Poder Simbólico

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UERGS UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

PEDAGOGIA ANOS INICIAIS: CRIANAS, JOVENS E ADULTOS. COMPONETE CURRICULAR: SOCIOLOGIA II PROFESSOR: JORGE MOLINA ACADMICO: JOSIEL DA ROSA MOURA

SOBRE O PODER SIMBLICO Referncia bibliogrfica: (Bordieu, Pierre o poder simblico rio de janeiro: Bertrand Brasil 2002).

Tempos Sombrios Realmente, vivemos tempos sombrios! A inocncia loucura. Uma fronte sem rugas denota insensibilidade. Aquele que ri ainda no recebeu a terrvel notcia que est para chegar. Que tempos so estes, em que quase um delito falar de coisas inocentes, pois implica em silenciar sobre tantos horrores.
(Bertolt Brecht)

CIDREIRA 2008

Sobre o poder simblico


O poder simblico um poder invisvel, o qual exercido muitas vezes por indivduos que no sabem ou no querem saber que o exercem, ou por outro lado que esto sujeitos a ele. Por ser um poder invisvel, e estar em toda a parte e em lugar nenhum, Bordieu nos diz que necessrio descobrir o poder onde ele se deixa menos ver, onde ele mais completamente ignorado, portanto, reconhecido. (2002 p. 7). Na tradio neo-kantiana, os diferentes universos simblicos, mito, arte, religio, cincia, so instrumentos de conhecimento, trata de uma forma histrica, sem ir at reconstruo de suas condies sociais de produo. Durkheim, ao lanar os fundamentos de uma sociologia das formas simblicas, dir que as classificaes deixam de ser formas universais, para se tornarem formas sociais, ou seja, que o conjunto de conhecimento depende de cada sociedade, socialmente determinada. A metodologia neo-kantiana de apreender a lgica especifica das formas simblicas insiste no modus operandis, na atividade produtora da conscincia. A tradio estruturalista privilegia o opus operatun, tem em vista isolar a estrutura imanente a cada produo simblica. Bordieu (2002 p, 9), vai afirmar que os sistemas simblicos, como estrutura de conhecimento e de comunicao, s podem exercer um poder estruturante porque so estruturados. O poder simblico um poder de construo da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnosiolgica: o sentido imediato do mundo. Referindo-se a o que Durkheim chama de conformismo lgico, ou seja, o que vem em primeiro lugar so as concepes compartilhadas por todos os membros de uma sociedade, referentes ao nmero, ao espao e ao tempo. Os smbolos so instrumentos de integrao social e de comunicao, que contribuem para a reproduo da ordem social. Na produo simblica como instrumentos de dominao, a teoria marxista privilegia as funes polticas, em detrimento da estrutura lgica. A produo de smbolos para esta teoria relacionada com os interesses da classe dominante. Esta dominao fruto da ideologia (smbolos produzidos pela classe dominante) serve para legitimar a dominao de uma classe sobre outra, e mascara dominao. A sociedade vivificada em classes antagnicas na forma da luta de classe, na qual visvel a imposio dos smbolos da classe dominante a classe dominada.

A teoria marxista apresenta os poderes simblicos como ideologias, liga os sistemas simblicos ao poder mas negligencia sua funo cognocitiva e sua estrutura lgica.

Para Bordieu, os sistemas simblicos cumprem a sua funo poltica (imposio

ou legitimao da dominao), contribuindo para assegurar a dominao de uma classe sobre outra. As classes lutam para imporem definio do mundo social conforme seus interesses conduzem essa luta, diretamente, nos conflitos simblicos. O campo da produo simblica um microcosmo da luta simblica entre as classes: ao servirem os seus interesses na luta interna do campo de produo que os produtores servem os interesses dos grupos exteriores ao campo de produo (2002 p.12). Os poderes simblicos distinguem-se conforme seu campo de produo e circulao que so autnomos: como exemplo desse fenmeno a transformao histrica do mito em religio (2002 p, 12). As ideologias tm suas estruturas determinadas pelo seu campo de produo social e pelo seu campo de circulao, e a respeito disto nos afirma Bordieu:
As funes que elas cumprem, em primeiro lugar, para especialistas em concorrncia pelo monoplio da competncia considerada (religiosa, artstica, etc.) e em segundo lugar e por acrscimo, para no-especialistas. Ter presente que as ideologias so sempre determinadas que elas devem as suas caractersticas mais especificas no s aos interesses de classes ou das fraes de classe que elas exprimem, mas tambm aos interesses daqueles que as produzem e a lgica especifica do campo de produo.1

A funo ideolgica do campo da produo realiza-se automaticamente na base da homologia de estrutura entre produo ideolgica/luta de classe. A homologia entre esses dois campos faz com que se produzam automaticamente formas indiretas de lutas econmicas e polticas entre as classes: na correspondncia de estrutura a estrutura que se realiza a funo propriamente ideolgica de discurso dominante, que tende a impor a ordem estabelecida como natural por meio de uma imposio mascarada de sistemas de classificao e de estruturas mentais, objetivamente ajustadas s estruturas sociais (cada sistema simblico se corresponde ao sistema da sociedade de classe). A correspondncia se efetua de sistema a sistema tornando imperceptvel para quem produz como para quem consome os smbolos. Tambm h uma correspondncia do sistema de classe e o poder simblico. As estruturas dos diversos poderes simblicos espelham-se na sociedade de classe, ou seja, h uma correspondncia de contedos, mas no de estruturas. O poder simblico (subordinado) uma forma transformada irreconhecvel, transfigurada, e legitimada, das outras formas de poder: s pode passar para alm das alternativas dos modelos energticos que descrevem as relaes sociais como relaes de fora e dos modelos cibernticas que fazem delas relaes de comunicao, na

Para Bordieu, no basta reduzir as relaes de fora a relaes de comunicao, no basta notar que as relaes de comunicao so, de modo inseparvel, sempre, relaes de poder que dependem, na sua forma e no seu contedo, do poder simblico acumulado pelos agentes, e que podem em suas relaes acumular poder simblico.
1

Bordieu, P. 2002 p 13

condio de se descreverem as leis de transformao que regem a transmutao das diferentes espcies de capital em capital simblico e, em especial, e o trabalho de dissimulao e de transfigurao (2002 p15). Desta forma fazendo dissimular ss relaes de fora, de poder, fazendo ignorar-reconhecer a violncia simblica e transformando o poder simblico em algo capaz de produzir no seio da sociedade efeitos reais, que so vividos pelos indivduos, e estes se tornam marionetes, pois, no percebem o poder invisvel que esta em uma espcie de crculo onde o centro esta em toda parte e em lugar nenhum.

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