Como Funciona 2

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 179

1

Como Funciona
Aparelhos, Circuitos e
Componentes Eletrônicos
Volume 2

Newton C. Braga

Patrocinado por

2
São Paulo - Brasil - 2020

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
[email protected]

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Impressão: AgBook – Clube de Autores

Nosso Podcast

3
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos
- Volume 2
Autor: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2020
Palavras-chave: Eletrônica – aparelhos eletrônicos –
componentes – física - química

Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por


qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos,
fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou
que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético
atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou implantado no futuro.
Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua
editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e
parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos
122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).

4
Índice
Apresentação da Série.................................................................8
Apresentação............................................................................10
Como Funciona o Circuito Integrado 4017.................................11
O Circuito Integrado 4017...............................................11
O Circuito Integrado 4018.........................................................25
APLICAÇÕES..................................................................29
Gerador de 3 Fases..............................................29
Síntese Digital de Sinais Senoidais.........................30
Dado Eletrônico....................................................32
O Circuito Integrado LM3914 ....................................................34
O Circuito Integrado LM3914............................................35
Máximos Absolutos...............................................38
Como Funciona....................................................39
A Referência de Tensão.........................................40
Corrente nos LEDs................................................41
Seleção de Modo de Funcionamento.......................41
Outras Características...........................................43
Aplicações...........................................................43
Circuitos de Entrada.............................................49
Cuidados no Uso..................................................51
Aplicativos Adicionais............................................52
O Circuito Integrado 4013 .......................................................53
DESCRIÇÃO DO COMPONENTE.........................................54
COMO FUNCIONA O 4013................................................54
APLICAÇÕES..................................................................57
CIRCUITO 1.........................................................57
CIRCUITO 2.........................................................58
CIRCUITO 3.........................................................58
CIRCUITO 4.........................................................59
CIRCUITO 5.........................................................59
CIRCUITO 6.........................................................61
CIRCUITO 7.........................................................62
CIRCUITO 8.........................................................62
CIRCUITO 9.........................................................63
O 4051 - Chave 1-de-8..............................................................65
O LM350....................................................................................68
O LM350........................................................................68

5
Conheça o 4093.........................................................................73
Os disparadores NAND....................................................74
Aplicações:....................................................................77
O Circuito Integrado 555...........................................................84
O 555 CMOS ............................................................................99
O TLC7555.....................................................................99
O transistor 2N3055................................................................116
CIRCUITOS PRÁTICOS...................................................118
1. Fonte de Alta Corrente....................................118
2. Reostato........................................................120
3. Inversor........................................................120
4. Amplificador de Áudio......................................121
QUESTÃO DE POTÊNCIA................................................122
O Circuito Integrado 4093.......................................................124
O 4093........................................................................127
a) Conversão de sinais........................................130
b) Retardamento de sinais...................................131
c) Detecção de transições....................................133
d) Ressetadores automáticos...............................135
e) Chaves de toque............................................135
f) Osciladores.....................................................137
O Circuito Integrado LM3909...................................................140
Como Funciona.............................................................143
Aplicações....................................................................144
Outros Projetos............................................................155
Os transistores BC548 e BC558...............................................156
TRANSISTORES DE USO GERAL......................................156
Amplificadores de áudio .....................................159
Osciladores........................................................159
Circuitos de corrente contínua..............................159
OS BC548/BC558..........................................................159
OS "PARENTES"............................................................161
CIRCUITOS..................................................................162
a) Excitador de LEDs...........................................162
b) Amplificador de áudio......................................163
c) Excitador de relés...........................................164
d) Oscilador.......................................................165
Os Transistores da Série TIP31................................................166
CIRCUITOS..................................................................167
a) Fonte de 0-12V x 1A.......................................167

6
b) Reostato.......................................................168
c) Sirene de potência..........................................168
d) Amplificador de áudio......................................169
e) Inversor........................................................170
Reguladores de Tensão 7800...................................................172
Circuito 1..........................................................173
Circuito 2..........................................................174
Circuito 3..........................................................174
Circuito 4..........................................................175
Circuito 5..........................................................176
Circuito 6..........................................................176
Circuito 7..........................................................177
Circuito 8..........................................................177
Os outros mais de 160 livros sobre Eletrônica .........................179

7
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Apresentação da Série

Esta é uma série de livros que levamos aos nossos leitores


sob patrocínio da Mouser Electronics (www.mouser.com). Os
livros são baseados nos artigos que ao longo de nossa carreira
como escritor técnico publicamos em diversas revistas, livros e no
nosso site. São artigos que representam 50 anos de evolução das
tecnologias eletrônicas e portanto têm diversos graus de
atualidade. Os mais antigos foram analisados com eventuais
atualizações. Outros pela sua finalidade didática, tratando de
tecnologias antigas e mesmo de ciência não foram muito
alterados a não ser pela linguagem que sofreu modificações. Os
livros da série consistirão numa excelente fonte de informações
para nossos leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem, indo dos
mais simples que são indicados para os que gostam de
tecnologia, mas que não possuem uma fundamentação teórica
forte ou ainda não são do ramo. Neles abordamos o
funcionamento de aparelhos de uso comum como
eletroeletrônicos, não nos aprofundando em detalhes técnicos que
exijam conhecimento de teorias que são dadas nos cursos
técnicos ou de engenharia.
Outros tratam de componentes, ideais para os que
gostam de eletrônica e já possuem uma fundamentação quer seja
estudando ou praticando com as montagens que descrevemos em
nossos artigos. Estes já exigem um pequeno conhecimento básico
da eletrônica. Estes artigos também vão ser uma excelente fonte
de consulta para professores que desejam preparar suas aulas.
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de circuitos e
tecnologias de uma forma mais profunda com a abordagem de
instrumentação e exigindo uma fundamentação técnica mais alta.
São indicados aos técnicos com maior experiência, engenheiros e
professores.
Também lembramos que no formato virtual o livro conta
com links importantes, vídeos e até mesmo pode passar por
atualizações on-line que faremos sempre que julgarmos
necessário.

8
NEWTON C. BRAGA

Trata-se de mais um livro que certamente será importante


na sua biblioteca de consulta, devendo ser carregado no seu
tablete, laptop ou celular para consulta imediata.
Os livros podem ser baixados gratuitamente no nosso site
e um link será dado para os que desejarem ter a versão impressa
pagando apenas pela impressão e frete.

Newton C. Braga

9
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Apresentação

Saber como funcionam componentes, circuitos e


equipamentos eletrônicos é fundamental não apenas para os
profissionais da eletrônica que usam de forma prática a
tecnologia em seu dia a dia como também para aqueles que não
sendo técnicos, mas possuindo certo conhecimento, precisam
conhecer o funcionamento básico das coisas.
São os profissionais de outras áreas que, para usar
melhor equipamentos e tecnologias precisam ter um
conhecimento básicoque os ajude.
Assim, tratando de conceitos básicos sobre componentes
e circuitos neste primeiro volume e depois de equipamentos
prontos num segundo, levamos ao leitor algo muito importante
que já se tornou relevante em recente estudo feito por
profissionais.
A maior parte dos acidentes que ocorrem com o uso de
equipamentos de novas tecnologias ocorre com pessoas que não
tem um mínimo de conhecimento sobre o seu princípio de
funcionamento.
A finalidade deste livro não é, portanto, ajudar apenas os
estudantes, professores e profissionais, mas também os que
usam tecnologia no dia a dia e desejam saber um pouco mais
para melhor aproveitá-la e não cometer erros que podem
comprometer a integridade de seus equipamentos e até causar
acidentes graves.
Nota importante: componentes básicos como os resistores,
capacitores, indutores, transformadores, diodos, transistores,
também têm a seu princípio de funcionamento explicado na nossa
série de livros “Curso de Eletrônica”. Neste livro, abordamos
alguns componentes que especificamente têm explicações mais
detalhadas do que as encontradas naquelas publicações.

10
NEWTON C. BRAGA

Como Funciona o Circuito Integrado


4017

Não há limite para o que pode ser feito com o circuito


integrado 4017. Podemos fazê-lo contar até qualquer número
entre 2 e 9 e cascateando diversos deles podemos ir além.
Podemos usá-lo em temporização, codificação, para gerar formas
de ondas, efeitos de luz e som e muito mais. Tudo isso justifica a
frequência com que o leitor encontra projetos que se baseiam
neste circuito integrado. Usar o circuito 4017 é simples, e uma
vez que o leitor domine esta técnica, poderá fazer seus próprios
projetos usando este componente. Assim, nas linhas seguintes
vamos mostrar como funciona o 4017 e como podemos usá-lo de
diversas maneiras.

O Circuito Integrado 4017


O circuito integrado 4017 pertence a família lógica CMOS
em que os componentes podem funcionar com tensões de 3 a 15
Volts e possuem características que permitem sua interligação
direta e com outros componentes como o 555. No 4017
encontramos um contador/decodificador Johnson com uma
entrada e 10 saídas, conforme mostra o diagrama de blocos da
figura 1.

Figura 1 – Diagrama de blocos do circuito integrado 4017. Observe


que ele possui uma entrada e dez saídas.

11
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Conforme podemos ver, ele é formado por 5 etapas que


podem fazer a divisão de um sinal retangular por valores entre 2
e 9. O 4017 é fornecido em invólucro DIL de 16 pinos com a
disposição de terminais mostrada na figura 2.

Figura 2 – Invólucro e pinagem da versão DIL, que é a mais comum para


aplicações práticas.

Na operação normal, os pinos 13 e 15 são aterrados e


pulsos retangulares são aplicados ao pino de entrada (14).
Conforme podemos ver então pelo diagrama de tempos mostrado
na figura 3, partindo da condição em que a saída S0 se
encontrada no nível alto, e as demais no nível baixo, ocorre o
seguinte: a cada pulso aplicado, a saída que está no nível alto
passa ao nível baixo e a seguinte passa ao nível alto.
O processo ocorre até se chegar à última saída. Com um
novo pulso, essa saída vai ao nível baixo e a primeira vai ao nível
alto, recomeçando o processo. Podemos ressetar a contagem do
4017 levando por um instante o pino 13 ao nível alto. Uma forma
de se fazer com que o 4017 sempre parta do zero, com a
primeira saída no nível alto é com um circuito de “reset ao ligar”
conforme mostra a figura 4. Este circuito também é denominado
POR (Power-On Reset).

12
NEWTON C. BRAGA

Figura 3 – Diagrama de tempos do 4017. Observe os níveis lógicos das


saídas.

Figura 4 – Circuito de “reset ao ligar” ou power-on reset (POR) para o


4017.

13
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Os circuitos integrados 4017 podem ser cascateados de


modo a se obter a divisão por 10,100, 1000, etc., conforme
mostra a figura 5.

Figura 5 – “Cascateando” circuitos integrados 4017.

Mas, podemos programar o 4017 para fazer contagens


menores que até 10. Para isso, basta ligar o pino imediatamente
posterior ao número que desejamos contar à entrada de reset,
conforme mostra a figura 6.

Figura 6 – Contando até n (n até 10)

Por exemplo, se desejarmos contar até 4, com a ativação


de uma saída de 4 em sequência, basta ligar a quinta saída ao
pino de reset. Se desejarmos contar até n (n menor que 10)
basta ligar o pino posterior a n no reset (15).

Características elétricas
As características elétricas são dadas pela seguinte tabela:

14
NEWTON C. BRAGA

Característica Condições Valor Unidade


(Vcc) s
Corrente drenada/fornecida (tip.) 5V 0,88 mA
10 V 2,25 mA
15 V 8,8 mA
Frequência máxima de clock (tip.) 5V 2 MHz
10 V 5 MHz
15 V 6 MHz
Corrente quiescente (max) 5V 0,3 mA
10 V 0,5 mA
15 V 1,0 mA
Faixa de Tensões de alimentação 3 a 15 V

Conforme podemos ver, o tipo de saída usada neste


circuito integrado permite que ele tenha a mesma capacidade de
drenar ou fornecer correntes a uma carga. Como nas aplicações
normais, a corrente máxima que ele pode fornecer é pequena é
comum fazermos uso de etapas de potência para excitar cargas
de maior consumo.
Na figura 7 temos alguns tipos de etapas que podem ser
usadas com o 4017.
Em (a) temos a excitação no nível alto com um transistor
NPN para cargas até 100 mA. Para a excitação no nível baixo,
temos o circuito com transistor PNP mostrado em (b). Desejando
excitar cargas de maior potência temos em (c) uma versão que
faz uso de um transistor Darlington NPN. Esta versão é excitada
com a saída no nível alto. Para excitar cargas no nível baixo,
temos o uso de um Darlington PNP, conforme mostrado em (d).
Em (e) temos a possibilidade de se usar um par complementar de
transistores comuns para excitar cargas com altas correntes no
nível alto. A configuração equivalente para excitar no nível baixo
é mostrada na figura (f). Também podemos excitar SCRs (g) e
Power MOSFETs conforme mostrado na mesma figura em (h).
Para excitar a entrada de um 4017 também temos várias
possibilidades mostradas na figura 8.

15
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 7 – Algumas etapas de potência para excitar cargas de correntes


elevadas.

16
NEWTON C. BRAGA

Figura 8 – Gerando pulsos para excitar o circuito integrado 4017. A


frequência máxima depende do componente utilizado e deve ser menor do
que a máxima admitida pelo 4017.

A primeira faz uso do conhecido circuito integrado 555 que


é totalmente compatível com o 4017, conforme podemos
observar. A segunda faz uso de um oscilador ou outro circuito de
porta com o circuito integrado 4093. Outras funções CMOS
podem ser usadas com a mesma finalidade. Ao excitar um 4017,
entretanto devemos ter em mente que o sinal deve ser
perfeitamente retangular livre de repique (oscilações) que podem
falsear a contagem.

Aplicações:
Damos, a seguir, alguns circuitos práticos com base no
4017.

17
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

a) Sequencial de 10 LEDs
Na figura 9 temos um circuito sequencial que aciona 10
LEDs numa velocidade que pode ser ajustada no potenciômetro
P1 e que depende basicamente do capacitor C1.

Figura 9 – Sequencial de 10 LEDs. Podemos usar menos LEDs usando a


técnica de contagem até n da figura 6.

O resistor comum ao catodo de todos os LEDs tem por


finalidade limitar a corrente no circuito. Para acionamento de
cargas de potência podemos interfacear com transistores ou
mesmo SCRs, como mostra a figura 10.
Observe que no caso dos SCRs eles possuem um terra
comum ao circuito de alta e baixa frequência. Isso é
absolutamente necessário ao disparo. Uma possibilidade a ser
considerada para excitar cargas de boa potência com transistores
é a utilização de Darlingtons. No caso do TIP121 , que substituiria
o BD135 podemos aumentar o resistor de base de 1 k apara 4k7.

18
NEWTON C. BRAGA

Figura 10 – Excitando transistores de média potência ou SCRs.

b) Sequencial de 4 LEDs
Para acionamento de 4 LEDs num sistema sequencial
temos o circuito da figura 11.
Também podemos acionar cargas de maior potência com
transistores e SCRs como na versão anterior. Uma variação
interessante para os dois circuitos consiste em se fazer um
“sorteador” de números. Na figura 12 mostramos como habilitar o
555 de modo que ele gere um trem de pulsos e assim, no final do
processo, apenas um LED fique aceso.

19
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 11 – Sequencial de 4 LEDs usando a técnica da contagem até n da


figura 6.

Figura 12 – Circuito que gera um trem de pulsos aleatório. Ideal para


aplicações em jogos.

20
NEWTON C. BRAGA

c) Apagamento Sequencial
Um outro circuito interessante que pode ser elaborado
com base num 4017 é o que faz o apagamento sequencial de
LEDs e que é mostrado na figura 13.

Figura 13 – Circuito de apagamento sequencial, ou um de quatro apagado.

d) Caixa de Música
A figura 14 mostra um circuito de uma caixa de música
eletrônica em que 10 notas musicais são executadas
sequencialmente pelo 4017 quando o 555 é habilitado.

Figura 14 – Caixa de música de 10 notas. Cada uma ajustada no trimpot


correspondente.

A programação das notas é feita nos trimpots junto às


saídas do 4017. A nota central vai depender do capacitor do
oscilador com dois transistores, o qual pode ser alterado numa
ampla faixa de valores.
A velocidade com que as notas são executadas é ajustada
no trimpot do 555.

21
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

e) Controle Lógico Programável (CLP)


A automação de pequenos dispositivos pode ser realizada
com base num 4017 com o circuito da figura 15.

Figura 15 – Um CLP (Controlador Lógico Programável) ou PLC


(Programmed Logic Controllet) usando o 4017.

Neste circuito, quando uma saída vai ao nível alto, se


houver um diodo ligado nesta saída, na matriz de controle, ele
ativa a saída correspondente. Combinando diodos podemos fazer
com que as saídas sejam levadas à níveis de acionamento
sequencial diferentes, controlando assim um sistema de
automação externo. A sequência e o que vai ser acionado
depende apenas da imaginação do leitor abrir uma porta, acender
uma luz por um tempo um pouco maior, no final do processo
tocar uma campainha e depois fechar novamente a porta é um
exemplo de aplicação que pode ser feita com a matriz de
programação mostrada na figura 16.
A duração total do ciclo dependerá apenas do ajuste de P1
no oscilador com o 555 que é responsável pela temporização.

22
NEWTON C. BRAGA

Figura 16 – Simulador de presença com 4017.

f) Sintetizador de forma de onda


Terminamos nossa série de circuitos práticos com um
sintetizador de forma de onda que pode ser usado em
instrumentos musicais e em geradores de efeitos. A frequência do
sinal de saída do circuito da figura 17 é a frequência do oscilador
com o 555 dividida por 10.
O filtro RC de saída aplaina o sinal de modo a se obter
uma forma de onda suave.

23
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 17 – Sintetizador de forma de onda.

24
NEWTON C. BRAGA

O Circuito Integrado 4018

O circuito integrado 4018 (também apresentado com


siglas que designam o fabricante como CD4018, IC4018, etc.)
consiste num contador/divisor por N pré-setável, projetado para
ser utilizado com outros elementos da família CMOS. Este circuito
integrado é apresentado em invólucro DIL de 16 pinos, conforme
mostra a figura 1.

Figura 1 – Pinagem do 4018 em invólucro DIL de 16 pinos. Existem


versões SMD para o mesmo componente.

Também existem versões SMD que têm a mesma pinagem


e função mas dimensões bem menores, como exigido para a
montagem em superfície. Na figura 2 mostramos o seu circuito
equivalente interno em blocos lógicos, com a observação de que
o pino 16 corresponde ao Vdd (alimentação) que pode ficar entre
5 e 15 volts e o pino 8 corresponde ao Vss ou 0V.

25
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 2 – Blocos internos do circuito integrado 4018.

Na frequência de 1 MHz, com tensão de alimentação de 5


V este componente consome apenas 0,4 mA e com uma tensão
de 10 V, seu consumo se eleva para 0,8 mA. Basicamente, o
4018 consiste num contador de anel que pode ser programado
externamente para fazer a divisão de 2 até 10 de um sinal
retangular de entrada. Na divisão por números pares não se
necessita de nenhum circuito externo adicional e na saída obtém-
se um sinal quadrado (50% de ciclo ativo).
Na divisão por números ímpares, é necessário usar portas
externas e o sinal não será quadrado, ou seja, seu ciclo ativo não
será mais de 50%. Para que ele funcione é preciso fazer uma
programação através da entrada IN. Assim, na operação normal,
as entradas RESET e LOAD são ligadas à terra e a cada transição
positiva do pulso de entrada o contador avança uma unidade. As
divisões são feitas com as seguintes interligações:

Interligações Divisão Por


5 ao IN 10
4 ao 5 9 (*)
4 ao IN 8
3 ao 4 7 (*)
3 ao IN 6
2 ao 3 5 (*)
2 ao IN 4
1 ao 2 3 (*)
1 ao IN 2
(*) Necessita portas externas

26
NEWTON C. BRAGA

Na figura 3 temos todos os circuitos divisores,


observando-se que para a divisão por números ímpares são
usadas as portas de um circuito integrado 4081. Quando
conectado como contador até 10, o 4018 apresenta a seguinte
tabela de estados:

Contagem Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
0 1 1 1 1 1
1 0 1 1 1 1
2 0 0 1 1 1
3 0 0 0 1 1
4 0 0 0 0 1
5 0 0 0 0 0
6 1 0 0 0 0
7 1 1 0 0 0
8 1 1 1 0 0
9 1 1 1 1 0

Internamente, o 4018 possui 5 flip-flops que podem ser


conectados como um contador Johnson de 5 estágios. Cada
estágio possui saídas "bufferizadas" complementares (Q\). Para o
Preset, Clock, Reset e Data o circuito integrado possui entradas
apropriadas que são identificadas no diagrama interno.
Aplicando-se o nível alto (HI ou 1) na entrada do reset o
contador é levado à condição de entrada no pulso zero, ou seja,
todas as saídas vão ao nível alto. Para carregar o contador em
paralelo, basta fazer a entrada LOAD positiva. A frequência
máxima de operação para este componente com alimentação de
5 V é de 2,5 MHz e com 10 V é de 5 MHz.

27
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 3 – Circuitos divisores com o 4018.

28
NEWTON C. BRAGA

APLICAÇÕES
Além dos circuitos divisores que vimos na figura 3 é
possível programar o 4018 de outras formas, como mostra a
figura 4.

Figura 4 – Contador programado.

Nesta configuração divisora por 7, por exemplo, a porta de


realimentação usada é do tipo 4011 e o circuito integrado conta
normalmente até 3, quando então suas saídas Q3 e Q4 vão aos
níveis 0 e 1. Neste momento o 4011 entra em ação levando a
entrada Data ao nível baixo. Desta forma o contador passa ao
estado 1000 e não 0000. A tabela verdade para um contador até
7 é a seguinte:

Contagem Q1 Q2 Q3 Q4
0 1 1 1 1
1 0 1 1 1
2 0 0 1 1
3 0 0 0 1
4 1 0 0 0
5 1 1 0 0
6 1 1 1 0

Gerador de 3 Fases
Sinais defasados de 120 graus podem ser obtidos com a
configuração simples mostrada na figura 5 em que empregamos
apenas um 4018.

29
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 5 – Gerador de três fases.

O circuito integrado 4018 é ligado como um divisor por 6 o


que significa que a frequência do sinal aplicado na entrada deve
ser 6 vezes a frequência dos sinais que se deseja na saída. Os
pulsos retangulares obtidos na saída estarão defasados de 120
graus.

Síntese Digital de Sinais Senoidais


As 5 saídas dos flip-flops internos do circuito integrado
4018 podem ser usadas simultaneamente para a sínteses de
sinais senoidais a partir de um sinal retangular de entrada. Parte-
se então da configuração como contador até 10 e as saídas dos
flip-flops sintetizam cada nível de tensão em sequência de modo
a formar uma senoide. As proporções em que cada saída deve
contribuir para o nível de sinal senoidal é dada pela seguinte
relação:

Q1 = 1,618
Q2 = 1,000
Q3 = 1,000
Q4 = 1,618

Desta forma, quando a saída Q1 está ativada, temos um


nível 1,000 de tensão na saída. Quando as saídas Q1 e Q2 estão
ativadas temos 2,618. Quando as 4 saídas estão ativadas temos
o 5,236 que corresponde ao nível máximo de tensão ou pico
positivo.

30
NEWTON C. BRAGA

A partir daí, com a desativação da saída 1 e mantendo-se


as saídas Q2, Q3 e Q4 ativadas temos 3,618 e numa etapa
seguinte chegamos novamente a 3,618 e depois com apenas Q4
ativada voltamos a 1,000. As formas de onda sucessivas e
sintetizadas por este circuito são mostradas na figura 6.

Figura 6 – Gerando um sinal senoidal digitalmente.

Evidentemente, a forma de onda obtida na saída do


integrado é formada por degraus. Se quisermos uma senoide
perfeita precisamos passar este sinal por um filtro passa-baixas
que remove as transições bruscas do sinal suavizando. O circuito
completo, incluindo o filtro é mostrado na figura 7.

Figura 7 – Circuito completo do sintetizador digital de sinais senoidais.

31
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Este circuito pode operar satisfatoriamente com sinais na


faixa dos 500 aos 2500 Hz. Alterações de valores de
componentes permitem sua operação em outras faixas de
frequência. A intensidade do sinal de saída é de 0,8 Vpp para
uma tensão de alimentação de 5 V. Senoides com menos pontos
de síntese podem ser obtidas com divisões por 6 ou 8 conforme
mostram os circuitos da figura 8.

Figura 8 – Circuito para sintetizar senoides com menos precisão.

Dado Eletrônico
Uma aplicação recreativa do 4018 é mostrada na figura 9
em que temos um dado eletrônico.
Cada um dos 4018 excita 7 LEDs que são dispostos numa
configuração que lembra a face de um dado. Duas portas de um
4011 complementa o circuito para se obter a configuração
necessária aos efeitos desejados. O clock é obtido de um 555 que
produz um número aleatório de pulsos quando o interruptor de
pressão é ativado. Quando este interruptor é solto, os LEDs vão
parar numa configuração que depende do número de pulsos e,
portanto, é imprevisível.

32
NEWTON C. BRAGA

Figura 9 – Dado digital com o 4018. S1 determina o sorteio gerando um


número aleatório de pulsos.

A alimentação do circuito pode ser feita com 4 pilhas ou


bateria de 9 V. Veja que os 4018 são ligados de modo a formar
contadores até, já que este é o número de faces de um dado.
Veja também que o segundo módulo é excitado pelo primeiro de
modo a se garantir que a contagem não seja o mesmo número de
ciclos para cada um.

33
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O Circuito Integrado LM3914

O circuito integrado LM3914 da National Semiconductor é


um indicador de barra ou ponto móvel que aciona 10 LEDs
comuns a partir de uma tensão de entrada. O circuito integrado
“sente” o nível dessa tensão de entrada e em função disso aciona
um de 10 LEDs na saída, se configurado como ponto móvel, ou
um número de LEDs proporcional, se configurado como barra
móvel, conforme mostra a figura 1.

Figura 1 – Efeitos possíveis com o LM3914

34
NEWTON C. BRAGA

O modo de operação do CI, barra ou ponto móvel, é


configurado externamente através de um pino existente para
essa finalidade. Não existe a necessidade de nenhum componente
externo para alterar o modo de funcionamento. Cada LM3914
pode acionar 10 LEDs comuns, mas existe a possibilidade de se
interligar dois ou mais desses CIs de modo a termos indicadores
de 20, 30 ou 40 LEDs. Outra característica importante deste
circuito integrado está no fato do acionamento dos LEDs não ser
matricial, mas independente. Isso significa que podemos usar
suas saídas para acionar outros tipos de cargas como transistores
para excitar lâmpadas de maior potência e até mesmo SCRs e
Triacs para cargas de potências muito altas, alimentadas pela
rede de energia.
A alimentação deste circuito integrado pode ser feita com
tensões a partir de 3 V o que o habilita a ser utilizado em
aplicações alimentadas por pilhas ou baterias. São as seguintes
as principais características que o fabricante destaca neste
componente:
a) Possibilidade de excitar LEDs, lâmpadas, LCDs e outros
dispositivos indicadores.
b) Operação tanto no modo ponto como barra móvel
selecionada externamente.
c) Expansível até mais de 100 saídas.
d) Referência de tensão interna de 1,2 a 12 V
e) Opera com tensões a partir de 3 V
f) Admite sinais negativos de entrada
g) Corrente de saída programável entre 2 mA e 30 mA
h) Não há multiplexação das saídas.
i) Pode interfacear diretamente circuitos TTL e CMOS.

O Circuito Integrado LM3914


Na figura 2 temos a pinagem do LM3914 que é
apresentado em invólucro DIL de 18 pinos.
O LM3914 contém uma referência interna de tensão e um
divisor preciso de 10 etapas. Um “buffer” excita o circuito mesmo
a partir de tensões negativas numa faixa de -35 V a + 35 V. A
precisão do divisor é da ordem de 0,5 % numa ampla faixa de
temperaturas de operação.

35
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 2 – Invólucro DIL de 18 pinos, o mais comum para o circuito


integrado LM3914.

Na figura 3 temos o diagrama de blocos correspondente às


funções internas do LM3914.
A versatilidade desse CI permite que recursos externos
sejam adicionados a um projeto como, por exemplo, alarme
sonoro, indicador piscante de final de escala, além de outros.
Como cada saída tem regulagem de corrente, LEDs de cores
diferentes (características elétricas diferentes) podem ser usados
sem problemas.
Além disso, as duas extremidades de referência de tensão
interna são acessíveis externamente. Uma possibilidade
interessante que aproveita esse recurso é a mostrada na figura 4
em que três LM3914 são cascateados de modo a se obter um
indicador de 30 LEDs com 0 no centro da escala.

36
NEWTON C. BRAGA

Figura 3 – Diagrama de blocos do LM3914

37
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 4 – Cascateando 3 circuitos integrados LM3914 para acionar 30


LEDs.

Para um indicador simples com fim de escala em 1,2 V é


preciso agregar apenas um resistor externo. Para os LEDs não
são necessários resistores limitadores de corrente dada a
regulagem interna das saídas. Um “overlap” de aproximadamente
1 mV entre as saídas na operação em barra móvel, impede que
haja uma indicação ambígua na transição de um LED para outro.

Máximos Absolutos

• Dissipação máxima: 1 365 mW


• Tensão de alimentação máxima: 25 V
• Faixa de tensões de entrada: -35 a + 35 V
• Tensão no divisor: - 100 mV a + Vcc
• Corrente de referência na carga: 10 mA

38
NEWTON C. BRAGA

Características elétricas:
Parâmetro Condições Mín. Típ. Máxi. Un.
Ganho do IL(ref) = 10 3 8 - mA/mV
comparador mA
Corrente de - 25 100 nA
polarização de
entrada do
comparador
Resistência do divisor Pino 6 ao 4 8 12 17 k Ohms
Precisão - 0,5 2 %
Regulagem de linha 3 < V < 18 V - 0,01 0,03 %/V
da referência de
tensão
Corrente de saída Vled = 5 V 7 10 13 mA
para os LEDs
Corrente de V=5V - 2,4 4,2 mA
alimentação em
repouso V = 20 V - 6,2 9,2 mA

Como Funciona
Pelo diagrama de blocos da figura 3, podemos fazer uma
análise do funcionamento do LM3914. Um buffer de entrada de
alta impedância pode operar com sinais numa ampla faixa de
tensões, inclusive com valores negativos. O sinal obtido na saída
do buffer é aplicado, através de um divisor escalonado de tensão,
a 10 comparadores de tensão. Isso significa que cada comparador
comuta com um nível de tensão ligeiramente maior do que o
anterior.
Se a rede de referência for conectada à tensão de 1,25 V
da referência interna do próprio CI, cada comparador comuta
num passo de 125 mV. A cada passo um LED acende no sistema
de barra móvel, mantendo o anterior aceso. No sistema de ponto
móvel, ao acender um LED o anterior apaga.
O divisor de referência, entretanto, tem suas extremidades
livres o que permite que ele seja ligado a fontes de tensão
negativa. Os passos serão então determinados por essa tensão
externa dividida por 10. É importante observar que o divisor só
pode ser ligado à fontes externas que estejam, no máximo, a 1,5
V da tensão usada na alimentação e até o valor da tensão
negativa. Outra característica importante é que ele pode operar

39
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

com tensões muito baixas em seus extremos, da ordem de 200


mV.

A Referência de Tensão
Conforme mostra a figura 5, a referência interna de tensão
fornece uma tensão de 1,25 V entre os pinos 7 e 6.

Figura 5 – Um divisor resistivo forma a referência de tensão.

Esta tensão é aplicada num resistor de programa (R1) e


como a tensão neste componente é constante, uma corrente
constante I1 circula pelo resistor R2 que fixa a tensão de
referência, possibilitando assim a programação de saída Vs
segundo a fórmula:
Vs = Vref (1 + R2/R1) + Iadj x R2

A corrente máxima que deve ser programada por este


circuito é 120 uA.

40
NEWTON C. BRAGA

Corrente nos LEDs


A programação da corrente nos LEDs é feita pelo pino 7.
Esta corrente é constante, dependendo muito pouco da tensão de
alimentação e de variações de temperatura. Isso significa que, ao
calcular a tensão no divisor de programa pode-se prever também
a corrente que se deseja nos LEDs, já que o pino 7 é comum aos
dois circuitos.
Como este pino tem um resistor de programa pode-se
somar ou diminuir sua corrente através de dispositivos externos,
modulando-se assim o brilho dos LEDs.

Seleção de Modo de Funcionamento


O pino 9 tem por função acessar o modo de programação
do CI, se em ponto móvel ou barra móvel. Se o pino 9 for
conectado ao pino 3 (alimentação positiva) o circuito funciona
como barra móvel, ou seja, a cada LED que acende na escala o
anterior se mantém aceso. Se o pino 9 for deixado aberto
(desligado), o circuito funciona como escala de ponto móvel. Isso
significa que a cada LED que acende, o anterior apaga. Para uma
escala de ponto móvel com 20 ou mais LEDs o pino 9 é ligado ao
primeiro drive da série, ao pino 1 do seguinte e assim por diante.
O último pino 9 da série será ligado ao pino 11 do mesmo CI. Na
figura 6 mostramos o diagrama de blocos deste setor.
Na figura 7 temos um exemplo de cascateamento (ligação
em série) de dois LM3914 para uma escala de 20 LEDs.
A tensão de alimentação pode ficar entre 3 e 15 V. Nas
aplicações práticas veremos como usar as entradas deste circuito.

41
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 6 – Diagrama de blocos do setor de comparadores.

Figura 7 – Cascateando dois circuitos integrados LM3914.

42
NEWTON C. BRAGA

Outras Características
A corrente extremamente baixa, assim como a
alimentação a partir de 3 V tornam o LM3914 ideal para a
alimentação de displays. A corrente de repouso desse CI é de
apenas 2,5 mA o que é muito interessante para uma alimentação
a partir de pilhas. O circuito tem ainda uma característica de
histerese não incorporada, o que significa que um LED não salta
para outro na transição. Assim, com variações rápidas do sinal de
entrada, não há perigo de ocorrerem variações causadas por
picos.

Aplicações
Na figura 8 mostramos um circuito básico para excitação
de 20 LEDs, com tensões positivas e negativas de entrada, ou
seja, com zero no centro da escala.
Observe o regulador de tensão negativa e o ajuste feito
para o centro da escala com a ajuda de um trimpot de 1 k ohms.
A alimentação deste circuito é feita com uma fonte simétrica de 5
+ 5 V. Dentre as aplicações para este circuito está o
monitoramento de uma fonte simétrica ou de 5 V que alimenta
um circuito TTL., ou ainda de uma linha de alimentação que deva
ser mantida em 0 V e que pode sofrer variações tanto positivas
como negativas. Para monitorar de forma precisa uma fonte TTL
sugerimos o circuito mostrado na figura 9.

43
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

44
NEWTON C. BRAGA

Este circuito tem uma escala expandida de modo que o


primeiro LED acende com 4,46 V e o último com 5,54 V, ficando o
valor de 5 V no centro da escala. Para este circuito a National
Semiconductor sugere os seguintes tipos de LEDs:
• LED10 – 5,54 V – vermelho
• LED 9 – 5,43 V – vermelho
• LED8 – 5,30 V – amarelo
• LED7 – 5,18 V – verde
• LED6 - 5,06 V – verde
• LED5 – 4,94 V – verde
• LED4 – 4,82 V – verde
• LED3 – 4,70 V – amarelo
• LED2 – 4,58 V – vermelho
• LED1 – 4,46 V – vermelho

A calibração é feita ajustando-se o trimpot R1 de modo a


se obter uma tensão Vd de 1,20 V. Depois, aplica-se uma tensão
de 4,94 V ao pino 5 e ajusta-se R4 para que o LED 5 acenda.
Os dois ajustes não interagem. Veja que este circuito
praticamente não necessita de filtragem. Na figura 10 temos um
interessante circuito tipo “ponto de exclamação”. A excitação
deste circuito consiste num sinal retangular de 1 kHz com 10% de
ciclo ativo.

Figura 10 – Circuito que gera um ponto de exclamação com o nível alto (!).

45
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O circuito é alimentado por fonte de 5 V e o transistor


admite equivalentes. Outra aplicação interessante para o LM3914
é dada na figura 11 onde temos um alarme para o final de escala.

Figura 11 – Alarme de final de escala.

Trata-se de um circuito configurado no modo ponto móvel,


operando desta forma até o momento em que o último LED é
acionado. Neste instante o circuito de transforma num display de
barra móvel (completo) e todos o LEDs acendem. Na figura 12
temos circuito de barra móvel.

46
NEWTON C. BRAGA

Neste circuito, quando se chega ao final da escala, que é


do tipo de barra móvel, temos a produção de uma oscilação que
faz com que todos os LEDs pisquem numa frequência de
aproximadamente uma vez por segundo. Essa frequência é dada
por C1 que pode ter seu valor alterado. Para se obter histerese no
circuito básico, temos a configuração mostrada na figura 13.

Figura 13 – Este circuito agrega histerese ao comportamento do LM3914.

O LM337 é um regulador de tensão da National. O circuito


proporciona uma histerese de 0,5 mV a 1 mV. Para operação com
alta tensão de alimentação temos o circuito da figura 14.

47
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 14 – Operação com alta tensão (48 V).

A corrente nos LEDs é de 10 mA aproximadamente, e as


saídas do LM3914 operam de modo saturado. O transistor
2N2905 pode ser substituído pelo equivalente BC557, PNP de uso
geral. A figura 15 mostra um circuito de display de 10 LEDs com
chave para seleção do modo de operação, ponto ou barra móvel.

48
NEWTON C. BRAGA

Figura 15 – Ligando uma chave de seleção barra/ponto móvel.

Numa posição temos a operação como ponto móvel e na


outro como barra móvel.

Circuitos de Entrada
Conforme indicado em cada circuito, os LEDs do LM3914
são acionados quando a tensão varia dentro de uma faixa de
valores.
Se a fonte de sinal é um sensor, um amplificador
operacional que forneça a tensão contínua na faixa indicada, não
existem maiores problemas para a implementação da escala.
Assim, na figura 16 mostramos como usar um amplificador
operacional para excitar os circuitos indicados, ajustando-se o
ganho pelo resistor de realimentação R1 conforme, a faixa de
tensões da entrada e a de saída.

49
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 16 – Usando um amplificador operacional na entrada.

Para operar com sinais alternados como som, por


exemplo, precisamos retificar e filtrar esse sinal, conforme mostra
a figura 17 em que temos um típico VU-meter.

Figura 17 – Trabalhando com sinais de áudio.

O capacitor que faz a filtragem é muito importante neste


circuito pois ele determina a “inércia” do display. Um capacitor
muito grande faz com que as variações da escala sejam lentas
em relação às variações do som e ele tenda a responder mais aos

50
NEWTON C. BRAGA

sons agudos. De qualquer forma, a escala deve ser programada


de acordo com a faixa de tensões que vai ser aplicada à entrada.
Uma forma mais simples de se fazer isso, quando a tensão de
entrada atinge valores muito altos é usando um divisor com
resistores.

Cuidados no Uso
Não basta conhecer as características do LM3914 para que
ele possa ser usado sem problemas. Alguns cuidados com o lay-
out da placa conexão dos LEDs devem ser tomados, já que se
trata de um circuito comutador bastante sensível e de alta
impedância de entrada. Os principais problemas que podem
ocorrer se uma montagem não funcionar conforme o previsto
são:

1. Instabilidade no momento da comutação. A passagem


rápida de zero para o valor máximo num LED pode causar
problemas na fonte. Para essa finalidade a fonte deve ser
desacoplada com capacitores de valores elevados ou ainda
capacitores de 47 nF a 1 uF entre o anodo dos LEDs e o
pino 2 pode resolver. Trilhas finas de conexão também
causam este problema.

2. Se o acendimento dos LEDs for muito lento na versão de


barra móvel, ou ainda se diversos LEDs acenderem ao
mesmo tempo na versão de ponto móvel, isso pode ser
devido à instabilidades ou oscilações ou ainda captação de
ruídos. Deve ser prevista a blindagem dos fios de sinal, ou
ainda o desacoplamento da fonte com capacitor de valores
elevados. Uma tensão no pino 3 abaixo dos limites
sugeridos também pode causar este tipo de problema.

3. Nas aplicações com escalas expandidas, um ou os dois


terminais do divisor devem ser ligados à referência através
de resistores de valores elevados para que não ocorram
instabilidades. Os extremos de alta impedância devem ser
desacoplados por capacitores de 1 nF a 100 nF.

51
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

4. A dissipação de calor, principalmente com alimentação de


baixa tensão, deve ser levada em conta. Com 5 V de
alimentação e todos os LEDs programados para 20 mA, o
circuito dissipará perto de 600 mW. Se um resistor de 7,5
ohms for ligado em série com a linha de alimentação de
anodo dos LEDs, a dissipação será reduzida à metade e
com isso o aquecimento do LM3914. Um capacitor de 2,2
uF deve ser ligado entre os anodos da linha e o terra do
circuito (depois do resistor) para efeito de
desacoplamento. A figura 18 mostra como isso pode ser
feito.

Figura 18 – Desacoplamento da alimentação.

Aplicativos Adicionais
Existe uma grande quantidade de circuitos práticos
disponíveis para o LM3914 no nosso site (Banco de circuitos e
outras seções) e na literatura técnica especializada.

52
NEWTON C. BRAGA

O Circuito Integrado 4013

O circuito integrado 4013 é um duplo flip-flop tipo D com


Preset e Clear (Dual D Flip-Flop with Preset and Clear). Na figura
1 temos a pinagem deste componente, que é encontrado em
invólucro DIL (Dual in Line) de 14 pinos.

Suas principais características são:


Tensão de alimentação: 3 a 18 V
Frequência máxima de clock: 10 MHz (10 V) - 4 MHz (5 V)
Corrente total: 0,8 mA (1 MHz x 5 V) - 1,6 mA (1 MHz x
10 V)

53
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Cada um dos dois flop-flops pode ser usado de modo


independente em duas modalidades de funcionamento: disparado
por clock e direto.

DESCRIÇÃO DO COMPONENTE
O invólucro Dual In Line (DIL) de 14 pinos permite acessar
diversos pontos do circuito dos flip-flops, destacando-se as
seguintes funções:

a) Entrada CLOCK (CL) através da qual podemos


comandar as mudanças de estado do circuito.
b) Entrada DATA (D) onde se aplica o nível de referência,
que é transferido para a saída na mudança de estado do flip-flop.
c) Entrada SET (S) que permite o estabelecimento de uma
condição definida para o flip-flop.
d) Entrada RESET (R) que permite o estabelecimento de
um estado inicial de saída 0 ao flip-flop.
e) Saídas complementares Q e Q/, que estão sempre com
níveis lógicos opostos.
f) Pinos de alimentação VDD e GND (ou VSS), que
correspondem ao pino +V e ao terra.

COMO FUNCIONA O 4013


Quando as entradas SET e RESET se encontram no nível
lógico baixo, a saída Q adquire o estado lógico que está presente
na entrada DATA no momento exato em que é aplicado o sinal de
CLOCK. É claro que a saída complementar Q/ neste mesmo
instante vai adquirir o nível lógico oposto.
As saídas Q e Q/ vão manter o nível registrado até que
ocorra uma transição positiva do clock, que permita a leitura do
novo estado da entrada DATA.
Se o nível lógico aplicada à entrada DATA se mantiver, não
haverá mudança de estado do flip-flop e as saídas (Q e Q/) ficam
no mesmo estado.
Veja que as transições negativas da entrada CLOCK não
têm nenhuma influência sobre o circuito, que mantém os níveis
das suas saídas.

54
NEWTON C. BRAGA

Se a entrada RESET for levada a um nível lógico alto e a


entrada SET se mantiver no nível baixo, a saída Q passará ao
nível baixo e a saída Q/ passará ao nível alto, qualquer que seja o
nível das entradas CLOCK e DATA.
Se agora submetermos a entrada SET a um nível alto e
mantivermos a entrada RESET no nível baixo, a saída Q passa ao
estado alto e Q/ ao estado baixo, independentemente dos níveis
das entradas CLOCK e DATA.
A conclusão que temos é que os comandos que fazemos
pelas entradas SET e RESET são prioritários em relação aos
comandos aplicados à entrada de CLOCK.
E, finalmente, se submetermos as entradas SET e RESET
simultaneamente a um nível alto, as duas saídas vão ao nível
alto, independentemente do que ocorre nas entradas CLOCK e
DATA.
Podemos descrever melhor este comportamento pela
seguinte tabela verdade:

Na figura 2 temos um diagrama de tempos que ocorrem


nas transições deste circuito integrado, valendo as seguintes
definições:

55
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

tWH - largura mínima do pulso de CLOCK no estado lógico 1.


tWL - largura mínima do pulso de CLOCK no estado lógico 0.
tSLH - tempo de Set-up para a transição positiva de saída (0
para 1)
tSHL - tempo de Set-up para a transição negativa da saída (1
para 0)
tpLH - atraso na transição positiva de saída
tpHL - atraso na transição negativa de saída
tTLH - tempo de transição positiva ou tempo de subida
tTHL - tempo de transição negativa ou tempo de descida
Para os circuitos integrados 4013 com alimentação de 10 V
os valores típicos são:
tPHL(tip) = 75 ns
tTHL(tip) = 50 ns
tWH(tip) = 50 ns
tSHL(tip) = 10 ns
fmax = 10 MHz

56
NEWTON C. BRAGA

APLICAÇÕES
O circuito integrado 4013 pode ser utilizado de duas
formas:

a) No modo com CLOCK, as entradas SET e RESET devem


ser aterradas. A entrada D determina então o que o flip-flop vai
fazer. A verdadeira operação só vai ocorrer na transição positiva
da entrada de CLOCK. Se D for positiva (nível alto), o pulso de
CLOCK faz com que Q vá ao nível alto e Q/ vá ao nível baixo. Se
D for aterrada, o pulso de CLOCK faz com que Q vá ao nível baixo
e Q/ ao nível alto.

b) No modo direto, um pulso positivo em SET (alto) força


a saída para o nível alto e sua complementar ao nível baixo. Um
pulso positivo de entrada de RESET (alto) força a saída Q ao nível
baixo e a complementar ao nível alto.

CIRCUITO 1
Na figura 3 temos um circuito divisor por 2 usando um dos
flip-flops do 4013.

A saída complementar (Q/) é ligada à entrada D, de modo


a realimentar o circuito dividindo por 2 a frequência do sinal de
entrada.

57
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

CIRCUITO 2
A ligação em cascata de dois flip-flops faz a divisão da
frequência de entrada por 4, conforme mostra a figura 4.

Observe que a saída para o segundo flip-flop não é


retirada da saída Q, mas sim de sua complementar.

CIRCUITO 3
Com 3 flip-flops (que correspondem a um circuito
integrado e meio) podemos fazer um divisor por 8, conforme
mostra a figura 5.

No terceiro flip-flop, a cada 8 pulsos de entrada teremos


um pulso de saída.
Observamos que na utilização de um dos flip-flops apenas
do 4013 as entradas não usadas devem ser aterradas para se
evitar instabilidades.

58
NEWTON C. BRAGA

CIRCUITO 4
A ativação de um relé a partir de pulsos (vindos de um
monoestável, por exemplo) pode ser útil em diversos tipos de
controle. Na figura 6 damos uma configuração que usamos com
frequência em nossos projetos pela sua funcionalidade e
simplicidade.

A cada pulso produzido pelo 555 que é obtido de um


sensor de entrada, o flip-flop muda de estado e,
consequentemente, o relé também. O tempo de duração do pulso
de saída do monoestável (555) é calculado de modo a se evitar a
ativação do sensor por mais de um instante produzindo diversos
pulsos de saída e com isso o acionamento errático do circuito.

CIRCUITO 5
Damos na figura 7 uma aplicação diferente do 4013, que
também pode ser usado como monoestável.

59
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Nos multivibradores monoestáveis comuns existe uma


realimentação interna que determina o final do pulso produzido
quando então ocorre a comutação. A ligação da saída Q a um
resistor que carrega um capacitor C faz com que o RESET seja
retardado, obtendo-se com isso um comportamento monoestável.
Na figura 8 temos um tipo de monoestável usando o 4013
em que o disparo é feito nas transições negativas do pulso de
entrada.

Nos dois circuitos o diodo serve para descarregar o


capacitor quando ocorre a comutação.

60
NEWTON C. BRAGA

CIRCUITO 6
A possibilidade de utilizar o 4013 na configuração
monoestável, somada à sensibilidade de entrada dos circuitos
CMOS nos leva a circuitos de interruptores de toque muito
eficientes, como o exemplo mostrado na figura 9.

Na figura 10 temos um circuito que pode ser redisparado,


e em ambos os casos a escolha de uma constante de tempo
apropriada é importante para eliminar os repiques.

61
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

CIRCUITO 7
Um dos circuitos aplicativos que demos no início desta
sequência foi uma chave biestável em que o 555 era utilizado
como monoestável no acionamento de um 4013. Pois bem, se
vamos utilizar apenas um flip-flop no acionamento de um relé, o
outro pode perfeitamente ser usado como monoestável, como
mostra a configuração da figura 11 que funciona como uma
excelente chave de toque.

Nesta chave, a cada toque no sensor, o relé muda de


estado, comutando assim uma carga externa.

CIRCUITO 8
Temos na figura 12 como monoestável ainda, uma chave
de proximidade em que a capacitância do nosso corpo (estimada
em 200 pF) pode ser usada para dar passagem a um sinal que
consegue disparar o circuito integrado 4013.

62
NEWTON C. BRAGA

O 4001 (ou 4011) é ligado como inversor e usado como


um disparador (trigger) para fornecer um sinal retangular de 60
Hz para o 4013. O sinal retangular é proveniente do ruído da rede
de energia captado pelo nosso corpo e transferido ao sensor
quando nos aproximamos dele.
Um controle de sensibilidade para este circuito pode ser
elaborado com a colocação de um potenciômetro ligado ao sensor
como divisor de tensão. O resistor de 44 Mohms pode ser obtido
com a ligação de dois resistores de 22 Mohms em série ou quatro
de 10 Mohms.

CIRCUITO 9
Apresentamos agora na figura 13, o 4013 em sua
configuração biestável, onde utilizamos 3 flip-flops (1 e meio
4013) como um sequenciador do tipo "brigada de baldes" ou linha
de retardo.

O comportamento deste circuito fica mais claro pela


observação dos pulsos de saída em função dos pulsos de entrada,
conforme ilustra a figura 14.

63
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Ativando diretamente uma entrada de TRIAC ou SCR, esta


configuração pode levar a um efeito sequencial de 3 canais muito
interessante. A velocidade do corrimento ou do efeito vai
depender exclusivamente da frequência do clock. O 555 pode ser
usado neste tipo de projeto como um eficiente clock.

64
NEWTON C. BRAGA

O 4051 - Chave 1-de-8

O circuito integrado CMOS 4051 pode chavear tanto sinais


analógicos como digitais e tem a pinagem mostrada na figura 1.

Para utilizar esse circuito com sinais digitais a tensão de


alimentação positiva pode ficar entre 3 e 15 volts ao mesmo
tempo em que o pino 7 é aterrado.
Os níveis lógicos aplicados às linhas de controle A, B e C
determinam o canal selecionado, conforme mostra a tabela
abaixo. A entrada IHN deverá estar aterrada.

INH A B V Canal ON
(Saída pino 3)
0 0 0 0 0
0 0 0 1 1
0 0 1 0 2
0 0 1 1 3
0 1 0 0 4
0 1 0 1 5
0 1 1 0 6
0 1 1 1 7
1 X x x Nenhuma
X = não importa

65
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Na condição em que as chaves estão desligadas, o circuito


se comporta como uma chave aberta (alta resistência). Na
condição em que as chaves estão ligadas sua resistência é baixa,
dependendo da tensão de alimentação conforme características.
Para operar com sinais analógicos o pino t deve ser
conectado a uma fonte de -5 V (fonte negativa) e o pino 8
aterrado.
Nestas condições os sinais a serem chaveados podem
variar entre -5 e +5 V ao mesmo tempo em que os sinais de
seleção podem ter nível baixo (0V) ou nível alto (5V).
Tanto na operação com sinais digitais como analógicos, as
chaves fechadas representam uma resistência típica de 1200
ohms (5 V), e não devem ser usadas cargas com resistências
inferiores a 100 ohms.
A corrente máxima chaveada para os sinais não deve
superar os 25 mA.
Semelhantes a este circuito em características são os:

4052 - Duas chaves 1 de 4


4053 - Três chaves 1 de 2
4067 - Uma chave 1 de 16

Este último circuito integrado pode funcionar tanto como


multiplexador como demultiplexador para sinais analógicos e
digitais de modo similar aos anteriores.
Na tabela dada a seguir temos as principais características
elétricas do 4051.

Característica Condições (Vdd) Valor


Resistência no estado ON - ligado 5V 1 000 ohms
(tip) 10 V 400 ohms
15 V 240 ohms
Tempo de Propagação (tip) 5V 500 ns
10 V 180 ns
15 V 120 ns
Corrente quiescente (max) 5V 5 mA
10 V 10 mA
15 V 20 mA
Faixa de tensões de alimentação 3 V a 15 V (digital) - -5
a +5 V (analógico)

66
NEWTON C. BRAGA

Na figura 2 temos um circuito de aplicação típico que pode


operar tanto com sinais analógicos como digitais, dependendo das
tensões de alimentação.

67
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O LM350

Quando pensamos em uma fonte linear menos


compromissada, como uma fonte para bancada, para o
laboratório ou para uma aplicação em que requisitos de alto-
rendimento ou montagem compacta não precisam ser levados em
conta, o uso de reguladores tradicionais ainda é o preferido.
Assim reguladores como os das séries 78xx, 79xx, 723,
LM150/250/350 ainda são muito usados, tanto pela facilidade de
uso, obtenção como pelo próprio desempenho.
Se bem que a maioria dos leitores esteja “careca” de tanto
usar esses componentes, conhecendo à fundo suas
características, a revisão feita por alguns fabricantes, com datas
bastante recentes, mostra alguns usos diferentes que podem ser
interessantes. Assim, nesse artigo focalizamos o LM350 com
alguns de seus usos, sugerindo que o leitor guarde esse arquivo
como referência para projetos que usem tal componente.

O LM350
O circuito integrado LM350
que na versão com sufixo T é
apresentado em invólucro TO-
220 com a pinagem mostrada na
figura 1, consiste num regulador
linear positivo de 3 A para
tensões de saída de 1,2 V a 33 V.
Uma informação muito
interessante que muitos leitores
gostariam de saber sobre esse
componente é aquela que indica
o lote, ano de fabricação e outras informações, conforme mostra
a figura 2.

68
NEWTON C. BRAGA

Figura 2

Nesse código o A indica a localização da fábrica, WL o lote


de wafers, Y o ano de fabricação, WW a semana, e G que o
dispositivo é livre de chumbo.
A regulação de carga desse circuito é de 0,1% (tip) e a
regulação de linha de 0,005% (tip). O circuito possui ainda
proteção térmica contra sobrecarga. Nas aplicações comuns o
LM350 pode ser usado tanto como regulador ajustável de tensão
como fonte de corrente constante. Na aplicação como regulador
ajustável, um potenciômetro de 10k determina a tensão somada
à referência interna de 1,2 V, conforme mostra o circuito típico de
aplicação da figura 3.

Para uma fonte fixa R2 pode ser calculado pela fórmula:

69
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Um circuito interessante para os leitores é o mostrado na


figura 4. Trata-se de uma fonte com tensão de saída ajustável e
também limitação de corrente. A corrente máxima é ajusta em
adjust1 até 1 A e a tensão de saída varia entre 0 e 25 V.

A tensão a partir de zero é conseguida com a ajuda dos


diodos d1 de D2 que são ligados a uma fonte de tensão negativa,
compensando assim os 1,2 V da referência interna do LM350.
O diodo D6 é usado para proteger os circuitos integrados
em caso de um curto-circuito na entrada o que ocorre quando ela
é ligada e o capacitor de filtro se encontra descarregado. Nessa
fonte, os circuitos integrados devem ser montados em bons
radiadores de calor e a tensão de entrada deve ser de 32 V.
Na figura 5 temos a configuração tradicional de fonte de
corrente constante com as fórmulas que possibilitam o cálculo
dos valores dos componentes usados.

70
NEWTON C. BRAGA

Na maioria dos casos, o termo Iadj pode ser desprezado, o


que simplifica o uso da fórmula.
O circuito seguinte consiste num regulador que pode ser
controlado por um nível lógico TTL. Quando o nível alto e aplicado
à entrada a tensão de saída cai para um valor mínimo de 1,2 V. O
circuito é mostrado na figura 6.

Com o resistor de 720 ohms, a tensão de saída do


regulador é de 5 V. Para outros valores de tensão de saída, o

71
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

resistor pode ser calculado, conforme explicamos nos circuitos


anteriores.
Finalmente, na figura 7 mostramos um circuito que liga
devagar, evitando que a tensão de saída suba abruptamente. A
taxa de subida da tensão é determinada pelo capacitor de 10 uF e
a tensão final de saída ajustada em R2.

72
NEWTON C. BRAGA

Conheça o 4093

Na verdade, o circuito integrado 4093 é tão versátil que


publicamos um livro inteiro sobre ele com versões em português,
inglês e espanhol.
O livro chamado CMOS Projects and Experiments – using
the 4093 foi um dos nossos maiores sucessos nos Estados Unidos
e depois aqui e nos países latinos.
O circuito integrado 4093 que pode apresentar diversos
sufixos, dependendo do fabricante pertence a família CMOS de
circuitos lógicos digitais (veja no site diversos artigos sobre o
assunto).
O 4093 é formado por 4 portas disparadoras (Schmitt
Triggers) que podem ser usadas da forma independente.
O circuito integrado 4093 pode ser alimentado com
tensões de 3 a 15 V consumindo uma corrente típica de 0,5 mA
com alimentação de 10 V. Na figura 1 temos o invólucro DIL
deste componente com a sua pinagem.

Figura1 – pinagem do 4093

73
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Para entendermos como funciona o 4093 será interessante


analisar como funciona um disparador NAND.

Os disparadores NAND
Como todo circuito lógico digital, o 4093 trabalha com
apenas dois níveis de sinais que ele interpreta como 0 ou 1, ou
LO e HI (baixo e alto).
É claro que existem aplicações em que podemos fazê-lo
trabalhar em níveis intermediários, o que veremos mais adiante.
Assim, na função lógica convencional NAND (não E)
representada na figura 2, o sinal que aparece na saída depende
dos sinais aplicados à entrada e todos só podem ser 0 ou 1.

Figura 2 – A função NAND

O nível zero (0) é representado pela tensão de 0 V ou


terra do circuito, enquanto o nível um (1) é representado pela
tensão positiva da alimentação ou +Vcc.
Em função desses níveis teremos na sida também 0m ou
1, ou seja, 0 V ou +Vcc conforme a combinação de níveis
aplicados à entrada.
Para isso temos a tabela mostrada na figura 3, com 4
possibilidades.
Observe então que, para três combinações de sinais na
entrada teremos nível 1 na saída, ou seja Vcc, e apenas uma em
que as entradas são ambas 1 (+Vcc) em que a saída vai a zero.

74
NEWTON C. BRAGA

Figura 3 – A tabela verdade da porta NAND de duas entradas

Numa porta convencional, os valores de tensão de entrada


aplicados ao circuito devem ter limites bem estabelecidos e a
transição de um nível para outro na saída se faz de uma forma
mais ou menos lenta.
Assim, supondo que no circuito da figura 4, a entrada B
esteja no nível de 0 V, vamos gradualmente aumentando a
tensão.

Figura 4 – Verificando o comportamento de uma porta NAND

75
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Chega então um instante em que o circuito deixa de


reconhecer esta tensão de entrada como nível baixo e passa a
reconhecê-la como nível alto.
Neste momento, a saída passa por uma transição indo do
nível alto para o nível baixo, ou seja, indo de +Vcc para 0 V.
Numa porta convencional este processo é lento e de certo
modo indefinido, mas se o circuito tiver uma configuração
especial, com forte realimentação interna, ele poderá fazer a
transição em pontos definidos e de uma forma muito rápida com
a curva mostrada na figura 5.

Figura 5 – A característica do 4093


Segundo vemos por esta curva, à medida que
aumentamos a tensão na entrada, nada ocorre até ser atingido o
ponto Vp quando o componente passa a reconhecer essa tensão
como 1, e não mais zero, ocorrendo uma transição na saída.
Por outro lado, estando a tensão de entrada no nível 1
(+Vcc) e começando a cair lentamente, também temos um ponto
em que o componente deixa de reconhecê-la como 1, e passa a
vê-la como 0, e nova transição ocorre na saída.
Esta tensão, denominada Vn, é diferente de Vp, o que nos
leva a um gráfico em que a “subida” é diferente da “descida”.
Essa diferença resulta no que denominamos uma característica de
“histerese” e que é um ponto de destaque neste circuito,
diferenciando-o dos demais.

76
NEWTON C. BRAGA

A frequência máxima de operação depende da tensão de


alimentação.

Características:
 Faixa de tensões de alimentação: 3 a 15 V
 Frequência máxima: 5 MHz
 Corrente de repouso: 0,5 mA
 Corrente máxima de saída (drenando ou fornecendo) – 2,3
mA (tip)
 Limiar positivo: 5,9 V (10 V)
 Liminar negativo: 3,9 (10 V)

Aplicações:
Centenas de projetos utilizando o 4093 podem ser
encontrados no site do autor, bastando digitar 4093 no “search”
da homepage.

a) Circuito monoestável
Na figura 6 temos um circuito simples de monoestável com
o 4093.

Figura 6 – Monoestável 4093

77
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Neste circuito uma das entradas é mantida positiva, mas


podemos usar o 4093 como inversor unindo das duas entradas
nesta configuração.
O pulso de entrada deve ser compatível CMOS e o tempo
obtido é calculado pela fórmula junto ao diagrama. O resistor R
pode ter valores entre 50k e 1 M ohms tipicamente e o capacitor
depende do tempo desejado podendo chegar a 1 000 uF.

b) Formador de sinais retangulares


O circuito mostrado na figura 7 gera um sinal retangular a
partir de sinais de outras formas de onda. Este circuito trabalha
com o limiar Vp de um sinal de forma de onda qualquer, gerando
pulsos nos pontos em que a entrada ultrapassa o valor de
disparo. O circuito é direto, mostrado na figura 7.

Para um sinal triangular de entrada, temos a forma de


onda gerada mostrada na figura 8.

Figura 8 – Entrada triangular

O limite de operação deste circuito depende da tensão de


alimentação ficando em alguns megahertz com 10 V.

c) Oscilador retangular
A configuração da figura 9, sem dúvida alguma, é a mais
popular para o 4093, sendo encontrada numa infinidade de
projetos.

78
NEWTON C. BRAGA

Figura 9 – Oscilador 4093

A frequência exata do sinal retangular gerado pode ser


encontrada através da fórmula junto ao diagrama, mas podemos
trabalhar com uma fórmula simplificada.

T = 0,7 x R x C

Esta fórmula ajuda nos projetos menos comprometidos,


pois leva em conta a tolerância dos componentes usados.

d) Pulsador Sonoro
O circuito mostrado na figura 10 gera um sinal de áudio de
boa potência num alto-falante de 10 cm pesado.
Tanto a frequência do som como de repetição dos pulsos
pode ser ajustada nos trimpots. A alimentação pode ser feita com
tensões de 6 a 12 V e a corrente é da ordem de algumas
centenas de miliampères.

79
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 10 – Pulsador sonoro

e) Gerador de sinais
O circuito mostrado na figura 11 gera sinais numa ampla
faixa de frequências, servindo como excelente injetor de sinas
para testes e até mesmo como transmissor sem bobinas.
A alimentação pode ser feita por pilhas, pois o consumo é
muito baixo.
O sinal retangular gerado é rico em harmônicas,
possibilitando o uso do aparelho em testes de circuitos de RF.

80
NEWTON C. BRAGA

Figura 11 – Gerador de sinais

f) Intermitente luminoso
O circuito da figura 12 gera pulsos luminosos cuja
frequência pode ser ajustada no trimpot.

Figura 12 – Pulsador luminoso

Nesta aplicação, mostramos uma pequena lâmpada


incandescente como carga, mas podem ser utilizados LEDs de
alta potência em série com resistores de valores apropriados.

81
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

A corrente máxima controlada com o transistor indicado


pode ser de até 3 A, se o transistor for dotado de radiador de
calor.

g) Ativação de relé
Na figura 11 mostramos como ativar um relé de modo
intermitente utilizando um 4093.

Figura 11 – Controle de relé

Com o transistor indicado, o relé pode ter correntes até


100 mA.

h) Clock CMOS
Na figura 12 temos o circuito final deste artigo, um clock
para acionamento de lógica CMOS, por exemplo, sequencial 4017.
A frequência máxima, que depende da tensão de
alimentação pode chegar a 1 ou 2 MHz.
O sinal gerado é retangular e sua frequência pode ser fixa
dependendo dos componentes (veja oscilador 4093) ou ajustada
num trimpot, num sistema sequencial, por exemplo. As outras
portas do 4093 podem ser utilizadas em outros osciladores ou
funções de buffer, como neste exemplo.

82
NEWTON C. BRAGA

Figura 12 – Clock CMOS

83
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O Circuito Integrado 555

Um dos circuitos integrados mais versáteis de todos até


hoje fabricados e também mais utilizado não só em nossos
projetos mas de todas as grandes revistas de eletrônica do
mundo é o timer 555. Projetado para reunir funções muito usadas
de maneira muito simples, exigindo poucos periféricos o circuito
integrado 555 é a solução ideal para uma infinidade de projetos
que exigem temporizações até uma hora ou a produção de sinais
até uns 500 kHz ou pouco mais.
O circuito integrado 555, ou "555" como é popularmente
conhecido, é fabricado por inúmeras empresas tradicionais de
circuitos integrados que normalmente agregam ao número 555
símbolos adicionais que permitem a identificação de sua
procedência.
Assim, podemos ter siglas como NE555, LM555, uA55, etc
que indicam qual é o fabricante do componente como a Signetics
(que o criou), National, Texas, Fairchild, etc.
O 555 pode ser encontrado em diversos tipos de
invólucros, mas o mais comum e portanto mais utilizado é o DIL
(Dual In Line) de 8 pinos, conforme mostra a figura 1.

Figura 1 – Pinagem do tipo em invólucro DIL de 8 pinos

Uma versão antiga em invólucro redondo também pode


ser encontrada em alguns casos, por exemplo, em publicações
antigas, mas o circuito interno é exatamente o mesmo.

84
NEWTON C. BRAGA

Figura 2 – 555 antigo em invólucro metálico

É claro que também podemos contar com a versão SMD


(para montagem em superfície) mostrada na figura 3.

Figura 3 – 555 SMD

Embora exista uma versão antiga com invólucro de 14


pinos, ela dificilmente é encontrada em nossos dias. Uma versão
importante do 555 é o duplo 555 conhecido como 556, cuja
pinagem é vista na figura 4.
Na prática, os fabricantes acrescentam prefixos para
identificar os seus 555, e denominações como LM555, NE555,
µA555 e outras são comuns. Temos ainda versões "diferentes" do
555 que empregam tecnologias mais avançadas que a tradicional
linear.
Assim, um primeiro destaque é o 555 CMOS, também
especificado como TL7555 ou TLC7555, e que se caracteriza por
poder operar com tensões menores que o 555 comum, ter menor
consumo e alcançar frequências mais elevadas, do qual falaremos
num capitulo especial.

85
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O circuito equivalente em blocos deste componente é


mostrado na figura 5.

Figura 4 - Pinagem do 556 – Duplo 555.

Figura 5 – Diagrama de blocos

Esses blocos podem ser interligados de diversas formas,


mas basicamente são duas as modalidades de operação mais
usadas: monoestável e astável.

86
NEWTON C. BRAGA

Para o usuário do 555 é importante saber que ele pode


funcionar com tensões de 5 a 18 volts e que sua saída pode
fornecer ou drenar correntes de até 200 mA.
Se bem que esta corrente permita o acionamento direto de
relés e outros tipos de cargas, é costume utilizar-se uma etapa
isoladora-amplificadora (buffer) quando a carga é indutiva (relés,
motores e solenoides), com maior estabilidade para o
componente.
Quando a saída do 555 está no nível alto, o componente
drena uma corrente de aproximadamente 10 mA. No entanto, no
estado de repouso (com a saída baixa) a corrente drenada pelo
555 é de apenas 1 mA.
Observe que a faixa de tensões de alimentação permite
que o 555 seja usado com total compatibilidade em aplicações
conjuntas com circuitos integrados TTL e CMOS.
Na tabela abaixo as características do 555 comum médio
válida para a maioria dos fabricantes.

Características: (*)
Faixa de Tensões de Alimentação 4,5 - 18 V
Corrente máxima de saída +/- 200 mA
Tensão de limiar típica com alimentação de 5 V 3,3 V
Corrente de limiar típica 30 nA
Nível de disparo típico com alimentação de 5 V 1,67 V
Tensão de reset típica 0,7 V
Dissipação máxima 500 mW
Corrente típica de alimentação com 5 V 3 mA
Corrente típica de alimentação com 15 V 10 mA
Tensão típica de saída no nível alto com 5 V de alimentação (Io = 3,3 V
50 mA)
Tensão típica de saída no nível baixo com 5 V de alimentação (Io 0,1 V
= 8 mA)
(*) As características dessa tabela são dadas para o NE555
da Texas Instruments, podendo variar levemente para CIs de
outros fabricantes ou ainda com eventuais sufixos indicando
linhas especiais.

a) MONOESTÁVEL
Na versão monoestável o circuito integrado 555 é ligado
basicamente como mostra a figura 6.

87
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 6 – 555 Monoestável

Nesta configuração os pinos 6 e 7 que correspondem ao


sensor de nível e terminal de descarga do capacitor são
interligados e ligados a uma rede RC, ou seja, um capacitor e um
resistor externo que vão determinar o tempo de acionamento do
circuito.
A entrada de disparo, que corresponde ao pino 2, deve ser
mantida sob uma tensão maior que 2/3 da tensão de alimentação
(valor dado pelos três resistores internos (veja diagrama de
blocos equivalente).
Nas condições indicadas a saída do circuito (pino 3) se
mantém no nível de 0V, ou seja, sem tensão.
Os pinos 4 e 8 que correspondem à reciclagem e
alimentação devem ser mantidos com a tensão de alimentação e
o pino 1 aterrado. Quando, por um instante, o pino 2 é aterrado
(ou sua tensão cai para menos de 1/3 da tensão de alimentação,
disparando assim os comparadores, o circuito muda de estado e
sua saída vai ao nível alto. No pino 3 passamos a ter uma tensão
positiva.
O circuito não se mantém indefinidamente neste estado.
A saída será mantida no nível alto por um tempo que
depende justamente de R e de C dado pela fórmula:

88
NEWTON C. BRAGA

t =1,1 x R x C

Na figura 7 temos a forma de onda dos sinais.

Figura 7 – Formas de sinais na configuração monoestável

Veja que é a carga do capacitor C através do resistor R até


que ele atinja uma tensão de 2/3 de Vcc (tensão de alimentação)
que vai determinar a comutação do circuito ao estado inicial,
através do comparador 1.
Para que o circuito seja disparado novamente, basta
aterrar por um instante o pino 2.
Na prática não podemos ter valores de temporização tão
grandes como os que desejariamos para certas aplicações. A
primeira limitação está na fuga dos capacitores eletrolíticos que
normalmente são usados nestes casos.
Um capacitor muito grande pode ter uma fuga
suficientemente alta para que ele represente uma resistência de
tal valor que, com a resistência R que deve ser usada em série, a
tensão nunca chegue aos 2/3 de Vcc.
Assim, uma vez disparado, o capacitor nunca se carrega
até o ponto de disparo e o circuito não funciona como mostra a
figura 8.
O outro motivo é o próprio resistor que não pode ser muito
maior que a fuga representada pelo resistor usado.
Na prática, utilizando-se resistores de ótima qualidade e
capacitores também muito bons, podemos chegar até umas duas
horas de temporização mas com algum risco.

89
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 8 – Fugas afetam a temporização do monoestável

Recomendamos que os resistores não sejam maiores que


1,5 M ohms com capacitores comuns e no máximo 2,7 M ohms
com capacitores de excelente qualidade e que oscapacitores não
sejam maiores que 2 200 uF com o que chegamos a mais de uma
hora de temporizacão. Da mesma forma, para não ultrapassar os
limites inferiores de tempo, recomendamos que os resistoresnão
sejam menores que 1 k e os capacitores menores que 500 pF.

b) ASTÁVEL
Na versão astável, o circuito integrado 555 é ligado
conforme mostra a figura 9.

Figura 9 – 555 astável

90
NEWTON C. BRAGA

Nesta versão o circuito tem sua saída alternando estados


entre o nível alto e baixo de modo a produzir um sinal retangular
cuja forma de onda é mostrada na figura 10.

Figura 10 – Sinais na saída do 555 astável (pino 3)

Veja então que neste caso não temos um terminal de


disparo, já que o circuito entra em funcionamento logo que é
ligado, produzindo assim o sinal desejado. Observe que
precisamos usar dois resistores nesta configuração e um
capacitor.
A frequência de operação deste circuito dependerá
justamente desses três componentes, conforme podemos conferir
voltando à figura 9. O que ocorre é que a tensão no capacitor
sobe de 1/3 do valor da tensão de alimentação no ciclo de carga
quando então a saída do 555 se mantém no nível alto.
Quando a tensão alcança 2/3 da tensão de alimentação
ocorre a mudança de estado do circuito, quando então ao mesmo
tempo que a sa¡da vai ao nível baixo, o capacitor se descarrega
at‚ 1/3 da tensão de alimentação.
Com 1/3 da tensão de alimentação ocorre nova mudança
de estado e temos um novo ciclo de carga. Veja então que o
capacitor carrega-se através dos dois resistores que estão em
série (R1+R2), mas descarrega-se apenas pelo resistor R2.
Como R1+R2 sempre é maior que R2 (a soma sempre é
maior que as partes), este circuito produz um sinal que tem uma
duração maior quando a saída está no nível alto do que quando
está no nível baixo, conforme mostra a figura 11.

91
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 11 – Carga e descarga do capacitor C

A fórmula que permite calcular os componentes para este


circuito é a seguinte:

f = (1,45)/((R1+2R1)C

Onde f é a frequência em Hertz que está limitada nas


aplicações práticas a uns 100 kHz. Conforme podemos observar,
os percursos para as correntes de carga e descarga são
diferentes, o que faz com que o ciclo ativo do sinal de saída não
seja exatamente de 50%.
Existem diversas maneiras de se obter ciclos ativos de
50% ou menores para este oscilador, ou seja, tempos iguais no
nível e no nível baixo. Uma delas é a mostrada na figura 12.

92
NEWTON C. BRAGA

Figura 12 – Alterando o ciclo ativo

Neste circuito, usamo um diodo para determinar percursos


diferentes para as correntes de carga e descarga. A relação entre
os valores dos resistores vai determinar o ciclo ativo.
Uma outra maneira de se obter tempos quase iguais para
a carga e descarga (ciclo ativo de 50%) consiste em se usar um
valor de R1 muito maior que o de R2. Por exemplo, usar R1 de
220 k ohms e R2 de apenas 1,5 k ohms.
As limitações deste circuito devem-se basicamente aos
componentes externos usados, como no caso anterior. Para os
valores máximos dos componentes, que determinarão a
frequência mais baixa que este circuito pode produzir, temos as
mesmas limitações da configuração monoestável.
Para as máximas frequências recomendamos que os
resistores não tenham menos de 1 k ohms e que os capacitores
não sejam menores que 50 pF.
Um ponto importante a ser observado nesta aplicação é a
possibilidade de se controlar ou modular as oscilações produzidas.
Podemos também ajustar o ciclo ativo através de um circuito
externo, conforme mostra a figura 13.

93
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 13 – Ciclo ativo ajustável

Neste circuito temos a carga do capacitor C através de R1,


R2 e Rb e a descarga do capacitor C através de R1, R2 e Ra.
Desta forma os tempos de carga e descarga ficam dado
por:

Ta = 0,693 x C (R1 + R2 + Ra)

Tb = 0,693 x C (R1 + R2 + Rb)

Vejam que valem as limitações de valores para os


componentes. No caso, R2 é usado para se evitar a resistência
mínima de ajuste igual a zero, sendo seu menor valor 1k.

Astável simétrico
Uma forma interessante de se obter um ciclo ativo de 50%
é a mostrada a seguir. No circuito mostrado na figura 14 a carga
e a descarga do capacitor ocorrem pelo mesmo trajeto, o que
garante uma saída simétrica.
O resistor R deve ser maior que 10 k para não carregar a
saída.

94
NEWTON C. BRAGA

Figura 14 – Astável simétrico

c) Controle e Modulação
O controle mais simples é feito pelo pino 4 que deve ser
mantido no nível alto em condições normais (de modo a controlar
a reciclagem).
Na versão monoestável quando este pino é levado ao nível
baixo, o circuito resseta, ou seja, volta ao estado inicial de nível
de sa¡da baixo, independentemente do fato de estar no meio de
uma temporização ou não.
Na figura 15 temos duas maneiras de se aproveitar esta
entrada de controle num 555 monoestável.

95
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 15 – O controle do 555

Na primeira temos um interruptor que aterra por um


instante esta entrada de modo a ressetar o circuito. Na segunda
temos uma aplicação muito utilizada em temporizadores e
alarmes.
Neste circuito, no momento em que o a alimentação é
ligada o capacitor C está descarregado. Neste instante a tensão
no capacitor é zero o que leva o 555 a ser resetado. Com o
aumento da tensão no capacitor, depois de alguns instantes o
555 é liberado para funcionar com todo o circuito resetado.
Com este circuito, o disparo do 555 no momento em que a
alimentação é estabelecida evitado.
Ligando um componente ativo como um transistor
podemos usar também este terminal para controlar externamente
o funcionamento ou "reset" do 555.
Na versão astável também podemos inibir as oscilações da
mesma forma. A modulação do 555 pode ser feita de diversas
maneiras, lembrando que "modular" significa variar a frequência
ou o ciclo ativo do 555 a partir de um sinal externo de controle.
Uma primeira forma de se modular o sinal produzido por um 555
na configuração astável é aplicando a modulação ao pino 5
conforme mostra a figura 16.

96
NEWTON C. BRAGA

Figura 16 – Usando a entrada de modulação

Uma tensão no pino 5 (de controle) altera o ponto de


disparo dos comparadores e com isso temos uma modificação da
largura dos pulsos gerados e consequentemente da frequência.
Este tipo de modulação é muito usado na produção de efeitos
sonoros como por exemplo em sirenes.
Na figura 17 temos um circuito que imita a sirene "alerta
vermelho" da série Star Trek, que é o sinal de perigo da Nave
Enterprise, usando justamente a modulação disponível no 555.

Figura 17 – Exemplo de uso da entrada de modulação numa sirene

97
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Outra aplicação é na modulação pela voz de um 555


operando acima de 40 kHz para transmissão de sinais de um
intercomunicador via rede de energia.
Na figura 18 mnostramos como isso pode ser feito e como
o sinal pode ser decodificado por um PLL NE567.

Figura 18 – Outro exemplo de aplicação

98
NEWTON C. BRAGA

O 555 CMOS

Não precisamos falar de todas as utilidades do "famoso"


circuito integrado 555, pois não há estudante, hobista, projetista
ou reparador que não o tenha usado pelo menos uma vez na
vida.
Suas características o tornam ideal para qualquer tipo de
projeto e por isso o encontramos com facilidade, com diversas
origens e de diversos fabricantes.
Mas, mesmo um circuito integrado como 555 pode ser
aperfeiçoado e o resultado disso foi o lançamento há alguns anos,
pela Texas Instruments, de uma versão CMOS do 555.
especificado como TLC7555.
Associando a configuração tradicional do 555 à tecnologia
CMOS linCMOS), o novo componente pode substituir
favoravelmente o tradicional numa infinidade de aplicações.
A seguir veremos comparativamente características dos
dois componentes (tradicional e o CMOS) para leitor tenha uma
ideia de como utilizar com vantagem este componente nos
projetos.

O TLC7555
O circuito integrado TLC7555 da Texas tem a mesma
pinagem do tradicional 555 bipolar, mostrada na figura 1.

Figura 1 – Pinagem do TLC7555


O diagrama de funções é o apresentado na figura 2.
No entanto. a versão CMOS oferece diversas melhorias em
relação ao tradicional, como por exemplo: Consumo de energia
extremamente baixo: 1 mW a 5 V de alimentação

99
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 2 – Diagrama de funções do TLC7555

Operação em velocidade muito maior que o tradicional: 2


MHz contra os 500 kHz do tradicional. Saída complementar com
transistores CMOS, que permitem excursões de tensão de O V à
tensão de alimentação.
Alta capacidade de corrente de saída: 100 mA drenado, ou
10 mA fornecendo. Totalmente compatível com as tecnologias
TTL e CMOS. Impedância extremamente alta das entradas: 1012
ohms (tip). Faixa de tensões de operação entre 2 e 18 V
Possui a mesma pinagem dos tradicionais 555. Uma
característica muito importante que a versão CMOS apresenta em
relação ao tipo tradicional é apresentada na figura 3.
Este gráfico nos mostra que nas comutações, ao mesmo
tempo em que a corrente no 555 tradicional atinge picos
elevados, o 555 CMOS se mantém com um baixo consumo.
Esta característica é muito importante para aplicações
digitais, principalmente as que envolvem a alimentação por meio
de baterias.

100
NEWTON C. BRAGA

Figura 3 – Comparação de consumo na comutação

MÁXIMOS ABSOLUTOS
Tensão de alimentação (Vdd): 18 V
Faixa de tensões de entrada (qualquer entrada): - 0,3 a
18 V
Dissipação (25°C): 600 mW
Faixa de temperaturas de operação: 55 a +125°C

CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS
PARA Vcc de 5 a 15 V
Tensão de limiar em porcentagem da tensão de
alimentação: 66,7%
Corrente de limiar para Vcc. = 5 V: 10 pA
Tensão de disparo como porcentagem da tensão de
alimentação 33,3%
Corrente de disparo para Vcc. = 5 V: 10 pA
Tensão de reset: 0,7 V
Corrente de reset para Vcc.: x10 pA
Tensão de controle (circuito aberto) como porcentagem da
tensão de alimentação: 66,7%
Tensão de saída no nível baixo (5 V, 5 mA): 0,1 V
Tensão de saída no nível alto (5 V, 1 mA): 4,5 V

101
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Corrente de alimentação (Vdd = 15 V): 360 uA (Vdd


5v):170 uA
Frequência máxima no modo astável (Ra = 470 ohms, CL
= 200 pF, Rb = 200 ohms): 2,1 MHz

As configurações em que podemos usar o TLC7555 são as


mesmas do convencional 555, devendo apenas serem observados
mínimos diferentes para os resistores e capacitores de
temporização.
Assim, temos na figura 4 a configuração para operação
astável onde a frequência é dada pela fórmula junto ao diagrama.

Figura 4 – Configuração astável

A frequência máxima de operação deste circuito é de 2,1


MHz o que nos leva a uma capacitância mínima de 200 pF. A
capacitância máxima assim como a resistência Ra e Rb para
aplicação como astável muito lento só estão limitadas pelas fugas
do capacitor.
Para operação monoestável temos o circuito básico da
figura 5, onde o tempo é dado pela fórmula junto ao diagrama.

102
NEWTON C. BRAGA

Figura 5 – Configuração monoestável

A temporização mínima também é dada por um capacitor


de 200 pF e por um resistor não menor que 200 ohms.
A partir destes dois circuitos básicos, podemos ter diversas
variações, que vão implicar em alterações dos ciclos ativos,
excitação de cargas de maior potência, modulação etc.
Vejamos alguns destes circuitos na prática:
O primeiro, mostrado na figura 6, é um circuito com ciclo
ativo de 50%, obtendo-se assim uma onda quadrada perfeita na
saída, o que não ocorre com a configuração astável básica dada
na figura 4.
Este ciclo ativo é possível porque os percursos tanto para
a descarga como para a carga do capacitor são os mesmos, via
saída, que muda de nível.
Nesta aplicação, é importante que o resistor usado não
seja menor que 10 k ohms), de modo a não carregar demais a
saída e assim prejudicar a excitação da carga externa.
Lembramos que, diferentemente do 555 bipolar, o TLC7555 deve
drenar a corrente da carga, para se obter maior potência (100
mA).
A excitação de uma carga externa de maior potência
como, por exemplo, uma lâmpada ou relé, pode ser feita com os
recursos da figura 7.

103
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 6 – Circuito com ciclo ativo de 50%

Figura 7 – Etapas de potência

104
NEWTON C. BRAGA

Num caso, temos o acionamento com a saída no nível alto


e no outro, em que usamos um transistor PNP, temos o
acionamento no nível baixo. A corrente máxima de carga para
estes circuitos, usando transistores de uso geral, é de 100 mA.
No entanto, com transistores de maiores potências, podemos
acionar cargas de até 1 A.
Entretanto, como no nível alto a corrente de saída do
TLC7555 está limitada a 10 mA, para obter uma corrente de
carga de 1 A precisamos de um transistor ou etapa com ganho
100. Um par de transistores na configuração Darlington,
conforme mostrado na figura 8, pode facilmente resolver este
problema.

Figura 8 – Etapas com transistores Darlington

Para obtermos uma relação marca/espaço grande, por


exemplo, de 1 para 100, podemos usar o TLC7555 na
configuração mostrada na figura 9.
A relação entre R, e R2 determina a relação marca/espaço.
No caso temos o acionamento de uma lâmpada que produz pulsos
de curta duração. No circuito indicado, para cada 2 segundos de
intervalo no nível alto, a saída comuta permanecendo 20 ms no
nível baixo.
Uma possibilidade interessante de uso para este circuito é
como flasher de baixo consumo para LED, conforme a figura 10.

105
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 9 – oscilador com relação marca/espaço de 1 para 100

Figura 10 – Pulsador de baixo consumo

106
NEWTON C. BRAGA

Nesta configuração, alimentando o circuito com 9 V, temos


um consumo médio da ordem de 250 hA apenas. o que torna o
circuito ideal para aplicações em sinalização a pilhas e
brinquedos. já que o TLC7555 também opera com tensões a
partir de 2 V.
O circuito da figura 11 nos mostra outra aplicação muito
interessante do TLC7555.

Figura 11 – Conversor DC/DC

Trata-se de um conversor dc/dc que nos permite obter


uma tensão negativa entre 7 e 8 V. a partir de uma tensão
positiva de 9 V. Este aplicativo torna-se interessante para os
casos em que se necessita de uma alimentação simétrica e
pretende-se usar no projeto uma única bateria de 9 V.
Com uma carga de 0,5 mA na saída, a tensão obtida é da
ordem de 7 V.
A inversão de polaridade e retificação é feita pela ponte de
diodos na saída e pelos capacitores eletrolíticos de filtro.
A frequência de operação é determinada por R1 R2 e C1
podendo ser alterada conforme a aplicação desejada. Para se
conseguir um sinal com relação marca/espaço variável numa
proporção de 1 para 20 até 20 para 1, temos o circuito da figura
12.

107
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 12 – Oscilador com ciclo ativo ajustável

A frequência é dada pelo capacitor C1 que pode ter valores


entre 220 pF e 220 uF. A tensão de alimentação do circuito pode
variar entre 5 e 18 V. O trimpot (ou potenciômetro) P1 ajusta a
relação marca/espaço do sinal gerado.
Existe uma pequena dependência da frequência do sinal
gerado quando se ajusta a relação marca/espaço. O pino 4 do
circuito integrado TLC7555 pode ser usado para comandar
externamente a operação do oscilador. Levado ao nível baixo, ele
inibe a operação do astável.
A excitação de um alto-falante com um tom em torno de 1
kHz aproximadamente, num sistema de aviso sonoro, pode ser
feita conforme mostra a figura 13.
Para tensões de alimentação entre 5 e 9 V pode ser usado
o BC558, mas para tensões maiores, entre 12 e 15 V deve ser
usado um transistor de maior potência como o TIP32 ou BD136,
dotado de um radiador de calor.
O consumo deste circuito não é elevado, em vista da
relação marca/espaço ser tal que o transistor só conduz
aproximadamente 1/10 do tempo de cada ciclo. Para uma
operação com consumo extremamente baixo, gerando um tom de
áudio, podemos usar o circuito da figura 14.

108
NEWTON C. BRAGA

Figura 13 – Excitação de alto-falante

Figura 14 – Circuito com transdutor piezoelétrico

109
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Neste circuito o transdutor é do tipo cerâmico piezoelétrico


de baixo consumo.
Estes transdutores possuem uma frequência de
ressonância entre 1 e 5 kHz, onde o rendimento é maior, sendo
por isso interessante ter um ajuste do tom para que este maior
volume seja alcançado.
Aplicações em que o 555 tradicional é usado na produz ção
de tons modulados, tais como sirenes, também podem ser
elaboradas com base no TLC7555. Assim, na figura 15 temos um
circuito de sirene modulada excitando um alto-falante com boa
potência.

Figura 15 – Sirene modulada

Se o problema for consumo, o mesmo circuito pode ter a


etapa transistorizada eliminada, utilizando-se em seu lugar um
transdutor cerâmico como mostramos no circuito da figura 14.
E claro que, para potências muito altas, um amplificador
completo de vários watts pode ser usado também. O circuito da
figura 16 é outro gerador de tom modulado, com o efeito de bips
intervalados.
A frequência dos bips é dada pelos resistores de 10 k
ohms, P1 e pelo capacitor eletrolítico de 10 uF, podendo ser
alterados segundo o efeito que o leitor deseje.

110
NEWTON C. BRAGA

Figura 16 – Gerador de bips

Neste circuito, a carga, um pequeno alto-falante, é


excitada por um transistor, no entanto, podemos ter a excitação
direta de um transdutor cerâmico, conforme sugerido nos
projetos anteriores. Observe que os resistores R1 e R2 do
oscilador lento determinarão os intervalos e a duração dos bips.
Para a versão indicada, como os bips são de curta
duração, o consumo de energia é muito baixo, mesmo quando
excitamos um pequeno alto-falante.
A modulação do circuito anterior é feita de modo a haver a
interrupção do som, o que caracteriza o bip.
No entanto, com o circuito da figura 17 temos uma
modulação em frequência a qual é produzida por um sinal dente
de serra gerado por C1.
A frequência deste oscilador é de aproximadamente 1 Hz,
com um tempo de descida muito rápido, dado pelo diodo entre os
pinos 3 e 6. Este sinal modula o segundo oscilador, formado por
CI2, cuja frequência está na faixa de áudio, podendo ser ajustada
no trimpot.
Também neste circuito temos diversas opções para a
etapa de saída, indo da configuração de muito baixa potência com
transdutor cerâmico, a alta potência, com um transistor
Darlington, uma possibilidade interessante, que reúne duas
tecnologias CMOS é a mostrada na figura 18, em que a etapa de
saída de alta potência consiste num MOSFET de potência.

111
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 17 – Sirene modulada em frequência

Figura 18 – Etapa com MOSFET de potência

O rendimento muito alto deste componente, cuja


resistência dreno-fonte (Ras) pode chegar a frações muito
pequenas de ohm, permite a obtenção de potências muito altas
nos circuitos alimentados com baixas tensões, por exemplo, de
uso automotivo.

112
NEWTON C. BRAGA

A utilização do gerador de marca/espaço variável, por


exemplo, em conjunto com este transistor, permite a elaboração
de um eficiente dimmer para lâmpadas incandescentes de uso
automotivo, conforme mostra a figura 19.

Figura 19 – Dimmer automotivo

Na figura 20 temos uma configuração interessante em que


aproveitamos a elevadíssima impedância de entrada do pino de
disparo do TLC7555 na configuração monoestável, para elaborar
um interruptor de toque temporizado ou ainda um timer
temporizado.

Figura 20 – Monoestável por toque

113
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Resistores de valores tão altos como 50 M ohms podem


ser usados na polarização de entrada de disparo deste integrado,
o que garante uma enorme sensibilidade ao circuito. A
temporização nesta aplicação é ajustada no potenciômetro P1.
Esta alta resistência de entrada permite a utilização de
sensores resistivos imersos no disparo do TLC7555. Na figura 21
temos um exemplo de uma aplicação em que o disparo é feito
pela presença da água que sobe num reservatório, por exemplo.

Figura 21 – Disparo por sensor de água

Finalmente, na figura 22 temos o disparo feito por um


feixe de luz interrompido usando como sensor um fototransistor
ou ainda um fotodiodo.
Nos dois casos temos a operação monoestável, com um
consumo extremamente baixo de energia na condição de espera,
quando a bobina do relé ou a carga se encontram desativados.

114
NEWTON C. BRAGA

Figura 22 – alarme de passagem

115
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O transistor 2N3055

O transistor 2N3055 pode ser encontrado nos catálogos de


diversos fabricantes, dada a sua enorme utilidade. Trata-se de
um transistor NPN de alta potência de silício, apresentado em
invólucro TO-3 de metal, conforme mostra a figura 1.

Figura 1 – Encapsulamentos metálicos do 2N3055

Uma versão de menor dissipação, e mais "econômica" é


encontrada em invólucro plástico TO-220, como o TIP3055,
mostrado na figura 2.

Figura 2 – Versão plástica do 2N3055

Exceto pela dissipação, a versão em invólucro plástico tem


as mesmas características da versão original de invólucro de
metal. O 2N3055 é um transistor de baixa frequência, ou seja,

116
NEWTON C. BRAGA

consegue-se controlar correntes elevadas, sacrificando-se sua


velocidade.
Assim, este transistor não consegue operar em frequências
que estejam muito acima de algumas dezenas de quilohertz. No
entanto, isso não é problema para as aplicações mais comuns que
são:

a) em fontes de alimentação comuns (não comutadas)


controlando a corrente principal.
b) como reostato, controlando a intensidade da corrente
em cargas de potência como lâmpadas, motores etc.
c) na saída de amplificadores de áudio de alta potência,
podendo ser ligados em paralelos para se obter saídas de
centenas de watts.
d) em circuitos comutadores que devam acionar
dispositivos de correntes elevadas como solenoides, eletroímãs
etc.
e) em carregadores de baterias, controlando a corrente
principal.
f) em inversores, gerando ou amplificando os sinais que
devem ser aplicados aos transformadores.

Damos a seguir os máximos absolutos deste transistor:

117
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

CIRCUITOS PRÁTICOS

1. Fonte de Alta Corrente


O primeiro circuito aproveita bem as características do
2N3055 no controle de correntes elevadas. Temos uma fonte de
13,2 V (12 V) com uma corrente máxima de saída de 4 ampères.
O circuito é mostrado na figura 3 e o transistor 2N3055
deve ser montado num excelente radiador de calor.

Figura 3 – Fonte de alta corrente com o 2N3055

Veja que, nas aplicações em que o 2N3055 opera com


dissipações elevadas, é muito importante sua conexão térmica
com o radiador de calor apropriado.
Na figura 4 temos o modo de se fazer a montagem de um
2N3055 num radiador de calor.
Entre o radiador e o transistor é colocado um isolador de
mica ou plástico especial untado com pasta térmica. A pasta
térmica facilita a transferência de calor, mas isola eletricamente o
componente do radiador de calor.
Isoladores para os parafusos impedem que estes
elementos de fixação façam contato com o radiador, mas tão
somente com a carcaça. Um dos parafusos de fixação é
aproveitado como contato de coletor sendo preso nele um
terminal aberto, onde deve ser solado o fio correspondente.

118
NEWTON C. BRAGA

Figura 4 – Montagem do 2N3055 em dissipador de calor

Um teste com o multímetro depois da montagem,


conforme mostra a figura 5, permite verificar se o transistor está
devidamente isolado do radiador de calor.

Figura 5 – Verificando o isolamento em relação ao dissipador

Na fonte de alimentação os diodos devem ser 1N5404 e o


transformador deve ter um enrolamento secundário de 15+15 V
com uma corrente de 4 ampères.
Os eletrolíticos devem ter as tensões mínimas de trabalho
indicadas no diagrama para que não ocorram roncos.

119
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Os fios de conexão que operam com correntes mais


elevadas devem ter espessura apropriada.

2. Reostato
Uma aplicação simples do 2N3055 é a mostrada na figura
6 em que usamos este transistor como um "potenciômetro"
eletrônico. Com o 2N3055 podemos usar um potenciômetro
comum para controlar uma corrente elevada numa carga como,
por exemplo, uma lâmpada, um motor, um elemento de
aquecimento ou qualquer dispositivo que exija até uns 4
ampères.

Figura 6 – Reostato com o 2N3055

O circuito opera com tensões de entrada de 6 a 15 V e o


transistor deve ser dotado de um bom radiador de calor.
Evidentemente, este circuito só pode operar com correntes
contínuas puras ou pulsantes, pois o transistor só pode conduzir a
corrente num sentido.

3. Inversor
Na figura 7 temos um inversor de potência que pode ser
usado para acender lâmpadas fluorescentes a partir de baterias
de 6 V ou 12 V.

120
NEWTON C. BRAGA

Figura 7 – Inversor de potência

A potência de saída dependerá do transformador usado, e


os transistores devem ser montados em excelentes dissipadores
de calor. Os resistores eventualmente devem ser seus valores
alterados para se obter o melhor desempenho, conforme as
características do transformador utilizado.
Lembramos que a tensão obtida na saída não é senoidal e
a frequência não é de 60 Hz, o que significa que o circuito não
serve para alimentar equipamentos eletrônicos.

4. Amplificador de Áudio
Na figura 8 temos um potente amplificador de áudio com
saída utilizando dois transistores 2N3055.
Este circuito fornece uma potência de saída de 30 W rms o
que significa aproximadamente 120 W pmpo.
A fonte de alta tensão deve fornecer pelo menos 3 A de
corrente para uma versão mono e os transistores devem ser
dotados de excelentes dissipadores de calor. Extremo cuidado
deve ser tomado com o layout da placa de circuito impresso para
esta montagem.

121
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 8 – Amplificador 2N3055

QUESTÃO DE POTÊNCIA
Leitores que já "queimaram" transistores como o 2N3055
em experiências que envolveram correntes menores que 15 A (às
vezes menores) devem estar se perguntando se não haveria algo
de errado nestas especificações.
Algumas explicações importantes devem ser dadas a esse
respeito.
O que ocorre é que a corrente máxima que um transistor
pode conduzir entre seu coletor e emissor não é um valor
absoluto, mas depende também da tensão que existe entre esses
dois elementos.
Os transistores possuem algo que se denomina SOAR que
é a abreviação de Safe Operating Area Regulamentation ou
Region. (veja nosso artigo ART1462)
Isso significa que existe uma certa área no gráfico tensão
x corrente em que opera o transistor, dentro das qual a
dissipação se mantém dentro dos limites que o componentes
pode admitir, conforme mostra a figura 10.

122
NEWTON C. BRAGA

Figura 10 - SOA
Assim, um transistor 2N3055 realmente pode conduzir
uma corrente de até 15 ampères, mas se neste momento, a
tensão entre o coletor e o emissor for menor que um determinado
valor: 7,66 A.
Por que este valor?
Se a tensão for inferior a este valor, o produto tensão x
corrente será menor que os 115 watts que ele pode dissipar e
tudo corre bem.
No entanto, se for maior como, por exemplo, 10A, a
potência desenvolvida será de 10 x 15 = 150 watts e o transistor
não consegue dissipá-la, queimando.
Veja então que podemos trabalhar com correntes maiores
se a tensão for menor e vice-versa.
Assim, na nossa fonte limitamos em apenas 4 ampères a
corrente de saída, porque existem instantes em que a tensão
entre o coletor e o emissor do transistor, com esta corrente, se
torna suficientemente elevada para gerar uma boa quantidade de
calor. Devemos manter esta dissipação dentro daquilo que o
transistor pode admitir.
Vale isso para os projetistas "novatos" que, ao verem nos
manuais de transistores tipos com dissipações de 150 watts ou
mais logo imaginam que podem usar estes componentes em
"potentes" amplificadores da mesma potência.
Não é nada disso! A potência que um transistor pode
dissipar, de longe não é a máxima potência que ele pode
controlar ou fornecer a um circuito externo.

123
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O Circuito Integrado 4093

O Circuito integrado 4093 é formado por quatro portas


NAND do tipo Schmitt-trigger, ou seja, circuito dotado de
característica de transição do nível baixo para o alto muito rápida
(que será explicada mais adiante). Este integrado é encontrado
em invólucro DIL (Dual In Line) de14 pinos, com a identificação
interna mostrada na figura 1.

Figura 1 – O 4093

A tensão de alimentação permitida está na faixa de 3 a 18


V e cada uma das portas, que possui duas entradas e uma saída,
pode funcionar de maneira independente.
Para entender melhor as características deste circuito será
interessante recordarmos o princípio de funcionamento dos
disparadores Schmitt ou Schmitt-triggers.
A transição do nível alto para o nível baixo, e vice-versa,
na saída de uma função lógica depende de variação do sinal de
entrada, ou seja, de seu nível.
Para uma função NAND ideal deveríamos ter os mesmos
pontos de transição do nível baixo para o alto, e do alto para o
baixo, em função das tensões de entrada, conforme mostra a
figura 2.

124
NEWTON C. BRAGA

Figura 2 – A transição de uma porta

Atingindo o nível de transição, a subida da tensão de saída


ou sua queda deveria ocorrer de maneira abrupta, com uma
mudança de nível praticamente sem pontos intermediários. Na
prática, entretanto, a transição que ocorre nas portas lógicas não
é tão rápida, o que pode trazer problemas de funcionamento.
Existem, pois, tensões de entrada proibidas, que podem
causar o aparecimento de níveis de tensão na saída que não
correspondam nem ao zero nem ao um lógico, ou seja, níveis
proibidos (figura 3).

Figura 3 – Níveis proibidos

125
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Com a utilização de circuitos que possuam forte


realimentação interna, podemos tomar abrupta a transição de um
circuito deste tipo e, além disso, dotá-lo de uma característica
adicional, que é a histerese.
Estes circuitos, utilizados numa infinidade de aplicações,
são os disparadores ou “triggers” de Schmitt. No entanto, o que
nos interessa nestes circuitos é sua histerese, que pode ser
facilmente visualizada na figura 4.

Figura 4 – A histerese

Pelo gráfico, em que temos a característica deste


integrado, podemos ver que a transição do nível baixo para o
nível alto ocorre com um nível de entrada diferente da que causa
a transição do nível alto para o baixo.
No 4093 esta diferença é de 2,0 V com uma tensão de
alimentação de 10 V, sem nenhum componente externo.
Para uma alimentação de 5,0 V, esta diferença é da ordem
de 0,6 V. Podemos dizer que a histerese caracteriza um caminho
“de ida“ diferente do “de volta” para o sinal.
Mas, além da característica de uma comutação muito
rápida, o que mais pode nos fornecer a histerese?
Como temos uma tensão de disparo menor do que a que o
faz retornar à situação inicial, o trigger pode facilmente “travar”
com sinais de entrada tão logo eles atinjam o valor necessário à
comutação e, com isso, fornecer uma ação rápida que evita o
chamado repique.
Quando acionamos um interruptor, o estabelecimento da
corrente não se faz de maneira a termos uma transição firme ou
pura do nível baixo para o alto, mas sim de forma a temos um

126
NEWTON C. BRAGA

intervalo de tempo, durante o estabelecimento do contato, em


que a tensão varia segundo um padrão irregular, conforme
mostra a figura 5.

Figura 5 – O repique

Este padrão resulta no chamado repique, ou seja, na


interpretação do circuito que está à frente não de um fechamento
simples, mas sim de uma sequência de pulsos.
Se o sistema for usado para acionar um contador, por
exemplo, um interruptor do tipo tecla, o que teremos será a
interpretação não de um pulso, mas de diversos. Com a ligação
de um disparador, logo que o primeiro pulso do repique atingir o
nível necessário à sua comutação, ele tem sua saída passando
para outro nível e “travando“, independentemente das variações
de tensão que possam ocorrer na entrada.
A histerese ainda possibilita a elaboração de circuitos
osciladores, pois existe realmente um “ganho" na diferença de
níveis em que ocorre a transição de ida e de volta.

O 4093
Antes de passarmos diretamente às aplicações do 4093
será interessante vermos suas principais características. A tabela
a seguir fornece as principais características do 4093.

127
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Na figura 6 temos um circuito equivalente interno de cada


porta, mostrando que a porta NAND é, na verdade, ligada à dois
inversores.

Figura 6 – Circuito interno de uma porta

Passamos, então, às aplicações práticas.


A primeira possibilidade e a mais simples, consiste na
utilização da porta NAND como inversora, conforme mostra a
figura 7.

128
NEWTON C. BRAGA

Figura 7 – Aplicação direta

A tabela verdade, dada junto ao diagrama, mostra o


funcionamento, mas devemos levar em conta a existência da
histerese.
Nas aplicações que se seguem podemos aproveitar o 4093
na sua própria função de disparador NAND ou então, ligando
juntas suas duas entradas, podemos transformá-lo num
disparador Inversor.
Uma outra maneira de se obter um disparador consiste em
se ligar uma das entradas ao positivo da alimentação, conforme
mostrado na figura 8.

Figura 8 – Modos de uso como inversor

129
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

a) Conversão de sinais
Esta é uma aplicação muito útil em circuitos digitais.
Podemos transformar sinais de diversas formas de onda em sinais
retangulares através de um Schmitt-trigger, conforme mostra a
figura 9.

Figura 9 – Conversão de sinais

Nesta figura temos um circuito básico para tornar


retangulares sinais senoidais.
Os resistores R1 e R2 devem ser dimensionados para
polarizar a entrada da porta na metade da tensão de
alimentação, ou seja, devem ter os mesmos valores.
Podemos aperfeiçoar este circuito com a utilização de um
ajuste de polarização. Com este ajuste podemos levar a tensão
exatamente no ponto médio da transição, com o que obtemos um
ciclo ativo de 50°/o para o sinal de saída (figura 10).

Figura 10 – Ajuste de polarização

130
NEWTON C. BRAGA

b) Retardamento de sinais
Uma outra aplicação interessante para as portas NAND
disparadoras ou Inversores disparadores consiste em circuitos de
retardo de pulsos ou formas de onda.
Podemos retardar a borda positiva ou transição positiva;
podemos retardar a borda negativa ou transição negativa e,
finalmente, podemos fazer os dois retardos.
Na figura 11 temos um primeiro circuito que serve para
retardar a transição positiva.

Figura 11 – Retardo para a transição positiva

O tempo td + de retardamento da borda positiva depende


dos valores de R e de C, conforme a seguinte fórmula:

Onde:
Vp é a tensão de limiar positivo, de -2,6 V para uma
alimentação de 5 V e de 5,2 V para uma alimentação de 10 V.
Na figura 12 temos uma maneira de se fazer o
retardamento da borda negativa ou da transição negativa.
O tempo td- de retardamento também depende de R e de
C e é dado pela

131
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 12 – Retardo para a borda negativa

Fórmula:
td- = RC ln (Vdd/Vn)

Onde
Vn é a tensão de limiar negativo, de 2,0 V para uma
alimentação de 5,0 V e de 3,5 V para uma alimentação de 10 V.
Para obter uma transição tanto na fronte negativa como
na positiva do sinal de entrada, podemos usar o circuito da figura
13.

Figura 13 – Retardo nas duas transições

Os dois tempos dependem dos elementos das duas redes


de retardo, e são dados por:

132
NEWTON C. BRAGA

onde
Vp é a tensão de Iimiar positivo, e

td- = C1 R1 1n Vdd/Vn

Onde
Vn é a tensão de Iimiar negativo.

c) Detecção de transições
Podemos obter uma rápida transição da saída com a
transição do sinal de entrada através do 4093.
Na saída teremos, então, pulsos de duração definida.
Detectores deste tipo podem ser de grande utilidade na
entrada de frequencímetros, tacômetros etc., pois convertem
sinais de ciclos ativos irregulares em um trem -de pulsos de
duração definida.
Na figura 14 temos um primeiro circuito que detecta a
fronte ou transição positiva, fornecendo um pulso negativo em
sua saída, cuja duração depende de R e de C.

Figura 14 – Detector de transição

133
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Na figura 15 temos dois circuitos anti-repiques, baseados


nesta configuração.

Figura 15 – Circuito anti-repique

O primeiro circuito utiliza uma chave normalmente aberta


e fornece na saída um pulso de duração determinada.
O resistor e o capacitor devem ser dimensionados de tal
forma a fornecerem uma constante de tempo pelo menos 3 vezes
maior que o tempo de repique do interruptor utilizado.
O segundo circuito emprega uma chave NF (Normalmente
Fechada).
Na figura 16 temos uma versão mais elaborada de um
interruptor sem repique, tendo por base uma das portas do 4093.

Figura 16 – Outro circuito anti-repique

134
NEWTON C. BRAGA

Quando pressionado, o interruptor leva imediatamente a


saída ao nível alto.
Quando livre, existe ainda um intervalo de tempo, em
função dos componentes, até que a saída volte ao nível baixo.

d) Ressetadores automáticos
Na figura 17 temos um circuito que possibilita a
ressetagem de um sistema digital quando a alimentação é ligada.

Figura 17 – Reset automático

Com o estabelecimento da tensão de alimentação, a porta


é levada por certo tempo (de carga do capacitor) ao nível baixo,
mantendo assim a saída no nível alto até o instante da transição.
O pulso serve, então, para ressetar um sistema digital.

e) Chaves de toque
A presença de transistores de efeito de campo nas portas
NAND deste integrado faz com que tenhamos à disposição uma
enorme sensibilidade.
Com isso, sinais de correntes baixíssimas podem ser
usados na comutação como, por exemplo, os que são fornecidos
pelo simples toque dos dedos em sensores.
Na figura 18 temos um circuito em que o toque dos dedos
nos sensores (duas tachinhas, por exemplo) faz com que a
entrada seja momentaneamente levada a nível baixo e, na saída,
tenhamos um pulso positivo ou um nível alto.

135
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 18 – Sensor de toque

Com a simples troca de posição do sensor com R1 temos a


operação inversa com a saída indo ao nível baixo quando o sensor
for tocado. Na figura 19 temos a versão biestável do circuito, em
que duas portas são ligadas como um flip-flop.

Figura 19 – Biestável de toque

Temos então, dois sensores para armar e rearmar a saída,


ou seja, para levá-la ao nível alto e depois ao nível baixo (set e
reset). Para ativação de “cargas pesadas” um driver, com um
transistor BCS48, pode ser feito facilmente, conforme mostra a
figura 20.

136
NEWTON C. BRAGA

Figura 20 – Acionamento de cargas maiores

Podemos usar relés de 6 ou 12 V, conforme a alimentação


do circuito.

f) Osciladores
Multivibradores astáveis podem ser facilmente elaborados
em torno das portas do›4093. Na figura 21 temos o circuito
básico com as formas de onda obtidas.

Figura 21 - Oscilador

O funcionamento pode ser analisado da seguinte forma:


antes da aplicação da tensão de alimentação, a entrada e a saída
se encontram no potencial de terra e o capacitor (C) está
descarregado.
Quando a alimentação é estabelecida, a saída vai ao nível
alto e C começa a se carregar, através do resistor R, até que a

137
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

tensão Vp (limiar positivo) é alcançada. Quando isso ocorre a


saída passa ao nível baixo e C passa a se descarregar, através de
R, até que a tensão Vn (limiar negativo) seja atingido.
Neste momento, a saída passa ao nível alto e com o início
da carga do capacitor, temos um novo ciclo sendo produzido.
Veja então que, enquanto a tensão de entrada se alterna entre
Vp e Vn, a saída se alterna entre Vdd e 0 V.
Na entrada temos uma forma de onda próxima da dente-
de-serra e na saída temos um sinal retangular puro. Uma
característica adicional importante para este oscilador é que ele
entra em funcionamento sozinho, bastando que a alimentação
seja estabelecida.
O período do oscilador é dado por:

T = T1 + T2

Onde:

Como normalmente T1 é diferente de T2, para se obter um


sinal com ciclo ativo de 50%, ou seja, relação marca/espaço igual
a um, é preciso utilizar uma configuração diferente.
Na figura 22 temos a maneira de se fazer isso com um
diodo e um resistor adicionais.

Figura 22 – Alterando o ciclo ativo

138
NEWTON C. BRAGA

Os resistores podem então ser dimensionados para se


obter a forma de onda simétrica, ou então qualquer outra relação
marca/espaço que seja necessária.
Finalmente, temos a possibilidade de gatilhar os pulsos
com o circuito da figura 23.

Figura 23 – Oscilador gatilhado

Com a entrada de controle indo ao nível alto, o circuito


entra em oscilação da maneira já vista.

139
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O Circuito Integrado LM3909

Para acender um LED vermelho, que é o tipo que necessita


tensão mais baixa, da ordem de 1,6 V, temos problemas se
usarmos uma única pilha, pois ela fornece apenas 1,5 V e mais
ainda, se formos usar uma fotocélula ou fonte de tensão mais
baixa ainda.
Isso dificulta o uso dos LEDs em circuitos de baixa tensão,
pois precisaremos de uma tensão maior.
Com a finalidade de operar numa faixa muito ampla de
tensões de 1,1 V até muito mais com o uso de circuitos
redutores, acionando indicadores como LEDs e buzzers, a
National Semiconductor, agora empresa do grupo da Texas
Instruments (www.ti.com) tem em sua linha de produtos o
circuito integrado LM3909 que o componente abordado aqui.
O LM3909 consiste num flasher ou pulsador, oscilador ou
alarme que opera com tensões muito baixas e um consumo
igualmente muito baixa.
Este componente é apresentado em invólucro DIL de 8
pinos, o que facilita extremamente o seu uso em projetos comuns
sem a necessidade de recursos especiais de montagem. Na figura
1 temos a pinagem deste circuito integrado.

Figura 1 – o LM3909
A configuração interna deste circuito integrado é mostrada
na figura 2.

140
NEWTON C. BRAGA

Figura 2 – Circuito interno equivalente ao LM3909

A configuração interna deste componente é feita de tal


maneira a possibilitar combinações de ligações externas de
muitas maneiras diferentes, conforme a modalidade de
funcionamento desejada.
Na verdade, a disposição dos componentes internos
equivalentes é tal que torna o componente muito difícil de ser
destruído em testes de circuitos experimentais, o que é muito
interessante para o experimentador.
O que o circuito faz é pulsar a tensão de saída através de
um sistema que dobra a tensão, de modo a se obter mais de 2 V
quando, por exemplo, usamos o circuito para alimentar um LED.
Na figura 3 mostramos o que ocorre no funcionamento
deste circuito, quando gera um sinal de muito curta duração o
que resulta num consumo extremamente baixo de energia.

141
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 3 – Os pulsos gerados pelo LM3909

Alimentando continuamente o LED com uma corrente de


10 mA limitada apena por um resisto, levando em conta que a
fornece3 V teremos uma potência contínua de 3 x 10 = 30 mW.
No entanto, se o ciclo ativo for tal que nas piscadas o LED fique
aceso por apenas 10 % do tempo, a corrente média será reduzida
para apenas 1 mA.
Neste caso, com uma tensão de 3 V, a potência exigida da
fonte será de apenas 1 x 3 = 3 mW, ou seja, 10 vezes menos.
Evidentemente, isso fará com que a bateria dure 10 vezes mais.

142
NEWTON C. BRAGA

Como Funciona
As explicações que damos a seguir são baseadas no
circuito interno equivalente da figura 2.
Com a alimentação de 1,5 V estabelecida no pino 5, a
corrente vai fluir pelos resistores de 1k e 6k passando pelo
emissor de Q1. Essa corrente será amplificada por Q2 e levada à
base de Q3.
Com a condução de Q3 o transistor Q4 é polarizado no
corte e com isso também Q1. Esta realmente negativa faz com
que a corrente de Q1 tenda a diminuir nos resistores de tempo e
transistor de potência, até que um ponto de equilíbrio seja
alcançado.
Este equilíbrio ocorre quando a tensão no coletor de Q3 for
de aproximadamente 0,5 V e a base de Q4 estiver em torno de 1
V e ainda houver uma pequena tensão entre o pino 8 e o terra
(0V).
A diferença entre as duas primeiras tensões citadas [é a
queda de tensão base-emissor de Q1 e 2/3 da queda de tensão
base-emissor de Q4, fixada pelo divisor de tensão de altos
valores entre sua base e o emissor.
Veja que a tensão de realimentação negativa é atenuada
pelo menos duas vezes pelo divisor formado pelos resistores de
400 ohms. Levando em conta a existência de um capacitor entre
os pinos 2 e 8, sua ação de realimentação no circuito inicialmente
é pequena.
No entanto, com a ação de polarização contínua do circuito
que leva a uma realimentação inicial maior, o que faz com que
ocorra a oscilação.
A forma de onda obtida é mostrada na figura 4.
Por outro lado, a forma de onda disponível no pino 2, que
corresponde ao coletor do transistor de potência, é quase
retangular, estendendo-se de aproximadamente 0,1 V na
saturação até 0,1 V abaixo da tensão de alimentação.
Os intervalos em que o circuito está ligado (ON) coincidem
com os pulsos do pino 8.

143
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 4 – Forma de onda na oscilação

Aplicações
A mais simples das aplicações é a que corresponde a um
“flasher” ou pulsador que alimenta um LED. Na figura 5 temos
então um circuito que alimenta um LED com tensões na faixa de
1,2 V a 1,5 V.

Figura 5 – Flasher de LED

144
NEWTON C. BRAGA

A finalidade do capacitor neste circuito é tanto de prover a


temporização como também multiplicara tensão para excitar o
LED.
Com um capacitor de 300 uF (330 uF) o LED piscará uma
vez por segundo, aproximadamente. Como o ciclo ativo é muito
pequeno, o consumo do circuito é extremamente baixo.
Capacitores de 220 uF a 470 uF podem ser utilizados.
Na figura 6 temos um circuito em que uma lâmpada
incandescente do tipo 47 é excitada com uma corrente de pico de
150 mA.

Figura 6 – Circuito com lâmpada

A frequência deste circuito é de aproximadamente 1,5 Hz.


Observamos que neste circuito o ciclo ativo é da ordem de
apenas 1% o que significa um consumo da ordem de 50 uA(tip.),
garantindo uma enorme autonomia para a pilha usada na
alimentação.
Para se modificar o comportamento do LM3909 podem ser
utilizadas diversas configurações de componentes externos.
Para obtermos uma freq1uências mais alta, sem reduzir a
intensidade dos pulsos de luz num flasher, o que ocorreria com a
simples redução do capacitor, temos o circuito da figura 7.

145
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 7 – Aumentando a frequência – pulsador rápido

Um resistor de 1k é necessário para derivar a corrente do


divisor de temporização interna e assim alterar a constante de
tempo do circuito.
Com esse recurso podemos obter uma frequência de
aproximadamente 3 Hz, ou seja, 3 vezes a do circuito básico.
Para um flasher de 6 V usando LED temos o circuito da
figura 8.

Figura 8 - flasher de 6 V

O resistor de 3k9 externo faz com que a corrente de carga


através do resistor interno de temporização seja reduzida,

146
NEWTON C. BRAGA

mantendo assim as características de frequência do sistema,


mesmo com uma tensão de alimentação maior.
O resistor em série com o diodo limita os picos de corrente
neste componente, protegendo o circuito integrado contra uma
eventual sobrecarga. A frequência de operação deste circuito é da
ordem de 1 Hz. Também é preciso observar que em circuitos em
que a alimentação seja superior a 3 V, existem momentos em
que a polaridade sobre o capacitor eletrolítico inverte. O
componente deve estar apto a suportar estas inversões.
Para alimentar um LED deforma “contínua! Com uma fonte
a partir de 1,5 V temos o circuito mostrado na figura 9.

Figura 9 – LED com alimentação continua

Neste circuito a frequência é elevada ao ponto de não


podermos ver as piscadas e com isso ele parece continuamente
aceso.
O circuito opera numa frequência de aproximadamente 2
kHz, dada pelo capacitor de 2 uF. Como o consumo de corrente é
de aproximadamente 12 mA, o circuito não é indicado para
aplicações em que se deseje autonomia maior para a
alimentação. Observe que a operação em altas frequências exige

147
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

a utilização de dois resistores externos, normalmente de mesmo


valor.
Um deles tem por função fornecer uma derivação para o
circuito interno de tempo e se somente ele for usado, a corrente
de carga do capacitor passará pelos dois resistores internos de
400 ohms e pelo coletor de Q3.
Desta forma, teremos uma frequência mais baixa com
menor ciclo ativo. Com um único resistor temos também a
possibilidade das oscilações pararem antes da bateria estar
completamente descarregada.
Com a utilização de um segundo resistor de 68 ohms
externos, estes problemas são eliminados. O circuito da figura 10
é uma configuração em que dois LEDS piscam alternadamente.

Figura 10 – Pisca LED alternado

Trata-se de um oscilador de relaxação que pode ser


alimentado por tensões entre 10 e 15 V. Com uma tensão de
alimentação, a frequência é da ordem de 2,5 Hz.
O capacitor C2 tanto determina a frequência das piscadas
como sua intensidade, pois armazena a energia que será
fornecida aos LEDs nos momentos em que eles acendem.
Este capacitor carrega-se através de um dos LEDs e depois
descarrega-se através do outro, proporcionando o efeito das
piscadas alternadas.

148
NEWTON C. BRAGA

Se um dos LEDs for verde e o outro vermelho, dadas as


diferenças de tensão de alimentação, o verde deve ser ligado
diretamente ao pino 5.
Para operação com alta tensão de uma forma econômica e
mais segura do que as que fazem uso de lâmpadas neon temos o
circuito da figura 11.

Figura 11 – Operação com alta tensão

Este circuito opera com tensões contínuas na faixa de 85 V


a 200 V.
O resistor de 43 k limita a tensão em todos os pontos do
circuito a um máximo de 7 V. Seu funcionamento é o seguinte: o
capacitor de temporização carrega-se através do resistor de 43 k
e dois dos dois resistores de 400 ohms internos.
Quando a tensão no capacitor atinge um valor de
aproximadamente 5 V, o circuito comuta alimentado o LED que
então produz um flash luminoso. Esse flash corresponde à
descarga do capacitor através do LED.
Para alimentar uma carga de maior potência do que os
LEDs podemos usar uma etapa transistorizada como a mostrada
no circuito da figura 12.

149
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 12 – Usando uma etapa de potência

Neste caso temos uma luz estroboscópica portátil


alimentada por uma tensão de apenas 3 V. O limite de comutação
do LM3909 é de 150 mA de modo que para acionar uma carga
com corrente maior, um transistor de potência deve ser utilizado.
Observe que o circuito possui um controle de frequência
que permite sua operação numa ampla faixa de valores. Apesar
de sua inércia que limitam sua operação as lâmpadas
incandescentes podem ser usadas em frequências de até alguns
hertz.
Na figura 13 temos um circuito de um flasher de alta
potência para aplicações automotivas já que a alimentação deve
ser feita com tensões na faixa de 12 a 14 V.

150
NEWTON C. BRAGA

Figura 13 – Flasher automotivo

A corrente máxima de carga (lâmpada) depende do


transistor e neste caso é da ordem de 600 mA e a frequência das
piscadas com os valores dos componentes usados é da ordem de
1 Hz. O transistor pode ser o BD135 ou ainda o TIP31.
Na figura14 damos o modo de se adaptar o circuito em
substituição a um pisca-pisca convencional de carro, tanto para o
caso de veículos com positivo à massa como negativo.

Figura 14 - Utilizando como pisca-pisca automotivo

151
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O capacitor de valor elevado, 3 300 uF tem diversas


funções neste circuito além da temporização.
Ele também torna o circuito imune a transientes da fonte
de alimentação e limita a corrente para o circuito integrado. O
circuito integrado utilizado recebe uma alimentação de 7 V. A
quantidade de energia armazenada no capacitor é usada para
comutar o transistor de potência.
Na figura 15 temos um simples provador de continuidade
que funciona com uma única pilha.

Figura 15 – Provador de continuidade de 1 pilha

O alto-falante usado ou mesmo uma cápsula de baixa


impedância de fone de ouvido tem de 12 a 16 ohms de
impedância. Veja que não é necessário transformador de saída
para este circuito. O provador em questão detecta continuidade
até 100 ohms.
Como a escala de resistências de prova é estreita,
pequenas diferenças de resistência como curto circuito (0 ohms)
ou baixa resistência (5 ohms) podem ser diferenciadas.
Podemos usar este provador em aplicações automotivas
onde, por exemplo, um curto no primário da bobina de ignição
pode ser detectado, o que não ocorre com provadores comuns.

152
NEWTON C. BRAGA

Na figura 16 temos um detector de umidade ou vazamento


que se caracteriza pelo baixíssima corrente de repouso, da ordem
de 100 uA e pela não necessidade de conexão à rede de energia.

Figura 16 – Detector de umidade ou vazamento

Quando uma corrente de apenas 0,25 uA circula pelo


sensor devido à umidade, o transistor Qa comuta e com isso o
multivibrador formado por este transistor e Qb entra em ação
produzindo uma frequência da ordem de 1 Hz.
Este sinal é aplicado ao LM3900 modulando o tom que é
reproduzido no alto-falante. O tipo de sensor depende da
aplicação, podendo ser um de tecido com um pouco de sal entre
duas telas de arame para vazamento, ou chuva ou ainda dois fios
desencapados para enchente ou água.
Na figura 17 temos um circuito oscilador para prática de
telegrafia que, na verdade, consiste num telégrafo experimental
de duas vias.
A distância entre as estações pode chegar a um máximo
de 70 metros, podendo ser usado fio comum ou mesmo fio fino
do tipo telefônico.
Os alto-falante podem ser tipos pequenos de 8 ohms e o
manipulador de construção caseira como descritos nos diversos
telégrafos publicados no site do autor.

153
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Figura 17 – Telégrafo experimental

Finalmente, na figura 18 temos a utilização de dois


LM3909 numa sirene modulada.

Figura 18 – Sirene modulada

154
NEWTON C. BRAGA

O primeiro LM3909 é ligado a um pequeno alto-falante de


25 ohms sendo responsável pela produção do tom principal. Este
circuito é modulado pelo segundo LM3909 a uma razão de 1 Hz.
A frequência de modulação é determinada pelo capacitor
de 400 uF e o tom determinado pelo capacitor de 1 uF. A
alimentação é feita com uma única pilha de qualquer tamanho.

Outros Projetos
Na nossa seção Banco de Circuitos temos muitos outros
projetos utilizando o circuito integrado LM3909. Digite LM3909 na
busca da homepage do site e você encontrará dezenas de outras
aplicações deste importante componente.

155
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Os transistores BC548 e BC558

Em praticamente todas as listas de materiais de nossos


projetos indicamos um transistor de uso geral NPN ou PNP da
série BC548 ou BC558.
A maioria dos leitores sabe como obter esses componentes
e os utiliza sem maiores preocupações.
No entanto, o leitor que tem na sua caixinha de
componentes diversos desses pequenos maravilhosos sabe o que
eles realmente são, como funcionam e como podemos usá-los em
projetos próprios?
O leitor também sabe que pode usá-los como equivalentes
de centenas ou mesmo milhares de transistores que são
recomendados em projetos de revistas estrangeiras ou mesmo
nacionais mais antigas, sem problemas?
Conhecendo as características destes transistores o leitor
pode obter muito mais deles e é justamente isso que vamos
ensinar neste artigo.

TRANSISTORES DE USO GERAL


Na classificação que normalmente costuma-se fazer dos
transistores, o grupo dos "transistores de uso geral" (TUG)‚ ou
General Purpose ´e aquele que tem mais elementos.
Este grupo é formado por transistores que têm
basicamente as seguintes características:
a) Trabalham com tensões na faixa de 10 a 50 volts
tipicamente.
b) A corrente máxima de coletor varia entre 30 e 200 mA
c) O ganho é médio podendo variar entre 100 e 800.
d) A faixa de frequências de corte varia entre 10 e 100 MHz,
se bem que eles sejam basicamente indicados para operar
com sinais de áudio.
e) A dissipação máxima está na faixa de 50 a 500 mW.

Estes transistores normalmente são encontrados em


encapsulamento plástico de baixa dissipação (SOT-54 ou

156
NEWTON C. BRAGA

equivalente), conforme mostra a figura 1, e para os tipos mais


antigos em encapsulamento metálico.

Conforme vemos, mesmo sendo indicados para operar


com sinais de áudio e correntes contínuas, estes transistores
também podem oscilar em alguns casos em frequências que
chegam até a faixa de FM.
No entanto, como isso não é regra geral, se precisarmos
de um para esta finalidade talvez tenhamos de experimentar
diversos num mesmo lote até obter um "que funcione". O leitor
deve levar em conta que os transistores, como qualquer
componente eletrônico, possuem tolerâncias.
Assim, da linha de fabricação é muito difícil que saiam dois
transistores exatamente iguais, ou seja, com todas as
características tendo exatamente os mesmos valores.
Para um lote de transistores que seja "carimbado" com um
mesmo número, podemos ter enormes variações de ganho,
conforme mostra a figura 2.
Assim, tomando como base o BC548 que é um dos tipos
abordados neste artigo, seu ganho pode variar entre 75 e 800.
O leitor já pode perceber que se for feito um projeto que
exija um transistor com ganho 400 para um bom funcionamento,
uma parte dos BC548 funcionará e outra não, conforme o ganho
esteja acima ou abaixo deste valor!

157
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Nos nossos projetos procuramos sempre fazer o projeto


com o ganho mínimo, de modo que qualquer transistor do mesmo
tipo funcione, e somente quando se exige uma unidade maior é
que alguma observação é feita.
No entanto, o próprio leitor ao fazer um projeto
experimentalmente pode não levar isso em conta: monta-se um
protótipo e ele funciona e depois as cópias, algumas sim e outras
não!
De qualquer forma, mesmo levando em conta a enorme
faixa de características que transistores considerados de um
mesmo tipo ou família tenham, os transistores de uso geral
podem ser empregados nos seguintes tipos de circuito:

158
NEWTON C. BRAGA

Amplificadores de áudio
Sinais de baixas intensidades podem ser amplificados por
estes transistores em mixers, pré-amplificadores, circuitos de
efeitos de som e mesmo amplificadores cuja potência de saía seja
no máximo de 1 watt.

Osciladores
Osciladores de áudio e mesmo de RF cujas frequências
podem chegar a algumas dezenas de megahertz podem ser
elaborados com estes transistores.

Circuitos de corrente contínua


Podemos usar estes transistores para aumentar o poder de
excitação de circuitos integrados, excitando LEDs, Relés,
pequenas lâmpadas e dispositivos cujo consumo não supere os
50 ou 100 mA, conforme os transistores usados.

OS BC548/BC558
Muitas famílias de transistores de uso geral surgiram nos
últimos tempos.
Assim, nas publicações técnicas e manuais podemos
encontrar muitos tipos, alguns dos quais evoluíram e até hoje são
usados. Temos então as famílias independentes e as famílias que
foram cedendo seus lugares a tipos mais modernos.
A família que nos interessa em especial é a que começou
com os transistores BC107, BC108 e BC109 e que culminou com
os BC547, BC548 e BC549 para a série NPN. Para a série PNP a
família começou com os BC177, BC178 e BC179 e atualmente
está nos BC557, BC558 e BC559.
Mas, afinal, o que fazem estes transistores?
Veja que numa família temos três tipos que basicamente
se diferenciam pelo ganho e pela tensão máxima de trabalho
(tensão máxima entre coletor e emissor quando a base se
encontra desligada ou Vceo).

159
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Assim, temos:

a) Tensão máxima entre coletor e emissor (Vceo)


NPN PNP Vceo (V)
BC547 BC557 50
BC548 BC558 30
BC549 BC559 30

b) Ganho:
NPN PNP hfe
BC547 BC557 75 - 800
BC548 BC558 75 - 800
BC549 BC559 200 - 800 (*)
(*) na verdade entre 110 e 800

A corrente máxima de coletor destes transistores é 100


mA e todos dissipam 500 mW. Além do ganho maior, os tipos de
final 9 se caracterizam por terem um baixo nível de ruído.
O que ocorre é que o próprio transistor, quando usado
como amplificador de sinais muito fracos introduz um ruído
devido a agitação térmica dos átomos do material semicondutor.
Esse ruído implica num "chiado" semelhante ao que temos
num rádio fora de estação. Os tipos de final 9 tem uma
característica de menor nível deste ruído.
Para os BCs que vimos os invólucros usados são do tipo
mostrado na figura 4.

160
NEWTON C. BRAGA

OS "PARENTES"
Damos a seguir uma relação de transistores com
características próximas a dos BC548/BC558. Isso significa que,
em princípio, num projeto, os transistores indicados podem ser
substituídos por um correspondente das famílias BC548/BC558,
sem muitos problemas. Evidentemente, as equivalências não são
totais, pois todos os componentes possuem grandes tolerâncias,
mas podem servir de referência para que o leitor saiba se pode
ou não usá-los num projeto:
NPN PNP Invólucro Obs.:
BC107 BC177 (1) -
BC108 BC178 (1) -
BC109 BC179 (1) -
BC207 BC204 (2) -
BC208 BC205 (2) -
BC209 BC206 (2) -
BC237 BC307 (3) -
BC238 BC308 (3) -
BC239 BC309 (3) -
BC317 BC320 (4) Ic = 150 mA
BC318 BC321 (4) Ic = 150 mA
BC319 BC322 (4) Ic = 150 mA
BC347 BC350 (5) -
BC348 BC351 (5) -
BC349 BC352 (5) -
BC167 BC257 (6) Ic = 50 mA
BC168 BC258 (6) Ic = 50 mA
BC169 BC259 (6) Ic = 50 mA
BC182 BC251 (7) Ic = 200 mA
BC183 BC252 (7) Ic = 200 mA
BC184 BC253 (7) Ic = 200 mA
BC582 BC512 (8) Ic = 200 mA
BC583 BC513 (8) Ic = 200 mA
BC584 BC514 (8) Ic = 200 mA
BC413 BC415 (9) Baixo Ruído
BC414 BC416 (9) Baixo Ruído
BC437 - (10) -
BC438 - (10) -
BC439 - (10) -

161
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

CIRCUITOS
Existem diversas configurações típicas que podem ser
encontradas para estes transistores. Analisemos algumas delas:

a) Excitador de LEDs
Quando tivermos uma fonte de corrente contínua de baixo
nível de corrente, por exemplo, a saída de um circuito integrado
CMOS, podemos usar tanto um transistor NPN como PNP para ter
a excitação de um LED ou uma lâmpada de até uns 50 mA de
corrente.
No circuito mostrado na figura 5(a) o LED acende quando
a saída do integrado estiver no nível alto, ou seja, quando houver
uma tensão positiva.
No circuito mostrado em 5(b) o LED acende quando a
saída do integrado estiver no nível baixo, ou seja, for 0V.

162
NEWTON C. BRAGA

b) Amplificador de áudio
Na figura 6 temos as duas configurações possíveis em
emissor comum para amplificar sinais de áudio.

Os resistores dependem tanto da amplificação desejada


como da intensidade do sinal de entrada. Os valores mostrados
dão uma amplificação típica de 10 vezes para sinais fracos
obtidos de um microfone, por exemplo.
Na figura 7 temos uma etapa amplificadora de áudio para
microfones de baixa impedância usando um BC549 (baixo ruído).
Esta etapa permite usar microfones de baixa sensibilidade
com transmissores e amplificadores que exigem um sinal de
entrada mais intenso.

163
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

c) Excitador de relés
Para excitar um relé de 6 ou 12 V temos os circuitos
mostrados na figura 8.

164
NEWTON C. BRAGA

Seu princípio de funcionamento é o mesmo do caso dos


LEDs.
Relés ou mesmo solenoides com correntes até uns 100 mA
podem ser excitados com esses circuitos.

d) Oscilador
Na figura 9 temos diversos osciladores, de altas e baixas
frequências usando BCs como base. As frequências podem ficar
entre alguns hertz até algumas dezenas de megahertz.

165
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Os Transistores da Série TIP31

Os transistores da série TIP31 são do tipo NPN de potência


para amplificação e comutação de alta velocidade, sendo
apresentados em invólucros TO-220 com a pinagem mostrada na
figura 1.

Dizemos alta velocidade, aplicações em fontes chaveadas


até uns 200 kHz e osciladores com frequências que não
ultrapassem muito este valor.
Estes transistores têm por complementares os transistores
da série TIP32, que são tipos PNP, portanto.
A série é formada por transistores que são indicados pelo
tipo com sufixos que indicam a tensão máxima entre coletor e
emissor (Vceo) conforme a seguinte relação:

Tipo Vceo (max)


TIP31 40 V
TIP31A 60 V
TIP31B 80 V
TIP31C 100 V

As demais características comuns a todos os transistores


da série são:

Características:
a) Corrente máxima de coletor: 3 ampères
b) Tensão máxima entre base e emissor: 5 V

166
NEWTON C. BRAGA

c) Tensão máxima entre coletor e emissor: conforme relação


de sufixos acima
d) Dissipação máxima: 40 W
e) Corrente contínua máxima de base: 3 ampère
f) Faixa de ganho (hFE): 10 a 50

CIRCUITOS

a) Fonte de 0-12V x 1A
O primeiro circuito apresentado é o de uma fonte simples
de alimentação ajustável de 0 a 12 V com corrente máxima de 1
ampère.
O circuito é mostrado na figura 2, e utiliza apenas um
transistor TIP31 que deve ser montado num radiador de calor.

O transformador de alimentação deve ter uma tensão de


secundário de 15 V e os diodos admitem equivalentes. Se for
usado um transformador de 12 V, a tensão máxima de saída
poderá não chegar aos 12 V pois, a queda no transistor pode
reduzir este valor.
Observamos que esta fonte não possui proteção contra
curto-circuitos em sua saída. Nela, o TIP31 funciona apenas como
um reostato, controlando a corrente principal através da carga.

167
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

b) Reostato
O circuito apresentado na figura 3 tem por finalidade
controlar a velocidade de pequenos motores de corrente contínua
ou lâmpadas, desde que sua corrente não supere 1 ampère.

Para correntes maiores, até uns 2 ampères, o transistor


deve ser dotado de excelente radiador de calor. O potenciômetro
deve ser de fio e o transistor deve ser montado num radiador de
calor. Este circuito funcionará bem com tensões na faixa de 6 a
15 V.
Observe que este circuito funciona como um resistor
variável em que parte da potência que deveria ser aplicada ao
circuito de carga se transformará em calor. Para aplicações mais
críticas em robótica ou mecatrônica esta configuração deve ser
substituída por controles mais eficientes como por exemplo os do
tipo PWM que já descrevemos em outros artigos que também
usam na saída transistores como os TIP31 e TIP32.

c) Sirene de potência
O circuito apresentado na figura 4 mostra um meio de se
amplificar sinais de áudio que sejam gerados por osciladores do
tipo CMOS.

168
NEWTON C. BRAGA

No caso temos uma sirene com o circuito integrado 4093.


mas a configuração de saída serve para qualquer oscilador de
áudio CMOS ou mesmo com o circuito integrado 555.
O transistor de potência TIP31 deverá ser montado num
bom radiador de calor e o alto-falante de 8 ohms deve ter uma
potência de pelo menos 10 W. Alto-falantes de pelo menos 10
cm do tipo pesado são os mais indicados para esta aplicação.

d) Amplificador de áudio
O circuito da figura 5 utiliza um TIP31 e um complementar
TIP32 para fornecer perto de 10 watts de saída a um alto-falante.
A corrente da fonte deve ser de pelo menos 1,5 A e os
transistores de saída (TIP) devem ser montados em radiadores de
calor. Este circuito pode ser usado como excelente reforçador
para uso doméstico ou mesmo no carro, já que pode operar com
sinais de pequenas intensidades na sua entrada.
Outra aplicação para este circuito é como saída de
potência para alarmes e sirenes.

169
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

e) Inversor
Nosso último aplicativo para o TIP31 é um inversor que
permite acender uma lâmpada fluorescente com 6 pilhas grandes
ou ainda a partir dos 12 V de uma bateria de carro.
Este circuito, mostrado na figura 6, consiste num oscilador
cuja frequência deve ser ajustada no trimpot para se obter maior
rendimento em função das características do transformador
usado.
O transformador pode ser de qualquer tipo com primário
de 110/220 V ou 220 V e secundário de 6+6 V a 12+12 V com
corrente na faixa de 300 mA a 600 mA. O transistor TIP deve ser
montado num radiador de calor.
A lâmpada fluorescente pode ter potências de 5 a 20
watts, se bem que seu brilho não seja o que ela normalmente
tem quando ligada na rede de energia, já que o rendimento do
circuito faz com que a potência gerada seja menor.
O trimpot deve ser ajustado para que este brilho seja
máximo. Uma característica importante deste circuito é que
mesmo lâmpadas enfraquecidas, que já não acendam mais na
rede de energia, poderão funcionar bem quando utilizadas no
inversor.

170
NEWTON C. BRAGA

Outra aplicação para este circuito inversor é que ele pode


ser usado como um eletrificador, já que na saída do
transformador temos uma alta tensão.
Os picos de tensão, dada a forma de onda gerada, podem
em alguns casos superar os 400 volts. Evidentemente, no caso do
uso do aparelho como eletrificador as precauções legais com a
instalação e avisos devem ser tomadas.

171
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Reguladores de Tensão 7800

A série de circuitos integrados 78XX onde o XX é


substituído por um número que indica a tensão de saída, consiste
em reguladores de tensão positiva com corrente de até 1 ampère
de saída e que são apresentados em invólucro TO-220 conforme
mostra a figura 1.

Diversos são os fabricantes que possuem os circuitos


integrados desta série em sua linha de produtos e as tensões de
saída podem variar sensivelmente de um para outros. No
entanto, os valores básicos para estas tensões, que são dados
pelos dois últimos algarismos do tipo do componente são:

7805 = 5 volts
7806 = 6 volts
7808 = 8 volts
7885 = 8,5 volts
7812 = 12 volts
7815 = 15 volts
7818 = 18 volts
7824 = 24 volts

A tensão máxima de entrada para os tipos de 5 a 18 volts


é de 35 volts. Para o tipo de 24 volts a tensão de entrada máxima
é de 40 volts.
De qualquer modo, para um bom funcionamento a tensão
de entrada deve ser no mínimo 2 volts mais alta que a tensão
que se deseja na saída.

172
NEWTON C. BRAGA

Os circuitos integrados da série 78XX possuem proteção


interna contra curto-circuitos na saída e não necessitam de
qualquer componente externo.
Damos a seguir as principais características do 7805 que
serve de base para avaliação dos demais tipos da série:

7805 – Características min. tip. max.


Tensão de saída 4,8 5,0 5,2volts
Regulagem de linha - 3 50 mV
Regulagem de carga - 15 50 mV
Corrente quiescente - 4,2 6,0mA
Rejeição de ripple 60 70 - dB
Resistência de saída - 17 - mOhms

Observe que o radiador de calor deve ser dimensionado


em função da diferença que existe entre a tensão de entrada e a
tensão de saída, já que, quanto maior ela for mais calor o
componente deve dissipar.
Damos, a seguir, diversos circuitos práticos envolvendo os
circuitos integrados da série 78XX. O XX depois do 78 indica que
o mesmo circuito pode ser usado para qualquer tensão na faixa
de 5 a 18 volts com a escolha do componente apropriado.

Circuito 1
Na figura 2 temos a aplicação imediata num regulador
positivo de 1 ampère para tensões de 5 a 24 volts com corrente
de saída de até 1 ampère.

173
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O capacitor de 330 nF desacopla a entrada do estabilizador


enquanto que o de 100 nF, que deve ser cerâmico de boa
qualidade, tem por finalidade evitar oscilações em altas
frequências e também desacopla a saída.

Circuito 2
Este circuito corresponde a um estabilizador ou regulador
de corrente (fonte de corrente constante) podendo servir de base
para um excelente carregador de pilhas de nicádmio, pequenos
baterias e até mesmo baterias de moto e carro em regime de
carga lenta.

A intensidade da corrente é dada pelo quociente Vs/R1


onde R1 é a resistência limitadora e Vs é a tensão do integrado.
Lembramos que os valores devem ser calculados tendo por limite
1 ampère, que é justamente a corrente máxima de saída do
circuito integrado.

Circuito 3
Utilizando um amplificador operacional 741 podemos
tornar variável a tensão de saída de um regulador 7805, obtendo
com isso uma fonte de 7 a 30 volts. A tensão de entrada deve ser
de 35 volts e o potenciômetro de 10 k ohms deve ser linear. Os
capacitores de desacoplamento devem ser cerâmicos de boa

174
NEWTON C. BRAGA

qualidade. Este circuito é mostrado na figura 4 e na sua entrada


devemos aplicar uma tensão contínua não regulada, porém com
boa filtragem.

Circuito 4
Para se obter corrente maior do que 1 ampère, podemos
usar um booster, conforme o mostrado na figura 5. O transistor
pode ser substituído por equivalentes com correntes de coletor na
faixa de 5 a 10 ampères para se obter uma fonte de 2 a 5
ampères de corrente de saída.

As fórmulas que permitem dimensionar os diversos


elementos do circuito são dadas junto ao diagrama.

175
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

Circuito 5
Temos na figura 6 basicamente a mesma configuração do
circuito anterior, mas com o acréscimo de um sistema de
proteção contra curto-circuitos na saída.

O transistor Q1 deve conduzir quando a queda de tensão


em RSe for maior do que 0,6 volts ocorrendo então o corte da
polarização de base do transistor de potência. Os valores dos
componentes são dados pelas fórmulas junto ao próprio
diagrama.
O circuito integrado fixará o valor da tensão de saída,
observando-se que existe uma queda de tensão da ordem de 0,6
volts no transistor e que deve ser considerada.

Circuito 6
O circuito 6, mostrado na figura 7, consiste num regulador
positivo que funciona aqui como regulador negativo. Temos então
uma fonte de tensão negativa.
O capacitor de filtro deve ser dimensionado de acordo com
a tensão e a corrente de saída assim como o nível de ripple
exigida para a aplicação.
Os diodos e transformador devem também ser
dimensionados de modo a fornecer na entrada do circuito
integrado pelo menos 5 volts a mais do que o valor da tensão
exigida na saída.

176
NEWTON C. BRAGA

Circuito 7
Se a tensão de entrada for superior a 35 ou 40 volts,
máximos admitidos pelo circuito integrado regulador podemos
fazer uma redução inicial com a ajuda de uma etapa como a
mostrada na figura 8.

O transistor deve ser capaz de suportar a corrente máxima


de 1 ampère de coletor exigida pelo integrado, e ter uma
especificação de tensão máxima entre coletor e emissor de
acordo com a queda de tensão que deve proporcionar no circuito.
O diodo zener, por outro lado, precisa ter uma potência de acordo
com a exigida pelo circuito. O resistor R estabiliza a corrente do
diodo zener de modo que, no mínimo, não ocorram variações da
tensão aplicada ao integrado.

Circuito 8
O processo mais simples de se obter uma queda de tensão
de entrada para um regulador da série 78CC quando a corrente
de carga deve ser constante é o mostrado na figura 9.

177
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 2

O resistor é calculado de modo a fornecer a queda de


tensão exigida conforme os máximos admitidos pelo integrado.
Podemos calculá-lo por:

R = (Vi - Vx)/I

Onde:
Vi é a tensão de entrada do circuito (volt)
Vx é a tensão de entrada do circuito integrado (máximo de
40 V para os de 24 V e 35 V para os de 5 a 18 V)
I é a intensidade da corrente de carga

Veja que, desprezamos a corrente exigida pelo próprio


circuito integrado regulador de tensão, já que ela é bastante
baixa.
A dissipação do resistor será dada por:

P = (Vi - Vx) x I

Onde as grandezas são as mesmas da fórmula anterior


exceto:
P é a potência que deve ser expressa em watts.

178
NEWTON C. BRAGA

Os outros mais de 160 livros sobre


Eletrônica

Para você conhecer os outros livros sobre eletrônica do


Instituto Newton C. Braga.
Acesse :
http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/livros-
tecnicos

Ou fotografe o QR abaixo:

179

Você também pode gostar