Roberto Baldo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

COMPORTAMENTO DO ALGODOEIRO cv. DELTA


OPAL SOB ESTRESSE HÍDRICO COM E SEM
APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTE

ROBERTO BALDO

DOURADOS
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
2007
COMPORTAMENTO DO ALGODOEIRO cv. DELTA OPAL SOB
ESTRESSE HÍDRICO COM E SEM APLICAÇÃO DE
BIOESTIMULANTE

ROBERTO BALDO
Engenheiro Agrônomo

Orientadora: Prof. Dra. SILVANA DE PAULA QUINTÃO SCALON

Dissertação apresentada à Universidade


Federal da Grande Dourados, como parte dos
requisitos à obtenção do título de mestre em
Agronomia, Área de concentração: Produção
Vegetal.

DOURADOS
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
2007
“Na investigação científica não basta
examinar; é necessário contemplar:
impregnemos de emoção e simpatia as coisas
observadas; façamo-las nossas, tanto pelo
coração como pela inteligência. Só assim nos
entregarão o seu segredo. Porque o entusiasmo
aumenta e afina nossa capacidade perceptiva”.
Santiago Ramon y Cajal
A Deus pelo dom da vida.
Aos meus pais: Luiz e Sônia
Ao meu irmão e amigo: Robson
À pessoa que amo muito: Mariana.
DEDICO
AGRADECIMENTOS

A Deus, meu Senhor e Salvador.


À Universidade Federal da Grande Dourados, pela oportunidade para realização
do mestrado.
À CAPES, pelo apoio financeiro.
À professora Silvana de Paula Quintão Scalon, pela orientação, amizade, pelos
conselhos e incansáveis incentivos.
À professora Yara Brito Chaim Jardim Rosa, pelo apoio e imensa colaboração.
À professora Rosilda Mara Mussury, pela colaboração.
Aos amigos e colegas de curso: Francimar, Priscila, Cinthia, Marcelo e João, pelo
grande companherismo e incentivo.
Ao colega Rui pela ajuda na montagem e desenvolvimento do projeto.
A todos que contribuíram, de alguma forma, para que este trabalho se
concretizasse.
SUMÁRIO

PÁGINAS
RESUMO ............................................................................................................. v
ABSTRAT............................................................................................................. vi
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 1
2. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 4
2.1 Instalação e Condução do Experimento ......................................................... 4
2.2 Indução do Estresse Hídrico ........................................................................ 5
2.3 Aplicação do Bioestumulante.......................................................................... 5
2.4 Características Avaliadas ................................................................................ 5
2.5 Estudo Morfológico ........................................................................................ 6
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 7
4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 17
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 18
RESUMO
BALDO, Roberto., Universidade Federal da Grande Dourados, Março de 2007.
Comportamento do algodoeiro cv. Delta Opal ao estresse hídrico com e sem
aplicação de bioestimulante. Professora orientadora: Silvana de Paula Quintão Scalon.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do bioestimulante Stimulate®, aplicado

ou não em diferentes fases do desenvolvimento do algodoeiro cv. Delta Opal, cultivado

em casa de vegetação e submetido ou não ao estresse hídrico. Foram aplicados 25, 60 e

100% do volume total de poros (VTP) preenchidos com água.e o Stimulate® aplicado

na semente, na semente e na fase de botão floral e sem a aplicação do bioestimulante,

aos 69 dias após a semeadura. O período de duração do estresse hídrico foi de 15, 30 e

45 dias após a aplicação do estresse hídrico. O delineamento experimental empregado

foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 3 x 3, com quatro repetições de

cinco plantas cada. O algodoeiro cv Delta Opal não tolerou deficiência hídrica de 25%

VTP iniciando na fase de botão floral, sendo observadas as menores alturas, diâmetros

de colo, número de folhas, e comprometendo também a formação de estruturas

reprodutivas. O bioestimulante na dose e na forma aplicada não proporcionou melhoras

no desenvolvimento das plantas quando submetidas à falta de água, já em plantas

submetidas ao excesso de água, houve aumento do diâmetro do colo das plantas.

Palavras-chave: ecofosiologia, algodão, bioestimulante.


COTTON PLANT cv DELTA OPAL BEHAVIOR UNDER HYDRIC STRESS

WITH OR WITHOUT BIO-STIMULANT APPLICATION

ABSTRAT

The objective of this work was to evalue the effect of bio-stimulant Stimulate®

applicated or not in differents development stages of cotton plant cv Delta Opal,

cultivated in a vegetation house and submitted or not to hydric stress. There were

applicated 25, 60 and 100% of total volume of pores (VTP) filled out with water and

Stimulate® applicated on the seed and on the flower botton stage and without bio-

stimulant application 69 days after sowing. The hydric stress period of time was 15, 30

and 45 days after hydric stress application. The experimental delineation was wholly

randomized in a 3x3x3 factorial scheme, with four repetitions of five plants each one.

The cotton plant cv Delta Opal did not support hydric eack of 25% VTP on the flower

botton beginning, being observed the minor heights, lap diameters, number of flowers,

and endangering the formation of reproductive frames. The bio-stimulant dose and

application form did not offer improvement on plants development when submitted to

eack of water, but on plants submitted to water excess, a lap diameter increase occurred.

Keywords: Ecophysiology, cotton plant, bio-stimulant.


1 INTRODUÇÃO

A cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.) representa mundialmente mais de


40% da matéria prima para a confecção de roupas. No Brasil, representa mais de 60%
dos insumos têxteis e nos Estados Unidos da América, 65%. A espécie é uma das
principais plantas domesticadas pelo homem e uma das mais antigas, tendo registros de
seu uso há mais de 4.000 anos, sendo cultivado comercialmente em mais de 65 países,
em uma área anual superior a 30 milhões de hectare (Anuário Brasileiro do Algodão,
2003).
Dentre os fatores ambientais para a produção vegetal a água é de fundamental
importância. Sua falta ou excesso influenciam profundamente o desenvolvimento das
plantas. Qualquer espécie vegetal, durante seu ciclo de desenvolvimento, consome
enorme volume de água, mesmo que grande parte dela só passe pela planta
(REICHARDT e TIMM, 2004).
Nos vegetais, a água tem como principais funções a hidratação das células para a
manutenção de sua estrutura e atividade; participa diretamente de numerosas reações
químicas que ocorrem nas plantas; na fotossíntese, é fonte de prótons para a redução do
CO2 e de íons hidroxila que fornecem elétrons para as reações de luz; atua como
solvente, dissolvendo substâncias essenciais para reações químicas; entre outras funções
particulares de cada espécie vegetal (SUTCLIFFE, 1980).
A necessidade hídrica das culturas é um parâmetro de fundamental importância,
porque condiciona as atividades fisiológicas e metabólicas das plantas. Quanto maior a
disponibilidade de água no solo melhor a capacidade de absorção de nutrientes pelas
raízes e maior a eficiência fotossintética, resultando em um máximo rendimento
agrícola (AZEVEDO et al., 1993).
A absorção, o transporte e a perda da água são os processos básicos do balanço
hídrico, os quais, pelo menos a longo prazo, devem trabalhar em sintonia para manter
um estado hídrico satisfatório, uma relação entre absorção e transpiração vai revelar a
direção e o tamanho de um desvio do equilíbrio (LARCHER, 2000).
As respostas da célula ao estresse hídrico incluem mudanças no ciclo e divisões
celulares, mudanças no sistema de endomembranas e vacuolização, bem como
alterações na arquitetura da parede celular. Em relação ao metabolismo, ocorre a
produção de substâncias osmorreguladoras, o que vai favorecer a planta em casos de
falta de água (TAIZ e ZEIGER, 2004).
Tanto a falta, quanto o excesso de água nas plantas, podem provocar profundas
alterações no seu metabolismo, como potencial redução do crescimento e do
desenvolvimento e, consequentemente, influenciar o rendimento econômico da planta
quanto à produção de fibras e sementes (BELTRÃO et al., 1997).
As plantas de algodão necessitam de uma maior quantidade água principalmente
pouco antes e durante a fase de primeiro botão floral, fase R1 (REICHARDT, 1990). A
deficiência hídrica é prejudicial à planta, pois reduz o desenvolvimento, podendo até
interrompê-lo; ocasiona ainda, a queda de flores e frutos influenciando em muito a
produção, além do comprimento das fibras, que ficam mais curtas (PASSOS e
CANÉCHIO, 1987).
Os danos por excesso de água em plantas sensíveis podem se tornar visíveis em
até 24h, causando perda de produção. Entre as plantas tolerantes à anoxia, há a
possibilidade de permanecerem mais tempo em ambiente encharcado, já as plantas
especializadas que sobrevivem nesses ambientes, são plantas que crescem mesmo com
seu sistema radicular em condições anóxicas (CALBO et al., 1998).
Os sintomas mais comuns desenvolvidos por plantas sensíveis à inundação do
meio edáfico são: aumento da resistência estomática, epinastia, redução da fotossíntese,
inibição do crescimento das raízes e da parte aérea, murcha, abscisão de folhas e
finalmente a morte da planta (TAIZ e ZEIGER, 2004).
Uma das adaptações das plantas para manterem suas atividades vitais é a
formação de tecidos e órgãos responsáveis pela captação de oxigênio como aerênquima,
raízes adventícias, lenticelas e pneumatóforos (KERBAUY, 2004).
Além da água, fatores endógenos como os hormônios também influenciam o
crescimento e o desenvolvimento de plantas, assim, os hormônios e bioreguladores
favorecem o crescimento mais harmonioso com o desenvolvimento voltado para maior
produção e melhor qualidade final das culturas (LAMAS, 2001).
Segundo Castro e Vieira (2001) e Lamas (2001), bioestimulantes vegetais são
substâncias sintéticas que aplicadas exogenamente possuem ações similares aos grupos
de hormônios vegetais conhecidos (auxinas, giberelinas, citocininas, retardadores,
inibidores e etileno). Atualmente, têm surgido no mercado produtos à base de
aminoácidos e outras substâncias, além de produtos à base de hormônios e reguladores
de crescimento que auxiliam a planta na sua nutrição (LIMA et al. , 2003).
O Stimulate® é um bioestimulante que contém três hormônios vegetais em sua
composição. O ácido indolbutírico (0,0005%), o qual é transformado pelo metabolismo
da planta em AIA (ácido indolacético), uma auxina que estimula o alongamento celular;
a cinetina (0,009%) que atua na divisão celular e o ácido giberélico (0,005%) que atua
em diversos passos do metabolismo das plantas, inclusive no processo de germinação
das sementes (LIMA et al., 2003).
Milléo et al. (2000) observaram que a aplicação de Stimulate® proporcionou
maior produção de vagens e de grãos na cultura da soja, sendo que o melhor tratamento
apresentou um ganho de produtividade de 64,96% em relação à testemunha. O produto
Stimulate® apresentou eficiência agronômica quando aplicado tanto no tratamento de
sementes, quanto na pulverização foliar em todas as doses e épocas testadas.
Em mamoneira o Stimulate® não se mostrou tão eficiente quando as sementes
foram embebidas por até 24 horas, não apresentando efeito sobre a altura de plantas. Na
maior dose aplicada (35 ml 0,5kg-1 de sementes), as plantas apresentaram
significativamente maior área foliar (ALBUQUERQUE et al., 2004).
Plantas de algodão cultivar BRS201 em fase de crescimento inicial, quando
receberam o bioestimulante na semente, apresentaram plântulas mais vigorosas e com
maior comprimento (SANTOS e VIEIRA, 2005).
Na maioria dos estudos têm-se, até o presente, pesquisado os efeitos do excesso
ou da deficiência temporária de água no solo sem a verificação simultânea de fatores
que podem interferir na capacidade do algodoeiro resistir a esse tipo de estresse. Entre
tais fatores destacam-se o período de duração do estresse, o estágio de desenvolvimento
das plantas, a cultivar, as estratégias fisiológicas para resistência ao estresse e a
aplicação ou não de bioreguladores capazes de minimizar os efeitos danosos à planta.
Este estudo se faz necessário, devido o cultivo do algodoeiro no Mato Grosso do
Sul se dar em épocas sujeitas a veranicos, quando as plantas podem passar por um
estresse por deficiência de água, e em outras regiões coincide com épocas muito
chuvosas, onde o excesso de água pode interferir no desenvolvimento da planta.
O interesse em estudar o bioestimulante juntamente com o estresse hídrico, foi
para avaliar se este produto é capaz de minimizar alguns dos efeitos danosos que o
estresse causa às plantas sensíveis ao excesso ou à deficiência de água.
Diante do exposto, este trabalho objetivou estudar os efeitos de diferentes
períodos de duração do estresse hídrico e da aplicação de bioestimulante em diferentes
fases do desenvolvimento do algodoeiro cv. Delta Opal.
2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Instalação e Condução do Experimento


O experimento foi realizado em casa de vegetação, pertencente à Universidade
Federal da Grande Dourados, em Dourados, MS, localizado à latitude de 22o13’16”S,
longitude 54o17’01’’W e altitude de 430 m, durante os meses de fevereiro a maio de
2006. Como substrato edáfico utilizou-se um solo de natureza argilosa, classificado
como Latossolo Vermelho distroférrico, com as seguintes características químicas: pH
em água de 4,9; 3 mg dm-3 de fósforo disponível; 0,26 cmolc . dm-3 de potássio trocável;
1,91 cmolc .dm-3 de Al trocável; 1,5 cmolc . dm-3 de Ca + Mg trocável. O solo foi
corrigido a um V=60% e adubado seguindo as recomendações de Raij (1995). O solo
foi peneirado em peneira de malha 0,5 cm, e seco em condição de ambiente.
A planta utilizada foi o Algodoeiro (Gossypium hirsutum) cultivar Delta Opal. A
semeadura foi realizada diretamente em vasos com 4,5 kg de solo, sendo cinco sementes
por vaso, e aos 15 dias após emergência foi realizado o desbaste deixando uma planta
por vaso.
Os tratamentos foram constituídos de três fatores em três níveis: O primeiro
fator foi a forma de aplicação do bioestimulante Stimulate®, o qual foi aplicado
diretamente na semente, aplicado na semente e posteriormente na fase de botão floral
(aplicação foliar) e a testemunha (ausência); o segundo fator foi o estresse hídrico o qual
foi induzido com 25, 60 e 100% do volume total de poros preenchidos com água; e o
terceiro fator foi o período de avaliação do estresse hídrico sendo 15, 30 e 45 dias após a
aplicação dos tratamentos.
Os tratamentos de estresse hídrico iniciaram aos 69 dias após emergência,
quando apareceu o primeiro botão floral em mais de 50% das plantas, período no qual
foi realizado o segundo tratamento com Stimulate®.
Foram feitas três avaliações, aos 15, 30 e aos 45 dias após o segundo tratamento
com Stimulate® e o início dos tratamentos de estresse hídrico, período correspondente a
84, 99 e 114 dias após emergência.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em
esquema fatorial 3 x 3 x 3, com quatro repetições de cinco vasos para cada repetição.
2.2 Indução do estresse hídrico
Foi calculado o volume total de poros do solo utilizado como substrato para
obter 100%, 60% e 25% do total de poros preenchidos com água, caracterizando o
estresse por excesso, sem estresse (testemunha) e estresse por deficiência de água
respectivamente. A irrigação foi feita diariamente pesando-se o conjunto vaso-solo-
planta, colocando a quantidade necessária de água para cada tratamento em questão. Até
os 69 dias após a emergência as plantas foram irrigadas igualmente com 60% do
volume total de poros preenchidos com água.
O volume total de poros (VTP) foi calculado segundo EMBRAPA (1997), a
partir dos valores de densidade aparente (Da) e densidade de partículas (Dp), utilizando-
se a seguinte fórmula:

VTP = [(Dp – Da)/ Dp ] x 100

2.3 Aplicação do bioestimulante


O Stimulate® foi aplicado com pipeta graduada via tratamento de sementes,
aplicando 25ml em 0,5kg de sementes que se encontravam em saco plástico
transparente com capacidade para dois quilos. Após a aplicação do bioestimulante sobre
a massa de sementes, o saco plástico foi inflado com ar, fechado e agitado
vigorosamente por dois minutos, visando uniformizar a distribuição sobre toda a massa
de sementes. As sementes que não receberam o tratamento com bioestimulante
passaram pelo mesmo processo, mas com aplicação de água destilada. Uma hora depois
as sementes foram semeadas nos vasos.
Para a aplicação foliar no início da fase de botão floral, foi utilizado um
pulverizador costal de CO2 com pressão de 40 lib/pol2, com barra dotada com um bico-
leque 110:02 VS Teejet, com volume de aplicação utilizado de 300 l ha-1, na dosagem
de 250 ml ha-1 de Stimulate®.

2.4 Características avaliadas


Foram avaliadas as seguintes características: altura das plantas, compreendida
entre a superfície do solo e a inserção da última folha; diâmetro do colo com auxílio de
paquímetro digital, medida obtida no colo das plantas; número de folhas; área foliar,
mensurado com um medidor de área foliar da marca Licor; massa fresca de parte aérea
(MFPA), envolvendo folhas caules e ramos frutíferos; massa fresca de raiz (MFR),
massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca de raiz (MSR) utilizando balança
digital. Aos 114 dias após semeadura (última avaliação), foi avaliado: número, diâmetro
e peso médio de maçãs por planta.
Para a avaliação da parte aérea das plantas estas foram colhidas e pesadas, em
seguida as folhas foram retiradas para a avaliação de área foliar. O sistema radicular foi
lavado para separação do solo com auxílio de uma peneira de malha de 0,5 mm e logo
em seguida pesado.
Para obtenção das massas secas, o material foi colhido, colocado em sacos de
papel Kraft devidamente identificados e acondicionados em estufa a 65°C, com
circulação de ar, durante 72 horas. Após este período, o material foi pesado em balança
com precisão de 0,001g.
Das cinco plantas presentes em cada repetição três foram destinadas às três
avaliações, sendo que as plantas que foram sorteadas para avaliação de altura e diâmetro
foram as últimas a serem retiradas. As plantas restantes foram destinadas ao estudo
morfológico do sistema radicular.
Considerou-se os fatores estudados como qualitativos e os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância, e posteriormente as médias foram comparadas pelo
teste Tukey (BANZATO e KRONKA, 1989).

2.5 Estudo Morfológico


O estudo morfológico e posterior ilustração foram realizados aos 114 dias após
emergência utilizando plantas adultas. Os sistemas radiculares passaram por um
processo de lavagem, para retirar o solo, com auxílio de peneira de 0,5 mm. As
ilustrações foram realizadas com auxílio de máquina Sony Cyber Shot 6.0,
fotografando o sistema radicular das plantas e identificando estruturas formadas com a
indução do estresse.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO

Os valores de altura, diâmetro, massas fresca e seca da parte aérea e da raiz,


número de folhas e área foliar do algodoeiro cv. Delta Opal, observados durante o
período experimental, foram avaliados estatisticamente e os resultados de suas análises
de variância são apresentados no Tabela 1.
Tabela 1. Análises de variância de altura, diâmetro do colo, massa fresca da parte
aérea (MFPA), massa fresca de raiz (MFR), massa seca de parte aérea
(MSPA), massa seca de raiz (MSR), número de folhas (NF) e área foliar
(AF) de Gossypium hirsutum
Quadrados médios
F.V. G.L. Altura Diâmetro MFPA MFR
Tempo (T) 2 1151,66** 8,19** 5241,52** 676,82**
Stimulate® (S) 2 467,15** 1,75 ns 183,58 ns 15,54 ns
Água (A) 2 3725,70** 28,58** 32310,57** 1173,10**
SxT 4 0,16 ns 0,28 ns 135,22 ns 12,60 ns
AxT 4 112,71 ns 0,64 ns 603,71* 137,70**
AxS 4 272,30* 2,28 ns 89,97 ns 10,30 ns
AxSxT 8 15,44 ns 0,16 ns 52,22 ns 30,22 ns
Resíduo 81 96,97 0,73 202,66 28,99
CV % 11,22 10,26 19,12 30,63

MSPA MSR NF AF
Tempo (T) 2 2054,67** 48,79** 697,86** 923135,00**
Stimulate (S) 2 20,30 ns 0,27 ns 125,02 ns 56177,60 ns
Água (A) 2 2497,64** 22,66** 1074,69** 0,1**
SxT 4 8,53 ns 0,34 ns 17,55 ns 94916,32 ns
AxT 4 116,16** 2,73** 23,93 ns 111488,5 ns
AxS 4 10,15 ns 0,11 ns 120,68 ns 55086,54 ns
AxSxT 8 14,32 ns 0,40 ns 21,04 ns 19706,7 ns
Resíduo 81 25,94 0,66 69,20 96465,00
CV % 18,73 24,83 20,48 25,1
** significativo, a 1% de significância, pelo teste F
* significativo, a 5% de significância, pelo teste F
ns
não significativo
Os efeitos da interação da água e do Stimulate® sobre as características altura e
diâmetro do colo são apresentados na Tabela 2. A altura e o diâmetro do colo foram
menores sob deficiência hídrica (25% do VTP). Quando houve excesso de água (100%
VTP) sem aplicação do Stimulate® e com Stimulate® aplicado na semente e na fase de
botão floral, foram observadas as maiores alturas das plantas. Esses resultados foram
semelhantes aos observados por Almeida et al. (1992), trabalhando com estresse
anoxítico do meio edáfico com as variedades de algodão CNPA Precoce1 e CNPA 311,
no qual as plantas submetidas ao encharcamento na fase de floração apresentaram
maiores alturas que os demais tratamentos. O aumento da altura provocado pelo estresse
por excesso de água pode ser prejudicial, considerando que a colheita do algodão é
realizada mecanicamente o que pode dificultar este processo.
Tabela 2. Valores médios de altura e diâmetro de colo das plantas de algodão cv
Delta Opal em função da água e do Stimulate®
Água
Altura (cm) Diâmetro (mm)
Stimulate® 25% 60% 100% 25% 60% 100%
Ausência 78,75 Ba 95,00Aa 101,83 Aa 7,15 Ba 8,54 Aab 8,67 Ab
Semente 73,66 Ba 93,79 Aa 89,54 Ab 7,77 Ba 8,00 Bb 9,58 Aa
Semente e 76,62 Ba 83,52 Bb 96,58 Aab 7,36 Ba 8,90 Aa 9,35 Aab
Botão
Médias seguidas de letras maiúsculas na linha e minúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

Em relação ao diâmetro de colo das plantas de algodão (Tabela 2), os maiores


valores foram observados nos tratamentos com excesso de água (100% VTP com água)
e com aplicação de Stimulate® só na semente e na semente e na fase de botão floral.
Esses resultados foram contrários aos observados por Beltrão (1997) em algodoeiro
CNPA acala 1, que não apresentou diferença de diâmetro, quando submetido somente a
excesso de água. O aumento do diâmetro pode ter sido influenciado pela aplicação do
bioestumante, que juntamente com o excesso de água influenciou na maior produção de
etileno e formação de lenticelas no colo das plantas o que está de acordo com Taiz e
Zeiger (2004).
Resultados semelhantes foram observados por Medri (1998) para mudas de
canafístula (Peltophorum dubium L.) sob excesso de água do meio edáfico e com
aplicação de etrel (hormônio a base de etileno), as quais apresentaram maiores
espessuras na base do caule em plantas que receberam maiores doses do hormônio. O
autor atribui esse resultado à formação de lenticelas hipertróficas e aerênquima no
interior do caule, que segundo Pimenta et al. (1996), têm a função de captar e
transportar o oxigênio no interior da planta respectivamente.
O aumento de diâmetro do colo observado, provavelmente foi uma reação das
plantas à baixa disponibilidade de oxigênio no solo, que através do aumento da
atividade da ACCsintase e ACCoxidase, fazendo com que ACC e posteriormente o
etileno sejam produzidos mais rapidamente. O etileno leva à morte e desintegração de
células no córtex da raiz, formando espaços, que facilitam o movimento de oxigênio,
também chamados de aerênquima, consequentemente aumentado o diâmetro do colo
das plantas (HE et al., 1996; TAIZ e ZEIGER, 2004). Assim, o aumento do diâmetro
observado no algodão pode ter sido influenciado também pelo Stimulate®, devido a
interação dos três tipos de hormônios presentes em sua composição (auxina, giberelina e
citocinina), que aplicado exogenamente pode influenciar na sua maior síntese
internamente e da maior produção do etileno tanto pela aplicação do hormônio quanto
pelo estresse causado pelo excesso de água.
Os menores valores de diâmetro do colo das plantas de algodão foram
observados no tratamento de deficiência de água, com 25% do VTP com água (Tabela
2), mostrando que em casos de falta de água o crescimento secundário do caule diminui,
reduzindo os diâmetros (Figuras 1: A, D, G), o que também foi observado por Silva et
al. (2002) trabalhando com mudas de Melaleuca alternifolia C., as quais, quando
submetidas à deficiência hídrica apresentaram menores diâmetros. Os maiores diâmetro
podem ser observados na Figura 1: C, F, H, I.
O Stimulate® não proporcionou incremento de crescimento das plantas quando
essas sofreram deficiência hídrica, em geral sua aplicação causou redução do
crescimento, o que não ocorreu para as características, altura e diâmetro quando se
aplicou o tratamento de excesso de água de 100% do VTP (Tabela 2).
A MFPA foi maior quando houve aplicação de água até 100% do VTP aos 15 e
30 dias após iniciar os tratamentos. Os menores valores de MFPA ocorreram quando
houve deficiência de água (Tabela 3), mostrando que, quando submetidas a essa
situação ocorrem modificações intensas nas plantas que se refletem no crescimento e no
desenvolvimento vegetal, o que está de acordo com Silva et al. (2002) que trabalhou
com Melaleuca alternifolia C. e constatou que a deficiência hídrica severa, diminui o
crescimento a produção de biomassa fresca e seca das plantas.
Figura 1: Aspecto geral do colo do algodoeiro, em função do estresse hídrico e aplicação de Stimulate®,
aos 45 dias após a aplicação dos tratamentos A. Planta com 25% VTP com água, sem Stimulate®; B.
Planta com 60% VTP com água, sem Stimulate®; C. Planta com 100% VTP com água, sem Stimulate®;
D. Planta com 25% do VTP com água, com Stimulate® na semente; E. Planta com 60% VTP com água,
com Stimulate® na semente; F. Planta com 100% VTP com água, com Stimulate® na semente; G. Planta
com 25% VTP com água, com Stimulate® na semente e no botão floral; H. Planta com 60% VTP com
água, com Stimulate® na semente e no botão floral; I. Planta com 100% VTP com água, com Stimulate®
na semente e no botão floral. UFGD, Dourados, 2006.

Os menores valores de MFR (Tabela 3) e o menor número de raízes (Figura 2:


A, D, G), também foram observados quando houve deficiência de água, já os maiores
valores de MFR (Tabela 3) e o maior número de raízes (Figuras 2: B, C, E, F, H, I)
foram observados com 60% e 100% do VTP com água aos 30 dias após o início dos
tratamentos (Tabela 3).
A diminuição dos MFPA e MSPA aos 45 dias após a aplicação dos tratamentos,
pode ser explicada baseada no fato da planta já estar completando seu ciclo e entrando
na fase maturidade plena, o que acarretou em uma perda de folhas.
Tabela 3. Valores médios de massa fresca de parte aérea (MFPA) e massa fresca de
raiz (MFR) de plantas de algodão cv Delta Opal em função da água e do
tempo de duração do estresse
MFPA (g planta) MFR (g planta)
Tempo 25% 60% 100% 25% 60% 100%
15 45,42 Ab 87,87 Aa 101,46 Aa 10,85 Ab 11,86 Cb 18,38 Ba
30 43,88 Ac 95,65 Ab 112,87 Aa 11,31 Ab 18,73 Ba 20,25 Ba
45 35,45 Ac 60,90 Bb 86,41 Ba 12,25 Ab 24,82 Aa 29,70 Aa
Médias seguidas de letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. DAT: Dias após iniciar os tratamentos.

Observou-se que, com a deficiência hídrica, estas características foram


significantemente menores (Tabelas 3 e 4), uma vez que a falta de água também induz a
abscisão foliar e diminuição da superfície foliar das plantas, concordando com
informações da literatura (Taiz e Zeiger, 2004; Kerbauy , 2004).
Tabela 4 Valores médios de massa seca de parte aérea (MSPA) e massa seca de raiz
(MSR) de algodoeiro cv Delta Opal em função da água e do tempo de duração
do estresse hídrico
MSPA (g planta-1) MSR (g planta-1)
DAT 25% 60% 100% 25% 60% 100%
15 17,50 Bb 25,32 Ba 28,95 Ba 2,04 Ba 2,23 Ca 2,83 Ba
30 23,44 Ab 40,76 Aa 43,25 Aa 2,00 Bb 3,28 Ba 3,44 Ba
45 13,08 Bc 21,72 Bb 30,60 Ba 3,24 Ac 4,87 Ab 5,68 Aa
Médias seguidas de letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. DAT: Dias após iniciar os tratamentos.

Os maiores valores de MSPA foram observados sob 60% e 100% do VTP com
água aos 30 dias após aplicação dos tratamentos (Tabela 4). O menor valor ocorreu com
déficit de água e aos 45 dias, isso ocorreu, provavelmente devido à falta de água ter
diminuido o acúmulo de fotoassimilados e que o período correspondente aos 45 dias
após iniciar os tratamentos, normalmente os fotoassimilados já estavam sendo
destinados para as estruturas reprodutivas.
O maior valor de MSR (Tabela 4) e o maior número de raízes (Figura 2: C, F, I)
foram observados com 100% do VTP preenchidos com água, aos 45 dias dos
tratamentos. Visualmente, a maior parte das raízes secundárias e terciárias se
concentrava na parte superior do vaso. Como estas raízes são responsáveis pela
absorção de água, minerais e do oxigênio molecular, essas raízes se concentraram em
uma região mais arejada do solo, a camada mais superficial. Resultados semelhantes
encontrado por Almeida (1992), que observou uma maior quantidade de raízes de
algodoeiro cultivar CNPA Precoce 1 na superfície do solo quando trabalhou com o
encharcamento de solo. Isso favoreceu a planta durante o período de estresse, além de
favorecer também um rápido desenvolvimento das plantas ao término do período de
encharcamento.

Figura 2: Modificações morfológicas da raiz em função das diferentes disponibilidades de água em


algodoeiro cv. Delta Opal, e aplicação ou não de Stimulate®. A. Planta com 25% VTP com água, sem
Stimulate®; B. Planta com 60% VTP com água, sem Stimulate®; C. Planta com 100% VTP com água,
sem Stimulate®; D. Planta com 25% do VTP com água, com Stimulate® na semente; E. Planta com 60%
VTP com água, com Stimulate® na semente; F. Planta com 100% VTP com água, com Stimulate® na
semente; G. Planta com 25% VTP com água, com Stimulate® na semente e no botão floral; H. Planta
com 60% VTP com água, com Stimulate® na semente e no botão floral; I. Planta com 100% VTP com
água, com Stimulate® na semente e no botão floral. UFGD, Dourados, 2006.
Severino et al. (2005) também obteve resultados similares, trabalhando com
plantas de mamoneira submetidas à encharcamento de solo, observou a morte da raiz
pivotante e um grande desenvolvimento lateral e superficial do sistema radicular desta
planta, devido ao maior arejamento da superfície
Observou-se que após 15 dias de iniciado a deficiência hídrica (25% VTP) o
sistema radicular já estava menos desenvolvido quando se compara com os outros
níveis de água. Embora a parte aérea apresente redução sob deficiência de água (25%
VTP), nota-se que a MSPA aumentou até os 30 dias após o incício dos tratamentos
diminuindo em seguida, enquanto que o sistema radicular continuou crescendo ao longo
das avaliações.
De maneira semelhante, em trabalho realizado por Anti et al., (2002) com
tomate, avaliando duas espécies selvagens sob deficiência hídrica, os autores
constataram que a espécie Lycopersicon pennellii, apresentou raízes muito finas e com
volume extremamente reduzido e menores valores de massa fresca e seca.
Na Tabela 5, observa-se que o número de folhas e a área foliar não foram
influenciados pela aplicação do Stimulate®. Por outro lado, em relação ao período de
estresse, o número de folhas e a área foliar foram menores aos 45 dias após a aplicação
dos tratamentos. O menor valor para número de folhas e para área foliar foi observado
no tratamento de deficiência hídrica, com 25% do VTP, resultados semelhantes foram
observados por Beltrão et al. (2003) em mamona, que apresentou uma significativa
redução da área foliar sob deficiência de água após seis dias de estresse hídrico. De
acordo com Taiz e Zeiger, (2004) uma vez que o crescimento foliar depende
principalmente da expansão celular, a inibição desta provoca uma lentidão da expansão
foliar no início do desenvolvimento da deficiência hídrica. Com área foliar menor a
planta transpira menos, conservando uma maior quantidade de água no solo por um
período mais longo.
A redução no número de folhas aos 45 dias em condição de estresse (Tabela 5),
pode ser justificada considerando que, provavelmente, uma das alterações fisiológicas
em relação ao estresse hídrico é a maior produção endógena de hormônios como o ácido
abscísico e o etileno, pois, de acordo com Larcher (2000), na presença desses compostos
há uma maior senescência e abscisão de folhas.
Conforme Santos e Carlesso (1998) e Taiz e Zeiger (2004), a resposta mais
proeminente da maioria das plantas à deficiência hídrica, consiste no decréscimo da
produção da área foliar, do fechamento dos estômatos, da aceleração da senescência e
da abscisão das folhas. Quando as plantas são expostas a situações de deficiência de
água, exibem freqüentemente, respostas fisiológicas que resultam, de modo indireto, na
conservação da água no solo, como se estivessem economizando para períodos
posteriores, diminuindo a superfície transpiratória no caso de perda de folhas, ou no
simples fato de parar o crescimento foliar, reduzindo a área foliar e mantendo o peso da
parte aérea.
Tabela 5. Número de folhas por planta e área foliar de algodoeiro em função de
dias que as plantas permaneceram em estresse, água e aplicação de
Stimulate
Número de
Folhas/Planta Área foliar cm
Dias de
Estresse 15 43,22 a 1346,54 a
30 43,08 a 1317,06 a
45 35,52 b 1055,62 b

Água 25% 34,83 b 620,88 c


60% 41,30 a 1379,65 b
100% 45,69 a 1718,70 a

Stimulate Ausência 39,91 a 1282,10 a


Semente 39,19 a 1203,91 a
Semente e
Botão 42,72 a 1233,22 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

De acordo com Marur (1999) um dos primeiros processos afetados pela


deficiência hídrica é a expansão foliar, que vai depender da turgescência das células o
que é regulado pelo ajuste osmótico. Segundo Kerbauy (2004) outra forma de ter a área
foliar diminuída é através da redução do número de folhas, pois o estresse hídrico
diminui o número e a taxa de crescimento dos ramos. Santos e Carlesso (1998) ainda
reforçam que a expansão celular é o processo fisiológico mais sensível ao déficit
hídrico.
O Stimulate® não alterou o número de estruturas reprodutivas. Observa-se na
tabela 6, que sob 25% do VTP (deficiência hídrica), ocorreu o menor número de maçãs,
as menores massas por maçã e os menores diâmetros. Esses resultados indicam que a
deficiência hídrica induzida na fase de botão floral prejudica significativamente a
produção de estruturas reprodutivas desta malvácea. Por isso, as plantas para
sobreviverem em ambientes estressantes, não produzem o máximo que podem, ao
contrário, elas têm que encontrar um equilíbrio entre rendimento e sobrevivência, o que
está de acordo com Arruda et al. (2002), que sugerem que plantas que não são
especializadas em desenvolverem-se em ambientes com deficiência hídrica, crescem
vagarosamente e normalmente apresentam um porte pequeno. Essa estratégia permite a
planta se desenvolver em ambientes limitantes com restrições, mas utilizando ao
máximo todos os recursos disponibilizados pelo ambiente.
Tabela 6. Massa, Diâmetro e Número de maçãs observados no final do período
experimental, aos 45 dias após o início dos tratamentos, em função dos
níveis de água estudados
Água Diâmetro (mm) Peso (g maçãs por planta) N° (maçãs por planta)
25% 4,01 b 1,60 b 0,66 b
60% 23,06 a 11,93 a 2,75 a
100% 27,03 a 13,99 a 3,33 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.

O ambiente em que a planta está exposta afeta profundamente tanto a abscisão


de folhas, quanto de estruturas reprodutivas (MCMICHAEL et al., 1973;
OOSTERHUIS, 1992). A deficiência hídrica tem sido considerada um dos principais
fatores ambientais que provocam a abscisão de estruturas reprodutivas em algodoeiro,
justamente por causar acentuado estresse nas plantas (DOORENBOS e KASSAM,
1994).
O fato de as condições de excesso de água tornar indisponível o oxigênio para as
plantas, faz com que, determinadas espécies, quando submetidas a esse tipo de estresse
possam produzir modificações morfo-anatômicas, as quais permitiriam a difusão de
oxigênio, mantendo a respiração aeróbica (MEDRI et al., 1998).
As plantas submetidas ao excesso de água (100% VTP com água), apresentaram
lenticelas na raiz principal desde a primeira avaliação, aos 15 dias após iniciar os
tratamentos (Figura 3: A), até a última avaliação, aos 45 dias após iniciar os tratamentos
(Figura 3: D). Essa estrutura visa uma maior eficiência na captação de oxigênio, e
possivelmente minimizar os danos causados pela ocorrência dos processos
fermentativos, decorrentes da falta de oxigênio.
Figura 3: Alterações morfo-anatômicas em raiz de algodoeiro submetidas a excesso de água.
Aparecimento de lenticelas responsáveis pela captação de oxigênio. A. Planta com 100% do VTP com
água com aplicação de Stimulate® na semente, aos 84 dias após semeadura; B. Planta com 25% do VTP
com água, com aplicação de Stimulate® na semente; C. Planta com 60% do VTP com água com
aplicação de Stimulate® na semente ; D. Planta com 100% do VTP preenchidos com água, com aplicação
de Stimulate® na semente, aos 114 dias após semeadura.

Visualmente não houve diferença em relação ao aparecimento de lenticelas no


sistema radicular do algodoeiro, quando foi aplicado ou não o Stimulate®. Todavia
quando as plantas foram submetidas ao excesso de água todas as plantas apresentaram
esta modificação morfo-anatômica para uma maior eficiência na captação de oxigênio.
Nos demais tratamentos não foram observados a formação destas estruturas (Figura 3: B
e C).
4 CONCLUSÕES

O Gossypium hirsutum cultivar Delta Opal, é uma planta que não tolera déficits
hídricos de 25% VTP iniciando na fase de botão floral, o que compromete o
desenvolvimento total da planta e a formação de estruturas reprodutivas, mas tolera o
excesso de água de até 100% do VTP, quando apresenta mudanças morfo-anatômicas
(Lenticelas hipertróficas).
O bioestimulante não proporcionou melhorias ao desenvolvimento das plantas
quando submetidas à deficiência de água.
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