Texto Base Atividade 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

COMPARAÇÃO DOS CUSTOS DE FROTA PRÓPRIA COM OS CUSTOS DA

TERCEIRIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO SOBRE A TRANSPORTADORA “T”.

DANILO LEPAUS PORTO, Graduando em Ciências Contábeis, Faculdade PIO XII,


[email protected]
GISLANY CRISTINA WESTPHAL DEORCE ROCCON, Graduando em Ciências
Contábeis, Faculdade PIO XII, [email protected]
GUSTAVO COUTINHO DEORCE, Graduando em Ciências Contábeis, Faculdade
PIO XII, [email protected]
JUMARA APARECIDA FERREIRA MARTINS
Mestranda em Ciências Contábeis FUCAPE BUSINESS SCHOOL, Faculdade PIO
XII, [email protected]

RESUMO
Este estudo analisa a terceirização do ramo de transporte rodoviário de cargas, a viabilidade na
contratação de empresas prestadoras de serviços voltadas ao transporte, identificando não somente
as causas que levam à contratação, mas também, a comparação dos custos com sua frota própria e
ao contratar um terceiro. O processo de desenvolvimento do trabalho tem como objetivo principal
analisar por meio de revisão bibliográfica as vantagens e desvantagens da terceirização no setor de
transporte rodoviário de cargas, citando alguns conceitos e interpretações desenvolvidos em artigos,
revistas, livros e sites específicos, e também por meio de um estudo de caso aplicado em uma
empresa de transporte de cargas situado na Grande Vitória-ES. O quesito que direciona esse
trabalho é quais as principais vantagens e desvantagens em terceirizar o transporte de cargas? A
adoção da terceirização visa tornar a empresa de transporte mais competitiva e eficaz, com ela
poderá centralizar seus recursos em sua atividade principal, melhorar o atendimento ao cliente e
reduzir alguns custos. Logo, conclui-se que a terceirização é viável para a empresa de transporte de
cargas em pesquisa.
Palavras chaves: Terceirização; Custos; Transporte de cargas; Tomada de decisão.

Área do Conhecimento: Ciências Exatas e da Terra.

terceirização de serviços, enfatizando as


1 INTRODUÇÃO vantagens e desvantagens obtidas ao
contratá-la.
A terceirização no transporte rodoviário de Devido a muitos problemas com a tratativa de
cargas tem sido adotada por um número cada frota própria, tanto em impostos como a
vez maior de organizações, tendo em vista a responsabilidade na entrega do produto no
evolução das formas de negociação e o cliente, em algumas empresas foi tomada a
aumento do tamanho do mercado. decisão em utilizar os serviços de terceirização
As empresas de transporte de cargas buscam no transporte.
a minimização do seu lead-time1 na entrega, Com isso, o estudo foi realizado em uma
dos custos e gastos elevados com sua frota empresa do ramo de transportes de cargas
velha2, o que os leva a pensar em substituí-la para responder a seguinte questão: Quais as
por uma frota mais moderna ou terceirizar o principais vantagens e desvantagens em
serviço para determinadas rotas. A partir deste terceirizar o transporte de cargas?
contexto, tem-se o intuito de mostrar para as Para alcançar os resultados esperados com a
empresas o quão importante tem sido no terceirização é necessário que as empresas
mercado atual utilizar as ferramentas de contratantes estejam preparadas para
implantação de projetos de terceirização, que
deverão ser planejados após uma análise
1
LEAD-TIME: é o tempo de processamento de prévia de sua viabilidade e aplicabilidade.
um pedido, desde o momento que é colocado A importância deste estudo está baseada na
na empresa até o momento em que o produto necessidade que as transportadoras têm de
é entregue ao cliente. desempenhar da melhor maneira possível o
2
FROTA VELHA: Considerado frota velha transporte de cargas em todo o Brasil. Para
cavalo mecânico com mais de 10 anos de uso. isso uma de suas obrigações é minimizar o
tempo de entrega e os custos. depende das estratégias utilizadas e uma boa
A escolha do tema proposto e os objetivos administração.
aqui descritos têm como intenção contribuir Não será citada a razão social da empresa em
com o setor de transporte de cargas, visto que pesquisa, apenas será descrito a inicial de seu
há uma carência bibliográfica sobre o assunto. nome, por exemplo, “T”. A proposta é gerar um
De acordo com Cony e Basso (2003) a maior entendimento sobre a terceirização, já
terceirização é um processo estratégico das que há algum tempo vem ganhando seu
empresas que ao adota-lo, diminuem seu espaço no mercado atual.
tamanho, organizam-se e aumentam sua
eficiência. 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
Neste trabalho tem-se a oportunidade de
relacionar à teoria com a prática, aplicando o 2.1 TERCEIRIZAÇÃO: ORIGEM E
conhecimento contábil de custos na tomada de CONCEITOS
decisão em terceirizar o transporte de cargas,
visto que muitas transportadoras vêm notando Há um grande crescimento na área de
que para se diferenciarem neste mercado terceirização de frotas de veículos no Brasil,
extremamente competitivo, precisam investir que se originou nos Estados Unidos logo após
na melhoria dos serviços prestados em um a eclosão da II Guerra Mundial, onde as
menor custo com grandes satisfações dos indústrias bélicas tinham que concentrar no
seus clientes. seu desenvolvimento da produção de
Nos cenários empresariais há uma armamentos e passaram a delegar algumas
competitividade enorme, forçando as atividades a outras empresas, a partir daí,
empresas de transportes de cargas buscarem passou-se a transferir a terceiros a execução
diferentes estratégias para auxiliar seus de atividades secundárias, o que aos poucos
clientes e se enquadrar neste novo modelo de veio conquistando diversos países.
gestão, ou seja, a terceirização. A Segundo a BRASERV3 (2014):
terceirização deve ser parte de uma estratégia Nos anos 50, no pós-guerra, várias locadoras
da organização, e não como solução isolada norte-americanas passaram a expandir suas
para os problemas e limitações da atividades para a Europa, um novo e
organização. A partir dessa realidade as promissor mercado, que se recuperava da
empresas buscam reduzir seus gastos Segunda Guerra Mundial e recebia grandes
terceirizando a frota para gerar satisfação ao investimentos públicos e privados dos Estados
cliente e lucro à empresa. Logo passa a se Unidos. Nas duas décadas seguintes essas
utilizar muito da contabilidade de custos. locadoras europeias cresceram e acabaram se
O objetivo principal deste estudo é analisar e tornando empresas continentais.
demonstrar as vantagens e desvantagens que No Brasil, a noção de terceirização foi trazida
a terceirização traz para as empresas de por multinacionais por volta de 1950, pelo
transporte de cargas, enfatizando os efeitos na interesse que tinham em se preocupar apenas
gestão de terceirizar um serviço. com a essência do seu negócio.
Para atingir o objetivo principal, serão A terceirização é um processo que
trabalhados os seguintes objetivos gradativamente foi se incorporando ao dia-a-
intermediários: dia das empresas. A seguir, serão
 Levantar e comparar os custos ao apresentados alguns conceitos que tratam
optar por frota própria com os custos desse tema.
de sua terceirização; Russo (2007, p.11) afirma que a terceirização
 Averiguar os problemas enfrentados é o ato pelo qual a organização contratante,
ao contratar uma empresa mediante contrato, entrega a outra
terceirizada; organização certa tarefa ou serviços não
 Obter a opinião dos gestores das incluídos nos fins sociais da organização
empresas de transporte frente à contratante, para que esta a realize
realidade da terceirização, procurando habitualmente.
identificar por meio de questionários e De acordo com Cony e Basso (2003), a
entrevistas a visão dos gestores. terceirização é um processo através do qual
Esta pesquisa tem o propósito de levantar as se organiza o sistema produtivo da empresa,
vantagens e as desvantagens na terceirização diminuindo-se o seu tamanho e aumentando-
de serviços baseados na empresa do se a eficiência dos processos.
seguimento de transportes. Portanto, o
resultado a ser alcançado, não poderá ser
estendido às demais empresas, uma vez que 3
para se obter qualidade no serviço e lucro, BRASERV: Empresa que aluga automóveis e
terceirização de frota.
Para Queiroz (1998, p.28) a terceirização é bom dinheiro tanto na compra como na
uma técnica administrativa de transferência de manutenção dos veículos.
atividades acessórias à terceiros, permitindo a Um caminhoneiro autônomo de acordo com
essas empresas se concentrarem no seu Ferreira (2007) é dono de seu próprio
próprio negócio, ou seja, no objetivo final. caminhão e de seu negocio. Ele é responsável
pelo gerenciamento de suas receitas e de
2.2 TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE suas despesas. Não tem vínculo empregatício
CARGAS NO BRASIL com nenhuma empresa e assim estipula seu
próprio horário e condições de trabalho, seus
A importância da atividade de transporte é ganhos provem dos fretes contratados, por
indiscutível para qualquer economia, uma vez isso é importante ter planejamento e muita
que a maioria das atividades econômicas disciplina. Geralmente esse tipo de
depende do deslocamento de bens e de caminhoneiro fica parado em postos de
pessoas. Contudo: gasolina esperando até que apareça um frete
“O transportador é um dos grandes que compense a viagem.
responsáveis pelo desenvolvimento de várias Já um caminhoneiro agregado, assim como
regiões, pois sem ele as empresas não um autônomo, também é o dono de seu
poderiam ter em sua produção as matérias- próprio caminhão, mas com a diferença de
primas necessárias, em prazos mais curtos e fidelizar os seus serviços a uma empresa de
de acordo com suas necessidades de transporte, afirma Ferreira (2007).
produção, ou mesmo, distribuir seus produtos Desempenha a prestação de serviço como se
para todo o mercado com potencial de fosse um funcionário da empresa, mas sem
consumo.” (ALMEIDA e GARCIA, 2010). vínculo empregatício.
De acordo com dados da ANTT4 (2011), a
atividade de transporte brasileira vem 2.3 CUSTOS DE FROTA PRÓPRIA
aumentando sua participação no Produto Os custos incorridos na atividade de transporte
Interno Bruto (PIB). Entre os anos de 1985 e de cargas são classificados quanto ao serviço
1999 sua representatividade passou de 3,7% de transporte e ao volume produzido.
para 4,3% no PIB brasileiro. Entre os anos de De acordo com Souza (2011, p. 22) Quanto ao
1970 e 2000, o setor de transportes cresceu serviço de transporte obtêm-se os custos
cerca de 400%, enquanto o crescimento do diretos que são os gastos dos veículos e mão
PIB foi de 250%. Este crescimento foi de obra direta e os indiretos (despesas) são
fortemente influenciado pela desconcentração todos gastos da empresa que não estão
geográfica da economia brasileira nas últimas ligados diretamente ao veículo, sendo eles:
décadas, na direção das regiões Centro- energia elétrica, telefone, seguros, mão de
Oeste, Norte e Nordeste. obra indireta, aluguel, dentre outros.
Segundo a ANTT (2015), 84,22% dos Souza (2011, p. 22) ainda afirma que quanto
transportadores e frota de veículos registrados ao volume produzido os custos estão divididos
são autônomos, 15,74% são empresas, em variáveis e fixos. Em que no transporte os
ficando 0,04% com as cooperativas. Dados custos variáveis são os gastos que só existem
demonstram o quão importante o quando o veículo esta funcionando, já os fixos,
transportador autônomo na economia do País. são os gastos que não variam com a
Porém, são as empresas de transporte que quilometragem rodada do veículo.
possuem maior quantidade de veículos, Para se obter o custo de uma rota , deve-se
aproximadamente 54% do total. multiplicar o custo variável pela distância
Mais da metade do transporte rodoviário do percorrida, e o custo fixo, pelo tempo de
Brasil é feito por profissionais autônomos e por operação, sendo ele parado ou em
pequenas empresas. Para reverter essa movimento.
situação as grandes transportadoras estão Alguns fatores que influenciam nos custos
aumentando cada vez mais suas frotas de rodoviários são:
caminhões agregados. A grande vantagem de
agregar caminhões é o fato de não precisar
comprar caminhões e assim economizar um

4
ANTT: Agência Nacional de Transportes
Terrestres, que tem a finalidade de aprovar as
Instruções Complementares ao Regulamento
do Transporte Terrestre de Produtos
Perigosos.
 IPVA5: seguro obrigatório e taxa de
licenciamento: são taxas estaduais
anuais. O IPVA é 1% do valor de
mercado do bem e o licenciamento
sendo um valor fixo.
 Salário dos motoristas: considerar o
piso salarial de acordo com o sindicato
de transportes, diárias, encargos,
benefícios e horas-extras.
 Despesas administrativas: é composto
pelos salários e encargos
administrativos, aluguéis, impostos,
Figura 01: Fatores que influenciam nos custos materiais e outras despesas.
Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do  Seguro: é o seguro contra colisão,
Sul. incêndio e roubo do veículo e carga.

2.3.1 Custos Variáveis 2.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA


De acordo com Bertó e Beulke (2011, p. 23) os FROTA PRÓPRIA
custos variáveis são aqueles que se modificam
em relação direta com o volume vendido. Apesar do transporte rodoviário de cargas ser
Abaixo serão elencados alguns custos uma das atividades de maior índice de
variáveis do seguimento de transporte de terceirização, algumas empresas ainda
acordo com Ferri apud Lima (2005). Todos mantém frota própria pelo fato de não está
estes custos apresentam a unidade R$/km. preparada em compartilhar informações e por
 Combustível: o custo com combustível insegurança na qualidade do serviço.
depende do preço do combustível e do (RIBEIRO et al. 2011).
rendimento do veículo. Há empresas que prefere adquirir mais
 Pneus e recapagem: o custo com caminhões, contratar mais motoristas, para
pneus depende da aquisição de novos realizar as entregas, sendo fiel ao modelo
pneus, da recapagem de antigos e da próprio na tentativa de manter seu nível de
vida útil dos pneus. serviço e garantindo a pontualidade na
 Óleo: este custo depende do preço do entrega.
óleo, da capacidade do tanque e do Em geral, empresas que optam por frota
intervalo de trocas. própria esperam as seguintes vantagens de
 Lavagem e Lubrificação: a lavagem e acordo com Ferri (2005, p.26):
lubrificação dependem do preço  Confiabilidade do serviço;
destas e do intervalo em que são  Tempos menores de ciclo dos
realizadas. pedidos;
 Capacidade de reação a emergências
2.3.2 Custos Fixos e
Os custos fixos, segundo Bertó e Beulke  Melhoria do contato com o cliente.
(2011, p. 23) mantém inalterados em razão do Ferri (2005, p.26) ainda afirma que, as
crescimento ou retração do volume de desvantagens em se ter frota própria são:
atividade.  Aumento nos custos administrativos e
Abaixo serão elencados alguns custos operacionais;
considerados fixos no setor de transporte.  Quando há uma baixa demanda de
Todos esses custos apresentam a unidade cargas, o caminhão fica parado
R$/mês. gerando custos com a depreciação;
 Remuneração do capital: é um custo  Aumento nos investimentos com a
de oportunidade da empresa, ou seja, frota;
é o dinheiro que a empresa está  Custos com emplacamentos,
deixando de ganhar com outro licenciamentos e seguros.
investimento no mercado financeiro
mediante a imobilização de capital na 2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA
compra de um ativo. FROTA TERCEIRIZADA
 Depreciação: corresponde à redução
de valor do veículo anualmente, com a
utilização.
5
IPVA: Imposto sobre a propriedade de
veículos automotores.
De acordo com Queiroz (1998), a terceirização
vem sendo aplicada no Brasil como uma Para atingir os objetivos propostos, o presente
alternativa eficaz para que as empresas estudo utilizou a metodologia de acordo com a
possam melhorar as suas operações, taxionomia de Vergara (2005):
tornando-as mais eficientes em seus Quanto aos fins: Aplicou-se a pesquisa
resultados. exploratória, que tem por objetivo principal
É fundamental saber quais os principais descobrir as vantagens e desvantagens
motivos que levam as empresas de transporte enfrentadas no ramo de transporte ao utilizar
de cargas, tomarem a decisão de terceirizar o os mecanismos de terceirização do serviço.
serviço. Abaixo são citadas algumas Quanto aos meios: Aplicou-se a pesquisa
vantagens e desvantagens da terceirização, bibliográfica, que foi desenvolvido com base
como também os critérios na seleção do em livros, revistas e artigos específicos em
terceiro. sites especializados sobre o assunto, para
Ferri (2005, p. 27) afirma que deve ser embasamento teórico/bibliográfico da
estabelecidos critérios na seleção do pesquisa; de caso, que foi realizada na
transporte terceirizado, como por exemplo: empresa de transporte “T”, por meio de
 Confiabilidade: a capacidade e entrevistas, que buscou a opinião dos gestores
comprometimento do contratado de sobre as prestações de serviços de frota; e
cumprir com suas obrigações, documental, que teve acesso a documentos
efetuando as entregas com qualidade privados e comunicação com os gestores da
e eficiência. empresa entrevistada.
 Preço: verificar o preço oferecido no O universo da pesquisa foi representada pelos
mercado e os critérios utilizados pelos Gestores da empresa de transporte de cargas
terceiros, podendo assim fazer uma denominada empresa “T” situada na Grande
análise antes de contratar. Vitória.
 Flexibilidade: se há disponibilidade em O universo da pesquisa totaliza 08 (oito)
horários alternados, disponibilidade de pessoas, sendo eles representados por 02
veículos, possível alteração de (dois) Diretores, 06 (seis) Gerentes, ambos
contrato, preço. ligados ao setor administrativo e operacional.
 Qualidade do serviço prestado: é de A Amostra foi obtida por métodos não
grande importância conhecer a probabilísticos realizados sobre o Universo da
capacitação técnica e o perfil do Pesquisa e especificada pela amostragem
pessoal contratado para saber de intencional ou acessibilidade, pois foram
atenderá as expectativas. escolhidos determinados colaboradores da
Há alguns motivos básicos para que as empresa entrevistada intencionalmente,
empresas optem em terceirizar, sendo eles: compondo assim nossa amostra.
diminuição dos custos; elevação do nível de Os gestores da empresa relacionados com a
eficiência na atividade oferecida; concentrar a contratação e utilização dos serviços
atenção no seu próprio negócio; o aumento da prestados foram submetidos a uma entrevista,
produtividade; e o retorno vazio, em que foram extraídas informações
principalmente de rotas longas. necessárias para responder aos quesitos
Contudo, as principais desvantagens propostos na pesquisa.
encontradas foram: A coleta de dados foi na empresa “T” através
 Perda do controle operacional; de entrevistas, com a finalidade de identificar
 Custo real da operação terceirizada; as vantagens e desvantagens na utilização da
 Relacionamento diferenciado com terceirização e a comparação dos custos
fornecedores; incorridos com a frota própria e a frota
terceirizada.
 Incerteza sobre o nível de serviço;
Uma das informações que são necessárias, de
 Veículo geralmente mais antigo e mal
acordo a empresa “T”, para saber se é
conservado.
vantajoso ou não, é importante que se avalie:
Na utilização de um serviço terceirizado em
 O valor do frete;
uma organização que possui frota própria, a
mão de obra é reduzida, mas não eliminada.  O custo da rota;
Por isso, deve-se ter um controle e  Cotação do frete terceiro;
fiscalização do serviço do terceiro, para que  Disponibilidade de veículo, dentre
todos seus produtos cheguem ao destino que outros.
foi determinado. A complexidade dos dados coletados através
da pesquisa documental e questionários
exigiram a codificação dos mesmos. Os dados
3 METODOLOGIA foram tratados e evidenciados através de
tabelas e gráficos, facilitando a compreensão janeiro/2014 a março/2015 com a contratação
dos resultados da pesquisa. de terceiros.
O levantamento bibliográfico em livros, acesso Com os dados da pesquisa observou-se que
a portais e artigos científicos sobre o tema, no primeiro trimestre de 2014 e 2015 teve um
que serviram de base para o referencial aumento significativo na contratação de
teórico que contextualiza esta pesquisa. terceiros. De acordo com informações
As respostas dos quesitos feitos aos Gestores passadas pela empresa, foi devido a
pode-se evidenciar a opinião dos mesmos quantidade de motoristas ativos na empresa
quanto às vantagens em terceirizar ou utilizar que não atendiam a demanda de cargas e por
a frota própria. parte dessas cargas serem de clientes
Por ser tratar de estudo de caso focado em esporádicos, podendo assim focar em seus
uma empresa do ramo de transporte de clientes principais.
cargas, destaca-se que os dados coletados Para esse estudo de caso, foi feito o
estão limitados às informações oferecidas levantamento dos dados documentais da
pelos colaboradores da instituição que empresa “T” para verificação das suas
responderam o questionário. principais rotas, com respectivas distâncias
Cabe destacar, a impossibilidade de entre os pontos de origem e destino. As
generalização dos resultados obtidos, uma vez informações foram localizadas a partir de
que o estudo foi feito em uma única empresa dados históricos no sistema informatizado da
do ramo de transporte, possuindo empresa e demais relatórios fornecidos pelos
características próprias em relação a outras gerentes entrevistados, compreendendo o
empresas do mesmo ramo. período de janeiro a dezembro de 2014.
Considera-se também como limitação, que os O modelo de custeio terá como base o
Colaboradores que responderam o sugerido pelo DECOPE6, com algumas
questionário podem nem sempre fornecer adaptações para este estudo de caso, uma
respostas verdadeiras. vez que a empresa considera o rastreamento
A percepção do problema de pesquisa foi no cálculo do seu custo fixo.
captada na visão dos gestores da empresa. Para o cálculo da depreciação, considerou-se
Este fato traz em si uma limitação, pois, se o somente o valor dos semirreboques adquiridos
questionário fosse aplicado também às em janeiro de 2013 por decisão dos gestores,
empresas/motoristas prestadoras de serviço devido ao fato dos cavalos mecânicos da
os resultados poderiam ser diferentes. empresa estar totalmente depreciados a época
de coleta de dados com base na vida útil do
4 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS bem estimada em 10 anos. Para remuneração
RESULTADOS do capital, foram considerados juros de 6%
(seis por cento) ao ano, baseado na variação
A empresa pesquisada é uma transportadora da Taxa Selic, e um período de utilização do
que atua no ramo de cargas especiais, equipamento de 24 meses.
indivisíveis e cargas leves. A mesma está Os demais valores foram extraídos de
neste mercado a mais de 20 anos. Sua frota é relatórios da empresa. O custo com
composta por aproximadamente 260 cavalos licenciamento, IPVA, e seguro foi considerado
mecânicos, 200 pranchas, 200 cargas secas, 5 os mesmos, devido as marcas e modelos dos
guindastes e 5 plataformas elevatórias. Além veículos da empresa serem os mesmos. Além
de sua frota própria, ela conta com as frotas disso, os custos com salário e encargos dos
agregadas que gira em torno de 10 cavalos motoristas também não alteram, uma vez que
mecânicos e a frota terceirizada que varia todos são remunerados com base no cargo de
muito com a demanda das operações e com motorista carreteiro.
sua urgência, com um volume aproximado de Para mensuração dos custos variáveis, foram
30 terceiros contratos. O setor operacional e o extraídos dados dos relatórios do sistema de
setor de amarração que tem como função controle de frota da empresa e notas fiscais de
auxiliar, orientar e treinar motoristas e compra de peças e serviços. A manutenção foi
ajudantes em suas operações. calculada com base na média mensal de
Fazem parte do quadro de pessoal um gastos divididos pela quilometragem rodada
engenheiro mecânico e um técnico de no mesmo período. Para os itens de pneus,
segurança do trabalho, focados em re- lubrificantes e lavagens, efetuou-se uma
certificação dos equipamentos utilizados para
amarração.
6
A empresa de transporte rodoviário de cargas DECOPE: Departamento de Custos
“T” apresentou oscilações nos trimestres de Operacionais, Estudos Técnicos e econômicos
da NTC (associação nacional do transporte de
cargas e logística).
média dos valores pagos por meio das notas empresa possui essa reserva de capital de
fiscais de compra, divididos pelo respectivo giro. No setor de transporte é de extrema
intervalo de troca ou vida útil, no caso dos importância o gerenciamento e controle
pneus. permanente, com a função de manter os
Logo foi verificado que somente o valor de recursos necessários para o pagamento das
combustível sofre variação nas rotas, pois os contas do dia a dia da empresa.
preços por litro de combustível variam de um Ao fechar um contrato com um cliente
Estado para outro, bem como a média de independente, se ele será terceirizado ou não,
quilômetros por litro. Por fim, tem-se um valor a sua empresa possui a pratica de fazer o
de diária do veículo, isto é, parado ou rodando trajeto para verificar as condições das
o veículo custa para a empresa R$ 199,18 possíveis rotas, postos de abastecimento e
(cento e noventa e nove reais e dezoito manutenção, criando assim parcerias e
centavos) por dia, calculado para 25 (vinte e consequente diminuído os custos variáveis. A
cinco) dias. Já o custo do quilômetro rodado empresa automaticamente realiza o rotôgrama
varia de uma rota para outra. analisando e organizando todo o processo de
Também é necessário considerar os custos entrega para que as necessidades dos clientes
administrativos, necessários para manter o sejam atendidas, obedecendo aos preceitos
sistema da empresa. Utilizou-se o método de de qualidade no serviço de transporte das
rateio que se dá pela frota total. cargas.
Já a relação com agregado ocorre por um Uma das grandes vantagens em terceirizar é
contrato de prestação de serviço. O contratado ter uma diminuição dos seus custos variáveis
já possui cavalo mecânico e recebe um pois os mesmos são calculados em função da
semirreboque sob-regime de comodato. Ele quilometragem realizada pelo veículo durante
assume os custos com manutenção corretiva e a realização do serviço.
pneus, sob uma taxa simbólica de 8% sobre o
valor do frete de cada viagem. A empresa arca 5 CONCLUSÃO
com a manutenção preventiva, licenciamento e
inspeções legais mais depreciação e O transporte de carga configura-se como um
remuneração do capital. serviço fundamental que contribui com os
Os valores de depreciação e remuneração demais setores da economia.
permanecem os mesmos da frota própria, pois As mudanças no cenário em direção à
o equipamento é de mesmo modelo e ano. Há, competitividade nacional estão exigindo,
portanto, redução de custos variáveis: geralmente mais agilidade dos
combustível, pneus, lubrificantes e lavagens. transportadores. Para serem mais ágeis e
Conforme mencionado na metodologia, foi competitivas, as empresas de transporte de
aplicado o questionário contendo 10 questões cargas estão estabelecendo parcerias com
que foram respondidas pelos Gestores da pequenas empresas e autônomos, passando
empresa “T”. muitos fretes e rotas realizados antes por seus
Segundo as respostas do questionário empregados, a terceiros.
aplicado os motivos para contratação de Como foi demonstrado ao longo do trabalho, o
terceiros foi notoriamente dominada por mercado tem buscado inovação, o que obriga
indisponibilidade de motorista de sua frota, as empresas a serem eficazes e competitivas.
devido a alta demanda de cargas na empresa Para isso ser possível elas devem desenvolver
e consequentemente a indisponibilidade de estratégias que melhorem consideravelmente
motoristas, o que os levam a buscarem no a sua qualidade e produtividade.
mercado motoristas terceiros para atender A terceirização possibilita flexibilidade,
essa demanda. agilidade, melhoria dos serviços, e como
A pesquisa mostrou que 62% (sessenta e dois consequências aumentam a produtividade e a
por cento) dos veículos terceiro possuem um qualidade global nos serviços.
estado de conservação razoável e que apenas Porém antes da aplicação da terceirização, a
25% (vinte e cinco por cento) possuem uma empresa tem que elaborar estratégias, onde
boa conservação. Esse é um dos fatores que serão analisados os pontos fortes e fracos da
implicam durante a contratação do mesmo, terceirização, junto com as ameaças e as
devido a exigências de certos clientes. oportunidades, partindo então para a tomada
Logo ao fechar um acordo com o cliente na de decisão na contratação de terceiros.
maior parte dos casos é concedido um prazo Analisando os dados coletados na empresa
para pagamento do frete. Já na contratação de “T”, foi possível verificar a evolução na
um motorista terceiro, há a necessidade de contratação de terceiros de mesmo período
conceder adiantamento ao mesmo, com isso comparada aos anos de 2014 e 2015. Em
se faz necessário haver capital de giro e a relação às respostas do questionário feito aos
gestores da empresa, identificamos que um para o transportador. Disponível no site:
dos fatores que leva a contratação do <http://www.rodoextra.com.br/>. Acessado em
motorista terceiro é a indisponibilidade de sua 18 out. 2013.
frota própria, fazendo com que neste caso seja
vantajoso, pois caso contrário à transportadora ANTT – Agência Nacional de Transportes
não poderia atender ao cliente. Terrestres. Disponível em www.antt.gov.br.
A terceirização de transporte que é uma Acesso em 15 set. 2015.
atividade fim da empresa contratante possui
um difícil gerenciamento, dentre elas podemos BEULKE, Rolando; BERTÓ, Dalvio José.
destacar a falta de capacitação dos motorista Gestão de Custos. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
terceiros e agregado, a vulnerabilidade a 2011
acidentes, por não ser possível o
acompanhamento através dos sistemas de BRASERV RENT A CAR. A Origem da
rastreamento. Terceirização de Frotas. Disponível no
Além dos fatores citados no parágrafo anterior site:<http://braservrentacar.com.br/> Acessado
ressaltamos como principal foco de nosso em: 23 out 2014.
trabalho que os custos na contratação do
motorista terceiro e agregado mostram ser BRASIL. Constituição da Republica Federativa
viável em algumas rotas citadas no trabalho, do Brasil de 1988. Título x:
sendo um custo menor quando comparado ao Ato das Disposições Constitucionais
custo da frota própria. Transitórias. Art.III §9º Disponível no site:<
Ao se concluir esta pesquisa de tamanha http://www.planalto.gov.br/ >. Acessado em:
relevância, surge uma possível resposta ao 23 out. 2014.
problema de pesquisa: As principais
vantagens é sem duvida a oportunidade que a CONY, Alessandra Akcelrud; BASSO,
empresa tem em focar o seu objetivo em sua Leonardo Fernando Cruz. Terceirização
atividade fim aumentando a qualidade do como Fonte de Vantagem Competitiva: uma
atendimento aos clientes e a redução de alternativa de flexibilização e criação de
custos em determinadas rotas. Como valor ao acionista. 2003. Disponível no site:
desvantagens foram apresentadas a incerteza <http://www.ead.fea.usp.br/>.Acessado em 26
sobre o nível de serviço do terceiro, out. 2014.
conservação do veículo terceiro e a perda do
controle operacional. DIÁRIO DAS LEIS. Portal da Legislação.
Sugere-se, para estudos futuros, aplicação de Disponível no
pesquisas em mais de duas empresas do site:<http://www.diariodasleis.com.br/ >.
ramo de transporte de cargas situada na Acessado em: 23 out. 2014.
Grande Vitória-ES, direcionadas para
respondentes que atuem em rotas e cargas FERREIRA, Claudia Silva. Terceirização
similares, objetivando verificar se os como Ferramenta de Gestão para o
resultados seriam mantidos. Outra Aumento da Produtividade. Espírito Santo,
possibilidade é a avaliação do impacto da Lei 2007.
nº 13.103/2015 conhecida como a “lei dos
motoristas” nos custos de transportes. FERRI, Enrico Barnaba. Análise de
Por fim, ressalta-se a importância da utilização Terceirização de Frota Própria de uma
da terceirização no transporte rodoviário de Empresa do Ramo Alimentício. São Paulo,
cargas, observando-se a vantagem 2005. Disponível no site:
competitiva, a disponibilidade de veículos, <http://pro.poli.usp.br/>. Acessado em 02 out.
assim como o atendimento ao cliente, e, 2013.
principalmente, a redução dos custos.
FONSECA, Maria Juliana de Almeida.
6 REFERÊNCIAS Conflito de competência tributaria – ICMS e
ISSQN: os novos conceitos de mercadoria
ALMEIDA, Carlos Eduardo; GARCIA, Roslaine e serviço. Minas Gerais: Ed. Del Rey, 2005.
Kovalczuk de Oliveira. Terceirização da
Logística de Distribuição de uma Empresa QUEIROZ, Carlos Alberto Ramos Soares.
Gráfica. 2010. Disponível no site: Manual da terceirização. São Paulo:Sts
<http://ged.feevale.br/ >. Acessado em 03 out. Publicações e Serviços Ltda. 1998.
2013.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos.
AMARAL, Gilberto. 56% é a carga tributaria 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Comparativa entre uma Frota de
NETO, Apparicio Borges. A terceirização Caminhões Própria e sua Terceirização: Um
como alternativa para ampliação da área de Estudo de Caso em uma Indústria de
distribuição de uma empresa de transporte Beneficiamento de Arroz da Região Sul de
rodoviário de cargas. 2004. 84 f. Dissertação Santa Catarina. Criciúma, 2011. Disponível no
(Mestrado profissionalizante em engenharia)- site:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. <http://repositorio.unesc.net/handle/1/567>.
Porto Alegre. 2004. Acessado em 03 out. 2013.

OLIVEIRA, Jonas; TRETER, Jaciara. Os VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e


Custos no Serviço de Transporte relatórios de pesquisa em administração. 6.
Rodoviário de Cargas. Rio Grande do Sul, ed. São Paulo: Atlas, 2005.
2014. Disponível no site: < VIII Congresso Anpcont. TERCEIRIZAÇÃO
https://www.unicruz.edu.br/ >. Acessado em NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE
05 nov. 2014. CARGAS: ANÁLISE COMPARATIVA DAS
VANTAGENS E DESVANTAGENS À LUZ DA
PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de LEI 12.619/12. Rio de Janeiro, 17 a 20 de
Contabilidade Tributária. 5. ed. Rio de agosto de 2014.
Janeiro: Freitas Bastos, 2007. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PORTAL TRANSPORTA BRASIL. DO SUL. Gerenciamento de custos no
Especialistas em tributos nos transportes transporte rodoviário de cargas. [Rio
comenta carga tributária do setor. Grande do Sul]. [201-?]. Disponível no site:
Disponível no site:< <http://www.producao.ufrgs.br/>. Acessado em
http://www.transportabrasil.com.br/>. 26 abril 2015
Acessado em 17 out. 2013.

REVISTA ANTT. Mercado de transporte


rodoviário de cargas no Brasil. V. 3, nº 2.
Novembro de 2011.

REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO DA FATEA –


RAF. Análise da logística terceirizada do
transporte rodoviário de cargas: um estudo
teórico. Rio de Janeiro. Disponível no site:
http://publicacoes.fatea.br/>. Acessado em 02
mai 2015.

REZENDE, A. C. Terceirização das


Atividades Logísticas. Editora: Imam, 2007.

RIBEIRO, Rosinei Batista. HENRIQUE, Erika


C. Sávio; CORDEIRO, Leoni Aparecida;.
Análise da logística terceirizada do
transporte rodoviário de cargas: um estudo
teórico. Rio de Janeiro, 2011. Disponível no
site: < http://publicacoes.fatea.br/ >. Acessado
em: 05 abril 2015.

RUSSO, Giuseppe Maria. Guia Prático de


Terceirização: como elaborar um projeto de
terceirização eficaz. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007.

SILVA, Cristiane de Paula. A Terceirização


de Transporte Rodoviários de Carga e a
Redução do Custo Agregado à Logística.
Disponível no site: <http://www.avm.edu.br/ >.
Acessado em 18 out. 2013.

SOUZA, Abel Furlanetto. Análise

Você também pode gostar