Economia Política II
Economia Política II
Economia Política II
1.MERCADOS DE CONCORRÊNCIA
PERFEITA
Um mercado de concorrência perfeita é um modelo puro que não se encontra na realidade da
Economia. Há, contudo, alguns mercados que funcionam de modo quase puro- concorrência
quase perfeita, como é o caso do mercado bolsista (em que as empresas estão em pé de
igualdade e a oferta e a procura determinam o preço dos produtos em questão). Claro que isto
não é verdadeiramente assim, uma vez que há muitas variáveis que influem no preço das
ações, na assimetria de informação, entre outros fatores.
A concorrência perfeita quer garantir que nenhum concorrente sozinho consiga condicionar
o preço de certo bem ou serviço ou, até mesmo, condicionar outro tipo de condições, que
têm influência nas condições de mercado. Condições como, por exemplo:
Garantias e reparações;
Condições de entrega ou de devolução;
Tudo isto são condições paralelas ao preço, que é uma condição essencial e característica
que, normalmente, faz que um comprador escolha entre 1 produto ou outro. Porém, todas
estas condições anteriormente referidas também influenciam.
Esta característica pretende que haja tal diversidade de concorrentes de maneira a que
nenhum tenha poder de mercado suficiente para influenciar estas condições. Ou seja, nenhum
produtor, distribuidor ou consumidor deve poder ter o poder suficiente para influenciar,
decisivamente o mercado. Se isto acontecer, aquelas condições ser-lhe-ão dadas e resta-lhe
apenas:
Sair do mercado (pois entende que não consegue produzir tão barato ou a margem de
lucro é pequena e não consegue sobreviver). Se sair do mercado pode encerrar a
empresa e ficar insolvente ou prescindir de adquirir aquele bem ou serviço
Estas empresas que não conseguem influenciar as condições são chamadas de “Price Takers”
pois ou aceitam o que lhes é dado ou saem do mercado, visto que não podem influenciar nem
tomar outra alternativa.
Quando pelo contrário, alguns operadores têm algum peso que lhes permite condicionar as
condições de mercado, deixamos de ter um mercado concorrencial e passamos a ter um
mercado cujas regras são definidas pela atuação de um pequeno número de vendedores ou
compradores:
Tem se assistido ao crescimento dos grandes distribuidores que têm um peso muito superior à
maioria dos retalhistas e dos fornecedores. Ora, a distribuição situa-se entre o consumo final e
a produção (distribuidores adquirem o bem ao produtor e revendem, posteriormente, ou ao
consumidor, ao retalhista ou até ao bolsista). Os grandes distribuidores estão nesta situação,
em que têm de ser dominantes para cima e para baixo, ou seja, quer ao nível das compras que
fazem, quer ao nível das vendas que efetuam
2. Identidade de produto
Quando falamos em mercados, estamos a falar de mercados compartimentados de produtos e
serviços. Um mercado é um local onde se troca um determinado bem e não todos os bens. Por
esse motivo, os bens têm de ser fundamentalmente idênticos…
Preço internacional do crude: depende muito das tensões políticas nas principais
regiões produtoras;
Carga fiscal: imposto específico que o Estado impõe sobre o produto petrolífero
A definição de mercado relevante engloba mais do que uma vertente. Por isso, há uma
comunicação da Comissão Europeia que procede a essa definição, compilando os pontos de
vista sobre esta questão (que foi emitindo na sua função de “Autoridade Europeia da
Concorrência”) e as posições retiradas dos acórdãos dos Tribunais da União.
Geográfica: compreende a área geográfica em que dois produtos são oferecidos por empresas
diferentes em “condições de concorrência homogéneas”
Pode ser uma dimensão fundamental para estabelecermos o limite do mercado, isto é, qual o
alcance geográfico da empresa em questão.
Tarifas aduaneiras;
Isto é extremamente importante pois, se esses sucedâneos existirem, irão exercer pressão
concorrencial uns sobre os outros, obrigando as empresas a melhorar os processos e a
qualidade, a não aumentar preços e a inovar para não perderem mercado ou clientela para
a concorrência. Portanto, as empresas precisam de concorrência para serem melhores e
para que o mercado ganhe com isso.
A noção de mercado é dinâmica e varia de acordo com problema e abordagem que tivemos
a fazer. A isto chama-se o teste SSNIPS. Este teste traduz a seguinte máxima: se a procura
de um produto aumenta, em resultado de um aumento permanente, ainda que pequeno do
preço de um outro produto, isso significa que ambos pertencem ao mesmo mercado de
produto.
O Tribunal de Justiça da União Europeia tem proferido muitas decisões sobre esta matéria,
tentando afinar cada vez melhor o conceito, contudo, por vezes, não podemos antever o
sentido da decisão do Tribunal de Justiça.
ii. Concursos públicos: uma vez que alguns concursos estão reservados a empresas
que disponham de determinado tipo de certificações, como se define aí o mercado?
iii. Mercados de bens e serviços gratuitos: jornais gratuitos, rádio e serviços online
constituem ou não um mercado, sendo que, aparentemente, não existe a
bilateralidade de prestações que, normalmente, caracteriza as transações em
qualquer mercado?
Estes mercados gratuitos têm uma contrapartida muito oculta que, por um lado, não custa
muito, mas ao conjunto agregado de todos pode gerar dano, através da recolha de padrões de
comportamento e de consumo. Esta utilização da informação dos consumidores é valioso para
certas finalidades, como para nos “manipular”
b) Limitações legais e concessões públicas: certos mercados estão delimitados por ação
direta do Estado, que tem o poder de vedar ou limitar o acesso dos operadores ao dito
mercado em função de uma variedade de critérios. Alguns exemplos clássicos são:
Nacionalidade
Dimensão do mercado
OPERADORES DE CONCENTRAÇÃO EMPRESARIAL: uma empresa compra uma outra
empresa ou dá-se uma fusão, em que desaparecem as 2 e criam uma nova. Desta forma,
deixamos de ter 2 empresas concorrentes.
A existência de barreiras à entrada pode resultar de uma grande diversidade de fatores, que
podemos dividir em várias categorias:
Isto são barreiras legais à concorrência, o que significa que, em nenhum destes mercados,
pode aparecer uma empresa que queira distribuir água, lixo, etc pois a lei não deixa e estas
funções estão confinadas ao Estado ou empresas públicas.
Ex.: Uma empresa australiana quer instalar-se em Portugal. O Estado português pode fazer
com que esta utilize apenas matéria prima vendida por fornecedores portugueses; ou que
exportem 50% da sua produção.
Contudo, hoje em dia, esta última possibilidade está muito condicionada pelas obrigações
assumidas perante a OMC, que impõe restrições fortes quer à cobrança dos direitos
aduaneiros quer á possibilidade de criar entraves à instalação de empresas e concorrência em
certos mercados
Isto acontece, principalmente, nas indústrias pesadas, criação de redes de distribuição. Por
conta do investimento inicial elevado, as empresas precisam de muito dinheiro para iniciarem a
sua empresa. Devido a isto, o artigo 11º, nº2 e) da LDC pode obrigar os concorrentes a
partilharem essas redes, de forma a promover o aumento da concorrência
Ex.: O custo da rede de distribuição da energia elétrica da edp foi suportada pelo Estado. Se
uma nova empresa se quer instalar, não faz sentido duplicar custos e criar uma rede de
distribuição nova, por isso, nos termos do artigo 11, nº2 e), pode a empresa ser obrigada a
partilhar as suas redes. Se este artigo não existisse, a hipótese de ter custos de instalação
iniciais muito elevados poderia dissuadir as empresas concorrentes a entrar no mercado
Porque se tratam de setores em que, seja pela estrutura do mercado, natureza do produto e/ou
processo de produção, a solução economicamente razoável é haver apenas um (ou muito
poucos)operadores. Isto porque a sua diversificação irá multiplicar os elevados custos de
produção, aumentando provavelmente o preço final.
Patentes licenciadas a alguns concorrentes, mas não a novas empresas: hoje em dia
isto começa a ser tratado como uma prática abusiva (discriminação de concorrentes)
Controlo total dos canais de distribuição: muitas vezes com contratos de exclusividade, não
deixando espaço para a distribuição de novos produtos. Todavia, é preciso contar com a força
de alguns distribuidores, que podem preferir romper um contrato e passar a trabalhar com
outro fornecedor.
Controlo dos preços pelas empresas incumbentes: ou seja, as empresas que já se encontram
instaladas no mercado. Em casos extremos, esse controlo pode ir até à prática de dumping
para impedir um novo concorrente de igualar os preços instalados, e assim eliminar o perigo de
perder quota de mercado
Marketing cada vez mais agressivo e mais omnipresente: para exponenciar a ligação afetiva
entre a marca e os consumidores, de que já se falou
Ocupação de todos os nichos de mercado: para não deixar “portas abertas” por onde novos
operadores possam vir a entrar. Isto faz-se através de uma grande diferenciação dos produtos,
como acontece hoje com bebidas que tradicionalmente constituíam um mercado homogéneo,
ou produtos alimentares. Isto vai depois criar, muitas vezes, micro-mercados de concorrência
monopolística
a) Cumprimento de contratos: concessões por períodos longos, que muitas vezes preveem
pesadas clausulas penais pré-estabelecida em caso de quebra antecipada
Quanto mais difícil é sair de um mercado, mais arriscado será entrar no mesmo
mercado pois o investimento torna-se mais arriscado: a empresa arrisca-se a ficar presa
ao negócio, ainda que este lhe traga prejuízo
2. OS MONOPÓLIOS
Os mercados monopolistas (controlados e onde existe apenas uma empresa) são raríssimos e
quase não existem, exceto em algumas situações especiais, com privilégio legal.
O que temos, hoje em dia, são mercados dominados por uma empresa à sombra da qual
existem alguns pequenos concorrentes, que se encontram dominados pela empresa
dominante.
Um monopólio caracteriza-se por lhe faltar o 1º elemento dos 3 caracterizadores dos mercados
de concorrência perfeita “a diversidade de operadores nos diferentes níveis de cadeia de
produção e distribuição”.
Num mercado dominado por uma empresa, temos um price-maker e alguns price-takers.
Nestes mercados temos, portanto, apenas um produtor, um distribuidor ou um retalhista. Isto é,
alguém que, no patamar daquela cadeia em que se encontra instalado, não sofre concorrência
efetiva de quaisquer outros operadores.
Para fomentar esse desenvolvimento, o Estado tem de atribuir aos criadores e inventores o
direito de explorarem e aproveitarem economicamente, os resultados do seu trabalho: é para
isso que existem direitos destinados a proteger a propriedade industrial e intelectual. Entre os
vários direitos dessa categoria, para este efeito, interessa-nos 2: as patentes e os direitos de
autor. As patentes servem para proteger a invenção de novos produtos ou processos, durante
20 anos, mediante a qual se dá ao inventor um direito exclusivo de explorar economicamente
esses novos produtos.
Contudo, apesar deste regime de proteção, sendo o titular da patente o dono dos direitos
económicos sobre os processos criativos que a patente protege, pode, em algumas
circunstâncias, ser forçado a ceder o seu direito, por exemplo:
Nos termos do Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos, os direitos de autor protegem
as criações intelectuais do domínio literário, cientifico e artístico, conferindo ao seu criador e
aos seus herdeiros, o direito exclusivo de as explorarem economicamente até 70 anos após a
morte do criador.
Ou seja, tendo o direito exclusivo de explorar a sua produção tem, então, um monopólio, na
exploração dessas obras e, por consequência, o direito de recolher, em exclusivo, os
benefícios económicos decorrentes da exploração desse bem, através de uma retribuição de 2
componentes:
Dependendo do carácter mais ou menos individualizado desse produto, ele pode constituir, por
si só, um mercado único, se não existirem produtos idênticos ou sucedâneos a que os
consumidores possam recorrer em caso de escassez ou preço excessivo do bem, objeto de
direitos exclusivos
Muitas vezes, temos monopólios, no sentido em que temos produtos protegidos por patentes.
A patente destina-se a recompensar o investimento feito na investigação, promover a
investigação, protegendo quem investiu.
Pay for delay: empresa paga a outras empresas concorrentes, para que estas se
comprometam a prescindir de explorar aquela patente mesmo depois de expirado o
prazo de proteção, permitindo á empresa que a detém, continuar a ser monopolista
Setores vedados por lei à iniciativa privada e que apenas podem ser explorados pelo
Estado ou por empresas concessionadas (distribuição de água; tratamento de resíduos)
Existem muitos poucos setores, atualmente, que sejam, por uma questão de natureza, de
serviço público, impensáveis de atribuir a empresas privadas. Porém, as regras de
concorrência, mais cedo ou mais tarde, terão de abranger todos estes setores.
-Produção e distribuição de energia: deste setor não depende apenas toda a economia de um
país, como também o conforto e a própria sobrevivência dos cidadãos. No entanto, a sua
produção e distribuição exige a capacidade de organização industrial que os Estados,
normalmente, não têm.
Na noção de economia, as empresas (enquanto esperam por decisões dos tribunais, por
exemplo) e o próprio Estado (quer enquanto legislador, quer como entidade que confere
subsídios às empresas) estão sujeitos, não só ao controlo de legalidade interna como um
controlo de legalidade comunitária (feita pela comissão europeia que funciona como uma super
autoridade de fiscalização e pelos TG e TJ)
É aqui que se nota uma maior diferença entre as perspetivas nacionais e comunitárias.
Porquê?
Efeito direto: direito originário, regulamentos e decisões têm sempre efeito direto. As
diretivas, em princípio, apenas têm efeito direto vertical (podem ser invocados contra o
Estado, mas não entre particulares porque a sua transposição confere sempre ao
Estado alguma margem de manobra que os particulares não podem antever)
Relativamente aos tribunais, não há recurso das decisões nacionais para os tribunais europeus
e, portanto, estes não podem alterar as decisões dos primeiros. Os tribunais nacionais devem
seguir, nas decisões internas, as orientações da jurisprudência dos tribunais europeus. Para
assegurar, precisamente, a uniformidade de aplicação do Direito Comunitário, existe o já
referido mecanismo de reenvio prejudicial.
Importa perceber quando é que uma empresa, mesmo que em rigor, não seja monopolista,
deve ser especialmente monitorizada e controlada em função da posição de liderança
reforçada que ocupa num mercado. Ou seja, quanto é que podemos dizer que essa empresa
ocupa uma posição dominante. Isto vai permitir descobrir se o comportamento de uma
empresa no mercado pode ser considerado ou não abusivo.
Quando uma empresa passa a distribuir pior, os seus consumidores finais cessam relações
com essa mesma empresa e mudam de parceiro comercial. Se essa empresa se encontrar
sozinha, ou, ainda que tenha concorrência, se encontrar numa posição que lhe permita impor
condições, essa alternativa não existe.
Ou, se o bem for de procura rígida, os consumidores têm de se sujeitar ao mau serviço, caso
contrário a alternativa é, por exemplo, não ter luz em casa. Supondo agora que existe alguma,
ainda que pouca concorrência:
Esta é uma estratégia, denominada de “dumping” (vender a baixo do preço de custo), que pode
compensar, mas é proibida porque só está ao alcance de grandes empresas com grande
capacidade financeira e com a finalidade de aumentar clientes, roubados à concorrência. Se
tiver capacidade financeira para diminuir preços durante alguns meses, terá muita cliente e já
poderá aumentar os preços (empresa passa a ser muito mais dominante do que já era)
A questão é que, não tendo a mesma capacidade financeira da dominante (que normalmente
serão aquilo a que se chama deep-pocket corporations, ou seja, empresas com grandes
recursos), poderão não conseguir suportar essas perdas e serem forçados a sair do mercado.
Uma empresa em posição dominante tem, para mais, o dever e responsabilidade acrescida de
servir de exemplo para o resto da economia: segundo uma máxima muitas vezes afirmada pelo
TJUE “grande poder traz grande responsabilidade”.
A combinação destas duas ideias leva a uma conclusão: certos comportamentos podem ser
tolerados a empresas sem poder de mercado para se conseguirem afirmar junto dos
concorrentes, clientes e consumidores, mas não a empresas dominantes, cujas ações vão
produzir efeitos que se vão fazer sentir em todo o mercado e se vão impor aos outros
operadores.
Concorrência real/atual: que nos diz qual a posição relativa das diferentes empresas
que, naquele momento, competem pelo mesmo mercado
Quanto mais empresas existirem para além da dominante, mais disperso estará o poder de
mercado remanescente, logo, menor será a quota de mercado que aquela tem de possuir para
poder ser considerada como tal.
Um mercado com fortes restrições à entrada de novas empresas oferece muito mais garantias
às que já estão instaladas, que têm a sua posição facilitada uma vez que não sofrem a pressão
concorrencial de, a qualquer momento, uma nova empresa entrar e lhes roubar uma parte da
sua quota. Por isso mesmo, podem comportar-se como dominantes com uma quota mais
diminuta do que se estiverem num mercado em que a entrada seja mais livre.
Das três dimensões referidas, a mais determinante e imediata é a primeira- até porque pode
ser verificada com mais segurança através da quota de mercado que cada empresa detém.
Durante bastante tempo, a lei portuguesa continha uma definição quantitativa do que
considerava uma posição de domínio. O artigo 14º do Decreto-Lei 422/83, de 13 de dezembro
cuja formulação foi repetida na lei seguinte (Decreto-Lei 371/93 de 29 de outubro). Desde 2003
a nossa lei já não prevê nenhum patamar quantitativo de quota de mercado a partir do qual
considere existir domínio
IMPORTANTE: a definição do conceito de posição dominante não serve apenas para detetar a
prática de eventuais abusos pelas empresas que estiverem nesse patamar. Serve ainda, a
montante, para definir se um projeto de concentração (isto é, a fusão de 2 ou mais empresas,
ou a aquisição de uma empresa por outra) pode ou não negar negativamente o mercado.
Até há algum tempo, o critério principal para autorizar ou não uma operação de concentração
era precisamente o de esta “conduzir à criação ou reforço de uma posição dominante”. Foi,
entretanto, substituído pelo chamado “teste SLC” (“substantial lessening of competition”),
mantendo-se, porém, como critério adicional. Ou seja, pode acontecer que uma concentração
que conduza a uma posição dominante seja autorizada, ou que não seja autorizada uma outra
que não conduza àquele resultado.
Explicadas as linhas gerais do conceito de posição dominante, importa ficar bem claro que a
simples existência dessa posição não é penalizada pelo Direito, muito embora traga consigo
ineficácia económicas, como veremos a seguir. Às vezes, uma empresa encontrar-se em
posição dominante significa que a empresa é melhor, mais eficiente e mais acarinhada pelos
consumidores e, por isso, merece recolher os fundos económicos que daí advém.
O que a lei, efetivamente proíbe é que a empresa dominante adote comportamentos abusivos,
ou seja, comportamentos de mercado que não adotaria se não ocupasse a posição que ocupa.
É desses abusos que falam os artigos 11º da LdC e 102º do TFUE
Porém, pode ser que os tribunais entendam que uma empresa é de tal forma dominante no
mercado que esse poder tem de ser quebrado. Desta forma, o tribunal ordena que esta tem de
ser desmantelada, isto para evitar que haja demasiado poder concentrado nas mesmas mãos
COMPORTAMENTOS ABUSIVOS
Este elenco de alguns comportamentos de abuso de posição dominante de maneira nenhuma
esgota os comportamentos abusivos. Comecemos por distinguir 2 tipos de abusos. Convém,
no entanto, referir que nem sempre as fronteiras entre estes 2 tipos de abusos são nítidas, mas
vamos tornar esta distinção mais válida.
Abusos de exclusão: têm como objetivo principal excluir concorrentes, forçando uma ou mais
empresas concorrentes a retirarem-se do mercado. O objetivo final é roubar clientela e, ao
fazer isso, por vias ilegítimas, a empresa dominante está a roubar capacidade lucrativa aos
concorrentes. Desta forma, a tarefa dos concorrentes fica dificultada de tal forma que não
conseguirão ser rentáveis e terão de sair do mercado. Assim, a empresa dominante consegue
alargar a sua quota de mercado
-Nas vendas subordinadas existe uma conexão funcional entre os bens vendidos, sendo
utilizados em conjunto.
-Nas vendas agrupadas, a venda em conjunto não obedece a qualquer conexão, sendo
apenas uma estratégia comercial
Cláusulas inglesas ou “de melhor preço”: cobrir o preço mais baixo oferecido pela
concorrência equivale, na prática, a tentar eliminar a concorrência pelo preço, uma vez
que os consumidores sabem que comprando àquela empresa podem sempre beneficiar
do melhor preço do mercado. Isto só está ao alcance das empresas dominantes, por
isso, estas cláusulas têm de ter um alcance muito mais limitado: só serem válidas num
determinado raio geográfico, por um período de tempo limitado, excluir as vendas online
A posição de domínio confere á empresa que dela beneficie uma posição de supremacia em
relação aos seus concorrentes, permitindo-lhe adotar estratégias destinadas a retirar-lhes
abusivamente quota de mercado ou mesmo força-los a abandonar o mercado. Destina-se a
aumentar o lucro da empresa dominante, sem alterar a sua quota de mercado, pelo que estes
comportamentos estão direcionados para os consumidores (sejam ou não finais). A empresa
dominante só terá este poder sobre os clientes se fornecer um bem que não tenha sucedâneos
credíveis no mercado e se tiver uma procura rígida. Apenas nestas circunstâncias os
consumidores não terão uma alternativa razoável e terão que se sujeitar. Caso contrário,
poderiam fugir para a concorrência.
Há casos limites em que isto pode cair em especulação: a este propósito que o artigo 35º
do DL 24/84 tipifica o crime de especulação
Abusos de exploração
A primeira é uma price taker: aceita o preço que o mercado lhe dá, porque a diversidade
de concorrentes que oferecem produtos iguais ou sucedâneos não lhe permite ter poder
de mercado suficiente que influenciar o preço
A segunda é uma price maker: decide o preço que vai cobrar, porque é o único
fornecedor e dessa forma é que determina o preço e a quantidade oferecida
Aquilo que distingue a formação dos preços nos mercados concorrenciais e monopolistas não
é a relação com o rendimento médio (RMed), mas sim a relação com o rendimento marginal
(RM). O rendimento marginal é o que se obtém por unidade adicional vendida daquele bem ou
serviço, e que se calcula subtraindo o rendimento da venda da quantidade Q ao rendimento da
venda da quantidade Q+1.
Em concorrência perfeita, porque nenhuma empresa tem dimensão, capacidade ou poder de
mercado para influenciar os preços por si só, o rendimento marginal é igual ao preço, que é
dado pelo mercado e não definido pela empresa. Sabendo-se que, a um dado preço de
mercado, a empresa consegue escoar toda a sua produção, RM e P igualam-se sempre, seja
qual for a quantidade produzida. Por cada unidade adicional, o lucro que o empresário obtém é
constante. Não ganha sempre o mesmo com cada unidade adicional que produzir pois tem
custos que tem de suportar.
Não, pois isso dependerá da sua estrutura de custos: produzindo a custos marginais
crescentes, o ponto ótimo de produção (maximização do lucro) é aquele em que os CM
igualam o RM- é neste ponto que o rendimento marginal começa a cair e se torna inferior aos
custos). Já a empresa monopolista tem poder de mercado para definir o preço que vai cobrar.
Assim, vai fazê-lo tendo em conta a curva da procura, que lhe dá as quantidades procuradas
daquele bem a cada preço. Sendo a curva da procura descendente, o RM é sempre inferior a
P: o monopolista irá sempre obter menos rendimento por cada unidade adicional que decidir
colocar no mercado, e portanto esse rendimento será sempre inferior ao preço cobrado pela
última unidade vendida.
Efeito produção é o efeito decorrente do empresário vender mais unidades por cada descida
de preço- com preço de 10 vende 1, com preço de 6, vende 5. Como vendo mais unidades,
compensa a diminuição do preço. Todavia, só é rentável vender até 5 unidades (ou seja, até ao
ponto em que RM=0)
A curva do rendimento marginal está sempre abaixo da curva da procura, que define o preço (e
que é também a curva do RMed) e que iguala o RM (RT/Total de unidades que o monopolista
consegue vender)
RM, o que significa que o produtor vai perder dinheiro para colocar uma unidade adicional no
mercado. Pelo que, para de produzir no ponto A (onde acaba o lucro). Num mercado
concorrencial, sabemos que o preço é igual ao rendimento marginal. Logo, num mercado de
concorrência perfeita, a curva da procura estaria sobreposta à curva de rendimento marginal. E
o preço situar-se-ia no ponto A. Portanto, e comparada com a empresa em mercado
concorrencial, a empresa monopolista pode cobrar um excesso igual ao segmento AB na
venda do mesmo produto.
Sabemos que:
Do lado do produtor, claramente que sim. Se este estabelece o preço acima da interseção
entre as curvas de custo e rendimento marginal, está a cobrar um preço superior ao de uma
empresa em mercado concorrencial-medida do seu excedente graças à existência do
monopólio
Cada unidade adicional diminui o excedente (e o bem estar) total, uma vez que o
seu consumo não vai ser valorizado na proporção do seu custo de produção;
A empresa não vai conseguir cobrir os seus custos, e será, a prazo, comercialmente
inviável.
Conclui-se, assim, que a opção de fixação de preço de acordo com o custo marginal é a que
conduz à maximização do excedente total- opção de uma empresa em mercado concorrencial.
A grande diferença é que enquanto aqui o nível de produção se estabelece na interseção da
curva do custo marginal com a da procura, uma empresa monopolista vai situá-lo na interseção
daquela com a curva do rendimento marginal.
Tendo em atenção estes 2 aspetos, podemos então tentar perceber melhor a ineficiência social
que resulta do monopólio: o chamado “custo de peso morto”. Em primeiro lugar, podemos ver
que a quantidade produzida pelo monopolista fica aquém da quantidade socialmente eficiente.
Isto acontece porque o monopolista decida a quantidade que vai produzir não com base na
procura, mas no seu rendimento marginal. Em mercados concorrenciais isto não acontece
porque a curva do rendimento marginal é reta e sobreposta à da procura.
Este desencontro traduz-se numa perda de excedente social, uma vez que há consumidores
que estariam dispostos a pagar um preço que ainda era vantajoso para o produtor. A área de
“peso morto” representa, portanto, este bem-estar económico que é desperdiçado, em
resultado da qualidade de price maker do monopolista. Os seus efeitos de distorção do
mercado são de alguma forma semelhantes aos de um imposto, com uma diferença
fundamental: enquanto os impostos serão utilizados pelo Estado na produção de bens
públicos, a renda do monopolista vai satisfazer interesses privados.
Uma das formas de o monopolista minimizar estes efeitos é através da discriminação dos
preços. Supondo que uma empresa que produz e distribui um jogo para consola, e que dispõe
da seguinte informação de mercado:
No entanto, essa opção rem um custo implícito que deve ser considerado: vai prescindir de
6.000 consumidores que estariam dispostos a pagar 30€ por aquele bem. Ou seja, mesmo
tomando a opção mais rentável está a prescindir de um lucro de 180.000€. Ora, isto é um custo
de peso morto:
O mercado está preparado para absorver mais unidades e disposto a pagar um preço
superior ao custo marginal;
Mas o monopolista estabelece o seu preço de acordo com a opção que lhe garante um
maior lucro total
Para tentar evitar esta perda, e se isso for viável, o produtor poderá discriminar o preço que vai
cobrar a diferentes tipos de consumidores, de forma a tentar chegar a todos os segmentos do
mercado. Se conseguir, aumentará simultaneamente o seu lucro privado e eficiência na
produção.
Esta estratégia beneficia claramente o produtor monopolista, e sendo utilizada num mercado
verdadeiramente monopolista, terá custos muito limitados termos de bem estar feral, uma vez
que vem permitir um alargamento do universo de consumidores relativamente ao que
aconteceria se o preço fosse único. Qual é, então, o problema? Sendo quase todos os
mercados de concorrência imperfeita, a discriminação pode vir criar monopólios onde eles não
existiam., nomeadamente ao nível da distribuição e não da produção.
Por isso, algumas destas estratégias de segmentação dos mercados por parte dos produtores
e distribuidores são ilegais: veja-se o roaming, que separava os mercados de
telecomunicações móveis dentro da União Europeia e, por isso mesmo, foi proibido.
E por esse motivo, normalmente, não é permitido ao produtor que proíba as importações
paralelas, ou seja, que impeça os seus distribuidores de revenderem a clientes que depois
exportem para outros mercados onde o produto seja mais caro. A estas estratégias do
distribuidor chamam-se operações de nivelamento, precisamente porque nivelam os preços
globais que diminuem os efeitos de discriminação.
Estratégia racional por parte do produtor, uma vez que maximiza o seu excedente
Pode ser atenuada por operações de nivelamento dos operadores que consigam “furar”
os esquemas de distribuição discriminatória, sobretudo, quando assenta em critérios de
distribuição geográfica: comprar onde é mais barato e revender onde é mais caro
Como se pode ver, na figura b desparece a zona de “peso-morto” que aparece na figura a.
Mas é uma situação quase impossível, porque pressupõe que o produtor consegue
estratificar perfeitamente os seus consumidores, e diferenciar os preços por forma a chegar
a todos de acordo com o que cada um estaria disposto a pagar. Por muitos estudos de
mercado que se façam, na prática, não é viável discriminar os preços com tanta acuidade, o
que significa que haverá sempre consumidores que não pagarão o preço pedido, embora
estivessem dispostos a pagar um preço superior ao custo marginal
A concorrência monopolística
Muitos operadores;
O que distingue estes mercados é, assim, o facto de os produtos oferecidos não serem
idênticos, mas serem similares, integrando-se num mercado genérico que abarca vários
produtos, ou melhor, várias versões diferenciadas do mesmo produto, mas como os produtos
são rigorosamente idênticos, e por isso não são totalmente substituíveis, aquele mercado
genérico não resiste a uma análise e a uma desagregação mais fina
Cada empresa tem, portanto, de certa forma, um monopólio sobre o seu próprio produto, por
ele ser único. Porém, a verdade é que muitas outras oferecem produtos similares, que acabam
por concorrer pela mesma fatia de clientela. Alguns exemplos, entre muitos:
Mercados de artes;
Restaurantes;
Produtos alimentares;
Claro que, não se tratando agora de modelos puros, nem sempre é fácil definir com rigor se
estamos ou não perante produtos idênticos, apenas similares ou verdadeiramente diferentes.
Como qualquer empresa que não se situe num mercado de concorrência perfeita, uma
concorrente monopolista vai enfrentar uma curva de procura descendente. E, assim, vai adotar
uma estratégia de maximização de lucro semelhante às empresas monopolistas:
No curto prazo, esta empresa vai tentar conservar os seus lucros: para
isso tem de manter a procura naquele nível o que só conseguirá
mantendo a qualidade do seu produto introduzindo inovações que
tragam novos clientes;
E no longo prazo?
Havendo mais escolha, alguns consumidores vão transferir a sua preferência para outros
produtos, deslocando para a esquerda a curva da procura de cada empresa que já estava
instalada no mercado. Ou seja, a consequência imediata é a repartição por mais empresas do
lucro total proporcionado por aquele mercado, o que significa menos lucro para cada uma.
Esta tendência vai continuar até que o lucro das empresas se aproxime do zero, e assim deixe
de haver incentivo à entrada de novas empresas a oferecer produtos que concorram naquele
mercado. Ou seja, no longo prazo, o equilíbrio atinge-se quando as empresas deixam de ter
lucro económico.
Sai do mercado
As empresas que ficarem, e forem capazes de sobreviver ao período inicial terão cada vez
menos concorrentes, porque muitas delas saíram. Isto significa que vão diminuindo
progressivamente os prejuízos pelo aumento da procura, uma vez que a clientela das
empresas que saem vai transferir-se para as que ficam.
Esta tendência vai manter-se até as empresas deste mercado imperfeito terem um prejuízo (e
lucro) zero, porque a partir daí deixa de haver incentivo à saída de mais empresas do mercado.
O equilíbrio atinge-se no ponto zero.
Neste gráfico, as curvas da procura (dá-nos o
preço) e do preço médio são tangentes: isso
significa que o preço iguala o custo, e que portanto
não há lucro económico.
2. Mas, tal como acontece nos mercados de concorrência perfeita, esse preço iguala o
custo médio total- isto explica-se porque há liberdade de entrada saída de empresas, e
portanto o lucro económico tende para o zero em função dessa entradas e saídas
Vamos ver como cada um dos mercados se comporta relativamente a cada uma destas
questões:
Excesso de capacidade:
Neste ponto de eficiência, ainda compensaria ao produtor produzir mais unidades adicionais,
mas isso não acontece. Por isso se diz que as empresas nos mercados de concorrência
monopolísitca têm excesso de capacidade: poderiam aumentar a quantidade e produzir numa
escala mais eficiente, diminuindo o custo médio. Não o faz porque nesse caso teria de baixar o
preço, e diminuir os seus lucros. Deste modo, fica, assim, muita procura por satisfazer.
Se o produtor optasse por produzir no ponto ótimi, ganharia com cada unidade vendida e
haveria procura suficiente para aproveitar este preço. Porém, ele vai parar no ponto em que lhe
é garantido o maior lucro. Isto leva a que haja, então, o problema de excesso de capacidade,
ou seja, poderia produzir mais, mas prevalece o seu interesse individual mais do que o bem-
estar social. Em conclusão, a escala que maximiza o lucro do empresário não é a mais
eficiente, o que melhor aproveita os recursos e que maximiza o bem estar social.
Por outro lado, e uma vez que, como acabou de dizer-se, nestes
mercados preço, custo médio e custo marginal se equivalem, é
indiferente às empresas terem mais um cliente, porque o preço vai
equivaler ao custo marginal.
O ponto ótimo de eficiência em que o produtor fixa a quantidade de produção é um ponto em
que este não irá ganhar mais por cada unidade adicional produzida, dado que o preço é igual
ao custo médio. Pleo que, o produtor produz sempre no ponto mais eficiente na capacidade de
produção.
Margem de lucro
Nestes mercados, tal como nos monopólios, cada venda a mais representa sempre um
aumento do lucro total, uma vez que o preço que esse cliente vai pagar excede sempre o custo
da unidade adicional (pois a curva da procura está sempre acima da curva do MR) e compensa
sempre produzir mais uma unidade.
O aumento do lucro total não quer dizer que a venda seja feita ao mesmo preço que as
unidades anteriores (se o empresário aumenta a produção, aumenta a oferta do mesmo e o
preço dimimui)
Por outro lado, nos mercados de concorrência perfieta (em que o preço, custo méfio e custo
marginal se equivalem) éindiferente às empresas terem mais um cliente, porque o preço vai
equivaler ao custo marginal.
1. O facto de o preço ser fixado acima do custo marginal traz custos de peso-morto:
haverá clientes que estariam dispostos a pagar um preço acima do custo marginal, mas
não estão dispostos a pagar o preço fixado. Ora, isto leva a que estas clientes não
possam adquirir o bem porque não há bens suficientes. Isto deve-se ao facto de o
produtor ter escolhido fixar a quantidade de produção num ponto em que não satisfaz
todos os consumidores
2. O facto de haver liberdade de entrada e saída das empresas traz simultaneamente
externalidades positivas e negativas, uma vez que o mercado está constantemente a
ganhar novas escolhas (com as empresas que entram e trazem novos produtos) e a
perder opções
Argumentos a favor:
Havendo, objetivamente mais informação, sobre preços, qualidade, características, os
consumidores ficam habilitados a escolher melhor opção
Melhora as possibilidades de uma nova empresa entrar num mercado já ocupado, e dar
a conhecer o seu produto que vai concorrer com os outros já consolidados
Argumentos contra:
Concorrência baseada em fatores psicológicos: lealdade irracional à marca
OLIGOPÓLIOS
Os oligopólios são um caso de concorrência imperfeita:
Por um lado, sabem todos que a forma de potenciarem ao máximo os seus lucros é
cooperando, e não antagonizando-se no mercado: dessa forma, a tendência natural
será a de terem comportamentos de cartel, que são proibidos e severamente punidos
uma vez que são feitos à custa dos consumidores
Por outro lado, cada um quer adotar a estratégia que lhe permita aumentar ao máximo o
seu lucro particular e essa estratégia é cooperação, mas, por isso, sabem que não
podem confiar em que os seus rivais sejam cooperantes.
Num mercado concorrencial, havendo liberdade de entrada e saída de operadores qual
vai ser o preço? E a quantidade produzida?
Resposta: O preço será 0, porque, neste mercado, o preço iguala o custo marginal, que
também é 0. A quantidade produzida será a que é socialmente eficiente, ou seja, a necessária
para satisfazer a totalidade dos consumidores, neste caso, 120
Resposta: O rendimento marginal iguala o custo marginal (consegue ganhar mais mesmo
quando a quantidade oferecida não seja a eficiente social)
Neste exemplo, a quantidade produzida pelo monopolista seria de 60, com um lucro de 3600.
Produzindo mais, estaria a perder lucros, ainda que se aproximasse mais do nível de
eficiência social
Aqui, tudo de passa como se estivéssemos perante um monopólio, uma vez que a estratégia
comum (não haverá concorrência) vai ser definida na perspetiva da maximização do lucro de
cada um dos participantes: a produção global seria de 60, e o lucro de 3600 repartido por
ambos. É o resultado mais lucrativo possível para os vendedores, mas socialmente ineficiente,
pois fica metade da clientela por satisfazer
Além disso, e agora na perspetiva das empresas envolvidas, criar um cartel levanta vários
problemas:
Os operadores vão ter de encontrar um ponto de equilíbrio entre o lucro que podem obter, a
quantidade a produzir e o preço para a repartição dos lucros do oligopólio. A tendência natural
é que cada um resolva produzir metade da quantidade que garante maior lucro total (60). Cada
um produz 30, que vende a 60, e ganha 1800. Se nenhum dos concorrentes renunciar a
produzir o máximo que lhe for rentável, este será o lucro máximo que conseguem obter.
Contudo, como ambos querem maximizar o seu próprio lucro, é natural que a curto prazo um
deles resolva aumentar a sua produção para 40, porque isso lhe garantirá um lucro maior,
mesmo descendo o preço de 60 para 50 (agora a quantidade total será 70)
Mas ainda assim, porque o efeito-produção supera o efeito-preço, a empresa que aumenta a
produção vai ver os seus lucros a crescerem em 200
O problema é que a empresa rival, que está na posse dos mesmos dados, vai concluir que
também ela ganhará mais se aumentar a produção para 40, ainda que isso provoque, o
aumento global da produção e novamente, uma descida de preço por unidade que passa a
aplicar-se a todas as unidades oferecidas.
Ora, chegados a este ponto, se qualquer um dos concorrentes aumentar a sua produção para
50, o lucro será de 1500. Como é inferior, é preferível diminuir a produção. Ou seja, a partir
daqui, um aumento da quantidade produzida leva a que:
Por isso, ambos optarão por não alterar mais o seu comportamento, e manter a produção
naquele nível de preço e quantidade. Este ponto de equilíbrio é conhecido como Equilíbrio de
Nash.
CONCLUSÃO…
A produção total está mais próxima da que seria socialmente ótima uma vez que aumentou de
60 para 80
A decisão inicial de cada um foi de produzir 30 unidades, obtendo um lucro de 1800. Depois
disso, cada um tem a opção de manter ou aumentar a produção.
CARTÉ
Num mercado oligopolista, as empresas vão competir entre si e nessa competição vão
aproximar-se do nível de produção mais eficiente e do nível de preço eficiente. Os acordos
entre as empresas são um facto normal, e mesmo imprescindível ao desenrolar de qualquer
atividade empresarial e podem ser benéficos para a economia.
No entanto, e dependendo do objetivo pretendido e dos efeitos esperados desse acordo, ele
pode relevar-se nocivo para a concorrência, prejudicando, para além do normal, os interesses
dos consumidores e concorrentes estranhos ao acordo
Os cartéis são acordos entre empresas pelos quais estas combinam condições de mercado
(preços de bens, bens que vão distribuir). São nocivos para o consumidor e para os
concorrentes excluídos dos cartéis.
Será que estes acordos promovem a concorrência e a eficiência da Economia ou será que irão
suprimir essa concorrência?
É isto que temos de saber. Por isso mesmo, um acordo entre empresas será sancionado
quanto a restrição excessiva da concorrência for uma consequência inerente ao seu objeto, ou
quando, não o sendo, seja um efeito expectável da sua concretização.
Essa prova pode ser muito difícil, demorada e dispendiosa, baseando-se em:
Estudos de mercado, que são caros e podem facilmente ser contrariados por outros
“estudos” em sentido contrário;
1. Acordos de fixação de preços: mas apenas nas relações horizontais, não nas verticais
Acordos proibidos são, então, aqueles que se traduzem numa concertação empresarial
consciente, que tem como objetivo substituir os riscos (normais) da concorrência num mercado
aberto por uma coordenação prática, obtendo com isso uma renda suplementar a expensas
dos consumidores
Honorários;
Descontos coletivos;
2. Limitação da oferta
Quotas de produção;
Renuncia de produção;
Limitações de revenda;
3. Repartição de mercados
Geográfico ou do produto;
Grossista ou retalhista;
Contratos públicos;
Recusas de venda/fornecimento;
Boicotes organizados
Condições manifestamente diferenciadas;
Não estão sujeitos a qualquer tipo de formalismo, basta que se demonstre a existência desse
acordo de vontades para que, verificando-se que restringem a concorrência, sejam punidos.
Podem ser meramente verbais ou até tácitos, resultando de uma mera troca de informações
que cada uma das partes sabe que as outras interpretarão em determinado sentido. Mas
sendo demonstrada a sua existência, serão sempre nulos. A prova é cada vez mais difícil, em
função das sanções pesadíssimas e dos extremos cuidados que as empresas colocam nos
meios de comunicação, nos locais de reunião…
Comportamentos paralelos sem uma explicação económica racional, que não seja a indicada
acima: eliminar os riscos de mercado e garantir a todos uma participação nos lucros
Tem de ficar demonstrado que a prática resulta de uma vontade coletiva, e não de um
alinhamento inteligente de vontades individuais, provocado pelas condições de mercado e pelo
equilíbrio de Nash
3) Decisões de associações
Associações que congregam empresas ou agentes económicos que para estres efeitos lhe
sejam equiparados. Quem forma a vontade dessas associações são as próprias empresas.
Logo, é absolutamente razoável que as suas decisões sejam equiparadas a cartéis. Mas
atenção: para alguns efeitos não são considerados verdadeiros cartéis, por lhes faltar o
elemento de conluio
Elasticidade da procura: quanto menos a procura reagir, mais eficaz será o cartel
Efeito de substituição: quanto menos substitutos houver para o produto objeto de
cartelização, mais eficaz será o cartel
A justificação e autorização dos cartéis parte de um “balanço económico”, feito nos termos do
artigo 10º LdC e 101º/3 TFUE, pelo qual se demonstre que tem efeitos positivos que
compensam os efeitos negativos sobre a concorrência
c) Indispensabilidade da restrição;
Ex: o professor considera que um exemplo de cartel benéfico, isto é, um cartel justificadamente
económico para a Economia, é a empresa Uber, uma vez que parece preencher todos os
requisitos referidos
Acordos de especialização
Acordos de distribuição
Franchising
-EFTA: impulsionada pelo Reino Unido, é uma ZCL criada pela Convenção de
Estocolmo com liberdade de circulação restrita aos produtos industriais.
MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO
ECONÓMICA
O conceito de integração económica não é uniforme, como já foi dito, e abarca diferentes
modalidades ou fases, entre as quais os Estados poderão optar, de acordo com a sua vontade
e conveniência. As modalidades de que falaremos são tipos teóricos que raramente se
encontram em estado puro.
A solução passa por impedir as importações de circular livremente na ZCL e, para isso, é
preciso identificar a origem de cada produto. Todavia, atualmente, é difícil identificar com
precisão qual a origem dos produtos.
Ora, o conceito de ZCL não implica necessariamente que a liberdade de circulação se estenda
a todos os tipos de mercadorias, podendo dar-se o caso de tal liberdade ser restrita a
determinados tipos de bens.
Além do desarmamento aduaneiro já presente numa ZCL, o passo seguinte para a constituição
de uma UA é o acordo dos Estados na criação de uma pauta aduaneira comum, passando a
existir um único território aduaneiro e perdendo os seus membros a autonomia para formular a
sua política aduaneira perante países terceiros.
Deixa, assim, de haver razão para que a liberdade de circulação se limite aos produtos
originários do território da União, passando a estender-se a todos, independentemente da sua
origem.
Os capitais podem transitar sem limitações dentro desse espaço em busca da melhor
renumeração ou aplicação
Qualquer cidadão, é livre de criar ou adquirir uma empresa noutra parte do mercado
comum
Contudo, esta liberdade de circulação tem o sentido rigorosamente exigido pelas necessidades
de integração económica: quem goza daquela liberdade são os trabalhadores enquanto
agentes económicos, não todo e qualquer cidadão não-trabalhador dos Estados envolvidos.
Torna-se evidente que a integração não pode depender exclusivamente na boa vontade
conjuntural de cada um dos membros, sendo cada vez mais importante a transferência de
poderes para entidades supranacionais, que passarão a assumir os principais encargos na
coordenação das políticas nacionais e na elaboração da política comum.
Isto provocaria uma volatilidade nos movimentos de capitais inconciliável com os objetivos de
uma UEM
MOTIVAÇÕES ECONÓMICAS
Melhor exploração das vantagens comparativas detidas por cada um dos países
participantes, traduzida numa melhor divisão internacional do trabalho e numa melhor
dos recursos
A constituição de uma união económica e monetária traz outro tipo de benefícios para os
países envolvidos: ganhos de eficiência traduzidos na eliminação do risco cambial e dos custos
de transações monetárias dentro da zona, bem como os ganhos de informação e
transparência, dado que se utiliza uma mesma moeda.
Por outro lado, a concentração das competências monetárias, numa entidade supranacional,
conduzirá a uma ação integrada, e supostamente mais eficaz, no que toca aos objetivos de
estabilidade dos preços e da moeda. Se a a união for acompanhada pela criação de uma
moeda única, os Estados poderão diminuir as suas reservas monetárias, pois já não são
necessárias para fazer face às operações dentro da união. Esta moeda terá também, em
princípio, um maior peso internacional, uma vez que será utilizada em mais transações,
podendo passar a constituir moeda de reserva internacional, uma moeda de referencia na
estipulação de preços internacionais e um meio de pagamento aceite nas transações
internacionais
MOTIVAÇÕES POLÍTICAS
Para além da busca de vantagens económicas diretas, é natural que os Estados também
pretendam colher dividendos políticos, através:
A integração política poderá servir para amortecer tensões políticas entre países da
zona, e até para criar uma espécie de consciência política comum para além da
económica
1. A ESCOLA CLÁSSICA
Para Adam Smith, o comércio entre nações justifica-se se algumas delas detiver, na produção
de determinado bem, aquilo que designou por vantagem absoluta. Ou seja, apenas convém a
um Estado importar bens do exterior quando o consiga fazer a um custo inferior ao da
produção doméstica do mesmo bem
Produzir uma unidade de cada bem em casa país custaria, no total, 260 horas de trabalho, o
mesmo resultado pode ser obtido com apenas 230 horas se cada um se especializar na
produção em que é mais eficiente. O que significa que se procedeu a uma melhor divisão
internacional do trabalho e a uma mais eficiente afetação dos recursos globais
A teoria de David Ricardo constitui um dogma do pensamento económico que desde 1817,
alguns economistas têm chamado à atenção para certos vícios que o exemplo de Ricardo
contém. A especialização que Ricardo sugere implicaria enormes custos para as economias
envolvidas.
2. A ESCOLA NEO-CLÁSSICA
O ponto de partida do modelo neoclássico é a reformulação do conceito de valor-trabalho em
termos de custos de substituição: o custo de um bem passa a medir-se em função da
quantidade de outros bens aos quais temos de renunciar para o obter. Utilizando o exemplo de
Ricardo, o custo do vinho português não deve ter apenas em conta as horas de trabalho e o
capital utilizado na sua produção. É necessário atender à quantidade de tecidos que somos
forçados a deixar de produzir por força da especialização na produção de vinho. É com base
neste raciocínio que se traça, para cada país, a fronteira das possibilidades de produção: as
quantidades de diferentes bens que é possível produzir através de uma afetação ótima dos
recursos, proporcionando à população o máximo bem-estar económico.
A teoria das vantagens comparativas, conclui-se que as trocas internacionais de bes permite
às nações atingir um ponto mais elevado daquele fronteira, há que os seus cidadãos podem
consumir uma maior quantidade de bens sem ter de produzir internamente mais mercadores
do que em situação de autarcia.
Partindo deste raciocínio, a escola sueca explicou as razões para a especialização das nações
em virtude das desiguais dotações fatoriais entre umas e outras. É este o ensinamento
fundamental do teorema THO: cada país tende a especializar-se na produção dos bens que
empreguem de forma relativamente mais intensa os fatores de produção que possui em maior
abundância
Este Teorema parte de uma série de pressupostos: a identidade dos produtos e dos fatores de
produção, da tecnologia, das preferências dos consumidores, a identidade internacional de
funções de produção para idênticos, a existência de mercados de concorrência perfeita e a
ausência de restrições ao comércio internacional, a imobilidade internacional dos fatores de
produção. As coisas não são bem assim, pois as dotações fatoriais de cada país proporcionam
bens de qualidade diferente.
Ora, assim sendo, o comércio internacional acaba por traduzir-se na troca de fatores de
produção abundantes por fatores de produção raros, sendo aquela imobilidade fatorial
substituída pela mobilidade dos produtos nos quais se incorporam os fatores produtivos
Verificou-se que o capital por trabalhador incorporado nas exportações americanas era inferior
ao capital por trabalhador incorporado nas importações americanas. Com o tempo foram sendo
adiantadas várias explicações para o paradoxo, tentando demonstrar que o problema não
estava no raciocínio de base do THOS, mas antes em alguns dos seus pressupostos.
A explicação mais aceite por Leotief, explica os resultados pela diferente produtividade dos
trabalhadores dos países considerados no estudo. Partindo, tal como o THO, do pressuposto
da homogeneidade dos fatores de produção, Leontief deu como adquirido que o trabalho de
um americano rendia o mesmo que o trabalho de qualquer trabalhador em qualquer país. A
conjugação dessas condições (organização ou melhores condições sociais e laborais) faria
com que a produtividade média dos trabalhadores norte-americanos fosse o triplo da
produtividade média no resto do mundo.
Outra explicação passa pela utilização de diferentes combinações de fatores na produção dos
mesmos bens utilizados pelos produtores de diferentes países: não se tendo levado essas
diferenças na devida conta muitos bens importados utilizariam provavelmente diferentes
proporções de trabalho e capital do que se fossem produzidos nos EUA. Neste sentido,
também a consideração de apenas dois fatores de produção terá contribuído para o
falseamento do resultado final, já que em muitos e importantes casos nenhum deles era
realmente o fator preponderante, mas sim a sua qualidade de recurso natural ou matéria-prima
Também a não consideração das preferências dos consumidores terá tido influência: o
rendimento mais elevado dos trabalhadores/consumidores norte-americanos permitia-lhes
adquirir bens mais caros e de melhor qualidade, como acontecia tendencialmente com os bens
capital-intensivos.
Todavia, isto não explica por que razão, consumidores de diferentes nacionalidades, com
níveis de rendimento diferentes, compram bens produzidos no exterior. Segundo Linder, essa
explicação encontra-se nas sobreposições de procuras entre consumidores de diferentes
países. Em todos, há consumidores com poucas possibilidades económicas, tal como, mesmo
nos países mais pobres, encontramos sempre uma parcela de consumidores com
possibilidades acima da média. É nos espaços de procuras sobrepostas que há lugar para as
trocas comerciais
Na fase inicial (criação), o produto novo, provavelmente, será produzido e consumido num país
tecnologicamente desenvolvido, dotado em capital, com rendimentos altos e um mercado
vasto. Por várias razões: é onde mais se investe na investigação, tem os trabalhadores mais
qualificados e os consumidores com mais recursos. Ou seja, é aí que mais frequentemente
surgem inovações relevantes, e que os custos de produção iniciais podem ser amortizados
mais rapidamente por um mercado vasto.
b) A procura interna: cuja importância é medida não apenas em termos de dimensão, mas
sobretudo por outras características, como sejam a sofisticação dos consumidores e a
sua capacidade de se anteciparem, em termos de preferências, a consumidores de
outros mercados
Quando uma indústria nasce, é legitimo querer protege-la, isto porque é recente e sofre de um
natural défice de competitividade, relativamente aos concorrentes já estabelecidos no mercado.
Uma forma de impulsionar e tentar equilibrar a concorrência é limitar a exportações de bens:
Este argumento é a única explicação aceite pela ciência económica para a criação e
manutenção de obstáculos ao comércio: a proteção tem por fim que equilibrar os concorrentes,
e não distorcer a concorrência.
PROBLEMAS:
O DÉFICE EXTERNO
Quando importamos do exterior bens e serviço, temos normalmente que os pagar na divisa do
exportador. Assim, quanto mais importamos, maiores terão de ser as nossas reservas de
divisas estrangeiras, ou seja, não é possível manter indefinidamente uma posição externa
deficitária, porque isso conduz ao esgotamento das reservas monetárias e à impossibilidade de
continuar a fazer transações com o exterior. A aproximação dessa situação pode levar a que
um Estado restrinja as suas importações, para evitar ver-se na contingência de não ter divisas
suficientes para cobrir as suas necessidades e ter de entrar num processo de endividamento
internacional
OS GRUPOS DE INTERESSE
Teoria Económica da Política: os governantes nem sempre tomam as decisões favoráveis ao
bem comum, vendo-se muitas vezes na necessidade de agradar a grupos de pressão por uma
questão de sobrevivência política.
Temos de ter em conta outros fatores para perceber a perceção de cada um destes grupos
quanto às consequências de políticas de maior abertura ou maior proteção e a capacidade de
as influenciar:
O único grupo a quem sempre interessaria uma maior abertura é o que tem menos capacidade
de se mobilizar e de influenciar as políticas públicas
CONCLUSÃO…
Tudo isto conduz a que, por vezes, os Estados se vejam inevitavelmente na necessidade de
adotar medidas que protejam a sua economia e os seus agentes económicos- produtores,
prestadores de serviços, eventualmente até consumidores- relativamente à concorrência
externa
EM TERMOS GENÉRICOS, ISSO PODE SER FEITO POR 2 MODOS DIFERENTES, MAS
COMPLEMENTARES:
Estas duas vias mais genéricas são depois concretizadas em múltiplos mecanismos mais
concretos, que de resto estão em constante mutação e inovação à medida que vão sendo
combatidas e neutralizadas.
OS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA
COMERCIAL EXTERNA
Mecanismos de restrição das importações:
Direitos aduaneiros;
Obstáculos técnicos;
Dumping;
DIREITOS ADUANEIROS
Constituem o obstáculo mais clássico e mais frequente às importações, pois aliam a proteção
da indústria nacional à cobrança de receitas aduaneiras
São impostos criados num território aduaneiro e cobrados aquando da entrada (ou da saída)
de mercadores.
2. Ad valorem, quando representam uma fração do seu valor, têm a dificuldade adicional
de obrigar a determinar o valor tributável da mercadoria, mas são muito mais justos do
ponto de vista de igualdade tributária, e por isso muito mais utilizados
Ex.: no Estado X apenas são importadas bicicletas até um valor total de 500000€
Por essa razão, são expressas e quase absolutamente proibidas pela OMC
São muito difíceis de identificar por estarem escondidos sob o manto de normas técnicas,
elaboradas, controladas e avalizadas por especialistas. A forma de os combater é através da
negociação e adoção de códigos de normalização de práticas tidas por razoáveis.
Condições de transporte;
Condições de desalfandegamento;
SUBVENÇÕES
Uma subvenção à exportação tem um efeito de distorção da concorrência internacional, ao
fazer diminuir artificialmente o preço do produto/serviço exportado. Assim, ele torna-se mais
competitivo relativamente aos concorrentes internacionais que não beneficiaram desse
“prémio”
A reação mais eficaz é assim a de neutralização dos efeitos, e não a de repressão da prática.
Essa neutralização faz-se através dos direitos anti-dumping (mecanismos em tudo semelhante
ao dos direitos compensadores: sobretaxas aduaneiras cobradas aquando da importação,
destinadas a colocar o preço do produto ao nível do que seria o seu “valor normal”
Obstáculos técnicos
Obstáculos ao investimento
CONCLUSÃO
Por muito que tente controlar-se a criação e aplicação de mecanismos de proteção dos
mercados, eles hão de existir sempre, e de uma forma cada vez mais complexa e sub-reptícia
Não abrange formas mais avançadas de integração económica prosseguidas, também elas,
apenas a uma escala bilateral ou plurilateral, e quase sempre numa perspetiva de integração
regional. Estes fenómenos podem assumir formas muito diversificadas e graus de integração
muito variados. Há 4 grandes tipos:
União aduaneira;
Mercado comum;
Este tipo de integração económica não é pensável a uma escala global, uma vez que a
diversidade de graus de desenvolvimento, padrões sociais e culturais e modelos económicos
não permite um consenso de paz capaz de a suportar. Hoje, os acordos regionais representam
uma fatia muito grande do total das trocas internacionais- isto é muito importante para efeitos
da aplicação do mecanismo de exceção previsto no artigo XXIV GATT, porque significa que há
uma parte muito importante das trocas que escapa à disciplina multilateral
Gatt
Resultou de uma proposta endereçada pelos EUA, aos Aliados em 1945 na sequencia da qual
o Conselho Económico e Social da ONU convocou uma Conferencia Internacional, realizada
em Genebra em 1947. Dessa Conferência viria a resultar um Acordo (em forma simplificada),
assinado e que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 1948: GATT
O que se pretendia com o GATT era completar o triângulo internacional das relações
internacionais que a Conferência de Bretton-Woods deixou incompleto:
o Redução do nível médio dos Direitos Aduaneiros, cujo nível médio desceu de cerca de
40% para menos de 13%
Apenas a partir do “Kennedy Round” se começou a notar uma preocupação com outros
aspetos, tratados em diversos Acordos Setoriais
Problema: estes acordos tinham, então, uma natureza meramente plurilateral, vinculando
apenas os respetivos signatários. Isto trouxe ao sistema uma série de desequilíbrios que não
existiam inicialmente.
d) Grande dificuldade de gestão destes acordos e do seu cumprimento, uma vez que a
estrutura institucional do GATT era muito precária
Atendendo aos objetivos a que os seus criadores se haviam proposto, a todas as dificuldades
políticas e económicas que atravessou, à sua grande limitação de meios, que balanço fazer
dos 50 anos de funcionamento do GATT?
Em geral, muito positivo. No entanto, e em particular, o modelo já não era capaz de responder
a uma série de problemas causados pelas suas próprias limitações:
Exclusão de muitos setores, e alguns porque nunca tinham feito parte do sistema
Novos temas nunca abordados e mesmo parecendo não estar diretamente relacionados
com os fluxos comerciais transfronteiriços começam a ter uma importância cada vez
maior
Por todas estas razões, em 1995 entrou em funções a OMC, que veio suceder o GATT
enquanto centro institucional de decisão das relações comerciais entre Estados
A criação da OMC culminou a mais longa ronda de negociações da história do Acordo que se
iniciou em 1986 e ficou conhecida como Ronda do Uruguai
QUESTÕES INTERNACIONAIS
Conta com 164 membros, dos quais uma parte considerável são países em desenvolvimento, o
que faz com que as questões dos desníveis de desenvolvimento tenham de ser tidas em conta
na negociação e aplicação das regras. Os países em desenvolvimento têm um estatuto
especial, nomeadamente: período de transição mais longo e regime de exceção quanto a
algumas obrigações substantivas
O critério mais imediato seria o do PIB per capita: no entanto, os exemplos extemos da china e
da Guiné Equatorial mostram que não é viável.
Por isto, co critério tem sempre sido o da autoeleição: cada membro reclama por si o estatuto
de PVD, que pode depois ser posto em causa pelos parceiros
O expediente fica assim a cargo do Conselho Geral e dos seus inúmeros Conselhos e
Comités e do Secretariado.
A tomada de decisões é feita por consenso, sendo que qualquer membro dispõe de
poder de veto e pode requerer uma votação formal, por maioria absoluta
Submissão dos membros mais fracos aos “poderes de facto”: raramente esses
membros se atrevem a contrariar a vontade dos membros mais poderosos
As preferências Históricas…
Foram um dos pontos mais controversos aquando da negociação final do GATT excluindo
alguns regimes preferenciais que lhe eram anteriores e que os signatários iniciais não tinham
condições económicas para eliminar
A ajuda ao desenvolvimento…
Funciona através da chamada cláusula de habilitação que bem autorizar que as preferências
comerciais concedidas aos PVDs não sejam estendidas a todos os membros da OMC. Tem um
carácter tendencialmente evolutivo- em principio as preferências deveriam ser retiradas à
medida que a evolução da situação económica do beneficiário o permitia.
A integração económica…
a nova pauta aduaneira não pode aumentar os obstáculos às trocas com o exterior
a OMC tem que ser notificada do projeto e de todas as suas alterações, devendo o
mesmo estar concluído no prazo máximo de 10 anos
Assim, os benefícios proporcionados pela CNMF poderiam ser neutralizados, se fosse possível
proteger o mercado interno recorrendo a medidas exclusivamente não aduaneiras- fossem elas
fiscais, administrativas ou outras.
Apenas podemos comparar as medidas que lhes são aplicáveis se eles foram, em si mesmos,
comparáveis- comparabilidade dos próprios produtos
Temos aqui duas possibilidades, cada qual com os seus próprios critérios:
Japan- Alcoholic Beverages: o conceito de produto similar tem de ser interpretado de forma
estrita, para se distinguir do de produto concorrente, sob pena de a distinção feita no acordo
não ter efeito útil.
Nesse sentido, os critérios para aferir esta similaridade terão de ser estabelecidos caso a caso,
e poderão ser os seguintes:
Utilização final;
Classificação pautal
No fundo, aquilo que aqui se tenta aferir é se entre dos produtos existe uma relação de
substituibilidade quase perfeita, e não uma relação de mera sucedaneidade
Canada: Periodicals: revistas com condições diferentes nos diferentes mercados são
concorrentes?
O PTN está claramente vocacionado para ser aplicado aos impostos e taxas que afetem o
preço da venda dos produtos de forma direcionada:
Iva;
Relativamente a estes últimos, a qualificação pode não ser tão simples como parece. Por
vezes, há medidas tarifárias aplicadas na alfândega que devem ser consideradas como
imposto. Assim, a primeira questão a resolver quando seja invocada a primeira vertente do
PTN é a de saber se estamos ou não perante medidas tarifárias internas, relevantes para
efeitos do artigo III.
Da mesma forma, apesar de a taxa ser o elemento mais imediatamente visível, ele aplica-se a
todo o processo de liquidação:
deduções autorizadas
os benefícios fiscais
a forma de determinação do valor coletável
as garantias
Nos termos do GATT (artigo XI) é interdito o estabelecimento de restrições quantitativas com o
fim de proteger o mercado interno: entre os obstáculos “clássicos” ao comércio internacional só
os direitos aduaneiros são, portanto, legítimos
Esta proibição foi contornada durante algum tempo com os acordos de autolimitação das
exportações, que foram proibidos em 1995.
O GATT tem como objetivo a redução progressiva dos obstáculos ao comércio, que como se
viu devem consistir, de forma tendencialmente exclusiva, em direitos aduaneiros.
Essa alteração só é possível mediante uma renegociação que envolva todos os membros que
possam ser afetados pela modificação, e que deverão ser adequadamente compensados