, 187:!.
Hebt6rio do Pres. da Pruvmciu Dr. Sebas tiiio Jos':' Pereira - 1875.
Hcvistu de lI i, turin - \ 'ob " I u 7,1, anos 19,')()-l !JO!'l, S. Paulo.
n evi,111 do C. I'. O . H. de Sao I'a ulo - Hl(j,'5.

Revlsta d.. Anluin . :\Iunid llal ,Ie Sii" Paulo - \ 'ols. I a CLXX\',
uucs 1934 a 1968, p u )liea~',io d o Dep.ut unu-nto tI,- Cultura.
Di\'isao do Arqutvc IIhll',rk ,), Pn-feitura :\hmidpal d e Sao
Paul o.
He\ i' la do Instttu to lI ish' riC'O e Gen~r:ifiC'O de Siio Paulo - ..Anos
d ivc rsos .
Sao Pecl o Antigo e Siio Paul n :\Iod...m o - Alhulll ou::anizado por
jules .\Ia rl in. :\.'r(·u nan ~d Pes tana c I leunquc \ ' allonl"n,
Siio Paulo, 100'5.
Siio Paulo de Onl('(II, de lI oje (. de Am a nhii - Bolctim do
p nrt unu-ntc Estad ual (I,· Imp rcnsa e I'rop'l~amb , depots
p artuun-nto Estudeul de I n fnnlla~'a(), San Paulo.
Sino !,,,, E,tatistil'a do .\l unid l'i n de Sii" Paulo - IIIGI':, IIi" , W.'50.

Sao Paule Alltigu - l'hm lns 11" C i<l",le - I' llhl i c a~'iio du C om i, siiu
do IV Cpn tpn,i ri" dn Cidadl' de Sao 1';\(110, HJ-'H .

o H.URRO DE S:\:\T:\X-\ 159


ILUSTRA<;:OES

l. An tigo Solar da Fezcnda Sant 'Ana.


Fachada do antigo solar. sede da Fazcnda Sant'Ana .
Em rufnas, a capcla de Sant'Ana. Os cd ificios foram
dcmolidos em 19 16. 1"0 loca l. constr ufdo um Ou ar -
tel do Exe rcito. ondc csta sediado atualm cntc 0
C POR de Sao Paulo ( rua Alfredo Pujol) . Foto-
gra fta da Scccao de lcon ografia do Depa rta men to de
C uttura da Prcf. de Sao Paulo, cedilla pclo Sr. Sc-
bastia o A . Ferreira .

2. Bairro de Sant'Ana. Fotografia tirada em 1920.


Vista de Sant ana , vcnd o-sc ao fund o a Cidad c. Fo-
tografia da Seccao de Iconografia do Dcp. de Cultura
da Pref. Municipal de S. Paulo . Gent ilcza do Sr. Sc-
bastiiio A . F erreira.

3. Bairro de Sant'Ana. Foto grafia tirada em 1920 .


Ao fundo, a construcno da Pcnitcnciana. Fotogra-
fia da Scccao de Iconografia do Departamento de
C ultura da Pref. Municipal de S. Paulo . Gentileza do
Sr. Scba stiao A. Ferre ira.
4. Vista de Sant'Ana. Foto grafia tirada em 1925 (ao
fund o, a Penitenchi ria. Fot ografia pert enc ent e ao

o B:\ IRRO DE s:\.:n:\.:'\ :\ 161


accrvo da seccao de Iconografia do Depart amento de
Cultura da Pref. de S. Paulo.
O bservacao: T6d as estes vistas de Santan a mostrarn
o aspccto modesto do bairro, ainda dcspovoado ,
che io de arvorcdo, com casas rnodcstas, sem jardins.
pod cndo- se ver ate 0 tipo de cerca (fo to 2 ) .

5. A Ponte Pcqucna em 1900. Kilo sc trata de Iotogra-


fia do bai rro de Santana, mas decid imos estampti- la
uqu i para sc ter uma idcia dos bond es puxados por
burros q ue du rante tantos anos forum parte intc-
grante da paisagcm san tancnsc. Fotogra fia ccdida
pelo Sr. Scbnstiiio A. Ferreira , do Service de Icono-
gratia do Departamento de Cult ura da Prcf. M uni-
cipal de Sao Paulo.

6. Mapa do Sitio Mom nhos, ( 1911) propricdade da


Associacao Pcdagogica Paulista (dcnominacgo ju ri-
dica adotada pctos bcncdhin os) , no Balrro e Distrito
de Sant'Ana. Comarca c Municipio de Sao Paulo,
Estado de Sao Pau lo. Brasil. E a antiga Chacaru de
Sao Bento, ad quirid a pclos menges de Sao Bento c
que, loteada. transformo u-sc no Jardim Sao Bento,
hoje quase lntelramentc pertcnccnte ao sub-dis trito
da Casa Verde. Ainda cxiste a antiga sedc. arrcn-
da da a granjciros. De urn resto de mirantc que ali
cxlstc, podc- sc ver a avo Braz Lcmc e 0 Campo de
Marte. Fotografia ccdlda par D. Dan iel Sutncr,
0 .5.B.

162 o B..\IRHO D E S:\:\" T :\:'oi:\


ANEXOS

1. Rcgistro I ndustrial - 1965. Sub-distrito de Santana.


Fundacao !BGE - IRE Sao Paulo. S.E.C. - S.c.c.
Distrlbulcao de Bstabclccimcntos e Operano s, segundo
as ramos de atividade.

2. Aspectos do Municipio de Sao Paulo, 1966. Sub-


distrito de Santana. Fundacno !BGE - !BE. I nspc-
toria Regional de Estatfstica de Sao Paulo, S.E.C.
Scccao de Cadastro c Controle.
3. Aspectos do Municipio de Sao Paulo, 1967. Sub-d is-
lrilo de Santa na. Fundacao lBO E - 1.R. de Sao
Pau lo - S.E.c. Seccao de Cadastre e Controle.
4. Rcgistro I ndustrial, 1967. Sub-distrito de Santana.
Fundacao lEGE - IBE - l.R. E.N. de Sao Paulo.
S.E.c. - S.C.C. Distribuicao de Bstabcle cimcntos,
Operarios, Valor da Produceo c Valor de Vend a, se-
gundo as ramas de ativldadc.
5. Os maiores sub-distritos de Sao Paulo, de acord o corn
a populacao e superffcic. Sub-distrltos da margem
direita do rio Ttcte. Cf. Boletim Mensa! n.? 134, abril-
maio de 1968, Prefcitura Municipal de S50 Paulo.
Est imativa para 31-12- 1968.

o HAmRO DE SANTANA 163


A ~IX"dVS Sociais: ~ I ci os de lIosJX"d,l ~t'm . 2

E,,,I~1.
Ens . Prinn i rio . 109 Radiodifusan lUdi ott'\evisao .
N ,' { Eos. ~ I edj (l . J.I Emp. Period tca , .
Ens. S uperio r •........... .... . E mp. Edito ras c Impressorns . I
Ens . l'rilll:'lr io . . ......•• . 388
1'\.0 d e Profcssorcs
{ Ells. ~Ii'd i o .. ,
E ns. S upertor
,
.
3R3
Cinema s Te atro s e Cine-Tcntros
Muscus
Bibliotecas
.

. 3
3

Ens. Priuuirto , , 30.369


~ l at ric:lIla I nicial
{ Ens. ~ ll'(lio (.. )
Ens. SUpI'ri" r
, ,.
.
11.0-17
Associ a<;6es Cultura is
Associa<;6es Dcspcrttvas
Xumero de Sind icalos
,
.
.
.
10

Obsen'll~Oe s:
1\".0 Estal x-l. . 7
A" , Hospitnlar { 1\".0 !citos .. ,., . 1.215 (*) 28 F trmas Paralizadus,
(** ) Mat ricul a Intcial em 1I)(j7.
Ass. P/ l l ospitnlar 2 (* * *) D ndos refcrcu tcs n lH65 .
FUX DAC,:\O m c E - m E - I.R. <II' San Paulo
S.E.C. - Sct;"ao 11,' Cndnsteo c Contrele

ASPECTOS DO MUN iCI pIO DE SAO PAULO


I lJ fl 7 - -
Sllh -di strilo de 5A;'; T,\:\A ....... ,
An'a (Kill:!)
l'op" l 'I ~'iio
(.)
RECIST IIO I ND (: STII IA (n )
.
.
3·1,0 7
23·l.!155
Ass. I luspil ,lb r
{ X.o Estah.

:-':.0 Loftos
9

........ r.zte
~Illlll'ro de Estabc lecimentos . ·139 Ass . 1'/ Hos pitalar . 5
\ 'alor Iia Produeao C'\ Cr$) . 135 .8.')9 ..'i 19 S,,\". Ofi d ais Sat'...I.. l' llhlil',\ . 6
Valor II,· vcndns (:'\Cr$) . I 32.07f1.1 72 A ss i slt~lIda a J) e w alillos ( l!l(ifl) , . 12
i'o:IIllWfO do O pcninns . D.20·1
ASI' ECT O S SOCI AlS Culto Catblil'o . II
C,,!t o Protestanto Evallj.(,'·Iil'o . . . . . . . . • , . 12
Estatl. 77
E ns. Pr im .
{ Pari.
Stun .
20

,
4
CI11to Espiritu ,
I\ ss"d a~'ii o Bl'n('fil"t~nd.. Mutuurin
:'\IUlWfO II.. \ 1(~1i,,<lS ( H)(~'i) ..
. 21

97
Esta,1.
~ .o E stnh. Ells. ~ lt',(l.
{ l'a rt.
~ l lln .
I I
X {lIIWW (\,. D cntis tus ( HJ( 3)
X {lI1 Wrtl (\" Far m,ld as ( 1\)(,5) • • . .
:'\ t'um 'ro II.. Fa nml<".~utk(ls ( 1005)
. 132
ae
63
Estml. .

{ ;S;I'I11WW I I.· Agriml '\Lson's (WO.'i) 5


Ens. Slip . Pari . Xt'llIwro dr- Agr onoll\os (WO.'i) 3
Mun . Fontes l Hdro mir u-r nis . I
FUXDA<;AO I . B. G . F..
I . R . E. - Sao Paulo
S . E . C. - S.C .C.
~U B· D1 STR ITO : SA:"iTA:\.-\
nEG ISTRO I:\DUST RL\L _ 196.5

Dtstribui ...io de Estabclcctmentos e Opcnl rlos, M'J;Ulld t, os


ru mos de atividadc

I
X.O E stabe- :\.0 O pera-
Ramos de Alh 'ida. le
lcd m.·nlos rim

Ind ustria Extr ativa d., Prod. ;" Iinl'f ais I 53


Ind . Transfoml a~'au ;"lin. X/;"lt'I't!i<.'Os 23 220
lndust rta ;" Il'talllrp;iea
Ind ustria ~I e<:,\n it:a
.
.
6.
18
",,,
207
Ind . Mat. Elct rico ;"1'IL COl n \ln it'a~i1~'s 22 >1.
l nd ustnn ;"Iate ria! tic T runsportc 21 ,lIS
Imilistria de ;"Iadl'ira . ,-
., :2 is
Imlt'lslria d" ;" Iohili:,rio . 37 279
ImlllStria d e Papel c Papt'],io . 11 9\)7
Indnstrin d n Bo rr ac ha
Intlt'lstria Couro, Pek-s, Prod . Similurcs
Industria Quinucn .. " .... " ..... ,
.
,
12
7 55
22
170
Ind. Prod. l' arrna."\lllicos ;''It.. Iicinuis -I 126
111.1. Prod. Pcrfu murta, Sahucs e Yelus 8 &'l
Ind ustria Pr odntos ;"lal{'ri,ts Plas ticu s 1.'5 173
Illd listria T edi! " ' 'Or ) 1.1 27
Ind. Vestu.i rio. Cak ad ns, Art . T ed do.' 7'} 866
Ind Ustria de Pm d utos Alinu-ntares .' 5;J 3(;6
Indust ria de B ebtd as ,., , ..
Ind esrn a de Furno " ,,, ,. 1 1
Ind ustria Editori al e Grariea ,.. 18 131
Indest rtas Diversas " , . 33 567
TOT..\ L GER.-\L , . 496 7.175
os MA IORES SUB-D ISTR ITOS DE SAO PAULO

1. De acordo com a s upe rlicle

Sub-distrito s Are a (Km 2)

Capela do Socorro . 15 1,10


Santo Ama ro . . 94,56
T UCUTuvi 89,07
Bu ta n !;,i . 53,8Il
SA;\;TA;\;A . . 3·1,07
Vila I'nulcutc . 3 1,76

2. De acordo com a popul a ~ ii o

Sub-d istritos S .O de hab itent es

Tucur uvl . 352.269


Vila Prudente . . 3 12.0 17
Tatuape . 29-1.3 19
I pi ra n~,\ . 247.84 1
S A;\;Ti\~i\ .. 234.9.';5
Salldc . 2 18.9()(J

Sub-dislritos da ma rgem di reila do rio Tiel i

Sub -distrito s I. Popllla('iio


l 'r ban a I I\ura(
I Total

C asa Verde
Li ma,"}
"
....... .
. 115.628
60.409
--- 115 .628
60.409
7,11
6.1.'5
16 .263
9 .822
Si\~TA.""A 227.2&1 7.67 1 227.284 34, 07 6.896
X. Se nhoea d~ ('
7 Ll7 1 - 7Ll71 II .ax 6.006
Tueuruv i .... .
3 16 .454 3.'i.f115 352 .269 89,07 3.9.';.';
Vila Guilhcnm 72.869 -- 72.869 7,23 10.078
Vila M ar in " . 141.293 -- 141. 293 11,19 12.626
vn, Novn c«.
clnx-irmbn " 24. 58 1 -- 24 ..'581 2,55 9 .639

Cf. nuktim Mcnsal nv 134, abril-maio l\IOH, Pref. :\lllni.


dpal de Sao Paulo, p. 24. Esttmunva par a 31-12-1968.
Os sub-dlsrn tos ctta dos no Ultimo quadro , salvo Xossa Se-
nhora do O, Iizcram p art e das tcrr as de Santana , tendo stdo <:It'S-
membrados e rn epocas diversas.
Empresas Scrv. 'I'mnsp. It od o viurio -I
Estad. ...... 6 ·11
Em. Prim.
{ P art . . .. . . . . . . .
Mun. ......
.
L'5 5
61
Xlclos de II ospe J agem (Hl6(j)
R'IJiodifu <io H,idiot..Jcvis:io
. 2

Est ad. ....... .. 115 Imprcnsa Pcriodica


::\'.0 Prof. .J. E ns. ~ te{l.
{ Part . ..........
Mun.
310 Emp. Editdrns c Imprcssoras
Cinemas, Tcatros o Cinc-Teatros 3
1

E stnd .

l
Ens. Sup .
{ Par t . . ..
~hm ...... .
~ 1\lSCllS (19(j(:i)
Bibliotcc ns ( HJ(j(j) .. .
Assodao;·ocs Culturats (H)(j(j) .
.
. 3
7

Es tad. .... . . . . . 2·1.200 Assoctacocs Dcs portivas (I H(i6) 10


Ens. Prim.
{ Part. . ....... ..
~111n . . . . . . . . . . .
4.16H
2.14H
X.O Simlicatos
{ E mpregaclores

Estad. ......... 3.3HO Empre,!;'ldos


~ 13 t. Inic. Ens. ~lcd .
(",n) { P art . . .. . . .. . .
Mun . . ......•. .
7.145
Obscrv aczes. as dudes informados estiio sujcitos a
retfflcacfio. (") Esttmuttva para HJ6H, fom ccidn
Mun. pI P. xr.
Ens. Sup.
{ Part.
E stad .
... .
..... ... .
(**) 14 firmas pamlizadus.
( ~ **) Ma tricula Inicial em H)G8.
FU N DA<;.l.O - r. D. C .K - IDE
r. H . E .~1. d e Siio Paulo
S .E .C. - S.C .C.

REG ISTHO I:\'JUS TR IAL _ I!lG7

SUB-lJIST l\lTO : SA:"JTA.:"JA

Distrihllil;1io de Est.,hd,'t.'iment os, Ope r;' rius. Yulur d a Prod ucfio


c Valor d a Venda, seg undo os rurnos de ativida de:

Humus el<, Ath,jolade 1\'.0 ESlab. 1 :".'.0 Opcmr, Valur da 1'f(l(I\l~'i'i (J I: Valm tin Venda
:XCrS xe-s
(MI
10
_
-
E xtrativa l'r odutos ~ lhlt"J:Lj s
Tra nsf. Min ernis n/ ~ftot {llicos
.
.
-
19
-
2.'i.1
----
2.&18.823
--
2.5(j8 .187
11 - ~ lctal Urgka . 3(j 1.:;02 16 .01·1A·t2 1:;.17 1.428
12 - :\It'dlnica . '0 2!JI 3.320.7.'5.'i 3.2.1 1.478
l.1 - :\Iat. Elet. Mut. Ctl" 'll llical;(~les . 2'10 (loa 8.10'.2.691 7.&13.782
].I - Materi al de Traneporte . 2 l!l 3 .4·10.698 3. 158.668
13 -~ l a(lci ra . 22 m3 1.186.102 I A(j1.909
HI - ~ l()hiliario . ... .. • 24 HIS 2 .164.40IJ 2. 146 .242
17 - Pap !'1 e l'apd iio . 9 1.()(IS 30.807 .143 30.5:;8.293
IS - ltnr racha . 6 H 5.5."3.778 .'530 .619
III - Couro, Pelcs, prod. Sim ibr"s . 5 ,10 472..l 3fl ·122.805
2() - Quimtea . 12 22f1 6.149 .008 0.088.755
21 - Prod. Fnrm ac. ,. ~kd i dn ais . 2 123 1.824.4 19 1.8fiO.I3.'i
22 - Prod. Pc rf., SaIMi ,'s (. Vclus . 6 70 U J,j 6ARIJ 2.012.7 19
2.1 - Produtos ~I at c r i as 1'!ilst ic' L' . 8 1.')2 1.2.59 .-11 7 1.20(j.900
2-1 - Textil . ,19 1..174 18.3-18.705 17.500. 071
2.') - Ve sh ,{.rio, Call;. Art . Tccidcs . 58 cu 11.9·10..100 11.284. 366
2(1 - Produtos Altmcntarcs . 57 ",0 7.013.65.1 0. 972.702
21 -
2S -
Be-bidns
F u rno . •. . . • . • . . • . . . . . ..... .
.
. . .. • . •
-1 -2 ---
13.9Wi
---
13 ,15 1
2\1 - Ed itorial c G r{alieR ... .. . .. . . . . . ......• 22 51 3 6 .252.401 6.0!JO.229
.10 _ Divcrs us . . 25 7·16 12.089. 716 11.953.732
T O TAL CEliA!. . -139 9 .20-1 135.859..,))\) 132.678.171
:\ATA D ude s sujt'itos a f('lifi('a~'iio
OilS.: - 14 Flrmus !);lralizmla s.
Esta ohru fot composta c tcrminou-sc sua
im p n 's,;,o no lll (~ S de m aio d e mil H Ove-
centes c sctcnta nus Of id nas d e Arks
G r,ifk a, Bi",r<.li S. A" s('ud" l'rcfctto do
~ hlllid pi() de Silo P aulo () D r. P a ulo Sali m
),Iaillf " Send,hi.. do Educ.iciio c C ul-
lura () Sf. Pau lo Zingg, Din-tor do Depar-
!,,,,wlllo de Cultur a () Dr. Haimundo Ill'
Vlcnezcs e corn Assistend« Tecnica do Sr.
Jose do , Sa n[os. In tq ;;ra cla a scric mo no -
granas intttulndas lI ist (,ri;1 dus Ua irro s Ill'
Sao Pa ul", e s<,,, lhid a, em concur so publico
c pn-unada s pd o Ik \lartamento de e ll h u ra
>
{;- • du Scc rcturiu de E ( ue:w iio c Cu lt ur a da
I'rcfcuurn do ),!unidp io lie Siio r aul" ,
Edi(;ao {lo Dcpurtumento de C ultnm da
Sec rctariu de Ed ncHt;aO e Cultura da Pre-
fcitura do \ h mic ip in de Sao Pau lo - HJ70,

L BN 1 15442 1

Você também pode gostar