O Problema Do Livre Arbitrio
O Problema Do Livre Arbitrio
O Problema Do Livre Arbitrio
feito.
Princípio das possibilidades alternativas (PPA): temos livre-arbítrio só se pudermos escolher agir de
modo diferente daquele que agimos. Se uma pessoa não poderia ter decidido de outro modo, então
essa pessoa não é responsável por aquilo que ela faz.
Julgamo-nos livres porque desconhecemos muitas das causas que nos determinam - conhecimento
reduzido do universo e falibilidade da inteligência humana.
Não é possível mostrar/provar que as leis naturais se aplicam a todas as realidades do universo de
forma constante e uniforme.
Temos a sensação e a crença de que agimos em conformidade com escolhas por nós tomadas e que
interferimos voluntariamente no decurso dos acontecimentos. Temos, também, sentimentos
associados às nossas escolhas e ações (como o orgulho ou o remorso). A força e a intensidade destas
experiências são a prova de que existe livre-arbítrio, sem sermos determinados a isso.
Não dá espaço à responsabilidade moral em que assenta a sociedade (argumento libertista
da responsabilidade)
Se o determinismo for verdadeiro e o livre-arbítrio falso, os nossos juízos morais perderiam qualquer
fundamento e não faria sentido responsabilizar alguém, na posse das suas faculdades, pelas ações
realizadas. Afirmar a ausência de livre-arbítrio e, consequentemente, de responsabilidade é
contrariar a ideia em que assenta a organização da sociedade, não havendo justificação para o
mérito ou demérito pelos atos praticados.
A física quântica (estudo das partículas mais pequenas da matéria), mostrou que existem eventos
com causa indeterminada. As leis da natureza a nível quântico não são deterministas, mas
estatísticas. Os acontecimentos quânticos não se seguem necessariamente uns aos outros como
efeitos de causas. Existe apenas a probabilidade de tal acontecimento suceder a outro. A física
quântica revela, assim, que existem acontecimentos no universo que não são totalmente
determinados.
Libertismo- teses
Libertismo-argumentos
Há ações que não são causais e nem casuais. Temos a experiência da tomada de decisões controlada
pela nossa vontade, de poder interferir no decurso natural dos acontecimentos pela nossa
capacidade racional e deliberativa. Temos, também, sentimentos associados a essa experiência
(orgulho, vergonha...) que, a sermos inteiramente determinados, seriam infundados. A força e a
intensidade dessa experiência é a prova de que o livre-arbítrio existe, sem sermos determinados a
isso.
No domínio físico o determinismo é verdadeiro, mas no domínio mental é falso. No domínio físico,
os eventos são as únicas coisas que causam outros eventos. Mas, os seres humanos transcendem a
causalidade física: uma mesma pessoa, em circunstâncias idênticas, pode escolher e causar
acontecimentos diferentes. Defende-se que há outro tipo de causas, a saber, o próprio agente.
Assim, uma decisão (como levantar o braço no ar) não é causada por eventos anteriores, é causada
pelo próprio agente (cujo cérebro envia sinal para os músculos). Há, assim, uma causalidade especial
do agente: o ser humano tem a capacidade especial de iniciar cadeias causais inteiramente novas, de
se autodeterminar (as cadeias causas têm um ponto inicial, o agente).
Argumento da responsabilidade
Se as ações não resultassem de escolhas dos agentes, não faria sentido responsabilizá-los.
Responsabilidade pressupõe o livre-arbítrio.
Libertismo- objeções
Afirmar que a mente funciona dentro do cérebro (enquanto estrutura biológica, física e química) e à
margem de leis causais não é plausível com o conhecimento que temos da ciência. Não existem
evidências científicas de eventos cerebrais sem causas. Como explicar este novo tipo de
causalidade?
O que torna as ações livres não é facto de não estarem inteiramente determinadas, mas o modo
como estão determinadas (se há ou não autocontrolo). Ainda que cada decisão esteja determinada
por processos que ocorrem no cérebro, pelo temperamento e pelo passado, se a decisão surgir sem
constrangimentos, forças ou impulsos que o agente não controle, então há livre-arbítrio. Liberdade é
a ausência de constrangimentos. A ação livre é aquela que é realizada porque o agente a deseja,
podendo ter agido de outra forma. (O contrário de livre não é causado; é constrangido). Por
conseguinte, existem agentes livre num universo determinista. Logo, podemos ser
responsabilizados.
Há casos, como o caso da “A carteira ou a vida?”, que para um determinista moderado a ação não é
livre, na medida em que se é forçado pelo ladrão (apenas o ladrão é livre). No entanto, dar a carteira
deve-se ao desejo de conservar a vida e à crença de que o ladrão diz a verdade. Esta distinção entre
ação livre a ação não livre não satisfaz.
O determinismo moderado defende que, se as causas forem estados internos do sujeito (como
desejos), somos livres. No entanto, há comportamentos aditivos ou compulsivos (exemplo do
cleptomaníaco) que resultam de desejos/“forças” que o sujeito não controla.
Não salvaguarda as ideias comuns de liberdade/decisão e de responsabilidade
Se somos resultado da genética, família, meio..., como é que podemos ser pessoas diferentes e
decidir de modo diferente? Parece que as decisões são efeitos de causas anteriores e que não são
genuinamente livres. É, por isso, muito difícil provar que há ações livres e, consequentemente, que
possamos ser responsabilizados.
Há situações nas quais, apesar de não termos possibilidades alternativas, temos livre-arbítrio
e somos moralmente responsáveis.
O fundamental não é o facto de termos possibilidades alternativas, mas o facto de as ações
terem origem na vontade do agente. O livre-arbítrio não implica a possibilidade de agir de
outra forma. Se a ação depender da vontade do agente, temos livre-arbítrio e somos
responsáveis.
Alguns filósofos incompatibilistas sustentam que, mesmo num caso de Frankfurt, existem
possibilidades alternativas pois:
- o agente não pode tomar por si próprio a decisão e ser forçado a tomá-la por fatores externos à
sua vontade.
Ainda que, em termos práticos, a diferença entre estes dois cursos de ação seja muito pequena (uma
diferença de centelhas ou faíscas de liberdade), é precisamente por existirem estas duas
possibilidades (agir ou ser coagido), que temos a intuição de que temos livre-arbítrio.
Outros filósofos incompatibilistas afirmam que, nos casos de Frankfurt, estamos perante duas
cadeias causais que provocam o mesmo resultado:
- a outra cadeia causal envolve uma sequência de causas e efeitos que antecedem e determinam a
decisão e ação do agente.
Em nenhum dos casos se encontra livre-arbítrio e os casos de Frankfurt não provam que o conceito
de livre-arbítrio exclui o princípio das alternativas possíveis.
Filósofos que apoiam o determinismo radical: Spinoza, Ted Honderich, Galen Strawson
- determinismo radical
2. Nega a liberdade. Uma ação livre seria uma ação sem causa, mas as ações são o efeito necessário
ou inevitável de causas anteriores.
3. Teoria incompatibilista.
-libertismo
2. Defende que algumas ações são livres: podemos interromper cadeias causais e controlar ou
provocar acontecimentos (não são ações sem causa) - autodeterminação do agente.
3. Teoria incompatibilista.
- determinismo moderado
1.Aceita o determinismo.
2. Defende que algumas ações são livres. As ações livres são causadas por crenças e desejos. (As
ações que têm causas externas são consideradas não livres.)
3. Teoria compatibilista.