Meditação Cristâ - O Caminho Do Silêncio

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NOTÍCIAS DE PORTUGAL Nº 11 DEZEMBRO 2010

A Comunidade Mundial
de Meditação Cristã

MEDITAÇÃO CRISTÃ

O Caminho do Silêncio
SUMÁRIO 2ª PAG. .- AGENDA - CURSO DE MÍSTICOS CRISTÃOS - EDITORIAL "RECUPERAR O NATAL" -
-SITES DE INTERESSE NA INTERNET. - 3ª PAG. - TESEMUNHO DE UMA MEDITANTE "UMA
RÃ MERGULHA DENTRO DE SI" - 4ª, 5ª PAG - CARTA DE P. L.FREEMAN - 6ªPAG - " O

NP Nº11 CAMINHO DO SLÊNCIO" DE JOHN MAIN - 7ªPAG - "ACENDE A TUA CANDEIA" RETIRO DE
SILÊNCIO, VASCO SILVA - 8ª PAG - NOTÍCIAS INTERNACIONAIS - TESTEMUNHO DUM VELHO
MEDITANTE - N OVO COORDENADOR DA JUVENTUDE NO CANADA.

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NOTÍCIAS DE PORTUGAL Nº 11 DEZEMBRO 2010

RECUPERAR O NATAL
Curso Místicos Cristãos - IV
É assombroso como aquela noite no estábulo,
naquela gruta, descoberta pelos pastores, se - Janeiro a Junho de 2011 –
tenha convertido num sinal pràticamente uni-
versal, bem para além do mundo cristão.
Esta difusão do Natal para além do âmbito da 29 de Janeiro
fé, tambem significa uma tremenda banali- Orígenes
zação. Pastor Dimas de Almeida
Resta ainda um pálido reflexo daquilo que to-
cou o coração dos homens quando souberam 26 de Fevereiro
que Deus se tinha feito homem. É uma tenta- Experiência de si e experiência mística em Maria de
tiva de conservar o que esta festa tem de belo e Lourdes Belchior
comevedor, livrando-se da exigência nela con- P. Tolentino Mendonça
tida.
Esta festa pode dizer muitas coisas importan- 26 de Março
tes mesmo á margem do cristianismo, que po- St. António de Lisboa
dem propiciar o encontro do homem com a fé. Dra Mª de Lourdes Sirgado Ganho
Aqui se fala do mistério do menino, da simpli-
cidade, da humildade. E esses elementos da 30 de Abril
pedagogia humana, deveriam ser utilizados Pseudo-Dionísio
essencialmente para demonstrar a humanidade Fr. Rui Grácio das Neves
de Deus.
Uma grande ideia está subjacente à ancestral 28 de Maio
tradição. Essa criança é a dádiva de Deus aos St. Inácio de Loyola
seres humanos. Nesse sentido o Natal é, acer- P. João Norton
tadamente ,um dia de oferendas. Mas con-
verter as oferendas num acto comercial obri- 18 de Junho
gatório é uma deformação da própria ideia de Thomas Merton
oferecer presentes. P. Peter Stilwell
Vamos tentar devolver a simplicidade ao Natal.

As sessões têm lugar às 15,30h na casa dos Missioná-


Cursos Místicos rios do Verbo Divino,
R. S. Tomás de Aquino, 15, tel.217220200 (perto do Hospi-
tal de St. Maria, metro Larangeiras). Ver mapa no verso.

• Para mais informações: [email protected] /


tel: 91.926.49.07
[email protected] / tel: 91.929.86.02

SITES DE INTERESE NA INTERNET:


Meditação Cristã Portuguesa
http://www.meditacaocrista.com
Meditação Cristã (centro Internacional):
www.wccm.org
Meditação cristã para crianças
www.meditationwithchildren.com
Dedicado a jovens 17-30 anos
Editorial Publicação TRIMESTRAL
www.thespiritualsolution.com
Nena Leitão
Tm 917224108 [email protected] Meditação Cristã (página brasileira):
Mª Cristina Guedes de Sousa [email protected] www.wccm.com.br
Tm 919264907 Envie comentários- participações www.paroquias.org.meditação.com

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"Uma rã mergulha dentro de si”…

Sentadas … pálpebras cerradas… respirando… MA…RA…NA…THA…


Ali… no nosso último momento de meditação, ouço o Pde. Tolentino dizer e repetir: “A candeia
do Senhor está sempre acesa”, “A candeia do Senhor está sempre acesa”.
Quando “fui convidada” a participar neste Retiro do Silêncio não hesitei um segundo. O
desafio e convite feitos pelo tema “Acende a tua candeia" foram absolutamente irresistíveis para
mim. O privilégio de ser “guiada” pelo Pde. Tolentino e desfrutar de um convívio com ele e
com um grupo de meditantes cristãos eram uma dádiva, uma Bênção. Era exactamente isso que
eu estava a precisar: acender a minha candeia.
…“uma rã mergulha dentro de si”…
… ali, sentada… olhei para a minha candeia. Tantos ventos fortes a abanavam mas… fiquei surpresa, hesitante...
consegui ver uma chama que percebi, afinal, tinha estado sempre acesa. Insegura, inquieta, fustigada, mas acesa.
Estaria a olhar-me “ao espelho do Amor e da Misericórdia de Deus”?
Eu tinha aprendido em três dias e continuava a aprender naquele momento (e ainda hoje), que “só procuramos o
tesouro depois de o ter encontrado”. De facto, eu não poderia querer encontrar a chama para a minha candeia, se
não soubesse o que procurar ou onde procurar.
Então, todos os ventos e tempestades se acalmaram. “O Inverno já passou”. A chama da minha candeia deixou de
ter medo de se apagar e iluminou, segura, a certeza de que o importante é ter aprendido e agora, saber e confiar,
que “a candeia do Senhor está sempre acesa”.
“Não seriamos buscadores de Deus se não o tivéssemos já encontrado”.
…“a rã…” deixou-se então ocupar (adentrar?) pela quietude, pela paz, pelo silêncio que a envolviam e que por os-
mose atravessavam todas as suas limitações. Nunca tinha vivido um momento tão profundamente calado, tão am-
orosamente calado… fiquei…
Quando, no final se ouviram alguns testemunhos senti que o mantra das rãs, que mergulharam dentro de si durante
aqueles três dias tinha sido (co)respondido com um “momentum”, MARANATHA! O “Amor calado” tinha-nos
inundado a todas no Reencontro e transbordávamos agora, em festa, revitalizadas e nos relançávamos no caminho
da procura, tal filho pródigo, tal mulher que se prepara para varrer tudo de novo, tal ancião que volta a sonhar…
Muito grata a todas as rãs, à rã que preparou este retiro inesquecível, à rã que me levou pela mão, à rã que me
acompanhou, ao Pde. Tolentino que (re)pôs o meu olhar nas estrelas.

ACENDE A TUA CANDEIA


RETIRO DE SILÊNCIO
O meu primeiro Retiro de Silêncio, em regime residencial, decorreu nos dias 14, 15 e 16 do passado mês de Outubro, na Casa
de Oração Santa Rafaela Maria, em Palmela e foi uma vivência muito especial, desde logo, porque tive que encontrar tempo
e espaço, sobretudo interior, na minha actual vida familiar, para estar presente.
Foi também especial, porque, sendo o primeiro, tive o privilégio de ter sido organizado pela Nucha, com o seu empenha-
mento, espírito de missão e atenção ao detalhe, que, neste caso particular, se traduziu na escolha do Pe. Tolentino para orien-
tador espiritual, do maravilhoso local onde decorreu o retiro, na qualidade dos textos de suporte para as sessões de medita-
ção, na organização do programa diário das actividades e também na forma, serena e sábia, como geriu um momento parti-
cularmente difícil, que foi, a ausência, por doença, do Pe. Tolentino, no último dia do retiro.
Foi, também, particularmente especial, porque falando eu em geral muito, me senti livre para estar calado, sem ter necessi-
dade de falar, recolhido, embora em comunhão.
O Pe. Tolentino começou o primeiro dos seus Ensinamentos com uma pergunta surpreendente, que abria à perplexidade e à
interrogação mais profunda: O nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata?
Sim, é uma batata, quando é um núcleo sólido, fiel e consistente, mas é, tantas vezes, uma cebola, quando vivemos de capas,
véus, verdades parciais, aparências, como se a vida fosse uma casca, mais uma que se vai tirando.
O título do retiro, Acende a tua Candeia, vem da Parábola da Dracma perdida, em que uma mulher não desiste de procu-
rar uma moeda, apesar de ainda ter outras nove, mas há uma perda interior, uma quebra na vitalidade e confiança que é ne-
cessário restaurar, e na sua atitude o Pe. Tolentino encontrou quatro pontos centrais: Acende a luz - às escuras só ampliamos
a escuridão; Varrer – verbo activo, a vida reclama de mim um sim, agora! ; Procurar cuidadosamente – procurar a raiz da
desvitalização, do esvaziamento da vida espiritual; Alegria – do reencontro, da partilha. No fundo, é, Acende a tua Can-
deia e procura!
Mas, aconteceu um infortúnio muito pesaroso, o Pe. Tolentino adoeceu e impôs-se o seu regresso a Lisboa, não podendo
estar presente na manhã de domingo, deixou, no entanto, o texto do seu último Ensinamento que foi fotocopiado e distribu-
ído por todos os presentes.
Da autoria da Teresa Cristovão foi lido e distribuído um texto de que cito a seguinte passagem: “ O Pe. Tolentino partiu mas
permanece dentro de nós, nos nossos corações. O ensinamento de hoje é que estamos aqui por nós próprios e que temos o

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grande privilégio de existir o Pe. Tolentino com toda a sua luz e deslumbramento, mas que todos temos essa luz e deslum-
bramento dentro. Vamos acreditar e honrar o legado que ele nos deixa e viver a nossa fé com um coração simples.”
A partir do infortúnio da ausência, da mensagem da Nucha ao grupo e do sentido destas palavras, estava lançado um enor-
me desafio à maturidade espiritual de cada um dos presentes, um apelo para que continuássemos a alimentar a chama, para
que não se apagasse a Candeia que nos tinham ensinado e desafiado a acender.
Minutos depois, ouvem-se portas dos quartos a bater, o barulho das rodas das malas na calçada e os carros a partirem. De um
grupo de 54 pessoas, na última sessão de meditação estiveram presentes 28.
Recordo-me agora, ao escrever, do Pe. Tolentino ter citado os Padres do Deserto “Só há um pecado, a distracção”, de ter
lembrado Salomão, ao dizer “Senhor dá-me um coração capaz de te escutar”, e de como, ele próprio, nos lembrou que “Rezar
é deixar que Deus nos reze”.
Dou graças a Deus por ter participado neste retiro tão especial, por me ter sentido algumas vezes incomodado e tantas vezes
desafiado e posto à prova.
Comecei por dizer que foi o meu primeiro retiro, digo agora, que grande primeira vez! Vasco Silva

O Caminho do Silêncio
O Silêncio é a resposta humana essencial ao mistério de Deus, à infinidade de Deus. É como se o mistério
de Deus fosse um diamante maravilhoso e multifacetado. Quando falamos ou pensamos em Deus, é como
se estivéssemos a responder a uma ou a outra das suas faces Mas quando estamos em silêncio na sua pre-
sença, respondemos ao mistério a que chamamos Deus no seu todo e de um modo uni-dimensional. E a
maravilha disto é que é o nosso todo que responde ao todo do mistério de Deus. Não é só o nosso in-
telecto, ou as nossas emoções, ou o nosso lado religioso ou secular. Tudo o que nós somos responde a tudo John Main
o que ele é, em harmonia absoluta ,em absoluto amor. É isso a experiência da oração cristã – a nossa união
com o um que é Um.
Como é que isso é possível? É possível através da realidade encarnada que é Jesus. Deus é inteiramente revelado
em Jesus, inteiramente presente em Jesus, e o amor de Jesus tornou-nos um com ele. Ao abrirmo-nos, em silêncio, à
sua realidade, abrimo-nos em deslumbramento à realidade de Deus. Aprendemos a estar em silêncio ao alegrarmo-
nos por dizer o mantra em humilde fidelidade.
Para seguir o caminho espiritual, temos que aprender a estar em silêncio. O que se nos pede é uma viagem para o
silêncio profundo. Parte do problema do enfraquecimento da religião nos nossos dias é que a religião usa palavras
para as suas preces e rituais, mas essas palavras têm que ser carregadas de sentido. E elas só podem ser carregadas de
sentido suficiente para agir nos nossos corações, e nos levar em novas direcções, e mudar as nossas vidas, se bro-
tarem do espírito. E o espírito requer silêncio. Precisamos de usar palavras, mas para as usarmos com poder, precisa-
mos de estar em silêncio. A meditação é o caminho para o silêncio, o caminho do silêncio. É o caminho do mantra, a
palavra que nos leva a um silêncio tal que, no limite, enche todas as palavras de sentido.
O silêncio é absolutamente necessário ao espírito humano se ele quiser florescer. E não só florescer mas ser criativo,
ter uma resposta criativa em relação à vida, ao meio ambiente, aos nossos amigos. Porque o silêncio dá ao nosso
espírito espaço para respirar, espaço para Ser. Em silêncio não temos que nos justificar, pedir desculpas ou impres-
sionar outros. Temos apenas que ser. É uma experiência maravilhosa quando o conseguimos. E a maravilha está em
que nessa experiência somos completamente livres. Não estamos a tentar representar nenhum papel; não estamos a
tentar responder às expectativas de ninguém.
Para aprender a meditar, temos que aprender a estar em silêncio, e não ter medo do silêncio. Um dos maiores prob-
lemas das pessoas modernas é estarem tão pouco habituadas ao silêncio. Muitas pessoas vivem com o pano de fundo
contínuo do rádio, da televisão, ou de qualquer outra espécie de barulho constante. Na meditação, estamos por as-
sim dizer a atravessar o limiar do barulho de fundo para o silêncio. Deixem-me apenas explicar-lhes a reacção que
devem tentar ter com o silêncio. O que acontece é isto. Começam a recitar o vosso mantra e começam a sentir-se
mais em paz, mais silenciosos. Então tomam consciência de que estão no limiar do silêncio. Isto é uma espécie de
momento crítico para muitas pessoas, porque estão a deixar o mundo familiar dos sons, ideias, pensamentos e pa-
lavras. Estão a fazer a passagem para o silêncio, e não sabem o que os espera. É por isso que é tão importante e tão
útil meditar em grupo. É por isso que é tão importante e tão útil meditar numa tradição que vos diz, “Não temam,
não tenham medo.” O objectivo da nossa meditação é estarmos na presença do amor, o amor que, como Jesus nos
diz, exclui todo o medo. Mas é um momento crítico. Porque se voltarem aos vossos pensamentos, às vossas ideias,
talvez mesmo às vossas orações, desviam-se da entrada no silêncio, na oração, no amor.
O que todos temos que aprender não é tanto que temos que criar silêncio. O silêncio está lá, dentro de nós. O que
temos que fazer é entrar nele, ficar em silêncio, tornarmo-nos o silêncio. O objectivo e o desafio da meditação é
permitirmo-nos um silêncio tal, que o silêncio interior possa emergir. O silêncio é a linguagem do espírito.Aprender a
dizer o mantra, aprender a dizer a palavra, deixando para trás todas as outras palavras, ideias, imaginações e fantasias,
é aprender a entrar na presença do espírito que vive no mais profundo dos nossos corações, e lá habita no amor. O
espírito de Deus habita nos nossos corações em silêncio. Em humildade e fé entremos nessa presença silenciosa.

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UMA CARTA DE LAURENCE FREEMAN


DIRECTOR DA COMUNIDADE MUNDIAL DE MEDITAÇÃO CRISTÃ

Queridos Amigos:

.../... No Natal refletimos sobre o nascimento de Jesus religioso ajuda os cristãos a conhecer e a amar mais ple-
como a encarnação da palavra eterna "na plenitude dos namente Jesus, em quem estão contidos os inesgotáveis
tempos". Ele foi pontual. E se Jesus chegou bem à hora, mistérios de Deus.
também a nossa resposta àquele evento temporal e Lembrando
eterno deve ser sempre contemporâneo, no momento No Natal e em todos os outros aniversários de nasci-
exato. No final da sua vida, quando enfrentou o seu en- mento e morte nós lembramos. Isto não é mera nostalgia,
contro humano com a morte, Jesus também reconheceu viver com pesar no passado, descontentes com o presente
que a sua hora havia chegado (Jo 17:1). O tempo com o ou infelizes com as coisas de agora. Verdadeiramente,
qual estamos lidando neste reconhecimento espiritual lembrar é viver mais plenamente no presente — e o acto
não é apenas cronológico. Não existem relógios no céu. de lembrar está no coração de todo ritual religioso. Na
Falamos do tempo no sentido de como as coisas em fluxo Missa rememoramos a Última Ceia, assim como todas as
se relacionam entre si e, todas juntas, com a sua origem outras celebrações da Eucaristia, desde o Calvário até o
comum, o ponto universal de referência que é Deus. presente dia. Re-lembrar significa, literalmente, "trazer de
Algumas coisas fazem a hora ser a certa ,simplesmente volta à mente". Equivale, pois, a ser re-conectado àquilo
por acontecerem quando acontecem, apesar de que a nossa distração ou esqueci-
de podermos levar toda uma vida para mento freqüentemente nos disconec-
OLHAR COM AMOR
- aceitar o que aconteceu, para ver isso como tam. Ouando ficamos online na Inter-
O MENINO JESUS
parte significativa do esquema da nossa vida. NÃO É UM ACTO net, é com a ajuda de um modem ligado
Isto é especialmente verdadeiro em relação SENTIMENTAL ao seu computador que faz a ligacão do
aos acontecimentos que nos causam dor ou MAS UMA RE- seu telefone com a grande mente da rede
estranheza porque não estamos á espera. O FLEXÃO PRO- mundial. A tecnología desta rede univer-
Espírito não nos abandonou, mesmo FUNDA SOBRE O sal de comunicação (quase) instantãnea
quando sentimos que a vida é um deserto de MISTÉRIO DE SER — a começar pela sua própria con-
sofrimento inexplicável ou de rotina sem cepção — é considerada fantástica por
signifIcado, como tantos sentem hoje em dia. Ao con- todos. Mas é também muito falível, exatamente porque
trário, é nesta luta tão humana para acordar para Deus envolve somente tecnologia. No meio de uma mensagem
que o Espírito está mais humana e intimamente presente e-mail ou outra transação, a ligação perde-se súbita e inex-
em nós, no sentimento de Cristo. Ensinando, curando, plicavelmente e uma pequena mensagem aparece no seu
fortalecendo, consolando, iluminando-nos, tudo em eta- ecrãn, perguntando se gostaria de ser reconectado.
pas, de acordo com as leis naturais do nosso crescimento O Espírito Santo, de maneira semelhante, intervém pon-
pessoal. E ensinando-nos que o caminho mais rápido tualmente no momento exato da necessidade, no meio
para chegar, é ser paciente. da nossa falibilidade humana. Ele não exige nada de nós,
Estamos hoje a chegar à nova era de diálogo religioso, de apenas pergunta se queremos ser re-ligados. É verdade
tolerância, reverência mútua e de aprender uns com os que, às vezes, a mensagem do ecran pergunta se quer
outros, como jamais os nossos antepassados poderiam ter mais informação; se tiver a curiosidade de saber porque
imaginado. Compreendemos que isto é bom para os ficou desconectado poderá clicar sobre o "sim". Mas,
cristãos pelo facto de ser tão compativel com a personali- mais frequentemente, estará mais ansioso para recome-
dade de Jesus. Ele não rejeitou ninguém, tolerou a todos e çar do que para analisar o que estava errado. (Erros,
viu o mistério de Deus em todos e na natureza. Ele como pecados, afinal acontecem, e não precisamos com-
comeu com os que deveria desprezar, falou com os que preender a tecnologia de tudo).
deveria ter evitado. Ele foi tão aberto aos outros como era Ser re-lembrado, re-conectado, é um acto de redenção,
para Deus. Assim, a aceitação da pontualidade do Espir- de compaixão permanente, que durante uma vida se
ito nessa abertura da fé cristà a esta era de diálogo inter- transforma num modo habitual de sentir. Adquirimos o

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hábito de viver conscientemente, de ver Deus em todas as nalizado, são todos igualmente necessitados. A necessida-
coisas, de livrarias a igrejas. Aprendemos a acreditar que de é, simplesmente, o sentimento forte que surge em res-
somos amados. Bons hábitos eliminam os maus hábitos. posta à realidade da nossa interdependência. Não somos
E só podemos interpretar um tipo de programa com o separados dos outros nem de Deus. A sabedoria é o reco-
auxílio de outro. Relembrando, não estamos apenas pen- nhecimento do nosso inter-relacionamento. A compaixão
sando no passado. Estamos a desenvolver a nossa é a prática da nossa conexão. Na meditação ,mergulha-
intuição aplicando-a aos esquemas do passado, presente e mos num nível de realidade mais profundo do que aquele
futuro. Praticamos o arrependimento ao fazer isto, por- explorado pelas nossas mentes superficiais ego-dirigidas,
que rápidamente vemos como os nossos erros frequen- que muitas vezes estão presas na teia da ilusão da nossa
temente surgiram ao vivermos no passado ou no futuro. independência e isolamento. Soltar-se dessa teia é o traba-
Presos a programas do passado que haviam perdido a sua lho diário da meditação, e é também o novo modelo da
capacidade de mudança e desenvolvimento em progra- prática da presença de Deus na vida ordinária, que é exer-
mas novos, Ou perdidos no futuro em ondas de impaci- citada diáriamente pela meditação.
ência, ansiedade ou fantasia. A meditação ajuda-nos a abraçar o prodígio da nossa
Encarnação pobreza, a nossa necessidade de Deus. E o primeiro nível
O fazer-se carne do Verbo Eterno aconteceu num mo- da verdadeira felicidade, de acordo com as Bem-
mento histórico, mas também acontece a todo momento. Aventuranças: Felizes os pobres em espírito (os que re-
Estar consciente desta encarnação é conhecem a sua necessidade de
contemplação, e permanecer consciente Deus), pois deles é o Reino dos
POBREZA É O PONTO "EM
disto exige o trabalho da meditação. Na QUE O MISTÉRIO INFI- Céus. As nossas mentes mundanas
meditação permitimos a re-formulação NITO ENCONTRA A EX- rejeitam isto como sem sentido —
de modelos , isto é a dissolução de mod- ISTÊNCIA CONCRETA " mesmo quando, exteriormente,
elos antigos e o desenvolvimento nas demonstramos aceitação piedosa.
nossas mentes e corações de modelos Somos felizes, diz o ego, porque
novos, mais livres e espontâneos. Sem este trabalho satisfazemos as nossas necessidades e nos protegemos da
contínuo de oração, de re-inserção na realidade, frequen- vulnerabilidade a que a necessidade humana nos expõe. A
temente perdemos a dádiva do momento, porque esta- Palavra ensina-nos algo diferente, que relutamos em
mos a pensar no que perdemos ou no que esperamos que aprender. O hábito de rememorar a que nos afeiçoamos
vir a acontecer amanhã. É por este motivo que a medi- no Natal e em outros aniversários de nascimento e morte,
tação leva-nos a viver no momento de Cristo, como com- torna-nos melhores aprendizes. Com Maria, aprendemos
preendeu John Main tão profundamente. Não se trata de a ponderar sobre os mistéros do ser — que se tornaram
pensar em como Cristo era, ou como será quando vier visíveis em Jesus — e a esperar, mesmo por toda a vida,
novamente, mas em estar com ele agora e ser transfor- para que o aprendizado mostre todo o seu efeito.
mado no seu ser. Este não é um momento histórico A simplicidade das circunstáncias do nascimento de Jesus,
estático, mas o fluir, o desabrochar e o desenrolar do a sua humilde posição sócio-económica e cultural no
próprio mistério do Ser. Portanto, olhar com amor o mundo, não são, pois, meros acidentes históricos ou aci-
menino Jesus na manjedoura não é um acto sentimental, dentes com uma mensagem. É, de alguma maneira, mais
mas uma reflexão profunda sobre o mistério de ser. O apropriado que o Verbo se tenha feito carne na manje-
prólogo ao Evangelho de São João (No princípio era o Verbo doura da pobreza humana — mais próximo da condição
...) mostra como os primeiros Cristãos compreendiam que humana universal de necessidade, de inter-relacionamen-
em Jesus os mistérios mais profundos do Universo po- to — do que nos palácios do poder e do privilégio .
diam ser apreendidos no sentimento de Deus. Uma inevitável consequência disto é reposicionar para
Em Jesus acontece a intersecção do tempo e da eternida- trás a balança do poder, pela restauração da dignidade de
de; o Verbo transforma-se em palavras humanas. Mas a significado ao pobre, ao sem tecto, ao carente, ao sem voz.
intersecção acontece na pobreza do espíríto humano. É mais do que uma coincidência que não somente Jesus,
Pobreza é o ponto "em que o mistério infinito encontra a mas todos grandes líder espirituais, tenham amado espe-
existência concreta". Pobreza é não só a ausência de coi- cialmente o pobre. Celebramos um sacramento de Deus
sas, mas a nossa consciência da necessidade de outras, de ao vislumbrarmos o significado espiritual dos pobres —
Deus. A necessidade humana é universal. O mais rico e o que se oculta nas : aparências de inutilidade social e no
mais poderoso, assim como o mais pobre e o mais margi- constrangimento que os ricos não podem deixar de sentir.
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Vê-los verdadeiramente é ver Deus verdadeiramente. cionar o vazio interior da pobreza de espirito ao excesso
Quando os seres humanos reconhecem e aceitam a sua de preenchimento de planos múltiplos, desejos e sonhos.
própria pobreza e a dos outros, eles reconhecem e acei- Uma vez que a disciplina da meditação se tenha trans-
tam Cristo. formado num modelo de liberdade nas nossas vidas, nós
Perspectiva tornamo-nos conscientes da importância de relacionar o
Ver é acreditar. Só se vemos Deus podemos realmente interior e o exterior, o absolutamente real e o relativa-
acreditar em Deus. Mas existem graus de visão, e leva mente real. Percebemos que não podemos realizar corre-
tempo para que a nossa visão se torne límpida e atenta. O tamente as nossas actividades externas, a não ser que
tempo é a escola de iluminação para nós, individual- estejamos pelo menos parcialmente familiarizados com a
mente, nesta curta vida, assim como para a história da quietude, o vazio dentro de nós. Se corremos do vazio
criação, em que encontramos o nosso significado, e para interno para o preenchimento externo, encontraremos
a manifestação do verdadeiro significado e propósito da apenas a anguistia do nada. Ignorar ou negar a abertura
Igreja na história da salvação. pura e ilimitada do espirito na nossa pobreza interior
Hoje em dia, em que tanto tentamos apressar os proces- torna-nos perigosamente vulneráveis aos nossos demón-
sos da natureza para reduzir o tempo que se leva para ios e ilusões interiores.
fazer qualquer coisa, é difícil acreditar que o Espírito Sem a força da realidade espiritual, essas sombras escuras
nunca se atrase. Conservadores tentam pôr o relógio da psique controlam-nos a partir do inconsciente. Os
para trás achando que algo não deu certo, ou por se sen- nossos esquemas de medo, auto-rejeição e desejo, pro-
tirem excessivamente ameaçados pelas mudanças para fundamente enraizados, enviam sinais que confundem a
confiar no poder de Deus de arrumar as coisas. Radicais imaginação, atrapalham o nosso posicionamento na re-
ficam zangados e impacientes e procuram efetuar mu- alidade e produzem comportamento destrutivo e auto-
danças sem passar pelos estágios de crescimento, que destrutivo. O que lemos a respeito de psicopatas e socio-
têm de scr vividos por todos os seres vivos. Estamos via- patas no noticiário esta presente, todos os dias, em cada
jando muito depressa ou não bastante depressa? Tudo um de nós, embora em menor grau.
depende, naturalmente, da perspectiva. Não é necessário sentar-se completamente imóvel diante
Durante a minha longa viagem tomei frequentemente de uma parede para ser iluminado. A Encarnação ensina-
aviões para ser levado ao redor do mundo a quinhentas nos que é apenas necessário ser saudável. Ser equilibrado.
milhas por hora. Muitas vezes aproveitei a oportunidade Ser pleno e simplesmente humano, essa é uma das razões
para preparar as minhas palestras sobre quietude. E para porque é tão importante recordar que não estamos pro-
meditar nas minhas horas habituais. A velocidade da vida curando algo fora do comum quando meditamos. O que
moderna é externa. Até a aceleração psicológica da ex- parece extraordinário hoje parecerá muito comum
periência, que causa tanto stress e ansiedade nas pessous amanhã, se os estágios naturais de crescimento puderem
atualmente, é superficial em relação à profundidade do ocorrer na sequência guiada pela pontualidade do
sentimento de Cristo em nós e ao nosso próprio espírito. Espírito. Marta diminuirá o seu ritmo e encontrará
Independentemente da rapidez com que nos estamos tempo para meditar e aprender a não ficar ansiosa
movendo, podemos fazer uma pausa para encontrar o quando convidados importantes chegarem. Maria ter-
ponto de quietude do Espírito. Precisamos apenas, hoje minará a meditação e porá a mesa na hora certa. O único
em dia, ser lembrados da sua existência com ,mais fre- elemento adicional nas nossas vidas de que a maioria
quência. precisa é uma disciplina de períodos de meditação, regu-
Viajar de avião ou de carro produz a ilusão de quietude lares e curtos. Esta é a pitada de fermento que ajudará a
fisica. Movimentamo-nos com rapidez mas podemos massa das nossas vidas a crescer. .../...
fazer coisas, como comer e beber e ler, que só podemos
fazer quando estamos quietos. Neste nível é tudo maya,, Desejamos a todos um Ano Novo muito feliz e de muita
ilusão, realidade relativa. Paz e rezamos para que cada um de nós possa ser
Mesmo no meio da ilusão diária podemos parar e mer- conduziddos.o mais plenamente para a vida a que somos
gulhar na realidade em que nos movemos e vivemos e destina
conhermos o nosso ser. Na meditação, aprendemos a
relacionar a velocidade da vida externa à quietude do
espírto, que é a velocidade do agora. Aprendemos a rela-

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Testemunho dum velho meditante

Há dez anos, quando eu me voltei mais uma vez para o meu passado, depois de mais de 70 anos neste mundo, o
que é que encontrei ? Aquilo que a minha memória me quiz revelar, foi uma sucessão de acontecimentos com-
primidos que compunham a minha vida. Embrulhos poeirentos que eu tinha que limpar para abrir e tirar o con-
teúdo. Aos oitenta e dois, hoje, volto-me novamente para o meu passado e descubro, um mesmo encadeamento
de acontecimentos comprimidos em forma de embrulhos evidentemente que mais numerosos.
O que é espantoso, é constatar que num abrir e fechar de olhos, podemo-nos projetar no passado.
E isto qualquer que seja a idade. É evidente que uma tal projeção no futuro é impossível; só é possível sob a
forma de projeto.
Acontece, que a partir de certa idade, parece evidente que é impossível fazer projetos a não ser a curto prazo.Da
mesma maneira que os nossos orgãos funcionam sem darmos por isso, sem que nós nos preocupemos, só quando
temos dores, tambem existe um sistema de informação que nos alerta em certas circunstâncias. Este sistema
parece não estar degradado. É ele que permite dizer em qualquer idade “ no fundo sinto-me novo”. Será um resto
da sabedoria primitiva ?

Porque é que me é impossível pensar: “Para o ano vou fazer isto e aquilo ! “
Eu digo bem: isto não é possível ! Eu admito, mas gostaria de saber o que em mim me constrange.
Dito de outra maneira; qual é parte da minha consciência que me informa ? A questão continua posta e acho
apaixonante esta interrogação que não é pessimista. Ao contrário , ela permite-nos ser atento ao correr do tempo
tal como o vivemos.
Há aí um tempo privilegiado, para viver mais intensamente.
A prática assídua da meditação permite-me, hoje, ser mais disponível e tornar-me mais frequentemente presente à
Presença. A experiência é pessoal; mas poder-se-á falar de experiência?
De que é que se trata então ? Não sei muito bem dizer. Duma vivência, certamente sim.
Durante muito tempo procurei, tateei. A religião cristã não correspondia ao que eu procurava. Havia os santos,
certamente, mas os outros. . . os aleijados, os coxos, dos quais eu fazia parte, poderiam ser cristãos ? Eu não era
suficiente “bom” para isso ! Alguma coisa em mim procurava. . .
Eu li, escutei. . . Os budistas interpelaram-me. O budismo zen pelo seu rigor deu-me muita coisa.
Sim eu fui baptisado e fiz a primeira comunhão. Mas o meu pai morreu num desastre de mota quando eu tinha
dois anos e meio.. O carro da frente era conduzido por um padre. . . e fiz a primeira comunhão sob bombardea-
mentos. A religião desde esse instante foi riscada do mapa. Não obstante . . . alguma coisa em mim procurava . . . e
os anos passaram. Meditei sobre o sopro . . . Procurei a integral do “Vaticano II” que deu cabo das minhas re-
sistências. E depois desde a sua publicação, tive nas minhas mãos “O Dalai Lama fala de Jesus”. E aí era exacta-
mente o que eu procurava !
Obtive a morada da C.M.M.C. e foi assim que tudo começou.
Sim, foi graças à meditação que eu consegui uma verdadeira libertação como muitos de entre nós.
Assim, pude comprometer-me com determinação numa via cristã, sabendo “que não são os que estão bem, mas os
doentes é que têm necessidade de médico “.
Pratico a meditação cedo de manhã. Isto tornou-se tão indispensável como a respiração. Fortalecido com este ens-
inamento vivificante, recebi uma formação para acompanhar doentes em fim de vida. E fiz isso durante cinco
anos.
Saudações fraternas Jean-Jacques Duchamp (CMMC – França)
CANADA TEM UM COORDENADOR DA JUVENTUDE
A Comunidade de Meditação Cristã do Canadá estava a pensar maneiras de levar jovens a
meditar e para isso ofereceram 6 bolsas para a Conferência Nacional de 2009.
Um dos presentes, Kristel Partel, foi agora nomeado o primeiro Coordenador Nacional da Ju-
ventude.
Os objectivos de Kristel são:
- Promover e partilhar a prática e disciplina da Meditação Cristã, através dos ensinamentos
de John Main, a jovens ou jovens adultos, tanto Nacional como localmente.
- Desenvolver e manter uma rede espiritual Nacional de jovens e jovens adultos interessados
em ou já praticando a Meditação Cristã.
- Expandir os membros jovens ou jovens adultos da Comunidade Canadiana.
Ele já crou uma página no Facebook e fez uma entrada na Wikipédia.Está planeado um evento para 2010. O
P.L.Freeman vem á Conferência Nacional e terá uma tarde de Retiro com jovens e jovens adultos

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