Competência Do Tribunal

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

DIREITO PROCESSUAL PENAL | ANA MAFALDA MALÓ HIPÓLITO

COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL | ANA MAFALDA MALÓ HIPÓLITO

PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL


O Princípio do Juiz Natural surge, inicialmente, na Constituição alemã, tendo em vista impedir a interferência de terceiro no exercício da
jurisdição, através da escolha de um juiz para um processo concreto. Atualmente, encontra-se entre as garantias do processo criminal (artigo
32.º/9 da CRP) – é uma garantia que vale tanto para a fase de julgamento, como para as fases de instrução e quaisquer outras fases anteriores.
Manifestações:
• Proibição de tribunais extraordinários (ou seja, fora da ordem judicial) e de exceção (arts. 209.º/4, 211.º/1 e 3 e a exceção no 213.º
da CRP) que possam julgar certo tipo de crimes.
• Reserva de lei anterior na delimitação da competência (art. 32.º/9 da CRP);
• Proibição de desaforamento (art. 32.º/9 da CRP);
DIREITO PROCESSUAL PENAL | ANA MAFALDA MALÓ HIPÓLITO

REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA INTERNACIONAL E INTERNA


CRP, CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, LEI DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA JUDICIÁRIO E REGIME APLICÁVEL À ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS

• Não resulta do CPP.


• A jurisdição portuguesa é competente quando a lei portuguesa for aplicável.
COMPETÊNCIA Determinar os tribunais
o Artigos 4.º e ss do CP
INTERNACIONAL internacionalmente competentes
o Princípio do pavilhão – 20.º CPP
o Crimes cometidos no estrangeiro – 22.º

• Várias ordens de tribunais: as duas principais são a ordem dos tribunais judiciais e a ordem dos tribunais administrativos e fiscais
COMPETÊNCIA EM Determinar a ordem judicial
(art. 209º CRP; art. 29º/1 LOSJ);
RAZÃO DA competente, dentro da
• Competência dos tribunais judiciais: art. 211º/1 CRP; art. 40º/1 da LOSJ;
MATÉRIA I organização judiciária
• Competência dos tribunais administrativos e fiscais: art. 212º/3 CRP;

• Categorias de tribunais: pertencentes à ordem dos tribunais judiciais (STJ, tribunais de 2ª instância/relação, tribunais de
COMPETÊNCIA EM Determinar o tribunal comarca) ® a competência encontra-se distribuída nos termos dos artigos 42º, 79º e ss. da LOSJ;
RAZÃO DA hierarquicamente, dentro da • Regra geral (art. 80º/1 da LOSJ): as ações são propostas nos tribunais de 1ª instância;
HIERARQUIA ordem judiciária em causa • Exceções à regra geral: (i) competência do STJ, nos termos dos artigos 11.º do CPP e 52.º a 55.º da LOSJ; (ii) competência dos
TR, nos termos do artigo 12.º do CPP e dos artigos 72.º e 73.º da LOSJ;

• Inquérito e Instrução: juízos de competência especializada criminal (artigos 17.º e 18.º do CPP);
o Juízos de instrução criminal: Instrução Criminal (81.º/3/f) LOSJ]: atos de inquérito dos arts. 268.º e 269.º do CPP e
respetiva fase de instrução;
o Juízo Central de Instrução Criminal: previstos nos arts. 83º e, em especial, 116.º e 120.º da LOSJ; artigos 47.º/1 da Lei
60/98 (Estatuto do MP);
o Em função de certas qualidades do indivíduo - especialidade: (i) competência do STJ, nos termos dos artigos 11.º do
COMPETÊNCIA
CPP e 52.º a 55.º da LOSJ; (ii) competência dos TR, nos termos do artigo 12.º do CPP e dos artigos 72.º e 73.º da LOSJ;
FUNCIONAL – EM Determinar o tribunal para cada
• Julgamento: regra geral, são competentes os tribunais judiciais de 1ª instância (tribunal da comarca - artigo 72.º da LOFTJ);
RAZÃO DA FASE fase processual
o Em função de certas qualidades do indivíduo - especialidade: (i) competência do STJ, nos termos dos artigos 11.º do
PROCESSUAL
CPP e 52.º a 55.º da LOSJ; (ii) competência dos TR, nos termos do artigo 12.º do CPP e dos artigos 72.º e 73.º da LOSJ;
• Recursos:
o Competência do STJ: artigo 11.º/3/b); 11.º/4/b) do CPP; artigos 52.º a 55.º da LOSJ;
o Competência do TR: artigo 12.º/3/b) do CPP; artigos 72.º e 73.º da LOSJ
• Execução das Penas: é competente o tribunal de execução de penas - artigo 18.º do CPP e artigo 74.º/2/g) e artigo 126.º da
LOFTJ;
DIREITO PROCESSUAL PENAL | ANA MAFALDA MALÓ HIPÓLITO

• A competência em razão do território, regida pelo art. 43º, depende do tribunal hierarquicamente competente;
o Tribunais de comarca (regra geral): art. 43º/3 e 4 e anexo III da LOSJ, conforme se trate de tribunal de competência
COMPETÊNCIA EM alargada ou tribunal da comarca;
Determinar o tribunal que,
RAZÃO DO o STJ: tem competência para todo o território nacional (artigo 45.º e 43.º/1 da LOSJ);
territorialmente, é competente
TERRITÓRIO o Tribunais da Relação: artigo 43.º/2 e anexo I da LOSJ;
• Critérios especiais do CPP: artigos 20.º a 23.º do CPP;
o Subsidiariamente: critérios gerais do artigo 19.º do CPP.

• Existem tribunais de competência alargada: previstos nos arts. 83º e, em especial, 116.º e 120.º da LOSJ ® analisar se a matéria
em causa é coberta pelo Tribunal Central de Instrução Criminal
• Não o sendo, cabe ao tribunal da comarca - arts 40º e 81º da LOSJ – que se desdobra em (artigo 81.º/1 e 2 da LOSJ):
o Juízos de competência especializada – que podem ser:
§ Central criminal: artigo 81.º/3/c) da LOSJ;
§ Local criminal: artigo 81.º/3/d) e 130.º/1 e 2 da LOSJ;
§ Local de Pequena Criminalidade: artigo 81.º/3 e 130.º/4 da LOSJ (processos especiais);
COMPETÊNCIA EM Determinar se a competência
§ Instrução Criminal (81.º/3/f) LOSJ]: atos de inquérito dos arts. 268.º e 269.º do CPP e respetiva fase de
RAZÃO DA pertence aos tribunais de
instrução;
MATÉRIA II competência alargada
o Juízos de competência genérica;
o Juízos de proximidade (130.º/5 e 6 e 82.º/3 e 4 - LOSJ);
o Juízos de competência especializada mista (81.º/4 LOSJ);
• Composição do Tribunal: art. 85.º/ 1 LOSJ
o Tribunal singular1 (art. 16.º do CPP + art. 132.º LOSJ);
o Tribunal coletivo (art. 14.º do CPP + arts. 133.º a 135.º LOSJ);
o Tribunal de júri (art. 13.º do CPP + art. 136.º e 137.º LOSJ + Regime do Júri (DL n.º 387-A/87, de 29/12);

1 Nas situações em que o MP haja realizado uma aplicação ilegal do disposto no artigo 16.º/3, o Tribunal singular deve declarar-se incompetente. Se, no entanto, a utilização for apenas incorreta

e não ilegal, o tribunal não pode declarar-se incompetente, porque se trata de questão de mérito. Como resolver? Não vale o regime das nulidades, porquanto este caso não se encontra
previsto na lei. De acordo com Paulo Pinto de Albuquerque, é admissível recurso hierárquico, porque seria inconstitucional ter uma decisão com reflexo na medida da pena e que não fosse
sindicável. A restante doutrina discorda deste entendimento.
DIREITO PROCESSUAL PENAL | ANA MAFALDA MALÓ HIPÓLITO

• Vantagens da conexão: (i) economia na produção de prova; (ii) prevenção da contradição de julgados; (iii) facilitação da
atribuição de uma pena única ao mesmo agente nas situações de concurso de crimes (sem prejuízo de a pena única ter de ser
aplicada também na falta de processamento conjunto, neste caso sendo aplicada pelo tribunal da última condenação, arts. 77.º
e 78.º do CP),
• Requisitos: (i) Pluralidade de processos; (ii) Pluralidade de tribunais competentes; (iii) Verificação de uma situação típica de
conexão: artigos 24.º e 25.º do CPP, atendendo-se aos limites (artigo 26.º do CPP);
o Tramitação Concomitante: artigo 24.º/2 do CP;
o Se não houver pluralidade de tribunais competentes e se verificarem os demais requisitos, haverá apensação (artigo
29.º), sem necessidade de se determinar a competência por conexão (possível discussão).
• Em caso de conexão: artigos 27.º (conexão heterogénea) e/ou 28.º (conexão homogénea) do CPP. Serão cumulativos ou
disjuntivos?
o Conexão heterogénea: discute-se se deve entender-se o tribunal de júri como sendo de espécie mais elevada do que
COMPETÊNCIA POR
Conexão de Processos o tribunal coletivo, ou seja, estando em curso processos no tribunal coletivo e no tribunal de júri que preencham os
CONEXÃO
pressupostos da conexão, pergunta-se se será competente o tribunal de júri – Paulo Pinto de Albuquerque e
Figueiredo Dias entendem que sim; Germano Marques entende que não;
o Situações em que haja, simultaneamente, conexão heterogénea e homogénea:
§ Visão derrogatória da competência: se for aplicável o artigo 27.º, este funciona como “regra de conflitos” e
determina o tribunal competente material, funcional e territorialmente.
§ Critério autónomo de competência: caso em que o 27.º e o 28.º são de aplicação cumulativa. O 27.º
determina o tribunal material e funcionalmente competente e depois o 28.º delimita o territorialmente
competente.
• Consequências:
o Apensação nos termos do artigo 29.º da CPP;
o Prorrogação da competência, ainda que cesse a conexão: artigo 31.º/b) do CPP;
o Termo da conexão: separação dos processos (artigo 30.º) e prorrogação (artigo 31.º do CPP).
DIREITO PROCESSUAL PENAL | ANA MAFALDA MALÓ HIPÓLITO

DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Em regra, a violação de regras de competência implica a nulidade insanável do art. 119.º/e) + 32.º/1 do CPC.
Regime especial para a incompetência territorial – 32.º/2 (nulidade sanável) – que só pode ser declarada:
• Até ao início do debate instrutório, tratando-se de juiz de instrução; ou
• Até ao início da audiência de julgamento, tratando- se de tribunal de julgamento.
Consequências:
• O tribunal que se declarar incompetente remete o processo para o tribunal competente;
• O tribunal competente, se reconhecer a sua competência, toma posição sobre os actos praticados pelo seu antecessor.
• Ordena a repetição dos atos necessários.
• As medidas de coacção ou de garantia patrimonial ordenadas pelo tribunal declarado incompetente conservam eficácia mesmo após a
declaração de incompetência, mas devem, no mais breve prazo, ser convalidadas ou infirmadas pelo tribunal competente.
• Se para conhecer de um crime não forem competentes os tribunais portugueses, o processo é arquivado

CONFLITOS DE COMPETÊNCIA
• Conflito positivo de competência – 34.º/1 do CPP
• Conflito negativo de competência – 34.º/2
• O conflito negativo poderá́ ser resolvido por um dos tribunais que se assuma como competente.
• O conflito positivo só cessa quando apenas um dos tribunais se assumir como competente.
o Normas sobre competência para resolução de conflitos – 11.º/1/a, 11.º/6/a, 12.º/2/a, 12.º/5/a.

Você também pode gostar