Recensão Crítica: "The Outsiders" Howard Becker
Recensão Crítica: "The Outsiders" Howard Becker
Recensão Crítica: "The Outsiders" Howard Becker
1º ANO | 2º SEMESTRE
1º ANO | 2º SEMESTRE
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ÍNDICE
Introdução................................................................................................................................... 3
Conclusão ................................................................................................................................... 9
Anexos ...................................................................................................................................... 10
1. Artigo de jornal....................................................................................................... 11
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INTRODUÇÃO
EXPLANAÇÃO CONCEPTUAL
Howard Becker começa o capítulo III com a premissa de que o uso da marijuana apenas
se torna contínuo quando é tido como um ato de prazer. Isto porque, do ponto de vista aditivo,
a marijuana não tem substâncias que causem dependência. Então, o autor expõe-nos à carreira
do usuário que será o processo de aprendizagem que levará um usuário a levar adiante o seu
consumo enquanto iniciante.
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um reconhecimento dos efeitos a pessoa irá perder o interesse pela droga, cessando o seu
consumo.
A última fase acontece quando há o novo usuário de marijuana aprende a gostar dos
seus efeitos. Consequências do consumo de marijuana são tidas casualmente como algo
desagradável e pouco desejável, como a perda da noção de tempo e espaço, sendo assim um
entrave ao consumo contínuo. Portanto, terá de existir uma redefinição destes efeitos para
passarem a ser prazerosos e agradáveis, que vai permitir a superação deste processo, levando o
iniciante a passar a ser um usuário mais experiente. São principalmente os connaisseurs (grupos
de amigos mais experientes no consumo da marijuana), termo usado por Becker, que
possibilitam esta redefinição, mas ela pode acontecer em vários contextos diferentes.
O fornecimento de marijuana pode ser um controlo social porque esta não se encontra
acessível a todas as pessoas. Sendo de difícil acesso, o iniciante terá de estar integrado num
grupo que sirva de intermédio e possibilite esse fornecimento e que esteja assente em valores
contrários aos das normas societais. “A pessoa usa a droga quando está com outras que têm um
fornecimento; quando esse não é o caso, o uso cessa. Ela tende, portanto, a flutuar em termos
das condições de disponibilidade criadas por sua interação com outros usuários.” (Becker, 1963,
p. 72). Então, para se tornar num consumidor regular, deverá encontrar outra forma de se
abastecer e que seja mais estável, criando ligações com pessoas que traficam narcóticos.
No entanto, mesmo quando o iniciante já tem uma fonte direta e estável de fornecimento,
essa fonte pode ser boicotada, isto é, sendo uma atividade ilegal e perigosa, o traficante de
narcóticos poderá ser preso ou desaparecer. Este acontecimento não é raro e obriga a uma
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repetição do processo de arranjar uma nova fonte de fornecimento. Isto cria instabilidade no
seu consumo de marijuana, favorecendo o controlo social que lhe é imposto.
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Logo depois, o autor introduz-nos à ‘teoria’ psiquiátrica popular, que também afeta o
consumo de marijuana e, por isso, também é um controlo social. Esta teoria, defendida por
alguns usuários de marijuana, diz que o uso de drogas na mesma quantidade e frequência que
eles usam está associado a transtornos e desequilíbrios psíquicos. Assim, o uso da droga torna-
se um sinal de fraqueza moral e psíquica, enfraquecendo o uso regular.
Para concluir, Becker defende que “(…) uma pessoa se sentirá livre para usar maconha
à medida que passe a considerar as conceções convencionais sobre ela como as ideias mal
fundamentadas de outsiders e as substitua pela visão ‘inside’ que adquiriu por meio de sua
experiência com a droga na companhia de outros usuários.” (Becker, 1963, p. 87).
No capítulo V, o autor dá-nos o exemplo dos músicos das casas noturnas, que são
considerados outsiders devido à extravagância do seu modo de vida, mesmo quando a sua
atividade é completamente legal.
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A comercialização forçada do seu trabalho provoca um conflito interno nos músicos,
que enfrentam um dilema entre o desejo de dar à sua música um significado íntimo e de
autoexpressão e a ‘necessidade’ de ceder às preferências dos ‘quadrados’, com o objetivo de
poder obter estabilidade financeira. Quem não ceder aos ‘quadrados’ acabará por cair no
isolamento e auto-segregação, último tópico do capítulo.
Para proteção da sua música, os músicos ir-se-ão afastar do seu público devido ao receio
que sentem em relação aos ‘quadrados’. Este afastamento do seu público e das ‘pessoas
convencionais’ irá provocar a entrada numa espiral de medo, onde cada vez mais serão
rotulados como outsiders e desviantes. Como exemplo disto mesmo, Becker dá-nos a conhecer
o grupo de jazzmen, X Avenue Boys. Este grupo é um grande opositor à música comercial e ao
estilo de vida dos ‘quadrados’. Então, os X Avenue Boys sempre tocaram em locais específicos
onde conviviam apenas com pessoas no mesmo círculo social, sendo um bom exemplo da auto-
segregação e do isolamento a que são sujeitos como medida de autoproteção.
CONFRONTO CRÍTICO
Ao longo destes três capítulos vemos uma perspetiva beckeriana sobre grupos
desviantes que fogem das normas da sociedade, principalmente os consumidores de marijuana.
Esta obra, embora tenha muitos pontos fortes como, por exemplo, demonstrar na prática, através
de entrevistas, tudo o que autor teoriza, apresenta também algumas falhas.
Ao estudarmos Karl Marx conhecemos a sua teoria das classes sociais. Esta teoria,
resumidamente, diz que a sociedade contemporânea, marcada pelo capitalismo, é uma
sociedade de classes. Ou seja, existem duas grandes classes distintas, a dos dominadores e a
dos dominados – burguesia e proletariado, respetivamente. Estas classes são determinadas
principalmente pela condição económica, isto é, quem detém e quem não detém os meios de
produção. A partir do materialismo-histórico, sabemos que quem controla a base, ou
infraestrutura, também terá o poder e o controlo da superestrutura. Então, é possível afirmar
que a nossa condição económica, ou seja, a nossa classe, irá determinar toda a nossa vida. O
sistema de classes oprime uns e facilita outros, portanto as nossas experiências e vivências serão
todas influenciadas pela nossa classe – não só a nível financeiro como também a nível social.
Howard Becker erra ao não levar em conta isto mesmo, a questão da classe. Por
exemplo, no capítulo III o autor descreve o caminho que um não-usuário terá de percorrer até
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ser considerado um consumidor rotineiro e experiente de marijuana. Fala de três fases do
processo de aprendizagem mas não tem em conta se o novo usuário terá capacidades financeiras
para poder continuar o seu uso, mesmo que tenha aprendido a dominar a técnica e a reconhecer
os efeitos e tenha completado a redefinição dos mesmos.
Ainda nesta linha de pensamento, nós sabemos que certos grupos sociais são
extremamente marginalizados devido apenas à sua posição social. Desde cedo que lhes é
incutido que devem fazer certas coisas só porque vivem num certo bairro ou porque são de
determinada família. Assim sendo, isto poderá influenciar o seu consumo de marijuana. É
óbvio, do ponto de vista financeiro, que as classes mais altas terão uma melhor condição para
o consumo regular de marijuana, no entanto, as classes mais baixas são as mais afetadas. A
marginalização que vivem é um entrave, por exemplo, a conseguirem ou não um emprego. Isso
terá repercussões a nível social porque, como já sabemos, o desemprego é um dos fatores que
pode aumentar o nível de exclusão social. Esta exclusão social levará os indivíduos para os
‘maus caminhos’ que se começam a tornar numa bola-de-neve, cada vez maior e mais difícil de
contornar.
Já o capítulo V trata do grupo desviante dos músicos das casas noturnas. Neste capítulo,
Becker foca, numa das suas partes, um ponto muito importante e fulcral que preocupa à
comercialização quase forçada que muitos músicos sentem no processo de criação artística. No
anexo número 1 – Artigo de Jornal – encontra-se uma publicação online do site Fama ao Minuto
com uma entrevista à banda musical Todagente. No texto abaixo citado, podemos ver um
excerto desta entrevista que, em contraponto ao que Becker fez mostrar na sua análise em
Outsiders, mostra algum conforto na ‘comercialização’ dos seus trabalhos.
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“Podes chamar comercial. Não devemos de ter medo de lhe chamar música comercial, porque
a partir do momento que o nosso intuito como compositores é entrar num mercado de música
em que a música passa a ser um produto – que tem que ser visto como um produto industrial
como outro qualquer –, passa a ser um comércio. Nós também temos de ganhar a vida com a
música.”
(Membro da banda Todagente, 2022)
Não obstante, a visão beckeriana sobre este assunto não deixa de ser atual e de elevada
importância para os músicos, que se sentem vendidos para algo que não é realmente deles.
Neste momento podemos, mais uma vez, aproximar Marx à discussão na medida em que a
necessidade de sobrevivência faz com que estes indivíduos façam de tudo para conseguirem
ganhar dinheiro, mesmo que isso signifique o distanciamento total dos seus valores e desejos.
Com isto podemos ver que o trabalho de Howard Becker está bastante incompleto no
que toca à visão socioeconómica do consumo de marijuana na população; no entanto, aborda
outros temos de igual importância como a comercialização emergente dos trabalhos dos
músicos.
CONCLUSÃO
Com a análise dos capítulos III, IV e V de Outsiders, posso concluir que Howard Saul
Becker é um dos grandes pilares da sociologia do desvio. Através de uma pesquisa exaustiva,
que descreveu por completo nesta obra, Becker conseguiu desmontar alguns dos estigmas
enraizados na sociedade relativamente ao que não é convencional bem como a forma como isso
pode afetar a nossa vida individualmente. Todos nós já fomos, ou seremos um dia, parte dos
outsiders, mas Becker vem com a sua teorização explicar o porquê e a forma de tal acontecer.
Com o confronto crítico pude desenvolver o meu espírito mais crítico e, na minha
opinião, enriquecer um pouco a sociologia do desvio e do interacionismo simbólico com o que
acrescentei sobre a teoria de classes. Assim, a leitura deste livro e a realização deste trabalho
foram umas excelentes oportunidades para poder aprofundar e consolidar os conhecimentos já
adquiridos na unidade curricular de Teorias Sociológicas II.
Embora seja um trabalho de 1963, considero esta obra atemporal na medida em que
podemos ainda projetá-la nos dias de hoje para perceber comportamentos que se calhar não
eram nem pensados no século XX, quando foi publicado.
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ANEXOS
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1. ARTIGO DE JORNAL
Fonte: Gonçalves, M. (1 de abril de 2022). "Não devemos de ter medo de lhe chamar música
comercial". Obtido em 29 de abril de 2022, de Fama ao Minuto:
https://www.noticiasaominuto.com/fama/1965364/nao-devemos-de-ter-medo-de-lhe-chamar-musica-
comercial
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2. FICHA DE LEITURA
Resumo: Outsiders é um livro escrito por Howard Becker onde há uma análise em torno
dos outsiders da sociedade americana, isto é, os grupos de todos aqueles que possuem
comportamentos desviantes, como por exemplo os usuários da marijuana. O capítulo III ocupa-
se da delineação de uma “carreira do usuário”, onde o autor distingue as três fases do processo
de aprendizagem dum novo usuário da marijuana. A primeira fase é aprender a técnica do ato
de fumar, a segunda é reconhecer os efeitos que a marijuana tem nas pessoas e a terceira é
aprender a gostar dos efeitos provocados pela marijuana. O capítulo IV, Becker explica como
certos usuários de marijuana desistem do seu consumo mesmo completando o processo de
aprendizagem. O autor explica isso a partir dos três principais tipos de controlos sociais: o
fornecimento, o sigilo e a moralidade. Já o capítulo V aborda os músicos de casas noturnas e a
sua subcultura e modo de vida extravagantes e não-convencionais que os fazem ser rotulados
de outsiders, segundo as normais societais.
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que geram dependência.”
(Becker, 1963, p. 52)
O processo de
aprendizagem é feito em “A droga não é fumada da
três fases distintas. A maneira apropriada, isto é,
primeira é aprender e de um modo que assegure
saber a técnica de fumar. dosagem suficiente para
Se não souber fumar, o produzir sintomas reais de
iniciante não sentirá os embriaguez.” (Becker,
efeitos da droga e 1963, p. 55)
portanto sentirá que não
vale a pena usá-la,
cessando o consumo da
marijuana.
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quando o novo usuário da assustadora e desagradáveis,
marijuana aprende a o iniciante não dará
gostar dos efeitos do continuidade ao uso, a
consumo desta droga. menos
Para o autor, certos que aprenda a redefinir as
efeitos como a perda da sensações como
noção de tempo e espaço agradáveis.” (Becker, 1963,
ou a incessante sede são, p. 62)
à partida, efeitos “Em interação com seus
desagradáveis que iriam amigos, ele se tornou capaz
evitar o consumo de encontrar prazer nos
contínuo da droga. No efeitos da droga e
entanto, podemos ver que finalmente tornou-se
o consumo continua usuário regular.” (Becker,
mesmo assim porque há 1963, p. 63)
uma redefinição destes
efeitos, que passam a ser
tidos com prazerosos e
agradáveis. Esta
redefinição é obtida por
várias razões e vários
contextos, como por
exemplo uma maior
interação com grupos de
amigos mais experientes
no consumo da marijuana
– os connaisseurs.
Capítulo IV: No capítulo IV, o autor “Aprender a gostar de Comportamento
“Uso de fala dos controles sociais maconha é uma condição desviante
maconha e e da luta que é necessária necessária mas não
controle acontecer contra eles suficiente para que uma Controle social
social” para que o consumo da pessoa desenvolva um
marijuana se mantenha. padrão estável de uso da Fornecimento
Becker começa por droga. Ela precisa lutar
definir comportamento ainda com as poderosas Sigilo
desviante como um forças de controle social que
conjunto de atos que fazem o ato parecer Moralidade
metem em causa as inconveniente, imoral ou
normas e os valores ambos.” (Becker, 1963, p. Sanções
básicos da sociedade. 69)
Grupos
desviantes
Contactos
Howard considera que, “Conjunto de ideias convencionais
como forma de controle tradicionais definindo a
social, há a formação de prática como uma violação Racionalizações
conceções sobre o ato de de imperativos morais,
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consumir marijuana. como um ato que leva à
Essas conceções são perda do autocontrole, à
criadas em situações paralisia da vontade e, por
socias e perduram no fim, a escravidão à droga.”
tempo, sendo quase um (Becker, 1963, p.70)
guia moral das
sociedades. Este
conjunto de ideias têm
como consequências as
sanções informais (por
exemplo o ostracismo ou
a retirada de afeto), sendo
por isso um grande
obstáculo ao consumo
regular da marijuana.
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acessível a qualquer severas punições.” (Becker,
pessoa, tornando-se de 1963, p. 71)
difícil acesso. Para “A pessoa usa a droga
consumirem, as pessoas quando está com outras que
têm de pertencer a um têm um fornecimento;
grupo que sirva de quando esse não é o caso, o
intermédio de uso cesso. Ela tende,
fornecimento. Este grupo portanto, a flutuar em
tem de ser “organizado termos das condições de
em torno de valores e disponibilidade criadas por
atividades opostos aos da sua interação com outros
sociedade convencional usuários.” (Becker, 1963, p.
mais ampla” (Becker, 72)
1963, p. 71). Durante o
início, esta será a fonte de
abastecimento do
iniciante e de quem
dependerá para obter
droga e quando não
existe mais interação
com este grupo, o
consumo cessa.
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situação em que o seu compram (…) o uso regular
fornecedor é preso ou só pode prosseguir se o
desparece, obrigando a usuário for capaz de
repetição toda do encontrar uma nova fonte de
processo de arranjar uma fornecimento.” (Becker,
nova fonte segura e 1963, p. 75)
estável de abastecimento “A instabilidade das fontes
de marijuana. Toda esta de fornecimento é um
instabilidade nas fontes importante controle sobre o
de fornecimento podem uso regular (…).”(Becker,
ser um controle social 1963, p. 75)
imposto ao consumo de
drogas.
“(…) prever as
Assim, o medo dos não- consequências da
usuários descobrirem que descoberta do segredo
o usuário consome droga impede a pessoa de manter a
faz com que este último provisão mínima para o uso
se cubra num sigilo regular. O consumo
imenso, provocando uma continua irregular, uma vez
irregularidade na que depende de encontros
frequência do consumo com outros usuários e não
pois é quase impossível pode ocorrer sempre que o
definir uma rotina de usuário deseja.” (Becker,
consumo. Para avançar 1963, p. 78)
para outro nível de
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consumo, o usuário terá “Se a pessoa ingressa quase
de romper com as totalmente no grupo de
relações que impendem o usuários, o problema deixa
consumo regular. Caso de existir sob muitos
este rompimento não aspetos, e é possível que o
aconteça, não há um consumo regular ocorra,
avanço para um nível exceto quando se faz uma
superior de consumo, nova conexão com o mundo
retornando até ao estágio mais convencional.”
de consumidor ocasional. (Becker, 1963, p. 78)
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em droga é alguém que drogas retrata uma pessoa
não se encontra de acordo que viola esses
com a sociedade e imperativos.” (Becker,
portanto existirá uma 1963, p. 82)
hesitação por parte dos
iniciantes em
experimentar marijuana.
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Nesta fase, o usuário é “O fato de haver ocasiões
apenas ocasional e em que, a princípio, ele não
portanto tem controlo usa a droga, pode-lhe servir
sobre as situações e como uma prova para si
contextos em que vai mesmo de sua liberdade em
fumar ou não. Esse relação a ela.” (Becker,
controlo dá-lhe o poder 1963, p. 84)
do planeamento de “Pode adotar um modo de
quando vai fumar, seja utilização ocasional porque
ela qual for a quantidade reorganizou suas noções
de marijuana, e por isso o morais de maneira a
usuário não se sente permiti-lo, sobretudo ao
‘escravo’ da droga, adquirir a conceção de que
estando assim de acordo os valores morais
com as regras morais da convencionais sobre drogas
sociedade. não se aplicam a esta droga
que ele consome, e que, de
todo modo, o uso que faz
dela não se tornou
excessivo.” (Becker, 1963,
p. 85)
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que não eram ‘escravos’
da mesma.
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morais da sociedade pelos membros mais Jazzmen
contemporânea. No convencionais da
entanto, o autor diz que comunidade.” (Becker, Comercialização
não é tão linear assim, 1963, p. 89)
dando o exemplo dos
músicos das casas
noturnas que, embora os
seus comportamentos
estejam de acordo com a
lei, ou seja, não sejam
criminosos ou
delinquentes, estes
continuam a ser rotulados
de outsiders devido à
extravagância do seu
modo de visa.
Logo depois, é
apresentado ao leitor o “Hughes observou que a
conceito antropológico concepção antropológica da
de cultura que se sustenta cultura parece ser mais
na tese de que a cultura é adequada para a sociedade
resultado dos consensos homogênea, a sociedade
finais que um primitiva com a qual o
determinado grupo de antropólogo trabalha. Mas o
indivíduos concebe para termo, no sentido de uma
a definir um objeto ou organização de
comportamento, portanto entendimentos comuns
são significados básicos aceitos por um grupo, é
que todos os indivíduos igualmente aplicável aos
reconhecem como grupos menores que
corretos. Esta visão é, no compõem uma sociedade
entanto, refutada por moderna complexa, grupos
Hughes que afirma ser étnicos, religiosos,
desadequada para a regionais, ocupacionais. É
sociedade possível mostrar que cada
contemporânea por ser um desses grupos tem certos
extremamente tipos de entendimento
heterogénea e complexa comuns e, portanto, uma
para se resumir a um cultura.” (Becker, 1963, p.
conceito tão simples. 90)
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Tendo um caráter
heterogéneo, a cultura “No entanto, eles têm de
terá outras subculturas suportar a incessante
que incluem, no exemplo interferência no que tocam
dado neste capítulo, os por parte de patrões e do
músicos das casas público. O problema mais
noturnas. O seu trabalho árduo na carreira do músico
é condicionado pelos médio, como iremos ver, é a
clientes, que acabam por necessidade de escolher
ser ao mesmo tempo os entre sucesso convencional
seus espectadores, e e seus padrões artísticos.
portanto terão também de Para alcançar sucesso, ele
se adaptar ao que vende sente necessidade de se
mais e agrada os ‘tornar comercial’, isto é,
espectadores, tocar de a cordo com os
comercializando a sua desejos dos não-músicos
música. para quem trabalha; ao fazê-
lo, sacrifica o respeito de
outros músicos e, assim, na
maioria dos casos, seu
autorrespeito.” (Becker,
1963, p. 92)
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pequena universitária
(maior necessidade de
adaptação e
comercialização).
No próximo tópico, o
autor aborda a diferença “O músico é concebido
entre músicos e como um artista que possui
‘quadrados’. Os músicos um misterioso dom artístico
autodescrevem-se como que o distingue de todos os
alguém que tem um dom demais.” (Becker, 1963, p.
inato para a música, 94)
sendo ‘superiores’ aos
outros cidadãos pois
nasceram com este dom.
Na dinâmica intragrupo,
não se criticam nem
julgam, crendo que todos
devem viver como
quiserem e à sua própria
vontade – repudiando,
assim, qualquer tipo de
discriminação. Aos
músicos que fazem
práticas não-
convencionais, é dado
respeito e a ideia de
heroísmo.
Já os ‘quadrados’ são,
para os músicos, são “O quadrado, por outro
indivíduos iguais e sem lado, não possui esse dom
distinção. São vistos com especial nem qualquer
um misto de raiva e compreensão da música ou
medo. Raiva porque se do modo de vida dos que a
considera que não deverá possuem (…) é visto como
existir nenhum tipo de uma pessoa ignorante e
obstáculo exterior ao intolerante, que deve ser
processo de criação temida, uma vez que produz
musical individual dos as pressões que forçam o
músicos. E medo porque músico a tocar de maneira
são estas pessoas que não-artística.” (Becker,
consomem a produção 1963, p. 98)
musical, tendo nas suas
mãos o poder de decidir o
24
mercado desta indústria.
Concluímos que,
segundo o autor, os
‘quadrados’ não terão
conhecimento ou um
bom gosto sobre a
música, sendo apenas
uma manta homogénea
da sociedade.
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obtêm os mesmos
resultados.
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círculo social, isto é, com
músicos. Este grupo é um
bom exemplo da auto-
segregação e do
isolamento a que são
sujeitos com medida de
autoproteção e,
consequentemente, da
sua arte.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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