Fica Comigo - Kristen Proby
Fica Comigo - Kristen Proby
Fica Comigo - Kristen Proby
DE COPYRIGHT
Sobre a obra:
Sobre nós:
ISBN: 978-85-68056-07-3
1. Romance Estrangeiro
CDD 813
CDU 821.111(73)3
www.editoracharme.com.br
Este livro é dedicado à minha mãe, Gail Holien. Obrigada por me dedicar
tanto amor, por sempre ler uma boa história de amor para mim e por ser a melhor
mulher que conheço. Te amo, mamãe.
Índice
Ficha técnica
Dedicatória
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e um
Capítulo Vinte e dois
Capítulo Vinte e três
Capítulo Vinte e quatro
Capítulo Vinte e cinco
Capítulo Vinte e seis
Capítulo Vinte e sete
Capítulo Vinte e oito
Capítulo Vinte e nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e um
Capítulo Trinta e dois
Capítulo Trinta e três
Epílogo
Agradecimentos
Redes Sociais
Outros títulos da Editora Charme
A luz está perfeita esta manhã. Aproximo minha Canon do rosto e pressiono
o botão. Click. A Enseada de Puget está coberta por cores; rosa, amarelo, azul e,
pela primeira vez, o vento é praticamente inexistente. As ondas gentilmente se
emaranham na barreira de concreto sob meus pés, e me perco na beleza que está
diante de mim.
Click.
Eu me viro para a direita e vejo um casal bem jovem caminhando pela
calçada. A praia de Alki, em Seattle, estava praticamente deserta, com exceção
de algumas pessoas persistentes, ou madrugadores insones, como eu. O jovem
casal está se afastando de mim, de mãos dadas, sorrindo um para o outro, então,
aponto minhas lentes para eles e click. Dou um zoom em seus tênis de corrida e
em suas mãos entrelaçadas e tiro mais uma foto, já que meus olhos de fotógrafa
apreciavam seu momento de intimidade na praia.
Inspiro o ar salgado e observo a enseada mais uma vez, enquanto um barco
vermelho gentilmente desliza pela água. O sol matutino está apenas começando
a brilhar em volta dele, então levanto minha câmera novamente para capturar o
momento.
― Mas que merda você está fazendo? ― Eu me viro em direção ao som
daquela voz irritada e me deparo com olhos azuis, que refletem a clara água da
manhã. Tais olhos acompanham um rosto muito, muito contrariado.
Não apenas irritado. Puto da vida.
― Perdão...? ― eu chio, finalmente encontrando minha voz.
― Por que não pode me deixar em paz? ― O belíssimo estranho à minha
frente está tremendo de raiva e, instintivamente, eu me afasto, franzindo o cenho
e começando a ficar irritada com ele também. Que merda você está fazendo?
― Eu não estava te importunando ― respondo, feliz em perceber que minha
voz soa mais forte do que a minha raiva, e recuo mais um passo. Certamente o
Sr. olhos azuis com o belo rosto de deus grego é um lunático. Infelizmente, ele
começa a seguir meus movimentos e sinto o pânico sobressair minha coragem.
― Estou de saco cheio de você me seguindo. Acha que eu não notei? Me dá
a câmera. ― ele estende uma das mãos de dedos muito longos em minha direção
e fico boquiaberta. Aperto a câmera no peito, segurando-a de forma protetora.
― Não. ― Minha voz está impressionantemente calma e quero olhar ao meu
redor para procurar por alguma forma de escapar dali, mas não consigo parar de
olhar para seus olhos azuis irritados.
Ele engole em seco e aperta os olhos, respirando com dificuldade.
― Me dá a porra da câmera, e não vou te processar por assédio. Só quero as
fotos ― ele baixa o tom de voz sem torná-la menos ameaçadora.
― Você não pode ficar com as minhas fotos! ― Mas quem é esse cara? Eu
me viro e ele agarra meu braço, me girando até que fico frente a frente com ele
novamente, tentando pegar a minha câmera. Eu começo a gritar, mal acreditando
que estou sendo assaltada praticamente na porta da minha casa, até que ele me
solta e coloca as mãos nos joelhos, inclinando-se para frente, balançando a
cabeça, e eu reparo que suas mãos estão tremendo.
Mas que inferno!
Dou mais um passo para trás, pronta para começar a correr, mas, com a
cabeça ainda baixa, ele levanta a mão e diz. ― Espere.
Eu deveria correr. Bem rápido. Chamar a polícia e fazer com que aquele
louco fosse preso por roubo, mas não me movo. Minha respiração começa a
acalmar, meu pânico ameniza e por algum motivo sinto que ele não vai me
machucar.
Sim, tenho certeza que as vítimas do assassino de Green River também
pensaram que ele não iria lhes fazer mal.
― Ei, você está bem? ― Minha voz está ofegante, e percebo que ainda estou
apertando minha câmera junto ao peito, quase me machucando. Sendo assim,
relaxo minhas mãos e começo a abaixá-las enquanto ele levanta a cabeça.
― Não tire fotos minhas. ― Sua voz é baixa, comedida e controlada, mas ele
ainda está tremendo e respirando como se tivesse acabado de correr uma
maratona.
― Tudo bem, fique calmo. Não vou tirar. Vou até guardar as lentes. ― Faço
isso, sem tirar meus olhos do seu rosto enquanto ele observa minhas mãos com
cuidado.
Jesus!
Ele respira bem fundo, balança a cabeça e me olha de cima a baixo. Uau!
Um rosto bonito, bem esculpido, mal barbeado e aqueles olhos azuis tão claros.
Ele tem um cabelo dourado bagunçado e é muito mais alto do que os meus um e
sessenta e nove, além de ser esguio e ter ombros largos. Está usando jeans e
camiseta preta, e ambas se moldam àquele corpo esguio em todos os lugares
corretos.
Droga! Deve ser fantástico vê-lo nu. Ironicamente, eu adoraria fotografá-lo.
Ele me olha nos olhos novamente e me parece vagamente familiar. Sinto
como se o conhecesse de algum lugar, mas o reconhecimento fugaz desaparece
quando ele começa a falar.
― Vou precisar que me entregue a câmera, por favor. ― Ele está mesmo
falando sério? Ainda vai me assaltar?
Deixo escapar uma risada e finalmente quebro o contato visual, começando
a olhar para o céu azul e a balançar a cabeça. Fecho os olhos e então olho
novamente para ele e percebo que está me olhando de volta.
Me pego sorrindo ao dizer. ― Você não vai levar essa câmera mesmo. ― Ele
inclina a cabeça para o lado e estreita seus olhos novamente. Sinto os músculos
da minha barriga se apertarem com aquele olhar sensual e silenciosamente me
reprovo. Não posso sentir tesão pelo sexy assaltante madrugador!
― Você não vai levar minha câmera. Quem você pensa que é? ― Aumento
o tom de voz e me vanglorio.
― Você sabe quem eu sou. ― Sua resposta me confunde e estreito os olhos,
encarando-o novamente, tendo a estranha sensação de que talvez eu devesse
conhecê-lo, mas balanço a cabeça em frustração.
― Não, não sei. ― Ele levanta uma sobrancelha, coloca a mão em seus
quadris estreitos e sorri, mostrando uma fileira de dentes perfeitos. Seu sorriso
não chega aos olhos.
― Vamos lá, docinho, não vamos jogar este jogo. Ou você me dá essa
câmera ou deleta as fotos, e aí nós poderemos seguir nossos caminhos. ― Por
que ele quer as minhas fotos? De repente me ocorre que ele pode estar pensando
que tirei fotos dele.
― Não tenho nenhuma foto sua aqui, docinho ― respondo.
Seus olhos estreitam-se outra vez e seu sorriso desaparece. Ele não acredita
em mim.
Dou um passo em sua direção, olho diretamente em seus olhos azuis
arregalados e falo com bastante clareza. ― Eu. Não. Tenho. Nenhuma. Foto.
Sua. Na. Minha. Câmera. Não fotografo pessoas ― sinto minhas bochechas
corarem e olho para baixo por um momento.
― O que você estava fotografando, então? ― sua voz está equilibrada agora,
e ele parece confuso.
― A água, os barcos... ― eu gesticulo em direção ao que falo.
― Vi você apontar a sua câmera na minha direção quando eu estava sentado
naquele banco. ― Ele aponta para o banco atrás de mim. Está localizado perto de
onde estava o casal de mãos dadas que eu fotografei. Coloco a câmera na minha
frente novamente e vejo que ele está tenso, mas o ignoro, ligando a câmera e
começando a passar as imagens até encontrar aquelas que ele temia serem suas.
Caminho em sua direção e paro na sua frente, sentindo meu braço quase tocando
o dele e o calor do seu corpo sexy. Obrigo-me a ignorar isso.
― Veja, essas são as fotos que tirei ― aponto a tela para ele e começo a
passá-la, mostrando-lhe todas as fotos. ― Quer ver também as outras que eu
tirei?
― Sim ― ele sussurra.
Eu continuo a mostrar as imagens da água, do céu, dos barcos, das
montanhas. Não consigo deixar de sentir seu cheiro de limpeza enquanto ele
olha para as fotos, examinando cada uma delas, conforme puxa seu lábio inferior
usando o polegar e o dedo indicador. Sua testa está franzida.
Meu Deus, ele tem um cheiro bom!
Tirei mais de cem fotos nesta manhã, então demoro alguns minutos para
conseguir mostrar todas elas. Quando termino, ele olha diretamente em meus
olhos e vejo que está embaraçado. Percebo, sem muita certeza, que parece até
um pouco triste.
Meu coração dá um pulo quando ele sorri, desabrochando de verdade, sem
tabus, espantando a tristeza, balançando a cabeça bem devagar. Ele conseguiria
derreter geleiras com aquele sorriso. Acabar com guerras. Resolver a crise da
dívida nacional.
― Me desculpa.
― Tudo bem. ― Desligo a câmera e começo a me afastar dele.
― Ei, eu estou mesmo arrependido.
― Você deve ser mesmo muito cheio de si para pensar que todo mundo com
uma câmera na mão está tirando uma foto sua. ― Continuo andando, mas é claro
que ele me alcança, começando a acompanhar meus passos.
Por que ele ainda está aqui?
Ele pigarreia.
― Posso saber o seu nome?
― Não ― eu respondo.
― Hummm, por quê? ― ele se mostra confuso.
Bem, até eu estou confusa.
― Não digo meu nome para assaltantes.
― Assaltantes? ― ele para no meio do caminho e me puxa para o lado dele,
colocando sua mão em meu cotovelo. Baixo os olhos para sua mão e, levanto-os
novamente em direção aos dele, fixando o olhar.
― Me solta! ― ele me obedece imediatamente.
― Não sou um assaltante.
― Você tentou roubar minha câmera. Que nome você dá a isso? ― Começo
a andar novamente, percebendo que estou seguindo a direção contrária da minha
casa. Que merda.
― Olha, eu não sou um assaltante. Você pode parar por um minuto? ― ele
para novamente, esfrega seu rosto com as mãos e olha para mim. Eu o encaro,
coloco minhas mãos nos quadris, com minha inofensiva câmera pendurada no
pescoço.
― Eu não sei quem você é ― digo com minha voz mais séria.
― Isso ficou óbvio ― ele responde e um sorriso surge nos seus lábios. Não
nego que esperava, lá no meu íntimo, ser presenteada por aquele sorriso
novamente. Não saber quem ele é parece deixá-lo feliz, mas está me irritando.
Será que eu deveria conhecê-lo?
― Por que você está sorrindo? ― me pego sorrindo de volta para ele.
Ele me olha de cima a baixo, começando pelo meu cabelo castanho, preso
em um coque casual, passando pela minha blusa vermelha, também casual, que
se aperta nos meus seios, minha saia, os quadris e coxas curvilíneas, até voltar
seus olhos azuis aos meus. Seu sorriso se abre um pouco mais, e eu quase perco
o fôlego.
Uau!
― Sou Luke. ― Ele me estende a mão para que eu o cumprimente, e olho
para ela, ainda não muito confiante, por isso, ergo o olhar até o dele. Ele levanta
uma sobrancelha, quase como um desafio, e me vejo colocando minha pequena
mão dentro da dele, grande e forte, e apertando-a com firmeza.
― Natalie.
― Natalie ― ele repete meu nome devagar, olhando para minha boca, e eu
mordo meu lábio inferior. Ele inspira nitidamente, voltando seus olhos para
minha boca.
Puta merda, ele é lindo! Puxo minha mão de volta e olho para baixo, sem
saber o que dizer a seguir e ainda confusa do motivo por ainda estar ali com ele.
― Tenho... tenho que ir ― gaguejo, sentindo-me nervosa de repente. ―
Foi... interessante conhecê-lo, Luke. ― Começo a caminhar na direção da minha
casa, mas ele se coloca na minha frente.
― Espere, não vá. ― Ele passa a mão por seu cabelo dourado já bagunçado.
― Quero mesmo que me desculpe por esse transtorno. Por favor, me deixe
compensá-la. Café da manhã?
Ele franze o cenho levemente, como se não quisesse dizer isso, mas, então,
olha para mim com esperança.
Diga que não, Nat. Vá para casa. Volte para cama. Mmmm... cama com
Luke. Corpos suados, lençóis embolados, a cabeça dele entre minhas pernas,
meu corpo se contorcendo enquanto eu gozo... Pare!
Eu balanço a cabeça, tentando colocar a fantasia de lado, e me pego dizendo.
― Não, obrigada. Tenho que ir.
― Tem marido te esperando em casa? ― ele pergunta, olhando para meu
dedo sem nenhum anel.
― Não.
― Namorado?
Abro um leve sorriso para ele.
― Não.
O rosto dele relaxa.
― Namorada?
Não posso deixar de rir com isso.
― Não.
― Bom. ― Lá está ele, sorrindo para mim daquela forma novamente, e
quero desesperadamente dizer sim àquele belo estranho, mas meu bom senso me
dá um chute e me lembro que isso não é seguro, pois não o conheço, e, por mais
que ele valha a pena, é um estranho.
Eu, de todas as pessoas, sei exatamente como um estranho pode ser
perigoso.
Então, ignoro o aperto entre as minhas pernas, sorrio para ele novamente, e
digo, da forma mais educada possível, com toda força que tenho. ― Obrigada
pelo convite. Tenha um bom dia, Luke. ― Mas é claro que, educadamente e com
toda força ainda soo um pouco sussurrante.
Que droga!
Eu o ouço murmurar: “Tenha um bom dia, Natalie.”, enquanto caminho para
longe com pressa.
Ops! Coloco meu iPhone no balcão e dou mais uma golada no vinho. Luke
está me observando.
― Me desculpa, foi grosseiro da minha parte. ― Sorrio me desculpando. ―
Ela fica preocupada quando não respondo suas mensagens.
Luke balança a cabeça.
― Você não foi nem um pouco grosseira, Natalie. Então, como prefere seu
molho Alfredo?
Eu sorrio por causa do tom de flerte de sua voz.
― Eu tenho uma relação amorosa bem longa e estável com molho Alfredo.
― Sério? ― Ele ri e coloca uma mecha do meu cabelo bagunçado atrás da
minha orelha. ― O molho Alfredo tem muita sorte.
Luke se vira novamente e começa a abrir os potes e panelas, retirando os
ingredientes da despensa e da geladeira. Ele é tão... competente na cozinha.
Quando ele se vira outra vez para começar a colocar ordem em seu próprio
caos, percebe que eu o estou observando e abre um meio sorriso para mim.
― No que está pensando?
― Que você é muito competente na cozinha.
― Bem, obrigado. ― Ele reverencia e me faz rir.
― Quem te ensinou a cozinhar?
― Minha mãe. ― Ele coloca um pouco de água para ferver e começa a ralar
o queijo.
― O que posso fazer para te ajudar?
― Sente-se e continue embelezando a cozinha.
Eu coro.
― Sério, quero ajudar.
― Ok, você pode ir ralando o queijo enquanto eu vou preparando o frango.
Feliz, eu me aproximo do balcão e pego o queijo a ser gratinado, observando
Luke se mover pela cozinha com facilidade. Logo o cômodo começa a cheirar a
frango grelhado, me deixando com água na boca. Luke se move para trás de
mim, colocando seus braços ao meu redor, checando a situação do queijo, sem
nem sequer me tocar.
Minha pele está pegando fogo. Me toque! Me abrace! Mas ele não faz nada
disso; antes que eu perceba ele já se afastou e meu corpo está quase tremendo de
desejo.
Não lembro de já ter sentido tal atração física por um homem antes. É um
pouco assustador, mas divertido também.
― Ok, acho que o queijo está pronto. ― Eu o observo enquanto ele finaliza
o molho, e meu estômago reclama.
Hummm... um homem sexy que sabe cozinhar!
Luke pega os pratos, os talheres e guardanapos.
― Vamos comer lá fora para aproveitar a vista.
― Ótima ideia. ― Eu sorrio enquanto nos servimos, pego nosso vinho e me
dirijo ao deck do lado de fora da sala. Há um espaço lá fora para comer, e é
espetacular, com seus tons de vermelho e marrom, uma mesa para seis e uma
grande churrasqueira de inox com balcão de cozinha ao ar livre, geladeira e pia.
Nós nos sentamos, e meu nervosismo, por causa do delicioso beijo de antes,
desaparece, e eu me sinto apenas com fome.
― Com fome? ― ele pergunta, como se lesse minha mente.
― Faminta!
― Então, vai fundo!
Eu provo um pouco e fecho meus olhos.
― Hummm... está muito bom.
Cubro minha boca com o guardanapo e rio. Os olhos de Luke brilham e ele
sorri, tomando um gole do vinho.
― Que bom que gostou.
― Então... ― me preparo para mais uma garfada ― ...foi sua mãe quem te
ensinou a cozinhar?
― Sim, ela sempre disse para todos os seus filhos que eles precisavam saber
como se virar para se alimentarem, depois que deixassem o ninho. ― Eu o
observo enquanto ele espeta o frango com o garfo.
― Quantos irmãos você tem?
― Tenho um irmão e uma irmã.
― Mais velhos, mais novos? ― pergunto. Meu Deus, este homem sabe
mesmo cozinhar!
― Irmã mais velha, irmão mais novo.
― E o que eles fazem?
― Samantha, minha irmã, é editora na Seattle Magazine. ― Os olhos de
Luke se enchem de orgulho. ― Mark, ao invés de estar se formando na
faculdade, está perdendo tempo como pescador, no Alasca.
― Me parece que você não o aprova... ― Ergo uma sobrancelha enquanto
tomo mais um gole do vinho.
― Bem... ele é muito jovem. Talvez seja melhor que ele faça besteiras agora.
― Luke dá de ombros.
― E seus pais? ― Gosto de ouvi-lo falar da família. É fácil ver que ele os
ama muito.
― Eles vivem em Redmond. Meu pai trabalha para a Microsoft, e minha
mãe é artesã. ― Ele olha para meu prato vazio.
― Estava delicioso, obrigada. ― Eu me encosto na cadeira e estico as
pernas.
― O prazer foi meu. ― Ele parece muito jovem quando sorri com timidez.
― Quer um pouco mais?
― Ah, não. Estou satisfeita. ― Dou uma leve tapinha na minha barriga e
olho para o mar. ― Esta vista é fantástica.
― Sim, é mesmo. ― Eu olho para ele e percebo que está olhando para mim.
Minhas bochechas ficam quentes.
― Você é bom com elogios.
― É porque é fácil elogiar você.
Eu me desfaço em sorrisos.
Ele inclina a cabeça para o lado e pega minha mão na dele, levando-a até sua
boca. É a primeira vez que ele me toca desde o beijo que trocamos, e eu suspiro
com o calor de seu toque.
― Você é muito linda, Natalie. Por que não acredita nisso? ― Estou
estupefata. Ninguém nunca tinha percebido minhas inseguranças porque eu
nunca as tinha demonstrado. Dou de ombros.
― Que bom que pensa assim. ― Ele franze o cenho por causa da minha
resposta, mas não me pressiona.
― Eu penso.
― Gostaria de estar com a minha câmera. ― Nem me dou conta que acabo
de dizer isso em voz alta, e sinto que ele fica tenso ao meu lado.
― Por quê? ― Sua voz torna-se fria e, quando olho em seus olhos, eles
estão congelados.
― Por causa desta vista. ― Eu gesticulo em direção à água. ― Daria uma
bela foto.
Ele relaxa ao meu lado.
― Talvez, um dia, você possa capturá-la com suas lentes.
― E lá está o “um dia” novamente. ― Eu sorrio para ele, e ele sorri de volta.
― Um dia. ― Ele diz mais uma vez, e eu não consigo evitar não sentir uma
leve vertigem. Eu tremo um pouco quando a brisa atravessa o quintal. O sol se
pôs, o céu tem um tom de roxo e laranja, e está esfriando.
― Está com frio? ― ele pergunta.
― Não, estou bem.
― Sério?
― Estou com um pouquinho de frio, mas não quero entrar.
― Já volto. ― Ao dizer isso, ele se levanta e pega nossos pratos sujos.
― Ei, eu posso lavar os pratos. Você cozinhou.
― Nada a ver. Você é minha convidada, Natalie. Além disso, eu tenho uma
empregada que vai arrumar tudo para mim amanhã de manhã. Sente-se. Fique aí.
― Ele me olha com um olhar sério e então entra.
Ele é tão autoritário. Mas acho que gosto disso. Nunca ninguém teve a
audácia de ser autoritário comigo. É divertido.
Ouço a música do iPod mudar de Adele para algo mais suave e melancólico
e alguns momentos depois ele está de volta, com um cobertor verde e meu
iPhone.
― Tinha uma luz piscando no seu celular. Talvez você queira checar o que é.
― Ele o entrega para mim, mas antes que eu possa checá-lo, ele estende a mão.
― Venha comigo.
― Para onde estamos indo?
― Pra lá. ― Ele aponta para uma poltrona de veludo perto do quintal. Pego
a sua mão, e ele me leva até lá. Eu sento, quase afundando nas almofadas. Ele
senta ao meu lado e cobre a nós dois com o cobertor. Seus braços estão ao meu
redor.
― Estamos indo rápido demais. ― Eu olho em seus olhos azuis, sem saber
se estar em seus braços assim, tão rápido, é seguro, mas ao mesmo tempo quero
estar aqui.
― Estamos apenas admirando uma bela vista, Natalie. ― Ele me puxa para
mais perto dele, corre sua mão pelo meu braço e eu me aninho em seu ombro.
Lembro-me do telefone na minha mão e o tiro de debaixo do cobertor para olhá-
lo, não me preocupando em escondê-lo de Luke.
Luke não relaxa ao meu lado, e eu sei que ele está irritado. Que merda!
Grant responde quase imediatamente.
E amanhã?
Oi, Natalie, salve meu contato. Vamos nos ver bastante daqui para frente. - Luke Williams.
Sorrio para ele e salvo o número e seu nome nos meus contatos.
― Então... ― O sorriso desaparece de seu rosto e ele está sério novamente.
Guardo o celular, fora de seu alcance, e viro meu corpo em sua direção, com
minha perna dobrada sob o joelho oposto, mentalmente me preparando para uma
conversa séria.
― Então?
― Então... ― Ele olha para mim quase com cautela e eu me sinto alarmada
por um momento. ― Quem é Grant?
― Só um amigo. ― Dou de ombros.
Ele ergue uma sobrancelha.
― Não foi uma mensagem de amigo, Natalie. Eu sou homem, sei a
diferença.
Estremeço e volto meus olhos para a água que, lentamente, começava a
escurecer.
― Olhe para mim. ― Sua voz soa afiada e viro meus olhos em direção a ele.
― É só um amigo, Luke. Sim, já houve uma relação física entre nós no
passado, mas já faz algum tempo.
― Quanto tempo?
― Meses.
― Quantos meses?
― Desde o último outono.
― E tem alguma outra pessoa?
― Por que isso seria da sua conta?
― Porque você é a primeira mulher que trago para a minha casa e tudo que
consigo pensar é em deixar esse seu lindo corpo nu e fodê-la até deixá-la
inconsciente. Preciso saber se tenho concorrente. Não gosto de dividir, Natalie.
― Seus olhos estão pegando fogo, seus belos lábios estão abertos como se
estivesse respirando pesadamente e suas mãos estão fechadas em punho.
Abro minha boca para falar e a fecho novamente. Meu pai do céu, ele quer
me foder. Bem, lá estava ele de novo, o homem autoritário.
― Dizer que você não gosta de dividir é o mesmo que assumir que já sou
sua, Luke.
― E você não é? ― ele sussurra.
Isso já é demais. Conheço esse homem há menos de vinte e quatro horas e
ele já quer tomar posse? Parte de mim está gritando Sim, mas o meu lado mais
racional ergue sua cabeça feia e a balança negativamente gritando Não.
Eu levanto abruptamente, me desvencilhando do cobertor.
― Olha, Luke... ― De repente, ele está na minha frente, com sua mão forte
em meu queixo, prendendo seu olhar ao meu.
― Responda a minha pergunta, por favor. ― Seu toque é gentil, mas seu
olhar parece bruto, e isso me atrai de uma forma como nunca aconteceu antes.
― Não há ninguém ― eu sussurro.
― Graças a Deus. ― E logo seus lábios estão nos meus, mas ao invés do
fervor apaixonado pelo qual estou ansiando, seus lábios estão gentis e doces,
como se ele estivesse memorizando minha boca com os lábios. Ela solta meu
queixo e enrola um punhado do meu cabelo nas mãos, enquanto a outra se
posiciona nas minhas costas, me puxando para perta, à frente do meu corpo
tocando a do dele, e um gemido baixo escapa da minha garganta. Seu peito e seu
abdômen são puro músculo. Eu passo meus braços ao seu redor e o abraço, com
minhas mãos tocando suas costas.
Corajosamente, mordo seu lábio inferior e o sugo gentilmente para dentro da
minha boca, fazendo-o deslizar pelo meu em um belo ritmo. Nossas respirações
estão irregulares, e minhas mãos não param de se mover para cima e para baixo,
sentindo os músculos rígidos se flexionando enquanto ele se move contra mim.
Suas mãos deslizam pelas minhas costas, apertando-me com força, enquanto
mordisca desde o canto da minha boca até o meu pescoço.
― Ah, meu Deus... ― Inclino minha testa para tocar a dele e o sinto sorrir
contra meu pescoço.
― Você tem uma bunda linda, Nat. ― Ele me puxa mais para perto contra
ele e sinto sua ereção contra meu ventre. Corro minhas mãos por seu traseiro.
― Digo o mesmo de você, Luke. ― Minha voz está ofegante, e ele dá um
passo atrás, com seus olhos cheios de carência e desejo, e sei que eles espelham
meus próprios sentimentos.
Merda, eu quero este homem!
Nossos braços ainda estão ao redor de nossos corpos, acariciando nossas
costas. Eu o aperto novamente e corro meus dedos suavemente por debaixo de
sua camisa, por sua pele nua e sorrio enquanto ele ofega. Seus belos olhos azuis
estão observando os meus, até que coloco o dedo entre o elástico de sua cueca e
sua pele e o faço correr pela frente de seu jeans.
De repente, suas mãos estão sobre as minhas, e ele me faz parar sem tirar
seus olhos de mim. Ele leva minhas mãos até seus lábios, beijca cada dedo e
então dá um passo atrás sontando-as. O ar frio ao nosso redor é como um
bofetada na cara, e eu franzo o cenho, confusa e frustrada, sentindo a dor da
rejeição.
Mas que diabos...
― Por que você parou? ― Ouço a mágoa na minha voz e pigarreio.
― Nat, eu definitivamente não quero parar... ― Dou um passo na direção
dele, mas ele recua e ergue a mão se rendendo.
― Luke...
― Natalie, vamos desacelerar um pouco.
Não era isso que os homens queriam?
― Se você mudou de ideia sobre mim... ― Ele está, de novo, de frente para
mim antes que eu termine a frase, colocando as mãos no meu rosto me fazendo
olhar em seus olhos. A emoçao crua ainda está lá.
― Ouça, Natalie. Eu não mudei de ideia. Quero você. Você é linda,
inteligente e sexy demais, mas não quero que tudo aconteça tão depressa.
― Estou confusa. ― Fecho meus olhos e balanço a cabeça.
― Ei... ― Olho em seus olhos e ele sorri para mim, correndo as pontas de
seus dedos por meu queixo. ― Devagar.
― Não sei ir devagar, Luke.
Ele franze o cenho e sussurra.
― Eu também não sei, então vamos aprender juntos.
Fico muito frustrada, pois meu corpo está ansiando por ele, mas suas
palavras me intoxicam.
― Então, nada de sexo? Nada mesmo? ― Meu tom de voz parece o de uma
criança cujo doce foi roubado de sua boca.
― Não hoje à noite ― ele diz com um sorriso. Ele respira fundo, beija minha
testa e segura minha mão. Eu pego o cobertor e entramos. A música ainda está
tocando.
Ele pega o cobertor das minhas mãos e o joga no sofá azul à minha direita.
― Gostaria de fazer um tour pela casa?
Ainda estou com a testa franzida por causa do comentário sobre sexo, mas a
ideia de ver o resto da casa melhora meu humor e eu concordo.
Ele enlaça meus dedos com os dele.
― Obrigado por nos acompanhar nesse tour esta noite, Srta. Conner, é um
prazer tê-la conosco.
Eu rio por causa de sua imitação de guia turístico, o que me faz relaxar um
pouco. Ele realmente sabe como me fazer rir.
― Você já viu a cozinha.
― Adorei a cozinha.
Ele sorri e me leva por um corredor que leva a um banheiro e quarto de
hóspedes. No final do corredor há uma porta fechada, mas ele apenas gesticula.
― Aqui é só um depósito.
Ele me leva de volta à sala de estar e subimos um lance de escadas até uma
área que ele usa como uma sala de TV, com mais alguns móveis de veludo. A
tela plana presa à parede é enorme, e eu não consigo não rir.
― O que há de tão engraçado? ― Ele olha para a TV e eu gargalho.
― Garotos e suas grandes TVs.
Ele ri e me guia até outro quarto de hóspedes com suíte. No lado oposto,
com mais janelas que vão do chão ao teto, mostrando a vista, há um quarto
principal. É enorme, com móveis brancos e verdes em larga escala e alguns
toques de cáqui. É inacreditavelmente sereno.
O banheiro principal é lindo, com uma banheira enorme, em formato oval,
separada do chuveiro que poderia ser um quarto por si só.
Eu chego a ofegar quando ele me mostra o closet.
― Mulheres e closets. ― Ele ri de mim, e acabo me juntando a ele no riso.
― Isso aqui, meu amigo, é um closet fantástico.
― Sim, é mesmo ― ele concorda e aperta minha mão, guiando-me pelo
quarto até descer as escadas que dão na sala.
Sinto-me subitamente desconfortável e antes que possa mudar de ideia,
coloco meus braços ao redor de seu abdômen, unindo meus dedos na curva de
sua cintura, abraçando-o forte. Seus braços enlaçam meus ombros, e ele beija
meu cabelo, inalando meu cheiro.
― Obrigada pelo jantar ― murmuro contra seu peito.
― A hora que quiser...
― Obrigada também pelo tour.
Eu o sinto sorrir contra minha cabeça.
― A hora que quiser...
― Obrigada por me passar seu telefone.
Ele ri e me afasta um pouco.
― Recomendo que o use.
― Vou usar. ― Me solto de seus braços e pego minha bolsa. É hora de ir
para casa, mas eu só penso neste homem doce e sexy. Com certeza não consigo
pensar quando estou com ele.
Ele caminha atrás de mim até o meu carro, pega suas fotografias de dentro
do bagageiro e as leva para dentro, voltando logo em seguida para abrir a porta
para mim.
― Me avise que chegou em casa bem. ― As sombras das luzes de sua casa
estão brincando em seu rosto, a luz refletindo em seus lindos olhos.
― Ok, homem autoritário. ― Eu rio para ele.
― Autoritário? ― Ele franze os lábios como se estivesse pensando no que
eu disse, e então acaba sorrindo. ― Talvez um pouco.
Ele se inclina um pouco e me toca, somente com os lábios, passando-os
delicadamente sobre os meus.
― Boa noite, linda.
― Boa noite.
Céus! Nossa, ele é tão gostoso. Fico feliz por ter coragem suficiente para
entrar no carro e colocar o cinto de segurança. Ele caminha até a porta da frente
da casa e acena para mim enquanto eu saio de sua garagem.
Puta merda!
Coloco minha bolsa na mesinha do corredor, em frente à porta de casa, jogo
as chaves na tigela que transformamos em chaveiro e procuro pelo meu telefone.
Eu o ouvi fazer barulho durante a volta para casa, e sei exatamente quem era.
― Nat, é você? ― Ouço os saltos dos sapatos de Jules batendo no chão,
caminhando pela sala de estar.
― Sim, estou em casa.
Obrigado por hoje. Por favor, me avise quando chegar em casa. ― Luke.
Não, EU que agradeço por hoje. Me diverti muito, apesar de quase ter sido assaltada. Estou em
casa, sã e salva, na cama ― Nat.
Bom saber que chegou bem. Quais são seus planos para amanhã?
Não tenho sessões de fotos amanhã, estava pensando em tirar algumas em Snoqualmie Falls.
Quais são os seus planos?
Muito confiante ele, né? Não consigo segurar uma risada e me viro de lado,
enquanto penso na resposta.
E vai ser seguro para você? Vou estar com minha câmera e sei que ela te deixa irritado.
Mal posso esperar para te ver de manhã, e para, um dia, ver o que você veste para dormir.
E novamente mencionamos esse “um dia”! Também estou ansiosa para que chegue amanhã.
Durma bem, lindo, você vai precisar :)
Pela primeira vez em dois anos, eu caio rapidamente no sono, tenho sonhos
calmos e acordo com o sol batendo em mim.
Droga! Estou atrasada!
Luke vai chegar a qualquer momento, e eu ainda estou correndo pela casa,
pegando minha câmera e equipamentos, bolsa e sandálias. Estou prendendo o
cabelo em um rabo de cavalo quando a campainha toca.
Merda!
― Ei! ― Eu sorrio enquanto abro a porta, e então fico de boca aberta
perante a deliciosa visão que ele é. Seu cabelo loiro escuro está molhado do
banho e todo desarrumado. Ele está usando uma camisa verde simples, com seus
óculos escuros presos à gola e uma bermuda cargo cáqui.
Delicioso.
Seus olhos, impossivelmente azuis, brilham quando ele sorri para mim.
― Ei, linda. Você fica fantástica de vermelho. ― Sinto minhas faces
corando. Adoro esse top vermelho sem mangas, e decidi usá-lo com um short
jeans que se encaixam perfeitamente na minha bunda. Só para ele.
― Pronta?
― Quase. ― Dou um passo para trás, para deixá-lo entrar e fecho a porta. ―
Estou um pouquinho atrasada. Tive uma manhã cheia, mas estou quase pronta.
― Não conseguiu dormir de novo? ― Ele franze a testa para mim.
― O oposto, na verdade. Dormi muito bem, quase me atrasei para a aula de
ioga e tive que responder a alguns recados. ― Pego a câmera e a bolsa sobre a
mesinha em frente à porta. Odeio me sentir dispersa!
Luke pega a bolsa da minha câmera para mim, pendura-a em seu ombro e eu
sorrio em agradecimento para ele.
― E você? Dormiu melhor?
― Bem melhor, obrigado.
― Eu te mostraria a casa, mas adoraria sair logo. Deixamos para depois?
― Claro. Vamos.
Assobio quando vejo o carro esporte de Luke, um Lexus conversível, parado
na porta da minha casa. Ele coloca a bolsa da câmera no banco de trás e abre a
porta para mim com um enorme sorriso malicioso em seu belo rosto.
― Belo carro.
― Hoje parece ser um bom dia para dirigir com a capota abaixada.
― Acho ótimo. ― O assento de couro é baixo e macio, e não consigo não
me sentir impressionada. Ele tem bom gosto.
Em pouco tempo, estamos pegando a estrada, cortando Seattle e partindo
para fora da cidade, na Interestadual 90. Esse carro realmente se move! O sol
está ameno, o vento está gostoso, e Luke coloca Maroon 5 para tocar. Não há
necessidade de nenhuma conversa, pois estamos apenas aproveitando a
companhia um do outro, e me sinto relaxada, encostada no banco, aproveitando
o cenário luxurioso durante nosso caminho até a cachoeira.
É óbvio que Luke sabe onde Snoqualmie Falls fica, e conforme vamos nos
aproximando ele baixa o som e coloca sua mão em minha coxa esquerda. Só
aquele toque já faz minha libido se mostrar presente, e eu respiro fundo para
acalmar meu coração instável.
― Tenho certeza que você já esteve aqui antes.
Luke sorri para mim.
― Sim, meus pais costumavam nos trazer aqui quando éramos crianças para
piqueniques e coisas assim.
― Você se importa se eu deixar a bolsa da câmera no carro? Quero levar só a
câmera mesmo.
― Sem problemas. Eu fecho a capota. ― Luke pacientemente espera que eu
tire tudo que vou precisar da bolsa e, então, fecha a capota do carro, tranca e
saímos, começando a caminhar pela ponte que leva ao hotel e ao acesso à
cachoeira onde turistas podem se impressionar pela bela água.
Penduro a câmera no pescoço e vou verificando as configurações enquanto
ando.
― Há quanto tempo é fotógrafa? ― Luke pergunta. Ele está me observando
intensamente enquanto ajusto as configurações.
― Minha vida inteira, eu acho. Meu pai me comprou uma câmera digital
quando eu tinha uns dez anos, e eu nunca quis fazer outra coisa. ― A lembrança
me provoca um sorriso, e eu ergo os olhos para ele.
― Ele deve ter muito orgulho de você ― ele murmura.
A dor me atinge de forma rápida e cruel.
― Ele se foi.
― Se foi?
― Meus pais morreram há quase três anos. ― Droga, eu não queria dizer
isso!
― Que droga, Nat, sinto muito. ― Luke para de andar e me puxa para seus
braços, me abraçando com força. Minha câmera está entre nós, e me sinto
mortificada quando sinto lágrimas nos cantos dos olhos. Não quero que este dia
se torne triste.
― Estou bem. ― Coloco minhas mãos em seu peito rígido e olho para seu
rosto. ― Estou bem. Não vamos falar de coisas tristes hoje.
A testa de Luke está franzida, seus olhos estão cheios de compaixão, mas,
para meu alivio, não demonstram pena. Não quero que ele sinta pena de mim.
― Ei, estou bem. Mesmo. ― Seguro seu queixo com as mãos e ele a pega e
beija minha palma.
― Ok. ― Ele me solta e continuamos nossa jornada até a cachoeira. Não
demora muito, pois ela não fica tão longe da estrada.
Olho para ele e percebo que ainda está remoendo o assunto, com o rosto
franzido.
― Luke, anime-se. Você não falou nada de errado. Estou feliz por estar aqui.
Ele olha em meus olhos novamente e me dá um meio sorriso. Relaxo um
pouco, feliz por ver que seu humor estava melhorando, e pego minha câmera
quando viramos na curva para ver a cachoeira.
― Estou feliz por não ter mais ninguém aqui hoje. ― Tento mudar de
assunto.
― Bem, o verão está quase acabando, e estamos no meio da semana, então
acho que vamos ficar com o lugar praticamente para nós. ― Começo a tirar
fotos.
Luke dá um passo para trás e fica me observando trabalhar. Eu me movo
para cima e para baixo, pegando ângulos diferentes, parando para ajustar as
configurações e para tirar fotos de flores, teias de aranhas e outras coisas que me
chamam a atenção. As árvores estão começando a mudar de cor, então eu aponto
a câmera para cima e tiro algumas delas também.
― Pronto para continuar? ― Olho para ele. ― Espero não estar te
entediando.
Ele balança a cabeça, com os braços cruzados na frente do corpo, encostado
em uma cerca. Parece relaxado, mas seus olhos estão me observando
intensamente.
― Não há nada entediante em observar você, Natalie.
Ah...
Ele descruza os braços e pega minha mão, beijando os nós dos meus dedos,
antes de me guiar mais para baixo da trilha, para tirar fotos da base da cachoeira.
Novamente ele se afasta um pouco e me deixa trabalhar. Sinto seus olhos em
mim enquanto me movimento, e sorrio comigo mesma.
Depois de vinte minutos, estou satisfeita com as fotos que tirei.
― Ok, acho que é isso.
Eu me viro e percebo que seus olhos estão arregalados de surpresa.
― O que foi?
Ele balança a cabeça.
― Você já terminou?
― Bem... ― Eu checo a câmera. ― Eu tirei mais de quatrocentas fotos.
Acho que vou ter boas fotos.
― Tenho certeza que ficarão lindas.
Eu sorrio e coloco a capa nas minhas lentes, tomando o cuidado de não
apontá-las para ele, e deixo minha câmera cair até meu quadril, ainda pendurada.
Não consigo entender por que ele não quer que eu tire fotos suas, mas respeito
isso. Gostaria de tê-lo posando para mim. Seria um deleite fotografá-lo.
― No que está pensando? ― ele pergunta enquanto seguimos a trilha de
volta até o carro. Ele está ao meu lado, suas mãos nas minhas costas.
― Por que você não gosta que tirem fotos suas? ― Seus olhos encontram os
meus, e então, ele rapidamente olha para o outro lado. Indiferente, ele dá de
ombros, mas sinto que está escondendo algo.
― Olhe para mim ― digo suavemente, sorrindo.
Seus imensos olhos azuis encontram os meus, com uma expressão
desconfiada.
― Pode me dizer. ― Paramos no meio da trilha, olhando um para o outro, e,
por causa do chão desnivelado, estou na mesma altura que ele. Descanso minhas
mãos em seus ombros. Os olhos de Luke se abrem ainda mais e ele engole em
seco, como se fosse confessar alguma coisa. Meu estômago se revira. Fale
comigo!
De repente ele balança a cabeça e fecha seus olhos por um momento.
― Eu só não gosto. ― Franzo o cenho, mas ele balança a cabeça novamente
e sussurra. ― É parte da minha fobia de multidões. Uma bobagem, eu sei.
Quero sondar um pouco mais, mas ele tira minhas mãos de seus ombros,
enlaça seus dedos nos meus e coloca nossos braços atrás das minhas costas,
puxando-me para perto. Ele esfrega seu nariz no meu, cheio de intensidade nos
olhos azuis.
― Fiquei pensando em te beijar o dia inteiro.
― Pense menos e faça mais. ― Fico surpresa com minha resposta ousada, e
mais surpresa ainda por conseguir responder qualquer coisa enquanto meu
coração está batendo tão rápido.
Luke sorri contra meus lábios e me arrebata com um beijo quente que me
consome inteira. Ele solta minhas mãos e toca minha bunda, exatamente como
fez na noite anterior, puxando-me para mais perto. Agarro seu rosto em minhas
mãos, mantendo-o bem perto, como se estivesse me perdendo nele. Ele é tão
bom com a boca! Morde meus lábios, e sua língua é gentil e paciente com a
minha. Eu gemo e coloco as mãos em seu cabelo, como se disso dependesse
minha vida.
― Com licença...
Olho para trás e vejo um grupo de andarilhos tentando passar por nós na
trilha. Ops! Luke ri e me tira do caminho para que eles possam seguir.
― Acho que fomos pegos ― Luke sussurra em meu ouvido, colocando uma
mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, e beija meu rosto.
― Também acho. ― Eu rio até ficar sem fôlego, e continuamos nossa
caminhada até seu carro sexy.
Acordo pela manhã, com um lindo dia lá fora e um braço pesado jogado por
cima de mim. Nunca dormi com alguém antes, então, isso é algo novo. E
maravilhosamente confortável.
Luke está dormindo, deitado em meu travesseiro. Ele parece jovem e
relaxado. Precisa fazer a barba e seu cabelo está bagunçado, como sempre.
Quero passar meus dedos por ele, mas a natureza me chama, então,
cuidadosamente saio de seus braços e vou em direção ao banheiro.
Enquanto sigo até o banheiro na ponta dos pés, Luke ainda está adormecido,
mas está virando para o outro lado, enrolando seu corpo nu nas cobertas até que
um braço, uma perna, bumbum e costas estejam expostos.
Pelo amor de Deus, ele é uma visão e tanto!
Não consigo evitar. Que mulher com algum respeito por si mesma poderia
ter uma coisa daquelas em sua cama e não tocá-lo?
Eu não poderia.
Volto para a cama e deslizo a palma da mão em seu calcanhar, ao longo de
sua panturrilha e tendões, por seu traseiro durinho e suas costas, e então passo
meus dedos por seu cabelo. Mordo seu pescoço e ombros, beijo sua coluna e
desço até a base de suas costas, onde há duas covinhas que são deliciosas, bem
acima de sua bunda.
Eu o ouço gemer e sorrio.
Passo a ponta dos meus dedos desde seu traseiro até suas coxas, beijando
toda extensão de suas costelas.
Lentamente ele vira de barriga para cima e eu beijo seu corpo por inteiro,
mordendo mamilos e descansando minha mão no V sensual de seus quadris.
Olho em seus olhos sonolentos e maravilhados.
― Bom dia, lindo.
― Bem, bom dia, linda.
De repente, sou jogada de costas na cama, e Luke entrelaça seus dedos nos
meus, colocando ambas as minhas mãos sobre minha cabeça. Ele beija meu
pescoço e meu queixo, passando, então, sua mão debaixo dos meus braços para
conseguir apoiar minha cabeça em suas mãos.
― Como você está se sentindo essa manhã? ― ele sussurra contra minha
boca e esfrega seu nariz no meu de um lado para o outro.
― Bem.
― Só bem? ― Ele beija minhas bochechas e eu suspiro.
― Dormiu bem? ― pergunto e inclino a cabeça, dando-lhe melhor acesso.
― Maravilhosamente bem ― ele sussurra.
Ele se inclina para olhar melhor para mim e encosto a minha mão em sua
bochecha.
― Como está? ― pergunto.
― Nunca me senti tão bem.
Meus olhos se arregalam com sua resposta séria.
― Uau, eu ficaria satisfeita com “bem”.
― Ah, querida, eu ultrapassei o “bem” ontem de manhã.
― Você é muito charmoso.
Ele sorri para mim.
― Você fica muito linda de manhã.
Eu bufo para ele e começo a duvidar, mas ele segura o meu queixo
firmemente.
― VOCÊ ― beijo ― É ― beijo ― LINDA ― beijo.
Puta merda.
― Você também não é nada mau. ― Sorrio bem perto de sua boca.
― Eu quero você, amor ― ele murmura.
― Posso imaginar. ― Eu movo meus quadris contra sua ereção e ele ofega.
― Jesus, você me deixa excitado como um adolescente, Nat. O que está
fazendo comigo? ― Seus olhos azuis fixam-se nos meus, e ele move os quadris,
a ponta de seu pênis descansando sobre mim, sendo assim, eu inclino minha
pélvis convidando-o a entrar dentro de mim.
― Ah! ― Eu seguro seus ombros enquanto ele penetra bem fundo. Ele
encaixa seu rosto em meu pescoço, gentilmente mordendo e me beijando. Suas
investidas tornam-se mais rápidas e mais fortes, e nossa respiração tornam-se
ásperas.
― Ah, amor... eu nunca... fazer amor com você é tão bom.
Eu seguro sua bunda e o puxo mais para dentro.
― Goza comigo, amor. ― Ele está respirando irregularmente, e eu posso
senti-lo no limite e me levando com ele.
― Ah, sim! ― eu choramingo e convulsiono.
Minutos depois, quando nossas respirações e corpos se acalmaram, ele
levanta a cabeça e me beija gentilmente. Sai de dentro de mim, e sinto que estou
um pouco dolorida, mas não me importo.
― Já volto. ― Ele se levanta e vai ao banheiro.
Eu me sento e espreguiço preguiçosamente. Ah, sim, eu estou dolorida.
Claramente estes músculos já não eram usados há muito tempo. Abraço a mim
mesma e então me levanto e visto uma camiseta e calças de ioga.
― Você se vestiu. ― Eu rio da expressão desapontada de Luke enquanto ele
sai do banheiro. Ele me toma em seus braços e me abraça com força, me fazendo
suspirar. Uau, isso é bom demais para ser verdade.
― Vou fazer um café. Me encontra lá embaixo? ― Acaricio seu rosto com
minha mão.
― Claro. Logo depois de você.
― Bom dia, flor do dia! ― cumprimento Jules ao entrar na cozinha. Ela
acabou de voltar da sua corrida matinal. Seu cabelo está preso para trás em um
rabo de cavalo, vestida como eu, com uma blusa branca e uma calça preta de
ioga. Coloca o pacote com grãos de café de volta na geladeira e sorri para mim.
― Bom dia para você. Ele já foi embora?
― Não. Estará aqui embaixo em um minuto. Vamos tomar café.
― Você o convidou pra passar a noite. ― Não foi uma pergunta.
― Sim.
― E o deixou ficar.
― Sim.
Seus olhos azuis estão arregalados.
― Um pouco diferente de seu comportamento usual.
― Eu sei. ― Suspiro e tiro três canecas do armário. ― Ele é diferente, Jules.
Não sei o que está acontecendo, mas quero descobrir.
Ela dá um tapinha em meu ombro e sorri. ― Estou feliz por você, querida.
Ouço Luke se colocando atrás de mim e os olhos de Jules se arregalam. Eu
sei, ele é gostoso.
Eu me viro e sorrio para ele.
― Luke, esta é minha melhor amiga, Jules. Jules, este é...
― Luke Williams? ― Sua voz torna-se estridente, e ela está sorrindo, com
suas mãos em punhos, praticamente pulando para cima e para baixo.
― Aimeudeus! Aimeudeus! Aimeudeus! Luke Williams está na nossa
cozinha! ― Ela empurra meu ombro e faz uma dancinha feliz.
Mas que porra é essa?
Eu olho para Luke, e ele está parado no mesmo lugar. Completamente
pálido. Ele engole em seco e olha para mim, mas não me toca.
Jules para de dançar.
― Não vai me dizer que você está saindo com Luke Williams!
― Você o conhece? ― pergunto, minha voz soando como um sussurro.
O que eu perdi?
Jules para, de boca aberta e olhos arregalados.
― Claro que eu o conheço. Nat, ele é o Luke Williams.
― Eu sei disso ― respondo, mas meu rosto está corado e começo a pensar
que estou participando de alguma piada e sou o assunto principal dela.
― Não, Nat...
Luke encontra sua própria voz.
― Natalie, eu posso explicar...
Ele estende a mão para mim, mas saio do seu alcance e vou para o outro
lado do balcão para conseguir colocar um pouco de distância entre nós.
― Explicar o quê?
― Natalie... ― Julie engole em seco e olha para ele, com um sorriso irritante
em seu rosto, e depois para mim. ― Luke Williams é famoso.
― O quê? ― Eu estreito meus olhos e me viro para ele novamente, e tudo
começa a fazer sentido.
Não tire minha foto.
Por que você não me deixa em paz?
Não gosto de multidões.
― Dos filmes Nightwalker, Nat ― Jules sussurra.
Luke não fala nada e nem está mais olhando para mim. Suas mãos estão nos
quadris, e ele está inclinando a cabeça.
― Você mentiu pra mim. ― Odeio como minha voz soa frágil.
Ele balança a cabeça e me encara com aqueles lindos olhos azuis.
― Não, não menti.
― Eu te perguntei, mais de uma vez, o que fazia para viver, mas você
continuou me enrolando. ― Ah, isso machuca.
― Eu só... ― Ele corre a mão pelo cabelo. ― Natalie, o que eu sinto por
você...
― Para! ― Eu ergo a mão. ― Você disse ontem no carro que não queria
surpresas.
Ele engole em seco.
― Deus, eu me sinto tão estúpida! ― Fecho meus olhos e quero deitar
minha cabeça no balcão e chorar.
― Não, amor... ― Ele começa a se mover na minha direção, mas eu recuo
novamente, fazendo-o parar.
― Não, você é que tem que escutar, amor... ― A raiva está pulsando e estou
começando a me influenciar por ela. ― Contei coisas para você que nunca contei
pra mais ninguém. E todo esse tempo você mentiu para mim.
― Não foi assim...
― Natalie... ― Jules dá um passo à frente, mas com um olhar eu a faço ficar
no mesmo lugar.
― Eu fui uma piada pra você? Vamos ver quanto tempo posso enrolar essa
garota até que ela descubra quem eu sou? Bem, você fodeu com ela. Que bom
para você!
― Não! ― Ele dá a volta no balcão, ignorando meus avisos para ficar longe,
e segura meus ombros. Seus olhos estão glaciais, seu rosto está tenso como se
estivesse sentindo dor. ― Não, Natalie. Nada em relação a você é uma piada. E
eu não fodi com você, fizemos amor.
Estou tão embaraçada.
― Todo mundo no país sabe quem você é, Luke.
― Nem todo mundo ― ele responde.
― Você está certo, aparentemente eu sou a única que não é inteligente o
suficiente para te reconhecer. ― Eu me afasto do seu toque e recuo. Ele deixa os
braços caírem ao lado do corpo.
― Natalie... ― Jules tenta novamente. ― Como você poderia saber quem ele
é? Você nunca viu os filmes dele.
― O rosto dele está em milhares de camisetas, Jules! Tem bonecos com a
cara dele.
Luke faz uma careta e se vira.
― Garotas de todas as idades gritam, exatamente como aconteceu com você
minutos atrás, e perdem a porra da cabeça! Conhecer rostos é a porra do meu
trabalho! Deus, eu sou uma idiota! ― Estou tão envergonhada, só quero fugir.
Quero que ele vá embora. Quero que me abrace e me diga que não é verdade.
Afinal, o que ele poderia querer comigo? Ele pode ter qualquer mulher do
mundo. Literalmente.
― Nat... ― Luke estende a mão para mim, mas eu me afasto, ignorando a
dor em sua voz.
― Vá embora.
― Não, eu não quero ir. ― Seu belo rosto está em agonia, refletindo o meu.
Eu abraço a mim mesma para mantê-lo longe.
― Não quero que fique aqui. Não posso ficar com uma pessoa que mente
para mim. ― Ah, vá embora.
― Eu não menti! Natalie, essa não é mais a minha vida. Vamos conversar.
Eu já ouvi demais, e só quero que ele se afaste.
― Tenho uma sessão de fotos em uma hora, preciso tomar banho e espero
que você já tenha ido embora quando eu voltar.
― Você está exagerando! ― Sua voz está desesperada, seus olhos,
suplicantes.
― Vá embora da porra da minha casa! ― Grito com ele, enquanto lágrimas
quentes caem pelo meu rosto.
― Natalie, não faça isso...
Eu me viro e subo as escadas correndo, entro no meu quarto indo direto para
o banheiro, trancando-me lá dentro. Encosto na porta e deslizo até o chão, meu
corpo convulsionando enquanto soluços muito fortes o sacodem.
― Natalie, abra a porta.
Merda, ele me seguiu.
― Vá embora. ― Não há muito mais força em minha voz. Só quero que ele
vá embora.
― Não vou a lugar nenhum, pelo amor de Deus! Abre a porra da porta!
― Não! ― Eu me levanto e encosto a testa na porta, minhas mãos em
punhos apoiadas na madeira branca.
― Natalie, pelo amor de Deus, se você não abrir essa porta eu vou arrombá-
la. Saia daí e olhe para mim. ― Sua voz soa rouca e muito perto da minha. E ele
parece mesmo muito irritado. Mas eu também estou! Eu não respondo, mas de
repente Luke bate na parede à esquerda da porta. ― ABRA A PORRA DA
PORTA!
Eu ainda não respondo; lágrimas quentes rolam por meu rosto.
― Tudo bem, Nat, se quer agir como uma criança, ok, não preciso disso. ―
Eu o ouço marchar para fora do quarto e descer as escadas.
Como consegui me enfiar nessa confusão? Como não o reconheci? Seu
cabelo está um pouco mais longo, e já faz uns cinco anos desde que seu último
filme foi lançado, então seu corpo está mais forte, ele está um pouco mais velho,
mas como não reconheci seu belo rosto?
De repente, lembro de nossa conversa quando tomamos drinques no pub:
“Se eu vir mais qualquer trailer de algum filme de vampiro eu vou me matar”.
Ah, Deus! Será que podia ser mais humilhante?
Luke estrelou três filmes de vampiro, e não apenas atuou muito bem como
também se tornou uma enorme sensação, que se tornou impossível ir a qualquer
lugar sem ver notícias das estrelas ou merchandising de todos os tipos.
E eu passei as últimas quarenta e oito horas me apaixonando por um homem
que não apenas estava completamente fora do meu alcance como também nem
mesmo jogava o mesmo jogo que eu.
Por que ele não me disse? Por que me deixou lhe contar todos os meus
segredos, mas não me contou nenhum dos dele?
Eu entro na banheira e abro a torneira. Tenho que me recompor para minha
sessão de fotos. Encolho-me. Os clientes de hoje são um casal, e vou ter que tirar
fotos íntimas deles, encorajando-os a se amarem, serem românticos.
Merda.
Tomo um banho rápido, mas deixo a água cair no meu rosto por alguns
segundos a mais. Vou ficar horrível com olhos vermelhos e inchados.
Depois de me secar e vestir, seco meu cabelo e o prendo num coque.
Examino meu rosto. Sim, olhos vermelhos e inchados. Nem me importo em me
maquiar e rezo para que meus olhos se acalmem nos próximos trinta minutos. Só
tenho que sobreviver a essa sessão de fotos e então posso me encolher na cama e
chorar por dias, se eu quiser. Só preciso passar por essas duas horas, sem pensar
em Luke.
Coloco a cabeça para fora do banheiro, mas meu quarto está vazio. Graças a
Deus. A parede perto da porta, onde Luke deu um soco não ficou marcada. Ele
não bateu com tanta força assim. Dou uma olhada pela janela. O carro de Luke
já não está mais na entrada.
Ele foi embora.
Desço. Jules ainda está na cozinha, segurando uma caneca de café na mão,
com lágrimas nos olhos.
― Natalie, me desculpa.
Eu ergo as mãos me rendendo.
― Não é culpa sua. Mas não posso falar sobre isso agora, Jules. Tenho uma
sessão de fotos em alguns minutos.
― Você está péssima, Nat.
― Pare, por favor.
― Você tem que falar com ele.
― Pare! Jules, não posso falar sobre isso. ― Minha voz falha e eu respiro
fundo, esperando que as lágrimas fiquem escondidas.
― Ok, conversaremos depois da sessão, então.
― Você não vai trabalhar? ― pergunto.
― Eu pedi dispensa hoje. Vou ficar aqui com você. ― Ela sorri.
― Eu te amo, Jules. ― Eu me viro para sair, mas um pensamento me ocorre.
― Pode me fazer um favor?
― Claro, o que é, querida?
― Tire tudo da minha cama e coloque os lençóis para lavar? ― Eu não
aguentaria sentir o cheiro dele mais tarde, quando me afundasse em meu
momento de autocomiseração.
― Claro.
Foi a pior sessão de fotos da minha vida. Eu estava dispersa, triste e nervosa.
O casal era ótimo, muito apaixonados, sensuais, e eu sei que as fotos ficarão
ótimas, mas me sinto mal por não ter sido a sessão divertida que eu normalmente
faço, então vou lhes reembolsar inteiramente. É o mínimo que posso fazer.
Troco minha roupa para um short cáqui e uma regata azul, agradecendo a
Deus pela minha melhor amiga ao ver que minha roupa de cama tinha sido
trocada por uma lavada e passada. Meus músculos passaram a manhã inteira me
lembrando das atividades noturnas, e a cada instante, meu coração se partia um
pouco mais.
No andar de baixo, eu pego meu iPhone para checar as mensagens e retornar
ligações, sirvo-me de um copo de chá gelado da geladeira e me junto a Jules no
quintal.
― Como foi? ― ela pergunta.
― Péssimo ― eu respondo dando de ombros e mergulho numa chaise de
veludo vermelha.
― Eu lamento.
― Vou devolver o dinheiro para eles, mas acho que eles ficarão felizes com
as fotos. ― Ligo meu telefone e respiro fundo.
― Tem certeza que quer checar as mensagens? ― Jules pergunta, deitada na
chaise ao meu lado. Seus olhos estão fechados e ela está pegando sol.
― Tenho que ver se algum cliente ligou. Vou ignorá-lo. ― Me recuso a dizer
o nome dele em voz alta.
Tenho sete chamadas perdidas, cinco mensagens de voz e três SMS me
esperando.
Não há nada de Luke me esperando, e eu não consigo não me sentir
desapontada. Ele disse que não precisava disso, então significa que está tudo
terminado, certo? Pelo jeito, parece que sim. Luke Williams pode ter a mulher
que quiser, por que iria querer a mim?
Desligo o telefone, jogo-o na mesa, do lado da minha bebida, e encolho
meus joelhos, até que encostem em meu queixo, descanso minha testa neles e
deixo que as lágrimas caiam com força total.
― Ah, querida, não chore. ― Jules passa para minha chaise e passa seus
braços em volta de mim.
― Eu me sinto tão idiota ― murmuro contra seu ombro.
― Você não sabia mesmo quem ele era?
― Não. Ele está um pouco diferente ― respondo na defensiva.
― Sim, está mesmo. Envelheceu bem. ― Há um sorriso em sua voz, e eu
não posso não deixar de concordar.
― É verdade ― suspiro. ― Mas é claro que agora eu percebo isso. Deveria
ter entendido quando ele me assaltou na praia.
― Talvez você só esteja surpresa.
― Talvez, mas que desculpa eu tenho? Passei dois dias bem intensos ao lado
desse homem, Jules.
― Ei, para de se martirizar. Você se divertiu com um homem doce e sexy
por dois dias. Não é nenhum crime.
― Contei muitas coisas para ele. Falei sobre minha mãe, meu pai, o estupro,
tudo. Até mostrei meu estúdio para ele.
Jules olhou para mim com olhos arregalados.
― Você até fez sexo na sua própria cama.
― Não me lembre disso.
― Como ele reagiu a tudo isso?
Eu me sento e tomo um gole do chá.
― Pareceu triste por mim, por mamãe e papai terem falecido. O estupro o
enfureceu e ele disse que queria matar o filho da mãe. Ele realmente curtiu o
estúdio e disse que era sexy e que eu sou talentosa.
― Bem, tudo isso parece bastante encorajador.
― E a noite passada foi... ― Como eu posso descrever? ― Fantástica e
maravilhosa. Ele ama minhas curvas e quando me toca... uau! ― Não consigo
parar de sorrir e Jules sorri de volta.
― Você transou com Luke Williams! ― E é aí que meu sorriso desaparece.
― Me desculpa, mas me dê cinco minutos para desabafar. Ele é tão sexy nu na
vida real quanto é nos filmes?
― Ele apareceu nu no filme? ― eu chio.
― De costas, sim. Minha parte favorita.
Ah, eu definitivamente não gosto de saber que a América inteira viu a bunda
de Luke.
― Acho que a bunda dele é mais bonita pessoalmente ― respondo.
― Ah, você está me matando! ― Parece que Jules tem quinze anos, e eu rio
disso. ― Você sabe, ele não fez nenhum filme novo desde o último Nightwalker,
há cinco anos.
― Por quê?
― Não sei. ― Jules dá de ombros e volta para sua chaise, tomando um gole
do meu chá. ― Dizem que uma fã maluca invadiu a casa dele e acabou se
machucando.
Eu engasgo.
― E ele, se machucou?
― Não, acho que não. Acho que ele não estava em casa. Mas quem sabe o
quanto as notícias desses tabloides são verdadeiras? Soube que ele saiu de L.A. e
parou de atuar. Não fazia ideia que ele tinha se mudado para cá.
― Ele é daqui ― digo a ela. ― A família dele vive aqui.
― Ah, legal. ― Jules olha para mim especulativa. ― Tem certeza que vai
terminar com ele, Nat? Você deveria ter visto como ele saiu daqui esta manhã.
― O que ele fez?
― Bem, ele estava com uma expressão bem deprimida, mas você também
estava. Ele começou a avançar, e tentei pará-lo antes que corresse atrás de você,
porque eu sabia que não era a forma certa de amenizar as coisas.
― Não, eu não queria vê-lo.
― Ele estava um caos. Está louco por você. Acho que você deveria tentar
conhecê-lo melhor, saber quem ele é de verdade, e lhe dar uma chance. ― Eu
franzo o cenho. ― Aliás, eu nunca vi você agir dessa forma em relação a um
homem. Não desista ainda.
― Ele mentiu pra mim, e você sabe como me sinto com mentiras.
― Ah, Natalie, pense. Já parou para pensar que talvez tenha sido legal ficar
com alguém que não queria nada dele? Alguém que não o reconhecia, que não
gritava e que não perguntava coisas estúpidas? Ele estava sendo só um cara
normal saindo com uma garota normal. Eu não arruinaria isso também.
Penso bem no que Jules está dizendo e, sim, faz todo sentido.
― Mas ele poderia ter me dito, ao menos ontem. ― Estou um pouco mal
humorada, mas não me importo.
― Você está certa. Mas deixe que ele se desculpe. Talvez você ganhe alguns
bons presentes. Joias? Vinho? Flores? ― Ela ri, e eu mostro minha língua para
ela.
― Hoje não.
― Não faça joguinhos com ele, Nat.
Faço uma carranca.
― Não estou jogando nada. Ele me magoou. Só quero ficar com minha
melhor amiga e fazer coisas de meninas hoje. Além do mais, quando ele saiu do
meu quarto, ele disse que não precisava disso, então, estou presumindo que não
está mais interessado.
― Ah, ele está interessado. ― Ela afasta o pensamento com um gesto de
mão. ― Quer ir fazer compras? ― ela pergunta, cheia de esperança.
― Não. Ironicamente eu quero ir ao cinema. Mas não quero ver nada que
tenha Luke Williams.
― Tudo bem, não tem nada estrelado por ele passando mesmo... Acho que
merecemos manteiga extra na pipoca.
― E nada de refrigerante diet. E só porque você o reconheceu antes de mim,
você paga.
Jules faz um biquinho enquanto juntamos nossas coisas e entramos no carro,
com destino ao cinema onde poderei me perder na história de outra pessoa por
algumas horas e passar algum tempo com a pessoa em quem eu mais confio no
mundo.
Já é tarde quando eu e Jules chegamos em casa. O filme de ação que
assistimos ― com ninguém menos que Vin Diesel ― era exatamente o que eu
precisava para escapar da realidade por algumas horas. E eu acabei cedendo e
indo fazer compras com Jules depois. Como eu, Natalie Conner, poderia dizer
não para sapatos novos? São meu vício.
― Aquele Louboutin vermelho que você encontrou é demais! ― Jules e eu
estamos tirando as sacolas do porta-malas do meu Lexus.
― Eu sei. Me apaixonei por ele. Não sei quando vou poder usá-lo, mas não
consegui resistir. ― Pego a sacola dos sapatos e me encaminho para a porta da
frente.
Paramos abruptamente quando vemos o que está nos esperando na entrada.
Dúzias de buquês de rosas, em diferentes modelos, tamanhos e cores, todas
cobrindo a varanda, os degraus da frente, toda superfície possível. O cheiro é
maravilhoso. Deve haver cinquenta dúzias de rosas aqui, no mínimo.
― Ah, Natalie! ― Os olhos de Julie se arregalam e seu rosto fica todo
emocionado.
Não consigo evitar ficar um pouco emocionada também.
― Uau! ― É tudo o que consigo dizer, além de me sentir aliviada. Talvez
ainda não tivesse terminado? Caminhamos até os degraus, tomando cuidado para
não amassar nenhuma flor, e vejo um envelope grudado à porta, com meu nome
escrito nele.
― Aqui! ― Jules o descola e o entrega para mim. Está escuro demais para
enxergar direito, então entramos em casa e largamos nossas sacolas. Jules
começa a pegar os buquês.
― Onde devo colocá-los?
― Hummm, eu não sei. Espalhe-os pela casa. ― O sorriso dela é enorme.
― Ele é um pouco louco, hein, garota?
― Sim, ele é. ― Sinto meu próprio sorriso se alargar e olho para o envelope,
abrindo-o cuidadosamente.
Ah, sim, ele é um sedutor. Coloco o bilhete em meu bolso e ajudo Jules a
colocar todas as flores para dentro, espalhando-as pela casa. Parece que haverá
um funeral ou um casamento no meio da minha sala de estar, mas isso me faz
sorrir.
― Viu? ― Jules sorri. ― Eu disse que ele é louco por você.
― Ou só é louco mesmo.
― Acho que você deveria ligar e agradecer a ele.
― Sim, mamãe. ― Reviro os olhos. Trancamos a porta assim que o último
buque é trazido para dentro e eu olho ao meu redor. ― Pode levar algumas para
o seu quarto.
― Você nem precisa falar duas vezes. ― Jules pega um buquê com cada
braço e vai para o segundo andar com suas compras.
Pego meu telefone, que ficou desligado o dia inteiro, meus sapatos novos e
um lindo buquê de rosas vermelhas, com pérolas grudadas em suas pétalas, e
vou para meu quarto. Tiro minhas sandálias, coloco o vaso no criado mudo e os
sapatos novos em sua casa nova, no meu closet. Voltando às flores, não consigo
resistir, dou uma boa olhada nelas e afundo o meu nariz numa das pétalas,
sentindo o delicado cheiro do florescer. Encontro outro bilhete, preso nos caules,
e o puxo, sentando na cama para lê-lo.
Ah, meu Deus! É assim que as pessoas se sentem quando são cortejadas? Eu
não saberia diferenciar, mas gosto disso. E começo a pensar que ele me cortejou
desde o início: o delicioso jantar em sua casa, os momentos que passamos em
seu deck, observando o pôr do sol, nosso picnic de ontem. Ele estava certo
quando disse que fez amor comigo na noite passada. Sexo nunca foi tão íntimo
para mim.
Mas ele mentiu, mesmo que tenha sido por omissão, e isso estraga tudo para
mim.
Decido lhe dar uma chance de se explicar. Vou até sua casa amanhã e vou
ouvir o que tem para me dizer. Já sinto falta dele, de seu toque, de seu sorriso, de
sua risada, da textura de seus cabelos loiros e macios em meus dedos.
Desesperadoramente quero que algo de bom aconteça com esse homem, e é isso
que me assusta, até mais do que seu status de celebridade e o fato de que ele
poderia namorar qualquer mulher magra e glamourosa do planeta.
Se levarmos as coisas muito adiante, ele pode me magoar.
Mas o pensamento de não vê-lo nunca mais faz meu peito doer.
Pego meu telefone e o bilhete que estava na porta da frente, do meu bolso.
Ligo o telefone e impacientemente espero que ele acenda.
Três chamadas perdidas, duas mensagens de voz e duas de texto. Nada do
Luke.
Mas as mensagens de voz são de clientes, então, eu as salvo e lembro a mim
mesma de ligar amanhã para eles e para os outros quatro que ligaram de manhã.
Eu busco o telefone de Luke na agenda e aperto “ligar”.
Ele atende ao primeiro toque.
― Oi ― ele diz, suavemente.
― Oi ― eu murmuro, com meus olhos fechando ao som de sua voz. ―
Obrigada pelas lindas flores.
― Gostou delas? ― Eu o ouço sorrir.
― São maravilhosas. E exageradas. ― Não consigo não rir.
― É que eu pensei muito em você hoje.
― Parece que sim.
― Natalie, me desculpe...
― Não, Luke. ― Eu o interrompo; a agonia em sua voz me arruína. ―
Também peço desculpas. Acho que exagerei um pouco.
― Não, eu entendo. Eu deveria ter te contado ontem.
― Sim, deveria. ― Eu suspiro. ― Não quero falar sobre isso pelo telefone.
Você vai estar ocupado amanhã de manhã?
― Você quer me ver amanhã? ― Ouço a excitação em sua voz e me derreto
ainda mais.
― Bem, estava pensando que poderia ir à sua casa para conversarmos.
― Sim. Venha agora.
Eu rio e me viro de lado na cama, sentindo meu estômago começar a se
acalmar pela primeira vez desde de manhã.
― Estou cansada e não acho que estou pronta para uma conversa longa hoje
à noite.
― O que você fez hoje? ― ele pergunta.
― Jules e eu fomos fazer compras. ― Devo lhe dizer sobre o filme?
― O que você comprou? ― Deus, adoro a voz sexy dele!
― Sapatos.
― Você gosta de sapatos?
― Sou uma mulher. Sou desesperadamente e irrevogavelmente, apaixonada
por sapatos.
― E como são seus sapatos novos?
― São stilettos vermelhos, Louboutins. ― Sorrio pensando nos meus
sapatos novos e sexy.
Ele assobia.
― Uau!
― Sim, eles são uau. ― Rio.
De repente ele fica quieto e penso que a ligação caiu.
― Luke?
― Sim, me desculpa, estava imaginando você usando nada mais que esses
sapatos e pérolas.
― Uau ― eu murmuro.
― Sim, seria uau. ― Sua voz fica baixa, eu o ouço sorrir e desejo tocá-lo. ―
O que mais você fez hoje? ― ele pergunta, interrompendo meus pensamentos.
― Bem, ironicamente, eu fui ao cinema.
Eu o ouço engasgar.
― Pensei que não costumasse ir ao cinema.
― E não costumo, mas tive uma manhã difícil e queria esquecer de tudo por
um tempo, então, tivemos uma overdose de pipoca, refrigerante e do peito nu do
Vin Diesel.
― E foi bom?
― O peito nu do Vin Diesel é sempre bom ― respondo com altivez.
― Está me magoando, Natalie.
― O peito nu do Luke é melhor ― sussurro.
― Assim está melhor ― ele sussurra de volta.
― Gosto quando você sussurra.
― Gosta? Por quê?
― É sexy.
― Sério?
― Muito sexy. ― Ah, eu adoro essa paquera que fazemos.
― Vou me lembrar disso.
De repente eu gostaria de ter aceitado a proposta para ir para a casa dele
agora, mas antes que eu me faça de tola e comece a implorar, termino a ligação.
― Nove horas, amanhã? ― pergunto.
― Vou estar com o café da manhã pronto ― ele murmura.
― Boa noite.
― Boa noite, linda.
― Nenhum dos dois questionou quando eu disse que queria tirar fotos como
profissão. Eles só me amavam. Só queriam que eu fosse feliz. O emprego do
meu pai era duro e exigia muito dele, e ele podia ser um filho da puta em um
tribunal. Eu já o assisti em julgamento uma vez e nem sequer o reconheci. Quase
me assustou. Mas quando estava em casa era tão gentil! Era um homem grande,
alto, com mãos grandes. E sempre cheirava a amaciante de roupas e café. E
mesmo quando eu já era crescida, ele nunca deixou de me colocar em seu colo e
me abraçar.
Luke engoliu em seco.
― O que foi? ― pergunto.
― Você não tem mais ninguém para cuidar de você.
― Tenho cuidado de mim mesma há muito tempo, querido. Mesmo quando
meus pais ainda estavam aqui.
Ele fecha seus olhos brevemente e enrijece o maxilar, como se estivesse
chateado ou frustrado. O que eu disse de errado?
Luke se inclina e toca meus lábios com os dele, deslizando-me para debaixo
dele e, gentilmente, delicadamente, faz amor comigo.
Acordo sozinha no sofá. Um lençol fino me cobre, e ainda estou nua depois
de fazer amor com Luke. Minha pele está sensível e quente por sob o lençol.
Sinto que poderia me encolher ali e dormir a noite inteira.
Uau! Nunca fiz um sexo tão gentil, doce e apaixonado antes e, preciso
admitir, tenho muito a dizer sobre isso.
Sento e me espreguiço, olhando ao redor da sala de estar. Já está escuro lá
fora, o que me surpreende. Por quanto tempo eu dormi? Aromas celestiais estão
vindo da cozinha, mas Luke não está nela. Eu me levanto, enrolo o lençol no
meu corpo e vou procurá-lo.
Enquanto marcho até a cozinha, consigo ouvir Luke falando e olho para o
deck. Está sentado no sofá de dois lugares, falando no telefone. Viro-me para
subir para o segundo andar e tomar um banho para lhe dar um pouco de
privacidade, mas escuto meu nome e não posso evitar parar para ouvir o que ele
está dizendo.
― Você vai gostar dela.
Será alguém da família?
― Não, Samantha, não é assim. Ela é diferente. Não a levaria para que
conhecesse mamãe e papai se esse fosse o caso. Olha, eu só quero te avisar que
vou levá-la amanhã. Já falei com mamãe, e ela está empolgada para conhecê-la.
Não banque a irmã mais velha superprotetora amanhã. Por favor.
Não consigo evitar um sorriso.
― Estou falando sério, Sam. Também te amo. Te vejo amanhã.
Ele finaliza a ligação e passa a mão no cabelo, levantando-se para entrar na
casa, e me vê logo na entrada. Sorrio para ele, dando uma boa olhada em sua
beleza desarrumada, vestindo um jeans gasto e uma camiseta branca.
― Irmã superprotetora, hein?
― Você não faz nem ideia.
― Eu me garanto, Sr. Williams. ― Ele se junta a mim dentro da casa, e abro
o lençol para que ele possa envolver seus braços em minha cintura. Então, eu nos
envolvo, passando o lençol por suas costas.
― Eu sei, mas ela pode ser um pouco dura. Eu e Sam sempre fomos
particularmente próximos porque temos menos de dois anos de diferença de
idade. Ela acha que precisa me proteger, por isso, não fique surpresa se ela não
for legal com você amanhã.
― Ela nunca gostou das suas namoradas anteriores?
― Ela nunca conheceu nenhuma delas.
― O que quer dizer com isso?
― Nunca apresentei ninguém à minha família.
― Por que eu?
Ele se inclina e me beija daquela forma gentil só dele, me fazendo suspirar.
― Porque você não sabia quem eu era. E porque penetrou fundo em mim.
Acho que nunca vou me enjoar de você.
― Gostaria de te conhecer melhor ― sussurro, intencionalmente mudando
de assunto.
― Eu também, amor.
― Você me conhece melhor do que ninguém.
― Ainda tem muita coisa para aprender. ― Ele tira fios de cabelo do meu
rosto, e eu seguro seu punho para poder beijar a palma da sua mão.
― Por quanto tempo eu dormi?
― Uma hora mais ou menos.
― Está cheirando bem aqui. ― Ele sorri para mim.
― Fritada está bom para o jantar?
― Hummm... parece ótimo. Tenho tempo para um banho antes?
― Claro, amor. Vá tomar banho que vou terminar de preparar o jantar. ―
Ele sai do lençol, me deixando sozinha nele.
― Vou me acostumar a ser mimada assim ― brinco.
Eu me viro, encaminhando-me para as escadas quando o ouço sussurrar.
― Estou contando com isso.
O caminho até a casa dos pais de Luke é relativamente curto. Está uma tarde
chuvosa de domingo, então estamos na Mercedes SUV de Luke. Quantos carros
ele tem? Olho para minha esquerda e respiro bem fundo, tentando lidar com
meus nervos. Meu estômago já deu um nó.
Estou apavorada por conhecer seus pais.
Este final de semana tem sido maravilhoso. Depois de jantar na noite
passada, deitamos de conchinha no sofá e assistimos comédias antigas dos anos
oitenta e rimos a noite inteira. Então, ele me levou para cama e fez amor comigo
docemente, da mesma forma como fizemos no sofá.
Uau, ele sabe ser tão carinhoso. Impossível não lembrar de quando ele deu
um tapa na minha bunda na primeira vez em que fizemos amor, e me pergunto
quando fará de novo.
Variedade é o que apimenta a vida, afinal. Talvez a gente possa brincar
quando voltarmos para a sua casa mais tarde.
Ele está tão lindo usando sua camiseta preta e outra calça jeans desbotada.
Suas mãos fortes estão no volante, e eu chego a ter calafrios só de pensar em
senti-las em mim.
― Está com frio? ― Ele coloca a mão nos controles do ar condicionado do
carro, mas o impeço.
― Não, não estou com frio.
Ele olha para mim, em seguida ergue uma sobrancelha.
― Amo suas mãos ― digo enquanto entrelaço meus dedos nos dele. Ele os
ergue até os lábios e beija meu punho.
― São apenas mãos. ― Sorri maliciosamente, e meu estômago se aperta.
― Elas fazem loucuras comigo ― sussurro.
― Comporte-se ou vou parar o carro e foder você aqui. ― Engasgo com
suas palavras. Aqui está uma atitude completamente diferente da noite passada.
E, francamente, dá um tesão enorme. O desejo encharca a minha calcinha, e eu
sorrio enquanto decido brincar um pouco com ele.
― Não faça promessas que não pode cumprir.
― Ah, querida, esta é uma promessa que eu definitivamente posso cumprir.
Agarro um fiapo imaginário do meu vestido vermelho de verão. Por cima
dele estou usando uma jaqueta jeans leve, por causa do tempo e peep toes
marrons.
― Prove.
Ele inclina a cabeça na minha direção e estreita seus olhos.
― O quê?
― Você me ouviu ― sussurro e ergo a bainha do meu vestido até o topo das
minhas coxas, penetrando meus dedos dentro da minha carne já sensível.
― Você quer foder dentro do carro no caminho da casa dos meus pais? ―
Sua voz é incrédula, mas seus olhos estão em chamas e sua respiração ofegante.
― Sim, por favor.
Ele pega a primeira saída da estrada e estaciona bem atrás de uma galeria. É
um local fortemente lineado por árvores e não há trânsito de carros atrás do
prédio alto. Ele estaciona e desliga o carro, puxando-me por cima do console
para seu colo; uma mão mergulha dentro do meu cabelo enquanto a outra se
posiciona em concha no meu traseiro.
― Você é tão gostosa. Quero você o tempo todo.
― Quero você também.
Estou ofegando e cheia de desejo, quero-o agora.
― Monte em mim, amor. ― Luke inclina o banco para trás com o botão
automático, e eu me encosto no volante enquanto ele abre as calças, liberando
sua ereção. Ele agarra minha bunda com ambas as mãos, afasta minha calcinha
fio dental para o lado e me abaixa sobre ele.
― Puta merda! Isso, Luke!
― Ahhhh! ― Eu me movo para cima e para baixo violentamente no
pequeno espaço do carro. Suas mãos continuam em minha bunda, guiando-me,
nossos olhos presos e bocas abertas, buscando ar.
― Porra, eu vou gozar.
― Sim, amor, goze para mim. ― Cavalgo sobre ele mais uma vez, mais
duas, e então explodo, ordenhando seu pênis com meus músculos e o sinto se
desfazer sobre mim, esvaziando-se.
Inclino-me para frente, descansando minha testa contra a dele, enquanto
nossas respirações se acalmam.
― Puta merda, Nat, isso foi um pouco inesperado. ― Saio de cima dele e
volto para meu banco, ajeitando meu vestido.
― Te ver dirigir me excita.
― Bem, acho que vamos viajar bastante, amor. ― Eu rio e percebo que isso
acabou ajudando a acalmar meus nervos.
Luke fecha a calça, ajeita o banco e dá a partida no carro.
Estamos todos sentados à mesa do lado de fora da cozinha. Neil está em uma
extremidade, e Lucy na outra. Estou sentada à direita de Neil, com Luke ao meu
lado e Samantha e Mark estão do outro lado.
Os homens prepararam bifes de costela, batatas coradas e aspargos assados
com alho e bacon. Luke reabastece minha taça de vinho enquanto serve os pratos
e os passa ao redor da mesa.
― Então, Natalie... ― Neil me passa uma cesta cheia de pãezinhos. ― Você
é daqui de perto mesmo?
― Sim, cresci em Bellevue.
― Ah! Não é longe daqui. Será que conheço seus pais?
O garfo de Luke para no meio do caminho entre o prato e a boca por causa
da pergunta de seu pai.
― Pai...
― Não, tudo bem ― murmuro suavemente e sorrio para o pai de Luke. ―
Meus pais morreram alguns anos atrás, mas talvez você os tenham conhecido.
Jack e Leslie Conner.
As sobrancelhas de Neil se erguem.
― O advogado Jack Conner?
― Sim, senhor. ― Pego um bife.
― Ele fez um trabalho conosco, na Microsoft, uma vez.
Ergo meus olhos e reparo na leve carranca de Samantha, antes que ela
suavize seu rosto em uma perfeita expressão neutra, depois, bebe quase metade
da taça de vinho com apenas um gole. Ela enche a taça novamente e bebe um
pouco mais.
― Lamento saber sobre seus pais, Natalie ― Lucy diz suavemente. ―
Soube de sua morte no noticiário na época.
― Obrigada. ― Quero desesperadamente mudar de assunto, então Mark
vem ao meu resgate.
― Como vocês dois se conheceram?
Sorrio presunçosamente para Luke e eu mesma respondo. ― Luke tentou me
assaltar uma manhã.
Todos os olhos vão parar em Luke e não posso segurar uma gargalhada. As
faces de Luke enrubescem enquanto olha para mim.
― Você deve saber que meu irmão não precisa assaltar ninguém. ― A voz
de Samantha é fria e desdenhosa, e ela claramente não me acha engraçada.
― Ela está brincando, Sam. ― Luke pega minha mão por debaixo da mesa,
e eu volto a comer com a mão esquerda, feliz por estar com a direita entrelaçada
a dele.
― Eu estava tirando fotos da praia, e ele, erroneamente, achou que eu estava
tirando fotos dele, então, se aproximou de mim. Bem irritado, aliás.
Lucy olha para seu filho como se soubesse exatamente como ele era, depois
olha de novo para mim.
― E como você reagiu, Natalie?
― Fiquei irritada também. Pensei que ele estava roubando minha câmera.
― Você realmente achou que Luke Williams estava tentando te assaltar? ―
A voz de Samanta soa incrédula.
― Eu não sabia quem ele era. ― Dou de ombros e tomo um gole do vinho.
― Sei... ― ela duvida.
― Samantha... ― O tom de aviso de Luke soa despercebido por sua irmã
levemente embriagada.
― De qualquer forma ― continuo ―, acabamos nos esbarrando um pouco
mais tarde no mesmo dia, quando ele estava procurando um presente para o seu
aniversário.
― O que estou reconsiderando, por causa de seu comportamento ― Luke
acrescenta.
― Então você está querendo me dizer que não sabe a profissão do meu
irmão? ― Seu rosto torna-se hostil.
― Samantha, o que há de errado com você? ― O rosto de Lucy está
vermelho, e ela está visivelmente envergonhada com a performance da filha.
― Claro que agora eu sei qual é a profissão de Luke, Samantha ― respondo
antes que ela possa falar. ― Mas não o reconheci, num primeiro momento.
― Então você não está trepando com o meu irmão por ele ser um homem
rico e uma estrela de cinema?
Puta merda.
― Samantha!
― Mas que merda!
― Ah, meu Deus!
A família Williams inteira começa a gritar com a irmã de Luke em uníssono,
mas ela permanece firme, com os olhos faiscando na minha direção. De forma
fantástica, eu respiro fundo e encontro um estado zen que é completamente novo
para mim.
Agarro a coxa de Luke quando ele levanta da cadeira cheio de fúria.
― Samantha, mas o que deu em você?
― Luke, pare.
― Não, Nat, eu não vou deixar que falem com você assim, muito menos
alguém da minha família.
― Ei! ― Eu aperto sua coxa outra vez e sinto os olhos de todos em mim
quando olho para ele.
Viro-me novamente em direção à sua irmã e sei que meus olhos traem minha
calma aparente. Estou muito puta da vida.
― Primeiro de tudo, e eu digo isso sem desrespeitar sua família, Luke, como
você ousa falar algo assim do seu irmão?
Samantha engasga, e eu continuo:
― Você não está só insinuando que eu sou uma prostituta, mas também está
presumindo que seu irmão tem a inteligência de merda, por estar com uma
mulher que quer tirar vantagem dele por ser uma celebridade ou por causa de seu
dinheiro. Está insinuando que ele aceitaria isso. Não quero e nem preciso do
dinheiro de Luke. Não que isso seja da sua conta, mas vivo muito bem, obrigada.
Nunca vi os filmes dele, mas não duvido que seja muito talentoso. O que sei é
que ele é bastante inteligente, é honestamente o homem mais gentil que já
conheci e é bonito por dentro e por fora. Não vou tolerar que ninguém fale assim
dele, Srta. Williams.
Afasto minha cadeira da mesa e me levanto.
― Natalie... ― Luke agarra minha mão, e eu a aperto tranquilizando-o.
― Tem algum banheiro onde eu possa me recompor? ― pergunto a Lucy.
― É claro, querida, no final do corredor à esquerda.
Olho para Luke, pedindo silenciosamente que ele tenha calma, depois
inclino-me para beijar seus lábios.
― Já volto.
Enquanto caminho pelo corredor, tentando parecer mais calma do que
realmente estou, escuto a mesa inteira irromper em raiva pela irmã de Luke.
Talvez eu devesse ter mantido minha boca enorme calada, mas ela me
deixou tão irritada! Não sei qual é o seu problema comigo, mas está sendo
completamente hostil a noite inteira. E o último comentário me levou ao limite.
Tenho certeza de que seus pais agora me odeiam por punir verbalmente sua
filha à mesa. Apesar disso, eles pareciam estar mais chocados do que qualquer
coisa enquanto estava acontecendo, e Mark abriu um enorme sorriso enquanto eu
caminhava para longe da mesa.
Ai, como vou voltar para lá e encará-los?
Respiro profundamente cinco vezes. Os tremores começam a parar, e não sei
por quanto tempo fiquei trancada no banheiro. Abro a porta e começo a jornada
de volta à mesa.
Antes que possa virar na curva, ouço a voz suave de Lucy.
― Querido, ela obviamente ama você.
― Mãe... ― Luke começa a falar, mas Lucy o interrompe.
― Eu sei, não é da minha conta, mas está muito claro o que ela sente por
você, querido. Por que mais ela o defenderia daquela forma?
― Ela é um achado. ― Acho que esta é a voz de Mark.
Decido parar de espionar e volto à sala, reparando que Samantha não está
mais à mesa.
Luke se levanta e rapidamente vem na minha direção, envolvendo-me em
seus braços fortes.
― Você está bem?
― Estou. ― Me afasto e sorrio para ele, então me viro para sua família. ―
Sinto muito pela forma como falei com sua filha...
Neil ergue uma mão para interromper meu discurso.
― Não, Natalie, nós é que estamos envergonhados com o comportamento
dela. Por favor, termine seu jantar. Samantha não vai mais se juntar a nós.
Olho nos olhos de Luke, e ele parece nervoso e inseguro, enquanto seus
olhos procuram os meus.
― Ok.
― Você tem certeza que está bem? ― ele murmura.
― Sim, vamos terminar de jantar. ― Sentamos novamente em nossos
lugares e continuamos a comer. ― Está delicioso. ― Sorrio para Neil, e ele sorri
para mim.
― Fico feliz que tenha gostado.
― Adoro um homem que sabe cozinhar. ― Sorrio para Lucy, que retribui, e
nos acalmamos para aproveitar o resto da noite.
Luke está quieto durante o caminho de volta, depois do jantar. Está roendo a
unha do polegar, o que me diz que ele está pensando. Não me tocou desde que
saímos, e não posso evitar de me sentir um pouco apreensiva.
― Você está bem? ― pergunto, interrompendo o silêncio.
Ele olha para mim e franze o cenho.
― Claro.
― Ok. Que bom. ― Coloco minhas mãos no colo e olho para as luzes da
cidade, à distância, através da minha janela. Ao chegarmos à sua casa, o silêncio
está ensurdecedor. Ele abre a porta para mim e me guia até os degraus da frente e
para dentro. Acende a luz enquanto eu caminho até a cozinha e coloco minha
bolsa na bancada.
Olho para ele, mas me surpreendo ao ver que não está na sala. Para onde ele
foi?
Franzo o cenho enquanto uma inquietação começa a surgir dentro do meu
estômago. Ah, meu Deus, eu realmente estraguei tudo. Ele deve estar irritado
comigo pela forma como falei com sua irmã. Onde ele está?
Talvez ele queira que eu vá embora e está me dando espaço para que eu
arrume minhas coisas.
Subo as escadas e vou até seu quarto, me esforçando para não chorar até que
chegue na minha casa. Só vou guardar minhas coisas e desaparecer dali. Depois
eu poderei desmoronar.
Assim que eu cruzo a soleira da porta de seu quarto, meu telefone apita
dentro do meu bolso. Eu o pego e percebo que tenho uma mensagem de texto.
De Luke.
Hein?
Caminho pelo quarto até a entrada do banheiro e paro.
Ele preparou um banho naquela enorme banheira de formato oval e o cheiro
de lavanda está pairando no ar. Há velas iluminando a lateral da banheira. Luke
está parado ali, vestindo apenas seu jeans, com o primeiro botão aberto.
Finalmente recupero minha voz e tudo que consigo dizer é:
― Oi.
― Oi.
― Pensei que estivesse irritado comigo.
― Por quê? ― Ele caminha até a mim e segura meu queixo entre seu
polegar e seu indicador, inclinando minha cabeça para trás para que possa olhar
para ele.
― Porque você ficou muito quieto depois que saímos da casa de seus pais.
― Só estava pensando. ― Seus dedos acariciam meu rosto, e ele
gentilmente beija minha testa.
― Sobre? ― sussurro.
― Vamos entrar na banheira. ― Ah! Quero que ele continue falando.
― Estou muito vestida para um banho.
― Está mesmo, amor. ― Ele tira minha jaqueta pelos ombros e pelos braços
e a coloca em uma cadeira próxima. Tira meu vestido pela cabeça, dobra-o e o
coloca por cima da jaqueta. ― Tire os sapatos.
Obedeço, incapaz de tirar meus olhos dele. Ele me toma em seus braços e se
inclina para beijar meu ombro, enquanto tira meu sutiã, puxando-o por meus
braços. Enquanto dá um passo atrás, engancho minha calcinha nos dedos e a
puxo pelos quadris, deixando-a cair no chão. Coloco-me na frente dele e coro de
prazer pela forma como seus olhos tornam-se vítreos de desejo, enquanto ele faz
com que corram para cima e para baixo de minha nudez.
― Você também está muito vestido ― sussurro, e meu estômago se aperta
quando vejo suas pupilas dilatadas.
― Estou mesmo. ― Ele abre o jeans e tira, tanto a calça quanto a cueca,
com um movimento sutil, deixando-se gloriosamente nu na minha frente.
― Venha. ― Ele me estende a mão, para que possa me ajudar a entrar na
água. Afundo e suspiro quando a água quente me envolve.
― Não vai se juntar a mim?
― Sim. ― Ele também entra e se senta de frente para mim, com suas pernas
uma de cada lado das minhas, enquanto se inclina para o lado oposto.
― Que gostoso. ― E é verdade. A água é bem-vinda depois do difícil
encontro com a irmã dele, e ele está nu, o que torna tudo muito melhor.
― É sim.
― Você está muito monossilábico esta noite, sabia?
Ele sorri quase timidamente.
― Me desculpe. Tem muita coisa na minha cabeça.
― Desabafe.
Ele nega com a cabeça.
― Ah, não. O que está acontecendo nessa sua cabeça bonita, Williams.
― Eu realmente sinto muito pela forma como minha irmã te tratou esta
noite.
Ah.
― Não, eu é que estou arrependida pela forma como reagi, Luke. Me
desculpe se te deixei desconfortável e por falar daquela forma com a sua família.
― Não, não peça desculpas. Ela excedeu o limite. Tinha um mau
pressentimento de que ela iria agir assim, por isso liguei para ela ontem à noite.
― Luke... ― Pego um de seus pés e começo a esfregá-lo. Seus olhos se
arregalam, mas ele logo os fecha e encosta a cabeça na banheira com um
gemido. ― Eu não tenho irmãos, mas consigo entender o que é querer proteger
alguém que se ama. O que eu não entendo é: por que agir com tanta hostilidade?
Não consigo entender.
― Bem, uma coisa que você disse chega bem perto da verdade ― ele
murmura e então abre seus olhos, olhando para toda parte menos para mim.
― O quê?
― A parte sobre eu ser estúpido o suficiente para estar com alguém que sei
que está me usando porque sou rico e famoso.
Engasgo e solto seu pé. Ah, meu Deus, isso é mortificante.
― Não entendo.
Ele pega meu pé direito em suas mãos e esfrega o dedo em minha tatuagem,
franzindo o cenho.
― Meu último relacionamento foi com uma mulher que estava comigo por
essas razões.
― Ah... ― Não quero ouvir isso.
― Sim.
― Quanto tempo faz?
― Terminei há um ano.
― Pensei ter ouvido que nunca tinha apresentado ninguém à sua família. ―
Encosto minha cabeça na banheira. Não consigo olhar para ele quando estou
com ciúmes, nervosa e insegura.
― Não apresentei. Eles nunca a conheceram. Souberam dela,
principalmente, depois do que aconteceu.
Estou olhando para o teto, ouvindo-o, tentando encontrar aquela calma zen
que encontrei na sala de jantar da casa dos pais dele.
― Por quê? ― Minha voz soa mais calma do que verdadeiramente me sinto.
― Porque ela foi até os tabloides e disse que estava grávida, quando decidi
terminar o noivado.
― Mas que merda! ― Minha cabeça dá um estalo e eu olho para ele. ―
Você é pai?
― Não! ― Ele fecha os olhos e balança a cabeça de frustração. ― Ela
vendeu a mentira para os tabloides para se vingar de mim, por ter terminado com
ela.
― Você ia se casar com ela? ― Sinto como se tivesse sido chutada no
estômago.
― Sim. ― Ele está me observando com cautela, com certeza estudando
minha reação a isso tudo.
― E você nunca a apresentou para sua família?
― Ela nunca teve muito interesse em conhecê-los. Todas as vezes que eu
marcava, algo acontecia. ― Ele dá de ombros.
― E você não achava isso estranho?
― Agora acho.
― E por que terminou?
― Porque ela não era a mulher certa para mim.
― Esta é uma resposta meia boca.
― É a verdade. ― Ele dá de ombros e então suspira. ― Acho que finalmente
entendi que se não fosse famoso ou rico, ela não teria me dado sequer uma
chance. Ela não gostou quando eu parei de atuar e esperava que essa coisa de
produzir fosse apenas uma fase, queria que eu começasse a sentir falta de ser o
centro das atenções. Queria ser a esposa de uma celebridade, e eu não estava
interessado nisso.
― Você ainda fala com ela?
― Não.
Inclino minha cabeça para trás novamente e olho para meus dedos
enrugados. A água está começando a esfriar. O tempo voa quando você está
tentando manter uma conversa calma sobre a ex-noiva de seu amante.
― Acho que isso explica muita coisa.
― Nat...
― Espera. ― Ergo minha mão para fazê-lo parar. ― Me dê um minuto.
― Ok. ― Ele franze o cenho e continua a massagear meu pé.
Por que será que me sinto traída outra vez? E então algo me atinge.
― Devo ter parecido muito estúpida para sua família, por não saber sobre
sua ex-noiva.
Abruptamente ele se inclina e me puxa para seu colo, ignorando a água que
respinga no chão, e me prende em seus braços.
― Você foi magnífica esta noite. Não sabia se deveria me sentir orgulhoso
ou menos homem pela forma como me defendeu.
― Você deveria ter me avisado.
― Eu sei.
Corro meus dedos por seus cabelos e suspiro.
― Ainda temos muita coisa para aprender um sobre o outro.
― Chegaremos lá, amor.
― Fiquei irritada demais quando sua irmã falou de você daquela forma.
Ele balança a cabeça e ri pesarosamente.
― Ironicamente ela estava falando de você, amor.
― Eu sei, mas ao fazer isso, ela acabou ofendendo a você também, e não
pude suportar.
― Ninguém nunca me defendeu assim. Você estava tão calma e segura de si
mesma, e também tão puta da vida. Seus olhos verdes estavam em chamas, e
você parecia tão linda. Senti vontade de trepar com você ali mesmo em cima da
mesa.
― Luke Williams! ― Afasto-me para poder olhar para ele, chocada.
― É verdade. Você me deixou excitado.
― Não acho que teria sido apropriado, com seus pais sentados à mesma
mesa.
― Não acho que eu teria me importado, nem mesmo se o Papa e o Elvis
estivessem sentados ali.
Eu rio e me aconchego nele outra vez.
― Ah, amor, o que vou fazer com você?
― O que quiser.
― Venha... ― Ele me levanta da água e me tira da banheira nos braços. Não
consigo me cansar de pensar no quanto ele é forte, movendo-se como seu eu não
pesasse nada.
Ele enrola uma toalha nos quadris e pega outra, macia, branca, felpuda e
quentinha, e a enrola em volta de mim. Ele me puxa para perto e me beija
profundamente, apaixonadamente, antes de se afastar para que possa secar meu
corpo.
Ah, meu Deus.
Ele passa a toalha para cima e para baixo de mim, absorvendo a umidade
extra. Não consigo resistir a me inclinar e beijar seu osso esterno, ouvindo-o
inspirar rapidamente.
Quando estou seca, tiro a toalha de sua cintura e retribuo o favor,
aproveitando a visão intoxicante de seu físico.
― Aí está, completamente seco ― sussurro.
― Obrigado. ― Ele me puxa para ele, com suas mãos em meu cabelo, e me
beija profundamente. Envolvo-o com meus braços passo minhas unhas por suas
costas. ― Meu Deus, amor, você vai me fazer desmoronar aqui no banheiro.
― Que bom. ― Arranho suas costas novamente, e ele rosna contra meu
pescoço. Abruptamente ele me gira e coloca minhas mãos na bancada, de frente
para o espelho sobre a pia. Olho para cima e sou tomada pela sexy visão de Luke
atrás de mim, de pé, uns quinze centímetros mais alto que eu, com seu cabelo
dourado e o corpo bronzeado, inclinando-se para beijar meus ombros nus.
Segura a parte de trás do meu pescoço e massageia, descendo pela minha
espinha, parando um momento na altura da minha tatuagem, observando o
progresso da própria mão. Com isso, sua respiração fica mais forte. Ele puxa
meus quadris para trás, para que eu possa ficar mais inclinada, e eu não consigo
parar de olhar para seu belo e expressivo rosto enquanto ele me toca.
Finalmente ele corre um único dedo pelas minhas costas, até deslizá-lo para
dentro de mim.
― Ah, Luke!
― Amor, você está tão pronta... ― Sinto-o posicionar a cabeça de seu pênis
na minha abertura e devagar - ah, tão devagar - penetra-o em mim. Seus olhos
encontram os meus no espelho enquanto ele introduz mais fundo, até que esteja
completamente enterrado.
― Me bate. ― Porra! Eu disse isso mesmo?
― O quê? ― Ele para, com as mãos em meus quadris, observando-me pelo
espelho.
― Me bate.
― Gosta de sexo selvagem, amor? ― Ele olha para mim com uma expressão
questionadora.
― Não gostava, até te conhecer. ― Seu rosto muda de uma curiosidade para
pura possessão em questão de segundos, e não posso fazer outra coisa a não ser
me fechar em torno dele, apertando-o.
― Porra, Natalie! ― Ele ergue a mão direita e a abaixa até minha bunda.
― Sim! ― Remexo-me, e ele começa a se mover para dentro e para fora de
mim, segurando meus quadris. Estou acompanhando-o até encontrarmos um
ritmo. Finalmente ele ergue a mão e bate na minha bunda. É delicioso!
― Mais uma vez? ― ele pergunta ofegante.
― Sim.
Ele obedece, e eu sinto a tensão crescer bem abaixo da minha barriga.
Minhas pernas amolecem, e me aperto ao redor dele, sentindo o orgasmo me
dilacerar.
― Ah, amor, sim... ― Observo fascinada quando Luke fecha os olhos e
agarra meus quadris com força, com seu próprio orgasmo pressionando-o
enquanto se esvazia dentro de mim.
Ele desliza aquela linda mão pelas minhas costas outra vez, com a respiração
ainda incerta, e sorri para mim pelo espelho.
― Não fazia ideia que você gostava de sexo selvagem.
― É um novo gosto que adquiri.
Ele sai de dentro de mim e se inclina para beijar minha tatuagem da coxa,
logo abaixo do meu bumbum, e eu ofego.
― Acho que esta é a tatuagem mais sexy que você tem.
― Acha?
― Hum hum... ― Ele está traçando-a com os dedos, e um calafrio sobe
pelas minhas costas.
― Por quê?
― Bem, ela me parece sensual demais.
― Que bom que gosta. ― Sorrio para ele, ainda olhando-o através do
espelho.
― Adoro todas elas ― ele diz seriamente, e não consigo não me apaixonar
por seu rosto sincero.
― Quero te fazer feliz, Nat.
― Oh... ― Eu me viro por causa daquelas palavras, e ele fica ereto,
passando os braços ao redor dos meus ombros e me puxando para um enorme
abraço. ― Não sei o que fazer com todos os sentimentos que tenho por você ―
sussurro contra seu peito.
― Vamos viver um dia de cada vez, amor. ― Ele se afasta e me beija
ternamente.
― Ok, acho que posso fazer isso.
― Que bom, vamos dormir. ― Ele me ergue em seus braços e caminha em
direção à cama.
― Você sabe que posso andar, não sabe? ― Eu rio e encosto meu rosto em
seu pescoço.
― Não precisa, estou aqui.
― Adoro o quão forte você é.
― Gosta?
― Sim. Falando nisso, tenho que acordar cedo amanhã para a ioga, depois
tenho uma sessão de fotos às onze.
― Ok. Quer que eu te pegue para almoçarmos? ― Ele puxa o edredom e me
coloca na cama, subindo nela logo depois de mim e puxando-me para seus
braços.
― Não está enjoado de mim?
― Você está enjoada de mim? ― Ele me vira para que possa olhar em seus
olhos.
― Não, não estou.
― Então eu quero almoçar com você amanhã. Por favor.
― Ok. ― Eu murmuro e me aninho em seus braços para dormir.
Tem alguns dias que o trabalho simplesmente flui. Este, graças a Deus, é um
deles.
Foi difícil deixar a cama de Luke esta manhã, mas estou feliz por ter ido à
ioga para fazer meu sangue bombear. Tomei um café da manhã relaxante com
Jules, onde a coloquei a par dos eventos do final de semana, e nem fiquei irritada
quando o meu cliente de onze horas chegou atrasado.
Brad é um rapaz atraente de vinte e um anos com um grande potencial para
ser modelo. Tem o corpo e o rosto perfeitos, e me contratou para que eu o
ajudasse com seu portfólio. Normalmente eu trabalho com mulheres ou casais,
mas Brad é profissional e realmente quer estrear no show-biz, por isso, não pude
me negar a ajudá-lo.
Sem mencionar que ele é alto, negro e extremamente lindo. Nada mal para
passar algumas horas do dia.
Estamos nos divertindo muito esta manhã. Brad deve ter um metro e noventa
de altura e é completamente sarado. Não como Luke, mas eu preciso afastá-lo
para um canto da minha cabeça para poder focar no trabalho. Onde Luke é puro
ouro e bronze, Brad é ébano; com cabelos escuros e olhos como uma sombra em
seu rosto esculpido.
Ele está nu, a não ser por uma cueca que mal cobre o essencial, e está
enrolado em um tecido de cetim branco da cintura para baixo.
― Você é boa nisso, Natalie. Nem parece que estou trabalhando.
― Obrigada. ― Ergo a câmera até meus olhos e começo a clicar. ― Sessões
assim precisam ser divertidas.
― Você está solteira? ― ele pergunta e sorri de forma sexy para a câmera.
― Hum, não. ― Franzo o cenho para ele. ― Sem paquera, Brad.
― Desculpa, não consegui resistir. Estou na cama, quase nu, e uma mulher
linda está tirando fotos minhas.
Rio e troco o cartão de memória. Puxa, está quente aqui! Tiro meu casaco de
moletom com capuz, deixando apenas uma blusa leve preta por cima do meu
sutiã casual. Coloquei calças de ioga, mas vou até o banheiro e as troco por um
short também de ioga. Prendo meu cabelo em um coque e tiro os sapatos.
― Ok, Brad, volte para cama.
― Como posso resistir a isso? ― Ele é um paquerador! Então, volta para
cama e abaixa o tecido até os quadris.
― Ok, deite de costas e coloque um braço acima da cabeça. Bom, não se
mova. ― Eu subo na cama e abro seus quadris com os pés, ficando de pé de
frente para ele. ― Vai ficar ótima essa foto. ― Me afasto, contente com as fotos
que estou tirando.
― Devo ficar sério em algumas?
― Claro, não me dê aquele sorriso sexy. Perfeito! ― Click, click, click.
Caminho, subindo por seu corpo, abaixando a câmera para focar em seu rosto.
Quase perco o equilíbrio, mas ele me alcança e coloca as mãos em minhas
panturrilhas. ― Ui! Obrigada! ― Eu rio e continuo a tirar fotos de seu rosto,
enquanto ele mantém uma mão atrás da cabeça e outra segurando minha perna
para me manter equilibrada.
― Mas que merda está acontecendo aqui?
Brad e eu pulamos de susto por causa do grito irritado que vem da porta da
frente.
― Luke! Você me assustou!
Brad imediatamente solta minha perna, presumindo que pode levar um soco
no rosto que o faz ganhar dinheiro a qualquer momento.
― Que porra é essa, Natalie?
― Pare de gritar comigo! ― Pulo da cama e guardo minha câmera. ― Brad,
você pode se vestir. Já tínhamos terminado, de qualquer forma.
Brad se levanta da cama, deixando o tecido cair, e eu desvio os olhos. Ele
corre para o banheiro para se vestir.
― Qual é o seu problema? ― sussurro para Luke.
― O que você acha? Você estava na cama com um homem pelado que
tocava em você.
Respiro fundo.
― Ele não estava nu, Luke. Eu não estou nua.
― Quase isso ― ele murmura.
― Ei, foi por isso que eu pedi que não ficasse bravo quando eu mostrei este
estúdio.
― Você não me disse que trabalhava com jovens homens nus. ― Ele está
puto novamente.
― Normalmente não trabalho. Ele é amigo de um amigo meu que precisa de
fotos para um portfólio. Não banque o ciumento.
― Você me fez acreditar que trabalhava com casais e com mulheres, Natalie.
― Luke, eu acabei de dizer que isso aqui foi uma exceção.
― Não gosto disso.
― Não importa se você gosta ou não.
Luke olha para mim assustado, como se tivesse crescido outra cabeça em
mim, e passa ambas as mãos no cabelo.
Brad sai do banheiro, completamente vestido, usando uma calça jeans,
camiseta e tênis.
― Obrigada novamente, Natalie. Foi bem divertido.
Sorrio calorosamente para ele.
― Para mim também, e de nada. Vou mandá-las editadas para você ainda
essa semana.
― Ótimo! Te vejo por aí! ― Ele vai embora, fechando a porta ao sair.
Volto-me para Luke, para ver que seus olhos azuis glaciais estão me
observando. Ele está totalmente puto da vida.
― Com o quê, exatamente, você está irritado? ― pergunto enquanto me viro
para a cama, começando a retirar os lençóis.
― Natalie, eu acabei de entrar neste estúdio para encontrar minha namorada
de pé, vestindo algo que só seria apropriado como roupa de dormir, sobre um
homem nu, que está segurando sua perna. Com o que você acha que eu estou
irritado? ― Sua voz se ergue em vários decibéis, mas estou presa àquela estúpida
palavra.
― Namorada?
Ele interrompe o discurso e olha para mim.
― Sim, namorada. Pensei que depois do último final de semana seria assim.
Ah!
Uau!
― Estou errado? ― Sua voz está preocupantemente calma.
― Bem... não, eu acho que só não tinha pensado nisso ainda. ― Termino de
arrumar cama e me viro para ele novamente. ― Luke, este é o meu trabalho.
― Não gosto dele.
― Você não tem direito de me dizer que não quer que eu faça isso.
― Não disse isso.
― Mas é isso que está dando a entender. Faço isso há anos. Nunca ninguém
saiu dos limites comigo. Lembre-se que eu disse que nunca fiz sexo aqui e que
não faço sexo com clientes. Jesus, será que você não confia em mim?
― Não, é só que... ― Ele passa a mão no cabelo e anda para frente e para
trás. ― Não estava esperando me sentir da forma como me senti ao vê-lo com as
mãos em você.
― Como você se sentiu? ― Inclino minha cabeça para ele, curiosa.
― Como se quisesse matá-lo ― ele rosna.
― Oh...
― Nat, pense em como você se sentiria se eu tivesse que fazer uma cena de
amor em um filme. Seria trabalho para mim, mas eu ainda teria que abraçar e
beijar outra mulher...
― Pode parar por aí. ― Não quero ouvir.
― É a mesma coisa para mim.
Jesus!
Respiro fundo e me sento na beirada da cama, sentindo-me subitamente
cansada.
― Me desculpe, não tinha pensado nisso. Querido, faz muito tempo que não
tenho que explicar meus atos para nenhuma outra pessoa.
― Eu sei.
― Você ficou com ciúme.
― Ciúme é uma palavra muito educada para o que eu senti. ― Parte de mim
quer dar gritinhos e dançar uma dancinha feliz, mas me seguro e olho para ele
impassível.
― Você não tem motivos para sentir ciúme. Só tenho olhos para você, Luke,
mesmo quando não está por perto.
Ele fecha seus olhos bem apertados, como se algo muito pesado tivesse sido
tirado de seus ombros, e eu penso o mesmo. Luke está vestindo outra camisa de
botões hoje, uma preta, e uma calça jeans também preta. Ele parece muito jovem
e impossivelmente lindo.
E eu sou sua namorada!
Começo a caminhar até ele, passando os braços ao redor de sua cintura. Ele
também coloca seus braços ao meu redor, pressionando seus dedos na curva das
minhas costas, e ficamos apenas nos olhando por um minuto.
― Por favor, não fique bravo comigo ― sussurro.
― Não estou.
― Mas estava.
― Sim, estava. ― Ele beija minha testa. ― Você não tem nenhuma roupa de
verdade aqui?
― Sim, mas ficou calor aqui, então eu as tirei.
Ele estreita os olhos novamente, tornando-os frios. Merda.
― Não comece a ficar puto, isso acontece sempre que estou fotografando.
Não tenho ar condicionado aqui.
― Por que não?
― Bem, honestamente? Porque corpos suados ficam mais sensuais nas
fotos.
― Ah! ― Ele franze a testa.
― Ei, pare com isso. Você não precisa sentir ciúme, querido. ― Passo
minhas mãos por seu rosto, adorando a rudeza da sua barba por fazer contra as
palmas das minhas mãos.
― Adoro quando me chama assim. ― Ele inclina a cabeça na direção do
meu toque e fecha os olhos.
― Adora?
― Sim, você normalmente me chama pelo nome.
― Você é um homem carente, hein? ― Eu me coloco na ponta dos pés e
beijo seus lábios gentilmente, fazendo seus olhos se aquecerem.
― Isso é óbvio, amor.
― Adoro quando me chama de amor. ― Agora seus olhos se iluminam
como se fosse Natal.
― Por quê?
― Nunca ninguém me chamou assim antes ― sussurro.
Ele suspira e me puxa para perto.
― Eu esqueço o quão inexperiente você é quando se trata de
relacionamentos.
― Sim, então, me dê um desconto. Não tive como aprender. ― Eu belisco
seu traseiro firme, e ele ri.
― Ok, ok! Só me faça um favor. ― Seu rosto fica sério novamente.
― O quê?
― Nada de fotografar homens solteiros. Por favor.
Eu franzo o cenho e sinto vontade de argumentar com ele.
― Por favor, Natalie. Por mim.
― E se tivermos uma terceira pessoa aqui?
― Converse comigo antes de agendar outro homem solteiro e discutiremos
sobre isso. Não gosto de me sentir assim. E estou pedindo que respeite como me
sinto.
Bem, quando ele fala dessa forma...
― Ok, vou falar com você primeiro. ― É uma concessão, mas não consigo
parar de pensar no que ele disse sobre cenas de amor, e eu sei que enlouqueceria
de ciúmes se estivesse em sua posição.
― Tem cenas de amor nos seus filmes? ― pergunto e olho para ele.
― Por que você acha que apareço com a bunda de fora? ― Ele sorri para
mim.
― Não quero ver esses filmes nunca, Luke.
― Por mim tudo bem, amor.
― Então sou sua namorada, hein?
― Com certeza. ― Ele me beija profundamente, e eu sorrio, puxando-o para
mim.
Quando ele me afasta, não consigo resistir a passar os dedos por seus
cabelos.
― Ok, vamos almoçar. Brigar com você me deixou com fome.
― É melhor você colocar uma roupa decente antes.
Deixo Luke com Jules na cozinha e corro para o segundo andar para me
vestir. Sorrio comigo mesma lembrando o olhar apreensivo de Luke quando
confrontou Jules, mas ela foi tão legal como sempre, e estou aliviada que seu
comportamento adolescente, do qual ele tinha medo, desapareceu.
Visto calças jeans que moldam meu bumbum, um top verde e sapatos de
salto verde, combinando. Pode ser só um almoço, mas nunca tenho chance de
usar meus sapatos altos, e Luke é alto o suficiente para que eu possa usá-los o
tempo todo.
Por isso acho que devo. Além disso, ele parece gostar deles.
Escovo meu cabelo, deixando-o solto para que emoldure meu rosto, e coloco
um pouco de rímel e delineador.
Estou pronta.
Encontro Luke e Jules ainda na cozinha, conversando sobre culinária.
― Eu cozinho meu bacon ― Luke está dizendo. Ele está de costas para mim,
então, não me vê entrar. ― Assim fica menos sujeira em cima do fogão.
― Não me importa como é preparado. ― passo meus braços ao redor dele e
pressiono meu nariz em seus ombros largos, sentindo seu cheiro. Ele cheira a
amaciante e loção, e sua camisa é macia contra meu rosto ―, contanto que caia
na minha boca ― murmuro bem perto dele e o ouço rir.
Ele se vira e olha para mim com um largo sorriso.
― Você fica linda de verde. Combina com seus olhos. ― Ele passa os dedos
pelo meu rosto e suspira.
― Obrigada. Está melhor do que o que eu estava vestindo mais cedo?
― Muito. Você tem mais alguma sessão de fotos hoje?
― Tenho uma às oito da noite.
Ele franze o cenho.
― Por que tão tarde?
― Algumas pessoas trabalham durante o dia, então, eu tenho que agendar
algumas sessões à noite, às vezes. Não acontece com frequência, porque eu
prefiro usar a luz do dia ao meu equipamento de iluminação. Mas às vezes é
necessário.
― E quem vai ser? ― Ele me olha especulativamente, e eu suspiro.
― Só uma garota que quer tirar umas fotos bonitas para o marido, para lhe
dar de presente de aniversário de casamento.
― Ah, ok.
Passo minhas mãos por seu cabelo.
― Não se preocupe, amor. Não há mais nenhum homem solteiro na minha
agenda, por enquanto.
― Você vai me avisar quando houver? ― Jules assobia rapidamente. ―
Tudo isso está me fazendo lembrar há quanto tempo não transo. Vão almoçar. Ou
para um quarto...
Dizemos adeus e ele abre a porta do Mercedes SUV para mim, para que eu
possa entrar. Quando já está atrás do volante, inclina-se por cima do console e
me beija suavemente.
― Para onde estamos indo? ― pergunto, enquanto ele dá a partida.
― O que acha de frutos do mar?
― Moramos em Seattle. Acho que é um pré-requisito gostar de frutos do
mar para morar aqui.
― Frutos do mar, então. ― Ele segura minha mão na sua e sorri para mim.
― Você está linda.
― Obrigada. ― Sinto meu rosto corar e olho para nossas mãos entrelaçadas.
― Você está sempre lindo.
Ele ri e balança a cabeça.
― É a genética.
― O que você fez esta manhã? ― pergunto, mudando de assunto.
― Fui à academia e malhei com meu personal trainer.
― Você tem um personal? ― Claro que ele tem!
― Sim, e ele acaba comigo. ― Sorri para mim, e não consigo evitar sorrir de
volta. ― Como foi sua ioga?
― Ótima. Eu adoro. Já tentou?
― Hum, não.
― Não é masculino o suficiente para você? ― Reviro os olhos.
― Não é isso. Eu gosto de malhação pesada.
― Vá comigo na quarta-feira.
Ele franze o cenho e seus olhos me fita especulativamente.
― Vamos fazer um acordo?
Ei, onde ele está querendo chegar?
― Que tipo de acordo?
― Vou com você à ioga na quarta-feira se você for comigo à academia
amanhã.
Mordo meu lábio e olho pela janela. Tenho medo de parecer uma idiota. Não
tenho o corpo durinho e magro que a maioria das mulheres de academia têm.
Ioga me mantém tonificada e flexível.
― Você não precisa ir comigo ― sussurro.
― Natalie, o que eu falei de errado?
― Nada. ― Não consigo olhá-lo nos olhos. Odeio me sentir insegura, e
estou me sentindo daquela mesma forma como me senti ao ficar nua para Luke
pela primeira vez.
― Amor, o que foi? ― Ele para no estacionamento do restaurante e desliga
o motor, virando-se no assento para olhar para mim.
― Nada, eu...
― Olhe para mim. ― Sua voz soa severa, e quando meus olhos encontram
os dele, estes estão gelados. ― Fale comigo.
― Não, você fica irritado comigo quando falo do meu corpo. Só deixa pra
lá. Vamos malhar separadamente. Está tudo bem.
― Por que é tão dura consigo mesma? ― Ele está surpreso.
― Não sou. Bem, não era até agora ― sussurro.
― Pare com isso. Não tem que ter vergonha de nada, amor.
― Não tenho vergonha. Sei que me acha atraente, e adoro isso.
― Então qual é o problema?
― Não quero fazer papel de boba.
― Mas você quer me levar para a ioga para tentar me tornar um pretzel, para
que eu faça papel de bobo?
Ah. Bem colocado.
Eu rio e cubro minha boca com a mão.
― Está rindo de mim? ― Ele está sorrindo novamente, e a tensão em meu
estômago relaxa.
― Eu não ousaria.
― Então, vai comigo à academia ou não?
― Eu queria muito que me deixasse tirar uma foto sua.
Seus olhos se arregalam e ficam parados. Mentalmente eu me condeno.
― Por quê?
― Porque eu adoraria tirar fotos suas fazendo ioga. Seria hilário!
Ele relaxa e ri, enquanto sai do carro, dando a volta para abrir a porta para
mim. ― Venha, quero te observar comendo.
O restaurante Salty fica no cais em Puget Sound. Oferece uma vista linda e
comida igualmente maravilhosa. A hostess nos acomoda perto da janela, de onde
podemos observar o mar, mas estamos ocupados lendo o cardápio. Olho para
Luke e não consigo não suspirar um pouco. Ele é irresistivelmente lindo. Está
roendo a unha do polegar enquanto observa o cardápio.
― Posso segurar sua mão, por favor? ― Estendo minha mão.
― Você pode segurá-la a hora que quiser, amor. ― Ele me dá um sorriso
sexy, mas me entrega a mão errada.
― Não, esta que você está roendo a unha, por favor.
Ele estende a mão para mim, enquanto franze o cenho, e eu me inclino em
direção à mesa e beijo seu polegar.
― Você vai fazê-lo sangrar. ― Olho para seus olhos azuis da cor do mar e
fico feliz em ver que sua respiração mudou, que meu toque o está excitando.
― Não comece com isso aqui, por favor. ― Sua voz é baixa e sensual, e
meu estômago retorce.
― Não sei o que quer dizer com isso. ― Arregalo meus olhos
inocentemente. ― Só estou garantindo que tenha apetite suficiente para almoçar.
― Vou dizer o que está me deixando cheio de apetite. ― Ele sorri como um
lobo, mas antes que eu possa responder, a garçonete se aproxima da mesa.
― O que vão querer hoje? Gostariam de começar com uma entrada? ― Ela
olha para nós dois, sorridente, mas fica inerte ao ver Luke. Todo o sangue de seu
rosto desaparece.
― Luke Williams! Ah, uau! Sou sua fã, Luke... bem... senhor... Vi todos os
filmes da série Nightwalker umas quarenta vezes. Ah, meu Deus, eles são tão
bons. Não posso acreditar que está aqui! Posso pegar um autógrafo? Tirar uma
foto? ― As palavras todas saem apressadas e não posso evitar me encostar na
cadeira e ficar de boca aberta.
Luke olha para mim, mas logo encontra equilíbrio, sorrindo aquele sorriso
maravilhoso, só para a Senhorita Efusiva, mas não sorri com os olhos, e eu
descubro que este é o sorriso que ele usa para os fãs.
É fascinante.
― Me desculpe, eu não tiro fotos, mas vou adorar assinar alguma coisa para
você.
― Ah, ótimo! Aqui! ― Ela lhe entrega seu bloquinho e uma caneta.
― Qual o seu nome, docinho? ― Ah, ele está começando a abusar.
― Hilary. Ah, meu Deus, mal posso esperar para contar para minhas amigas
que encontrei com você. Vão ficar morrendo de inveja. ― Ela está praticamente
pulando, e o sorriso de Luke não desaparece.
― Bem, estou feliz que gostou dos filmes. Aqui está. ― Ele devolve o
bloquinho para ela, que o aperta contra o peito, com o rosto todo emocionado e
pálido, e eu tenho que olhar para baixo, pra evitar de rir e revirar os olhos.
Depois de alguns segundos, ela ainda está parada na nossa frente, olhando
para ele. Então, eu decido salvá-lo.
― Então... hum... eu gostaria de fazer o pedido agora, se estiver tudo bem
para você, Hilary,
Ela se recompõe de seu transe e cora, mas não olha em meus olhos.
― Ah, claro. O que vocês desejam? ― Ela olha para Luke cheia de
expectativa, e ele sorri.
― O que você quer, amor? ― E meu homem está de volta.
― Quero a salada Caesar com salmão, por favor, com molho extra de limão.
Que tipo de vinho branco você tem? ― Ainda estou olhando nos olhos de Luke e
me sinto aliviada por ver que ele está bem humorado.
― Ah, hum... ― Ela abre sua lista de vinhos brancos, e eu peço um Riesling
adocicado para acompanhar minha salada.
― E o que vai querer, Sr. Williams... é... bem... senhor? ― Seu rosto está em
chamas.
― Vou querer o mesmo que a minha namorada. Parece delicioso.
Namorada!
― Ok, chamem se precisarem de mais alguma coisa. Obrigada novamente
pelo autógrafo! ― E então ela se afasta.
― Você está bem? ― pergunto quando estamos a sós.
― Sim, não foi tão ruim assim. E você?
― Achei divertido. Não sabia se ria ou se sentia pena dela.
― Ei, está dizendo que eu não sou um ladrão de corações? Fiquei magoado.
― Ele se encosta e coloca a mão no peito, bem em cima do coração.
― Ah, não, você com certeza roubou meu coração, e outras áreas também.
Sr. Williams... é... bem... senhor...
― Você tem uma boca atrevida, Natalie.
― Que bom que notou.
Deliciamo-nos com nosso almoço, mas outra garçonete e toda a equipe da
cozinha vem à mesa para pegar autógrafos ou dissertar sobre o quanto adoraram
seus filmes, além de perguntar por que ele não está mais atuando. Graças a Deus
o restaurante não está muito cheio, então, os clientes não nos incomodam.
Finalmente, quando já perdemos a conta de quantos funcionários vieram
interromper nosso almoço, eu peço licença.
― Você está bem? ― Luke pergunta.
― Estou bem, volto logo. ― Eu sorrio para ele, para acalmá-lo, e saio da
mesa.
Encontro Hilary perto do bar.
― Quero falar com o gerente, por favor.
― Ah, claro, vou procurá-la. ― Ela desaparece dentro do que eu imagino
que seja a cozinha e reaparece acompanhada por uma mulher ruiva, alta, mais ou
menos da minha idade, que não se aproximou de nossa mesa ainda.
― Posso ajudá-la, senhora? ― Nossa, desde quando me tornei uma
senhora?
― Espero que sim. Estou almoçando aqui com Luke Williams, e sua equipe
vem nos interrompendo para pedir autógrafos e conversar com ele. Eu realmente
gostaria que pedisse a eles que parassem.
Ela franze o cenho enquanto ouve minha reclamação.
― Me desculpe, eles não deveriam ter se aproximado de vocês. É contra
nossa política. Posso compensar deixando o almoço por conta da casa?
― Não é pelo dinheiro, é pela falta de privacidade. Tenho certeza que ele
não é a primeira celebridade que vem ao restaurante.
― Claro que não. Vamos resolver isso. Peço desculpas em nome da equipe.
Volto para nossa mesa e ouço Hilary se desculpar com a chefe.
Tem um servente parado à nossa mesa quando eu retorno, então, o toco no
ombro.
― Sua chefe quer falar com você.
― Ah! Ok. Obrigado pelo autógrafo! ― Ele sorri e sai.
― Isso não vai acontecer de novo ― informo a Luke.
― O que você fez?
― Fui à gerência. Outros clientes, é até compreensível, mas não é
apropriado que a equipe nos interrompa a cada cinco minutos.
― Nat, isso acontece às vezes.
― Bem... ― dou de ombros. ― Eles já tiveram tempo suficiente com você.
Este aqui é meu almoço com meu namorado, e estou cansada de ter que dividi-
lo.
Seus olhos se iluminam e o sorriso que ele me dá é ainda mais luminoso que
aquele que deu à garçonete, então, eu me derreto por dentro.
― Seu namorado está gostando deste almoço com você.
― Que bom. ― Eu sorrio timidamente e dou um gole no vinho.
O resto da refeição corre maravilhosamente bem, e não somos mais
incomodados, a não ser para nos perguntarem se queremos mais vinho ou mais
sobremesa. Hilary coloca a conta sobre a mesa e se afasta.
Luke a abre e franze o cenho, então sorri e o passa para mim. Ao invés da
conta, recebemos um bilhete.
Agradecemos sua paciência e generosidade com nossa equipe. O almoço de
hoje é por nossa conta e, por favor, aceite um voucher de U$250,00 para uma
nova visita, sem interrupções, muito em breve.
A gerência.
― Ah, meu Deus! Acho que minha conversa com a gerente funcionou.
― Parece que temos um futuro encontro aqui. ― Luke sorri e guarda o
voucher na carteira.
― Natalie, eu me diverti muito esta noite. Sei que meu marido vai adorar
essas fotos. ― Darla sorri para mim e me abraça, antes de sair do estúdio.
― Ele vai engolir a própria língua quando vê-las. Garanto.
― Talvez possamos vir juntos, antes do feriado, para uma sessão em casal.
Deve ser muito divertido. ― Darla coloca sua bolsa preta Coach no ombro.
― Eu vou adorar! Só me avise quando quiserem marcar. Vou te levar lá fora.
Aceno para Darla e começo a limpar as coisas da nossa sessão. Darla foi
muito divertida; muito linda e paqueradora, e teve ótimas ideias também. Junto
algumas lingeries que preciso colocar para lavar e empurro os móveis para o
lugar, desligando a iluminação especial, e meu telefone apita.
Meu coração pula e não consigo evitar torcer para que seja Luke. Ele me
deixou em casa depois do almoço e disse que tinha algum trabalho para fazer em
casa, o que era bom, já que eu precisava lavar algumas roupas e trabalhar
também.
Mas sinto sua falta, e só de pensar em não vê-lo até amanhã de manhã,
quando eu irei para a academia com ele ― o que me enche de pavor ―, me
deixa deprimida.
Eu tranco o estúdio e vou para casa. Já estamos no outono, por isso, depois
que o sol se põe, começa a esfriar, então, abraço meu próprio corpo enquanto
cruzo o quintal.
Jules deixou a luz da cozinha acesa para mim, então, eu paro em frente à
geladeira para pegar uma garrada d’água e um cacho de uvas antes de ir para o
meu quarto. Enquanto subo as escadas, ouço Adele cantar, e por um momento
penso que vem do quarto de Jules.
Entro em meu próprio quarto e paro.
Puta merda.
A música está vindo do meu próprio quarto, e Luke está lá, sentado na
minha cama, usando um short de basquete preto e uma camiseta preta. Ele está
observando seu laptop e roendo a unha do polegar.
― Então é isso que você está fazendo?
Ele sorri e ergue os olhos ao som da minha voz.
― Espero que não se importe. Jules me deixou entrar. Pensei em te esperar
aqui mesmo.
Caminho até a cama e engatinho até ele, oferecendo-lhe a última uva.
― Não me importo. Estava mesmo pensando em você.
― Ah, é?
― Sim.
Ele fecha o computador e o coloca no chão quando se senta, me deixando
sentar em seu colo.
― Tive medo que achasse que sou atrevido. ― Ouço o sorriso em sua voz,
enquanto ele beija minha cabeça, então, me ajeito e me aninho em seu peito. É
tão bom vê-lo, poder tocá-lo.
― Você está sendo atrevido, mas não me importo.
― Senti sua falta hoje.
Afasto-me um pouco e passo os dedos em seu rosto.
― Você me viu no almoço.
― Sim. Mas isso foi há horas. Não consigo me cansar de você, amor.
― Vai ficar aqui esta noite? ― pergunto, quase ofegante.
― Se você deixar, eu fico.
― Bom.
Eu me estico e beijo o canto de sua boca, seu queixo, seu nariz, enquanto
corro os dedos por seu cabelo macio. Seus belos olhos estão me observando, e
ele, pacientemente, está deixando que eu o toque e o beije. Suas mãos estão
massageando minhas costas para cima e para baixo, e o desejo começa,
preguiçosamente, a surgir em mim.
Agarro a bainha de sua camisa em minhas mãos e me afasto para tirá-la por
sua cabeça.
― Adoro seu corpo ― murmuro enquanto corro as mãos por seus ombros,
seu peito e vou descendo pelos braços. As mãos dele apertam minha bunda.
― Adora?
― Hummm... ― Beijo seu pescoço e mordo o lóbulo de sua orelha. ― Você
é muito gostoso.
― Meu Deus, amor, eu quero você. ― Sinto-me poderosa e sexy, sabendo
que o enlouqueço com meu toque. Sendo assim, quero nós dois nus. Agora.
― Sou sua, Luke.
Seus olhos se derretem.
― Puta merda, você é minha.
Ele me livra rapidamente do meu casaco, do meu top e do meu sutiã, e então
me empurra para a cama, onde pode me despir das calças e da calcinha. Sua
boca está sobre mim agora, inteira, em meus seios, pescoço e na lateral do meu
corpo. Minhas mãos estão em seu cabelo, enquanto ele tira seu short e cueca,
jogando-os no chão.
― Ah, Luke! ― Meu sangue está correndo agora e preciso tê-lo dentro de
mim.
― Sim, amor, o que você precisa?
― Você, dentro de mim. Agora. ― Ele sorri tocando minha barriga e lambe
meu piercing com sua língua.
― Ainda não.
Eu resmungo e movo meus quadris debaixo dele.
― Ainda não, amor. ― Ele para meus quadris com suas mãos e sobe pelo
meu torso, apoiando-se no cotovelo, na lateral do meu corpo. Ele me beija
profundamente, devagar, enquanto sua língua faz coisas inacreditavelmente
deliciosas com minha boca. Sua mão forte está acariciando-me para cima e para
baixo, e eu agarro seu rosto em minhas mãos, retribuindo o beijo com o mesmo
ardor.
Ofego quando seus dedos encontram meu mamilo, puxando-o
implacavelmente, enviando pequenas faíscas de prazer à minha vagina. Não
consigo voltar a movimentar meus quadris e corro minha mão pela lateral do
corpo dele, agarrando seu traseiro, puxando-o para mim.
― Porra, Nat, você é tão linda! ― Sua boca cruel está descendo pela minha
garganta. Ele corre a mão pelas minhas costas, sobre minha bunda, e engata
minha perna em seu quadril. Me puxa para frente e, bem devagar, penetra a
pontinha de seu pênis em mim.
― Ah, Deus, sim!
― É isso que você quer?
― Sim! ― Coloco meus braços ao redor dele, puxando-o para mim. De
repente ele rebola sobre mim, e eu engato a outra perna, fazendo com que ele me
penetre totalmente. Rebolo meus quadris e ele geme, com seus lábios nos meus,
seus cotovelos ao lado da minha cabeça e suas mãos se entrelaçam no meu
cabelo.
Agarro sua bunda, mas ele para abruptamente e olha para mim, com seus
olhos azuis. A expressão em seu rosto é absolutamente séria e quase reverente.
― O que houve? ― pergunto ofegante.
Ele balança a cabeça e fecha os olhos, como se estivesse sentindo dor, e um
pânico apunhala meu coração.
― O que foi? ―Suavizo minha mão em seu rosto.
― Eu só... ― Ele abre os olhos novamente, olhando-me com aquele olhar
intenso e começa a mover os quadris mais uma vez, entrando e saindo de mim
como se houvesse mais do que apenas desejo incentivando-o. ― É que é tão
bom, amor...
Eu gemo e movo os quadris, encontrando os dele, e então ele se senta sobre
os tornozelos, levando-me com ele, sem quebrar o precioso contato. Coloco
minhas mãos ao redor de seu pescoço e meus pés ao lado de seus quadris, e ele
me guia para cima e para baixo, com as mãos firmes em minha bunda.
Sinto a familiar pressão conforme meu orgasmo se aproxima, e ele também
parece sentir, pois aumenta o ritmo e me penetra com mais força.
― Goze pra mim, amor... Vamos, linda... Goze pra mim. ― E eu me
desmantelo, completamente exausta.
Ele me penetra mais uma vez, entrando em erupção dentro de mim,
chamando meu nome cheio de alívio.
Luke está enrolado em mim, na cama, com sua testa pressionada contra
minhas costas. É acolhedor, confortável e... seguro.
― Você se tornou muito insaciável desde que nos conhecemos, Natalie.
Não consigo segurar a risada.
― Sim, só estou te usando por causa do seu corpo.
― Sabia! ― Ele belisca minhas costelas, e me viro em seus braços, virando
o rosto para ele.
― Você vai ser duro comigo na academia amanhã? ― Corro a ponta dos
meus dedos por seu lábio inferior.
― Não, prefiro ser duro com você na cama. ― Eu rio e beijo seu queixo.
― Pode fazer isso a hora que quiser, não precisa me levar para academia
para isso.
― Vai ser divertido malharmos juntos.
― Ok.
― Acredite em mim.
― Eu acredito. ― A honestidade em minha voz é absoluta. Confio nele, e
isso me enche de calor. Não me sinto assim desde que meus pais morreram.
Luke beija minha testa e me puxa para seu peito.
― Durma, linda menina.
― Acorde, amor. ― Luke está tirando fios de cabelo do meu rosto e
beijando minha testa gentilmente.
Quero que ele saia para que eu possa me enterrar nos cobertores outra vez e
voltar a dormir. É tão cedo!
― Não.
― Vamos, querida, abra esses lindos olhos verdes.
― Não quero.
Ele ri e beija meu rosto.
― Vamos, garota matinal, acorde. É hora de me deixar excitado e
incomodado na academia.
Eu me viro e abro um olho, olhando para ele sem muita certeza.
― Você me odeia.
― Não, amor, é completamente o oposto. Vamos, levanta! ― Ele encosta os
lábios na minha bochecha e nos meus lábios, e eu suspiro.
― Vamos ficar aqui nos excitando, bonitão.
― Ah, não faça isso. Venha! ― Ele dá um tapa na minha bunda e se afasta
de mim. Já está até vestido.
― Ah, Deus, você é uma pessoa matinal. Isso muda tudo. ― Eu me sento,
espreguiço e o observo.
― Já vai terminar comigo? ― Ele sorri cheio de prazer.
― Estou pensando nisso. ― Esfrego minhas mãos no rosto e sinto cheiro de
café. ― Estou sentindo cheiro de café?
Luke pega uma caneca na mesa e dá um gole.
― Trouxe isso para você, mas já que está terminando comigo, vou bebê-lo
eu mesmo. ― Eu pulo da cama e quase mergulho para pegar a caneca em sua
mão.
― Minha!
― Na, na, não! ― Ele a afasta do meu alcance. ― Você magoou meus
sentimentos.
Seu sorriso o trai, mas eu brinco também, gostando do jogo.
― Me desculpe. Posso tomar café? ― Mordo meu lábio e olho para ele
inocentemente, piscando.
Ele balança a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse
considerando meu pedido.
― Talvez. Se você me beijar...
Eu faço um biquinho e ergo meu rosto até o dele, pousando um beijo bem
sonoro em sua bochecha.
― E agora? ― pergunto.
― Ah, acho que você pode fazer melhor do que isso. O café está mesmo
muito bom. ― Ele dá outro gole e se afasta de mim quando me aproximo para
pegá-lo novamente.
Mudando minha tática, deslizo minha mão para dentro do seu short e agarro
sua ereção nas mãos, esfregando-a para cima e para baixo.
― E agora?
Seus olhos dilatam, e ele sorri maliciosamente.
― Adoro a sua forma de pensar, amor.
Ele me dá a caneca, e eu o solto, caminhando em direção ao banheiro.
― Ei!
― Vou te deixar excitado na academia, não aqui. ― Olho para ele por cima
do ombro e fecho a porta atrás de mim enquanto Luke ri.
― Querida ― ele grita do outro lado da porta ―, você me deixa excitado em
qualquer lugar.
Jules está na cozinha, então, eu entro. Coloco minha bolsa na bancada e abro
a geladeira em busca de água.
― Bom dia, flor do dia ― Jules diz com sarcasmo.
― O que está fazendo aqui? Não deveria estar trabalhando?
― Vou trabalhar de casa hoje. Ei, você parece puta da vida. O que houve? ―
Ela coloca as mãos nos quadris e franze o cenho para mim. Imediatamente me
sinto melhor.
― Ele me irritou na academia. Luke é ciumento.
― Ciumento assustador ou sexy? ― pergunta Jules, com as sobrancelhas
erguidas.
― Ciumento estúpido. ― Suspiro e me jogo sobre as almofadas do sofá da
sala. Jules me segue e senta-se numa poltrona em frente a mim, acomodando
seus pés descalços no divã.
― Ele está, obviamente, louco por você. ― Ela dá um gole em sua própria
água.
Eu dou de ombros.
― Acho que sim. Sou nova nisso tudo, Jules. Não gosto de ser questionada
sobre as coisas que faço.
― Ele está agindo como um idiota controlador?
― Não, mas ele tem um comportamento autoritário. Não é uma coisa ruim.
Sei que ele gosta de mim. É muito gentil e doce. Mas, nossa, ele não gosta de
Brad. ― Reviro os olhos e inclino a cabeça para trás, encostando no sofá.
― Brad? Aquele modelo sexy, seu cliente?
― Sim. ― Explico que Luke nos viu no estúdio ontem e que encontramos
Brad na academia hoje.
― Nossa, até dá pra imaginar. O garoto tem uma quedinha por você.
Franzo o cenho para ela.
― Não tem não. Ele só é paquerador. Não comece também.
― Você nunca saberia dizer quando uma pessoa está interessada em você,
Nat.
― Luke não tem com o que se preocupar.
― Ah, eu sei disso. ― Ela afasta minhas palavras com um movimento de
mão.
― E por que ele não sabe disso?
― Acho que é algo novo para ele também.
― De que lado você está?
― Do seu, querida. Sempre do seu. Onde ele está agora?
― Foi pra casa, trabalhar. Alguém ligou para ele enquanto estávamos
malhando.
― Talvez seja bom que passem um dia separados.
― Provavelmente. Ei, o que você está realmente fazendo aqui? Tem
trabalhado muito de casa nos últimos dias.
Jules franze o cenho e dá de ombros.
― É fácil trabalhar à distância.
― Tá bom. Não acredito nisso. ― Ela não está me contando alguma coisa.
― Conheço você muito bem, Julianne Montgomery.
― Meu novo chefe é meio que um babaca. ― Ela dá de ombros mais uma
vez, mas parece que está lutando contra as lágrimas. Alarmada, sento-me no
divã, fazendo com que ela tire o pé de lá e seguro suas mãos.
― Ele te magoou?
― Não, é só um babaca condescendente. ― Dá de ombros mais uma vez,
mas se debulha em lágrimas. Puta merda.
― Querida, o que houve? ― Ela deixa a cabeça cair nas mãos e chora; um
choro soluçante e pesado.
― Eu transei com ele. ― Ela chora por atrás das mãos.
― O quê? ― Encosto-me, de boca aberta, chocada. Jules tem uma postura
bem restrita sobre não transar com colegas de trabalho.
― Na noite em que você trouxe Luke para casa. ― Eu me lembro daquela
noite, quando Jules foi direto para o segundo andar sem parar na cozinha para
conhecer Luke.
― Como? Jules, isso não é típico de você.
― Eu sei. ― Ela seca os olhos e o nariz com as costas das mãos. ― Saímos
para jantar com outras pessoas do escritório e bebemos muito.
― Querida, ele está tentando estragar as coisas para você no trabalho?
― Não! Nada disso. ― Ela respira bem fundo e eu lhe entrego um lenço. ―
É que é tão desconfortável. E não ajuda o fato de ele ser extremamente gato.
Quase tão gato quanto Luke. ― Ela sorri, e meus ombros relaxam um pouco.
― Nossa, ele deve ser muito gato mesmo.
― Pois é! ― Ela balança a cabeça e começa a parecer triste outra vez. Odeio
ver Jules triste. ― E, Nat, você ficaria chocada com o que ele esconde por baixo
daqueles ternos que usa para trabalhar. Uau! Foi o melhor sexo da minha vida.
― Jules, você está gostando desse cara?
― Não importa se eu estou. É proibido se relacionar com colegas de trabalho
no nosso escritório. Nós dois podemos ser demitidos. ― Seus olhos ficam tristes
novamente, e eu me sinto impotente.
― E como ele está reagindo a isso tudo?
― Bem, ele ficou muito puto da vida quando acordou na manhã seguinte e
eu tinha ido embora.
― Ah, então você dormiu com o cara e fugiu enquanto ele ainda estava
dormindo? ― Eu assinto, compreendendo.
― Sim. Não queria olhar para ele na manhã seguinte.
― Não posso te culpar por isso. Mas se ele ficou puto porque você foi
embora, talvez ele realmente goste de você.
― Não importa. Não tem jeito.
― Mas...
― Não tente consertar as coisas, Nat. Já está feito. Vou ter que voltar ao
escritório mais cedo ou mais tarde; só preciso de um tempo para me recompor.
Tirei alguns dias de férias, e agora estou trabalhando de casa até que consiga me
controlar ao vê-lo novamente.
― Ok. ― Acaricio o braço dela com carinho, e então me levanto. ― Vou
tomar um banho. Me avise se precisar de mim.
― Obrigada. ― Ela sorri com lágrimas nos olhos. ― E... Nat?
― Sim?
― Ciumento estúpido até que é sexy.
Vou te buscar em uma hora. Por favor, vista-se formalmente.
Cinquenta minutos depois, estou polida e lustrada. Jules cacheou meu cabelo
castanho e conseguiu prendê-lo de forma sexy, com mechas caindo no meu
rosto.
O rosto ficou uma das obras de arte de Julianne. Ela fez com que meus olhos
ficassem esfumaçados e sensuais, acentuando o verde deles. Minhas maçãs do
rosto estão definidas e meus lábios estão pintados com um batom vermelho, que
garante não sair por dezoito horas, o que parece bom demais para ser verdade
para mim, mas acabei usando-o.
Meus olhos correm pelo resto do meu corpo, no espelho de corpo inteiro que
fica atrás da porta do meu closet.
Estou gata.
Jules me emprestou um vestido preto de matar. A gola me lembra algo que
Elizabeth Taylor usaria, presa nos ombros com um profundo decote em V. As
costas dele vão abertas até a curva das minhas costas. Não tem mangas e está
preso na cintura por um cinto apertado. A saia é esvoaçante e macia, chegando
até meus joelhos.
Sob o vestido, coloquei uma calcinha preta e uma cinta-liga com meias cor
da pele. Nunca usei ligas antes, mas são maravilhosamente confortáveis, me
fazendo sentir sexy e poderosa.
Meus stilettos Louboutins estão de matar com o vestido.
Jules entra no quarto e deixa escapar um assobio bem alto.
― E não é que você mandou muito bem, minha amiga?
Eu rio e dou uma voltinha para que ela veja por completo.
― Mandei?
― Garota, ele vai morrer do coração no minuto que te ver. Está maravilhosa.
― Ela sorri e me abraça forte. ― Aqui, esta bolsa combina com a roupa. ― Ela
me entrega uma linda bolsa vermelha que combina perfeitamente com os
sapatos, e eu sorrio em agradecimento.
A campainha toca e sinto cinco mil borboletas no meu estômago.
― Vou atender. Demore um pouco, faça-o suar. ― Ela beija meu rosto e
desce as escadas.
Olho para mim mesma no espelho por mais alguns minutos, e então coloco
minhas coisas na bolsa de Jules.
Não cabe quase nada nela.
Não caia nas escadas. Não caia nas escadas. Este é meu mantra enquanto
desço as escadas. Acho que não estou conseguindo respirar. Estou nervosa
demais. Aonde ele vai me levar?
Chego ao final das escadas e entro na sala de estar e meu juízo me abandona
completamente.
Luke está vestindo um terno preto, com uma blusa branca e uma gravata
azul que combina perfeitamente com seus olhos incríveis. Seu cabelo bagunçado
está penteado, quase implorando por meus dedos. Ele parece muito mais com o
astro de cinema sexy e sofisticado, e é todo meu.
Seus olhos se prendem aos meus e um sorriso lento e cheio de prazer se
espalha por seu rosto.
― Natalie, você me tira o fôlego.
― Você também não está nada mal.
Luke diminui a distância entre nós e me entrega um buquê de rosas.
― São para você.
― Obrigada ― murmuro enquanto enterro o nariz nelas e as cheiro. ― São
adoráveis.
― Temos que ir, temos reservas. ― Ele pega minha mão e beija os nós dos
meus dedos, enviando calafrios pelo meu braço.
― Ok.
Jules magicamente aparece do nada.
― Vou colocá-las na água para você. Divirtam-se, queridos. Ambos estão
fantásticos.
― Obrigada, Jules. ― Entrego-lhe as flores, e Luke me conduz para fora da
casa.
Ao invés de sua Mercedes ou do Lexus, tem uma limusine preta estacionada
na frente da minha casa, com um motorista vestido formalmente, parado em
frente à porta traseira já aberta.
― Madame... ― Ele me cumprimenta com a cabeça e eu sorrio em retorno.
Puta merda, Luke ficou louco! É assim que ele pede desculpas? Se sim, tenho
que brigar com ele mais vezes.
Entro na espaçosa limusine e deslizo no banco para que Luke possa fazer o
mesmo. Seu interior, onde caberiam facilmente dez pessoas, é todo de couro
macio e tem um impressionante sistema de som e outros apetrechos. O vidro de
privacidade está levantado.
Luke se aproxima de mim graciosamente e beija minha mão novamente.
― Luke, isso aqui é... maravilhoso. Obrigado.
― Nem começamos ainda. ― Ele parece tão jovem e feliz, e está claramente
empolgado para fazer o que planejou para a nossa noite.
― Já é muito mais do que você precisaria fazer.
― Não, é exatamente o que você merece, amor. ― Ele se inclina e me beija
doce e suavemente; daquele jeito que faz minhas entranhas se revirarem. ― Você
está linda esta noite.
Sorrio e fico corada com o elogio.
― Obrigada.
― Estes são os seus sapatos novos?
― Sim. ― Sorrio.
― Eles são... uau!
― Eu sei.
Ele ri e me serve uma taça de champanhe enquanto o motorista se afasta da
casa e sai em direção a Seattle.
― Um brinde. ― Ele segura a taça no ar, e eu olho para ele. ― A uma linda
mulher, que se tornou muito especial para mim, e que é a pessoa mais incrível
que já conheci. Obrigado por estar aqui comigo. ― Ele bate sua taça na minha, e
eu pisco para conter as lágrimas, tomando um gole da bebida cor-de-rosa.
― Você é muito charmoso ― murmuro e sorrio timidamente para ele.
― E você é sexy demais.
― Aonde estamos indo? ― Dou outro gole no champanhe. Hummm...
delicioso.
― É uma surpresa.
― Vai demorar para chegarmos lá?
― Um pouco. Por que está perguntando?
Tiro a bebida de suas mãos e a coloco do lado da minha em uma pequena
mesa perto do frigobar.
― Porque... ― ergo minha saia e sento em seu colo. Seus olhos se arregalam
de surpresa, e suas mãos fortes deslizam por minhas pernas. ― Quero transar
nesta limusine.
― Puta merda, amor, você está usando ligas. ― Sorrio presunçosamente e
afirmo.
― Tenho uma cena de sedução toda planejada para mais tarde. ― Sua
respiração falha enquanto encosto o centro do meu corpo direto em sua ereção.
― Acredite em mim, não quero arruinar seus planos. ― Inclino-me para
frente e roço meus lábios nos dele.
― Mas se você não estiver dentro de mim em vinte segundos, no máximo,
não serei responsável pelos meus atos.
― Essa é uma oferta que não posso nunca recusar, amor. ― Ele me afasta
um pouco, para que possa desabotoar sua calça, tirando sua camisa de dentro
dela e abaixando-a até suas coxas.
Ao invés de sentar novamente em seu colo, saio de cima dele e me coloco de
joelhos no carpete luxuoso. Suavizo minhas mãos, chupo-o e seus olhos se
arregalam.
― Está gostoso?
― Hummm, meu favorito.
Coloco-o em minha boca, apenas girando minha língua na pontinha de seu
pau e deslizando minhas mãos para cima e para baixo de sua impressionante
extensão. Sinto seus dedos segurando meus cabelos atrás da minha orelha e sei
que ele quer agarrá-los, mas também não quer desarrumá-los.
Eu aperto seu eixo com meus lábios firmemente e afundo-o até que o sinto
tocar o fundo da minha garganta.
― Meu Deus, pare, Natalie!
Sorrio para mim mesma e me afasto, mas acabo afundando-o de novo,
adorando o fato de que o estou enlouquecendo.
― Não, pare, não quero gozar na sua boca. ― Ele me pega e me ergue até
seu colo, onde me senta novamente. Ele afasta minha calcinha para o lado e eu
me esfrego nele, sentindo que meu líquido se espalha por seu corpo.
― Ah, amor, você está tão molhada.
― Você é tão delicioso, querido... Preciso de você dentro de mim.
Ele geme e me beija com tanta força, erguendo meu traseiro sobre ele,
facilmente me penetrando. Agarro o encosto do banco atrás da cabeça dele e
começo a cavalgá-lo, devagar a princípio, mas suas mãos se movem para cima e
para baixo, cada vez mais rápido.
― Vem, linda. Agora. ― Ele está beijando meu pescoço, mas movimenta
uma das mãos colocando-a entre nós, para colocar seu dedo em meu clitóris, e
me sinto perdida. Estremeço e me agarro nele, choramingando enquanto ele se
movimenta uma última vez, esvaziando-se dentro de mim.
― Porra, Natalie! ― Sua respiração está falhando. Embrenho os dedos em
seus cabelos e o beijo com tudo o que tenho, derramando meu coração e alma
nesse beijo, tentando transmitir as palavras que não consigo dizer; que eu o amo
muito.
Ele segura meu rosto em suas mãos e desacelera o beijo, afastando-me para
poder olhar em meus olhos, e eu vejo amor refletido neles. Isso me faz brilhar
por dentro, me faz querer correr o mais rápido possível na direção oposta.
― Obrigada por esta noite ― sussurro.
― Ah, amor, ela só está começando. ― Ele sorri lenta e docemente,
erguendo-me e colocando-me sobre o banco. Procuro ao redor e encontro lenços
de papel, com o qual nos limpamos e ajeitamos nossas roupas.
Endireitamo-nos no banco, Luke pega nossos champanhes e coloca o braço
ao meu redor.
― Me desculpe por hoje ― ele murmura.
― A mim também. ― Suspiro e encosto minha cabeça em seu ombro. ―
Conseguiu terminar seu trabalho?
― A maior parte dele. Vou ter que fazer algumas ligações amanhã.
― Ah, que bom. ― Ele está acariciando meu braço nu com as pontas dos
dedos, quase me fazendo ronronar.
― O que você fez hoje?
― Fiquei um pouco com Jules. ― Pego sua mão na minha e enlaço meus
dedos nos dele, refastelando-me em suas mãos longas. ― Ela está com alguns
problemas, então, fiz meu papel de melhor amiga.
― Ela está bem? ― Ele parece sinceramente preocupado, o que me faz
sorrir. Meu doce homem.
― Vai ficar. Problemas com um homem.
― Ah. E o que vocês fazem com essa coisa de melhores amigas? ― Ele
beija minha testa.
― Bem, muita conversa, comemos sorvete e outras coisas que não estou
autorizada a divulgar.
― Ah, é? ― Ele ri e beija minha testa outra vez.
― Sim, eu poderia te contar, mas aí teria que te matar, e acabei me apegando
muito a você.
― É verdade? ― Ele se inclina para poder olhar em meus olhos, e eu assinto
seriamente.
― Sim, me apeguei muito a você.
― E ao que mais se apegou exatamente? ― Ele sorri docemente, e eu sei
que, apesar da brincadeira, ele quer uma resposta sincera.
― Me apeguei a isso aqui... ― Inclino-me e beijo seus lábios suavemente.
― Você diz coisas muito doces com essa boca e faz meu corpo cantar com ela
também.
― Fico feliz em ouvir isso, menina linda.
Sorrio e beijo a palma de sua mão.
― E gosto de suas mãos, com o quão expressivas elas são e como me fazem
sentir quando estão dentro de mim.
― Hummm, elas adoram ficar dentro de você, amor.
Encosto meu rosto em seu peito, bem na altura do coração.
― E, mais do que tudo, adoro seu coração; o quão bondoso você é e o quão
gentil é comigo. Na maior parte do tempo ― acrescento e sorrio.
Seus lábios se abrem enquanto ele expira.
― Natalie, não sei o que fiz para merecer alguém como você, mas faria de
novo, várias vezes. ― Ele acaricia meu rosto e me beija ternamente enquanto a
limusine para. ― Chegamos.
Luke sai antes de mim e pega minha mão para me ajudar a sair do carro
impressionante. Ele me puxa para seu lado e meus olhos grudam no enorme
Chateau na nossa frente.
― Ah, meu Deus!
― Este é o Chateau Ste. Michelle. Vamos jantar aqui hoje.
― Eu não sabia que eles tinham um restaurante. ― Meus olhos arregalados
encontram os dele.
― Não têm. Só abrem para eventos especiais. Hoje, por algumas horas pelo
menos, ele é todo nosso.
Fico inerte. Ele alugou o Chateau inteiro para mim?
― Venha. ― Ele me guia até a frente da propriedade, onde uma mulher mais
velha, com seus cinquenta e poucos anos, está esperando por nós.
― Sejam bem-vindos, Sr. Williams e Srta. Conner. Sou a Sra. Davidson. É
um prazer tê-los conosco. Podem, por favor, me seguir? ― Ela nos guia pelo
corredor até a lateral do Chateau. Há uma fileira de postes de luz antigos,
iluminando toda a lateral da propriedade.
Luke pega minha mão e a entrelaça em seu braço, guiando-me pelo
caminho, logo atrás da Sra. Davidson. Enquanto fazemos a curva atrás da casa,
eu quase engasgo com a visão.
― Ah, Luke. ― Sinto-o sorrir para mim, observando minha reação quando
vejo a coisa mais linda que já vi. O caminho de pedras nos leva a um pequeno
bosque coberto por videiras. Estas chegam a estar pesadas com suas enormes
uvas roxas. Há luzes brancas de Natal sobre dez mesas para duas pessoas,
passando por todos o bosque, iluminando aquele pequeno espaço. Há um blues
suave tocando.
A pequena mesa no centro do pátio de pedras está coberta por um tecido
branco. A porcelana também é branca, mas em um dos pratos há uma rosa
vermelha. Luke toma a dianteira, puxa a cadeira para mim, e eu sento.
Ele pega a rosa e eu olho eu seus olhos cheios de alegria. Ele cheira a flor
delicada antes de entregá-la a mim.
― Para você, linda.
― Obrigada. ― Aproximo-a de meu nariz e cheiro toda sua doçura.
Luke senta no lado oposto da mesa.
― Querido, isso é maravilhoso! Obrigada. ― Pego sua mão por cima da
mesa, emocionada com seu gesto devastadoramente romântico.
― Fico feliz que tenha gostado. ― Ele sorri e gesticula ao garçom.
― Senhor... madame... ― O garçom está vestindo um paletó branco e calças
pretas, além de uma gravata borboleta. É um cavalheiro de cabelos brancos e um
sotaque inglês, e não há como não se apaixonar um pouco por ele. ― Obrigado
por se juntarem a nós, esta noite. Vamos lhes servir três refeições, além de uma
entrada e, é claro, sobremesa. Espero que estejam com fome. ― Ele pisca para
mim e gesticula para alguém dentro da propriedade. ― Aqui está a entrada; lula
ao alho combinada com nosso vinho seco Riesling 2009 e espetos de frango à
havaiano, combinando com nosso Cabinet Riesling 2008. ― Os pratos são
colocados na nossa frente, junto com taças de vinho.
Encontro os olhos de Luke do outro lado da mesa.
― Está bonito demais para comer.
― Aproveite, amor.
Então aproveitamos nossas entradas. Os vinhos complementam cada prato
perfeitamente, inundando minha boca com gostos e texturas maravilhosos.
Luke segura minha mão, acariciando os nós dos meus dedos com seu
polegar, enquanto finalizamos nosso vinho e esperamos pelo próximo prato.
― Está se divertindo?
― Muito mais do que isso. Isso aqui é... um conto de fadas. ― Sinto minhas
bochechas queimarem, mas é a verdade.
― É uma bela videira. Temos que vir aqui durante o dia para que você possa
ver os jardins.
― Adoraria isso.
― Posso lhes apresentar o primeiro prato? ― Nosso garçom está de volta,
removendo nossos pratos vazios e as taças de vinho. ― Este é o nosso filete de
alabote marinado com manga, abacate e salsa, servido com um Midsummer’s
White 2009. Divirtam-se. ― Ele se afasta novamente, deixando-nos com aquela
refeição deliciosa.
Mais dois pratos nos são servidos, com lombo de porco e bife Nova Iorque
com batatas Yukon Gold, e, é claro, os vinhos perfeitos a acompanhá-los.
Estou me sentindo muito satisfeita e um pouco embriagada com todo aquele
vinho quando chega a hora da sobremesa ser servida.
― Ah, meu Deus, Luke, não sei se ainda tem espaço para alguma sobremesa
neste vestido. ― Encosto-me e esfrego a barriga, o que faz Luke rir, com olhos
iluminados de felicidade. Ele está mesmo se divertindo, e foi gentil e cortês
durante as refeições. É muito bom nisso.
Ele gesticula para o garçom que imediatamente aproxima-se da mesa.
― Sim, senhor.
― Acho que eu e a Srta. Conner vamos dividir a sobremesa, por favor.
― Muito bem, senhor.
― Belo plano. Além disso, vamos perder essas calorias todas na ioga
amanhã de manhã.
― Ah, sim, a ioga! Você vai mesmo me fazer ir, hein?
― Sim, com certeza vou fazer isso.
― Podemos pular essa parte e ficar na cama o dia inteiro. ― Ele pisca para
mim por cima da taça de vinho.
― Não posso. Sou a instrutora.
― Eu não fazia ideia. ― Ele fica confuso.
― Só dou três aulas na semana. ― Dou de ombros. ― Além disso, sou
muito flexível. Acho que você irá apreciar o show. ― Sorrio de forma travessa,
escondendo-me com a taça, e observo seus olhos se arregalarem,
― Não perderia por nada nesse mundo.
O garçom reaparece com nossa sobremesa, que é um Creme Brulee de
morango em um prato e duas taças do vinho Eroica Ice.
Ele também coloca uma caixa da Tiffany’s, do tamanho de um colar, sobre a
mesa, faz uma reverência para nós dois e vai embora.
Ah. Meu. Deus.
Eu observo a pequena caixa azul perfeita em cima da mesa, me sentindo um
pouco entorpecida. O que será isso?
― É para você ― ele murmura e segura minha mão. Meus olhos encontram
os dele e eu nem sei o que dizer.
― Você não deveria ter feito isso. ― Minha voz é apenas um suspiro.
― Você ainda não abriu ― ele responde secamente, mas seus olhos estão
esperançosos. Sei que esta não era a resposta que ele estava esperando. Não
quero magoá-lo.
Ele pega a caixa e a entrega para mim.
― Abra, amor.
Retiro a fita da caixa e, preso a ela, há um bilhete no topo.
Luke está em sua posição favorita, com a cabeça descansando entre meus
seios, seus braços ao redor dos meus quadris e sua respiração começando a
desacelerar.
Não posso acreditar que tive que esperar por vinte e cinco anos para
encontrar um homem capaz de fazer amor doce e ternamente comigo.
Bem, quase vinte e seis anos, a serem completados no sábado.
E quase também não posso acreditar que ele deixou a palavra com A
escapar. Espero que não tenha sido por causa do calor do momento, por causa
dessa noite impossivelmente romântica. Mas, enquanto penso na forma como ele
me olhou ao dizer as três palavrinhas, sei que falava a verdade. Mesmo que nos
conhecêssemos há tão pouco tempo e houvesse muito ainda a aprender um sobre
o outro.
Eu também sei que meu coração nunca se sentiu tão pleno, e nunca conheci
um homem tão gentil, inteligente e doce como ele. Sinto-me segura com ele, me
sinto bonita e protegida.
Sim, ele é um baita ciumento, mas não somos todos?
― Não fique pensando muito nisso, amor.
Olho para baixo, confusa.
― Pensando muito em quê?
― Consigo ouvir as engrenagens do seu cérebro girando dentro dessa
cabecinha linda. ― Ele beija meu esterno, sai de cima de mim e se deita ao meu
lado, apoiando a cabeça no cotovelo.
― Não estou pensando.
― Você não mente muito bem. ― Ele se inclina e beija meu nariz, tirando
um pouco de cabelo do meu rosto.
― Preciso tirar essas pérolas. ― Eu me sento e me viro de costas para ele e
o sinto abrir o fecho.
― Por quê? ― Ele as coloca no criado mudo enquanto me deito na cama de
volta.
― Não quero que elas fiquem presas em alguma coisa e se quebrem no meio
da noite. ― Suspiro e deslizo minha mão até a lateral de sua coxa.
― Eu falei a verdade, você sabe disso, não sabe?
Sorrio e me espreguiço preguiçosamente.
― Eu sei.
― A que horas temos que acordar amanhã? ― Estou aliviada por ele ter
mudado de assunto. Tenho muito a pensar.
― A aula começa às nove.
― Então é melhor dormir.
― Não vou dormir de sapatos.
Ele ri e se levanta, tirando cada sapato do meu pé e colocando-os
gentilmente no chão. Então solta as meias das ligas e as desliza pelas minhas
pernas.
― Você tem pernas lindas, amor. ― Ele as beija e também tira a liga de
mim, jogando-a no chão. Ele engatinha para perto de mim e nos cobre com o
edredom, me puxando para seus braços. Descanso a cabeça em seu peito e
suspiro, sentindo seus lábios na minha testa.
― Vá dormir, linda.
― Boa noite ― murmuro e caio no sono, exausta.
Acordo de repente e procuro por Luke, mas ele não está lá. A cama está fria
e vazia.
Aonde ele foi?
Coloco a camiseta branca que ele estava usando mais cedo e saio do quarto.
Ele não está no loft, então, vou para o primeiro andar.
Está escuro. Eu não o vejo na sala de estar, nem na cozinha. Estou
começando a ficar muito assustada quando percebo uma movimentação no deck.
Caminho pela escuridão até a porta aberta sem que ele me note. Está de pé
apoiado na grade, banhado pela luz da lua. Veste uma calça de pijama preta,
presa em seus quadris sensuais, sem camisa. Está apoiado pelos cotovelos na
grade, olhando para a água azul da meia-noite que está refletindo a lua.
Queria muito estar com minha câmera aqui.
Coloco-me atrás dele e beijo suas costas, envolvendo-o com meus braços.
Adoro abraçá-lo assim.
― Te acordei? ― ele sussurra.
― Não, acordei porque você não estava lá. ― Beijo-o novamente. ― Você
está bem?
― Estou, só não consegui dormir. ― Ele se vira para olhar para mim,
apoiando os quadris na grade e envolvendo-me em seus braços. Seu rosto está
iluminado pela luz da lua, seus olhos olham para mim intensamente. ― Como
você está?
― Solitária. Volte para cama.
― Ok ― ele sussurra e beija minha testa. ― Vejo que pegou minha camisa
emprestada outra vez.
― É um mau hábito meu.
― Tudo bem, você pode me devolvê-la lá em cima. ― Ele me levanta nos
braços outra vez, e eu rio enquanto ele me carrega para o quarto outra vez.
Fico surpresa por acordar antes de Luke. Temos que chegar na aula de ioga
em mais ou menos uma hora, mas não consigo resistir em ficar ali deitada
observando-o dormir.
A luz da manhã entra por sua janela que vai do chão ao teto. Adoro seu
quarto enorme, com os móveis enormes. A cama é imensa, e os lençóis brancos
parecem algodão egípcio, macios sob minha pele.
Luke está deitado de costas, com uma mão sobre a cabeça. Seu rosto fica
suave enquanto ele dorme, sua barba matinal é sexy, e seu cabelo bagunçado fica
mais bagunçado que o normal.
E ele me ama!
Vou ao banheiro para atender ao chamado da natureza e, quando volto ao
quarto, pego as roupas, sapatos e grampos da noite anterior, ainda espalhados
pelo chão, um sorriso surge no meu rosto.
Reparo que uma das minhas malas está sobre uma cadeira perto da janela,
faço uma nota mental para agradecer a Jules.
Fico feliz em encontrar minhas roupas de ioga, roupas de baixo limpas e
outras roupas casuais e artigos de higiene, incluindo uma escova de dentes,
novinha, na mala. Decido tirar tudo e me estabelecer um pouco. Se ele quiser
que eu tire tudo, sem problemas. Se quiser que eu deixe algumas coisas minhas
em sua casa, tudo bem também.
Adiciono minha escova de dentes e um desodorante a seu armário da pia,
além de um frasco de xampu e sabonete líquido ao box. Jules deve ter saído para
comprar isso tudo, e eu não apenas quero agradecê-la, mas planejo surpreendê-la
com um tratamento especial também.
Deixo as roupas na mala, mas pego as que vou usar na ioga e volto para
cama.
Luke ainda está dormindo, e ainda temos muito tempo, então, o deixo ali e
vou até o primeiro andar para preparar o café.
Caminho por sua cozinha, abrindo os armários coloridos até finalmente
encontrar o café e a cafeteira, além de algumas canecas. Enquanto o café passa,
abro as portas francesas que dão para o deck e vou lá para fora para aproveitar a
bela vista de Puget Sound. Respiro bem fundo aquele ar fresco.
Está um dia lindo. O céu amanheceu com um azul brilhante, enquanto o sol
da manhã está pleno e brilhando sobre a água azul. A balsa está deslizando
graciosamente pela Ilha Bainbridge. Gaivotas voam por cima da água, e a brisa
está soprando meu cabelo gentilmente. Um dia glorioso.
― Pensei que você não fosse uma pessoa madrugadora.
Eu me viro ao ouvir o som de sua voz rouca e sexy. Ele me envolve em seus
braços e me abraça apertado.
― Bom dia, lindo.
― Bom dia, amor.
Inclino minha cabeça para trás, sorrindo para ele.
― Estou fazendo café.
― Eu senti o cheiro. Obrigado. Por que não me acordou? ― Ele beija minha
testa e respira bem fundo.
― Você parecia tão em paz, e não temos pressa.
― Você tirou algumas coisas da mala. ― Encosto minha cabeça em seu
peito, evitando seu olhar.
― Sim, mas posso guardá-las se você preferir que eu não deixe minhas
coisas aqui.
Ele segura meu queixo em seus dedos e inclina minha cabeça para trás,
tocando meus lábios com os dele em um beijo que faz com que meus dedos se
curvem.
― Gosto de ter suas coisas aqui. Pode deixá-las.
― Ok. ― Sorrio timidamente para ele. ― Vamos tomar café.
― Está pronto? ― Sorrio para Luke, que agora está vestindo um short de
basquete e uma regata. Está fantástico.
― Tanto quanto poderia estar. ― Ele parece nervoso, e meu coração derrete.
― Vai ficar tudo bem. Lembre-se do que eu disse sobre manter seu próprio
ritmo e só se alongue até o ponto que for confortável. Não quero que se
machuque.
― Não vou me machucar.
― Ok. ― Eu sei que ele pensa que vai ser moleza. Não tenho dúvidas disso,
pois ele está em ótimas condições físicas, mas ioga demanda mais força do que
muitas pessoas imaginam.
Eu abro o estúdio e convido-o a entrar. As janelas de vidro são todas foscas,
assim as pessoas do lado de fora não podem parar e olhar. Há espelhos cobrindo
uma parede inteira, com uma barra montada para a aula de balé daquela tarde.
Tapetes de ioga estão enrolados e encostados em um canto. Caminho até o
sistema de som e escolho uma música calminha.
― Ok, vamos pegar nossos tapetes. Os alunos vão começar a chegar logo,
logo.
― Quantas pessoas costumam frequentar esta aula? ― Sinto seu medo de
ser reconhecido.
― Umas oito ou dez. É uma turma pequena.
Ele assente e nós espalhamos nossos tapetes. Coloco o meu de frente para a
turma, perto do espelho, com ele na minha frente. Os alunos começam a chegar e
pegar seus tapetes, espalhando-os por todo estúdio. Ninguém presta atenção em
Luke, e eu o vejo relaxar. Sorrio para ele, que pisca para mim.
― Ok, pessoal, vamos começar. ― Durante a hora seguinte, eu conduzo a
classe a fazer várias posições, variando-as para acomodar tanto os alunos mais
novos quanto os mais experientes. Tipicamente me perco por causa da música e
pelo fluxo da ioga, mas não consigo não me distrair com Luke e seu corpo forte.
Ele é mais flexível do que pensei, além de ser gracioso. E observar seu corpo
tonificado se mover e se flexionar é um prazer.
Ele também está me observando, com mais interesse de que apenas para ver
qual pose estou fazendo. Quando nossos olhos se encontram, o calor é inegável,
e eu sei que o estou excitando tanto quanto ele está me excitando.
Mal posso esperar para ficar a sós com ele.
Estou na postura do cachorro olhando para baixo e me viro para dar uma
olhada na turma. Vejo que Luke está olhando para minha bunda.
Sorrio.
Finalmente, a aula termina e eu estou tão excitada que mal consigo enxergar.
Os alunos de despedem e saem para começar seu dia, e finalmente eu e Luke
somos deixados sozinhos. Ele caminha até a porta e a tranca, fazendo meu
coração pular dentro do peito.
― Vai ter mais alguma aula aqui hoje de manhã? ― pergunta.
― Não, só à tarde ― respondo.
― Bom.
― O que está pensando? ― pergunto.
― Estou pensando ― ele começa a caminhar na minha direção bem devagar
― que você é a mulher mais sexy que eu já vi em toda minha vida.
Seus olhos se estreitam e seu rosto fica sério enquanto ele caminha até mim.
― Ah. ― Tento me manter no controle. ― Então você gostou da aula.
― Não tinha ideia de que você conseguia mexer esse corpinho lindo dessa
forma.
― Já faço isso há muito tempo.
― Sim, estou vendo. ― Ele finalmente se coloca a menos de um passo de
distância, e eu estendo a mão para acariciar seu rosto.
― Estou feliz por ter participado. Foi um prazer ver você se mexendo.
Ele sorri, encantado comigo, e pega minha mão na dele, deixando-se levar
por meu toque e fechando seus olhos por alguns minutos. Ele abre aqueles olhos
azuis bebê, que agora estão em chamas.
Puta merda, adoro quando ele me olha assim.
Luke me encosta no espelho e segura meu rosto em suas mãos, beijando-me
como se a vida dele dependesse disso. Agarro seus quadris com minhas mãos e
me entrego àquele beijo, despejando toda minha frustração da última hora nele.
― Quero você ― murmura contra meus lábios.
― Eu estou te querendo há mais de uma hora. Estou surpresa por ter
conseguido falar durante a aula. ― Ele sorri contra meus lábios.
― Vamos tirar estas roupas, pode ser? ― Ele tira meu top e o sutiã por cima
da minha cabeça e os joga no chão, trabalhando rapidamente na minha calça e
calcinha. Devolvo o favor, livrando-o de suas roupas de malhação, e ele me vira
de frente para o espelho. ― Coloque as mãos na barra, amor.
Obedeço feliz. Ele beija meu ombro e me envolve com seus braços,
segurando meus seios em suas mãos, massageando os mamilos sensíveis com
seus dedos. Observar nosso reflexo no espelho envia eletricidade direto para
minha vagina. Suas mãos grandes se espalham pelo meu peito, agarrando meus
seios. Seus lábios estão em meus ombros, seus olhos estão fechados, e a
expressão em seu rosto é primitiva, desejosa e... ah, meu Deus!
― Ah! ― Inclino a cabeça para trás, contra seu peito, empurrando meus
seios para suas mãos.
― Você me enlouqueceu com essas posições todas, amor. Não sei como
consegui me controlar.
Eu ofego e sorrio para ele pelo espelho.
Ele desliza uma das mãos pela lateral do meu corpo, traçando minha
tatuagem, pelo meu quadril, minha bunda e encontra minha parte central.
― Porra, amor, você está tão pronta pra mim. ― Seus lábios estão no meu
pescoço, mordendo, enviando calafrios pela minha espinha.
De repente ele afasta meus quadris, deixando-me inclinada, agarrando
minhas mãos na barra, e morde meu ombro com força antes de penetrar seu
pênis em mim.
― Ah, Deus! ― Ele agarra meu cabelo com uma das mãos e meu quadril
com a outra, penetrando-me, mais rápido e mais forte, com seus olhos
tempestuosos presos aos meus no espelho.
Porra, é tão bom! Eu me inclino mais para ele e sinto o orgasmo me
dilacerar, rápido, forte, e eu explodo.
Ele dá mais duas estocadas e se rende à sua própria libertação.
Jantar de aniversário na casa dos meus pais amanhã à noite? Traga o Luke.
― Vai ser um voo longo. ― Minha voz está firme, mas meu estômago está
dando nós. Luke contratou um motorista para nos levar ao aeroporto, e estamos
no banco de trás. Estou segurando forte em sua mão e prendendo meu lábio entre
os dentes.
― Nós vamos ficar bem. ― Ele me senta em seu colo e beija meu pescoço.
Reconheço a tática de distração, mas não ajuda.
― Vamos fazer escala em L.A.? ― pergunto.
― Não.
― Ah... ― Franzo o cenho e prendo a respiração quando seus lábios tocam a
parte sensível bem abaixo da minha orelha. ― Não sabia que havia voos diretos
de Seattle para o Taiti.
― Não sei se tem. Um amigo meu vai nos emprestar seu avião.
― Ah... ― Puta merda!
― Nat, você já viajou de avião depois que seus pais morreram? ― Ele ergue
meu queixo e me olha nos olhos, parecendo nervoso e preocupado comigo.
Seguro seu rosto nas mãos.
― Não.
― Amor, tudo bem para você? ― Ele beija a palma da minha mão.
― Vou ficar bem. É como arrancar um band-aid, tenho que fazer isso.
― Se isso te faz sentir melhor, planejo mantê-la ocupada durante todo o voo.
Você não vai ter tempo para ficar assustada. ― Ele sorri maliciosamente para
mim, e eu rio.
― Promessas, promessas...
Chegamos ao SeaTac. O motorista estaciona na pista, perto de um jatinho
particular.
― Este aqui é muito maior do que qualquer coisa que meu pai já pilotou.
O motorista abre a porta e começa a transferir nossas bagagens para a bela
aeronave. Luke conversa com o piloto, com o copiloto e com a bela aeromoça,
mas meus ouvidos estão zumbindo com o nervosismo e não consigo ouvir, ou
me importar, o que eles estão falando.
O interior da cabine é lindo. Cabem doze pessoas. Os assentos são largos e
de couro preto. Luke me conduz até dois assentos lado a lado e sentamos.
― Como você está?
― Como pareço? ― sussurro.
― Pálida e com olhos arregalados.
― Então estou apavorada.
― Sim.
― É normal.
Luke afivela meu cinto de segurança ― Nossa! ― e coloca um braço ao meu
redor.
― Estou aqui com você, amor.
― Eu sei. Vou ficar bem daqui a pouco.
Seus belos olhos azuis estão pesados de preocupação, e eu puxo sua cabeça
para baixo para beijá-lo. Ele toca meus lábios com os dele, de um jeito que me
faz estremecer, e passa os dedos pelo meu cabelo.
― Você está linda hoje. ― Estou vestindo jeans azul e uma blusa verde.
Olho para sua blusa preta e a bermuda cáqui e sorrio.
― Digo o mesmo para você, lindo.
A voz do piloto sai dos alto-falantes, anunciando que estamos prontos para
decolar, a qual altitude estaremos e quanto tempo o voo vai levar. Graças a Deus
vai ser um voo relativamente rápido.
Ouço os motores roncando e tiro o braço de Luke de mim para segurar sua
mão. Em segundos estamos correndo pela pista e saindo do chão.
Acho que vou desmaiar.
― Respire, amor. ― Inspiro bem fundo e expiro. ― Outra vez. Fica comigo,
amor. Só respire.
Deus, eu o amo ainda mais neste momento. Sua voz está me acalmando e,
conforme ganhamos altitude e estabilidade, começo a me acalmar.
― Estou bem ― sussurro.
― Vocês querem alguma coisa? ― A aeromoça alta e de pernas longas está
do nosso lado. Não tinha notado ainda o quanto ela é bonita. ― Posso lhes trazer
um café da manhã, se quiserem.
Balanço a cabeça com veemência.
― Só água, por favor.
― Água para nós dois, por favor. ― Bebemos a água gelada. Os olhos de
Luke ainda estão fixos no meu rosto e eu coro um pouco.
― Então, de quem é este avião? ― pergunto.
― Spielberg. ― Ele sorri para mim.
Puta merda!
― O Steven? ― pergunto.
― Ele mesmo. Ele dirigiu um filme que eu estava produzindo. Depois
trabalhamos juntos algumas vezes. Estava me devendo um favor. ― Ele dá de
ombros.
― Você está tão fora do meu alcance. ― Balanço a cabeça.
― O que isso significa? ― Minha mão o aperta com mais força e meu
queixo cai ao perceber o olhar que ele está me dirigindo.
― Me desculpa. ― Eu franzo o cenho e observo a cabine do avião. É mais
do que luxuoso. E eu conheço coisas luxuosas. Isso aqui está no nível da lista da
Forbes das 100 pessoas que poderiam comprar um país de terceiro mundo.
― Não é meu. Eu peguei emprestado. Pensei que fosse gostar.
― Eu gostei. Tudo isso é maravilhoso. Você é maravilhoso. Você só me
deixa um pouco enlouquecida às vezes, Luke.
― Sim, bem, isso deve ser contagioso, porque você me seduz
completamente. ― Sinto-me vulnerável e assustada, excitada e apaixonada, e só
quero estar em seus braços. Então, desafivelo meu cinto de segurança, passo
uma perna por cima de seu colo e me sento ali. Suas sobrancelhas se erguem em
surpresa, e ele agarra meu bumbum curvilíneo em suas mãos. Adoro o fato de
ele ser alto o suficiente para que possamos ficar olhos nos olhos, mesmo nesta
posição. Eu seguro seu rosto em minhas mãos e me inclino para beijá-lo como se
minha vida dependesse disso.
Sinto suas mãos correrem para cima e para baixo pelas minhas costas e
esfrego o centro do meu corpo nele.
― Porra, amor, você me enlouquece.
― Hummm... ― Eu mordo o canto da sua boca e abro meus olhos para ver
que seus olhos azuis estão olhando para mim. ― Quero você. Me faça esquecer
onde estamos.
Ele toma o controle do beijo, segurando meu cabelo em suas mãos e fazendo
meu rosto encarar o dele, beijando como se já não me tocasse há dias.
Como se não tivéssemos feito amor de manhã.
Ele coloca a mão entre nós e desafivela seu cinto de segurança, me erguendo
facilmente, com as mãos firmemente plantadas em meu traseiro, segurando-me.
Envolvo minhas pernas ao redor de sua cintura e agarro seu cabelo em minhas
mãos, colocando meus braços em seus ombros.
― Para onde estamos indo? ― murmuro.
― Para o quarto. ― Quarto? Em um avião?
― O que há de errado com a poltrona onde estávamos sentados? ― Inclino-
me e mordo o lóbulo da sua orelha.
― Não vamos dar à aeromoça um show de sexo, né?
― Ah! ― Eu tinha esquecido. É isso que ele faz comigo. Me faz esquecer. E
é tão gato!
Ele me carrega até a parte traseira do avião e entra por uma porta, chegando
em um pequeno quarto com uma cama de casal. Ele tem lençóis de linho e
travesseiros nos tons de marrom e verde.
― Sexo no avião! ― Eu me endireito em seus braços e seguro seu rosto nas
minhas mãos. ― Nunca fiz sexo em um avião!
Ele sorri e me beija no queixo.
― Nem eu.
Passo meus dedos suavemente por seu cabelo loiro macio e olho em seus
olhos azuis como o céu, não conseguindo compreender o que fiz para merecer
este homem lindo.
― Você é tão lindo! ― Ele franze o cenho por causa da minha mudança de
ritmo e apenas fica ali, no meio do quarto, comigo entrelaçada nele, sem me
colocar no chão.
Ele balança a cabeça e me beija bem na clavícula.
― Não sou nada de especial.
― Ah, querido... ― Eu o abraço com força. ― Você é lindo. Por dentro e por
fora ― sussurro em seu ouvido.
― Nua, agora! ― Ele rosna e me coloca no chão. Não consigo não rir
quando um emaranhado de roupas começa a voar pelo quarto. Estamos ansiosos
para ficarmos nus e tocarmos um ao outro.
Quando a última peça de roupa é jogada no chão, Luke me agarra, puxando-
me para ele em um abraço apaixonado, mas, ao invés de nos jogar na cama, ele
me encurrala na parede, deixando seu torso pesado e quadris contra mim e sua
dura ereção encostada na minha barriga.
Ele desliza as mãos pelos meus braços, entrelaça os dedos nos meus e leva
nossas mãos para cima da minha cabeça, prendendo-me ali. Sua boca
gloriosamente macia está no meu pescoço, beijando-me. Ele segura ambos os
meus punhos com uma mão só e leva a outra aos meus seios, segurando um
mamilo entre os dedos.
― Porra, Luke!
― Deus, você é linda. Adoro como seus seios preenchem minhas mãos.
Arquejo meu corpo para fora da parede, minhas mãos ainda presas sobre
minha cabeça, desejosas.
― Fique quieta, amor. ― Sua mão viaja pelos meus quadris e pela minha
bunda, massageando-a suavemente. Então ele me dá uma palmada. Com força.
― Ah! ― Sinto-o sorrir contra meu pescoço e mordo o lábio. Desde quando
um tapa na minha bunda me excita tanto? Dá um tesão do caramba. ― Outra vez
― sussurro.
― Ah, amor... ― Ele beija meu queixo e os cantos da minha boca,
mordendo-me. ― Quer que seja selvagem?
― Só com você. ― E é verdade. Só ele pode me tocar daquela forma e fazer
com que minha pele cante. É intoxicante.
― Que assim seja. ― Ele me bate outra vez e engancha minha perna em sua
coxa, mas ele é alto demais para encaixar seu pênis na minha vagina.
― Me levante ― imploro.
― Ah, vou fazer isso. Paciência, linda. ― Sua mão gloriosa desliza para trás
de mim outra vez, por sobre meu bumbum quente e encontra minha abertura. Ele
desliza um dedo para dentro e faz movimentos circulares, enviando-me
sensações espirais.
― Luke! Por favor! ― Estou tentando soltar meus punhos sem sucesso.
Quero tocá-lo. Quero-o dentro de mim!
― O que você quer, amor? ― Ele murmura enquanto assalta minha vagina
de uma forma deliciosa.
― Você. Por favor ― sussurro contra seu pescoço.
― Você vai me ter. Seja paciente, meu amor. Vou te fazer esquecer, lembra?
― Não lembro nem da porra do meu nome agora.
Ele ri e me beija docemente.
― Vou soltar suas mãos agora. Coloque-as na cabeça.
― O quê? ― Não está fazendo sentido.
― Só as coloque na cabeça.
― Quero tocar você. ― Eu faço um biquinho, e ele morde meu lábio
inferior.
― Ainda não. Confie em mim.
Ele solta minhas mãos e eu as abaixo até a cabeça, entrelaçando meus dedos,
encostando a cabeça na parede.
― Bom. Não mexa as mãos, amor.
― Ok ― sussurro.
Ele continua a beijar meu rosto, gentilmente mordendo o lóbulo da orelha.
Então, começa a descer.
E eu sei exatamente o que ele vai fazer.
― Porra! ― Olho para baixo, enquanto ele beija meus seios, colocando os
mamilos dentro da boca. Minha respiração está entrecortada e meu sangue está
correndo pelo meu corpo em super velocidade.
Nunca me senti tão excitada na vida.
― Calma, amor. Estou com você.
Enquanto ele se ajoelha no chão, engancha minha perna direita em seu
ombro e coloca seus braços ao meu redor, suportando meu peso em seu
antebraço e agarrando meu bumbum com suas mãos enormes.
― Vou cair.
― Não vou deixar você cair. ― Ele beija meu piercing, e então beija minha
tatuagem três vezes docemente. Sem nem pensar, eu abaixo a mão e entrelaço
meus dedos em seu cabelo, mas ele ergue a cabeça para me olhar.
― Na. Cabeça.
Ah.
― Mas eu quero te tocar.
― Mais tarde. Venha, amor, brinque comigo.
― Ok. ― Minha mão volta para minha cabeça e, sem hesitar, seus lábios
tocam meu clitóris, e ele o suga.
Puta que pariu!
― Porra! ― Meus quadris se remexem, aproximando-se de sua boca, e ele
os afasta gentilmente para que possa mover os lábios bem onde está me beijando
intimamente, correndo a língua para cima e para baixo, me provocando. Ele o
morde gentilmente e então enfia a língua dentro de mim enquanto sente meu
cheiro.
Não consigo tirar meus olhos dele. Ver sua boca em mim é a coisa mais
erótica que já testemunhei.
Suas mãos estão apertando minha bunda. A mão direita, ainda suportando
meu peso, desliza mais para perto do meu centro. Ele enfia o dedinho em mim,
entrando e saindo enquanto sua boca continua a me torturar deliciosamente.
Seus olhos azuis estão olhando para meu rosto. Estou tão consumida pela
sensação que ela me enfraquece. Aquele dedo está se movendo devagar, para
dentro e para fora, e o sentimento é inimaginável. Faz com que eu me sinta suja
e devassa, e é tão sexy!
Ele pressiona o nariz no meu clitóris e está terminado. É como se ele
estivesse apertando todos os botões de uma vez só ― literalmente ― e eu
desmorono, tremendo e pulsando, indo e vindo. Parece que nunca vai parar.
Luke tira o dedinho de dentro de mim e beija meu púbis, minha barriga,
meus seios e, finalmente, meus lábios. Ele me prende na parede de novo com seu
corpo, porque, sem ele para me segurar, acho que cairia no chão.
― Por favor ― choramingo, não reconhecendo minha própria voz.
― O que quiser, amor.
― Me foda. ― Seu olhar encontra o meu, parecendo sombrio.
― Acabei de fazer isso ― ele murmura contra minha boca, esfregando seus
lábios nos meus de um lado para o outro. Segura minhas mãos nas suas
novamente, bem acima da minha cabeça.
― Me foda naquela cama. ― Eu o beijo. ― Por favor.
Ele me segura contra seu peito e nos leva até a cama. Joga o edredom para
longe dos lençóis e me deita ali.
― Deite-se de bruços, amor.
Eu rolo para ficar de barriga para baixo, e ele se põe sobre mim,
pressionando seu pênis duro em minha bunda, seus pelos do peito fazendo
cócegas nas minhas costas. Beija o centro do meu pescoço e desce pela minha
espinha, prestando atenção extra na tatuagem bem no centro das minhas costas.
― Por que esta diz “Ame profundamente”? ― ele pergunta.
― O quê?
― Por que esta tatuagem?
Tenho que piscar e acionar algumas células cerebrais para responder a
pergunta.
― Porque é tudo que eu sempre quis, amar e ser amada profundamente.
Ele esfrega o nariz na tatuagem.
― Você é, Nat.
― Eu sei.
Sinto seu sorriso enquanto ele retoma a jornada pelas minhas costas. Ele
beija meu traseiro uma vez e cola seus lábios na tatuagem da minha coxa direita,
bem abaixo da minha bunda.
― E esta aqui? Por que diz “Felicidade é uma jornada”?
― Porque demorei uma longa jornada para ser feliz outra vez.
― Ah, amor! ― Ele afasta minhas pernas com as dele e corre um dedo pelo
meu ânus até chegar ao meu clitóris, fazendo-me arquejar para fora da cama.
― Ah, Luke!
Ele agarra meus quadris e desliza para dentro de mim, enterrando-se o mais
fundo que consegue.
É glorioso. Sinto-me plena, feliz, gostosa e muito amada.
Ele dá um tapa na nádega que foi ignorada quando estávamos presos à
parede e começa a se mover para dentro e para fora de mim, com força,
repetidamente.
Agarro os lençóis com meus punhos e choramingo quando sinto meus
músculos se repuxarem ao redor de seu pênis. Minhas pernas se apertam. Ele
agarra meus quadris, quase dolorosamente, enquanto me penetra mais uma vez e
goza violentamente, perdendo-se dentro de mim.
Estou de pé no deck de nossa linda cabana, apontando minha câmera para a
água e tirando fotos de peixes coloridos. Tiro mais ou menos uma dúzia de fotos
e então olho para cima, para tirar algumas da ilha. O sol já está quase se pondo e
mal posso esperar para tirar fotos das silhuetas das palmeiras à luz do
crepúsculo.
― Ei, amor. ― Luke coloca seus braços ao meu redor, abraçando-me por
trás, e enterra o nariz no meu pescoço. ― Como você está?
― Acho que vou estar um pouco dolorida amanhã, mas estou bem. Tinha
esquecido o quanto mergulhar é exaustivo. ― Sorrio e viro meu rosto para ele.
Ele sempre rouba meu fôlego. Está sem camisa, usando apenas um short
preso em seus quadris, daquele jeito delicioso, mostrando os músculos que
formam um V que desaparece dentro do tecido. Ele tomou um pouco de sol, o
que fez sua pele ficar bronzeada. Minha boca fica seca todas as vezes que olho
para ele.
E só porque eu posso, ergo minhas lentes e tiro uma foto dele. Ele sorri,
timidamente, e eu tiro outra.
― Adoro tirar fotos suas.
― Já percebi. Você ficou com essa coisa apontada para mim mais do que
qualquer coisa nesses três dias em que estamos aqui.
― Não é verdade. ― Eu rio, e ele pega a câmera das minhas mãos e de
repente eu me torno o assunto. ― Ei! Eu estou do lado errado das lentes!
― Virando o jogo, amor. Me dê aquele sorriso lindo. ― Inclino-me na grade
e poso para ele de brincadeira, inclinando um quadril para o lado e colocando a
mão na curva da minha canga.
― Temos que vir aqui com mais frequência ― ele murmura, mas continua
tirando fotos minhas.
― Por quê?
― Porque eu adoro te ver andando por aí o dia inteiro de biquíni. Isso me
deixa ver suas tatuagens.
Eu sorrio e me viro de costas para ele, deixando meu lado esquerdo exposto,
e levanto o braço esquerdo na lateral do meu rosto, olhando para ele através da
dobra do meu cotovelo.
― Tire uma foto dessa tatuagem, assim você vai poder olhar para ela
quantas vezes quiser.
― Nossa, você é boa nisso. ― Ele tira a foto, com os olhos brilhando, cheios
de humor e luxúria, e eu sorrio.
― Ok, espere. ― Eu tiro a canga, deixo-a cair no chão do deck e observo
seus olhos se dilatarem. Sei que ele gosta do meu corpo. Minhas antigas
inseguranças desapareceram. Viro-me de costas para ele e jogo meu cabelo por
cima do ombro. Minhas mãos estão descansando na grade. Sei que deste ângulo
ele pode ver as tatuagens das minhas costas e da coxa. ― Agora sim.
Ouço a câmera disparar desesperadamente e a respiração de Luke mudar.
― Terminou com essas? ― pergunto.
― Sim ― ele sussurra. Viro-me de frente para ele e pulo na grade, sentando-
me. ― Cuidado!
― Estou bem, não vou cair. ― Eu me ajeito, ficando sentada em um ângulo,
colocando meu pé direito para descansar sobre a grade. Minha tatuagem fica
exposta. ― Pode tirar a foto.
Ele dá um zoom no meu pé e clica umas dez vezes.
― Odeio desapontá-lo ― murmuro secamente ―, mas a última tatuagem vai
ter que ser um segredinho nosso.
Seus olhos se escurecem enquanto ele dá um passo atrás para tirar mais fotos
minhas.
― Então ninguém mais viu estas tatuagens? ― ele pergunta com a câmera
ainda em seu rosto.
― A maioria delas.
― O que isso significa? ― Ele abaixa a câmera e olha para mim.
Merda.
― Esta no meu púbis é a mais nova e ninguém, além de você, a viu. A das
minhas costas às vezes fica exposta quando eu uso certos tipos de blusas ou
vestidos, mas ninguém nunca me perguntou o que significa. Na verdade,
ninguém nunca soube o que nenhuma delas significa.
― E a da lateral do corpo e a da perna? ― ele pergunta.
Dou de ombros.
― Eu não era virgem quando te conheci.
Ele franze o cenho e olha para baixo, deixando-me desesperada para
melhorar seu humor.
― Ei! ― Eu pulo da grade e encurto a distância entre nós. ― O passado já
era, Luke. Para nós dois.
― Eu sei. ― Ele engole em seco e olha para mim com seus olhos azuis. ― É
que eu fico louco só de pensar em outros homens tocando você.
― Querido... ― Eu sorrio e passo meus dedos por seu rosto. ― Seu toque é
o único que importa. Você me apresentou sentimentos que eu nem sabia que
existiam. Não se preocupe com o antes. Você é tudo que eu vejo. Além do mais
― pego a câmera de volta e coloco a tampa das lentes de volta ―, você, meu
amor, com certeza também não era virgem antes de mim.
― Como você sabe? Talvez eu fosse. ― Ele ri.
― Não tem nem como alguém ser tão bom de cama sendo virgem.
― Ah! E quão bom eu sou? ― Ele pisca para mim e me puxa para seus
braços, passando as mãos pelas minhas costas quase nuas.
― Hummm... você é razoável. ― Ele ri enquanto se inclina para me beijar
de forma suave, bem no canto da boca.
― Razoável, hein?
― Sim, eu aguento. Pelo seu bem.
― Só aguenta? ― Ele continua a mover aqueles lábios experientes e macios
pelo meu rosto e pela minha orelha.
― E é bem difícil, mas de alguma forma eu encontro forças para isso.
Ele ri e segura meu rosto gentilmente em suas mãos, tocando meus lábios
com os seus, suavemente, beijando-me profundamente, mas ainda com
suavidade. Amorosamente. Como se tivéssemos o dia inteiro para isso. Entrego-
me a seus lábios, engato meus dedos no cós de seu short, deixando metade da
minha mão sobre o tecido e a outra metade em sua pele.
Deus, meu homem sabe beijar.
Ele me afasta e, ainda segurando meu rosto, olha em meus olhos.
― Uau! ― murmuro e seu rosto se ilumina de humor.
― Você suportou isso numa boa?
― Você é muito bom nisso.
― E você também. Trouxe um vestido?
Fico confusa com a mudança de assunto.
― Sim, por quê?
― Planejei algumas coisas para o jantar.
― Ah... eu ia tirar fotos do pôr do sol.
― Você ainda pode fazer isso. Leve a câmera.
― Ok. Quando vamos sair?
― Daqui a meia hora.
― Aonde nós vamos? ― pergunto.
― É uma surpresa, aniversariante. ― Ele sorri e passa o polegar pelo meu
lábio inferior.
― Meu aniversário já acabou.
― Esta é sua viagem de aniversário, então você ainda é a aniversariante. ―
Ele me beija castamente e então entrelaça sua mão na minha, guiando-me para
dentro.
Nossa cabana ― embora cabana não seja a palavra certa para descrevê-la ―
é de perder o fôlego. É um bangalô sobre a água. Nenhuma cabaninha de hotel
poderia ser suficiente para este homem.
Temos um espaço grande, com dois quartos, uma área comum enorme e dois
banheiros. O banheiro maior tem uma banheira onde cabem duas pessoas, que
fica a céu aberto em uma plataforma, com vista para o oceano. Na verdade, a
maioria dos cômodos é aberta para o lado de fora, com belas cortinas para nos
dar um pouco de privacidade. Os pisos são de madeira escura, mas há aberturas
de vidro na maioria dos quartos para que possamos ver os peixes lá embaixo.
Os móveis são confortáveis, caros e convidativos. A cama principal é
enorme, com lençóis brancos macios, edredons e travesseiros. A área comum é
bem colorida; laranja, amarela e vermelha. É realmente muito linda.
― Já esteve aqui antes? ― pergunto enquanto pego meu vestido e os
sapatos.
― Não, primeira vez. Não precisa ir de salto alto.
― Ah, ok. Rasteirinha?
― Sim.
― Vamos para algum lugar na areia?
Ele sorri e pisca. Tudo bem, não vai me dizer.
― Você vai se trocar?
Ele coloca uma camisa de botões e a deixa desabotoada.
― Pronto, me troquei.
Eu rio e desamarro as tiras do biquíni, deixando-o cair em minhas mãos.
Olhando para baixo, faço o mesmo com a calcinha. Caminho nua até o quarto e
pego uma calcinha.
― Nada de calcinhas. ― Eu me viro e olho para ele. Seus olhos estão
latejando.
― Mas...
― Nada de calcinhas.
Nossa. Ele é tão mandão. Mas eu gosto. Estranho...
― Ok. ― Coloco o vestido preto por cima da minha cabeça e o ajeito no
lugar, colocando meus pés nas sandálias rasteiras. Penteio meu cabelo
vigorosamente e então o prendo em uma trança simples, jogando-a para o lado
esquerdo para que ela possa repousar sobre meu seio. Passo um pouco de rímel e
me viro para notar que Luke está me observando, com uma expressão que não
consigo ler.
― Estou pronta.
Ele sacode a cabeça, como se estivesse colocando os pensamentos em
ordem, e sorri para mim afetuosamente.
― Vamos.
― Então... qual foi sua parte favorita da viagem até agora? ― pergunto a
Luke enquanto pego um pedaço do meu bife. Ele me surpreendeu com um jantar
em uma pequena ilha particular. O resort nos levou de barco até lá, onde uma
pequena mesa estava posta com nossos pratos e bebidas. Tanto a mesa quanto as
cadeiras colocadas sobre a areia, tocando a água cristalina.
Isso aqui quase rivaliza com a noite na videira na escala do romantismo.
― Mergulhar hoje foi divertido. ― Ele toma um gole do vinho. ― Mas
minha parte favorita é estar aqui com você.
Eu balanço a cabeça e sorrio.
― Seu sedutor.
Ele ri e continua a comer.
― E você? Parte favorita?
― Eu também gostei de mergulhar hoje. Aquele peixe Manta Ray é incrível.
Mas eu também gostei de conhecer a cidade ontem. Mais uma vez obrigada pela
tornozeleira.
― Ficou linda em você.
― O que vamos fazer amanhã? ― pergunto, mexendo meus pés na água,
para frente e para trás. A sensação nos meus dedos é gostosa.
― Acho que me lembro de você ter dito algo sobre passar um dia inteiro na
cama.
― Ah. ― Meus olhos se arregalam.
― Amanhã estaremos no meio da viagem. Acho um bom dia. ― Ele ergue
uma sobrancelha para mim, e eu sorrio.
― Vamos mergulhar nus! Podemos assustar os peixes.
― E a vizinhança. ― Ele sorri.
― Ah... a parte de trás do nosso quarto é isolado. Já chequei isso.
Ele olha para mim, surpreso, e então cai na risada. Sorrio de volta e bebo do
meu vinho.
― Isso aqui é lindo. ― Olho para a água e suspiro. O sol está começando a
se por, e nós terminamos nosso jantar. ― Você se importa se eu tirar algumas
fotos?
― Vai fundo, amor. ― Ele serve mais uma taça de vinho a si mesmo e se
encosta para me observar. Passo a alça da câmera pelo pescoço ― porque não
quero deixá-la cair no mar ― e me levanto, caminhando pela água rasa. Ela está
quentinha, na altura dos meus tornozelos, a areia é macia e a luz está perfeita.
Tiro umas cem fotos da água, das árvores e da pequena ilha. Parece algo
saído de um calendário tropical. Então eu viro as lentes para meu namorado
relaxado e tiro algumas fotos sem que ele perceba. Ele está olhando para o
vinho, com uma expressão pensativa. Olha para mim e sorri aquele meio sorriso
sexy, perfeito. Com a camisa aberta, short preto, o cabelo loiro e a pele dourada,
sentado casualmente naquela mesa romântica para dois, com apenas uma rosa
vermelha em um vaso.
A visão é devastadora.
De repente ele se levanta e caminha na minha direção, através da água, e
pega a câmera de mim. Passa seu braço ao meu redor e me puxa para seu lado,
virando a câmera na nossa direção, fazendo uma foto de nós dois juntos.
Nos últimos três dias, quando estávamos passeando, se eu estava com minha
câmera, ele sempre pedia que algum passante tirasse uma foto nossa juntos.
Sim, capturamos muitos momentos, e isso me faz sorrir.
Ele coloca a alça novamente em volta do meu pescoço e beija minha testa.
― Obrigada pelo jantar. Estava delicioso e romântico.
― O prazer foi meu.
― Quando vão voltar para nos buscar? ― Passo minhas mãos por seu peito,
por baixo da camisa aberta.
― Em uns dez minutos.
― Ok, então vamos caminhar um pouco pela ilha. É pequena, não vamos
levar mais do que dez minutos.
― Vamos. ― Ele entrelaça seus dedos nos meus e começamos a andar,
vagando pela água rasa.
Quando voltamos à mesa, nossa carona está chegando. Entramos no
pequeno barco e saímos pelas águas escuras.
Acordo com o sol batendo no meu rosto, com meu corpo nu descoberto. O
rosto do Luke está entre minhas pernas.
― Puta merda! ― Pulo da cama, apoiando-me nos cotovelos, e olho para ele
com uma expressão de puro choque enquanto Luke inclina meus quadris para
cima para que possa enterrar seu rosto em minha vagina, lambendo e
provocando meu clitóris.
― Bom dia, amor ― ele sussurra contra o núcleo do meu corpo e sopra a
parte mais sensível.
― Ah, meu Deus! ― É tudo que consigo dizer enquanto colapso novamente
sobre a cama. Sinto seu sorriso enquanto ele desliza dois dedos dentro de mim,
movimentando-os como se gesticulasse um “venha aqui”, causando uma erupção
dentro de mim.
Puta merda!
Eu gozo violentamente enquanto ele continua a sugar meu clitóris e mexe
aqueles dedos dentro de mim. Meus músculos estremecem ao redor dele.
Finalmente ele beija minha tatuagem gentilmente e faz sua mágica por todo meu
torso até que está deitado ao meu lado, tirando cabelo do meu rosto.
― Bom dia ― murmuro. ― Nada mal acordar assim.
― Fico feliz que tenha aprovado. ― Ele me beija e eu sinto meu gosto nele,
o que incita minha libido novamente. Surpreendo-o agarrando seus ombros e
puxando-o de volta para cama, deitando-me sobre ele e colocando meu sexo
pulsante sobre seu pênis duro. Jogando o jogo que ele mesmo criou, prendo
meus dedos nos dele e empurro suas mãos para os lados de sua cabeça,
segurando-o ali.
― O que vai fazer comigo? ― Ele sorri, com olhos brilhando de desejo.
Rebolo meus quadris sobre ele, o que o faz respirar fundo.
― Bem... ― Eu me inclino e mordo seu pescoço suavemente, lambendo-o
com minha língua. ― Depois de acordar daquele jeito fantástico, acho que vou
comer você.
― É sério? ― Ele tenta se soltar, mas eu o seguro com toda força. Nós dois
sabemos que ele poderia se libertar, mas está jogando o jogo. ― Não estou te
impedindo, amor.
Eu me inclino para frente até que a cabeça de seu pau esteja dentro de mim.
Depois eu a enterro inteira até que ele esteja completamente dentro.
― Porra! ― ele sussurra por entre os dentes.
― Você é tão gostoso.
Começo a me mexer, devagar e superficialmente, para frente e para trás,
zombando e provocando-o. Com cada movimento, eu aperto os músculos ao
redor dele e os solto novamente quando me mexo para trás. Gentilmente passo
meus lábios pelos dele e a pontinha do meu nariz no dele.
Quando vejo que ele está prestes a gozar, eu solto meus músculos.
― Ah, você é uma provocadora. Eu deveria bater em você.
― Estou segurando suas mãos ― respondo e começo a me mexer outra vez.
― Sim, você está. ― Seus olhos se fecham e ele morde o lábio quando eu
aumento o ritmo, e o prazer é muito forte. Solto suas mãos e me sento,
cavalgando-o rápido e forte.
― Segure no encosto da cama. ― Adoro ser a dominadora, e seus olhos
dilatam ainda mais. Mas ele obedece.
De repente saio de cima dele, segurando-o na minha mão e o tomando
inteiro na boca, sugando com força.
― Puta merda! ― Ele agarra minha cabeça, mas eu me solto e olho para ele.
― Na. Cabeceira. Da. Cama.
Ele sorri e obedece, e eu continuo com a doce tortura, lambendo toda minha
doçura dele, movendo minhas mãos para cima e para baixo de sua rigidez, e ele
goza em minha boca.
Enquanto ele se acalma, eu beijo seu corpo inteiro, reverenciando seu
abdômen esculpido, provocando-o com meus dentes. Passo a ponta dos meus
dedos na lateral do seu corpo, e ele treme e ri. Beijo seu pescoço, seu queixo e
finalmente beijo-o castamente na boca.
― Virando o jogo, amor ― sussurro as mesmas palavras que ele disse
ontem, e ele geme.
― Jesus, Nat, você vai me matar.
― Mas até que é um bom modo de se morrer.
Ele ri e me beija suavemente, levantando-se abruptamente me jogando em
seu ombro nu.
― Eu tenho a melhor vista da sua bunda neste momento, meu amor. ― Eu
bato nele levemente, e ele retribui o favor na minha bunda. ― Aonde estamos
indo?
― Vamos mergulhar nus! ― Ele corre ― corre! ― comigo sobre seu ombro
até o deck e desce os degraus que levam até a água e me joga nela.
Atinjo a superfície quente fazendo um barulho alto de splash e subo sem ar.
Não é tão profundo, só uns dois metros, e quando eu tiro o cabelo molhado do
meu rosto, vejo Luke mergulhar de cabeça. Ele nada graciosamente até mim, e
não posso deixar de admirar a forma como seus músculos se movem.
― Oi ― eu sorrio timidamente quando ele surge na minha frente e entrelaça
minhas pernas em sua cintura.
― Oi. ― Ele sorri e coloca as mãos na minha cintura e então me joga no ar,
fazendo-me cair de novo na água.
― Ah, nós vamos brincar! Nus!
Eu rio quando volto à superfície, jogando água nele, que joga água em mim
com uma risada. Ele nada até mim outra vez, e eu tento escapar, mas ele me pega
e me joga de novo.
― Está tentando me afogar?
―Talvez eu queira fazer respiração boca-a-boca.
― Você não precisa me matar para isso! Eu juro. ― Eu rio e jogo água nele
outra vez, me deliciando com como seu corpo nu fica lindo na água cristalina,
refletindo seus perfeitos olhos azuis.
― Deus, você está tão linda agora ― ele diz.
― Eu estava pensando a mesma coisa. ― Nado até ele e coloco meus braços
ao seu redor novamente.
― Gosto de brincar com você ― ele diz e beija meu nariz.
― Eu também. Na cama e fora dela. ― Sorrio provocantemente e mordo o
lábio.
― Tenho que dizer que esta manhã foi a primeira vez que fui dominado.
― Foi bom ou ruim? ― Passo meus dedos por seu cabelo molhado,
adorando a forma como nossos corpos nus se entrelaçam no oceano.
― Definitivamente bom, embora eu tenha que admitir que prefiro estar no
controle.
― Bem, variar é o que apimenta a vida. Gosto de te surpreender uma vez ou
outra. ― Beijo seu queixo, e ele ri.
― Não estou reclamando, amor.
― Hummm... bom saber.
Ele ergue meus quadris e me surpreende ao me penetrar. Encosto minha
testa na dele enquanto ele me preenche.
― Eu te amo.
― Ah, amor, eu também te amo. Vamos assustar os peixes.
É nossa última manhã no paraíso tropical, e eu acordo mais cedo que Luke,
propositalmente. Ele fez tanto por mim esta manhã ― bem, no mês inteiro ― e
eu só quero fazer algo especial para ele antes que voltemos para a realidade. Não
que a realidade seja ruim, mas é que eu adorei tê-lo comigo durante a semana
inteira.
Depois do nosso “Dia da Nudez”, que ficará gravado para sempre na minha
memória, Luke me surpreendeu com um passeio para alimentarmos os tubarões,
o que, antes dessas férias, eu teria achado que incluiria a mim mesma no
cardápio deles, mas acabou sendo uma das experiências mais emocionantes da
minha vida. Nunca vou me esquecer da água que batia na minha cintura, e eu
parada, com dúzias de tubarões dóceis nadando ao nosso redor, pegando comida
das nossas mãos.
Ontem passamos um dia em um SPA fazendo tratamentos românticos para
dois. Nas duas últimas semanas eu fui mais para o SPA do que nos últimos dois
anos.
Não estou reclamando.
Mas hoje é nosso último dia. Coloco minha cabeça para dentro do quarto
outra vez para ter certeza que ele está dormindo. Então, desço as escadas do
bangalô até a água, para pegar nosso café da manhã que será entregue por uma
canoa. Coloco a comida e o café em uma bandeja e vou para o quarto.
Depois de colocar a comida com cheiro delicioso sobre um divã aos pés da
cama, eu me coloco sobre Luke e beijo seus lábios.
― Luke, querido acorde. ― Eu mordo seus lábios e beijo seu pescoço
enquanto ele se mexe embaixo de mim.
― Bom dia ― ele murmura.
― Bom dia, amor. Acorde. Tenho algo para você.
Ele passa a mão nas minhas costas e franze o cenho.
― É difícil fazer amor com você quando está vestida, linda.
Eu rio enquanto ele abre aqueles olhos lindos.
― Não é isso que eu tenho para você.
Saio de cima dele e ando até os pés da cama enquanto ele se senta, com o
lençol caindo até seu quadril, passando a mão no rosto e no cabelo. Sua barba
matinal é impossivelmente sexy.
― Café da manhã! ― Coloco a bandeja entre nós e tiro a tampa de prata de
cima do prato. Panquecas, bacon, ovos e frutas. No outro lado tem uma jarra de
café e duas canecas.
― Você pediu isso? ― ele pergunta.
― Sim, achei que seria bom alimentá-lo pelo menos uma vez. ― Ele sorri e
segura meu rosto em suas mãos.
― Obrigado, amor.
― Não há de quê. Espero que esteja com fome. ― Seguro um morango na
frente de sua boca, ele dá uma mordida e coloco o resto na minha boca.
― Faminto ― ele diz, com seus olhos cheios de luxúria.
― Mais tarde ― sussurro.
― Você não é divertida. ― Ele faz biquinho enquanto se serve com um
pouco de café, e eu rio.
― Não foi o que você disse ontem à noite. ― Lembranças de nós dois
fazendo amor na banheira surgem na minha mente, e eu mordo o lábio.
― A noite passada não conta.
― A que horas vamos embora? ― pergunto.
― Só à noite. Por quê?
― Temos algum plano especial para hoje? ― Dou uma mordida numa
panqueca e chego a gemer. ― Nossa, isso aqui tá bom demais.
― Eu adoro te observar comendo, amor. Não, não pensei em nada para hoje.
Tem alguma coisa em mente?
Eu dou de ombros e como mais um pedaço de panqueca.
― O que é?
― Nada, podemos fazer o que você quiser. ― Dou de ombros novamente,
mas evito seu olhar, sentindo-me tímida de repente. Não quero ir a lugar algum
hoje, só quero ficar com ele, e não sei por que de repente me sinto tão tímida
para falar isso para ele. É uma bobeira.
― Natalie... ― Sua voz soa severa, e eu olho para ele. ― O que há de
errado?
― Nada. Eu só estava pensando... ― Coloco meu garfo no prato e mordo o
lábio. ― Só quero ficar aqui, até termos que ir para o aeroporto. Quero que
fiquemos sozinhos, pelo máximo de tempo que pudermos, aqui na nossa bolha
tropical. ― As últimas palavras são nada mais que um sussurro, e o olho para ver
sua reação.
Ele está sorrindo com doçura.
― Por que isso te deixou tímida?
Dou de ombros novamente e olho para baixo.
― Eu não sei. Pensei que talvez você quisesse fazer alguma grande aventura
antes de irmos, mas eu só quero você.
― Amor, olhe para mim. ― Obedeço sem hesitar e fico aliviada em ver seu
belo sorriso. ― Passar o dia sozinho com você neste belo paraíso tropical é
perfeito pra mim.
― Oba! ― Sorrio para ele, aliviada, e continuo a comer minhas panquecas.
Terminamos nosso café da manhã e, enquanto Luke está no chuveiro, o
serviço de quarto na canoa vem para levar as louças sujas. O homem é enorme e
fala muito enquanto coloca as coisas numa caixa para levá-las para a canoa.
― Seu marido é um homem de muita sorte ― ele sorri para mim, e eu sorrio
também, mas algo não parece certo.
Que coisa mais inapropriada para se dizer! Não corrijo seu engano a respeito
do meu estado civil e só digo. ― Obrigada.
― Há quanto tempo estão casados?
― Hummm, não muito. ― Por que ele está me assustando? Aprendi há
muito tempo a confiar nos meus instintos, então dou a volta no quarto,
colocando-me atrás de um sofá enorme, perto da porta do banheiro.
― Ah, que legal. ― Ele caminha em direção ao sofá, fingindo pegar um
fiapo de tecido laranja no chão. Meu coração acelera quando o medo surge. Ele
está tentando se aproximar de mim e agora seus olhos parecem predatórios. ―
Reparei em você esta semana. É muito bonita.
― Acho que você deveria ir embora. ― Novamente me movo para o outro
lado do sofá, mas ele está me seguindo. Meu coração sobe à garganta.
― Por quê?
― Porque não quero você aqui. Meu marido vai aparecer em um minuto, e
não estou interessada. Saia daqui ou vou fazer com que te demitam.
― Não pode fazer isso, meu tio é dono do resort. ― Ele ri e começa a se
aproximar de mim mais rápido.
― Luke! ― eu grito, mas antes que a palavra termine de sair da minha boca,
o homem está sendo jogado na parede. Luke, com a respiração pesada e o rosto
contorcido de raiva, está com as mãos na garganta dele. Ele o soca no rosto, duas
vezes, e sangue espirra do nariz do homem, fazendo-o gritar como uma
mulherzinha.
Tenho certeza que nunca ninguém ousou colocar a mão nele antes.
― Vou fazer com que nunca mais toque nenhuma outra mulher neste resort,
seu merda. ― A voz de Luke é fria e calma, seu olhar glacial, e este é um lado
dele muito zangado que eu nunca tinha visto antes. ― Você está bem, amor? ―
Ele não olha para mim ao falar, pois não tira os olhos do homem.
― Estou bem. ― Minha voz soa mais forte do que eu realmente me sinto e
fico feliz por isso.
― Ligue para a recepção e peça que chamem a polícia. Conte-lhes o que
aconteceu.
Faço como ele pede e depois de alguns minutos um barco a motor surge no
bangalô, com a administração e a polícia, e um homem que deve ser o tio do
babaca.
A polícia toma o controle da situação e livra Luke de qualquer acusação.
Assim, Luke corre para mim e me toma em seus braços. Eu devo estar chocada
demais para fazer qualquer coisa além de arregalar os olhos para o que está
acontecendo ao nosso redor.
― Você está bem? ― Suas mãos estão acariciando minhas costas, tentando
me acalmar.
― Sim, estou bem. Ele não me tocou, mas foi realmente assustador, e eu sei
que ele teria me tocado se você não estivesse aqui. Senti desde o momento que
ele entrou aqui, por isso me coloquei atrás do sofá, perto do banheiro, para o
caso de ele tentar alguma coisa. E ele tentou. ― Eu tremo, e Luke me puxa mais
para perto.
O tio está gritando que devem prendê-lo. Parece que não é a primeira vez
que isso acontece. O babaca está chorando e resmungando, mas ninguém parece
se importar.
Enquanto observo o que está acontecendo ao meu redor, o medo é
substituído por puro ódio. Saio dos braços de Luke e ando até o babaca, que está
sendo algemado pela polícia. Ele está choramingando para mim, fraco e
assustado, e antes que eu perceba o que estou fazendo, ergo meu joelho e o
acerto bem no meio das pernas, fazendo-o desabar.
Meu peito está pesado, e um súbito silêncio se forma ao nosso redor.
― Não sou uma vítima. ― Minha voz está firme, controlada e alta, porque
eu quero que ele ouça cada palavra. ― E você não é nada além de um pedaço de
merda.
― Viu o que ela acabou de fazer comigo? Quero prestar queixa. ― O babaca
choramingador está gritando, mas o tio ergue a mão silenciando-o.
― Não vi nada que você não merecesse. Tire-o deste bangalô.
Ele é escoltado para fora e o dono do local se desculpa profusamente,
oferecendo reembolso, compensações e tudo mais que eu nem sequer poderia
imaginar. Tenho certeza que ele está torcendo para que não contemos nada para a
imprensa, o que não vamos fazer, de qualquer forma.
Luke não faria isso.
Viro-me e olho para Luke, cujo o olhar está vidrado e o rosto duro. Ele avisa
à gerencia que vamos embora ainda hoje.
― Vamos prestar queixa, mas não queremos que isso chegue à imprensa
também ― Luke murmura, e meu coração para.
Ah, meu Deus. Isso poderia dificultar muito as coisas para ele se chegasse
aos tabloides. De repente me sinto culpada. Deixo Luke cuidar do resto da
burocracia e vou para o quarto fazer as malas.
Luke entra no quarto quando já estou terminando. Ele vem na minha direção
e me puxa para seus braços fortes, embalando-me para frente e para trás,
beijando minha testa.
― Você está bem mesmo?
― Sinto muito.
― Pelo quê? ― Ele me afasta e me olha com a testa franzida. ― Você não
fez nada de errado.
― Isso pode ficar muito ruim para você, se algum tabloide souber.
― Acredite, eles não vão saber. Nem o resort nem eu queremos isso. Mas
isso não é importante; você é, amor. Ele te machucou?
― Não, eu te disse, ele não me tocou. Mas foi bom chutar as bolas dele. ―
Sorrio, e Luke me puxa para ele outra vez.
― Fiquei tão assustado quando saí do banheiro e te ouvi gritando. Vi aquele
safado te perseguindo e juro que não me lembro de nada que aconteceu depois.
Só queria me certificar que ele não tinha te tocado. ― Ele passa o dedo pelo meu
rosto e eu beijo sua mão.
― Obrigada.
― Eu sempre vou te proteger, amor. É para isso que estou aqui. É o que
quero fazer.
― Eu sei, e essa é uma das razões que me faz te amar. E nem sei por que não
estou surtando. ― Dou de ombros e sorrio. ― Acho que me sinto forte, e sei que
você estava aqui, que ele não iria me machucar. ― Passo minhas mãos por seu
cabelo. ― Você está bem?
― Contanto que você esteja bem, eu também estou. Deus, adoro que você
seja tão forte, amor. Foi uma visão e tanto vê-la fazê-lo desmoronar daquele
jeito.
― É bom que se lembre disso para o caso de pensar em sair da linha. ―
Pressiono meu corpo no dele e sorrio.
― Ah, é? Você acha que pode comigo? ― Ele esfrega seu nariz no meu, e eu
suspiro.
― Provavelmente não, mas tentar seria muito divertido.
Ele sorri ternamente para mim. E agora é hora do presente.
― Então, antes de sermos rudemente interrompidos, eu ia te dar um presente
assim que você saísse do chuveiro.
Suas sobrancelhas se erguem.
― Você comprou um presente para mim?
― Algo assim. ― Estou usando uma saída de praia preta que é um pouco
conservadora. Tem um capuz e fecha com zíper na frente, cobrindo-me dos
joelhos ao pescoço.
Dou um passo atrás, soltando-me de Luke e começo a abrir o zíper devagar.
Quando está completamente aberto, afasto o tecido dos meus ombros e ele cai
aos meus pés.
Luke ofega e seus olhos se arregalam, encontrando os meus, e seu rosto se
desfaz em um sorriso. Coloco minhas mãos nos meus quadris nus e inclino a
cabeça para o lado.
― Gosta do meu traje?
Ele caminha na minha direção e passa os dedos sob as pérolas, beijando-me
daquele jeito carinhoso só dele, e sinto meus joelhos bambearem.
― Amor, você sabe que eu adoro esse traje. Não há nada como você usando
apenas pérolas.
― Adoro a forma como olha para mim ― sussurro.
Os olhos de Luke percorrem meu corpo vorazmente e quando seu olhar
retorna ao meu, ele me beija com carinho.
― Não quero foder você hoje, Natalie ― ele sussurra contra meus lábios.
Oh!
― Não quer? ― sussurro de volta, jogando minha cabeça para trás enquanto
seus lábios passeiam pelo meu pescoço.
― Não.
― Adoro sua voz sussurrante.
Ele sorri.
― Eu sei.
― O que você quer fazer?
― Quero fazer amor com você, lento e docemente. ― As pontas de seus
dedos mal me tocam, passeando de um lado para o outro, enviando calafrios ao
meu corpo. Seus lábios tocam meu pescoço. A sensação me deixa louca.
― Parece adorável.
Ele me ergue em seus braços, e eu emaranho meus dedos em seus cabelos
quando nossos lábios se encontram em um beijo suave. Gentilmente ele me
coloca na cama e me cobre com seu corpo, suas pernas entre as minhas. Ele
coloca a mão no meu braço esquerdo e une nossos dedos, mas, ao invés de
segurá-los sobre minha cabeça, ele simplesmente os coloca ao lado das nossas
cabeças, na cama.
Ele não quer me conter nem brincar comigo. Ele quer me mostrar o quanto
me ama, e isso me enche de forças, confiança e carinho.
Ele corre os dedos da mão esquerda pelo meu cabelo e rosto enquanto
continua a me beijar com delicadeza e paciência. Coloco a sola do meu pé em
sua panturrilha, acariciando-o para cima e para baixo, enquanto passo as pontas
dos meus dedos em suas costas musculosas, para cima e para baixo.
Posso sentir sua ereção contra mim, mas ele não se movimenta para me
penetrar. Ainda não.
― Você é tão linda ― ele murmura contra os meus lábios.
― Você me faz me sentir linda ― sussurro para ele, que geme.
Ele planta beijinhos ao lado da minha boca. Emaranho meus dedos em seus
cabelos e o acaricio.
― Adoro seu cabelo. Adoro senti-lo em meus dedos.
― Já percebi isso ― ele sussurra e o sinto sorrir contra meu pescoço. ―
Você sempre coloca as mãos nele.
― Nunca o corte curto, por favor. ― Adoro ouvir sua voz sussurrante.
― Ok. ― Ele beija o lóbulo da minha orelha e o belisca com os dentes. ―
Você tem uma pele maravilhosa; tão macia e suave. E cheira tão bem.
Suas palavras são sedutoras, e sua mão está se movendo dentro do meu
cabelo, fazendo todo meu corpo cantarolar.
Meu quadril começa a se mover sob ele e sinto seu sorriso em minha
garganta.
― Você sabe o que faz comigo.
― Você faz o mesmo comigo, amor. ― Ele flexiona os quadris, colocando
seu pênis bem na minha parte molhada. A pontinha toca meu clitóris e eu ofego.
― Quero você.
― Eu sei. Também te quero. ― Adoro os sussurros, os suspiros suaves e os
gemidos. Esta é a primeira vez que fazemos amor tão quietos, mas não é menos
intoxicante.
Lentamente ele começa a me preencher, um centímetro por vez, até que se
enterra até onde é possível. Ele me preenche fisicamente, emocionalmente, e
sinto lágrimas saírem dos cantos dos meus olhos.
Este homem doce, protetor, gentil e sexy me ama. E eu o amo... tanto.
― Não chore, amor. ― Sua voz sussurrante está rouca de emoção, e ele
começa a se mover mais devagar, para dentro e para fora de mim. Minhas pernas
se engancham mais alto em seus quadris, levando-o ainda mais fundo, até que
ele atinge o ponto mais sensível, me fazendo sentir faíscas voarem ao meu redor.
― Ah, eu vou gozar, meu amor.
― Sim ― ele sussurra no meu ouvido, e eu me sinto perdida, com meu
orgasmo me consumindo, mas eu nem sequer emito um som, contagiada por
nosso amor silencioso.
Luke para, me penetra mais uma vez e se esvazia dentro de mim,
sussurrando meu nome.
Decido que voltar ao mundo real não é assim tão ruim.
Chegamos em casa, depois de nossa escapada até o Taiti por uma semana, e
voltamos a uma confortável rotina de trabalho, mensagens de texto de flerte
durante o dia, academia e ioga juntos e alternamo-nos entre a minha casa e a dele
à noite.
Hoje, vamos ficar na minha casa para podermos jantar com a Jules.
― Não é assim que se prepara uma massa. ― Jules está linda, como sempre,
enquanto olha para o meu namorado, me fazendo rir.
― E como você prepara? ― Luke fica extremamente frustrado com ela,
enquanto estou sentada, com uma taça de vinho e me divertindo com o show.
― Você tem que colocar sal na água antes de colocar para ferver. Todo
mundo sabe disso.
― Quer saber? Faça você. Vou dar uns beijos na minha namorada. ― Ele
deixa que Jules termine o jantar e se senta na bancada da cozinha para me beijar.
― Ela está sendo cruel com você? ― pergunto acariciando seu rosto.
― Não, ela só não sabe cozinhar, mas não gosta de ouvir.
― Posso te ouvir, sabia? ― Jules olha para nós e ri.
Adoro passar as noites com estes dois. Eles são tudo para mim, e adoro
como eles se dão bem.
― Então, Luke, quando é que seu filme novo estreia? ― Jules está abrindo a
massa.
― Sexta-feira agora ― ele responde e toma um gole do vinho.
― O quê? ― eu exclamo. Eu não fazia ideia. Por que ele não me conta essas
coisas?
― Hummm... Um filme meu vai estrear sexta-feira.
Olho para ele, me sentindo enganada. Jules olha para nós e, então, murmura.
― Ops!
― Por que não me disse nada? ― Meus sentimentos estão magoados.
― Não pensei nisso. ― Ele franze a testa e dá de ombros.
― Você tem um longa-metragem prestes a ser lançado para que milhões de
pessoas possam vê-lo, mas não pensou em contar para sua namorada? ― Viro-
me para ele no banco.
Mas que merda!
― Eu só trabalhei em uma parte da produção; não vou estrelá-lo nem nada
assim.
― Não importa, Luke. É uma coisa grande. Você vai à estreia?
― Não, com certeza, não. ― Ele balança a cabeça e passa a mão pelo
cabelo.
― Por quê? Você deveria ir. É parte do seu projeto.
― Não. ― Engole em seco. ― Não faço mais essas coisas.
― De qualquer forma, deveria ter me contado. Você nunca fala comigo
sobre o seu trabalho, mas sabe tudo sobre o meu. ― Isso é uma coisa que já
vinha me incomodando, e fico feliz que Jules tenha iniciado o assunto.
― O que faz um produtor? ― Jules pergunta enquanto começa a montar a
lasanha em um refratário.
― Depende do produtor. Há muitas funções diferentes. Alguns ficam no set
durante toda a produção e controla as coisas por lá. Alguns trabalham por trás
das câmeras, conseguindo dinheiro de algum estúdio ou contratando atores e
diretores. Há muitas coisas a se fazer, e normalmente há poucos produtores
fazendo diversos trabalhos.
― Ok, mas o que você faz especificamente? ― pergunto, sinceramente
interessada.
― Eu tenho trabalhado atrás das câmeras, na pré-produção de filmes, para
que possa trabalhar daqui. Às vezes eu viajo para L.A. ou Nova Iorque para
reuniões, mas é muito raro hoje em dia. A maioria das coisas podem ser feitas
por telefone ou e-mail. Então, eu falo com diretores e atores, e às vezes participo
de conferências para conseguir dinheiro para financiar um projeto. ― Ele está
gesticulando ao falar, tão animado e entusiasmado que faz com que eu perceba
que ele realmente gosta do que faz. Sorrio e beijo sua bochecha.
― Estou orgulhosa de você.
― Por quê?
― Porque você faz algo que ama e é bom nisso.
― Como sabe disso?
― Eu não namoraria alguém ruim ― respondo em tom de zombaria, e ele ri.
― Então, quanto de dinheiro você precisou conseguir para o filme que vai
estrear sexta-feira? E quem está atuando nele? ― Jules coloca a lasanha no forno
e se inclina no balcão para ouvi-lo atentamente.
― O título é “O último tiro”, com Channing Tatum. É um filme de ação,
com várias acrobacias e muitas coisas explodindo, então, o orçamento foi alto.
Quase cem milhões.
Eu e Jules nos entreolhamos e depois olhamos para Luke.
― Peraí, você disse cem milhões de dólares? ― Minha voz está estridente.
Isso é assustador. Quase tão assustador quanto meu namorado ser responsável
por levantar cem milhões de dólares.
― Sim. ― Ele sorri timidamente. ― Filmes de ação e aventura sempre têm
um orçamento mais alto, porque tem muita cinematografia, computação gráfica e
outras coisas envolvidas que eu não entendo nem um pouco por que são tão
caras.
Engulo em seco. Uau!
― Então vai ser um filmaço.
― Sim, estamos esperando um retorno de cento e cinquenta milhões só
neste final de semana. ― Ele dá de ombros novamente, mas eu vejo o orgulho
em seus olhos.
― Então é aqui que eu faço uma pergunta mais pessoal, e você pode me
pedir para cuidar da minha própria vida se quiser, mas estou curiosa, porque eu
trabalho com dinheiro... ― Os olhos de Jules estão brilhando de curiosidade, e
eu sei exatamente o que ela vai perguntar.
― Ok, vá em frente. ― Luke sorri. Ele também sabe.
― Bem eu sei quanto os atores ganham mais ou menos para fazerem filmes
com orçamento alto, mas e os produtores?
― Quando tudo está pronto, depois dos royalties e tudo mais, eu devo levar
mais ou menos quinze milhões.
Eu estreito meus olhos para ele e mordo o lábio, não muito certa de ter
entendido as palavras que acabaram de sair de sua boca. Olho para Jules e sua
boca está abrindo e fechando, sem que nenhum som saia dela.
Luke não está olhando para nenhuma de nós. Está olhando para o vinho.
Finalmente Jules é a primeira a falar.
― Por favor, me diz que você tem um bom advogado e um time de
contadores com excelentes reputações. Porque se não tiver, eu conheço alguns.
― Ela está completamente séria.
Luke assente.
― Sim, já trabalham comigo há anos.
― Bom ― ela respondeu.
Eu ainda não sei o que dizer. Sabia que ele era rico, mas não fazia ideia.
Finalmente Luke olha para mim.
― Você está bem?
― Estou ― sussurro.
― Você parece um pouco pálida. ― Ele parece preocupado.
― Estou bem. ― Tento mudar meu olhar, virando-me para Jules,
procurando orientação.
― Nat ― ela diz ―, dinheiro não é uma coisa nova para você.
― Não, não é.
― Seus pais te deixaram mais ou menos uns vinte milhões.
Luke empalidece.
― Eu sei.
― Então, o que há de errado? ― ela pergunta baixinho.
Eu franzo o cenho.
― Bem, eu acho que é muita coisa para assimilar. ― Olho para Luke e,
finalmente sinto que preciso tocá-lo, por isso seguro sua mão na minha. ― Me
desculpa, querido. Dinheiro não é importante para mim, você sabe disso. Acho
que só estou surpresa em saber que meu homem lida com atores e filmes de cem
milhões de dólares e que tem amigos como Steven Spielberg. É fácil esquecer
disso porque você está muito longe dessa vida.
― Nat, eu me afastei de propósito.
― Eu sei.
― Não fique brava comigo ― ele sussurra.
― Não estou brava com você. ― Sorrio, encontrando equilíbrio.
― Hum, posso fazer mais uma pergunta? ― Jules ergue uma mão, como se
estivéssemos em uma sala de aula, nos fazendo rir.
― Pode.
― Me dá o telefone do Channing Tatum?
Todos nós caímos na risada, e me sinto aliviada quando a tensão desaparece.
― Ele é casado, Jules.
― Merda! ― Ela franze o cenho. ― Todos os bons já foram enlaçados.
― Luke... ― Eu pulo do meu banco e me coloco entre suas coxas, passando
a mão em seus braços, para cima e para baixo. ― Quero ver seu filme neste final
de semana.
― Você quer? ― Ele se mostra completamente chocado.
― Sim. Esse é o seu trabalho. Quero te apoiar. Vamos à sessão de pré-
estreia.
― Eu disse que não vou a premieres. Não vou a L.A. para isso. ― Ele
balança a cabeça com veemência.
― Não! Eu quero dizer aqui. Vamos à pré-estreia em Seattle.
Jules dá alguns pulinhos empolgados.
― Quero ir também! Tenho certeza que consigo uma companhia.
― Vamos fazer nossa noite. Um encontro duplo, vamos ao cinema e depois
jantamos. Vamos comemorar.
Luke abre um largo sorriso que me derrete e, desde que o conheço, pela
primeira vez ele parece genuinamente orgulhoso e empolgado com o que faz.
― Você quer mesmo ir?
― Com certeza.
― Bem, então eu acho que nós vamos. Mas vamos tentar ir a um cinema
mais vazio. Não quero que nossa noite seja arruinada com as pessoas me
reconhecendo e fazendo filas de três horas para autógrafos.
― Podemos ir a uma sessão bem tarde, no subúrbio, depois do jantar. Você
pode usar um sobretudo com um chapéu e óculos escuros. ― Sorrio para ele, que
estreita os olhos para mim.
― Você é mesmo uma espertinha.
― Mas você me ama. ― Sorrio docemente.
― Deus, vão para o quarto! ― Jules tira a lasanha do forno.
Merda.
Como vou explicar para Luke sobre meu encontro com Brad hoje? Sei que
Sam vai contar para ele, e eu rezo para que ela não tenha telefonado antes de eu
chegar em casa. Luke é muito possessivo em relação a Brad, e eu sei que já
deveria ter avisado a ele antes que iria encontrá-lo, mas me pareceu uma coisa
boba ter que pedir permissão para encontrar um cliente em um local público.
Acho que vou ficar encrencada. Talvez eu possa distrai-lo com sexo.
― Querido, estou em casa. ― Entro na casa, usando a chave que ele me deu
quando voltamos do Taiti.
― No escritório ― ele avisa.
Coloco minha bolsa de mão no sofá e carrego duas bolsas pesadas de
shopping para o escritório.
Ele me cumprimenta com um sorriso caloroso e ergue as sobrancelhas em
surpresa quando vê as sacolas.
― O que é isso?
― Fiz umas coisinhas para o aniversário dos seus pais ― sorrio para ele,
nervosa.
― Fez? ― Ele sorri, maravilhado. ― O que é?
― Bem, seu pai me ajudou um pouco esta semana. ― Começo a pegar as
molduras. São oito no total. ― Pedi fotos de seu pai e de sua mãe a cada cinco
anos em que estiveram casados, começando por uma do casamento.
Depois de pegar todas as molduras, eu as arrumo sobre a mesa de Luke.
Seus olhos passeiam por elas e param na última.
― Fiz a do casamento e esta que tirei na minha festa de aniversário maiores,
e as outras podem ser colocadas ao redor delas.
Ele pega a foto que eu tirei na minha festa e fica olhando para ela por um
bom tempo. Eles posaram para mim, com sorrisos e os corpos duros, e Luke fez
uma piada sobre alguma coisa, fazendo-os gargalhar. Na foto, Lucy está rindo
olhando para a câmera, e Neil está sorrindo para ela, com os rostos muito
próximos. O amor que paira sobre eles é quase tangível.
É minha foto favorita daquele dia.
― Você é tão talentosa, amor. Eles vão amar estas. Minha mãe vai pendurá-
las na sala principal. ― Ele coloca a moldura na mesa e me puxa para ele,
beijando-me daquele jeito suave que faz meus joelhos fraquejarem.
― Espero que gostem.
― Você é tão doce. Não precisava fazer isso. Já coloquei nossos nomes no
presente que comprei para eles.
― Eu sei. ― Eu o abraço e enterro meu rosto em seu peito. ― Mas queria
fazer algo legal para eles. Me apeguei muito aos seus pais. Coloquei nossos
nomes nestes também.
Sinto seu sorriso contra minha cabeça.
― O que você comprou para eles, afinal?
― Nós. ― Ele me corrige, e eu sorrio. ― Uma segunda lua de mel no sul da
França.
― Claro que nós compramos! ― Sorrio e beijo seu peito.
― Isso é engraçado?
― Não. ― Eu me afasto um pouco para olhar em seu rosto impossivelmente
lindo. Ele não fez a barba esta manhã, e eu passo minha mão por seu rosto,
curtindo a aspereza. ― Adoro que seja tão generoso.
Ele dá de ombros e se mostra um pouco desconfortável.
― Eles merecem.
― Sim, merecem mesmo.
― Já decidiu o que vai usar no sábado? ― ele pergunta, enquanto eu junto as
molduras, colocando-as de volta nas sacolas.
― Sim, comprei uma roupa no dia em que eu e Jules levamos Stacy às
compras. Obrigada por incluir a família de Jules no convite. Eles estão
animados.
― Meus pais realmente gostaram da família da Jules. Vão ficar felizes em
tê-los lá.
― Você tem muito trabalho para fazer hoje? ― pergunto, me preparando
para contar sobre Brad.
― Não, já terminei. E você?
― Estou com a agenda livre pelo resto do dia.
― Hummm... O que podemos fazer com um dia inteiro de chuva? ― Ele
ergue um dedo até os lábios e finge estar realmente pensando. Eu rio, mas me
lembro que preciso estar em outro lugar, e meu humor muda. Além disso, o
encontro com Brad e Samantha é a coisa mais distante nos meus pensamentos.
― Na verdade, me desculpe por romper sua bolha, mas tenho que executar
uma missão. ― Olho para minhas mãos e depois para ele, mordendo meu lábio.
― Ok, quer companhia?
― Você não precisa ir se não quiser.
― Eu sempre quero estar com você. Aonde está indo? ― Ele parece
preocupado, encostando-se na cadeira, com os braços cruzados no peito.
― Ao cemitério. ― Me encolho nervosa.
― Por quê?
― Só vou lá duas vezes no ano, no meu aniversário, que eu perdi porque
meu namorado incrivelmente gostoso me levou para um paraíso tropical. ― Eu
sorrio atrevida para ele, que sorri de volta.
― E no aniversário deles? ― ele pergunta, confuso.
― Eles faziam aniversário no mesmo dia, com três anos de diferença.
Sempre deram muita importância a isso, com uma grande festa ou uma viagem
divertida para algum lugar. Sempre me incluíram, então, eu quero sempre
lembrá-los por isso. ― As últimas palavras saem como um sussurro.
Ele se aproxima de mim e beija minha testa.
― Vamos.
Quando a noite estava quase terminando, Luke me levou à pista para uma
última dança. Meus pés estão me matando, mas eu não consigo negar nada a ele.
Adoro estar em seus braços.
Percebo que a banda está tocando Come Away with me, da Nora Jones, e me
viro para olhá-lo. Ele está sorrindo para mim ternamente.
― Acho que esta é a nossa música. Você está tão linda hoje quanto estava
naquela noite, na videira, usando estas pérolas. Você me deixa sem fôlego,
Natalie Grace Conner.
Oh.
Sinto lágrimas preenchendo meus olhos, enquanto olho para ele. Corro meus
dedos por seu cabelo macio.
― Você sabe mesmo como deixar uma garota de pernas bambas, Luke
Edward Williams.
Seus olhos observam meu rosto enquanto ele me conduz pelo salão. Juro que
parece que somos os únicos aqui e não me importo se tem alguém nos
observando.
Ele se inclina e gentilmente encosta o rosto no meu.
― Obrigado ― ele sussurra.
― Pelo quê? ― sussurro de volta.
― Por ser minha.
Quando chegamos à casa de Luke, ele me guia para dentro e fecha a porta da
frente. Então pega a minha mão, me puxando para seus braços.
― Você estava maravilhosa esta noite. Seduziu a todos ― ele murmura
beijando meu cabelo.
― Foi divertido. Sua família é maravilhosa. ― Eu me aninho em seu peito,
sentindo seu cheiro sexy.
― Tem certeza que está tudo bem eles virem para cá, amanhã de manhã,
para um brunch?
― Claro. Até vou te ajudar a cozinhar.
Ele ri.
― Obrigado pelo serviço.
― É por uma boa causa. Vamos para a cama. ― Eu me preparo para subir,
mas ele me para, com olhos muito sérios de repente.
― Ainda não.
― Você está bem?
― Estou mais do que bem. Tenho uma coisa para te mostrar.
― Ah, ok.
Ele pega minha mão na dele e me guia pela sala. Ele para perto do sistema
de som e liga seu iPod. Uma música melancólica e lenta começa a sair dos alto-
falantes. Ele nos leva até o deck, abrindo as portas francesa, e acende a luz, me
fazendo engasgar.
O deck foi transformado em um local romântico. Buquês de rosas com
pequenas pérolas brancas coladas em suas pétalas cobrem toda a superfície.
Luzes cintilantes estão penduradas por todos os lados, bem alto no teto do local,
e uma pequena mesa está posta em frente ao sofá de dois lugares, com um balde
de gelo, champanhe e duas taças.
Eu giro para olhá-lo, com os olhos arregalados.
― Quando você fez isso tudo?
― Mandei fazerem mais cedo, enquanto estávamos na sua casa nos
arrumando para a festa.
― Luke, isso é mágico. ― Eu me viro para dar uma boa olhada no belo
espaço, ofegante. Ele é tão romântico.
Atrás de mim, ele coloca os braços ao meu redor e enterra o rosto na minha
nuca.
― Gostou?
― Amei. Obrigada.
― Venha se sentar. ― Ele me guia até o sofá e nós sentamos. Meu vestido
flutua por minhas pernas enquanto sento e o toque do tecido é macio em minha
pele. Sorrio para mim mesma, lembrando que não estou usando calcinha. Luke
vai se divertir quando descobrir.
Ele nos serve duas taças de champanhe, faz um tin, e eu tomo um gole.
― Esta noite está agradável. Não está nem frio. ― Me encosto contra as
almofadas e fecho meus olhos, ouvindo a água que não conseguimos enxergar na
escuridão. Luke coloca meus pés em seu colo, e eu me viro para poder olhar para
ele.
Ele tira meus sapatos e começa a massageá-los.
― Ah, Deus do céu, eu te amo.
Ele ri.
― Estão doendo?
― Um pouco. Mas esses sapatos valem o sacrifício.
― Sim, eles valem. Já mencionei que você está linda esta noite?
― Uma ou duas vezes. ― Pisco para ele e suspiro quando seus polegares
massageiam a curva do meu pé. ― Você é muito bom com as mãos.
― Fico feliz que aprove.
― Eu poderia me acostumar com isso, você sabe? Todas essas flores e
massagens nos pés, o champanhe e você, meu lindo namorado.
Ele franze o cenho e meu coração para por um momento. O que eu disse de
errado?
― Ei... ― Eu tiro meu pé de seu colo e me aproximo dele, me encostando
nele. Ele coloca os braços ao meu redor, me apertando contra seu peito, e eu
seguro seu rosto nas minhas mãos. ― O que foi?
Seus olhos estão nos meus, intensamente azuis e sérios, e eu sei que tem
algo importante em sua mente.
― Converse comigo, amor ― continuo a acariciar seu rosto, e ele vira a
cabeça para depositar um beijo na palma da minha mão.
― Eu acho que não quero mais ser seu namorado.
― O quê?
Eu paro e estreito meus olhos na direção dele.
― Ok, vou pegar minhas coisas. ― Tento me levantar, mas ele me segura
mais forte, enrijecendo seus maxilares e fechando os olhos bem apertados.
― Não, não é isso que eu quero dizer. Não estou terminando com você.
― O que está fazendo, então? ― sussurro.
― Estou fodendo com tudo... ― Ele abre os olhos e vejo que estão
apavorados, ansiosos e apaixonados.
O que é isso?
― Quis fazer isso a noite inteira, mas não encontrei a hora certa, e estou
feliz que não fiz, porque tinha que ser aqui, agora que estamos sozinhos. ― Ele
engole em seco e respira fundo. ― Natalie, desde que eu te conheci, meu mundo
mudou. Encontrei algo em você que não sabia que estava faltando, mas já queria
muito. Você é uma mulher linda, por dentro e por fora. Você me seduz. Não
consigo parar de tocá-la. Você é tão sexy, divertida e inteligente. Sua boca
atrevida me enlouquece. ― Ele sorri para mim e corre a ponta dos dedos pelo
meu lábio inferior.
Estou sem fala, o que é bom porque ele parece não ter terminado.
― Não posso mais imaginar minha vida sem você. Você é o centro do meu
mundo, Nat. Eu quero te amar, te proteger, lutar com você, ter filhos com você e
mimá-la para o resto da minha vida.
Ele respira fundo e pega uma caixinha azul da Tiffany do bolso da calça.
Sinto meus olhos se arregalarem, meu coração acelerar e perco o fôlego.
Meus olhos procuram por ele enquanto ele segura a caixinha em suas belas
mãos.
― Natalie, seja minha esposa. Case-se comigo.
Ah. Meu. Deus.
Meus olhos estão presos em seu rosto e todo fôlego desaparece do meu
corpo.
Casar com ele! Casar com ele?
É tão repentino. Nós nos conhecemos há pouco menos de dois meses. Dois
meses incríveis.
Seus olhos preocupados estão olhando para mim profundamente, azul no
verde, e eu sei em meu coração que a resposta é sim. Depois de tudo que
vivemos nestes dois meses, tudo que compartilhamos, também não consigo
imaginar minha vida sem ele.
E não tenho que fazer isso.
Ele que se casar comigo!
― Amor, você está me matando aqui! ― Luke começa a abrir a caixinha
azul, mas eu coloco minha mão sobre a dele, impedindo-o. Ele vira os olhos
assustados na direção dos meus novamente, mas eu sorrio acalmando-o.
― Eu tenho umas coisas a dizer. ― Sinto-me tonta e dando pulinhos por
dentro. Meu coração está na minha garganta, mas estou maravilhosamente calma
por fora.
― Vai fundo ― ele murmura, ainda parecendo um pouco assustado e
inseguro.
― Quando penso no meu futuro, Luke, eu vejo você. Você, não o seu
dinheiro ou sua profissão, ou quem você conhece. Amo e respeito você pelo
homem gentil, generoso e amoroso que é. Quero o que meus pais tiveram; o que
seus pais têm. Eu ficaria honrada em ser sua esposa, ter filhos e construir uma
vida com você.
Enquanto eu falo, lágrimas correm pelo meu rosto. Os olhos de Luke
suavizam e seus braços se apertam ao meu redor.
― Isso é um sim? ― ele sussurra, e eu rio por entre as lágrimas.
― Sim.
― Graças a Deus. ― Ele toca meus lábios com os dele, e eu seguro seu
rosto em minhas mãos. ― Você me deixou preocupado por um minuto. ― ele
sussurra contra meus lábios.
Ah, eu adoro Luke sussurrante.
Eu adoro Luke por inteiro.
― Você me surpreendeu. Acho que esqueci de respirar por um minuto.
― Posso te mostrar isso aqui agora? ― Ele segura a caixinha do anel e sorri
para mim.
― Sem dúvida.
Ele me senta no pequeno sofá e se ajoelha na minha frente. Ah, meu Deus.
Ver aquele homem sexy, com o cabelo bagunçado, seus olhos azuis, naquele
terno preto, com a gravata afrouxada, ajoelhar-se diante de mim, segurando uma
caixinha de anel, é uma imagem que vou guardar na memória para sempre.
― Quando eu vi este anel, soube que tinha que ser seu. Eu o comprei no
mesmo dia que comprei as pérolas.
Eu engasgo de olhos arregalados. Ele já queria se casar comigo desde aquela
noite na videira!
― Achei que você não estava preparada naquela ocasião. ― Ele ri, e eu
balanço a cabeça.
Ele abre a caixinha e, preso ao veludo, está um diamante perfeito. A pedra
central tem um corte princesa e é grande, mas não de forma exacerbada. Esta
aninhada em platina, com duas linhas de diamantes menores de cada lado, que se
cruzam na pedra central.
Lágrimas surgem em meus olhos outra vez enquanto ele o tira da caixinha,
coloca-o em meu dedo e o beija.
― Obrigada. É perfeito!
― Assim como você. ― Ele se inclina e me beija, apaixonadamente, e eu
coloco meus braços ao redor dele, puxando-o para mim.
Ele junta minha saia longa em suas mãos e a coloca em volta das minhas
coxas, passando as mãos por elas e agarrando meus quadris.
― Deus, adoro esse seu novo hábito de não usar calcinha. ― Sorrio contra
seus lábios. ― Temos que escrever isso nos nossos votos. Nada de calcinha para
você.
Rio com vontade e então ofego quando ele puxa meus quadris para frente e
me joga nas almofadas macias do sofá.
Ele respira bem fundo enquanto olha para mim, exposta da cintura para
baixo, com minha saia presa na cintura e em minhas pérolas.
― Você tem ideia do quanto está linda neste momento?
― Você me faz sentir bonita.
Ele se senta em cima dos tornozelos e coloca um dedo dentro de mim, com
seus olhos fixos no centro do meu corpo, observando a própria mão.
― Você é a mulher mais linda que eu já vi na vida, amor.
Eu solto um gemido enquanto ele continua a me torturar com aquele dedo.
Minha respiração falha, e eu começo a ofegar. Jesus, o que ele é capaz de fazer
com apenas um dedo!
― Luke, eu quero você.
― Ah, acredite em mim, você vai me ter. ― Tira o dedo molhado de dentro
de mim e o chupa. ― Você tem um gosto bom.
Ele se inclina e abre minhas coxas, abrindo minha vagina no processo. Eu
agarro as almofadas no sofá, preparando-me para a incrível invasão de sua boca
e arquejo os quadris quando ela me toma, sua língua me penetrando.
― Ah, meu Deus. ― Minhas mãos mergulham em seu cabelo, meus quadris
fazem movimentos circulares. Ele agarra minha bunda, inclinando minha pélvis
para cima e continua a me deixar louca com sua boca talentosa. Esfrega a ponta
do nariz no meu clitóris e eu me rendo ao orgasmo, convulsionando e tremendo,
chamando seu nome.
Ele morde a parte interna da minha coxa, e meu corpo se acalma.
― Puta merda, você é bom nisso. ― Eu ofego e passo meus dedos por seu
cabelo.
― Hummm, fico feliz que aprove, amor. Levante-se para mim. ― Ele se
levanta graciosamente e tira seu paletó, a gravata e a camisa, jogando-os no chão
do deck.
― Depois do que acabou de fazer comigo, minhas pernas são nada mais que
geleias. Acho que não consigo me levantar.
Ele pega minhas mãos e me levanta, colocando meus braços ao redor de
seus ombros.
― Só segure-se em mim.
― Com prazer ― murmuro contra seu pescoço, enquanto suas mãos
deslizam pelas minhas costas, abrindo meu vestido. Abaixo meu braço direito
para que ele possa puxá-lo e deixá-lo cair aos meus pés.
― Também não está usando sutiã? Que bom que não reparei isso antes, ou
teria nos trancado no banheiro do clube e te mantido nua a noite inteira. ― Suas
mãos suavizam o toque sobre meu bumbum.
― Você não está nu.
― Ah, você também quer que eu fique nu? ― ele pergunta inocentemente
enquanto mordo seu pescoço.
― Fique. Nu.
― Você é uma coisinha autoritária, não é?
― Por que você não está nu? ― Suas mãos deslizam do meu bumbum,
passando pelas minhas costas e começando a tirar os grampos do meu cabelo,
fazendo com que caiam ao meu redor.
― Adoro seu cabelo ― ele murmura e o observa cair, formando uma cascata
de uma vez só.
― Também adoro seu cabelo. ― Passo meus dedos nele, e ele sorri.
― Eu sei.
Quando meu cabelo está solto, ele pega minhas mãos nas dele e as beija, um
dedo de cada vez, com seus olhos nos meus. Ele dá um passo para longe de mim,
e o ar frio da noite me envolve, enviando um calafrio até mim, fazendo meus
mamilos enrijecerem.
― Adoro seu corpo. Adoro o fato de você ser curvilínea, mas forte e esbelta.
― Seus olhos passeiam cheios de cobiça por minhas curvas.
― Que bom ― sorrio. ― Mas você ainda não está nu.
Ele ergue uma sobrancelha.
― Impaciente?
― Quero que meu noivo faça amor comigo ― sussurro, e seus olhos
dilatam.
― Diga mais uma vez ― ele sussurra.
― Faça amor comigo ― sussurro de volta.
― Não, a outra parte.
Um pequeno sorriso se espalha por meus lábios.
― Meu noivo.
― Deus, você disse sim! ― Ele engole em seco, de olhos arregalados, e
então abre um sorriso de partir o coração, cheio de alegria, e eu me apaixono por
ele mais uma vez.
Eu assinto e olho para meu lindo anel. Mal posso esperar para ver um anel
na mão dele também.
― Você pensou que eu diria não?
― Não, eu só... ― Ele passa a mão no cabelo. ― Eu estava muito nervoso.
Diminuo a distância entre nós e beijo seus lábios suavemente.
― Não tem nenhuma razão para que fique nervoso comigo. Você já tem meu
coração há um bom tempo. Agora, meu lindo noivo, leve-me para cama e faça
amor comigo.
Ele me levanta em seus braços e me carrega para o quarto, me beijando
suavemente por todo caminho.
― Eles estão chamando seu voo. É melhor você passar pela segurança. ―
Luke está usando um boné de baseball e óculos, esperando não ser reconhecido
no aeroporto. Está gato.
Sempre está gato.
― Divirta-se com Jules hoje à noite. ― Ele me puxa para ele e me beija
devagar e longamente.
― Seja bonzinho. ― Ergo uma sobrancelha para ele, que ri.
― Te vejo amanhã. Ligo quando chegar no hotel. ― Ele me beija outra vez
e então beija minha testa, respirando fundo como se não quisesse se afastar de
mim.
― Ok. Tenha um bom voo, meu amor. ― Corro minhas mãos por seu peito e
dou um passo atrás, observando-o passar pela segurança e ir para seu terminal.
Também sinto sua falta. Fique bem. Quero você em casa inteiro.
E, sinto que preciso vomitar de novo. Corro para o banheiro e fico lá pelos
próximos trinta minutos. Jules me traz mais toalha molhada e mais água, me
fazendo colocar uma toalha sob meus joelhos.
― Acho que você deveria ir à emergência.
― Não, estou bem. ― Vomito um pouco mais.
― Ah, tô vendo que você está em plena forma. ― Jules responde secamente.
― Não seja grossa.
― Nat, estou preocupada. Você não para de vomitar.
― Não tenho mais nada para vomitar.
― Sim, você vai desidratar. Isso não é normal, nem mesmo para uma virose.
Você não está com febre.
Minha barriga está começando a doer, já que eu continuo a vomitar.
― Nat, não me faça ligar para minha mãe.
― Ela vai ficar do meu lado ― respondo.
― Tudo bem, vou ligar para Luke.
― Não, ele não pode fazer nada de Los Angelis.
Mais vômito. Deus, não tem mais nada dentro de mim. O que há de errado?
― Ok, Nat, entre no maldito carro. Isso é uma ameaça. ― Jules coloca uma
tigela de plástico sob meu rosto e me ajuda a levantar. ― Uma hora de vômito é
demais. Você deve estar desidratando.
Ela me ajuda a entrar no carro e me leva a um hospital próximo de casa.
Surpreendentemente está bem vazio, e eu passo pela triagem e sou levada a um
quarto rapidamente. Estou feliz que Jules está comigo para passar minhas
informações pessoais; não consigo parar de vomitar por tempo suficiente para
formar uma frase.
Pego uma amostra de urina e visto uma camisola de hospital.
― Natalie, sou a Mo. Serei sua enfermeira hoje. Coloque este comprimido
sob a língua. É um Zofran e vai parar com a náusea. ― Aceito o remédio
agradecida e respiro fundo para a gentil e pequena enfermeira. ― Vamos checar
seus sinais vitais. ― Mo sorri e mede minha temperatura, pressão e batimentos
cardíacos. ― Está tudo normal. É um bom sinal. A Dra. Anderson estará aqui em
um minuto.
― Obrigada. ― Jules puxa uma cadeira para perto de mim e meu telefone
começa a tocar. É Luke.
― Alô?
― Oi, amor. Estou no hotel. Está tudo bem?
― Sim, tudo bem. Só estou passeando com Jules. ― Os olhos de Jules se
arregalam e ela murmura “Que merda você está fazendo?” para mim. Eu aceno
para ela.
― Que bom. Vou entrar na minha primeira reunião. Te mando uma
mensagem assim que der.
― Tudo bem, tenha uma boa reunião. Te amo.
―Também te amo. ― Percebo o sorriso em sua voz enquanto ele desliga.
― Natalie...
― Para. Ele não pode fazer nada de Los Angeles. Não tem necessidade de
preocupá-lo. Além do mais, ele vai estar em casa amanhã.
― Ele tem que saber que você está no hospital. ― Deus, como ela é teimosa.
― O remédio que eles me deram já está funcionando contra o enjoo.
Provavelmente vão me mandar para casa.
― Toc, toc. ― Uma pequena mulher loira coloca a cabeça na porta. ― Sou a
Dra. Anderson. Fiquei sabendo que não está se sentindo bem, Natalie.
― Estou vomitando há uma hora e meia.
― Tem sido constante ou vai e vem?
― Constante. Não conseguia nem respirar até que a enfermeira me deu um
comprimido anti-enjoo.
― Outros sintomas como diarreia, febre, dor abdominal? ― Ela está
tomando nota enquanto conversamos.
― Não, só os vômitos. Eu estava um pouco enjoada de manhã, mas achei
que fosse nervosismo. Então comecei a vomitar.
― Ok, me parece que você já está estabilizada. ― Ela checa a pele da minha
mão, minha boca e nariz. ― Você está muito desidratada, então, vou começar
com uma intravenosa e recolher alguns fluidos. Vamos colher sangue e fazer um
exame de urina e ver o que encontramos, tudo bem? ― Ela sorri para mim
gentilmente.
― Ok. Vou poder ir para casa hoje?
― Provavelmente sim. Vamos pegar alguns resultados de exames e estarei
de volta muito em breve.
― Viu? ― falo para Jules depois que a médica sai. ― Provavelmente estou
com uma virose.
A enfermeira Mo volta para o quarto e começa a intravenosa.
― Ah, não, me deixa sair daqui. ― Jules pula e foge do quarto. Sorrio para
Mo.
― Ela odeia agulhas assim como a maioria de nós odeia aranhas.
Mo ri enquanto colhe um pouco de sangue e sai novamente, me deixando
com Jules.
― Como está se sentindo? ― ela pergunta.
― Melhor. Ainda estou um pouco enjoada, mas acho que não vou vomitar
mais.
― Bom. Você estava começando a me assustar.
Ficamos em silêncio por um tempo, ambas checando os telefones e
assistindo um pouco de TV. Esperamos por um bom tempo, umas duas horas,
talvez, antes de podermos ver a médica outra vez.
― Me desculpe por fazê-las esperar. Fizemos alguns exames de sangue, e
eles demoram um pouco. ― Ela puxa uma cadeira para perto de mim, fazendo
parecer que seria uma longa conversa.
Merda, o que há de errado comigo?
― Tenho boas notícias, e algumas podem não ser tão boas, depende como
vai preferir encará-las.
― Ok. As boas notícias primeiro, por favor.
― Você está bem saudável. Todos os seus sinais vitais estão normais, e seus
exames estão bons.
― Que bom!
― Então, aqui vão as outras notícias, você está grávida.
Ouço Jules engasgar ao meu lado, mas não entendo.
― O que você disse?
― Você está grávida.
― Não, é impossível. ― Balanço a cabeça com veemência. Deve haver
algum erro.
― Ah, né? ― A médica ergue uma sobrancelha. ― Por que diz isso?
― Eu tomo anticoncepcionais. Eu nunca, nunca, esqueço de tomar um.
Nunca. Sou a nazista dos anticoncepcionais.
― A pílula pode ser muito eficiente na prevenção da gravidez, mas, assim
como qualquer método anticoncepcional, pode falhar.
― Não, se for tomada do jeito correto, como eu sempre tomo, não há como
engravidar.
Vejo Jules pegar seu telefone e começar a digitar ferozmente enquanto a
médica sorri pacientemente para mim, dando tapinhas nas minhas pernas.
― Natalie, a pílula é noventa e nove por cento eficaz quando tomada
corretamente. Tem um por cento de chance de falhar, e parece que você entrou
nesse um por cento.
― O quê? ― O mundo começa a desmoronar ao meu redor.
― Ela está certa, Nat. ― Jules aproxima seu telefone do meu rosto. ― Não
importa que você tenha uma médica formada aqui dizendo isso, os médicos da
internet concordam. Noventa e nove por cento eficaz.
― São más notícias? ― pergunta a Dra. Anderson.
Olho para Jules e ela parece tão chocada quanto eu.
― Não sei.
A doutora olha para o meu anel e sorri abertamente.
― Talvez seja apenas um choque. Fizemos tanto o exame de urina quanto o
de sangue para confirmar. Gostaria de fazer um ultrassom para ver de quanto
tempo está.
A enfermeira Mo entra no quarto com uma máquina de ultrassom de
rodinhas. Ao invés de colocar uma câmera na minha barriga, a médica coloca
meus pés no estribo para poder usar a câmera intravaginal.
― O bebê é muito pequeno para ser visto com a câmera externa ― explica.
Bebê? Ah, meu Deus.
A enfermeira apaga as luzes e todas nós olhamos para a tela da máquina. De
repente, vemos um pequeno círculo preto, do tamanho de um grão, cujo interior
está vibrando.
― Aqui está! ― Dra. Anderson sorri. ― Eu diria que está com umas seis
semanas.
Jules segura minha mão enquanto olhamos para a tela com admiração.
― Isto aqui é o coração? ― pergunto, apontando para a vibração na tela.
― Sim. É difícil dizer muito mais por essa máquina, mas a área preta é o
líquido amniótico e a vibração é o coração. Sua náusea e os vômitos são
chamados de hiperêmese gravídica. É um enjoo matinal multiplicado por cem.
Você provavelmente vai sentir muito enjoo durante a gravidez, então, vou
prescrever alguns remédios para tomar em casa. Não vão afetar o bebê. Além
disso, pare com a pílula imediatamente, comece a tomar algumas vitaminas com
ácido fólico e marque uma data com seu ginecologista nas próximas quatro
semanas.
Ela aperta o botão da máquina e tira uma foto do ultrassom.
― Aqui. Para você mostrar para os outros. ― Ela pisca para mim. ― Vamos
te manter aqui por mais um tempinho para tomar mais uma bolsa de soro e para
nos certificarmos que seus vômitos estão sob controle. Depois, pode ir para casa.
― Ok.
Ela sai e Jules e eu nos entreolhamos.
― Você está bem? ― ela pergunta.
― Não. ― Me sinto entorpecida.
― Adorei seu anel. A foto que me mandou no sábado não fez jus.
― Obrigada.
― Ok, vamos falar sobre isso com racionalidade. ― Jules pega minha mão
na dela e me olha nos olhos. ― Ele te ama.
― Ele vai achar que eu armei um golpe.
Ela ri ― ri ― e aperta minha mão.
― Natalie, ele nunca vai pensar isso.
― A família dele vai.
― E quem se importa?
― Ele acabou de me pedir em casamento.
― Agora você só está falando por falar. Natalie, olhe para mim.
― É cedo demais. ― Meus olhos se enchem de lágrimas quando encontram
com os dela. Graças a Deus ela está aqui comigo. ― Acabamos de nos conhecer,
ainda estamos conhecendo melhor o outro, Jules. Estamos noivos há menos de
uma semana. É cedo demais.
Lágrimas surgem quando o telefone toca. Mando a chamada direto para a
caixa postal.
― Nat, você tem que falar com ele.
― Não vou contar por telefone.
― Não, mas ele vai ficar preocupado se você não atender, sua boba. ― Meu
telefone toca de novo, mas estou chorando muito para atender.
― Atende para mim. Diga que estou no banheiro ou algo assim.
― Telefone da Natalie. ― Jules atende. ― Não, me desculpe, Luke, ela está
no banheiro. Quer que eu peça para que ela te ligue? Ah, ok, vou falar para ela.
Tchau.
― E aí? ― pergunto quando ela desliga.
― Ele vai entrar em outra reunião e depois te liga.
― Bom. ― Deixo minha cabeça cair na cama. ― Ah, meu Deus, o que vai
acontecer?
― O que você está falando? Você e Luke vão ser papais. ― Jules pega
minha mão outra vez. ― Nat, vocês vão ser ótimos pais.
― É cedo demais ― sussurro e coloco ambas as mãos no rosto para chorar.
Meu choro para e respiro fundo quando a enfermeira Mo volta para trocar a
intravenosa.
Como vou contar para Luke que estou grávida? Sei que ele quer filhos, e eu
também, mas não ainda. Não estamos nem casados ainda. Não vou conseguir
suportar se ele pensar que estou tentando dar um golpe fazendo algo que ele não
quer.
Jules liga a TV e zapeia pelos canais, pausando quando encontra um
programa de fofocas.
― Vimos Luke Williams hoje...
Puta merda!
― Ele estava em um jantar romântico com Vanessa Horn, uma de suas
colegas da franquia Nightwalker. Será que Luke finalmente vai sair de seu
esconderijo para iniciar um relacionamento com a adorável Vanessa? Eles
estiveram prestes a se casarem antes de se separarem no último ano. Tem cheiro
de romance no ar? Vamos nos manter informados sobre Luke e Vanessa e
voltamos em breve com mais detalhes. ― E mostram uma série de fotos na tela,
tiradas hoje. Reconheço a camisa preta e o jeans que ele estava usando no avião.
Ele e a bela loira Vanessa estão mesmo deixando um restaurante. Os braços dele
estão nos ombros dela e ele está sorrindo, com o nariz encostado em sua orelha.
E então tem uma foto dele puxando-a para um beijo. O ângulo da câmera é ruim,
portanto, não dá para ver os lábios se tocarem, mas é óbvio o que estão fazendo.
Na foto seguinte, ela está entrando em um carro, e ele está segurando a porta
para ela. Na última foto, ele está entrando do lado do motorista no mesmo carro.
― Puta merda, ele está me traindo.
― Não sabemos se é verdade.
― Estou vendo com meus próprios olhos!
― Nat, são os merdas dos paparazzi. Eles fazem o que querem.
― Fotos não mentem. Eu sei disso melhor do que ninguém. Você viu a
forma como ele a estava tocando e olhando para ela. Ele a beijou.
O ciúme que corre por minhas veias é primitivo. Meu coração está pulsando
forte, estou respirando fundo, e sinto meu rosto queimar. Se não tivesse tomado
os remédios para enjoo, estaria vomitando outra vez.
― Natalie ― Jules murmura e pega minha mão. ― Tenho certeza que não é
o que você está pensando.
Balanço a cabeça e me debulho em lágrimas.
― Está acabado.
― Não, Natalie, não! Converse com ele amanhã.
― Não tenho nada para falar com ele. ― Balanço a cabeça novamente,
incapaz de acreditar no que vi. ― Não posso confiar nele. Não quero viver essa
vida de celebridade com ele.
― Está sendo boba.
― Cale a boca! Você tinha que estar do meu lado! Você é minha amiga,
porra, não dele. Ele está me enganando! Eu vi provas, então me mostre um
pouco de lealdade, Jules.
― Me desculpa. ― Ela começa a chorar também, e eu me sinto uma merda.
― Vem cá. ― Eu me afasto e ela sobe na cama comigo, me abraçando
enquanto choramos. ― O que vou fazer?
― Se dê um tempo. Você acabou de descobrir que está grávida depois de se
sentir violentamente mal. Não está pensando com a razão. Espere um pouco. ―
Ela está acariciando meu cabelo, e eu sou muito agradecida a ela.
― Ok.
Meu telefone apita e é outra mensagem de Luke.
Estou quase terminando as reuniões de hoje, amor. Te ligo de noite.
Te amo.
Não falei com você o dia inteiro. Sinto sua falta. Você está bem?
Natalie decidiu que queria se casar no Taiti, para poder voltar lá com nossos
familiares e amigos, então eu subornei todo mundo e reservei o resort inteiro
para toda semana. Espero que seja tudo que ela sempre sonhou na vida.
Abotoo minha camisa branca e checo meu reflexo no espelho do quarto
principal do bangalô dos meus pais. Nat quis que os homens usassem calças
cáqui com blusas brancas para a cerimônia, então é isso que estamos usando.
Ela é quem manda.
Meu cabelo está um caos, como sempre, e não faz sentido penteá-lo, porque
os dedos de Nat estarão entrelaçados neles assim que ela me ver.
Sorrio ao pensar na minha noiva. Sou um filho da puta sortudo. Natalie é,
sem dúvidas, a mulher mais sexy que já vi, com longos cabelos escuros, belos
olhos verdes e um corpo curvilíneo de matar. Mas seu coração foi o que me
conquistou. Sua graciosidade, sua natureza amável e a sua boca atrevida, são
coisas sem as quais eu não conseguiria viver.
E não precisarei viver.
― Ei, Williams, pare de se admirar e venha aqui para tirar fotos. ― Isaac,
me chama do cômodo principal do bangalô.
Todos os rapazes estão aqui; meu irmão, Mark, e os irmãos de Jules ― e de
Nat ― Isaac, Caleb, Matt e Will, além do pai deles, Steven. Meu pai ergue a taça
e propõe um brinde.
― Ao meu filho e a Natalie. Agradeço a Deus por ela ter dito sim.
― Saúde, saúde!
Todo mundo brinda e o cômodo irrompe novamente em caos, homens
gritando piadinhas maldosas e insultando-se.
Isso não acalma meus nervos.
Não estou de todo nervoso, pois vou me casar com minha garota, estou
ansioso para que acabe logo.
― Pai, preciso que você leve uma coisa para Natalie. ― Entrego-lhe uma
caixinha da Tiffany.
― Sem problemas, preciso ir dar uma olhada na sua mãe, de qualquer
forma. Já está pronto? ― Ele sorri e me dá tapinhas nas costas.
― Sim, estou pronto. Vamos começar o show. ― Meu pai ri e se encaminha
para a suíte nupcial, e Isaac se aproxima de mim com mais uma dose. ― Não,
cara, preciso estar sóbrio para isso. ― Afasto a bebida e olho para a porta, na
direção do bangalô.
― Este aqui não é para você, parceiro, é para mim. ― Ele sorri e vira a
tequila de uma vez só. ― Porra, isto aqui está bom. Está pronto para isto?
― Todo mundo fica me perguntando isso. Sim, estou pronto. Mais que
pronto.
― Você é bom para ela, sabe disso.
Olho para o rosto de Isaac, chocado. A família de Nat sempre me recebeu
muito bem e sempre foi amigável, mas sei que seus irmãos têm algumas
reservas, e, sendo irmão de uma mulher também, não posso culpá-los.
― Fico feliz ― assinto e sorrio para ele.
― Mas se magoá-la, ou àquele bebê ― Isaac continua, e eu sei o que ele vai
dizer ― vou te matar.
― Não vai precisar, não vou magoá-la. ― Estendo a mão para apertar a dele,
mas ele me puxa para um abraço de amigos.
― Bem-vindo à família, irmão.
― As garotas estão prontas. ― Meu pai volta ao quarto com uma caixinha
nas mãos. Pedi a ela que não comprasse nada para mim. Ela e o bebê são tudo
que preciso. ― Isso aqui é para você.
Entro no quarto para abrir o presente e o bilhete, sozinho, me perguntando se
ela gostou dos brincos de diamante que mandei para ela. Tudo neste casamento é
rosa, e ela também deveria usar diamantes rosa.
https://www.facebook.com/editoracharme
https://twitter.com/editoracharme
http://www.pinterest.com/editoracharme
http://instagram.com/editoracharme