APOSTILA DE HERMENÊUTICA - STEFANO (Copia) 1

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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE

HERMENÊUTICA

Prof. Stefano Alves dos Santos


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CAPÍTULO I

I) DEFINIÇÃO: Hermenêutica é a ciência e a arte da interpretação. Hermeneu. Significa


“interpretar” ou a “arte” e “técnica” da interpretação. A origem da palavra relaciona-se com a
mitologia grega. Não foi por acaso que se deu o nome de Hermes ao membro Olimpo,
mensageiro e arauto e interprete dos deuses e, entre outras coisas, protetor da linguagem, da
escrita, das artes e das ciências 1. Hermenêutica é a ciência que ensina os princípios, as leis e os
métodos de interpretação.

II) DIVISÕES DA HERMENÊUTICA: A hermenêutica divide-se, às vezes, em duas


categorias - hermenêutica geral e hermenêutica especial2.
a. GERAL: É o estudo das regras que regem a interpretação do texto bíblico inteiro.
Inclui tópicos das análises histórico-cultural, léxico-sintático, contextual, e
teológica.
b. ESPECIAL: É o estudo das regras que se aplicam a gêneros específicos, como
parábolas, alegorias, tipos, e profecias.

III) O LUGAR E A RELAÇÃO DA HERMENÊUTICA NA ENCICLOPÉDIA


TEOLÓGICA: Há quatro departamentos básicos na teologia: Bíblico ou Exegético,
Sistemático, Pastoral ou Prático, e por fim, o Histórico. A hermenêutica Bíblica situa-se no
Bíblico ou Exegético. Relaciona-se diretamente com o estudo do cânon (processo de reunião e
fixação do cânon), com crítica textual ou baixa crítica, (estudo dos manuscritos), crítica
histórica ou alta crítica (data, autoria, fontes, unidade literária dos livros) e com a exegese,
que é a prática aplicada da hermenêutica. Torna-se, portanto, a base para a teologia sistemática
e para a pregação e o ensino bíblico.
1
Henry A. Virkler, Hermenêutica Princípios de interpretação Bíblica. São Paulo, Ed. Vida, 1996. p. 9.
2
Ibid, p. 10.

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IV) A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA: O alvo da hermenêutica é chegar ao


sentido original pretendido pelo escritor Bíblico. O sentido claro e exato do texto. Entretanto,
para se chegar a isso, é necessário vencer alguns obstáculos:

1. OBSTÁCULO HISTÓRICO: Há uma distância muito longa que nos separa da época
em que a bíblia foi escrita.
2. OBSTÁCULO CULTURAL: A bíblia foi escrita em culturas diferentes da nossa.
3. OBSTÁCULOS LINGUÍSTICOS: A bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego.
4. OBSTÁCULO FILOSÓFICO: É preciso compreender a concepção de vida que
tinham os judeus e gregos.

CAPÍTULO II - MÉTODOS DA HERMENÊUTICA

Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento seguido passo a


passo com o objetivo de alcançar um resultado.

Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos possíveis para


desvendar os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de descobrir os seus segredos.

1. Método Analítico

É o método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de detalhes, por


insignificantes que pareçam com a finalidade de descrevê-los e estudá-los em todas as suas
formas. Os passos básicos deste método são:

a) Observação – É o passo que nos leva a extrair do texto o que realmente descreve os
fatos, levando também em conta a importância das declarações e o contexto;

b) Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e o significado (tanto


para o autor quanto para o leitor) para entender a mensagem central do texto lido. A
interpretação deverá ser conduzida dentro do contexto textual e histórico com oração e
dependência total do Espírito Santo, analisando o significado das palavras e frases chaves,
avaliando os fatos, investigando os pontos difíceis ou incertos, resumindo a mensagem do
autor a seus leitores originais e fazer a contextualização (trazer a mensagem a nossa época ou
ao nosso contexto);

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c) Correlação – É o passo que nos leva a comparar narrativas ou mensagem de um fato


escrito por vários autores, em épocas distintas em que cada um narra o fato, em ângulos não
coincidentes como por exemplo a mesma narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35, onde o
primeiro descreve "saindo de Jericó" e o segundo "chegando em Jericó";

d) Aplicação – É o passo que nos leva a buscar mudanças de atitudes e de ações em


função da verdade descoberta. É a resposta através da ação prática daquilo que se aprendeu.

Um exemplo de aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém ou mesmo o


de adoração à Deus.

2. Método Sintético.

É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade inteira e
procura o seu sentido como um todo, de forma global. Neste caso determina-se as ênfases
principais do livro ou seja, as palavras repetidas em todo o livro, mesmo em sinônimo e com
isto a palavra-chave desenvolve o tema do livro estudado. Outra maneira de determinar a
ênfase ou característica de um livro é observar o espaço dedicado a certo assunto. Como por
exemplo, o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais capítulos
ela enfatiza a palavra SUPERIOR.

(De acordo com a versão Almeida Revista e Atualizada – ARA).

SUPERIOR:

a) Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7;

b) A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34;

c) A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35;

d) A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16;

e) A promessa – 8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4;

3. Método Temático

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É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou seja, no


estudo do livro terá um tema específico definido. Como exemplo temos a FÉ:

a) Salvadora – Ef. 2.8; d) Grande – Mt 15.21 a 28;

b) Comum – Tt 1.4; Jd 3; e) Vencedora – I Jo 5.4;

c) Pequena – Mt 14.28 a 31; f) Crescente – II Ts 1.3.

4. Método Biográfico de Estudo da Bíblia

Esta espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a oportunidade de sondar o
caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de aprender de suas vidas. Paulo,
escrevendo aos Coríntios, disse: "Estas cousas lhes sobrevieram como exemplo, e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado." (I
Cor. 10.11)

Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda pessoas como
Jesus, Abraão e Moisés, pode precisar restringir o estudo a áreas como, "A vida de Jesus como
nos é revelada no Evangelho de João", "Moisés durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo
Testamento sobre Abraão". Lute sempre para manter os seus estudos bíblicos em tamanho
manejável.

b)Estudo Biográfico Básico.

PASSO UM – Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os limites do estudo
(por exemplo, "Vida de Davi, antes de tornar-se rei"). Usando uma concordância ou um índice
enciclopédico, localize as referências que têm relação com a pessoa do estudo. Leia-as várias
vezes e faça resumo de cada uma delas.

1) – Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa pessoa. Quem
era? O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez o que fez? Como levou a efeito?
Anote minúcias sobre ela e seu caráter.

2) – Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de


acontecimentos de sua vida.

3) – Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do seu estudo, e


escreva um "A" na margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará a estas aplicações
possíveis e escolherá aquela que o Espírito Santo destacar.

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PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da vida da


pessoa. Inclua os acontecimentos e características importantes, declarando os fatos, sem
interpretação. Quando possível, mantenha o material em ordem cronológica.

b) Estudo Biográfico Avançado.

Os seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o ajudarão em seus
estudos biográficos. São facultativos e só devem ser incluídos progressivamente, à medida que
você ganhe confiança e prática.

Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar este passo
somente quando necessário. As seguintes perguntas haverão de estimular o seu pensamento.

1) – Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais, religiosas e


econômicas da sua época?

2) – Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de incomum em
torno do seu nascimento e da sua infância?

3) – Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra ocupação? Isto
influenciou o seu ministério posterior? Como?

4) – Quem foi seu cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou estorvaram
a sua vida e o seu ministério?

5) – Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez?

6) – Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida?

5. Método de Estudo Indutivo.

a) O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina a quem


examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia não é tão complicada que
quem saiba ler não possa entendê-la. Os Judeus da Bereia foram elogiados por examinarem
cada dia as escrituras "se estas coisas eram assim". (At 17.10,11)

b) É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no "todo". Existe uma ordem
crescente de partes, de unidades simples e complexas, até se formarem na obra completa.

c) A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega, é a palavra.
Organizam-se palavras em frases, frases em períodos, períodos em parágrafos, parágrafos em
seções, seções em divisões, e por fim, a obra completa.

PALAVRA – Unidade menor;

FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo;

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PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo;

PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e que


usualmente se inicia com mudança de linha.

SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado,

CAPÍTULO III

I) PRINCÍPIOS DA EXEGESE:

1. INTERPRETE LEXICAMENTE: Pare interpretar lexicamente é necessário conhecer


a etimologia (verdadeiro significado) dos vocábulos, o desenvolvimento histórico do
seu significado e o uso específico do documento em consideração. Isto se consegue
com a ajuda de bons dicionários. Deve-se notar cuidadosamente o sentido que o termo
enfoca em diferentes textos da língua grega e em autores de um mesmo período. Por
exemplo a palavra : no grego antigo designava o espírito dos finados; no
caso de Sócrates refere-se a o espírito de um guardião (algo parecido com a
consciência); no Novo Testamento geralmente expressa um ser espiritual maligno (um
demônio) que produz distúrbios físicos ou mentais nas criaturas humanas. Aparece
neste sentido uma vez em todo o Novo Testamento, em Atos 17:18:
 - “parece se o proclamador de deuses
estrangeiros”.
2. INTERPRETE SINTATICAMENTE: Para interpretar sintaticamente, é necessário que
se conheça os princípios gramaticais da língua em que o documento foi originalmente
escrito.
3. INTERPRETE CONTEXTUALMENTE: Para interpretar contextualmente, deve-se
levar em conta o conteúdo geral de todo o documento, se ele for um discurso
unificado. Deve-se levar em conta também a linha de raciocínio que rodeia a
passagem, pois freqüentemente ela afeta o sentido dos termos. Na maioria das vezes
temos o sentido de uma passagem distorcido do sentido pretendido pelo autor original
quanto não levamos em conta todo o contexto imediato. O resultado é que por vezes,

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se atribui a certas passagens significados que são quase o oposto do que o autor teve
em mira. Exemplo disso é Cl 2.21, freqüentemente utilizado como texto para sermões
sobre temperança. No contexto, porém, é pura e simplesmente condenação do
ascetismo. O teor geral da epístola dita o sentido real da passagem.
4. INTERPRETE HISTORICAMENTE: Para interpretar historicamente impõe-se a
determinação das circunstâncias que evocaram o escrito ou documento. As
observações preliminares que encontramos nos bons comentários, ou as introduções ao
estudo do Novo Testamento, tais como as de Zahn e Moffatt, são subsídio precioso
neste ponto. Além disso é necessário conhecer os modos, maneiras, costumes e
psicologia do ambiente que se originou o escrito.A psicologia de um povo incluir-lhe-á
a noção de cronologia, métodos de historiografia, uso das figuras de linguagem e os
tipos literários de que o autor se serviu na expressão do pensamento. Conhecimento
destes fatores pode-se obter mediante a leitura de material histórico geral e particular
que se refira ao escrito estudado.
5. INTERPRETE SEGUNDO A ANALOGIA DAS ESCRITURAS: Interprete a escritura
com a própria escritura.

II) QUATRO TIPOS DE EXEGESE:


1. EXEGESE RABÍNICA: Características da exegese rabínica:
a. Interpretava as Escrituras ao pé da letra.
b. Usava a alegoria (o que se diz quer dizer outra coisa).
c. Em oposição à alegoria os racionalistas reagiram. A exegese passou a ser
controlada pela razão. A igreja primitiva herdou muito do rabinismo no início,
mas depois se libertou. Começaram a ver na Bíblia vários sentidos:
i. Sentido literal: sentido inerente às palavras. Expressão pura e simples
da idéia do autor.
ii. Sentido pleno: fundamentado no literal, mas que tem aprofundamento
talvez nem pretendido pelo autor. Deus pode ter colocado em certas
palavras um significado mais profundo que o autor não percebeu, mas
que depois se descobre. Deus, como autor, fez assim. A palavra do

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profeta se refere a uma situação histórica. A palavra de Deus se refere


ao futuro.
iii. Sentido acomodatício: é a acomodação a um sentido a parte que
combina com as palavras. È a Bíblia aplicada a realidade apenas pela
coincidência dos textos.
2. EXEGESE PROTESTANTE: Princípios reformados:
a. A única regra infalível de interpretação: “a Bíblia é a única regra infalível de
interpretação de si mesma”.
b. Repúdio a interpretação alegórica medieval. Os reformadores romperam com a
alegoria.
c. Necessidade de iluminação espiritual.
d. Interpretação gramatical e histórica.
e. Busca da intenção do autor.
3. EXEGESE CATÓLICA: crítica da forma. Utilizam a Bíblia para confirmar seus
dogmas. Dizem que os escritos são:
a. Mito
b. Novelas
c. Contos
d. Narrativas, etc.
4. EXEGESE PURITANA:
a. Extraia o sentido do texto (o que o autor tinha em mente quando escreveu o
texto?).
b. Extraia a doutrina do texto.
c. Faça a correlação do texto.
d. Aplique o texto na vida da igreja.

CAPÍTULO IV

I) PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO: Há dois pressupostos fundamentais da teoria


hermenêutica: A Bíblia é a revelação escrita por Deus (I Co 2:7-13; II Tm 3:16;II Pe 1:19-21)

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e o significado de um texto deve ser aquele que o autor tinha em mente. A partir disto vamos
iniciar o estudo correto da Bíblia. Conforme W. Henrichsen há três etapas no estudo da Bíblia:
Observação (o que vejo), interpretação (o que significa?) e correlação (como isto se relaciona
com o restante daquilo que a Bíblia diz?). Estas etapas são guiadas pelas regras fundamentais
de interpretação. Quais seriam estas regras? São quatro categorias: regras gerais, gramaticais,
históricas e teológicas de interpretação.

1. REGRAS GERAIS: São todas as regras aplicáveis a Bíblia por inteiro. Elas se fazem
presentes como sustentáculos das outras. São universais em sua natureza.
a. A Bíblia é autoridade suprema em matéria de fé e prática e independe do
testemunho de homens ou da igreja.
b. A fé e a iluminação do Espírito Santo são requisitos indispensáveis a
interpretação e compreensão da Bíblia.
c. A Bíblia interpreta a própria Bíblia.
d. A Bíblia não deve ser interpretada a luz da experiência pessoal, mas a
experiência pessoal deve ser interpretada a luz da Bíblia.
e. O propósito da interpretação bíblica não é apologético, mas deve ser devocional
e prático.
f. Cada cristão é livre para estudar e interpretar a Bíblia.
g. A igreja não determina o que a Bíblia ensina, mas a Bíblia determina o que a
igreja deve ensinar.
2. REGRAS GRAMATICAIS: São as que tratam diretamente do texto. A Bíblia foi
escrita em linguagem humana e conseqüentemente deve ser interpretada
gramaticalmente. Na interpretação gramatical o intérprete procede de duas maneiras:
dedutivamente, começando do geral para o particular (parágrafo-sentença-palavra) ou
indutivamente do particular para o geral (palavra isolada-sentença-parágrafo). As
regras gramaticais são:
a. A Bíblia tem somente um sentido que deve ser tomado literalmente.
b. Determine o sentido correto das palavras quando usadas pelo escritor Bíblico (a
etimologia e o uso corrente).
c. Interprete a palavra em relação a sua sentença e ao contexto.

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d. Distinga o sentido figurado do sentido literal. Linguagem figurada não quer


dizer linguagem sem sentido ou inteligível. As principais figuras são: metáfora,
metonímia, sinédoque, hipérbole, ironia, alegoria, símbolo, tipo, símile,
eufemismo, prosopopéia e antropomorfismo.
3. REGRAS HISTÓRICAS: é o estudo do texto a luz das circunstâncias históricas. Qual
a situação política, econômica e cultura do autor e seus leitores? Qual o objetivo do
autor ao escrever o texto? Estas e outras perguntas deverão ser feitas ao texto a fim de
compreendê-lo historicamente. As regras históricas de interpretação são as seguintes:
a. A Bíblia originou-se na história, portanto só pode ser entendida a luz da
história.
b. Um texto não pode significar o que nunca significou quando foi falado e escrito
pela primeira vez.
c. A revelação de Deus na Bíblia é progressiva, entretanto o seu caráter é
imutável.
d. O que a Bíblia descreve como acontecido a outros não precisa necessariamente
acontecer conosco.
e. A Bíblia contém promessas que já se tornaram realidade na história.
4. REGRAS TEOLÓGICAS: são regras que tratam da formulação doutrinária. Veja as
seguintes:
a. A interpretação gramatical é a base para a teológica.
b. Uma doutrina é verdadeiramente Bíblica quando inclui todo o ensino sobre o
assunto.
c. A interpretação teológica é necessária para explicar fatos bíblicos.

CAPÍTULO V

I) TEXTO E CONTEXTO: Para podermos interpretar um texto ou uma parte da Bíblia, é


indispensável analisar quando, por que, a quem e onde foi falado o texto. Neste método vamos
estudar como ler o texto e seu contexto. Tanto o contexto imediato como o contexto mais
amplo. A Bíblia é o seu próprio intérprete, disseram os reformadores. A Bíblia, mais do que
qualquer outro livro, ajuda-nos a interpretar um texto, pois ela nos informa sobre a situação

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em que o texto foi escrito. Estas informações recebemos em primeiro lugar pelas partes que
vêm imediatamente antes ou depois do texto que estudamos: o contexto imediato do texto.

CONTEXTO

TEXTO
O desenho ao lado ilustra a idéia de contexto.
CONTEXTO

PARÁGRAFO

O contexto imediato de um versículo, sendo as VERSÍCULO

partes que vêm antes e depois, é o parágrafo. PARÁGRAFO

CAPÍTULO

O contexto imediato de um parágrafo, sendo as PARÁGRAFO


partes que vêm antes e depois, é o capítulo.
CAPÍTULO

LIVRO

O contexto imediato de um capítulo, sendo as CAPÍTULO


Partes que vêm antes e depois, é o livro. LIVRO

O que vem antes e o que vem imediatamente depois do texto formam o contexto.

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1. O CONTEXTO NA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:


a. O contexto esclarece o texto.
b. É de grande significação a conexão entre texto e contexto.
c. Pelo contexto imediato aprofundamos a interpretação do texto.
2. O CONTEXTO MAIS AMPLO:
a. O texto possui além de seu contexto imediato, o seu contexto mais amplo. O
contexto mais amplo é formado pelas passagens que não vêm imediatamente
antes ou depois do texto, mas se referem ao assunto do texto.
b. Cada texto tem seu contexto imediato e LIVRO

o seu contexto mais amplo. Texto, CAPÍTULO


contexto imediato e contexto mais
LIVRO
amplo se relacionam como desenhado
ao lado. Assim o assunto do texto é
esclarecido pelo contexto imediato e
também pelo contexto mais amplo.
c. Tudo o que se refere ao assunto do texto ajuda-nos a esclarecer e interpretar o
texto. Ex.: I Co 12:12-31. O assunto é a unidade do corpo de Cristo. A passagem
sobre os dons espirituais (I Co 12:1-11) e a passagem sobre o amor são o
contexto imediato. Mas há também um contexto mais amplo, a saber: todas as
passagens que falam sobre a união (ou a falta de união na igreja). Veja ainda
nesta carta a desunião no capítulo 3 em torno de vários líderes; nos capítulos 8 e
10, entre fracos e fortes; no capítulo 11, em torno da ceia; e no capítulo 14, em
torno do problema de línguas.
d. O contexto mais amplo, quando se referindo ao assunto, deve ser procurado em
outras passagens. Ex.: procurando a expressão “corpo” no seu sentido específico
de indicar a igreja como “Corpo de Cristo”, achamos os seguintes textos de
Paulo: Rm 12:5, I Co 10:16-17, Ef 2:16, Ef 4:16.
e. OBSERVAÇÕES:
i. Há textos que não têm um contexto que possa ajudar na interpretação.
Este é o caso específico do livro de Provérbios. No livro dos Provérbios
achamos uma coleção de aforismo – uma coisa sem muita ligação com a

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outra. São ditados do povo de Deus, sabedoria de homens de Deus,


ensinos de sábios colecionados sem muita ordem. Especialmente entre os
capítulos 10 e 22, cada ditado segue-se ao outro sem muita conexão.
ii. O contexto imediato tem seus limites. É difícil estabelece-los. Aqui vale
um bom senso do intérprete. Onde não há mais nenhuma ligação entre
determinadas passagens, não devemos forçosamente achá-la.

CAPÍTULO VI

I) ANÁLISE HISTÓRICA CULTURAL E CONTEXTUAL:

 DEFINIÇÃO:
o Cultural: considera o ambiente histórico cultural do autor a fim de entender suas
alusões, referências e propósitos.
o Contextual: considera a relação de uma passagem com o corpo de escrito de um
autor, para melhores resultados de compreensão proveniente de um
conhecimento de seu pensamento geral.

 TRÊS PERGUNTAS BÁSICAS:


o Qual o ambiente histórico geral em que o escritor fala?
o Qual o contexto histórico cultural específico e a finalidade de seu livro?
o Qual o contexto imediato da passagem em consideração?

1. DETERMINANDO O CONTEXTO GERAL E HISTÓRICO CULTURAL: Três


perguntas são importantes para se determinar o contexto histórico cultural:
a. Qual a situação histórica geral com a qual se defrontam o autor e seus leitores?
b. Quais os costumes cujo conhecimento esclarecerá o significado de determinadas
ações? Ex. em Mc 7 Jesus censura os fariseus pelo conceito que eles tinham de

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corbã. O que é isto? Era uma oferta consagrada a Deus. Na época muitos
fariseus se isentavam da responsabilidade de ajudar os pais dizendo que o que
possuíam era corbã. Ex. Mc 14:12-14 o homem na época de Jesus não carregava
água. Era um serviço tipicamente feminino.
c. Qual era o nível de comprometimento espiritual do povo?
2. DETERMINANDO O CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL ESPECÍFICO E A
FINALIDADE DE UM LIVRO: algumas perguntas são necessárias:
a. Quem foi o autor? (Qual era o ambiente e seu contexto cultural, quem era, o que
fazia?)
b. Para quem ele estava escrevendo? (Crentes, incrédulos, apóstatas, crentes que
corriam o risco de tornarem-se apóstatas)
c. Qual a finalidade ou intenção do autor em escrever seu livro?
d. OBS: é possível descobrir o autor e seus destinatários por via dos dados internos
(textuais) ou dos externos (históricos)
3. DETERMINANDO A FINALIDADE DO LIVRO: Existem pelo menos três formas de
determinarmos a finalidade de um livro:
a. Observe a declaração explícita do autor ou a repetição de certas frases. Ex. Lc
1:1-4 e At1:1. Autor: Lucas. Objetivo: Exposição sistemática da vida de Jesus e
início da era cristã. Ex: Jô 20:31 Objetivo: “que os homens creiam que Jesus é o
Cristo”.
b. Observe as exortações contidas no livro:uma vez que as exortações fluem no
propósito do autor, elas proporcionam pistas das intenções dele.
c. Observe os pontos omitidos ou os problemas enfocados. OBS: uma maneira de
averiguar se entendemos ou não o objetivo do autor é resumir esse objetivo em
uma única sentença. É preciso que estejamos atentos para não interpretar a
passagem sem primeiro entender a intenção do autor ao escrever o livro.
4. DESENVOLVENDO UMA COMPREENSÃO DO CONTEXTO IMEDIATO:
Algumas perguntas são importantes:
a. Quais os principais blocos de material e de que forma se encaixam no todo?
b. Como o autor da passagem que estamos considerando contribuiu para a corrente
de argumentação do autor?

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c. Determine se a passagem está declarando verdade “descritiva” ou verdade


“prescritiva”.
i. Passagens descritivas: relatam o que foi dito ou o que aconteceu em
determinado tempo e não tem o objetivo de doutrinar.
ii. Passagens prescritivas: são tidas como articuladoras de princípios
normativos: Ex.: As epístolas.
d. O que constitui o núcleo de ensino da passagem e o que representa apenas
detalhe incidental.
e. A quem se destina a passagem?

EXERCÍCIOS: Interprete as expressões abaixo:


 Jurar com a mão sob a coxa. Gn 24:2
 Rasgar as vestes. Gn 37:34
 Maria desposada com José. Mt 1:18
 O caminho de um sábado. At 1:12
 Brasas sobre a cabeça do inimigo. Rm 12:20
 Vestiu-se de saco. I Re 20:31

CAPÍTULO VII - ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA:

Definição: é o estudo do significado das palavras tomadas isoladamente (lexicologia) e o


modo como essas palavras se combinam (sintaxe), a fim de determinar com maior precisão o
significado que o autor pretendia lhes dar.

 OBJETIVO DA ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA: reconhecer quando o autor


tencionava que suas palavras fossem compreendidas de modo literal, figurativo ou de
modo simbólico.

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 FUNDAMENTO DA ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA: fundamenta-se na premissa


de que embora as palavras possam assumir uma variedade de significados em contextos
diferentes, elas tem apenas um significado em qualquer contexto dado.

ALGUNS PASSOS PARA A ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA:

1. APONTE A FORMA LITERÁRIA GERAL: a forma literária que um autor usa (prosa,
poesia, etc) influencia o modo como ele pretende que suas palavras sejam entendidas ou
compreendidas. Vejamos algumas formas literárias:
a. Prosa: predomina o uso literal.
b. Poesia: predomina a linguagem figurativa.
c. Literatura apocalíptica
2. INVESTIGUE O DESENVOLVIMENTO DO TEMA DO AUTOR: mostre como a
passagem se encaixa no contexto.
3. APONTE AS DIVISÕES NATURAIS DO TEXTO: as principais unidades conceptuais
e as declarações transicionais revelam o processo de pensamento do autor.
4. IDENTIFIQUE OS CONECTIVOS DENTRO DOS PARÁGRAFOS E SENTENÇAS:
os conectivos (conjunções, preposições, pronomes relativos, etc.) mostram a relação que
existe entre dois ou mais pensamentos. Os conectivos auxiliam no acompanhar a
progressão do pensamento. Ex.: quando se emprega um pronome relativo é importante
indagar: “qual é o substantivo que está sendo debatido”? (Ef 1:5-7 – Jesus). Um
“portanto” muitas vezes proporcionam o elo de ligação entre teorética e as aplicações
práticas dessa argumentação. Ex.: Gl 5:1. Permanecei, pois, firmes e não vos submeteis
de novo a jugo de escravidão (o “pois” está se referindo ao que foi dito nos capítulos 3 e
4).
5. DETERMINE O SIGNIFICADO DAS PALAVAS: em sua maioria, as palavras que
sobrevivem por longo tempo adquirem muitas denotações (significados específicos) e
conotações (implicações complementares). Ao lado de seus significados específicos,
muitas vezes as palavras tem uma variedade de denotações vulgares, isto é, usos
encontradiços na conversação comum. Ex. “o mundo está acabado” (concluído). “José
está muito acabado”(envelhecido). OBS.: denotações literais podem conduzir a

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denotações metafóricas (figurativas). Ex.: o carro de Manoel é verde (a cor do carro). A


maça está verde (maturidade).
a. MÉTODOS PARA AS DENOTAÇÕES DAS PALAVRAS ANTIGAS:
i. Estude os modos e como a palavra foi empregada em outra literatura
(antiga, secular, religiosa, etc.).
ii. Veja a etimologia da palavra que é o estudo das raízes históricas das
palavras.
iii. O mais válido método para a determinação dos significados de uma
palavra é descobrir as várias denotações que ela possuía no tempo em
que o autor a empregou. Isto é possível através de concordâncias bíblicas
e dicionários bíblicos.
b. MÉTODOS PARA DESCOBRIR A DENOTAÇÃO INTENCIOSAL NUM
CONTEXTO ESPECÍFICO:
i. Veja as definições ou frases explícitas que os próprios autores dão. Ex.:
II Tm 3:16-17 perfeito-habilitado,preparado.
ii. O sujeito e o predicado de uma sentença podem explicar-se mutuamente.
Ex.: Mt 5:13 – a palavra grega  pode significar “tornar-se tolo”
ou “tornar-se insípido”. Se o sujeito da sentença é “sal”, o significado só
pode ser “tornar-se insípido”.
iii. Observe se ocorre paralelismo dentro da passagem.
iv. Determine se a palavra está sendo usada como parte de uma figura de
linguagem.
v. Estude passagens paralelas: a fim de entender o significado de uma
palavra ou frase, procure dados complementares em passagens paralelas
de sentido mais claro. È importante distinguir entre paralelos verbais e
paralelos reais. Um exame do contexto é o melhor indicador para
sabermos se as passagens são paralelos verbais ou reais.
I) Paralelos verbais: são os que usam palavras semelhantes mas
se referem a conceitos diferentes. Ex.: Hb 4:12 e Ef 6:17. Em
Hebreus a bíblia serve como divisor entre obediente e

18
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desobediente. Em Efésios a bíblia é a arma defensiva a ser


usada contra as ciladas de Satanás.
II) Paralelos reais: são os que falam do mesmo conceito ou do
mesmo evento. Podem empregar palavras diferentes e com
freqüência acrescentam dados complementares que não se
encontram na passagem em estudo.
6. ANALISE A SINTAXE: coloque os resultados de sua análise léxico-sintática em
palavras fáceis de ser entendidas e que não transmitam claramente o significado que o
autor tinha em mente.

CAPÍTULO VIII - ANÁLISE TEOLÓGICA:

Definição: é entender como a passagem se enquadra no padrão total da revelação de Deus


e ao mesmo tempo procurar entender o que é o padrão da Revelação de Deus. Na análise
teológica encontramos o problema da continuidade versus descontinuidade. Descontinuidade
divide o Velho e o Novo Testamentos. Tendem a considerar que somente o livro de Atos e as
epístolas possuem aplicabilidade fundamental para a igreja atual, visto que o restante da
Escritura foi dirigido a pessoas que viviam sob uma economia diferente. Continuidade usa os
dois testamentos, vendo a história da salvação desde a criação. Consideram a Escritura como
aplicável ao crente moderno, uma vez que vêem a unidade básica entre si próprios e os crentes
através da história do Antigo e Novo Testamentos.

PASSOS NECESSÁRIOS PARA A ANÁLISE TEOLÓGICA

1. Determine sua própria perspectiva da natureza do relacionamento de Deus com o


homem.
2. Aponte as implicações desta perspectiva para a passagem que você está estudando.
3. Avalie a extensão do conhecimento teológico disponível às pessoas daquele tempo.

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4. Determine o significado que a passagem possuía para seus primitivos destinatários a


luz do conhecimento que tinham.
5. Indique o conhecimento complementar acerca deste tópico que hoje temos disponível
por causa da revelação posterior.

PRINCIPAIS SISTEMAS TEOLÓGICOS

1. TEOLOGIA LIBERAL: afirma que as escrituras são pensamentos do homem acerca


de Deus.
2. DISPENSACIONAL: é um período em que o homem é provado com relação a
obediência a Deus. Os períodos são:
a. Inocência
b. Consciência
c. Governo civil
d. Promessa
e. Lei Mosaica
f. Graça
g. Milênio
3. LUTERANA: Lei e Graça, Ira e Amor são aspectos do amor de Deus.
a. No Antigo Testamento: Deus se revelou em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua
ira.
b. No Novo testamento: Deus se revelou em sua graça, seu amor e sua salvação.
4. TEOLOGIA DAS ALIANÇAS: é dividida em aliança das obras, onde Deus prometeu
vida ao homem mediante obediência perfeita e aliança da graça, onde Deus fez acordo
com o pecador na qual lhe promete salvação mediante a fé.
5. MODELO EPIGNÉTICO: diz que a revelação de Deus foi progressiva, aumentando
em precisão, clareza e plenitude no decorrer do tempo. É comparada ao crescimento de
uma árvore.

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CAPÍTULO IX INTERPRETAÇÃO TIPOLÓGICA E SIMBÓLICA DAS


ESCRITURAS:

OS FATOS PODEM TER INTERPRETAÇÃO SIMBÓLICA

Os eventos históricos podem servir de símbolos da verdade espiritual. Símbolo (de sun e
ballo), um sinal de alguma coisa. Ex. Gn. 32-24-32, mencionado em Os 12:2-4; Jô 6:13.
Milagre sempre é símbolo de verdades espirituais.

OS FATOS PODEM TER INTERPRETAÇÃO TIPOLÓGICA

Ex. Abraão oferece seu filho. Fato tipológico; Davi como rei teocrático, tipo do grande
filho de Deus; A serpente levantada apontava para a elevação de Cristo na cruz; O sumo
sacerdote no Santo dos Santos uma vez por ano, para fazer expiação do pecado, prefigura
aquele que na plenitude dos tempos entrou no santuário celestial com seu próprio sangue
obtendo uma eterna salvação.

IMPORTANTES QUESTÕES

Que é um tipo?
Quais as regras de sua interpretação?

DEFINIÇÃO: A palavra tipo (do grego s, derivada do verbo ), indica:
a. A marca de um golpe
b. Uma impressão, a marca feita por um cunho, daí o sentido de figura, imagem.
c. Exemplo ou modelo, que é o sentido mais comum na Bíblia.

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DIFERENÇA ENTRE TIPO E SÍMBOLO

1. Um símbolo é um sinal, um tipo é um modelo ou imagem de alguma coisa.


2. Um símbolo pode referir-se a algo, quer no passado, presente ou futuro. Um tipo
sempre prefigura uma realidade futura.
3. Um símbolo é um fato que ensina uma verdade moral.
4. Um tipo é fato que ensina uma verdade moral e prediz a realidade daquela verdade.

CARACTERÍSTICAS

Os tipos não são todos da mesma espécie. Há tipos de pessoas, lugares, coisas, ritos e fatos. De
acordo com Terry, a idéia fundamental é que existe uma relação representativa preordenada
segundo a qual certas pessoas, acontecimentos e instituições do velho testamento
correspondem a pessoas, eventos e instituições no Novo Testamento.

TRÊS CARACTERÍSTICAS

1. Deve haver algum ponto notável de semelhança entre um tipo e seu antítipo. Qualquer
diferença que possa existir, o primeiro deve ser um verdadeiro retrato do último em
algum aspecto particular.
2. O tipo deve ser designado por indicação divina a ostentar uma semelhança com o
antítipo.
3. Um tipo sempre prefigura alguma coisa futura.

A INTERPRETAÇÃO DE TIPOS
(considerações importantes)
1. O interprete deve guardar-se do erro de considerar uma coisa má como tipo de uma
coisa boa.

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2. Os tipos do Velho Testamento eram, ao mesmo tempo, símbolos e tipos, pois eram
antes de tudo, símbolos expressivos de verdades espirituais. O intérprete deve saber
qual a verdade moral e espiritual que os símbolos comunicavam aos israelitas.
Somente depois de respondida satisfatoriamente essa questão é que o intérprete pode
descobrir como essa verdade se realizou um nível mais alto do Novo Testamento.
3. Os tipos apresentam a verdade em forma velada, enquanto que a realidade do Novo
Testamento dissipa as sombras e apresentam a verdade em plena luz. Ex. A epístola
aos hebreus lança luz para a compreensão das verdades contidas no tabernáculo e nas
peças que o compunham.
4. É princípio fundamental que os tipos que não são de natureza complexa devem ter
apenas uma significação principal.
5. Considere a diferença essencial que existe entre tipo e antítipo. Um representa a
verdade num nível inferior. O outro apresenta a mesma verdade num nível superior.

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS

1. PESSOAS TÍPICAS: são aquelas cujas vidas demonstram alguma importância,


princípio ou verdade da redenção. Adão é mencionado como um tipo de Cristo (Rm
5:14). Adão representa a humanidade caída, Cristo representa a humanidade redimida.
2. FIGURAS REPRESENTATIVAS: refere-se a oscilação de pensamento entre um
grupo ou indivíduo que representa esse grupo e era uma forma hebraica de pensamento
comum aceito. Ex. A figura de Mt. 2:15 (Do Egito chamei o meu filho). Refere-se a Os
11:1, no qual o filho se identifica a nação de Israel. Em Mateus foi o próprio Cristo
(representante de Israel) que foi chamado do Egito.
3. EVENTOS TÍPICOS: possuem uma relação analógica com algum evento posterior.
Ex. Paulo usa o juízo sobre Israel incrédulo como advertência tipológica aos cristãos
para que não se engajassem na imoralidade (I Co 10:1-11).
4. INSTITUIÇÕES TÍPICAS: são práticas que prefiguram eventos posteriores de
salvação. Ex. A expiação (Lv 17:11; I Pe 1:19). O sábado como tipo de descanso
eterno do crente.

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5. CARGOS OU OFÍCIOS TÍPICOS: incluem Moisés, que em seu ofício de profeta (Dt
18:15) foi um tipo de Cristo; Melquisedeque (Hb 5:6) como tipo do sacerdócio
contínuo de Cristo; e Davi, como rei.
6. AÇÕES TÍPICAS: Ex. Isaías andando nu e despido como sinal ao Egito e a Etiópia de
que em breve a Assíria os levaria nus e descalços (Is 20:2-4).

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TIPOS

1. Análise histórico-cultural e contextual


2. Análise léxico-sintática
3. Análise teológica
4. Análise literária

CAPÍTULO X - INTERPRETAÇÃO DE PARÁBOLAS

Jesus falou ao povo por parábolas. Parábola é uma comparação de coisas,


acontecimentos ou histórias da vida diária, que são usadas para esclarecer alguma coisa. A
palavra “parábola” provém do grego  e significa “lançar ou colocar ao lado de”.
Assim, a parábola é algo que se coloca ao lado de outra coisa para efeito de comparação. A
parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma
importante verdade espiritual3.

O PROPÓSITO DAS PARÁBOLAS

As parábolas de Jesus foram contadas para provocar reação e forçar os ouvintes a


tomarem decisões. “Que pensais vós?”. Quando Jesus contava uma parábola, clara ou
implicitamente exigia dos ouvintes uma resposta a uma pergunta ou lhes falava a tomar uma

3
Virkler, Hermenêutica, princípios e processos de interpretação bíblica, pp. 126-127

24
25

atitude em relação ao reino. A forma do argumento seria mais ou menos assim: “em vista
desta questão a respeito do reino, que atitude vocês tomarão? O que vocês farão em virtude de
tal situação? Como vão sair dessa?”. A parábola é contada não para entretenimento, mas para
mover os ouvintes a ação: “vai tu e faze o mesmo”, sendo esta a situação, que fará o ouvinte?
A parábola tem como finalidade também, revelar verdades aos crentes (Mt 13:10-12; Mc
4:11).

A FUNÇÃO DAS PARÁBOLAS


A função das parábolas está intimamente ligada ao propósito das parábolas. È difícil
distinguir o propósito da função. Relacionam-se como meio e fim. Artificialmente, diríamos
que o propósito responde a pergunta. Pra que contou Jesus as parábolas? Para chamar o povo a
uma decisão em relação ao Reino ou para conscientizar o povo em relação ao Reino de Deus
que estava sendo introduzido na Sua pessoa e pelo Seu ministério.

Diríamos então, que a função das parábolas responde a pergunta: “para que contou Ele
parábolas de novo”? Porque o uso das parábolas facilita a comunicação de idéias ou das
verdades que Jesus queria inculcar nos corações de seus ouvintes. O propósito se relaciona
com a finalidade de tomar uma decisão; a função se relaciona com o meio, para facilitar o
entendimento.4

TIPOS DE PARÁBOLAS

As parábolas do Novo Testamento se classificam como: parábolas propriamente ditas,


similitudes, narrativas parabólicas e ditos parabólicos.

1. AS PARÁBOLAS PROPRIAMENTE DITAS: é um conto ou estória introduzida por


uma fórmula como: “o Reino de Deus é como... ou semelhante... ”, ou então “com quê
se compara o Reino de Deus”? Parábola é símile ou metáfora expandida com detalhes
da vida diária que lhe dão sabor de verossimilhança. As parábolas têm os verbos no
passado e expressão algo como se fosse fato histórico, mas que nunca aconteceu.

4
Osmundo Afonso Miranda, Introdução ao estudo das parábolas, São Paulo, Ed. Aste, 1984. Pág 48 e 49.

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26

2. SIMILITUDES: é a mesma forma de comparação da parábola, expandida com


detalhes da vida diária, mas tem os verbos no presente, expressando assim, possibilidades que
costumam acontecer. Examine Mt. 7.24-28; 11.16-17; 13.44-47; 25.14-29; Mc. 4.26-29.Às
vezes parábolas são introduzidas pela partícula grega (), criando problemas na tradução
ou quando não aparece no começo das parábolas, em traduções portuguesas. Veja Mc 13:28 e
Lc 12:54
3. NARRATIVAS PARABÓLICAS: não tem fórmula introdutória. São parábolas
que aparecem isoladas daquilo que se quer comparar. Trazem um tertium comparationes, mas
não dizem com que se compara a estória. Pelo menos catorze parábolas são introduzidas nessa
categoria: a parábola do semeador, Mc 4:3-8, Lc 10:30-35, Lc 12:16-20, Lc 13:6-9, Lc 14:16-
24, Lc 16:1-8, Lc 16:19-31, Lc 18:1-5, Lc 18:10-13.
4. DITOS PARABÓLICOS: são mais curtos que as parábolas ou narrativas
parabólicas e também não tem fórmula introdutória. Três exemplos encontrados: Mt 7:9-10,
17,19. Veja ainda Lc 4:23, Mc:2-17,21,22, Mc 10:24-25, Mt 12:25, Mt 15:14, Mc 12:29.

O TERMO DE COMPARAÇÃO

Note-se que a comparação é feita com o todo da parábola. Quando se diz na parábola que
esta geração é semelhante a meninos que sentados na praça (Mt. 11.16), a comparação não é
com menino, mas semelhante a meninos que sentados na praça gritam aos companheiros:
“tocamos flauta, e não dançaste, entoamos lamentações e não pranteastes” (Mt. 11.16,17). O
que é semelhante está implícito no todo da parábola. O Reino dos Céus não é semelhante ao
fermento, mas ao fermento que a mulher colocou em três medidas de farinha, até que tudo
ficasse levedado (Mt. 13.33). Quando a parábola tem duas, três ou quatro partes, em geral, a
comparação que a parábola faz se encontra no último elemento ou na última parte da parábola.

PARÁBOLAS E OUTRAS FIGURAS DE LINGUAGEM

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METÁFORA: Eduardo Carlos Pereira define metáfora como a “figura que tem por
fundamento a semelhança, comunicando às parábolas sentido translato por semelhança de
idéias”3. Napoleão Mendes de Almeida define metáfora como o fenômeno pelo qual uma
palavra por semelhança real ou imaginária4.
A palavra metáfora é composta da preposição grega “meta” (além de) e do verbo “ferw”
(levar), dando a entender que a idéia é levada ou transladada além do seu sentido original, isto
é, o conceito é transferido de um objeto ou indivíduo para outro, devido a semelhança real ou
imaginária.
Exemplos de metáforas:
a) “Disse Jesus: Eu sou a porta”... – este trecho diz que Ele é o que não é, com a finalidade de
suscitar uma comparação (semelhança) entre a função de Jesus e a função da porta. A relação
de Jesus com uma porta é para dar a idéia de que Ele é a entrada para o Reino de Deus ou para
a presença de Deus. A aplicação da metáfora é de relacionar uma pessoa a um objeto, para
indicar uma possível relação entre ambos, num sentido figurado. A metáfora pode sugerir
semelhança, mas dizer o sentido da mesma. A conclusão é tirada pelo ouvinte.

COMPARAÇÃO OU SÍMILE: É a mesma coisa que metáfora, exceto o termo de


comparação no conectivo que introduz a figura.

ALEGORIA: este termo vem do grego “allos” (outro) e “agorew” (falar) e significa que o
que se fala quer dizer outra coisa. Na alegoria, porém, cada detalhe da história representa algo
diferente do que se diz na história. Enquanto que na parábola, como metáfora ou símile há
uma só lição, a alegoria tem uma lição independente para cada detalhe. O grande problema da
alegoria é que qualquer coisa pode significar qualquer coisa, dependendo da imaginação do
intérprete. Um exemplo clássico de alegoria é a interpretação de Orígenes da parábola do
“Bom Samaritano”. Segundo ele, o homem atacado pelos ladrões simbolizava Adão (a
humanidade, Jerusalém, os Céus, Jericó, o mundo); os ladrões representavam o diabo e suas
hostes; o sacerdote representava a Lei; o levita representava os profetas; o bom samaritano
representava Cristo; o animal sobre o qual fora colocado o homem ferido, representava o

3
Eduardo Carlos Pereira, Gramática Expositiva, Curso Superior, 86ª Edição, Cia Editora Nacional, 1956, p.402
4
Napoleão Mendes de Almeida, Gramática da Língua Portuguesa, 15ª Edição, SP, Editora Saraiva, 1963, p.328

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Corpo de Cristo (que suporta o Adão caído); a estalagem representa a igreja; as duas moedas o
pai e o filho e a promessa do bom samaritano de voltar, a segunda vinda de Cristo.

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DE PARÁBOLAS

Regras de três – esta regra observa em muitas parábolas uma técnica popular. Como tudo que
é popular, a regra não é exata. Assim, a parábola pode ter mais ou menos pontos. Veja o
exemplo: a parábola dos talentos (Mt. 25.14-28) – não há somente três indivíduos. A regra
aparece no recebimento dos talentos (v.15), na utilização dos mesmos (vs. 16-18) e na
prestação de contas (vs. 20-28). Veja ainda outros textos: Mt. 4.3-8, Lc. 10.30-35, 14.16-24.
Regras de Contraste - Nesta regra o último elemento contrasta com o primeiro. Exemplo: a
parábola do bom samaritano, do semeador e da grande Ceia.
Localização da lição no fim da parábola - a parte mais importante da parábola se relaciona
com o último dos elementos da regra de três, como acontece nos contos populares. É assim
que acontece na parábola do semeador, do bom samaritano e dos trabalhadores na vinha.
Pedro Gilhus4 nos dá alguns princípios de interpretação de parábolas, os quais colocamos
abaixo:
1. A parábola é contada com um só objetivo – elucidar a verdade central. Assim devemos
buscar o sentido único do conjunto na interpretação.
2. O conjunto, como um todo, nos transmite uma verdade central. Assim, em I Ts.5.1-3
quando lemos que o Dia do Senhor vem como ladrão da noite, percebemos que virá
inesperadamente.
3. Deve-se dar muita atenção nas frases finais, pois dali é que se descobrirá a verdade central.
Outra dica é prestar atenção na situação em que a parábola foi narrada. Quando, porque e a
quem Jesus falou. Observe Lc. 10.30-37. Descubra a quem Ele escrevia e porque.
“30 Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de
salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
31 Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo.
32 De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão;

4
Pedro Gilhus, Como Interpretar a Bíblia – Introdução à Hermenêutica (Brasília DF, Livraria Cristã Unida,
1980, pp.248-262

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34 e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua
cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
35 No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que
gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
36 Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
37 Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois,
Jesus: Vai e faze tu o mesmo.”

Observe o extraordinário que acontece na parábola. Sempre ocorre algo que nos permite
descobrir a verdade central do texto. Veja:
a. O pastor que deixa 99 ovelhas para achar uma (perdida).
b. Um pai que aguarda com paciência a volta do filho.
c. O administrador que recompensa os jornaleiros que trabalham menos horas que os outros.

CAPÍTULO XI - FIGURAS DE RETÓRICA

Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes exemplos, que
precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes.

1. Metáfora.

Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-
se um com o que é próprio do outro.

Exemplo: Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se caracterizou com o
que é próprio e essencial da videira (pé de uva); e ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas",
caracterizou-os com o que é próprio das varas.

Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão Vivo", "Judá é Leãozinho", "Tu
és minha Rocha", etc.

2. Sinédoque.

Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural
pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa.

Exemplos: Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará segura", em vez de dizer:
meu corpo. (Sl 16.9)

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30

Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do cálice, ou seja, parte
do que há no cálice.

3. Metonímia.

Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo
pela realidade que indica o símbolo.

Exemplos: Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-
nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas. (Lc 16.29)

Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu não te lavar, não
tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.

4. Prosopopéia.

Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-se-lhes os


feitos e ações das pessoas.

Exemplos: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo trata a morte como
se fosse uma pessoa.

"Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do


campo baterão palmas." (Is 55.12)

"Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a


verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl 85.10,11)

5. Ironia.

Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém
sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro.

Exemplo: "Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender que chamar por
Baal é completamente inútil. (1 Rs 18.27)

6. Hipérbole.

É a figura pela qual se representa uma cousa como muito maior ou menor do que em
realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero.

Exemplos: "Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos...
as cidades são grandes e fortificadas até aos céus." (Num. 13.33)

"Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos". (Jo. 21.25)

30
31

"Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei". (Sl 119.136)

7. Alegoria.

É uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, representando
cada uma delas realidades correspondentes.

Exemplo: "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem comer a
minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. Esta alegoria tem sua interpretação
nesta mesma passagem das Escrituras. (Jo 6.51-65)

8. Fábula.

É uma alegoria histórica, na qual um fato ou alguma circunstância se expõe em forma de


narração mediante a personificação de cousas ou de animais.

Exemplo: "O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha
por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e
pisaram o cardo." (2 Rs 14.9) Com esta fábula Jeoás, rei de Israel, responde a proposta de
guerra feita por Amazias, rei de Judá.

9. Enigma.

Exemplo: "Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura." (Jz 14.14)

10. Tipo.

Exemplos: A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como um
tipo para representar sua morte na cruz. (Jo 3.14)

Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para representar a sua
morte e ressurreição. (Mt 12.40)

O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45)

11. Símbolo.

Representa alguma cousa ou algum fato por meio de outra cousa ou fato familiar que se
considera a propósito para servir de semelhança ou representação.

Exemplos: Representa-se: A majestade pelo leão, a força pelo cavalo, a astúcia pela
serpente, o corpo de Cristo pelo pão, o sangue de Cristo pelo cálice, etc.

12. Parábola.

31
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Apresentada sob a forma de narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos


possíveis, sempre com o objetivo de ilustrar uma ou várias verdades importantes.

Exemplos: O Semeador (Mt 13.3-8); Ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo
(Lc. 15), etc.

13. Símile.

Procede da palavra latina "similis" que significa semelhante ou parecido a outro. É uma
analogia. Comparação de cousas semelhantes.

Exemplos: "Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo) é grande
a sua misericórdia para com os que o temem". (Sl 103.11);

"Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o Senhor se
compadece dos que o temem". (Sl 103.13)

14. Interrogação.

Somente quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária.

"Interrogação é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou


adversário, ou ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que ninguém vai
responder."

Exemplos: "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25)

"Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de
herdar a salvação?" (Hb 1.14)

"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33)

"Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48)

15. Apóstrofe.

O vocábulo indica que o orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a uma
pessoa ou cousa ausente ou imaginária.

Exemplos: "Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar?" (Jr 47.6)

"Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão!" (2 Sm 18.33).

16. Antítese.

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33

"Inclusão, na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste
um com o outro."

Exemplos: "Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt 30.15)

"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz a perdição e
são muitos os que entram por ela) porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz
para a vida, e são poucos os que acertam com ela." (Mt 7.13,14)

17. Provérbio.

Trata-se de um ditado comum. Exemplos: "Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23);


"Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4; Mt 13.57)

18. Paradoxo.

Denomina-se paradoxo a uma preposição ou declaração oposta à opinião comum.

Exemplos: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt 8.22)

"Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24)

" Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor 12.10)

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34
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INTERPRETANDO ATRAVÉS DA EXEGESE BIBLICA


A seguir você poderá observar como se pode fazer uma exegese epistolar. O texto escolhido
foi o texto de Paulo aos colossenses, Cl.2.6,7:

A- Índice
1. O trecho
2. Introdução indutiva
3. Leitura do trecho
4. O lugar do trecho
5. O contexto imediato de Cl.2.6,7
6. Análise manuscritológica
7. Análise gramatical
8. O fluir do texto
9. A explanação do texto
10. Paráfrase
11. Resumo em poucas palavras
12. O trecho e a bíblia
13. Descobrindo Jesus na bíblia
14. Descobrindo Deus no texto
15. Descobrindo a nós mesmos no texto
16. Descobrindo outros no texto
17. Aplicação
18. O trecho: Colossenses 2.6,7
Versão utilizada: Ed. Revista e Atualizada, Ed. Vida Nova

B- Introdução Indutiva
B.1. Esboço de Colossenses
Saudação – 1.1-2
Oração – 1.9-12

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A obra de Deus em Cristo – 1.13-23


Redenção – 1.15-19
Reconciliação – 1.20-23
Ministério de Paulo – 1.24; 2.3
Falso ensino é denunciado – 2.4-23
Andando em Cristo – 2.4-7
Término da obra de Cristo – 2.8
Exortação contra o ritual elaborado – 2.16-23
A vida cristã – 3.1-4
A nova e a antiga – 3.1-11
Relações familiares e sociais – 3.18; 4.1
Exortação e oração e o andar em sabedoria – 4.2-6
Conclusão – 4.7-18
A missão de Tíquico – 4.7-8
Saudações finais – 4.10-17
Assinatura – 4.18
B.2. Os destinatários – Colossenses 1.1-2
Os colossenses são identificados de duas maneiras: 1- santos (tradução literal de agios). Era
comum Paulo chamar os cristãos de santos (I Co.1.2; Fl.1.1; Ef.1.1), referindo-se à posição
deles em Cristo e não ao grau de santificação que pudessem ter alcançado. Sendo santos,
formavam uma classe distinta de pessoas chamadas e separadas de seu modo primitivo de
viver a fim de viverem em Cristo e para Cristo (1.21ss). 2- irmãos fiéis em Cristo. Sendo os
colossenses predominantemente gentios, Paulo os classifica entre os incircuncisos (2.13). Em
1.27, as palavras “entre os gentios” e “em vós” parecem expressar pensamentos paralelos e
equivalentes. A descrição dos colossenses como quem outrora fora como “estranhos e
inimigos” (1.21), faz-nos lembrar de Efésios 2.11ss, onde Paulo indubitavelmente se reporta a
gentios6.
B.3. Propósito – Paulo escreve esta carta aos colossenses com o propósito de doutrina-los e
ajuda-los a combater heresias e falsos ensinos que estavam influenciando os crentes de
Colossos.

6
Robert H. Gundry, Panorama do Novo Testamento, SP, Ed. Vida Nova, 1989, p.342

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B.3.1. Advertência – Cuidado que eu ninguém os enrede com sua filosofia e vãs sutilezas
(2.8).
B.3.2. Paulo usa termos chaves dos hereges contra suas próprias doutrinas, a saber, plenitude
(plerwma) e que aparece dez vezes em Colossenses; conhecimento (epignwskw) e mistério
(misterion).
B.3.3. Dá à história o seu devido lugar, como percebemos nos tempos verbais passados
(pretéritos) ao destacar o que realmente aconteceu nos eventos da morte, ressurreição e
entronização de Cristo.
B.3.4. Exalta a Cristo, o filho de Deus. Paulo mostra que é no senhorio de Jesus que jaz toda a
esperança da humanidade.
B.4. O autor – A carta é atribuída a Paulo que se auto-apresenta como “apóstolo de Jesus pela
vontade de Deus”. A palavra apóstolo é um termo técnico que designa um agente autorizado
com os direitos de um procurador.
B.5. A idéia da carta – Primeiro Credo da igreja: Cristo é o Senhor. Este é o tema.
B.6. Data e local – O ponto de vista é que esta carta foi escrita em Roma, retraçada a partir do
livro de Atos e que Paulo estava preso quando a escreveu (At.28.16-31). Data de
aproximadamente 60 d.C.
C- Leitura do trecho – C.1. Bíblia Vida Nova e C.2. Linguagem de Hoje
D- O lugar do trecho – Colossenses 2.6-7 acha-se na parte central da carta e é a base do
argumento da carta. “Andai Nele”. O recebimento e permanência em Cristo são pontos
doutrinários enfatizados por Paulo nas expressões “Nele radicado, edificado e confirmado”.
E- O contexto imediato de colossenses –
E.1. O contexto imediato anterior – Colossenses 1.13-23 e 2.6-7. Nestes trechos, Paulo faz a
exposição das pessoas e obra de Jesus e depois demonstra interesse pelos colossenses,
mostrando interesse em conhecê-los pessoalmente, de vê-los confortados, unidos em amor e
que tenham o pleno conhecimento dos Mistérios de Deus, em Cristo, em quem todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.
E.2. O contexto imediato posterior - Colossenses 2.8-15. Paulo adverte-os contra os falsos
ensinos e mostra-lhes a divindade de Cristo e Sua obra redentora. Ensina que em Cristo habita
corporalmente toda a plenitude da divindade e que Nele foram ressuscitados por meio da fé no
poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.

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F. Análise manuscritológica – O versículo 7 apresenta um problema textual nas suas últimas


palavras: em eucaristia. O grau de certeza é C, ou seja, há considerável grau quanto à
expressão mencionada. Encontramos quatro variantes no aparato crítico:

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