Farelo de Girassol Na Alimentação de Frangos de Corte em Diferentes Fases de Desenvolvimento

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R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.

1418-1425, 2002 (suplemento)

Farelo de Girassol na Alimentação de Frangos de Corte em Diferentes


Fases de Desenvolvimento

João Waine Pinheiro1, Nilva Aparecida Nicolao Fonseca1, Caio Abércio da Silva1,
Lizete Cabrera1, Frank Angelo Tomita Bruneli2, Sabrina Endo Takahashi2

RESUMO - Objetivando determinar a melhor idade para a inclusão do farelo de girassol (FG) e o seu melhor nível nas rações de frangos
de corte, bem como, avaliar a viabilidade econômica desta inclusão, 480 pintos de corte com 3 dias de idade, metade de cada sexo, foram
distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso. Os tratamentos experimentais consistiram de uma combinação de níveis de FG
nas rações (0, 4, 8 e 12%) e idades de fornecimento destas (I1= 3-21, I2= 22-35 e I3= 36-42 dias), sendo: T1= 0% de inclusão de FG
nas rações nas idades I1, I2 e I3; T2= 4% nas idades I1, I2 e I3; T3= 8% nas idades I1, I2 e I3; T4= 12% nas idades I1, I2 e I3; T5= 0%
na idade I1 e 4% nas I2 e I3; T6= 0% na I1 e 8% nas I2 e I3, T7= 0% na I1 e 12% nas I2 e I3; T8= 0% nas I1 e I2 e 4% na I3; T9= 0%
nas I1 e I2 e 8% na I3; e T10= 0% nas I1 e I2 e 12% na I3. As análises estatísticas foram realizadas em arranjos fatoriais 4x2, 7x2 e 10x2,
para as características ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar dos 3-21, 3-35 e 3-42 dias, respectivamente. Não houve
efeito dos níveis de FG sobre o ganho de peso e consumo de ração nas idades estudadas. Dos 3-35 dias de idade, os tratamentos T1 e
T7 proporcionaram, respectivamente, a melhor e a pior média para conversão alimentar. Aos 42 dias de idade o menor custo de produção
foi obtido para o T8.

Palavras-chave: eficiência alimentar, fibra, nutrição

Sunflower Meal in Different Phases of Broiler Development

ABSTRACT - The aims of this work were to know the best age to feed poultry with sunflower meal (SM), to determine the best
percentage of SM to feed animals in different ages and to evaluate economicall viability of SM as a feeding for poultry ration. In this
experiment 480 three days old chicks were distributed in a randomized design. The experimental treatments consisted in rations with
different percentages of SM (0, 4, 8 and 12%) and birds with different ages (I1= 3-21 days, I2=21-35 days and I3= 36-42 days of age).
The treatments were: T1= 0% of SM inclusion on the rations at ages I1, I2 and I3; T2= 4% at ages I1, I2 and I3; T3= 8% at ages I1, I2
and I3, T4= 12% at ages I1, I2 and I3, T5=0% at age I1 and 4% at ages I2 and I3, T6=0% at age I1 and 8% at ages I2 and I3 ; T7= 0%
at age I1 and 12% at ages I2 and I3, T8= 0% at ages I1, I2 and 4% at age I3, T9= 0% at ages I1, I2 and 8% at age I3; e T10= 0% at ages
I1, I2 and 12% at age I3. Statistical analyses were carried out in factorial schemes 4x2, 7x2 and 10x2 to evaluate characteristic weight
gain, feed intake and feed conversion rate at 3-21, 3-35 and 3-42 days, respectively. There were no treatments effects on weight gain
and on feed intake in the birds age. At 3-35 days of age, treatments T1 and T7 provided respectively the best and the worst feed conversion
rate. The lowest production cost was obtained when the animals were fed at treatment T8.

Key Words: feeding efficiency, fiber, nutrition

Introdução teriza pela alta concentração de ácidos graxos poli-


insaturados, sendo o restante constituído pelo farelo,
Os subprodutos da extração de óleo, oriundos que é rico em proteína e também em fibra.
principalmente dos grãos de oleaginosas, constituem De acordo com Bett (1999), a previsão de produ-
as principais fontes protéicas nas rações de aves. O ção de grãos de girassol no Brasil, no ano de 1999,
farelo de soja é a principal fonte de proteína nas seria de 50.000 toneladas, o que representaria uma
rações de frangos, no entanto, tem-se observado produção entre 27.500 e 35.000 toneladas de farelo
crescente interesse no uso de outros subprodutos da de girassol.
indústria de óleo vegetal para a fabricação de rações, Na literatura há variações a respeito da composi-
principalmente do farelo de girassol. ção bromatológica do farelo de girassol e isto pode
Daghir et al. (1980) afirmaram que 30 a 45% do ser atribuído às diferentes formas de processamento
grão de girassol é constituído por óleo, que se carac- dos grãos. Minardi (1969) ilustra bem esta caracterís-
1 Docentes do Departamento de Zootecnia – CCA – UEL – Londrina, PR – CEP: 86051-990. E.mail: [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
2 Alunosdo curso de Medicina Veterinária – CCA – UEL – Londrina, PR – CEP: 86051-990.
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tica. Trabalhos conduzidos pela EMBRAPA (1991) suplementação de lisina e energia. Por sua vez,
apontam o farelo de girassol como tendo 28,54% de Ibrahim & El Zubeir (1991) concluíram que o farelo
proteína bruta, 88,57% de matéria seca, 23,67% de de girassol pode compor até 30% da ração sem
fibra bruta, 1,35% de extrato etéreo e 5,32% de prejuízo ao desenvolvimento dos frangos. Bett (1999),
matéria mineral, enquanto o NRC (1994) relata sobre entretanto, demonstrou ser viável a sua inclusão em
dois tipos de farelos, um com casca, contendo 32% de até 15% na ração dos frangos em crescimento-
proteína bruta, 1.543 kcal EM/kg, 90% de matéria terminação.
seca, 24% de fibra bruta, 1% de lisina e 0,50% de Considerando que nas suas diferentes fases de
metionina, e outro, sem casca, contendo 45,4% de desenvolvimento os frangos de corte devam apresen-
proteína bruta, 2,320 kcal EM/kg, 93% de matéria tar um ótimo crescimento, que é resultado do seu
seca, 12,2% de fibra bruta, 1,24% de lisina e 0,80% metabolismo, o qual está na dependência também de
de metionina. uma ração adequadamente balanceada, o presente
Concentrações adequadas de proteína e de ener- trabalho objetivou determinar a melhor idade dos
gia metabolizável na ração, em cada fase de seu frangos de corte para o uso do farelo de girassol em
desenvolvimento, são condições essenciais para que suas rações, bem como determinar o seu melhor nível
o frango de corte apresente bom desempenho. de inclusão para as diferentes idades, avaliando-se
O farelo de girassol, apesar de possuir uma ainda a viabilidade econômica desta inclusão.
proteína relativamente rica em aminoácidos
sulfurados, apresenta, para as rações de frangos, Material e Métodos
uma deficiência em lisina. Silveira et al. (1967) e Rad
& Keshavarz (1976) demonstraram que, em rações O experimento, com duração de 39 dias, foi
onde o farelo de girassol era a principal fonte dietética realizado no galpão experimental de frangos de corte
de proteína, a adição de lisina melhorava o desempe- da Fazenda Escola da Universidade Estadual de
nho das aves. Londrina-Pr, no período de 09/11 a 19/12/2000. Fo-
A alta concentração de fibra no farelo de girassol ram utilizados 480 pintos de corte com três dias de
também é um fator que limita o seu uso na ração das idade, sendo a metade de cada sexo, em um delinea-
aves. De acordo com Janssen & Carré (1989), o mento inteiramente casualizado, com duas repetições
complexo celulolítico das plantas apresenta baixa de 12 aves por tratamento e sexo. Os tratamentos
digestibilidade pelas aves, aumentando a perda experimentais utilizados consistiram de uma combi-
endógena de nutrientes e a diluição da dieta, atuando nação de níveis de inclusão (0, 4, 8 e 12%) de farelo
como barreira que impede a penetração das enzimas de girassol (FG) nas rações e idades de fornecimento
na digesta, além de reduzir a concentração de energia destas rações (I1: 3-21 dias; I2: 22-35 dias e I3: 36-
das rações. Stringhini et al. (2000) atribuíram como 42 dias), totalizando 10 tratamentos, conforme apre-
causa do baixo valor de energia metabolizável do sentado na Tabela 1.
farelo de girassol (1.777 kcal EM/kg) os seus altos Dentro de cada idade (I1, I2 e I3) as rações foram
níveis de FDA (31,68%) e de FDN (42,15%). formuladas de acordo com as exigências nutricionais
Bett (1999) relata que alta concentração de fibra preconizadas por Rostagno et al. (2000). As suas
na ração reduz a sua energia metabolizável e o composições com os devidos níveis de inclusão de
aproveitamento dos seus nutrientes, com conseqüente farelo de girassol e os valores nutricionais calculados
redução na taxa de crescimento e piora na eficiência estão na Tabela 2.
alimentar dos frangos de corte. Cita ainda que a subs- As características ganho de peso, consumo de
tituição do farelo de soja em mais de 10% por farelo de ração e conversão alimentar dos 3-21, 3-35 e 3-42
girassol reduz o coeficiente de metabolização da energia dias de idade foram analisadas, estatisticamente,
e a concentração da energia bruta das rações. utilizando-se, respectivamente, esquemas fatoriais
Diversos estudos foram desenvolvidos com o 4x2, 7x2 e 10x2 (tratamentos x sexos), com o uso do
intuito de otimizar a inclusão do farelo de girassol nas programa SAEG (Sistema para Análises Estatísticas
rações de frangos. Waldroup et al. (1970), Costa e Genéticas) UFV (1997).
(1974), Valdivie et al. (1982) e Zatari & Sell (1990) Assim, para cada fase estudada, o número de
determinaram que é possível a sua inclusão em até tratamentos utilizados na análise de variância variou
20% nas rações de frangos, desde que haja adequada em função da combinação de idade e níveis de
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Tabela 1 - Tratamentos em função dos níveis de farelo de girassol nas rações para as diferentes idades dos frangos
Table 1 - Treatments in function of sunflower meal levels in rations to different ages of broilers
Idade Idade 1 (I1) (3-21 dias) Idade 2 (I2) (22-35 dias) Idade 3 (I3) (36-42 dias)
Age Age 1 (I1) (3-21 days) Age 2 (I2) (22-35 days) Age 3 (I3) (36-42 days)
Nível de inclusão de farelo de girassol (%)
Sunflower meal level (%)
Tratamentos 0 4 8 12 0 4 8 12 0 4 8 12
Treatments
1 (0% I1,I2 e I3) X X X
2 (4% I1, I2 e I3) X X X
3 (8% I1, I2 e I3) X X X
4 (12% I1, I2 e I3) X X X
5 (0% I1, 4% I2 e I3) X X X
6 (0% I1, 8% I2 e I3) X X X
7 (0% I1, 12% I2 e I3) X X X
8 (0% I1 e I2 e 4% I3) X X X
9 (0% I1 e I2 e 8% I3) X X X
10 (0% I1 e I2 e 12% I3) X X X

inclusão de farelo de girassol, ou seja, na fase de 3 a 21, Em seguida, foram calculados o Índice de Eficiência
de 3 a 35 e de 3 a 42 dias de idade foram aplicados os Econômica (IEE) e o Índice de Custo médio (IC),
tratamentos de 1 a 4, de 1 a 7 e de 1 a 10, respectiva- propostos por Barbosa et al. (1992).
mente. As diferenças obtidas entre as médias foram IEE = [(MCe)/ Ctei] x 100 e IC = [(CTei)/ Mce]
testadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. x 100,
Os preços dos ingredientes utilizados na elabora- em que: MCe = menor custo médio em ração, por
ção dos custos das rações (Tabela 2) foram obtidos na quilograma de peso vivo ganho, observado entre os
região de Londrina-Pr, no mês de março de 2001, a tratamentos; CTei = custo médio do tratamento i
saber: milho R$ 0,14/kg; farelo de soja R$ 0,395/kg; considerado.
farelo de girassol R$ 0,145/kg; óleo de soja R$ 0,65/kg;
calcário R$ 0,065/kg; fosfato bicálcico R$ 0,60/kg; sal Resultados e Discussão
comum R$ 0,12/kg; Dl-metionina R$ 7,50/kg; L-lisina
R$ 4,92/kg; cloreto de colina R$ 2,50/kg; suplemento Desempenho dos frangos no período entre 3 e 21
vitamínico/mineral (SEWEMIX) R$ 16,64/kg. dias de idade
Para verificar a viabilidade econômica da inclusão As médias de desempenho dos frangos de corte
do farelo de girassol nas rações, determinou-se o custo entre 3 e 21 dias de idade estão na Tabela 3.
médio em ração, por quilograma de peso vivo ganho Como pode ser observado, não houve efeito sig-
(Yi), durante o período experimental (Bellaver et al., 1985). nificativo (P>0,05) dos diferentes tratamentos expe-
Yi= (Qi x Pi ) / Gi , rimentais sobre as variáveis estudadas.
em que: Yi = custo médio em ração por quilograma Isto demonstra que, nesta fase de desenvolvimento,
ganho no i-ésimo tratamento; Pi = preço médio por é possível a inclusão de 12% de farelo de girassol na
quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento; ração, sem que haja qualquer comprometimento no
Qi = quantidade média de ração consumida no desempenho dos frangos de corte.
i-ésimo tratamento; Gi = ganho médio de peso do Este valor está bastante próximo ao recomendado
i-ésimo tratamento. por Bett (1999), que determinou como ideal, em
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Tabela 2 - Composição percentual e calculada das rações experimentais


Table 2 - Percentage and calculated composition of the experimental rations
Ingredientes Idade 1 (I1) (3-21 dias) Idade 2 (I2) (22-35 dias) Idade 3 (I3) (36-42 dias)
Ingredients Age 1 (I1) (3-21 days) Age 2 (I2) (22-35 days) Age 3 (I3) (36-42 days)
0 4 8 12 0 4 8 12 0 4 8 12
Milho 59,15 55,90 52,63 49,36 63,80 60,58 57,32 54,05 67,00 63,67 60,37 57,05
Corn
Farelo de soja 35,19 33,35 31,52 29,68 30,62 28,78 26,94 25,10 27,33 25,57 23,78 22,00
Soybean meal
Farelo de girassol 0,00 4,00 8,00 12,00 0,00 4,00 8,00 12,00 0,00 4,00 8,00 12,00
Sunflower meal
Óleo vegetal 1,79 2,83 3,88 4,92 2,08 3,09 4,12 5,17 2,67 3,73 4,79 5,85
Vegetable oil
Calcário 0,985 0,985 0,980 0,978 0,895 0,895 0,89 0,89 0,955 0,954 0,952 0,951
Limestone
Fosfato bicálcico 1,815 1,848 1,881 1,914 1,65 1,685 1,72 1,75 1,47 1,50 1,54 1,57
Dicalcium phosphate
Sal 0,454 0,460 0,466 0,471 0,411 0,417 0,422 0,428 0,317 0,323 0,330 0,336
Salt
DL – Metionina 99% 0,234 0,228 0,226 0,216 0,182 0,178 0,173 0,169 0,051 0,046 0,041 0,036
DL-methionine 99%
L- Lisina HCl 78,5% 0,174 0,200 0,222 0,253 0,158 0,186 0,214 0,243 0,00 0,00 0,00 0,024
HCl L-lysine 78,5%
Cloreto de colina 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,10 0,10 0,10
Choline cloride
Supl. Vit. + Mineral 1 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,10 0,10 0,10
Vit. - Min. supplement
Custo/Kg 0,291 0,293 0,294 0,296 0,275 0,277 0,279 0,281 0,241 0,242 0,243 0,245
Cost/Kg
Valor calculado
Calculated value
EM (kcal/kg) 3000 3000 3000 3000 3075 3075 3075 3075 3150 3150 3150 3150
ME (Kcal/Kg)
Proteína bruta (%) 21,4 21,4 21,4 21,4 19,69 19,69 19,69 19,69 18,2 18,2 18,2 18,2
Crude protein (%)
Cálcio (%) 0,960 0,960 0,960 0,960 0,88 0,88 0,88 0,88 0,85 0,85 0,85 0,85
Calcium (%)
Fósforo disponível (%) 0,450 0,450 0,450 0,450 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,375 0,375 0,375
Available phosphorus (%)
Metionina + cistina (%) 0,897 0,897 0,897 0,897 0,83 0,83 0,83 0,83 0,667 0,665 0,665 0,665
Methionine+cystine (%)
Lisina (%) 1,263 1,263 1,263 1,263 1,16 1,16 1,16 1,16 0,950 0,932 0,911 0,909
Lysine (%)
Fibra bruta (%) 3,24 3,93 4,63 5,33 3,23 3,93 4,60 5,30 3.08 3,77 4,46 5,14
Crude fiber (%)
1 Suplemento vitamínico e mineral - Composição por kg de produto (Vitaminic and mineral suplement.- Composition per kg of product): Inicial (initial).
vit. A 10.000.000 UI; vit D3 2.000.000 UI; vit E 20.000 mg; vit K3 2.600 mg; vit B1 1.800 mg; vit B2 5.000 mg; vit B6 2.500 mg; vit B12
15 mcg; niacina (niacin) 40.000 mg; ácido fólico (folacin) 900 mg; ác. pantotênico (pantothenic acid) 12.000 mg; biotina (biotine) 80 mg; selenito
de sódio (selenium) 600 mg; antioxidante (antioxidant) 120 g; cobalto (Cobalt) 51 mg; cobre (Copper) 6.300 mg; enxofre (sulfate) 13.300 mg;
ferro (iron) 50.400 mg; iodo (iodine) 650 mg; manganês (manganese) 17.500 mg; zinco (zinc) 36.500 mg; veículo q.s.p. (veicle q.s.p.)
1.000 g. Final (Final) vit. A 8.000.000 UI; vit D3 1.700.000 UI; vit E 18.000 mg; vit K3 1.800 mg; vit B1 1.200 mg; vit B2 4.000 mg; vit B6
1.500 mg; vit B12 10 mcg; niacina (niacine) 30.000 mg; ácido fólico (folacin) 500 mg; ác. pantotênico (pantothenic acid) 12.000 mg; biotina
(biotin) 20 mg; selenito de sódio (selenium) 274 mg; cobalto (cobalt) 51 mg; cobre (copper) 6.300 mg; enxofre (sulfate) 13.300 mg; ferro (iron)
50.400 mg; iodo (iodine) 650 mg; manganês (manganese) 17.500 mg; zinco (zinc) 36.500 mg; veículo q.s.p. (veicle qsp) 1.000 g.

R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1418-1425, 2002 (suplemento)


1422 Farelo de Girassol na Alimentação de Frangos de Corte em Diferentes Fases de Desenvolvimento

rações de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade, os altas concentrações de fibra na ração aumentam a
níveis de 14,23% e de 13,17% para ótima conversão taxa de passagem da digesta no trato gastrintestinal,
alimentar e consumo de ração, respectivamente, e com conseqüente redução no aproveitamento dos
cita que o ganho de peso dos frangos foi normal para nutrientes. Em seus trabalhos, Zatari & Sell (1990)
até 28,48% de farelo de girassol na ração. também verificaram piora na conversão alimentar de
Outros pesquisadores, como Rad & Keshavarz frangos com 28 dias de idade alimentados com rações
(1976) e Musharaf (1991), contudo, relataram que contendo 10 e 20% de farelo de girassol,
rações iniciais de frangos de corte podem conter até suplementadas ou não com gordura, e atribuíram este
17,5% e 25% de farelo de girassol, respectivamente. fato à redução na metabolização da energia das
Waldroup et al. (1970), Rad & Keshavarz (1976) mesmas, como conseqüência do aumento do teor de
e Valdivie et al. (1982) também demonstraram a fibra proporcionado pelo farelo.
viabilidade do uso do farelo de girassol em rações Bett (1999) demonstrou piora na metabolização da
fareladas de pintos, desde que fossem adequadamen- matéria seca e da energia bruta em rações de frangos de
te suplementadas com energia e lisina. corte de 25 a 30 dias de idade, quando as mesmas
Para as variáveis ganho de peso e consumo de ração continham inclusões acima de 15% de farelo de girassol,
os machos apresentaram maiores médias (P<0.01) que e também atribuíram este fato ao aumento dos teores de
as fêmeas, enquanto que para a conversão alimentar fibra decorrentes da adição do farelo na ração.
não houve diferença (P>0.05) entre os sexos.
Desempenho dos frangos no período entre 3 e 35
dias de idade
Os resultados de desempenho dos frangos de
corte no período entre 3 e 35 dias de idade se Tabela 3 - Efeito dos tratamentos e sexos sobre o ganho
encontram na Tabela 4. de peso (GP), consumo de ração (CR) e con-
versão alimentar (CA) dos frangos de corte
Como se observa, os diferentes tratamentos expe- entre 3 e 21 dias de idade
rimentais não afetaram (P>0.05) o consumo de ração Table 3 - Effect of treatments and sexes on weight gain
e o ganho de peso. No entanto, a melhor conversão (WG), feed intake (FI) and feed:gain ratio (F:G) of
broilers from 3 to 21 days of age
alimentar (P<0.05) foi obtida quando os frangos foram
Variáveis
submetidos ao tratamento T1, ou seja, quando consu- Variables
miram a ração sem inclusão de farelo de girassol. Tratamentos GP (g) CR (g) CA (g/g)
Embora as médias de ganho de peso não tenham Treatments WG (g) FI (g) F:G (g/g)
apresentado diferenças estatísticas entre si, os fran- 1 (0% I1,I2 e I3) 677,10 1017,29 1,50
gos alimentados com os níveis mais elevados de 2 (4% I1, I2 e I3) 693,33 1033,90 1,49
farelo de girassol nas rações apresentaram os piores 3 (8% I1, I2 e I3) 674,36 986,97 1,46
4 ( 12% I1, I2 e I3) 682,10 1006,15 1,47
resultados. Por outro lado as médias de consumo de Sexo
ração não apresentaram este comportamento. Estes Sex
fatos explicam a piora nas conversões alimentares Machos 717,78a 1060,06a 1,48
Males
dos frangos alimentados com as rações que conti-
Fêmeas 645,66b 962,10b 1,49
nham os níveis mais elevados de farelo de girassol. Females
Estes resultados sugerem que os tratamentos T4 Média 681,72 1011,08 1,48
(12% de farelo de girassol na ração entre 3 e 35 dias) Mean
F Tratamentos NS NS NS
e T7 (0% de farelo de girassol entre 0 e 21 dias e 12% F Treatments
entre 22 e 35 dias de idade) são adequados para o F Sexo ** ** NS
consumo de ração, mas não são para o ganho de peso F Sex
dos frangos. F Tratamentos x Sexo NS NS NS
F Treatments x Sex
Ao que parece, os frangos consumiram ração Coefic. de variação 5,71 5,31 2,10
para atender as suas exigências em energia, o que Coefficient of variation
concorda com os achados de Pinheiro (1993), contu- ** (P<0.01) (** P<.01) .
do há que se considerar que o farelo de girassol possui a>b Médias seguidas por letras diferentes são diferentes
(P<0,01) pelo teste de F.
níveis elevados de fibra. Connel (1981) relata que a>b Means followed by different letters differ (P<.01) by F test.

R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1418-1425, 2002 (suplemento)


PINHEIRO et al. 1423

Tabela 4 - Efeito dos tratamentos e sexos sobre o ganho Tabela 5 - Efeito dos tratamentos e sexos sobre o ganho
de peso (GP), consumo de ração (CR) e con- de peso (GP), consumo de ração (CR) e
versão alimentar (CA) dos frangos de corte conversão alimentar (CA) dos frangos de corte
entre 3 e 35 dias de idade de 3 a 42 dias de idade
Table 4 - Effect of treatments and sexes on weight gain Table 5 - Effect of treatments and sexes on weight gain
(WG), feed intake (FI) and feed:gain ratio (F:G) in (WG), feed intake (FI) and feed:gain ratio (F:G) in
broilers from 3 to 35 days of age broilers from 3 to 42 days of age
Variáveis Variáveis
Variables Variables
Tratamentos 1 GP (g) CR (g) CA (g/g) Tratamentos 1 GP (g) CR (g) CA (g/g)
Treatments WG (g) FI (g) F:G (g/g) Treatments WG (g) FI (g) F:G (g/g)
1 (0% I1,I2 e I3) 1750,50 2826,00 1,61c 1 (0% I1,I2 e I3) 2250,19 4037,70 1,79
2 (4% I1, I2 e I3) 1713,88 2880,93 1,68ab 2 (4% I1, I2 e I3) 2224,58 4057,60 1,82
3 (8% I1, I2 e I3) 1674,42 2783,66 1,66b 3 (8% I1, I2 e I3) 2226,23 4004,05 1,80
4 (12% I1, I2 e I3) 1658,38 2800,75 1,69ab 4 (12% I1, I2 e I3) 2156,34 4004,17 1,86
5 (0% I1, 4% I2 e I3) 1715,68 2872,61 1,67ab 5 (0% I1, 4% I2 e I3) 2194,85 4057,50 1,85
6 (0% I1, 8% I2 e I3) 1665,74 2788,43 1,68ab 6 (0% I1, 8% I2 e I3) 2190,42 3997,44 1,83
7 (0% I1, 12% I2 e I3) 1635,03 2792,08 1,71a 7 (0% I1, 12% I2 e I3) 2227,81 4017,71 1,81
Sexo 2 8 (0% I1 e I2 e 4% I3) 2186,57 3866,80 1,77
Sex 9 (0% I1 e I2 e 8% I3) 2157,92 3835,42 1,78
Machos 1796,15a 2987,08a 1,66b 10 (0% I1 e I2 e 12% I3) 2209,66 3941,95 1,78
Males Sexo
Fêmeas 1579,18b 2654,20b 1,68a Sex
Females Machos 2330,60a 4204,40a 1,80
Média 1687,66 2820,64 1,67 Males
Mean Fêmeas 2074,31b 3759,66b 1,81
F Tratamentos NS NS ** Females
F Treatments Média
F Sexo ** ** * Mean
F Sex F Tratamentos NS NS NS
F Tratamentos x sexo NS NS NS F Treatments
F Treatments x sex F Sexo ** ** NS
Coefic. de variação 3,89 3,52 1,07 F Sex
Coefficient of variation F Tratamentos x sexo NS NS NS
F Treatments x sex
** (P<0.01) * (P<0.05)
1 a>b Médias seguidas por letras diferentes diferem entre si Coeficiente de variação 7,10 7,54 2,84
(P<0,05) pelo teste de Tukey. Coefficient of variation
2 a>b Médias seguidas por letras diferentes diferem entre si
** (P<0,01).
(P<0,01) pelo teste F. a>b Médias seguidas por letras diferentes são diferentes
1 a>b Means followed by different letters differ (P<0.05) by Tukey test.
2 (P<0,01) pelo teste F.
a>b Means followed by different letters differ (P<0.01) by F test.
a>b Means followed by different letters differ (P<0.01) by F test.

Neste experimento, os dados da Tabela 2 mos- Como se observa, os diferentes tratamentos ex-
tram aumento no teor de fibra das rações com os perimentais não tiveram efeitos significativos (P>0.05)
níveis crescentes de farelo de girassol. Isto pode sobre as variáveis estudadas, demonstrando, portan-
explicar a piora nas médias de ganho de peso e to, que o farelo de girassol pode ser incluído em 12%
conversão alimentar observadas quando os frangos nas rações dos frangos de corte, a partir do terceiro
consumiram as rações que continham os níveis mais dia de idade.
elevados de farelo de girassol. Estes resultados contrastam com os obtidos por
Para as variáveis ganho de peso, consumo de Silveira et al. (1967), que observaram redução linear
ração e conversão alimentar os frangos machos apre- no desempenho dos frangos de corte de 63 dias de
sentaram melhores médias (P<0.01) que as fêmeas. idade alimentados com rações que continham 11,3%
de farelo de girassol, a partir dos 10 dias de idade, e
Desempenho dos frangos no período entre 3 e 42
atribuíram este fato a uma deficiência de lisina no
dias de idade
farelo e ao seu alto teor de fibra.
Os dados de desempenho dos frangos de corte na
Janssen & Carré (1989) relataram que o comple-
fase de 3 a 42 dias de idade estão na Tabela 5.
xo celulolítico das plantas, além de ser pouco digerido

R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1418-1425, 2002 (suplemento)


1424 Farelo de Girassol na Alimentação de Frangos de Corte em Diferentes Fases de Desenvolvimento

pelas aves, aumenta a perda endógena de proteína O limite de 12% de farelo de girassol utilizado
devido ao aumento da descamação intestinal, com neste experimento pode ter impedido a obtenção de
conseqüente aumento na exigência dietética de uma resposta mais conclusiva a respeito do seu nível
aminoácidos, e também proporciona diminuição na máximo de inclusão nas rações dos frangos, contudo,
concentração de energia nas rações. deve-se ressaltar que o fator determinante para esta
Trabalhos como os de Costa (1974) e Zatari & Sell escolha foi a grande dificuldade da mistura das rações
(1990) enfatizaram a possibilidade de inclusão de níveis com níveis elevados do farelo, que necessitaram da
elevados de farelo de girassol (20%) nas rações de adição de grande quantidade de óleo vegetal para
frangos de corte, a partir do primeiro dia de idade, atender a demanda energética dos frangos.
desde que sejam adequadamente suplementadas com Para as variáveis ganho de peso e consumo de
lisina e energia. ração os machos apresentaram maiores médias
El Sk et al. (1997), trabalhando com frangos de (P<0.01), enquanto que para a conversão alimentar
corte dos 18 aos 46 dias de idade, alimentados com não houve diferenças (P>0.05) entre os sexos.
rações contendo 20% de farelo de soja, verificaram a Desempenho econômico
possibilidade de sua substituição completa pelo farelo Na Tabela 6 são apresentados os de índices de
de girassol, sem prejuízo aos seus desempenhos. custos e de eficiência econômica, bem como o custo
Bett (1999) demonstrou, conclusivamente, que médio em ração por quilograma de frango vivo.
ótimo desempenho dos frangos de corte pode ser Os resultados mostram que o menor custo de
obtido com rações, contendo até 15% de farelo de produção de cada kg de peso vivo de frango, em
girassol, desde que sejam suplementadas com lisina e ração, e o melhor índice de custo e de eficiência
energia para atender as suas exigências nutricionais; econômica foram obtidos quando os frangos foram
e relata ainda que, uma vez obedecido este limite, o submetidos ao tratamento T8, que consistiu em ração
seu melhor nível de inclusão fica na dependência do com 0% de farelo de girassol dos 3 aos 35 dias e com
seu custo no mercado. 4% de farelo de girassol dos 35 aos 42 dias de idade.

Tabela 6 - Custo médio em ração por kg de frango vivo, índice médio de custo e índice de eficiência econômica dos
frangos (3-42 dias de idade)
Table 6 - Average ration cost per kilo of bird, mean cost index and economical efficiency index of broilers (from 3-42 days old)
Variáveis
Variables
Tratamentos Custo em ração, R$/kg PV Índice de custo Índice de eficiência econômica
Treatments Ration cost,R$/kg LW Cost index Economical efficiency index
1 (0% I1,I2 e I3) 0,4823 100,90 99,10
2 (4% I1, I2 e I3) 0,4941 103,36 96,64
3 (8% I1, I2 e I3) 0,4886 102,21 97,79
4 (12% I1, I2 e I3) 0,5087 106,42 93,58
5 (0% I1, 4% I2 e I3) 0,4997 104,56 95,44
6 (0% I1, 8% I2 e I3) 0,4949 103,53 96,47
7 (0% I1, 12% I2 e I3) 0,4911 102,74 97,26
8 (0% I1 e I2 e 4% I3) 0,4780 100,00 100,00
9 (0% I1 e I2 e 8% I3) 0,4813 100,69 99,31
10 (0% I1 e I2 e 12% I3) 0,4823 100,90 99,10

R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1418-1425, 2002 (suplemento)


PINHEIRO et al. 1425

Conclusões MINARDI, I. Estudo sobre a composição bromatológica e


coeficientes de digestibilidade do farelo de torta de giras-
sol. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Pode-se incluir 12% de farelo de girassol nas 1969. 49p. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) -
rações de frangos de corte, sem prejuízo para o Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1969.
desempenho produtivo, sendo que o melhor desempe- MUSHARAF, N.A. Effect of graded levels of sunflower meal in
broiler diets. Animal Feed Science and Technology, v.33,
nho econômico foi obtido quando os frangos foram n.1-2, p.129-137, 1991.
alimentados com 0% de farelo de girassol dos 3 até 35 NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient
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