Colóquio Caderno de Resumos 2017

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Caderno de resumos: IX Colóquio Internacional as Amazônias, as

Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia

Organização
Gerson Rodrigues de Albuquerque

Rio Branco - Acre


2017
Nepan Editora
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha elaborada pela Biblioteca Central da Universidade Federal do Acre

C122c Cadernos de resumos: Colóquio Internacional as Amazônias, as Áfricas e na Pan-


Amazônia / Organização: Gerson Albuquerque. – Rio Branco: Nepan Editora, 2017.

59p.
Vários autores.
ISBN: 978-85-68914-24-3
1. Amazônia. 2. África. 3. História social – Linguagem e identidade. 4. Identidade
I. Título.
CDD: 418.0209811
Bibliotecária: Alanna Santos Figueiredo - CRB 11/1003
Sumário
ESTRUTURA RETÓRICA E PLURALISMO
ARGUMENTATIVO NOS ARTIGOS DE
OPINIÃO PRODUZIDOS NA ESFERA
ESCOLAR
Adriana Alves de Lima, Lusinilda Carla Pinto Martins..........................11
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A CRISE
ECOLÓGICA: REFLEXÕES PELA BUSCA
DE UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
Adriana Ramos dos Santos...................................................................11
INDÍGENAS NA AMAZÔNIA
OCIDENTAL: PROCESSOS DE
RACIALIZAÇÃO, ETNOCÍDIO E
ETNOGÊNESE
Airton Chaves Rocha............................................................................ 12
POVO MANCHINERI: TERRA E
TERRITORIOS
Alessandra Severino da Silva Manchinery........................................... 13
A “REVOLTA DA CHIBATA”: UMA LUTA
POR MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA
E TRABALHO
Alexandra da Silva Gonçalves, Marcia costa Pinheiro......................... 13
MEMÓRIAS, IMAGENS E NARRATIVAS
DE AFRODESCENDENTES E INDÍGENAS
EM SENA MADUREIRA
Altaíza Liane Marinho, Jamila Nascimento Pontes.............................. 14
PROJETO LEI 11.645, POVOS
INDÍGENAS, IDENTIDADE E
DIVERSIDADE
Ana Patrícia Chaves Ferreira................................................................ 15
UMA LEITURA DA HISTÓRIA DE
FORDLÂNDIA: ALGUNS ASPECTOS
SOBRE A CIDADE “PERDIDA” NA
AMAZÔNIA PARAENSE
Andressa Almeida de Souza Limeira, Emily Gerusa da Silva Oliveira... 16
“O MENINO MARROM”: REFLEXÕES
SOBRE A IMPORTÂNCIA DA
LITERATURA COMO UM MEIO DE
CRIAÇÃO DA IDENTIDADE ÉTNICO
CULTURAL
Andressa Queiroz da Silva, Flávia Rodrigues Lima da Rocha............... 17
O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DE
ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO DA EDUCAÇÃO
BÁSICA NA CIDADE DE RIO BRANCO
Ângela Maria Bastos de Albuquerque, Jorge Fernandes Da Silva....... 17
A CIDADE VIGIA: ANACONDAS EN EL
PARQUE SOB A ÓTICA DOS ESTUDOS
DECOLONIAS E A BIOPOLÍTICA DO
PODER
Carlos David Larraondo Chauca, Suerda Mara Monteiro Vital Lima.... 19
CAPACITAÇÃO EM COMPETÊNCIA
CULTURAL NA SAÚDE INDÍGENA:
AVALIAÇÃO DE UMA OFICINA DE
CAPACITAÇÃO PARA PROFISSIONAIS
DE ENFERMAGEM
Christian Dave Frenopoulo Gorfain.....................................................20
O NOVENÁRIO DE NOSSA SENHORA
DA GLÓRIA, COMO SÍMBOLO
IDENTITÁRIO DA CIDADE DE CRUZEIRO
DO SUL
Cristiane Moreno de Andrade..............................................................20
O DEVIR MULHER NEGRA NA
PERFORMANCE “GRITARAM-ME
NEGRA” DE VICTORIA SANTA CRUZ
Débora de Almeida.............................................................................. 21
DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP
URBANAS E SEUS CONFLITOS
Dhuliani Cristina Bonfanti.................................................................... 22
LITERATURA AMAZONENSE: O
ROMANCE, O CONTO, A LENDA, A
POESIA, A MÚSICA... UM ACERVO A
SER EXPLORADO
Edimildo de Jesus Barroso Passos....................................................... 22
“TERRA CAÍDA” E A REPRESENTAÇÃO
DA MULHER NOS SERINGAIS
AMAZÔNICOS
Êmily Gerusa da Silva Oliveira, Andressa Almeida de Souza Limeira... 23
O ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA
ATRAVÉS DO ENSINO DA HISTÓRIA DA
CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA
Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Alexandra da Silva Gonçalves.........24
TARTARUGAS EXÓTICAS,
DINOSSAUROS, JABUTIS GIGANTES”:
AS REPRESENTAÇÕES SOBRE A
AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL NO G1/
ACRE
Francielle Maria Modesto Mendes, Karolini de Oliveira...................... 25
IMBRICAÇÕES ENTRE MICRO-
HISTÓRIA E JORNALISMO: SUJEITOS
SUBALTERNOS EM A FLORESTA DAS
PARTEIRAS, A CASA DE VELHOS E A
GUERRA DO COMEÇO DO MUNDO
Francisco Aquinei Timóteo Queirós.....................................................26
EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO
�CRE: ENCONTROS E DESENCONTROS,
UMA DISCUSSÃO DECOLONIAL
NECESSÁRIA
Francisco Charles Fernandes Falcão, Josina Maria Pontes Ribeiro......26
ATLAS INTERATIVO DE LÍNGUAS
INDÍGENAS DO ACRE E SUA
UTILIZAÇÃO NO ENSINO MÉDIO
Francisco Marcelo da Silva Araújo....................................................... 27
AS CONSTRUÇÕES RELATIVAS EM
LÍNGUAS INDÍGENAS FALADAS NO
ACRE
Gabriela Maria de Oliveira-Codinhoto, Selmo Azevedo Apontes........28
AS MEMÓRIAS COMO FONTE DE
INSPIRAÇAO NA TRAJETORIA
POÉTICA DE HÉLIO MELO
Gertrudes da Silva Jiménez Vargas, Maria Izauniria Nunes da Silva....29
ENSINO DA CULTURA E HISTÓRIA
DOS POVOS INDÍGENAS: OLHAR
DESAFIADOR NO COLÉGIO APLICAÇÃO
– CAP
Iara da Silva Castro Almeida................................................................30
O DISCURSO COLONIALISTA NA
PRIMEIRA REPÚBLICA EM BUSCA DE
UMA NAÇÃO MODERNA
Iara da Silva Castro Almeida................................................................ 31
O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE
ESCRITORES AMAZÔNICOS:
NICODEMOS SENA E VICENTE FRANZ
CECIM CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS
LITERÁRIAS
Iza Reis Gomes-Ortiz............................................................................ 32
PERSPECTIVAS: UMA ANÁLISE CRÍTICA
NA CATEGORIA TRABALHO ESCRAVO
NA OBRA GERMINAL
Jamylly Correia de Abreu.....................................................................33
ECOVILLE: NOVO MODELO DE MORAR
EM �IO RIO BRANCO-�CRE
Janete Farias Mendonça, Maria Madalena de Aguiar Cavalcante........33
PERFIL DE ALUNOS EM CURSOS
TÉCNICOS NA EAD DO ifac:
REPRESENTAÇÃO E IDENTIDADE(S)
Jannice Moraes de Oliveira Cavalcante, Vanessa Castelo B. de Melo..34
(DE) MARCANDO TERRITÓRIOS,
APAGANDO CULTURAS: A PRESENÇA
DA IGREJA NO POVO ORO WARAN- ro
Jefferson Henrique Cdreira, Josué da Costa Silva................................35
(RE) CAMINHOS E ECOS: UMA
DÉMARCHE À DESCONSTRUÇÃO DAS
REPRESENTAÇÕES DO OUTRO SOBRE
A �MAZÔNIA SUL-OCIDENTAL
Jefferson Henrique Cidreira, Josué da Costa Silva...............................36
DISCURSO E IDEOLOGIA: UM
ESTUDO DO COMPORTAMENTO
ORGANIZACIONAL NOS CURSOS DE
CONTABILIDADE E PSICOLOGIA NA
faao
Jefferson José Rodrigues do Nascimento, Adriana Alves de Lima......36
A CULTURA DO ESTUPRO NA �MÉRICA
LATINA: UM ESTUDO FEMINISTA
E PÓS-COLONIAL NA LITERATURA
CARIBENHA DE JENNIFER CLEMENT
Jeissyane Furtado da Silva...................................................................37
O COLONIALISMO HUMANITÁRIO:
PRESERVAÇÃO DO SUJEITO
BIOLÓGICO OU ANIQUILAÇÃO DO
SUJEITO CULTURAL?
Jesús José Diez Canseco Carranza........................................................38
OS DIÁRIOS DE CAROLINA MARIA DE
JESUS: A EMANCIPAÇÃO DO SUJEITO
POR MEIO DO DISCURSO IDEOLÓGICO
José Eliziário de Moura, Francinete Neves Pereira Ramos..................38
LUZ, LENTES E REVELAÇÕES: O
SURGIMENTO DA CIDADE DE PORTO
VELHO ATRAVÉS DA FOTOGRAFIA
Mara Genecy Centeno, Amanda Aparecida Montagil Silva..................39
“ENTREGAR A EDUCAÇÃO” ÀS
“COMUNIDADES RURAIS” PARA
A “UNIFICAÇÃO NACIONAL”: AS
PALAVRINHAS DE ORDEM DO
GENOCÍDIO CULTURAL
Marcello Messina, Tereza Di Somma.................................................. 40
MULHERES INDÍGENAS: O COMBATE
Á VIOLÊNCIA ATRAVÉS DAS LEIS, DOS
COSTUMES E DA CULTURA DOS POVOS
DA TERRA INDÍGENA RIO GUAPORÉ
EM RONDÔNIA
Maria das Graças Silva Nascimento Silva, Hellen Virginia da S. Alves.. 41
PARATEXTOS FICCIONAIS EM
VINTE E ZINCO: ESTRATÉGIAS DA
COMPOSIÇÃO POÉTICA DE MIA
COUTO
Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina..........................................42
CANÇÕES DA MPB PARA A
COMPREENSÃO HISTÓRICA, CRÍTICA,
POLÍTICA E CULTURAL
Maria de Lourdes vargas, Júlio César Barreto Rocha..........................42
OS RIOS E O ENCANTADO NA
AMAZÔNIA BRASILEIRA
Maria Jeane Oliveira de Almeida.........................................................44
MOBILIDADE TERRITORIAL NO
ACRE: TRAJETÓRIAS DE FAMÍLIAS
MIGRANTES
Maria Liziane Souza Silva, Maria das Graças Silva Nascimento Silva...44
DIÁLOGOS ATRAVÉS DA MÚSICA NO
ENSINO DE HISTÓRIA: O SAMBA E A
AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE AFRO-
BRASILEIRA
Maria Rosana Lopes do Nascimento....................................................45
AS COMUNIDADES ECLESIAIS
DE BASE (CEBS): MEMÓRIA DAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO
DE SUJEITOS DO PROJETO
SERINGUEIRO
Marilene Nascimento da Silva............................................................ 46
DREAD TALK: INDENTIDADE
LINGUÍSTICA
Mary Sâmia Silva da Rocha..................................................................47
HANSENIANOS EM RIO BRANCO:
ISOLAMENTO, PRECONCEITO E
MEMÓRIA SOCIAL
Matheus Gomes de Sousa................................................................... 48
A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE NA
LITERATURA ACREANA
Mauricélia de Melo Souza, Ivania Maria Costa de Matos.................... 48
AS MARCAS DOS NOVOS
LETRAMENTOS EM UMA ESCOLA DE
ENSINO MÉDIO DE CRUZEIRO DO SUL-
AC: A ITINERÂNCIA DOS DISCURSOS
ESCRITOS ÀS PRÁTICAS SOCIAIS
Ney Williams Salgado Mazzaro........................................................... 49
FRONTEIRAS CULTURAIS E DIREITOS
EM CONSTRUÇÃO: MIGRAÇÃO E
IDENTIDADES
Patrícia Helena dos Santos Carneiro, Júlio César Barreto Rocha.........50
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO EM
ALDEIAS INDÍGENAS: TERRITÓRIOS
E NOVO MODO DE SE COMUNICAR
DO POVO PAITER SURUÍ EM CACOAL
RONDÔNIA
Paulo Cesar Barros Pereira, Maria Liziane Souza Silva......................... 51
PARTICIPAÇÃO E LUTA DAS
MULHERES DA ASSOCIAÇÃO E DO
SINDICATO RURAL EM ORIXIMINÁ –
PARÁ: UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA
DAS RELAÇÕES DE GÊNERO
Raimunda Patrícia G. da Silva, Maria das Graças Silva N. Silva............ 52
SANTO DAIME, REFERENCIAIS
BIBLIOGRÁFICOS E ORALIDADE NA
COLÔNIA CINCO MIL
Rodrigo Monteiro de Carvalho............................................................53
TRABALHO E RELAÇÕES DE GÊNERO:
UM ESTUDO DE CASO DAS MULHERES
FEIRANTES DE BUJARI - AC
Rogério Nogueira de Mesquita............................................................53
AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA:
UM PROCESSO DE DIAGNOSTICO OU
REGULAÇÃO DE SUJEITOS
Simone da Silva Pinheiro.....................................................................54
CANÇÕES INFANTIS: REGULAÇÃO DO
CORPO FEMININO
Simone da Silva Pinheiro.....................................................................55
ONDJAKI: TRADIÇÃO, IDENTIDADE E
O CONTRADISCURSO EM YNARI: A
MENINA DE CINCO TRANÇAS
Sonia Maria Gomes Sampaio, Larissa Gotti Pissinatti..........................55
FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO
BRASIL E IDENTIDADE DOCENTE NO
ENSINO SUPERIOR
Tatyana Sá de Lima..............................................................................56
O DIREITO A SERVIÇO DOS DONOS DO
PODER: NEGAÇÃO DA HISTÓRIA DO
BRASIL NA DEMARCAÇÃO DE TERRAS
INDÍGENAS E O CONTRAPRODUCENTE
MARCO TEMPORAL DO STF
Tayson Ribeiro Teles............................................................................57
RELATOS E EXPERIÊNCIAS DE UM
JORNALISTA NEGRO EM UMA
TELEVISÃO BRANCA
Thiago Roger da Silva..........................................................................57
Estrutura retórica e pluralismo argumentativo nos
artigos de opinião produzidos na esfera escolar
Adriana Alves de Lima
UNIR
Lusinilda Carla Pinto Martins
UNIR
Neste trabalho, examinaremos o gênero artigo de opinião produzido por alunos
da educação básica para Olimpíada de Língua Portuguesa do Programa Escreven-
do o Futuro, em 2014. Como objetivo, analisamos a estrutura retórica e o pluralis-
mo argumentativo dos corpora. Iniciamos a nossa exposição com o conceito de
gênero textual e a metodologia de análise do modelo CARS proposto por Swales
(1990), em consonância com os setes passos da metodologia proposta por Vijay
K. Bhatia (1993), os quais nos dão suporte na pesquisa acerca de como ensinar
a escrita dos gêneros discursivos em sala de aula. Desse modo, analisamos dez
artigos produzidos para o concurso de escrita. Assim, obtiveram-se informações
sobre a estrutura que compõe o gênero em estudo, como o nível do pluralismo
argumentativo utilizado pelos alunos-articulistas ao materializar os seus discur-
sos.
Palavras-chave: Artigo de Opinião. Discurso. Estrutura Retórica. Gênero Textual.
Pluralismo Argumentativo.

Educação ambiental e a crise ecológica: reflexões


pela busca de uma sociedade sustentável
Adriana Ramos dos Santos
UFAC
O presente trabalho desenvolve uma reflexão acerca da atual crise civilizatória
enfrentada pela humanidade e o papel desempenhado pela educação ambiental
frente a essa crise. O estudo fez uso da abordagem qualitativa. Trata-se de um
ensaio teórico, onde inicialmente faz-se uma análise da dinâmica da sociedade
capitalista e as relações que estabelece com a natureza apresentando um panora-
ma geral da crise ecológica vivenciada na atualidade e que se coloca como desafio
a ser enfrentado pela humanidade, em especial no que diz respeito à busca do
necessário equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, humano e a proteção
ao meio ambiente. Analisa-se em seguida questões acerca da emergência de uma
educação pautada na sustentabilidade sugerindo uma vertente da Educação Am-
biental que possa reverter os atuais níveis de degradação ambiental. Para tan-
to, buscam-se subsídios teóricos em autores como Loureiro (2004); Guimarães
(1995); Leff (2001); Tozoni-Reis (2008). Percebe-se a urgência de uma consciência

11 Sumário
ambiental potencializada pela educação ambiental, pois acreditamos que atra-
vés da Educação Ambiental critica e emancipatória é possível potencializar a ca-
pacidade crítica e criativa do ser humano, levando a uma mudança de atitude.
Resultando, por consequência, em transformações concretas dos princípios que
norteiam a sociedade e na intervenção ativa do homem no meio, amparada ne-
cessariamente em critérios ambientais. Trata-se, portanto, de mudanças de ati-
tudes, com adoção de comportamentos compatíveis com um desenvolvimento
sustentável. É preciso pensar a Educação Ambiental como um movimento que
leva necessariamente à profunda indagação sobre a gênese dos problemas am-
bientais, através da observação, reflexão, investigação acerca das situações con-
cretas que se apresentam. Cumprindo por um lado, seu papel de promotora de
cidadania, autonomia, senso crítico e capacidade de tomada de decisão e, por ou-
tro, propiciando condições que levem as pessoas a uma compreensão integrada
das questões postas pela realidade.
Palavras-chave: Crise ecológica. Educação Ambiental. Sociedade sustentável

Indígenas na Amazônia Ocidental: processos de


racialização, etnocídio e etnogênese
Airton Chaves Rocha
UFAC
A comunicação tem como sujeitos da reflexão indígenas da região que compre-
ende o hoje estado do Acre, buscando evidenciar suas experiências de luta para
continuar existindo, as vivências de racialização e preconceitos, genocídio, etno-
cídio e de autogênese. O texto procura enfatizar tentativas de agências dos sujei-
tos sociais indigenas, sondando existências decoloniais. Nessa perspectiva tem-se
como objetivos problematizar aspectos do processo histórico de racialização do
indígena produzido por certos tipos de literatura, bem como pela tendência pre-
dominante da historiografia amazônica; evidenciar possibilidades de superação
da visão eurocentrica plasmada nas ciências sociais, apontando para outras for-
mas possíveis de abordagem da história indígena. Para atingir os objetivos men-
cionados utilizo-me do referencial teórico produzido por autores pós-coloniais e
decoloniais como Frantz Fanon, Homi Bhabha, Stuart Hall, Enrique Dussel, Aníbal
Quijano, Walter Mignolo e de outros estudiosos como o antropólogo João Pache-
co de Oliveira. Como procedimento metodológico valho-me de uma diversificada
gama de registros como textos fundantes da historiografia do Acre, memórias
produzidas por indígenas e sujeitos sociais ligados a sua causa, história oral, cos-
mologias expressas na tradição oral e outros vestígios. Como conclusão ou resul-
tado parcial, espero que a reflexão desenvolvida possa contribuir com o processo
de visibilidade das lutas indígenas da região da Amazônia Ocidental, bem como

12 Sumário
para a história indígena local.
Palavras-chave: Indígenas. Amazônia Sul Ocidental. Racialização. Etnogênese.
Decolonialidade.

Povo Manchineri: terra e territorios


Alessandra Severino da Silva Manchinery
UNIR
O presente estudo objetivou discutir temas como terras e territórios do povo
Manchineri, bem como o sentido da fronteira, na perspectiva de entender a tra-
jetória deste povo na tríplice fronteira e, em destaque no território brasileiro. Por
territorialidades entendemos à como a síntese das relações sociais que dão corpo
e conferem função ao território. Numa abordagem inicial, pode-se dizer que as
territorialidades são a “razão de ser” dos territórios, conferindo-lhe existência,
seja material ou imaterial. Do ponto de vista metodológico utilizamos a etnografia
“experimental”, procuramos desenvolver em determinados lugares a “observa-
ção participante”, num movimento que variou de observador e de participante
nas relações construídas e dependendo do tipo de interação construída com o
povo sujeito. Para isso a pesquisa foi realizada em duas fases. A primeira fase foi
realizada a pesquisa bibliográfica e histórica. E a segunda, nos dedicamos as en-
trevistas com lideranças Manchineri e com algumas famílias que vivem na cidade
de Rio Branco/AC. Os Manchineri vivem em Terras Indígenas do estado do Acre, e
nos departamentos de Pando e Madre de Dios. Vivem em algumas cidades, como
Rio Branco e Brasília.
Palavras-chave: Povo Manchineri. Terras. Territórios.

A “Revolta da Chibata”: uma luta por melhores


condições de vida e trabalho
Alexandra da Silva Gonçalves
UFAC
Marcia costa Pinheiro
UFAC
O presente trabalho é uma breve análise por meio de fontes bibliográficas e do-
cumentais sobre a “Revolta da Chibata”, que é um dos objetivos de ensino do pri-
meiro ano do Ensino Médio. Esta análise é uma proposta do projeto de extensão
“Em favor da Aplicabilidade da Lei 10.639/ 2003 na Educação Básica”, da Univer-
sidade Federal do Acre. A importância deste estudo está em pensar a revolta da
chibata para o ensino médio a partir do viés da lei 10.639/2003 e criar possibilida-
des e condições para que esta lei seja inserida no currículo ensinado nas escolas.

13 Sumário
A importância deste estudo está em demonstrar, que a aplicação ou não da lei
está ligada diretamente a abordagem de conteúdos já trabalhados na sala de aula,
de forma que conteúdos tidos por tradicionais, possam ser ressignificados para
que contemplem assim, uma visão não estereotipada do negro. O objetivo deste
trabalho é apresentar uma possibilidade de ressignificação do currículo, a partir
do momento que rompe coma visão eurocêntrica e traz o foco para a história e
cultura africana e afro-brasileira. A proposta metodológica consiste em abordar
a Revolta dos marinheiros, mais tarde conhecida como “Revolta da Chibata”, a
forma como esta foi organizada e planejada por marinheiros que estavam can-
sados de aguentarem maus-tratos nas mãos dos oficiais que os castigavam com
chibatadas quando cometiam alguma falta que contrariasse a hierarquia dos seus
comandantes. A partir de analise bibliográfica e dois jornais da época, o jornal
“RIO DE JANEIRO” e o jornal “A NOTICÍA”, buscasse-a apresentar de forma clara
e coesa a Revolta da Chibata e os resultados que alcançados por esta. Segundo
Martins (2010. p.63), a Revolta dos Marinheiros de 1910 tem sido analisada, deba-
tida amplamente pelas várias áreas do conhecimento, levando em conta a con-
quista do alvo, pelos mais humildes face a ditadura e a violência dos superiores,
fato histórico que não pode ser esquecido, antes deve ser lembrado e guardado
na memória histórica como exemplo de coragem e superação a ser seguido. Es-
pera-se com este trabalho contribuir para o rompimento das barreiras, como o
currículo eurocêntrico e abordagens estereotipadas que impedem a aplicação da
Lei 10.639/2003 na sala de aula.
Palavras-chave: Revolta da Chibata. Marinheiros. Direitos. Castigos. Escravidão

Memórias, imagens e narrativas de afrodescendentes


e indígenas em Sena Madureira
Altaíza Liane Marinho
IFAC
Jamila Nascimento Pontes
IFAC
Tudo que foge aos “padrões” impostos pelo processo de colonização foi negado,
fustigado, considerado sem valor, como destacou Orlandi (1990). Neste sentido,
o negro e o índio, assim como suas formas de vidas desenvolvidas no interior da
floresta, foram consideradas primitivas, sem importância que deveria ser subs-
tituído pelo que estava por vir. No Brasil, esses povos não apenas sofrem o pré-
-conceito, mas ainda carregam em seus ombros, às vezes inconsciente, o peso e a
desventura das incalculáveis violências praticadas antes, durante e após o exter-
mínio de diversos povos. Até os dias atuais, nota-se no cotidiano comportamento
segregatório que silencia as narrativas destes povos. Pretende-se com esta co-

14 Sumário
municação oral discutir e contextualizar as histórias, memórias, narrativas, de tal
modo que posso vislumbrar outros olhares, outros saberes/fazeres daqueles que
aprenderam com a dor, alegria e sofrimento, que resistiram as adversidades ao
longo do processo de colonização.
Palavras-chave: História. Memória. Imagem. Narrativa. Exposição Itinerante

Projeto Lei 11.645, Povos Indígenas, Identidade e


Diversidade
Ana Patrícia Chaves Ferreira
COMIN
O projeto de Lei 11.645/2008 que trata da obrigatoriedade dos temas “História
e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” na escola pode significar no contexto edu-
cacional um avanço para a construção do conhecimento sobre povos indígenas
e afrodescendentes. No entanto, essa realidade ainda caminha a passos lentos,
tendo em vista que esse tema ainda persiste e enciste atuar no campo do “des-
conhecido”, daí claramente implícita a obrigatoriedade da lei. Desde 2012 o Con-
selho de Missão Entre Povos Indígenas-COMIN desenvolve um projeto com algu-
mas escolas públicas de Rio Branco/AC, com o tema: Lei 11.645, Povos Indígenas,
Identidade e Diversidade. Com a estratégia para a quebra da desinformação e
intolerância, alunos, professores e coordenações escolares, experimentam/aco-
lhem de forma empírica implicações específicas para o Currículo Intercultural.
Com objetivo de (Des)-construir o conceito de que todo índio é “caboco”, come
de cócoras e acredita em um único Deus Tupã, percebe-se que o enraizamento
da desinformação ou da informação equivocada, requer perseverança/paciência,
para a abordagem da desmitificação, principalmente quando essa informação é
reproduzida na escola e passada ano após ano como “conhecimento” sobre po-
vos indígenas, ou aquilo que se “sabe”, ou ouviu falar sobre os povos indígenas.
Ao longo desses anos de projeto, constatamos que há grande maioria dos profes-
sores e professora desconhecem até mesmo quem são como vivem, onde vivem e
quantos são os povos indígenas do estado do Acre. Pois a própria pedagogia e os
livros didáticos apresentam uma visão eurocêntrica, perpetuando estereótipos e
preconceitos sobre esses povos. Nos valemos das contribuições como suporte te-
órico-metodológico ao estudo de Domingues (2007), Reis (2009), dentre outros.
Palavras-chave: Povos Indígenas. Currículo. Identidade. Diversidade.

15 Sumário
Uma leitura da história de Fordlândia: alguns
aspectos sobre a cidade “perdida” na Amazônia
Paraense
Andressa Almeida de Souza Limeira
UFAC
Emily Gerusa da Silva Oliveira
UFAC
O objetivo desta comunicação é apresentar aspectos acerca da história do distri-
to de Fordlândia, abordando algumas das intervenções e mudanças provocadas
pela instalação da empresa de Henry Ford na ocupação daquela região, propondo
também uma discussão a respeito do contato entre brasileiros e americanos que
deu origem à cidade, para a qual hoje são atribuídos adjetivos como ‘abandona-
da’, ‘perdida’ e ‘esquecida’. Utilizamos o crítico Edward Said (2007) para buscar
interpretar essa ideia de progresso trazida por aqueles estrangeiros, na forma
com que a empresa americana se estabelece nos espaços amazônicos e implanta
um sistema de trabalho que ignora as práticas locais dos operários brasileiros,
o que acarreta em desentendimentos e revoltas internas na região, e também
o pensamento de Albuquerque Júnior (2011), ao observamos que o distrito de
Fordlândia, pertencente ao Pará, passa a ser comumente retratado, nos dias de
hoje, como um lugar que passou por um período de esperança, mas sofre uma
eterna sensação de um ‘progresso’ que não chegou, percebendo-se a construção
que vai sendo tecida em um discurso e “posição nostálgica com relação ao passa-
do”. Assim, propomos uma análise utilizando o documentário Fordlândia, dirigido
por Marinho Andrade e Daniel Augusto, em 2008, no qual é contada a história da
cidade, em diálogo com alguns documentos e personagens que fizeram parte da
rápida constituição do lugar e do livro Fordlândia - Ascensão e Queda da Cidade
Esquecida de Henry Ford na Selva (2010), em que o autor Grandin narra parte
da história e objetivos do empresário Henry Ford na época em que se desafiou
a construir o pequeno distrito naquela região da Amazônia brasileira, no final da
década de 1920, e que culminou em um dos maiores fracassos de sua carreira.
Palavras-chave: Fordlândia. Amazônia. Henry Ford. Intervenção.

16 Sumário
“O Menino Marrom”: reflexões sobre a importância
da literatura como um meio de criação da identidade
étnico cultural
Andressa Queiroz da Silva
UFBA
Flávia Rodrigues Lima da Rocha
UFAC
O presente trabalho é resultado da aplicação do projeto de extensão “Em favor
da aplicabilidade da Lei nº 10.639/03 na Educação Básica”, da Universidade Fede-
ral do Acre – UFAC e tem como objetivo falar sobre a realização da intervenção
na Escola de Ensino Fundamental I Aurea Pires Monte de Souza, para crianças do
1º ao 5º ano, assim escolhemos como metodologia realizar, para a efetivação da
Lei nº 10.639/03 e promoção da igualdade racial, a contação de história do livro “O
menino Marrom” (1986), de Ziraldo. Este trabalho tem como proposta a reflexão
e ampliação do conhecimento da temática da literatura infantil étnico-racial, para
assim sabermos lidar com algumas situações que acontecem no cotidiano da sala
de aula. Primeiramente, faremos um resgate histórico da literatura infantil e abor-
damos sua importância para a construção da identidade negra das crianças. Além
da Lei nº 10.639/03, temos como aporte teórico a obra A diferença na literatura
infantil: narrativas e leituras (2012) de Rosa Hessel Silveira. A contação de história
para o público infantil nos mostra que é necessário incluir nas escolas livros com
a temática abordada para desmistificar estereótipos, romper com preconceitos e
combater o racismo, nocivos ao desenvolvimento psicológico dos negros. Portan-
to, a escola deve ser aliada para a promoção de valores éticos, para formação de
alunos/cidadãos críticos e para a promoção da igualdade racial.
Palavras-chave: Literatura Infantil. Lei nº 10.639/03. Identidade Negra.

O processo de identificação de alunos com Altas


Habilidades/Superdotação da educação básica na
cidade de Rio Branco
Ângela Maria Bastos de Albuquerque
UFAC
Jorge Fernandes Da Silva
UFAC
O objetivo geral da presente pesquisa é analisar as competências e estratégias
dos professores regentes das salas inclusivas, dos professores do atendimento
educacional especializado em sala de recursos multifuncionais e dos professores
no Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S – no pro-

17 Sumário
cesso de identificação de alunos com altas habilidades/superdotação – AH/SD – da
educação básica na cidade de Rio Branco. Entre os objetivos específicos estão
elencados os seguintes: (a) investigar quais competências são mobilizadas pelo(a)
professor(a) regente no processo de identificação de alunos(as) com altas AH/SD;
(b) Compreender quais estratégias desse professor(a) são utilizadas no processo
de identificação dos alunos(as) com AH/SD; (c) Conhecer o papel do professor
da sala de recursos multifuncionais no processo de identificação de alunos(as)
com AH/SD; (d) Caracterizar quais as funções do NAAH/S no processo de iden-
tificação do(a) aluno(a) com AH/SD. Os principais teóricos(as) utilizados foram
(GUENTHER, 2006), (DELOU, 2007); (VIRGOLIM 2007) entre outros. A pesquisa foi
realizada em 15 escolas públicas na cidade de Rio Branco. As escolas foram identi-
ficadas através das informações obtidas no NAAH/S contendo nome das escolas
e quantidade de alunos em processos de identificados com AH/SD. Foi realizada
uma pesquisa com abordagem qualitativa. Foram utilizadas as informações regis-
tradas nos estudos de casos realizados pelos professores no início do ano letivo.
Optamos por analisar os registros do NAAH/S sobre as visitas às escolas e reali-
zarmos um estudo documental para compreender como acontece o processo de
identificação de alunos com AH/SD. A legislação foi consultada para apropriação
dos conceitos legais sobre o objeto da pesquisa. Análise dos relatórios emitidos
pelos professores do NAAH/S com base nas informações prestadas pelos docen-
tes lotados nas salas de recursos multifuncionais. Foram realizadas visitas ao NA-
AH/S na intenção de coletar informações, sobre seus objetivos e finalidades dian-
te das necessidades da escola e principalmente do professor regente no processo
de identificação de alunos(as) com AH/SD. Foi investigada a interlocução entre o
papel do NAAH/S, com o professor(a) do atendimento educacional especializado
em sala de recursos multifuncionais e com o(a) professor(a) regente no processo
de identificação de alunos(as) com AH/SD. Os resultados parciais foram os seguin-
tes: constatamos que o professor regente e o professor da sala de recursos mul-
tifuncionais identificam os alunos com AH/SD a partir do reconhecimento de três
caraterísticas que são indicativos de AH/SD: os alunos estarem acima da média
em relação a seus pares, em uma ou mais áreas do currículo. Envolvimento nas
atividades de forma autônoma, e criatividade na resolução das propostas peda-
gógicas. O NAAH/S subsidia o professor da sala de recursos multifuncionais e este
auxiliam os docentes regentes com a realização de um estudo de caso para cada
aluno identificado com AH/SD. O núcleo promove o processo de identificação por
capacitar o professor da sala de recursos e o professor regente com informações
que lhes possibilitam identificar alunos com AH/SD.
Palavras-chave: Identificação. Altas habilidades. Alunos.

18 Sumário
A cidade vigia: anacondas en el parque sob a ótica dos
estudos decolonias e a biopolítica do poder
Carlos David Larraondo Chauca
UFAC
Suerda Mara Monteiro Vital Lima
UFAC
A seguinte comunicação se apresenta como o recorte temático de uma pesquisa
em andamento que pretende, mediante a confluência das teorias foucaultianas e
os estudiosos decoloniais da pós-modernidade, analisar o discurso presente nas
crônicas contidas no livro La esquina es mi corazón, do escritor chileno, homos-
sexual, Pedro Lemebel, com o ímpeto de discutir questões referentes aos dispo-
sitivos de poder do sistema social moderno latino-americano, especificamente
aqueles que pelas forças das narrativas institucionalizadas agem sobre os corpos
e a sexualidade, criando categorias sociais que reforçam as relações de poder e
subalternidade. Tais aspectos, nos limites desta comunicação, serão observados
na crônica “Anacondas en el Parque”, considerando-a como um metarrelato le-
gitimador (Lyotard 2000; Barthes,1996-97), ferramenta revisionária que permite
discutir, relativizar e transcrever a história oficializada das narrativas nacionais.
Dessa forma, a perspectiva da abordagem teórica deste trabalho dialoga trans-
versalmente com as discussões estabelecidas nos livros A vontade de saber (2014)
e Vigiar e punir (1987) de Foucault; o texto La Lógica del travestismo y el metar-
relato de la post modernidad (1997) de H. Daniel Dei; Colonialidad del poder y cla-
sificación social (2007) Anibal Quijano; “Michel Foucault, colonialismo y geopolíti-
ca” (2010), de Santiago Castro; “Corpos que pesam: sobre os limites discursivos
do sexo” (1993) de Judith Butler; “A produção social da identidade e diferença”
(2000) de Tomaz Tadeu da Silva; Por uma teoria queer pós colonial: Colonialidade
de gênero e heteronormatividade ocupando as fronteiras e espaços de tradução,
Género, direitos humanos e ativismos. (2016) de Fernanda Belizário; Manifesto
Contra-Sexual (2002) de Beatriz Preciado. A obra de Lemebel se inscreve no con-
texto das periferias urbanas de Santiago do Chile da década de 1980, no período
da ditadura de Pinochet, o gênero literário, crônica jornalística, é pertinente pelo
seu teor autobiográfico, na qual memórias e poéticas confluem em espacialida-
des afetivas e se constituem em um ato discursivo entendido como uma luta no
campo da linguagem contra um sentido unitário e universalizante da historiogra-
fia chilena, pois enuncia a partir de um lócus historicamente marginalizado: a co-
munidade LGBTQ.
Palavras-chave: Decolonialidade. Foucault. Pós-modernidade. Literatura Latino-a-
mericana. Homossexualidade.

19 Sumário
Capacitação em competência cultural na saúde
indígena: avaliação de uma oficina de capacitação
para profissionais de enfermagem
Christian Dave Frenopoulo Gorfain
UFAC
Apresentam-se os resultados de uma avaliação da eficácia de uma oficina de de-
senvolvimento de competência cultural, na qual participaram profissionais de
enfermagem que trabalham com pacientes indígenas na Amazônia ocidental. Os
resultados mostram que houveram mudanças nas atitudes e conhecimentos dos
participantes após as oficinas, tendentes a valorizar uma abordagem mais cultu-
ralmente sensível com os pacientes. A hipótese principal era que a participação
na oficina iria incrementar a competência dos profissionais para interagirem com
pacientes culturalmente diferentes. O marco teórico centrou-se no conceito de
“competência cultural”, o qual é um constructo que descreve a capacidade para
interagir eficazmente com indivíduos culturalmente diferentes, e é especialmen-
te relevante na prestação de serviços públicos, como por exemplo, a atenção à
saúde (RIBEIRO PEREIRA et al. 2014; COOPER & ROTER, 2002 apud BEACH et al.,
2005; PRICE et al., 2005). Esta hipótese foi testada utilizando questionários: pri-
meiramente, comparando um grupo experimental submetido à intervenção com
um grupo controle; e segundo, comparando os valores iniciais antes da oficina
com valores registradas após a oficina. A intervenção foi aplicada com profissio-
nais de enfermagem da CASAI (Casa de Saúde do Índio) na cidade de Rio Branco,
Acre. A análise dos resultados indicou que houve uma mudança estatísticamente
significativa nos indicadores de competência cultural. Secundariamente, através
de questionários, procurou-se identificar quais atividades pedagógicas contribui-
riam mais para o aprendizado de competência cultural. Neste caso, os resultados
indicaram que os participantes acharam mais eficazes as visitas às salas da enfer-
maria e conversas diretas com os pacientes sobre a qualidade do atendimento.
Palavras-chave: Competência cultural. Saúde indígena. Enfermagem

O novenário de Nossa Senhora da Glória, como


símbolo identitário da cidade de Cruzeiro do Sul
Cristiane Moreno de Andrade
UFAC
O presente artigo visa analisar a temática do novenário de Nossa Senhora da
Glória, como símbolo identitário da cidade de Cruzeiro do Sul, Acre. Para tanto,
realizar-se-á um levantamento bibliográfico, fundamentados em autores como
Ugarte (2009), Tocantins (2000), Martinello (2004) e entre outros que deixaram

20 Sumário
sua contribuição para a realização desse estudo, debruçando-se em discutir ques-
tões pertinentes referente a exploração e ocupação que se deu da Amazônia ao
Vale do Juruá, como também, obeservar o aparecimentodesse dogma religioso
na região juruanse. Os procedimentos metodológicos usados se dividiram em
uma reflexão teórica acerca do tema proposto, através da qual tornou-se notório
o sentimento de emoção e fé das pessoas que participam dessa manifestação
religiosa. Assim sendo, conclui-se que pessoas de diferentes gêneros e idades par-
ticipam compartilhando da mesma fé, através de campos identitários, sociais e
culturais amplamente opostos, mas que constroem e refazem suas identidades
culturais através de uma tradição perpassada de geração em geração, celebrando
essa religiosidade popular.
Palavras-chave: Símbolo. Novenário. Identidade.

O devir mulher negra na performance “Gritaram-me


negra” de Victoria Santa Cruz
Débora de Almeida
UFAC
O presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão acerca das questões
relacionadas à tomada de consciência identitária da mulher negra- o Devir mulher
negra -a partir da análise da performance “Gritaram-me negra”, da coreógrafa,
poeta, e estilista afro- peruana Vitória Santa Cruz. Para tanto, basearemos nossa
análise nas discussões acerca do devir negro realizadas por Achille Mbembe, em
seu livro “A crítica da razão negra” e de Ochy Curriel sobre identidades essencia-
lizadas no texto “Identidades essencialistas o construccion de identidades políti-
cas”. A performance “Gritaram-me negra”, com poesia, encenação e atuação de
Victoria Santa Cruz, narra o processo de tomada de consciência étnica e racial de
uma mulher negra ao ser chamada de negra por alguém, como forma de ofensa.
Nesse processo, ela reelabora suas experiências de mulher negra em uma socie-
dade racista, desde a negação ao termo “negra”, considerando todo o signifi-
cado pejorativo imposto à essa palavra, até a sua afirmação, quando assume- se
negra, e através dos mesmos termos e traços que propunham subalterniza- la ( a
palavra negra, sua cor, seu cabelo e seus traços negroides ), ela se empodera, ree-
laborando os signos referentes à figura negra. Com isso, a palavra negra, repetida
diversas vezes na performance, relacionada aos movimentos dos corpos da atriz e
dos outros intérpretes, suas vozes, variando ritmo e entonação, ganha diferentes
significados, do negativo ao positivo, do adjetivo ao substantivo, mostrando que
a artista está travando uma luta ideológica e política no campo da linguagem.
Palavras-chave: Devir negro. Mulher negra. Performance. Victoria Santa �ruz

21 Sumário
Delimitação das Áreas de Preservação Permanente –
APP urbanas e seus conflitos
Dhuliani Cristina Bonfanti
UNIR
A falta de planejamento urbano é um dos principais problemas encontrados no
Brasil. Na Amazônia, um fator preocupante em áreas urbanas é a intensa ocupa-
ção a margem dos cursos d’água. Em Rio Branco, capital do Acre o processo de
urbanização não pode ser analisado separado do contexto histórico, com isso é
possível identificar que o crescimento urbano resultou principalmente do êxodo
rural instalado no Acre a partir da década de 1970, quando recebeu uma extensa
quantidade de migrantes que desabrigados e com poucos recursos, passaram a
buscar terrenos baratos – em sua maioria não legalizados - ou ocupar áreas de
risco, principalmente margens dos cursos d’água. Estas áreas foram consideradas
pela Lei Federal nº 4.771 de 1965, áreas de preservação permanente – APP e desde
então as cidades tem procurado adaptar o planejamento e gestão para atender as
normas ambientais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é delimitar as Áreas
de Preservação Permanente Urbana de Rio Branco – Acre, utilizando dados carto-
gráficos primários e mosaicos de imagens aéreas fornecidos pela Secretaria das
Cidades, estes dados serão processados no Sistema de projeção Cartográfica - SIG
Qgis versão 2.18. 13 por meio do comando Create Buffer o qual seguiu a norma
estabelecida pelos artigos 2º e 3º da Resolução nº 303 do CONAMA, que define
as áreas de preservação permanente ao entorno dos cursos d’água e nascentes.
Após a delimitação foi gerado a classificação supervisionada do uso do solo nas
APPs, podendo desta forma definir as áreas que apresentam ocupações irregula-
res em APPs. Nesta observação foi possível identificar que as APPs apresentam-se
de três formas: com a presença de vegetação, com áreas de solo exposto e com
áreas habitações identificou-se que a ocupação irregular nestes locais tornou-se
um problema crescente que está se agravando devido ao planejamento incom-
patível com a realidade local proporcionando a intensificação dos impactos am-
bientais.
Palavras-chave: Áreas de Preservação Permanente - APP. Conflitos. Planejamento
Urbano

Literatura Amazonense: O romance, o conto, a lenda,


a poesia, a música... Um acervo a ser explorado
Edimildo de Jesus Barroso Passos
UFAM
Falar sobre a literatura brasileira não é um assunto dos mais fáceis. Sabemos que

22 Sumário
o Brasil é um país multicultural e duas das causas são a enorme extensão terri-
torial e sua composição étnica. Isso contribui, consequentemente, entre outros
aspectos, para uma diversificada literatura. Cada região, cada estado, cada cidade
e, até, em algumas cidades, cada bairro, possui suas particularidades caracterís-
ticas. Nesse sentido, o Amazonas não poderia ser diferente. Em sua teia cultural,
tecida por diversas influências, encontra-se uma vasta literatura que, presente no
romance, no conto, na poesia na música etc., compõe um vasto cenário literá-
rio a ser explorado por ser pouco explorado. Uma prova disso é o pouquíssimo
acervo encontrado na Internet. A partir de constatações como essa é que che-
guei à conclusão de que será de grande contribuição, para difundir a literatura
amazonense, a apresentação deste trabalho o que concretiza o objetivo principal
dessa comunicação. Esse estudo foi construído a partir de um longo e minucio-
so levantamento bibliográfico, principalmente, acesso a entrevistas de autores
consagrados da Literatura Amazonense como Milton Hatoun; José Luiz Gonzaga,
professor e escritor amazonense. Autor do site Banzeiro Poético; Luiz Lauschner,
que lançou em Manaus, em 13/06/2011 o romance “O Perfume do Pau-rosa”, ven-
cedor do prêmio Petrobras de literatura, entre outros, e ouvindo canções que
falam do Amazonas, como as do grupo Raízes Caboclas, as da cantora Eliana Prin-
tes, as toadas dos bumbás de Parintins, entre outras. Esta comunicação se reali-
zará a partir de um breve passeio pela história da colonização e criação do Estado
do Amazonas seguida da declamação de um poema do Escritor e Poeta Álvaro
Maia, passando pela leitura de trechos dos romances “A Selva”, de Ferreira de
Castro, “O Beiradão”, de Álvaro Maia, “Terra de Icamiaba”, de Abguar Bastos, e
“Andirá”, de Paulo Jacob e de contos, entre outros, como “A Caligrafia de Deus”
de Márcio Souza, autor do Romance “Mad Maria”, sendo encerrada em conside-
rações acerca da literatura do município de Humaitá-AM. A partir desse trabalho,
portanto, acredito que outros acontecerão e que, em uma sequência ao menos
razoável, impulsionarão outros e mais outros. Por fim, acredito, estudos como
esse culminarão com uma divulgação bastante consciente da literatura brasileira
amazonense.
Palavras-chave: Literatura. Humaitá. Amazonas. Brasil

“Terra Caída” e a representação da mulher nos


seringais amazônicos
Êmily Gerusa da Silva Oliveira
UFAC
Andressa Almeida de Souza Limeira
UFAC
Na presente comunicação propomos uma análise da obra Terra Caída (2007) do
autor brasileiro José Potyguara Frota da Silva, de modo a iniciarmos uma discus-
são sobre o papel representado pela mulher nos seringais amazônicos, papel este

23 Sumário
propagado na literatura. Tomaremos como apoio para debate no que cabe a com-
paração, o conto Maibi do livro Inferno Verde (2008) do também autor brasileiro
Alberto Rangel. Esta escrita se ampara em um referencial teórico traçado na re-
lação história e literatura, como no historiador Roger Chartier (2011) e sua teoria
sobre a representação. A história serve como suporte na elaboração de ficções, a
literatura aparece como uma possibilidade ou até como uma necessidade no que
tange a investigação histórica acerca da representação feminina no dado contex-
to histórico, qual seja, a exploração da borracha e a consequente formação dos
seringais em fins do século XIX. As reflexões que possam advir desta visionam a
ampliação das fontes documentais na constituição do papel da mulher na história.
Palavras-chave: Mulher. Seringal. História. Representação.

O ensino de história da África através do ensino da


história da civilização islâmica
Flávia Rodrigues Lima da Rocha
UFAC
Alexandra da Silva Gonçalves
UFAC
Este trabalho é uma breve análise de como a Lei 10.639/2003, que obriga o ensino
de história e cultura africana e afro-brasileira nas Educação Básica, pode ser apli-
cada por meio do estudo da civilização islâmica, que é um dos objetivos de ensino
do primeiro ano do Ensino Médio. A importância deste estudo está em criar con-
dições de aplicabilidade da Lei 10.639/2003 dentro do currículo que se tem para
ser ensinado nas escolas, demonstrando assim que a referida legislação em muito
se trata de uma nova abordagem de conteúdos já tradicionalmente trabalhados,
mas que precisam ser ressignificados para que contemplem outras histórias, além
das histórias estabelecidas por nossas propostas eurocêntricas de currículo. Por
isso, este texto objetiva demonstrar uma possibilidade de revisitação do currícu-
lo, rompendo-se com a visão e com as temáticas tradicionais de ensino para que
seja de fato implantada a Lei 10.639/2003 através de nossas práticas pedagógi-
cas, bem como da amplitude de itens do currículo já inseridos no processo de
ensino-aprendizagem do ambiente escolar. A revisitação curricular proposta por
este trabalho será feita através do ensino referente ao processo de construção
de construção e desenvolvimento da civilização islâmica, onde tradicionalmente
se estuda a península arábica e as outras geografias por onde se espalharam a
referida civilização, sendo a África de extrema importância nesse processo de ex-
pansão do islamismo, uma vez que o Islã difundir-se por quase todo o continente,
por meio de conexões comerciais, culturais, políticas e sociais. Segundo Frazão e
Ralejo (2014) entender currículo como discurso permite também compreendê-lo

24 Sumário
como espaço de luta, de disputa pela palavra, vista como alvo do exercício de
poder. Isso é o que bem tem-se percebido em nossos currículos tradicionalmente
colonizadores, o uso da fala dos personagens e dos conteúdos de ensino para a
reprodução do racismo, do preconceito e da discriminação racial. Por isso, espera-
-se com este trabalho contribuir para que se rompa com o silêncio e com as falas
estigmatizadas acerca do continente africano e dos africanos no Brasil, inclusive
nas Amazônias dentro do currículo, não apenas para fazer cumprir uma legisla-
ção, mas sobretudo para dar voz a sujeitos históricos secularmente silenciados e
inferiorizados em todo o seu contexto social, inclusive no escolar.
Palavras-chave: Lei 10.639/2003. Currículo de História. Civilização Islâmica.

Tartarugas exóticas, dinossauros, jabutis gigantes”:


as representações sobre a Amazônia Sul-Ocidental no
G1/Acre
Francielle Maria Modesto Mendes
UFAC
Karolini de Oliveira
UFAC
Este estudo faz um recorte da pesquisa “Imaginário na Amazônia: um estudo
sobre as representações produzidas pelo jornalismo do G1/Acre”, cadastrado na
Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre, em 2016/2017. O texto analisa o imagi-
nário e as representações da Amazônia brasileira/acreana em cinquenta e oito
narrativas jornalísticas, publicadas entre os anos de 2013 e 2016, no site G1/Acre.
Por questões didático-metodológicas, os textos noticiosos foram organizados em
cinco categorias: atividade econômica; mitos, lendas, crenças e encatamentos;
relação ser humano/natureza (fauna e flora); povos indígenas; meio ambiente. Do
corpus analisado, percebe-se que o discurso tradicional que afirma ser a Amazô-
nia brasileira/acreana uma região onde impera atraso, degeneração e passividade
se entrecruza com algumas abordagens sutis sobre desenvolvimento cultural e
tecnológico, sobretudo, relacionadas aos povos indígenas. Como parte da funda-
mentação bibliográfica, foram estudadas as obras dos seguintes autores: Stuart
Hall, Miquel Alsina, Ana Pizarro, Durval Muniz de Albuquerque Junior, entre ou-
tros.
Palavras-chave: Jornalismo. Amazônia acreana. Representações. Imaginário. G1/
Acre

25 Sumário
Imbricações entre micro-história e jornalismo:
sujeitos subalternos em a floresta das parteiras, a
casa de velhos e a guerra do começo do mundo
Francisco Aquinei Timóteo Queirós
UFAC
A corrente investigação busca pensar os sujeitos subalternos na prosa jornalística
de Eliane Brum. Nessa perspectiva serão analisadas as reportagens A floresta das
parteiras, A casa de velhos e A guerra do começo do mundo, presentes no “livro
de repórter” O olho da rua. A pesquisa adota como aporte teórico-metodológico
a micro-história italiana, tendo-se as pesquisas de Carlo Ginzburg como o leitmotiv
para se discutir a presença das pessoas comuns na tessitura da prosa jornalística.
O estudo ancora-se também na articulação com o pensamento dos comentadores
Henrique Espada Lima (2006) e Carlos Antonio Aguirre Rojas (2012).
Palavras-chave: O olho da rua. Eliane Brum. “Livro de repórter”. Micro-história.

Educação escolar indígena no �cre: encontros e


desencontros, uma discussão decolonial necessária
Francisco Charles Fernandes Falcão
UFAC
Josina Maria Pontes Ribeiro
IFAC
No Acre, os povos indígenas vivem em diferentes espaços/tempos, construindo
um presente que não é passado e nem futuro, mas é o hoje marcado por frontei-
ras de um Acre (re)inventado diariamente pelos discursos e práticas oficiais, so-
bre a égide do que foi nomeado de “modernidade”, determinando as relações de
poder e a produção colonialista de conhecimentos. Nesse contexto, a educação
escolar indígena vem tendo uma longa trajetória de conflitos, lutas e conquistas,
na qual os movimentos indígenas e indigenistas buscaram e buscam superar os
modelos inadequados produzidos pelo Estado com caráter colonizador, integra-
cionista e “civilizador”, tendo a escola como instrumento de dominação e homo-
geneização cultural, negando as especificidades dos povos indígenas. Logo, esse
trabalho tem por objetivo apresentar os encontros/conquistas/diálogos e desen-
contros/descaminhos/subordinação da educação escolar indígena no Acre, sen-
do esses contextos socioculturais complexos por serem marcados por tensões e
embates no campo do saber/poder, das linguagens e identidades. Nesse sentido,
tornam-se necessárias as reflexões sobre as narrativas e a produção de discursos,
tendo como referencial teórico os estudos culturais e as teorias criticas pós-colo-
niais, de Homi Bhabha, Walter Mignolo, Raymond Williams, Mikhail Bakhtin, Mi-

26 Sumário
guel Arroyo e Stuart Hall, desenvolvendo uma metodologia a partir da Linguística
Aplicada. Os conhecimentos gerados são de natureza inter/transdisciplinar, re-
sultantes também da pesquisa bibliográfica (livros, revistas, teses, dissertações e
periódicos) e documental (bancos de dados e informações secundárias referen-
tes à educação escolar indígena no Acre). Por fim, a constatação de que a edu-
cação escolar indígena é um caminho de encontros e desencontros, caminho de
fronteiras, do “entre-lugar”. É também caminho de escolhas, de desconstruções,
de problematização da educação escolar indígena como espaço da colonialidade,
o que torna possível a promoção de um discurso contra-hegemônico, tendo como
protagonista, o sujeito subalternizado da colonialidade, o sujeito/indígena.
Palavras-chave: Educação Escolar Indígena; Colonialidade; Identidade; Decolonial.

Atlas Interativo de Línguas Indígenas do Acre e sua


Utilização no Ensino Médio
Francisco Marcelo da Silva Araújo
UFAC
O presente trabalho tem como principal objetivo mostrar a importância de se
criar um Atlas Interativo de Línguas Indígenas do Acre e Sua Utilização no Ensino
Médio. Além disso, iniciar um registro das línguas existentes no estado do acre
com vistas à utilização desse registro para fins pedagógicos. Quanto aos procedi-
mentos metodológicos para a elaboração do “Atlas interativo de línguas do Acre”
seguiremos as seguintes etapas: 1ª Etapa: Pesquisa bibliográfica; 2ª Etapa: Pesqui-
sa in loco; 3ª Etapa: Tabulação dos dados, construção do atlas linguístico e análise
dos resultados. No que concerne ao referencial teórico, a proposta deste trabalho
mostra que são vastas as contribuições que um atlas linguístico pode trazer para
o ensino da língua portuguesa nas escolas e, principalmente, para a eliminação de
visões preconceituosas e distorcidas sobre uma língua utilizada cotidianamente
em uma sociedade (CARDOSO, 2006; RAZKY, LIMA, OLIVEIRA, 2006). A língua e
sociedade são elementos inseparáveis, o estudo, a descrição e a análise de uma
língua possibilita também entender um pouco da cultura, história e identidade de
uma sociedade (BRANDÃO, 1991, p.5). De acordo com Biderman (1998, p. 91): [...]
investigar uma língua é investigar também a cultura, considerando-se que o siste-
ma linguístico, nomeadamente o nível lexical, armazena e acumula as aquisições
culturais representativas de uma sociedade, o estudo de um léxico regional pode
fornecer ao estudioso, dados que deixam transparecer elementos significativos
relacionados à história, ao sistema de vida, à visão de mundo em um determi-
nado grupo. Para a elaboração Atlas interativo de línguas do Acre e sua utiliza-
ção no ensino médio, seguiremos o método da Dialetologia e da Geolinguística
Contemporânea com aplicação nas línguas indígenas encontradas no estado do

27 Sumário
Acre. Será aplicado um Questionário, para falantes bilíngues (língua indígena e
língua portuguesa), em seguida, será realizada a transcrição dos dados para, por
conseguinte, elaborar as Cartas Linguísticas. Assim, o presente trabalho, ao final,
tenciona de abrir espaço para a elaboração de um a atlas linguístico interativo
das línguas indígenas do Acre para fins pedagógicos. Outrossim, propõe-se pro-
duzir um atlas geográfico destacando a diversidade de línguas indígenas do Acre
e apresentar formas de utilização do atlas como recurso didático-pedagógico em
salas de aula do ensino médio.
Palavras-chave: Atlas interativo. Língua indígena. Contribuições.

As construções relativas em línguas indígenas faladas


no Acre
Gabriela Maria de Oliveira-Codinhoto
UFAC
Selmo Azevedo Apontes
UFAC
O objetivo deste trabalho, de natureza tipológica, é investigar as estratégias de
relativização e as restrições à acessibilidade de tal construção nas línguas indíge-
nas faladas no Acre, de modo a estabelecer o quadro geral das construções rela-
tivas em tais línguas. O principal postulado subjacente à abordagem tipológica é
o de que a variação estrutural apresentada pelas línguas do mundo é sistemati-
camente ordenada e pode ser descrita em termos de um conjunto de condições
ou princípios restritivos com validade universal, evidenciadas por Hierarquias de
Acessibilidade. A Hierarquia de Acessibilidade das orações relativas proposta por
Keenan e Comrie (1977) revela que o papel sintático do participante compartilhado
pela oração matriz e pela oração relativa permite diferenciar os tipos de relações
relativas e revela, também, que a variação obedece a padrões regulares de distri-
buição tipológica. Com base numa amostra de aproximadamente 50 línguas, os
autores propõem a seguinte Hierarquia de Acessibilidade: Sujeito > Objeto Direto
> Objeto Indireto > Oblíquo > Genitivo > Objeto de Comparação. É possível afirmar
a partir da leitura dessa hierarquia que todas as línguas são capazes de relativizar,
no mínimo, Sujeitos. A partir das restrições hierárquicas, pretendemos investigar
quais estratégias de relativização são mobilizadas para a formação das orações
relativas, seguindo Givón (1990), que postula que maioria das línguas faz uso de
uma mistura de estratégias, ao invés de uma única. Além disso, para o autor, uma
língua pode dispor de uma estratégia ambígua para a recuperação do caso, e, as-
sim, mais de um caso pode ser codificado ao mesmo tempo. O autor afirma ainda
que uma língua pode dispor de uma estratégia para recuperar um caso específico
e nenhuma para recuperar outros, que provavelmente se apoiam em mecanismos

28 Sumário
de redundância disponíveis para serem identificados. Como estratégias, Givón
(1979) propõe a não-redundância, lacuna, pronome anafórico, pronome relativo
(idênticas às propostas por Keenan e Comrie (1977)), ordem de palavras, nomina-
lização, caso idêntico e codificação do verbo. O corpus deste trabalho é compos-
to línguas indígenas de três famílias (Pano, Arawak e Arawá) faladas no estado
do Acre, documentadas por diversos pesquisadores previamente em gramáticas,
teses e outros tipos de manuais descritivos. Assim, pretende-se chegar a traços
tipológicos da formação da oração relativa nesse grupo de línguas.
Palavras-chave: Restrições à acessibilidade. Estratégias de relativização. Línguas
indígenas.

As memórias como fonte de inspiraçao na trajetoria


poética de Hélio Melo
Gertrudes da Silva Jiménez Vargas
UFAC
Maria Izauniria Nunes da Silva
UFAC
O presente artigo tem por objetivo compreender a importância das memórias
para a trajetória poética de Helio Melo tendo como base a diversidade de textos
relacionados à floresta registrados em “O CAUCHO, A SERINGUEIRA E SEUS MIS-
TERIOS”, visando organizar um quadro-síntese do repertório do homem serin-
gueiro presente nesta obra. Hélio Melo seringueiro, pintor, músico, compositor,
poeta e escritor nasceu dia 20 de julho de 1926 na Vila Antimari, Boca do Acre, divi-
sa do Amazonas com o Acre. Sua infância e juventude foram marcadas por seu in-
tenso contato com a natureza, cenário de suas construções mentais sobre a mata
e seus mistérios nos seringais Floresta e Senápolis onde viveu até seus 33 anos de
idade. Autodidata que com seu olhar atento acerca das “coisas da mata” como
se referia ao imenso repertório nativo pintou singularidades do cotidiano com a
delicadeza de quem tece uma rede cujos fios entrelaçam sons, tintas e cores -
com um jeito especial de denominar coisas e sentimentos. O trabalho foi ancora-
do nas reflexões sobre memória de Marc Bloc.,Introdución a La Historia. Michel
Foucault, A ordem do discurso. Julio Pinto. Uma memória do mundo: ficção, me-
mória e historia.Herbert Costa Levy.As obras de Helio Melo e suas possibilidades
interpretativas acerca do contexto acreano. Margarida de Souza Neves,História e
Memória: os jogos da memória. Lucilia de Almeida Neves Delgado.Historia Oral e
narrativa: tempo, memória e identidades. O objeto de pesquisa foi alcançado por
meio do método da pesquisa qualitativo-exploratória e da técnica da entrevista
não estruturada com três pessoas que conheceram e trabalharam com Hélio Melo
e que fizeram uma evocação do passado buscando resgatar lembranças de falas e

29 Sumário
fatos vivenciados por ele. A partir da apreciação da obra “O Caucho, a seringueira
e seus mistérios” e dos dados coletados nas entrevistas procurou-se identificar
o repertório presente em sua obra capaz de demonstrar que Hélio Melo mesmo
passeando por outras paisagens e tecendo outras pautas musicais nunca saiu de
seu habitat natural; em cada palavra, nos gestos e produções, vê-se o seringueiro
que alçou grandes voos mas sempre pousou no mesmo lugar – ali onde seu peito
transbordava de recordações e sinestesias variadas, para falar e cantar seu coti-
diano impregnado de tons e gestos nos traços e formas de uma lida seringueira
que nunca abandonou sua essência.
Palavras-chave: Memórias.Seringueiro. Floresta. Seringal. Mistério

Ensino da cultura e história dos povos Indígenas:


olhar desafiador no Colégio Aplicação – CAP
Iara da Silva Castro Almeida
UFAC
Em março de 2008 foi aprovado no Congresso Nacional a Lei nº11.645/08, que al-
tera a Lei nº 9.398/1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional
(LDBN), para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da te-
mática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. É fundamental haver nas es-
colas o ensino da história e cultura dos povos indígenas no currículo escolar. Nes-
se sentido a Lei se mostra uma grande conquista, todavia não é o simples fato de
haver a legislação que “obriga” este ensino que o faz de fato implementado este
ensino. O livro didático e a escola abordam a figura do índio sob uma perspectiva
onde multiplicidades étnicas, culturais e sociais são apresentadas de forma ho-
mogênea, mostrado o indígena no geral, sempre apontado de forma ampla, sem
apresentar as especificidades e particularidades dos mais diversos povos, etnias
e línguas. Na pesquisa se discute o currículo e o poder sobre os sujeitos. Segundo
Arroyo (2015) o currículo deve estar aberto para a “consciência de mudança” e,
tirar a rigidez das “grades” que aprisionam os conhecimentos a serem ensinados
e aprendidos nas escolas. Analisa ainda como é transmitido o ensino da cul-
tura e história dos povos indígenas com o objetivo de analisar a abordagem
e apresentação dos conteúdos da história e cultura dos povos indígenas no
Colégio Aplicação – CAP. Tem, portanto a finalidade de conhecer as dificulda-
des da escola, professor e aluno, quanto ao acesso a esses conhecimentos.
Principalmente como foi construído o olhar do outro (branco) sobre o outro
(indígena) e o silenciamento em Orlandi. A metodologia usada é qualitativa
e quantitativa, usa o método de abordagem indutivo, ou seja, empirismo,
cujo a corrente filosófica se propõe a explicar o processo de conhecimento

30 Sumário
proveniente da experiência. Com objetivo explicativo, se preocupando com
o aprofundamento da compreensão do grupo social escolar estudado. No
primeiro momento se buscou em fontes teóricas, e após isso a pesquisa em-
pírica na escola, a partir de uma abordagem direta usando a pesquisa de
campo, sendo utilizado questionário e entrevista com os alunos, professores,
coordenação e direção da escola, entrevista de forma estruturada com per-
guntas objetivas. Concluo colocando a importância da abordagem adequada,
do currículo aberto, da diversidade no currículo. Não apenas com olhar et-
nocentrista, valorizando uns em detrimento do outro, neste caos o indígena.
Palavras-chave: Povos indígenas. Currículo. Relação de poder. Diversidade. Lei nº
11.645/08.

O discurso colonialista na primeira república em


busca de uma nação moderna
Iara da Silva Castro Almeida
UFAC
Este artigo busca compreender a procura do Brasil pela tão sonhada “moderni-
dade” no inicio do século XX, analisando os discursos que buscavam a represen-
tação do moderno. Esse debate é ampliado quando se percebe a presença do
saneamento na capital do Brasil o Rio de Janeiro, onde seus governantes desejam
embelezar os espaços urbanos enquanto segregam seus cidadãos. No primeiro
momento é analisada a capital do Rio de Janeiro que é envolvido numa reforma
urbana, assim como Manaus que no boom da borracha teve que se adequar as
mudanças urbanas proveniente dos interesses da elite. O objetivo da pesquisa é
ampliar a discussão sobre o termo moderno no inicio do século XX, bem como o
discurso político que o tempo todo se mostra baseado nas condutas da coloniali-
dade que impõe um padrão mundial de classe racial e étnica. E por consequência
não deixamos de debater a respeito da raça que era um grande entrave para o
desenvolvimento do país que tinha propósito de ser um país supostamente mo-
derno. No entanto não era apenas a questão racial que mantinha o Brasil num
degrau abaixo na escada mundial, antes havia um detalhe importante que eram
as doenças, entre as mais conhecidas o mal de chagas e a febre amarela, estas
representavam um grande problema para a construção da nacionalidade, onde o
“salvador da pátria” seriam os médicos, cientistas e engenheiros com uma tarefa
árdua de civilizar, estes tinham em suas mãos a legitimidade e cabia a eles a solu-
ção do Brasil ainda não moderno.
Palavras-chave: Brasil na Primeira República. Discurso modernista. Saneamento
no Rio de Janeiro. Saneamento no Brasil. Belle époque.

31 Sumário
O processo de criação de escritores amazônicos:
Nicodemos Sena e Vicente Franz Cecim contam suas
experiências literárias
Iza Reis Gomes-Ortiz
UFAM
Este trabalho analisa duas entrevistas realizadas com os escritores paraenses Ni-
codemos Sena e Vicente Franz Cecim sobre o processo de criação literária. O ob-
jetivo é compreender o processo de construção dos escritores citados, ou seja,
identificar por quais etapas o processo do ‘fazer’ perpassa nas produções literá-
rias. Neste momento, não nos deteremos nas obras publicadas, mas no contexto
dos manuscritos, no antes da obra publicada, como as ideias aparecem, com quais
materiais trabalham, como surgem os personagens, o espaço, os possíveis ele-
mentos narrativos. O estudo foi desenvolvido dentro de um projeto de pesquisa
intitulado: Processos de criação na Amazônia – escritores contam suas experiên-
cias literárias, do GET - Grupo de Pesquisa em Educação, Filosofia e Tecnologias do
Instituto Federal de Rondônia. Utilizamos como ferramentas de trabalho a entre-
vista aberta para coleta de dados; e a Crítica Genética como metodologia de aná-
lise do material pautando-nos nos teóricos Almuth Grésillon, Verônica Galindez,
Philippe Willemart, Roberto Zular e Cecília Almeida Salles. O processo de criação
é igual para todos. Cada escritor possui suas peculiaridades, suas influências e seu
passo a passo. Há alguns que trabalham com cadernetas de anotações, outros
que não realizam pesquisas. Pesquisas sobre processo de criação de escritores
amazônicos são escassas em nosso meio acadêmico. Com este novo olhar, pode-
ríamos levantar dados e refletir sobre a questão do Regionalismo, assunto muito
caro aos escritores da Região Norte. Com esta motivação, a necessidade de se
voltar para o antes da obra, para a criação em processo pode nos levar a enten-
der outras realidades do processo literário. A região amazônica é produtora de
literatura, apesar de termos muitas dificuldades na publicação e recepção destas
obras. E ainda temos uma Amazônia estereotipada pela visão mítica e exótica de
nossa floresta, deixando o sujeito amazônico de lado em muitas representações
conhecidas. Diante deste contexto, propomos investigar como é esse processo
de criação dos escritores amazônicos, bem como indagar sobre essa dualidade
local e global, regional e nacional. Ouvir dos escritores amazônicos as opiniões so-
bre essa realidade literária nossa que não é baseada apenas na qualidade da obra,
infelizmente, mas também em interesses pessoais, financeiros e preconceituo-
sos. A importância desta pesquisa perpassa na possibilidade de levantar reflexões
e discussões sobre a produção literária amazônica e nacional. Levar à comunidade
acadêmica e leiga algumas realidades e posições de conceitos e ideias que es-
tão longe do eixo Rio-São Paulo, mas que fazem parte do pensamento nacional,

32 Sumário
mesmo tendo uma abertura velada e muitas vezes mascarada. Nicodemos Sena
trabalha com caderneta de anotações, busca in loco informações para a escritura,
utiliza a História como um elemento de construção. Vicente Cecim trabalha com
a releitura de seu material, é um leitor crítico de seu próprio texto. São processos
diferentes e que geram escrituras sobre a Amazônia.
Palavras-chave: Amazônia. Literatura. Escritores. Processo de criação.

Perspectivas: uma análise crítica na categoria


trabalho escravo na obra germinal
Jamylly Correia de Abreu
FAAO
O objetivo deste artigo é abordar de forma sucinta os direitos da classe traba-
lhista que, ainda hoje, mesmo com todas as regulamentações que dispõem sob
os direitos e deveres inerentes ao trabalhador, é vítima de práticas irregulares as
quais contrariam a Lei brasileira. De acordo com a obra Germinal, de Émile Zola, é
mostrado de forma real à dura e triste realidade de milhares de trabalhadores do
período que compreende a Revolução Industrial, evidenciando a luta de classes
que existe desde os povos primevos, tendo se agravado mais ainda neste perío-
do, onde trabalhadores que viviam em condições insalubres tinham seus direitos
violados, levando-os a uma sede por melhorias e condições mais justas. Para isso,
utilizaremos como aporte teórico/metodológico alguns autores que tratam esse
assunto de maneira crítica, como Karl Marx, Eric Hobsbawm, Meltzer e outros,
que nos permitirão (re) fazer uma leitura crítica e reflexiva sobre a categoria tra-
balho escravo na obra de Émile Zola, Germinal.
Palavras-chave: Trabalho escravo. Revolução industrial. Classe trabalhista. Direito
Penal

Ecoville: novo modelo de morar em �io Rio Branco-


�cre
Janete Farias Mendonça
UNIR
Maria Madalena de Aguiar Cavalcante
UNIR
Nas cidades atualmente têm acontecido uma série de processos econômicos e
políticos, nas mais diversas escalas. No modelo econômico capitalista da produ-
ção da residência, os condomínios horizontais (Ecoville) tem sido a aposta dos
proprietários imobiliários, já que estes podem apontar uma suposta conivência
por parte do Estado. Originalmente concebido como a nova frente de expansão

33 Sumário
urbana que evitaria a ocupação de áreas impróprias na cidade, a implantação des-
te novo modelo de morar ocorreu de maneira totalmente oposta, pois produziu
um espaço com baixa densidade populacional voltado, excepcionalmente, para a
população de maior poder aquisitivo. Neste contexto, a cidade de Rio Branco vem
passando por intensas mudanças estruturais com a incorporação do capital imo-
biliário na construção de condomínios de luxo em áreas que, dentro do Plano Di-
retor, são áreas industriais. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é mostrar como
o Poder Público se releva contraditório ao propiciar as condições necessárias para
o capital imobiliário na construção de Ecoville. Tais apontamentos foram funda-
mentais para construir uma explicação sobre a prática do planejamento urbano
em Rio Branco, assim para como compreender a atuação dos principais agentes
produtores do espaço urbano. Na análise desse tema, Polucha (2009) é citado por
abordar a questão do plano diretor como diretriz que é manipulado para atender
certos interesses e camada social; Lojkine (1997) para entender os vínculos que
unem os grupos industriais e financeiros com o estado capitalista. A metodologia
da pesquisa consistiu na análise de dados secundários a partir do último Plano Di-
retor da cidade de 2016, levantamento bibliográfico, entrevista com promotores
imobiliários e mapeamento da área.
Palavras-chave: Ecoville. Rio Branco. Plano Diretor

Perfil de alunos em cursos técnicos na ead do ifac:


representação e identidade(s)
Jannice Moraes de Oliveira Cavalcante
UFAC
Vanessa Castelo Branco de Melo
IFAC
Apesar das distâncias geográficas, a tecnologia desenvolvida pelo homem na era
pós-moderna agrega aspectos que aniquilam essas barreiras no mundo globaliza-
do. Nesse cenário, a educação a distância rompe barreiras sociais e geográficas e
se constitui como um mecanismo de interação e colaboração social (CALDEIRA,
2004), tornando-se um meio vigente de profissionalização. Situaremos o debate
a partir do entrelaçamento das noções de representação e identidade(s); identi-
dade(s) como uma construção social, histórica e discursiva (BAUMAN, 2005; KA-
NAVILLIL, 2003). Desta feita, o presente estudo objetivou compreender o perfil
dos alunos que ingressaram em três cursos técnicos na modalidade educação a
distância do IFAC/Campus Cruzeiro do Sul, dando destaque às características so-
cioculturais e econômicas, além dos aspectos que os motivaram a ingressar no
ensino virtual. Realizou-se uma pesquisa descritiva (GIL, 2008) com aplicação de
questionários semiestruturados a 81 alunos. A pesquisa mostrou que a EaD atrai

34 Sumário
um público jovem, com destaque para as mulheres. A maioria possui vínculo em-
pregatício. Entretanto, um número expressivo de alunos está fora do mercado de
trabalho. No quesito motivação para estudar a distância, a maioria citou a flexibi-
lidade de horários e ritmo de estudos como fatores condicionantes.
Palavras-chave: Identidades. EaD. IFAC

(De) marcando territórios, apagando culturas: a


presença da igreja no povo oro waran- ro
Jefferson Henrique Cdreira
UNIR
Josué da Costa Silva
UNIR
Considerando o contato entre nativos (povos indígenas) e o homem/mulher bran-
co, e que deste contato houve processos de violência, apagamento e hibridização
cultural, resolvemos trazer um fenômeno à luz das discussões teóricas e práticas
a respeito de uma sobreposição cultural, um apagamento na cultura indígena pe-
los elementos culturais do homem/mulher branco, em destaque, a Igreja. Nessa
acepção, objetiva-se em delinear a transmutação e/ou metamorfose de um de-
marcador territorial para um (de) marcador com o interesse de construir seu con-
ceito para, que, desse modo, compreendamos e identificamos tais mudanças cul-
turais decorridas no seio do povo Oro Waran de Rondônia. Para isso, utilizaremos
para pavimentar nosso caminho as análises teórico-metodológicas de Almeida
Silva, autor que ancora sua análise na Geografia Cultural trazendo o conceito de
marcador territorial e suas aplicações no povo indígena; de Mikhail Bakhtin traze-
mos as tessituras que se encontram dentro das enunciações, o caráter ideológico
inseridos nas palavras, assim como, os interesses que tais enunciações e/ou dis-
cursos carregam, já numa acepção foucaultiana, para assim observarmos o jogo
de defesa e constituição de um discurso cultural frente ao outro, o que permitirá
a observação e análise dessas “novas” práticas culturais que vão se constituindo
a partir do contato com o (de) marcador Igreja e estão inseridas dentro dos Oro
Waran de Rondônia.
Palavras-chave: (De) marcador territorial. Cultura. Igreja. Oro Waran.

35 Sumário
(Re) caminhos e ecos: uma démarche à desconstrução
das representações do outro sobre a �mazônia Sul-
Ocidental
Jefferson Henrique Cidreira
UNIR
Josué da Costa Silva
UNIR
As Amazônias nunca ecoaram tanto, nesses últimos anos, por representatividade
de um real que foi silenciado. Nessa acepção, a intenção de nossos (re)caminhos
é traçar um desnudar das representações que foram construídas desde o século
XVI por viajantes, pesquisadores, exploradores etc e foram tidas como verdades
e/ou modelagens para formar uma identidade, tanto nos aspectos sociais, cultu-
rais, enfim, espaciais sobre a Amazônia e seu povo, em especial, a Amazônia Sul-
-Ocidental, nosso recorte espacial. Logo, a nossa proposta se ancora, por meio
de um referencial teórico/metodológico fenomenológico e Análise do discurso,
em desconstruir e/ou figurar outras representações sobre a região a partir do
próprio homem/mulher amazônico. Para isso utilizaremos a filosofia dardeliana
que consiste em mostrar as relações afetivas do homem com a natureza que o
circunda e como, dessa forma, vai significando e/ou construindo seus espaços,
seus “mundos”, o seu lugar. Tais representações serão apreendidas, compreendi-
das e trazidas á luz por meio das técnicas de entrevistas no molde do Discurso do
Sujeito Coletivo- DSC e analisadas a partir da fenomenologia e Análise discursiva
foucaultiana e bakhitiana para, assim, podermos trazer a tona novas figurações
e desconstruir e/ou descalcificar discursos do outro que foram tomados como
verdades absolutas e ainda estão enraizados no imaginário que se tem sobre o
espaço amazônico.
Palavras-chave: Amazônias. Representações. Homem/mulher amazônico. Des-
construção.

Discurso e ideologia: um estudo do comportamento


organizacional nos cursos de contabilidade e
psicologia na faao
Jefferson José Rodrigues do Nascimento
FAAO
Adriana Alves de Lima
UNIR
O presente trabalho visa tecer algumas considerações sobre os discursos que per-
meiam a grade curricular dos cursos de graduação de contabilidade e psicologia

36 Sumário
da Faculdade da Amazônia Ocidental - FAAO, no Acre. Exare o papel primordial
da contabilidade e psicologia frente ao comportamento organizacional e sua
atuação diante aos desafios na sociedade acriana do século XXI. Tendo em
vista os grandes labirintos que a sociedade visa percorrer e a sua crescente
nas organizações. A faculdade enquanto formadora dos futuros profissionais
que atuarão no mercado de trabalho rio-branquense visa promover uma for-
mação pautada na responsabilidade de ordenar, estudar e compreender os
diversos comportamentos dentro das instituições. Dessa forma, pretende-
mos discutir como os efeitos de sentido das ementas curriculares contribuem
para a formação dos graduandos em psicologia e contabilidade no que se
refere ao comportamento organizacional, tendo em vista a ideologia que in-
terpelam esses discursos desde a graduação até o mercado de trabalho. Para
tanto, utilizamos como metodologia que fora ordenada por uma pesquisa de
cunho bibliográfico a partir dos autores Costa (2005), Orlandi (2003) Lacom-
be (2004), Montesquieu (1748), Soto (2002), Maximiano (1992), Meireles;
Paixão (2003) e Edgard Schiem (1975).
Palavras-chave: Contabilidade. Psicologia. Comportamento organizacional.
Discurso.

A cultura do estupro na �mérica latina: um estudo


feminista e pós-colonial na literatura caribenha de
Jennifer Clement
Jeissyane Furtado da Silva
UFAC
Um dos embates do feminismo é a luta contra a cultura do estupro, uma realidade
sobre a condição feminina que permeia desde a Ásia até a América. A literatura,
em sua condição social e ideológica, expõe esta realidade, com uma visibilidade
na obra de Vladimir Nabokov, Lolita, que fora censurada por seu discurso robusto
e sua linguagem sutil. Tal obra deu nome ao complexo que permeia a problemá-
tica que pretendemos expor neste trabalho, o Complexo de Lolita, que consiste
em formar uma imagem da mulher jovem como uma ninfeta, uma tentação ao
homem, àquele que é seduzido pelo poder feminino. Discursando em um lócus ca-
ribenho, mas expondo uma realidade que também é amazônica e sul-americana,
nos apropriamos da narrativa da escritora américa-mexicana Jennifer Clement,
Reze pelas mulheres roubadas, fruto de entrevistas feitas por mais de dez anos
com mulheres que viviam nas regiões mais perigosas do México, compreendidas
pelo domínio dos cartéis de narcotráfico. Em uma postulação teórica, nos apro-

37 Sumário
priamos dos estudos de Zilá Bernd, Regina Zilbermann, Ana Pizarro, Angela Davis
e Homi K. Bhaba, tematizando sobre uma prática cultural que transita entre o real
e o artístico e que é prejudicial ao corpo feminino, levando-as à uma condição de
violência e (sobre)vivência onde negam sua condição de gênero e desejam ser o
Outro, na medida em que não é atingido.
Palavras-chave: Cultura do Estupro. Mutilação Física. Feminismo Latino-America-
no. Literatura Américo-Mexicana.

O colonialismo humanitário: Preservação do sujeito


biológico ou aniquilação do sujeito cultural?
Jesús José Diez Canseco Carranza
UFAC
Na Amazônia, a situação do indígena é um problema que dura mais de 500 anos
e ainda não foi resolvida. Neste contexto, o sujeito em questão é olhado a par-
tir de diferentes perspectivas e, simultaneamente, como alvo de todo tipo de
violências. Uma das mais prejudiciais é o seu confinamento nas margens dos es-
paços nacionais. Do mesmo modo, as pressões exercidas desde “o centro” com
o propósito de eliminar seus apoios culturais e assim sobreviver dentro de um
Estado-nação que questiona suas capacidades cognitivas-intelectuais e até sua
própria humanidade. Devido à situação de exploração e extinção surge, ao longo
do tempo, um discurso protecionista que defendeu a preservação física do índio
amazônico. No entanto, para que isso aconteça, o indivíduo assediado deve ter
capitulado e tornar-se um novo sujeito. Em um sujeito artificial, sem identidade e
“sem alma”. Exemplos do dito aparecem em textos como The devil’s paradise de
Walter Hardenburg, The blue book de Roger Casement e El sueño del celta de Ma-
rio Vargas Llosa; narrativas que, através da metodologia do analise do discurso,
serão abordadas e problematizadas no percurso do presente trabalho.
Palavras-chave: Amazônia. Culturas indígenas. Colonialidade. Humanitarismo.

Os diários de Carolina Maria de Jesus: a emancipação


do sujeito por meio do discurso ideológico
José Eliziário de Moura
UFAC
Francinete Neves Pereira Ramos
UFAC
Este artigo apresenta uma análise sobre a produção do discurso ideológico da
protagonista da obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada, levando em con-
sideração as características e o conceito do gênero diário íntimo problematizado

38 Sumário
por Machado; Lousada; Tardelli (2007). O objetivo principal da pesquisa é proble-
matizar a possibilidade de relatos pessoais de personagens serem transformadas
em discurso universal (diário autobiográfico) a partir da socialização do pensa-
mento crítico do sujeito. Como objeto de estudo foram analisados os escritos da
rotina de Carolina Maria de Jesus produzidos na década de 1950-1960. Uma das
questões enfatizadas é: Como Carolina construiu seu discurso narrativo e emanci-
patório, partindo de suas experiências de vida e de que forma suas ideias refletem
em nossa sociedade? Utilizou-se uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo
para obtenção de respostas. De forma positiva, verificou-se que o livro ganhou
fama e já foi traduzido em treze idiomas. Para fundamentação teórica utilizou-se
como base, perspectivas discursivas e culturais abordadas pelo ciclo de Bakhtin
(2006) e Williams (1969). Portanto, conforme resultados positivos sobre o estudo
discursivo, conclui-se que, a produção escrita de registros da memória pode sig-
nificar um importante mecanismo de emancipação do sujeito na interação social
e discursiva, independentemente, de gênero, de raça, nível de escolaridade e de
condição social.
Palavras-chave: Diários. Discurso. Literatura. Ideologia.

Luz, lentes e revelações: o surgimento da cidade de


Porto Velho através da fotografia
Mara Genecy Centeno
UNIR
Amanda Aparecida Montagil Silva
UNIR
O objetivo desse trabalho é o de analisar através das fotografias de Dana Merril
– fotografo oficial da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – os discursos produzi-
dos através de imagens sobre a construção da linha férrea e, consequentemen-
te, sobre a cidade de Porto Velho no início do século XX. Podemos aqui ressaltar
que o fazer fotográfico de Dana Merril nos permitiu ler a cidade que se iniciava
procurando observar os enunciados emitidos através da lente de sua máquina
fotográfica. As imagens produzidas criaram textos que nos remetem ao início da
construção de Porto Velho e, consequentemente possibilitam pluralidades de lei-
turas. Nesse sentido, a leitura que optamos fazer foi a de texto-cidade, uma vez
que nos permitiu perceber, por meio das imagens, os discursos que ajudaram a
construir o slogan de “cidade moderna e funcional” à Porto Velho no início do
século passado. Nessa perspectiva de leitura, a metodologia utilizada na pesqui-
sa foi o da semiótica, tendo em vista que ler, por meio das fotografias, a cidade
como um texto viabiliza ao habitante, visitante e, sobretudo, ao pesquisador inú-
meras possibilidades de leituras. Para ler as fotografias de Merril, a pesquisa apro-

39 Sumário
priou-se dos aportes teóricos de Roland Barthes (2001), Kevin Lynch (1999), Peter
Burke (2004) que contribuiram com métodos de análises para leitura de imagens
sobre cidades e para que as mesmas fossem lidas dentro do contexto social em
que foram produzidas e de Michel Foucault (2008) nos apropriamos de alguns
conceitos como o de poder disciplinar para entendermos o tipo de composição
de cidade que se imprimia a partir da linha férrea. Fazer tal percurso investigativo
contribui para criar visibilidade para uma cidade ainda um tanto quanto invisível
aos seus munícipes.
Palavras-chave: Fotografia. Porto Velho. Madeira-Mamoré

“Entregar a educação” às “comunidades rurais” para


a “unificação nacional”: as palavrinhas de ordem do
genocídio cultural
Marcello Messina
UFAC
Tereza Di Somma
UFAC
Neste trabalho preservarei o anonimato das pessoas e instituições envolvidas na
minha investigação crítica, já que escrevo a partir das minhas experiências em
um evento (X) organizado por uma universidade (Y) em um dos países que fa-
zem parte da Comunidade Andina. Tratando o conjunto de expressões verbais
enunciadas no âmbito do evento como um corpus unitário e coerente (indepen-
dentemente das vontades individuais de todos os sujeitos envolvidos), analisarei
a operatividade de um número de processos discursivos, quais: (1) a substituição
sistemática do conceito de “indígena” com os conceitos de “rural” e “bilíngue”;
(2) a referência constante a um centro urbano, cuja influência linguística, cultural
e política (militar) sobre as “comunidades rurais” é entendida como produtora
de “educação” e “unidade nacional”; (3) o posicionamento, não tanto implícito,
dos sujeitos “rurais” e “bilíngues”, e das suas reivindicações políticas, como po-
tenciais ameaças contra a “unidade nacional” mencionada acima. Utilizando os
trabalhos de Suvendrini Perera, Joseph Pugliese, Denise Ferreira da Silva sobre
a coextenisividade entre direito e branquitude, e a consequente neutralização,
entre outras coisas, das ordens simbólicas e normativas indígenas, sustentarei a
hipótese segundo a qual as falas e as expressões produzidas ao interno do evento
(X) sejam parte de uma gíria em código, cujo fim implícito e não necessariamente
cônscio é a perpetuação, “pacífica” e “indolor”, do genocídio cultural em ato con-
tra as populações andinas.
Palavras-chave: Indígena. Rural. Bilíngue. Comunidade Andina. Nação.

40 Sumário
Mulheres indígenas: O combate á violência através
das leis, dos costumes e da cultura dos Povos da
Terra Indígena Rio Guaporé em Rondônia
Maria das Graças Silva Nascimento Silva
UNIR
Hellen Virginia da Silva Alves
UNIR
O caráter relativamente recente da organização social e política das mulheres in-
dígenas e da participação em movimentos sociais revela a necessidade de senti-
rem-se representadas na luta pelo o atendimento de suas demandas, onde a pre-
venção e combate à violência contra a mulher assume importante destaque. Além
de uma análise da produção acadêmica e das propostas políticas sobre a violência
contra a mulher indígena, este trabalho tem como objetivo retratar as lutas e de-
safios vivenciados pelas mulheres indígenas a partir da percepção das moradoras
da Terra Indígena Rio Guaporé, em Rondônia, região de fronteira com a Bolívia. A
pesquisa foi realizada no ano de 2016, onde utilizamos o método fenomenológico
e como metodologias, utilizamos o Discurso do Sujeito Coletivos – DSC, a partir
de e Mapas Mentais, a partir de (KOZEL, 2007). Em vários Povos as mulheres indí-
genas apresentam diferentes situações sociais marcadas pelos seus usos e costu-
mes e pela influência da sociedade externa, que muitas vezes estabelece situação
de conflito com a cultura indígena (PINTO, 2010). Apesar do contexto peculiar das
sociedades indígenas, a situação da mulher em relação à violência não é muito
distinta da situação da mulher não-indígena, porém é possível afirmar que no caso
das mulheres indígenas a opressão e a violência relacionada ao gênero encontra
fatores potencializadores. Porém, o contexto social das mulheres indígenas em
relação à violência difere do contexto da mulher não-indígena, pois no caso das
primeiras há uma opressão externa muito mais acentuada, uma vez que a indíge-
na costuma ser vítima concomitantemente de diversas formas de discriminação; a
primeira pelo fato de ser mulher, a segunda pelo fato de ser indígena e a terceira
pelo fenômeno de feminização da pobreza, já que o contexto no qual as popula-
ções indígenas habitam é marcado por uma condição geral de pobreza e dificulda-
de de acesso, de forma qualitativa, à recursos básicos fundamentais como saúde,
educação e saneamento básico. Esta condição pode ser compreendida como uma
tripla interseccionalidade (NASCIMENTO SILVA; SILVA, 2014). A violência contra
a mulher indígena ocorre no contexto interno e externo à sociedade indígena e
pode ser praticada tanto pela sociedade envolvente como pela própria socieade
indígena. O contexto da violência praticada pela socieade envolvente encontra
seus fundamentos em aspectos históricos que conferem às mulheres indígenas
atributos de intensa vulnerabilidade. A violência contra a mulher indígena costu-

41 Sumário
ma ser brutal, incluindo assassinatos, muitos com refinada perversidade, estupro,
tortura, rapto, lesões corporais, ameaças e toda sorte de intimidação (SIMONIAN,
1993). O ponto de partida para a criação e execução de políticas públicas relacio-
nadas ao enfrentamento à violência contra a mulher indígena é o reconhecimento
da necessidade investigações e estudos científicos sobre as condições de produ-
ção de violência contra as mulheres do campo e da floresta. O conhecimento do
modo de vida, da cultura, dos fatores potencializadores da violência endógenos e
exógenos à cultura indígena é fundamental para o reconhecimento e atendimen-
to destas demandas.
Palavras-chave: Mulheres Indígenas. Amazônia. Gênero

Paratextos ficcionais em Vinte e zinco: estratégias da


composição poética de Mia Couto
Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina
UNIR
Na análise da composição poética de Mia Couto, a paratextualidade, ou seja, a
relação que o texto mantém com seu paratexto, ganha destaque como recurso
de composição do espaço textual de suas obras. Pelo aparato que fornecem, os
paratextos contribuem para a produção de sentidos devido à relação intertextual
que mantêm com a narrativa. Pautada nesse princípio, a proposta deste estudo
consiste em fazer uma análise da relação de sentido que os paratextos ficcionais
no romance Vinte e zinco (1999) mantêm com o contexto histórico encenado na
narrativa. Os pressupostos teóricos de Gerard Genette (2010) fornecem subsídios
para a compreensão dos efeitos de sentido que esses “sinais acessórios” forne-
cem ao texto. A atuação dos paratextos, como chave interpretativa empregada
na abertura dos capítulos, revela que o efeito da paratextualidade manifesta-se
por meio dos sentidos produzidos a partir do olhar que a ficção direciona para
o tempo histórico encenado. Sob essa configuração, os excertos de autoria dos
personagens têm relevância significativa na composição textual do romance em
destaque neste estudo.
Palavras-chave: Paratextos. Narrativa. História. Ficção.

Canções da mpb para a compreensão histórica, crítica,


política e cultural
Maria de Lourdes vargas
UNIR
Júlio César Barreto Rocha
UNIR
Esta pesquisa tem por objetivo apresentar a possibilidade do uso de canções po-
pulares como instrumento de conhecimento sócio-histórico-cultural na Educação

42 Sumário
de Surdos e de ouvintes. Utilizamos letras da Música Popular Brasileira como
referencial histórico de crítica política no Brasil, especialmente no período após
a implantação do Regime Militar de 1964, e o seu lugar ocupado na História do
País. A proposta deste Trabalho fundamenta-se na Teoria Crítica, cujo arcabou-
ço metodológico é plural, mas aqui se vale de uma perspectiva político-histórico-
-cultural, considerando a interdisciplinaridade que inclui canções populares como
significativas no contexto da diversidade, devendo ser aproveitada também para
a comunidade surda, como objeto de acesso ao conhecimento e à compreensão
de mundo, bem como para o propósito de ampliar as relações sociais, envolven-
do outros sujeitos na comunicação. Para a análise da sua importância, elegemos
dez canções, cujas letras contextualizam um momento político de censura (1964-
1985), com a prática de desvelamento de significados da sua linguagem, utilizada
com o propósito de confundir estorvos opostos pelo regime da época. A escolha
dos textos atendeu o critério de qualidade e de quantidade de referenciais, es-
pecialmente pelo reconhecimento que o seu autor possui na fortuna crítica, cuja
presença no meio surdo é menor, vez que o material circulava em suporte sono-
ro. Constatamos também haver este assunto referenciado em várias literaturas,
apresentando análises das letras de canções ou romances que traz em sua trama
os acontecimentos deste período sombrio da política brasileira. Portanto consi-
deramosa necessidade de suprir esta ausência para suplementar o conteúdo das
canções em suporte escrito, a partir da Língua Portuguesa, para LIBRAS. Funda-
mentamos esta proposição através de um levantamento bibliográfico de teorias
historiográficas e pedagógicas que efetuam reflexão crítica sobre contextos: so-
bretudo, sociopolítico, sociocultural, socioeconômico e histórico-cultural. Assim,
o levantamento do contexto da produção musical, cruzado com o conteúdo de
cada canção, resulta em grande riqueza de assuntos e de lexias, favorecendo a
ampliação do acervo de conhecimentos gerais do educando, sobretudo da co-
munidade surda. Portanto, amplia-se a compreensão pelos surdos por meio de
conteúdos contidos nas letras das canções. A tradução/interpretação da Língua
Portuguesa possibilita ao surdo apreender, por intermédio da LIBRAS, aquilo que
o ouvinte apreende pelo meio sonoro da língua oral-auditiva. É decisiva a impor-
tância do resgate do direito à formação e à informação do povo surdo, tendo
como princípio o respeito às diferenças culturais.
Palavras-chave: Letras de canções. História. Cultura. Educação de surdos. Filolo-
gia Política.

43 Sumário
Os rios e o encantado na Amazônia brasileira
Maria Jeane Oliveira de Almeida
UFAC
O presente artigo faz-se necessário pela relevante contribuição que os mitos e
lendas dão aos ribeirinhos que habitam as comunidades amazônicas, compondo,
assim, seu imaginário. Será realizada uma abordagem do ponto de vista histórico
e teórico, levando em consideração aspectos próprios da sua paisagem da flo-
resta, os diversos rios que a cortam e através dos quais se desenham as saídas
físicas e as soluções à organização da vida no interior da mata, através de seus
varadouros construídos como escape pelos/para os homens da floresta, permitin-
do assim a aproximação física das comunidades ribeirinhas com as cidades e suas
invenções. A intenção é fazer um estudo, com o aporte de autores como Ugarte
(2009), Pizarro (2012) e Costa (2013), entre outros, visando retratar aspectos his-
tóricos e teóricos das narrativas dos moradores da região das áreas do interior da
Amazônia, observando também algumas extensões do estado do Acre que usam
os rios como vias de acesso à área urbana, tendo função de conectar floresta,
unindo os fios que tecem imagens, sentidos e narrativas orais que compõem o
imaginário dos ribeirinhos que residem às margens desses rios.
Palavras-chave: Rios. Ribeirinhos. Narrativas. Lendas.

Mobilidade territorial no Acre: Trajetórias de


Famílias Migrantes
Maria Liziane Souza Silva
UNIR
Maria das Graças Silva Nascimento Silva
UNIR
O presente trabalho tem como objetivo discutir a trajetória de famílias nordesti-
nas dentro do Estado do Acre ocorrido no Primeiro e Segundo Ciclo da Borracha,
mais especificamente a família do Sr. Euclides Rosas de Sousa, filho de nordes-
tinos, e a família da Sra. Clara Maria Firmino de Souza, sobrinha de (Lampião),
esta última relatada por sua filha Maria de Souza. Nesse sentido, são discutidos
os múltiplos condicionantes, postos na Amazônia/Acre para a mobilidade destes,
bem como as políticas dominantes do Brasil e do mundo da época em questão e a
situação em que estes estavam inseridos do lugar de onde originaram. Em linhas
gerais pretende-se abordar a discussão sobre esse movimento migratório sob a
ótica neomarxista do trabalho, ou seja, as migrações encaradas como um pres-
suposto econômico da mesma. Desse modo, entende-se que o conjunto desses
fatores organizados foi sem dúvida essencial para fazer emergir um novo lugar,

44 Sumário
a construção do espaço e lugar-Acre, revelando uma nova identidade, mostrado
pelo trabalho, modo de vida, das vivencias, experiencias, sofrimentos e esperan-
ças desses migrantes que aqui aportaram em busca de trabalho e como mostra-
vam as propagandas, “dinheiro fácil”.
Palavras-chave: Trajetórias migrantes. Acre. Mobilidade do trabalho.

Diálogos através da música no ensino de História: O


samba e a afirmação da identidade afro-brasileira
Maria Rosana Lopes do Nascimento
UFAC
Este trabalho é uma proposta para sala de aula de ensino fundamental II ou nível
médio na disciplina de História, contribuindo assim para a prática da lei 10.639/2003
que traz expresso em seu texto a obrigatoriedade da inclusão da história e cul-
tura afro-brasileira nas escolas particulares, estaduais e municipais. A partir do
momento que africanos começam serem escravizados por reinos europeus, têm
se início uma grande presença de africanos para o Brasil. O chamado de ‘’Período
Colonial Brasileiro’’, deixou enormes cicatrizes em várias etnias africanas, como
separação de famílias, abuso de mulheres negras e crianças e chicoteadas naque-
les que se colocavam contra as ordens senhoriais. Entretanto, é nesse período
que o samba se faz presente, como afirmação da identidade e resistência, no uso
de ‘’barris, colheres e pedaços de madeira ou mesmo chifres que se adaptavam
em condições adversas’’ (SANTOS, 2012). São os próprios africanos que trazem
na cultura, através da oralidade que acontecia com os gritos, como se ensinar
através da música, já que, ainda na África, a música marcava o tempo e transmitia
conhecimento para outras gerações. Assim, percebe-se a importância da música
para o ensino de história, além de mostrar outras fontes históricas para os dis-
centes, a aula pode ficar divertida e atraente. Sair do tradicionalismo não significa
aprender mais ou menos, sobretudo, aprender de formas diferentes, faz com que
o aluno desperte outros sentidos e amplie variadas formas de aprendizagens, a
‘’ação do professor é fundamental no processo de produção do conhecimento’’
(BITTENCOURT, 2011). É a partir da análise da letra de um samba ‘’Identidade’’,
composta por Jorge Aragão (cantor e compositor), que a roda de conversa se
dará. Os alunos ouvirão a música, depois faremos a leitura da letra para que os
discentes exponham suas impressões, posteriormente, o docente dará ênfase
através daquilo que os discentes falaram ao que trata de modo subjetivo/objetivo
a letra. A canção ‘’identidade’’ é apenas um dos sambas atuais que trazem expres-
sões de resistência ainda nos dias presentes, afirmando a identidade do negro e
sua cultura em um espaço ainda de exclusão. A letra traz cenas reais do cotidia-
no de uma pessoa negra, confirmando que existem no Brasil lugares em que há

45 Sumário
elevador para serviços gerais e para a elite, demasiadamente, branca. Partindo
da reflexão de que vivemos em um país multicultural e pluralista, não existe uma
identidade melhor que a outra, vivemos um intercâmbio cultural, que resultam no
hibridismo cultural (BHABA, 2005), dessa forma, temos por dever respeitar as di-
ferentes identidades, manifestações culturais, sociais e religiosas expressas pelos
diversos povos que habitam esse lugar, outros lugares, e olhar não somente aqui-
lo que se externaliza na cultura, na música, no modo de vestir, todavia, observar
‘’ além ‘’ daquilo que está visível.
Palavras-chave: Música. Ensino-de-História. Samba.Identidade.
As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs): memória das
contribuições para a formação de sujeitos do projeto
seringueiro
Marilene Nascimento da Silva
UFAC
Esta comunicação apresenta informações de uma dissertação de Mestrado em
andamento e tem como objeto de estudo a Memória das Práticas Educativas do
Projeto Seringueiro cujo objetivo é Analisar as práticas educativas do Projeto Se-
ringueiro na formação dos alfabetizandos adultos, acerca das questões cotidianas
e visa analisar em que medida a Teologia da Libertação por meio das Comunida-
des Eclesiais de Base contribuíram para a formação dos sujeitos do Projeto Serin-
gueiro. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) eram pessoas que se reuniam
regularmente em grupos para a leitura e a reflexão da Bíblia, confrontando-se
com a própria vida, e, postulando transformações das condições cotidianas dos
agentes envolvidos, tanto no campo da habitação como no campo do trabalho,
da saúde, da educação, entre outros. As Comunidades Eclesiais de Base, foram
incentivadas pela Teologia da Libertação e após o Concílio Vaticano II (1962-1965)
se espalharam no Brasil, bem como em toda a América Latina a partir da década
de 1970, e por estarem insatisfeitos com a realidade política e social, e, com as
situações de misérias cotidianas de suas vidas comunitárias, buscaram através do
método ver-julgar-agir olhar a realidade em que viviam (ver), julgar com os olhos
da fé (julgar) para encontrar caminhos de ação à luz da fé (agir) na tentativa de
superá-las. Partiremos da análise dos documentos institucionais e materiais im-
pressos que fundamentaram as ações da Igreja e sua perspectiva formativa em
relação aos seringueiros de Xapuri. Este estudo possibilitará a compreensão da
contribuição das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no Brasil e de modo es-
pecial no município de Xapuri e suas intenções em se constituir em uma opção da
Igreja Católica, nos espaços sociais e populares.
Palavras-chave: Contribuição. Comunidades Eclesiais de Base. Memória. Sujeito.
Projeto Seringueiro.

46 Sumário
Dread Talk: Indentidade linguística
Mary Sâmia Silva da Rocha
UFAC
O movimento Rastafári interpreta seu lugar discursivo do qual constrói uma críti-
ca a escravidão humana, ideológica e aos padrões sociais, impostos inclusive na
linguagem. Assim, surgiu o Dread Talk (doravante DT), na Jamaica e em outras
ilhas caribenhas, mobilizando os rastas (como são chamados os adeptos ao mo-
vimento) a analisarem profundamente o idioma, dentro do continuo pós crioulo
em que a ilha se encontra, com olhar crítico, adaptando a linguagem de forma que
represente melhor sua percepção da realidade. Para realizar este estudo, busca-
mos corpus em materiais bibliográficos e em publicações acadêmicas online. O
objetivo principal desta comunicação é abordar a estrutura linguística do DT, de
acordo com os estudos da professora e escritora jamaicana Velma Pollard em seu
livro intitulado “dread talk: a língua dos rastafáris”. Ela explica que as mudanças
das palavras no DT são basicamente lexicais e fonológicas, causando supressões
conscientes e arbitrárias na estrutura sintática da língua, reduzindo incompatibi-
lidades, entre a norma padrão e a visão de mundo do rastafarianismo, de forma,
função e signo. Pelo fato de ser um movimento complexo, espera-se que haja
discrepâncias de significados e palavras usados pelos rastas. Entendendo que a
língua é a expressão de uma comunidade, ou de uma nação e por isso está intima-
mente ligada ao falante, de tal forma que expressa sua cultura, sua origem, sua
identidade, focando nos aspectos sociolinguísticos, Mikhael Baktin aponta que a
linguagem é social antes de ser individual, então contextualizaremos inicialmente
o histórico da ilha, introduzindo o nascimento do movimento rastafári e as con-
dições de surgimento do dialeto. Dando suporte à compreensão da importância
da linguagem no processo identitário, Bakhtin, aponta a evolução da língua como
principal fator para a evolução da consciência individual, através de mudanças
gramaticais e ideológicas, como faz o rasta. A abordagem de uma linguagem pro-
veniente de uma revolução linguística, que interpreta seu lugar discursivo no qual
constrói uma crítica à escravidão humana e ideológica e aos padrões sociais im-
postos, leva-nos a refletir sobre os efeitos da colonização sobre as massas, a es-
cravidão e desigualdades, principalmente sobre índios, negros e quilombolas, que
foram povos escravizados e exterminados, e tiveram suas identidades silenciadas
na história, ressaltando, assim, a importância de resistência ante as opressões,
escravidão ideológica e a busca e afirmação identitária, deixando aberto vastos
campos de estudo do Dread talk.
Palavras-chave: Rastafári. Linguagem. Resistência. Identidade.

47 Sumário
Hansenianos em Rio Branco: Isolamento, preconceito
e memória social
Matheus Gomes de Sousa
UFAC
Nesse trabalho busca-se compreender alguns elementos da política de profilaxia
no Brasil e na Amazônia sul-ocidental. Para isso, faremos um breve histórico da
hanseníase no Brasil durante o século XIX, período em que a doença em questão
é integrada à pauta de pesquisa cientifica no país no século XX, sobretudo nos Go-
vernos de Getúlio Vargas. Abordaremos seu conceito negativo ao longo dos tem-
pos, para esse fim, situaremos as diversas fases dessa política de isolamento, bem
como suas ações e sua conotação na composição da sociedade brasileira. Procura
também abordar medidas utilizadas para que os hansenianos fossem enclausu-
rados, a criação da casa de acolhida Souza Araújo em Rio Branco no Acre, assim
como aspectos da trajetória de vida de homens e mulheres acometidos pela han-
seníase, dentre esses sujeitos sociais podemos destacar Francisco Augusto Vieira
Nunes “o Bacurau”. Serão abordados seus feitos, suas lutas, andanças, suas uto-
pias e seu desejo de ver um mundo mais justo e humanitário. Esse trabalho é uma
láurea em alusão aos vinte anos da morte de Bacurau falecido no dia 12 de janeiro
de 1997. Bacurau, mesmo com suas limitações, foi um homem aguerrido e não se
conformava com a situação vivida por ele e por milhares de pessoas acometidas
pela hanseníase. Por esses motivos, optou em lutar para garantir a igualdade so-
cial e pela promoção do respeito independentemente de raça, cor, credo religioso
ou qualquer outra barreira que viesse a ofuscar o direito de liberdade que é asse-
gurado a todas as pessoas.
Palavras-chave: Hanseníase Bacurau. Política de isolamento. Memórias.

A construção do Cânone na Literatura Acreana


Mauricélia de Melo Souza
UFAC
Ivania Maria Costa de Matos
UFAC
A produção literária acreana tem a sua representação local de certa forma atuan-
te, com autores que formam a entidade denominada Academia Acreana de Letras.
No entanto, ainda não há um efetivo reconhecimento por parte da população dos
autores e obras atuais e consequentemente das primeiras obras que formam a
nossa identidade literária. Pensando nessa lacuna com relação a nossa literatura,
esse trabalho, que iniciou com uma pesquisa bibliográfica na graduação de Letras/
Vernáculo, visa mostrar que a literatura acreana existe e tem seu marco histórico

48 Sumário
em um conjunto de obras inaugurais, da nossa historia literária, a contemplar os
gêneros: poesia, com o livro “Acreanas” de, Juvenal Antunes, 1922, contos, livro
“Sapupema, Contos Amazônicos” de José Potyguara e o romance “A represa”, de
Océlio de Medeiros ambos de 1942. Portanto, este trabalho traz uma reflexão so-
bre a construção do cânone na literatura acreana e suas implicações no trabalho
com a literatura em sala de aula. Tem como objetivo disponibilizar material secun-
dário acerca da literatura regional, haja vista a escassez de referências e materiais
que sirvam de subsídios ao professor na elaboração e desenvolvimento de aulas
que privilegiem a literatura regional. Propomos uma sequência de atividades para
alunos do ensino Fundamental II, que contemple as obras inaugurais da nossa li-
teratura, de modo a sugerir ao professor alguns caminhos e possibilidades de tra-
balho com o acervo literário acreano. O trabalho consiste a princípio em reconhe-
cer nestas obras uma identidade regional nas temáticas abordadas, bem como
o fazer uma relação com época literária em que foram escritas e diferenciar as
formas estruturais das mesmas. Assim sendo, com o intuito de tornar essas obras
reconhecidas como formadoras do nosso cânone literário, tomaremos como nor-
teadores de nosso trabalho, considerações elaboradas por SILVA (2002), COSSON
(2016), KOTHE (1997), PROENÇA (2007), MOISÉS (2001), TERRA (2014), BARTHES
(2013) e MELO (2009), por entender que suas obras apresentam importantes con-
tribuições para o trabalho com estudos literários. Por fim, esperamos contribuir
para a valorização da literatura produzida no Estado do Acre.
Palavras-chave: Cânone Literário. Literatura Acreana. Construção. Reconheci-
mento.

As marcas dos novos letramentos em uma escola de


Ensino Médio de Cruzeiro do Sul-AC: a itinerância dos
discursos escritos às práticas sociais
Ney Williams Salgado Mazzaro
UFAC
Este trabalho trata-se de uma pesquisa em andamento no Mestrado de Letras:
Linguagem e Identidade. A prática docente revela que as estratégias de ensino
adotadas pelos professores do ensino médio, imigrantes digitais (TAPSCOTT,
2011) ainda são muito atreladas às práticas de ensino tradicionais, distantes das
aspirações dos aprendizes, nativos digitais, e das relações interativas contempo-
râneas que os estudantes de hoje estão acostumados a vivenciar com o advento
das TICs (ROJO, 2013). Assim sendo, percebemos que as estratégias de ensino dos
componentes curriculares que norteiam o ensino ainda são baseadas em livros
e cadernos, embora a sociedade contemporânea vivencie o progresso das TICs,
que possibilitam novas práticas de interação através de diferentes estratégias de

49 Sumário
leitura e escrita (ROJO, 2008, 2013). Neste trabalho nos propomos a investigar a
presença dos novos letramentos na escola de ensino médio Craveiro Costa, no
município de Cruzeiro do Sul, seja na forma discursiva, seja nos equipamentos dis-
poníveis, ou nas práticas sociais dos agentes da escola. Pretendemos ainda desco-
brir novas metodologias ativas para prática da leitura e escrita através de disposi-
tivos móveis de comunicação e interação valorizando os conhecimentos prévios
dos alunos sobre leitura e escrita digital; compreender como as diversas práticas
de letramento estão presentes na escola, seja como discurso, seja como equipa-
mentos tecnológicos através dos quais a escola dê acesso aos novos letramentos;
investigar as estratégias utilizadas pelos professores para desenvolver as capaci-
dades de linguagens discursivas e linguísticas, bem como perceber as estratégias
utilizadas pelos alunos nos usos sociais dos novos letramentos. Para fundamentar
este estudo recorremos a Rojo (2013) para compreender o uso das TICs no ensino
de Língua Portuguesa. Enquanto Buzato (2009) orienta sobre o letramento digital
dos professores. Este estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa com
base nos estudos bibliográficos (MARCONI; LAKATOS, 2010; LIMA; MIOTO, 2007).
Mas também possui um viés da abordagem proposta pelo procedimento teóri-
co-metodológico da Pesquisa Narrativa, na qual todos os sujeitos envolvidos no
estudo fazem reflexões a respeito do objeto estudado (CONNELLY e CLANDININ,
1990). Neste sentido mostraremos a utilização das tecnologias em sala de aula
nas diversas disciplinas ancoradas ou não pelo Projeto Politico Pedagógico da es-
cola, bem como pelas Orientações Curriculares para o ensino médio do estado do
Acre.
Palavras-chave: Letramentos. Tecnologias. Linguagem, Discursos.

Fronteiras culturais e Direitos em construção:


Migração e Identidades
Patrícia Helena dos Santos Carneiro
UNIR
Júlio César Barreto Rocha
UNIR
Este estudo aborda a nova Lei de migração sob uma perspectiva culturalista, con-
siderando a leitura dos chamados direitos sociais, dentre eles a educação, como
prioridade. O quadro político que se desenha na atualidade brasileira é o de des-
construção do plano de direitos, segundo previsto na Constituição Federal e mes-
mo relativamente a compromissos assumidos em tratados internacionais. Perce-
be-se o crescimento de manifestações xenófobas marcadas por um sentimento
que afasta até mesmo resultantes já antes consideradas consolidadas, como o
ensino do espanhol no Brasil. Não obstante, normas, debatidas há mais de uma

50 Sumário
década, que pregavam ideais da Unidade Latinoamericana, admitem proximida-
des de fronteiras culturais. As identidades são aproximadas por políticas públicas
como espécimes de Direitos em construção. O nosso referencial teórico-meto-
dológico, fundamentado na Filologia Política, admite postura culturalista relacio-
nando vários aspectos de uma sociedade. Além da perspectiva de autores como
Terry Eagleton e George Lukács, tomaremos algumas ideias de José Afonso da
Silva e Konder Comparato. Por meio destes autores, verificamos que os princípios
admitidos das novas normas da Lei de migração, tomadas num contexto realista,
são inovações que foram mais além dos tradicionais valores de mercado e de de-
fesa de uma jurisdição territorial soberana que valoriza interesses econômicos.
Destaca-s uma conflitividade para a implementação de políticas públicas diversas,
neoliberais, por um lado, e progressistas, por outro.
Palavras-chave: Lei de migração. Direito. Cultura. Identidade. Filologia Política.

Tecnologias da informação em Aldeias Indígenas:


Territórios e novo modo de se comunicar do povo
Paiter Suruí em Cacoal Rondônia
Paulo Cesar Barros Pereira
UNIR
Maria Liziane Souza Silva
UNIR
A presente proposta de estudo tem como objetivo discutir os impactos gerados
pela inserção das novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), dentro
do povo Paiter Suruí do município de Cacoal Rondônia. O avanço dessas tecno-
logias nas últimas décadas, tem acarretado profundas mudanças para o homem
e, assim como em outras regiões do mundo, na Amazônia brasileira essas novas
ferramentas também invadiram o dia-dia das pessoas, incluindo os povos tradicio-
nais indígenas, como é o caso do povo Paiter Suruí, que decidiu usar a tecnologia
para melhorar a comunicação, monitorar as ameaças à floresta, divulgar o plano
de gestão de suas riquezas, da mata e preservação de sua cultura. Nesta pers-
pectiva este estudo terá como elementos norteadores para a discussão: a força
que exerce a mídia e os impactos gerados pela inserção dessas novas tecnologias
dentro de um território. Daí a importância de buscar compreender como tem sido
a inserção, manuseio e uso dessas tecnologias, os pontos positivos e negativos e
os principais desafios do novo modo de se comunicar Suruí. De modo geral, pre-
tende-se contribuir para o debate e o enriquecimento teórico sobre a temática.
Palavras-chave: Povos Paiter Suruí. Amazônia. Rondônia. Tecnologia da Informa-
ção

51 Sumário
Participação e luta das mulheres da associação e
do Sindicato Rural em Oriximiná – Pará: uma análise
geográfica das relações de gênero
Raimunda Patrícia Gemaque da Silva
UNIR
Maria das Graças Silva Nascimento Silva
UFPA
A formação/consolidação dos sindicatos rurais enfrentou inúmeras barreiras. Até
a década de 1960 era quase que inexistente o sindicalismo rural no território bra-
sileiro. Fato este que se deve à resistência na época, por parte dos proprietários
rurais em permitir algum tipo de manifestação organizacional por parte dos traba-
lhadores. Na atual conjuntura o sindicalismo transformou-se em verdadeiro me-
canismo na luta pelos direitos de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Nesse pro-
cesso a princípio, a participação das mulheres era pouco expressiva, com o passar
dos anos e a partir das mudanças no cenário nacional e as novas questões levan-
tadas a cerca da condição da mulher no campo brasileiro, mais especificamente as
questões de gênero, as mulheres despertaram mais interesses no que se refere às
políticas públicas voltadas para as mulheres ruralistas, engajaram-se mais nos mo-
vimentos e nas lutas pelos seus direitos enquanto trabalhadoras rurais, passando
a atuar mais diretamente nos movimentos sindicais e em associações. O presente
texto consiste em uma reflexão a cerca da colocação/posicionamento das mulhe-
res nos espaços organizacionais da instituição sindical e associação do município
de Oriximiná-Pará, desse modo, busca-se analisar a partir das relações de gênero
como se dá a atuação das mulheres nas múltiplas ações e planejamentos desen-
volvidas pela associação e sindicato rural em Oriximiná. Para a concretização do
estudo realizou-se pesquisa bibliográfica, visita e entrevistas nas duas instituições
(Sindicato Rural e Associação das Mulheres) e registros fotográficos. O estudo
evidenciou que a atuação das mulheres aumentou consideravelmente no âmbito
das instituições sindicais estudadas. A leitura feita da participação das mulheres
no cenário do Sindicato e da Associação sobre a interface das questões de rela-
ção de gênero demonstrou que as mesmas, lutam por direitos sociais e não por
benefícios temporários, visando os direitos para mulheres descortinando a visão
masculinizada desses espaços.
Palavras-chave: Gênero. Geografia. Participação. Quilombolas.Oriximiná.

52 Sumário
Santo Daime, referenciais bibliográficos e oralidade
na Colônia Cinco Mil
Rodrigo Monteiro de Carvalho
UFAC
O presente trabalho é um ensaio que pretende apresentar uma discussão biblio-
gráfica sobre os principais eventos e histórias do período de 1975 a 1983 da Colônia
Cinco Mil, Igreja do Santo Daime na liderança de Sebastião Mota de Melo(Padri-
nho Sebastião) a partir de Froes(1984), Silva(1986), Couto(1989), Mortimer(2000;
2004), Polari(1984; 1993). Esse período de oito anos adiantamos ser a formação
inicial de uma nova expressão de comunidade daimista, na capital acreana sendo
marcado pela chegada de muitos viajantes e outras referencias culturais, início
das investigações do governo federal as religiões ayahuasqueiras(Santo Daime,
Barquinha e União do Vegetal) e ainda migração do “povo do padrinho” do Acre
para o Amazonas, primeiro ao seringal Rio do Ouro e depois para o Céu do Mapiá
em 1983. Utilizaremos, enquanto referencial teórico, Raymond Willians(1977), Le
Goff(2003), Stuart Hall(2007) e Alessandro Portelli(2010) por entender que eles
trazem uma abordagem relevante para os estudos sobre cultura, memória, iden-
tidade e história oral. Para análise do material, será elaborada uma aproximação
histórica e social com a Colônia Cinco Mil. Para então com o exposto exercitar
reflexões e contribuições que se encontram em fase de diálogo teórico metodo-
lógico e os caminhos para seguir a investigação com base nos registros das nar-
rativas orais das pessoas que desde 1975 tem feito parte da formação da Colônia
Cinco Mil.
Palavras-chave: Colônia Cinco Mil. Santo Daime. Oralidade. Registro de narrativas.

Trabalho e relações de gênero: um estudo de caso das


mulheres feirantes de Bujari - AC
Rogério Nogueira de Mesquita
UNIR
As feiras livres são espaços encontrados por muitas mulheres que vivem da agri-
cultura familiar, para comercializar seus produtos colhidos no campo. Nesse
contexto, esse trabalho se propõe a discutir, através da técnica de pesquisa bi-
bliográfica, as relações de gênero existentes no mundo do trabalho, com acento
especial para as mulheres feirantes do município de Bujari, (AC). Para tanto, o
estudo alicerça-se nas contribuições de estudiosos como Maria das Graças Nas-
cimento Silva e Joseli Maria Silva. Será ainda dada fundamentação ao trabalho
através de informações práticas baseadas em atividade de campo. A pretensão
em se discutir gênero é sempre muito pautada às mulheres na atualidade, isso

53 Sumário
se deve ao fato de carregarem em si o preço da inferiorização durante séculos.
Sempre tiveram sua capacidade física e mental testada, sendo vistas como frágeis
por apresentar uma estrutura física menos acentuada, mas que mesmo assim,
precisam desempenhar papéis de “gigantes”, na maioria das vezes bem superior
às atividades cumpridas pelos ditos “alfas”. Nessa injusta divisão sexual do tra-
balho, é muito comum papéis sociais serem atribuídos ao gênero feminino, onde
estas findam tendo que realizar uma infinidade de tarefas, bem como lavar louça,
roupas, cuidar da casa, dos filhos e esposo. No campo, essas atividades tendem
a ser intensificadas, muitas vezes, as mulheres camponesas buscam lenha para
cozinhar, lavam roupa no rio, alimentam os animais domésticos, cuidam da hor-
ta, das tarefas de casa, e ainda trabalham arduamente na roça, mesmo assim, na
maioria das vezes, o seu trabalho é visto como uma “ajuda” aos maridos. Através
desse estudo, buscar-se-á mostrar que, mediante esse cenário, as mulheres veem
no trabalho uma alternativa para se impor financeiramente e tornar-se menos de-
pendente do marido. Apesar de em muitos casos, mesmo estas participando do
processo de produção e comercialização dos produtos, não possuem autonomia
para decidir em que será gasto o arrecadado.
Palavras-chave: Trabalho. Relações de Gênero. Mulheres Feitantes.

Avaliações em Larga Escala: Um processo de


diagnostico ou Regulação de Sujeitos
Simone da Silva Pinheiro
UFAC
O processo de ensino é direcionado pelo planejamento, execução e avaliação.
Esse último envolve processos de coletas direcionadas no sentido de identifica-
mos fragilidades no aprendizado e daí gerenciamos ações baseadas no resulta-
dos, no sentido de melhoramos os processos de ação do docente. Por meio deste
discurso de diagnosticar para coletar, agir e qualificar tomou as escolas por volta
da década de 90 no Brasil, “compramos” dos países ricos o modelo de avalição
externas e desde então essas cercam os espaços escolares de números que indi-
cam “falhas” no ensino. Contudo tais índices tem levados as escolas a uma corri-
da por índices altos, regulando praticas docente no sentido de treinar os alunos
para fazer prova. Eu como professora da rede estadual do Acre, atuante em uma
escola subalterna de Rio Branco sinto na pele diariamente a pressão de alcançar
metas nos índices, sendo pressionada agir com plena eficiência para garantir no fi-
nal “bons resultado”, assim treino meus alunos constantemente para acertar nas
provas externas. Baseado em tal problema social proponho debater as técnicas
hierárquica presente no discurso dos índices e as suas sanções regularizadora que
classifica e puni os sujeitos de índices “inferiores”. Essa afirmações partem da mi-

54 Sumário
nha vivencia , pois como já foi citado sou professora da rede de ensino local, então
ao longo de horas e horas de formação continuada recolhi material de orientação,
falas de colegas e documentos oficiais.
Palavras-chave: Educação. Avaliação. Discurso

Canções Infantis: Regulação do Corpo Feminino


Simone da Silva Pinheiro
UNIR
A ideia de escrever esse artigo surgiu de uma inquietação perante o recebimento
de uma sequência didática, entregue aos professores do ciclo de alfabetização da
rede estadual de educação durante uma formação continuada oferecida aos do-
centes da cidade de Rio Branco. A referida sequencia trazia em seu conteúdo can-
ções infantis de conhecimento populares, também chamadas de textos de me-
mória. Das 15 (quinzes) músicas presentes no documento selecionei 4 (quatro),
tendo como critério de seleção a circulação ampla entre os meios de comunicação
e as práticas orais. Objetivo nesse trabalho debater que em meio a chamada “ino-
cência “essas canções trazem a tutela de uma sociedade reguladora, tradicional,
sexista que na infância tenta impor seus modelo de ser mulher. Ao estudar as can-
ções ditas “inocentes “tentamos desvelar a candura das músicas e situa o discur-
so machista, heterossexual, sutil determinador do discurso regulador dos corpos
femininos a partir do mundo da criança, sutilmente reproduzindo um conceito
tradicional de ser mulher. Assim por meio das lentes de Michel Foucault e dos es-
tudiosos do currículo pós-critico Tomaz Tadeu da Silva, Sandra Corazza e Guacira
Lopes Louro debatemos como essas canções de fáceis memorização pelas crian-
ças delimita espaços, criar símbolos, discursos que ditam o que pode ou não pode
fazer o corpo feminino, além de marcar o território de ação dos sujeitos, desta
maneira tentamos visualizar nas canções estratégias capilares de poder.
Palavras-chave: Alfabetização. Canções. Gênero e Poder

Ondjaki: tradição, identidade e o contradiscurso em


Ynari: a menina de cinco tranças
Sonia Maria Gomes Sampaio
UNIR
Larissa Gotti Pissinatti
UNIR
Este artigo tem como objeto a análise da obra Ynari: a menina de cinco tranças
(2010), do escritor angolano Ondjaki na perspectiva dos estudos Pós-Coloniais.
Para tanto, faremos uma análise estrutural da obra, enquanto literatura Infantil,

55 Sumário
que traz uma proposta descolonizadora quando apresenta aspectos tais como:
a renovação da tradição, a presença mítica e mágica contida na tradição oral,
processo de construção de identidade, a figura feminina como protagonista e os
símbolos presentes na narrativa, bem como trataremos da questão do processo
de descolonização, resistência e da produção de um contradiscurso contido na
obra e ao mesmo tempo a presença do discurso performático. Em um primeiro
momento contextualizaremos Ondjaki e sua obra e a Literatura Infantil como uma
possibilidade estratégica de descolonização. Em seguida abordaremos a obra a
partir dos conceitos dos autores elencados para o suporte teórico, sendo estes:
Marisa Lajolo, Homi Bhabha, Mircea Eliade, Hampaté Bá, Stuart Hall e Miguel Ne-
nevé. Por fim, abordaremos a importância de conhecer a Literatura Infantil como
a de Ondjaki e inscrevê-la no circuito de leitura, principalmente nos espaços do
Norte do Brasil e no rol das produções pós-coloniais.
Palavras-chave: Ondjaki. Pós-colonialismo. Identidade. Contradiscurso.

Formação de professores no Brasil e identidade


docente no Ensino Superior
Tatyana Sá de Lima
UFAC
Este artigo busca fazer uma breve retomada histórica das principais políticas de
formação de professores no Brasil e do processo de construção da identidade
docente, especificamente no ensino superior. A identidade do professor univer-
sitário no Brasil ainda é indefinida e muitas vezes sua formação, especialmente a
formação dos bacharéis, está mais focada no perfil de pesquisador e muito pouco
na formação pedagógica. Já a formação dos licenciados ainda sofre da dicoto-
mia teoria x prática. Para este artigo foi feita uma revisão bibliográfica de auto-
res como Dermeval Saviani, Selma Pimenta e Lea Anastasiou, Maria Isabel Cunha,
José Carlos Libâneo, Bernadete Gatti, Marli André, Maurice Tardif, entre outros.
Com este trabalho foi possível perceber que o processo de construção da identi-
dade do professor, aqui especificamente o universitário, necessita resgatar a valo-
rização do ensino superior, o que está intimamente ligado com o papel atribuído
à universidade na sociedade contemporânea. O perfil do professor universitário
precisa englobar não somente conhecimentos específicos na área em que lecio-
na, mas também necessita de habilidades pedagógicas para que o resultado do
seu trabalho seja eficaz. Esse professor precisa ainda ter ampla visão de mundo e
de humanidade, já que irá lidar diretamente com pessoas. Conclui-se que a falta
de legislação específica para formação docente no ensino superior contribui ne-
gativamente para o processo de construção da identidade docente e precisa ser
debatida, revista e atualizada.

56 Sumário
Palavras-chave: Formação de professores. Identidade docente. Políticas
O direito a serviço dos donos do poder: negação da
história do Brasil na demarcação de Terras Indígenas
e o contraproducente Marco Temporal do STF
Tayson Ribeiro Teles
UFAC
Neste trabalho analisamos o instituto da demarcação de terras indígenas no Bra-
sil. Por revisão bibliográfica qualitativa-descritiva, perlustramos doutrinas, juris-
prudências e legislações diversas sobre o tema. Abordamos as retóricas dos Po-
deres Legislativo e Executivo, ou seja, as escusas destes para não atuarem em
benefício dos povos indígenas e tecemos análise do contraproducente instituto
do Marco Temporal para demarcação de Terras Indígenas cunhado recentemente
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pátrio, o qual retrata a retórica do Poder
Judiciário sobre o tema, notadamente no sentido de assassinar a história do Brasil
e o indigenato. As conclusões indicam que Legislativo e Executivo são ineficazes
em seus deveres constitucionais de agirem em prol dos indígenas, porque estão
contaminados pelas volições das elites brasileiras, bem como que o Judiciário, por
meio do STF, ao prescrever o Marco Temporal, trilha o mesmo caminho. Urge que
toda a sociedade, pelo menos o grupo das pessoas prudentes que desejam o bem
comum (de todos), enxergue tal mecanismo jurídico como inconstitucional, pos-
to que violador de incontáveis preceitos apregoados pela CRFB/88 e, também, de
vários princípios humanos, como a garantia/busca da dignidade de todos. O tema
deveria ser óbvio, muito claro, deveriam todas as autoridades judiciais, parlamen-
tares e políticas brasileiras entenderem ser a terra um valor inestimável para os
povos indígenas, mas parece que a reluzente claridade da questão encontra-se
ofuscada pelos escusos interesses nefastos do agronegócio, da agropecuária, do
desmatamento, da violência em face do meio ambiente.
Palavras-chave: Demarcação de Terras Indígenas. Retórica. Legislativo. Executivo.
Marco Temporal do STF.

Relatos e experiências de um jornalista negro em uma


televisão branca
Thiago Roger da Silva
UFAC
A presente comunicação oral pretende discutir e explanar relatos que configuram
a minha própria experiência como jornalista, negro e com dedicação de quase
uma década ao telejornalismo. Esse recorte parte da inquietação, sobretudo, de
telespectador que cresceu frente a uma televisão branca e feita para brancos. A

57 Sumário
pesquisa tem contornos autobiográficos e pretende revelar os episódios envol-
vendo silenciamentos, feridas coloniais de alguém que precisou transgredir um
ambiente dominante. Junto com esses relatos de vida pretendo fazer contrapon-
tos com autores que dialogam com colonialismo, colonialidade, representação,
ideologia e jornalismo. O trabalho de pesquisa caminha ainda para traçar o cená-
rio do “jornalismo negro” na Amazônia, principalmente no estado do Acre. Ou-
tra ponta dessa pesquisa se direciona as formas de representação do negro em
reportagens televisivas. Nessa premissa, a pesquisa se volta para a linha editorial
dessas empresas de comunicação com o intuito de desvendar o modo como a
pessoa negra é vista e representada perante milhares de espectadores. Pensar
essa questão é uma forma de investigar os motivos que caracterizam essa falta de
protagonismo nas emissoras de televisão.
Palavras-chave: Telejornalismo. Negros. Amazônia. Acre

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