Canções Do Alvorecer - Hernani T SantAnna
Canções Do Alvorecer - Hernani T SantAnna
Canções Do Alvorecer - Hernani T SantAnna
NDICE
Dedicatria Mensagem a Hernani Deus Jesus Memorando Kardec Mocidade Esprito do Brasil Trabalhemos Porfiemos
Lembrando
Convite O romance de uma vida Renovao Segue, Irmo! Lgrimas e risos Orao Alma penada Age, Irmo! A dor A um corao Celinha Mocidade O Espectro Segue ainda A minhalma Ao Mestre Ante o Alm Destino Mistrios Fonte Interna Escuta! Solido Vamos! Senhor frente, moos! Avante! Caminhemos! Sigamos
o Glgota
Nova Luz Encouraai-vos! Espera Sursum! Sntese evolutiva A grande transio Apelo Mocidade Crist Se vires tu algum Estranhezas Noutro mundo O Verbo A Morte A Lenda A lenda das estrelas Velado arcano A iluso do tempo A bno das lgrimas Quando enfim Exortao Juventude
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DEDICATRIA minha doce me fada amorosa Que me velou os passos toda vida. A voc, minha Nilda flor querida Que encheu de amor a minha solido. A voc, meu filhinho idolatrado, Em quem ponho as mais altas esperanas. Aos moos, aos aflitos, s crianas, E aos amigos leais do corao. Hernani T. SantAnna
MENSAGEM A HERNANI
Meu amigo: O Evangelho tambm Poesia Divina da Sabedoria e do Amor, a estender-se no mundo em cnticos de fraternidade e servio. Cristo o Mensageiro da Eterna Beleza, gravando, ainda e sempre, poemas de alegria e paz, consolao e esperana nas pginas vivas do corao humano. E o Mestre da Bondade Infinita, que brilha na excelsitude de teus motivos e no arrojo de tuas rimas, abenoar os vos sublimes de tua inspirao, para que a mensagem de luz deste livro fulgure para a Humanidade, como estrela flamejante, apolarizar revelaes do Cu para a Terra e a refletir anseios da Terra para o Cu.
DEUS
Deus! que sois Eterno Pensamento, A Vontade Suprema, o Movimento, Por excelncia a Ao! Que sois a Fonte donde jorra Vida, Que sois o Ignoto Ponto de Partida De toda a Criao!
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Deus! Pai Augusto e Bom dos Universos! Aceitai minha prece nestes versos, A minha adorao! Que a pobre minha lira se estremece e humilha, Quando a minhalma, Pai! a vossa filha, Entoa esta cano! Desde a ameba perdida pelos amres Desde o inseto que plaina pelos ares Velais por mim, Senhor! E pelo tempo em fora vos buscando, Hei-de ir chorando e rindo e me arrastando. Emps do Vosso Amor! Vossa grandeza imensa no me esmaga! Vossa destra potente e amiga afaga O vosso gilho, Deus! E eu me esforo e canto delirante Quando vos fito a ss, por um instante, Do val dos prantos meus! O Deus! O Pai! O Vida! O Amor Eterno! Sede bendito, pois! Eu me prosterno Perante Vs Luz! Dai-me coragem, Pai, para buscar-Vos! Dai-me fora e f para encontrar-Vos Nos passos de Jesus!
JESUS
Nas cavernas da Treva a noite entrava escura... Gemia o vendaval do pranto e da amargura
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Nos plagos sem luz! O delrio cruel cobria-se de palmas... O mal, fero e triunfante, escarnecia as almas, Do desespero cruz! Soluos e rugidos pelo ar sombrio Ecoavam sem cessar... No pntano bravio Jaziam monstros vis! Espectros do terror insanos gargalhavam, Enquanto que do solo as fenda vomitavam Coriscos e fuzis! Blasfmias, maldies, sarcasmos e gemidos Cruzavam-se no charco pestilento e fundo... Quem pode descrever os uivos doloridos De monstros a lutar no precipcio imundo? * Mais eis que um Sol de Luz brilhou na treva escura! Um sol de excelso alvor, de magia ternura, Encheu de aroma o val! Meu Deus! os prisioneiros se erguem redimidos! Os gnios do terror soluam comovidos E capitula o Mal! Perfume estranho os ares embalsama! O Deus de Excelso Amor! Que corao de Flama Transforma a treva em luz? ...E no silncio imenso do Infinito Murmura o pobre corao proscrito O nome de Jesus!
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MEMORANDO KARDEC
Desde as eras mais remotas Foi tema sem soluo O escopo da vida humana Da dor a ignota equao. A Divindade, o Universo A Morte, o Destino, o Ser, Eram mistrios profundos, Impossveis de entender! Como explicar o Infinito? A Justia? o Bem e o Mal? O princpio e o fim das coisas? O verdadeiro? o irreal? Filosofias, sistemas, Teses, hipteses mil... Espumas que desfazem No dorso dum mar de anil... Lao-Ts, Confcio, Buda, Moiss, Vedanta, Zeno... Fo-Hi, Scrates, Sankara, Aristteles, Plato... Duro, inquietante problema! Quem pde lanar-lhe luz? Smente o Sbio dos sbio Elucidou-o: - Jesus!
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Tal qual do seio azulado Dos cus abertos em flor, Assim jorrou dos seus lbios A Verdade feita Amor! Mas, seios infecundos! Estreis campos talados! Seus ensinos preciosos Foram todos deturpados! Amor? Piedade? Doura? Renascimento? Perdo? Como abrigar a um s tempo Sombra e Luz no corao? E o Evangelho Divino Foi transformado, a seguir, No acervo de erros e crimes Que o homem fez erigir! Cus de prazer ocioso! Infernos de rubra chama... Altares doiro e diamantes... Romances de infausta trama! O pensamento, contudo, Que desconhece mordaa, Rompeu o mando do erro, Qual rasga roupas a traa! A Cincia, qual ciclone Que faz cair casares, Derribou crenas ingnuas,
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Fortalezas de iluso... Do centro da terra, o inferno, Qual mito expulso saiu... No eram presos os astros! Ado jamais existiu! Falsa f! Os alicerces Dum poderio ilusrio, Ruram quais galhos secos Do alto dum promontrio! Ento, na cega revolta Dum vil orgulho sem par, - Deus no existe! disseram Alguns loucos, a bradar. Materialismo, doidice, Positivismo, utopia, Concepes as mais loucas Sugiram luz do dia. Caos! Ventos de cepticismo Varreram, de Sul a Norte, O mundo em trevas imerso, Num cataclismo de morte! O fantasma da descrena, Num riso descomunal, Plantava o joio de escrnio Da Terra no fundo val! Foi ento que um lrio excelso
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Rebentou no solo impuro... Madrugada peregrina Surgiu no horizonte escuro... Nas sombras da noite imensa Brilhou, qual Sol de urea luz, Novo Arauto da verdade Embaixador de Jesus! Na Frana surgiu Kardec! E sobre os vales da dor Pairou, de novo, cantando O arcanjo do Puro Amor! Preconceitos enganosos, Dogmas ditos de f dolos douro e de prta No mais se firmam de p! Volve pureza o Evangelho! O destino claro, agora! O seres de toda a parte E vinda a Suprema Aurora! Caridade! Paz! Justia! Fraternidade! Unio Bnos de Nova Aliana! Felicidade! Perdo!... A vida bela! O infortnio Sabemos hoje que passa Como uma noite que foge Ou como uma ave esvoaa...
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Bendito sejas, Kaderc, Nos Altos Planos do Alm Por toda a graa que vibra Nos novos Templos do Bem! E bem verdade que o mundo No pde ainda entender Toda a beleza fulgente Que lhe vieste trazer. Mas, amigo, espera um pouco! O tempo passa... Amanh, Quem sabe, a Luz da Verdade No brilhar mais lou? A tua obra no morre! E de amor triunfar! O espiritismo do Cristo! E do cristo e vencer!
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Mocidade, s fanal do orbe aflito! No repouses, portanto, no porfia! Rega os doces canteiros da alegria, Sobre a Terra do pranto redentor! Leva a tua mensagem de bondade Onde quer que campeie o sofrimento, E aponta as manses do firmamento Consolando os que gemem sob a dor! Deus te guie pelas margens do caminho, Sustentando-te o passo renovante, Para que, prosseguindo sempre
TRABALHEMOS
E preciso estender a luz por toda a parte. Valhamo-nos do verbo, da cultura, da arte, Dos livros e do malho! E mister semear o bem puro e fecundo, Por todos os desvos e recantos do mundo, fora de trabalho! S podemos gozar de paz e de alegria Quando o obre viver no clima da harmonia, Da virtude e do amor! Preparemos, portanto, a aurora da bonana, Nos esforos da crena e da perseverana, Inclumes dor! Inflamados de f, de vida e de verdade, Enfrentemos as sombras densas da maldade, Na glria de servir; E veremos erguer-se, augusta e sublimada,
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PORFIEMOS
Se o clarim do Apocalipse J pelos ares ressoa, Se no infinito j ecoa A Voz que ordena marchar!; Se para a Frente e pra Cima A Humanidade chamada, Se a gloriosa jornada E tempo de acelerar! O Ptria, desperta! Sacode fagueira A antiga lascvia dos musclos viris! Rasguemos sorrindo os grilhes da maldade, Barremos o avano das sombras hostis! A lia gigante! Nos vales do mundo, O crime se esbate nas garras da dor! Rompamos as brumas do plago fundo, Com raios divinos santos de Amor! No arcano celeste dos vastos espaos Renem-se ao Cristo Falanges de Luz; E o Doce Messias, abrindo os seus braos, A Terra abenoa dos astros em cruz! luta, valentes! De ardor inflamaods, Teramos, hericos, as armas da f! OS novos soldados do Bem, da Verdade, Deitados no vivem, pelejam de p!
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As sombras no podem vencer os luzeiros! A noite se extingue na luz da manh! O moos, creiamos que so derradeiros Os uivos que agora rebrana Sat! O Mal j agoniza na dor da batalha! O Espiritismo Imundo no pode com Deus! O Ptria, no temas tombar na mortalha, Que filhos de Gracos no so Prometeus!
LEMBRANDO O GLGOTA
Dos vales tristes do mundo, No negro, sombrio fundo, J muito sangue rolou! Muita lgrima pungente De muito olhar inocente Por sobre a Terra tombou! Muito drama revoltante, Muita injustia flagrante A Humanidade j viu; Mas processo to doloso, Crime assim to pavoroso, Ai, nunca! nunca existiu! Sempre a perfdia de um crime Uma outra falta redime Num corao pecador Mas aquele ru augusto Era dos justos o Justo Era dos Anjos Senhor!
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Ele no tinha pecado Seu corao devotado Soubera apenas amar! Smente o bem espalhara, E, entanto, a turba ignara Levava-O para O matar! Pelas ruas tortuosas, Pelas sendas perigosas, Arrastavam-nO sem d! A cruz dos ombros suspensa, No peito tortura imensa, No corpo chagas e p! Contudo, o manso Cordeiro, O Divino Seareiro, O Sublimado Pastor, De cada dura pedrada Fazia rosa orvalhada De piedade e de amor! A criminosa ironia, Qual lana aguada e fria, Cortava-lhe o corao; Ele, porm, transformava De cada blasfmia a bava Em complacncia e perdo! Do testemunho cruento Chegando o duro momento, Abandonado se viu... Smente a Me Cruciada, De poucos acompanhada,
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Fiel, constante, O seguiu! Onde estava o Pedro amado? Andr? Tiago? Isolado Era de todos os seus E sobre a face inocente Ria a nobreza insolente, Desciam punhos plebeus! Chegou, por fim, ao Calvrio A sinistra caravana; Tal como o amor, a loucura Tambm aos homens irmana. De suas vestes despido, Qual celerado bandido Foi o Sublime Rabi; Mas, quando ao poste pregado, Foi no monte levantado, O mundo atraiu a si! Sim, Senhor! O tosco lenho Que te foi leito de dores, A cruz dos teus sacrifcios, A cruz dos teus amargores, Plantada no alto do monte, Rasgou do tempo o horizonte, Como um cometa e luz! E dois mil anos passados, Teus verdugos prosternados Perdo te pedem Jesus! Ah, teu martrio espantoso, Teu sacrifcio divino,
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Da Humanidade perdida Iluminou o destino! Sim, Jesus! S teus tormentos, S teus joelhos sangrentos, S tua morte sem par, Guardariam a virtude De dar s almas sade De sendas novas rasgar! No te entendeu a bondade A passada Humanidade Dos dias que l se vo... Mas novos tempos chegados, Teus ingratos afilhados No teu encalo j vo! A mocidade agora J pressente a nova Aurora Dos Evangelhos de Amor... A mocidade j sente Que s o manso, o clemente, Pode ser grande, Senhor! A mocidade te segue! Inda que o mundo te negue, Contigo os jovens iro! Para o calvrio das dores, Para o cu dos teus amores Para a luz da redeno!
NOVA LUZ
Quando a Dor apontou na minha estrada
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De luz e de bnos coroada, Meu ser se reflorou. Novo canto ecoou dentro em minhalma, E uma doce, sublime, estranha calma Ento me visitou. Nas cavernas sombrias de mim mesmo, Por onde tanta vez vagara a esmo, Tesouro divisei. Meus sofreres tocaram-se de encantos, E da prpria negrura dos meus prontos Mil flores retirei. Quantos vastos poderes dormentados Ao seu toque se ergueram, despertados, Do pao interior! Quantas mil sinfonias esquecidas Ressoaram, de novo vivescidas, Em ritmos de amor! Quanta oculta verdade que eu no via, Belezas idias que eu no sentia, Surpresa descobri! E qual novo turista em mundo estranho Calmo, ao ver essa luz em que me banho: - Ai! Dantes no vivi! No vivi, pois a vida sentimento De tudo o que nos toca sem ofrimento Ou exalta no prazer. Quem nas prprias angstias no se encanta E no sabe chorar se o riso canta, No sabe inda viver. Ah, viver sorrir nas prrpias dores
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Chorar na luz dos prprios esplendores, E no saber que o faz E lutar cada hora, cada instante, Guardando, na batalha esfuzilante O corao em paz. Quando a Dor apontou na minha estrada, De luzes e de bnos coroada, Meu ser se reflorou. Novo canto ecoou dentro em minhalma, E uma doce, sublime, estranha calma Ento me visitou.
ENCORAAI-VOS!
Caras irms: a existncia, Nos vales da dor humana, Pode ser porfia insana, Ou esforo de redeno; Procela devastadora Das mais doces esperanas. Ou de preparo de bonanas, De luzes e salvao. Se com o mal nos unirmos, Para as pelejas do orgulho, Faremos horrendo entulho De desespero e de agror; Mas, se buscarmos do Cristo A celeste companhia, Colheremos a alegria das bnos do eterno amor. Se a loucura da maldade
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Forja milhes de amarguras, As tempestades de agruras No logram vencer a Luz; E a sombra resta imponente Ante os flores de bondade Que nascem da caridade Dos seguidores da Cruz. Encouraai-vos, portanto, Na fortaleza da prece, No bem que no desfalece, Nas claridades do amor, E vossa vida na Terra, De bnos multiplicada, Ser fonte abenoada De glrias e de esplendor!
ESPERA
Jamais olvides, meu filho, Que a Verdade como o Sol; Podem vir as tempestades, Cheias de trevas e maldades... Viro sempre as claridades Dum novo e santo arrebol! No te gastes na tormenta! No cedas dor de agora! Levanta os olhos e espera A divina primavera, Na luz da celeste aurora! Luta, sofre, chora e avana! Supor a dor bem sofrida!
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SURSUM!
Que sofres, bem o sei. Mas ouve, irmo querido: A vida um combate insano e dolorido Que temos de vencer. Deixar que a lia nos derrube e esmague, E a luz da crena em nosso peito apague, E pior que morrer! No pouca gente neste mundo existe Que leva a fronte desolada e triste, Em perene carpir... De braos quedos, de esperana morta, Sem perceber que veda a prpria porta glria do porvir! No sejas tu assim. Que sobranceiro Estruja o teu cantar no mundo inteiro, Anunciando o Sol! Que falem nos teus gestos,nos teus olhos, No a dor funerria dos abrolhos, Mas a f do arrebol! Levantemos o nimo do mundo, Desfazendo esse caos fero e profundo De pessimismo e dor Proclamando a bondade soberana Que h-de trazer gerao humana O reinado do amor!
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SNTESE EVOLUTIVA
No princpio o Cosmo que se agita, Sem expresso nem forma definida; A essncia prima e bruta revolvida Que se agrupa, se adensa e se engranita. Depois, o vegetal, no qual j habita A primeira ecloso da luz da vida E o Animal, a iniciar a lida De alevantar o Ser que em si palpita. Depois, o Homem equao divina De conscincia, senso e de razo! O Homem que luta e sofre e se ilumina... Depois, ainda, o Rei da criao: O Anjo, que aos ps de Deus ora e se inclina, Dominando o Universo... e a perfeio!
A GRANDE TRANSIO
No ficar pedra sobre pedra que no seja derribada...! Mateus, 24:2 E vi um novo Cu e uma nova Terra... Apocalipse, 21:1 O Reino de Sat nos antros de peonha Rugia, embriagadora, orquestrao medonha! Sinistra, estertorante, impudica e bravia,
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A dana animalesca e fbica estrugia! Feraz, alucinante e histrica voragem Bramia,a borbulhar, no ritmo selvagem! O imprio do Terror, na orgia borrascosa, Celebrava o tombar da terra lacrimosa! O Bem fora vencido! O Mal, febricitado, Premia sob os ps o mundo torturado! A guerra, espadanando lgrimas e sangue, Ceifava, enceguecida, a Humanidade exangue! Vencera Belzebu! Triunfara o crime torvo! Plainava sobre o orbe o Demo horrendo corvo! ........................................................................................................................................... Sobre a crosta do planeta Rasgava-se a tempestade... Os vulces da Imensidade Zurziam rios de dor! A Terra rangia aflita... Urrava, em transe, o oceano! Meu Deus! Que cenrio insano De tragdia e de pavor!... As mes rogavam que a morte Libertasse-lhes os filhos... Rubros, terrficos brilhos Punham nas trevas clares! Gritos, ais, prantos e sombras!
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Tormentas de fria ingrata! O meu senhor! Quem retrata O orgasmo das convulses? Quais fantasmas dementados, Em grei de infaustos tiranos, Vastos rebanhos humanos Gemiam nos vendavais! Fora de imensa potncia Batia os troos vencidos Para cus desconhecidos De cspedes infernais! H rebentos de ternura Em peitos celerados! Mil adeuses repassados De pena e de compuno! Tardias flores de afeto Carregadas na enxurrada... Triste noite desgraada De angstia e de maldio!... Turmas de herico socorro Varrem cmoros de escombros, Levando nos fortes ombros Coraes em febre e ardor... So os ulicos Divinos, A sustentar, compassivos, Os pobres mrtires vivos Dos grandes dramas do Amor! ...........................................................................................................................................
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Vasto silncio! Na noite H prenncios de alvorada... Leve brisa perfumada Fala de nova manh... E surge a aurora celeste, Na luz do encanto sublime! E a terra que se redime, Formosa excelsa, lou! Vejo depois, do Infinito, Caravanas gloriosas, A descerem pressurosas, Para o Val reflorescer... H sorrisos e belezas Delicadas harmonias, Nas benditas alegrias Dum divino renascer! *** Eu vi tudo isso num sonho De tintas claras e fortes, Como as da histria que ls... E quando reabri meus olhos, No retorno a esta existncia, Inda escutei a conscincia Que me dizia: - no crs?...
APELO
Amigos: se o Mal soubesse Do Bem os santos fulgores, Se na glria dos Amores
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Pudesse o crime solver-se, No haveria no mundo Coraes ensombrecidos, Cheios de pena e gemidos, A chorar e a malquerer-se! Pudesse o fel da revolta Mudar-se em favo desprana, A noite do dio em bonana, De entendimento e perdo, No mais vereis, por certo, No val das nsias doridas, Dilaceradas feridas Torturando um corao! Mas, que impede, meus amigos, Que o mal em bem se transmude, Que o vcio ceda virtude E a sombra se renda luz? Pois no sentis que vem perto O da em que toda a treva Ver o sol que se eleva Do corao de Jesus? Apressai as alvoradas Desse raiar sublimado! Seja vosso o augusto brado Do incio dum ureo fim! Seja a vossa galhardia, Vossa f profunda e ardente, A clarinada eloqente Do eterno e santo festim!...
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MOCIDADE CRIST
Mocidade crist, ergue-te e luta! Desfaze a treva que constringe o mundo! Ataca o mal famlico e profundo, Acendendo na Terra a Nova Luz! Firma as bases de paz dos Novos Tempos Aos clares do Evangelho Soberano, E arranca a dor do corao humano, Sob as bnos celestes de Jesus! Ergue da F o gldio sacrossanto, Nos campos de batalha da maldade! Socorre a flor virente da Bondade, Fundeando o Direito sobre o Amor! Advoga o Primado da Justia Sobre a fora tirnica e nefasta... Refreia a ignorncia que devasta, Nas vitrias do Bem renovador! Ataca, decidida, a hipocondria Que se instala nas mentes torturadas, Dealbando esplendores de alvoradas Pelas noites do medo secular! Reanima, sustenta, tonifica, Semeando os favores da Esperana, Para que as auroras da Bonana Se derramem dos cus, de par em par! Sopra a chama do nobre idealismo, Que sublima, agiganta, age acrisola... Preserva o Templo, sustentando a Escola, Serve ao progresso, respeitando a Deus!
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Ilumina os caminhos da Cultura, Santifica os flores da Arte divina, Aprende, ajuda, exemplifica, ensina, Palinura de excelsos apogeus! Mocidade crist, no te detenhas Na jornada de glrias que encetastes! Que os tesouros de luz que conquistastes Sejam fontes de paz sempre a jorrar! No descanses na marcha alcandorada Que te leva aos portais da Nova Idade, Mas arrasta contigo a Humanidade, Para os cimos da vida salutar! Se os negrores da Treva ainda resistem, Permanece na luta, a bem do mundo! Enfrenta o mal famlico e profundo, Acendendo na Terra a Nova Luz! Firma as bases de paz dos Novos Tempos Aos clares do Evangelho Soberano E ala o transido corao humano Para os braos abertos de Jesus!
SE VIRES TU ALGUM...
Se vires tu algum, cambaleante e em prantos, Aos ltegos ferais de atrozes desencantos, Fugindo, atormentado, prpria sombra triste, E dor que no se amaina e insnia persiste... Se o vires, com o olhar descrente e doloroso, Contemplando, em ver, o mundo impiedoso...
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Oh, diz-me: que fars? Caminhars frente, Deixando esse infeliz ao tdio absorvente? Ters o corao to ptreo, to disforme, Que nem te abalar essa desgraa enorme? Ah, no! Deter-te-s, por certo, em tua estrada; Fars um estacato amigo na jornada. Talvez no falars. Mas um sorriso calmo, Partindo de teus lbios, generoso e almo, Do msero fantasma noite ensombrecida Um raio levar de espranas e de vida!...
ESTRANHEZAS
Por mais estranho que parea gente, Morre quem vive e quem falece nasce; O tempo simples iluso fugace, O humilde sbio; o sabicho, demente! O Sol um ponto, apenas, do esplendente Concerto sideral imensa face... Pequeno o grande, e o vencedor rapace No passa dum penado delinqente! Mais do que o riso, a dor uma ventura; E tanto mais se felicita e avana, Quanto mais forte o ser e se amargura! Quo mais descer em si, maior altura
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NOUTRO MUNDO
Rompe-se o denso vu das consistncias E surge, mundo a dentro, um novo mundo, Mais estranho, mais rico e mais profundo, Para alm das falazes aparncias... Desenrola-se ento o drama fendo Dos mistrios sutis das conscincias... E, num grande eclodir de efervescncias, Grune a voz dum tumulto furibundo! Coraes que eu amei! Porque velastes, Na tristonha e carnal alegoria, As figuras que outrora apresentastes? Nos arquivos perenes que trazemos, Cada tela da vida surge um dia, E ao rev-la a viver, ns revivemos!
O VERBO
(Joo I: 1 a 5.) No Princpio era o Verbo que encarnava A Vontade de Deus Onipotente. Era o Verbo Amoroso e Resplendente Que as procelas do Cosmo dominava! E o Doce Verbo, que com Deus morava,
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Era a luz que alumina a humana gente... E era-lhe a destra augusta e arquipotente Que a Terra em lavas gneas conformava! No entanto, o Verbo do Primeiro Dia, Luz do Princpio, poderoso e enorme, Desceu do Cu Terra hirta e sombria... Trouxe Novas de Paz e de Alegria! Trouxe Esprana e Amor... E o homem dorme No sono do pecado e da agonia!...
A MORTE
No te amedronte, filha minha, a morte, Que ela qual simples troca de vestido: Damos de mo a um corpo j pudo, Por outro mais esplndido e mais forte. E mais: ela nos abre nova sorte, Melhor que a deste mundo consumido; E nela, o corao juvenescido Pulsa no rumo de mais alto norte. A morte, filha minha, a liberdade! E o vo augusto para a luz divina, Sob as bnos de paz da Eternidade! E bem comeo de uma nova idade: Ante-manh formosa e peregrina Da nossa vera e gr felicidade.
Sob o dlcido olhar paterno do Supremo, O Cristo concluiu da terra a arquitetura, E na Escola do Mundo ps, em miniatura, Os encantos do Cu, com seu amor extremo. Fulgores de ureo Sol, depois de invernos frios, Alvoradas de alvor, aps noites escuras... Crepsculos de calma, plenos de douras, Verbenas a sorrir, engrinaldando estios... Colinas a dormir dos vales no regao, Riachos a cantar sonatas murmurosas... Espumas cor de neve em ondas caprichosas, E lrios a danar das brisas ao compasso... De belezas gracis, esplndidas, suaves, Povoou o Senhor a Grande Casa Humana, Onde o Homem devia, em luta enorme e insana, Atingir do Infinito as majestosas naves! Mas, os povos do Globo, ingratos e maldosos, Na Divina manso fundaram, tresloucados, Os imprios sombrios, duros e malvados, Dos pecados cruis, dos crimes tenebrosos! A perfdia medrou no solo onde a bonana, Em promessas de amor, se abria generosa... E, de den de Paz, em vala torturosa, A Terra se transfez, em ttrica mutana! Foi ento que, na dor de angstias lacerantes, Soluou, no silncio, o peito de Jesus...
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E dos olhos do Mestre, em rios borbulhantes, Saltaram no Infinito lgrimas de luz! *** Foi assim que surgiram, plidas e tristes, A brilhar pelo cu, serenas e trementes, As estrelas sem fim, que pelas noites vistes, Quais lgrimas silentes!
VELADO ARCANO
Nos velados arcanos misteriosos Que guardam do pretrito a lembrana, Eu penetrei curioso qual criana Num palcio de brincos preciosos. Quem fui outrora? Do destino a trana Quem pode desvendar? Ns caprichosos Retinham, retorcidos, vigorosos, Os sigilos que a Histria no alcana. Esforcei-me, suei, perseverante, Mas tive que sustar minha ansiedade, Face do gro mistrio inquietante... Mas depois, bem pensando, na verdade, Que me servira o ver-me delirante Nos brejos da perfdia e da maldade?
A ILUSO DO TEMPO
Tu dizes, meu caro amigo,
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Em descuidada expresso: - Inda cedo, muito cedo. Pra cuidar da redeno... E nesse engano profundo, Na quadra da juventude, Reservas todo o trabalho Pra o tempo da senectude. Mas quando a triste velhice tua porta bater, Tu querers teu trabalho Inutilmente fazer. Por haver desperdiado Tanto tempo e ocasio, Chorars o no ter tempo, E fora, e disposio... E como apenas sementes De vcios e ociosidade Plantaste na tua vinha, S ters enfermidade. , semeia enquanto podes! No gaste o tempo em vo... Nunca cedo, meu amigo, Pra cuidar da redeno!
Nos auges da emoo! O ser a desdobrar-se em prolas ardentes, Em lquidos flores, minsculos e quentes, De alvio e de perdo! Chorar! Poder Chorar! Banhar o saara imenso Do prprio corao por vez deserto extenso Onde no medra flor! Vibrar na sinfonia excelsa e dolorida Que sobe do alade esplndido da vida, Aos ritmos da dor! Chorar! Poder Chorar! Poder (doce alquimia!) Solver em claro orvalho as bagas da agonia, A treva em fulva luz! Dos plagos do ser fazer jorrar, formosos, Mil geysers fecundos, vivos, milagrosos, Em borbotes a flux!... Chorar! Poder chorar, qual chora a natureza Nas tardes hibernais de sombra e de tristeza, De anseio e de pesar! Juntar voz plangente e mgica dos ventos O tom do seu suspiro, o ai dos seus lamentos, A voz do seu penar!... Chorar! Poder chorar ser aventurado! E poder orvalhar o peito excruciado, Banhando o corao! E poder expungir do esprito abatido Os punhais de armargor que o trazem consumido De interna compuno!...
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No entanto, apesar das dores Do peito dilacerado, Dos agrores do meu fado, Dos cardos da senda ultriz, Nem uma gota de pranto Sinto emanar dos meus olhos... Sou como os ptreos abrolhos, Ou qual rochedo infeliz!... Na tortura silenciosa De recnditas batalhas, Tenho cosido mortalhas Para milhes de ideais... E a cada golpe da sorte, Que me apunhala uma esprana, Nem uma lgrima dana, Na angstia dos funerais! Amo o sol dos dias claros, Quando a pino resplandece... Amo a tarde que fenece, A noite, a chuva, o calor... As estrelinhas medrosas Que piscam no azul distante Das madrugadas de alvor.... Tudo, meu Deus, me comove! Tudo me encanta e extasia! Contudo, dor e alegria No enchem todo o meu ser... Sinto que um vcuo profundo Dentro dalma jaz rasgado! H um rio ressecado
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Nos campos do meu viver!... *** Assim falava um mancebo, Na solido duma noite. Das ventanias o aoite No passeava pelo ar. Tudo era calma e silncio, Na paz frienta e sombria... Nem um murmrio se ouvia, Leve, embora, perpassar. Fitando o vasto Universo, Solitrio meditava Nas eras em que choravas, Sem aparente razo... - Porqu? Porqu?... E sualma, Num solilquio profundo, Se internava noutro mundo, De imensa interrogao... *** Cara o vu do sono, dlcido e pesado, Sobre o moo infeliz, tristonho e fatigado; E nas asas azuis dum sonho vaporoso Achou-se num pas estranho e misterioso... Foi um sonho de glrias peregrinas, De mgico fulgor... Pleno de notas claras e divinas,
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De clico esplendor... Era o solo de nvoas esmeraldas, De rtila expresso... Reflorido de ptalas de brumas, Que flanavam, quais levem rseas plumas, meiga virao... O horizonte era vvido poema, Dulessimo e sutil... E o zimbrio, de crulos acentos, Era um manto de etreos filamentos, Bordado dastros mil... De sbito, qual lua humanizada, Ou fada sublimal, Surge do Espao um Anjo de Ternura, Ou deusa sideral! - Viso divina! O bela Ninfa Augusta, Dos olhos de arrebol! S de minhalma a primavera eterna, Da minha noite o sol! Ela afagou-lhe as ondas dos cabelos, E disse-lhe por fim: - Minha saudade tanta e to profunda, Quanto essa dor que o corao te inunda Quando suspiras, meu amor, por mim! Amo-te muito! No rolar dos astros, Julgo rever teus cristalinos rastros, Nas sinfonias oio a tia voz!
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Se o mar suspira eu penso que tu gemes... Se o vento sopra inquiro se tu tremes Sob tormento atroz! Minhalma vive a suplicar ao Cristo Que te proteja e traga aos braos meus! Porque tu vives, meu querido, existo! E meus anseios so irmos dos teus! Sigo-te os passos pelo mundo em fora... Sofro-te as penas, rio-me se ris! s minha esprana, minha santa aurora, E sou ditosa quando ests feliz! trabalha ainda na oficina rude Da terra triste, onde tambm sofri! Conquista as palmas da ideal virtude, Que sempre e sempre hei-se esperar por ti! *** Um baque ligeiro Silncio, vertigem... E o moo desperta Na branda manh. H fortes singultos No peito estuante... Palpite, cantante, Natureza lou! Seus olhos flamejam de orvalho celeste, No pranto fecundo que irrompe, sem vus! Sualma de novo se empolga e reveste Da luz da saudade que emana dos cus!...
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QUANDO ENFIM...
Quando a Dor lacerante e generosa Concluir sua faina remissora, Coroando-te a fronte sofredora Com flores de bondade e de saber... Quando herico e sublime te reergueres Desse vale de angstia em que demoras Dum excelso e divino renascer... Quando as noites tristonhas e aflitivas Se mudarem na paz de claros dias, E teu largo rosrio de agonias Colorir-se de jbilos sem par... Quando as nsias doridas e calcadas Transfizerem-se em pomos de bonana, E ao fim da alameda da Esperana A Ventura nos braos te estreitar... Quando a tez deslumbrada e fulgurante Refletir o fulgor do teu sorriso, E vibrares no doce paraso Conquistados nas lias do dever... Tu vers, meu amigo, com clareza, Que nos dias de sombras da jornada, Nunca foi a tualma abandonada, Como s vezews supes acontecer! Vo contigo, no esforo da subida, Expresses de velhssimos amores,
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Partilhando-te os jbilos e as dores, No silencia das grandes afeies! Percorrendo-te as trilhas hora a hora, Amparando-te os passos, dia-a-dia, Renovando-te as fontes de alegria, Atravs os espinheiros e aflies! Generosos amigos invisveis So os Anjos de Paz do teu caminho... Jardineiros de luz e de carinho, Serviais da renncia por amor! Tutelares sublimes dos teus passos, Guardies da esperana e da amizade Atravs da terrena tempestade, Rumo ptria do clico esplendor! De alma ento comovida e assaz surpresa, Lanars tuas vistas ao passado, E vers, compungido e deslumbrado, Quantas flores pisastes em teu seguir! E aflito, e tristonho, e jubiloso, No arroubo imortal de excelsos cantos, Caras de joelhos, todo em prantos, Ante as benes augustas do porvir!...
EXORTAO JUVENTUDE
Juventude da Terra do Cruzeiro: Se a perfdia do crime troa e clama, Seja o teusherosmo a augusta flama Da feliz rdeno do mundo inteiro! Ergue a fronte viril Jesus te chama!
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Se do mal inda forte o cativeiro Leva sombra infeliz o gro luzeiro Que dos Cus cempiternos se derrama! As colunas do nal se desmantelam... E ao tempo em que a noite mais negreja, Os fulgores do Bem mais se revelam! Luta, pois! E que ao toque dos teus cantos, Fulja o sol da Verdade benfazeja Sobre a Terra das dores e dos prantos!
CONVITE
Em cada triste figura Dum pobre, dum sofredor, Duma alma que geme aflita Sob os escombros da dor, Em cada vulto pequeno Dum rfozinho sem lar, Em cada peito oprimido Que palpita, a soluar, Est de Deus o convite Para que sejas, na Terra, Estrela na noite imensa Que ensombra, profliga e aterra! Est de Deus o convite Para que, como Jesus, Sejas amparo sagrado Dos afilhados da Cruz!
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D, pois, tualma de crente, Teu bom corao cristo, A todos que ao lu padecem, No estertorar da aflio! Sers farol na tormenta, Abrigo na tempestade, Luzeiro na treva aceso, Ameno Sol de bondade! V que belo teu destino: - Ser dispenseiro do bem! Aceita, pois, o convite, E espera as bnos do Alm!
Marujo de escarcus, nos mares da existncia, Vencera procelosas vagas de amargura... Vencera! Mas da lide ingrata, insana e dura, Trouxera desenganos mil por florescncia... Nos lbios um sorriso leve, doce e triste, Dizia dum mistrio romanesco e vivo... E eu perguntei-lhe, ento, por que fundo motivo Na dor mais crucial uma alegria existe... Foi quando no silncio perfumado A sua voz vibrou; E sua histria, dolorosa e bela, O moo desfiou... * - Eu nasci num vilarejo D gente simples e pura; Cresci na doce candura Dos descampados, ao sol... Das rezes sabia as falas, No tinha penas nem medos, De mgoas no tinha rol... Mas um dia vi dois olhos Luzidios, fulgurantes... Eram dois astros brilhantes, De irrequieta expresso... Olhos negros que falavam De mistrios peregrinos... Dois demnios pequeninos De graa e d seduo!...
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Meus sonhares de criana Perderam seus tons de outrora... Eu era apenas, agora, Uma alma que pede amor... Mas as pupilas formosas, No seu fulgir inconstante, Nem por um rpido instante Pousaram na minha dor!... Fui, depois, em fundos prantos, Para um exlio penoso. Era o fado misterioso Que me impelia? Talvez... Mas, no noturno das nsias Que o corao flagelavam, Somente espectros danavam, Numa ironia soez!... Contudo, quando as tormentas, No seu clmax impiedoso, J o um ser desditoso Cravavam seus mil punhais, Um novo arrebol de luzes Surgiu-me da noite ingrata, Qual dulurosa cascata De eflvios celestiais! Uns olhos verdes e claros Contemplavam-me, suaves, Com modos doces e graves, Numa tez de santo alvor...
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Falou-me voz maviosa, Duma anglica meiguice... To doce, qual se partisse De Algum Nirvana de Amor! Os outros olhos que eu vira Eram negros e vivazes... Eram belos, mas falazes, Encantadores, mas vis... Estes, porm, eram doces, De terna melancolia, Plenos da excelsa harmonia Dos sentimentos sutis!... De corao renovado Remocei-me para a vida... Minhalma, j ressurgida, De novo refloresceu... Mas, insensato fascnio! Em minha noite estrelada, Uma viso j passada Outra vez resplandeceu!... Aqueles olhos brejeiros, Aqueles astros mornos, Os dois demnios pequenos Do meu antigo viver, Vararam-me o peito incauto, No incndio voraz e ardente Duma paixo fervescente, Que vi, louca, rearder! ***
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Quando acordei do delrio, Os olhos negros choravam... Cansados, no mais brilhavam Na primitiva expresso... Fora tudo fantasia De dolorosos enganos... Restava o correr dos anos Na dor da desiluso! No entanto, existem dois olhos Que ao longe eu contemplo, triste... Neles vejo que existe Uma mensagem de luz... A sua cor de esmeralda Fala de doce esperana Num futuro de bonana, No reinado de Jesus... *** Quando ele terminou, as lgrimas celestes J quase no brilhavam mais pelo infinito... E, beijando as montanhas altas de granito, O Sol j sacudia as fulgurosas vestes...
RENOVAO
Filho meu, se do erro te alevantas Empolgado por nobres sentimentos, E tomado por altos pensamentos Reajustas antigas decises,
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No te vexes de amargura conjeturas, Qual se foras na lia abandonado, Pois o bem reavido e renovado sementeira de refloraes. A noite negra se dilui na aurora, O orvalho amigo retempera a terra, E o bem redime sempre a alma que erra, Renovando-lhe as flamas do ideal. Olvida, pois as sombras j vencidas, Na alvorada feliz de outras porfias. H sempre das sucedendo aos dias, E bens que nascem quando cessa um mal. Levanta o prprio corao e segue! A vida mesmo ingente aprendizado, Onde o aluno, por vez desavisado, Tem sempre ensanchas de recomear... No te abata, portanto, algum fracasso, Colhido por viglias descuidosas. O espinho quase sempre indica rosas, E o erro ajuda, s vezes, acertar. O preciso seguir, de alma sincera, No trabalho do bem que nos convoca A mentira campeia, o mal sufoca, E mister acender alguma luz. Fracos ou fortes, tristes ou felizes, De sade precria ou bem dispostos, Precisamos guardar os nossos postos, Leias soldados do Senhor Jesus!
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SEGUE, IRMO!
Vive o Bem, ama a Luz, segue o Direito, Ajuda e serve, marcha firma avante, Pois somente na vida triunfante Quem no guarda rancores no seu peito! Teu dever cumpre sempre sem defeito, E se a dor visitar-te, lacerante, Pensa as chagas e avana, confiante, Apesar do sendal tortuoso e estreito... No te abata a pedrada do sarcasmo, Nem consiga o sorriso da ironia Desfazer-te o calor do entusiasmo! Segue, irmo, sem mais dvida ou temores, Que da noite de pena e da agonia Que h-de abrir-se uma aurora de esplendores!....
LGRIMAS E RISOS
Foi um pas de seres luminosos - Aves humanas que plainavam no ar Que vislumbre os quadros majestosos Que vos vou contar: Era uma noite formosa, Como as noites da amplido... Havia calma e doura Nos diamantes da altura, E havia aromas no cho...
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Mas a feliz alegria Das outras noites festivas, Naquela noite no vi. Uma serena tristeza, Embalando a Natureza, Naquelas horas senti. Por que motivo profundo Naquele plano de graas Plainavam tons de langor? Era, talvez, de saudade A doce melancolia? Ou era o cu que sofria, Dos homens medindo a dor? Sbito, viram, meus olhos, Numa cena inesperada, Luzidia expedio: Centenas de lindos seres, De luminosas figuras, A descerem, das alturas, No rumo do trreo cho! Acompanhei, curioso, A romaria celeste, At a crosta do val. Ouvi as preces formosas Que os arcanjos entoaram... Vi que lgrimas brilharam, De comoo sublimal... Abraos de claro afeto, Meigos votos generosos,
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E ternas consolaes... Esperanas e saudades, Doridas felicidades, Singultos de coraes... *** Mas, na Terra, era outro o quadro: Flores, festejo, alegria, Parabns, bonana e luz... Nascera linda criana! Havia gudio, folgana, Havia risos a flux!... *** Fitei a noite. Era bela, Como so todas as noites Nas plagas celestiais... A mesma calma doura Nos diamantes da altura... Os mesmos tons siderais!
ORAO
A Diamantino S
Pai querido: as nossas almas, Que recebeste por filhas, Conduzindo-as pelas trilhas Da paz e da redeno, Hoje, unidas, agradecem, Com ternura e com saudade,
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A sempiterna bondade Do teu nobre corao. Teu exemplo luminoso No restar infecundo: Os desenganos do mundo J no nos colhem sem luz; Tuas lies amorosas Deram-nos crenas e certeza Na divina Realeza Do Eterno Mestre da Cruz! Venceste galhardamente A lia herica e bravia Tua vida foi um dia De sol, trabalho e valor... justo, pois, que recebas, Na dose Ptria da Vida, A gratido comovida Dos filhos do teu amor! Esta Casa abenoada, De luzes e reconforto, Ser sempre augusto porto De confiana e carinho! Um refgio doce e ameno, Sempre aberto ao sol da crena... Uma luz na noite imensa Dos sem-teto e dos sem-ninho! Descansa, paizinho amado, Que a tua jornada ganha! O sol da glria te banha
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A fronte augusta e viril! A mocidade que amaste, Erguida e j pronta luta, Viver nobre e impoluta, Neste querido Brasil!
ALMA PENADA
Caiu a noite. Nas sombras Soluam gnios plangentes... Quem carpe dores pungentes No silncio da amplido? Ningum responde, mas sobe, Uma voz angustiada, De dolorosa expresso: - Ouve, amigo, o eco tristonho Dos ais que a morte no cala! Nos prantos de quem te fala Vai um aviso, um clamor... Sou duende desgraado Das falsas glrias do mundo... Sou viso dum mal profundo, Que emerge dum mar de dor!... Vivi na plaga em que vives, No desdoiro e no pecado. Fui um tito desvairado Do gozo e da felonia... Ludibriei mil ouvidos, Enganei piedosos olhos, Enchi a Terra de escolhos,
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E a vida, de fancaria! Na vertigem da loucura Cultivei muitos enganos Durante dezenas de anos Divorciei-me do Bem; Elevei-me, pressuroso, Nas galerias da fama, No fui sincero a ningum!... Um dia, a clava da morte Cortou-me a vil existncia, E da negra conscincia Via face aterradora... Sombras, mgoas aflitivas, Perseguies tenebrosas! E as tormentas dolorosas Da sombra consumidora!... Deixei na memria humana Tradies de honra mentida... Mas nos portais da outra vida Sou criminoso infeliz! Sofro e choro a mgoa insana Dum viver de celerado. Tem, pois, amigo, cuidado, Por no fazer o que eu fiz!... Se o erro pode, na Terra, Passar impune e oprimente, Alm da morte, patente Todo segredo do ser! Ningum ilude a justia
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Dos tribunais Soberanos, Que ale dos palcos humanos Tudo podem perceber!... *** Calou-se o gnio. Nas sombras O silncio soluava... A noite mais se embuava Nas silentes vastides... Em pesada nostalgia Tudo pairava quedado... Era o pavor do pecado, No pranto das compunes!...
AGE, IRMO!
Meu amigo, tu que dizes Viver vergado ao trabalho, Que amaldioas o malho Da terrena construo, J pensaste, por acaso, Na atividade Divina Que vivifica e ilumina Dos mundos a aluvio? J meditaste, com calma, No turbilho de afazeres Desses milhares de Seres Que regem orbes no Alm? No movimento constante Dos Anjos da Imensidade? Na eterna operosidade
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Da Fonte Eterna do Bem? Olha as rvores dos boques! Os insetos, as formigas... bem possvel que sigas Sem prestar-lhes ateno... Mas, sabes que cada planta, Cada bichinho franzino, Tem descansado o destino De Jesus no corao? Donde vem a cota amiga Do teu po de cada dia? No advm da energia De algum que por ti suou? E a prpria roupa que vestes? O sapato defensivo? Teus prprio corpo, to vivo, No foi outrem quem plasmou? Meu amigo, nunca digas Ter excessivo trabalho... No descubras espantalho Na bno de produzir! Age! Opera! Ajuda! Serve! No sejas ornato intil, Se quiseres produzir! No lugar a oficina Para passeio ou repouso... E a Terra no gozo Uma plcida manso! V que no sejas, amigo,
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A DOR
Na abenoada oficina Das orbes da Imensidade, Sob a eterna claridade Do Amor imenso de Deus, A dor esculpe, operosa, Na experincia e nas lutas, As virtudes impolutas Dos afilhados dos Cus! Racha as pedras do egosmo! Quebra as facetas do orgulho! Das gangas de horrendo entulho Retira os ouros do Bem... Lima, lixa, pule, alveja, Aperfeioa, refina... Lustra, embeleza, ilumina, Para os fulgores do Am! Seus golpes ferem, sacodem As rochas da iniqidade... Mas os cristais da Bondade Se espelham de luz e Sol! Faz jorrar prantos amargos, Desmorona fantasias... Porm traz as alegrias De eterno e santo arrebol!
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Foge o filho pervertido Do albergue do Amor Divino? Transforma em triste destino O arbtrio livre e sagrado? Vai a dor, serena e amiga, Fala-lhe a ss, com carinho, E o filho torna ao caminho Do Solar abandonado! Como criana inexperta Algum corao fraqueja? Nas chamas do erro deseja Incendiar-se, rearder? A dor o envolve nos mantos Da experincia preciosa, E logo essalma, ditosa, Busca altanar-se, ascender... Que mal h que a Dor no vena, Ou sombra que no desfaa? Modeladora da Graa, Quem lhe pode resistir? Em suas mos generosas Repousa a nossa esperana,m Ante a viso de bonana Dos milnios do povir!
A UM CORAO
Querida irm: nossa vida Pode ser de dor sulcada. Pode ensombrar-se na estrada Nosso humano corao...
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Mas se tivermos guardada A doce luz da esperana, Veremos vir a bonana, Na aurora da Redeno! Se sofres, levanta os olhos Rumo aos clares do futuro... Surge o lrio no monturo, A noite se estrela em luz! O mal em bem se transforma, Os prantos em doces risos, O inferno em mil parasos De glrias e paz a flux! Cr e segue! No te abatas, Inda que a pena te fira! No h peito que suspira Que no volva a se alegrar. E todo fel, toda agrura, Todo tormento inquietante, Ser semente triunfante Dum sublime despertar! A mais terrvel procela Transfaz-se em calma divina... Das mgoas a mais ferina, Dissolve-se em paz e amor... A noite mais fria e longa Termina numa alvorada... A terra mais torturada Produz as graas da flor! A poda gera beleza,
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O cinzel modela encantos... A angstia dos desencantos Sublima o nosso sentir! Se teu ontem fez teu hoje De sombras tristes e feras, Forja agora as primaveras Dum glorioso porvir! Descerra os lbios crispados Num sorriso doce e ameno... Fita o cu, de olhar sereno, Enxuga os prantos, irm! Olha: as trevas j se toucam Dalguns leves tons de alvores... Mas um pouco... e entre fulgores H-de esplender a manh!...
CELINHA
Minha irm: ergue teus olhos Para a luz do firmamento... Levanta teu pensamento Para as paisagens da Luz, E vers, de nimo forte, Que o cu te abenoa a vida, Embora a pena insofrida Que emana da tua cruz! Minha mana muito amada, No te entregues tristeza! V! Tambm a natureza Tem dias de luto e dor... Mas a doce primavera
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Sempre surge aps o inverno... o reflorir sempre eterno Das renascenas do amor! H quadras tristes de outono Nas sendas por que seguimos... Por vezes at sentimos Que no nos vale existir! Mas novo dia desponta, Dissipando o nevoeiro... E o corao pulsa inteiro, Na anteviso do porvir! Tua jornada fulgente Ainda jaz no comeo... O teu HOJE o alto preo Do teu risonho AMANH! Reergue a luz da esperana E aclara os trilhos da estrada! Quero ver-te, irm amada, Vitoriosa, lou! Tualma celeste escrnio De jias maravilhosas... Faze-as brilhar, dadivosas, No engaste do eterno bem! E um dia vers, querida, Que paraso esplendente Te acolher docemente Nas harmonias do Alm!
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MOCIDADE
Diz o lirismo dos vates Que mocidade poesia... E eu acrescento: - alegria, Fora, potncia, vigor... Capacidade sublime De erguer um mundo diverso, Onde a vida seja um verso De paz, de luz e de amor! A mocidade na carne, Quando cheia de verdade, farol na tempestade, Estrela na noite ultriz! Flor de esperana e bondade Erguida no val terreno, Rumo ao destino supremo Para um futuro feliz! A Mocidade do Cristo expresso de beleza, Tocada da realeza Dos ideais salvadores! alavanca sublime Duma era nova e ditosa, Que h-de surgir, gloriosa, Do caos da treva e das dores! A mocidade, portanto, No pode mais esquecer-se Nesse constante perde-se Da inconscincia servil... Que, pois, se levante e sirva,
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O ESPECTRO
Ontem desci, levado em torvelinhos, Aos plagos do mal... Nos tenebrosos vales da desgraa, Em rudo infernal Jazia a turba-multa de infelizes, Em lgrimas ultrizes... Cachoeiras de dor, sarcasmo e horrores, Vomitavam pavores... Era um mar d soluos e gemidos, Blasfmias e rugidos! Demnios? Quem vibrava gargalhadas, Rouquenhas e malvadas? Espectros? Gnios maus? Viles da lenda Em convulso tremenda? S sei que vi, em lgrimas perdida, Uma viso querida... Fora um sonho de luz, formoso e intenso, Laado agora num monturo imenso De lama apodrecida! Era ela que eu via em meus olhares De moo adolescente, Toda ornada de ricos atavios, Fascinadora e ardente!
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Era ela, eu bem via! Mas, ainda Temendo uma iluso, Perguntei-lhe, piedoso, pelo nome, E ela, na dor que o corao consome, Disse gemendo: - o mundo me conhece... Eu sou a voz da carne que apetece... Sua a Luxria, irmo!...
SEGUE AINDA...
Eu ouvi, meu amigo, os teus suspiros, Recolhi teus soluos e teus prantos, E, juntando um a um teus desencantos, Arquivei-os nos imos do meu Ser... Essas bagas de pranto que hoje choras Transformadas em flores, nas auroras Dum sublime e feliz alborecer! Eu, que guardo um a um teus passos tristes, No carreiro das lias remissoras... Eu, que sigo as tormentas redentoras Que se esbatem no cais do teu sentir... Eu, que choro na lgrima que vertes, Que sorrio na luz do teu sorriso, Pelas sendas que pisas tambm piso, Nas eternas romagens do existir! Segue, pois! Inda mesmo que no vejas Os fulgores do termo do caminho! Em tua marcha tu no vais sozinho, Ao desamparo de ternura e amor... Segue contigo coraes abados, De jornadas j idas e vividas...
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Tua vida se liga a muitas vidas... Muitas dores partilham tua dor! Segue ainda! No tarda a madrugada! A manh j desponta no Oriente... Embala a tua marcha para a frente, Domina a mgoa, vence o temporal! Finda a noite aflitiva e tormentosa, Brilhar uma aurora indefinvel, Nas alturas de paz imarcescvel Da suprema ventura celestial!
MINHALMA
Alma que vens de longe, soluando, Rindo e cantando anseios infinitos... Sustm teus gritos e modera o canto, Deixando o pranto triste dos proscritos! Esquece as velhas aflies sombrias! As agonias que no tm razo... Deixa a iluso que punge e que magoa, E alegre entoa o canto do perdo! Olvida as nsias do egosmo estreito! Abre teu peito imorredoira luz! Abraa a cruz das terrenais agruras, Como venturas que te d Jesus! No te rebeles nas tormentas dalma! Descansa em calma o corao, em paz... Que o cu se faz do amor que renuncia, E da alegria que a bondade traz!
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No te recolhas no despeito egosta! Alma de artista expande-te e sorri! E frenesi constante a Natureza! Canta a beleza que floresce em ti! Alma que vens de longe, soluando, Segue, guardando o corao em paz! Que o bem se faz do amor que renuncia, E da alegria que a bondade traz!
AO MESTRE
Meu Jesus, se o peito exausto, De angstia e mgoa se oprime, No emergir do mar do crime Para as venturas do amor, Ampara a luz inda incerta, Por entre a negra procela Das ventanias do horror! Ajuda, Senhor querido, O dealbar da esperana, Que nos promete a bonana Da paz augusta e lou! Que nossos pobres esforos, Nossos sonhos, nossos prantos, Se aureolem dos encantos De um doce e claro amanh! Oh, defende, Mestre Amado, Os nossos passos incertos, Meio aos terrveis desertos
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Da maldade e das paixes! Sustenta os raios trementes Das nossas virtudes pobres, Para que, fortes e nobres, Ergamos-te os coraes! Na angsutia dos testemunhos, S nossa escora divina, Pois nossalma se amofina Nos transes da prova ultriz! S o alicerce bendito As nossa crena sagrada! S nosso bordo na estreda Do reerguimento feliz! O Senhor! Tu s, na vida, O nosso grande aliado! S, pois, bendito e louvado, Sublime Libertador! Rocha das almas! Esteio Dos sculos incessantes! Rei das Potncias Triunfantes! Anjo de Deus! Luz do Amor!
ANTE O ALM
Oh, que saudades infindas Das plagas doces e lindas Dos claros orbes do Alm! Das divinas harmonias, Das celestes alegrias Da paz, da luz e do bem!
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, meu Senhor! quem pudera, Numa nova primavera, Rever as praias do Cu, Que felicita e redime, Se expande sem dor, sem vu! Amar de peito liberto, Sentindo de vivo e perto A gloriada plena luz! Cantar e sorrir ditoso, No coro de excelso gozo Das ilaes de Jesus! O minhalma, no lastimes! A pena em que te comprimes E a senda que l vai dar! Ampara, serve e caminha, Pois a aurora se avizinha Dos campos o Trreo Lar!
DESTINO
No corao da serra h borbulhos de fontes. Sorri contente a luz nos claros horizontes E cantam na alma humana, os harpejos do amor... O cu flameja ao sol, e as flores delicadas Perfumam de afeio vrzeas orvalhadas, Na glria universal da vida e do esplendor. S tu choras, irmo, em teu carpir dorido! Porque levas assim o peito compugindo, Guardando a noite nalma e o fel no corao? Eu sei! Algo cruel te agasta e infelicita: Um travo de amargor, de pena e de desdita
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Semeia a tristeza a tua solido... A festa da Natura, a festa gloriosa, E estranha ao teu sentir... Na marcha dolorosa, Ascendes solitrio ao glgota infeliz... Se volta dos teus p esplende e canta a vida, Nos imos do teu ser descerra-se a ferida Que sangra de absconsa e rota cicatriz! Por isso, embora fulja a luz por todo o mundo, Tu cismas, meu irmo, passeando o olhar profundo Pelas galas do cu que doira o azul do mar... E as espumas de neve, as espumas brilhantes, So lgrimas, talvez de gnios pranteantes, Que vm, aos prantos teus, seus prantos ajuntar... Entanto, amigo meu, as noites consteladas Desdobram pelo alm as lcidas moradas Que aguardam no futuro a paz do teu sentir... E o fulvo amanhecer, esplndido e sublime, Retrata o corao que a grande dor redime, No prtico ideal da glria do porvir!
MISTRIOS
Um dia nascemos: nos olhos infantes, Brilhantes de luz, Ignoto mistrio, velado e profundo, Fulgura e transluz... E a chama da vida que nalma crepita Do infante ao nascer... A chama sagrada que brada, que grita,
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Que manda crescer! * Um dia partimos: nos olhos parados, De estranhos fulgor, H um resto de chama que vela o mistrio Da vida e da dor... E o tnue reflexo da luz j transposta Pra as plagas do Alm... O doce reflexo dos fundos arcanos Que a Morte retm...
FONTE INTERNA
Nossa vida um campo aberto. Nosso corao uma fonte. Bezerra de Menezes. Nossa vida um campo aberto, Por onde passam milhes: Fortes, fracos, ricos, pobres, Belos, feios, parias, nobres, Profetas, doutos, viles... Muitos deles vo pressa, Vo outros devagarinho... Uns sorrindo, outros chorando, Mas vo todos precisando De incentivo e de carinho... Vo famintos de amizade, Sedentos de entendimento,
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Cansados da luta rude Pela posse da virtude Na luz do conhecimento... Por isso param, mui vezes, tua frente, por ver Se na fonte de tualma Podero, de esprana e calma, Felizes, se abastecer.... Pois h no peito uma fonte Que chama corao, De guas vis ou cristalinas, Tristes, letais, ou divinas, Para cada ser irmo; Pode ser fonte de orgulho, De dor, de angstia, de pranto... De amor, de luz, de bondade, De paz, de sublimidade, Ou de fundo desencanto... Pode ser fonte de bnos, Manancial de alegrias... E pode,se tu quiseres. Ser vala de misereres. Ou cipoal de agonias...
ESCUTA!
Escuta, meu irmo: a caminhada humana, Se cheia de varais, espinhos, dissabores, E gentil limiar de luzes e esplendores,
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E no lide falaz, que cansa e desengana. Nem Deus, nem Anjo algum se felicita e ufana Por ver, seja quem for, no pego dos horrores; Mas se a dor salutar redime os pecadores, Ento, de o ver subir, o Alto se engalana. No o seja o teu falar, portanto, o do irritado Ante a glria do Cu, que silencia, calmo, Face, s vezes, da cruz dalgum terrvel fado... A Suprema Bondade sbia, tanto justa, E o bem mais sublimal, o mais augusto e almo, E aquele que mais pena e mais tormentos custa.
SOLIDO
s triste... Eu bem o sei! Tualma arde sedenta, falta desse sol de todos os viventes! Daquilo que fecunda o seio das sementes, Da seiva de que todo a vida se alimenta! Sentes sede de amor... Do amor que nutre e alenta, Que orvalha e que mitiga os areias ardentes... E, de alma aberta em flor, desesperada sentes A frgida nudez duma invernada lenta! Mas, olha, minha irm quanta tristeza mora Nessa faces sem luz, onde a desgraa chora A pena erma e cruel duma aflio feraz! Quanta gente a morrer sem um afeto amigo, Quanta gente capaz de achar o amor contigo,
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VAMOS!
O moos, se a claridade Da Nova Aurora fecunda De claros raios j inunda O solo de Santa Cruz, No esperemos quedados Que amanhea o Novo Dia... Busquemos com alegria O triunfo de Jesus! Coisa alguma valiosa Se consegue sem trabalho, Sem picareta, sem malho, Sem arado ou sem formo... Sem esforo vigilante, Sem vontade produtiva, Sema fora pronta e viva Do brao e do corao!... O reino da Luz Divina Sem custo no se levanta. Mas aquele que planta Tem direito a recolher... Lancemos, pois, batalha Nossa energia vibrante, Para que o Bem triunfante Possa na terra viver!... A dor suplica enfermeiros, Pede a criana instrutores,
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A sombra roga os fulgores Da f da esprana, do amor... Em toda a parte do mundo Os mister reclama obreiros. E h poucos seareiros Nos campos do Bom Senhor! A crena que no opera E sol que no irradia... Smente o Bem que porfia E potncia que produz! Vamos, portanto, almas moas, lia divina e santa, Que j nos cus se levanta A aurora da Eterna Luz!...
SENHOR:
Da que venamos a fraqueza imensa Da carne veladora e transitria, E que fulgure, em dadivosa glria, O marco da esperana, ao sol da crena! Se a batalha cruel e a sombra imensa, Se dos pecados vultosa a escria, Que no se apague, taciturna e inglria, Do amor a chama, sob a noite extensa! Amparai-nos os nobres sentimentos, Coroando de paz e de servio Nossos pobres e justos sofrimentos! E que a flor da esperana e da alegria Desabroche em perene e excelso vio,
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FRENTE, MOOS!
A Sombra taca Lutemos! A Treva avana Marchemos Para os passos barrar! O Mal brameja Cantemos! O crime grune Preguemos A glria de no pecar! mocidade,se a guerra Do Bem contra o Mal, na Terra, E gigantesca e sem d, Reergamos a Honra insultada, E a nobre crena esmagada Da ignomnia no p! O Espiritismo Luzeiro Que h-de um dia o mundo inteiro Esclarecer, redimir... Espalhemos seus fulgores, Preparando os esplendores Das alvoradas a vir! Estudemos a Doutrina, Bela, santa, peregrina, Libertadora, ideal! No haja, aps nossos passos, Dos genidos os compassos Dos erros o n fatal! Quebremos as mil correntes
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Dos dogmatismos ferventes, Insidiosos e vis! Pelo rdio, pela imprensa, Disseminemos da Crena As clarinadas viris! Pelas praas, pelos lares, Pelos floridos solares, Da natureza na luz, Por toda parte levemos O mandamento do Amemos!, A palavra de Jesus! O mundo sofre e poreja... O mundo geme e fraqueja, falta do Sol do Amor Faamos a luz para o mundo! Luz sobre o abismo profundo Da angstia, do fel, da dor! A sombra ataca? Lutemos! A Treva avana? Marchemos Para os seus passos barrar! Com Jesus-Cristo em nossalma, Da vitria a augusta palma Havemos de conquistar!
AVANTE!
Meus amigos, se a tormenta Enuviando horizontes, Da alegria tolda as fontes, Trazendo prantos de dor,
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Lembremos o Cristo excelso, No glorioso martrio, E ergamos de crena o lrio, Nos vales do nosso agror! A borrasca breve passa, Como passa a noite escura... Depois dela brilha alvura Da madrugada lou... Se a sombra campeia agora Nas telas do nosso sonho, Ser formoso e risonho O despontar do amanh! No descreiamos vencidos! No recuemos na lia! Se a fora do mal atia Desenganos e sofrer, O Arcano Celeste apresta As legies portentosas, Para as vitrias gloriosas Dos que sabem combater! A esperana, irm da aurora, E chama de sol eterno, Que tanto brilha no inverno, Quanto fulge no vero! Avante! Sus! No temamos! Para o Alto! Sempre frente! Jesus Mestre Potente! Tende f nos que viro!
CAMINHEMOS!
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Dantes dizia um triste algum a algum mais triste: - V que gente infeliz a que na Terra existe! Sofre toda a existncia, chora, sonha e lida, Para ao nada volver, quando lhe finda a vida! Hoje diz esse algum a algum que esculta: - No v, sobre a Terra, a mnima labuta! luz do Espiritismo agora compreendemos Que no eterno viver plantamos e colhemos! Que a vida se renova em cenrios diversos, E que alm do universo h outros universos... Que para l da morte a vida refloresce, E a memria do tempo coisa alguma equece... Hoje sabemos ns que uma Justia existe, qual erro nenhum se eclipsa ou resiste; Que provimos de Deus e pra Deus volvemos: Alegremo-nos pois! frente! Caminhemos!
SIGAMOS
Ergue-te e cr! Se a dor vibra, fremente, Sua clava impiedosa e contundente, E mister resistir! Temos nalma uma fora inexaurvel, Que a luz duma crena imperecvel: Marchemos ao porvir! Nem sempre a treva, desolada e aflita, Torturar nossalma que se agita,
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Ferindo-a sem pesar... O bem anula o mal, e a luz triunfante Surge sempre da noite agonizante, E o Sol volve a brilhar! Toda a mgoa que punge e abate agora, Prepara o ser para a celeste aurora De mais alto viver... E preciso smente que, na luta, Guardemos nossa f nobre e impoluta, Seguindo a combater!
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