Nanã Buruku

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ENERGIA NANÃ BURUKU

Para começarmos a falar sobre essa energia, devemos primeiro situá-la


no panteão, pois ela veio ao Aiye em forma de vodum, ou seja, não
nasceu em forma humana, aliás, foi através de seu principal elemento, a
lama, que os seres foram moldados. Entretanto, essa energia estava
tão ligada à vida quanto à morte, acabando por assumir também o papel
de Orisà.

Para esclarecermos mais definidamente, os voduns são energias


sagradas que não nasceram no Aiye, participaram de sua formação,
mas retornaram ao Orun sem viver como humanos, enquanto que os
orixás, também energias sagradas, nasceram no planeta para ensinar
aos homens o que era cada energia.

NANÃ E A CRIAÇÃO DOS SERES HUMANOS

Olodumarè, depois da criação do Aiye, decidiu que o planeta estava


pronto para receber os habitantes, Osàlaà, incumbido dessa missão,
começou a tentar moldar os seres, entretanto, nenhum material que
usava, tinha textura ideal; tentou com madeira, usou o ferro, até mesmo
a água e o fogo; nada se adequava. Vendo o desespero de Osàlaà,
Nanã se aproximou, trazendo a lama do fundo do pantano que vivia.
Perfeito, o material era fácil de modelar, mantendo a forma depois de
seco.

Osálaà, sem ao menos agradecer, correu até Olodumarè para exibir sua
criação, clamando somente para si, os méritos da empreitada.
Olodumaré perguntou; - Belo trabalho Osàlaà, ficou excelente a
modelagem, mas onde foi que você encontrou esse material?

Envergonhado, Osàlaà baixou os olhos e respondeu: Não fui eu que


encontrei, Nanã Buruku que trouxe até mim.

Olodumarè mandou chamar Nanã, e quando estavam os três juntos,


explicou: - Para cada energia, destinei uma parte de mim mesmo; à
cada um, foi entregue o complemento do outro, e quando todas as
energias se unem, se transformam em Olodumarè. Filha, vós sois a vida
e a morte, porque contém água e terra, assim serão todos os seres que
irás modelar, pois a ti entrego esse trabalho. Nascerão e viverão, sendo
a água, mas a ti retornarão, alimentando a terra.

Nanã Buruku, vodum da criação, daquele momento em diante, pediu


permissão a Olodumarè, tornando-se um Orisà, podendo assim
acompanhar a evolução dos seres humanos, permanecendo no Aiye.

Interpretação:

Nanã é considerada a mais velha do panteão, justamente por ter


participado da criação, antes mesmo dos orisàs terem vindo para o
Aiye, ou seja, diferente da maior parte dos voduns, seu amor pela
humanidade, a fez ficar para nos trazer ensinamentos e acolhimento.

Toda a esperteza de Osàlaà, não o fez merecedor do que não lhe


pertencia, pois Olorun já tinha o conhecimento da ajuda de Nanã.

O seu elemento é o barro, a lama, é a energia que nos traz a vida


terrena e também nos faz retornar ao Orun.

É a Senhora dos Portais, ou seja, ninguém entra ou sai deste mundo,


sem passar por ela. Levando-se em conta que os dois primeiros
elementos para a formação do Aiye, são terra e água, Nanã é o terceiro,
a junção dos dois.

NANÃ E A DISPUTA COM OGUM

No início dos tempos os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam


parte do reino de Nanã Buruku e ele tomava conta de tudo como boa
soberana que era. Quando todos os reinos foram divididos por Olorun e
entregues aos orixás, uns passaram a adentrar nos domínios dos outros
e muitas discórdias passaram a ocorrer.

Foi dessa época que surgiu a lenda: Ogum precisava chegar ao outro
lado de um grande pântano, lá havia uma séria confusão ocorrendo e
sua presença era solicitada com urgência.

Resolveu atravessar o lodaçal para poupar tempo, e por fim a tal


disputa. Começou a travessia que seria longa e penosa e ouviu atrás de
si uma voz autoritária: - Volte para seu caminho rapaz! - Era Nanã com
sua majestosa figura matriarcal que não admitia contrariedades. - Para
passar por aqui tem que pedir licença!

- Como pedir licença? Sou um guerreiro, preciso chegar urgente ao


outro lado. Há um povo inteiro sendo massacrado, que precisa de mim.

- Não me interessa a sua urgência, não me diz respeito. Ou você pede


licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do que é respeito ao
alheio.

Ogum riu com escárnio: - O que uma velha pode fazer contra alguém
jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá!

Imediatamente, Nanã deu ordem para que a lama tragasse Ogum e


impedisse seu avanço. O barro agitou-se e de repente começou a se
transformar em grande redemoinho de água e lama. Ogum teve
dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos os seus
músculos retesaram-se com a violência do embate. Foram longos
minutos de uma luta sufocante.

Conseguiu sair, no entanto, não conseguiu avançar e sim voltar para a


margem. De lá gritou: - Velha feiticeira, você é forte, não nego, porém
também tenho meus poderes. Encherei este barro que chamas de reino
com metais pontiagudos e nem você conseguirá atravessá-lo sem que
suas carnes sejam totalmente dilaceradas. E assim fez. O enorme
pântano transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não
permitiam a passagem de mais ninguém. Desse dia em diante, Nanã
aboliu de suas terras o uso de metais de qualquer espécie Ficou furiosa
por perder uma parte de seu domínio, mas intimamente se orgulhava do
triunfo: - Ogum não passou!

Interpretação:

Nanã Buruku é a sabedoria da ancestralidade, por sua vez. Ogum é o


caráter.

Enquanto o caráter nos impulsiona ao que consideramos correto, a


sabedoria nos faz lembrar que existem mais coisas envolvidas, ou seja,
quando não unimos essas duas energias, nosso caminho se torna
impraticável.

OS FILHOS DE NANÃ BURUKU

O primeiro filho de Nanã, foi Iroko, e Obatalá era seu pai. Todos os
outros Orixás puderam chegar até o Aiye, através dessa representação
da ancestralidade.

Nanã era uma rainha muito poderosa, preservando a integridade


feminina. Com seu ibiri, dominava todo o reino dos mortos, e
assombrava os homens que maltratavam mulheres. Quando Osàlaà
ficou sabendo desse poder, resolveu enfeitiçar a rainha para poder se
apropriar do conhecimento.

Depois de já tê-la enfeitiçado, Osàlaà a segue até o reino dos mortos e


descobre o segredo de como abrir o portal. Numa melhor hora, se veste
com as roupas de Nanã, volta ao local e, dizendo as palavras certas,
entra no reino dos mortos. Osàlaà então, ordena que daquele dia em
diante, os eguns obedecessem às suas ordens.
Nanã que vivia sob o efeito do feitiço, só pensava em agradar o marido
e, querendo ter uma família com ele, resolveu engravidar. O que ela
havia esquecido é que se tornara um Orisà, ou seja, havia ganhado a
vida humana através do mesmo sêmen. Osàlaà que bem lembrava
disso, sabia que jamais poderiam ter um filho saudável, assim como os
tinha com Yemonjá, e resolveu procrastinar a idéia da mulher. Foi então
que Nanã usou de magia, envolvendo-o para engravidá-la. Assim
nasceram os filhos, Osanyin, Yewá, Omulu, Obaluaye e Oxumaré, os
quais foram todos abandonados por ela, pois traziam traços de
anomalidade, visto serem frutos entre irmãos.

Mas como toda magia tem seu fim e seu castigo, Osàlaà é obrigado a
se vestir com roupas femininas e carregar ade, enquanto que Nanã
perdeu o comando sobre os eguns, sendo transferido para Babá
Egungun, onde só os homens têm autorização de trabalhar.

Interpretação:

Por maior que seja o seu poder, jamais deve usá-lo subjugando o
próximo, pois o resultado nunca será perfeito, trazendo consequências
permanentes.
INTERPRETAÇÃO DA ENERGIA NANÃ BURUKU

TEMPO, Nanã é o começo, o meio e o fim, ninguém nasce, morre ou


retorna sem que passe pelos seus portais

ANCESTRALIDADE FEMININA, considerada como a primeira mãe no


Aiye, Nanã representa o útero que dá a vida e, após a morte, retorna
para poder ser preparado para renascer. Nanã é a responsável pelo
karma

SABEDORIA, por ser a orisá mais velha no Aiye, Nanã detêm o


conhecimento de tudo e todos sobre a terra

RESPEITO, Nanã nos mostra a necessidade de se respeitar o tempo de


cada coisa e de cada pessoa, para obtermos o nosso melhor.

PARA NANÃ BURUKU SE PEDE SABEDORIA NAS DECISÕES E


PACIÊNCIA PARA OS ACONTECIMENTOS

PROPORCIONA PROTEÇÃO PARA GESTANTES E FERTILIDADE


PARA MULHERES QUE QUEIRAM ENGRAVIDAR

NANÃ ABENÇOA OS QUE QUE SEGUEM SUA BUSCA SEM USAR


OU DESFAZER DO ALHEIO, ENTRETANTO COBRA NA MESMA
INTENSIDADE OS QUE FALTAM COM RESPEITO
Evocação de Nanã Buruku

Devemos invocá-la:

. Para compreendermos o outro e perdoarmos


. Para nos livrarmos de vícios emocionais (inveja, rancor, maledicência,
arrogância..)
. Para dificuldade em engravidar
. Para proteção gestacional
. Para proteção contra pragas

Comida:

Dóbóró

Coloque feijão fradinho de molho, até que as cascas consigam se soltar.


Retire a película sem separar o quebrar o grão., escorra. Numa panela
coloque azeite de dendê, cebola ralada, camarão seco triturado e sal.
Refogue os grãos com colher de pau, e com delicadeza para não
abrirem.
Sirva em vasilha de barro ou louça, juntamente com uma vela branca ou
lilás.
Pode ofertar num mangue ou lago

Adúra:

E kò odò, e kò odò fó
E kò odò, e kò odò fó
E kò odò, e kò odò fó
E kò odò, e kò odò fó
Kò odò, kò odò, kò odò e
Dura dura ní kò gbèngbè Mawun awun a ti jò n
Saluba Nana, saluba Nàná, saluba
Saluba Nana, saluba Nàná, saluba
Tradução:

Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio


Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
Encontro no rio, encontro no rio, encontro no rio
Esforçando-me para não afundar na travessia do grande rio
Lentamente como uma tartaruga trancada suplicando perdão
Pantaneira Nàná
Pantaneira Nàná

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