Humanas 03 - A360
Humanas 03 - A360
Humanas 03 - A360
3
SISTEMA
DE ENSINO
CIÊNCIAS HUMANAS
Volume 3 - 1ª Edição
Goiânia
AP360° EDUCACIONAL
2019
SUMÁRIO
FRENTE A
PRIMEIRA REPÚBLICA (1889 – 1930)........................................................................................................... 15
Exercícios Resolvidos.................................................................................................................................... 25
Exercícios de Fixação.................................................................................................................................... 27
Enem e Vestibulares.......................................................................................................................................28
Exercícios Resolvidos....................................................................................................................................38
Exercícios de Fixação.................................................................................................................................... 39
Enem e Vestibulares........................................................................................................................................41
ERA DEMOCRÁTICA............................................................................................................................................44
O GOVERNO JANGO.......................................................................................................................................... 53
Exercícios Resolvidos....................................................................................................................................56
Exercícios de Fixação....................................................................................................................................58
Enem e Vestibulares.......................................................................................................................................59
DITADURA MILITAR NO BRASIL: A OBSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA NO PAÍS.......................64
Exercícios Resolvidos....................................................................................................................................70
Exercícios de Fixação.................................................................................................................................... 72
Enem e Vestibulares....................................................................................................................................... 72
Exercícios Resolvidos....................................................................................................................................93
Exercícios de Fixação....................................................................................................................................94
Enem e Vestibulares.......................................................................................................................................94
FRENTE B
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA.......................................................................................................................98
Exercícios de Fixação....................................................................................................................................117
O NACIONALISMO............................................................................................................................................. 130
Exercícios Resolvidos...................................................................................................................................157
Enem e Vestibulares.....................................................................................................................................160
SUMÁRIO
IMPERIALISMO.................................................................................................................................................... 165
Exercícios Resolvidos...................................................................................................................................176
Exercícios de Fixação...................................................................................................................................177
Enem e Vestibulares......................................................................................................................................178
Enem e Vestibulares....................................................................................................................................206
O NAZIFASCISMO................................................................................................................................................212
Exercícios Resolvidos..................................................................................................................................223
Exercícios de Fixação..................................................................................................................................224
Enem e Vestibulares.....................................................................................................................................226
Exercícios Resolvidos..................................................................................................................................245
FRENTE D
POPULAÇÃO........................................................................................................................................................ 270
Exercícios Resolvidos..................................................................................................................................275
Enem e Vestibulares.....................................................................................................................................279
FRENTE E
FITOGEOGRAFIA................................................................................................................................................287
Exercícios de Fixação.................................................................................................................................300
FRENTE F
GLOBALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO....................................................................................................308
Exercícios Resolvidos...................................................................................................................................315
GABARITOS...........................................................................................................................................................324
MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM
8
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto
H4
da cultura.
Competência de área 2
Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômi-
cas e culturais de poder.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais
H8
e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
Competência de área 3
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou ruptu-
H13
ras em processos de disputa pelo poder.
9
MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM
Competência de área 4
Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no de-
senvolvimento do conhecimento e na vida social.
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou
H16
da vida social.
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização
H17
da produção.
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações so-
H18
cioespaciais.
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de
H19
uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecno-
H20
logias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência de área 5
Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da
democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações
H22
ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
Competência de área 6
Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos histó-
ricos e geográficos.
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida hu-
H26
mana com a paisagem.
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração
H27
aspectos históricos e/ou geográficos.
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histó-
H28
rico-geográficos.
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os
H29
com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
10
OBJETOS DE CONHECIMENTO ASSOCIADOS À MATRIZ DE REFERÊNCIA
Cultura material e imaterial; patrimônio e
diversidade cultural no Brasil. A conquista da
América. Conflitos entre europeus e indígenas
na América colonial. A escravidão e formas
de resistência indígena e africana na América.
Diversidade cultural, conflitos e
História cultural dos povos africanos. A luta
vida em sociedade dos negros no Brasil e o negro na formação
da sociedade brasileira. História dos povos
indígenas e a formação sociocultural brasilei-
ra. Movimentos culturais no mundo ocidental
e seus impactos na vida política e social.
11
MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM
12
HISTÓRIA DO BRASIL
A
PRIMEIRA REPÚBLICA (1889 – 1930)
FASES DA PRIMEIRA REPÚBLICA
O período denominado Primeira República – chamado também de República Velha – vai de 1889, ano da proclamação,
até 1930, ano da Revolução liderada por Getúlio Vargas. Esse período é dividido pela historiografia em duas fases, sendo elas:
República da Espada (1889-1894): Período marcado pelos governos militares dos Marechais Deodoro da Fonseca e
Floriano Peixoto, os quais consolidaram o re-
gime republicano. Quanto ao termo “espada”,
é uma referência a um dos principais símbolos
do exército, já que ambos se tornaram mare-
chais de tal força armada durante a participa-
ção na Guerra do Paraguai.
República Oligárquica (1894-1930): Essa foi
uma fase mais extensa, em que governos de
presidentes civis, ligados às oligarquias rurais,
exerceram a hegemonia do poder político de
então – em especial, os estados de São Paulo e
Minas Gerais.
A seguir, abordaremos cada uma desses períodos
em suas especificidades e características gerais, de
modo a compreendermos os primeiros anos republi- Figura 1- Ver em: http://pessoas.hsw.uol.com.br/proclamacao-da-republica.htm
canos em nosso país. Essa análise é fundamental para Confecção da bandeira republicana. Como diria Aristides Lobo, o povo assistiu
entendermos a realidade política e social atual. bestializado aos eventos de 1889.
13
SISTEMA DE ENSINO A360°
A POLÍTICA DO ENCILHAMENTO
No campo econômico, a primeira atitude de peso do governo provisório foi uma reforma financeira proposta em 1889, por
Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda. Essa reforma ficou conhecida como Encilhamento, termo que representa os prepara-
tivos para uma corrida de cavalos, estabelecendo, pois, a ideia de um país disparando ao progresso.
Vale ressaltar que o principal objetivo de Rui Barbosa com essa política econômica era desenvolver a Indústria. Com isso,
permitiu aos bancos a emissão em grande quantidade de papel moeda (dinheiro), visando à concessão de crédito para o de-
senvolvimento do setor.
Entretanto, essa emissão de papel moeda foi exagerada, não compatível com a produção real da economia e com o que se
tinha em dólares nos cofres públicos, fazendo com que o dinheiro perdesse seu lastro.
Dinheiro sem lastro é aquele emitido sem que haja algo que o garanta, como reservas de
ouro, recursos em caixa como dólares e outras moedas fortes, bens duradouros produzidos e
bens de consumo disponíveis, produtos agrícolas como cereais, etc.
O resultado de tal medida foi a alta inflação e o consequente aumento de preços dos produtos disponíveis no mercado.
Muitas empresas fantasmas foram criadas apenas com o intuito de receber crédito nos bancos, o que foi causando uma espe-
culação financeira e consequentemente uma forte desorganização econômica. Diante da crise e da forte oposição à reforma,
principalmente por parte dos cafeicultores que eram contra o investimento em indústrias – e não no café –, Rui Barbosa demi-
tiu-se do cargo em 1891.
14
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
O GOVERNO CONSTITUCIONAL DE DEODO-
RO DA FONSECA (1891)
Nas eleições de 1891, o voto para os cargos de presidente e
vice-presidente aconteceram de forma separada, ou seja, vota-
va-se para presidente e se votava em um vice, podendo eles ser
eleitos por chapas diferentes. Diante disso, venceu Deodoro da
Fonseca para presidente e, para vice, o candidato da oposição,
Floriano Peixoto.
Devido à crise causada pelo Encilhamento, na qual também
se atribuiu culpa a Deodoro, devido a suas posições autoritárias,
o Marechal encontrou forte oposição da elite agrária cafeicultora
e dos florianistas que atuavam politicamente, limitando os pode-
res presidenciais. A par dessa situação, Deodoro se viu obrigado
a dissolver o Congresso Nacional, o que fortaleceu a oposição ao
seu governo. A Marinha ameaçou bombardear a cidade do Rio
de Janeiro, então sede do Governo Federal, caso o Presidente
não renunciasse. Esse episódio ficou conhecido como Primeira
Revolta da Armada (1891).
Sem saída e isolado politicamente, o Presidente decidiu re-
nunciar, afirmando que preferia deixar o poder ao seu vice do Figura 4- Ver em: http://identidade85.blogspot.com.br/2012/11/
dia-da-republica-republica-de-quem.html
que causar uma guerra civil. Era o fim da rápida passagem de Deodoro da Fonseca.
Deodoro pelo gabinete presidencial. Imagem do acervo da Biblioteca Nacional
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SISTEMA DE ENSINO A360°
A SITUAÇÃO ECONÔMICA
Ao longo da República Oligárquica não houve mudanças significativas, se compararmos a situação econômica desse perío-
do à economia do Império. A economia continuava baseada na extração de matérias-primas e gêneros tropicais destinados à
exportação.
16
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Entre os principais produtos econômicos que marcaram as
exportações desse período, vem em primeiro lugar o café, se-
guido pela borracha, cacau, cana-de-açúcar e algodão. O café
representou mais de 50% de todas as exportações no país, que
atendia, além do mercado consumidor interno, dois terços do
consumo mundial do produto, situação favorecida pela inexis-
tência de concorrentes no mercado mundial.
É importante salientar que, além das condições naturais
favoráveis ao plantio do café, a utilização da mão-de-obra imi-
grante assalariada, principalmente dos italianos, contribuiu ain-
da mais para a crescente produção nacional.
Depois de um período de pleno crescimento da produção e
da comercialização do café, o Brasil chegou a ofertar o produto Figura 6- Ver em: http://i.ytimg.com/vi/Xf4ifEA3zsc/hqdefault.jpg
além do consumo. Buscando uma solução, os cafeicultores junto
às autoridades políticas decidiram fazer uma reunião para tentar colocar fim à grave crise que se formava. Esse episódio ficou
conhecido como Convênio de Taubaté (1906), no qual os grandes produtores de café e os governadores dos estados de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, principais representantes da produção cafeeira nacional, reuniram-se na cidade paulista
de Taubaté, visando encontrar meios para a crise de superprodução.
A sugestão dos cafeicultores foi que o governo se comprometesse a comprar o excedente da produção e estocasse o pro-
duto até que os preços se normalizassem no mercado mundial. A sugestão foi aceita pelos participantes do Convênio, pois, com
o governo comprando o excedente da produção, os cafeicultores continuariam produzindo e não teriam prejuízos, além de
manterem estável o valor do café no mercado mundial. Entretanto, as crises cíclicas do capitalismo liberal se agravaram e, com
isso, a política proposta pelo Convênio alcançou patamares elevados. O Estado se endividou e, com a Crise de 1929, a situação
econômica tornou-se insustentável, afetando frontalmente a economia brasileira.
17
SISTEMA DE ENSINO A360°
AS REVOLTAS MESSIÂNICAS
Os movimentos sociais da população sertaneja levaram à fundação de importantes comunidades comandadas por líderes
religiosos; daí os movimentos serem conhecidos por revoltas messiânicas. O emprego do termo tem sua origem no fato de se
atribuir àqueles líderes qualidades como a de fazer milagres e realizar curas pessoais. Ao longo da República Oligárquica, os
principais exemplos de messianismo foram os movimentos de Canudos e Contestado.
18
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Tropas paranaenses com 100 soldados foram enviadas. Os sertanejos resistiram, mas José Maria morreu durante o confron-
to. Os seguidores do “monge” passaram a afirmar que ele ressuscitaria e voltaria para a terra, liderando um exército místico
com São Sebastião, para fazer justiça. Essas ideias se espalharam e, junto com elas, o movimento fez surgir milhares de adeptos
e diversas “vilas santas” que passaram a lutar em nome de José Maria. O Presidente da República Hermes da Fonseca enviou
para o Contestado uma expedição com mais de 6 mil homens muito bem equipados, os quais arrasaram e incendiaram todo o
povoado.
Mato Grosso
do Sul
A
IN
NT
GE
AR
O CANGAÇO
O cangaço pode ser caracterizado como uma forma de
banditismo que se desenvolveu nas áreas da caatinga, no
sertão nordestino e, enquanto movimento independente,
predominou de 1896 a 1940. Esses bandos armados com-
postos por cangaceiros sobreviviam de assaltos e saques de
vilas e fazendas. Nesse período, vários líderes se destacaram,
sendo alguns deles Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Vir-
gulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
Lampião ficou conhecido como o “rei do cangaço” e
tal fama se deve à sua ousadia na luta contra a polícia, à
organização de seu bando, à extensão da área do Nordeste
em que atuou e ao tempo que levou para ser preso.
Ele e seus seguidores cobravam uma espécie de “im-
posto” dos fazendeiros e comerciantes, além de saquear
pobres, ricos e humilhar autoridades. Seu bando gerou Figura 11- Fotografia de Lampião e sua esposa Maria Bonita.
muito medo e ao mesmo tempo revolta dos governantes, ver em: http://www.eunapolis.ifba.edu.br/informatica/Sites_Historia_EI_31/canga-
co/Site/imagens/mb4.jpg
que ofereceram recompensa por sua captura. Depois de
muitos anos fugindo e vencendo a polícia nordestina em confrontos, em 1938, após delatado por um de seus seguidores, Lam-
pião, sua esposa Maria Bonita e mais nove companheiros foram mortos e decapitados. Como exemplo para a sociedade, suas
cabeças foram levadas para Salvador e expostas como troféus. Sua morte marcou o declínio do cangaço que, a partir de 1940,
praticamente deixou de existir.
19
SISTEMA DE ENSINO A360°
Apesar das perdas, das mortes e da prisão de dezenas de pessoas, a revolta teve como ponto positivo aos manifestantes a
revogação da obrigatoriedade da vacina.
A REVOLTA DA CHIBATA
A Revolta da Chibata (1910) ocorreu às margens da cidade do Rio de janeiro, durante o governo do presidente Hermes da
Fonseca. Promovida pela baixa oficialidade da marinha, que em sua maioria era composta por marinheiros afrodescendentes,
lutou contra a violência imposta sobre os marinheiros. Tal agressão foi simbolizada pela chibata utilizada nos castigos corporais
empreendidos aos marinheiros de baixa patente pelos oficiais da Marinha – estes eram, em grande parte, membros de famílias
ricas e poderosas.
De modo geral, a revolta dos marinheiros teve como principais causas:
o código disciplinar da marinha: muito violento e preconceituoso, esse documento estabelecia que as faltas leves
teriam como punição a prisão por três dias na solitária,
e a falta grave, 25 chibatadas;
os baixos soldos (salários).
O estopim da revolta ocorreu no dia 16 de novembro de
1910, quando um marinheiro recebeu como punição 250 chiba-
tadas, sendo que o limite pelo código seriam 25. Revoltados, os
marinheiros, liderados por João Cândido, tomaram dois navios
e ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, caso o Governo não
colocasse fim aos castigos corporais.
Imediatamente, o Governo concordou com a proibição de
tais castigos e a garantia de anistia aos amotinados. A primeira
parte do acordo foi cumprida, ou seja, colocaram fim à chibata, Figura 13- Ver em: http://chibatas.blogspot.com.br/p/imagens.html
mas a segunda parte não, pois os líderes foram presos, demiti- João Cândido e marinheiros recebem jornalista à bordo do Minas
dos da marinha e perseguidos. Gerais
20
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
O MOVIMENTO OPERÁRIO E A GREVE GERAL DE 1917
As primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo crescente número de operários nas fábricas dos estados de São
Paulo e Rio de Janeiro. Juntamente a esse fato, aumentavam a exploração e a violência sobre essa parcela da classe de traba-
lhadores.
Diante dessa situação, os trabalhadores uniram-se na luta por melhores condições de trabalho e pela organização dos sin-
dicatos, fazendo dos congressos e greves mecanismos de mobilização. Os principais motivos que desencadearam o movimento
operário foram:
Jornada diária de trabalho com média de 12 a 16 horas, inclusive aos sábados e domingos;
Ambiente de trabalho insalubre;
Baixos salários e ausência de direitos trabalhistas, como férias e aposentadoria;
Influência de ideias socialistas e anarquistas.
Em 1906, estouraram várias greves dos operários nas regiões mais industrializadas do país e, entre elas, destacou-se a
grande participação de operários estrangeiros. Aproximadamente 51% do operariado das fábricas paulistas e 35 % no Rio de
Janeiro eram imigrantes. Grande parte desses imigrantes eram oriundos da Itália, Portugal e Espanha. Ainda naquele ano, foi
organizado, na região Sudeste, o Primeiro Congresso Operário Brasileiro, que exigiu a redução da jornada de trabalho para 8
horas diárias, a regulamentação do trabalho feminino e a abolição das multas aplicadas aos operários.
Em reação ao movimento dos operários, o então Presidente da República, Afonso Pena (1906-1909), reprimiu e mandou
prender vários trabalhadores. Ciente que a maioria deles eram imigrantes, ele também aprovou a Lei Adolfo Gordo, que per-
mitia a expulsão do país de qualquer imigrante que participasse de movimentos grevistas.
Diante dessa lei repressiva, os anos seguintes foram marcados por um certo marasmo dos movimentos, em razão da de-
sarticulação estrategicamente pensada pelo Governo. Entretanto, no final da década de 1910, cansados daquela situação de
exploração e opressão, os operários deram início, em São Paulo, à maior greve realizada na República Velha: a Greve Geral
de 1917. O resultado foi a paralisação generalizada das fábricas da cidade. Em represália, o Governo autorizou a invasão dos
estabelecimentos fabris pela polícia e a repressão violenta dos manifestantes. Durante os confrontos, um operário anarquista
chamado Antônio Martinez foi baleado e morreu. O enterro desse ope-
rário foi o estopim para o início da greve geral.
O movimento atingiu tal proporção que se espalhou para os es-
tados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul.
Seus líderes exigiam de imediato que o Governo reduzisse a jornada de
trabalho para 8 horas, o aumento dos salários, a libertação dos grevis-
tas presos, a redução dos aluguéis e o fim do trabalho noturno para as
mulheres.
Pressionado pelo movimento, o Governo e os patrões concorda-
ram em atender as exigências dos trabalhadores, porém, logo que a
greve geral chegou ao fim, o Governo e os industriais, revelando a Figura 14- Greve geral de 1917 em São Paulo. Esta foto é do
livro Revoluções, organizado por Michael Löwy, da editora
ambiguidade do discurso e as falsas promessas, iniciaram a persegui- Boitempo.
ção e demissão dos líderes grevistas, assim como a expulsão de alguns ver em: http://www.pontodevista.jor.br/blog/wp-content/
deles do país. uploads/greve.jpg
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SISTEMA DE ENSINO A360°
a Revolução de 1924, a Coluna Prestes não atingiu seu objetivo Figura 15- Ver em: http://www.diarioliberdade.org/archivos/
de imediato, ou seja, o de desarticular o Governo e as oligar- Colaboradores_avanzados/manu/2012-05/290512_coluna-
prestes.jpg
quias; contudo, todas essas revoltas conseguiram deixar acesa a
chama da luta contra o poder dos coronéis.
TEXTO COMPLEMENTAR
O MOVIMENTO MESSIÂNICO DE “SANTA DICA” EM GOIÁS
(1923-1925) 1
Na década de 1920, após a suposta ressurreição de uma adolescente de pouco mais de 15 anos de idade, surgiu, no
interior de Goiás, em uma pequena fazenda chamada “Monzodó”, próxima à cidade de Pirenópolis, o mais importante
movimento religioso de caráter messiânico do estado. “Santa Dica”, como ficou conhecida Benedicta Cypriano Gomes
– a menina que ressuscitara –, dizia conferenciar com anjos, através dos quais curava, profetizava, abençoava, batizava
e até mesmo casava aqueles que a procuravam em seu reduto. Seus ritos, embora muito confundidos com práticas do
espiritismo, deram-se de maneira híbrida, uma vez que mesclaram tanto características do catolicismo, quanto do próprio
espiritismo.
De acordo com as fontes disponíveis (jornais, processos criminais, dentre outras), foi somente a partir de 1923, com a
chegada de algumas importantes personagens no reduto, que o movimento propriamente dito teve seu início, com ritos
e organização próprios. Em cerca de dois anos, a pequena fazenda Monzodó se tornou um vilarejo conhecido por “Lagoa”,
“Reduto dos Anjos”, “Calamita dos Anjos” e, mais tarde, “Lagolândia”2, onde a “santa”, segundo relatos, reuniu cerca de
500 seguidores/habitantes, e onde até 70 mil pessoas a teriam visitado em romaria entre 1923 e 1925.
Em face do caráter não somente religioso, mas político e social do movimento, uma união informal entre estado,
coronéis locais e Igreja Católica teve como desfecho a abertura de um processo criminal que culminaria em uma invasão
policial no reduto onde o movimento ocorria. Tal intervenção se deu em 14 de outubro de 1925 (o “Dia do fogo”), haven-
do mortos e feridos.
1 Texto retirado do artigo: GOMES FILHO, Robson. Santa Dica de Goiás: o germinar de um movimento messiânico (1923-1925).
Revista de História da UEG. Anápolis, vol. 3, n. 2, p. 128-146, jul./dez/, 2014.
2 Atualmente, Lagolândia é distrito da cidade de Pirenópolis, em Goiás.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Dada a pouca quantidade de baixas na invasão (16 mortos e 5 gravemente feridos), os relatos dos moradores descre-
vem tal quantidade de mortos no conflito como comprovação dos poderes sobrenaturais de Dica, uma vez que ela não foi
morta, ou mesmo capturada pelas forças policiais. Além disso, há relatos na tradição oral de que as balas que chegavam à
“santa” eram presas por seus cabelos, ou caíam a seus pés em forma de grãos de milho, entre outros inúmeros relatos que
atribuem ao evento cenas miraculosas de heroísmo e santidade por parte de Dica. Além das supostas ações miraculosas
da taumaturga, os mesmos moradores sobreviventes entrevistados por Lauro de Vasconcellos (1991) asseguraram que
os anjos protegiam o local, uma vez que as balas atiradas pelas tropas do governo seriam “desviadas” pelos seres divinos,
atingindo somente a copa das árvores e telhados das casas.
Com o fim do conflito, que durou cerca de 30 minutos, foi efetuada, sob forte resistência, a prisão de Alfredo dos
Santos e Jacinto Cipriano Gomes. Dica, seu pai, seu tio Gustavo e alguns de seus seguidores fugiram. Dos indiciados, no
entanto, apenas Manuel José de Torres (Cacheado) não foi encontrado.
Segundo consta no Processo 651 (1925, p. 76), Dica foi encontrada e presa em Raizama (hoje município de Alto
Paraíso), no dia 20 de outubro de 1925, participando, a partir de então, do restante do Processo Crime, que duraria até
meados de 1926. Em primeira instância, Dica foi condenada a cumprir a pena de um ano de prisão na Capital, com multa
de 200$000 réis. Também foram condenados os demais acusados3, com exceção de Jacinto Cipriano Gomes, uma vez que
foi tido como inocente das acusações de estupro4 e de auxiliar Dica no movimento. Todavia, em 13 de julho de 1926, o
Superior Tribunal de Justiça de Goiás declarou serem improcedentes as denúncias contra os acusados, ordenando que se
lavrasse o alvará de soltura deles.
Após a soltura, no entanto, Dica foi proibida pelas autoridades goianas de retornar ao reduto. No mesmo ano, a
convite da Federação Espírita do Brasil, mudou-se, com alguns seguidores, para o Rio de Janeiro, onde realizou testes de
mediunidade, através dos quais passou a ser conhecida em várias partes do Rio e São Paulo, chegando a ponto de receber
destaque nas imprensas locais.
Após cerca de um ano depois da invasão do reduto, todavia, Dica retornou à Lagoa, casada com um jornalista poti-
guar de nome Mário Mendes, com quem permaneceu em matrimônio até final da década de 1940, quando seu marido
(mergulhado em dívidas) a teria vendido a um sócio, com quem permaneceu casada até sua morte em 1970. Até essa
data, Dica obteve grande influência política na região de Pirenópolis, todavia sem a força religiosa que antes exercia5. De
“santa Dica”, Benedita Cipriano Gomes, ao longo dos seus 45 anos restantes de vida, tornou-se apenas “madrinha Dica”,
exercendo fundamentalmente (até onde oficialmente se conhece) funções religiosas de benzedura.
GOMES FILHO, Robson. Carisma, legitimidade, dominação religiosa: santa Dica e a congregação redentorista em Goiás. Anápolis: Editora da UEG, 2015.
3 Os acusados no processo criminal em questão foram: Benedita Cipriano Gomes (santa Dica), Benedito Cipriano Gomes, Gus-
tavo Cipriano Gomes, Jacinto Cipriano Gomes, Alfredo dos Santos e Manuel José de Torres (conhecido por “Cacheado”).
4 Sobre o assunto, ver: Gomes Filho (2015).
5 Mário Mendes, primeiro marido da taumaturga, chegou a ser eleito prefeito de Pirenópolis sob influência da esposa. Além
disso, em 1932, sob convite do governador de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira, a quem Dica auxiliou na tomada do poder em
1930, Dica comandou uma tropa de soldados no combate à Revolução Constitucionalista de 1932, a partir da qual criou-se
uma série de relatos miraculosos sobre sua atuação como liderança militar.
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UFRN Em julho de 1917, uma greve geral de trabalhado- atraíram e empregavam crescente contingente de ope-
res paralisou a cidade de São Paulo. Naquela conjuntura, rários. Todavia a precariedade e exploração dos traba-
o bairro do Brás, onde mais se concentravam trabalha- lhadores os motivou à manifestações, e quanto mais
dores imigrantes, foi palco de violentos tiroteios entre repressiva e truculenta era a reação das autoridades,
grevistas e policiais. mais crescia a necessidade de articulação política dos
proletários entre si.
Cite e analise duas circunstâncias da situação nacional
e duas circunstâncias da conjuntura internacional que No contexto internacional, a Primeira Guerra Mundial
possibilitaram a eclosão desse movimento. consumia o que o Brasil produzia, sendo este um dos
fatores do crescimento da indústria nacional. Por ou-
Resolução:
tro lado, eclodia a Revolução Russa, que exerceu forte
No contexto nacional, pode-se pensar a respeito do influência sobre o proletariado, quanto ao seu cunho
crescimento das indústrias de bens de consumo, que ideológico.
23
SISTEMA DE ENSINO A360°
02| UFJF A citação, a seguir, é uma crítica à atitude dos cafei- preços verificada na época. Ao contrário, o que ocorreu
cultores e das elites políticas brasileiras durante a Repú- foi uma valorização artificial do café, em atendimento
blica Oligárquica. aos interesses dos cafeicultores, que tinham grande
“É isto...Queres sempre ser a abelha mestra... Já viram os peso político no período. Isso fez com que os produtores
grandes fazerem esses sacrifícios?...Vê lá se fazem! Histó- continuassem investindo nessa lavoura ao invés de in-
vestir em produtos ainda pouco cultivados no país.
rias...Metem-se no café que tem todas as proteções...
(BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma.)
03| UNESP As grandes noites do teatro Amazonas chega-
O quadro, a seguir, apresenta a pauta de exportações do vam ao fim.
Brasil entre 1889 e 1913. […] Manaus despediu-se definitivamente do antigo es-
plendor no carnaval de 1915. No mesmo ano, o pre-
Principais produtos de exportação (em %) ço da borracha caiu verticalmente. Em 1916 já não
Períodos 1889 – 1897 1898 – 1910 1911 – 1913 houve carnaval.
[…] [Manaus e Belém] começaram a entrar num maras-
Café 67,6 52,7 61,7
mo típico dos centros urbanos que viveram um luxo
Açúcar 6,5 1,9 0,3 artificial.
(Márcio Souza, A Belle-Époque amazônica chega ao fim.)
Cacau 1,5 2,7 2,3
Considerando o texto, responda.
Mate 1,1 2,7 3,1
A Por que “o preço da borracha caiu verticalmente” a
Fumo 1,2 2,8 1,9 partir de 1915?
Algodão 2,9 2,1 2,1 B Por que a crise da economia da borracha produziu
estagnação econômica na região amazônica, en-
Borracha 11,8 25,7 20,2 quanto no sul do país a crise da economia cafeei-
Couros e ra não levou a semelhante marasmo econômico?
2,4 4,2 4,2 Apresente uma razão desta diferença.
pele
Outros 4,8 5,2 4,4 Resolução:
Fonte: VILELA A.; SUZIGAN, W. Política do governo A Devido à concorrência da produção da borracha no
e crescimento da economia brasileira.
Sudeste Asiático e, posteriormente, ao desenvolvi-
Com base nesses dados e em seus conhecimentos, res- mento da produção da borracha sintética.
ponda às questões abaixo a respeito do Convênio de
Taubaté (1906) e seus efeitos. B A economia da borracha, florescente na região Norte
do país entre o final do século XIX e início do XX, gerou
A Qual foi a principal política adotada sob impacto do
um enorme excedente econômico, cuja utilização não-
Convênio de Taubaté?
-produtiva foi uma das suas marcas características (vide
B É correto afirmar que essa política contribuiu para a própria suntuosidade do Teatro de Manaus citada no
que não se verificasse uma elevação significativa da texto). Já na economia cafeeira paulista evidenciou-se a
participação de outros produtos (além do café) na utilização de grande parte dos lucros dos fazendeiros do
pauta exportadora do Brasil no período? Justifique café, seja de forma direta (isto é, os próprios fazendeiros
sua resposta. como investidores), ou indireta (bancos, casas comer-
ciais, etc.) em atividades industriais diversas (especial-
Resolução: mente bens de consumo não duráveis), bem como em
A Política de valorização do café que se traduzia na infra-estrutura (ferrovias, usinas elétricas, etc.). Deve-se
compra pelo governo dos excedentes do produto, salientar também que o ciclo da borracha foi mais curto
mediante o recurso a capitais obtidos por emprésti- do que o cafeeiro, fato este agravante da estagnação
mos no estrangeiro. A amortização e os juros desses econômica no Norte do país após 1915. Além disso, faz-
empréstimos seriam efetuados mediante um novo -se fundamental citar o caráter tipicamente extrativista
imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café ex- da cultura da borracha – tal como foi, durante o Brasil
portado. Com isso, os preços do produto eram manti- Colônia, os casos do pau-brasil e da mineração –, o que
não demandava inversões consideráveis em meios de
dos artificialmente altos, garantindo-se os lucros dos
produção para a obtenção do bem citado; já o caso
cafeicultores, que, ao invés de diminuírem a produção
do café foi diferente, pois a sua criação dependia de
de café, continuaram produzindo-o em larga escala, uma mínima estrutura “industrial” para cultivá-lo e
obrigando o governo a contrair mais empréstimos vendê-lo no mercado (beneficiamento do café, saca-
para continuar adquirindo esses excedentes. ria, etc.), bem como de serviços em geral. Por último,
B A política de valorização artificial do café desestimulou no plano institucional, deve-se ressaltar que o nível de
a diversificação da pauta de exportações brasileiras, renda dos cafeicultores foi mantido graças à política
que poderia ser feita por meio de subsídios, aliviando a de valorização do café. Os empresários da borracha
pressão da oferta interna sobre a tendência da queda de não contaram com semelhantes incentivos.
24
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFRN Analisando a modernização da sociedade brasi- comunitário da economia de Canudos. Deixou claro que
leira, os historiadores Antônio Paulo Rezende e Maria o movimento não era isolado, revelando a revolta de-
Thereza Didier afirmam: sesperada das populações miseráveis ignoradas por um
sistema sociopolítico que lhes exigia fidelidade sem lhes
A década de 1920 foi muito importante, porque repre-
dar nada em troca. (NADAI; NEVES, 1995, p. 271).
sentou um momento significativo de reflexão sobre
nosso passado e nossa identidade histórica. Apesar do Os movimentos messiânicos — expressões dos desequi-
autoritarismo, o povo não assistiu passivamente à ação líbrios socioeconômicos entre o litoral e o interior do
de seus governantes; não se entregou a uma apatia des- Brasil no final do século XIX — ocorreram, sobretudo,
mobilizante nem se submeteu à vontade quase imperial em contextos rurais, dentre os quais o arraial de Canu-
dos coronéis. dos representa uma das mais importantes experiências.
REZENDE, Antônio Paulo; DIDIER, Maria Thereza. Rumos
Com base nessas considerações e no conteúdo do texto,
da história. São Paulo: Atual, 2005. p. 495.
cite uma forma de sobrevivência econômica e uma prá-
A partir desse fragmento textual, tica espiritual da população referida.
A cite e explique três elementos que caracterizam o 04| UNESP O número dos bandos de cangaceiros assume
poder político vigente, no Brasil, na década de 1920; às vezes proporções assombrosas, mui especialmente
B cite e explique duas manifestações sociais contrárias quando se destinam à tomada duma vila ou cidade. Cen-
ao poder político vigente ocorridas nesse período. tenas de criminosos apoderaram-se do Crato, no Ceará,
e de Alagoa do Monteiro, na Paraíba. Duzentos homens
02| UFF “O coronelismo é um sistema político, uma comple- atacaram Tamboril, no sertão cearense. Quinhentos ban-
xa rede de relações que vai desde o coronel até o presi- didos saquearam a cidade paraibana de Patos. Trezentos
dente da República, envolvendo compromissos recípro- incendiaram a cidade cearense de Aurora. Quatrocentos
cos. O coronelismo, além disso, é datado historicamente. derrotaram a polícia da Paraíba em Carrapateira, Ampa-
Na visão de Vitor Nunes Leal ele surge na confluência de ro e Monteiro, ameaçando tocar fogo na vila do Teixeira,
um fato político com uma conjuntura econômica. violar as mulheres e sangrar os homens. (...)
(Gustavo Barroso, 1917 apud Gregg Narber, Entre a Cruz e a Espada: violência e misti-
O fato político é o federalismo implantado na República cismo no Brasil rural)
(...) A conjuntura econômica era a decadência econômi- Analise as condições históricas que intensificaram o fenô-
ca dos fazendeiros” meno do Cangaço, nas primeiras décadas do século XX.
(Adaptado de CARVALHO, José Murilo de. Mandonismo, coronelismo
e clientelismo: uma discussão conceitual. In: ______. Pontos e Bordados. Belo 05| UFRRJ “A esperança de um belo dia sagrando uma bela
Horizonte: UFMG, 1998, p.131-32). data e uma bela obra desfez-se, infelizmente, o sol não
veio, e foi sob um aguaceiro impenitente e odioso, fino e
Com base no texto acima:
pulverizado a começo, grosso e encharcante depois, que
A indique o período da História do Brasil em que o Co- se foi ontem à inauguração da formosa avenida (...)”.
ronelismo teve o seu auge; (O País, 16/11/1905 – “15 de Novembro”).
25
SISTEMA DE ENSINO A360°
T ENEM E VESTIBULARES
01| ESCS No Brasil, o final do século XIX também significou E corroborou a busca pela modernização política do
a derrocada do regime monárquico. A implantação da Brasil e mostrou-se decisivo para a elaboração de
República não alterou substancialmente as estruturas vi- políticas governamentais de inserção dos ex-escra-
gentes no país, marcadas pela exclusão e por uma histó- vos no mercado de trabalho livre.
rica desigualdade. Essas características acompanharam
toda a trajetória da Primeira República, sacudida pelas 03| UEG Leia o excerto abaixo.
sucessivas crises da década de 1920, que prepararam o
cenário da Revolução de 1930, a qual propiciou o adven- O almirante, também, tinha grande confiança nos talen-
to da Era Vargas (1930–1945). Em relação a esse período tos guerreiros e de estadista de Floriano. A sua causa
da história brasileira, assinale a opção correta. não ia lá muito bem. Perdera-a em primeira instância,
estava gastando muito dinheiro... O governo precisava
A A frase de Aristides Lobo — “o povo a tudo assistiu de oficiais de Marinha, quase todos estavam na revolta.
bestializado” — sintetiza o caráter golpista da pro-
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma.
clamação da República no Brasil, ocorrida pratica- Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 152.
mente sem a participação da sociedade.
O trecho citado tem como pano de fundo um importan-
B Vitorioso pelo voto popular nas eleições de 1930, te episódio da História do Brasil, conhecido como:
Vargas assumiu a presidência da República em meio
a um contexto econômico de prosperidade, o que A Revolta da Armada, quando oficiais da Marinha Bra-
facilitou seu plano de permanência no poder. sileira deram ordem para que o Rio de Janeiro fosse
alvejado com tiros de canhões de navios de guerra.
C As “sucessivas crises da década de 1920” tiveram
como protagonistas os tenentes, leais defensores B Revolta da Chibata, quando marinheiros, lidera-
do poder constituído, comprometidos com a manu- dos pelo Almirante Negro, se revoltaram contra os
tenção da ordem e das estruturas vigentes no país. maus- tratos sofridos dentro dos navios.
D Embora dominada pelas oligarquias estaduais, sim- C Revolta de Canudos, quando a recém-fundada Re-
bolizadas nos denominados coronéis, a Primeira pública brasileira teve de enfrentar os sertanejos
República ampliou consideravelmente o número de liderados por Antônio Conselheiro.
eleitores no país e instituiu o voto secreto.
D Revolta do Contestado, quando o Exército Brasilei-
02| MACK “A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o ro usou o recém-inventado avião para enfrentar os
Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar fin- camponeses da região de fronteira entre Santa Ca-
da a Monarquia, passando o regime francamente de- tarina e Paraná.
mocrático com todas as consequências da Liberdade”
Assim se referiu a manchete do jornal carioca Gazeta 04| ACAFE As culturas da cana-de-açúcar e do café ilustram
da Tarde, anunciando a Proclamação da República no muito bem alguns aspectos da economia brasileira des-
Brasil. Pode-se dizer que tal ato de a colônia até o período republicano.
A reforçou as posições conservadoras dos positivistas Acerca das mesmas e de suas correlações internas e ex-
brasileiros, o que facilitou a ascensão do exército, ternas é correto afirmar, exceto:
como liderança do movimento, e auxiliou na decreta- A Os acordos de Taubaté em 1920 definiram claramen-
ção de um Estado em bases religiosas e federalistas. te espaços e zonas de produção açucareira e cafeeira
B resultou da conjugação de variados fatores, desta- no Brasil. Dessa forma, evitava-se a superprodução e
cando as insatisfações de grupos militares, cama- a baixa do preço no mercado internacional.
das médias urbanas e setores latifundiários com os B Há uma clara correlação entre esses dois produtos e
rumos políticos e sociais do Império no Brasil. o processo de inserção brasileira na economia mun-
C colocou fim à longa crise do Segundo Reinado, con- dial. De forma geral o Brasil (colônia e depois inde-
tribuindo para a emergência do populismo enquanto pendente) tornou-se exportador de bens primários.
prática política manipuladora, voltada para a satisfa- Manufatura e indústria foram atividades secundá-
ção dos anseios de camadas trabalhadoras urbanas. rias em boa parte da História econômica brasileira.
D rompeu com a legalidade da sucessão ao trono, C O autoritarismo e a escravidão foram visíveis aspec-
uma vez que impediu a ascensão da princesa Isabel, tos da conformação política e social do Brasil nessas
como governante, causando, por sua vez, revoltas duas atividades agrícolas. As grandes lavouras ex-
populares por todo o país. portadoras usavam de trabalho escravo e qualquer
26
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
rebelião ou contestação era reprimida com muita A charge satiriza uma prática eleitoral presente no Brasil
violência. da chamada “Primeira República”. Tal prática revelava a
D Em clara correlação com o perfil produtivo açucarei- A ignorância, por parte dos eleitores, dos rumos po-
ro e cafeeiro, o latifúndio marcou a conformação da líticos do país, tornando esses eleitores adeptos de
propriedade no Brasil. ideologias políticas nazifascistas.
B ausência de autonomia dos eleitores e sua fidelida-
05| FGV Somente a partir de 1850 vai se observar um maior
de forçada a alguns políticos, as quais limitavam o
dinamismo no desenvolvimento econômico do país em
direito de escolha e demonstravam a fragilidade das
geral e de suas manufaturas, em particular. O crescimen-
instituições republicanas.
to do número de empresas industriais se faria com rela-
tiva rapidez. C restrição provocada pelo voto censitário, que limi-
tava o direito de participação política àqueles que
Mas o que provocaria essas mudanças?
possuíam um certo número de animais.
(Sonia Mendonça, A industrialização brasileira. p. 12)
D facilidade de acesso à informação e propaganda
É correto responder à indagação afirmando que
política, permitindo, aos eleitores, a rápida identi-
A a Câmara dos Deputados aprovou medidas restritivas ficação dos candidatos que defendiam a soberania
às importações, como a proibição da entrada de mer- nacional frente às ameaças estrangeiras.
cadorias similares às já produzidas no país, e também
E ampliação do direito de voto trazida pela República,
criou a primeira política industrial brasileira.
que passou a incluir os analfabetos e facilitou sua
B houve a importante contribuição do fim do tráfico manipulação por políticos inescrupulosos.
de escravos para o Brasil, que possibilitou a disponi-
bilidade de capitais, além dos efeitos duradouros da 07| PUCCAMP Os ciclos econômicos que ocorreram em
agricultura, especialmente do café. nossa história (do ouro, do açúcar, do café, do cacau,
da borracha e outros), em suas causas, fastígio e deca-
C a nacionalização do subsolo brasileiro, presente na
dência, podem ser reconhecidos nos eventos centrais ou
Constituição imperial, impulsionou os investimen-
na periferia das tramas e imagens da nossa literatura.
tos privados na exploração mineral, conjuntamente
Há que se reconhecer nossa dívida para com escritores
com os incentivos governamentais na criação de es-
como José Lins do Rego e Jorge Amado, por exemplo,
taleiros.
que tramaram belas narrativas imbricadas nos antigos
D ocorreu uma rápida modernização dos grandes en- engenhos de açúcar ou nos cacaueiros baianos. O valor
genhos de açúcar do Nordeste em função dos finan- artístico da linguagem literária não está, obviamente,
ciamentos ingleses e, em 1851, fundou-se um banco em documentar fenômenos econômicos ou eventos his-
estatal de desenvolvimento. tóricos de qualquer natureza, mas na capacidade de po-
tenciá-los inventivamente por meio de uma perspectiva
E acertou-se com a Inglaterra a renovação dos Trata-
autoral. Realização estética e realidade transfigurada
dos de 1827, que ofereciam tarifas privilegiadas aos
encontram-se no caminho e instigam o leitor a avaliá-las
ingleses e estes, em contrapartida, proporcionavam
nessa precisa convergência.
transferência de tecnologia industrial.
(Bernardim Quintanilha, inédito)
27
SISTEMA DE ENSINO A360°
C à fase de expansão da indústria automobilística, que 10| UDESC Sobre a Revolta da Chibata (1910) assinale a al-
gerou uma grande demanda pelo látex, matéria pri- ternativa correta.
ma essencial na fabricação de pneus e existente em A Movimento revoltoso desenvolvido entre facções
abundância nos seringais, nativos da Amazônia. políticas rivais encontradas no governo do Rio Gran-
D à instalação, pelo empresário Henry Ford, da For- de do Sul, que acabou alcançando também os Esta-
dlândia, um enorme polo agroindustrial de explora- dos de Santa Catarina e Paraná.
ção de látex no Pará, que transformou o Brasil no B Ficou assim conhecido o movimento de rebelião
principal exportador de borracha em escala mun- promovido por marinheiros contra o governo do
dial. marechal Floriano Peixoto.
E ao menor preço da borracha brasileira no mercado C Ficou assim conhecido o protesto de marinheiros
internacional, comparado ao da borracha produzida dos couraçados Minas Gerais e São Paulo. Eles pro-
pelos ingleses na Ásia, dado que favoreceu a vitória testavam sobre a sua dura rotina de trabalho, baixos
sobre a concorrência e a expansão dessa cultura. salários e castigos físicos a que eram submetidos
os membros de baixa patente sempre vez que não
08| FAC. DIREITO DE SOROCABA Durante a Primeira Re- cumpriam uma ordem estabelecida.
pública, os movimentos de Canudos e do Contestado, o D Conhecida como uma das primeiras manifestações
cangaço, as revoltas da Vacina e da Chibata expressaram do movimento tenentista, foi uma das mais signifi-
A a necessidade de democratizar as instituições, que cativas demonstrações de crise da hegemonia oli-
ainda refletiam o caráter religioso e censitário do gárquica na República Velha.
Estado. E Revolta em que negros e índios se insurgiram contra
B a exclusão política, social e econômica da maioria da a elite política e tomaram o poder no Pará (Brasil).
população, que estava submetida às oligarquias. Entre as causas da revolta encontra-se a extrema
pobreza das populações.
C o processo de modernização das cidades, que ex-
cluiu as camadas médias e gerou esses conflitos ar- 11| UNIRG Leia o texto a seguir.
mados.
Entendendo que o foco da epidemia existe nessas ca-
D a influência das ideologias de esquerda, que tam- sas, propus a disseminação forçada dos indivíduos que
bém orientavam as greves operárias e o tenentismo. aí vivem, como o único meio possível de debelar, senão
E a insatisfação das massas camponesas, que não totalmente, ao menos em grande parte, a epidemia que
tinham acesso à terra produtiva nem o direito de parece tomar grandes proporções. […] Se em um quar-
voto. to, o ar é somente suficiente para duas pessoas, deve-se
remover as 18 ou 20 que entretanto aí vivem.
09| FMJ José Domingos estava detido numa prisão do Rio de GOMENSORO, Ataliba. Pronunciamento na Academia Imperial de Medicina em 1873. In:
JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. Coletânea de documentos históricos para o 1o grau. São
Janeiro, em 1905, quando escreveu a letra de uma can- Paulo: Secretaria de Estado da Educação, 1985. p. 38. (Adaptado).
ção para violão e cavaquinho. Em uma de suas quadras, O pronunciamento médico revela as preocupações sa-
o compositor escreveu: nitaristas que levaram à reforma da cidade do Rio de
As pobres mães choravam Janeiro no final do século XIX. Da análise desse pronun-
ciamento, conclui-se que tal reforma teve como conse-
E gritavam por Jesus; quências
O culpado disso tudo A a demolição de cortiços e o deslocamento forçado
dos trabalhadores pobres para áreas afastadas, ini-
É o Doutor Oswaldo Cruz! ciando a ocupação de morros.
(Apud João do Rio. Gazeta de Notícias, 01.09.1905.)
B o melhoramento das estalagens e a construção de
Os versos fazem referência largas avenidas para o estabelecimento adequado
das camadas médias.
A ao Movimento Tenentista.
C a revitalização da área dos portos e o controle da
B à Revolta da Vacina. influenza, cujo contágio ocorre por vias respiratórias
C à Revolta da Armada. em ambiente úmidos e populosos.
D o isolamento da área central e a reacomodação das
D à Revolta da Chibata.
famílias em bairros planejados de acordo com o pa-
E à primeira greve geral no Brasil. drão urbanístico europeu em voga na capital.
28
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
12| UEG O arraial, assim como outras comunidades funda- D A Revolução de Trinta difundiu o trabalhismo tanto
das em princípios messiânicos, surgiu da associação de pelas cidades quanto pelo campo, gerando empre-
diferentes fatores, tanto socioeconômicos quanto reli- go a muitas pessoas que, antes, dedicavam- -se ao
giosos e culturais [...]. Do ponto de vista cultural, a reli- banditismo social. O fim de grupos como o de Lam-
giosidade popular, a tradição de trabalho comunitário e pião era uma questão de tempo, mesmo que ele
a mobilidade espacial contribuíram para a formação de tenha sido morto pela polícia no fim da década de
1930.
Canudos a partir das pregações de Antônio Conselheiro.
SILVA, Kalina V. 5 de outubro de 1897 – Destruição de
Canudos. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). Dicionário de datas da 14| UNESP A Coluna Prestes, que percorreu cerca de 25 mil
História do Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 234. quilômetros no interior do Brasil entre 1924 e 1927, as-
As sucessivas campanhas militares do Exército brasileiro socia-se
que acabaram por destruir o arraial de Canudos são his- A ao florianismo, do qual se originou, e ao repúdio às
toricamente atribuídas a diversos fatores, dentre eles a fraudes eleitorais da Primeira República.
pregação de Antônio Conselheiro em prol do
B à tentativa de implantação de um poder popular, ex-
A Sebastianismo, que consistia na crença popular de pressa na defesa de pressupostos marxistas.
que um rei místico, identificado aqui com a figura de
C ao movimento tenentista, do qual foi oriunda, e à
D. Pedro II, voltaria para salvar o Brasil. tentativa de derrubar o presidente Artur Bernardes.
B Tenentismo, movimento organizado por oficiais re- D à crítica ao caráter oligárquico da Primeira Repúbli-
beldes de baixa patente, descontentes com os ru- ca e ao apoio à candidatura presidencial de Getúlio
mos tomados pela República no Brasil. Vargas.
C Positivismo, que consistia na noção de que a “or- E ao esforço de implantação de um regime militar e à
dem” conduz ao “progresso”, lema estampado na primeira mobilização política de massas na história
bandeira do Brasil. brasileira.
D Ultramontanismo, movimento da ortodoxia católica
15| UEM A Revolução de 1930, movimento de ruptura da
que pregava a moralização do clero e da sociedade
hegemonia política dos cafeicultores paulistas e minei-
brasileira.
ros, foi um marco relevante em uma série de transfor-
mações sociais, políticas e econômicas no Brasil. A res-
13| PUC O cangaço foi um movimento de banditismo social
peito desse tema, assinale o que for correto.
politicamente ambíguo. Sob certos aspectos, era um
protesto contra as injustiças, contra os latifúndios e as 01. A nova legislação trabalhista fez emergir um mo-
violências praticadas cotidianamente no mundo serta- delo de cidadania regulada, que condicionava di-
nejo; porém, cometia, igualmente, violências e podia reitos importantes ao exercício de uma profissão
estar a serviço de coronéis. Acerca desse tema, pode-se regulamentada pelo Estado e devidamente repre-
sentada por organizações sindicais reconhecidas
afirmar que:
oficialmente.
A O golpe de Getúlio Vargas, que instituiu o Estado 02. Com a ação revolucionária inicia-se um processo de
Novo, em 1937, aproveitou-se do medo gerado pe- crescente centralização administrativa nas mãos da
los cangaceiros para implantar uma ditatura centra- União, em detrimento das demais entidades federa-
lizada, criar a censura da imprensa e decretar estado tivas.
de sítio para os estados nordestinos.
04. No terreno dos direitos políticos, ocorre a ampliação
B O combate ao cangaço fazia parte da implantação do direito ao voto para todos os brasileiros maiores
da ideologia do trabalhismo, base dos governos de de 18 anos, sendo excluídos analfabetos, mendigos,
Getúlio Vargas, já que os cangaceiros ganhavam a integrantes das forças armadas das patentes mais
vida sem trabalhar e, ainda, ajudavam famílias po- baixas e aqueles considerados sem direitos políticos
bres a conseguir rendas indevidas. por decisão judicial.
C A perseguição aos grupos de cangaceiros, a exem- 08. Na economia, o novo governo implementou políti-
plo do liderado por Lampião, simbolizava o projeto cas de incentivo à importação de produtos destina-
de modernização implementado pela Revolução de dos ao mercado consumidor interno, em expansão.
Trinta e maior controle sobre o poder dos coronéis, 16. Para afastar definitivamente as oligarquias cafeeiras
mesmo que o regime altamente desigual de distri- do poder, o novo governo adotou medidas restriti-
buição de terras continuasse vigente. vas ao cultivo e à comercialização do café.
29
SISTEMA DE ENSINO A360°
E Em 24 de outubro de 1930, temendo um golpe ci- D tomaram o poder e estabeleceram um regime auto-
vil e militar, o presidente empossado, Júlio Prestes, ritário, que endividou o Estado brasileiro e promo-
nomeou Getúlio Vargas como Presidente interino. veu o desenvolvimento econômico.
Inicia-se, então, a Era Vargas. E criticavam o monopólio do poder pela oligarquia e
insurgiram-se contra ela de armas na mão em cida-
17| ESPM No Rio de Janeiro, no Distrito Federal, já vitorioso des como Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus.
o movimento revolucionário em todo o país, um gru-
po de oficiais generais, liderados pelo general Augusto 19| UFAL
Tasso Fragoso, exigiu a renúncia do presidente através A crise da oligarquia no Brasil, na década de 1920, refletiu as
de documento encaminhado ao cardeal Dom Sebastião transformações que ocorriam na sociedade brasileira e
Leme, que transmitiu o ultimatum ao Ministro das Rela- que se manifestavam:
ções Exteriores, Otávio Mangabeira. No dia 24 de outu-
bro foi o desenlace. Ante a negativa de Washington Luís A no descontentamento dos militares, que exigiam
de renunciar, os militares cercaram o Palácio Guanabara maior participação no poder político da República e
e determinaram a prisão do presidente. eram aliados dos pequenos proprietários de terra, e
(Paulo Sérgio Pinheiro. Estratégias da Ilusão: a Revolução Mundial e o Brasil (1922-1935). no crescimento urbano-industrial do país.
30
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
B no esgotamento da hegemonia da cafeicultura, na que estabelecessem jornada diária de trabalho de 8 ho-
ascensão da classe média, no descontentamento da ras e a proibição do trabalho de menores de 14 anos,
jovem oficialidade militar e das oligarquias menores entre outras solicitações.
com o predomínio dos latifundiários de Minas e São
A liderança desse movimento coube
Paulo.
A ao PCB (Partido Comunista Brasileiro), fundado em
C na insatisfação política das oligarquias estaduais em
1889, quando da proclamação da República, por
vista das propostas de reforma agrária apresentadas
ex-escravos (libertos no ano anterior, pela Lei Áu-
pelos proprietários das grandes fazendas de café do
rea de 1888).
Sul do pais, e no crescimento urbano-industrial.
B ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) fundado por
D na introdução da mão de obra assalariada de mi-
trabalhadores brasileiros que ora defendiam o capi-
grantes estrangeiros em substituição ao trabalho
talismo, ora o socialismo.
escravo nas fazendas de café, na insatisfação política
das oligarquias estaduais. C aos anarquistas italianos, que haviam trazido essa
E na insatisfação política das oligarquias estaduais em ideologia da Europa e divulgavam suas ideias em
vista das propostas de mudança nas políticas agrí- jornais; contavam com uma forte simpatia dos anar-
colas apresentadas pelos proprietários das grandes cossindicalistas.
fazendas de café do Sul do pais e no crescimento D aos liberais, que desde o século XVIII lutavam pela
urbano-industrial. liberdade e pela igualdade civil. No século XX, os li-
berais abraçaram a causa operária.
20| IFSP A greve geral dos operários, em julho de 1917, em
São Paulo, foi a primeira impressionante manifestação E à imprensa livre, que sempre sofreu forte repressão
política urbana da Primeira República. Tendo a partici- dos governos oligárquicos existentes durante as pri-
pação de milhares de operários, o movimento exigia leis meiras décadas do Brasil Republicano.
31
SISTEMA DE ENSINO A360°
O período getulista (1930-1945) é dividido em três fases: Governo Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-
1937) e pelo Estado Novo (1937-1945). Analisaremos a seguir cada uma dessas fases em seus pormenores.
1 O populismo foi um regime político em que o líder carismático, geralmente ligado às elites, concede benefícios e privilégios às
diversas camadas sociais, visando à obtenção de apoio político. Tal regime foi observado em países latino-americanos a exemplo
de Brasil, México e Argentina em um período em que se notava um intenso processo de urbanização combinado ao exôdo rural.
Esse fato impulsionou o crescimento das massas populares urbanas e fomentou o interesse dos governos em criar mecanismos
políticos trabalhistas e sociais de aproximação com essas massas, visando à despolitização e desestruturação de sindicatos livres
e participativos.
32
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Como interventor do Estado de São Paulo, Vargas nomeou o pernambu-
cano João Alberto, o que gerou um forte descontentamento da elite paulista
que era contra a nomeação de um não paulista para assumir o cargo. Diante
do impasse, os paulistas politizados formaram a Frente Única Paulista (FUP),
que objetivava constitucionalizar o país e instituir como interventor do Esta-
do um paulista e civil.
Estouraram na capital paulista várias manifestações antigetulistas e, em
uma delas, ocorreu uma tragédia: os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio
e Camargo (MMDC) foram mortos a tiros pela polícia e as iniciais de seus
nomes ficaram imortalizadas como símbolo do movimento liderado pela elite
paulista.
Sob forte influência da mídia, representada principalmente pelo jornal O
Estado de São Paulo, que defendia a constitucionalização do país – lembran-
do que Vargas assumiu o poder através de um golpe em 1930 e, portanto,
não foi eleito constitucionalmente –, estourou em São Paulo, em julho de
1932, o movimento armado que ficou conhecido como Revolução Constitu-
cionalista.
Tal movimento foi liderado pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo civil
Pedro de Toledo, os quais conseguiram em poucos dias formar um grande
exército. Atendendo ao apelo do movimento, milhares de voluntários, funda-
mentalmente jovens da classe média, alistaram-se como soldados em defesa
dos ideais constitucionalistas. Os industriais paulistas colaboraram produzin- Figura 17- Charge criticando o governo inconstitucio-
nal de Vargas.
do armas, munições, veículos blindados e aviões. Ver em: http://s433.photobucket.com/user/
RICKY_1972/media/BLOG%20II/CARTAZ11_zps-
Com relação ao apoio dos outros Estados da Federação, dos 20 daquele 136d7f92.jpg.html
período, apenas Mato Grosso colaborou enviando armas e soldados. Pen-
sando de forma estratégia, o Governo Federal mandou fechar o porto de Santos, deixando os rebeldes isolados do restante do
país. Diante da superioridade em armamentos e soldados das tropas oficiais, os paulistas assinaram sua rendição em outubro
de 1932.
Mesmo vitorioso, o Governo Vargas nomeou o paulista Armando de Salles de Oliveira como interventor de São Paulo e
deu início ao processo de constitucionalização do país, aprovando o Código Eleitoral de 1932, o qual concedia o direito de voto
às mulheres.
Ficou estabelecido, também, pela nova Constituição, que a próxima eleição seria de forma indireta, ou seja, sem participa-
ção popular. E diante da resolução, em 1934, Getúlio Vargas foi eleito constitucionalmente.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Esse período foi marcado pelos plenos poderes do então Presidente que, através da Constituição que ele mesmo impôs,
poderia mandar prender qualquer pessoa e extinguiu os partidos políticos. Uma polícia política foi criada para perseguir, tortu-
rar e prender cidadãos. Os estados do país perderam autonomia, ficando subordinados aos ditames do Governo Federal.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UNICAMP Na Lei Orgânica do Ensino Secundário de 9 quele ano de 1937. A pátria começava a calçar as chutei-
de abril de 1942, podemos ler: 1. É recomendável que ras para não tirá-las nunca mais. Desde o início de 1938,
a educação secundária das mulheres se faça em estabe- três meses antes do início da terceira Copa do Mundo,
lecimentos de ensino de exclusiva presença feminina. 2. na França, a expectativa que envolvia a participação bra-
Incluir-se-á nas terceira e quarta séries do curso ginasial sileira era enorme. Mediado pelos jornais e, sobretudo,
e em todas as séries dos cursos clássico e científico a pelo rádio, o encontro da popularidade do futebol com
disciplina de economia doméstica. 3. A orientação me- os ideais do Estado Novo contagiava e unia todo o país.
todológica dos programas terá em mira a natureza da Os jogadores eram vistos como nossos embaixadores
personalidade feminina, bem como a missão da mulher na Europa, e deles se esperava o mesmo que então se
dentro do lar. exigia de cada cidadão comum: coragem, disciplina e pa-
triotismo acima de tudo. Eram esses os ingredientes que
(Adaptado de Carla Bassanezi Pinsky e Joana Maria Pedro (orgs.),
Nova História das Mulheres. São Paulo: Contexto, 2012, p. 337.) alimentavam o sonho de fazer do Brasil tanto uma gran-
de nação quanto campeão mundial de futebol. Constan-
A Cite duas mudanças na legislação que afetaram a
tes referências a Getúlio e aos altos interesses do país
condição feminina no Brasil nas décadas de 1930 e
legitimavam o caráter oficial da delegação, reforçado
1940.
ainda pela escolha da filha do presidente, Alzira Vargas,
B Qual o papel desejado para a mulher durante o Esta- como madrinha da equipe. Tamanha mobilização fez do
do Novo (1937-1945)? embarque da seleção rumo à França uma apoteose pa-
triótica.
Resolução:
FRANZINI, Fábio. Quando a pátria calçou chuteiras. In: Revista de
A A condição da mulher, nessas décadas, foi afetada História da Biblioteca Nacional, 30 jun. 2009. Disponível em:
<http://www.revistadehistoria.com.br>. Acesso em: abr. 2014. (Adaptado).
pela lei que estabeleceu seu direito ao voto e pela re-
gulamentação do trabalho, com direitos específicos O texto apresentado se refere ao contexto histórico e
previstos nas leis trabalhistas do período. político do Brasil que envolveu a participação da sele-
ção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1938, na
B O enunciado apresenta a ambiguidade do Estado França. De acordo com esse parágrafo e o contexto ao
Novo ao desejar um perfil conservador para a mu- qual ele remete,
lher (organizadora do lar, cuidadora da família e da
economia doméstica) em contradição com a amplia- A identifique o ideal, destacado reiteradamente no
ção dos seus direitos no período. texto, que deveria ser seguido pelos jogadores bra-
sileiros, segundo a propaganda do Estado Novo.
02| UFG Leia o texto a seguir.
B explique os propósitos do Estado Novo varguista ao
A bola não demorou a entrar no clima nacionalista do propagar a identidade entre o povo brasileiro, o fu-
Estado Novo, durante a ditadura instalada por Vargas na- tebol e a nação.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Resolução: 03| UERJ
A Segundo a propaganda do Estado Novo, o principal
ideal a ser seguido pelos jogadores na Copa do Mun-
do de Futebol de 1938 era o sentimento patriótico
ou nacionalista, conforme atestam as seguintes pas-
sagens no texto: 1) “...deles [jogadores] se esperava
o mesmo que se exigia de cada cidadão comum: […]
patriotismo acima de tudo”; 2) “Tamanha mobiliza-
ção fez do embarque da seleção rumo à França uma
apoteose patriótica”; 3) “A pátria começava a calçar
as chuteiras...”; 4) “A bola não demorou a entrar no
clima nacionalista do Estado Novo”; 5) “Eram esses
os ingredientes que alimentavam o sonho de fazer
do Brasil […] uma grande nação...”.
B Como o Estado Novo implantado em novembro de cpdoc.fgv.br
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UNESP Getúlio Vargas paira entre palavras e imagens. 02| UNICAMP Em janeiro de 1932, o aniversário de São Pau-
Em um dos quadros, sorridente, ladeado de escolares lo foi comemorado com enorme comício na Praça da Sé.
também sorridentes, Getúlio toca o rosto de uma meni- A multidão empunhava bandeiras do Estado, além de
na; ao seu lado, um menino empunha a bandeira nacio- cartazes com palavras de ordem como “Tudo pelo Bra-
nal. Os textos são todos conclamativos e supõem sempre sil! Tudo por São Paulo!”, “Abaixo a ditadura!”, ou ainda
uma voz a comandar o leitor infantil e a incitá-lo para “Constituição é Ordem e Justiça!”.
a ação. A mesma getulização dos textos escolares se faz (Ilka Stern Cohen, “Quando perder é vencer”. Revista de História da Biblioteca Nacio-
nal, Rio de Janeiro, jul. 2012.
presente na ampla literatura encomendada pelo DIP [...]. http://www.revistadehistoria.com.br/secao/dossie-imigracao-italiana/quando-per-
der-e-vencer. Acessado em 05/10/2012.)
(Alcir Lenharo. Sacralização da política, 1986.)
A Aponte dois aspectos que contribuíram para a ten-
Explique o que o autor chama de “getulização dos tex- são entre o governo Vargas e o Estado de São Paulo,
tos escolares” e analise o papel do DIP (Departamen- em 1932.
to de Imprensa e Propaganda) durante o Estado Novo B Explique por que a Constituinte era uma reivindica-
(1937-1945). ção dos paulistas.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
03| UEG Observe a charge a seguir. A partir do que estabelece o texto, indique dois exem-
plos de realizações econômicas decorrentes das no-
vas diretrizes impressas na política brasileira, no perí-
odo denominado “Era Vargas”, explicando-os.
realidade brasileira, e, por isso, não se concebia mais o A Quais foram as características da política externa
seu corolário: o estado “democrático”, que se restringia brasileira de 1939 a 1942?
a regulamentar as relações econômicas e intervir apenas
como mediador nos casos de divergências ou prestando B Aponte três características do regime brasileiro
socorro aos setores privados nas épocas de dificuldades nesse período.
e crises. C Ao final do texto, Vargas revela uma certa triste-
O Estado, segundo as concepções que passaram a nor- za porque adversários do Regime por ele funda-
tear a política econômica, deveria chamar para si a res- do estariam de acordo com o rompimento com o
ponsabilidade das iniciativas no plano econômico. Eixo. Há relações entre a participação do Brasil na
(NADAI; NEVES, 1993, p. 224). Segunda Guerra e o fim desse regime? Justifique.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
T ENEM E VESTIBULARES
01| FAMECA Um dos aspectos mais coerentes do governo 03| FMJ Art. 1.º Este regulamento dispõe sobre a entrada
Vargas foi a política trabalhista. Entre 1930 e 1945 ela e a permanência de estrangeiros no território nacional,
passou por várias fases, mas desde logo se apresentou sua distribuição e assimilação e o fomento do trabalho
como inovadora com relação ao período anterior. agrícola. Em sua aplicação ter-se-á em vista preservar a
(Boris Fausto. História concisa do Brasil, 2001.) constituição étnica do Brasil, suas formas políticas e seus
interesses econômicos e culturais.
Essa política foi “inovadora com relação ao período an-
terior” porque Art. 2.º O número de estrangeiros de qualquer naciona-
lidade admitidos anualmente no Brasil em caráter per-
A estabeleceu uma legislação específica para o traba-
manente não poderá exceder a quota fixada neste regu-
lho e atrelou o aparato sindical ao Estado.
lamento.
B buscou o apoio das organizações dos trabalhadores
Art. 3.º A quota a que se refere o artigo anterior corres-
e tratou a questão social como “caso de polícia”.
ponde a dois por cento (2%) do número de estrangeiros
C proibiu a sindicalização dos trabalhadores urbanos e da mesma nacionalidade que entrarem no país, com o
decretou as leis do salário mínimo e das férias. mesmo caráter, no período de 1.º de janeiro de 1884 a
D expulsou os líderes sindicais estrangeiros e privile- 31 de dezembro de 1933.
giou a regulamentação do trabalho no campo. (Decreto-lei nº 3.010, de 20 de agosto de 1938. www.camara.leg.br.)
E criou o sistema nacional de previdência social e esti- Analisando-se a legislação, pode-se considerar que
mulou os movimentos proletários de esquerda. A a política imigratória do Estado Novo teve caracte-
rísticas nacionalistas.
02| FATEC
B a intenção governamental era levar estrangeiros
para as regiões despovoadas.
C a lei abria o território à entrada descontrolada de
imigrantes.
D o objetivo governamental era fechar o país à entra-
da de estrangeiros.
E a verdadeira intenção do governo era evitar a entra-
da de portugueses.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
D A Revolução de 1930 põe fim à hegemonia dos pro- Quem me dera acreditar
dutores de café e, apesar de não banir o produto, Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
inicia no País a fase da indústria de substituição das Que venha o fogo então.
importações.
Esse ar deixou minha vista cansada,
E A partir de 1937, iniciou-se uma nova relação en- Nada demais.
tre o governo varguista e os intelectuais, os quais, LEGIÃO URBANA. Fábrica. Disponível em:
sem exceção, passaram a trabalhar juntos a partir <http://letras.mus.br/legiao-urbana/22506/>. Acesso em: 25 out. 2013.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
08| FAC. CULTURA INGLESA A Revolução de 1930, no Bra- D do interesse brasileiro em reduzir sua venda de café
sil, aboliu a Primeira República e levou Getúlio Vargas à e algodão para as grandes potências europeias e
presidência do país. Em 10 de novembro de 1937, Ge- ampliar sua parceria comercial com a Alemanha.
túlio Vargas, por meio de um golpe político, instituiu o
Estado Novo, o qual E da identidade ideológica de Getúlio Vargas com as
ideias liberais, propagadas pelos Estados Unidos, e
A estabeleceu o sufrágio universal masculino, conce-
de seu interesse em obter recursos com o aluguel de
deu o direito de voto aos analfabetos e reprimiu a
bases militares em território brasileiro.
Revolta da Armada.
B reduziu os direitos sociais dos trabalhadores urba- 10| UEM Sobre as políticas trabalhistas e econômicas do Es-
nos, realizou uma reforma agrária e privatizou em- tado brasileiro, assinale o que for correto.
presas estatais.
01. Com a implantação do plano Salte, instituído duran-
C fortaleceu os poderes políticos das oligarquias, nos te o governo militar, o Brasil se tornou um país atra-
estados, incentivou a expansão da economia cafe- ente aos investimentos estrangeiros, isso fez que
eira e impediu a participação do Brasil na Segunda crescesse, conforme o slogan da época, “50 anos
Guerra Mundial. em 5”.
D aboliu o federalismo, substituiu os governadores
02. O plano cruzado, implantado durante o quarto ano
por interventores do governo central e exerceu se-
do governo de Fernando Collor de Melo, promoveu
vero controle sobre a imprensa falada e escrita.
a elevação da taxa de juros no mercado brasileiro, o
E legalizou o Partido Comunista, favoreceu o cresci- que levou à cassação de Collor no seu último ano de
mento do Partido Integralista e foi favorável à Itália governo.
e à Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
04. Apesar da abertura do mercado brasileiro, principal-
09| FAC. DIREITO DE FRANCA “O Brasil de Vargas, que em mente à importação de bens de consumo, no início
1939 resistira às pressões norte-americanas, mantendo da década de 1970, as indústrias nacionais se for-
a neutralidade [diante da Segunda Guerra Mundial], taleceram e, com isso, a taxa de desemprego caiu
acabou se inclinando a favor dos EUA em 1941. (...) O abruptamente, devido aos investimentos nas indús-
Brasil se declarou formalmente em guerra em meados trias de bens não duráveis.
de 1942, poucos meses depois de sua ruptura com o
08. Nas últimas três décadas, o parque industrial bra-
Eixo. Cedeu a base militar de Natal aos EUA e, em 1944,
sileiro vem-se desconcentrando e, atualmente,
enviou uma força expedicionária para lutar na Itália.
apresenta maior dispersão espacial dos estabeleci-
É evidente que aopção de Vargas revelava, ao mesmo
mentos industriais em regiões que eram, historica-
tempo, sua estratégia não-ideológica e seu faro políti-
co, pois o alinhamento aos Aliados se deu quando o Eixo mente, marginalizadas.
ainda era vitorioso no terreno militar.” 16. Com a promulgação da Constituição de 1934, no go-
Boris Fausto e Fernando J. Devoto. Brasil e Argentina. verno de Getúlio Vargas, regulamentaram-se as re-
Um ensaio de história comparada (1850-2002).
São Paulo: Editora 34, 2004, p. 272-273. lações de trabalho. Entre as principais medidas que
beneficiaram o trabalhador, figuravam a criação do
A partir do texto e de seus conhecimentos, podemos afir-
salário mínimo, as férias anuais e o descanso sema-
mar que a adesão brasileira ao bloco dos Aliados, na Se-
nal remunerado.
gunda Guerra Mundial, resultou, entre outros motivos,
A do oportunismo do governo brasileiro, que perce- 11| UNIFOR Getúlio Vargas governou o Brasil por quase
beu que os países do Eixo caminhavam em direção 20 anos (1930-1945 e 1950-1954). Chegou ao poder
à derrota militar e, por isso, aliou-se aos prováveis através da Revolução de 1930, abrindo um período de
vitoriosos na guerra. modernidade voltada para os aspectos políticos, eco-
nômicos e sociais brasileiros, até então nunca traba-
B da simpatia política e ideológica do regime ditatorial
lhados. Considerando o período 1930-1945, a afirmati-
do Estado Novo em relação aos regimes autoritá-
va que não se enquadra nas características do governo
rios, de caráter nazifascista, da Alemanha e da Itália.
Vargas é:
C de uma jogada política de Getúlio Vargas, que as-
sim garantiu maior proximidade política e comercial A Forte concentração de poder no Executivo federal.
com os Estados Unidos, principal comprador do café B Fechamento do Congresso Nacional, assim como as
brasileiro. Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
12| PUC Assim como os nazistas e os fascistas, os integralis- D na rejeição da ideia de que a sociedade seja movi-
tas pregavam a substituição da luta de classes pela as- da pela luta de classes e na defesa de que o poder
censão dos melhores, para renovar as camadas dirigen- seja exercido por um grupo limitado e privilegiado
tes e continuar estrutural e funcionalmente o seu papel de pessoas.
na sociedade. E na busca de uma revolução proletária internacio-
Antonio Candido. Teresina etc Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980, p. 129. Adaptado.
nal e no reconhecimento do papel central que o
O texto compara nazismo, fascismo e integralismo, iden- governo deve exercer na harmonização das rela-
tificando-os ções sociais.
ERA DEMOCRÁTICA
A Era Democrática (1946-1964) foi marcada pelos Governos de cinco presidentes, sendo, respectivamente: o de Eurico
Gaspar Dutra (1946-1950); o segundo Governo Vargas (1951-1954); o de Juscelino Kubitschek (1956-1960); o de Jânio Qua-
dros (1961) e o de João Goulart (1961-1964). Tal período é assim denominado pelo fato de todos esses presidentes terem sido
eleitos democraticamente, ou seja, através de voto direto e secreto.
42
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
na década de 1950, só as pessoas mais ricas podiam ter um apare-
lho como esse. Ter uma televisão em casa era um luxo e ao mesmo
tempo uma atração. Era a “caixa mágica”!
NACIONALISMO
No poder, Getúlio tratou de explorar o conceito de nacionalismo,
buscando o desenvolvimento do país sob a égide do Estado, o que pro-
vocou a ira do Governo dos Estados Unidos, do capital estrangeiro, dos
Comício em Curitiba na campanha eleitoral presidencial de
1950. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ empresários e industriais brasileiros que defendiam uma descentraliza-
fichaTecnicaAula.html?aula=31770 ção econômica.
43
SISTEMA DE ENSINO A360°
O SUICÍDIO DE VARGAS
Um dos principais opositores de Vargas era o deputado da
UDN, Carlos Lacerda, dono do jornal oposicionista Tribuna da
Imprensa, que acusava freneticamente o presidente de corrup-
to e defendia a sua destituição do poder.
Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu um aten-
tado no qual ocorreu a morte de seu segurança, o Major da
Aeronáutica Rubens Vaz. As investigações que se seguiram ao
fato apontaram para o nome de Gregório Fortunato, chefe da
guarda de segurança de Getúlio.
O Governo entra, então, em uma profunda crise e a oposi-
ção começa a se articular, principalmente às Forças Armadas,
pedindo a renúncia do presidente Getúlio Vargas, sendo apoia-
dos inclusive pelo vice-presidente Café Filho, que se aliara à
oposição.
Getúlio sentia-se pressionado e sem o apoio de que antes
dispunha. Convicto de que não iria renunciar, suicidou-se com
um tiro no coração na manhã do dia 24 de agosto de 1954. A
morte de Getúlio Vargas ocasionou uma comoção nacional que
levou centenas de milhares de pessoas às ruas e agravou ainda
mais a crise política que assolava a nação – impedindo, assim,
qualquer golpe ou tomada de poder pelas forças conservado-
ras. A presidência foi assumida pelo vice-presidente, Café Filho.
Antes de cometer suicídio, Getúlio Vargas escreveu uma
carta-testamento como uma espécie de manifesto, na qual jus-
tificava o seu ato, anunciando seu “sacrifício” em prol da nação,
sendo amplamente divulgada pelos jornais e meios de comuni- Cortejo fúnebre do presidente Getúlio Vargas na praia do Flamengo
na cidade do Rio de Janeiro, em 25 de agosto de 1954. Disponível em:
cação da época. http://www.alerj.rj.gov.br/livro/pag_113.htm
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
TEXTO COMPLEMENTAR
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade
social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais
aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi
detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade na-
cional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação
se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
E aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para
a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre
em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação
do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha
vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e
saio da vida para entrar na História.
Getúlio Vargas,
Carta-Testamento, 24 de agosto de 1954.
45
SISTEMA DE ENSINO A360°
CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA
Buscando o desenvolvimento do interior e a maior ligação entre os
Estados brasileiros, JK construiu, em meio ao Planalto Central, a nova
capital federal, a cidade de Brasília. Até então, a economia brasileira
concentrava-se principalmente na região Sudeste e nas cidades ao longo
do litoral. A mudança da capital para o interior do país promoveria uma
maior integração nacional.
Concebida e projetada pelo urbanista Lúcio Costa e pelo arquiteto
Oscar Niemeyer, o plano piloto lembra as asas de um avião, com ruas e Cerca de 100 mil trabalhadores nordestinos, chamados
de candangos, ajudaram a construir a nova capital fede-
avenidas largas, propícias para o trânsito intenso e rápido de veículos. ral. Disponível em: http://conhecendodf.blogspot.com.
br/2012/06/na-praca-dos-tres-poderes-esta-o.html
46
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
A inauguração de Brasília teria que ocorrer ainda no Governo de Juscelino. Construída em tempo recorde, a nova capital
federal foi erguida principalmente pelas mãos de trabalhadores nordestinos que migraram para região. Esses migrantes fica-
ram conhecidos como candangos. Assim, depois de três anos, Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960.
TEXTO COMPLEMENTAR
NOS “ANOS DOURADOS” DE JK, O BRASIL GANHA NA SUÉCIA.
Em 1958, o Brasil vivia os “anos dourados”, como ficou conhecido o período do governo desenvolvimentista de Jus-
celino Kubitschek (1956-1961). Naquele momento histórico, uma nova capital – Brasília – estava sendo construída, e o
projeto arquitetônico/urbanístico de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa não deixava dúvida sobre os ideais utópicos que ins-
piravam a monumental obra. Ainda havia conflitos, claro, como indica a notícia de greves naquele mês de dezembro em
São Paulo – greve geral contra a carestia e greve nos transportes coletivos. Mas o plano de metas de JK prometia “50 anos
de progresso em 5 anos de governo” e tinha respaldo popular e apoio do empresariado, dos militares e até de sindicatos
operários. O preço daquele progresso, hoje sabemos, era a porta que se abria à entrada das multinacionais no país, com
crescimento da dependência econômica, da dívida externa etc.(...)
(...) Em 1958, o Brasil conquistava a Copa da Suécia, tornando-se campeão mundial pela primeira vez. Fortes emo-
ções e euforia dos torcedores vinham junto com a estreia de Pelé – com apenas 17 anos e já marcando seis gols naquele
campeonato. O rei do futebol jogava ao lado de Garrincha e Didi, que eram heróis nacionais. O Brasil ganhava fama de o
país do futebol.
47
SISTEMA DE ENSINO A360°
(...) A frase é famosa: “Nós vamos vencer, vamos jogar com a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida”, teria dito
o supersticioso dirigente da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, ao saber que, no sorteio, os suecos fica-
ram com o uniforme amarelo, restando aos canarinhos se vestir de azul, no jogo que decidiria a Copa de 58, no estádio
Råsunda.
(...) Pena que nem a cor das camisas, nem os dribles desse campeonato seriam exibidos na televisão brasileira, a exemplo
do que aconteceu em 1954. Restava aos brasileiros ouvir pelo rádio e ver depois as fotos dos jogos e dos craques em revistas
e jornais. Mas uma boa novidade tecnológica ‘salvaria a pátria’ em 1958: os kinescópios, filmagens em 16 mm produzidas
pelos europeus, que foram adquiridas pela extinta TV Tupi e transformadas mais tarde em videoteipe (o recurso seria usado
no Brasil ainda a partir de 1958). Quanto ao público europeu, mais uma vez veria os jogos pela televisão, só que com a inova-
ção da trasmissão via satélite. Essa possibilidade deveu-se ao satélite soviético Sputnik, que era lançado em segunda versão
naquele ano. Por falar em TV, no Brasil, o seu uso crescia aceleradamente e já alcançava cerca de um milhão e meio de teles-
pectadores em todo o território. Em São Paulo (os números são de 1956), as três emissoras de TV arrecadavam mais que as
treze emissoras de rádio existentes.
(...) A indústria crescendo, vinha o apelo da
moda e do consumo, que mais e mais sedu-
zia os brasileiros. Em 1958, começava a ser
produzido no Brasil o Fusca, por exemplo.
Bem, o lançamento oficial seria um pouco
depois, em 3 de janeiro de 1959. E em 18 de
novembro de 1959, a Volkswagen inaugurou
oficialmente a fábrica Anchieta, em São Ber-
nardo do Campo, no Grande ABC paulista.
(...) Já entre os mais jovens, a febre do
momento era a lambreta, uma motoneta
do tipo “vespa” que aportava aqui, vinda
da Itália, em 1958. O modelo completo era:
chiclete, blusões de couro a lá Elvis Presley e
lambreta. Mas se engana quem pensa que
a vida da juventude era fácil naquela épo-
ca. Pouco antes, em 1957, o prefeito de São Volta Olímpica dos jogadores da seleção brasileira, vencedores da Copa do Mundo
Paulo, Jânio Quadros, mostrando seu estilo de 1958, na Suécia. Disponível em: http://placar.abril.com.br/materia/enfim-o-ca-
neco-e-nosso-brasil-conquista-o-titulo-mundial-de-1958/
quadradão, proibia – pasmem! – o rock and
roll nos bailes!
A mesma onda de otimismo e modernidade dos anos JK contagiava a música popular, que se renovava com o surgi-
mento da Bossa Nova. Em julho/agosto de 1958, saía o disco (78 rotações, da Odeon) que ficaria para a história como
marco do movimento: o compacto simples de João Gilberto, com a canção Chega de Saudade, composta por Tom Jobim e
Vinicius de Moraes. Antes disso, em maio, a batida revolucionária do violão de João já podia ser apreciada no álbum Can-
ção do Amor Demais, com interpretações da cantora Elizeth Cardoso, que marcava a estreia da dupla Tom e Vinicius. (...)
Trechos do texto de Regina Rocha, disponível em http://www.portal2014.org.br/noticias/1820/NOS+ANOS+DOURADOS+DE+JK+O+BRASIL+GANHA+NA+SUECIA.html Acesso em 13/02/2015
48
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Sabendo explorar as denúncias de corrupção do
governo JK, Jânio Quadros se lançou à presidência
em 1960, apoiado pela UDN e por outras forças an-
tigetulistas. Foi eleito presidente, assumindo o car-
go em janeiro de 1961, já na nova capital, Brasília,
com o maior número de votos da história política do
Brasil – 48% da preferência do eleitorado. No entan-
to, não conseguiu eleger seu vice-presidente, sendo
eleito para ocupar tal cargo novamente o gaúcho
João Goulart, de outro partido, já que, nessa época,
o cargo para presidente e vice-presidente era vota-
do separadamente.
RENÚNCIA AO PODER
As atitudes e medidas tomadas por Jânio Quadros contrariaram tanto a classe popular quanto a conservadora, isolando seu
governo. Diante disso, a UDN, liderada por Carlos Lacerda, rompeu com o Presidente, acusando-o publicamente de comunista
e de que estaria planejando um golpe de Estado.
49
SISTEMA DE ENSINO A360°
Devido a sua política personalista, o Presidente não contava com apoio sufi-
ciente para sustentar-se no poder. Contava com uma ampla oposição no Congres-
so Nacional que impedia a aprovação de seus projetos. Assim, surpreendendo
a todos, em 25 de agosto de 1961, com apenas sete meses de mandato, Jânio
Quadros enviou uma carta estilo bilhete ao Congresso Nacional, na qual dizia
renunciar à presidência da República, justificando sua renúncia devido às “forças
ocultas terríveis” que se levantaram contra ele.
Alguns historiadores e fontes próximas a ele especulam que a expectativa de
Jânio era que o Congresso não aceitasse a renúncia. Ele queria gerar uma mobili-
zação principalmente militar contra a sua renúncia e a favor da sua continuidade
no poder, pois acreditava que as Forças Armadas, juntamente com a elite conser-
vadora, jamais aceitariam a posse do vice-presidente João Goulart, notadamente
um represente da esquerda e ligado aos sindicatos. Dessa forma, achava que
sairia mais fortalecido e com amplos poderes para governar e implementar suas
medidas com maior facilidade.
Todavia, não foi isso o que aconteceu. O Congresso aceitou imediatamente
seu pedido de renúncia. De acordo com a Constituição, a presidência deveria
Segundo a charge de Appe para o jornal O Cru-
ser ocupada pelo vice-presidente João Goulart, mas este estava em visita ofi- zeiro, a renúncia de Jânio Quadros ao poder foi
cial a China. Apoiado pelo Congresso, Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos como um suicídio político. Nota-se que o presi-
dente pula de um prédio e embaixo a multidão
Deputados, tomou posse interinamente, isto é, governaria até a volta de João corre para os lados, largando a rede que poderia
salvá-lo da queda. (O Cruzeiro, 7 de outubro de
Goulart ao Brasil. 1961, nº52, ano XXXIII).
TEXTO COMPLEMENTAR
50
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
O GOVERNO JANGO
A renúncia de Jânio Quadros serviu aos interesses da UDN e dos demais grupos que lhe faziam oposição. No entanto, a
posse de Jango na presidência seria um obstáculo à realização desses interesses, já que ele era tido como um político de es-
querda, provocando uma séria crise na política brasileira. Formaram-se, então, duas frentes: um grupo contrário e outro grupo
favorável à posse de Jango.
Sob a alegação de que Jango teria ligações com o comunismo e que, portanto, seria uma ameaça à economia e a sociedade
brasileira, comandantes militares, a UDN e a elite capitalista defendiam o veto à posse de João Goulart, tentando impedi-lo de
assumir o poder.
Nesse momento, as Forças Armadas estavam di-
vididas. Muitos oficiais defendiam o cumprimento do
que dizia a Constituição Federal, defendendo o res-
peito à legalidade, ou seja, a posse de Jango. Dentre
esses oficiais, estava mais uma vez o general Lott.
Esse grupo que lutava pela legalidade ganhou mais
força com a adesão do general Machado Lopes, co-
mandante do Exército do Rio Grande do Sul. Para re-
presentar esse grupo, foi criada a Rede da Legalidade
pelo cunhado de Jango e governador do Estado do Rio
Grande do Sul, Leonel Brizola. Defensora radical da
posse de Jango à presidência, essa frente da legalida-
Jango em comício em 1962. Disponível em: http://www.pautandominas.com.br/
de ameaçou usar a força através de uma resistência en/May2013/brasil/197/Corpo-do-ex-presidente-Jo%C3%A3o-Goulart-%C3%A-
armada, o que poderia levar o país a uma guerra civil. 9-exumado.htm
51
SISTEMA DE ENSINO A360°
O Parlamentarismo no Brasil teve a chefia do Poder Executivo exercido por três primeiros-ministros: o político mineiro
Tancredo Neves, que governou por nove meses, Brochado da Rocha, que governou por pouco mais de dois meses, e Hermes
Lima, que governou até um plebiscito realizado no inicio de 1963, com mais de 9 milhões de votos contra o parlamentarismo,
voltar a instituir o sistema presidencialista no país.
52
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
autoridades civis e militares, empresários e setores conservadores da Igreja Católica realizava passeatas contra as reformas de
base. Em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade reuniu cerca de 800 mil pessoas que protestavam contra o
governo e suas medidas.
Os militares ficaram mais temerosos ainda quando ocorreu, dentro das Forças Armadas, a Revolta dos Marinheiros no
Rio de Janeiro. Eles exigiam melhores condições de trabalho e que as Reformas de Base acontecessem. A Marinha prendeu
os líderes, mas Jango os anistiou, o que para os militares representava um desrespeito com a hierarquia militar. O orgulho e a
disciplina nas Forças Armadas estavam em jogo. Acusavam o governo de estimular a desordem no país.
O GOLPE MILITAR
Com os acontecimentos que se seguiram à Revolta dos Marinheiros, o comando militar decidiu apoiar a conspiração contra
o Presidente. O general Castelo Branco, contando com o apoio dos Estados Unidos e de alguns governadores, como Carlos
Lacerda, colocou-se à frente de um golpe militar que mais tarde tiraria Jango do poder.
Em 31 de março de 1964, explodiu a rebelião das Forças Armadas contra o Governo. O movimento teve início no estado de
Minas Gerais e foi liderado pelo general Olympio de Mourão Filho (o mesmo que no governo de Getúlio Vargas, em 1937, criara
o Plano Cohen), que iniciou uma marcha para o Rio de Janeiro, onde estava João Goulart. Posteriormente, comandos militares
de todo o Brasil aderiram ao movimento. O golpe militar contou também com o apoio da classe média, da Igreja Católica e dos
setores mais conservadores da sociedade.
Na tentativa de controlar a situação, Jango partiu para Brasília, mas chegando lá percebeu que não contava com nenhum
apoio. Em 1º de abril de 1964, sem condições de resistir ao golpe militar, Jango deixou a capital rumo ao estado do Rio Grande
do Sul e de lá seguiu viagem até o Uruguai, onde permaneceu como exilado político.
No dia do golpe, os principais líderes sindicais e os que eram contra os militares foram detidos, dificultando uma organi-
zação de resistência. Tanques de guerra e caminhões repletos de soldados tomaram as ruas das principais cidades brasileiras,
dando início a um período de repressão e violência. Estava instaurada a Ditadura Militar no Brasil.
TEXTO COMPLEMENTAR
53
SISTEMA DE ENSINO A360°
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| PUC RJ Desenvolvimento e integração nacional foram objetivos
de vários governos republicanos brasileiros. O presiden-
te Juscelino Kubitschek (1956-1960) considerava a cons-
trução de Brasília um dos objetivos do seu projeto de
governo.
54
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Resolução: operárias e lideranças populares deste país. (...) O caminho
das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Re-
A Brasília constituiu-se como meta síntese do Plano
de Metas. A interiorização da capital possibilitaria formar é solucionar pacificamente as contradições de uma
a efetivação de uma maior integração, entendida ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do
como condição para o desenvolvimento nacional. tempo em que vivemos. (...) Sei das reações que nos espe-
Em complementação às outras metas, a construção ram, mas estou tranquilo, acima de tudo porque sei que o
de Brasília estimularia a indústria automobilística, povo brasileiro já está amadurecido (...) e não faltará com
assim como a produção de matérias primas e a ge- seu apoio às medidas de sentido popular e nacionalista.
ração de energia. Discurso do Presidente João Goulart no Comício da Central do Brasil,
Rio de Janeiro, 13 de março de 1964.
B Os governos militares deram continuidade à cons-
trução de grandes rodovias, cujos exemplos mais ex- O governo de João Goulart (1961-1964) demarcou um
pressivos foram a finalização da Belém-Brasília e a momento de mudanças na história brasileira contem-
Transamazônica. Outra ação de porte foi a constitui- porânea. O discurso acima, pronunciado no polêmico
ção de um sistema nacional de comunicações com a Comício da Central do Brasil, apresenta algumas das
criação da Embratel (1965), a associação ao sistema idéias e propostas desse governante, alvos de intensa
internacional de satélites e criação do Ministério das crítica por parte dos grupos de oposição. Tendo-o como
Comunicações (1967). referência:
02| UFSCAR Esta charge, que faz referência ao presidente A Caracterize duas propostas do programa político de
Jânio Quadros, foi publicada no jornal Última Hora, no Goulart.
Rio de Janeiro, no ano de 1961. B Identifique dois grupos opositores à implementação
desse programa.
Resolução:
A O candidato poderia identificar:
- a defesa da implementação das Reformas de Base
(Agrária, Administrativa, Universitária, Tributária).
Destacou–se, pela polêmica então causada, o deba-
te parlamentar sobre o projeto de Reforma Agrária
proposto pelo governo e a adoção de algumas medi-
das associadas ao referido projeto;
- a aplicação de medidas econômicas de orientação
nacionalista, como a lei de controle sobre a remessa
de lucros, e a criação da Eletrobrás;
- a decretação de anistia para marinheiros e sargen-
A Qual o contexto histórico a que a charge se refere?
tos envolvidos nas revoltas e sublevações então pro-
B Qual a crítica feita pelo autor na charge? movidas, em 1963 e 1964;
Resolução: - a orientação trabalhista valorizadora da aproxima-
ção e do diálogo entre lideranças sindicais e o gover-
A Renúncia à Presidência do Brasil por Jânio Quadros.
no federal.
B Às atitudes politiqueiras de Jânio Quadros juntos à
B Entre os grupos opositores ao governo de João Gou-
oposição brasileira, na tentativa de assegurar sua
lart, o candidato poderia identificar:
popularidade, através dos possíveis efeitos causa-
dos por suas cartas renúncias, tanto no contexto das - Segmentos do alto escalão das Forças Armadas,
eleições, quanto no início do seu mandato. Havendo com destaque para facções da cúpula dirigente do
porém efeitos contrários, já que durante as eleições Exército;
sua renúncia foi questionada, enquanto durante seu
- Facções da burguesia industrial e comercial, contrá-
mandato foi aceita.
rias às medidas de natureza nacionalista;
03| PUC Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo - Lideranças político-partidárias contrárias ao traba-
uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuida- lhismo, ao varguismo e ao nacionalismo, destacan-
dosamente organizada para impedir ou perturbar a reali- do-se grupos da UDN e do PSD;
zação deste memorável encontro entre o povo e seu pre- - Setores da classe média urbana descontentes com a
sidente, na presença das mais significativas organizações escalada inflacionária.
55
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UNICAMP A Identifique dois elementos de continuidade do perí-
odo de 1946-1964 em relação ao período de Estado
Na foto abaixo reproduzida, o presidente Jânio Quadros con-
Novo, 1937-1945.
decora o líder da Revolução Cubana, Ernesto Che Gue-
vara. B Indique os três maiores partidos políticos da Repú-
blica brasileira de 1946 até o Golpe civil-militar de
1964, e analise uma característica de cada um dos
três partidos.
05| UFU
No princípio era o ermo
Eram antigas solidões sem mágoa.
O altiplano, o infinito descampado.
No princípio era o agreste:
(Augusto Bandeira. Correio da Manhã, 08.07.1962. In: Rodrigo Patto Sá Motta. O céu azul, a terra vermelho-pungente
Jango e o golpe de 1964 na caricatura, 2006. Adaptado.)
E o verde triste do cerrado.
A charge representa João Goulart e Juscelino Kubits-
[...]
chek. A que episódio político a imagem se refere? Qual é
o contexto político interno em que tal episódio se inse- Era finalmente, e definitivamente, o Homem
re? Justifique sua resposta.
Viera para ficar. Tinha nos olhos
03| UFF No período de 1946 a 1964, assistimos ao pleno A força de um propósito: permanecer, vencer as solidões
desenvolvimento do pacto populista, que não pode
E os horizontes, desbravar e criar, fundar
ser identificado apenas como manipulação das mas-
sas trabalhadoras. O funcionamento do regime nesse E erguer. Suas mãos
período pressupõe elementos de continuidade do pe-
Já não traziam outras armas
ríodo estado novista e a criação de novos mecanismos
de dominação. Que as do trabalho em paz. Sim,
56
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Era finalmente o Homem: o Fundador. Trazia no rosto em 1958, dois anos antes da fundação da cidade. Divi-
dida em cinco partes, ela seria apresentada durante os
A antiga determinação dos bandeirantes [...]
festejos da inauguração do novo Distrito Federal. Mas
Tratava-se agora de construir: e construir um ritmo novo. o trabalho dos artistas só veio a público 26 anos mais
tarde.
Para tanto, era necessário convocar todas as forças vi-
vas da Nação, todos os homens que, com vontade de A partir do trecho acima, faça o que se pede.
trabalhar e confiança no futuro, pudessem erguer, num A Qual é o sentido atribuído à construção de Brasília
tempo novo, um novo Tempo. nos versos em que a sinfonia resgata a imagem do
MORAES, Vinícius de; JOBIM, Antônio Carlos. ―Brasília, Sinfonia da Alvorada‖. Disponível em bandeirante?
http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87259/ Acessado em 18 mar.2014 ( adaptado).
B Aponte dois motivos pelos quais Juscelino Kubits-
A “Sinfonia de Brasília’”, como mais tarde passou a ser chek chamou Brasília de ―meta síntese‖ do Plano
chamada, foi encomendada por Juscelino Kubitschek de Metas de seu governo.
T ENEM E VESTIBULARES
01| FGV Leia esta notícia veiculada pela imprensa em 13 de da sua fundação e interrompida, pela primeira vez,
agosto de 2013. em 1947.
A Câmara dos Deputados devolveu hoje, simbolicamen- E A cassação levou ao fim do PCB e à fundação do PC
te, o mandato parlamentar a 14 deputados, do antigo do B, que teve seus direitos imediatamente reco-
Partido Comunista Brasileiro (PCB), que foram cassados nhecidos, e à formação de diversos outros peque-
em 1948. Os mandatos foram cassados pelo então Supe- nos partidos, que se dedicaram à luta armada.
rior Tribunal Eleitoral (STE), que cancelou o registro do
partido em 7 de maio de 1947, quase três anos após os 02| UFPE A presidência do Brasil pelo General Eurico Gaspar
deputados terem sido eleitos. Dutra (1946-1951), que sucedeu o Estado Novo:
No início da sessão, o presidente da Câmara, deputado 00. caracterizou-se pelo alinhamento do Brasil com os
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), prestou sua home- Estados Unidos, no contexto da Questão Guerra
nagem aos deputados cassados. “Hoje, ao prestar esta Fria.
homenagem, resgatamos a dignidade do Parlamento 01. rompeu relações do Brasil com a União Soviética e
brasileiro frente a um episódio que fez o partido sangrar colocou o Partido Comunista Brasileiro na ilegalidade.
e deixou importante parcela da população sem repre-
sentação política”, disse. 02. definiu para a classe trabalhadora uma política de
arrocho salarial e de pressão sobre os sindicatos.
http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2013/08/ camara-devolve
simbolicamente-mandato-a-14-deputados-do-pcb-cassados-em. Acesso em 02 de setembro
de 2013. 03. estabeleceu o direito de voto para os analfabetos,
que constou da Constituição promulgada em seu
Com base nessa notícia, é correto afirmar: governo.
A A cassação dos parlamentares ocorreu devido à 04. criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
descoberta de um projeto de tomada do poder pelo mico e Social (BNDES) e a Petrobras, visando estimu-
PCB, que teria como base a formação de uma guer- lar a industrialização.
rilha rural estabelecida no interior do Brasil.
B A cassação dos parlamentares revela os limites da 03| PUC No combate à inflação, o governo de Eurico Gaspar
democracia brasileira entre 1945 e 1964, impedindo Dutra (1946-1951) buscou direcionar os gastos públicos
a livre organização partidária no país, no contexto em investimentos nos setores considerados prioritários.
da Guerra Fria. Nasceu, então, o plano SALTE, destinado a investir em
saúde, alimentação, transporte e energia. Mas o desen-
C A cassação dos parlamentares ocorreu devido à de- volvimento brasileiro, especialmente da indústria, ficou
núncia do deputado comunista Jorge Amado de que abaixo das aspirações dos industriais brasileiros. Isso
o PCB havia conspirado com Getúlio Vargas visando ocorreu em razão
à manutenção do Estado Novo.
A de políticas econômicas que regulavam os preços
D A cassação interrompeu uma longa jornada de fun- dos produtos essenciais, para proteger a indústria
cionamento legal do PCB, iniciada em 1922, quando nacional.
57
SISTEMA DE ENSINO A360°
B das facilidades à exportação de bens duráveis, pro- Esse período de grande otimismo vivenciado no Brasil
movidas pelas políticas econômicas do governo. na segunda metade dos anos de 1950, apresentado no
C da abertura do mercado brasileiro à importação de fragmento de texto acima, está relacionado
bens supérfluos.
A ao fechamento da economia para os investimentos
D de políticas econômicas voltadas para a seleção das e capitais estrangeiros, buscando restringir a con-
importações, priorizando os bens duráveis. corrência e incentivar a indústria nacional.
E da captação de recursos a partir da construção das
B à diminuição da dívida externa e ao controle da in-
indústrias de base e da política econômica naciona-
lista do governo. flação, resultado dos empréstimos acertados com
o Fundo Monetário Internacional.
04| ACAFE A 60 anos atrás, em agosto de 1954, morria Ge-
C à conquista de resultados expressivos na econo-
túlio Vargas. Contestado e amado por muitos, a figura de
Vargas ainda desperta o interesse da historiografia brasi- mia, com avanços no PIB e crescimento importante
leira, atestado pelos constantes livros que estudam seus do setor industrial e de serviços.
governos.
D aos incentivos federais para a ampliação da malha
Acerca do seu governo de 1951 a 1954 é correto afirmar, Ferroviária, em detrimento da rodoviária, dimi-
exceto: nuindo assim os gastos com transporte e logística.
A O conhecido atentado da rua Toneleros e o envolvi-
mento de Gregório Fortunato resultou numa grande 06| MACK
articulação contra o governo de Vargas, especial-
[…] a herança do tempo de Vargas se materializou em
mente dentro das Forças Armadas, que exigia a re-
núncia do presidente. instituições e projetos que extrapolam o contexto em
que emergiram e continuaram a influenciar nossa his-
B Fazendo parte de um projeto nacionalista, Vargas
tória social depois do trágico suicídio. O suicida conti-
mobilizou uma significativa parte da imprensa e da
nuou presente, como referência positiva ou negativa,
população para, em 1953, criar a Petrobrás, que
passou a deter o monopólio da prospecção e refina- para os homens que pretendiam fazer o futuro, e que
mento do petróleo no Brasil. consideravam que o passado que herdavam era marca-
do sobretudo pela figura do estadista”.
C Ao nomear João Goulart (Jango) para Ministro do
Pedro Paulo Zahluth Bastos e Pedro Cezer Dutra Fonseca (orgs).
Trabalho, Vargas obteve o apoio de Carlos Lacerda “Apresentação”. In: A Era Vargas: Desenvolvimento,
e da UDN (União Democrática Nacional). Este apoio Economia e Sociedade. São Paulo:
foi decisivo para a implantação da CLT (Consolidação Editora UNESP, 2012, p.08
58
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
07| UNESP Analise o cartaz da campanha presidencial do A No século XX, o país teve a sua capital transferida
Marechal Henrique Teixeira Lott. por duas vezes: no primeiro momento, de Salvador
para o Rio de Janeiro e, no segundo, para Brasília.
Nas duas ocasiões, isso ocorreu como resultado de
movimentos emancipacionistas de ruptura política.
B A transferência da capital brasileira, de Salvador
para o Rio de Janeiro, resultou, principalmente, do
processo de independência política em 1822, como
conotação de elemento subversivo da ordem colo-
nial.
C A transferência da capital para Brasília traduziu a
plataforma política do nacionalismo desenvolvi-
mentista de Juscelino Kubitscheck e concretizou as
estratégias das elites políticas e econômicas brasilei-
ras em distanciar a administração federal das gran-
O cartaz, que foi empregado na campanha para a Presi- des aglomerações urbanas do sudeste e, portanto,
dência da República em 1960, das pressões políticas dos diversos setores sociais.
A confirma a presença de Vargas como principal arti- D A ocupação histórica humana e econômica do Plano
culador da candidatura de Lott e relembra as dificul- Piloto de Brasília permitiu a redução das disparida-
dades na construção da nova Capital. des socioeconômicas existentes entre as diferentes
regiões brasileiras e também daquelas no interior
B demonstra a aliança do conjunto das classes sociais da própria capital federal.
brasileiras com Lott e defende a necessidade de uni-
dade política na busca pelo progresso do país. E O contexto histórico de transferência da capital fe-
deral para Brasília foi marcado pela repressão po-
C celebra o desenvolvimentismo dos governos ante- lítica da Era Vargas e representou a afirmação das
riores e alerta para o risco iminente de golpe militar. ideias do nacionalismo fascista do Estado Novo.
D ressalta a aliança partidária construída em torno do
nome de Lott e destaca a continuidade política que 09| UERJ
sua candidatura representa.
E apresenta a candidatura de Lott à presidência como
expressão do populismo e do esforço de incorporar
os setores trabalhadores à política.
59
SISTEMA DE ENSINO A360°
Os governos de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek 12| MACK Em fins de agosto de 1961, a imprensa anunciava
foram momentos marcantes da história econômica bra- que Ranieri Mazzilli assumia o governo em seguida à ines-
sileira, especialmente no que se refere ao desenvolvi- perada renúncia de Jânio Quadros. O presidente vinha
mento industrial do país. sendo alvo de agudas críticas, entre outras razões, porque
Uma semelhança entre o processo de industrialização A a política econômica adotada por Jânio assumia
brasileiro verificado no governo de Vargas e no de JK cada vez mais uma orientação efetivamente socialis-
está apontada em: ta, visível na aproximação das relações diplomáticas
A expansão do mercado interno e comerciais com Cuba e com a URSS.
B acirrava-se o desacordo entre o presidente e seu
B flexibilização do monetarismo
vice, João Goulart, eleito por outro partido, tornan-
C regulação da política ambiental do impossível a permanência de um e outro, junta-
mente, no comando político do país.
D autonomia do progresso tecnológico
C grande parte do empresariado nacional se descon-
10| UECE Jânio Quadros venceu as eleições de outubro de tentara com a política demasiado democrática do
1960 com 48% dos votos. Atente para as afirmações a presidente, que pusera em execução um sem-nú-
respeito de alguns dos seus atos, como Presidente. mero de planos de melhorias sociais, tanto nas cida-
des como no campo.
I. Ocupou-se de temas de menor importância como a
D setores conservadores da sociedade se opunham ao
proibição de brigas de galo, lança-perfume e uso de
caráter “independente” da política externa de Jânio,
biquínis nas praias brasileiras.
sobretudo após a inopinada condecoração, pelo
II. No âmbito político, combinou iniciativas simpáticas presidente, do ministro cubano Ernesto Guevara.
à esquerda, com medidas agradáveis aos conserva- E havia claros indícios de que, com o apoio das Forças
dores. Armadas, Jânio pretendia articular um golpe contra o
III. Criou conflitos em relação a sua política externa ao Congresso Nacional (as “forças ocultas” da carta-re-
declarar “uma vaga simpatia” pelo regime de Fidel núncia), fechá-lo e governar ditatorialmente.
Castro e ao condecorar Che Guevara.
13| ESCS Não foram poucas as crises que marcaram a expe-
Está correto o que se afirma em riência democrática protagonizada pelo Brasil — assim
A I, II e III. como pela América Latina — nas décadas que se segui-
ram ao fim da Segunda Guerra Mundial. Tentativas de
B I e II apenas.
interrupção da ordem institucional, golpes e contragol-
C I e III apenas. pes de Estado, presença ostensiva do segmento militar
D II e III apenas. na vida política foram fatores desestabilizadores de uma
ordem democrática que, com dificuldade, procurava se
11| FGV A eleição de Jânio Quadros, em 1960, significou cer- firmar. Relativamente a esse cenário de permanente ins-
ta alteração de rumos da política brasileira com relação tabilidade, assinale a opção correta.
ao período iniciado em 1945. Tal alteração baseou-se: A O golpe militar de 1964 colocou o Brasil na contra-
A No apoio que os comunistas emprestaram à candi- mão da América Latina, já que, naquele contexto
datura de Jânio em troca da legalização do PCB, que histórico, a partir do Cone Sul, a democracia se con-
ocorreria em 1961. solidava na região.
B Na primeira vitória das forças trabalhistas em plei- B Exemplos dramáticos das crises que se sucederam
tos nacionais e no fortalecimento de novas lideran- no Brasil entre o fim do Estado Novo e o golpe de
ças sindicais. 1964 foram, entre outros, o suicídio de Vargas, a re-
C No rompimento da hegemonia paulista e no des- núncia de Jânio e a destituição de João Goulart.
contentamento militar provocado pelas propostas C Os “50 anos em 5” de JK foram marcados pela ênfa-
eleitorais janistas. se na política social do governo, na qual se destaca-
D Na vitória de uma candidatura da UDN, que inter- ram a revolução educacional e a universalização do
rompeu a série de vitórias do PSD e do PTB, em ar- sistema oficial de saúde.
ranjo político orquestrado por Getúlio Vargas. D A ruptura institucional de 1964, que mergulhou o
E Na inauguração de um novo estilo político baseado país no autoritarismo, deveu-se à ação solitária dos
na valorização das estruturas partidárias e na defini- militares, dela sendo excluídos o empresariado, os
ção clara de propostas políticas programáticas. meios de comunicação e a hierarquia eclesiástica.
60
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
14| FAMECA Observe a charge do presidente João Goulart A celebra as reformas realizadas pelo presidente João
(1961-1964). Goulart e as interpreta como sendo resultado das
mobilizações populares.
B mostra que o golpe militar é iminente e que o presi-
dente João Goulart defende a necessidade de repri-
mir os movimentos sociais.
C critica o presidente João Goulart e faz alusão a
protestos, greves e forte crise política e social, que
ocorriam durante seu governo.
D rejeita a autoridade do presidente João Goulart e
defende a rebelião como única saída para superar
as dificuldades políticas e econômicas.
E destaca o uso político da mídia pelo presidente João
(Augusto Bandeira. Correio da Manhã, 03.10.1962. In: Rodrigo
Patto Sá Motta. Jango e o golpe de 1964 na caricatura, 2006.) Goulart e critica a influência do rádio e da televisão
no cotidiano dos brasileiros.
A charge satiriza
A a adoção do sistema parlamentar que, diferente-
mente do presidencialismo, permitia o confronto
entre a esquerda e a direita.
B a contradição entre a política externa, de claro apoio
aos países socialistas, e as medidas direitistas adota-
das pelo presidente.
C o caráter ditatorial do regime, que proibiu a radica-
lização ideológica dos partidos políticos e dos movi-
mentos sociais.
D a dificuldade do presidente em lidar com as diferen-
tes tendências ideológicas, que esteve ligada à que-
da desse governo.
E a ambiguidade do presidente, que se recusou a
apoiar as ideias esquerdistas defendidas pelos parti-
dos de oposição.
15| PUC
Augusto Bandeira. Correio da Manhã, 21.09.1963. Apud: Rodrigo Patto Sá Motta. Jango e o
golpe de 1964 na caricatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 104.
61
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E.U.A e por suas multinacionais, que visavam, consequentemente, garantir seus interesses políticos e econômicos no Brasil.
Diante da aliança, o país passou a seguir a Doutrina de Segurança nacional – doutrina elaborada por militares norte-america-
nos e aperfeiçoada por estrategistas brasileiros na Escola Superior de Guerra (ESG) –, a qual tinha como objetivo combater o
comunismo na América, os ditos “inimigos internos”, os subversivos.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
RESISTÊNCIA CULTURAL E ARMADA: A LUTA PELA DEMOCRACIA
Diante do autoritarismo dos militares e da vio-
lência física e psicológica imposta por eles, diversos Região da Guerrilha
segmentos da sociedade reagiram através das mídias,
da música e também pegando em armas. Quanto à
do Araguaia
resistência cultural, podem-se mencionar a criação
do jornal “O Pasquim” que, através humor, fazia crí-
ticas ao regime autoritário instaurado e também as
chamadas canções de protesto. Diversos cantores,
através de sua arte, compunham músicas de crítica
ao regime; entre eles, vale destacar Chico Buarque e
Geraldo Vandré.
Houve aqueles que decidiram pegar em armas
contra o governo militar, dando início à resistência
T
armada. A oposição ao regime formou organizações
guerrilheiras e lideradas por personalidades como
Carlos Marighela e Carlos Lamarca – considerados os
ia
ua
principais líderes da esquerda no país naquele perío-
ag
do – que promoviam assaltos a bancos, para financiar
Ar
a guerrilha, e sequestros de diplomatas estrangeiros,
os quais eram utilizados como moeda de troca pela
libertação dos presos políticos. Os sequestros dos
embaixadores dos E.U.A e da Alemanha Ocidental fi-
caram registrados na história. Figura 4- Ver em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerrilha_do_Araguaia
Formaram-se grupos de guerrilha urbana e de guerrilha rural. Nesse sentido, vale destacar a guerrilha rural de maior pro-
porção e destaque, a Guerrilha do Araguaia. O conflito teve início em 1972, quando 69 membros do PC do B (Partido Comunista
do Brasil) se instalaram no Araguaia, na região denominada bico do papagaio – faixa que abrange desde marabá, no sul do Pará,
até Araguaína, então norte de Goiás e atual Tocantins, e se estendendo até São Félix do Araguaia, no norte de Mato Grosso. Em
1974, o governo (através do exército composto com mais de 10 mil soldados) massacrou os revoltosos no Araguaia, matando
praticamente todos os guerrilheiros.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
Desaprovando de forma categórica o processo de abertura democrática, os comandantes dos órgãos de repressão do regi-
me militar intensificaram a violência sobre os “subversivos”. Podem-se registrar, nesse sentido, dois casos da extrema violência
dos militares: a prisão e assassinato do jornalista Vladimir Herzog (1975) – diretor de jornalismo da TV Cultura – e do operário
Manuel Fiel Filho (1976), ambos considerados comunistas e mortos nas dependências do II Exército em São Paulo.
RETROCESSO DA ABERTURA POLÍTICA: UM PASSO PARA FRENTE, DOIS PASSOS PARA TRÁS!
Diante dos casos de violência que deixavam a sociedade escandalizada, as oposições ao regime cresciam e o então presi-
dente Geisel, o mesmo que deu início ao processo de abertura democrática, temendo o avanço das oposições, retrocedeu no
processo de abertura política. O primeiro recuo foi em 1976, quando Geisel aprovou a Lei Falcão, que proibia o debate político
ao vivo na imprensa e só permitia mostrar na TV a
fotografia do candidato, acompanhada de algumas
informações sobre ele e seu partido.
O segundo recuo foi com a imposição do Paco-
te de Abril (1977), medidas através das quais Geisel
dava um segundo passo atrás no processo de abertu-
ra. Entre essas medidas, cabe destacar: um terço dos
senadores seria escolhido diretamente pelo governo,
eram os chamados senadores biônicos, que serviam
de manobra do governo dentro do congresso nacio-
nal; e também a mudança do mandato presidencial
de cinco para seis anos.
Obras faraônicas: investimento nas indústrias
No plano econômico, Geisel elaborou o que fi-
cou conhecido como o II Plano Nacional de Desen-
volvimento (II PND), buscando manter o crescimento Figura 7- Charge criticando a Lei Falcão.
Ver em: http://www.historiadigital.org/curiosidades/25-curiosidades-sobre-as-
econômico e estimular a produção industrial. Nesse -eleicoes-e-o-voto-no-brasil/
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
contexto, foram construídas as chamadas obras faraônicas, devido ao seu grande porte, entre as quais podemos destacar: no
setor de energia, a construção das grandes usinas hidrelétricas de Itaipu (PR), Tucuruí (PA) e Sobradinho (BA); e no setor de
mineração, a exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás e extração da bauxita através da Albrás e da Alunorte.
Essas obras exigiram grandes empréstimos no exterior, embora não fossem prioritárias devido aos graves problemas sociais
pelos quais o país passava, ou seja, o governo, para dar a impressão de pleno crescimento econômico-industrial, relegou à sua
própria sorte as camadas populares que necessitavam do fundamental para a sobrevivência. Isso é uma demonstração clara de
como os governos militares atenderam ao grande capital estrangeiro e ao grande capital nacional (elite), garantindo a expansão
do capital monopolista, que se perpetua a partir da miséria de muitos.
No cenário internacional, o mundo era afetado pela crise do petróleo, o que gerou um forte impacto em nosso comércio
exterior, agredindo consequentemente a economia nacional. Para enfrentar a crise do petróleo, Geisel continuou fazendo em-
préstimo em dólares no exterior, fazendo com que a dívida externa brasileira triplicasse. Aquela impressão de que a Ditadura
Militar trouxe grande crescimento econômico devido às grandes obras mostra-se errônea. De fato, foram realizadas grandes
obras, todavia, atendendo aos interesses exclusivos do capital monopolista – e, portanto, excluindo a maioria do povo brasi-
leiro –, gerando um dívida externa que o país levou anos para saldar.
Figura 8 - Em março de 1979, 170 mil metalúrgicos pararam o ABC paulista. Na fotografia Lula discursando
aos seus companheiros.
Ver em: http://www.brasilescola.com/biografia/luiz-inacio-lula-da-silva.htm
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SISTEMA DE ENSINO A360°
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UNESP Presos políticos trocados pelo embaixador norte-a- excepcionais nas mãos do presidente da República. Acima
mericano sequestrado no Brasil em setembro de 1969. de tudo e de todos pairavam as punições decorrentes do
referido ato. Para os setores de oposição ao regime militar,
perdia sentido engrossar as fileiras da oposição consentida
(o MDB – Movimento Democrático Brasileiro), e em função
deste fechamento de alternativas políticas para a oposição,
alguns desses setores consideraram que a única forma de
extinguir o regime militar seria pela via da luta armada.
Assim, formam-se grupos políticos armados, que passam
para a clandestinidade e, através de ações ousadas de rou-
bos a bancos e empresas, obtêm fundos para financiar as
ações contra o regime. Os sequestros de personalidades
também foram utilizados como forma, entre outros aspec-
(Roberto Catelli Junior, História – texto e contexto.)
tos, de manifestar perante a população, a oposição armada
Considerando a imagem, explique o contexto histórico ao regime. No caso, foi sequestrado o embaixador norte-a-
e os objetivos da luta armada realizada por uma parcela mericano no Brasil, Charles Burke Elbrick, e exigiu-se para a
da esquerda brasileira. sua libertação a soltura de presos políticos e a divulgação
de um manifesto. O regime militar atendeu às exigências,
Resolução:
porém recrudesceu a repressão aos movimentos armados
Com a edição do Ato Institucional nº 5 (13.12.1968), ins- de contestação, lançando mão de métodos como a tortura
taurava-se um regime ditatorial que concentrava poderes para obter informações sobre os grupos ligados à luta ar-
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
mada, detenções sem culpa formada e a eliminação física 03| FUVEST Leia os textos abaixo:
de alguns líderes (ou sua morte dentro dos muros das pri-
Coube ao Gen. Mourão Filho, Cmt. da 4ª Região Militar,
sões, em condições que colocavam sob suspeita a afirma-
essa histórica iniciativa, a 31 de março, nas altaneiras
ção das autoridades de que as mortes teriam ocorrido por
montanhas de Minas. E a Revolução, sem que tivesse
suicídio ou resistência à repressão).
havido elaboradas articulações prévias entre os Chefes
Militares, ─ não teria havido tempo para isto ─ empolga
02| FGV Observe atentamente as duas imagens abaixo:
o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, para ter seu epílo-
go às 11h45min do dia 2 de abril, no Aeroporto Salgado
Filho, em Porto Alegre, com a partida do ex-Presidente
João Goulart para o estrangeiro.
M. P. Figueiredo. A Revolução de 1964. Um depoimento para a história pátria.
Rio de Janeiro: APEC, 1970, p. 11-12. Adaptado.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFPA “As forças de repressão do governo realizaram 3 cite duas medidas adotadas por esses governos para
campanhas com o propósito de destruir o foco guerri- concretizá-lo.
lheiro do Araguaia. As campanhas no seu conjunto dura-
B Mencione e explique duas reações contrárias da so-
ram quase três anos, começando em abril de 1972 e en-
ciedade brasileira a esse modelo político.
cerrando em janeiro de 1975. Para reprimir a guerrilha,
o governo utilizou cerca de 10.000 homens, em todo o 03| Geisel – [...] O Brasil hoje em dia é considerado um oá-
período do conflito. Num primeiro momento, o gover- sis [...]. Coutinho – [...] Ah, o negócio melhorou muito.
no pensou que eram apenas jovens “subversivos” que, Agora, melhorou, aqui entre nós, foi quando nós come-
perseguidos nas cidades, haviam-se refugiado na selva çamos a matar. Começamos a matar. Geisel – Porque
amazônica”. antigamente você prendia o sujeito e o sujeito ia lá para
(ALVES FILHO, Armando. A Guerrilha do Araguaia. In: “Contando história...”, fora. [...] Ó Coutinho, esse troço de matar é uma barba-
ttp://www.amazon.com.br/historia). ridade, mas eu acho que tem que ser.
Fonte: GASPARI, Elio. A ditadura derrotada. São Paulo, Companhia das Letras, 2003, p. 324.
A partir da leitura do texto acima e dos estudos histó-
ricos sobre o tema, cite o contexto histórico em que O diálogo acima, ocorrido no dia 16 de fevereiro de 1974
surgiu a Guerrilha do Araguaia e qual grupo político a entre os generais Ernesto Geisel e Dale Coutinho, se deu
organizou, explicando quais os objetivos visados pelos um mês antes da posse do primeiro como Presidente da
guerrilheiros. República e do segundo como Ministro do Exército.
A Cite uma medida do Governo Geisel (1974-1979)
02| UFRN Durante o governo Médici, a propaganda foi am- que o aproximava das aspirações de parte da socie-
plamente utilizada para divulgar o projeto político-ideo- dade brasileira pela volta ao regime democrático.
lógico dos Governos Militares. O slogan abaixo é repre-
sentativo dessa propaganda. B Indique duas ações do mesmo governo que reforça-
ram o padrão autoritário do regime militar inaugu-
rado em 1964.
T ENEM E VESTIBULARES
01| ANHEMBI MORUMBI 1968 na Rua Maria Antônia, pré- A professora indica a porta, os soldados saem e esperam
dio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. do lado de fora. Quando a aula termina os soldados en-
A porta da sala de aula é aberta como se tivesse levado tram de novo, mas o tal aluno já estava longe.
um coice e aparecem três soldados armados com metra- (Humberto Werneck. Notas sobre “Apesar de você”, 1978.)
lhadoras. Diante de 200 alunos, a professora de Ciências Considerando o momento político em que ocorreu o
Sociais, Jessita Nogueira Moutinho, de 24 anos, encara fato narrado no texto, a presença de soldados armados
bem os soldados e, com voz firme, pergunta: buscando um indivíduo dentro de uma faculdade pode
ser entendida como
– Vocês são meus alunos?
A reforço da autoridade dos professores sobre os alu-
– Não, mas é que estamos procurando uma pessoa nos, influenciados pelas rebeliões de maio de 1968
e... em Paris.
– Isto aqui é uma sala de aula e aqui dentro só ficam o B ação de guerrilheiros que buscavam desestabilizar o
professor e os alunos. De maneira que vocês podem regime por meio de demonstrações de violência.
se retirar. Se vocês querem pegar alguém não será C garantia da segurança de alunos e professores, ame-
em minha aula. Com licença, por favor. açados pelo crescimento do narcotráfico.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
D expressão do conflito entre simpatizantes da oposi- res afirmam que não houve tortura durante o período
ção institucional e partidários da luta armada contra militar, outras afirmam que a tortura foi feita em circuns-
a ditadura. tâncias políticas específicas. Marque a opção que indica
a função da Comissão da Verdade corretamente.
E atuação do aparato repressivo da ditadura militar
sobre indivíduos ou grupos considerados subversi- A Estudar os arquivos referentes ao período e estabe-
vos. lecer punições.
B Estudar os arquivos e esclarecer a verdade sobre os
02| UEA Quando uma seca devastadora se abateu sobre o fatos ocorridos.
nordeste em 1970, Médici voou para Recife para uma
inspeção pessoal, e ficou profundamente chocado. Deze- C Analisar os documentos, esclarecer o destino dos
nas de milhares de flagelados rumavam para as cidades desaparecidos e julgar os culpados.
costeiras. Médici concluiu o óbvio: a região nordestina, D Julgar os criminosos e estabelecer as penas legais.
considerados os seus recursos, tinha excesso de popula-
E Analisar os documentos, estabelecer compensações
ção. De volta do Recife, Médici decidiu que o Nordeste
financeiras e divulgar o nome dos envolvidos no cri-
e a Amazônia deviam ser atacados como um só proble-
me de tortura.
ma. O Brasil construiria uma estrada transamazônica
que abriria o “despovoado” vale amazônico. O excesso
04| ESCS Pouco mais de duas décadas foi o período de dura-
de população do Nordeste seria levado para a Amazônia
ção do regime autoritário implantado no Brasil em 1964.
atraída pelas terras férteis e baratas. Médici chamou a Se, de um lado, houve a preocupação de se modernizar
isso “a solução de dois problemas: homens sem terra do a economia brasileira, ajustando-a às circunstâncias do
Nordeste e terras sem homens na Amazônia”. capitalismo internacional, de outro, a violência repres-
(Thomas Skidmore. Brasil: de Castelo a Tancredo, 1964-1985, 1988. Adaptado.) sora e o caráter centralizador do Estado foram caracte-
O projeto da Transamazônica tinha múltiplos significa- rísticas essenciais do período. Relativamente ao regime
dos para o governo do general Emílio Garrastazu Mé- militar (1964–1985), assinale a opção correta.
dici. Mas, em certa medida, a Transamazônica repetia A O caráter francamente autoritário do regime militar
um projeto reiteradamente aplicado pelos governantes instaurado em 1964 manifestou-se na decisão de fe-
brasileiros que char o Congresso Nacional ao longo de todo o período.
A ignoravam a miséria social provocada por secas pe- B Ao se recusar a conceder a anistia aos atingidos por
riódicas e a questão da tênue presença do Estado seus atos, o regime militar perdeu apoio popular e
em algumas regiões brasileiras. político, o que foi fatal para suas pretensões de per-
petuar-se.
B procuravam resolver problemas sociais do Nordes-
te por meio do desenvolvimento da Amazônia e, ao C Do primeiro presidente militar (Castelo Branco) ao
mesmo tempo, proteger um território de importân- último (João Figueiredo), a continuidade política,
cia geopolítica. administrativa e econômica caracterizou e susten-
tou o regime autoritário.
C favoreciam a elite social agrária do Nordeste brasi-
leiro, deslocando, para a selva amazônica, militantes D O Ato Institucional N.º 5, de dezembro de 1968,
políticos e camponeses ligados aos sindicatos rurais. aprofundou o caráter autoritário do regime, tornan-
do-o mais claramente ditatorial e discricionário.
D atendiam aos apelos das populações das cidades
litorâneas brasileiras, preocupadas com a periódica 05| UNIFOR O Tribunal Superior Eleitoral aprovou, em se-
invasão de flagelados e retirantes oriundos da Ama- tembro de 2013, a criação de mais dois partidos políticos
zônia. no Brasil: o Partido Republicano da Ordem Social – PROS
E insistiam na divisão, entre os camponeses sem ter- –, liderado pelo ex-vereador em Goiás Eurípedes de Ma-
ra, dos latifúndios nordestinos e, nesse meio tempo, cedo, e o Solidariedade, montado pelo deputado federal
transferiam parte da mão de obra excedente para o Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical. Os
território amazonense. dois partidos são, respectivamente, o 31º e o 32º do país.
A propósito da trajetória dos partidos políticos no Brasil,
03| UNIFOR Recentemente, o Governo Federal instituiu a é CORRETO afirmar que
Comissão da Verdade que tem por objetivo esclarecer os
crimes de tortura praticados no Brasil na história recen- A imediatamente após o golpe militar de 1964, foram
te. Apesar da tortura ser considerada um crime contra a extintos todos os partidos políticos que existiam no
humanidade, a Lei da Anistia brasileira garante proteção Brasil, situação que permaneceu até a redemocrati-
inclusive aos torturadores. Algumas autoridades milita- zação do país, no início da década de 1980.
71
SISTEMA DE ENSINO A360°
Que a gente tá engolindo cada sapo no caminho B do clima libertário, relacionado ao movimento hi-
ppie internacional, que era compartilhado pelos
E a gente vai se amando que, também, sem um ca- estudantes brasileiros, compreendido como desre-
rinho gramento moral pelo governo brasileiro.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
08| UNIRG Leia o texto a seguir. B identificou os restos mortais desse desaparecido,
cuja morte não foi revelada devido à censura duran-
Nos últimos dias, após a saída dos militares, decidiram
te a ditadura militar.
as autoridades que deveria ser feita uma limpeza na
área, que consistiu no seguinte: os agentes de informa- C reconheceu oficialmente as causas da morte desse
ção, que sabiam onde estavam enterrados os corpos, jornalista, ocorrida após tortura em uma dependên-
indicavam os pontos. Um helicóptero ia a esse ponto, cia militar.
agentes desenterravam os restos, esses restos eram co- D comprovou a articulação entre os países sul-ameri-
locados em sacos plásticos, embarcados no helicóptero canos na Operação Condor, da qual esse militante
e levados para a Serra da Andorinha. foi vítima.
DEPOIMENTO do coronel Pedro Corrêa Cabral, piloto de helicópteros. In:
CAMPOS FILHO, Romualdo. Guerrilha do Araguaia: E vinculou as autoridades militares com os grupos de
a esquerda em armas. Goiânia: Editora da UFG, 2003. p. 157. (Adaptado).
extermínio, responsáveis pelo assassinato desse sin-
O relato apresentado registra a fase final da Guerrilha do dicalista.
Araguaia (1972-1974), que ocorreu da cidade de Xam-
bioá (TO) até Marabá (PA), na atual divisa do norte de 10| UFT
Tocantins e do sul do Pará, evidenciando um procedi-
mento do Exército brasileiro. Tal procedimento visava
A salvaguardar o direito das famílias das vítimas, pos-
sibilitando o devido sepultamento dos corpos na
Serra da Andorinha.
B adequar o sepultamento às novas determinações
do regime militar, que estabeleceu orientações le-
gais para o manejo dos restos mortais dos comba-
tentes.
C negociar com o PC do B, que reivindicava a retirada
dos militares e a entrega dos corpos de seus militan-
tes em troca do fim da guerrilha rural.
D restringir as possibilidades de informação e de escri-
ta da história, ocultando as evidências de prática de
extermínio dos guerrilheiros.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
B No governo do General Costa e Silva (1967/1969) D a oposição parlamentar do MDB e a atuação das
e, em menor escala, no governo do General Médici Comunidades Eclesiais de Base (CEB), vinculadas à
(1969/1974), os grupos identificados com a guerri- Igreja Católica.
lha urbana e rural foram eliminados.
E a posição do bloco nacionalista da ARENA e a luta
C Os movimentos foram caracterizados por extrema armada comandada pelo Partido Comunista Brasi-
fragilidade política não promovendo repercussão no leiro.
cenário nacional e internacional, logo, esgotaram-se
no início da década de 1970. 12| UPE A novela Amor e Revolução exibida pelo canal de
D A Comissão Nacional da Verdade (CNV), instalada televisão brasileiro SBT resgata os acontecimentos po-
em 16 de maio de 2012, foi criada para investigar líticos ocorridos no Brasil, a partir de 1964, culminando
violações de direitos humanos ocorridas apenas no com um golpe, o qual iniciou o longo período da Ditadu-
período da ditadura militar. ra Militar. Sobre esse período histórico, podemos con-
cluir que
E O uso da tortura não foi uma das práticas essenciais
da engrenagem repressiva posta em movimento A apesar da repressão, a arte foi utilizada como instru-
pelo regime militar que se implantou em 1964. mento de protesto e de denúncias políticas, alertan-
do para a situação do país. Foi marcado pelos festi-
11| FGV Leia a notícia. vais com as canções de protesto de Geraldo Vandré
e Chico Buarque, com o cinema de Cacá Diegues e
O projeto de lei que cria a Comissão da Verdade foi apro- Glauber Rocha.
vado hoje (26) no Senado, com apoio unânime dos sena-
dores. Com a presença da ministra de Direitos Humanos, B o Golpe de 1964 não conseguiu sufocar completa-
Maria do Rosário e de parentes de vítimas da ditadura mente as manifestações culturais no país, como de-
militar, o parecer favorável ao projeto foi lido pelo rela- monstra a emergência, no plano musical, dos “movi-
tor (...). mentos conhecidos como Tropicália, Reggae e Bossa
(Mariana Jungmann, Senado aprova criação da Comissão da Verdade para apurar Nova”.
crimes do Estado entre 1946 e 1988, 26.10.2011, agenciabrasil.ebc.com.br)
C o Pacote de Abril do presidente Ernesto Geisel insti-
Em geral, foram vítimas da ditadura militar (1964-1985),
tuiu eleições indiretas para os governos estaduais e
as pessoas que resistiram ao regime de exceção. Entre as
formas de resistência podem ser apontadas para um terço do senado, criando, pela primeira vez,
no Brasil, o sistema parlamentarista.
A a programação das principais redes de rádio e de
televisão e a ação dos governos dos estados nordes- D o Ato Institucional nº 5, editado no governo de
tinos nas mãos do MDB. Castelo Branco, restringiu a liberdade individual do
cidadão, mas assegurou os mandatos políticos e o
B as greves operárias organizadas pelos sindicatos direito ao habeas corpus.
paulistas no início da década de 1970 e as posições
progressistas da Escola Superior de Guerra. E o slogan “Brasil, ame-o ou deixe-o”, divulgava a ima-
gem do “Brasil Grande” por meio da política econô-
C a ação das principais entidades empresariais – como
mica denominada “milagre econômico”, não permi-
a FIESP – e a missão pastoral dos religiosos neopen-
tindo a entrada de capital estrangeiro no país.
tecostais.
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
PLANO CRUZADO
No momento em que Sarney chegou à presidência, o país
era vítima de uma péssima distribuição de renda, encontran-
do-se em meio a greves trabalhistas, arrocho salarial, dívida
externa exorbitante, inflação e juros ascendentes. Esses pro-
blemas decorriam da nossa longa trajetória histórica nacio-
nal, deixando-nos uma pesada herança.
Para enfrentar esses inúmeros problemas econômicos, o
Governo elaborou vários planos para combater a inflação e
estabilizar a economia. O primeiro conjunto de medidas para
combater a inflação foi chamado de Plano Cruzado, adotado
em 1986.
Esse plano consistia na introdução de uma nova moeda, Em reportagem de 1986, Sarney convoca a população a fiscalizar estabe-
o cruzado, como substituição do desvalorizado cruzeiro. O lecimentos comerciais que não respeitavam o congelamento dos preços.
salário mínimo, os preços das mercadorias, aluguéis, passa- Disponível em: http://economia.estadao.com.br/blogs/reclames-do-es-
tadao/sarney-e-o-dragao/
gens e tarifas públicas como água e luz foram congelados. A
preocupação em aumentar o poder de compra ficou evidenciada pela adoção do “gatilho salarial”, no qual os salários seriam re-
ajustados automaticamente quando a inflação acumulasse um índice de 20%. Foi criado também o seguro-desemprego no país.
Nos primeiros meses após a implementação do Plano, a inflação diminuiu drasticamente. Os preços congelados e a valoriza-
ção da nova moeda proporcionaram à população um maior acesso aos bens de consumo, principalmente gêneros alimentícios.
Pelo rádio e pela televisão, o Presidente convocou a população a fiscalizar o congelamento dos preços nas prateleiras dos
supermercados e de outros estabelecimentos comerciais. Chamado de “Fiscais do Sarney”, o povo poderia exercer papel de
polícia ao dar voz de prisão quando flagrassem gerentes remarcando os preços que eram tabelados. A contenção da inflação e
o aumento do poder de compra gerou um clima de euforia nacional, de esperança.
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Os parlamentares tiveram como missão elaborar uma nova Constituição, já que a que vigorava no momento era a Constitui-
ção imposta no período ditatorial. Foi promulgada, em outubro de 1988, a nova Constituição da República Federativa do Brasil.
Por meio dela, dentre outras diretrizes, o país passou a ter liberdade de imprensa e de organização sindical, livre exercício de
pensamento e expressão, além do reestabelecimento das eleições diretas para presidente e liberdade partidária, tirando da
ilegalidade os partidos comunistas e reatando relações diplomáticas com Cuba.
Também chamada de Constituição Cidadã, a elaboração da Constituição também contou com grande participação popular.
Por meio de emendas populares, organizações da sociedade enviaram para o Congresso Nacional propostas que foram incor-
poradas a Carta Constitucional. As leis trabalhistas foram ampliadas e melhoradas, e o racismo e a tortura tornaram-se crimes
inafiançáveis. A Constituição de 1988 contemplou também as minorias (como indígenas e negros) e o meio ambiente com
novas leis de preservação.
Veja, abaixo, algumas características da Constituição Cidadã:
Voto obrigatório para pessoas entre 18 e 70 anos; voto facultativo a analfabetos, jovens entre 16 e 18 anos e pessoas
com mais de 70 anos;
Igualdade jurídica – todos são iguais perante a lei;
Liberdade de pensamento, de crença religiosa, de expressão intelectual, de locomoção e de associação;
Garantia do direito de greve e liberdade sindical;
Sigilo das comunicações – é inviolável o sigilo telefônico, telegráfico e de correspondências;
Garantia dos direitos sociais – direito à educação, ao trabalho, ao lazer, à saúde, à segurança, à previdência social, à
moradia, à proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados;
Direito de propriedade e de herança;
Jornada de trabalho de 44 horas semanais;
Racismo como crime inafiançável;
Condenação da tortura;
Reconhecimento do direito dos grupos indígenas à manutenção de sua cultura e das terras que ocupam;
Fixação do salário mínimo como base para o pagamento de pensões e aposentadorias, inclusive aos portadores de
deficiência física;
Liberdade partidária.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
INFLAÇÃO E CRISE
Apesar de o consumo e o poder de compra terem aumentado, inclusive entre a população pobre brasileira, essa estabilida-
de econômica era artificial. Em poucos meses, o plano começou a desmoronar.
A onda de consumo e o congelamento dos preços promoveram a falta de produtos no mercado, gerando uma crise de
abastecimento. O caso mais expressivo foi o da carne, que ficou totalmente ausente das prateleiras dos supermercados. Mui-
tos comerciantes, pecuaristas e produtores começaram a esconder as mercadorias para forçar o aumento dos preços. Diversos
produtos que haviam sumido das prateleiras eram vendidos
no mercado ilícito, por “debaixo dos panos”. Era o chama-
do ágio, que consistia em pagar pelo produto um preço mais
caro que o estipulado pelo governo. Na prática, isso repre-
sentava o retorno da inflação.
Sarney previa o sucesso de seu partido, o PMDB, nas
eleições legislativas e para governador que se aproximavam
e manteve rígido o congelamento das mercadorias, o que lhe
garantiu o apoio popular. O Plano Cruzado era o seu trunfo
eleitoral. Com isso, seu partido passou a ser maioria parla-
mentar.
Vencidas as eleições, o Governo criou um novo pacote
econômico, o Plano Cruzado II. Os preços de todos os pro- Prateleiras vazias nos supermercados do país. Uma reação dos em-
presários ao Plano Cruzado de José Sarney. Disponível em: http://
dutos foram liberados e, consequentemente, dispararam. As contandohistoria1977.blogspot.com.br/2013/08/o-brasil-e-o-mundo-em-
tarifas públicas tiveram aumento de 120% e os alimentos de -1986-ano-de.html
100%. Os bens de consumo, em geral, tiveram aumento des-
proporcional, levando a uma inflação jamais vista na história
brasileira, até então. A inflação, em 1987, chegou a 365,7%.
Os trabalhadores brasileiros se desesperaram, pois a
inflação desenfreada engolia seus salários rapidamente. A
economia do país estava tão desestruturada que o Governo
declarou moratória, ou seja, suspendeu o pagamento da dí-
vida externa.
No final do mandato de Sarney, em 1989, a inflação atin-
giu o seu recorde histórico, chegando a mais de 1.700% ao
ano, como podemos verificar na tabela abaixo.
Com o fracasso do Plano Cruzado II, o Governo decretou
outros dois planos semelhantes, o Plano Bresser e o Plano
Verão – ambos propondo novos congelamentos de preços e
salários –, além do aumento de impostos e tarifas públicas;
mas nenhum obteve êxito.
Aos problemas econômicos e políticos do governo Sar-
ney, somavam-se os problemas éticos de seu partido e do
Governo. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi
instaurada, acusando seu governo de nepotismo, corrupção
e lavagem de dinheiro. No entanto, contando com apoio de
parlamentares importantes, o processo foi arquivado e nada
foi apurado. Insatisfeitos com essa situação, um grupo do
PMDB, formado por Fernando Henrique Cardoso, Mário Co-
vas, Franco Montoro, José Serra, Pimenta da Veiga, entre
outros, rompeu com esse partido, fundando o Partido da So-
cial Democracia Brasileira, o PSDB.
Desse modo, O governo Sarney terminou em um am- Reportagem de 1989, do jornal O Estado de São Paulo sobre a hiperin-
biente de recessão econômica, especulação financeira e uma flação que assolou o país. Disponível em: http://economia.estadao.com.
br/noticias/negocios,inflacao-um-problema-que-nao-pode-ser-esque-
hiperinflação que desestabilizaram a economia do país. cido,83215e
76
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
TEXTO COMPLEMENTAR
77
SISTEMA DE ENSINO A360°
Em um momento de indecisões e insegurança, a candidatura de Collor representava, para os setores conservadores, uma
possibilidade de impedir que a esquerda tomasse o poder e um candidato que poderia proteger seus interesses. Collor perten-
cia à tradicional elite alagoana, a uma família de políticos e empresários. Na política, havia sido deputado federal, prefeito de
Maceió e governador de Alagoas. Sabendo utilizar uma eficiente estratégia de marketing, colocando sempre a televisão a seu
favor, transmitia a imagem de um político jovem, moderno, dinâmico e “caçador de marajás” – funcionários públicos detento-
res de altos salários e funcionários “fantasmas”.
Nos programas eleitorais, ele se apresentava como ini-
migo número 1 da corrupção. Em seus discursos agressivos
e inflamados, prometia acabar com a inflação, governar para
os mais humildes – chamados de descamisados –, inserir o
país no mercado global e caçar os “marajás”, termo esse que
ganhou bastante popularidade na época.
O maior opositor de Collor na campanha presidencial de
1989 foi Luis Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula.
Lula possuía um perfil bem diferente: tinha sido operário,
metalúrgico e líder sindical e havia ganhado popularidade
no país ao liderar as famosas greves iniciadas na região do
ABC paulista. Proveniente das classes populares, Lula apre- Fernando Collor de Mello, em agosto de 1989 se exalta durante uma
passeata no Rio de Janeiro. Collor fazia discursos inflamados cheios de
sentava-se como o candidato dos trabalhadores, defensor da gestos teatrais que impressionavam o grande público. Disponível em:
reforma agrária e propunha alterar a estrutura da sociedade http://andrebarcinski.blogfolha.uol.com.br/2013/05/09/olha-quem-es-
ta-de-volta/
brasileira.
Os conservadores temiam que Lula chegasse ao poder, uma vez que suas propostas não iam ao encontro dos interesses da
elite brasileira. Renasceu, assim, o discurso anticomunista, que veio de encontro à conjuntura internacional que assistia ao fim
da Guerra Fria, a reunificação alemã e o desmoronamento dos blocos socialistas. Os grandes empresários diziam que deixariam
o país, caso Lula vencesse.
Apoiado pelo grande capital nacional e internacional, pelos grandes partidos e pelos meios de comunicação de massa –
como as Organizações Globo –, além de usar imoralmente fatos da vida pessoal de seu oponente, Fernando Collor de Mello
venceu o candidato Lula no segundo turno, elegendo-se presidente da República, em 1989, com mais de 35 milhões de votos.
Iniciava-se o breve e tumultuado Governo Collor.
O GOVERNO COLLOR
Fernando Collor de Mello assumiu a presidência em 15 de
março de 1990, com a inflação a 84% ao mês e índice anual de
5000%. No dia seguinte ao da posse, o novo presidente, junta-
mente com a então ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello,
apresentou o Plano Collor, um conjunto de medidas econômi-
cas que prometia estabilizar a economia. O Plano, entre outras
medidas,
Extinguiu a moeda vigente, o cruzado, restabelecendo o
cruzeiro;
Congelou preços e salários;
Confiscou o dinheiro das cadernetas de poupança;
Congelou contas e aplicações financeiras nos bancos; Durante cerimônia de posse em Brasília, o presidente eleito Fernando
Collor de Mello desfila em carro oficial ao lado de seu vice-presidente
Extinguiu o apoio federal ao setor artístico e cultural; Itamar Franco. Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/noticias/
personalidades,fernando-collor,535,0.htm
Restringiu o fomento às pesquisas científicas.
O objetivo dessas medidas era tirar o dinheiro de circulação para conter o consumo e reduzir a inflação. Nesse contexto, foi
forçada a queda dos preços dos produtos nacionais, abrindo o mercado brasileiro às importações.
78
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
A indústria nacional, defasada tecnologicamente em relação à indústria estrangeira, não conseguiu concorrer com os pro-
dutos importados, vendidos em sua maioria a preços mais baixos que os similares nacionais. A produção industrial e as vendas
no comércio caíram, fazendo muitas empresas reduzirem salários e demitirem funcionários; outras simplesmente faliram.
Nesse mesmo momento de redemocratização do Brasil e de alguns países latino-americanos, em um âmbito econômico
internacional, as grandes potências mundiais se reuniram em Washington, nos EUA, a fim de deliberar formas de a América
Latina superar a crise econômica que se instalara – formas essas que fossem ao encontro dos interesses dessas grandes potên-
cias, claro.
A América Latina sofria pela elevada dívida externa, estagnação econômica, inflação e desemprego. Esse encontro de “gi-
gantes”, conhecido como Consenso de Washington, contou com a participação de representantes do FMI, do Banco Mundial,
do Banco Interamericano de Desenvolvimento e de economistas estrangeiros, e foi encabeçado pelo governo dos EUA. Estabe-
leceram diretrizes e preceitos neoliberais:
A não interferência do Estado na economia, deixando o mercado agir livremente, ou seja, a subordinação da economia
às leis de mercado;
Corte de gastos sociais, como saúde e educação;
Abertura do mercado nacional para a entrada do capital estrangeiro;
Abertura do mercado nacional para as importações, baixando as taxas;
Privatização das empresas estatais;
Limitação dos aumentos salariais.
Collor se mostrou plenamente de acordo com essas diretrizes, sendo essas medidas aceitas e implantadas durante seu
governo. Com isso, o desemprego aumentou de modo alarmante, as mazelas sociais se acentuaram e a economia novamente
entrou em recessão, agravando as dificuldades sociais. Em 1991, foi lançado o Plano Collor II que, assim como o anterior, não
obteve sucesso.
FORA COLLOR!
Após dois anos de mandato e em meio a um governo totalmente fracassado, denúncias de corrupção envolvendo ministros
abalaram ainda mais o Governo Collor. Escândalos envolvendo o governo eram noticiados na televisão diariamente. O maior
deles foi quando o irmão caçula do presidente, Pedro Collor de Mello, denunciou, através da imprensa, a existência de um
esquema de corrupção bilionário dentro do governo, chefiado por Paulo Cesar Farias (o PC Farias), tesoureiro de campanha e
amigo do presidente. Esse esquema ficou conhecido como Esquema PC.
Seu governo era acusado de tráfico de influências, arrecadando dinheiro das empresas para facilitar contratos, mediante,
claro, elevadas quantias destinadas às contas pessoais de Collor. Seu mandato foi marcado ainda por enormes irregularidades
financeiras e contas fantasmas nos paraísos fiscais que envolveriam o presidente, seus familiares e seus aliados políticos.
Frente a tantas denúncias graves e sob forte pressão da sociedade civil, foi instaurada no Congresso Nacional uma Comis-
são Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as acusações. À medida que as investigações da CPI avançavam, as irregula-
ridades eram comprovadas. A Polícia Federal chegou a estimar em 1 bilhão de dólares o total extorquido pela quadrilha.
As notícias causaram enorme indignação e impacto em todo o país. Setores organizados da sociedade como a Ordem dos Ad-
vogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa
(ABI) exigiam a saída do presidente. Milhares de pessoas, em
sua maioria jovens estudantes com o rosto pintado de verde
e amarelo, conhecidos como “caras-pintadas”, com o grito de
“Fora Collor!”, tomaram as ruas das principais cidades brasilei-
ras para protestar e exigir ética na política, o fim da corrupção
e o impeachment (impedimento) do presidente.
Os congressistas sentiram-se pressionados pela população
e imprensa e deram início ao processo de impeachment. Em
setembro de 1992, o presidente foi afastado do cargo. Visando
preservar seus direitos políticos, Collor renunciou à presidência
da República, mas sua tentativa foi em vão. Em 29 de dezem-
bro de 1992, foi julgado e condenado pelo Senado e teve seu Manifestação popular pelo impeachment do presidente Fernando Collor
de Mello em São Paulo, em 1992. Disponível em: http://vejasp.abril.com.
mandato e seus direitos políticos cassados por oito anos. Seu br/blogs/listamania/2015/03/12/acontecimentos-brasil-1992-ano-impe-
vice-presidente, Itamar Franco, assumiu a presidência. achment/
79
SISTEMA DE ENSINO A360°
80
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Entretanto, apenas seis deles tiveram seus mandatos cassados
e perderam seus direitos políticos – os demais acabaram renun-
ciando ou sendo absolvidos.
Aproveitando a popularidade que lhe foi conferida como
ministro da Fazenda e idealizador do Plano Real e contando com
o apoio da base aliada, Fernando Henrique Cardoso se candida-
tou pelo PSDB às eleições para a presidência da República que
ocorreram no final de 1994, tendo como vice-presidente, Mar-
cos Maciel do PFL. Seu principal adversário foi o candidato do
PT, Luis Inácio Lula da Silva, sendo este novamente derrotado.
Apoiado e favorecido pela mídia que associava imagens suas à
prosperidade e à modernidade, pelo Plano Real e também por
grandes empresários, FHC elegeu-se presidente no primeiro O então ministro Fernando Henrique Cardoso fazendo a apresenta-
ção do Real. Disponível em: http://www.psdb.org.br/galeria/galeria-
turno, com 54,2% dos votos, enquanto Lula, segundo colocado, -de-imagens-19-anos-plano-real/
obteve pouco mais de 27% dos votos.
81
SISTEMA DE ENSINO A360°
82
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
No quesito educação, durante o governo FHC, ocorreu um grande aumento de crianças nas escolas: 97% das crianças entre
7 e 14 anos estavam dentro das salas de aula. A criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) ga-
rantiu mais recursos para o ensino fundamental. Além disso, houve uma significativa queda no analfabetismo no país como um
todo: de 20% de analfabetos em 1990, caiu para 12% em 2002 – vale ressaltar que, no tocante à taxa de analfabetismo de mui-
tos outros países, a do Brasil ainda é elevada. O governo introduziu importantes inovações no sistema educacional brasileiro,
aprovando uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que ajudou a elevar a sua qualidade, possibilitando
ainda o surgimento de um grande número de instituições de nível superior. Foi criado também o Plano Nacional do Livro Didá-
tico, no qual todos os alunos do ensino fundamental de escolas públicas passaram a receber gratuitamente os livros didáticos
para serem usados durante o ano letivo. No entanto, sabemos que ainda havia um longo trabalho a ser desenvolvido quanto à
qualidade do ensino público e privado no país.
Entre os programas de distribuição de renda, foram criados o Bolsa-Escola, o Vale-Gás e o Bolsa-Alimentação, destinados
a beneficiar famílias necessitadas.
83
SISTEMA DE ENSINO A360°
TEXTO COMPLEMENTAR
POLÍCIA BARRA POVO E FHC FAZ FESTA VIP DOS 500 ANOS
Dois episódios ocorridos nessa sexta-feira, dia 21, ajudam a entender o festival de selvageria em que se transformou
a festa dos 500 anos do Brasil, exaustivamente preparada para coroar o Governo da Bahia e, principalmente, catapultar
o senador Antonio Carlos Magalhães para a sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
Por volta das 16 horas, policiais militares fortemente armados bloquearam a rodovia que liga Bahia a Porto Seguro.
Eles alegavam cumprir ordens da Defesa Civil, já que a cidade não comportava mais ninguém. Tudo perfeito, à exceção
de um mero detalhe: Porto Seguro não tem Defesa Civil. O objetivo era evitar que os sem-terra, acampados em Bahia,
entrassem em Porto. O bloqueio foi estendido a turistas e até aos moradores das duas cidades. Um turista que veio de
João Pessoa, na Paraíba, exibiu as reservas de hotel e afirmou que seu direito de ir e vir, garantido pela Constituição,
estava sendo desrespeitado.
A resposta do policial merece entrar para os anais da história do Brasil:
- Aqui na Bahia quem manda é o Antonio Carlos Magalhães. Ou seja, pega a Constituição e...
Por volta das 20 horas, foi realizada em Coroa Vermelha a plenária de encerramento da Conferência dos Povos In-
dígenas, que reuniu cerca de 3 mil índios de 150 tribos de todo o país. Exaltadas, lideranças indígenas se referiam a FHC
usando termos como “canalha”, “vagabundo”, “sem palavra”. O último a falar foi o pataxó Luiz Tiliá. Coube a ele dar o
tom da conferência:
- Amanhã nós vamos fazer uma caminhada até Porto Seguro e a polícia não vai deixar. Quero que cada tribo junte
os dez guerreiros mais fortes. Eles vão na frente, porque nós vai passar de qualquer jeito.
Um vidente previu chuvas e trovoadas em Porto Seguro durante o 22 de abril. Acertou na previsão do tempo e na
metáfora. Chovia torrencialmente em Coroa Vermelha, quando cerca de mil integrantes do movimento Outros 500, forma-
do principalmente por estudantes mal saídos da adolescência, marchavam para a área onde foi realizada a conferência
indígena. O objetivo era de se juntarem aos índios na caminhada até Porto Seguro.
Aí, surge a polícia militar. Um manifestante negro é agarrado pelos cabelos. Sua companheira tenta defendê-lo e é
jogada ao chão. O tumulto estava formado. Policiais atiram para o alto, jogam bombas de gás lacrimogêneo e espancam
quem aparece pela frente.
Assustados, os manifestantes correm para as casas dos pataxós e respondem às agressões com pedradas. Uma das
pedras atinge o índio Crispim na cabeça. Pronto. Estava dado o pretexto para que o comandante da operação, Wellington
Muller, prendesse cerca de 140 integrantes do movimento Outros 500. Alegou que estava agindo em defesa dos índios,
embora os próprios indígenas alegassem que a pedrada em Crispim fora acidental e provocada pela truculência com que
a polícia investiu contra os manifestantes.
Procuradores da República, a senadora Marina Silva, os deputados Haroldo Lima e José Dirceu e a deputada estadual
Alice Portugal tentaram, em vão, argumentar que as prisões eram ilegais e que a violência dos PMs era injustificada. A
todos, Muller respondia com um monocórdio “não reconheço sua autoridade”.
Estava armado o palco para um conflito de proporções maiores e ele evidentemente ocorreu. Por volta das 11 horas,
índios marchavam para Porto Seguro, quando encontraram uma barreira de PMs, incluindo o batalhão de choque. Antes
mesmo que os índios se aproximassem, os PMs, com o ensandecido Muller à frente, começaram a atirar com balas de
borracha e a jogar bombas de gás lacrimogêneo. Saldo: mais de 30 feridos, entre eles nenhum policial militar, prova maior
de que não houve confronto e que apenas uma das partes bateu.
E como bateu! Jornalistas de todo o Brasil e das várias partes do mundo comentavam que a repressão aos índios,
negros e sem-terra já era previsível. O que assustou a todos foi a violência com que a polícia militar agiu. Era como se
não bastasse apenas impedir que os manifestantes chegassem a Porto Seguro, mas, como disse a senadora Marina Silva,
deixar bem claro a todos que nesse país lugar de pobre é na senzala, enquanto a classe dominante goza os prazeres da
casa grande.
Corta, então, para a casa grande. No estreladíssimo hotel Vela Branca, cercado por um forte aparato de segurança,
Fernando Henrique e o presidente de Portugal Jorge Sampaio almoçam com convidados. A elite empresarial e política do
País. Num pronunciamento insosso, FHC falou dos avanços sociais do país, alfinetou os sem-terra e, por fim, fez um brinde
com a legítima cachaça brasileira.
84
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Do lado de fora do banquete, uma cena insólita. Impedidos de trabalhar (desta vez, a truculência ficou por conta dos
seguranças e dos burocratas do Itamarati), jornalistas sentaram no chão e cantaram o Hino Nacional. Minutos depois,
numa entrevista coletiva montada às pressas, FHC tentou ironizar e cantou também o Hino Nacional. Errou a letra duas
vezes. O que esperar de um presidente que já no segundo mandato, não sabe o hino do país que governa?
Para que a visita, prevista para durar quatro dias e encurtada sucessivamente até se limitar a meras três horas, não se
limitasse ao almoço, o presidente visitou a Cidade Histórica, reformada pelo Governo do estado. Cumprimentou a simpá-
tica família Schürmann que voltava de uma viagem de dois anos pelo mundo, plantou uma muda de Pau Brasil, acendeu
a Chama do Conhecimento, viu atores fantasiados de índios e posou para fotos abraçado a baianas do acarajé.
Os moradores da Cidade Histórica viram a festa da janela, porque estavam impedidos de sair de casa.
Era visível o desconforto do senador ACM e do governador César Borges. O primeiro, perguntado sobre a repressão
aos índios e sem-terra, respondeu que preferia não ver, porque aquele dia era um dia de festa, um dia para os brasileiros
comemorarem. O segundo afirmou que apenas mantiveram a ordem, garantindo a segurança do presidente.
Sensato, o senador Paulo Souto condenou a maneira como o processo foi conduzido:
- O Governo do Estado fez grandes obras em Porto Seguro, urbanizou Coroa Vermelha, construiu um Centro de
Convenções fantástico, mas o que vai repercutir no mundo todo são os tumultos.
Acertou na mosca. A imprensa brasileira (incluindo a Rede Globo, que em determinado momento tentou se apoderar
da celebração dos 500 anos) deu amplo destaque à pancadaria e pouco falou da visita ao Centro Histórico. Jornais como
o New York Times, dos EUA, o Libération, da França, e o Independent, da Inglaterra, falaram da violência contra o s
indígenas.
A foto do índio Gildo Terena, ajoelhado no asfalto e de braços abertos pedindo clemência aos policiais, saiu na capa
dos principais jornais do planeta. A mesma imagem, com a sequência em que Terena é atingido por uma bomba de gás
lacrimogêneo e em seguida pisoteado pelos PMs foi veiculada em centenas de emissoras de televisão.
Fernando Henrique foi embora
antes de assistir ao espetáculo. O
dia em que o Brasil nasceu misto de
teatro e cinema com luzes e fogos
de artifício. Escapou de um derra-
deiro constrangimento.
Revoltados porque o show era
apenas para convidados do governo
e pela colocação de um tapume que
impedia qualquer vista do espetá-
culo, turistas e moradores primeiro
protestaram com xingamentos. De-
pois, jogaram pedras aleatoriamen-
te. Antes que a revolta ganhasse
proporções incontroláveis, a polí-
cia chegou e, conhecedores do que
havia ocorrido com os índios, estu-
dantes e sem-terra, as pessoas pre-
feriram optar por programas menos Conflito entre a PM e manifestantes (em sua maioria índios) na festa de comemoração de
arriscados, como passear pela Pas- 500 anos do Brasil. Disponível em: http://www.rotadosertao.com/noticia/28029-estado-te-
ra-de-pagar-rs10-milhoes-por-reprimir-manifestacao-nos-500-anos-do-brasil
sarela do Álcool.
Os relógios marcavam duas horas e trinta minutos do dia 23 de abril quando voltou a chover torrencialmente em
Porto Seguro. Entre irônico e revoltado, um bêbado comentou:
- Depois de uma confusão dessas, na festa dos 1000 anos do Descobrimento eu não venho de jeito nenhum.
Provavelmente, nem FHC, ainda que na remota hipótese de sucessivas reeleições e da imortalidade que só os que se
julgam deuses costumam almejar. Nem FHC...
Texto de Daniel Thame, de Porto Seguro.
Disponível em: http://www2.uol.com.br/aregiao/art/massacre.htm
85
SISTEMA DE ENSINO A360°
AVANÇOS SOCIAIS
Ao assumir a presidência, Lula declarou que a prioridade do seu governo seria o combate à fome e, para tal, lançou o
programa Fome Zero, que combinava políticas públicas voltadas para as causas da fome e da pobreza, como a geração de em-
pregos e um maior acesso à saúde e educação, além da criação do programa Bolsa Família, em que há a transferência direta
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
de renda às famílias, sendo que cada uma recebe um valor em
dinheiro por filho. A família beneficiada tem que manter os fi-
lhos na escola e manter a vacinação em dia, e as gestantes têm
de realizar o pré-natal acompanhando sua saúde e a do bebê.
Esse programa foi responsável por retirar milhões de pessoas da
miséria extrema, especialmente nas regiões Norte e Nordeste,
chegando a atender, em 2012, mais de 13 milhões de famílias.
Graças às ações desse programa, o nível de vida das famílias Slogan do programa Fome Zero e Bolsa-Família, lançados para er-
mais pobres passou a apresentar uma melhora concreta. Entre- radicar a miséria no país. Disponível em: http://pressroom.ipc-undp.
org/the-food-security-policy-context-in-brazil/
tanto, esse programa é criticado por vários especialistas, que o
taxam de assistencialista e incentivador do ócio.
As camadas mais pobres da sociedade também foram favorecidas pelo reajuste do salário mínimo acima dos índices da
inflação, com um aumento real que proporcionou uma maior oferta de crédito à população, aumentando o poder de compra
dos trabalhadores. Houve, ainda, a diminuição dos impostos sobre os produtos da cesta básica e de materiais de construção,
beneficiando diretamente os trabalhadores. O combate à pobreza durante o governo Lula se mostrou um sucesso, ampliando
sua popularidade e prestígio dentro e fora do país.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre 2003 e 2004, 24 milhões de brasileiros deixaram o es-
tado de extrema pobreza. Como resultado, o mercado interno brasileiro se fortaleceu e criaram-se 15 milhões de novos empregos.
Na área da educação, o governo Lula conseguiu junto ao Congresso Nacional a aprovação do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), em substituição ao Fundef criado no governo FHC, atendendo e estendendo
o programa também para os alunos do Ensino Médio. Estendeu também aos alunos do Ensino Médio o direito de serem aten-
didos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). No governo Lula, os investimentos no campo da educação triplicaram
e foi retomado o apoio e incentivos financeiros às pesquisas científicas, que haviam sido suspensos pelo governo anterior. Em
relação ao Ensino Superior, foi criado o programa ProUni (Programa Universidade para Todos), que possibilitou o acesso à
educação universitária a estudantes que não têm condições de arcar com despesas de livros e de mensalidades.
O CASO “MENSALÃO”
Durante o governo Lula, no ano de 2005, explodiu uma
denúncia de corrupção milionária envolvendo integrantes de
vários partidos, inclusive importantes líderes do PT, como o
Chefe da Casa Civil, José Dirceu. Segundo relatório, o dinheiro
público estava sendo usado para um esquema de financiamen-
to das campanhas eleitorais do PT e para a compra de votos
de deputados federais de outros partidos – visando à obten-
ção de maioria parlamentar – em troca de apoio a projetos
do governo na Câmara dos Deputados. Esse escândalo ficou
conhecido como “mensalão”, devido a essa “mesada” mensal
que era dada pelo governo aos políticos e a empresários en-
volvidos no esquema. Esse escândalo abalou as estruturas do Charge ironizando a famosa máxima brasileira de que aqui tudo
governo, que teve sua imagem marcada negativamente por acaba em pizza. Disponível em: http://www.esmaelmorais.com.
essas denúncias e muitos de seus eleitores acusaram o parti- br/2012/08/03/
SEGUNDO MANDATO
Apesar das várias denúncias de corrupção envolvendo o partido e o governo, nas eleições presidenciais em outubro de
2006, Lula conseguiu se reeleger para um segundo mandato, derrotando o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin do
PSDB, com mais de 60% dos votos do eleitorado. Alguns críticos do governo vincularam essa vitória ao Bolsa-Família e, outros
mais favoráveis, ao fato de que Lula ainda era visto pela grande maioria como um político comprometido com as causas sociais.
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SISTEMA DE ENSINO A360°
Em seu segundo mandato, novas mudanças começaram a acontecer. A permanência da estabilidade econômica fez com
que o Brasil passasse sem muitos abalos pela crise econômica mundial de 2008-2009, que afetou fortemente vários países da
União Europeia e os Estados Unidos. A mídia nacional e internacional começou a falar positivamente do país, principalmente
do BRIC, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia e China, sendo esses apontados como as potências do futuro. A
comunidade internacional mostrou-se com um otimismo inédito em relação ao potencial do país, tanto que, em 2009, o Comitê
Olímpico Internacional elegeu a cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016, em detrimento
de cidades mais tradicionais dos países desenvolvidos. O Brasil também foi escolhido para sediar outro importante evento es-
portivo mundial: a Copa do Mundo de Futebol, em 2014.
O governo Lula ampliou os projetos sociais que já estavam em andamento, como o Bolsa-Família, o Luz para Todos – pro-
grama que ampliou significativamente o setor de eletrificação, atendendo diversas comunidades distantes –, o Minha Casa
Minha Vida – programa que atendeu milhões de famílias ao facilitar o acesso à casa própria através de financiamentos feitos
pela Caixa Econômica Feral – e o ProUni.
Em 2007, aumentaram ainda mais as perspectivas de crescimento da economia quando da descoberta de jazidas de pe-
tróleo no litoral sul e sudeste do Brasil, pela Petrobrás. Essas jazidas receberam o nome de pré-sal, porque se situam em águas
profundas e ultraprofundas, abaixo de uma grande camada de sal. A camada pré-sal é composta por grandes acumulações de
óleo leve, com alto valor comercial, por ser de boa qualidade. Foram desenvolvidas novas tecnologias para operarem em águas
tão profundas em parceria com fornecedores, universidades e centros de pesquisa.
Grandes investimentos foram realizados em setores de energia, de transporte e da agricultura. Visando melhorar e moder-
nizar o saneamento básico e a infraestrutura do país, foi lançado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com diversas
obras importantes em portos, estradas, aeroportos e usinas, por exemplo, financiadas pelo poder público em parceria com a
iniciativa privada. Essas obras de melhoria da infraestrutura foram importantes para o crescimento da economia que, em 2010,
foi de 7% ao ano.
Ao final do segundo mandato, em 2010, uma pesquisa comandada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou
que o índice de aprovação do presidente Lula era de 87%. Nesse mesmo ano, o PT lançou a candidatura para a presidência da
então ministra-chefe da Casa Civil e ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Com esse índice de aprovação, Lula exerceu
bastante influência nas eleições presidenciais de 2010. Dilma Rousseff conseguiu se eleger, derrotando, no segundo turno, José
Serra, do PSDB, que em 2002 já havia sido derrotado por Lula. Em janeiro de 2011, Dilma tomou posse em Brasília, tornando-se
a primeira mulher na história política brasileira a assumir a presidência da República.
GOVERNO DILMA
Após tomar posse da presidência em 2011,
Dilma defendeu a continuidade e ampliação
das políticas sociais do governo anterior, dando
ênfase às ações que promovessem o desenvol-
vimento social e, ao mesmo tempo, ações que
visassem ao crescimento econômico. Muitos
críticos especularam que a influência de Lula
em seu governo era muito grande. No primei-
ro mandato, procurou sempre centralizar as
ações do governo, ou seja, todos os assuntos
importantes teriam que passar por suas mãos.
Ao se tornar presidente, Dilma iniciou seu
governo em meio a uma grave crise econômi-
ca internacional. Como consequência, no final
do primeiro ano, o PIB brasileiro cresceu me-
nos que nos anos anteriores. Para conter os
avanços dos efeitos dessa crise, em sua ges-
tão foram criados vários pacotes de estímulo Posse de Dilma Rousseff, a primeira mulher a chegar à presidência da República. Dispo-
nível em: http://artigolivre.blogspot.com.br/
88
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
à economia, a fim de tornar o país mais competitivo, conter a Inflação PIB
inflação e atrair investimentos. Apesar dessas iniciativas, a eco-
FHC - 1 9,7 % 2,5 %
nomia desacelerou nos dois primeiros anos de mandato, fazen-
do a economia do país crescer menos do que o programado. FHC - 2 8,8 % 2,1 %
Nesses dois anos, o Brasil foi um dos países que menos cresceu Lula - 1 6,4 % 3,5 %
economicamente na América Latina, ficando atrás do México e 5,1 % 4,6 %
Lula - 2
da Argentina, por exemplo.
Dilma - 1/2 6,2 % 1,8 %
No entanto, a taxa de desemprego permaneceu estável e Fonte: IBGE
os salários continuaram aumentando e a renda per capita tam-
Tabela que mostra a porcentagem da inflação e do PIB brasileiro
bém. Durante os governos Lula e Dilma, as exportações cres- alcançados durante os governos FHC, Lula e Dilma. Disponível em:
http://www.desenvolvimentistas.com.br/blog/blog/2013/04/10/
ceram consideravelmente. Entre os produtos primários expor- delfim-inflacao-alta-e-pib-baixo-vem-desde-fhc/
tados, destacam-se a soja, a carne, o café, a laranja, o álcool, o
trigo e o açúcar; o minério de ferro também é bastante exportado. Entre os produtos industrializados exportados pelo Brasil,
destacam-se os automóveis, os aviões, os combustíveis e o aço. O país figura hoje como uma das maiores economias do mundo,
conquistando um papel importante na Organização Mundial de Comércio (OMC).
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Dando continuidade aos programas do governo Lula, como o Bolsa-Família, o PAC, o Minha Casa Minha Vida, o ProUni,
entre outros, Dilma também criou projetos para promover melhorias nas áreas da saúde e educação.
Dilma lançou o programa Brasil sem Miséria como complemento ao Bolsa-Família, com o objetivo de aumentar a renda de
pessoas que viviam em condições de extrema pobreza, garantindo a essas famílias uma renda mínima de R$ 70,00 por membro.
Esse programa garantia também o acesso a serviços públicos com maior qualidade, como creches e o fornecimento gratuito de
vitamina A e sulfato ferroso, além de remédios contra a asma.
Na saúde, com o objetivo de ampliar a assistência e reduzir a mortalidade infantil e materna, foi criada a Rede Cegonha
destinada às gestantes e seus bebês. Foi lançado, ainda, um polêmico programa chamado Mais Médicos, que promete melho-
rias no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e que prevê investimentos em infraestrutura dos hospitais
e demais unidades de saúde. Além dessas propostas, esse programa foi responsável por trazer ao Brasil diversos médicos de
outros países – principalmente de Cuba –, com o intuito de levar mais médicos para regiões onde há escassez desses profis-
sionais. O objetivo também é expandir o número de vagas de medicina e de residência médica, além do aprimoramento da
formação médica no país.
Na área da educação, criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, o Pronatec. Esse programa foi
lançado para oferecer bolsas de estudos a alunos e trabalhadores que queiram fazer cursos técnicos e profissionalizantes, vi-
sando ao aumento da oferta de mão de obra especializada, além da construção de escolas técnicas federais por todo o país. Em
2012, Dilma sancionou a Lei de Cotas para o Ensino Superior que disponibiliza 50% das vagas nas Universidades Federais para
alunos pardos, negros, indígenas e provenientes de escola pública.
Em seu governo, foi criado também o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que tem
como meta estimular a geração de renda e incrementar o uso da mão de obra familiar através da concessão de crédito para o
produtor rural.
Apesar das melhorias sentidas pela população em geral, infelizmente os índices negativos como um todo ainda não foram
sanados. Estamos longe de termos uma educação pública de qualidade e de um governo que a priorize. Ainda temos uma gran-
de maioria de professores recebendo baixos salários e milhares de escolas que continuam precárias, sem os requisitos básicos
para seu funcionamento. O Brasil apresenta o segundo pior índice de concentração de renda do planeta, atrás apenas de Serra
Leoa, na África. Dados revelam que a parcela mais rica da população brasileira, equivalente a 1% do total de habitantes, detém
cerca de 20% de toda a riqueza do país. Além disso, o Brasil apresenta elevados índices de concentração fundiária, o que poten-
cializa os conflitos no campo. Ainda hoje, existem milhões de pessoas analfabetas e outros milhões que sabem ler e escrever de
modo bastante precário. Cerca de 40% dos jovens que frequentam as escolas estão atrasados nos estudos. Na área da saúde,
ainda existem diversos problemas graves. Hospitais e demais unidades de saúde por todo o país enfrentam uma superlotação
imoral. Milhões de pessoas continuam tendo enormes dificuldades de acesso a serviços básicos de saúde, sendo que muitas
89
SISTEMA DE ENSINO A360°
deixam de ser atendidas. Atualmente, cerca de 50% dos domicílios permanecem sem saneamento básico. A falta de moradia
digna no país como um todo também é gritante. Ao lado dessa grande desigualdade social e má distribuição de renda entre a
população, caminham inúmeros casos de preconceito, violência e criminalidade que afetam toda a sociedade brasileira.
No entanto, apesar das duras críticas à primeira gestão de Dilma e das dificuldades enfrentadas, como os vários escândalos
de corrupção envolvendo seu partido e governo, uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
(Ibope) realizada em março de 2013 revelou um bom índice de aprovação do governo: 62% das pessoas entrevistadas em 147
municípios consideraram o governo bom ou ótimo. Esses resultados refletiram nas urnas. Nas eleições presidenciais de 2014, Dil-
ma se reelegeu derrotando no segundo turno o ex-governador do estado de Minas Gerais e atual senador, Aécio Neves do PSDB.
90
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UFG A quebra do monopólio da Petrobrás na exploração 03| UERJ Sr. Presidente, Srs. Senadores, levamos a cabo a
do petróleo brasileiro significou mais do que uma mera tarefa da transição.
decisão econômica, repercutindo em todos os níveis da Acredito firmemente que o autoritarismo é uma página
sociedade brasileira, pois a exploração de petróleo é virada na história do Brasil. Resta, contudo, um pedaço
tema controvertido e polêmico. de nosso passado político que ainda atravanca o presen-
Apresente e justifique dois argumentos favoráveis e dois te e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado
argumentos contrários à quebra do monopólio. da Era Vargas, ao seu modelo de desenvolvimento autár-
Resolução: quico e ao seu Estado intervencionista.
Esse modelo, que à sua época assegurou progresso e per-
I. A competição propicia maior produtividade, melho-
mitiu a nossa industrialização, começou a perder fôlego no
res serviços e menores preços. Este é o argumento
fim dos anos 70. Atravessamos a década de 80 às cegas. No
utilizado para defender a quebra do monopólio de
petróleo, o que não significa o mesmo que “privati- final da “década perdida”, os analistas políticos e econômi-
zação da Petrobrás”. Com a presença de novas em- cos mais lúcidos já convergiam na percepção de que o Bra-
presas na exploração petrolífera, o Estado se deso- sil vivia não apenas um somatório de crises conjunturais,
brigaria de investir em serviços não essenciais e a mas o fim de um ciclo de desenvolvimento a longo prazo.
concorrência poderia significar um passo à frente na FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Discurso de despedida do Senado, em 15/12/1994
modernização do setor, desatando os laços políticos Adaptado de www.planalto.gov.br
e econômicos gerados pelo monopólio estatal.
Em seus dois mandatos como presidente, Fernando
II. A defesa da soberania (conhecimento das reservas Henrique Cardoso buscou apoio de diferentes forças po-
minerais por nações estrangeiras, dependência ex- líticas e partidárias para implementar um programa de
terna) é a principal tese a contrariar a tendência reformas que rompesse com o que chamou de “legado
liberal ora em alta. A ausência de uma estratégia da Era Vargas”. Essas reformas eram vistas pelo grupo
nacionalizante capaz de proteger nossas reservas e político ao qual pertencia como fundamentais para que
o risco de um rápido esgotamento das reservas (pois o país vencesse definitivamente as dificuldades enfren-
o petróleo é um recuso natural não renovável) com
tadas na “década perdida”.
a produção direcionada para o consumo externo co-
locaria em risco o desenvolvimento da nação. Explique o significado da expressão “década perdida”
para a economia brasileira.
02| UFJF As imagens abaixo simbolizam dois momentos da
Cite, ainda, duas ações desenvolvidas durante os gover-
República Brasileira. Embora os indicadores de ambos os
nos de Fernando Henrique Cardoso relacionadas a seu
períodos revelem crescimento da economia, em vários
rompimento com a “Era Vargas”.
aspectos os dois governos são distintos. Observe as ima-
gens e, em seguida, responda ao que se pede. Resolução:
A expressão caracteriza a grave estagnação econômica
que a sociedade brasileira sofreu nos anos 1980, mar-
cados por desemprego, altos índices de inflação, dimi-
nuição da capacidade de consumo e aumento do déficit
A A que governo refere-se cada uma das imagens e público e da dívida externa.
qual é a principal diferença entre eles do ponto de
vista político? Duas das ações:
B Analise as duas conjunturas, ressaltando dois aspec- proposta de mudanças na legislação previdenciária
tos relevantes de natureza socioeconômica que per- medidas promotoras de abertura maior à entrada
mitem afirmar que elas são distintas. de empresas estrangeiras
Resolução: programa de privatização de estatais, tais como a
A Primeiro aspecto: Governo Médici: o crescimento Embraer e a Vale do Rio Doce
econômico se deu com base, inclusive, na retração flexibilização de monopólios estatais, tais como o da
dos salários. No governo Lula houve crescimento Petrobras e o das telecomunicações
econômico e elevação salarial.
propostas para diminuição do papel do Estado como
B Segundo aspecto: Governo Médici: altas taxas de in- produtor, valorizando seu caráter regulador
flação. Governo Lula: inflação sob controle.
91
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| FUVEST Desde 1990, os governos brasileiros vêm des- político agravado no ano de 1992, acabariam levando ao
montando um modelo de Estado que se cristalizou no fim de seu governo, por decisão do Congresso Nacional.
período varguista (1930-1945). Que principais mudan- Explique duas consequências econômicas do Plano
ças estão ocorrendo no que respeita à intervenção do Collor.
Estado na economia e nas relações trabalhistas?
04| UNESP Expectativa de evolução da produção de energia
02| No governo de José Sarney foi promulgada a constitui- hidrelétrica no Brasil, 2009 – 2019
ção de 1988, a qual vigora até os dias atuais. Destaque,
Produção Sudeste/
no mínimo, três pontos estipulados por esta constitui- MW CO
Sul Nordeste Norte Brasil
ção que levou a redemocratização do país. 61 882 16 550 14 759 10 407 103 598
dez/09
(60%) (16 %) (14%) (10%) (100%)
03| UFRJ “A violência da inflação e a quase destruição do 77 508 23 614 26 708 39 248 167 078
Dez/19
(46%) (14%) (16%) (24%) (100%)
sistema de preços já ameaçavam o funcionamento da
economia [...]. Para sustentar de forma duradoura a es- Variação
25,3 42,7 81,0 277,1 61,3
(%)
tabilidade de preços, impõe-se uma reforma monetária
(Ministério de Minas e Energia. Plano Decenal de Expansão de Energia, 2010.)
austera, capaz de devolver ao Estado o controle sobre
a moeda. [...] não deve se traduzir apenas na mudança Indique as regiões brasileiras que sofrerão os maiores
de denominação do padrão de referência de preços e aumentos percentuais na capacidade de produção de
contratos, mas deve atingir profundamente as formas energia hidrelétrica instalada até 2019.
de acesso à liquidez e os processos de criação do poder Cite um exemplo de usina hidrelétrica que está em cons-
de compra. [...] As medidas [...] buscam, sobretudo, pre- trução no Brasil e aponte duas consequências socioam-
servar os direitos adquiridos pelos cidadãos.” bientais resultantes da sua instalação.
(Discurso do presidente Fernando Collor de Mello, apresentando o plano de estabilização,
na reunião ministerial de 16/3/1990) 05| UFPR Aponte e explique três consequências econômicas
importantes para a sociedade brasileira decorrentes da
Em 16 de março de 1990, dia seguinte a sua posse, Fer- implantação do Plano Real em 1994 e da política econô-
nando Collor de Mello anunciou um plano econômico mica adotada no contexto dos governos Itamar Franco
com diversas medidas. A impopularidade desse plano (1992-1994) e do primeiro governo Fernando Henrique
e a de outras medidas adotadas, somadas ao desgaste Cardoso (1995-1998).
T ENEM E VESTIBULARES
01| IFPE partir de 1985, o Brasil está em fase de redemo- E A presidência de Fernando Henrique Cardoso se
cratização. Deste momento em diante, governos civis caracterizou pelo processo de retomada, pelo Esta-
passam a exercer a soberania republicana do País. Neste do, das empresas privatizadas no Governo Collor de
sentido, leia os itens abaixo e assinale a opção que esti- Mello.
ver correta com relação ao período.
A Na presidência de Itamar Franco, foi realizado o plebis- 02| ENEM
cito que decidiu pela continuidade do sistema republi-
Texto I
cano presidencialista que o Brasil vive atualmente.
B Em 1985, o governo José Sarney, objetivando conter
a inflação, elaborou o seu plano econômico mais fa-
moso: plano real.
C Em 1988, foi aprovada a primeira Constituição do
Brasil republicano, cujo documento final foi chama-
do de “Constituição Cidadã”.
D O governo de Fernando Collor, praticando uma ad-
ministração neoliberal, iniciou o processo de privati-
zação das empresas de capital privado brasileiras.
92
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
Texto 2 A primeira imagem foi produzida em 1952, no momen-
A constituição Federal no título VII da Ordem Social, em to em que Getúlio Vargas foi até Mataripe (BA), visitar
seu capítulo VII, Art 226, § 7º, diz: reservas de petróleo, antes da criação da Petrobras
(1953). Já a segunda, foi realizada durante o governo de
“Fundado nos princípios da dignidade da pessoa hu- Luiz Inácio Lula da Silva, em uma de suas muitas visitas
mana e da paternidade responsável, o planejamento à Petrobras. Ao observar as duas imagens, fica evidente
familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado
a semelhança entre ambas: os dois presidentes referen-
propiciar recursos educacionais e científicos para o exer-
cício deste direito, vedada qualquer forma coercitiva por ciam o petróleo nacional a partir do mesmo gesto de
parte de instituições oficiais ou privadas”. apresentação de suas mãos embebidas no popularmen-
Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 21 set. 2008.
te chamado “ouro negro”. Esse gesto não deixa dúvida
quanto aos propósitos dos governos de Vargas e de Lula
A comparação entre o tratamento dado ao tema do pla- em fazer do petróleo um instrumento de política eco-
nejamento familiar pela charge de Henfil e pelo trecho
nômica. Isoladas, essas imagens possuem significação
do texto da Constituição Federal mostra que:
apenas dentro de suas correspondentes conjunturas
A a charge ilustra o trecho da Constituição Federal so- político-econômicas. Apresentadas conjuntamente, elas
bre o planejamento familiar. adquirem um sentido histórico.
B a charge e o trecho da Constituição Federal mostram
a mesma temática sob pontos de Vista deferentes. Pensando nisso, observe as imagens e assinale a alternati-
va que melhor expresse a prática política comum dos go-
C a charge complementa as informações sobre plane-
vernos de Vargas e de Lula quando o assunto é Petrobras.
jamento familiar contidas no texto da Constituição
Federal. A A defesa neoliberal que se evidencia na proposta de
D o texto da charge e o texto da Constituição Federal privatização do sistema de exploração do petróleo.
tratam de duas realidades sociais distintas, financia-
B A proposição de uma política econômica liberal que
das por recursos públicos.
recusa qualquer ação intervencionista do Estado
E os temas de ambos são diferentes, pois o desenho
nos assuntos relacionados ao campo energético.
da charge representa crianças conscientes e i texto
defende o controle de natalidade. C A oposição às campanhas organizadas em torno da
defesa do lema “O petróleo é nosso!”.
03| IFGO Observe as imagens:
D O caráter autoritário e centralizador do governo,
Imagem I evidenciado na política de fortalecimento do Poder
Executivo e no impedimento à entrada de capital es-
trangeiro no Brasil.
E O apelo nacionalista que se revela na intervenção
política do Estado nos assuntos associados ao cam-
po energético.
04| ENEM
Imagem II
93
SISTEMA DE ENSINO A360°
A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, 08. Uma das grandes crises políticas brasileiras, no go-
em especial à internet, porque verno do Presidente Lula, relaciona-se ao escândalo
do Mensalão, envolvendo a acusação de pagamen-
A questiona a integração das pessoas nas redes virtu-
tos ilícitos a deputados que votariam em favor de
ais de relacionamento.
projetos do governo.
B considera as relações sociais como menos impor-
16. O grande desenvolvimento social alcançado pelo
tantes que as virtuais.
Brasil neste período, com eliminação das desigual-
C enaltece a pretensão do homem de estar em todos dades sociais, foi chamado de “milagre econômico
os lugares ao mesmo tempo. brasileiro”.
D descreve com precisão as sociedades humanas no A 12
mundo globalizado.
B 15
E concebe a rede de computadores como o espaço
C 22
mais eficaz para a construção de relações sociais.
D 17
05| Em 2012 completaram-se 20 anos do impeachment do
E 14
ex-presidente da República Fernando Collor de Mello.
Sobre o impeachment e seus desdobramentos posterio-
07| FAC. DIREITO DE SOROCABA Em seu curto período de
res, podemos afirmar que o ex-presidente
governo, o país cresceu e viveu um tempo de ousadia
A recebeu anistia política da Câmara dos Deputados e inovação. (...) ainda tenho fé de que a imprensa pro-
dois anos após sua cassação, mas manteve-se afas- duza, passado o tempo, a biografia exata de quem foi o
tado da vida pública. presidente Itamar Franco e do que foi seu governo. (...)
B ficou inelegível por oito anos, depois voltou à políti- O Brasil perdeu mais uma de suas melhores referências
ca e hoje exerce mandato de senador. políticas.
(Senador Pedro Simon, Época, 11.07.2011)
C foi condenado por corrupção e improbidade admi-
nistrativa pelo Superior Tribunal Federal,mas nunca Durante o “curto período de governo” desse presidente,
chegou a ser preso. falecido em julho de 2011, ocorreu a
06| Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre a economia, 08| UNIFOR O controle do processo inflacionário no Brasil
a política e a sociedade brasileira neste início do século ocorreu nos anos 1990 a partir da execução do Plano
XXI. Real, criado no governo do presidente Itamar Franco.
01. Ao assumir a Presidência da República, o Presidente Sobre o Plano Real, podemos afirmar que
Luiz Inácio Lula da Silva decretou o Plano Real, que A congelou os preços e salários por três meses e criou
rompeu com a política econômica do governo Fer- a moeda Real (R$).
nando Henrique Cardoso, que o antecedeu.
B criou a moeda Real (R$), elevou as taxas de juros e
02. Para assegurar recursos para programas sociais, tais estabeleceu o valor do Real (R$) próximo ao valor do
como o programa bolsa família, o governo do Presi- Dólar (US$).
dente Lula cortou gastos com os servidores públicos,
C criou a moeda Real (R$), diminuiu as taxas de juros
promovendo um grande enxugamento da máquina
e estabeleceu a paridade com o Dólar (US$).
administrativa.
D congelou preços por seis meses, elevou os juros e
04. Em uma conjuntura favorável, nos primeiros anos
criou o câmbio flutuante.
deste século, a economia brasileira apresentou um
ritmo de crescimento inferior a outros países, tais E criou o Real (R$), elevou as taxas de juros e congelou
como a China e a Índia. os salários por seis meses.
94
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente A
09| ENEM C Alguns meses após assumir a Presidência da Repú-
blica, Fernando Henrique Cardoso anunciou o Plano
MOVIMENTO DOS CARAS-PINTADAS Real, o qual passou a vigorar no País em 1º de julho
de 1994.
D Fernando Henrique Cardoso, na campanha eleitoral,
expunha uma imagem de político renovador, preo-
cupado em caçar “marajás”.
E No dia 2 de outubro de 1992, o vice-presidente Ita-
mar Franco assumiu, governando interinamente,
até 29 de dezembro, quando o Congresso Nacional
declarou vaga a presidência, por falecimento de
Tancredo Neves.
95
B HISTÓRIA GERAL
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Nesta Unidade estudaremos o período que a historiografia tradicional classifica como Idade Contemporânea.
A partir do século XVIII e com mais força nos últimos anos do século XIX, ocorreram significativas transformações nas di-
versas estruturas políticas, sociais e jurídicas dos Estados burgueses da Europa, que foram erigidos em uma perspectiva liberal.
São perceptíveis as mudanças impulsionadas por estes Estados em razão dos avanços do capitalismo naquele continente,
cujas preocupações se voltavam também para os direitos sociais e políticos, a exemplo da qualidade de vida da população e de
seu bem-estar.
A construção identitária e histórica dessas sociedades
contemporâneas ocorreu a partir de uma série de aconteci-
mentos marcantes, a considerar as ideias consolidadas pela
corrente filosófica iluminista, que passou a direcionar os ru-
mos do regime capitalista ocidental e que ganhou corpo com
a Revolução Francesa, de 1789.
Alguns eventos se destacaram revelando um fluxo de
acontecimentos de intensidade e complexidade incompará-
veis a qualquer outro momento histórico, tais como: a expan-
são da Revolução Industrial associada à questão social engen-
drada pelo próprio Capitalismo; a emergência de doutrinas
relacionadas à mobilização e organização da classe trabalha-
dora, inclusive em seus aspectos políticos, como apresentado
pelas ideias socialistas, anarquistas e comunistas; a constitui-
ção de novos Estados nacionais europeus; os grandes confli-
tos bélicos e suas significações históricas, desde as Revolu-
ções Burguesas às Guerras Mundiais.
Considerando a Idade Contemporânea como um cam-
po repleto de transformações, está evidente que seu estudo
perpassa a simples projeção do futuro das sociedades, mas
demonstra que as formas de se ver o passado estão conecta-
Ataque a Torre sul do World Trade Center, durante os ataques de 11 de
das aos valores do tempo presente, entendimento esse que
setembro, em Nova York. direcionará, a partir de agora, o estudo desse fascinante pe-
Foto: The Machine Stops. ríodo da História.
Aviões F-15E Strike Eagle da Força Aérea americana sobrevoa o norte do Iraque, em setembro de 2014. A operação objetiva a repressão à atuação do
Estado Islâmico na região. Foto: Matthew Bruch, do Departamento de Defesa dos EUA - US Air Force.
96
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)
Caracterizada como um país absolutista, a França do século
XVIII era governada por um rei com poderes absolutos.
A sociedade encontrava-se fortemente estratificada e hie-
rarquizada. Primeiro e segundo estados eram sustentados com
a cobrança de altos impostos de trabalhadores urbanos, cam-
poneses e burgueses que sustentavam toda a sociedade.
A extrema miséria e o desejo por uma vida mais digna des-
pertou nos trabalhadores o ideal de mudanças políticas, sociais
e econômicas que lhes favorecessem. A burguesia, que almeja-
va maior participação política e liberdade econômica, enxerga-
va no Absolutismo uma barreira que precisava ser derrubada.
A ideologia iluminista propagou os princípios universais de
liberdade, igualdade e fraternidade que nortearam a Revolução
Francesa e favoreceu a consolidação do capitalismo e a ascen-
são econômica da burguesia.
Por outro lado, a Revolução possuía forte âmbito social, a
considerar a presença de grupos sociais como os jacobinos, os
girondinos e os sans-culottes que, apesar de desejarem refor-
mas comuns, possuíam concepções próprias que os levarão a se
opor em vários momentos.
Igualmente importante é a compreensão de que a Revo- O Terceiro Estado transportando o Clero e da Nobreza em suas
costas (1789). Imagem: Bibliothèque Nationale de France
lução Francesa serviu de inspiração a revoluções posteriores,
como a de 1830.
Por esses e outros motivos ocorreu a Revolução Francesa.
Caracterizada como uma revolução predominantemente bur-
guesa, o movimento transformará não somente a França e a
Europa, mas também o mundo, em razão dessa nova maneira
de conceber a política e as ideologias, bem como ao estabele-
cer as bases para a implantação e fortalecimento do sistema
liberal, conforme estudaremos a seguir.
ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO
Com uma economia predominantemente agrícola, mais de
80% da população francesa vivia no campo. Por um bom tempo
o país conheceu um período de prosperidade, que chegou ao
fim com o início de uma grave crise econômica que teve início
por volta de 1778.
A situação precária do país se tornou mais evidente ao re-
velar os bastidores da organização político-administrativa, eco-
nômica e social, levada adiante pelos monarcas absolutistas.
Neste momento, o país era governado por Luís XVI, um mo-
narca que pouco ou nada se preocupava com os interesses da
população. Governando do luxuoso palácio de Versalhes, Luís
XVI estabeleceu a alta cobrança de impostos da população mais
humilde e da burguesia, objetivando sustentar os privilégios
dos nobres. Essa postura favorecia a crescente insatisfação po- Retrato de Luís XIV da França, o Rei-Sol, um dos maiores
pular diante das gritantes desigualdades sociais e políticas da responsáveis pelo fortalecimento do Absolutismo no país.
Por Nicolas-René Jollain (1732–1804). Localização: Palácio de
França, que se explicavam por um conjunto de fatores. Versalhes.
97
SISTEMA DE ENSINO A360°
O primeiro fator mais evidente é a divisão social em três estados: clero, nobreza e povo. Os dois primeiros grupos possuíam
privilégios feudais que persistiam em existir, a exemplo do direito de cobrar tributos do povo, mas que se eximiam do dever de
pagá-los. A burguesia, por sua vez, custeava os excessivos gastos de Versalhes e, em contrapartida, não conseguia saltar de uma
economia agrária para outra industrial, o que a prejudicava enormemente.
A sociedade francesa era extremamente contraditória e estava dividida em três estamentos, cuja mobilidade social era algo
muito difícil. A condição econômica e os privilégios usufruídos por clérigos e nobres junto ao Estado revelavam a exclusão do
terceiro estado composto pelo povo e pela burguesia.
O primeiro estado era composto pelos clérigos, que se dividiam em Alto Clero e Baixo Clero. O primeiro se identificava
com os valores defendidos pela nobreza e, consequentemente, se opunha às reformas populares. O Baixo Clero, por sua vez, se
aproximava dos anseios populares, mas pouco opinava.
O segundo estado abarcava a nobreza, que estava classificada em nobres de sangue ou de espada (palacianos e provin-
ciais) e nobres togados (burguesia). Formada por famílias de antigos senhores feudais, a nobreza exercia, geralmente, funções
militares. A elite palaciana possuía ainda mais privilégios, pois habitava a Corte, vivia na ociosidade e sobrevivia às custa do
Estado absolutista. A nobreza provincial era formada por senhores de terras que sustentavam seus privilégios explorando os
feudos. A nobreza togada, ou não de sangue, era formada por alguns burgueses que adquiriram os títulos de nobreza por meio
de sua compra ou por algum mérito reconhecido e que podiam ser transmitidos por herança. Muitos burgueses acreditavam
que, obtendo o título de nobre, teriam o respeito e os mesmo privilégios da nobreza de sangue.
O terceiro estado compreendia o “povo”. Composto pela maioria da população, reunia diferentes grupos sociais, quais
sejam:
Alta Burguesia (girondinos): constituída por banqueiros e poderosos comerciantes. Ao longo da Revolução, tentam
afastar os interesses populares e da baixa burguesia.
Baixa Burguesia (jacobinos): composta por profissionais liberais e médios comerciantes. Intermediavam a ala mais
radical da Revolução (Sans-culottes) e os movimentos populares.
Sans-culottes: esse grupo social urbano compreendia os artesãos, os aprendizes de oficio, os trabalhadores assalaria-
dos e a população desempregada. Tornaram-se a ala mais radical ao longo da Revolução, até mesmo em razão de sua
aproximação com o povo.
98
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Camponeses: composta por trabalhadores livres e população ainda em condições servis.
NO SÉCULO XVIII
Terceiro Estado
Clero Nobreza Burguesia/Povo
Fonte: http://historiasdomundonet.blogspot.com.br/2010/03/organizacao-social-da-franca-pre.html
1 Tratava-se de um órgão político constituído por representantes dos três estados. Possuía caráter consultivo e deliberativo, pois, os
reis poderiam consultá-lo antes de tomar alguma decisão.
99
SISTEMA DE ENSINO A360°
2 “O que é o terceiro estado? Tudo. O que é que tem sido até agora na ordem política? Nada. O que é que pede? Tornar-se alguma
coisa” (Bispo Sieyès, 1789)
100
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A ASSEMBLEIA NACIONAL (1789 – 1791)
A proclamação em “Assembleia Nacional Constituinte” pela burguesia, que contava, neste momento, com o apoio dos
deputados do baixo clero, compreendeu uma das primeiras ações dos revolucionários.
Como resposta ao terceiro estado, Luís XVI demitiu o ministro reformista Necker, o que insuflou ainda mais os ânimos da
população, que se mobilizou e tomou as ruas da cidade de Paris.
A população era chamada a pegar em armas e, temendo o pior, o rei decidiu fechar a Assembleia, mas foi impedido pela
sublevação popular. A revolução tinha início em Paris, mas em pouco tempo se espalharia por outras cidades, além do campo.
A perseguição aos nobres atingiu um alto descontrole pela violência popular empreendida, o que levou muitos deles a fugir
do país.
Os primeiros motins ocorreram em 12 de julho, em Paris. A própria burguesia temia a reação da população, o que a levou
a estabelecer um governo provisório de caráter popular, denominado Comuna.
Surgia uma milícia burguesa, a Guarda Nacional, que deveria impedir o retorno do rei e controlar a violência da população
civil, afinal a burguesia não queria perder o controle da Revolução.
No dia 14 de julho, os revolucionários tomaram de assalto a prisão da Bastilha, local que simbolizava o poder real absolu-
tista, pois detinha presos políticos. Desta forma, seu controle significava a fraqueza do rei.
A Queda da Bastilha (1789). Por Jean-Pierre Houël (1735 – 1813). A Bastilha nos primeiros dias de sua conquista pelo Terceiro Estado.
Localização: Francuska Biblioteka Narodowa Por Hubert Robert (1733 – 1808). Localização: Museu Carnavalet.
101
SISTEMA DE ENSINO A360°
A CONSTITUIÇÃO DE 1891
Em 1791 foi promulgada a primeira Constituição da França.
Entre suas medidas estavam:
A implantação de uma Monarquia Constitucional: o rei perdia seus poderes absolutistas.
A separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário: o rei exerceria o poder executivo, porém limitado pelo
poder legislativo, composto em sua maioria por burgueses. O monarca poderia, ainda, nomear seus ministros.
Concessão dos direitos civis aos cidadãos.
O voto censitário: somente os cidadãos que pagavam impostos e fossem ricos poderiam participar da vida política. As
mulheres estavam igualmente excluídas.
Essa Constituição fazia da França um país definitivamente
burguês. Todavia, a instabilidade política interna era evidente
entre os diversos grupos e suas ideologias.
A ala mais radical pretendia continuar com o processo re-
volucionário. Os nobres, por sua vez, refugiavam-se no exte-
rior e planejavam uma reação ao governo revolucionário e a
retomada do poder, com o apoio de poderosas Monarquias
Absolutistas, como a Áustria e a Prússia.
Após a tentativa frustrada de fuga da família real para a
Áustria, em 1791, o exemplo bem sucedido da Revolução
Francesa começava a incomodar as monarquias absolutistas
da Europa que, neste mesmo ano, firmaram a Declaração
Proclamação da Constituição francesa em Paris, em 1791. Placa
de Pillnitz, que objetivava restaurar a monarquia absolutista pertencente à coleção de pinturas históricas da Revolução Francesa,
francesa. Auber, Paris, 1804. Por Pierre Gabriel Berthault (1737-1831).
A iminente ameaça de invasão estrangeira levou os jacobinos a proclamarem a “pátria em perigo” e a Assembleia Nacional
a aprovar a declaração de guerra contra a Áustria, em 1792. Luís XVI e Maria Antonieta foram acusados de alta traição ao país
e foram presos.
A população francesa, sob o comando dos jacobinos Danton, Marat e Robespierre, pegou em armas e lutou na Comuna
Insurrecional de Paris, marcada pela violência e pela morte de centenas de pessoas. Ao final, a coligação anti-francesa foi der-
rotada na Batalha de Valmy.
102
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Não correspondendo mais aos anseios revolucionários, a Monarquia Constitucional foi abolida para dar lugar ao período
denominado Convenção Nacional.
103
SISTEMA DE ENSINO A360°
Rio Mosela
Valenciennes
A Catedral de Notre-Dame (1997), Paris, foi convertida em O assassinato de Marat (1793). Por Jacques-
local dedicado ao culto da razão durante o Terror Jacobino. Louis David (1748–1825). Localização: Museus
Fotografia: Sanchezn. Reais de Belas-Artes da Bélgica
104
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Danton, além de preterido em favor de Robespierre, foi expulso do par-
tido justamente por ser considerado moderado.
Robespierre ampliava seus poderes, dando início a “fase do terror ja-
cobino”. Nesse momento, cerca de 40 mil pessoas foram guilhotinadas pu-
blicamente, sem chances do contraditório e da ampla defesa, dentre elas,
a ex-rainha Maria Antonieta e o criador da Química moderna, Antoine La-
voisier.
Em 1794, a Primeira Coligação foi derrotada. Internamente, Robespierre
assumia posicionamentos cada vez mais desastrosos e impopulares. Evitan-
do as oposições, ordenou os assassinatos de Herbert (por assumir posição
radical) e de Danton (por defender a estabilização da Revolução), o que o
conduziu ao isolamento político.
Retrato de Maximilien de Robespierre (1758-
O descontrole político de Robespierre levou os girondinos e os depu- 1794). Artista desconhecido. Localização: Museu
Carnavalet.
tados da planície a se unirem. Esses passaram a tramar o golpe conhecido
como o 9 Termidor, que culminou, no dia 27 de julho, na derrubada de Ro-
bespierre, que acabou guilhotinado juntamente com seus partidários.
A alta burguesia girondina assumia o poder político novamente, anulan-
do várias decisões montanhesas, como a Lei do Preço Máximo.
Em 1795, foi aprovada a Constituição do Ano III, que suprimiu o sufrágio
universal e reintroduziu o voto censitário excluindo, assim, a maior parte da
população.
A Convenção dava lugar à República do Diretório, composta por cinco
membros eleitos pelos deputados.
105
SISTEMA DE ENSINO A360°
A ERA NAPOLEÔNICA
O Golpe do 18 de Brumário marca o fim da Revolução na França e o início do
período que ficou historicamente conhecido como a Era Napoleônica. A fim de
facilitar a compreensão do período, seu estudo será dividido didaticamente em
Consulado (1799 - 1804), Império (1804 – 1815) e Governo dos Cem Dias (1815).
106
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
O CONSULADO (1799 - 1804)
Apesar de representado por três líderes (Napoleão, abade Emmanuel Sieyès e Roger Ducos), o poder executivo no Con-
sulado estava concentrado nas mãos de Napoleão Bonaparte que, ao final, foi um dos maiores responsáveis pela consolidação
das conquistas burguesas propagadas durante Revolução.
Como República comandada por militares, o Consulado logo estabeleceu instituições de caráter democrático, a exemplo
do Senado, do Legislativo e do Conselho de Estado, mas que, na prática, contrastavam com a própria centralização do poder
executivo.
Alguns fatores enalteciam a popularidade de Napoleão Bonaparte.
Como primeiro-cônsul, Napoleão passou a concentrar poderes em torno de si. Ele conduzia a política externa, comandava
o exército, nomeava membros da administração e elaborava leis, tudo com o apoio da alta burguesia. A oposição política prati-
camente desapareceu mediante o controle policial e investigativo, bem como a censura aos canais de imprensa.
Napoleão era respeitado e admirado como um militar estrategista. Serviu de exemplo e inspiração a jovens que compu-
nham as fileiras do Exército francês.
Ao mesmo tempo, angariou apoio popular ao distribuir terras da Igreja e dos nobres emigrados às populações rurais.
Napoleão proveu significativas reformas de caráter econômico, jurídico e administrativo na França.
Em 1800, criou o Banco da França e passou a regular a emissão de moedas com o objetivo de reduzir e controlar a inflação.
Adotou uma política econômica protecionista da produção nacional em relação à concorrência estrangeira, fortalecendo a
indústria francesa e incentivando o crescimento do mercado consumidor interno.
Utilizando a religião a favor de seus interesses políticos, Napoleão reconheceu o catolicismo como a religião da maioria dos
franceses, em 1801. Em troca, passou a nomear os bispos da Igreja.
Em 1804, Napoleão Bonaparte estabeleceu o Código Civil Napoleônico, que
consagrava os interesses liberais burgueses, mas mantinha aspectos conservado-
res. Defendia esse Código o direito à propriedade privada, a separação entre o
casamento civil e o religioso, direito à liberdade individual e a igualdade de todos
perante a lei. Porém, proibia a organização dos trabalhadores em sindicatos e
greves e restabelecia a escravidão nas colônias francesas.
A educação tornou-se prioridade durante a administração de Napoleão. A
formação educacional sob o comando do Estado formava cidadãos, não somen-
te quanto aos aspectos morais e sociais, mas também políticos, a exemplo dos
liceus, voltados à educação dos futuros oficiais do exército ou ocupantes de altos
cargos administrativos.
A administração napoleônica conseguiu estabilizar os vários conflitos inter-
nos da França, o que agradava a alta burguesia. A satisfação da elite com Napo-
leão fez com que este recebesse o título de cônsul vitalício, em 1802, o que na
prática significou a implantação de um regime monárquico, uma vez que esse
cônsul poderia indicar seu sucessor.
3 Um momento emblemático da coroação de ocorreu quando, de maneira espontânea, Napoleão pegou a coroa das mãos do Papa
Pio VII que deveria coroá-lo durante a cerimônia e se auto coroou. Simbolicamente, Napoleão afirmava sua autoridade indepen-
dente a da Igreja e inclusive superior a ela.
107
SISTEMA DE ENSINO A360°
Mesmo amargando essa derrota para os ingleses, a França logrou êxito contra a Áustria na Batalha de Austerlitz (1805),
contra a Prússia na Batalha de Ulm (1806) e contra a Rússia, em 1807.
A supremacia francesa na Europa dependia, porém, da debilitação da Inglaterra. A localização geográfica desta (em uma
ilha), juntamente à sua superioridade naval em guerras, impedia Napoleão de consolidar a conquista e a submissão desse país.
Napoleão acreditava que poderia derrotar a Inglaterra economicamente se prejudicasse suas exportações e, para isso, de-
cretou o Bloqueio Continental ou Decreto de Berlim, em 1806. Por meio desta medida, os países europeus estavam proibidos
de comercializar com a Inglaterra, o que causaria, mais cedo ou mais tarde, na visão de Napoleão, uma crise em seu parque
industrial e enfraqueceria sua economia.
O maior entrave ao bloqueio de Napoleão era o fato de que a Inglaterra comercializava intensamente sua produção indus-
trial com vários países europeus de produção agrária que dependiam dos ingleses para fornecer aquele tipo de produto.
Por mais que a burguesia francesa se esforçasse em investir no desenvolvimento industrial do país e revendesse mercado-
rias industriais ao antigo mercado consumidor inglês na Europa, a França não conseguiu abastecer alguns países, que acabaram
prejudicados pela falta de recursos industriais.
Alguns países europeus próximos à Inglaterra e dependentes economicamente desta, como Portugal, relutavam em aceitar
o Bloqueio Continental.
108
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Portugal foi o primeiro país a desobedecer o Bloqueio, causando a ira de Napoleão Bonaparte, que acabou ordenando a
invasão do país por meio de três expedições militares conhecidas como Invasões Francesas. Com a invasão napoleônica, o prín-
cipe-regente D. João VI e toda a corte portuguesa (cerca de cerca de 15 mil nobres) fugiram de Portugal para o Brasil, instalando
no Rio de Janeiro a nova sede do governo português, em 1808.
Não foi somente Portugal que enfrentou o poderio francês nesse momento. Em 1812, o czar Alexandre I da Rússia rompeu
com o Bloqueio Continental e voltou a comercializar com os ingleses. Segundo relatos históricos, a Campanha Militar contra a
Rússia teria contado com cerca de 600 mil soldados.
Desesperados com o medo da derrota, os russos colocaram em prática a tática de guerra denominada “terra arrasada”.
Basicamente, a estratégia era a evacuação da população das cidades e a sua completa destruição, desfavorecendo seu uso
pelos inimigos. Com a aproximação do rigoroso inverno, o vasto território e a dificuldade de abastecimento das tropas, a
Rússia acreditava que poderia vencer Napoleão. De fato, a promissora campanha militar francesa terminou em um considerável
fracasso, uma vez que Napoleão retorna à França com aproximadamente 120 mil soldados.
Enquanto isso, internamente, a Fran-
ça enfrentava uma nova crise. Alguns seto-
res descontentes da burguesia e da antiga
nobreza começaram a tramar um golpe de
Estado contra Napoleão. Externamente, a
Sexta Coligação se preparava para mais uma
ofensiva contra a França, aproveitando-se do
enfraquecimento de Napoleão. Este acabou
derrotado na Batalha das Nações, em 1813,
sendo obrigado a abdicar o trono francês a
partir da assinatura do Tratado de Fontaine-
bleau. A dinastia Bourbon foi restabelecida e
Luís XVIII, irmão de Luís XVI, assumiu o trono
francês.
A partir de então o imperador viveria
exilado, separado de sua família, na longínqua
Ilha de Elba, no mar Mediterrâneo. Teria direi-
to a uma pensão equivalente a 2 milhões de Napoleão e suas tropas partindo de Moscou. Por Adolph Northen (1828–1876).
Reprodução.
francos e uma escolta com 400 soldados.
109
SISTEMA DE ENSINO A360°
TEXTO COMPLEMENTAR 1
De onde surgiu a ideia de Estado-nação? E a Democracia Moderna? Noções como Liberdade, Igualdade, Pátria?
Assim mesmo, tudo com letra maiúscula. Como nasceram as indústrias e de que forma elas se expandiram? Eric Hobs-
bawn, em A Era das Revoluções, identifica o momento-chave na história em que uma "dupla revolução" abalou as
estruturas das sociedades, iniciando uma nova era, a partir dos anos 1780. Para ele, a Revolução Industrial Inglesa e a
Revolução Francesa criaram um sistema de poder sem precedentes. De um lado, a Inglaterra, potência naval, expandin-
do seus lucros e garantindo mercado para suas indústrias lucrativas. De outro, a França, potência terrestre, com ideais
revolucionários exportados para o resto do mundo. Essas revoluções não foram antagônicas, mas complementares. É
verdade que os interesses franceses e ingleses, em determinado momento, digladiaram-se em guerras, mas, finalmente,
entraram num acordo. Celebrado no Congresso de Viena, esse casamento inaugurou um novo mundo.
CABEÇA PENSANTE
A um observador do século 18, a Inglaterra não pareceria o lugar apropriado para abrigar uma revolução tecnológi-
ca. Franceses e alemães estavam à frente nessa ceara. Só que os britânicos, um século antes, derrubaram seu rei e cria-
ram as condições políticas para a burguesia expandir os negócios. O campesinato inglês foi substituído pela estrutura
de grandes propriedades, que firmaram a agricultura como atividade empresarial. As leis que delimitavam as proprie-
dades agrícolas (os Enclousure Acts) permitiram grandes fazendas que funcionavam com uma dura lógica capitalista,
desempregando camponeses. Ao mesmo tempo, uma nova atividade industrial tinha impacto no país: máquinas de
tear surgiam nas fábricas, absorvendo a mão de obra vinda do campo. E, em meados do século 19, apareceram outras
indústrias, como ferro, aço e carvão, além de bens de Capital que ampliavam a escala na construção de máquinas e
novos meios de transportes.
Se na Inglaterra, a revolução limitou-se ao modo de produção, na França ocorreram transformações políticas pro-
fundas. A nobreza dependia de privilégios garantidos por lei, que a Monarquia não podia mais sustentar. E, nas classes
baixas, a situação também era insustentável: camponeses endividados perdiam suas terras e burgueses empobrecidos
reagiam à crise, clamando por reformas. Sem alternativas, o Rei Luís XVI convocou os Estados Gerais para resolver a cri-
se. Dois Estados, a nobreza e o clero, e um terceiro Estado, representando os comuns, entraram em confronto. Ciente
da força da maioria, o Terceiro Estado reivindicou a votação por cabeça, e não mais por Estado.
A partir daí, uma grande rebelião subjugou Paris. A tomada da Bastilha, uma prisão estatal, em 14 de julho de
1789, impulsionou a revolta para além da capital francesa. A Monarquia Absoluta caiu, e em seu lugar, surgiu um novo
regime, que tirou poderes do monarca. Não foi um processo indolor. Até a ascensão de Napoleão Bonaparte, revolucio-
nários das classes médias radicais e da burguesia moderada disputaram o poder até perderam o controle. De um lado,
os jacobinos, que desejavam levar adiante o processo revolucionário. De outro, os girondinos, que tentaram deter a
Revolução para dar continuidade à defesa dos interesses burgueses. No primeiro governo revolucionário, os jacobinos
tomaram o poder. Brigas internas e divisões deram espaço para um governo tirano. Enfraquecidos, foram derrubados
pelos girondinos, que restabeleceram os poderes da burguesia. Isto até o golpe de Napoleão, jacobino de origem e,
depois, defensor da burguesia.
O fato é de que não se tratou de uma revolução democrática. E sim, anti-feudal, sem partidos políticos ou mo-
vimentos sociais, mas com inspiradores, como o intelectual Jean-Jacques Rousseau ou o ativista político Tom Paine.
Significou a adoção de um projeto de racionalização dos Estados, com a criação de leis pela igualdade dos cidadãos,
renovação dos códigos jurídicos, padronização de medidas de peso e extensão, ensino laico e gratuito para todos, se-
paração do Clero e do Estado, formação das Assembleias Nacionais, etc. Enfim a revolução que gerou maior impacto
político e cultural do século 19.
110
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
O conflito deixou um duro fardo para os dois países. A economia francesa quebrou, e a Inglaterra, ao se defender do
avanço francês e apoiar seus aliados contra Napoleão, teve gastos quatro vezes maiores do que os de sua rival. Restava
fazer um acordo de paz. Foi o que aconteceu no Congresso de Viena, que restabeleceu as fronteiras da Europa Continen-
tal pré-revolucionária, e afirmou o status da Inglaterra de grande potência do século 19. Para a França, restou a posição
de uma potência menor. A partir desse momento, a dupla revolução anglo-francesa, no entanto, já tinha se consolidado,
tornando fundamental para os novos regimes estabelecidos – e também os velhos – se proteger do furor revolucionário
da época. Pode-se dizer que ondas rebeldes protagonizaram as décadas seguintes.
Em 1820, ocorreu a primeira onda revolucionária, com a libertação de países latino-americanos do jugo espanhol,
e revoltas na Itália, na Espanha e na Grécia. Em 1830, a segunda, ameaçando Estados liberais moderados, com guerras
civis e revoltas populares. Essa sequência de acontecimentos eliminou os últimos vestígios de feudalismo na Europa.
E, em 1848, a terceira onda de revoluções tomou o continente como um todo, derrubando governos. Só que nenhum
dos governos rebeldes que assumiram o poder sobreviveria por muito tempo. No fim das contas, triunfou a organiza-
da articulação dos liberais. É bom lembrar que uma nova tendência somou-se aos democratas radicais da época: os
movimentos socialistas. Mas não havia nenhum projeto de consenso que pudesse dar consistência à luta de ambas as
correntes. O socialismo ainda era algo a ser construído e a ideia de democracia radical esbarrava nos interesses e no
poder das classes dominantes.
O LEGADO
O período chamado por Hobsbawm de Era das Revoluções deixou uma grande herança para o século 20. No âmbito
da política, as mudanças foram contundentes: predominou o ideário nacionalista; a separação entre Clero e Estado ga-
nhou força; aumentou a demanda pela criação de regimes democráticos e, por fim, começou a ser delineado um projeto
para contrapor o liberalismo e o capitalismo. Nas ciências, a racionalização impulsionou descobertas que propiciaram as
revoluções industriais, selando o destino das sociedades agrárias da Europa. Na seara cultural, literatura, música clássica
e pintura viveram um verdadeiro boom. Embora prevalecesse o Romantismo nas classes dominantes, tal movimento
artístico não tinha vez nas classes médias e baixas. Havia, sim, uma tendência não romântica, de contestação ao sistema,
que combinava doutrinas jacobinas, folclore popular e religioso reformista, adaptadas aos novos tempos. Foi, enfim, um
momento único, em que revoluções de fundo político, cultural e industrial se combinaram e se sobrepuseram, de forma
que nunca mais a Europa e, consequentemente, o resto do planeta, seriam os mesmos.
Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/hobsbawm-revolucao-vista-434123.shtml
TEXTO COMPLEMENTAR 2
REMETENTE: NAPOLEÃO
D. JOÃO VI TROCAVA PALAVRAS GENTIS EM CARTAS QUE
BONAPARTE USOU PARA EXIGIR A LEALDADE DOS PORTUGUESES
Por Carolina Ferro
1/3/2013
“Estou interessado em contar com os sentimentos que Vossa Alteza Real mostrou-se disposto a demonstrar.” A
frase encontrada na correspondência escrita por Napoleão Bonaparte ao príncipe regente D. João é instigante. O
111
SISTEMA DE ENSINO A360°
documento localizado na seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional revela a pressão sofrida pelo regente por-
tuguês para que ele tomasse partido, em 1803, na disputa entre as duas potências europeias mais importantes do
período: Inglaterra e França.
Após a Revolução Francesa (1789-1799) e os fatos que a sucederam, como a autonomeação de Bonaparte
como Cônsul vitalício (1802), Portugal não tinha muito o que fazer além de optar pela neutralidade. De um lado,
havia a Inglaterra com uma marinha fortemente armada e economicamente superior àquele reino que dependia de
trocas comerciais. Do outro, uma França militarmente fortalecida, com comércio desenvolvido e grandes preten-
sões expansionistas. A solução imediata foi tentar lidar com as duas potências, mas o futuro era incerto.
Para colocar em prática essa negociação dúbia, a troca de correspondências foi fundamental. Segundo o do-
cumento, Bonaparte viu “com prazer os sentimentos que Vossa Alteza Real o desejou” em “diversas cartas”. Era o
momento de provar o quão grandes e verdadeiros eram tais sentimentos.
A carta é datada com o calendário revolucionário, dia “27, floreal, ano Onze” (equivalente ao dia 16 de maio
de 1803 no calendário gregoriano) e foi escrita no castelo de Saint Cloud, residência construída no século XVI com
vista para o rio Sena, e ocupado por Napoleão. O assunto principal era o não cumprimento por parte da Inglaterra
do Tratado de Amiens (1802): “Eu fiz de tudo para salvar o mundo desta calamidade [a guerra], mas a Inglaterra se
recusa a cumprir o Tratado de Amiens”.
O tratado foi firmado entre o irmão mais velho de Napoleão, José Bonaparte (1768-1844), e o general britânico
Marquês de Cornwallis (1738-1805), na cidade de Amiens, na França, em 1802. Considerado um dos mais impor-
tantes acordos de paz da época, ele pôs fim, por um período, a 15 anos de guerras entre as duas potências. Suas
cláusulas diziam respeito, principalmente, aos territórios coloniais e foi a questão de Malta que mais provocou a
ira de Napoleão.
A Ilha de Malta, localizada no Mar Mediterrâneo numa posição militar estratégica para um assalto à França, foi
considerada um território neutro naquele documento. Isso significava que a Inglaterra deveria retirar suas tropas
da ilha para manter a paz. Um ano depois, com o descumprimento da cláusula, a intenção de Bonaparte era a de
invadir o Reino Unido. Napoleão escreveu ao príncipe regente D. João, pois queria contar com sua ajuda e lealda-
de: “As circunstâncias atuais vem se tornando cada vez mais graves, e a guerra parece à beira de acontecer entre
a França e a Inglaterra (...). O Ministro da República em Lisboa fará Vossa Alteza Real conhecer o andamento da
negociação. Nesta circunstância extraordinária, todos os Poderes, interessados na independência da ilha de Malta,
devem reunir seus esforços”.
Recém-saído da Guerra das Laranjas (1801) entre Portugal e Espanha (aliada da França), D. João não podia se
indispor. Já havia perdido muito e se sujeitado aos termos do Tratado de Badajoz (1801), que finalizou a guerra
entre os reinos ibéricos, e trouxe benefícios apenas para a Espanha e para a França, que impediu os navios ingleses
de chegarem aos portos portugueses. Mas Napoleão sabia que a influência inglesa em terras lusas assombrava
suas pretensões. Ao finalizar a correspondência, Napoleão pede “a Vossa Alteza Real que acredite no desejo que
eu tenho de contribuir com tudo que possa lhe ser agradável”, sugerindo que aqueles que lhe eram leais teriam
sua recompensa.
Entretanto, um reino não vive de promessas, e sim de ações. Já como imperador, Napoleão Bonaparte decretou
o Bloqueio Continental e pressionou Portugal a cortar qualquer tipo de relação com os ingleses. Como resposta, o
resultado foi a ação rápida da Coroa inglesa. Em 1807, uma convenção secreta entre Portugal e Inglaterra garan-
tiu a transferência da família real portuguesa para o Brasil. Logo depois dos nobres e de toda a comitiva, vieram
inúmeros livros, tratados, documentos e cartas, como a que Bonaparte escreveu para D. João e que a Biblioteca
Nacional guarda como um tesouro.
Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/por-dentro-do-documento/remetente-napoleao
112
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UEG Os franceses sofreram uma grande derrota militar B a unidade entre o público e o privado, pois a figura
quando tentaram invadir a Rússia em 1812. Atacando do rei com a vestimenta real representa o público e
com um contingente de cerca de 600 mil homens, retor- sem a vestimenta real, o privado.
naram com menos de 30 mil sobreviventes. Entre 1942 e C o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao co-
1943, foi a vez de a Alemanha tentar. Dos 250 mil solda- nhecimento do público a figura de um rei despre-
dos que foram, voltaram 130 mil. Novo fracasso. Sobre tensioso e distante do poder político.
isso, responda ao que se pede.
D o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a
A Descreva pelo menos dois fatores que expliquem a elegância dos trajes reais em relação aos de outros
vitória russa nas duas tentativas de invasão. membros da corte.
B Quais eram os contextos políticos da França e da E a importância da vestimenta para a constituição
Alemanha quando tentaram conquistar o império simbólica do rei, pois o corpo político adornado es-
russo? conde os defeitos do corpo pessoal.
Resolução: Resolução:
A Nos dois casos, o primeiro e mais importante fator E a importância da vestimenta para a constituição
foi a reação do povo russo. Somado a isso, a intensi- simbólica do rei, pois o corpo político adornado es-
dade do inverno daquela região, que matou milha- conde os defeitos do corpo pessoal.
res de soldados, taticamente despreparados para A fabricação do mito político como instrumento de
uma campanha longa. O terceiro fator foi a utiliza- fortalecimento de um Estado Nação em torno da fi-
ção da tática chamada de “terra devastada”, onde gura do monarca. A questão por meio dos símbolos
as populações eram transferidas para retaguarda inerentes ao vestuário fortalece a ideia da etiqueta
do front, sem deixar para trás nada que pudesse ser como instrumento de padrão e diferenciação social
usado pelo inimigo, queimando campos e cidades. mediante o desenvolvimento do industrialismo de
B A França vivia a Era Napoleônica que, logo após a Re- luxo francês. Luis XIV é apresentado por meio de
uma imagem imponente, forte e impenetrável que
volução Francesa, elevou ao poder absoluto o general
esconde os reais vícios de seu corpo ou realmente do
Napoleão Bonaparte, que iniciou uma política expan-
Estado francês.
sionista pela Europa A Alemanha, por sua vez, encon-
trava-se sob o controle político do partido nazista de 03| ENEM Em nosso país queremos substituir o egoísmo
Hitler, que desencadeou a Segunda Guerra Mundial. pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princí-
pios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda
02| ENEM pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo des-
prezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela
grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à gló-
ria, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo
mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade,
o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesqui-
nharia dos grandes pela grandeza do homem.
HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org). História da Vida Privada:
da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991
(adaptado).
113
SISTEMA DE ENSINO A360°
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efe-
e Industrial para a organização da classe operária. En- tividade política e terminaram por se transformar em pa-
quanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era trimônio artístico e cultural, cujo exemplo é
originária do significado da vitória revolucionária sobre
as classes dominantes, a “necessidade da mobilização A o palácio de Versalhes.
permanente”, trazida pela Revolução Industrial, decorria
da compreensão de que: B o Museu Britânico.
114
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFG Leia o hino a seguir. Esta representação da Bastilha, prisão política do abso-
lutismo monárquico, foi pintada em 1789. Indique dois
Avante, filhos da Pátria,
elementos da tela que demonstrem a solidez e a força
O dia de glória chegou! da construção e o significado político e social da jornada
Contra nós da tirania, popular de 14 de julho de 1789.
O estandarte ensanguentado se ergueu 03| UNICAMP Observe a distribuição de custos dos campo-
neses franceses, em percentual da colheita, às vésperas
da Revolução de 1789. Esses custos referem-se ao arren-
Ouvis nos campos damento da terra, ao custo das sementes e aos impostos
Rugir esses ferozes soldados? pagos ao rei, ao senhor da terra e ao clero.
Vêm eles até os vossos braços Ao rei
10%
Degolar vossos filhos, vossas mulheres! Ao senhor da
Servo terra
35% 7%
em sua letra, no final do século XIX, em meio à corrida A Relacione os dados apresentados com as condições
imperialista europeia, a composição tornou-se hino na- vividas pelos camponeses na França do final do Sé-
cional francês. Diante do exposto, culo XVIII.
A relacione um trecho da composição “A Marselhesa” B Por quais motivos a questão econômica foi um ele-
ao contexto revolucionário francês; mento importante para o Terceiro Estado durante a
B explique a mudança ocorrida na ideia de nacio- Revolução Francesa?
nalismo no final do século XIX, relacionando-a à
apropriação de “A Marselhesa” como hino nacional 04| FGV “A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferro-
francês. vias e fábricas, o explosivo econômico que rompeu com
as estruturas socioeconômicas tradicionais do mundo
02| UNESP não europeu; mas foi a França que fez suas revoluções
e a ela deu suas ideias, a ponto de bandeiras tricolores
de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema
de praticamente todas as nações emergentes, e a po-
lítica europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917
foi em grande parte a luta a favor e contra os princípios
de 1789, ou os ainda mais incendiários de 1793. A Fran-
ça forneceu o vocabulário e os temas da política liberal
e radical-democrática para a maior parte do mundo. A
França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o
vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códi-
gos legais, o modelo de organização técnica e científica
e o sistema métrico de medidas para a maioria dos pa-
(Hubert Robert. A Bastilha nos primeiros dias de sua demolição, 20 de julho de 1789. íses. A ideologia do mundo moderno atingiu as antigas
Museu Carnavalet, Paris, França.)
115
SISTEMA DE ENSINO A360°
civilizações que tinham até então resistido às ideias eu- 07| UERJ
ropeias inicialmente através da influência francesa. Essa
foi a obra da Revolução Francesa.”
HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções (1789-
1848). Trad. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, pp. 71-72.
T ENEM E VESTIBULARES
01| FUVEST Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-me A discorda dos propósitos revolucionários e defende
ao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse: a continuidade do Antigo Regime, seus métodos e
tanto melhor e tanto pior. Eu entendia que o povo co- costumes políticos.
mum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo B apoia incondicionalmente as ações dos revolucioná-
essa justiça, mas poderia não ser cruel? Castigos de to- rios por acreditar que não havia outra maneira de
dos os tipos, arrastamentos e esquartejamentos, tortu- transformar o país.
ra, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando
C defende a criação de um poder judiciário, que atue
por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos cos- junto ao rei.
tumes! Nossos senhores colherão o que semearam.
Graco Babeuf, citado por R. Darnton. O beijo de Lamourette.
D caracteriza a violência revolucionária como uma re-
Mídia, cultura e revolução. São Paulo: ação aos castigos e à repressão antes existentes na
Companhia das Letras, 1990, p. 31. Adaptado.
França.
O texto é parte de uma carta enviada por Graco Babeuf E aceita os meios de tortura empregados pelos revo-
à sua mulher, no início da Revolução Francesa de 1789. lucionários e os considera uma novidade na história
O autor francesa.
116
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
02| UFTM A Revolução Francesa não deve ser considerada D na procura de aumentar sua força política e
apenas como uma revolução burguesa. construir uma ordem social que garantisse sua
(Modesto Florenzano. As revoluções burguesas, 1982.) hegemonia.
Essa afirmação pode ser considerada E na liderança dos planejamentos econômicos, não
interferindo nas escolhas que sacrificassem as posi-
A correta, pois a burguesia obteve, por meio de alian- ções da nobreza.
ças com outros países, capacidade militar suficiente
para impedir o surgimento de mobilizações em ou- 04| FAC. DIREITO DE SOROCABA Artigo 1.º da Declaração
tros segmentos sociais. dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789): Os homens
B correta, pois a Revolução Francesa nasceu da vonta- nascem e vivem livres e iguais em direitos. As distinções
de burguesa de implantar a república e de impor a sociais só podem ter fundamento na utilidade comum.
política econômica mercantilista. Acerca do artigo citado, é correto afirmar que:
C errada, pois a burguesia contou com o apoio do alto A rompeu com os privilégios característicos do Antigo
clero na luta contra o iluminismo e a população re- Regime e propôs a igualdade perante a lei.
belada. B antecipou uma das principais características da pro-
D correta, pois, além das ações burguesas, a Revolu- posta socialista, a igualdade econômica.
ção Francesa contou com grandes mobilizações de C extinguiu a escravidão, mas os benefícios e privilé-
camponeses e trabalhadores urbanos. gios da nobreza continuariam a existir.
E errada, pois, à exceção da burguesia, os outros seg- D efetivou a sua realização apenas em 1948, com a
mentos sociais eram incapazes de transformar e re- Declaração Universal dos Direitos Humanos, feita
organizar a economia e a política francesas. pela ONU.
E provocou descontentamento de nobres e burgue-
03| FPS ses, pois era uma reivindicação de trabalhadores e
camponeses.
117
SISTEMA DE ENSINO A360°
06| UFPR Foi a Revolução Francesa, e não a Americana, ( ) A Revolução Francesa disseminou nova concepção
que ateou fogo ao mundo, e foi, consequentemente, do política e organizacional do Estado; suas ideias in-
curso da Revolução Francesa, e não do desenrolar dos fluenciaram a disseminação de guerras e conflitos e
acontecimentos na América, ou dos atos dos “Pais Fun- seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade
dadores” que o atual uso da palavra revolução recebeu passaram a ser buscados por quase todas as nações
suas conotações e matizes em todos os lugares, inclusive do mundo contemporâneo.
nos Estados Unidos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta,
(ARENDT, Hannah. Da Revolução. RJ: Ática e UnB, 1988, p. 44.) de cima para baixo.
A respeito do texto acima, considere as seguintes afir- A V–F–V–F
mativas:
B V–V–F–F
1. No seu uso atual, a palavra “revolução” significa
C F–V–V–V
uma profunda transformação política e social, capaz
de romper com as estruturas do passado e criar algo D V–V–V–V
novo, tal como fez a Revolução Francesa. E F–F–V–V
2. A Revolução Francesa extinguiu o Antigo Regime e
a estrutura feudal da França, enquanto que a Revo- 08| UFTM O esquema refere-se à situação da receita e da
lução Americana ficou restrita a mudar a realidade despesa do Estado francês na década de 1780.
das 13 colônias.3. O fato de a Revolução Americana Impostos
diretos Pagamento
não ter se baseado em ideais iluministas não a ca-
Impostos 46% da dívida
racteriza com uma revolução igual à Francesa. indiretos 50,3%
Outras Marinha,
32% receitas guerra,
4. A Revolução Americana teve menor influência polí- negócios Outras
22%
tica e social fora da América, enquanto que a Revo- Casa real exteriores despesas
(incluindo 17,2% 22,2%
lução Francesa influenciou movimentos sociais nas salários e
Américas e em quase toda a Europa. pensões:
4,3%)
Assinale a alternativa correta. 10,3%
118
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
09| UFG Leia os fragmentos a seguir. 11| ESPCEX “A execução de Luís XVI, em janeiro de 1793,
abalou a nobreza europeia. No interior da França, eclo-
Nesta Revolução Francesa, tudo, até os crimes mais hor- diram revoltas (...). No exterior, formou-se a Primeira
ríveis, foi previsto e conduzido por homens que eram os Coligação europeia (...). A França foi novamente invadi-
únicos a conhecer o fio das conspirações urdidas duran- da. (...) Teve início então, o Período do Terror, que se es-
te muito tempo em sociedades secretas. tenderia até julho de 1794.” (ARRUDA & PILETTI, 2007)
Abade Barruel. Memórias para servir à história do jacobinismo, 1803. O Período do Terror, caracterizado pela radicalização do
processo revolucionário, ocorreu durante a fase da (o)
A miséria aumenta a ignorância, a ignorância aumenta a
miséria; o povo francês foi tão cruel durante a revolução A Monarquia Constitucional e era chefiado por jacobinos.
porque a ausência de felicidade conduz à ausência de B Diretório e era dirigido por girondinos.
moralidade. C Assembleia Legislativa e era comandado por “sans –
Madame de Stael Holtein. Considerações sobre os principais acontecimentos culottes”.
da Revolução Francesa, 1818.
SCHAFF, Adam. História e verdade. Lisboa: Editorial Estampa, 1974. p.14-23. D Assembleia Nacional Constituinte e era orientado
por girondinos.
Os dois textos exemplificam a compreensão da Revo-
E Convenção Nacional e era liderado por jacobinos.
lução Francesa por seus contemporâneos e expressam
como um mesmo evento pode produzir relatos distintos. 12| FGV Com a convocação dos Estados Gerais [em 1788],
Diante da diversidade de visões a serem comparadas, o a aristocracia esperava completar o processo que esva-
historiador, amparado por procedimentos metodológi- ziaria a monarquia de seu poder absoluto. Seu cálculo,
cos atuais, deve teoricamente correto, baseava-se na certeza de que con-
trolaria todas as decisões dos Estados Gerais. (…) essa
A garantir um conhecimento definitivo sobre o passa- instituição (…) tinha seus representantes eleitos inter-
do, apoiado em fontes orais que esgotem o tema. namente a cada ordem e, quando em funcionamento,
a votação era em separado, correspondendo um voto a
B alcançar um conhecimento verdadeiro sobre o pas- cada ordem. (…) Mas, na prática, o cálculo da aristocra-
sado por meio da reunião dos relatos. cia revelou-se um verdadeiro suicídio político para ela e
para o regime que representava (…)
C confrontar a visão de uma testemunha ocular sobre (Modesto Florenzano, As revoluções burguesas)
um evento com outras fontes históricas. Esse “suicídio político” consubstanciou-se, pois:
D privilegiar uma narrativa testemunhal de acordo A a aristocracia francesa, que defendia reformas nas
com o poder político exercido pelo agente. obrigações servis, objetivando ampliar os ganhos tri-
butários do Estado, foi forçada a aceitar o fim dos
E ignorar o julgamento dos atores históricos sobre os privilégios fiscais da nobreza togada e do baixo clero.
eventos a que assistiram.
B se estabeleceu um acordo tácito entre os jacobinos
e os girondinos, na Convenção, a partir de 1789, e
10| UESPI Uma análise da Revolução Francesa permite per-
uma série de reformas estruturais, baseadas nas
ceber sua importância política, sem deixar de ressaltar ideias iluministas, determinou a gradual extinção
sua violência e suas contradições. Na sua Declaração dos das obrigações feudais.
Direitos Humanos e do Cidadão:
C as reformas políticas propostas pela aristocracia ge-
A destacava-se a condenação à propriedade privada e raram uma maior participação das camadas sociais
ao capitalismo. presentes no Terceiro Estado, em especial a alta bur-
guesia, que comandou o Comitê de Salvação Públi-
B definia-se a vitória dos ideais do liberalismo, favorá- ca, em 1789.
veis à elite da época. D a tentativa da aristocracia francesa em limitar a in-
fluência que a alta burguesia exercia sobre o sobe-
C negava-se o valor da escravidão, embora não ata-
rano Luis XVI fracassou e abriu espaço para que o rei
casse a sua existência nas colônias europeias. convocasse uma Assembleia Nacional Constituinte
D afirmava-se a igualdade universal perante a lei, sem para julho de 1789.
respeitar os limites desejados pela burguesia. E após um pouco mais de um mês de funcionamento,
em junho de 1789, o Terceiro Estado transformou os
E defendia-se a submissão das colônias, mas se omitia Estados Gerais em Assembleia Nacional Constituinte,
em relação aos danos da censura e da propriedade. um dos momentos iniciais da Revolução Francesa.
119
SISTEMA DE ENSINO A360°
13| ESPM Leia o texto sobre a Revolução Francesa e responda: mércio francês com as nações europeias, durante o
qual a guilhotina simbolizava a eliminação dos res-
Para essa mentalidade revolucionária também contribu-
quícios feudais.
íram as grandes expectativas provocadas pela convoca-
ção dos estados gerais, pois, como os pobres urbanos, D do retorno da nobreza em uma ação contrarrevo-
também os camponeses esperavam que suas queixas lucionária, que eliminou as lideranças burguesas e
fossem ouvidas. Na primavera de 1789, os campone- populares que haviam iniciado o processo revolu-
ses atacavam comboios de alimentos e se recusavam a cionário e utilizou a guilhotina como protetora da
pagar impostos reais, dízimos e obrigações senhoriais. pátria ameaçada.
Esses levantes revolucionários intensificaram-se em fins
E resultante da Lei de Cercamentos, que provocou a
de julho de 1789, quando se divulgaram rumores de que
expulsão dos camponeses de suas terras e sua exe-
os aristocratas estavam organizando bandos de bandi-
cução sumária, através do uso da guilhotina.
dos para atacar os camponeses e roubar suas colheitas.
Os camponeses entraram em pânico e deram vazão a
15| UFMT A Revolução Francesa pode não ter sido um fenô-
um ódio secular contra os nobres, atacando os castelos
meno isolado, mas foi muito mais fundamental do que
e queimando os registros senhoriais onde estavam ins-
os outros fenômenos contemporâneos e suas consequ-
critas as suas obrigações para com os senhores.
ências foram portanto mais profundas.
(Marvim Perry. Civilização Ocidental. Uma história concisa)
(HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções:
O texto deve ser relacionado com: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.)
Máquina adorável, tende piedade de nós; III. Foi um manifesto revolucionário a favor de uma so-
ciedade efetivamente democrática e igualitária, do
Santa Guilhotina, livrai-nos de nossos inimigos.”
fim da monarquia e da nobreza, do desligamento da
(In ARASSE, Daniel. A Guilhotina e o Imaginário do Terror.
SP: Atica, 1989. p 106-107) Igreja do Estado e da ascensão do povo ao centro da
república democrática.
A leitura do texto remete ao período da Revolução Fran-
cesa conhecido como Terror, que pode ser identificado IV. Expressou a vontade de parte da burguesia de go-
como o momento: vernar a partir de uma monarquia regulada por uma
A de diversas revoltas lideradas por trabalhadores Constituição e apoiada numa oligarquia possuidora
rurais que pleiteavam o direito à terra, e contra os de terras.
quais o governo girondino utilizou a guilhotina indis- Estão corretas as afirmativas
criminadamente.
A III e IV, apenas.
B de medidas populares, tais como o controle de pre-
ços e a reforma agrária, sob a liderança jacobina, du- B II, III e IV, apenas.
rante o qual a guilhotina representava para muitos a
C I e IV, apenas.
justiça revolucionária.
D I, II e III, apenas.
C do apogeu do domínio burguês, caracterizado pela
criação do Banco de França e pelo aumento do co- E I, II, III e IV.
120
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
16| UNIFOR Analise cuidadosamente as informações apre- 17| UFG Analise a gravura a seguir.
sentadas no esquema.
CONVENÇÃO
Sans-culottes
Clube dos
jacobinos
Comitê de Comitê de
Segurança Salvação
Geral Pública
Forças Departamento
A posição privilegiada do Exército na Era Napoleônica,
Armadas representada pelo soldado posicionado em cima da
nomeação e controle pedra.
pressão
B superioridade do Primeiro Estado em relação ao Se-
(Jean-Michel Lambim. Histoire. gundo, expressa pela posição ocupada pelas perso-
Paris: Hachette, s/d. p. 187) nagens na gravura.
A Revolução Francesa de 1789 foi um acontecimento C promessa da Primeira República em punir a desi-
histórico que representou mudanças significativas na es- gualdade entre os Estados, simbolizada pela vesti-
trutura do poder político absolutista que vigorou duran- menta das personagens.
te vários séculos. As informações do esquema mostram
D permanência, após a Revolução, dos privilégios do
as características das relações de poder
clero e da nobreza, retratados nos dois sujeitos que
A que vigoravam no período do governo de Luis XIV, se encontram sobre a pedra.
que era o chefe da Convenção e tinha plenos pode-
res sobre as províncias da França. E pressão sobre o Terceiro Estado para o pagamento
de mais impostos, traduzida pelo homem que se en-
B da primeira fase da Revolução, quando a burguesia contra esmagado pela pedra.
criou a Convenção com o objetivo de sufocar os mo-
vimentos contrarrevolucionários.
C do início do governo de Napoleão Bonaparte, quan-
do este invadiu a Convenção e tornou-se seu chefe
supremo, eliminando seus opositores.
D que marcaram a vida política francesa na fase da
Convenção, momento no qual a burguesia consoli-
dou as bases do desenvolvimento capitalista.
E da fase mais radical do período revolucionário, no
qual a Convenção tornou-se o órgão máximo de de-
liberações políticas revolucionárias.
121
SISTEMA DE ENSINO A360°
O LIBERALISMO
Como uma ideologia carregada de princípios e valores essencialmente burgueses, o Liberalismo orientou e organizou os
anseios políticos na perspectiva dessa classe.
Inicialmente, concentrou-se na França em razão da propulsão de seus fisiocratas, mas depois se expandiu para outros paí-
ses europeus que possuíam poderosas burguesias, vindo a justificar a tomada do poder pelas mesmas.
Essa filosofia política foi construída a partir das ideias iluministas que se propagaram com a Revolução Francesa, fundamen-
tando-se em algumas ideias principais: na defesa da propriedade privada, da democracia, da igualdade de todos perante a lei,
do individualismo, da liberdade comercial e produtiva, da liberdade de expressão, de pensamento e de religião.
A ideia central da liberdade humana era para os liberais uma presunção universal. Da mesma forma, acreditavam que o Es-
tado não deveria intervir nas relações econômicas tratadas como independentes, cabendo ao mesmo atuar de forma limitada
quanto ao mercado.
Essa concepção permitiu que as desigualdades sociais, expressas nas injustiças que se faziam presentes, uma vez que a
igualdade liberal existente entre os membros de uma sociedade possui natureza exclusivamente formal, avançassem de ma-
neira considerável.
122
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Considerado o pai do liberalismo econômico, Adam Smith (1723
– 1790) expôs em uma de suas principais obras, “A riqueza das Na-
ções”, seu pensamento. Para ele, a riqueza das nações procede da
atuação individual de seus cidadãos que, dentre outros aspectos,
seriam movidos por seus interesses egoísticos, mas que levaria di-
retamente ao crescimento econômico e ao bem-estar dessa mesma
sociedade.
Com base nesses princípios, Adam Smith justificava a defesa da
livre iniciativa privada, sem intervenção estatal ou, caso houvesse,
que esta fosse limitada.
Para ele, a livre concorrência entre os empresários conduziria à
queda do preço das mercadorias e ao avanço das inovações tecnoló-
gicas necessárias ao aumento da produtividade em menor tempo e
com menos custos, logo, a produtos mais baratos.
A expressão “mão invisível do mercado” revela que existe uma
natural harmonização dos interesses dos indivíduos na sociedade. A
disputa entre eles levaria a exigência da crescente eficiência produ-
tiva em acordo com as necessidades de mercado, o que dispensaria
a atuação estatal. Assim, essa “mão invisível” regularia automatica-
mente os mercados, sempre tendo em vista a relação: necessidade
Primeira página da obra “A Riqueza das Nações” de 1776,
de consumo e produtividade. edição de Londres. Por Gerhard Streminger.
Adam Smith tinha a convicção de que a atuação da “mão invisí-
vel” do mercado resultaria na composição de preços mais acessíveis e em maiores salários para a classe trabalhadora, o que
não se confirmou com o avanço do capitalismo.
Thomas Robert Malthus (1766 – 1834) realizou em suas obras,
“Primeiro Ensaio” e “Segundo Ensaio”, um estudo que justificava o
crescimento da população em progressão geométrica e o crescimen-
to da produção de alimentos em progressão aritmética, culminando
em um claro desequilíbrio que afetava diretamente o desenvolvi-
mento material das sociedades.
Malthus apresentou, então, algumas possibilidades para limitar
esse crescimento populacional, vindo a equilibrar o mesmo com a
produção de alimentos. O caos gerado pela miséria (pobreza, sofri-
mento e fome como seus propulsores), pelas guerras (com seus inevi-
táveis mortos) e pelas epidemias (que naturalmente seleciona quem
sobrevive e quem morre), seria necessário ao almejado equilíbrio.
Essa realidade contraditória passou a ser apreendida pela clas-
se trabalhadora, que percebia a grande exploração de sua força de
trabalho recompensada com salários miseráveis, que não atendiam
suas necessidades materiais básicas.
Ao mesmo tempo havia a redução da demanda por mão de obra
nas fábricas, em razão do crescente uso de máquinas. Tinha origem
uma grande reserva de mão-de-obra laboral desempregada que aca-
bava por se sujeitar ao pagamento de baixos salários.
A falta de emprego, as péssimas condições de trabalho, a ausên-
cias de direitos e a superexploração do trabalho despertava, aos pou-
cos, os trabalhadores para aquela deplorável realidade que viviam.
Corriam boatos por toda Europa de que um operário britânico
Publicado em maio de 1812, o cartum mostra os chamado Ned Ludd, teria quebrado as máquinas de uma fábrica têx-
trabalhadores comandados pelo lendário Nedd Ludd
destruindo uma fábrica têxtil. Unknown til após seu patrão se recusar a negociar com o mesmo alguns dos
123
SISTEMA DE ENSINO A360°
problemas antes expostos. Não há comprovação dessa história, todavia, ela inspirou o surgimento do Movimento Ludita, que
pretendia resolver os problemas inerentes à exploração do trabalhador e sua dura realidade com a destruição das máquinas,
consideradas as verdadeiras responsáveis por suas condições miseráveis, uma vez que substituíam os trabalhadores.
Tal fato levou o Parlamento inglês a aprovar, em 1812, a Frame Braking Act, ou seja, uma lei que punia a quebra das má-
quinas com a pena de morte.
DOUTRINAS SOCIALISTAS
A superexploração dos trabalhadores, advinda das contradições sociais e impulsionada pela Revolução Industrial, fez com
que ideias humanitárias e progressistas surgissem, propondo a construção de um mundo mais justo.
O Socialismo é uma doutrina política e econômica voltada à distribuição equilibrada de riquezas e de acesso à propriedade
privada entre os membros da sociedade, o que diminuiria, em seu entendimento, o abismo social entre ricos e pobres perpe-
trado pelo capitalismo.
Os primeiros críticos desta realidade pertenciam ao socialismo utópico. Críticos das consequências negativas do progresso
industrial propunham modificações na estrutura social em direção à construção de uma sociedade mais justa. Carregados de
valores, acreditavam que seria possível um acordo entre as classes sociais, entre dominante e dominado, demonstrando isso a
partir de modelos idealizados, daí sua denominação de utópicos.
Seguidor dessas ideias, Charles Fourier (1772 – 1837) defendeu a reorganização da sociedade a partir da criação de falans-
térios, ou seja, fazendas coletivas agroindustriais, mas não conseguiu que a burguesia aderisse ao projeto.
Outro socialista desses primeiros tempos foi Robert Owen (1771 – 1858). Como administrador de uma fábrica de algodão
em Manchester, pôde observar as contradições do capitalismo mais de perto. Sabendo das dificuldades de constituição de uma
sociedade justa e igualitária por livre iniciativa dos homens, criou um modelo de comunidade ideal, na Escócia e, posteriormen-
te, em New Harmony, nos EUA. Ao longo do tempo, ambas as comunidades fracassaram.
Surgiu paralelamente ao Socialismo Utópico o Socialismo Científico, que teve em Karl Marx (1818 – 1883) seu principal
teórico e que contou com a indispensável ajuda de Friedrich Engels (1820 – 1895) em vários de seus escritos. Observando as
contradições internas do capitalismo, estes pensadores propunham a
transformação da realidade ao constituírem uma doutrina voltada à
atuação revolucionária do proletariado.
Diferentes dos utópicos e seus modelos idealizados, Marx acredi-
tava que o socialismo só poderia ser implantado com o desnudar da
luta de classes e da ação revolucionária do proletariado.
O maior expoente do socialismo científico foi Marx, que, para es-
truturar seu pensamento, partiu da compreensão e da transformação
da realidade a partir de uma análise econômica e social do capitalismo.
Marx (com o apoio de Engels) realizou em uma de suas mais im-
portantes obras, o “Manifesto Comunista” (1848), e, de forma mais
profunda, em “O Capital”, a interpretação socioeconômica da História
(conhecida como materialismo histórico). Definiu, igualmente, con-
ceitos de suma importância, quais sejam: luta de classe, mais-valia e
revolução socialista.
O materialismo histórico revela que as sociedades são determi-
nadas pelo que Marx chamou de infraestrutura e superestrutura.
As forças de produção e as relações dela advindas compreendem
a infraestrutura. Podemos exemplificar com as condições de trabalho
impostas aos trabalhadores, a divisão do trabalho e as relações de
propriedade.
Marx afirma que essas relações determinam outras que ele con-
ceitua de superestrutura e que podemos identificar como a cultura, as Retrato de Karl Marx (1875). Foto: John Jabez Edwin
ideologias, as instituições, os organismos do poder político e o próprio Mayall (1813–1901). Localização: Instituto Internacional de
Estado. História Social. Amsterdam, Holanda.
124
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
As bases do sistema capitalista, dentre outros aspectos, encontrar-se-iam na concentração injusta de riquezas e no contro-
le político burguês, responsáveis pela existência das desigualdades sociais.
Ao controlar o capital e exercer a exploração dos trabalhadores, a burguesia permitia a potencialização dos extremos: de
um lado, uma pequena parcela da sociedade concentrando os maiores bens e riquezas, do outro, uma imensa maioria despri-
vilegiada e explorada em condições injustas e desiguais.
Neste contexto, Marx passou a divergir da ideia ricardiana do lucro como “resíduo”. Ele afirmava que a percepção do mes-
mo pelos capitalistas ocorria por meio do pagamento de baixos salários, em uma lógica de exploração dos trabalhadores. Esse
processo poderia ocorrer de duas maneiras:
1. Mais-valia absoluta: ampliação da jornada de trabalho dos operários, porém, mantendo os mesmos salários. Neste
caso, além da intensificação do ritmo de trabalho na unidade produtiva, aumentava-se o controle e a vigilância dos
operários durante o cumprimento de suas tarefas laborais. Tudo isso objetivando o aumento da produtividade;
2. Mais-valia relativa: aumento da produtividade física do trabalho a partir de investimentos no processo de mecaniza-
ção, ou seja, do incremento da produção.
Diante dessa realidade, a revolução proletária apresentava-se como a única opção capaz de destruir as estruturas do ca-
pitalismo.
Conscientes dos antagonismos e da existência histórica da luta de classes perpetrada por interesses opostos aos de seus
consignatários, os trabalhadores deveriam se unir e tomar o poder das mãos da burguesia. O resultado seria a implantação da
ditadura do proletariado, que teria lugar enquanto persistissem as desigualdades.
Nessa sociedade proletária, o Estado exerce o controle das mercadorias e
da produtividade em termos gerais, considerando as necessidades de consumo,
eventuais adicionais e um “fundo” de segurança para ser utilizado em situações
emergenciais. Contabiliza-se, também, as despesas administrativas, a prestação
dos serviços públicos e os incapacitados para o trabalho.
Deduzida as despesas, a “sobra” dos rendimentos do trabalho deveria ser re-
partida entre os trabalhadores, proporcionalmente ao quantum de trabalho que
cada indivíduo havia investido.
Destacamos, porém, que Marx enxergava a necessidade do Estado apenas
nesse período transitório, indispensável à cessação das contradições internas do
capitalismo, eliminando, definitivamente, a propriedade privada e todas as desi-
gualdades econômicas e sociais. Abrir-se-ia, enfim, o caminho para a consolidação Martelo e foice, dois símbolos universais do
Comunismo.
do Comunismo.
O ANARQUISMO
O Anarquismo é outra corrente ideológica, sobre cuja origem ainda não há
consenso entre os historiadores. Credita-se a William Godwin, em sua obra “A Jus-
tiça Política” (1793), a primeira acepção moderna do conceito. Para ele, os gover-
nos e suas leis exercem influências negativas às sociedades ao torná-las ignorantes
e dependentes de si.
Todavia, Pierre-Joseph Proudhon (1809 – 1865) é considerado o precursor da
ideologia anarquista moderna e a defende em sua obra “O que é a propriedade?”.
Fazendo oposição à religião e ao Estado, Proudhon justificou que as sociedades de-
veriam se organizar de forma espontânea, sem líderes ou leis, o que definiu como
“república de pequenos proprietários”.
Para ele, a propriedade privada é um roubo, sendo justificada a existência ex-
clusiva das pequenas propriedades cooperativas.
O russo Mikhail Bakunin (1814 – 1876) tornou-se um dos maiores expoentes
Fotografia de Pierre -Joseph Proudhon (1862).
do anarquismo. Ele refutou todo e qualquer tipo de sistema de governo político,
Foto: Félix Nadar (1820–1910) inclusive em suas possíveis formas.
125
SISTEMA DE ENSINO A360°
Pela liberdade, em sua acepção social, os homens conseguiriam desenvolver integralmente todas as suas faculdades, sem
que para isso fosse necessária a garantia do Estado. Ao contrário, no entendimento de Bakunin o Estado deveria ser extinto pela
violenta revolução organizada, pois, somente pela liberdade plena, os homens conseguiriam alcançar os ideais de igualdade,
felicidade e liberdade.
Bakunin contestava a submissão dos indivíduos a qualquer tipo de autoridade, seja ela em caráter divino, coletivo ou indi-
vidual, inclusive à ditadura do proletariado proposta pelos marxistas.
Apesar das expressivas diferenças entre anarquistas e marxistas, ambos acabaram compartilhando o objetivo final: a im-
plantação do comunismo. Para os anarquistas, porém, a implantação do comunismo ocorreria após a revolução social orga-
nizada, não-hierárquica e direta das massas. Não existiria o estágio intermediário que os marxistas defendiam (a ditadura do
proletariado), sendo esta a contradição fundamental que nos permite separá-los dos anarquistas.
O objetivo do comunismo era criar uma sociedade livre e igualitária. O Estado desapareceria. Não existiriam mais as classes
sociais. Haveria uma imediata instalação do comunismo.
TEXTO COMPLEMENTAR 1
“Não hesito em dizer que o Estado é o mal, mas um mal historicamente necessário, tão necessário no passado quanto
o será sua extinção completa, cedo ou tarde...
O Estado é a autoridade, é a força, é a ostentação e a enfatuação da força... Inutilmente tenta mascarar esta natureza
de violador legal da vontade dos homens, de negação permanente de sua liberdade. (...)
Impossível haver liberdade política sem igualdade política. Impossibilidade desta, sem igualdade econômica e social.
Começará, pois, por destruir, em toda parte, todas as instituições e todos os estabelecimentos, igrejas, parlamentos,
tribunais, administrações, exércitos, bancos, universidades, etc., que constituem a própria existência do Estado. O Estado
126
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
deve ser radicalmente demolido e declarado em bancarrota, não apenas do ponto de vista financeiro, como também dos
pontos de vista político, burocrático, militar, judiciário e policial. (...)
Negação da existência de um Deus real, extra-mundial, pessoal e, portanto, de qualquer revelação e de qualquer
intervenção divina nos negócios do mundo e da humanidade. (...)
Existe apenas um dogma, uma única lei, uma única base moral para os homens, é a liberdade. Respeitar a liberdade
do próximo é dever; amá-lo, ajudá-lo, servi-lo é uma virtude.”
TEXTO COMPLEMENTAR 2
“A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a história das lutas de classes” (P. 60).
“Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o
opressor e o oprimido permaneceram em constante oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra ininterrupta, ora
disfarçada, ora aberta, que terminou, cada vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda a sociedade ou pela destrui-
ção das classes em conflito.
Desde épocas mais remotas da história, encontramos, em praticamente toda parte, uma complexa divisão da socie-
dade em classes diferentes, uma gradação múltipla das condições sociais. Na Roma Antiga, temos os patrícios, os guer-
reiros, os plebeus, os escravos; Na Idade Média, os senhores, os vassalos, os mestres, os companheiros, os aprendizes, os
servos; e, em quase todas as classes, outras camadas subordinadas
A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Ape-
nas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta em lugar das velhas.
No entanto, a nossa época, a época da burguesia, possui uma característica: simplificou os antagonismos de classes. A
sociedade global divide-se cada vz mais em dois campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam – a burguesia
e o proletariado (...) (p.26).”
“Na mesma proporção em que a burguesia, ou seja, o capital, se desenvolve, desenvolve-se também o proletariado,
a classe dos trabalhadores modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho, e só encontram trabalho na medida
em que este aumenta o capital. Esses trabalhadores que são obrigados a vender-se diariamente, são uma mercadoria, são
um artigo de comércio, sujeitos, portanto, às vicissitudes da concorrência, às flutuações do mercado. (...) (p.32)
Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos outros partidos operários. Não tem interesses diferentes
daqueles do proletariado em geral. Não formulam quaisquer princípios particulares a fim de modelar o movimento pro-
letário.
O fim imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os outros partidos proletários: constituição dos proletários
em classe, derrubada da supremacia burguesa” (p.38).
Disponível em: http://www.pstu.org.br/sites/default/files/biblioteca/marx_engels_manifesto.pdf
127
SISTEMA DE ENSINO A360°
O NACIONALISMO
Apesar de ser classificado como uma ideologia moderna, que surgiu na Europa revolucionária, o Nacionalismo possui bases
antigas que podem ser identificadas em momentos históricos anteriores.
Durante o século XIX, (quem adotou??? O nacionalismo???) adotou uma estrutura socializante, que se opunha ao domínio
imperialista, evidenciado na exploração colonial pelos países europeus.
O ponto máximo (de que???? Do nacionalismo???) era a defesa da autonomia dos povos, que teriam o direito de se auto-
governar e exercitar a soberania territorial.
A UNIFICAÇÃO ITALIANA
Inicialmente, insta informar que o nacionalismo na Itália apresentou-se tanto entre monarquistas, quanto entre republica-
nos. Comum a ambos estava o desejo de unicidade territorial, organizando um só povo, os italianos, tendo em vista os elemen-
tos sócio-culturais e identitários que os permitiam se conectar.
A Península Itálica fragmentada deveria dar lugar a uma nação. Surgia uma consciência nacional que, influenciada pelas
ideias libertárias francesas, pregava a existência de um vínculo que unisse a população italiana. Mas esse ideal estava enfraque-
cido em razão da presença e do domínio austríaco no território.
Porém, desde já, destacamos que os projetos de republicanos e monarquistas voltados à unificação da Itália irão se chocar,
apesar de seus elementos comuns, a começar pela forma de governo defendida: monarquista ou republicana? As diferenças
entre tais propostas de organização estatal, quanto às suas instituições políticas e o exercício do poder, ficaram evidentes nas
lideranças de Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi, de um lado, e do conde Caveur e do rei Vitor Emanuel II, do outro, con-
forme analisaremos a partir de agora.
SUÍÇA
PIEMONTE TRENTINO
Milão
FRANÇA Turim ÁUSTRIA
Parma Veneza
Gênova ÍSTRIA
Módena
TOSC
Florença
ESPANHA IMPÉRIO
A
TURCO
NA
CÓRSEGA
Roma
SARDENHA Nápoles
Reino do Piemonte-Sardenha
Reino Lombardo-Veneziano
Estados Po ficios
N
Reino das Duas Sicílias
Ducados
Marsala
Territórios sob influência austríaca SICÍLIA 140 km
ÁFRICA
Península Itálica antes da Unificação.
Durante a Era Napoleônica, a Península Itálica permaneceu sob domínio francês. Napoleão instituiu vários estados na re-
gião, implementando reformas de caráter liberal e vindo a extinguir os privilégios feudais e eclesiásticos.
À derrota do imperador francês, seguiu-se o Congresso de Viena (1815) e a região foi novamente dividida e subjugada,
sendo estabelecido o absolutismo monárquico, com o apoio direto da Áustria.
Contudo, as ideias nacionalistas continuavam sendo propagadas, principalmente na região da Sardenha. O progresso eco-
nômico, a incrementação das comunicações entre os estados, com a construção de ferrovias, e a existência de uma língua
comum, fortaleciam tais ideias.
128
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Tinha início o Risorgimento, movimento que objetivava a unificação da Itália e que
pode ser dividido em duas fases: de 1848 a 1849 e de 1859 a 1860.
Em um primeiro momento, detacou-se a resistência ao absolutismo e a defesa dos
ideais liberais propagados pela organização secreta dos carbonários, que neste momento
reuniam monarquistas e republicanos, objetivando a unificação do território italiano por
meio de uma guerra nacionalista contra o Império Austríaco.
Nesse contexto, Giuseppe Mazzini (1805 – 1872) aderiu aos carbonários, mas passou a
criticar as sociedades secretas, por sua reduzida presença social. Ele destacava a necessida-
de de lutar pela libertação das regiões italianas, sob domínio austríaco. Fundou-se, então,
em 1832, a Jovem Itália, que passou a organizar células revolucionárias por toda península,
com o apoio dos nacionalistas. A partir delas, iniciaram-se algumas rebeliões.
Expressiva foi a adesão do rei Carlos Alberto, governante de Sardenha, que assumiu o
trono de Piemonte, em 1831. Popular por seu posicionamento liberal, adotou como forma
de governo o parlamentarismo e chegou a promulgar uma constituição em tais moldes,
que ficou conhecida como “Estatuto Fundamental”.
Em 1847, alguns jornais, como o Risorgimento, já mencionavam a necessidade de ex- Camillo Benso, o conde Cavour
pandir a revolução. Essa idéia, que tinha como um de seus maiores propagadores o conde (1810-1861), como primeiro
Caveur, fortaleceu-se no ano seguinte entre os monarquistas liberais e a burguesia, em primeiro-ministro de Vitor
Emanuel II. Imagem: Furne Fils &
razão das revoluções européias, conhecidas como Primavera dos Povos. H. Turnier, Paris.
Atento às intenções de Carlos Alberto quanto à expulsão dos austríacos das regiões da
Lombardia e da Veneza, Cavour aconselhou o rei a declarar guerra à Áustria, em 1848, mas acabou sendo derrotado no ano
seguinte. Não se conformando com a vitória austríaca, o rei abdicou o trono, em 1849, a favor de seu filho, Vitor Emanuel II.
O movimento a favor da unificação somente voltou a se fortalecer durante sua segunda fase, na década de 1860. O reino
de Piemonte-Sardenha era industrializado, dotado de expressiva
atividade comercial e possuía um exército fortalecido, qualidades
estas que lhe permitiram tornar-se o maior exemplo para os revo-
lucionários.
Vitor Emanuel II nomeou Caveur como chefe de seu gabinete,
no intuito de fortalecer o poderio militar e econômico de Piemon-
te-Sardenha e de desenvolver a aproximação diplomática de pos-
síveis aliados externos. Participando da Guerra da Criméia (1854-
1856), ao lado da Inglaterra e da França, contra a Rússia, o Reino
da Sardenha angariou o apoio
de Napoleão III da França, que
se comprometeu a apoiá-lo,
caso houvesse uma invasão
austríaca.
De fato, Piemonte-Sarde-
nha aproveitou-se do apoio
francês e deu início a mais um
conflito contra a Áustria, em
Estátua de bronze do rei Vitor Emanuel II em Perúsia, Itália, 1849. Todavia, acabou nova-
inaugurada em 1890. Por Giulio Tadolini (1849–1918). Foto: Roby
mente derrotada.
Já em 1860, as forças populares republicanas, chamadas de “camisas vermelhas” e co-
mandadas por Giuseppe Garibaldi, já haviam conquistado parte dos Estados Pontifícios, a
Toscana, Módena e Parma. Além disso, conseguiram libertar a Sicília e o sul da Itália, gover-
nado pelo monarca absolutista Francisco II. O republicano Giuseppe Garibaldi
(1808-1882), em 1869. Imagem
Contrário a união do território sob bases monarquistas, Garibaldi abandonou o projeto Duyckinick, Evert A. Portrait
político que liderava, a fim de não enfraquecer o movimento interno de unificação. Essa Gallery of Eminent Men and
atitude favoreceu diretamente a liderança do rei Vitor Emanuel II, a quem foi entregue o Women in Europe and America.
New York : Johnson, Fry & Co.,
controle das duas Sicílias. Vitor Emanuel II acabou sendo proclamado rei da Itália em 1861. 1869.
129
SISTEMA DE ENSINO A360°
SUÍÇA
IMPÉRIO
AUSTRO-HÚNGARO
IMPÉRIO
OTOMANO
Chegava ao fim o processo de unificação italiana, todavia, de maneira incompleta. Persistia o domínio austríaco sobre as
províncias irredentas (não libertadas) de Ístria, Trentino e Tirol, sendo suas reivindicações alguns dos motivos para a participa-
ção da Itália na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
A UNIFICAÇÃO ALEMÃ
Até o início do século XIX, a Europa Central possuía inúmeras entidades políticas fragmentadas, tais como cidades impe-
riais livres, territórios eclesiásticos e estados dinásticos, sendo que a maioria delas integrava o antigo Sacro Império Romano
Germânico ou os domínios territoriais dos Habsburgos. Somente em 1806, Napoleão conseguiu dissolver definitivamente o
Sacro Império vindo a consolidar sua hegemonia política sobre esse território, que culminou com a criação da Confederação do
Reno ou Liga Renana, composta de dezesseis estados alemães.
1 Tinha início uma das maiores disputas entre o Estado italiano e a Igreja, o que ficou conhecido como Questão Italiana. Em resposta
a perda de seu poder, o Papa declarou-se prisioneiro voluntário do Reino da Itália e proibiu os católicos de votar nas eleições se-
guintes. O conflito só terminou em 1929 quando Mussolini, pretendendo o apoio da Igreja e dos católicos, assinou com o Papa Pio
XI a Concordata de São João Latrão, que criou o Estado do Vaticano
130
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Foi durante o controle francês e a reorganização do território que o nacionalismo germânico começou a ganhar contornos
mais nítidos, especialmente em razão do contato mais próximo com as ideias iluministas, o que veio a alterar as relações polí-
ticas, sociais e culturais no seio dos estados germânicos.
DINAMARCA
MAR BÁLTICO
MAR DO NORTE Tilsit
SCHLESWIG
Konigsberg
Schleswig
IA
Kiel Danzig
EAST PRUSSIA
HOLSTEIN N
A
Lubeck Rostock
ER WEST A
M PRUSSIA I
MECKLENBUR PO
Hamburg G
S
n
OLDENBURG Bremen
E
R S
H O V
Amsterdam
A
The Hague
N Hanover U Berlin P O S E N
HOLANDA Posen
ICK
Munster
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NSW BRANDENBURG R U S S I A
WESTPHALIA
R Go gen ANH
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Antwerp
Dusseldorf
Dorimund
POLONIA
Brussels Kassel
RHENISH Leipzig
S
BÉLGICA Aachen
Cologne Erfurt I
Breslau
P
PRUSSIA THURINGIA
resden
L
WETZLAR HESSE SAXONY E
Koblent S
NASSAU I
Franklust
A
Sedan
Luxembourg Darmstadt Prague Sadowa
1986
1870
B O E M I A
Metz PALATINATE Nuremberg
Verdun
A UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (1815-1871)
LOR
RAIN Karisrube
E Prússia em 1815 Aquisições (1815-1866)
Nancy
Strassburg gart
Fronteira da CONFEDERAÇÃO GERMÂNICA (1815)
WURTTEMBERG
HO B A V A R I A Fronteira da CONFEDERAÇÃO NORTE ALEMÃ (1866)
ACE
FRANÇA H Ulm
TERRITÓRIO IMPERIAL DA ALSÁCIA-LORENA (1871)
EN
ALS
ZO
Vienna
BADEN Munich
LL
Elementos identitários, como o partilhar das fronteiras interiores e a existência de um idioma comum, propiciaram a emer-
gência dos sentimentos de pertencimento e unidade entre a população de origem alemã, que passava a enxergar os franceses
como invasores e detentores ilegítimos daquele território.
A definitiva derrota de Napoleão levou à substituição da Confederação do Reno pela Confederação Germânica2 (1815–
1866), durante o Congresso de Viena, cabendo a liderança da região ao Império Austríaco que, em sua posição privilegiada,
acabou negligenciando a presença política da Prússia.
A rivalidade austro-prussiano crescia consideravelmente, principalmente diante do desenvolvimento econômico da Prús-
sia, que não escondia o desejo de estabelecer um poderoso Estado Germânico e com força representativa frente a outras
nações. A unificação nacional representava o progresso desse Estado, que se destacava em razão de sua força econômica e sua
dimensão geográfica.
O clima competitivo entre os dois estados fomentou ainda mais os movimentos nacionalistas durante o século XIX.
Uma medida fundamental para a unificação dos estados alemães foi a criação do Zollverein (1834), uma união aduaneira
liderada pela Prússia, que almejava, a unificação política e econômica dos Estados alemães, reduzindo as potenciais barreiras
entre os mesmos. Desse modo, pretendia essa medida promover o desenvolvimento econômico com a expansão do mercado
consumidor, facilitando o transporte de matérias-primas e mercadorias de baixo custo, logo, mais acessíveis ao consumo. Tudo
isso impulsionaria a incipiente indústria em outras partes desse território.
O grande problema do Zollverein é que excluía a Áustria e esta, sentindo-se ameaçada pela presença prussiana, ameaçou
a Prússia, que acabou recuando.
2 Respeitando o princípio do equilíbrio do poder, o Congresso de Viena estabeleceu um novo sistema político-diplomático que, no
caso dos alemães, praticamente destruiu os propósitos nacionalistas quanto à formação de uma nação coesa. Foram consolidados
39 estados soberanos, destacando aí a Prússia, que estariam “confederados” sob a liderança do Império Austríaco.
131
SISTEMA DE ENSINO A360°
Os anos finais da década de 1850 estiveram marcados pela reorganização e fortalecimento do exército prussiano. O envol-
vimento austríaco na Guerra da Criméia (1854–1855) e na Guerra Italiana de 1859 influenciou no realinhamento da represen-
tação política dos estados alemães. A Prússia passou a se destacar durante o governo de rei Guilherme I Hohenzollern, que era
diretamente auxiliado pelo habilidoso primeiro-ministro Otto von Bismarck.
Sob a administração de Bismarck, destacaram-se dois importantes eventos que contribuíram para o processo de unificação:
a Unificação Italiana (1866) e a Guerra Franco-prussiana (1870).
Quanto ao primeiro episódio, destaca-se que a própria relação conflituosa entre os italianos e os austríacos, durante seu
processo de unificação contribuiu com o apoio daqueles à Prússia, no decorrer da guerra contra a Áustria. Tal fato levou à reor-
ganização da Confederação Germânica do Norte, sob a liderança de Guilherme I.
No que diz respeito ao segundo episódio, havia uma insegurança francesa quanto ao crescente poder de Guilherme I,
que ameaçava as fronteiras orientais de seu território. A tensão aumentou quando, em 1869, o trono espanhol ficou vazio.
Pretendendo encontrar um sucessor católico dentre os príncipes europeus, Napoleão III da França atuou como uma espécie de
“intermediário” e, após longas discussões, opôs-se à coroação de Leopoldo de Hohenzollern, primo de Guilherme I da Prússia,
pois entendia o fato como favorável ao Kaiser.
Em meio a uma euforia nacionalista, os Estados do sul e do norte se uni-
ram durante a Guerra Franco-prussiana e acabaram vencendo a França na
Batalha de Sedan (1870). Com a conquista de Paris, Napoleão III foi captu-
rado junto com seu exército pelos prussianos e, para completar, Guilherme
I foi proclamado “Imperador Alemão” no Palácio de Versalhes. A França foi
obrigada, ainda, a assinar o Tratado de Frankfurt (1871) que previa a renún-
cia ao território de Alsácia-Lorena, bem como o pagamento de uma pesada
indenização. Tais fatos, entendidos como humilhantes, não seriam esqueci-
dos pela França, fazendo surgir o que ficou historicamente conhecido como o
“revanchismo francês”, umas das sementes que, associadas a outros fatores,
levaria ao início da Primeira Guerra Mundial.
Desse modo chegava ao fim o processo de unificação da Alemanha, inau-
gurando uma nova época de desenvolvimento econômico-industrial, que fa-
Otto von Bismarck e a rendição de Napoleão III após ria da Alemanha uma das maiores potências mundiais a ameaçar, mais adian-
derrota na Batalha de Sedan (1878). Por Wilhelm
Camphausen (1815-1885 ).
te, a hegemonia de outro poderoso país: a Inglaterra.
132
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
AS LUTAS DA CLASSE TRABALHADORA E AS INTERNACIONAIS OPERÁRIAS
Ao refletirmos sobre a sociedade capitalista podemos chegar á conclusão de que o sistema no qual ela está inserida revela
a existência de situações extremas e, na maioria das vezes, injustas e desiguais.
Ao mesmo tempo em que o capitalismo permitiu o desenvolvimento de tecnologias e o acesso a um mundo de consumo,
até então desconhecido pelos indivíduos, renegou à marginalização social uma boa parcela de pessoas. Muitos trabalhadores
venderão sua mão-de-obra por toda a vida e, nem por isso, terão acesso ao completo mundo do consumo que nos é apresen-
tado pelo capitalismo.
Esse sistema assegura a apenas uma minoria de indivíduos o controle dos meios de produção. Do mesmo modo, o domínio
da propriedade, na ótica capitalista relacionada a esses meios de produção, garante o direito à renda gerada pela mesma. Essa
renda decorre, resumidamente, da exploração do trabalho e da alienação da classe trabalhadora.
Já no século XIX os operários conheceram essa situação de vida penosa e excludente, pois o capitalismo proporcionava
meios para que os trabalhadores permanecessem nessa situação, o que se tornou objeto de estudos de Marx e Engels.
Para as desigualdades e os problemas do mundo capitalista, bem como para a instabilidade do sistema e a piora das con-
dições do proletário, só haveria uma solução: a tomada de consciência de sua real situação, para que pudessem superar as
desigualdades que os afastavam da burguesia.
Por certo, algumas situações revelam essa nova postura assumida pelos trabalhadores, a exemplo do Cartismo, um movi-
mento social que surgiu na Inglaterra e se consubstanciou no documento intitulado Carta do Povo. Certos da necessidade de
representatividade política, os cartistas exigiam, den-
tre outros aspectos, o sufrágio universal masculino e
secreto, eleições anuais e a participação de represen-
tantes da classe operária no Parlamento inglês
Na década de 1860, as lideranças sindicais socia-
listas fundaram em Londres a Primeira Internacional
Operária, também conhecida como Primeira Associa-
ção Internacional dos Trabalhadores (1864). O objetivo
desta era reunir os trabalhadores orientados a partir
de sentimentos universais que os identificassem contra
a opressão sofrida.
A Primeira Internacional Socialista reuniu tendên-
cias ideológicas distintas, como os sindicalistas, socia-
listas, anarquistas, republicanos e democratas radicais,
Gravura de 1886 retratando um motim cartista em Londres. Livro “Verdadeiras
Histórias do Reinado da Rainha Vitória”, por Cornelius Brown.
que acabaram divergindo quanto a vários aspectos.
133
SISTEMA DE ENSINO A360°
Destaca-se que foi neste momento que houve a cisão entre os moderados
e os revolucionários russos, que culminou na criação da Internacional Socialista
pelos primeiros, em 1923. Já em 1933, no entendimento de Trotsky, a política
stalinista teria levado à morte da Terceira Internacional, assim como à derrota
do proletariado alemão após a subida de Hitler ao poder.
134
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
TEXTO COMPLEMENTAR
135
SISTEMA DE ENSINO A360°
136
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UFF “Os libertários – anarquistas e anarcossindicalis- 02| ENEM Na produção social que os homens realizam, eles
tas – concentram sua atuação na vida educativa, feita entram em determinadas relações indispensáveis e in-
através da propaganda escrita e oral – jornais, livros, fo- dependentes de sua vontade; tais relações de produção
lhetos, revistas, conferências, comícios, além de festas, correspondem a um estágio definido de desenvolvimen-
piqueniques, peças teatrais –, no sentido de disseminar to das suas forças materiais de produção. A totalidade
o ideal libertário de emancipação social (...)”
dessas relações constitui a estrutura econômica da so-
SFERRA, Giuseppina. Anarquismo e Anarcossindicalismo. São Paulo: Ática, 1987, p. 21.
ciedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as
Tomando como referência o fragmento de texto acima: superestruturas política e jurídica, e ao qual correspon-
A indique duas ideias ligadas ao movimento anarquis- dem determinadas formas de consciência social.
ta na Europa do século XIX; MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; ENGELS, F.
Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).
B analise a concepção de Estado defendida pelos
anarquistas. Para o autor, a relação entre economia e política estabe-
Resolução: lecida no sistema capitalista faz com que
A Várias ideias podem ser associadas aos anarquis- A o proletariado seja contemplado pelo processo de
)
137
SISTEMA DE ENSINO A360°
Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses 05| ENEM O movimento operário ofereceu uma nova resposta
dois momentos da história política? ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A
A A distribuição equilibrada do poder. resposta foi a consciência de classe e a ambição de classe.
Os pobres então se organizavam em uma classe específi-
B O impedimento da participação popular. ca, a classe operária, diferente da classe dos patrões (ou
C O controle das decisões por uma minoria. capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança: a
Revolução Industrial trouxe a necessidade da mobilização
D A valorização das opiniões mais competentes. permanente.
E A sistematização dos processos decisórios. (HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977.)
138
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| FUVEST O cartaz abaixo, parte de uma campanha sindi- 03| UFJF As duas citações abaixo se referem à Revolução
cal pela redução da jornada diária de trabalho, foi divul- Francesa, desencadeada em 1789, e às revoluções de
gado em 1919 pela União Interdepartamental da Confe- 1848 (Primavera dos Povos). Elas ajudam a elucidar a
deração Geral dos Trabalhadores da Região do Sena, na visão da burguesia na chamada “Era das Revoluções”
França. (1789-1848). Após lê-las, responda ao que se pede.
“Um padrão mais típico da burguesia é clamar por li-
berdade, quando na oposição. E reprimi-la, uma vez no
poder.”
(BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar.)
04| UFBA
Texto I
Trecho da Declaração de Independência dos Estados
Unidos
“São verdades incontestáveis para nós: que todos os ho-
mens nascem iguais; que lhes conferiu o Criador certos
direitos inalienáveis, entre os quais o de vida, o de liber-
dade e o de buscar a felicidade; que, para assegurar es-
ses direitos, se constituíram entre os homens governos,
(A Liberdade guiando o povo. Museu do Louvre, Paris, 1831.) cujos poderes justos emanam do consentimento dos go-
vernados; que, sempre que qualquer forma de governo
A tela de Eugène Delacroix celebra a revolução de julho tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de
de 1830 na França, que derrubou o rei Carlos X e encer- mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo, cujos
rou o período da Restauração. princípios básicos e organização de poderes obedecem
Explique o significado do movimento de 1830 e identifi- às normas que lhes pareçam mais próprias para promo-
que, através da análise da tela, dois elementos que ates- ver a segurança e a felicidade gerais.”
tem sua relação com a Revolução de 1789. (AQUINO, 2005, p. 203).
139
SISTEMA DE ENSINO A360°
o respeito, pelo Estado, à dignidade da pessoa hu- A A Igreja toma posição sobre as idéias socialistas por
mana; meio da Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII.
a liberdade e a igualdade dos cidadãos perante a lei; Mencione um posicionamento da Igreja que contra-
dizia as idéias defendidas, pelo texto acima, por Karl
o direito à propriedade individual; Marx e Friedrich Engels.
o direito de resistência à opressão política; B Relacione o capitalismo industrial com o surgimento
a liberdade de pensamento e de opinião. dos movimentos socialistas.
T ENEM E VESTIBULARES
01| UNESP Leon Trotski argumentava em 1904 que a tese 02| FATEC “Os sofrimentos dos combatentes e da retaguar-
política defendida por Lênin poderia “conduzir a organi- da levaram-nos a associar espontaneamente o regime
zação do partido a substituir o partido, o Comitê central capitalista e a guerra, a considerar que esta guerra não
a substituir a organização do partido, e finalmente um era a ‘sua guerra’; o prestígio das classes dirigentes, que
‘ditador’ a substituir o Comitê central”. não souberam evitar o conflito, nem abreviá-lo ou pou-
(Trotski, "NOSSAS TAREFAS POLÍTICAS", Brochura redigida e publicada em 1904, em Genebra).
par as vidas humanas, debilitou-se tanto mais quanto o
Assinale a alternativa com o nome do responsável pelo enriquecimento rápido e espetacular de toda uma par-
regime que, na prática, confirmou a previsão de Trotski. te dessas classes contrastava com o luto e a aflição das
massas. Por um momento submergidos, no início das
A Bukharin.
hostilidades, pela vaga nacionalista, os conflitos de clas-
B Stalin.
se reaparecem, mais vigorosos e exacerbados por qua-
C Kalinin. tro anos de miséria. As classes dirigentes têm consciên-
D Brejnev. cia do fato, e o medo do contágio revolucionário cria em
E Molotov. seu meio um intenso terror que se manifesta na vontade
140
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
de destruir este novo Estado, onde, pela primeira vez, o 04| FGV Considere os seguintes itens:
socialismo transporta-se do terreno da teoria para o das
I. “... nasceu de um movimento espontâneo de mas-
realidades. A união do mundo branco está rompida; do- sas e não de um plano ou de um programa previa-
ravante não haverá mais neutros; conscientemente ou mente elaborado por um partido operário...”
não, é em relação à Revolução Russa - objeto de receios
e repulsa para uns, de esperança para outros - que se II. “... revelou a tendência da classe operária para ultra-
classificarão governos, partidos e simples particulares.” passar o estágio puramente econômico da sua luta
(...) combinando simultânea e constantemente rei-
(CROUZET, M. - HISTÓRIA GERAL DAS CIVILIZAÇÕES 15 - A ÉPOCA CONTEMPORÂNEA)
vindicações econômicas e reivindicações políticas...”
A partir da descrição do autor, é correto afirmar que:
III. “... refletiu a tendência da classe operária para des-
A o socialismo seria a única solução para evitar uma truir o aparelho do Estado burguês, para substituir
luta de classes. a democracia burguesa por uma forma superior de
democracia...”
B o medo do socialismo levaria o empresariado a
apoiar ações contrárias, e isso provocou, mais tarde, IV. “... conduziu a classe operária, pela primeira vez, à
o estabelecimento do fascismo e do nazismo. conquista do poder político, ainda que na área de
uma única cidade...”
C a passagem das idéias do socialismo à prática levou
I, II, III e IV referem-se
toda a Europa a se conscientizar do perigo comum.
A à Comuna de Paris, que resumiu todas as tendências
D a união do mundo branco rompeu-se e, após a Re- que estavam na origem e na primeira expansão do
volução Russa, provocou reflexos imediatos na liber- movimento operário moderno.
tação dos povos coloniais.
B ao Ludismo, que representou uma forma de resis-
E a Europa saiu da guerra mais nivelada politicamen- tência clara à disciplinação do trabalho imposto pelo
te, pois a guerra acabou com as grandes fortunas, sistema fabril.
dando chances para uma estabilização sócio-eco- C ao Cartismo, que resultou da conscientização da
nômica. classe operária que passou a exigir melhores condi-
ções de trabalho.
03| FATEC “A queda da burguesia e a vitória do proletariado
são igualmente inevitáveis (...). Os proletários nada têm D às Trade Unions, que se caracterizaram pelo assis-
a perder com ela, a não ser as próprias cadeias. E têm um tencialismo paternalista.
mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos”. E aos Sindicatos Profissionais de Londres, que surgi-
ram com o objetivo de garantir uma transformação
Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista de Marx e
social ampla.
Engels, foi escrito no contexto histórico marcado
A pelo acirramento das contradições políticas, econô- 05| FGV Na distinção entre ‘socialistas utópicos e socialistas
micas e sociais decorrentes do processo conhecido científicos’, são representantes dos primeiros:
como Revolução Industrial. A L.Bianc, R. Owen e M. Bakunin;
B pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que B C. Fouder, Saint-Simom e F. Engels;
começaram a pontuar os países capitalistas a partir C M. Bakunin, Proudhon e A. Bebel;
da ocorrência da Revolução Russa.
D R. Owen, F. Engels e A. Bebel;
C pela afirmação dos Estados Unidos como potência
E L. Blanc, Saint-Simom e Proudhon.
imperialista com interesses econômicos e políticos
em várias regiões do planeta. 06| FGV Leia com atenção as proposições abaixo:
D pelo confronto entre vassalos e suseranos, no mo- I. “A história de qualquer sociedade até aos nossos
mento de ápice da crise do modo de produção feu- dias foi apenas a história da luta de classes. Homem
dal e de enfraquecimento da autoridade religiosa. livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo,
mestre e companheiro, numa palavra opressores e
E pelo incremento das contestações populares às di-
oprimidos em oposição constante, desenvolveram
retrizes políticas implantadas pelos regimes autori- uma guerra que acabava sempre ou por uma trans-
tários que floresceram na Europa, na primeira meta- formação revolucionária da sociedade inteira, ou
de do século XX. pela destruição das duas classes em luta.”
141
SISTEMA DE ENSINO A360°
II. “Se me pedissem para responder à pergunta - ‘O D Criticavam os socialistas Saint-Simon, Charles Fou-
que é a escravidão?’ e eu respondesse numa só rier e Robert Owen, que não se baseavam, como
palavra: ‘Assassinato!’, todos entenderiam imedia- eles, num estudo científico da história para apren-
tamente o significado da minha resposta. Não seria der as leis da sociedade e da economia.
necessário utilizar nenhum outro argumento para
demonstrar que o poder de roubar um homem de E As lutas de classes entre proprietários e trabalhado-
suas idéias, de sua vontade e sua personalidade é res eram percebidas por eles como uma contradição
um poder de vida ou morte e que escravizar um ho- fundamental do sistema capitalista e que levariam à
mem é o mesmo que matá-lo. Por que, então, não abolição da ordem burguesa e do Estado que sobre
posso responder da mesma forma a essa outra per- ela se sustentava.
gunta: ‘O que é a propriedade?’ com uma palavra
só: ‘Roubo’.” 08| MACK Os primeiros socialistas, ao formularem pro-
Assinale a alternativa CORRETA: fundas críticas ao progresso industrial, estavam ainda
impregnados de valores liberais. Atacando os grandes
A A primeira proposição reproduz um trecho de uma
proprietários, mas tendo, em geral, muita estima pelos
das mais importantes obras do filósofo alemão Karl
pequenos, esses teóricos acreditavam que pudesse ha-
Marx, que serviu de base para a ideologia liberal de-
senvolvida no século XIX. ver um acordo entre as classes.
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo
B A segunda proposição refere-se ao manifesto cris-
tão proposto por bispos da Igreja, indignados com a Os historiadores acima estão se referindo aos:
miséria que assolava as classes trabalhadoras euro- A socialistas científicos.
péias no século XIX.
B socialistas utópicos.
C A “luta de classes” é um dos principais aspectos da
doutrina marxista e a definição da “propriedade C anarquistas.
como um roubo” tornou-se um dos principais lemas
D marxistas.
do anarquismo desde o século XIX.
D A segunda proposição é de Joseph Proudhon, te- E socialistas liberais.
órico liberal francês, indignado com a escravidão
ainda praticada em determinados continentes no 09| PUC Na segunda metade do século XIX, surgiu o “socia-
século XIX. lismo científico”, cujo teórico mais importante foi Karl
Heinrich Marx. São elementos fundamentais do pensa-
E A segunda proposição refere-se à região da Palesti-
mento marxista, EXCETO:
na na perspectiva sionista, desenvolvida na Europa
ao final do século XIX. A o materialismo dialético.
07| MACK No século XIX, o mundo do trabalho fez surgir no- B a interpretação econômica da história
vas perspectivas para a compreensão da sociedade con-
temporânea. O Manifesto Comunista (1848), de Marx C o conceito de luta de classes.
e Engels, indica a mudança de concepções abstratas e D a teoria da mais-valia.
utópicas sobre a sociedade, para outras mais concretas
e combativas. E o princípio de não-intervenção estatal.
(Carlos Guilherme Mota)
10| PUC A primeira “Internacional”, ou seja, associação
Sobre Karl Marx e Friedrich Engels é INCORRETO afirmar.
mundial de trabalhadores foi criada em Londres, no ano
A A obra que sintetizou as suas teorias econômicas, de 1864, por Marx e Engels e aglutinava entidades ope-
sociais, políticas e culturais foi O Capital, que reto- rárias de toda a Europa, de tendências político-ideológi-
mava a tradição do pensamento dialético, aprofun- cas as mais variadas. Em 1876, essa organização dissol-
dando-o na linha do Materialismo Histórico.
veu-se, em parte, pelas agudas divergências entre:
B A sociedade capitalista é contraditória, uma vez que
A anarquistas e marxistas.
produz um trabalho excedente que jamais retorna
ao trabalhador, isto é, a mais valia. B revisionistas e revolucionários.
C Formularam um socialismo de um novo tipo, basea- C trotskistas e stalinistas.
do na concepção de que o capitalismo deve progres-
siva e pacificamente evoluir para o socialismo. D socialistas e comunistas.
142
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
11| PUC O chamado socialismo científico, formulado por 14| UEG O movimento operário europeu conheceu, durante
Marx e Engels no século XIX, propunha: o século XIX, períodos de ascensão e refluxo, vinculados,
em certa medida, ao emprego progressivo de máquinas
A a superação do capitalismo pela ação revolucionária no processo produtivo, que levou à substituição gradual
dos trabalhadores, aglutinados em torno da Interna- da mão-de-obra operária.
cional Socialista.
Com base no exposto, julgue as proposições que se se-
B a redução do papel do Estado na economia para guem:
efetivar o controle direto pelo proletariado sobre os
I. O ludismo, no início do século XIX, propunha-se a
meios de produção.
resolver o problema da miséria social através da
C a supressão de toda legislação trabalhista e social, destruição do maquinário. Essa iniciativa possibili-
tida como mecanismo de alienação e cooptação do tou a resolução parcial da crise, visto que os traba-
proletariado. lhadores foram beneficiados com leis mais flexíveis
no que se refere à redução de sua carga de trabalho.
D a realização de sucessivas reformas na estrutura ca-
II. O cartismo, movimento popular que reivindicava re-
pitalista, possibilitando a gradativa implantação do
formas nas condições de trabalho e direitos políticos
comunismo avançado.
para os trabalhadores, representou uma das primei-
ras manifestações organizadas do operariado inglês.
12| PUC No início do século XIX, um grupo de operários
ingleses liderados por Ned Ludlam organizou um mo- III. As revoluções de 1848 representaram uma novida-
vimento de protesto contra as precárias condições de de para o panorama político europeu, resultando na
vida e trabalho do proletariado. O ludismo caracteri- emergência de ideologias políticas heterogêneas,
tais como nacionalismo, liberalismo e socialismo.
zou-se:
Marque a alternativa CORRETA:
A pela tomada do poder e instalação de um governo
revolucionário que suprimiu a propriedade particu- A Apenas as proposições I e II são verdadeiras.
lar e estimulou a criação de cooperativas. B Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
B pela elaboração da chamada Carta do Povo exigindo C Apenas as proposições I e III são verdadeiras.
do Parlamento britânico a realização de uma série
D Apenas a proposição I é verdadeira.
de reformas sociais e políticas.
E Todas as proposições são verdadeiras.
C pela destruição de máquinas e equipamentos in-
dustriais considerados responsáveis pelo crescente 15| UERJ Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em
desemprego e depauperação dos trabalhadores. um século em que se prega por toda a parte a liberdade
D pela constituição de uma poderosa estrutura sindi- das opiniões, acreditam ser seu dever recomendar a li-
berdade ilimitada. (...)
cal e partidária, que permitiu a organização do pro-
letariado e o aumento de sua força política. Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a
viver sem governo, da mesma forma como ele começa a
13| PUC Como o Marxismo, o Anarquismo foi um movimen- aprender a viver sem Deus.
to contrário ao Capitalismo. Talvez mais radicais que os Declaração dos Anarquistas, 1883.
marxistas, os anarquistas desejavam a destruição do (VOILLIARD, Odette et alii. Documents d’Histoire Contemporaine (1851-1971). Paris: Armand
Colin, 1964.)
Estado, que deveria ser substituído pela cooperação de
grupos associados. No texto acima, está apresentado o seguinte princípio
do anarquismo:
No Paraná, no século XIX, o agrônomo e músico italiano
A rejeição do poder instituído, negando a necessidade
Giovanni Rossi fundou uma experiência anarquista em:
do Estado
A Palmeira - Colônia Cecília
B recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalis-
B Cerro Azul - Colônia Assungui mo revolucionário
C Paranaguá - Colônia Superagüi C fim do Estado e da Igreja, pregando sua substituição
por ações de um cooperativismo associacionista
D Colombo - Colônia Alfredo Chaves
D superioridade da ação profissional sobre a da políti-
E Santa Felicidade - Colônia Senador Dantas. ca, buscando a independência dos partidos políticos
143
SISTEMA DE ENSINO A360°
144
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
20| UFRRJ “A criação de um proletariado despossuído, (...) A das revoluções anticapitalistas, ocorridas na Europa,
cultivadores vítimas de expropriações violentas repeti- contra as quais a burguesia determinou severa re-
das, foi necessariamente mais rápida que sua absorção pressão.
pela nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa
B das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas
de mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o final do sé-
à destruição das máquinas e à exploração por elas
culo XV e durante todo o século XVI na Europa Ocidental
causada.
foi criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os
pais da atual classe operária foram castigados por te- C da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores fo-
rem sido reduzidos à situação de vagabundos e pobres. ram transformados em massa de manobra dos inte-
A legislação os tratava como criminosos voluntários; ela resses burgueses.
pressupunha que dependia de seu livre arbítrio continu-
D de cercamento dos campos, com o deslocamento
ar a trabalhar como antes.”
de um grande contingente de despossuídos da sua
(MARX, Karl. «O Capital». Paris, Garnier-Flamarion, 1969.)
área rural de origem.
As transformações econômicas e sociais costumam ge- E da Revolução Industrial, quando os criminosos eram
rar profundas alterações no chamado “mundo do traba- expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em
lho”. A situação apontada por Marx refere-se ao proces- outra ocupação, pela legislação vigente.
so histórico
1 A indústria de bens de capitais, também conhecida como de bens de produção, compreende os equipamentos e as instalações,
além de bens ou serviços indispensáveis a produção de outros bens ou serviços. Estão aí incluídas as fábricas, o maquinário, as
ferramentas, os diversos equipamentos e construções utilizadas na produção de outras mercadorias ou produtos voltados ao con-
sumo.
145
SISTEMA DE ENSINO A360°
2 Henry Bessemer desenvolveu o processo industrial de produção em massa de aço a baixo custo a partir do ferro fundido o que
significou, por si só, uma verdadeira revolução, pois, antes o aço era muito caro. O processo foi nomeado de Processo de Bessemer.
3 CARTEL: é formado por empresas independentes de um mesmo ramo produtivo e que se reúnem com o propósito de definir preços
e estabelecer acordos quanto à produção de cada uma delas. O objetivo é fatiar o mercado o mercado consumidor entre as empre-
sas do cartel, sendo a própria concorrência monopólio do grupo. Esse tipo de associação foi vastamente utilizado na Alemanha e
no Japão, mas proibida nos Estados Unidos.
TRUSTE: trata-se do total controle da produção, desde as fontes de matérias primas até a distribuição da mercadoria. Desse modo,
o truste permite o controle da oferta das mercadorias e de seus preços e, consequentemente, do mercado consumidor. Na maioria
das vezes, empresas economicamente poderosas davam início a uma guerra comercial baixando drasticamente o preço das mer-
cadorias e mantendo-os até a destruição de seus concorrentes para, assim, facilitar sua incorporação. Então, abria-se o caminho
para a livre fixação dos preços das mercadorias.
HOLDINGS: nada mais é que a administração e coordenação de outras empresas do grupo por uma grande empresa. Aparente-
mente, predomina a autonomia das empresas integrantes do complexo industrial.
146
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A ERA VITORIANA
Já no século XIX, a Inglaterra havia se consolidado como a
maior potência mundial. Alguns historiadores afirmam que este
período da história inglesa pode ser denominado de Pax Britanni-
ca em razão da prosperidade econômica e da paz alcançadas por
esta nação que estavam associadas à conquista de mercados con-
sumidores externos e a própria consolidação da segunda fase da
Revolução Industrial por nós anteriormente estudada. O afasta-
mento inglês de guerras neste momento e a ausência de uma real
ameaça estrangeira ao seu poder contribuíram para acelerar seu
desenvolvimento econômico.
A rainha Vitória (1819 – 1901) governou a Inglaterra por 63
anos e esse período ficou conhecido como Era Vitoriana. Sua política
abertamente liberal e burguesa impulsionou o desenvolvimento in-
dustrial e a expansão do Império Britânico.
O setor produtivo têxtil continuava sendo o mais expressivo. A
siderurgia alcançou níveis espetaculares. Os avanços dos meios de
transporte quanto ao escoamento de mercadorias dinamizaram as
relações comerciais e permitia o rápido giro das mesmas.
Durante a Era Vitoriana houve o expressivo crescimento demo-
gráfico na Inglaterra que chegou a 32,5 milhões de pessoas. O fe-
nômeno pode ser explicado por alguns aspectos. Houve a melhoria
Fotografia da Rainha Vitória (1860).
das condições de vida em função da maior produção de alimentos, Foto: John Jabez Edwin Mayall.
das condições ambientais e de saúde, mais próximas do ideal, bem
como os avanços na medicina, a expansão das redes de esgotos, a maior qualidade da água potável e o aumento do número
de casamentos entre a população mais jovem. Essa sistemática acabou contrariando a teoria de Malthus ao demonstrar que o
crescimento populacional era sustentável.
A rainha Vitória enfrentou a ascensão de um forte mo-
vimento popular, o Cartismo. Esse movimento reivindicava
a ampliação dos direitos políticos à classe trabalhadora. O
nome do movimento origina o documento intitulado Carta
do Povo, que exigia o sufrágio universal masculino, a vota-
ção secreta, igualdade dos distritos eleitorais e eliminação do
censo.
Destacaram-se nesta época as conquistas trabalhistas pe-
las trade-unions. Consideradas antecessoras dos sindicatos,
dedicaram-se à luta da classe operária voltada a obtenção de
conquistas na relação com o empresariado, como a redução da
Gravura de 1886 extraída do livro “True Stories of the Reign of Queen
Victoria” de Cornelius Brown. Na imagem podemos verificar a ilustração
jornada de trabalho e salários mais dignos, com ênfase ao seu
de um motim cartista em Londres. principal instrumento de luta, a greve.
147
SISTEMA DE ENSINO A360°
Aparentemente, Luís XVIII implementou várias disposições progressivas, porém, muitos valores liberais foram esvaziados a
exemplo da restituição do voto censitário e da limitação de direitos e liberdades consagrados durante a Revolução.
Luís XVIII não teve filhos e acabou sendo sucedido por seu irmão Carlos X, em 1824, cujo reinado terminará em 1830.
A Revolução de 1830, que teve início na França e se es-
palhou para vários países da Europa, objetivava difundir os
valores liberais e nacionalistas. Expressava igualmente a insa-
tisfação burguesa com a crise econômica e a falta de posicio-
namento do governo em relação a tal aspecto, bem como o
descontentamento generalizado da população com a alta dos
preços das mercadorias. Por fim, representava a aversão dos
operários ao alto índice de desempregados neste momento.
Quando assumiu o trono, Carlos X arriscou-se a empre-
ender medidas ousadas e impopulares com a restauração do
Antigo Regime, o que contrariava a postura moderada adotada
por seu antecessor. Seu objetivo era restabelecer a autoridade
absolutista do monarca, legitimada no poder divino dos reis,
bem como os privilégios dos nobres. Para tanto, reprimiu dura-
mente a burguesia e os ideais liberais.
Sob a expressiva liderança do duque Luís Felipe de Or-
léans, a oposição composta por liberais e constitucionalistas A Liberdade Guiando o Povo (1830). Pintura romântica que retrata a
revolução de julho de 1830, na França. Por Eugène Delacroix (1798–
pressionava o monarca cada vez mais. A situação tornou-se 1863). Localização: Museu do Louvre.
mais tensa com a vitória daqueles nas eleições legislativas da
Câmara dos Deputados. Inconformado e demonstrando autoritarismo, Carlos X dissolveu a Câmara em 1830 e convocou novas
eleições, mas acabou sendo novamente derrotado pela oposição.
Em resposta, o monarca publicou as Ordenações de Julho naquele mesmo ano, censurando a imprensa, enrijecendo o sis-
tema de voto censitário que limitava, ainda mais, a participação popular, além de anular o último processo eleitoral. Ademais,
dissolveu a Câmara de maioria liberal determinando que governaria a partir de decretos. Tais medidas tornaram-se a fagulha
responsável pela explosão da Revolução de 1830.
Em julho de 1830, a população de Paris liderada pela burguesia liberal reagiu às medidas de Carlos X tomando o controle
da capital. Temendo a Revolução, Carlos X e outros membros da família Bourbons se exilaram na Inglaterra em agosto do
mesmo ano.
Receosos do radicalismo popular e da perda do controle revolucionário, a alta burguesia elevou ao trono francês Luís Filipe
de Orleans, também conhecido como “Rei Burguês”. Luís foi um monarca liberal e defensor dos ideais constitucionais e nacio-
nalistas, apesar de manter o critério censitário em relação ao voto e as candidaturas aos cargos do legislativo.
Por outro lado, esse governo liberal e antiabsolutista progressivamen-
te reprimia a oposição republicana e os direitos da classe operária que, ao
se rebelar, aderia a forma de governo republicana e às ideias inerentes ao
socialismo utópico. Após inúmeros levantes, em fevereiro de 1848, teve
início uma nova onda revolucionária que contava com a presença de ope-
rários e populares e o apoio da Guarda Nacional. Pressionado, Luís Filipe
acabou abdicando ao trono.
Destaca-se o fato de que a incipiente revolução na França acabou
dando início a uma onda revolucionária insuflada pelas massas popula-
res, bem como a diversos movimentos nacionalistas que varreram o con-
tinente europeu nesta época o que ficou conhecida como Primavera dos
Charge da Revolução de 1848. Fonte: Wikicommons Povos4.
4 A Revolução de 1848 teve início com a crise econômica na França e se espalhou por toda Europa. Criticava duramente o autorita-
rismo dos governos monárquicos, as crises econômicas relacionada a baixa qualidade de vida e a falta de representação política
das classes emergentes. A ideologia nacionalista propunha a estes países reformas de caráter político e econômico. Esse conjunto
de revoluções liberais ficou conhecido como Primavera dos Povos.
148
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Por outro lado, a queda de Luís Felipe levou ao retorno do sistema re-
publicano dando início a Segunda República (1848 – 1852) controlada por
um governo provisório que assumiu no lugar do rei. Algumas conquistas
sociais podem ser identificadas neste momento, a exemplo do fim da pena
de morte, da redução da jornada de trabalho de 12 para 10 horas diárias e
do restabelecimento do sufrágio universal. Todavia, as fortes contradições
de interesses entre operários, burgueses, socialistas e liberais moderados
não tardaram a se evidenciar. Novos conflitos emergiam durante esta fase
e ganhavam força com a crise econômica que se agravava fomentando di-
retamente a organização e oposição política da classe operária.
Percebendo o clima de instabilidade política, a burguesia declarou a
necessidade de novas eleições para organizar uma nova Assembleia Cons-
tituinte. Socialistas e burgueses concorriam aos cargos de deputados e à
participação na elaboração de uma Constituição. Representando os gran-
des proprietários rurais, o Partido da Ordem passou a apoiar os modera-
dos e juntos conseguiram eleger a maioria absoluta dos membros da casa
legislativa transparecendo, ainda mais, a rivalidade entre a burguesia e os
socialistas.
Ao se opor às ideias socialistas, a Constituinte despertou a insurreição Napoleão III (1865). Por Alexandre Cabanel (1823–1889).
Localização: Musée du Second Empire (Compiègne).
operária de Paris liderada por Louis-Auguste Blanqui. Em resposta, a As-
sembleia Nacional Constituinte decretou estado de sítio (as reuniões públicas foram proibidas e as associações políticas passa-
ram a ser controladas pela polícia), suspendeu os direitos individuais e a liberdade dos jornais (inclusive suas publicações foram
suspensas) e atribuiu poderes ditatoriais ao general Cavaignac que conseguiu esmagar violentamente a insurreição.
Controlada a insurreição operária a nova Constituição foi promulgada estabelecendo a República Presidencialista com
respectivo mandato de 4 anos, sendo proibida a reeleição. O Poder Legislativo unicameral seria controlado por uma assembleia
eleita por sufrágio universal por um período de três anos.
Disputando as eleições presidenciais de dezembro de 1848 estavam o general Cavaignac e o sobrinho de Napoleão Bo-
naparte, Luís Napoleão Bonaparte. Apresentando-se como um progressista, mantedor da ordem, defensor da política das na-
cionalidades e utilizando-se do carisma atribuído a seu tio, Luís Bonaparte foi eleito presidente da França com 5,5 milhões de
votos, ou seja, 73% de aprovação popular.
Todavia, Luís Napoleão não estava disposto a abrir mão do poder em 1852, último ano de seu mandato. Articulou, então, um
golpe de Estado conhecido como “18 de Brumário de Luís Bonaparte” pondo fim a República, em dezembro de 1851. Por meio
de um plebiscito, Luís Bonaparte obteve poderes para a elaboração de uma nova Constituição, passando a governar sob o título
de Cônsul. Por fim, após uma nova consulta popular instaurou o Segundo Império Francês e recebeu o título de Napoleão III.
149
SISTEMA DE ENSINO A360°
Apesar de este ser um governo autoritário, o Segundo Império esteve marcado pela modernização e o desenvolvimento
econômico da França, a exemplo dos avanços na agricultura, na indústria e no comércio e na expansão da oferta de créditos.
Durante este período, a elegante Paris desenvolveu-se ainda mais com a construção de ferrovias, casas populares e canais. A
capital tornou-se um centro mundial ao atrair exposições culturais e industriais. Por outro lado, o imperador diminuiu a influ-
ência do legislativo, marginalizou as oposições e reprimiu a imprensa.
A partir de 1860 acenderam as pressões liberais e o imperador acabou ampliando os poderes da Assembleia Nacional, além
de suspender as restrições às liberdades civis.
Na política externa, Napo-
leão III adotou postura ambígua.
Apesar de defender a autonomia
e a liberdade das nações, com a
política das nacionalidades, a
França, sob seu comando, ten-
tou impor a dominação a outros
países demonstrando a clara in-
tenção do imperador em exercer
sua influência hegemônica sobre
toda Europa5.
Napoleão III destacou-se ao
apoiar, inicialmente, os unifica-
dores italianos durante o Risor-
gimento. Porém, a pressão dos
católicos franceses, que se opu-
nham aos ataques aos Estados
da Igreja, levou o imperador a Napoleão III foi capturado e 83.000 soldados se renderam aos alemães. Na imagem, o imperador é
apoiar o papa na luta contra os escoltado por Otto von Bismarck, montado no cavalo à esquerda (1877).
Por Wilhelm Camphausen (1818–1885). Localização: Museu Histórico Alemão, Berlim.
unificadores.
A França interviu, ainda, no processo de unificação alemã em oposição a Prússia, mas acabou derrotada em razão de seu
despreparo militar durante a Guerra Franco-Prussiana. Era o princípio da ruína do império francês. O próprio Imperador foi
capturado pelos prussianos durante a Batalha de Sedan. Além disso, perderam a região de Alsácia-Lorena e foram obrigados a
pagar uma pesada indenização aos vencedores.
Tinha início a Terceira República Francesa com a organização
de um governo provisório presidido por Louis Adolphe Thiers.
A política interna francesa continuava tensa durante o governo
provisório. O envolvimento em conflitos externos e as oposições
políticas favoreciam a crise e a oposição entre liberais, socialistas,
monárquicos e republicanos que, ao defenderem seus mais varia-
dos projetos, revelavam suas essências antagônicas.
A coexistência desarmoniosa desses grupos políticos eviden-
ciou-se em março de 1871 com o acirramento das divergências
de classe que culminaram na proclamação da Comuna de Paris.
Apesar de ter durado apenas 72 dias, a Comuna de Paris foi consi-
derada a primeira experiência histórica de administração direta do
Barricadas em frente a Igreja La Madelein durante a Comuna de povo. Os comunardos expressavam, de maneira incipiente, o que
Paris. Imagem: André Adolphe Eugène Disdéri (1819–1889). seria um governo operário.
5 Napoleão III participou, ainda, da Guerra da Criméia (1854 – 1856) contra a Rússia e selou sua derrota no Congresso de Paris, em
1856. Do mesmo modo, apoiou a formação da Romênia ainda sob o domínio do Império Turco-Otomano. Interviu na política de
pacificação da Argélia, em 1857. Juntamente aos ingleses enviou tropas à China durante a Segunda Guerra do Ópio (1856 – 1860)
o que lhe rendeu o domínio sobre a Cochinchina, ao sul do Vietnam. O imperador interviu em uma guerra no México entre 1862 e
1867 com o intuito de garantir o comércio francês na América e conter a crescente hegemonia dos EUA.
150
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A Comuna incluía tendências políticas radicais diversas que variavam do movimento operário e ao republicanismo radical
como proudhonianos, marxistas e bakuninistas. A administração de Paris ficava a cargo do Conselho da Comuna com-
posto por 71 delegados eleitos por sufrágio universal e que seriam remunerados com base no salário de um operário. Com o
desarmamento da Guarda Nacional, a defesa da cidade passou a ser realizada pela população armada.
Sob evidente inspiração socialista, a Comuna de Paris determinou, dentre outras medidas:
a gratuidade do ensino e o afastamento da Igreja quanto ao mesmo;
a absoluta igualdade civil entre homens e mulheres;
o controle dos preços dos alimentos;
a apropriação das fábricas abandonadas pelos operários;
a abolição do trabalho noturno;
o estabelecimento de pensões para viúvas e órfãos.
A Comuna de Paris entrou para a história como o primeiro governo dos trabalhadores. Ela influenciou revoluções posterio-
res como a Russa, em 1917, a Alemã, em 1918, a Espanha, em 1936 e Portuguesa, em 1974.
TEXTO COMPLEMENTAR
Charles Platiau/Reuters/Latinstock
prevê, quanto a crise econômica e o mercado sem contrapesos,
que as diferenças tendem a aumentar.
151
SISTEMA DE ENSINO A360°
financeiros, além dos rentistas fundiários existentes. A situação era diferente na França, pois a dívida nacional foi
liquidada diversas vezes e a nacionalização teve um papel central. Assim, cada país tem suas especificidades e
sua própria história cultural. As reações nacionais à desigualdade também dependem de como o país percebe a
si mesmo em relação aos outros. Os Estados Unidos muitas vezes justificaram sua desigualdade interna por meio
de comparação com a europeia. Ou a Europa era vista como uma terra de privilégios, o que levou os americanos
a aplicar um imposto confiscatório às rendas mais altas no início do século XX, para evitar parecer-se com a velha
Europa, que eles consideravam extremamente desigual, ou, inversamente, eles denunciavam o coletivismo e o
igualitarismo europeus, como aconteceu em décadas recentes. Cada país considera seu modelo intrinsecamente
mais justo. No século XX, os Estados europeus partilharam a experiência de duas guerras mundiais. A dinâmica
da desigualdade evoluiu de modo semelhante em todos eles: as disparidades cresceram rapidamente durante
a Belle Époque, com uma concentração de riqueza inédita, depois declinou gradualmente após 1914 devido às
transformações sociais causadas pelo conflito, a descolonização e o desenvolvimento do Estado do Bem-Estar
Social. A partir da década de 1980, voltaram a crescer. Os países sofreram graus diferentes de destruição material
em 1914-1918 e em 1939-1945, mas os choques políticos e os pesos dos gastos de guerra tiveram efeitos seme-
lhantes sobre suas economias. Isso valeu para o Reino Unido, que sofreu menos destruição que a França ou a
Alemanha, entretanto saiu da Segunda Guerra Mundial com sua riqueza privada muito reduzida. Durante os “30
anos gloriosos”, essa redução nos níveis de riqueza privada levou à ilusão de que havíamos entrado em uma nova
fase de capitalismo, uma espécie de capitalismo sem capital, ou ao menos sem capitalistas. Mas o capitalismo
não havia sido superado de qualquer maneira estrutural. Ao contrário, esta era essencialmente uma fase transi-
tória de reconstrução. A riqueza foi restabelecida, embora gradualmente. É apenas hoje, no início do século XXI,
que encontramos os mesmos níveis de riqueza que nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial: cerca de seis
vezes a renda nacional anual, em oposição a pouco mais que o dobro da renda nacional nos anos 1950.
152
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
153
SISTEMA DE ENSINO A360°
AB-MOP: O mundo caminha para ser mais desigual que no século XIX?
TP: De maneira mais geral, a fé coletiva no progresso e na elevação dos padrões de vida significa uma recusa a
imaginar um mundo moderno tão desigual quanto o dos anos 1800. É claro que ainda não chegamos lá, e não
quero cair no catastrofismo. Mas, sob certas condições, poderia acontecer. Existe uma cegueira deliberada para
a lógica da dinâmica contemporânea. Os departamentos nacionais de estatísticas se negam a publicar as rendas
mais altas. Em geral elas não passam do 90º percentil. Oficialmente, para não “incitar o populismo” e a inveja.
Com essa lógica, teria sido possível fazer um relatório em 1788 dizendo que tudo estava bem, já que a aristocra-
cia formava apenas 1% ou 2% da população. Mas em um país como a França ou a Grã-Bretanha, 1% ainda são
500 mil ou 600 mil cidadãos. Nos Estados Unidos são 3 milhões. Essa quantidade ocupa um grande espaço. Eles
estruturam uma ordem social. O objetivo não é incitar o ciúme; as distinções sociais não representam problemas
se forem úteis para todos, como deixa claro o Artigo 1º da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de
1789 (“As distinções sociais só podem se basear na utilidade comum”). Mas elas têm de ser reguladas quando
começam a ir contra o bem comum. Representa uma real abdicação da responsabilidade quando pesquisadores
e instituições públicas deixam de descrever as desigualdades existentes em termos precisos. Isso deixa o campo
aberto a rankings de riqueza de revistas como Forbesou os Relatórios de Riqueza Global feitos pelos grandes
bancos, que assumem o papel de “produtores de conhecimento”. Mas a base metodológica de seus dados per-
manece imprecisa. Os resultados são amplamente ideológicos, um hino ao empreendedorismo e às fortunas bem
merecidas. Além disso, o simples fato de enfocar os “500 mais ricos” é uma maneira de despolitizar a questão da
desigualdade. O número é tão pequeno que se torna insignificante. Parece mostrar as desigualdades extremas,
mas na realidade dá uma imagem emoliente. As desigualdades têm de ser apreendidas de maneira mais extensa.
Se tomarmos as fortunas de mais de 10 milhões de euros, em vez de mais de 1 bilhão, elas são uma proporção
muito significativa da riqueza total. Precisamos das ferramentas certas para representar a desigualdade. O movi-
mento americano do 99% foi uma maneira de fazê-lo. Enfocar o 1% mais rico torna possível comparar sociedades
diferentes que de outro modo seriam incomensuráveis. Falar sobre “altos executivos” ou “rentistas” pode pare-
cer mais acurado, mas esses termos são historicamente específicos.
154
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
AB-MOP: Que papel a posição enfraquecida da força de trabalho teve no aumento das desigualdades desde os
anos 1980?
TP: A redução das desigualdades de renda entre 1914 e 1975 se deveu tanto aos choques das duas guerras mun-
diais quanto às reações políticas que se seguiram. Mudanças políticas radicais, entre elas o aumento da taxação
progressiva, a seguridade social, o trabalho organizado e assim por diante, tiveram um papel enorme. Minha tese
é simplesmente que essas mudanças, incluídas, é claro, a retosvolução bolchevique e a resultante ameaça no
Leste, foram amplamente produtos dos choques induzidos pelas guerras e a Grande Depressão. Antes de 1914,
não havia tendência natural à redução da desigualdade. O sistema político era formalmente democrático, mas
não reagiu realmente ao nível alto e crescente de concentração de riqueza. A redução da desigualdade durante
o século XX foi principalmente o produto de violentas rebeliões políticas, e não tanto da democracia eleitoral
pacífica. A queda do comunismo por volta de 1990 também contribuiu claramente para a ascensão de uma fé
ilimitada no capitalismo privado do laissez-faire nas décadas de 1990 e 2000.
*Entrevista cedida à revista Esprit
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| ENEM Um trabalhador em tempo flexível controla o lo- 1. Princípio de Intensificação: Diminuir o tempo de du-
cal do trabalho, mas não adquire maior controle sobre ração com o emprego imediato dos equipamentos e
o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem da matéria-prima e a rápida colocação do produto
que a supervisão do trabalho é muitas vezes maior para no mercado.
os ausentes do escritório do que para os presentes. O
trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre 2. Princípio de Economia: Consiste em reduzir ao mí-
o trabalhador, mais direto. nimo o volume do estoque da matéria-prima em
SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de
transformação.
Janeiro: Record, 1999 (adaptado).
3. Princípio de Produtividade: Aumentar a capacidade
Comparada à organização do trabalho característica do de produção do homem no mesmo período (produ-
taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo anali- tividade) por meio da especialização e da linha de
sada no texto pressupõe que montagem. O operário ganha mais e o empresário
A as tecnologias de informação sejam usadas para de- tem maior produção.
mocratizar as relações laborais. Dessa forma, seria possível controlar melhor todos
B as estruturas burocráticas sejam transferidas da em- os processos que articulam a produção e canalizar
presa para o espaço doméstico. os mecanismos de controle deslocando para os re-
sultados do trabalho.
C os procedimentos de terceirização sejam aprimora-
dos pela qualificação profissional.
02| ENEM
D as organizações sindicais sejam fortalecidas com a
EMPURRADA
Requisição Requisição
Entrega Entrega
processos para os resultados do trabalho
A concepção deste modelos de produção consiste Cliente Produção Fornecedor
em organizar a linha de montagem de cada fábrica
Disponível em: http://ensino.univates.br. Acesso em 11 maio 2013 (adaptado).
para produzir mais, controlando melhor as fontes de
matérias-primas e de energia, os transportes, a for- Na imagem, estão representados dois modelos de pro-
mação da mão-de-obra. Ele adotou três princípios dução. A possibilidade de uma crise de superprodução é
básicos; distinta entre eles em função do seguinte fator:
155
SISTEMA DE ENSINO A360°
156
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Resolução: C a introdução das máquinas no processo produtivo
diminuía as possibilidades de ganho material para
B trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de os operários.
modo diferente do modelo de produção em série.
D o progresso tecnológico geraria a distribuição de ri-
Diferentemente da manufatura e da maquinofatura, quezas para aqueles que estivessem adaptados aos
o artesanato não utiliza a divisão técnica ou social novos tempos industriais.
do trabalho, não há mecanização característica ine- E a melhoria das condições de vida dos operários se-
rente à indústria moderna ria conquistada com as manifestações coletivas em
favor dos direitos trabalhistas.
05| ENEM O movimento operário ofereceu uma nova resposta
Resolução:
ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A
resposta foi a consciência de classe e a ambição de classe. B a completa transformação da economia capitalista
Os pobres então se organizavam em uma classe específi- seria fundamental para a emancipação dos operá-
ca, a classe operária, diferente da classe dos patrões (ou rios.
capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança: a
Partimos do pressuposto de que o capitalismo tem
Revolução Industrial trouxe a necessidade da mobilização
escapado de suas crises de sobre a cumulação atra-
permanente.
vés da produção do espaço. Para tanto, percebemos
(HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977.)
a utilização de uma série de estratégias que se reali-
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa zam no âmbito do lugar, contudo, na maioria das ve-
e Industrial para a organização da classe operária. En- zes, são gestadas em cidades bem distantes – mais
quanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era especificamente nos escritórios das grandes empre-
originária do significado da vitória revolucionária sobre sas. Se a produção do espaço se realiza através da
as classes dominantes, a “necessidade da mobilização tensão entre os diferentes agentes sociais, faz-se
permanente”, trazida pela Revolução Industrial, decorria necessário que os movimentos sociais tornem-se
da compreensão de que: instrumentos de transformação. É nesse sentido que
A a competitividade do trabalho industrial exigia um caminha nosso trabalho; acreditamos que as mu-
permanente esforço de qualificação para o enfren- danças na apropriação do espaço dar-se-ão através
tamento do desemprego. da transformação dos ativismos em movimentos so-
ciais de caráter mais amplo, que agrupem lutas mais
B a completa transformação da economia capita-
lista seria fundamental para a emancipação dos específicas – das ditas minorias – associando-as a
operários. uma luta de âmbito global.
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UEL Leia o texto a seguir. 02| FUVEST Viver numa grande cidade implica o reconheci-
A tecnologia tem sido o catalizador da mudança social mento de múltiplos sinais. Trata-se de uma atividade do
olhar, de uma identificação visual, de um saber adquiri-
desde antes do matemático grego Arquimedes demons-
do, portanto. Se o olhar do transeunte, que fixa fortuita-
trar que a água pode ser levantada para irrigar um terreno mente uma mulher bonita e viúva ou um grupo de moças
ressecado acima de um fluxo de água, por meio de um voltando do trabalho, pressupõe um conhecimento da
mecanismo contínuo propulsor dentro de um tubo flexí- cor do luto e das vestimentas operárias, também o olhar
vel. Contudo, ao mesmo tempo, a diferença entre os con- do assaltante ou o do policial, buscando ambos a sua pre-
templados e os tecnologicamente carentes tornou-se um sa, implica um conhecimento específico da cidade.
abismo. Para cada um que agora compra sua passagem Maria Stella Bresciani, Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza.
São Paulo: Brasiliense, 1982, p.16. Adaptado.
de avião, trem e ingresso de teatro online, milhões ainda
esperam pela eletricidade e por água limpa corrente. O texto mostra como o forte crescimento territorial e de-
(Adaptado de: JARDINE, L. Como a tecnologia afeta a
mográfico de algumas cidades europeias, no século XIX,
transformação social. In: SWAIN, H. Grandes questões da História. redefiniu formas de convivência e sociabilidade de seus
Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p.255-259.)
habitantes as quais, em alguns casos, persistem até hoje.
A Com base no texto, descreva duas características A Cite e explique dois motivos do crescimento de cida-
fundamentais da Revolução Industrial inglesa do sé- des como Londres e Paris, no século XIX.
culo XVIII.
B Indique e analise uma característica, dentre as men-
B Discuta as relações entre desenvolvimento tecnoló- cionadas no texto, que se faça presente em grandes
gico e bem-estar social no mundo contemporâneo. cidades atuais.
157
SISTEMA DE ENSINO A360°
03| UFU Leia o texto abaixo. 04| UFC Ao descrever o processo de desenvolvimento capita-
lista durante o século XIX, o historiador Eric Hobsbawm ar-
A enchente em Paris em 1910 foi o resultado da combina-
gumenta que o mundo se dividiu em “dois setores”: o pri-
ção de condições climáticas extremas e decisões humanas meiro identificado por países de economias avançadas e o
relativas à engenharia. O verão de 1909 havia sido extrema- segundo, em regiões onde o processo de desenvolvimento
mente chuvoso, e os níveis de água no solo permaneceram econômico e político foi menos intenso. Desse modo, se-
altos até 1910. Quando, em dezembro de 1909 e janeiro de gundo Hobsbawm, “existia claramente um modelo geral
1910, houve ainda mais precipitação, o solo não suportou referencial das instituições e estruturas adequadas a um
mais e deixou de absorver a água da chuva. As altas tem- país ‘avançado’, com algumas variações locais”.
peraturas para a época [era o meio do inverno europeu],
especialmente nas montanhas da França central, ajudaram A Indique três características de um país “avançado”
no século XIX.
a derreter a neve, carregando grande quantidade de água
para rios e riachos. [...] A infraestrutura urbana de Paris B Que continente se destacou como centro do pro-
acabou piorando ainda mais a situação. A água brotava das cesso de desenvolvimento capitalista durante o sé-
bocas de lobo e invadia ruas e porões. As galerias subter- culo XIX?
râneas, renovadas por Haussmann em 1860, não foram C Identifique três países considerados avançados du-
suficientes para suportar tal quantidade de água. Também rante este período.
invadiu os túneis do metrô, penetrou no principal canal sob
o Sena e atingiu áreas do outro lado do rio. O engenhei- 05| UFPR O texto a seguir narra o episódio da proclamação
ro-chefe do serviço de águas durante a reforma feita por da Comuna de Paris em 1871.
Haussmann, Eugène Belgrand, havia recomendado que os
muros dos cais fossem elevados para prevenir inundações, “Faz-se silêncio, as pessoas escutam. Os membros do Comi-
tê Central e da Comuna, com o lenço vermelho a tiracolo,
mas os engenheiros posteriores não seguiram o aviso. As
acabam de subir ao palanque. Ranvier: ‘O Comitê Central
reformas levadas a cabo por Haussmann necessariamente entrega seus poderes à Comuna. Cidadãos, meu coração
aumentaram a impermeabilização do solo. está tão transbordante de alegria, que não posso pronun-
Jeffrey Jackson em entrevista para a Folha de São Paulo. ciar um discurso. Permiti-me apenas glorificar o povo de
Caderno Mais, de 14 de fevereiro de 2010.
Paris pelo grande exemplo que acaba de dar ao mundo’.
Os fatores que explicam a catástrofe da inundação da [...] Os tambores rufam. Os músicos, duzentas mil vozes, re-
cidade de Paris em 1910, apresentados no texto, reme- começam a entoar a Marselhesa, não querem mais discur-
tem ao processo de urbanização e de reorganização das sos. Em uma oportunidade, Ranvier mal consegue bradar:
cidades no final do século XIX. ‘Em nome do povo, é proclamada a Comuna!’”
(LISSAGARAY, Prosper-Olivier. A História da Comuna de 1871. São Paulo: Editora Ensaio, 1991, p.
A Analise esse processo destacando as políticas de in- 118.)
T ENEM E VESTIBULARES
01| FUVEST Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por O trecho acima, extraído de uma obra literária publicada
que não extingui, naquele instante, a centelha de vida pela primeira vez em 1818, pode ser lido corretamente
que você tão desumanamente me concedeu? Não sei! O como uma
desespero ainda não se apoderara de mim. Meus senti- A apologia à guerra imperialista, incorporando o de-
mentos eram de raiva e vingança. Quando a noite caiu, senvolvimento tecnológico do período.
deixei meu abrigo e vagueei pelos bosques. (...) Oh! Que
B crítica à condição humana em uma sociedade indus-
noite miserável passei eu! Sentia um inferno devorar-me,
trializada e de grandes avanços científicos.
e desejava despedaçar as árvores, devastar e assolar tudo
o que me cercava, para depois sentar-me e contemplar C defesa do clericalismo em meio à crescente laiciza-
satisfeito a destruição. Declarei uma guerra sem quartel à ção do mundo ocidental.
espécie humana e, acima de tudo, contra aquele que me D recusa do evolucionismo, bastante em voga no período.
havia criado e me lançara a esta insuportável desgraça! E adesão a ideias e formulações humanistas de igual-
Mary Shelley. Frankenstein. 2ª ed. Porto Alegre: LPM, 1985. dade social.
158
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
02| FAC. SANTA MARCELINA Observe as imagens. O preço disso? Quase ninguém sabe hoje fazer nada sem
apertar um botão. Acender um lampião a gás ou manu-
sear um elevador hidráulico, por exemplo, são tarefas
consideradas dificílimas. Para comprovar essa situação,
na Califórnia, em 2001, foi feita uma pesquisa em esco-
las de segundo grau. Resultado: constatou-se que quase
30% dos alunos não faziam ideia de como usar um tele-
fone de disco.
(http://d10g0.sites.uol.com.br/fotos.htm)
(Álvaro Oppermann, revista Aventuras na História, maio de 2007. Adaptado)
As imagens apresentam duas das sequências do filme Com base nas informações do texto, é correto afirmar
Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, que tem como que a
tema central o trabalho em uma fábrica, típica da 2.ª Re- A Central Electric Company, no final do século XIX,
volução Industrial. É correto afirmar que as sequências lançou os primeiros botões para acionar sofisticadas
contêm uma máquinas industriais.
A crítica ao trabalho no modelo de sociedade socialis- B pesquisa aplicada em escolas públicas de segundo
ta que despreza o lucro. grau comprovou que 30% dos alunos jamais haviam
B denúncia contra os sindicatos de trabalhadores que visto um telefone de disco.
defendiam os interesses dos patrões. C estatística, citada no início do texto, é curiosa e sur-
C apologia ao trabalho nas fábricas, pois, esse dignifi- preendente por constatar que, no dia a dia, espora-
cava o homem. dicamente apertamos botões.
D falta de conhecimento no manuseio de equipamen-
D abordagem neutra sobre o trabalho no sistema capi-
tos sem botão pode ser considerada um aspecto ne-
talista.
gativo da inovação trazida pela empresa americana.
E crítica ao fordismo que, entre outros aspectos, alie-
E substituição de sinos e manivelas por similares mo-
nava o trabalhador.
vidos a eletricidade ocorreu pela necessidade das
03| FATEC Leia o texto a seguir. empresas de baixar os altos custos de produção.
Como fazíamos sem botão 04| MACK Segundo Wallerstein (1991), o capitalismo “... foi,
desde o início, um elemento da economia mundial e não
Uma estatística curiosa: a gente aperta por dia, em
dos estados-nação. O capital nunca permitiu que suas
média, 125 botões. Isso apenas nas geringonças que
aspirações fossem determinadas por fronteiras nacio-
carregamos conosco: celular, laptop, iPod. Essa histó-
nais.” Considere as afirmações a respeito do modo de
ria do convívio humano com o botão começou por vol-
produção capitalista abaixo.
ta de 1893, quando a Central Electric Company, de Chi-
cago, lançou o primeiro interruptor de luz, com dois I. O capitalismo comercial marca o período dos esta-
botõezinhos: um branco para ligar e um preto para dos absolutos e do intervencionismo estatal na eco-
desligar. nomia, o que denominamos de mercantilismo.
Até então, apertar uma tecla não era atividade desco- II. O capitalismo financeiro globalizado acelera a con-
nhecida – já a utilizávamos em pianos, telégrafos e, a centração de capitais, gerando grandes conglomera-
partir de 1888, nas máquinas fotográficas da Kodak. dos econômicos; mas, em contrapartida ao avanço
capitalista mundial, ampliou-se a exclusão social e a
Mas foi só no fim do século XIX que ferramentas manu-
marginalização dos países periféricos.
ais consagradas, como sinos e manivelas, começaram
a ser substituídas por similares movidos a eletricidade. III. Tanto o capitalismo comercial quanto o capitalismo
E de utilização fácil: no século XX, para usar qualquer financeiro aplicam as diretrizes do liberalismo eco-
coisa, bastava apertar o botão. Em vez de tocar um sino, nômico, especialmente no que diz respeito ao livre
apertava-se a campainha. comércio e ao fim dos monopólios comerciais.
159
SISTEMA DE ENSINO A360°
160
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
08| MACK Podemos dizer que a tensão social identificada pelo tex-
to se associa
A à ampla presença de estrangeiros na França do início
do século XIX, provocada pelas ondas de migrações
oriundas das colônias francesas do norte da África.
B ao sucesso das reformas sociais promovidas pela Re-
volução de 1789, que permitiram a ampliação da ofer-
Na segunda metade do século XIX, em todo mundo oci-
ta de empregos nos meios urbanos e rurais franceses.
dental, verificou-se o crescimento das elites urbanas. A
existência de um público leitor urbano, com determi- C à organização de sindicatos e partidos políticos co-
nado nível de renda e de instrução, determinou a re- munistas e anarquistas, que preparavam os levantes
formulação da linguagem visual da época, como vemos sociais de 1848 e 1871 e iniciavam a gradual implan-
nas imagens de embalagem de sabonete acima. Além tação do socialismo na França.
das novas tecnologias introduzidas no setor gráfico,
permitindo a produção e a veiculação em maior esca- D ao avanço da industrialização, que acelerou o pro-
la de informações e de imagens, o outro fator decisivo cesso de evasão rural e provocou forte concentra-
para essa expansão foi ção de trabalhadores nas grandes cidades europeias
A a mudança na relação entre comerciante e consumi- do período.
dor que passou a depender muito mais do poder de
E à escassez de alimentos, originada pelas longas tem-
influência da publicidade e da embalagem dos pro-
poradas de seca e de peste nos campos franceses e
dutos, do que da real necessidade do consumidor
em adquiri-los. aprofundada pelos guerras ocorridas durante o pe-
ríodo napoleônico.
B o apoio irrestrito dos governos nacionais, que se uti-
lizaram dessa expansão inédita de impressos e do 10| PUC A autora francesa Josette François afirma: “depois
consumo tipográfico pela população urbana para
da humilhação de 1871, as crianças francesas passaram
anunciar e veicular símbolos patrióticos e incentivar
o nacionalismo. a ser educadas para um único fim: a vingança necessá-
ria. Todas as canções que se escutavam nas festas fami-
C a ávida necessidade, nessas novas sociedades urba-
liares falavam da Alsácia-Lorena”.
nas ocidentais, de informação e de ideais, como pá-
tria e liberdade, civilização e tecnologia, capazes de Apud SENISE, M.H.V. e PAZZINATO, A. L. . História moderna
e contemporânea. 12 ed. São Paulo: Ática, 1998, p. 217.
unirem, em torno de um mesmo ideal, os diferentes
grupos sociais. A “humilhação” mencionada refere-se ao resultado da
D a maior oferta de mão-de-obra especializada nos guerra _________. A “vingança necessária” era contra
grandes centros urbanos, capaz de atender a de- _________, sob cujo domínio encontrava-se a região
manda desse novo setor tipográfico e também de se mencionada. Um dos efeitos internacionais dessa posi-
tornarem futuros consumidores. ção francesa foi a assinatura, em 1907, da chamada Trí-
E a busca constante de novidades que pudessem au- plice Entente, com _________.
mentar as vendas no comércio, dado ao aumento
expressivo da capacidade de consumo das classes A da Crimeia a República Federal da Alemanha ; EUA e
trabalhadoras urbanas. Inglaterra
161
SISTEMA DE ENSINO A360°
11| UEPB O nacionalismo ajudou a redesenhar o mapa da O texto acima foi publicado em Paris, durante a Comuna
Europa no século XIX. Movimentos políticos, ancorados de 1871. Podemos dizer que a Comuna de Paris
em conceitos de identidade nacional, redefiniram as A foi a primeira revolução burguesa da história con-
fronteiras europeias e substituíram monarquias tradicio- temporânea e instaurou a República na França.
nais por nações-Estado. Assinale V para as alternativas
verdadeiras e F para as falsas: B representou um momento de aliança da burgue-
sia e do proletariado franceses contra o Segundo
( ) Os países que derrotaram a França napoleônica reu- Império.
niram-se em Viena (1814) para impedir que monar-
C foi alimentada pelas ideias sociais do século XIX e
quias destronadas pelos exércitos bonapartistas se
pela derrota francesa na Guerra Franco- Prussiana.
recompusessem. O resultado foi que Fernando VII,
da Espanha, foi banido da Europa; a Itália foi unifica- D representou a primeira tentativa bolchevique de
da e virou nação; Noruega e Suécia foram divididas expandir a hegemonia soviética para fora da Rússia.
e perderam suas coroas. E foi uma rápida experiência de poder burguês, cele-
( ) Os movimentos nacionalistas europeus aceitavam brada por teóricos como Karl Marx e Mikhail Bakunin.
depender economicamente de uma nação estran-
geira, desde que tivessem autonomia política, e de- 13| UFTM Pode-se apontar como característica comum das
fendiam subideologias nacionalistas, algumas limi- unificações da Alemanha e da Itália,
tadas à defesa de um idioma próprio. A a criação de uma república liberal, comanda pela
pequena burguesia e ligada às tradições românticas
( ) Otto Von Bismarck, estadista prussiano, viu um de-
do século XIX, em especial com a música.
sejo de unidade nacional ao defender a supremacia
da Prússia na Europa Central. O processo se inicia B a participação de todas as classes – em especial do
em 1864, quando Prússia e Áustria se unem para operariado – associada à constituição de uma mo-
anexar ducados dinamarqueses, e culmina em 1871 narquia que respeitava as culturas regionais.
com a proclamação do Império Alemão, tendo Bis-
C o apoio militar da Áustria para efetivar os interesses
marck como seu Chanceler.
nacionais dos povos que lutavam contra as forças
( ) A lealdade ao rei foi substituída, nos exércitos euro- reacionárias francesas e do papado.
peus, pela lealdade ao país - um patriotismo funda-
do no conceito de revolução social. Para defender D a ação inglesa contra as forças reacionárias que,
a pátria, a população contribuiria para a guerra e o apoiadas nas decisões do Congresso de Viena, im-
alistamento obrigatório foi introduzido na Europa. pediam a formação de novos Estados.
Assinale a alternativa correta: E o fato de esse processo ter sido liderado pelas clas-
ses dominantes de regiões de crescente industriali-
A F, F, V, V zação.
B F, F, F, V
14| UFV A expressão Risorgimento designa o conjunto de
C V, V, F, F
movimentos heterogêneos que desejaram a unificação
D F, V, F, V da Itália no século XIX. A vertente vitoriosa que promo-
veu a unificação da Itália foi:
E V, F, V, V
A o projeto republicano de Giuseppe Mazzini, que
12| FMABC “A revolução social está em marcha e ninguém criou o movimento Jovem Itália.
irá barrar seu caminho. (...) A Comuna pode salvar tudo!
Eu o juro! Eu o juro em nome de minhas lembranças do- B o movimento popular e secreto dos Carbonários, que
lorosas e das minhas altivas esperanças. (...) A burguesia defendeu a instituição de um Estado unitário e laico,
poderia ajudar a nos massacrar, mas seríamos apenas contra a influência da Igreja e do Império Austríaco.
alguns no cemitério, e ela rolaria amanhã, criminosa e
C o Papado, que defendeu a instituição de uma mo-
arruinada, ao abismo! Que ela se junte à Comuna! Nós
oferecemos isso hoje, amanhã talvez seja tarde demais. narquia teocrática com sede no Vaticano.
Decidam-se!” D o movimento liderado pelo reino do Piemonte-Sar-
Jules Vallès. “Decidiam-se!”, Le cri du peuple, 3/4/1871. denha, que adotou uma monarquia constitucional
Crônicas da Comuna. São Paulo: Ensaio, 1992, p. 23-24 laica e favoreceu a industrialização.
162
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
IMPERIALISMO
A compreensão do mundo contemporâneo perpas-
sa as noções de capitalismo e Imperialismo. Apesar das
sociedades ocidentais, em sua maioria, declararem-se
capitalistas, a verdade é que elas se encontram em di-
ferentes graus e formas de desenvolvimento. Mas uma
coisa é certa: o poder imperial norte-americano conse-
guiu hegemonizar o sistema político mundial.
Marx continua mais atual que nunca, apesar de ter
definido no passado os traços centrais das sociedades
capitalistas. Sob distintos contornos, a mais-valia conti-
nua alimentando os processos de acumulação privada
de capital. Destaca-se, ainda, o fato do sistema mundial
se organizar em torno do poder imperial norte-america-
no, superada a fase da bipolaridade mundial.
A Charge ironiza a sede estadunidense por petróleo.
Tais considerações são válidas, mas somente tendo Disponível em: www.historialivre.com/contemporanea/imperialismo.htm
O FENÔMENO “IMPERIALISMO”
Conhecido também como Neocolonialismo, o Im-
O AVANÇO INDUSTRIAL
perialismo é um típico fenômeno do século XIX que
A partir do século XIX, a Inglaterra não conseguiu mais conter a expansão
representou o processo de expansão do capitalismo industrial para outros países.
industrial europeu. A industrialização que havia se ini-
As minas de carvão e ferro garantiram a precoce industrialização da Bélgica.
ciado na Inglaterra expandiu-se para outras regiões, Os acontecimentos revolucionários na França permitiram o amadurecimento da
acirrando a competitividade entre as potências que ne- ideologia burguesa voltada ao progresso industrial efetivamente consolidado
com Napoleão III, apesar da perda das ricas jazidas de ferro da região de
cessitavam de quantidades cada vez maiores de maté- Alsácia-Lorena para a Alemanha. Quanto a alemães e italianos somente
rias-primas e de novos mercados consumidores. A saída a partir da unificação política foram possíveis as condições necessárias ao
foi a expansão dos domínios dessas nações industriali- desenvolvimento de seu parque industrial.
zadas europeias em direção às regiões dos continentes Os Estados Unidos destacou-se como o único país americano em condições
de industrializar-se. A descoberta de ouro na Califórnia, a Guerra de Secessão
africano e asiático, mediante acirrada concorrência. Os e os investimentos ingleses são fatores responsáveis por tal processo. Do
Estados Unidos e o Japão também adotaram a postura outro lado do mundo, no Oriente, a modernização japonesa empreendida
imperialista em suas respectivas zonas de influências pela Revolução Meiji assimilava tecnologias ocidentais que sistemáticamente
alimentavam o avanço industrial.
territoriais.
Distinto do colonialismo desenvolvido durante a Idade Moderna, os imperialistas tinham como principal objetivo a in-
corporação da população periférica a seus vastos mercados consumidores. O controle do fornecimento de matérias-primas
coloniais estava ligado à expansão da industrialização e ao incremento de novas tecnologias voltadas a diminuição dos custos
de produção. Além disso, as metrópoles atuavam nos espaços coloniais, com o evidente objetivo de ampliar suas riquezas. Já
na fase neocolonial, os Estados pretendiam, além do domínio econômico, o controle político das regiões coloniais periféricas,
muitas vezes sob a orientação de grandes empresas, acreditando ser essa postura necessária ao alcance de maiores lucros.
Aspecto relevante à compreensão do fenômeno imperialista está ligado ao crescimento demográfico europeu neste pe-
ríodo, que instigou as potências europeias a instalar parte desse excedente populacional nas regiões afro-asiáticas. De fato,
muitas pessoas estavam em busca de oportunidades econômicas considerando os investimentos de capitais nestas regiões. Por
163
SISTEMA DE ENSINO A360°
QUADRO-RESUMO
COLONIALISMO IMPERIALISMO
1.ÉPOCA (SÉCULOS) XV-XVIII XIX-XX
2. FASE Capitalismo comercial (Mercantilismo) Capitalismo Industrial (Financeiro e Monopolista)
3. FORMA Domínio político Domínio político (formal) domínio econômico (informal)
4. REGIÃO América Ásia e África (formal), América (informal) e Oceania
Aquisição de metais preciosos, produtos Domínios de mercados consumidores, matérias-primas
5. OBJETIVOS
tropicais e mercados consumidores e áreas para investimento de capitais excedentes
6. JUSTIFICATIVA Missão civilizadora
Expandir a fé cristão
IDEOLÓGICA (Espalhar o progresso pelo mundo)
Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Itália,
7. PAÍSES (PRINCIPAIS) Portugal e Espanha
EUA e Japão
164
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
JUSTIFICATIVAS IDEOLÓGICAS DO IMPERIALISMO O FARDO DO HOMEM BRANCO
Apesar das várias explicações econômicas para a intervenção das Tomai o fardo do Homem Branco -
Envia teus melhores filhos
superpotências nas zonas periféricas, foram formuladas justificativas Vão, condenem seus filhos ao exílio
ideológicas para a necessidade de sua dominação. Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
Em primeiro lugar, é preciso registrar que o Imperialismo estava Com agitadores e selváticos
camuflado por um discurso altruísta, ou seja, difundia-se a ideia de Seus cativos, servos obstinados,
Metade demônio, metade criança.
que a presença europeia nessas localidades periféricas era necessária
e indispensável ao desenvolvimento e progresso de suas populações. Tomai o fardo do Homem Branco -
As potências se apresentavam “preocupadas” com o bem estar colo- Continua pacientemente
nial e solidárias às necessidades daqueles povos “primitivos”, “atrasa- Encubra-se o terror ameaçador
E veja o espetáculo do orgulho;
dos” e “selvagens”. Pela fala suave e simples
Explicando centenas de vezes
Passemos a análise das perspectivas que ideologicamente legiti-
Procura outro lucro
mavam a política imperialista. E outro ganho do trabalho.
Destacamos inicialmente o etnocentrismo europeu que estava Tomai o fardo do Homem Branco -
fundamentado no conceito de superioridade de alguns povos em rela- As guerras selvagens pela paz -
Encha a boca dos Famintos,
ção a outros. Nesse caso, as populações europeias julgavam que seus
E proclama, das doenças, o cessar;
hábitos culturais encontravam-se em um patamar superior de desen- E quando seu objetivo estiver perto
volvimento, justificando, assim, a discriminação dos “outros” (africa- (O fim que todos procuram)
Olha a indolência e loucura pagã
nos, asiáticos e americanos). Esse “outro” era definido de maneira
Levando sua esperança ao chão.
preconceituosa a partir do ponto de vista específico europeu que, ao
não aceitar e compreender as diferenças, terminava por repudiar e Tomai o fardo do Homem Branco -
Sem a mão-de-ferro dos reis,
até eliminar o que lhe era estranho. Mas, sim, servir e limpar -
A história dos comuns.
Uma segunda justificativa ideológica para o Imperialismo con-
As portas que não deves entrar
substanciou-se no racismo que, de maneira equivocada, construiu As estradas que não deves passar
suas percepções sociais em bases biológicas e cientificamente falsas. Vá, construa-as com a sua vida
E marque-as com a sua morte.
Assim como ocorre no etnocentrismo, a tese racista defende que a
existência das diferenças entre os povos ocorre em razão de uma Tomai o fardo do homem branco -
classificação natural entre superiores e inferiores. Sob esse ponto de E colha sua antiga recompensa -
A culpa de que farias melhor
análise, os europeus acreditavam que suas habilidades ou qualidades O ódio daqueles que você guarda
seriam herdadas biologicamente, do mesmo modo que os povos “in- O grito dos reféns que você ouve
feriores” herdaram suas inabilidades dos antepassados. Esse discurso (Ah, devagar!) em direção à luz:
"Porque nos trouxeste da servidão
legitimou o tratamento distinto a membros de “raças diferentes”. Nossa amada noite no Egito?"
te, o que representava o auge do desenvolvimento das sociedades Tomai o fardo do Homem Branco!
humanas, quando comparados a africanos, americanos e asiáticos. Acabaram-se seus dias de criança
Esse discurso justificava, igualmente, as teorias anteriores, ou seja, a O louro suave e ofertado
O louvor fácil e glorioso
pretensa superioridade europeia, e afirmava sua hegemonia. Venha agora, procura sua virilidade
Através de todos os anos ingratos,
Conhecido como o “profeta do imperialismo britânico”, o poeta e
Frios, afiados com a sabedoria amada
escritor Rudyard Kipling tornou-se um dos maiores nomes do neoco- O julgamento de sua nobreza.
lonialismo. Ele foi o responsável por formular a “teoria do fardo do ho- Rudyard Kipling
165
SISTEMA DE ENSINO A360°
A partir do século XIX, a presença europeia ocorreu de forma mais articulada e pode se fortalecer com a desestrutura-
ção cultural e linguística das inúmeras comunidades tribais. Do mesmo modo, fez uso do discurso altruísta e “civilizador”,
necessário ao desenvolvimento desse povo “selvagem”, o que demonstrava o profundo desprezo europeu pela diversidade
cultural da África e pelos milhares de anos de sua história. Levar esses povos rumo à civilização era a missão dos europeus,
mais que isso, era o “fardo do homem branco” ao qual estava preso, não por interesses humanitários, mas exclusivamente
econômicos.
Em todo o continente explodiram revoltas e mo-
Um dos principais destinos dos escravos traficados era o Brasil. Não raras
vimentos de resistência coloniais contrários à invasão vezes sofriam violências diversasa e maus tratos como relata o colono suíço
Thomas Davatz:
estrangeira. A Revolta Zulu, no Sul da África, a oposição
dos nômades tuaregues no Saara, as rebeliões sudanesa “É lamentável, em todo caso, a sorte desses negros. Eles sabem que são
espoliados e isso deve tornar-lhes ainda mais amargos os espancamentos e
e etíope que conseguiram manter suas liberdades por outros maus tratos que sofrem. Também é preciso ter em mente que muitos
negros deixam de trabalhar bem se não foram convenientemente espancados.
certo período, a luta argélia por dez anos comandada E se desprezássemos a primeira iniqüidade a que os sujeitam, isto é, sua
por Abd el-Kader e a resistência dos colonos bôeres ao introdução e submissão forçada, teríamos de considerar em grande parte
merecidos os castigos que lhes impõem os seus senhores.”
domínio inglês na África do Sul, são apenas alguns exem-
(DAVATZ, Thomas. Memórias de um Colono no Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1951. pp. 62-63)
plos da aversão colonial ao domínio que se apresentava.
Impulsionados pelos progressos industriais dessa fase neocolonial, as potências europeias avançaram em direção ao
interior do continente. Conquistaram e dividiram territórios, povos e culturas, revelando o quão dramático foi esse processo
de ocupação. Estratégias de dominação distintas foram vastamente utilizadas, desde inovações tecnológicas e forças mili-
tares, até alianças com líderes locais para a exploração conjunta da região conquistada, legitimada a partir das discórdias
entre as próprias tribos. Em pouco tempo, grandes reinos africanos desapareceram para dar origem a mais de 50 Estados
demarcados indiscriminadamente e alheios às especificidades étnicas e culturais. Essa situação reverbera até os dias atuais
quando verificamos que as fronteiras africanas separam comunidades em duas ou mais nações ou reúne, em uma mesma
nação, tribos rivais.
166
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Dois fatores teriam despertado a atenção das potências euro-
peias sobre o continente e, consequentemente, a violenta disputa
e expansão territorial: a descoberta de diamantes na África do Sul
e a abertura do Canal de Suez, em 1869. O Canal de Suez denotava
importância estratégica àquele que o controlasse, pois, sua aber-
tura passou a permitir a rápida navegação entre os mares Verme-
lho e Mediterrâneo, encurtando as distâncias entre o Ocidente e o
Oriente. Do ponto de vista econômico, o Canal facilitou a integra-
ção entre os grandes centros industriais europeus e os mercados
asiáticos.
As maiores fatias territoriais ficaram com Inglaterra, França e Bél-
gica, seguidas da Alemanha. Entre 1830 e 1857, os franceses conquis-
taram a Argélia, o que simbolizava, de certa maneira, a recuperação
do prestígio francês perdido após as guerras napoleônicas. Garantin-
do lucros exorbitantes com a exploração daquele território, os france-
ses puderam se concentrar na conquista da Tunísia, do Marrocos, de
Madagascar e da África Ocidental e Equatorial Francesa.
Interessados na obtenção do Canal de Suez, os ingleses dire-
cionaram sua conquista imperialista para o Egito, o que elevava a
tensão em relação à França. Tendo conhecimento que a construção
do Canal provocou um considerável endividamento do Egito com os
bancos europeus, em especial os britânicos, a Inglaterra aproveitou
para ampliar suas atividades no país e, em 1881, passou a exercer
maior controle sobre a região. Destaca-se o fato de que o Egito era,
neste momento, o maior produtor mundial de algodão, matéria-pri-
ma indispensável à indústria têxtil inglesa. A Inglaterra implementou
no Egito o modelo de colonização indireta ao conservar no poder
uma elite local, todavia, submetida a seus interesses, que estavam
representados pelos Altos Comissários Gerais.
Imagem de satélite mostra a ligação entre o Mar Vermelho,
O projeto imperialista inglês empenhou-se, ainda, na conquis- ao Sul do Egito, e o Mar Mediterrâneo, ao norte, pelo Canal
ta de inúmeras outras regiões, como podemos verificar no mapa de Suez. Com 195 quilômetros de extensão sua construção
perdurou 10 anos e, ao final, pertencia a França e ao Egito
adiante. (NASA, 2011).
167
SISTEMA DE ENSINO A360°
Apesar dos esforços empreendidos com Congresso de Berlim, os conflitos entre os colonizadores e entre esses e os povos
nativos persistiram por muito tempo.
Domínios coloniais na África, década de 1880
MARROCOS TUNÍSIA
Mar Mediterrâneo ASIA
SAARA ARGÉLIA LÍBIA
OCIDENTAL EGITO
MAURITÂNIA
MALI NÍGER
SENEGAL ERITRÉIA
GÂMELA CHADE SUDÃO
BORKINA
GUINÉ DUIBUTI
FASSO
BISSAU GUINÉ HENIN
COSTA TOGO NIGÉRIA SOMÁLIA
SERRA LEDA DO GANA ETIÓPIA
LIBÉRIA MARFIM REP. CENTRO
AFRICANA
CAMARÕES
GUINÉ EQUATORIAL UGANDA
QUÊNIA
GABÃO REP. DEMOCRÁTICA
CONGO DO CONGO
Oceano RUANDA
SURUNDI
Oceano
Atlân o TANZÂNIA Índico
ANGOLA Possessão belga
ZÂMEIA
MALAMI Possessão francesa
ZIMBÁQUE
MOCAMBIQUE Possessão italiana
MADAGASCAR
NAMÍBIA Possessão portuguesa
BOTSWANA
Possessão espanhola
SOAZILÂNCIA Possessão inglesa
REP. DA
ÁFRICA LESOTO An as colônias alemãs
DO SUL
País independente
Adaptado de L'Atlas Jeune Afrique du continent africain. Paris: Les Editions du Jaguar, 1993
Por outro lado, o continente latino-americano enfrentava a ação colonizadora dos Estados Unidos. Já no século XIX, a inter-
venção desse país se fazia presente na Doutrina Monroe, com o lema “América para os americanos”. Essa Doutrina refutava a
criação de novas colônias na América e a intervenção europeia nos assuntos internos dos países americanos, principalmente, a
presença inglesa. Esse discurso ideológico permitiu que os norte-americanos expandissem suas fronteiras em direção ao Oeste,
o que resultou no genocídio de milhares indígenas.
A expansão territorial dos Estados Unidos ganhou impulso, sobretudo, em direção Oceano Pacífico, com o pressuposto do
Destino Manifesto. Esse pensamento difundiu a ideia de que a civilização da América ficaria a critério do povo daquele país, jus-
tamente por terem sido eleitos por Deus para tal missão, afastando igualmente a presença europeia no continente americano.
168
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Grande importância teve a política do Big Stick ao estender, ainda mais, as conquistas estadunidenses na região. “Fale com
suavidade e tenha à mão um grande porrete” tornou-se o slogan dessa política empreendida por Theodore Roosevelt, segundo
a qual a competência dos Estados Unidos era o exercício do papel de “polícia internacional” no Ocidente.
Na verdade, o Big Stick objetivava proteger os interesses econômicos dos EUA na América Latina, favorecendo, assim, sua
atuação internacional nesse continente. Exemplos dessa atuação estadunidense são a construção do canal do Panamá, que
interligou os Oceanos Atlântico e Pacífico, facilitando o comércio marítimo internacional americano, e o estabelecimento da
Emenda Platt na Constituição Cubana, que autorizava a intervenção dos Estados Unidos naquele país quando diante de amea-
ças a seus recíprocos interesses.
Rota do canal do Panamá.
Mar do Mar do Caribe
Caribe Baía de Nicaragua Canal
Limón do Panamá
Cristobal
Costa
Rica
Dique do Gatún PANAMA
Lago Gatún El Limón COLÔMBIA
Oceano Pacífico
Barragem do
Lago Gatún
Ilha de Barro
tún
Escobal Chilibre
Colorado Gamboa
o Ga
Las Cumbres
ag
L Lago
Miraflores
Corte
Gaillard
CIDADE DO
PANAMÁ
Dique de Pedro
Miguel Balboa
PANAMÁ Dique de
Miraflores
Baía do Panamá
Por fim, o Corolário Roosevelt reafirmou as ideias anteriormente defendidas pela Doutrina Monroe e pela Política do Big
Stick ao consagrar o controle direto dos Estados Unidos sobre os países latino-americanos.
As ações imperialistas norte-americanas na América Latina estavam de tal modo legitimadas.
169
SISTEMA DE ENSINO A360°
O IMPERIALISMO NA ÁSIA
A atuação do Neocolonialismo europeu na Ásia foi impulsionada pelos mesmos motivos e objetivos que legitimaram a
conquista do continente africano. Buscavam-se regiões para o investimento do excedente de capitais e, principalmente, no-
vos mercados consumidores. Enquanto que na disputa territorial africana entre as superpotências se destacaram o controle
e a aquisição de matérias-primas, uma vez que a África não possuía um expressivo mercado consumidor quando comparado
ao asiático, na Ásia as potências europeias buscaram fortalecer suas presenças na região em razão das complexas economias
e dos amplos mercados consumidores disponíveis.
O crescimento demográfico chinês acabou despertando o interesse das potências imperialistas durante o século XIX,
pois viram no fenômeno a oportunidade para explorar seu vasto mercado consumidor. Fechada ao comércio europeu, a
China expressava desinteresse no consumo de seus produtos, com exceção do ópio.
Oportunamente, a presença britânica se estendeu na China quando os ingleses descobriram que poderiam comercializar
indiscriminadamente o ópio, uma planta com poderes entorpecentes e altamente viciante, mas que, até então, era utilizado
por aquela população apenas na forma medicamentosa.
A vasta produção de ópio indiano sob a administração inglesa foi direcionada ao consumo da população chinesa que,
em pouco tempo, estaria viciada. Inicialmente, os ingleses comerciavam o ópio ilegalmente forçando sua população ao con-
sumo que chegou a representar, no auge das exportações britânicas, mais da metade de tudo que era vendido para a China.
Insatisfeito com os prejuízos causados à saúde da população, o governo chinês proibiu o comércio do ópio em seu território
e empreendeu uma política de repressão ao contrabando da droga, prejudicando consideravelmente a atividade comercial
inglesa na região.
As divergências entre os governos chinês e inglês atingiram o auge em 1839, quando as autoridades chinesas exigiram
de representantes britânicos a entrega de aproximadamente 20 mil caixas de ópio que, em seguida, foram destruídas. A
atitude acabou resultando em uma série de conflitos que se estenderam entre 1839 e 1842 e entre 1856 até 1860 e com-
puseram a chamada Guerra do Ópio.
Esse conflito permitiu que os ingleses utilizassem das inovações tecnológicas em termos bélicos e de seu potencial mi-
litar contra a China, a exemplo dos navios de aço movidos à vapor. Como resultado do primeiro embate ocorrido em 1839
foi estabelecido, em 1842, o Tratado de Nanquim, no qual a China foi obrigada a abrir cinco portos ao livre-comércio, pagar
uma pesada indenização e entregar a Ilha de Hong Kong à Inglaterra.
Os conflitos ressurgiram alguns anos depois, em 1856, após o assassinato de um missionário francês. Este foi o pretexto
para a definitiva destruição da política protecionista chinesa que culminou novamente em sua invasão. Mas, desta vez, por
meio de uma coalizão de forças estrangeiras compostas por In-
glaterra e França e com o apoio dos Estados Unidos e da Rússia.
A capital Pequim foi tomada e a China obrigada à abertura de
mais sete portos ao comércio com o Ocidente, além de permitir
a instalação de embaixadas europeias e garantir a liberdade de
atuação dos missionários cristãos em seu território. No entanto,
a tensão armada na China estava longe de ser resolvida.
Em fins do século XIX, chineses nacionalistas radicais orga-
nizaram uma série de levantes e atentados conhecidos como
Guerra dos Boxers (1900). A intenção era libertar a China do
controle imperialista o que, desde o início, foi duramente com-
Guerra do Ópio. Navios britânicos destruindo os navios chineses.
batido pelas potências que atuavam na região. Litografia britânica, 1843. Por E. Duncan
O termo Boxers era uma alusão aos lutadores chineses que criaram uma sociedade secreta denominada “Punhos Har-
moniosos e Justiceiros”. Também conhecidos como “punhos fechados”, agiam com vandalismo e violência, destruindo tudo
aquilo que representasse o domínio ou a presença ocidental em seu país. A crescente hostilidade dos chineses forçou a
organização de uma força expedicionária internacional composta por Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, Japão e Estados
Unidos, que iniciou a retomada do controle territorial pelo centro dos conflitos, Pequim. O Protocolo de Pequim colocou um
170
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
ponto final à Guerra dos Boxers, impôs o pagamento de indeni-
zação em ouro aos vencedores e forçou o reconhecimento das
concessões já realizadas às potências imperialistas.
Durante a segunda metade do século XVIII, os ingleses de-
ram início à ocupação territorial da Índia por meio da fundação
de entrepostos comerciais nas regiões costeiras pela Companhia
das Índias Orientais. Durante o processo de conquista, os ingleses
procuraram anular a influência francesa na região e progressiva-
mente impuseram a sua autoridade aos líderes locais. No início
do século XIX, os ingleses já controlavam a cobrança de impostos,
a maior parte do comércio e exerciam a vigilância da população A captura do portão sul de Tianjin durante a Guerra dos Boxers (1900).
e do território.
Não bastasse a subjugação política e econômica, a Índia sofreu uma verdadeira devastação cultural durante o domínio
britânico. Sua tradicional história sobreviveu aos séculos e estava assentada nas mais de 70 mil aldeias de economia autossufi-
ciente, nas dezenas de línguas, nas centenas de dialetos, nas múltiplas etnias e religiões que abrigava em seu território. Todavia,
2a “missão civilizadora” inglesa mudou para sempre a História desse povo que, a partir de então, conheceu verdadeiramente
a miséria.
O impacto produtivo da Revolução Industrial inglesa levou ao abarrotamento do mercado consumidor indiano com diver-
sas mercadorias, o que prejudicava enormemente as manufaturas daquele país que não conseguiam enfrentar a concorrência.
Um típico exemplo dessa desestruturação ocorreu com o comércio da tecelagem indiana de alta qualidade. A Inglaterra com-
prava o algodão desse país e abastecia sua indústria têxtil que, ao final, revendia tecidos de pior qualidade para a Índia, mas a
baixíssimo custo. Ainda buscando manter seus privilégios, a Inglaterra forçou a instituição de tarifas alfandegárias que protege-
ram sua produção têxtil vindo a arruinar decisivamente a tecelagem indiana.
A presença inglesa gerou a revolta de diversos grupos indianos que empreenderam um conflito denominado Guerra dos
Sipaios, em 1857. O termo Sipaios denominava os soldados indianos que serviam à Companhia das Índias Orientais, mas que
deram início ao conflito nas unidades militares britânicas contra oficiais ingleses.
O movimento foi violentamente reprimido pela Inglaterra e
levou ao fim a atuação da Companhia das Índias Orientais. A par-
tir de 1876, teve início a administração direta de algumas regiões
indianas pela Coroa britânica ao transformar parte do território
em uma “extensão” da Inglaterra. A rainha Vitória foi coroada
imperatriz da Índia. Destaca-se que outras regiões conseguiram
manter uma aparente independência com governantes locais,
mas no fundo ainda mantinham a submissão à Coroa inglesa.
A derrota para os ingleses na Índia fez com que os franceses
voltassem seu projeto de conquista para outras regiões do conti-
nente asiático, como a Península da Indochina, correspondente
ao sul do atual Vietnã, o Camboja, o Laos e, em seguida, o restan-
te do território vietnamita.
Guerra dos Sipaios retratada em imagem (1859). The Granger
Os Estados Unidos também se empenharam na conquista Collection, NewYork.
de várias ilhas do Pacífico, sendo uma delas o Japão. A partir de
1854, os norte-americanos ameaçaram militarmente o Japão, caso o xogum1 não promovesse à abertura comercial de seus
portos aos navios ocidentais. Essa medida conduziu a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país desestabilizando
a organização tradicional e milenar daquela sociedade.
Disposto a modernizar o país e elevar o Japão à condição de potência imperialista, o imperador Mutsuhito promoveu a cen-
tralização política do país com o apoio dos clãs inimigos do xogunato, a partir de 1868. Do mesmo modo, o imperador conduziu
o processo de modernização industrial e militar japonesa que ficou conhecida como Era Meiji.
1 Criado no século VIII, o Xogunato japonês se assemelhava ao regime feudal. O xogum compreendia o grande proprietário rural,
também um chefe militar. Era submisso ao imperador, mas, aqueles que comandava eram subvernientes somente a si. Com o
tempo, a família Tokugawa passou a exercer o controle do xogunato a partir da cidade de Edo, atual Tóquio. A instituição adquiriu
tamanho prestígio que, por vezes, acabou se sobrepondo a autoridade dos imperadores, conhecida como micado.
171
SISTEMA DE ENSINO A360°
TEXTO COMPLEMENTAR
O debate sobre o imperialismo e a luta de classes, abandonado por uma parte da esquerda e não considerado pela
maioria dos pós-modernos, sempre esteve presente na vida dos povos latino-americanos. Na América Central, no Ca-
ribe e no México, onde o imperialismo se manifestou de forma mais atuante e visível, os movimentos revolucionários
não apenas tomaram em armas, mas também apresentaram um projeto nacional para se contrapor ao Estado impe-
rialista. Essa luta começou no final do século XIX e início do XX, com José Martí, em Cuba, que denunciou a ideologia
colonizadora do pan-americanismo; passou por Emiliano Zapata e Francisco Villa, que expropriaram terras de estaduni-
denses em território mexicano para fazer suas reformas agrárias durante a Revolução de 1910; continuou com Augusto
C. Sandino, que lutou contra a ocupação estrangeira para construir um Estado nacional na Nicarágua; e chegou a Che
Guevara, que defendeu a tese da criação do segundo e do terceiro Vietnã para derrotar militarmente o imperialismo.
Hoje, líderes nacionalistas de esquerda começam a ganhar as eleições em vários países da América Latina, fazen-
do-o sobre os escombros das políticas neoliberais aplicadas a partir de meados dos anos 1970. Venezuela, Bolívia,
Equador, Nicarágua e a própria Argentina são os exemplos mais conhecidos. Todos estes governos têm implementado,
em menor ou maior grau, um projeto nacional de esquerda que se opõe frontalmente ao imperialismo. O Documento
de Santa Fé II (1988), que orientou a política externa do Departamento de Estado estadunidense, afirmava que “o ma-
trimônio do comunismo com o nacionalismo, na América Latina, representava o maior perigo para a região e para os
interesses dos Estados Unidos”.
(...)
Para Petras, as empresas multinacionais são um dos eixos que fundamentam o poder econômico do imperialismo.
Os EUA continuam sendo dominantes em termos absolutos e relativos: contam com 227 (45%) das 500 multinacionais
mais importantes, seguidos pela Europa Ocidental, com 141 (28%), e Ásia, com 92 (18%). Esses três blocos regionais
controlam 91% das principais multinacionais do mundo (p. 12). A dita globalização, para o autor, pode ser entendida
em seu sentido mais amplo como o poder derivado de tais empresas com sede nos três blocos citados, o que lhes per-
mite movimentar capitais e controlar o comércio, o crédito e o financiamento.
Cabe ressaltar que as multinacionais estadunidenses ocupam os primeiros lugares na lista das indústrias militares
relacionadas com a guerra e a construção de seu império. Isso significa que a corrida armamentista vem potencializan-
do sua expansão industrial nas últimas seis décadas, permitindo aos EUA sair da grande depressão dos anos 1930, em
172
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
detrimento das atividades industriais. Fred Halliday denominou “triângulo de ferro” a conexão entre o Congresso, o
Pentágono e o complexo industrial-militar destinado a aumentar os gastos com a defesa.
Os EUA e a Europa são duas entidades imperialistas que se diferenciam apenas no método de dominação e explo-
ração. Enquanto o imperialismo europeu adota uma estratégia diplomática de “comércio-investimento-mercado”, os
EUA utilizam a via neocolonial militarista; enquanto Bruxelas propõe um estilo de controle multilateral, consultivo e de
cooperação, Washington lança mão da ação unilateral e do monopólio do poder; enquanto a Europa busca estabelecer
uma cooperação com as elites dos países árabes e com Israel, Washington – influenciado pelos sionistas – prioriza uma
relação apenas com Tel Aviv.
Ao analisar a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), Petras mostra que esta organização “proporciona ao
imperialismo estadunidense um amparo legal e de tomada de decisões para determinar o comércio, os investimentos,
as políticas sobre a propriedade e a legislação trabalhista, bem como a natureza, o gasto, a forma e o conteúdo dos sis-
temas de saúde e educação” (p. 71). Isso estabelece um novo sistema político, assim como a base legal para o controle
de toda a estrutura socioeconômica da América Latina.
Petras também discute o uso da educação pela ALCA como um mecanismo de transição do neoliberalismo ao neoco-
lonialismo. O exemplo mais visível é a interferência do Banco Mundial em favor de um maior profissionalismo, e contra a
ideologia, nos programas educacionais. Na verdade, o que o Banco Mundial promove é uma ideologia pró-imperial que
prepara tecnocratas para servirem às empresas multinacionais em oposição a toda idéia nacionalista.
O tema central do livro, no entanto, é o relato feito por James Petras e Robin Eastman-Abaya sobre a conexão
EUA-Iraque-Israel e o sionismo. Os analistas de política internacional costumam afirmar que o apoio estratégico-mili-
tar de Washington a Tel Aviv é fundamental na manutenção de um Estado forte, belicoso e expansionista. A doutrina
Nixon-Kissinger, ao reconhecer que os EUA “não poderiam mais fazer o papel de policial do mundo” e que, portanto,
“esperariam que outras nações fornecessem mais guardas para a ronda de sua própria vizinhança”, atribuiu a Israel,
bem como a outros países, entre eles o próprio Brasil, a função de atores regionais. Dentro desta perspectiva estraté-
gica, tanto Israel como o Brasil desempenharam uma função subimperialista em suas áreas de influência. Hoje, porém,
segundo Petras e Eastman-Abaya, é Israel que, por meio de sionistas estadunidenses importantes, detém o poder
dentro dos EUA. A Casa Branca chega a adotar políticas altamente prejudiciais aos seus interesses, somente com o
intuito de beneficiar a Tel Aviv. Um exemplo é a guerra contra o Iraque, cujo principal beneficiário é o Estado de Israel,
já que conseguiu a destruição de seu inimigo árabe mais forte no Oriente Médio, ou seja, o regime que dava apoio à
resistência palestina.
(...)
Não se pode esquecer que o imperialismo também transformou a natureza do Estado por meio da intervenção
militar, da chantagem econômica, dos golpes de Estado e dos processos eleitorais corruptos, ou seja, a manipulação de
eleições com a ajuda dos meios de comunicação de massa.
O Iraque, juntamente com a América Latina, são os lugares em que se verificam os maiores descontentamentos po-
pulares com a pilhagem do imperialismo e, concomitantemente, com a queda no nível de vida das pessoas. Os atores
deste movimento são, em sua grande maioria, trabalhadores pobres urbanos e rurais, estudantes de classe média bai-
xa, professores, religiosos, movimentos sociais radicais, grupos indígenas e organizações guerrilheiras e estão baseados
nos impactos negativos diretos sobre o nível de vida, empregos, produção agrícola e controle da política econômica.
James Petras finaliza seu livro analisando o grande debate que permeou todo o século XX e continua presente nos
dias de hoje: capitalismo versus socialismo. O autor mostra que as decisões econômicas, assim como as propriedades
nacionais, eram de domínio público no socialismo. Com o colapso deste sistema, as empresas multinacionais estadu-
nidenses e européias se apropriaram de todas as riquezas dos ex-países comunistas. Isso tem gerado desemprego em
massa, emprego temporário e uma grande imigração para outras partes do mundo.
Por fim, Petras compara o atual socialismo cubano com os novos países capitalistas surgidos no Leste europeu e
Ásia meridional e chega a conclusões, com base em dados econômicos, de que o “socialismo reformado” de Cuba, ape-
sar do embargo imposto à Ilha pelos EUA e da crise dos anos 1990, é superior, no índice de desenvolvimento humano,
aos países que transitaram para o capitalismo com o fim da União Soviética.
173
SISTEMA DE ENSINO A360°
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| FUVEST Leia este texto, que se refere à dominação eu- O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências
ropeia sobre povos e terras africanas. sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas
autoridades britânicas, na Índia, demonstrando
Desde o século XVI, os portugueses e, trezentos anos
mais tarde, os franceses, britânicos e alemães souberam A a ineficiência do sistema judiciário inglês no territó-
usar os povos [africanos] mais fracos contra os mais for- rio indiano.
tes que desejavam submeter. Aliaram-se àqueles e so- B o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
maram os seus grandes números aos contingentes, em
geral pequenos, de militares europeus. C o caráter violento das manifestações hindus frente à
ação inglesa.
Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 98.
02| ENEM
174
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
B Mencione dois aspectos (acontecimentos ou ideias) Essa missão era vista como o “fardo do homem
que se relacionam a esse fenômeno histórico. branco”.
Resolução: Difusão das ideias do “darwinismo social”, que
justificava, pela lei da seleção natural, o domí-
A Fenômeno Histórico nio da espécie mais evoluída.
- Novo colonialismo/neocolonialismo – século XIX ou Expedições científicas e missões religiosas, que
possibilitaram o contato com realidades geo-
- Novo imperialismo/neoimperialismo – século XIX ou
gráficas, naturais e sociais ainda desconhecidas
- Imperialismo na África e na Ásia ou dos europeus.
- Partilha da África/Ásia pelos países europeus ou Instalação de excedentes populacionais da Eu-
ropa nas áreas coloniais.
- Conferência de Berlim (1884-1885).
Conquista de bases estratégicas para a segu-
Relações de poder: rança do comércio marítimo das nações euro-
peias.
As relações entre as potências europeias eram mar-
cadas por muitas tensões, conflitos e disputas pelo Posse de armas sofisticadas, que garantiram a
domínio de vastas áreas na Ásia e na África. supremacia europeia por quase toda a África.
As relações entre as potências europeias e os terri- Conhecimentos científicos, que preveniam do-
tórios “colonizados” eram marcadas pelo domínio enças (malária), e a navegação a vapor, que
facilitava o deslocamento para os territórios co-
político e econômico.
lonizados.
B ACONTECIMENTOS/IDEIAS QUE MARCARAM O NE- Conflitos étnicos na África, em razão das fron-
OCOLONIALISMO teiras definidas pelos países europeus na Confe-
Expansão do capitalismo industrial, que neces- rência de Berlim.
sitava de novos mercados para solucionar crises Disputas por territórios coloniais pelas potên-
de superprodução. cias imperialistas, ocasionando a Primeira Guer-
ra Mundial.
Investimento de capitais excedentes, que eram
aplicados na Ásia e na África. Revoltas e rebeliões dos povos dominados:
Guerra dos Cipaios, Guerra dos Bôers, Guerra
Implantação, nos territórios coloniais, de em- dos Boxers.
presas de serviços e de bancos.
Difusão da cultura europeia nos territórios colo-
Ideologia da missão civilizadora dos europeus. nizados.
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFRJ “As potências européias tinham podido intervir na 02| UNICAMP No século XIX, surgiu um novo modo de expli-
África e reparti-la em conformidade com suas idéias pró- car as diferenças entre os povos: o racismo. No entanto, os
argumentos raciais encontravam muitas dificuldades: se
prias de equilíbrio de poder, porque nem os Estados Uni-
os arianos originaram tanto os povos da Índia quanto os
dos nem a Rússia estavam diretamente envolvidos nas da Europa, o que poderia justificar o domínio dos ingleses
questões políticas africanas. [...] No Extremo- Oriente, sobre a Índia, ou a sua superioridade em relação aos india-
não eram só as potências européias que, como na África, nos? A única resposta possível parecia ser a miscigenação.
davam as cartas.” Em algum momento de sua história, os arianos da Índia
teriam se enfraquecido ao se misturarem às raças aboríge-
Fonte: Barraclough, Geoffrey. Introdução à história contemporânea. nes consideradas inferiores. Mas ninguém podia explicar
São Paulo: Circulo do Livro, 1975, p. 96 realmente por que essa ideia não foi aplicada nos dois sen-
tidos, ou seja, por que os arianos da Índia não aperfeiçoa-
No que se refere ao Extremo-Oriente da passagem do
ram aquelas raças em vez de se enfraquecerem.
século XIX para o século XX, o equilíbrio de poder tam- (Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-194.)
bém resultava da atuação de Estados Nacionais não eu-
A Segundo o texto, quais as incoerências presentes no
ropeus.
pensamento racista do século XIX?
Identifique dois desses Estados Nacionais não europeus. B O que foi o imperialismo?
175
SISTEMA DE ENSINO A360°
03| UFRJ A Guerra dos Bôeres (1899-1902), na África do mas transformou as sociedades nativas, sujeitas ao do-
Sul, levou a Inglaterra a mobilizar aproximadamente mínio das metrópoles européias.”
450 mil soldados, trazidos de todo o seu império. A (Serge Bernstein e Pierre Milza. História do Século XIX.)
vitória britânica fez com que fosse limitada a autono- A partir do texto:
mia dos estados bôeres. No entanto, o sistema eleito-
A indique e explique duas diferenças entre as expan-
ral permitiu que, terminada a guerra, os africânderes
sões européias dos séculos XV e XVI e do século XIX;
(bôeres) dominassem o poder político em diversas pro-
víncias. No mapa abaixo, pode-se observar o cenário B explique o porquê da partilha da África ter-se tor-
nado um dos principais elementos deflagradores da
dessa guerra e a indicação geográfica de fatores a ela
Primeira Guerra Mundial.
relacionados.
N RODÉSIA
Grande marcha
05| UFJF Observe o mapa abaixo:
BECHUANALÂNDIA
MOÇAMBIQUE
O L Natal 1839
S
TRANSVAAL Estados dos bôeres Orange 1843
Johanesburgo
Pretória
Transvaal 1852 TUNÍSIA
Vereeniging SUAZILÂNDIA
MARROCOS
BECHUANALÂNDIA
Brit.
Ocupação da Grã-Bretanha
OCEANO
ORANGE RIO DE ARGÉLIA LÍBIA EGITO
NATAL ÍNDICO Territórios anexados (domínio otomano sob
OURO controle britânico 1982)
ou controlados entre 1843 e 1899
OCEANO COLÔNIA Cidades governamentais em 1910
ATLÂNTICO BAZUTOLÂNDIA
DO CABO
Limites da República Sul-africana
GÂMBIA ERITREIA SOMÁLIA
0 610 1 220 km SUDÃO FRANCESA
Cidade do Cabo Ouro e diamante GUINÉ ANGLO-EGÍPCIO
1 cm - 610 km PORTUGUESA
COSTA NIGÉRIA ETIÓPIA SOMÁLIA
SERRA LEOA DO BRITÂNICA
(MAPA adaptado do Atlas Historique. Paris, Hachette, 1987, p.239) OURO
LIBÉRIA CAMARÕES
TOGO RIO SOMÁLIA
MUNI UGANDA ÁFRICA ITALIANA
ORIENTAL
A Apresente uma razão para o início dessa guerra. CONGO
BELGA
BRITÂNICA
ÁFRICA
B Explique o que permitiu aos bôeres obter o controle CABINDA ORIENTAL
ALEMÃ
grande movimento de colonização européia no mundo Disponível em: <www.culturabrasil.pro.br/neocolonialismo.htm>. Acesso em: 13 set. 2010.
durante a segunda metade do século XIX. Esta nova ex-
O mapa retrata a África partilhada por países europeus
pansão levou à constituição de vastos impérios coloniais
em um processo conhecido como imperialismo.
que permitiram às principais potências européias domi-
nar a maior parte da África, da Ásia e do Pacífico. Esta A Analise as repercussões desse processo de desenvol-
colonização, que pôs em contato a civilização industrial vimento do capitalismo desde o final do século XIX.
do século XIX com as velhas sociedades tradicionais, B Relacione os impactos desse processo sobre as ori-
tornou possível a valorização das riquezas inexploradas, gens da Primeira Grande Guerra Mundial.
T ENEM E VESTIBULARES
01| UDESC O excerto e a charge abaixo referem-se à coloni- lucionárias verificadas no domínio da tecnologia médica
zação da África no século XIX. e, em particular, devido à descoberta do uso profilático
As potências europeias puderam conquistar a África do quinino contra a malária, os europeus temiam me-
com relativa facilidade porque a balança pendia a seu nos a África do que antes de meados do século XIX. Em
favor, sob todos os aspectos. Em primeiro lugar, graças terceiro lugar, em consequência da natureza desigual do
às atividades dos missionários e dos exploradores, os comércio entre a Europa e a África até os anos de 1870
europeus sabiam mais a respeito da África e do inte- e mesmo mais tarde, bem como do ritmo crescente da
rior do continente – aspecto físico, terreno, economia revolução industrial, os recursos materiais e financeiros
e recursos, força e debilidade de seus Estados e de suas da Europa eram muitíssimo superiores aos da África. Por
sociedades – do que os africanos a respeito da Europa. isso, se as potências europeias podiam gastar milhões
Em segundo lugar, em função das transformações revo- de libras nas campanhas ultramarinas, os Estados afri-
176
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
canos não tinham condições de sustentar um conflito Assinale a alternativa correta.
armado com elas. Em quarto lugar, [...] a Europa podia
A Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
concentrar-se militarmente de maneira quase exclusiva
nas atividades imperiais ultramarinas, mas os países e B Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
os Estados africanos tinham suas forças paralisadas pe-
las lutas intestinas. Além disso, as potências europeias C Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
conviviam pacificamente, conseguindo resolver os pro- D Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
blemas coloniais que as dividiam no decorrer da era da
partilha e até 1914 sem recurso à guerra. E Todas as afirmativas são verdadeiras.
177
SISTEMA DE ENSINO A360°
B A Ásia e a África eram reconhecidas pelos europeus B a proposta da missão civilizadora dos europeus so-
como os continentes onde nasceu a civilização e, bre os continentes africano e asiático;
por isso, com fortes laços com a Europa, que herdou
C a urgência na aquisição de terras para os países cen-
os elementos civilizatórios que caracterizam a cultu-
trais em função do sistema socialista;
ra oriental.
C As populações asiáticas e africanas eram vistas pe- D a luta ideológica entre os mundos árabe e o ociden-
los europeus como inferiores, bárbaras, supersticio- tal pela disputa de novos mercados;
sas, e, por isso, incapazes de dirigir seus próprios E a consolidação do modelo mercantil europeu cau-
destinos, o que exigia a intervenção civilizadora dos sando a necessidade de novos mercados.
europeus.
06| ESPM A respeito do Imperialismo do século XIX, leia
D Para os europeus, a conquista da Ásia e da África re- este trecho de uma entrevista concedida por Cecil Rho-
vestia-se de um caráter meritório, já que represen- des, em 1895, a um jornalista:
taria a confirmação da tese do arianismo, ou seja,
da supremacia da raça branca. Caberia, assim, aos A ideia que mais me acode ao espírito é a solução do
europeus o dever de civilizar os outros povos. problema social, a saber: nós, os colonizadores, deve-
mos, para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino
E O mundo muçulmano, criado pela expansão árabe,
Unido de uma mortífera guerra civil, conquistar novas
por meio da “Guerra Santa”, seria, na visão dos eu-
terras a fim de aí instalarmos o excedente da nossa po-
ropeus, o principal aliado do Mundo Cristão Ociden-
pulação, de aí encontrarmos novos mercados para os
tal na eliminação de seitas heréticas, que infestavam
produtos das nossas fábricas e das nossas minas. O im-
o Oriente.
pério, como sempre tenho dito, é uma questão de estô-
04| UFTM Em 1884 teve início a Conferência de Berlim, que mago. Se queres evitar a guerra civil, é necessário que
objetivava resolver disputas entre os países europeus vos torneis imperialistas.
pelo controle do continente africano. Dentre as conse- (Leonel Itaussu. História Moderna e Contemporânea)
quências das decisões tomadas, pode-se citar Assinale os fatores do Imperialismo, praticado no século
A a preocupação com o nível de consumo das popula- XIX, que são tratados no texto:
ções do continente africano, que deveriam ser capa- A busca de metais preciosos e de mercados externos
zes de comprar produtos europeus. para onde pudessem escoar o excedente da pro-
B a imposição de fronteiras, sem levar em conta et- dução;
nias, culturas e tradições, que apartaram grupos co- B busca de mercados externos para onde pudessem
erentes e mesclaram povos distintos. escoar o excedente da produção agrícola europeia e
C o desenvolvimento de vacinas e o estudo de doen- interesse por regiões fornecedoras de especiarias;
ças típicas da região, com o objetivo de proteger a C necessidade de novas terras para onde pudesse ser
saúde dos exploradores europeus. escoada a mão-de-obra excedente e propagação do
E a restituição do poder aos chefes políticos locais, cristianismo;
desde que concordassem em fornecer as maté- D necessidade de novas terras para onde pudesse ser
rias-primas que os europeus necessitavam. escoado o excedente da população europeia e bus-
E o declínio do poder britânico e francês e a ascensão ca de mercados externos para onde pudessem esco-
da Alemanha e da Itália, países que conseguiram im- ar o excedente da produção de suas fábricas.
por suas demandas na conferência. E defesa do livre-cambismo e legislação impeditiva
da evasão em massa dos excedentes demográficos
05| ESCS O termo imperialismo foi empregado para desig- europeus.
nar a expansão política e econômica das potências do
hemisfério norte sobre os continentes africanos e asiá- 07| UNESP O imperialismo colonial europeu do final do sé-
ticos a partir do final do século XIX. Uma justificativa de culo XIX e início do século XX mudou a geopolítica do
destaque para a implantação do Imperialismo foi: continente africano, fragmentando-o em fronteiras re-
A a necessidade de obtenção de mão-de-obra africa- presentadas pelo aparecimento de novos espaços lin-
na e asiática para o mercado europeu; guísticos e novas dinâmicas espaciais e econômicas.
178
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Observe a figura. C Diante da existência de capitais excedentes na Euro-
pa, procuravam-se novos mercados consumidores,
buscava-se controlar regiões produtoras de maté-
rias-primas e direcionar para as áreas coloniais ex-
cedentes populacionais europeus.
D Em função de um crescimento econômico sem prece-
dentes na Europa, os capitais excedentes precisavam
ser aplicados em áreas que necessitavam de investi-
mentos humanitários, daí a escolha da África e da Ásia.
E A Europa necessitava com urgência de metais precio-
sos, abundantes na África, e conflitos religiosos obri-
garam os governos da França e da Inglaterra a man-
darem para a Ásia parte dos religiosos mais radicais.
179
SISTEMA DE ENSINO A360°
A diferença entre os mapas africanos, em 1880 e 1914, D A disputa pela colonização da China acirrou a riva-
apresentada no texto e ilustradas, é explicada lidade entre a Inglaterra e a França, contribuindo
para eclosão da Primeira Guerra Mundial.
A pelo fato de, no período citado, o continente ter
sido dividido por potências europeias, no contexto E A identificação cultural entre Japão, União Soviética
da corrida imperialista dos séculos XIX e XX. e China consolidou uma forte aliança entre essas na-
ções, no contexto da Segunda Guerra Mundial, em re-
B por acordos estabelecidos entre as potências euro- sistência à presença europeia no continente asiático.
peias desde o século XVI e que, na prática, foram
anulados em 1914, em virtude da predominância 11| UEFS A história do Reino Unido (ex-Império Britânico)
de colônias italianas e alemãs. registra o governo de três rainhas – rainha Elisabeth I
C por um pacto assinado entre Inglaterra e França, as (Isabel Tudor) / rainha Vitória / rainha Elisabeth II – em
maiores potências da época, que aceitaram a cujos governos importantes questões de caráter políti-
divisão pacífica do território africano. co-econômico foram estabelecidas e cujos desdobra-
mentos influenciaram não apenas a própria história in-
D pela resistência das nações africanas à divisão do glesa, como também o resto do mundo.
continente, o que obrigouos europeus a organiza-
rem força conjunta de ataque. A rainha Vitória e a rainha Elisabeth II
E pelas ambições imperialistas europeias, típicas do pe- A viram seus governos marcados pelo declínio do
ríodo citado, que promoveram a divisão do continente prestígio do país na política europeia.
e impediram a eclosão da Primeira Guerra Mundial. B estabeleceram regras rígidas de comportamento
moral e social, o que contribuiu para o atraso das
10| UEFS artes plásticas e cinematográficas no país.
C aprofundaram os laços entre a Coroa e a Igreja Cató-
lica, impedindo o exercício de outros cultos no terri-
tório do Reino Unido.
D tiveram seus governos marcados pela ascensão, ex-
pansão (rainha Vitória) e declínio (rainha Elisabeth
II), do seu império colonial, que incluiu terras nos
cinco continentes.
E sofreram uma redução de poder durante seus go-
vernos, em consequência da derrota do país na Pri-
meira Guerra Mundial (rainha Vitória) e na Guerra
do Vietnam (rainha Elisabeth II).
A A expansão marítima e comercial europeia foi in- A uma nova rede de comércio entre os dois continentes,
centivada pela China, objetivando a dinamização que envolvia mercadorias como algodão e tinturas, e,
das relações econômicas entre as duas regiões. posteriormente, a colonização europeia da África.
B A Guerra do Ópio, promovida pela Grã-Bretanha, B o abandono das possessões coloniais europeias no
contribuiu para a transformação da China em área Sul e Sudoeste da Ásia e a imediata independência
de influência das potências imperialistas, abrindo das colônias portuguesas e espanholas remanes-
sua economia ao capital estrangeiro. centes no litoral atlântico da África.
C O fornecimento de mão de obra barata para as in- C a ocupação militar por tropas europeias do Oriente
dústrias europeias e a exportação de especiarias fo- Médio e do Norte da África, áreas de exploração de
ram os principais focos de interesse dos tratados de petróleo, e, posteriormente, o domínio franco-britâ-
cooperação entre a China e o Ocidente. nico sobre as rotas de especiarias.
180
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
D uma agressiva política de conquista de terras no Com base na charge e nos conteúdos referentes ao neo-
Centro da África e a imediata descolonização dos colonialismo, analise as seguintes afirmações:
territórios do litoral atlântico do continente.
E o explícito apoio diplomático franco-britânico à inde- I. Podemos afirmar que os pés do capitalista estão as-
pendência das colônias belgas e italianas na África e, sentados sobre as duas únicas possessões inglesas
posteriormente, inúmeros conflitos entre potências na África: Egito e África do Sul.
europeias pelo controle do continente africano.
II. A projeção do personagem em relação ao continen-
13| UPE A charge a seguir faz referência ao capitalista Cecil te expressa também a dimensão do interesse da In-
Rhodes, que investiu no expansionismo imperialista inglês. glaterra pelos territórios africanos.
Estão CORRETAS
A I, II e III.
B I, II e V.
C II, IV e V.
D III, IV e V.
Disponível em: http://pos-aula.blogspot.com.br/2012/02/vozes-do-imperialismo.html E I, III e IV.
181
SISTEMA DE ENSINO A360°
A Primeira Guerra mundial é um marco do mundo contemporâneo, com ela nota-se o fim do domínio hegemônico do
Império Britânico, a desagregação do Império Austro-húngaro e Otomano, o fim da “era dos Impérios”, expressão de Eric
Hobsbawm, a emergência dos Estados Unidos da América e o surgimento da União da República Socialista Soviética.
As próximas páginas têm como objetivo situar os motivos, o desenrolar e as consequências desse conflito que mudou
definitivamente o mundo.
A Primeira Guerra mundial é um daqueles acontecimentos que podemos afirmar serem imprescindíveis para a com-
preensão do presente devido ao intenso processo de rupturas e continuidades históricas advindas e potencializadas pela
mesma.
182
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Os franceses perderam a Alsácia e Lorena, pa-
garam indenização de guerra e foram humilhados
com a ratificação do Tratado de Frankfurt em Versa-
lhes. Tais fatos potencializaram neste país uma polí-
tica estatal de constante rememoração do fato. Por
meio de cartazes, slogans, músicas e, até mesmo,
política educacional, a França desenvolveu um sen-
timento de nacionalismo contaminado por anseio
de uma vingança coletiva.
Além dos conflitos nacionalistas entre france-
ses e alemães na região dos Bálcãs, a Sérvia, tam-
bém alimentada pelo nacionalismo, tentava formar
um Estado livre das potências estrangeiras na re-
gião. A radicalização do movimento, no início do sé-
culo XX, contribuiu para o aparecimento de vários
grupos paramilitares nacionalistas que promoviam a união dos servos sob um único país. Muitos desses bradavam o lema
“união e morte”, entre eles a sociedade secreta denominada de Mão Negra, que provocou o incidente que marcou o início
da primeira guerra mundial em Sarajevo.
No contexto que antecede a Primeira Guerra, o sistema de alianças típico da política diplomáticas do século XIX e início
do século XX foi um elemento essencial. A tentativa de Bismarck de organizar uma aliança entre Rússia, Alemanha e o Im-
pério Austro-húngaro não se consolidou pelos conflitos econômicos na região do Oriente Médio. O chamado entendimento
dos três Imperadores se mostrou frágil e inoperante. Essa fragilidade ficou mais evidente com o conflito entre Império Aus-
tro-húngaro e Rússia na região dos Bálcãs.
Em 1882, foi assinado o tratado da tríplice aliança entre Alemanha, Áustria-Hungria e Itália que determinava o apoio
mútuo em caso de guerra. Em 1891, França e Rússia selaram uma aliança buscando evitar a hegemonia alemã. Em 1904, foi
assinada a Entente Cordiale, acordo entre França, Inglaterra e Rússia que permitia plena liberdade a cada país nas regiões
de domínio na África e Ásia.
Podemos mapear, dentre os vários acordos bilaterais construídos, em 1907, duas grandes redes que se tencionavam,
cada uma procurando evitar a hegemonia e o controle da outra: a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Áustria-Hungria) e
Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia).
Em 1908, a Áustria-Hungria anunciou a anexação da Bósnia e da Herzegovina criando grandes problemas com a Rússia
e Servia, dando início a Primeira e Segunda Guerra dos Bálcãs. Esse clima bélico na região dos Bálcãs se alastrou graças ao
sistema de alianças e ao interesse imperialista.
Em julho de 1914, o assassinato
do herdeiro do trono austro-húnga-
ro, o arquiduque Francisco Ferdi-
nando, pelo grupo radical-nacio-
nalista mãos negras, na cidade de
Sarajevo, fez com que a guerra local
ganhasse projeção mundial. A mor-
te do arquiduque e sua esposa mo-
vimentaram os países envolvidos e
seus complexos sistemas de alian-
ças que levavam em consideração
os arranjos nacionalistas e os inte-
resses imperialistas. Tal episódio
ficou conhecido como o estopim da
Primeira Guerra Mundial.
183
SISTEMA DE ENSINO A360°
A GUERRA (1914-1918)
A evolução do conflito
A guerra na Impérios Centrais
Apoiantes Impérios Centrais
Europa
ISLÂNDIA
Aliados
Estados neutrais
A
EG
Ofensivas dos
RU
SUÉCIA
Impérios Centrais
NO
São Petersburgo
Mar
do
frente INGLATERRA
Norte Mar
Bál o
IMPÉRIO RUSSO
ocidental; OCEANO
ATLÂNTICO
Londres
IMPÉRIO
Berlim
ALEMÃO
IMPÉRIO
M
SUIÇA
ar
FRANÇA Viena Budapeste
C
ás
oriental;
pi
ROMÊNIA
o
AL
Mar Negro
TUG
SÉRV
ESPANHA BULGÁRIA
POR
Roma
IA
frente Mar Mediterrâneo
IMPÉRIO TURCO
balcânica.
Sicília
GRÉCIA
ÁFRICA Chipre (Brit.)
A morte do arquiduque fez com que o Império austro-húngaro declarasse guerra à Servia e a Rússia organizou, imediata-
mente, suas tropas em defesa da mesma. A Alemanha se posicionou ao lado do Império Austro-húngaro e a França saiu em
defesa da Rússia e da Sérvia. Alemanha e França se autodeclararam guerra e os germânicos empreenderam a invasão da França
utilizando o território belga. A estratégia de invasão alemã, conhecida como Plano Schlieffen, previa uma guerra de movimento
marcada por ofensivas militares rápidas combinadas a ocupação territorial. A Inglaterra, temendo a expansão alemã, se aliou
aos franceses. A guerra estava armada.
Impérios Centrais
Apoiantes Impérios Centrais
ISLÂNDIA
Aliados
Estados neutrais
Zonas de combate
Frentes em 1917
FINLÂNDIA Ofensivas dos Aliados
A
EG
Ofensivas dos
RU
SUÉCIA
Impérios Centrais
NO
São Petersburgo
Mar
do
Norte Mar IMPÉRIO RUSSO
INGLATERRA Bál o
Londres
OCEANO Berlim
IMPÉRIO
ATLÂNTICO
ALEMÃO
IMPÉRIO
Paris AUTRO-HÚNGARO
M
SUIÇA
ar
ROMÊNIA
o
AL
Mar Negro
TUG
SÉRV
ESPANHA BULGÁRIA
POR
Roma
A I
IMPÉRIO TURCO
Mar Mediterrâneo
Sicília
GRÉCIA
ÁFRICA Chipre (Brit.)
184
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Tradicionalmente, a historiografia divide a Primeira Guerra em duas fases de acordo com suas características: Guerra do
Movimento e Guerra das Trincheiras. Essas etapas marcaram a Grande Guerra na frente ocidental. Já na frente oriental, houve
o predomínio da guerra de movimento.
O Plano Schlieffen orientou a estratégia da guerra de movimento na frente ocidental, cujo, esforço do exército alemão con-
sistia em romper as defesas franco-belgas forçando os franceses a deslocarem o governo para Bordeaux.
Outro fator que favoreceu o enfraquecimento da Alemanha na guerra foi o fato da Itália ter migrado para a Tríplice Enten-
te, em 1915. Esse episódio forçou os alemães a armarem uma ofensiva ocidental mais intensa contra a França, que não mais
contava com a ameaça italiana ao sudeste.
Na frente oriental, a Rússia avançou sobre a região da Prússia, na Alemanha, mas logo foi derrotada. Os russos lutavam
em duas frentes, uma contra os alemães e outra contra turcos. Após várias derrotas que lhes ocasionaram perdas humanas e
uma crise de suprimentos, muitas deserções de soldados ocorreram. As regiões do Chipre e da Pérsia foram dominadas pelos
ingleses com certa facilidade, após vencerem o Império Otomano. Na África, as conquistas bélicas dos japoneses e dos ingleses
fizeram com que a Alemanha recuasse, vindo a perder grande parte de suas colônias na região.
A partir de 1917, a guerra estacionou na frente ocidental em razão do equilíbrio das forças antagônicas. Esse foi um dos
principais motivos da organização das trincheiras. O desenvolvimento da guerra das trincheiras custou milhares de vida, princi-
palmente, pelo uso do intenso armamento bélico.
185
SISTEMA DE ENSINO A360°
A guerra na frente ocidental não progredia nesta fase em função do equilíbrio de forças. Ao longo de uma linha do Mar
do Norte até a fronteira suíça os exércitos se enterraram nas trincheiras protegidas. Contra ela a infantaria armada de rifles,
baionetas e granadas não conseguiam avançar. A Primeira Guerra Mundial foi, em primeiro lugar, uma guerra dos soldados da
infantaria e da artilharia, portanto, mais uma guerra na terra, do que no mar e no ar.
Os navios de guerra e os encouraçados da marinha de 1914 apresentavam significativo progresso. A guerra marítima sofreu
uma verdadeira revolução com a invenção do torpedo e os submarinos. Por volta de 1917, a Alemanha possuía mais de uma
centena de submarinos e sua ação mortal contra a marinha mercante e navios de combate colocaram grandes esquadras fora
do ataque inimigo.
Nos anos de 1914 e 1915, ocorreram alguns combates entre alemães e ingleses no mar do Norte, perto da linha de Helgo-
land, mas sem definir superioridade a nenhum dos lados. Apesar de enfraquecido, o domínio inglês nos mares não foi alterado.
No início da guerra, a Inglaterra possuía apenas 66 aviões, diante dos 156 da França e dos 260 da Alemanha. A aviação foi
usada para o reconhecimento, observações para tiros da artilharia e ocasionalmente para bombardeios.
186
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A posição de neutralidade dos EUA aos poucos foi questionada principalmente pela colaboração econômica dada à Ingla-
terra e à França. Os empréstimos realizados pelos grandes bancos norte-americanos exigiam uma vitória da Tríplice Entente
na guerra, de modo a garantir que os EUA não arcassem com os prejuízos advindos do não pagamento da dívida pelos países
beligerantes.
A Kaiser Guilherme pressionou o Presidente Wilson para que os EUA se mantivessem neutros no conflito e não beneficias-
sem a nenhum lado da guerra. Diante da recusa da neutralidade pelo chefe de estado americano, a marinha alemã bombardeou
o transatlântico Lusitânia levando à morte dezenas de civis. Tal episódio foi decisivo para que os EUA adentrasse ao conflito.
Outro fato que levou ao agravamento da questão envolvendo os EUA relaciona-se com a Revolução Russa de 1917. A fase
de outubro comandada pelos Bolcheviques previa a saída dos eslavos do conflito. A crise russa, impulsionada pelas sucessivas
derrotas na frente oriental, fez com que este país se retirasse da guerra por meio da assinatura do Tratado de Brest-Litovzki, em
1918. Esse documento firmado com os alemães fortaleceria os germânicos na frente ocidental, o que foi visto pelos EUA como
algo temeroso para os rumos da guerra.
187
SISTEMA DE ENSINO A360°
Depois da devastação causada pela Primeira Guerra mundial, as potências vencedoras impuseram uma rigorosa série de
exigências aos países derrotados através dos tratados de paz. Esses países foram obrigados a ceder parte de seus territórios e
pagar reparações financeiras aos vencedores da guerra.
Após a imposição do tratado à Alemanha, outros tratados foram impostos aos países membros da Tríplice Aliança, quais
sejam: Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia. Os pactos tinham em comum: a defesa dos princípios do direito das nacionalidades,
a tentativa de enfraquecer militarmente esses países e a proteção dos interesses políticos e econômicos dos países vencedores.
Vejamos o que previam alguns deles:
a) Tratados de Saint-Germain: assinado em 10 de setembro de 1919, determinou que a Áustria devolvesse parte de
territórios que pertenciam à Itália. O Império Austro- Húngaro foi desmembrado em novos Estados como a Tchecoslo-
váquia, Hungria e a Iugoslávia. Parte deste Império passou a configurar o território da Polônia. A República da Áustria
se tornou um território sem acesso ao mar.
b) O Tratado de Trianon foi assinado em Junho de 1919, na França. Destinava se a regular a situação do novo Estado
húngaro que substituiu o reino da Hungria, parte do antigo império austro-húngaro. Transformada numa Republica, a
Hungria perdeu os territórios da Croácia, da Eslováquia e da Transilvânia.
A Hungria perdeu dois terços de seu território, sendo o mesmo distribuído da seguinte maneira:
A Romênia recebeu a Transilvânia;
A Croácia, a Eslovênia e a Voivodina se uniram a Sérvia;
A Tchecoslováquia recebeu a Ritênia e a Eslováquia,
A Áustria recebeu a Burgenland.
A Hungria perdeu o acesso ao mar que possuía através da Croácia. O território Húngaro superava a extensão de 300 mil km2,
e ficou reduzido a pouco mais de 90 mil km2, O exército Húngaro foi reduzido a 35 mil homens.
O Tratado de Sevres, de 11 de agosto de 1920, foi elaborado sob pressão da Inglaterra que estava interessada na desinte-
gração do Império Turco. Foi um acordo de paz assinado na Suíça por Reino Unido, França, Itália, Japão, Grécia, Romênia, Reino
da Servia. O Acordo levou ao reconhecimento internacional da nova República da Turquia como sucessora do extinto Império.
Este tratado definiu as fronteiras da Turquia moderna e visava assegurar sua dominação inglesa sobre o oriente próximo. O
acordo reduziu o território deste Estado a uma parte da Anatólia mais uma área ao redor de Constantinopla. Pelo Tratado, a
Turquia perdeu a Trácia para a Grécia. O Curdistão passaria a ser uma região independente. A Silícica seria entregue à França e
as províncias árabes - Palestina, Arábia, Síria e Mesopotâmia – pertenceriam à França e Inglaterra na forma de mandatos da
Liga das Nações. Intimidado pelo poderio das forças aliadas, o governo do sultão concordou em assinar o tratado.
Tratado de Versalhes foi um tratado de paz que determinou os termos de paz na Europa, pondo fim, oficialmente, a Pri-
meira Guerra Mundial. Este importante documento foi assinado em Versalhes, no dia 28 de junho de 1919, e dispunha que a
Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália), deveria cumprir reparações causadas pela guerra a seus adver-
sários, a Tríplice Entente (Rússia, Inglaterra e França). De acordo com as cláusulas territoriais a Alemanha- julgada a principal
responsável pela guerra-, deveria: “entregar a Alsácia-Lorena à França; Eupen e Malmedy à Bélgica. Além de perder todas suas
colônias na África, Ásia e Oceania”.
Outro item da cláusula territorial dispunha que a Prússia Oriental se separaria do resto da Alemanha pelo corredor Polonês
e seria transformada, mais tarde, em uma cidade livre sob o comando da Liga das Nações, organização destinada a promover a
paz e a prevenir conflitos entre seus membros. Tal instituição foi posteriormente transformada na ONU.
Outro destaque são as cláusulas militares impostas aos germânicos. Neste setor, a Alemanha deveria reduzir seu exército
a, no máximo, 100 mil homens. Além de ser proibido possuir qualquer tipo de armamento estratégico como: forças aéreas,
canhões pesados e submarinos.
Além de todas essas reparações e restrições à Alemanha, ainda foi imposta uma indenização de US$ 33 bilhões. O Tratado
gerou na sociedade alemã um forte sentimento de revanche que seria estrategicamente impulsionado pelo Nazismo. Para
muitos alemães, o governo aceitou depressa as condições, sem procurar outra forma de revogar o tratado, causando revolta e
um sentimento de humilhação.
A I Guerra Mundial legou ao mundo um saldo de 14 milhões de mortos e decretou o paulatino fim da Belle Epoque. Muitos
analistas entendem que esta Guerra precipita o Início da Crise da Modernidade que se aprofundaria após a II Guerra Mundial.
Esta crise colocaria em cheque o modelo hegemônico burguês presente em vários aspectos da vida em sociedade. O Estado, a
Igreja e as crenças, o conceito de família nuclear, a estética são alguns aspectos que passariam por profundas revisões no século
XX. Para uma considerável parcela dos intelectuais das humanidades a Grande Guerra, foi o primeiro grande ponto de inflexão
de tais modelos.
188
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UNICAMP O relato a seguir é parte da biografia de um 02| PUC A Primeira Guerra Mundial foi um dos conflitos mi-
homem que passou sua infância no atual Mali. litares mais letais na história da humanidade. Suas ori-
gens podem ser mapeadas desde a Segunda Revolução
Em novembro de 1918, a África, como a metrópole,
Industrial, a emergência do nacionalismo e do imperia-
festejou o fim da Grande Guerra Mundial e a vitória da
lismo. Dentre os conflitos que sinalizavam no horizon-
França e seus aliados (…). Estávamos orgulhosos do pa-
te um embate de grandes proporções é possível citar a
pel desempenhado pelos soldados africanos na frente
Questão Balcânica, a Questão Marroquina e a Questão
de batalha. (…) Os sobreviventes que voltaram em 1918-
dos Estreitos do Mar Negro. Sobre esta última questão,
1919 foram a causa de um novo fenômeno social que
é CORRETO afirmar que:
influiu na evolução da mentalidade nativa. Estou falando
do fim do mito do homem branco como ser invencível e A estava relacionada com a busca por saídas para ma-
sem defeitos. res quentes por parte do Império Russo. Em função
BÂ, Amadou Hampâté. Amkoullel, o menino fula. São Paulo: Palas Athena/Casa das Áfricas, de sua localização geográfica, a Rússia tinha poucas
2003, p. 312-313.
saídas para as grandes rotas internacionais e tinha
Considerando o relato acima, é correto afirmar que a intenção de controlar os estreitos de Bósforo e
Dardanelos, próximos a Istambul e pertencentes ao
A a presença dos soldados africanos contribuiu para Império Turco-Otomano. A Grã- Bretanha, em espe-
construir uma identidade africana sustentada nos cial, pretendia manter o controle turco dos estreitos
princípios bélicos do imperialismo europeu. e impedir que a Rússia ameaçasse áreas estratégi-
B a presença de soldados africanos nos conflitos con- cas de seu interesse no Mediterrâneo Oriental e no
tribuiu para o questionamento do mito da superio- Oriente Médio.
ridade do homem branco. B estava relacionada com o nacionalismo eslavo no
C o autor, ao apresentar a fragilidade do homem bran- sul da Europa. O retrocesso do Império Otomano
co, instaurou um discurso inverso de superioridade liberou várias populações eslavas na região dos es-
dos africanos. treitos de Bósforo e Dardanelos, que solicitaram a
proteção do Império Russo contra tentativas de re-
D o autor, ao apresentar o norte da África como parte
conquista dos turcos e do estabelecimento de pro-
da França, exaltou o projeto imperialista francês e
tetorados britânicos na Romênia e na Bulgária.
suas estratégias de integração cultural.
C tinha relação com a tentativa russa de conter a re-
Resolução:
pressão dos turcos contra as populações armênias e
Somente a alternativa B está correta. A questão re- gregas nas regiões limítrofes aos estreitos de Bósfo-
mete as consequências da Primeira Guerra Mundial, ro e Dardanelos. Os armênios e gregos, de religião
1914-1918. O texto aponta para um aspecto importante ortodoxa como os russos, estavam sendo vítimas da
ocorrido a partir do fim da Primeira Guerra Mundial em prática de genocídio por parte dos otomanos de re-
1918. Nações europeias pediram apoio de suas colônias ligião muçulmana.
na África, ou seja, “colonizador e colonizado” lutaram
D estava conectada com a criação de um Estado ára-
juntos nos campos de batalha. Ao findar a guerra, a
be na região dos estreitos. O projeto era parte dos
Tríplice Entente formada pela França, Inglaterra e Rús-
interesses de controle britânico sobre a região. Os
sia conseguiu êxito diante da Tríplice Aliança constitu-
ingleses, fortes aliados dos líderes árabes do Orien-
ída pela Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro. A
te Médio, prometeram, em troca de apoio árabe
Europa como um todo sofreu muito com os efeitos da
contra os turcos, a criação de um lar nacional árabe
guerra, surgindo uma nova potência econômica, os EUA.
muçulmano na região dos estreitos do Mar Negro.
Isto contribuiu para relativizar o “Europocentrismo”
e valorizar outras culturas fora da Europa. A América E estava relacionada com a política expansionista ita-
Latina buscou compreender e valorizar suas raízes, o liana na região do Mediterrâneo Oriental. A Itália,
Brasil entrou no Movimento Modernista ressaltando os depois de sua unificação, pretendia colocar toda
elementos nacionais. O fato de soldados africanos luta- a bacia do Mar Mediterrâneo sob seu controle e
rem juntos aos europeus contribuiu sobremaneira para a presença de antigas colônias venezianas no Mar
o fortalecimento da mentalidade nativa, desenvolvendo Egeu deu pretexto para a interferência italiana na
um nacionalismo que culminou no processo de indepen- região dos estreitos, com o que a Itália poderia con-
dência da África, Ásia e Oceania denominado de “Desco- trolar o comércio de cereais e de petróleo na região,
lonização”. As demais alternativas estão incorretas. de grande importância geopolítica.
189
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UERJ A Primeira Guerra Mundial não resolveu nada. As Indique duas transformações na geopolítica mundial de-
esperanças que gerou – de um mundo pacífico e demo- correntes desses tratados complementares.
crático de Estados-nação sob a Liga das Nações; de um
retorno à economia mundial de 1913; mesmo (entre os Em seguida, cite dois países que foram submetidos a eles.
que saudaram a Revolução Russa) de capitalismo mun-
dial derrubado dentro de anos ou meses por um levante 02| UFTM “Para os que cresceram antes de 1914, o contras-
dos oprimidos – logo foram frustradas. O passado esta- te foi tão impressionante que muitos (...) se recusaram
va fora de alcance, o futuro fora adiado, o presente era a ver qualquer continuidade com o passado. ‘Paz’ signi-
amargo, a não ser por uns poucos anos passageiros em ficava ‘antes de 1914’: depois disso veio algo que não
meados da década de 1920. mais merecia esse nome. Era compreensível.
ERIC J. HOBSBAWM
A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). Em 1914 não havia grande guerra fazia um século, quer
São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
dizer, uma guerra que envolvesse todas as grandes po-
O período entre-guerras (1919-1939) começou com tências, ou mesmo a maioria delas (...).”
uma combinação de esperança e ressentimento. (Eric Hobsbawm, Era dos Extremos: o breve século XX)
Diversos acordos foram impostos pelos Estados vence- A Na economia, o que caracterizou o período de “paz”,
dores aos derrotados. O mais conhecido deles é o Tra- citado pelo autor?
tado de Versalhes de 1919. Outros tratados complemen-
tares também foram assinados e igualmente tiveram B Explique um motivo da guerra a que Hobsbawm se
grande importância para a geopolítica mundial. refere.
190
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
03| UERJ razão para viver […] No ardor dos soldados russos se
percebe o entusiasmo que agita o coração dos antigos
A Europa antes... mártires se lançando para a morte gloriosa.
LE BON, Gustave. 1916 apud JANOTTI, Maria de Lourdes. A Primeira Guerra Mundial. O
confronto de imperialismos. São Paulo: Atual, 1992. p.17.
sanitário.
A partir da análise dos mapas, identifique a mudança
ocorrida na organização política europeia após a Primei-
ra Guerra.
Em seguida, indique o motivo que levou ao estabeleci-
mento da política do cordão sanitário naquele momento.
boa sorte […] Habitualmente, os camponeses sentiam Na primeira metade do século XX, durante as duas
que não tinham nada a fazer a não ser beber; mas agora guerras mundiais, os cartazes foram importantes ferra-
não é mais assim. É como se a guerra lhes desse uma mentas para a mobilização de pessoas, orientando suas
191
SISTEMA DE ENSINO A360°
ações e seus sentimentos em relação aos conflitos. Com O testemunho do soldado demarca a experiência na
base na comparação entre os cartazes acima, guerra, assim como o monumento francês expõe a lem-
A descreva como a atitude da figura feminina é repre- brança sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918),
sentada em cada um deles; que, para os países europeus, ficou conhecida como a
“Grande Guerra”. Diante do exposto e de acordo com o
B explique a utilização da força de trabalho das mu- texto e a imagem, explique de que forma
lheres no período de cada uma das guerras.
A a guerra nas trincheiras levou às manifestações pelo
06| UFG Leia o testemunho e analise a imagem. pacifismo, especialmente na França, findo o confli-
to, em 1918.
A alguns passos de nós, no fundo da trincheira, jaz um
corpo. É de um suboficial: está enterrado pela meta- B a memória sobre a Grande Guerra, expressa no
de; vê-se apenas a cabeça, um ombro anterior, o braço monumento, se relaciona à posição política france-
se enrijeceu e ficou estacado, e todos que andam pela sa diante das ofensivas alemãs durante os anos de
vala esbarram e tropeçam na mão e no braço. Seria 1930.
preciso cortar o braço ou retirar o corpo. Ninguém tem
coragem. 07| FUVEST Este livro não pretende ser um libelo nem uma
TESTEMUNHO DE UM SOLDADO FRANCÊS. Apud: VINCENT, Gérard. confissão, e menos ainda uma aventura, pois a morte
Uma história do segredo? In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard.
História da vida privada: da Primeira Guerra aos nossos dias. São Paulo: não é uma aventura para aqueles que se deparam face
Companhia das Letras, 1995, v. 5. p. 206. [Adaptado].
a face com ela. Apenas procura mostrar o que foi uma
geração de homens que, mesmo tendo escapado às gra-
nadas, foram destruídos pela guerra.
Erich Maria Remarque, Nada de novo no front. São Paulo: Abril, 1974 [1929], p.9.
T ENEM E VESTIBULARES
01| FUVEST Quando a guerra mundial de 1914-1918 se ini- continuar sob controle e muito provavelmente permane-
ciou, a ciência médica tinha feito progressos tão grandes cerá assim por algum tempo.
que se esperava uma conflagração sem a interferência Henry E. Sigerist, Civilização e doença.
de grandes epidemias. Isso sucedeu na frente ocidental, São Paulo: Hucitec, 2010, p. 130-132.
mas à leste o tifo precisou de apenas três meses para O correto entendimento do texto acima permite afirmar
aparecer e se estabelecer como o principal estrategista que
na região (...). No momento em que a Segunda Guerra
Mundial está acontecendo, em territórios em que o tifo é A o tifo, quando a humanidade enfrentou as duas
endêmico, o espectro de uma grande epidemia constitui grandes guerras mundiais do século XX, era uma
ameaça constante. Enquanto estas linhas estão sendo ameaça porque ainda não tinha se desenvolvido a
escritas (primavera de 1942) já foram recebidas notifica- biologia microscópica, que anos depois permitiria
ções de surtos locais, e pequenos, mas a doença parece identificar a existência da doença.
192
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
B parte significativa da pesquisa biológica foi abando- A a Grande Guerra foi travada em duas frentes de
nada em prol do atendimento de demandas milita- combate e em ambas a perda de vidas humanas al-
res advindas dessas duas guerras, o que causou um cançou a dimensão de verdadeiros massacres.
generalizado abandono dos recursos necessários ao
controle de doenças como o tifo. B na guerra de 1914-1918, foram utilizadas novas tec-
nologias de comunicação e transportes, proporcio-
C as epidemias, nas duas guerras mundiais, não afeta-
nando um avanço científico acelerado.
ram os combatentes dos países ricos, já que estes,
ao contrário dos combatentes dos países pobres, C por envolver grandes potências coloniais a Grande
encontravam-se imunizados contra doenças causa- Guerra atingiu populações não europeias o que deu
das por vírus. ao conflito uma dimensão mundial.
D a ameaça constante de epidemia de tifo resultava da D através de bombardeios aéreos, racionamentos de
precariedade das condições de higiene e saneamen- alimentos e produtos, a guerra envolveu, em grande
to decorrentes do enfrentamento de populações escala, a população civil dos países em conflito.
humanas submetidas a uma escala de destruição
incomum promovida pelas duas guerras mundiais. E a Grande Guerra decorreu da tensão política e ideo-
lógica entre americanos e soviéticos na disputa por
E o tifo, principalmente na Primeira Guerra Mundial,
foi utilizado como arma letal contra exércitos inimi- áreas de influência no continente europeu.
gos no leste europeu, que eram propositadamente
contaminados com o vírus da doença. 04| UFTM Analise a tabela.
A à fase da guerra de trincheiras, ocorrida na 1ª Gran- Sobre o crescimento dos gastos militares, é correto afir-
de Guerra (1914-1918). mar que
B à utilização de armas nucleares ao final da 2ª Guerra A foi um subproduto das crescentes disputas que en-
Mundial (1936-1945). volveram esses países, que buscavam se fortalecer
no cenário externo.
C às consequências do uso do napalm durante a Guer-
ra do Vietnã (1960-1976). B foi motivado pela necessidade de enfrentar os mo-
vimentos armados nas colônias da África e Ásia, que
D à ação dos bombardeiros alemães na Guerra Civil começavam a se rebelar.
Espanhola (1936-1939).
C incentivou a formação de grupos pacifistas, que
E à operação dos mísseis cruise utilizados pelos norte- combatiam os gastos com armas por meio de cam-
americanos contra o Iraque (1991). panhas junto aos empresários.
03| PUC Em 1914, as tensões políticas entre as principais D deveu-se ao oligopólio da produção de equipamen-
potências europeias levaram a uma guerra que se tor- tos militares, cujos preços eram impostos pelas pou-
nou, ao longo dos anos seguintes, um dos mais trágicos cas empresas do setor.
momentos da história da humanidade. E resultou da necessidade de os Estados armarem-se
Em relação à Primeira Guerra Mundial, é INCORRETO para controlar a mobilização dos trabalhadores ur-
afirmar que: banos e suas greves.
193
SISTEMA DE ENSINO A360°
05| FGV A I Guerra Mundial (1914-1918) provocou mudan- 07| UFPR Com base nos estudos sobre as consequências da
ças importantes no mapa político da Europa. Entre es- Primeira Guerra Mundial para a Europa, é correto afirmar:
sas, é correto apontar a A Apesar de grande parte do território europeu ter
A devolução da Alsácia-Lorena, então com a Alema- sido devastado com a Guerra, o mapa geopolítico do
nha, para a França e a concessão de uma saída para continente permaneceu o mesmo, demonstrando a
o mar para a Polônia, criando o chamado Corredor força das monarquias nacionais.
Polonês. B A Primeira Guerra Mundial levou ao fim o Império
Austro-Húngaro e Otomano, que se dividiram em
B perda, pela Itália, da região de Trieste para a Iugos-
diversos países independentes e adotaram o socia-
lávia, e a cessão, pela França, da região basca para a lismo soviético, conforme acordado no Tratado de
Espanha. Brest-Litovski.
C anexação do norte da Bélgica pela França e o reco- C Essa Guerra marcou o final dos Impérios Austro-Hún-
nhecimento da independência da Grécia. garo e Otomano, a implantação do modelo democrá-
tico-liberal em vários países europeus, a afirmação
D incorporação de Montenegro ao território grego e a
do princípio de autodeterminação dos povos em
fragmentação do Reino Unido, com a independên-
bases étnicas e culturais e a grande penalização da
cia do País de Gales. Alemanha pelo Tratado de Versalhes.
E ampliação do Império Austro-Húngaro, com o ajun- D A Alemanha e a Itália foram as grandes derrotadas
tamento da Sérvia, e a devolução da Armênia para o nessa guerra, perdendo parte de seus territórios,
Império Turco. que se declararam independentes pelo princípio de
autodeterminação do presidente Woodrow Wilson.
06| UEPG A Primeira Guerra Mundial, ocorrida entre 1914
E Além do final do Império Otomano, essa guerra trou-
e 1918, entrou para a história como o primeiro grande xe o fim dos impérios coloniais de França e Alema-
conflito do século XX. Essa guerra produziu um grande nha, sem contar o fim do recém-implantado socialis-
número de mortes e assolou, principalmente, o territó- mo soviético, por conta do Tratado de Versalhes.
rio europeu. Com relação a esse assunto, assinale o que
for correto. 08| UCS O período entre guerras (1919-39) caracterizou-se,
entre outras coisas,
01. O desejo nacionalista de reunir, em uma úni-
ca nação, todos os países de origem germânica, A pelos contrastes econômicos no Ocidente, havendo
avassaladora crise econômica na Europa, mas tran-
pode ser compreendido como um dos motivos
quilidade e progresso financeiro contínuo nos Esta-
que contribuíram para o início da Primeira Guer- dos Unidos e nos países latino-americanos.
ra Mundial.
B pela presença de governos democráticos e pela po-
02. A formação das alianças políticas e militares na lítica exterior de neutralidade e autonomia em toda
Europa do início do século XX favoreceu o recru- a América Latina, destacando-se o peronismo na Ar-
descimento das relações entre os países no Velho gentina, o varguismo no Brasil e o cardenismo no
Continente e acentuou o clima de guerra entre México.
eles. C pelo predomínio dos regimes liberais e parlamenta-
ristas na Europa oriental, pois o envolvimento na I
04. A participação do Brasil nesse confronto limitou-se
Guerra Mundial havia liquidado com as tendências
ao envio de medicamentos e enfermeiros para os
politicas totalitárias da região.
campos de batalha.
D pelas ações intervencionistas desenvolvidas por
08. O ataque japonês à base naval de Pearl Harbour, no algumas das potências mundiais, manifestas, por
Havaí, foi considerado um dos episódios mais trági- exemplo, nas presenças francesa e inglesa no nor-
cos da Guerra. te da África ou na participação norte-americana na
Guerra do Vietnã.
16. Ao final da Guerra, de acordo com o Tratado de
Versalhes, a Alemanha teve que devolver a região E pela radicalização política entre esquerda e direita.
da Alsácia-Lorena para a França e ainda pagar os No primeiro caso, destaca-se a vitória do projeto bol-
prejuízos causados pelo confronto aos países ven- chevique na Revolução Russa; no segundo, a ascen-
cedores. são do nazi-fascismo em várias partes da Europa.
194
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
09| UDESC O período que vai da metade do século XIX até trono austro-húngaro, levou o Império austríaco,
a Primeira Guerra Mundial foi marcado por profundas juntamente com a Rússia, a declarar guerra à Sérvia,
transformações históricas. Sobre esse período e as dando início ao conflito.
transformações históricas ocorridas, assinale a alterna-
E ao final do conflito, a Alemanha impôs à França a
tiva incorreta.
devolução dos territórios da Alsácia-Lorena, ricos
A A expansão do capitalismo pelo mundo, a partir da em minério de ferro e carvão.
segunda metade do século XIX, implicou expansão
11| UEFS
territorial e nova ocupação colonial, também conhe-
cida como imperialismo. Os países industrializados
redividiram politica, geografica e economicamente
os continentes asiático, africano e americano.
B Nesse período o antigo trio baseado em ferro, car-
vão e máquinas a vapor (que marcou a Revolução
Industrial) foi substituído por outro, composto de
aço (e outros metais leves), eletricidade e petróleo
(e outros produtos químicos).
C As duas últimas décadas do século XIX apresenta-
ram transformações importantes, como o desen-
volvimento de novas fontes de energia baseadas na
eletricidade e no petróleo, permitindo que novas in-
dústrias fossem formadas, principalmente, na área
da metalurgia e da siderurgia.
D Nesse período, as potências industriais da época, Relacione com as áreas indicadas no mapa com 1, 2, 3,
como China, Rússia e Estados Unidos iniciaram um 4 e 5.
novo ciclo de expansão do capitalismo, também
conhecido como imperialismo. Essas potências re- Em 1, ocorreu, na década de 90 do século XX, grande
partiram politica, geografica e economicamente os conflito político, ideológico e étnico, do qual resultou o
continentes asiático, africano e americano. desmembramento da antiga Iugoslávia e a redistribuição
das fronteiras dos países do leste europeu.
E Foi nesse período que a ideia de modernidade as-
sociada à de progresso e civilização se disseminou, As raízes desse conflito estão relacionadas aos tratados
especialmente nos centros urbanos. Nesse período de paz impostos pelos vencedores da Primeira Grande
criou-se a ilusão de que a humanidade vivia em um Guerra (1914 – 1918), quando
contínuo avanço técnico-científico. A a política de unificação na Itália e na Alemanha di-
vidiu a região entre italianos e alemães, aumentan-
10| ESPCEX A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de do seus territórios e lhes conferindo maior poder
enormes proporções, ocorrido entre 1914 e 1918, que militar.
envolveu quase todo o continente europeu e várias ou-
tras regiões do mundo. Sobre esse conflito é correto afir- B o Império Turco-Otomano (Turquia) recuperou a do-
mar que minação sobre a região, fato que se iniciara desde a
expansão árabe muçulmana no século XVII.
A a disputa por regiões coloniais acirrou as rivalidades
entre as grandes potências, levando ao fim grandes C a União Soviética, governada por Josef Stalin, es-
alianças, como é o caso do desmantelamento da Trí- tendeu seu domínio sobre a região, submetendo a
plice Entente. Iugoslávia ao Pacto de Varsóvia.
B a chamada “paz armada” foi imposta ao final do D povos de culturas e condições econômicas diferen-
conflito, quando os países europeus já encontra- tes foram reunidos num novo país — a Iugoslávia
vam-se desgastados com a guerra, com o objetivo — que congregava sob as mesmas fronteiras as an-
de cessar os combates e evitar novos conflitos. tigas Bósnia-Herzegovina, Croácia, Sérvia, Eslovênia,
C a entrada dos Estados Unidos, com seu apoio eco- Montenegro e Macedônia.
nômico e militar, ao lado da Entente, foi fundamen- E foi iniciada, por alemães e russos, a perseguição que
tal para a derrota da Tríplice Aliança. levaria, na década de 30 do século passado, ao ex-
D o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do termínio dos judeus.
195
SISTEMA DE ENSINO A360°
12| PUC Antes mesmo do indianismo e do regionalismo, dos pela vida urbana e pela infraestrutura existente
a ficção brasileira, desde os anos de 1840, se orientou nessas capitais.
para outra vertente de identificação nacional através B a celebração do pacifismo, do hedonismo e do “es-
da literatura: a descrição da vida nas cidades grandes, tilo de bem viver”, após o dramático período vivi-
sobretudo o Rio de Janeiro e áreas de influência, o que do pelas sociedades europeias durante a Primeira
sobrepunha à diversidade do pitoresco regional uma vi- Guerra Mundial.
são unificadora. Se por um lado isto favoreceu a imitação
C a retomada do classicismo, principal influência do
mecânica da Europa, e portanto uma certa alienação, de Art Nouveau, uma vez que o “culto ao belo” e a bus-
outro contribuiu para dissolver as forças centrífugas, es- ca da perfeição na reprodução da realidade orienta-
tendendo sobre o País uma espécie de linguagem culta ram o gosto e a estética predominantes nos grandes
comum a todos e a todos dirigida (...), que contrabalança centros culturais europeus.
o particular de cada zona.
D a expansão da cultura de massas, na França e na
(Antonio Candido. A educação pela noite. São Paulo:
Ática, 1987. p. 203)
Inglaterra, graças à difusão do rádio e do cinema,
permitindo que o gosto popular fosse incorporado
A influência exercida pelos costumes, valores e hábitos pela alta burguesia, não mais preocupada em se di-
europeus no Brasil teve grande expressão durante o pe- ferenciar do proletariado.
ríodo conhecido como Belle Époque. Entre as caracterís-
E o período de prosperidade econômica, na capital
ticas desse período, pode-se destacar
francesa, decorrente da administração moderna e
A a intensa difusão, em cidades como Paris e Viena, reformista exercida pela Comuna de Paris logo após
dos valores e hábitos da alta burguesia, como o cul- a Guerra Franco-Prussiana, que possibilitou uma
to ao lazer, às artes e ao entretenimento, favoreci- fase de efervescência cultural.
196
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
No século XIX, vários czares tentaram modernizar a Rússia, com a construção de estradas de ferro e indústrias, mas a onda
modernizante foi essencialmente conservadora, aumentando mais as divisões da sociedade. No entanto, a modernização con-
servadora, experimentada no século XIX, aumentou a massa proletária, principalmente nas regiões de São Petersburgo, Odessa
e Moscou. Essa camada operaria urbana formada pela onda modernizante teve participação significativa no Ensaio Revolucio-
nário de 1905 e na Revolução Russa de 1917.
A proliferação dos grupos anarquistas e marxistas aumentou a tensão social no campo e na cidade. Os narodniks, populis-
tas, faziam propaganda junto à população rural, mas existia muita resistência às ideias mais radicais pela fidelidade dos cam-
poneses à Igreja Ortodoxa. Os niilistas, anarquistas, se destacavam pelo discurso anticzarista e o apelo às condições sociais da
Rússia. Além dos narodniks e os niilistas, várias sociedades secretas se organizavam, como Terra e Liberdade e Vontade do Povo,
que difundiam panfletos e organizavam atentados e sabotagens contra o Estado Czarista. A perseguição política radicalizou a
situação, em 1881 o Czar Alexandre II foi assassinado.
A morte do Czar sucedeu a organização de instituições repressoras pelo Estado Russo, durante o governo de Alexandre III
(1881 - 1894). Podemos destacar a Ochrana, polícia política, que, além da perseguição aos opositores do Estado, controlava as
universidades, escolas, imprensa e tribunal de justiça.
Com a morte de Alexandre III, seu sucessor, Nicolau II, insistia em um governo centralizado e teve que lidar com inúmeras
revoltas. O discurso nacionalista era uma ameaça ao vasto império russo, que conteve rebeliões na Finlândia, Ucrânia e na
região do báltico. Enquanto lidava com a tentativa de fragmentação do seu império, Nicolau II teve que conviver com a organi-
zação dos partidos de esquerda. Em 1898, foi fundado o Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR). Em 1903, durante
a reunião do II Congresso do partido, houve um rompimento, surgindo duas tendências:
MENCHEVIQUES BOLCHEVIQUES
Minoria Maioria
Marxistas que pregavam o amadurecimento do
Marxistas que defendiam a revolução socialista
capitalismo antecedendo o socialismo
Revolução burguesa contra o czarismo Instalação de ditadura do proletariado
Liderança pela Duma (Parlamento) Base: Sovietes (Conselhos operários)
Aliança entre camponeses e operários para
Reformas e transformação progressista
transformação radical
Líderes: G. Plekhnov e Lulli Martov Líderes: Vladimir Lênin e León Trotsky
1914: Separação definitiva das tendências, que passaram a ser partidos distintos.
A cisão tem como principal ponto o papel da burguesia, que era visto pelos Mencheviques como necessária, para que a
Rússia atingisse o desenvolvimento pleno do capitalismo, e depois instaurar a Revolução do Proletariado. Já para os Bolchevi-
ques, a revolução não podia esperar, deveria ser feita de imediato e eram contrários à aliança com a burguesia. Para os últimos,
somente a Revolução Socialista podia tirar a Rússia do seu atraso.
197
SISTEMA DE ENSINO A360°
Sangrento”.
A reação popular foi imediata, a revolta se
alastrou para todo país e uma greve geral foi
decretada. Grupos que, tradicionalmente, eram
associados ao Czar se rebelaram com grupos de
marinheiros do encouraçado Potenkin e a guar-
nição de Kronstadt. Os partidos de esquerda
aderiram a greve e conselhos operários se orga-
nizaram: era o início dos sovietes. Tal conselho,
formado por operários industriais urbanos, con-
tou com a adesão de oficiais militares. Sua base
ideológica era variada, composta por anarquis-
tas, mencheviques, bolcheviques, operários.
Contudo, havia um traço em comum: a oposição
política ao czar. Os sujeites funcionavam como
sindicatos politizados armados.
Para conter os ânimos, o Czar permitiu e realizou uma série de mudanças liberais, uma espécie de “pseudoconstitucio-
nalismo”, dentre elas a convocação do parlamento russo (DUMA), com forte controle do Czar. A instituição de uma Monarquia
Constitucional com a tripartição de poderes conferiu à Rússia um ambiente político democrático. Porém, com o tempo, o Czar
corrompeu o parlamento por meio de políticas escusas de favorecimento político.
Esta tentativa de neutralizar as revoltas populares com medidas liberais e pelo controle do parlamento se manteve até
1911, com a morte do ministro Stolypin; mais uma vez a radicalização ascendeu os dispositivos repressores. A situação só não
chegou a situações extremas pelo contexto pré primeira guerra mundial, o nacionalismo patriótico pré-guerra, que permane-
ceria até o início da guerra e a demonstração da fragilidade do Estado Russo.
198
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
renski passa a ser o principal líder da fase menchevique.
Apesar da pressão popular, o governo provisório manteve os russos na primeira guerra, a fim de atender os interesses
dos grupos burgueses russos e manter a Rússia no sistema de alianças. Porém, o país estava esgotado. Mais de 1,5 milhões
de soldados russos já haviam desertado. Nesse contexto, Lênin, líder bolchevique, publicou o programa chamado de Teses de
Abril, que era simbolizado pelo lema “Paz, Terra e Pão”. Tais teses propunham a transferência de todos os poderes aos sovietes,
nacionalização dos bancos, controle das fábricas pelos operários, terra para os camponeses e saída da Rússia da Guerra.
O governo provisório começou a reprimir as manifestações públicas e a perseguir os líderes bolcheviques. Os fracassos
de guerra tornavam a situação mais caótica, o príncipe Lvov, após intensa pressão popular, entregou o cargo. Outrossim, a
perseguição aos bolcheviques aumentava. Trótski, líder dos sovietes de Petrogrado, organizou uma milícia popular, a Guarda
Vermelha.
REVOLUÇÃO DE OUTUBRO DE
1917
Em Outubro de 1917, na noite de 24 de Ou-
tubro, os bolcheviques ocuparam os pontos es-
tratégicos de Petrogrado. O Encouraçado Aurora
bombardeou a sede do governo, o palácio de in-
verno. Todo o poder foi transferido aos sovietes,
no congresso pan-russo desses, no dia 7, além
de ser designado um Conselho dos Comissários
do Povo. Esse foi presidido por Lênin, Trotski era
responsável pelas relações exteriores e Stalin
pelas nacionais. As primeiras medidas foram:
Grandes propriedades foram supri-
midas;
Terras foram atribuídas aos campone-
ses e a comitês de camponeses;
Fábricas estatizadas;
Tratado de Paz de Brest-Litovsk: deter-
minante para a saída russa da guerra.
Vladimir Lênin
A perseguição a czaristas e menchevi- http://marxismo.org.br/sites/default/files/pictures/articles/lenin_0.jpg
ques que culminou em um grande nú-
mero de assassinatos e exílios.
DEFESA DA REVOLUÇÃO
199
SISTEMA DE ENSINO A360°
Na prática, a Revolução de Outubro, também chamada de Revolução vermelha ou bolchevique, se apoiou no Exercito
Vermelho e na Tcheka, polícia política bolchevique, criada para combater os contra-revolucionários. Seguiram-se três anos de
guerra interna para garantir a revolução. A disputa contra os russos brancos, os que se posicionaram contra a revolução, con-
tou com o apoio dos países europeus, em especial Inglaterra e França, que viam na Revolução Russa uma ameaça ao Sistema
Capitalista.
Trotski organizou um exército com mais de 3 milhões de homens e, em 1919, organizou o Komintern, Terceira internacional
comunista, cujo objetivo era levar a revolução aos outros países europeus.
A situação de guerra fez Lênin tomar medidas contra proprietários rurais e donos de fábricas, esta fase foi chamada de
comunismo de guerra. Caracterizada pela crise na produção, afinal os operários não estavam habituados a administrar fábricas
e gerir empresas, gerando uma crise generalizada, nas palavras de José Jobson de Arruda:
“As indústrias pequenas, entre cinco e dez operários, foram estatizadas; os camponeses deveriam entregar a colheita ao
governo, salvo a parte destinada ao autoconsumo. A resistência dos camponeses que escondiam suas colheitas foi quebrada
pela Tcheka. A produção industrial, em 1920, equivalia, no mesmo ano, a 30% da produção de 1913. O resultado foi a fome
generalizada de 1921. Ocorreram motins dos marinheiros de Kronstadt, que foram massacrados”.
A guerra civil russa foi vencida pelos Vermelhos- bolcheviques, garantindo as condições básicas iniciais para a concreti-
zação do projeto político socialista. No entanto, a crise econômica e social se agravara. Fome, miséria e revoltas camponesas
começavam a se tornar crônicas. Era necessário, então, recuperar a economia.
200
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Do ponto de vista econômico, a NEP foi bem sucedida, fez crescer o comércio, a produção agrícola e industrial. No entanto,
socialmente, essas práticas contribuíram para o enriquecimento de dois grupos, os Kulaks (ligado a produção agrícola) e os
Nepmen (ligados ao comércio), contrariando o caráter socialista.
Na verdade, o poder político pertencia a uma minoria, que tomava decisões a partir do Comitê Central do Partido Comu-
nista, o Presidium.
TEXTO COMPLEMENTAR
A chegada ao poder de Putin com um modelo centralizador e autoritário de governo trouxe de novo à baila o tema
do autoritarismo na Rússia. Estaria esse país condenado a não conseguir uma democracia plena e seguir sempre regi-
mes de força?
Os defensores de tal visão apontam para a experiência histórica do país. O czarismo, até o início do século XX, era
uma autocracia absoluta. Partidos políticos, uma Constituição e um parlamento (Duma) só foram legalizados, a contragos-
to, durante a chamada Revolução de 1905. Desde então, até 1917, a Rússia teoricamente passara a ser uma monarquia
constitucional. Mas, na prática, o regime era autoritário, pois o czar podia dissolver a Duma a qualquer momento, havia
censura à imprensa etc. Após 1917, o comunismo soviético também foi um regime autoritário (totalitário, segundo al-
guns). Assim, antes da abertura de Gorbachev o único período em sua história em que a Rússia foi um país democrático
foi entre as revoluções de fevereiro (democrático-burguesa) e de outubro (socialista) de 1917. Neste período o czarismo
caíra, todos os partidos tinham liberdade de ação e a imprensa era livre. Mas os críticos afirmam que esta foi a liber-
201
SISTEMA DE ENSINO A360°
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UNESP O Governo Provisório foi deposto; a maioria de O documento, divulgado em outubro de 1917, relaciona
seus membros está presa. O poder soviético proporá diversas decisões do novo governo russo.
uma paz democrática imediata a todas as nações. Ele Quais eram as principais diferenças políticas e sociais en-
procederá à entrega aos comitês camponeses dos bens tre o governo que se iniciava (Congresso dos Soviets) e
dos grandes proprietários, da Coroa e da Igreja... Ele o que se encerrava (Governo Provisório)? Cite uma das
estabelecerá o controle operário sobre a produção, ga- realizações do novo governo, explicando o contexto em
rantirá a convocação da Assembleia Constituinte para que se deu.
a data marcada... garantirá a todas as nacionalidades Resolução:
que vivem na Rússia o direito absoluto de disporem de si
Principais diferenças políticas e sociais entre o Governo
mesmas. Provisório (chefes: príncipe Lvov, e depois Kerensky) e o
O Congresso decide que o exercício de todo o poder nas Governo dos Sovietes (chefe: Lênin)
províncias é transferido para os Soviets dos deputados – O Governo Provisório era controlado pela burguesia
operários, camponeses e soldados, que terão de assegu- com apoio da aristocracia; o Governo dos Sovietes
rar uma disciplina revolucionária perfeita. O Congresso era controlado por intelectuais marxistas, em nome
dos Soviets está persuadido de que o exército revolucio- das camadas populares (operários, soldados e cam-
poneses).
nário saberá defender a Revolução contra os ataques
imperialistas. – O Governo Provisório foi legitimado pela Duma (As-
(Proclamação do Congresso dos Soviets, outubro de 1917. Apud Marc Ferro. A Revolução
sembleia Legislativa); o Governo dos Sovietes foi ins-
Russa de 1917, 1974.) taurado por um golpe de Estado.
202
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
– O Governo Provisório tinha caráter liberal; o Gover- 1917-1918 foram, acima de tudo, revoltas contra aquele
no dos Sovietes, de tendência socialista, pretendia holocausto sem precedentes, principalmente nos países
implantar a ditadura do proletariado do lado que estava perdendo. Mas em certas áreas da
Europa, e em nenhuma outra mais que na Rússia, foram
– O Governo Provisório reunia os partidos Constitucio-
mais que isso: foram revoluções sociais, rejeições popu-
nal Democrata (“Kadete”) e Social Revolucionário; o
lares do Estado, das classes dominantes e do status quo.
Governo dos Sovietes era dominado pelos bolchevi-
(Adaptado de Eric Hobsbawm, Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras,
ques, momentaneamente apoiados pelos menchevi- 1998, p. 262-263.)
ques.
A Relacione a Primeira Guerra Mundial e a situação da
– O Governo Provisório insistia em manter a Rússia na Rússia na época.
Primeira Guerra Mundial; o Governo dos Sovietes
retirou o país do conflito. B Cite e explique um princípio da Revolução Russa de
1917.
Realizações do novo governo:
Resolução:
– Assinatura de uma paz em separado com a Alema-
nha (Tratado de Brest-Litovsk), retirando a Rússia da A As derrotas militares sofridas pela Rússia na Primei-
Primeira Guerra Mundial. Contexto: situação militar ra Guerra Mundial causaram enormes perdas hu-
insustentável e necessidade, para o Governo dos manas e prejuízo material, contribuindo para agra-
Sovietes, de concentrar esforços na implantação do var a situação de crise econômica, revolta social e
socialismo. desgaste político do regime czarista. Tal cenário está
relacionado ao avanço da oposição (notadamente
– Socialização das terras em benefício do campesina- dos socialistas) e ao desenvolvimento das revolu-
to. Contexto: situação de miséria e de fome dos cam- ções russas de 1917.
poneses e esforço para viabilizar as “Teses de Abril”
de Lênin, sintetizadas no lema “Paz, Pão e Terra”. B Entre os princípios da Revolução de Outubro de
1917, destacam-se os fundamentos bolcheviques
– Gestão das fábricas pelos operários. Contexto: tam- sustentados por Lênin em suas “Teses de Abril”,
bém um esforço para viabilizar as “Teses de Abril” resumidas no lema: “Paz, Pão e Terra”. Esses prin-
de Lênin, dentro do projeto socialista de eliminar a cípios socializantes consistiam na retirada ime-
propriedade privada dos meios de produção. diata do país da I Guerra Mundial, na entrega do
governo aos trabalhadores (sovietes), na reforma
02| UNICAMP A Primeira Guerra Mundial abalou profun- agrária e na nacionalização dos empreendimentos
damente todos os povos envolvidos, e as revoluções de estrangeiros.
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UNICAMP Existem épocas em que os acontecimentos 02| UNESP A Revolução Russa é o acontecimento mais im-
concentrados num curto período de tempo são imedia- portante da Guerra Mundial.
tamente vistos como históricos. A Revolução Francesa e (Rosa Luxemburgo. A revolução russa. Lisboa: Ulmeiro, 1975.)
1917 foram ocasiões desse tipo, e também 1989. Aque-
A frase de Rosa Luxemburgo, polonesa então radicada
les que acreditavam que a Revolução Russa havia sido a
na Alemanha, associa diretamente a ocorrência da Re-
porta para o futuro da história mundial estavam errados.
volução Russa com a Primeira Guerra Mundial.
E quando sua hora chegou, todos se deram conta disso.
Nem mesmo os mais frios ideólogos da guerra fria espe- Indique e analise possíveis vínculos entre os dois processos,
ravam a desintegração quase sem resistência verificada destacando os efeitos da Guerra na vida interna da Rússia.
em 1989.
(Adaptado de Eric Hobsbawm, “1989 – O que sobrou para os vitoriosos”. Folha de São Paulo, 03| UFRJ “Como a Revolução Francesa, em fins do sécu-
12/11/1990, p. A-2.)
lo XVIII e começo do século XIX, as Revoluções Russas
A No contexto entre as duas guerras mundiais, quais que levaram à fundação da URSS modificaram a face do
seriam as razões para a Revolução Russa ter simbo- mundo. Para muitos deram início ao século XX. Seja qual
lizado uma porta para o futuro? for nossa opinião a respeito, é inegável que imprimiram
sua marca a um século que só terminou com o desapa-
B Identifique dois fatores que levaram à derrocada recimento dos resultados criados por elas”.
dos regimes socialistas da Europa após 1989.
(REIS FILHO, Daniel Aarão. As revoluções russas.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 37)
203
SISTEMA DE ENSINO A360°
A Identifique duas medidas adotadas pelos bolche- A De acordo com o texto, o que permitiu aos comunis-
viques entre 1917 e a criação da União Soviética tas a comparação entre os regimes de Robespierre e
(1922). de Stalin?
B Explique uma questão de ordem interna à União So- B Quais os princípios políticos que definiam o regime
viética que contribuiu para o seu fim em 1991. soviético?
T ENEM E VESTIBULARES
01| UPE O período de duração da Primeira Guerra Mundial, O texto faz referência
entre 1914 e 1918, foi marcado por várias mudanças so-
A aos decretos nazistas de expropriação dos bens
ciopolíticas que redefiniram o mundo de então. Sobre
da população judaico-alemã no final da década de
esse contexto, assinale a alternativa CORRETA.
1930.
A A Rússia, potência diretamente envolvida no con-
B às propostas do presidente Roosevelt para comba-
flito, entrou num processo revolucionário interno,
ter a Grande Depressão causada pela crise de 1929.
que a levou à adoção do socialismo.
C às medidas adotadas pelo partido bolchevique após
B O Império Austro-Húngaro perdeu domínios com o
a tomada do poder na Rússia em 1917.
fim do conflito, embora tenha mantido dois terços
do seu território. D à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
elaborada durante a Revolução Francesa de 1789.
C A França acabou por perder territórios para a Ale-
manha após a assinatura do Tratado de Versalhes. E às Reformas de Base propostas pelo presidente
João Goulart em seu comício realizado em março de
D O Império Otomano conseguiu manter sua hegemo-
1964.
nia na região dos Bálcãs, mesmo com o fim da guerra.
E A Inglaterra, após a eclosão da Revolução de 1917, 03| UFPE Último representante do regime absolutista na Eu-
impôs perdas territoriais à Rússia. ropa, a Rússia vivenciou, no início do século XX, um pro-
cesso revolucionário que destituiu o czarismo e instalou
02| UNISA o governo socialista. Sobre a Revolução Russa de 1917,
analise as seguintes proposições.
1. Fica abolida a propriedade privada da terra, sem
qualquer indenização. 00. Em princípios do ano de 1917, a Rússia dos czares
vivenciava uma grave crise socioeconômica, com
2. Todas as grandes propriedades territoriais, todas as
flagrante empobrecimento da população, deserção
terras pertencentes à Coroa, às ordens religiosas, à
de soldados e greves.
Igreja, compreendendo o gado, o material agrícola e
os edifícios com todas as suas dependências, ficam à 01. A desastrosa participação da Rússia na I Guerra
disposição dos comitês distritais agrários e de cam- Mundial agravou a crise política, que levou à abdica-
poneses até a reunião da Assembleia Constituinte. ção compulsória do czar e à instalação de um gover-
(John Reed. Dez dias que abalaram o mundo, 2002.) no provisório liderado pela “Duma”.
204
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
02. Com a subida de Lenin ao poder, formou-se a deno- 06| FATEC A Revolução de Fevereiro de 1917 derrubou Ni-
minada República Soviética Russa, em cujo governo colau II e estabeleceu a República da Duma. Era o fim do
foram estatizados bancos, fábricas, estradas de fer- regime czarista. Essa primeira fase da Revolução Russa
ro, entre outros. teve, como uma de suas características,
03. A vitoriosa campanha russa na I Guerra Mundial A a formação da União das Repúblicas Socialistas So-
garantiu a esse país a recuperação econômica, por viéticas (URSS) que tinha como tarefa construir o
retomar as minas da Alsácia-Lorena, e a estabilida- socialismo no mundo.
de política, com a instalação do regime de governo B a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk com a Ale-
socialista. manha, pelo qual a Rússia entregava aos alemães a
04. Com a implantação do governo stalinista, a Rússia Letônia, a Lituânia, a Estônia, a Finlândia, a Polônia
aproximou-se das demais nações europeias, fortale- e a Ucrânia.
cendo os laços comerciais e estabelecendo alianças C a crença no avanço do capitalismo na Rússia e da em-
políticas. presa privada como fonte do progresso econômico.
D a criação do Politburo (birô político), um pequeno
04| UEFS Caracterizou a composição político-ideológica da grupo de dirigentes, nascido no interior do Comitê
URSS (União Soviética), no período compreendido entre Central, que determinava as políticas a serem ado-
o stalinismo e a dissolução da própria URSS, tadas no novo regime.
A o investimento maciço em propaganda externa. E a revolução permanente, inspirada nos ideais trot-
skistas de expansão imediata dos ideais revolucio-
B o culto à personalidade, associado à centralização
nários para outros povos.
burocrática.
C a representatividade das repúblicas socialistas, as- 07| UNESP Os operários das fábricas e das usinas, assim
sociadas no alto comando da URSS. como as tropas rebeldes, devem escolher sem demora
seus representantes ao governo revolucionário provisó-
D a doutrina do isolamento e da autossuficiência, re-
rio, que deve ser constituído sob a guarda do povo revo-
presentada pela expressão “Cortina de Ferro”.
lucionário amotinado e do exército.
E o pluripartidarismo como expressão das diferentes (Manifesto de 27 de fevereiro de 1917, in Marc Ferro.
correntes de interpretação do marxismo existentes A Revolução Russa de 1917, 1974.)
no país.
O manifesto, lançado em meio às tensões de 1917 na
05| FGV Com a NEP (Nova Política Econômica) o comércio Rússia, revela a posição dos
interno foi liberado, permitiu-se o funcionamento de pe- A czaristas, que buscavam organizar a luta pela reto-
quenas e médias empresas privadas, estimularam-se os mada do poder.
investimentos estrangeiros, instituiu-se o pagamento de B bolcheviques, que chamavam os operários a se mo-
horas extras e de prêmios aos trabalhadores e criou-se o bilizarem nos sovietes.
imposto sobre propriedades urbanas.
C social-democratas, que pretendiam controlar o go-
(Paulo Sandroni. Dicionário de economia, 1985.)
verno provisório.
Durante a Revolução Russa, a NEP foi aplicada no con- D mencheviques, que defendiam o caráter democráti-
texto co do novo governo.
A do fim da guerra civil (1918-1921), devido à destrui- E militares, que tentavam controlar a revolta popular.
ção da economia nacional e às tensões pela aplica-
ção do chamado comunismo de guerra. 08| UFAL A Revolução Russa de 1917 é considerada um dos
episódios mais importantes da história do século XX.
B da tomada do poder pelos bolcheviques, em outu-
Também reconhecida como Revolução Socialista Russa,
bro de 1917, pois a economia russa crescia em fun-
ela exerceu considerável influência na vida de centenas
ção da Primeira Guerra.
de milhões de seres humanos. Sobre esse tema, analise
C do fracasso dos planos quinquenais, que geraram a as afirmações a seguir.
estagnação da economia soviética a partir de 1930.
1. O cenário desolador composto na Rússia após sua
D da revolução de fevereiro de 1917, pois os menche- desastrosa participação na Primeira Guerra Mundial
viques apostaram na reestruturação da economia emoldurou o quadro da Revolução de 1917.
russa por meio das grandes obras de infraestrutura. 2. A disputa entre russos e japoneses pela posse dos
E da morte de Lênin e da ascensão de Stalin, que esta- territórios da Coréia e da Manchúria constituiu
beleceu um rígido e eficaz controle sobre as ativida- uma das motivações imediatas para se deflagrar a
des produtivas. Revolução.
205
SISTEMA DE ENSINO A360°
3. Os partidos de esquerda que se encontravam na não se pode entendê-los como parte de um mesmo
clandestinidade ressurgiram na conjuntura revolu- processo.
cionária, fazendo eco às exigências de derrubada da B O Decreto sobre a paz sobrepunha os interesses dos
monarquia russa. soldados aos dos camponeses e operários.
4. Os Bolcheviques liderados por Lênin preferiam ado- C O processo revolucionário russo estava ancorado na
tar estratégias de negociação, mas foram vencidos
indissociabilidade entre os interesses dos soldados,
pelo bloco liderado por Trotski.
operários e camponeses.
5. Os soldados russos encarregados de conter os mo-
D A paz democrática e a extensão da revolução russa
vimentos grevistas aderiram a eles, desobedecendo
às ordens dos generais czaristas. pela Europa eram indissociáveis, mas prejudiciais
aos camponeses.
Estão corretas apenas: E Os interesses dos soldados, operários e campone-
A 1, 2 e 3 ses não foram compreendidos pelos bolcheviques
B 1, 3 e 4 como parte de um único processo, apesar da junção
C 1, 4 e 5 desses interesses serem essenciais para a continui-
dade do processo revolucionário russo.
D 1, 3 e 5
E 2, 4 e 5 11| UFMT O campo, em 1922, colheu 50% a mais de grãos
do que no ano anterior. A indústria de consumo dava
09| UESPI Para que a Revolução Russa de 1917 chegasse à mostras de recuperação, sobretudo a têxtil. Embora o
vitória foi decisiva a participação dos bolcheviques no volume da produção fosse ainda um quinto, em 1922, do
poder. Com os bolcheviques na direção dos governos, que fora no período anterior à 1a Guerra Mundial, em
foram feitas mudanças na sociedade. Na sua relação relação ao ano anterior crescera aproximadamente 50 %.
com os anarquistas, os bolcheviques: O tráfego ferroviário fora reativado em todo o país.
A aumentaram sua força política, efetivando planos (HECKER, A. Revolução Russa: uma história em debate.
de ação socializantes aceitos pela maioria da popu- São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2007.)
lação urbana. No trecho acima, o autor fala sobre a Nova Política Eco-
B mostraram as estratégias políticas dos desfavoreci- nômica (NEP), instalada por Lênin pouco tempo depois
dos contra as desigualdades criadas pelos capitalis- da tomada do poder na Rússia. Sobre a NEP, analise as
mo ocidental. afirmativas.
C construíram articulações com outros países da Euro- I. Representou uma suavização da política econômica
pa e da América do Sul, com a finalidade de divulgar anterior, admitindo algumas manifestações capita-
os princípios comunistas. listas ou de economia mista para reorganizar o apa-
D mantiveram tensões, com divergências na forma de relho produtivo.
pensar a Revolução, agindo com violência e falta de
diálogo político. II. Contribuiu para o surgimento de uma nova catego-
ria social, os nepmen, empresários da iniciativa pri-
E conseguiram formar um exército para combater a vada que colaborariam com o governo bolchevique
burguesia conservadora e legitimar um parlamento e dispostos a uma adaptação ao comunismo.
popular.
III. Expressou o rompimento definitivo da Rússia com o
10| UFT Entre abril e outubro de 1917, os bolcheviques ha- sistema capitalista e uma forte guinada ao comunis-
viam julgado indissociáveis a revolução russa, o fim da mo socialista.
guerra seguido por uma paz democrática e revolução IV. Significou melhoria nas condições do trabalhador
proletária pela Europa, sendo que as três coisas fariam industrial: aumento salarial e diminuição da jornada
parte de um mesmo e único processo. O Decreto sobre de trabalho.
a paz (26 de outubro de 1917) é, assim, o primeiro ato
de política externa do governo dos soldados, operários e Estão corretas as afirmativas
camponeses. A I e IV, apenas.
SALOMONI, Antonella. Lênin e a Revolução Russa: século XX.
São Paulo: Ática, 1997, p. 45. B II e III, apenas.
Com base no texto, é CORRETO afirmar que: C III e IV, apenas.
A A paz, a terra e o controle operário revelam o in- D I, II, III e IV.
teresse de soldados, operários e camponeses, mas
E I e II, apenas.
206
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A CRISE DE 1929 E O NAZIFASCISMO
Desde 2007, o mundo enfrenta uma das maiores
crises globais da história do capitalismo. Seus efeitos
estão presentes em todos os continentes e atingem,
principalmente, a classe trabalhadora.
É importante destacar que a diversidade é uma ca-
racterística fundamental das crises do capitalismo, pois,
ela se manifesta, distintamente, nos países atingidos. As
condições internas relacionadas à política econômica e
ao aspecto social influem drasticamente em tais contex-
tos. Do mesmo modo, ao buscar a superação da con-
juntura econômica problemática, cada nação atravessa processos de desenvolvimento desiguais, o que é impulsionado pelo
próprio movimento cíclico dessas crises que, constantemente, atingem o sistema. A atual crise afetou principalmente os Esta-
dos Unidos, a Europa e o Japão e, em menor grau, os países que compõem o denominado grupo dos Brics. Na Europa, a crise
é generalizada, mas, na Grécia, identificamos que ela é mais agressiva se comparada, por exemplo, à situação da Alemanha.
Por vezes, os estragos causados por essas crises são consideráveis, a exemplo do ocorreu em 1929. Como a atual crise, os
anos de 1930 conheceram uma profunda depressão econômica desencadeada pelos Estados Unidos que, durante a década de
1920, havia se ascendido como a maior potência capitalista mundial. Passava-se a questionar até onde os Estados deveriam
intervir na economia.
A crise se espalhou para todos os países que possuíam relações econômicas com os Estados Unidos, inclusive para aqueles
que deram origem aos regimes políticos ditatoriais mais sangrentos da história: a Alemanha e a Itália. A derrota alemã durante
a Primeira Guerra Mundial, as sanções advindas ao final do conflito e a emergência da crise mundial do capitalismo fertilizaram
os ideais autoritário, revanchista e nacionalista do Partido Nazista liderado por Hitler. A Itália, apesar de sair vitoriosa do conflito
mundial, frustrou-se com suas pretensões territoriais e econômicas pelos países vencedores da Entente, o que, assim como na
Alemanha, impulsionaram as concepções totalitárias do Fascismo de Mussolini
207
SISTEMA DE ENSINO A360°
208
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Diante do evidente e inegável estado de crise, em 24 de outu-
bro de 1929, milhares de cidadãos, especuladores e empresários
colocaram suas ações a venda ao mesmo tempo, o que estimulou
uma abrupta queda no valor monetário das mesmas. O “crash”
da Bolsa de Valores de Nova York ocorreu de forma avassaladora
dando início ao período da Grande Depressão, que se estendeu
até o ano de 1933.
Repentinamente, a produção industrial caiu para menos da
metade, milhares de empresários faliram, bancos amanheceram
com as portas fechadas, os salários despencaram e um exército
de desempregados tomou conta do país.
Com exceção da União Soviética, a crise atingiu ferozmen-
te o mercado internacional, principalmente, aquelas nações que
tinham dívidas com Estados Unidos. O fenômeno pode ser ex-
plicado pela suspensão das importações pelos Estados Unidos
que, até este momento, era o maior consumidor mundial de mer-
cadorias e pelo repatriamento dos capitais investidos em outros
países. As nações agro-exportadoras, a exemplo do Brasil com
sua exportação de café, perderam um dos mais importantes mer-
cados consumidores do período.
A grande depressão exigiu a urgente reestruturação do sis-
tema capitalista. E foi com a apresentação de propostas inter-
vencionistas voltadas à resolução da crise que Franklin Delano
Roosevelt venceu as eleições presidenciais de 1932. Decidido a
inaugurar uma nova relação entre o Estado e a economia, Roose-
Franklin D. Roosevelt, o presidente que implementou o “New
velt lançou o “New Deal”, ou Novo Acordo, que passou a limitar Deal”. Imagem: Presidential Library & Museum
o liberalismo de Adam Smith para que o Estado interventor pas-
sasse a protagonizar a economia com legitimação nas ideias do economista John Maynard Keynes.
Em pouco tempo, a economia apresentava sinais de superação da crise. Para tanto, o Estado fomentou a geração de empre-
gos e o impulso a políticas assistencialistas. A expansão das obras públicas exigia a geração de mais empregos que, sistematica-
mente, contribuía para o crescimento do consumo interno de mercadorias, o que, em um processo cíclico, resultava em mais
empregos, mais consumo e a retomada da produtividade. Dessa forma, o
mercado financeiro passou a ser fiscalizado mais de perto pelo Estado.
Muitos países, ao perceberem a rápida recuperação econômica dos Es-
tados Unidos, adotaram internamente a política Keynesiana que predomi-
nou até meados de 1970. O capitalismo criava os próprios meios de sua re-
cuperação, porém, como antes afirmamos, sem desconsiderar as condições
internas e nacionais de cada um dos países atingidos pela crise.
Alternativamente, algumas nações europeias adotaram soluções distin-
tas para a crise que variaram das propostas socialistas, àquelas advindas
dos ideais totalitários. A Itália e a Alemanha se tornaram um campo fértil
para a ideologia nazifascista que, amparada em medidas radicais, prometia
a superação da miséria e o caos econômico que se encontravam. Com a
Crise de 1929, o ideário comunista se fortaleceu ao se apresentar como a
melhor solução para as contradições inerentes ao capitalismo, um sistema
injusto e desigual.
A atual crise do sistema capitalista iniciada em 2008 reacendeu os de-
bates entre os defensores das políticas neoliberais com os adeptos do inter-
vencionismo keynesiano. Todavia, ao contrário do que ocorrera em 1929,
os governos dos países desenvolvidos se organizaram rapidamente para
Os reflexos da Crise de 1929 na Alemanha abriram limitar os efeitos da crise com a instituição de políticas fiscais e monetárias,
espaço para a ascensão do Nazismo. Imagem: RDA / o que, de fato, garantiu que seus resultados tivessem um alcance muito
Rue de Archives
menor que aquele verificado na década de 1930.
209
SISTEMA DE ENSINO A360°
O NAZIFASCISMO
A crise do Estado Liberal, potencializada pela Primeira
Guerra Mundial e a Crise de 1929, apresentou ao mundo
regimes políticos alternativos que contrapunham ou desali-
nhavam a democracia liberal fundamentada no capitalismo.
Os fascismos, assim como a revolução socialista, devem ser
entendidos como soluções políticas adotadas por alguns Es-
tados que se encontravam em crise econômica e social.
É neste contexto que Benito Mussolini e Adolf Hitler se
fortaleceram politicamente na Itália e na Alemanha, respec-
tivamente. A fome, a miséria, o desemprego e a desespe-
rança coletiva funcionaram como aspectos condicionantes
de um agudo quadro de crise que exigia soluções drásticas
e imediatas. Os líderes fascistas se apresentaram como ho-
mens capazes de simbolizar o sentimento de convergência
sócio-cultural necessários para a recuperação econômica e Mussolini e Hitler (1938). Fotografia: Unknown
política daqueles Estados.
O FASCISMO DE MUSSOLINI
Quando a Itália abandonou a Tríplice Entente para se alinhar
à Tríplice Aliança durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915,
essa almejava ser favorecida com a partilha financeira e territo-
rial pós-guerra. No entanto, a Paz de Versalhes não demonstrou
ser satisfatória aos italianos. As conquistas territoriais foram mí-
nimas e as vantagens econômicas insignificantes.
A Itália mergulhou em uma ampla crise econômica, política e
social, o que favoreceu o projeto político fascista de Benito Mus-
solini. Este líder se apoiou no caos e se fortaleceu com a fragili-
dade política italiana do pós-guerra.
Em 1922, os camisas negras marcharam sobre Roma. Parti-
dários de Mussolini de várias regiões da Itália adentraram a ca-
Camisas Negras marchando sobre Roma (1922). pital demonstrando intensa força política. Pressionado pela crise
instaurada, o rei Vitor Emanuel III nomeou o líder fascista como
Primeiro-Ministro e, paulatinamente, o Partido Fascista foi se fortalecendo politicamente em um complexo contexto de elei-
ções fraudulentas, perseguições políticas e assassinatos.
Em 1925, Mussolini se auto-intitulou Disse, ou “condutor
supremo da Itália”. A polícia fascista, industriais e considerável
popularidade sustentavam seu poder político.
A aliança do fascismo com a Igreja Católica ficou evidente
com a assinatura do Tratado de Latrão, em 1929, e colocava
fim à histórica Questão Romana. Foi criado, então, o Estado
do Vaticano por meio de uma escusa aliança entre o Duce e
o Papa Pio XI e o catolicismo se transformava na religião ofi-
cial da Itália, contribuindo com o aumento da popularidade
do líder.
A Crise de 1929 encerrou o relativo processo de recu-
peração econômica, que havia se iniciado na Itália, funda-
mentado na agricultura e na indústria. A estratégia fascista
para superar esse estado de crise consistiu na ampliação da
indústria bélica e no expansionismo territorial. Era o “resga-
te” do antigo Império Romano. Papa Pio XI. Fotografia internet.
210
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Este projeto político, bem como a aliança política firmada com a Alemanha e o Japão, foi decisivo para a eclosão da Segunda
Guerra Mundial.
Adolf Hitler, líder do partido nazista. Fotografia: internet. Emblema do Partido Nazista. Autor Ratatosk
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, instituiu-se na Alemanha, a República Liberal de Weimar, composta por uma ampla
colisão política de socialistas, católicos e sociais-democratas.
A crise econômica e social era extrema e impediam respostas efetivas dadas pelo Governo alemão do presidente socialista
Friedrich Ebert e posteriores governos.
Diante desses fatos, houve o fortalecimento do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães fundado em 1919.
O partido se opunha frontalmente à República Liberal de Weimar.
Os seguidores de Hitler, intitulados camisas-pardas, agiam como uma espécie de polícia paramilitar denominadas Sessões
de Assalto (SA). Judeus, socialistas e comunistas eram perseguidos por essa organização sob a justificativa do ideário político
nacionalismo que se legitimava na definição de seus inimigos.
211
SISTEMA DE ENSINO A360°
Totalitarismo - Um Estado capaz de delimitar todas as esferas sociais, políticas e econômicas da nação. Um organismo
político harmônico em que o indivíduo (sujeito) torna- se parte integrante de um todo complexo e superior a ele. Tal
amplitude seria representada pelo Estado.
Unipartidarismo - O Partido Fascista italiano e Nazista alemão comandaria todas as ações dos componentes da nação.
Cabia ao alemão compor as estruturas do partido como mecanismo de integração à ideologia e ao Estado.
212
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Nacionalismo exacerbado - A base legitimadora do discurso era a defe-
sa e fortalecimento da nação. Mais uma vez o sujeito era aniquilado em
prol de um todo harmônico construído por meio de mitos e constructos
teóricos históricos.
Idealismo e romantismo - A capacidade idealizadora de um indivíduo
movido por seus anseios e convicção pessoal somada à visão romantiza-
da de fé, autossacrifício, heroísmo e entrega absoluta a toda manifesta-
ção de apoio ao governo.
Autoritarismo – Um líder carismático e inquestionável. O Duce e o
Führer como homens capazes de sintetizarem o projeto político.
Militarismo – Todos deveriam estar aptos à guerra para a defesa da
nação.
Antissocialismo – Hierarquia e personalismo político eram duas marcas
do fascismo que não alinhava ao pensamento socialista. Além do fato da
alta burguesia de ambos os países terem apoiado os totalitarismos. Judeus explorados nos campos de
concentração nazistas (1945). Imagem:
Antiliberalismo – A ascensão dos fascismos deve ser entendida como Department of Defense USA.
regimes políticos alternativos à crise do Estado e ao Capitalismo Liberal.
http://blog.comshalom.org/carmadelio/wp-content/ploads/sites/2/2015/01/nazismo-e-fascismo.jpg
O Nazismo apresentou algumas especificidades que fortaleceram a prática de seu totalitarismo. A defesa de uma raça supe-
rior, intitulada arianismo, legitimou a utilização de recursos pseudocientíficos para a classificação de seres humanos e justificou,
em parte, o extermínio de milhares de pessoas que não se enquadravam nos arquétipos estabelecidos pela política nazista.
A Teoria do Espaço Vital validou a política expansionista do Estado alemão. Essa consistia num espaço vivo habitado por
uma raça superior capaz de elevar a civilização aos mais altos graus de racionalidade expressos pela modernidade. Este projeto
se travestia de um pressuposto estético, racional, harmônico e eugênico.
A arquitetura da destruição envolvia aspectos excludentes quanto à forma e concepção do outro. Não caberia a diferença
em qualquer nível social, político, religioso e cultural. Assim, a exclusão encontraria terreno fértil nos amplos quadros sociais
alcançados pelo Nazismo.
A Política de Exclusão das Minorias foi decisiva na perseguição de Ciganos, Testemunhas de Jeová, Homoafetivos, pessoas
com insuficiência cognitiva e, principalmente, judeus.
213
SISTEMA DE ENSINO A360°
214
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
TEXTO COMPLEMENTAR
ASCENSÃO DA CHINA
A indústria chinesa sofreu com a contração do mercado nos Estados Unidos e na Europa, em 2008. Muitas empresas
faliram e milhões de operários foram demitidos. Mas a economia reagiu aos estímulos do Estado e se recuperou rapida-
mente, de modo que mesmo em 2009, quando o PIB mundial caiu 0,6% (os EUA recuaram 2,6%, a zona do euro 4% e o
Japão 6,3%), a China cresceu 9,2%. Em 2010, mesmo com as economias europeia e norte-americana estagnadas, o país
avançou 10,3% e ainda deve crescer mais de 9% este ano.
O crescimento desigual não é de hoje. Ao longo das últimas décadas o PIB chinês progrediu em média cerca de 10%
ao ano enquanto os EUA e outras potências ocidentais cresceram entre 2 e 3%. O resultado deste desenvolvimento de-
sigual foi uma revolução silenciosa na geografia econômica mundial, com o deslocamento da produção industrial, e por
extensão do poder econômico, do Ocidente para o Oriente e dos EUA para a China.
Refletindo o avanço da indústria, nas condições de uma “economia de mercado socialista”, o país ocupa o primeiro
lugar no ranking mundial das exportações, depois de superar a Alemanha e Estados Unidos. Acumula reservas superiores
a 3 trilhões de dólares, as maiores do mundo e se transforma, por consequência, num relevante investidor externo. É o
maior credor dos EUA, onde aplicou parte substancial de suas reservas.
Para um número crescente de nações da África, Ásia e América Latina as relações comerciais e financeiras com a Chi-
na já são mais relevantes que o intercâmbio com os EUA e a Europa.
A particularidade mais notável da crise econômica em curso reside em sua convergência com o declínio da importân-
cia relativa das grandes potências e dos Estados Unidos em especial, que reflete o esgotamento da ordem econômica e
política mundial remanescente dos acordos de Bretton Woods, erigida de acordo com a realidade do capitalismo após a
Segunda Guerra, na época em luta com o socialismo soviético.
Ao longo das últimas décadas, em sintonia com a globalização neoliberal e a desregulamentação do sistema finan-
ceiro, moldou-se um modelo de desenvolvimento mundial sustentado no excesso de consumo dos EUA e alguns países
europeus, que alimentou a reprodução do capital em âmbito internacional e também contribuiu para a prosperidade
chinesa. O déficit americano passou a ser financiado pela poupança asiática numa relação que chegou a ser caracterizada
equivocadamente como uma perfeita simbiose.
Mas este padrão de reprodução do capital, fundado no crescente endividamento e na hipertrofia do sistema financei-
ro, entrou em crise e hoje parece insustentável. Os EUA não são mais a locomotiva do globo; as economias emergentes,
lideradas pela China, já respondem por mais de 50% do crescimento da economia mundial.
215
SISTEMA DE ENSINO A360°
Objetivamente, o mundo está mudando e demanda uma nova ordem internacional, uma nova moeda ou novas mo-
edas e novas instituições. A transformação da geografia econômica de certa forma sugere uma transição neste sentido,
mas a verdade, de resto evidente, é que o globo, em crise, ainda é prisioneiro da velha ordem, da liderança capenga e
instável do dólar, do arbítrio dos EUA e da Otan e de governos submissos ao capital financeiro. A transição para uma nova
ordem não se completará sem luta.
Outro aspecto fundamental é que a recessão e as perturbações no processo de reprodução do capital provocam um
notável acirramento da luta de classes entre capital e trabalho, verdade que se revela com força na Europa e nos países
mais afetados pela crise. Isto ocorre porque a estagnação da economia tem a sua tradução para a classe trabalhadora no
desemprego em massa, na redução de salários e direitos. O número de desempregados no mundo excede 200 milhões,
40 milhões nos países mais desenvolvidos.
Além disto, a intervenção dos governos para resgatar o sistema financeiro, derramando trilhões de dólares e euros
na economia, agravou os problemas, elevando os déficits públicos e detonando a crise da dívida. Frente à nova situação,
programas de ajuste fiscal são impostos, especialmente às nações mais frágeis da Europa, com doses de sacrifícios extras
para os trabalhadores. O FMI, refratário a reformas, cumpre a missão neocolonial de monitorar a execução dos pacotes
antissociais, a exemplo do que fez no Brasil e na América Latina durante os anos 1980.
A crise, em vez de arrefecer, ganha novo fôlego com as medidas que reduzem o nível de emprego e o poder de compra
dos salários, deprimindo o consumo e empurrando as economias para uma espécie de círculo vicioso no qual as políticas
econômicas, que deviam contornar a crise, reproduzem mais recessão. Para superar o drama, conforme recomendou a
presidente brasileira Dilma Rousseff, seria necessário estimular o consumo e os investimentos produtivos, ao contrário da
receita imposta pelo FMI, ditada pelos interesses dos banqueiros.
A burguesia europeia, embriagada de neoliberalismo, aproveita o ambiente de crise para desmantelar o chamado
Estado de Bem Estar Social e aumentar o grau de exploração da força de trabalho, de forma a se apropriar de uma parte
maior do excedente econômica (trabalho excedente) e enfrentar a concorrência asiática, cuja competitividade é também
lastreada em outros padrões salariais. É uma ofensiva capitalista radical, que está acirrando a luta de classes e despertan-
do uma notável revolta na classe trabalhadora.
Ao lado da instabilidade monetária e financeira, a contração dos mercados acirrou a concorrência entre as grandes
empresas que dominam o comércio internacional, bem como as contradições entre as nações, desembocando no cresci-
mento do protecionismo e em guerras cambiais e comerciais.
É conveniente lembrar Lênin, que aponta a tendência do imperialismo em crise para o reacionarismo em toda linha. A
exacerbação da intolerância, voltada principalmente contra trabalhadores imigrantes, o fortalecimento da extrema direita
nos Estados Unidos e na Europa, são sinais preocupantes da manifestação desta tendência política, ao lado da intensifica-
ção da agressividade militar do imperialismo e dos conflitos políticos no Oriente Médio.
Os acontecimentos sugerem que não se deve esperar uma saída positiva para a crise do imperialismo, do ponto de
vista da civilização humana, nos marcos do capitalismo.
Os interesses do capital financeiro já não conduzem ao desenvolvimento e entraram em franca contradição com as
demandas sociais. Como em outras ocasiões da história, o sistema caminha para a barbárie. Uma solução progressista só
virá pelas mãos do povo.
A reação dos povos europeus, com protagonismo crescente da classe trabalhadora e de suas organizações, é de revol-
ta, resistência e luta. Eleva-se a dezenas o número de greves gerais realizadas na Grécia e em outros países do continente.
Manifestações de protesto pipocam em todo o mundo, inclusive no centro do império americano.
216
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
O desafio das forças progressistas e revolucionárias é pavimentar nas batalhas em defesa dos direitos sociais, dos
salários, das aposentadorias e do emprego, o caminho da luta maior contra o imperialismo e o capitalismo, entrelaçando
a peleja por uma nova ordem internacional, efetivamente democrática, solidária e multilateral, com o objetivo estratégico
e revolucionário de construir uma sociedade socialista.
O imperialismo, como disse Lênin, é o capitalismo dos nossos dias. Por isto, a luta contra o imperialismo não terá
maior consequência se não contemplar o objetivo de liquidar o modo de produção capitalista, que está na raiz do impe-
rialismo, e promover o socialismo.
A par de seus objetivos gerais, a desigualdade das realidades nacionais confere características e particularidades à
luta em cada país. A América Latina vive um novo cenário político, com um grande número de países governados por
forças políticas progressistas, que buscam uma alternativa ao neoliberalismo.
São experiências diferenciadas, em que o objetivo mais avançado é o do socialismo bolivariano, proclamado pela
Venezuela. Mas há em comum o objetivo de buscar uma maior integração econômica e política das nações latino-ame-
ricanas e procurar um modelo de desenvolvimento alternativo ao projeto dos EUA, sinalizado na rejeição da Alca e na
criação da Unasul, da Celac (Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos) e da Alba (Aliança Bolivariana para
os povos da Nossa América), entre outros fatos. São acontecimentos que confrontam objetivamente a hegemonia dos
EUA e apontam na direção de uma nova ordem mundial.
Cabe registrar que, diferentemente do que ocorre na Europa, os governantes latino-americanos não estão adotando
receitas recessivas ditadas pelo FMI para descarregar o ônus da crise sobre a classe trabalhadora. Os indicadores revelam
uma relativa valorização do trabalho e redução das desigualdades sociais em grande número de países da região.
Os comunistas apoiam a integração regional, compreendendo o seu caráter objetivamente antiimperialista, e lutam,
no Brasil, para que o processo de mudanças avance no sentido de novos projetos de desenvolvimento, antineoliberais e
antiimperialistas, ancorados nos movimentos sociais, nos quais a classe trabalhadora deve ter papel proeminente e que
abram caminho para o socialismo.
Disponível em: http://www.galizacig.gal/avantar/opinion/27-10-2011/a-crise-do-capitalismo-e-o-desenvolvimento-desigual-das-nacoes
TEXTO COMPLEMENTAR
217
SISTEMA DE ENSINO A360°
Práticas como atividades físicas - que chegaram a ocupar cinco horas do dia dos estudantes em 1938 - foram intro-
duzidas, contrastando com o desprezo pelas atividades intelectuais e a queima de livros considerados prejudiciais ao re-
gime. Fotos de Hitler estavam nas escolas e os professores entravam na sala cumprimentando os alunos com a saudação
Heil Hitler.
Além das escolas, Hitler criou, em 1926, uma organização voltada para jovens e crianças, meninos e meninas. Funcio-
nando como braço do partido nazista, a Hitler Jugend (Juventude Hitlerista), cujas atividades iam desde acampamentos
com fogueiras e entoação de hinos até treinamento militar, chegou a ter, no seu apogeu, 8 milhões de membros. As meni-
nas se alistavam na BDM (Bund Deutscher Mädel - Liga das Jovens Alemãs) e aprendiam seus deveres de futuras "mães
e mulheres arianas" em tardes domésticas, de eventos esportivos e de patriotismo.
A americana Susan Campbell Bartoletti contou a história desses pequenos soldados de Hitler no livro Juventude Hi-
tlerista, a história dos meninos e meninas nazistas e dos que resistiram, recém-lançado no Brasil pela Relume Dumará.
Segundo Campbell, essa organização foi estruturada de maneira a funcionar como um exército. Havia regimentos e uma
hierarquia: o garoto que ingressasse como recruta poderia chegar a liderar um esquadrão, um batalhão e até um regimen-
to. A disciplina era rígida e quem a desobedecesse recebia castigos, como caminhar por horas em rios gelados. Para poder
vestir o uniforme marrom da Hitler-Jugend (HJ), porém, os ingressantes deveriam, em primeiro lugar, provar que eram
descendentes de "arianos", que estavam saudáveis e não tinham doenças hereditárias. As crianças judias foram impedi-
das de entrar e o mesmo acontecia quando os pais da criança não eram considerados "bons nazistas". Campbell afirmou
que, "não querendo ser excluídas, as crianças imploravam para os pais entrarem no partido nazista". Os jovens que se
negavam a participar tornavam-se marginais e dessa forma ficavam impedidos de entrar nas escolas e conseguir emprego.
Muitos jovens chegaram a perder a vida em nome da organização. No início do governo nazista, as brigas de rua com
os comunistas eram frequentes. Em uma delas, Herbert Norkus, jovem alemão de 15 anos participante da HJ, morreu e se
tornou mártir do regime. Já durante a Segunda Guerra Mundial muitos deles foram lutar nas frentes de combate alemãs.
Eram convocados como ajudantes de artilharia ou como cavadores de trincheiras. "Os meninos trabalhavam dez horas
por dia, sete dias por semana. Cavavam até as mãos ficarem calejadas (...)", contou Alfons Heck, ex-integrante da Juven-
tude, um dos entrevistados por Campbell.
Próximo do final da guerra, foi criada uma unidade especial - denominada HJ-SS, cujos participantes receberam
treinamento especial para participar do conflito. Tal unidade, apelidada pelos Aliados Divisão Leite de Bebê, lutou nos
campos da Normandia em 1944. Em combate, morreram 1.951 soldados, entre meninos e jovens, e 4.312 ficaram feridos.
Minha pesquisa de doutorado aborda a Juventude Hitlerista estabelecida no Brasil. Esse movimento era ligado ao par-
tido nazista no Brasil, que por sua vez era um braço do movimento nazista internacional da Organização do Partido Nazista
no Exterior conhecida pela sigla A.O., do seu nome em alemão, espécie de departamento do III Reich. Essa organização
estendeu-se pelos cinco continentes, em 83 países, com cerca de 29 mil componentes. Nesses territórios, os nazistas
criaram seus grupos, articularam suas bases e estruturaram suas organizações, entre elas a da Juventude. O Brasil foi o
país que contou com o maior número de filiados do partido nazista fora da Alemanha - com 2.900 membros espalhados
entre 17 estados brasileiros.
Entre eles, o maior grupo foi o de São Paulo, com 785 membros, seguido por Santa Catarina, com 528, e Rio de Ja-
neiro, com 447.
NAZISMO TROPICAL
Como organização ligada diretamente a esse partido, a HJ no
Brasil teve a adesão de 550 meninos e meninas alemãs e descen-
dentes, que foram seduzidos pelo discurso do regime nazista. Ape-
sar de ter como parâmetro o movimento alemão, o nazismo avan-
çou no Brasil de forma diferenciada. Participantes da comunidade
alemã - que somava 230 mil pessoas, entre alemães de nascimen-
to e descendentes -, os meninos e meninas não conheceram a
atmosfera de terror vivenciada por seus conterrâneos na Alema-
nha - definida, em um primeiro momento, pela luta contra os co-
munistas e, em um segundo, pela deflagração da Segunda Guerra Adepto do nazismo, com os netos. Presidente
Mundial. Nesse processo de transferência, foi como se a ideologia Bernardes, década de 1930
Acervo A.M Dietrich
nazista passasse a se vestir com as cores da sociedade brasileira.
218
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Aqui os preceitos nazistas eram passados às crianças e jovens por meio da família e, principalmente, pela educação nas
escolas. Estima-se que na década de 30 existiam cerca de 1.260 escolas alemãs no país, com mais de 50 mil alunos. Todas
elas contavam com subsídio do governo alemão e algumas haviam sido fundadas ainda no século XIX. Desde a ascensão
de Hitler ao poder, as escolas passaram a ser vistas como importantes centros de difusão dos ideais nacional-socialistas.
Até o começo do Estado Novo (1937-1945), tais escolas funcionaram normalmente, sem preocupar o governo, já
que ajudavam na educação dos jovens, desonerando as escolas públicas. Porém, a partir de 1938, com a campanha
desencadeada por Vargas, que obrigou todas as instituições estrangeiras a se nacionalizar, as escolas alemãs passaram a
ser vigiadas. O governo estabeleceu a nacionalização integral do ensino primário. Novas leis do período de 1938 a 1942
restringiram cada vez mais a difusão de valores de outras culturas em território nacional.
O partido nazista e as instituições ligadas a ele entraram então para a ilegalidade. Até essa época, o governo tinha
feito vistas grossas à atuação do partido, dadas as boas relações comerciais entre o Brasil e a Alemanha e a simpatia do
ditador brasileiro pelo regime de Hitler. Os partidários do nazismo e os alemães em geral foram perseguidos somente de-
pois de 1942, quando da entrada do Brasil na guerra, ao lado dos Aliados. A questão estava centrada no combate à cultura
germânica - elemento de erosão da nacionalidade brasileira em construção - e não ao nazismo - enquanto "ideologia
exótica", como a chamava o Dops - Delegacia de Ordem Política e Social.
No caso da cidade de São Paulo, vários foram os colégios enquadrados como foco de disseminação de ideias consi-
deradas nocivas à nação brasileira, entre elas a nazista, no final dos anos 30. Em instituições como a Deutsche Schule,
mais conhecida como Escola Alemã de Vila Mariana, uma das mais vigiadas pelo Deops - Departamento Especializado
de Ordem Política e Social, de São Paulo, boa parte dos educadores era ligada à Associação dos Professores Nazistas, com
100 filiados no Brasil, e alguns vinham direto do III Reich para doutrinar a juventude local.
Nessa escola não era raro os professores alemães ministrarem aulas usando o uniforme cáqui com a suástica atada
ao braço. No início do dia letivo, era comum os alunos se cumprimentarem com a saudação Heil Hitler, como era usual na
Alemanha. As disciplinas eram ensinadas em língua alemã e o português era apenas mais uma aula na grade curricular. A
acusação mais constante por parte da polícia política era que as famílias e a escola não imbuíam as crianças de familiari-
dade com a cultura brasileira, mas sim incentivavam o germanismo atrelado à doutrina nazista. Grande parte dos alunos
era agremiada na Juventude Hitlerista instalada no Brasil, que cantava os mesmos hinos e propunha as mesmas atividades
da similar alemã.
O livreto oficial da Deutsche Schule continha fotografias de alunos e de interiores da escola, além de referências ao
uso de material didático e, em especial, aos filmes sobre a Alemanha. Parte desse material era importado de lá e tinha
como principal objetivo manter viva a relação dos pequenos alemães e descendentes com a cultura germânica. O livro de
canções alemãs apropriadas pelo nazismo, chamado Liederbuch, dava o tom do nacionalismo alemão que se cultivava.
O mapeamento feito pelo Deops constatou que havia 14 escolas alemãs na capital e no ABC paulista. Depois da na-
cionalização de 1938, foram fechadas ou enquadradas na lei. A Escola Alemã de Vila Mariana passou a chamar-se Ginásio
Benjamin Constant e teve seus professores alemães substituídos por brasileiros.
O que foi transmitido a essas crianças limitou-se ao
aparato de sedução do regime - símbolos, canções, livros.
Em grandes festas, eles desfilavam portando bandeiras
com a suástica e cantando hinos nazistas, participavam de
excursões e acampamentos, mas conviviam normalmente
com crianças tachadas como "inferiores" pela ideologia na-
cional-socialista.
Do lado dos brasileiros, a raça ariana foi até motivo de
zombaria. Em um samba de 1943, Carlos Cachaça cantou,
fazendo referência ao nazismo: "Saibam que este céu, este
mar, este lindo cenário, temos a defendê-lo os nossos expe-
dicionários, oriundos da raça de Caxias, de Barroso. Diante
desta gente tão pura e tão forte, nazista, quem és?".
Grupo nazista da cidade de Presidente Bernardes posa em uma A Juventude Hitlerista de Presidente Bernardes, pe-
plantação quena cidade do noroeste do estado de São Paulo, é um
Acervo A. M Dietrich
exemplo da forma como essas ideias nazistas foram trans-
219
SISTEMA DE ENSINO A360°
220
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| PUC “O que aconteceu, como muitas vezes acontece 02| UERJ Durante os últimos três meses, visitei uns vinte es-
nos booms de mercados livres, era que, com os salários tados deste belo país extraordinariamente rico. As estra-
ficando para trás, os lucros cresceram desproporcional- das do oeste e do sudoeste pululam de pessoas famintas
mente, e os prósperos obtiveram uma fatia maior do pedindo carona. As fogueiras dos acampamentos dos
bolo nacional. Mas como a demanda da massa não po- desabrigados são visíveis ao longo de todas as estradas
dia acompanhar a produtividade em rápido crescimento de ferro. Os fazendeiros estão sendo pauperizados pela
do sistema industrial [...] o resultado foi superprodução pobreza das populações industriais, e as populações in-
e especulação. Isso por sua vez provocou o colapso [do dustriais, pauperizadas pela pobreza dos fazendeiros.
sistema econômico mundial]” Nenhum deles tem dinheiro para comprar o produto do
(HOBSBAWM, E. A era dos extremos) outro; consequentemente há excesso de produção e ca-
rência de consumo, ao mesmo tempo e no mesmo país.
O trecho acima se refere à crise econômica ocorrida em
1929. Considerando a avaliação apresentada, faça o que Relato feito em 1932 por Oscar Ameringer à Câmara dos
se pede. Representantes dos Estados Unidos.
Adaptado de MARQUES, A. M. et al. História contemporânea através de textos.
A Caracterize duas medidas tomadas pelo governo São Paulo: Contexto, 1990.
americano no combate à crise.
O depoimento acima faz referência a efeitos da Crise de
B Explique como a crise mundial afetou a economia 1929 para a sociedade norte-americana.
brasileira.
Apresente dois fatores que contribuíram para deflagrar
Resolução: essa crise e cite seu principal desdobramento para a
A Após vencer as eleições F.D. Roosevelt, com apoio do economia europeia naquele momento.
congresso americano, criou e aprovou uma série de Resolução:
leis que foram nomeadas de New Deal (“Novo Acor-
Dois dos fatores:
do”). Estas leis forneceriam ajuda social às famílias e
pessoas que necessitassem, forneceriam empregos • especulação financeira
através de parcerias entre o governo, empresas e os • superprodução agrícola
consumidores. Diversas agências governamentais
foram criadas para administrar os programas de • superprodução industrial
ajuda social. A mais importante delas foi a Federal • desaceleração do consumo
Agency Relief Administration, criada em 1933, que
• quebra da Bolsa de Nova York
seria responsável pelo fornecimento de fundos aos
governos estatais, para que estes empregassem tais • reaquecimento das economias europeias
fundos em programas de ajuda social. Outros ór- A crise econômica e financeira, iniciada com a falência
gãos governamentais similares foram criados com o de empreendimentos agrícolas e industriais dependen-
intuito de administrar e/ou empregar trabalhadores tes de capitais norte-americanos, repatriados em função
na construção de obras públicas. Outros órgãos fo- da quebra da Bolsa de Nova York.
ram criados com o intuito de organizar programas
de recuperação, como a Agricultural Adjustment 03| UERJ O filme O Ovo da Serpente tem como cenário a
Administration, com o intuito de regular a produção cidade de Berlim, no ano de 1923. Trata-se, sobretudo,
de produtos agropecuários em uma dada fazenda. de uma fábula de advertência. Dez anos antes da subida
Outro órgão similar, o National Recovery Adminis- dos nazistas ao poder, já se podia ver um fantasma ron-
tration, criada em 1933, passou a reforçar leis an- dando as vielas da Alemanha e pressupor que, em meio
timonopólio, estabeleceu salários mínimos e limites à desordem, à crise econômica e ao vácuo político, uma
na carga horária de trabalho. semente de radicalismo e violência estava para brotar.
Como afirma um dos personagens, a vitória só chegaria
B Um dos aspectos mais relevantes da crise foi a que- em alguns anos, quando os jovens do país se tornassem
da dos preços agrícolas. Para países como o Brasil, adultos e se vissem cansados de viver em uma terra
cuja pauta de exportações nesse momento era do- amargurada. Ao cabo da trama, sentencia-se que o fas-
minada pela produção de café, a baixa nos preços e cismo era uma ameaça perceptível: “É como o ovo de
a perda de liquidez do mercado internacional atin- uma serpente. Através das finas membranas, você pode
giu profundamente a estrutura econômica do país. claramente discernir o réptil já perfeito”.
221
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFAL A crise de 1929, iniciada com o “crack” da Bolsa de 02| UNIFESP Numa quinta-feira, 24 de outubro de 1929,
Nova Iorque, se constituiu em um grave momento para a 12.894.650 ações mudaram de mãos, foram vendidas na
economia mundial. No Brasil, o setor agrícola, represen- Bolsa de Nova Iorque. Na terça-feira, 29 de outubro do
tado pela lavoura cafeeira, foi duramente atingido por mesmo ano, o dia mais devastador da história das bolsas
esta crise. de valores, 16.410.030 ações foram negociadas a pre-
ços que destruíam os sonhos de rápido enriquecimento
A O que ocasionou esta crise do capitalismo?
de milhares dos seus proprietários. A crise da economia
B Quais os efeitos da crise de 1929 na economia da capitalista norte-americana estendeu-se no tempo e no
região cafeeira do Sudeste do Brasil? espaço. As economias da Europa e da América Latina
222
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
foram duramente atingidas. Franklin Delano Roosevelt, A Qual a principal diferença de comportamento entre
eleito presidente dos Estados Unidos em 1932, procurou os empresários de 1929 e os atuais, expressa pela
combater a crise e os seus efeitos sociais por meio de charge acima?
um programa político conhecido como New Deal.
B Com base em seus conhecimentos, identifique uma
A Identifique dois motivos da rápida expansão da crise semelhança e uma diferença entre as duas conjun-
para fora da economia norte-americana. turas históricas.
B Caracterize de maneira geral o New Deal e apresen-
05| UERJ Exibido pela primeira vez em outubro de 1940, o
te uma de suas medidas de combate à crise.
filme “O Grande Ditador”, de Charles Chaplin, faz uma
crítica a um projeto político vigente na época.
03| UFSCAR Se nem todas as grandes crises econômicas,
como a atual, que, periodicamente acometem o capi- Observe abaixo o fotograma de uma cena do filme e o
talismo, levam a uma transformação no seu funciona- discurso apresentado em seu final:
mento, todas as grandes transformações pelas quais ele
passou foram desencadeadas por uma grande crise. Si-
tue historicamente e explique as crises que levaram ao
chamado capitalismo
A com participação estatal (keynesiano).
B desregulado (neoliberal).
http://passosdesvairados.blogspot.com
223
SISTEMA DE ENSINO A360°
parte dos governos, determinaram uma total passivida- 07| UFRN Frequentemente o conhecimento histórico sobre
de diante daquilo que as “conventrizações [destruição a Segunda Guerra Mundial vem acompanhado de per-
por bombardeio] e os rasantes dos Stukas [aviação de plexidade, quando nos deparamos com os crimes come-
combate] anunciavam para um futuro próximo”. tidos por lideranças políticas da Alemanha, inspiradas no
VILAR, Pierre. A Guerra da Espanha. 1936-1939. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989, p. 101. nazismo, amplamente divulgado entre o povo alemão. À
medida que os campos de concentração foram denun-
A partir das afirmações do historiador espanhol Pierre
ciados, todo um espetáculo de barbárie veio à superfí-
Vilar:
cie, revelando os horrores que esses campos ocultavam.
A destaque duas razões para a eclosão da Guerra Civil
A Explique duas características da doutrina político-i-
Espanhola;
deológica nazista.
B explique em que sentido a Guerra Civil Espanhola é
B Mencione e comente duas influências dessa doutri-
retratada pelos historiadores como o “ensaio geral”
na no Brasil.
da Segunda Grande Guerra.
T ENEM E VESTIBULARES
01| FGV Quando se processaram as eleições de novembro 02| UDESC O início do século XXI vem sendo marcado por
de 1932, o país estava numa situação pior do que nun- uma grave crise financeira e econômica mundial, cul-
ca. Todas as “curas” do Sr. Hoover não conseguiram dar minada por diferentes eventos. Alguns analistas com-
vigor ao paciente moribundo. Os trabalhadores eram as- param parte de seus efeitos com aqueles decorrentes
solados pelo desemprego; os lavradores eram arrasados da crise da primeira metade do século XX marcada pela
pela crise da agricultura; a classe média tinha perdido _____________. Ao contrário da precedente, a atual
suas economias nas falências dos bancos e temia pela crise não pode ser marcada por um único evento, mas
sua segurança econômica. sim eventos, como, por exemplo, o estouro da “bolha da
internet” (Índice Nasdaq), em 2001, a quebra de bancos
Em 8 de novembro de 1932 o povo americano ele-
de investimentos importantes nos EUA, em 2008, dentre
geu Franklin D. Roosevelt para presidente dos Estados
outros. Em suas diferenças e especificidades, porém, po-
Unidos.
de-se afirmar que ambas as crises são _____________
O “New Deal” do Sr. Roosevelt foi chamado de revolu- e geraram _____________. Igualmente que afetaram,
ção. Era e não era. Era uma revolução quanto às ideias, sem precedentes, a economia de diferentes países, sen-
mas não na sua parte econômica. do grande parte por causa da ______________.
[Leo Huberman, História da riqueza dos EUA (Nós, o povo)]
Assinale a alternativa que preenche corretamente os
Não era uma revolução econômica, pois espaços em branco, na sequência estabelecida, com as
respectivas informações que se integram ao contexto.
A o volume de recursos destinados à recuperação eco-
nômica era pequeno e beneficiou apenas as regiões A crise dos suprimes – nacionais – superinflação – cri-
industrializadas. se das moedas como dólar e o euro
B não ocorreu qualquer alteração no direito à proprie- B quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em
dade privada, assim como foi mantida a mesma es- 1929 – mundiais – recessão – interdependência en-
trutura de classe. tre os mercados
C os operários e produtores rurais não tiveram ne- C Primeira Guerra Mundial, em 1914 – mundiais –
nhum ganho importante, uma vez que os benefícios guerra – indústria armamentista
atingiram exclusivamente as classes médias. D crise do café no Brasil, em 1929 – regionais – cresci-
D os principais causadores da crise - os grandes con- mento – commodities
glomerados oligopolistas - foram os que mais re- E quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, 1929
cursos receberam do governo americano.
– diferentes, pois uma era local e outra mundial
E privilegiaram-se os investimentos diretos em agen- – medo do comunismo e agora medo do esfacela-
tes econômicos tradicionais, como as grandes casas mento da União Europeia – crise política e econômi-
bancárias e as principais corporações. ca na Europa e EUA
224
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
03| FGV O período entre as duas grandes guerras mundiais, Com base no texto, conclui-se que a crítica da charge se
de 1918 a 1939, caracterizou-se por uma intensa polariza- refere ao problema econômico, que nomeia aquela fase
ção ideológica e política. Assinale a alternativa que apre- histórica, conhecido como
senta somente elementos vinculados a esse período:
A Especulação
A New Deal; Globalização; Guerra do Vietnã. B Recessão
B Guerra do Vietnã; Revolução Cubana; Muro de Berlim. C Inflação
C Guerra Civil Espanhola; Nazifascismo; Quebra da D Depressão
Bolsa de Nova York.
E Deflação
D Nazifascismo; New Deal; Crise dos Mísseis.
E Doutrina Truman; República de Weimar; Revolução 06| FUVEST Foi precisamente a divisão da economia mun-
Sandinista. dial em múltiplas jurisdições políticas, competindo entre
si pelo capital circulante, que deu aos agentes capitalis-
04| ESCS A crise de 1929 criou um cenário de insegurança tas as maiores oportunidades de continuar a expandir o
social, impulsionado pelo desemprego crescente, e de valor de seu capital, nos períodos de estagnação mate-
incertezas econômicas. Para a economia mundial, a crise rial generalizada da economia mundial.
Giovanni Arrighi, O longo século XX. Dinheiro, poder e as
de 1929 significou: origens do nosso tempo. Rio de Janeiro/São Paulo:
Contraponto/Edunesp, p.237, 1996.
A o abalo na confiança dos agentes políticos e econô-
micos nos princípios do liberalismo econômico; Conforme o texto, uma das características mais marcan-
B o enfraquecimento da confiança das elites econô- tes da história da formação e desenvolvimento do siste-
ma capitalista é a
micas na eficácia do Fundo Monetário Internacional
como agente regulador da economia; A incapacidade de o capitalismo se desenvolver em
C a ampliação da confiança das elites econômicas na períodos em que os Estados intervêm fortemente
integração econômica mundial; na economia de seus países.
D o abalo da confiança nas soluções de caráter socia- B responsabilidade exclusiva dos agentes capitalistas
lista implantadas na União Soviética; privados na recuperação do capitalismo, após perío-
dos de crise mundial.
E a perspectiva de as elites latino-americanas rompe-
C dependência que o capitalismo tem da ação dos Esta-
rem com o padrão industrial de desenvolvimento.
dos para a superação de crises econômicas mundiais.
05| FM PETRÓPOLIS A Crise de 1929 teve como episódio D dissolução frequente das divisões políticas tradicio-
emblemático a quebra da bolsa de Nova Iorque, em de- nais em decorrência da necessidade de desenvolvi-
corrência do rápido e acentuado declínio das atividades mento do capitalismo.
econômicas. A crise norte-americana arrastou consigo os E ocorrência de oportunidades de desenvolvimento
países ligados à sua economia, numa conjuntura mundial financeiro do capital a partir de crises políticas ge-
que já apresentava elevado grau de interdependência. neralizadas.
225
SISTEMA DE ENSINO A360°
08| UEPB Outras crises econômicas, como a que acompa- A idealização do império português, identificando-o
nhamos, ocorreram desde que o capitalismo tornou-se com as concepções do regime salazarista.
hegemônico. Analise as questões abaixo e atribua V para B opulência portuguesa na modernidade, comparan-
as verdadeiras e F para as falsas. do-a com a economia do país na Europa contempo-
( ) Forte crise econômica se abateu sobre a Europa em rânea.
1848, fechando fábricas, desempregando operários C relevância do comércio atlântico, patrocinando uma
e diminuindo salários. Em consequência, movimen- reinterpretação do tráfico de escravos.
tos revolucionários ocorreram em vários países, a D colonização portuguesa na América, reforçando a
exemplo da França com a “Primavera dos Povos”. contribuição dos colonizados para a nação ibérica.
( ) A crise econômica da metade do século XIX fez ru- E crença sebastianista, enfatizando a expansão terri-
írem as duas principais ideologias na Europa: o li- torial como expressão do imperialismo português.
beralismo e o socialismo. Apenas o nacional-socia-
lismo fortaleceu-se, dando lastro para a criação do 10| UERJ O direito ao solo e à terra pode se tornar um dever
nazismo alemão e do fascismo italiano. quando um grande povo, por falta de extensão, parece
destinado à ruína. Ou a Alemanha será uma potência
( ) A depressão de 1929 é considerada o mais longo pe-
mundial ou então não será. Mas, para se tornar uma
ríodo de recessão econômica do século XX. Ela cau-
potência mundial, ela precisa dessa grandeza territorial
sou a queda das taxas de produção industrial, dos
que lhe dará na atualidade a importância necessária e
preços de ações, do PIB dos países, sem contar com
que dará a seus cidadãos os meios para existir. O próprio
o desemprego em massa em diversas nações.
destino parece querer nos apontar o caminho.
( ) A atual crise econômica foi precisamente prevista Adolf Hitler Minha luta, 1925.
por Karl Marx em “O Capital”, pois ele afirmava que Adaptado de FERREIRA, Marieta de M. e outros. História em curso:
se o capital é um valor, quando se desvaloriza acaba da Antiguidade à globalização. São Paulo: Editora do Brasil;
Rio de Janeiro: FGV, 2008.
se contradizendo, negando sua própria existência.
As ideias contidas no projeto político do nazismo busca-
Assinale a alternativa correta vam solucionar os problemas enfrentados pela
A V, F, V, V Alemanha após o fim da Primeira Guerra Mundial.
B V, V, F, V Uma dessas ideias, abordada no texto, está associada ao
C F, F, V, V conceito de:
D V, F, V, F A xenofobia
E V, F, F, F B espaço vital
C purificação racial
09| UFG Analise a imagem. D revanchismo militar
11| FGV Em 1939, atendendo ao apelo do Papa Pio XII, o
Conselho de Imigração e Colonização do Ministério das
Relações Exteriores do Brasil resolveu autorizar a entra-
da de 3 000 imigrantes de origem “semita”. Condição
sine qua non para obter “o visto da salvação”: a conver-
são ao catolicismo. Pressionados pelos acontecimentos
que marcavam a história do III Reich, os judeus, mais
uma vez, foram obrigados a abandonar seus valores cul-
turais em troca do título de cristão.
[Maria Luiza Tucci Carneiro, O anti-semitismo na era Vargas (1930-1945)]
226
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
C obrigatoriedade, conforme costume colonial, dos 13| UFTM Nós nos encontramos todos aqui e o milagre des-
negros alforriados de conversão ao catolicismo para se encontro enche nossa alma. Cada um de vocês pode
a obtenção da efetiva liberdade. me ver e eu não posso ver a cada um de vocês, mas eu
D conversão obrigatória dos judeus na Espanha e em os sinto e vocês me sentem. É a fé em nosso povo que,
Portugal, a partir do final do século XV, o que gerou de pequenos, nos tornou grandes, de pobres, nos fez ri-
a denominação cristão-novo. cos, de homens angustiados, desencorajados e hesitan-
tes que éramos, fez de nós homens corajosos e valentes,
E separação entre Estado e Igreja no Brasil, determi-
nada pelo Governo Provisório da República, coman- aos homens errantes que éramos, nos deu a visão e nos
dada por Deodoro da Fonseca. reuniu a todos.
(Adolf Hitler, discurso de 1936. Apud Alcir Lenharo.
Nazismo: “o triunfo da vontade”, 1986.)
12| MACK
(...) conceitualizar o fascismo como populista é um erro, Podemos dizer que Hitler se apresenta, no fragmento de
embora a intensidade da propaganda política, a mobi- discurso acima, como
lização das massas e o carisma pessoal aparentemente A o guia da comunhão nacional que permitira a supera-
possam identificar o populismo com fascismo. ção de um período crítico na economia e na política.
Mario Sznajder. “Fascismo e Intolerância”. In: Maria
Luiza Carneiro e Frederico Croci (orgs). Tempos de fascismos:
Ideologia – Intolerância – Imaginário. São Paulo: EDUSP/ Imprensa
B o herdeiro da tradição política imperial alemã,
Oficial/ Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2010, p.30 que levou o país ao sucesso na Primeira Guerra
O erro citado consiste no fato de que Mundial.
A nos fascismos categorias inteiras são excluídas, com C o representante dos alemães no processo de forma-
base em definições de ‘inimigo’, ou seja, a negação da ção e consolidação do Estado nacional.
cidadania é uma consequência quase natural de não
D um líder que se sacrifica em nome dos interesses
se pertencer à comunidade. Ao contrário, no populis-
nacionais, mas reconhece a importância da ajuda
mo, as coalisões interclasses e entre diversos grupos
são a condição sine qua non de sua existência. divina.
B no populismo, a preocupação com a legitimação das E um alemão igual aos outros, que prega a união para
ações do líder forçou a criação de órgãos destinados a reconstrução nacional em meio a uma profunda
apenas à propaganda política e à censura. Nos fascis- crise econômica.
mos, por sua vez, a adesão em massa ao chefe de go-
verno excluiu ações propagandísticas mais incisivas, 14| UNESP
assim como o surgimento de oposições relevantes.
A Itália deseja a paz, mas não teme a guerra.
C no nazi-fascismo o centro de ações girou em torno
do combate ao comunismo e ao liberalismo, repre- A justiça sem a força é uma palavra sem sentido.
sentantes de uma época decadente e retrógrada. Nós sonhamos com a Itália romana.
No populismo, os discursos liberais e socialistas do
governo serviram, antes de tudo, para manipular as Os três lemas acima foram amplamente divulgados du-
massas, perpetuando líderes carismáticos no poder. rante o governo de Benito Mussolini (1922-1943) e reve-
D tanto nos fascismos quanto no populismo grupos lam características centrais do fascismo italiano:
que se pretendam autônomos ou aqueles que não A a perseguição aos judeus, a liberdade de expressão
tenham aderido ativamente ao nacionalismo extre- e a valorização do direito romano.
mo são perseguidos ou mesmo eliminados. No en-
tanto, a preocupação, dos governantes populistas, B o culto ao corpo, o pacificismo e a ânsia de voltar ao
com uma legitimação de ações obrigou-os a conce- passado.
der garantias a alguns desses grupos.
C o nacionalismo, a valorização do espírito clássico e o
E nos fascismos a liderança personificada exigia a materialismo.
radicalização com os opositores, eliminando-os e
criando um clima de insegurança, em que qualquer D a beligerância, o culto à ação e o esforço expansio-
pessoa, em potencial, era vista como inimiga do Es- nista.
tado. No populismo, apesar do autoritarismo, o plu-
ripartidarismo impedia ações eficazes no combate à E o revanchismo, a socialização da economia indus-
oposição. trial e a perseguição aos estrangeiros.
227
SISTEMA DE ENSINO A360°
15| PUCCAMP Como todas as revoluções das vanguardas nais à amplidão dos efeitos da crise. Nas sociedades aba-
históricas, o Futurismo traduz logo nos seus primeiros ladas em profundidade por ela, milhões de pessoas estão
textos o grito de ruptura de uma classe que não deseja dispostas a acolher todas as doutrinas.”
mais pactuar com a estabilidade do sistema. Mas o grito RÉMOND, René. O século XX: de 1914 aos nossos dias. 9ª ed.
de ruptura é dado com os elementos e valores típicos São Paulo: Cultrix, 1993, pp. 103-104.
do mesmo grupo contestado. Os elementos “perigo”, Sobre o nazifascismo e as causas que ajudam a explicar
“velocidade”, “energia”, “audácia”, “revolta”, “bofeta- a adesão de alguns países ao fenômeno, analise as pro-
da”, “soco” – inicialmente propostos com a finalidade posições abaixo:
de traduzir o vitalismo antiburguês do Futurismo – serão
I. Na Espanha destaca-se a crise experienciada pelo
os mesmos, desenvolvidos, que levarão o movimento a
país, traduzida por greves gerais, e os movimentos
concluir no fascismo.
separatistas (basco e catalão), após a derrubada
(Sílvio Castro. Teoria e política do modernismo brasileiro.
Petrópolis: Vozes, 1979. p. 34 e 35) da monarquia e a proclamação da república. Insa-
tisfeitos, os setores ultraconservadores apoiaram
O líder do movimento futurista italiano e membro do a Falange, grupo fascista ultraconservador, e as
Partido Fascista, Filippo Tommaso Marinetti, em um de forças nacionalistas, chefiadas pelo general Fran-
seus manifestos defendeu a beleza da guerra, com suas cisco Franco. Estavam dadas as condições para a
“espirais de fumaça pairando sobre aldeias incendiá- emergência da Espanha fascista de Franco.
rias”, bem como “os perfumes e os odores de decom-
posição”. A valorização da guerra era também parte dos II. Derrotada na Primeira Guerra, economicamente
ideais do fascismo, que destruída e sujeita às imposições dos vitoriosos,
como o pagamento de indenizações, a Alemanha
A mobilizava o sentimento anticlerical da população enfrentou desordens sociais que se seguiram às
italiana para combater a autoridade da Igreja e do crises econômicas. Essas são razões que contribu-
papa, e convencê-la a submeter-se apenas à auto- íram para explicar a grande adesão da Alemanha
ridade de Mussolini, após os chamados “acordos de ao nazismo.
Latrão”.
III. Na França, o nacional-socialismo foi motivado pela
B reivindicava expansão territorial por todo o norte da tradição nacionalista, pangermista, antissemita do
África, virando a recomposição do antigo Mare Nos- país. Mas a principal explicação da sua adesão ao
trum ou Império Romano. fascismo deve-se à grave crise econômica pela
C estimulava a organização de legiões inspiradas no qual passava, desde o fim da Primeira Guerra, de-
Império Romano para enfrentar os opositores do vido às pesadas indenizações que teve de pagar
fascismo, especialmente os monarquistas e militan- aos vitoriosos.
tes de direita, no espírito de uma verdadeira cruza- IV. No caso da Itália, o quadro político, econômico e
da interna. social do país era bastante crítico no pós-guerra.
D combatia os países democráticos alegando que ape- Além da crise – marcada por milhares de mortos,
nas o regime fascista seria capaz de conferir paz e devastação de algumas regiões, estagnação da
prosperidade ao mundo, eliminando, ainda as mi- produção industrial e agrícola, inflação, etc. –, o
norias e os povos considerados inferiores, como ju- sentimento nacional foi duramente abalado pelo
deus, africanos, asiáticos e ibéricos. modo rude com que os aliados trataram o país,
E exaltava valores como virilidade, heroísmo e espíri- após a Primeira Guerra, exemplificado no Tratado
to de combate, estimulando a juventude a partici- de Versalhes.
par de forças paramilitares e demonstrações de sua
Assinale a alternativa correta.
fidelidade ao “Duce”, da qual foi exemplo a Marcha
sobre Roma. A Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
16| UDESC Para o historiador René Rémond, “entre 1919 e B Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
1939, dificilmente se encontrarão países que não tenham C Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
sido tentados pelo fascismo. Mas se alguns sucumbiram
D Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
a ele, outros lhe opuseram resistência. [...] Grosso modo,
podemos dizer que os êxitos do fascismo são proporcio- E Todas as afirmativas são verdadeiras.
228
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
17| PUCCAMP mais dez países, se tornou uma realidade irreversível.
Os antecedentes da União Europeia são assim, alguns
Uma família isolada mudava-se de suas terras. O
mais respeitáveis do que outros. Durante muito tem-
pai pedira dinheiro emprestado ao banco e agora o
po depois da tentativa de Carlos Magno de substituir
banco queria as terras. A companhia das terras quer
o império romano pelo seu, uma identidade europeia
tratores em vez de pequenas famílias nas terras. Se
se definia mais pelo que não era do que pelo que era:
esse trator produzisse os compridos sulcos em nos-
cristã e não muçulmana, civilizada em vez de bárbara
sa própria terra, a gente gostaria do trator, gostaria
(e, portanto, com o direito de subjugar e europeizar
dele como gostava das terras quando ainda eram da
os bárbaros – isto é, o resto do mundo).
gente. Mas esse trator faz duas coisas diferentes: tra-
(Luís Fernando Verissimo. O mundo é bárbaro.
ça sulcos nas terras e expulsa-nos dela. Não há quase Rio de Janeiro: Objetiva, 2008)
diferença entre trator e um tanque de guerra. Ambos
expulsam os homens que lhes barram o caminho, in- Em relação ao sonho de Hitler, a que o texto de Luís
timidando-os, ferindo-os. Fernando Veríssimo se refere, é correto afirmar que
(John Steinbeck. As vinhas da ira) A a criação do Segundo Reich e o Tratado de Frank-
(Heródoto Barbeiro, Bruna R. Cantele e Carlos A. Schneeberger. furt, que dava à Alemanha as ricas regiões da Al-
História: de olho no mundo do trabalho. São Paulo: Scipione, sácia e da Lorena, levou ao revanchismo francês
2004, p. 413) e à Segunda Guerra Mundial.
Com base no conhecimento histórico, é correto afir- B o sucesso econômico da Alemanha, sua expansão
mar que Steinbeck, em As vinhas da ira, trata dos colonial e seu exaltado internacionalismo fomen-
efeitos da taram o desejo do Führer de expandir o seu im-
pério e conquistar o “espaço vital”.
A Conquista do Oeste sobre as grandes proprie-
dades rurais no oeste americano e defende as C o ataque na maior base naval norte-americana
formas de exploração das grandes empresas pro- pelos alemães no Atlântico Sul foi produto da
prietárias de terras e capital. convicção estratégica de Hitler, que desejava des-
truir a frota americana ali estacionada.
B Grande Depressão sobre pequenas famílias de
fazendeiros do meio-oeste americano e ataca D a militarização do Terceiro Reich visava à expan-
os métodos industriais agrícolas e o poderio de são territorial, à conquista do “espaço vital”, que
grandes empresas e bancos. foi feita à custa de seus vizinhos e forjou o es-
topim da Segunda Guerra Mundial.
C Revolução Industrial sobre os trabalhadores do
meio rural da região sul norte-americana e do E a reivindicação europeia pela redivisão das áreas
desenvolvimento tecnológico que expulsava os coloniais na África e na Ásia aguçou a cobiça do
pequenos proprietários de terras. Terceiro Reich de conquistar domínios condizen-
tes com o crescimento e o poder alemão.
D Guerra de Secessão sobre os pequenos produto-
res agrícolas do oeste americano e critica as for-
mas de exploração da mão de obra que empobre-
cia as famílias dos fazendeiros.
E Primeira Guerra Mundial sobre as famílias de
camponeses da região norte-americana e conde-
na os meios utilizados pelos bancos nos emprés-
timos à produção agrícola familiar.
18| PUCCAMP
Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler, entre outros, so-
nharam com a pan-Europa que, com a inclusão de
229
SISTEMA DE ENSINO A360°
230
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Segura das possibilidades de expansão
territorial, a Alemanha nazista progressiva-
mente expandiu seu território em direção à
Áustria, sob a justificativa da união austro-
-germânica de Anschluss, a partir de 1934, foi
consolidada a anexação em 1938. Os alemães
reincorporaram a região do Sarre, em 1935,
e invadiram a Renânia, em 1936. A ambição
seguinte era a conquista do Sudetos, que fazia
fronteira com Alemanha, Áustria e República
Theca. Justificavam que a maior parte da po-
pulação da região possuía origem alemã de-
vendo a mesma, portanto, integrar o território Guernica (1937). A obra de Picasso retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola. Por
Pablo Picasso.
do Terceiro Reich.
Apesar de terminado a Primeira Guerra Mundial ao lado das potências da Entente, a Itália ficou insatisfeita com os ganhos
territoriais prometidos por Inglaterra e França que, em seu entendimento, foram irrisórios e não cumpridos plenamente. O
discurso de 1922 que legitimou a tomada do poder na Itália pelo fascista Benito Mussolini estava armado. Tentando recuperar
parte dos prejuízos, a Itália invadiu a Etiópia em 1935, sem que a França nada fizesse para impedi-la.
Essa movimentação na Europa demonstrava claramente que, a Liga das Nações não estava conseguindo evitar e interme-
diar os conflitos de interesses entre os países europeus, principalmente aqueles que envolviam as nações mais poderosas. A
corrida militarista entre as nações inconformadas com a hegemonia política e militar dos vencedores da Primeira Guerra Mun-
dial alimentava o discurso da guerra. Todavia, sob a justificativa de apaziguamento, as nações europeias assistiam aos avanços
territoriais de Alemanha e Itália sem fazer absolutamente nada.
Enquanto partidos nacionalistas emergiam na Europa, no Oriente, a violenta política expansionista japonesa prosseguia em
direção à China, sem maiores dificuldades. Em 1931, houve a consolidação da invasão da Manchúria e o avanço em direção às
ilhas do oceano Pacífico. A movimentação japonesa despertou a rivalidade com a URSS e outras potências ocidentais.
Mesmo preocupado com esses acontecimentos na Europa e na Ásia, os Estados Unidos preferiu manter uma política de
neutralidade frente aos fatos.
A eclosão da Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939), ao permitir o teste de novos armamentos e técnicas de guerra, foi uma
espécie de palco preparatório para o conflito subsequente. Hitler e Mussolini interviram nessa Guerra apoiando os nacionalis-
tas que, sob o comando do general Francisco Franco, derrotaram a República Socialista Espanhola, que lutando com o apoio da
URSS. Ao final, morreram 1 milhão de pessoas.
A participação de Alemanha e Itália no conflito es-
panhol permitiu a aproximação desses Estados que, em
1936, formaram a aliança denominada Eixo Berlim-Ro-
ma. A tensão provocada pelo Japão no Oriente, mais a
existência de interesses e de uma política expansionista
comum à dos países totalitários europeus, contribuiu
com sua união à Alemanha e Itália por meio da assi-
natura do Pacto Anti-Komintern, em um compromisso
de combate a expansão do comunismo internacional.
Formado estava o Eixo Berlim-Roma-Tóquio.
Diante da organização do Eixo e conhecendo as pre-
tensões alemãs sobre os Sudetos, Inglaterra e França se
reuniram com Alemanha e Itália, no intuito de evitar um
conflito direto com esses países e acabaram decidindo
pela permissão da almejada região, pelos nazistas. O
entendimento foi firmado no Acordo de Munique. To-
O Embaixador Visconde Kintomo Mushakoji, assessor de assuntos davia, exigiram que esses países não procedessem à
estrangeiros no Japão, e Joachim von Ribbentrop, representante da novas incursões territoriais sem o prévio conhecimento
Alemanha, assinam o Pacto Anti-Komintern, em 1936. Fotografia: Museu
Imperial da Guerra. franco-inglês.
231
SISTEMA DE ENSINO A360°
Entretanto, Inglaterra e França suspeitavam do interesse alemão sobre a região da Polônia. O motivo estava em sua com-
posição territorial, que havia, após a Primeira Guerra Mundial, incorporado parte do território da Alemanha, para assim, dar
origem ao famoso “corredor polonês”, sob determinação do Tratado de Versalhes, passando a permitir que esse país adquirisse
uma saída para o mar. A Alemanha não se conformava com a perda do Porto de Dantzig e começava a se preparar para uma
guerra de grandes proporções.
DINAMARCA
o LITUÂNIA
Mar do ltic
REINO Bá
UNIDO Norte Ma r Dantzig Königsberg
Prússia
Hamburgo Oriental
PAÍSES
BAIXOS R io
Ri V í s tula
Berlim o Od e r
R io R e R io
no
E lb
Varsóvia 52º N
Colônia
a
ALEMANHA POLÔNIA
Alemanha até 1933
BÉLGICA
Remilitarização (março/1936) LUX.
Sarre Praga
Território tcheco-eslovaco
anexado pela Hungria
Território tcheco-eslovaco bio ESLOVÁQUIA
nú
anexado pela Polônia FRANÇA Da
R io Viena Braslava
Anexações alemãs
Anschluss (13/3/1938) SUÍÇA ÁUSTRIA Budapeste
Sudetos (30/9/1938) HUNGRIA
Memel (março/1939)
Boêmia-Morávia (14/3/1939) 0 180 360
ITÁLIA
Dantzig (setembro/1939) km
12º L
Observe a disposição do “corredor polonês” (1939) e as anexações alemãs no mapa – Sarre (remilitarização, a partir de
1936), Renânia (1936), Áustria (1938), Sudetos (1938), Boêmia-Morávia (1939) e Memel (1939).
FASES DO CONFLITO
Apenas com a intenção de facilitar a compreensão di-
dática do conflito, dividimos o estudo da Segunda Guerra
Mundial levando em consideração duas fases de desen-
volvimento, as quais analisaremos, resumidamente, con-
siderando:
1ª fase (1939 – 1942): marcada pela estratégia
militar da blitzkrieg ou guerra-relâmpago, o Eixo
conseguiu a maior parte de suas vitórias em bata-
lhas e conquistas territoriais;
2ª fase (1942 – 1945): caracterizou-se pela con-
traofensiva bem-sucedida dos Aliados Sátira ao Pacto Ribbentrop-Molotov publicada pelo jornal "Mucha" (1939).
Reprodução internet.
232
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
O CONFLITO MUNDIAL E AS CONQUISTAS DO EIXO
Como anteriormente afirmamos, grandes coalizões militares compunham esse conflito mundial. De um lado, havia as
potências que compunham os Aliados, liderados por Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos. Do outro, o Eixo
composto por Itália, Alemanha e Japão. Geograficamente, a Guerra se concentrou na Europa, no Norte da África e nos países
do Oceano Pacífico. Todavia, antes de analisarmos a guerra em si, veremos de que forma ocorreu esse conflito.
Em 1º de setembro de 1939, Hitler invadiu o território polonês. Diante do compromisso público firmado, dois dias depois,
França e Inglaterra declararam guerra à Alemanha. Tinha início a Segunda Guerra Mundial. Utilizando a estratégia do blitzkrieg1
ou "guerra-relâmpago", os alemães venceram os poloneses e tomaram o território em duas semanas. Ainda neste momento,
a URSS apoderou-se do território polonês ao leste e, para a surpresa das potências europeias, manteve-se inicialmente neutra
no conflito, conforme estabelecido no Pacto Germano-Soviético.
Com a derrota da Polônia, os nazistas voltaram suas atenções para oeste europeu. Em um curto prazo, a Alemanha domi-
nou a Dinamarca, Noruega, Bélgica e Holanda, que nesse momento, o principal alvo militar alemão, no entanto, era a França
que, em junho de 1940, finalmente caiu sob o domínio do invasor. Apenas uma pequena parcela da população resistiu aos na-
zistas, o que ficou conhecido como Resistência Francesa. Após a rendição francesa, a Alemanha passou a controlar diretamente
o norte do território francês e a costa atlântica, além disso, instituiu uma espécie de governo "fantoche" pró-alemão ao sul
do país, na cidade de Vicky, sob a administração do marechal Philippe Pétain. Ficou estabelecido, ainda, que a França deveria:
Entregar todos os cidadãos judeus, de seu território, à Alemanha;
Reduzir o contingente de soldados a 100 mil homens;
Arcar com os gastos da ocupação alemã;
Impedir que a população abandonasse o país.
4° 2° 0° 2° 4° 6° 8° 10°
Dunquerque
Administração
Lille militar da Bélgica
50°
e Norte da França 50°
Luxemburgo:
anexado ao
Fron Eixo em 1942
teira
Nord
este
Região costeira militarizada Território anexado
("Muralha do Atlântico")
ao Eixo
Acesso restrito Paris Zona Fechada
Estrasburgo
Zona Ocupada
Reservada
48°
Brest para
Front. N
colonização
48°
Montoire Proibido o
Zona Norte retorno de
refugiados
HA DEM franceses
LIN AR
CA
DO
RA
46°
Vichy Zona
desmilitarizada
46°
(sede do
governo de facto) Lyon (50 km)
Grenoble
Bordeaux
Zona Livre Zona
ocupada
pela Itália
A partir de novembro de 1942:
Zona Sul Ocupação
italiana
44° 44°
Marselha
Bastia
Toulon
Ocupação
italiana
42°
(nov 42 - set 43) 42°
Ajaccio
0 (km) 250
0 (mi) 150
Projeção de Lambert-93 - RGF-93 datum
4° 2° 0° 2° 4° 6° 8° 10°
Ocupação alemã da França durante a Segunda Guerra Mundial. Autor: Eric Gaba
(Sting - fr:Sting) for original blanck map
Rama for zones / Portuguese translation: 2(L.L.K.)2
1 A blitzkrieg foi consistia em utilizar forças móveis, como veículos blindados e aviação (no caso da Alemanha a Luftwaffe), em ata-
ques rápidos. O efeito-surpresa era seu maior trunfo, no sentido de impedir ou dificultar a organização defensiva das forças inimi-
gas. Do mesmo modo, a violência dos ataques era uma das principais características da Guerra Relâmpago que objetivava destruir
todas linhas de comunicação, o poder aéreo e as principais indústrias dos inimigos. Desse modo, abria-se o efetivo caminho para a
invasão territorial.
233
SISTEMA DE ENSINO A360°
UNIÃO SOVIÉTICA
REINO
UNIDO ALEMANHA
EUROPA
FRANÇA ÁSIA MANCHÚRIA
OCEANO ITÁLIA
ATLÂNTICO CHINA JAPÃO Havaí
PÉRSIA
LÍBIA OCEANO
ARÁBIA ÍNDIA
BIRMÂNIA PACÍFICO
ÁFRICA
FILIPINAS
ABISSÍNIA
(ETIÓPIA)
INDONÉSIA
NOVA GUINÉ
OCEANO
Extensão máxima do domínio ÍNDICO
alemão e italiano
Extensão máxima do domínio
japonês AUSTRÁLIA
90º L
Disponível em: http://almanaquemilitar.com/?p=477.
Repare o mapa: ele demonstra o auge das conquistas territoriais do Eixo, até 1942. Acesso em 20 de Maio de 2015.
234
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A DERROTA DO EIXO E O FIM DA GUERRA
A entrada da União Soviética e dos Estados Unidos no conflito adqui-
riu um caráter verdadeiramente mundial.
Até meados de 1942, os países do Eixo obtiveram expressivas vitó-
rias, aspecto que, em parte, pode ser justificado pela antecipada organi-
zação dessas potências em relação ao conflito.
A partir de 1943, o promissor destino do Eixo começou a ruir. A pri-
meira frente de luta dos Aliados pode ser identificada com a ação da
União Soviética no que diz respeito a contenção do avanço alemão a
partir da Batalha de Stalingrado. Chegava ao fim a avassaladora expan-
são dos Estados Totalitários e, com a inversão da situação, o Exército sovi-
ético passou pressionar os nazistas fazendo com que recuassem de volta
a Alemanha.
Os russos forçando Hitler a engolir o amargo remédio
No Oriente, os norte-americanos obtiveram expressivas vitórias con- da derrota em Stalingrado.
Disponível em: https://chicomiranda.wordpress.
tra o Japão, a exemplo da importante e decisiva batalha aeronaval de com/2011/05/03/cartunismo-de-guerra-%E2%80%93-
Midway (1942). Nessa batalha, o Japão perdeu vários porta-aviões e ex- a-propaganda-engracada-%E2%80%93-parte-ii/#jp-
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pressivos pilotos navais, o que interferiu decisivamente em sua expansão
pelo Pacífico.
Enquanto isso, em 1943, os Aliados avançavam em direção ao norte
da África consagrando a segunda frente com a vitória na Batalha de El
Alamein, no Egito. Freava-se o avanço do Eixo na região e fortalecia-se o
controle dos Aliados sobre o Mediterrâneo. Com essa vitória, foi possível
o desembarque dos Aliados na Itália, que em pouco tempo, se rendeu,
bem como o prosseguimento do contra-ataque à Alemanha, a partir do
território italiano.
Encontrando dificuldades cada vez maiores para continuar no confli-
to, estava evidente que, a partir de 1944, o Eixo encontrava-se no limite
de sua resistência. Com o desembarque das forças anglo-inglesas na Nor- Os aviões SBD Dauntless, dos EUA, realizam
bombardeiros de mergulho sobre o cruzador japonês
mandia, no norte da França, em junho desse mesmo ano, a Alemanha foi Mikuma em chamas durante a Batalha de Midway.
obrigada a dividir suas tropas em duas frentes, dando início a terceira Fotografia: U.S. Navy; The original uploader was Palm
dogg at English Wikipedia, 2006-01-30 (first version);
frente. Essa invasão ficou conhecida como o Dia D. 2006-02-14 (last version).
235
SISTEMA DE ENSINO A360°
CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA
Mesmo com a derrota do Eixo, as perdas humanas e eco- A manchete de um jornal do exército americano anuncia a morte
de Hitler (1945). National Archives and Records Administration.
nômicas de Inglaterra e França eram consideráveis. Nunca na
história havia se visto um grau de destruição material tão ele-
vado como a destruição das cidades europeias e os ataques
nucleares no Japão.
236
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Em 2 de agosto de 1945 ocorreu a Conferência de
Potsdam. Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética
decidiram pela desmilitarização e desnazificação da Ale-
manha. Criaram o Tribunal de Nuremberg para julgar os
criminosos de guerra nazistas. A Alemanha foi dividida
em quatro zonas de ocupação (norte-americana, inglesa,
francesa e soviética). Posteriormente, em 1961, a zona
norte-americana, britânica e francesa originou a Alema-
nha Ocidental ou República Federal da Alemanha, ao
passo que, a Alemanha Oriental ou República Democrá-
tica Alemã permaneceu sobre o controle soviético. Ber-
lim, que estava situada na parte soviética, também foi
dividida em quatro zonas.
TEXTO COMPLEMENTAR
237
SISTEMA DE ENSINO A360°
A partir de 1938, o regime de Mussolini, imitando servilmente o de Hitler, promulgou suas próprias leis racistas.
Como a esposa do maior físico italiano, Enrico Fermi, era judia, ele também emigrou e seus colegas do Grupo de Roma o
seguiram.
Muitos desses emigrados foram para os Estados Unidos, pois o país possuía universidades e laboratórios muito bem
equipados, permitindo que os cientistas continuassem seus trabalhos em boas condições. Além disso, Albert Einstein
havia imigrado para lá em 1933, o que influenciou seus colegas. Assim, Teller, Wigner, Bethe, Franck, Szilard, Fermi, Segrè,
Ulman e Von Neumann desembarcaram, um por um, no Novo Mundo.
238
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
O documento foi assinado pelo próprio Albert Einstein e entregue a Roosevelt no dia 11 de outubro de 1939, cinco
semanas depois do início da guerra na Europa. A carta informava sobre a possibilidade de desenvolver a bomba atômica
e alertava sobre o suposto estado adiantado das pesquisas na Alemanha, pedindo, ao final, uma “ação rápida da parte
dos poderes públicos”.
Em resposta à carta, Roosevelt criou um comitê consultivo para o urânio que contaria com representantes do exército
e da marinha – todos americanos – e teria Szilard, Fermi, Teller, Wigner e Sachs como membros associados. Seria concedi-
da uma soma de 6 mil dólares para as pesquisas iniciais. Tudo isso era evidentemente simbólico e teria continuado assim
se o destino não tivesse seguido por outros caminhos.
ALERTA VERMELHO
Enquanto a comunidade de físicos exilados nos Estados Unidos
pressionava Roosevelt, um grupo de cientistas também alertava o
governo britânico. Em março de 1940, dois físicos nucleares exila-
dos na Inglaterra, Otto Frisch e Rudolf Peierls, enviaram ao conse-
lheiro científico do Ministério da Aviação britânico, sir Henry Tizard,
um memorando no qual mencionavam, pela primeira vez, a possi-
bilidade de construir uma super-bomba produzindo uma explosão
equivalente a mil toneladas de dinamite.
239
SISTEMA DE ENSINO A360°
Em agosto de 1941, Winston Churchill finalmente deu sinal verde ao programa atômico inglês, que a partir de então
recebeu o codinome de Tube Alloys. Contudo, a batalha do Atlântico estava no auge, e os meios materiais e financeiros
continuavam insuficientes para concluir um projeto de tamanha envergadura.
A solução viria de um membro do Maud Committee, o professor Marcus Oliphant. Em visita aos Estados Unidos al-
gumas semanas depois, esse físico australiano causou pânico nas altas esferas americanas ao assegurar que os alemães
empregavam recursos consideráveis para obter uma reação em cadeia, e que a Inglaterra corria o risco de ser incinerada
antes que seus próprios trabalhos pudessem frutificar. Disse-lhes que somente os Estados Unidos, com seus meios consi-
deráveis e seu território a salvo da guerra, seriam capazes de ter êxito. Entre os ouvintes, estava o físico Vannevar Bush,
diretor do Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento Científico, que supervisionava o comitê consultivo para o urânio.
Bush enviou dois físicos americanos para se informarem do estado dos trabalhos na Grã-Bretanha, e, no dia 9 de
outubro de 1941, ele explicou a situação ao presidente americano: “A vitória será de quem tiver a bomba primeiro”. Se
fossem os nazistas, a Grã-Bretanha seria riscada do mapa e os Estados Unidos deveriam capitular antes mesmo de entrar
na guerra. Desta vez, Roosevelt entendeu: era uma questão de vida ou morte. O presidente decidiu criar imediatamente
o Top Policy Group, um comitê restrito composto por ele mesmo, o vice-presidente Henry Wallace, o ministro da Guerra,
Henry Stimson, o chefe do estadomaior, George Marshall e os físicos Bush e James Bryant Conant. Nada de fazer econo-
mias: o programa gozaria de um fundo ilimitado. Dois dias depois, Roosevelt escrevia para Churchill propondo-lhe “uma
ação conjunta”.
Nessa nova etapa das pesquisas, os cientistas americanos e imigrados, que até então desenvolviam suas pesquisas
de modo isolado, deveriam coordenar seus trabalhos a fim de produzirem uma reação em cadeia controlada até julho
de 1942.
No dia 20 de junho de 1942, Roosevelt e Churchill reuniram-se em Hyde Park, Nova York. Os relatórios dos cientistas
indicavam que o princípio de uma reação em cadeia controlável estava definitivamente ao alcance dos pesquisadores. Os
dois líderes, então, selaram um acordo segundo o qual as usinas de produção seriam construídas nos Estados Unidos e os
ingleses instalariam um centro de pesquisas urânio-água pesada perto de Montreal.
AMEAÇA CLARA
Os Aliados corriam contra o relógio. Os serviços de informação britânicos haviam descoberto que as forças de ocu-
pação alemãs na Noruega exigiam que a produção de água pesada do complexo hidrelétrico de Vemork, na região de
Telemark, passasse de uma e meia para cinco toneladas por ano. A ameaça era clara e os Aliados decidiram destruir a
usina de Vemork.
240
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Toda a operação era coberta por um véu de segredo tão espesso que os próprios cientistas – todos eles usavam pseu-
dônimos – tinham dificuldades para se comunicar entre si. Suas famílias eram isoladas e os parlamentares e a maioria dos
membros do governo americano eram mantidos na mais completa ignorância do que se estava tramando.
O clima de segredo absoluto chegou a tal ponto que, em janeiro de 1943, os americanos suspenderam o intercâmbio
de informações com os britânicos. A decisão provocou a ira de Churchill e sete meses depois Roosevelt acabaria voltando
atrás: o estado adiantado das pesquisas na Alemanha provocava novamente sérias preocupações.
Há algum tempo Hitler referia-se a terríveis armas secretas em seus discursos, e os aviões de reconhecimento aliados
haviam detectado instalações equipadas com rampas de lançamento de foguetes na costa báltica e no norte da França.
Mais grave ainda: descobriu-se, no começo do verão de 1943, que os alemães haviam reativado a usina de Vemork, que
passara a produzir mais água pesada do que antes da sabotagem de fevereiro.
Tudo isso gerou uma onda de pânico em Londres e Washington. O próprio general Groves deduziu que Hitler estava
muito próximo de fabricar a bomba e persuadiu os chefes militares americanos a bombardear novamente Vemork. Novo
fracasso: as mil toneladas de bombas lançadas sobre a usina, em 16 de novembro de 1943, mataram 22 civis e causaram
danos insignificantes à instalação.
O revés na Noruega aumentou a tensão entre os Aliados, e uma descoberta dos serviços secretos britânicos deixou
americanos e ingleses ainda mais preocupados: na Copenhague ocupada pelos alemães, o dinamarquês Niels Bohr, Prê-
mio Nobel e amigo pessoal do rei Cristiano X, levava adiante suas pesquisas sobre a fissão nuclear auxiliado por pesqui-
sadores judeus refugiados que acolhera em seu instituto. A Gestapo o deixava trabalhar em paz, ele tinha discípulos ale-
mães, e físicos como Heisenberg ou Von Weiszäcker, que trabalhavam no programa nuclear alemão, vinham consultá-lo.
A pedido dos serviços secretos britânicos, seu eminente colega, sir James Chadwick conseguiu enviar-lhe um discreto
recado para que interrompesse suas atividades na Dinamarca e as continuasse na Grã-Bretanha, mas Bohr recusou o
convite, afirmando que seu dever era proteger a liberdade das instituições científicas e garantir a segurança dos cientistas
exilados.
241
SISTEMA DE ENSINO A360°
Perigosíssimos trabalhos seriam então levados adiante no instituto de pesquisa teórica de Copenhague. Os cientistas
do Projeto Manhattan eram alunos do primário em comparação com Niels Bohr, e ninguém duvidava que esse professor
dinamarquês seria capaz de dar aos alemães, de forma completamente involuntária, todos os elementos que ainda lhes
faltavam para finalizar a arma suprema.
O FATOR BOHR
Foi mais uma vez o fanatismo dos nazistas que salvaria os Aliados. Em agosto de 1943, as autoridades da ocupação
organizaram um golpe em Copenhague e o próprio rei Cristiano X ordenou a Niels Bohr que deixasse o país. Após uma
fuga via Suécia, Bohr chegou a Londres e os britânicos imediatamente encararam a difícil tarefa de convencer esse paci-
fista irredutível a participar do Projeto Manhattan.
No final de janeiro de 1944, a resistência norueguesa comunicou a Londres uma informação inesperada: após o bom-
bardeio de novembro, os alemães, julgando a usina de Vemork pouco segura, decidiram enviar todo seu equipamento
para a Alemanha. Assim, na manhã do dia 20 de fevereiro de 1944, a balsa que transportava para a Alemanha 39 contê-
ineres de água pesada e 184 tubos de eletrólise, foi sacudida por uma gigantesca explosão provocada pelos sabotadores
britânicos e afundou em quatro minutos. No dia seguinte, Washington e Londres suspiraram de alívio. Assim como em
Oak Ridge e Los Alamos, onde os cientistas americanos trabalhavam em ritmo acelerado, auxiliados por seus colegas
britânicos e físicos de 11 outras nacionalidades – entre os quais, um eminente professor dinamarquês dissimulado sob o
pseudônimo de Nicolas Baker.
Os Aliados, porém, ainda não estavam tranqüilos. Temiam que os nazistas respondessem ao desembarque na Nor-
mandia com um ataque nuclear. Mas suas preocupações eram infundadas: quando as tropas do general George Patton
ocuparam Estrasburgo em novembro de 1944, um destacamento responsável por averiguar qual era o real estágio das
pesquisas atômicas nazistas descobriu que os alemães estavam muito atrasados em relação aos americanos.
Os militares americanos chegaram a essa conclusão ao confiscar documentos que também indicavam a localização
dos centros de pesquisa nuclear alemães: Oranienburg, Heidelberg, Frankfurt e Haigerloch, que seriam todos ocupados
entre março e maio de 1945. Em Haigerloch, descobriu-se um reator em um subsolo: só lhe faltavam 700 litros de água
pesada para atingir sua massa crítica. Um a um, os físicos alemães foram presos: Hahn, Von Laue, Bethe, Gertner, Guer-
lach, Diebner, Von Weiszäcker e finalmente Heisenberg. Seu interrogatório confirmaria que a Alemanha nunca esteve em
condições de construir a bomba, e isso por pelo menos meia dúzia de razões: rivalidade entre as equipes, falta de água
pesada, destruições contínuas devido aos bombardeios, hostilidade tenaz de vários físicos em relação a Hitler e seu regi-
me, orçamento insuficiente, falta de pessoal, e principalmente, desinteresse do Führer, que não tinha entendido nada do
problema e mandara concentrar os trabalhos nos foguetes V1 e V2.
A partir de março de 1945, as informações obtidas na Alemanha começaram a se espalhar entre os cientistas de Los
Alamos. Alguns ficaram aliviados, outros consternados. Leo Szilard chegou a tentar convencer Roosevelt a desistir do
projeto de construir a bomba, mas já era tarde: o presidente morreu no dia 12 de abril de 1945, deixando para seu vice,
Harry Truman, o maior segredo dos Estados Unidos.
Quando chegou à Casa Branca,Truman foi surpreendido primeiro pela notícia de que seu país possuía uma bomba de
efeitos aterradores e, em seguida, que teria de decidir se ela deveria ou não ser usada na invasão do Japão. O novo presi-
dente ordenou imediatamente a criação de um comitê para discutir a questão, formado pela alta cúpula do governo, das
Forças Armadas e por três homens do Projeto Manhattan: Vannevar Bush, Karl Compton e James Conant. Outros quatro
físicos seriam consultados: Robert Oppenheimer, Enrico Fermi, Arthur Compton e Ernest Lawrence. No dia 1º de junho
de 1945 o comitê finalmente emitiu seu parecer: “A bomba será usada contra o Japão, o mais rapidamente possível”.
Sabemos o que veio depois.
GLOSSÁRIO
ÁGUA PESADA: A partir da água, a eletrólise permite obter hidrogênio destinado à fabricação de amoníaco. A água
pesada é um subproduto desse processo e serve como elemento “moderador” que desacelera os nêutrons emitidos
para quebrar o núcleo dos átomos de urânio.
242
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UERJ Os anos de 1941 e 1942 foram decisivos para o B Considerando a situação militar da Ásia Oriental em
desfecho da Segunda Guerra Mundial. meados de 1945, mencione uma crítica aos bom-
bardeios dessas duas cidades japonesas.
Resolução:
A O candidato poderá apresentar como argumento do
governo norte-americano, entre outros, o de que era
preciso empregar todos os recursos militares dispo-
níveis para garantir a rendição japonesa e abreviar
o conflito; o de que era necessário intimidar o inimi-
go e aos demais Estados por meio da demonstração
do poder destrutivo da nova arma; e que não se de-
veria depender do apoio militar da União Soviética
para derrotar o Japão.
B O candidato poderá mencionar o fato de as forças
Aliadas, às vésperas das duas explosões, encontra-
rem-se em esmagadora vantagem militar sobre as
tropas japonesas na Ásia Oriental.
243
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFRJ 03| UFRN Vinícius de Moraes, inspirado em acontecimentos
ocorridos em meados do século XX, escreveu o seguinte
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
poema:
(10.12.1948)
revelam a influência de documentos assemelhados, ela- E MOLHADOS. Secos & molhados. São Paulo: Continental, p 1973. 1 CD. Faixa 9.
(Série Dois Momentos).
borados no século XVIII.
A Relacione a proclamação da Declaração Universal Considerando o poema,
dos Direitos Humanos às experiências dos regimes A identifique o fato histórico que inspirou o poeta;
nazi-fascistas.
B explique a relação desse acontecimento com o con-
B Identifique uma declaração fundada em bases se- flito internacional que ocorria naquele momento
melhantes, elaborada na Europa do século XVIII. histórico;
02| UFG Leia o fragmento abaixo. C analise dois efeitos ambientais provocados por esse
acontecimento no local a que o poema faz referência.
Em janeiro de 1941, a sorte da Europa e do mundo pa-
recia selada. Só um cego e um surdo voluntário podia 04| UFMG Leia este texto:
duvidar do destino reservado aos judeus numa Europa
alemã. “A guerra estava no fim e Hiroshima permanecia intacta.
LEVI, Primo. A tabela periódica. Rio de Janeiro: A população acreditava que a cidade não seria bombar-
Relume-Dumará, 1994. p. 55. [Adaptado]. deada. Mas infelizmente no dia 6 de agosto, às 8 horas e
O texto acima se reporta a um acontecimento decisivo li- 15 minutos, um enorme cogumelo de fogo tomou conta
gado à Segunda guerra Mundial (1939-1945). Com base da cidade destruindo a vida de milhões de pessoas ino-
nessas informações, responda qual era o destino a que o centes... A cidade acabara e, com ela, toda a referência
autor se refere no texto e explique o princípio que legiti- de uma vida normal.”
mava esse destino. http://www.nisseychallenger.com/hiroshima.html. Acesso: 4 jun. 2007.
244
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
A partir dessa leitura e considerando outros conheci- A Identifique TRÊS países representados no cartaz e
mentos sobre o assunto, explique UM motivo que propiciou a constituição
1. INDIQUE e ANALISE duas razões para a escolha do dessa aliança.
Japão como alvo das bombas atômicas. B Caracterize DUAS ações que permitiram às potên-
Razão 1 cias aliadas assegurar a organização da paz após a
Guerra.
Razão 2
07| UERJ
2. ANALISE os desdobramentos do lançamento das
bombas atômicas sobre o Japão no contexto da
Guerra Fria.
245
SISTEMA DE ENSINO A360°
T ENEM E VESTIBULARES
01| ENEM As Brigadas Internacionais foram unidades de A capa da primeira edição norte-americana da revista do
combatentes formadas por voluntários de 53 naciona- Capitão América demonstra sua associação com a parti-
lidades dispostos a lutar em defesa da República espa- cipação dos Estados Unidos na luta contra
nhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias A a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial.
partes do mundo — incluindo 40 brasileiros — tenham
B os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial.
se incorporado a essas unidades. Apesar de coordena-
das pelos comunistas, as Brigadas contaram com mem- C o poder soviético, durante a Guerra Fria.
bros socialistas, liberais e de outras correntes político-i- D o movimento comunista, na Guerra do Vietnã.
deológicas. E o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.
SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento).
03| ENEM Os três tipos de poder representam três diversos ti-
A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso
pos de motivações: no poder tradicional, o motivo da obe-
na Europa na década de 1930. A perspectiva política co- diência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano;
mum que promoveu a mobilização descrita foi o(a) no poder racional, o motivo da obediência deriva da crença
A crítica ao stalinismo. na racionalidade do comportamento conforme a lei; no po-
der carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários
B combate ao fascismo. do chefe.
C rejeição ao federalismo. BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política.
246
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
05| ENEM A primeira metade do século XX foi marcada por B Ilustram o combate de japoneses e norte-america-
conflitos e processos que a inscreveram como um dos nos contra chineses e soviéticos, que tentavam es-
mais violentos períodos da história humana. tabelecer na região a hegemonia de Estados guiados
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos pela ideologia socialista.
conflitos ocorridos durante a primeira metade do século C Desembocam na explosão das bombas atômicas em
XX estão Hiroxima e Nagasaki, responsáveis pela vitória final
A a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo dos países Aliados sobre os países do Eixo e pela
e do totalitarismo. rendição incondicional de Alemanha e Japão.
B o enfraquecimento do império britânico, a Grande D Iniciam uma sequência de combates aéreos e na-
Depressão e a corrida nuclear. vais, dos quais participaram ativamente todos os
países envolvidos na Guerra, especialmente Alema-
C o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e
nha e Itàlia, empenhadas em defender as posições
a Revolução Cubana.
japonesas.
D a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o
expansionismo soviético. E Abrem espaço para a proliferação do islamismo, que
acabou por conquistar, por meio de revoluções po-
E a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unifica- pulares, o controle de Estados como o Paquistão, a
ção da Alemanha. Índia ou as Filipinas.
06| ENEM Os regimes totalitários da primeira metade do 08| FURG A Segunda Guerra foi uma decorrência da crise de
século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da 29, que colocou em risco os fundamentos do capitalismo
juventude em torno da defesa de ideias grandiosas para mundial. Um dos resultados deste conflito foi:
o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam
entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e A a derrota do nazi-fascismo, marcando o triunfo de
obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juve- um certo tipo de nacionalismo por toda a América
nis contribuíram para a implantação e a sustentação do Latina.
nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha
B o fortalecimento do comunismo como forma de go-
e Portugal.
verno por toda a América, uma decorrência da opo-
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se sição ao capitalismo.
A pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com C a aceleração da crise do neocolonialismo e as lutas
que enfrentavam os opositores ao regime.
de libertação nacional, devido ao enfraquecimento
B pelas propostas de conscientização da população das potências europeias.
acerca dos seus direitos como cidadãos.
D a crise econômica dos EUA, devido aos gastos de
C pela promoção de um modo de vida saudável, que guerra e à retração de seu parque industrial.
mostrava os jovens como exemplos a seguir.
E a confirmação da Europa como centro da política
D pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jo- mundial e da diplomacia de equilíbrio de poder.
vens idealistas e velhas lideranças conservadoras.
E pelos métodos políticos populistas e pela organiza- 09| PUC Relacione os locais destacados no mapa, represen-
ção de comícios multitudinários. tativos de episódios importantes da Segunda Guerra
Mundial, com os fatos correspondentes abaixo relacio-
07| PUC Às 6 da manhã, do dia 7 de dezembro de 1941, avi- nados.
ões japoneses bombardearam a base norte-americana
de Pearl Harbor, no Havaí. A ofensiva iniciava o avança
japonês que, oito meses depois, controlava parte signifi-
cativa do Oceano Pacifico.
Sobre os conflitos na Pacifico, durante a Segunda Guerra
Mundial, pode-se dizer que:
A Demonstram a instabilidade política do Pacifico e do
sudeste asiático, antes dominados principalmente
pela França e pela Inglaterra, e alvo, durante a Guer-
ra, de interesses norte-americanos e japoneses.
247
SISTEMA DE ENSINO A360°
( ) Desembarque dos aliados, em junho de 1944, para C à aliança militar ofensiva entre a Alemanha e a
invadir a Alemanha, conhecido como DIA D. URSS, que permitiu as operações conjuntas desses
países de ideologias opostas no leste europeu.
( ) Vitória americana imposta aos japoneses, em junho
de 1942. D ao pacto germano-soviético de não-agressão, pelo
qual interesses de natureza estratégica sobrepuse-
( ) Derrota alemã para o exército russo; o exército ale-
ram-se ao antagonismo ideológico.
mão, que se dizia invencível, retira-se destroçado.
E ao programa germano-soviético de integração eco-
( ) Bombardeio da aviação japonesa, em dezembro de nômica, pelo qual se superava o antagonismo ideo-
1941, a uma base naval, destruindo parte da frota lógico para fazer frente ao capital norte-americano
norte-americana. na Europa Oriental.
( ) Suicídio de Hitler, em abril de 1945, em um abrigo
da chancelaria; na mesma época, as tropas aliadas 11| UFAC Nos Estados Unidos da América do Norte, uma
ocupam a região. das mais poderosas nações do mundo, a década de 1950
foi marcada por um clima de "histeria" e medo, onde
A numeração correta dos fatos, de cima para baixo, é: a "hipocrisia, o conformismo e a mediocridade" impu-
a) 1 – 5 – 3 – 4 – 2 nham-se de forma rápida e, "quase completamente".
zados.
248
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente B
Assinale a alternativa que o analisa CORRETAMENTE: A ao chamado holocausto do povo palestino.
A Trata-se do final do conflito na Europa, caracteriza- B ao chamado holocausto do povo judeu.
do pela rendição italiana em 1943 e pelo desembar- C à Primeira Guerra Mundial e à política de Anschluss.
que aliado na Normandia em 1944. D à Segunda Guerra Mundial e à política de Anschluss.
B Demonstra a última ofensiva nazista na Europa Ociden- E ao terror retratado pelo palestino Levi ao ver seu
tal, frustrada pelo desembarque aliado na Normandia. povo sendo dominado pelos ingleses.
C Explicita os acordos de áreas de influência, definidos
depois da Conferência de Teerã em 1943 e finalmen- 17| UEL A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939–1945.
te ratificados pelo encontro de Yalta em 1945.
Sobre o tema assinale a alternativa INCORRETA:
D Demonstra a ofensiva militar aliada no Pacífico.
A Não teve a participação da Suécia e Portugal, assim
E Demonstra a última ofensiva italiana na Europa Oci-
como a Suíça, cujas neutralidades foram respeitadas
dental, antes de sua rendição aos aliados em 1943.
pelos beligerantes.
14| UFMG Observe a charge. B A invasão alemã da Rússia, denominada “Operação
Barbarossa”, fez com que esse país tivesse o maior
número de mortos no conflito, em torno de 20 mi-
lhões de pessoas.
C Quando o Brasil entrou no conflito, internamente
existia o modelo político direitista chamado Estado
Novo.
D Quando Estados Unidos e Japão chocaram-se mili-
tarmente, houve a mundialização do conflito.
E Ao final da luta, irrompeu em todo o mundo a doen-
ça conhecida como “Gripe Espanhola”, responsável
pela morte de milhões de pessoas.
249
C CLIMATOLOGIA
HIDROGRAFIA
A palavra hidrologia está relacionada com o estudo da água, sua origem, sua distribuição, seus estados físicos da matéria,
seu comportamento, sua importância, sua influência no meio físico natural e na sociedade, seus principais usos e à contamina-
ção dos recursos hídricos.
A teoria que defende que toda a água
do nosso planeta era de origem extrater-
restre, que a cerca de 4,5 bilhões de anos,
quando a terra estava se formando, ela
foi bombardeada por meteoros e meteo-
ritos que colidiram antes da solidificação
da crosta terrestre e que esses corpos
trouxeram toda água existente no nosso
planeta além de micro-organismos que
deram origem à vida, foi enfraquecida.
Isso ocorreu por conta de dados co-
lhidos na missão Rosetta do cometa 67P/
Churyumov-Gerasimenko que passou
pela Terra, por conta de substâncias pre-
sentes na água do cometa, ele possui mais
Deutério1 cerca de 0,053%, enquanto os
padrões encontrados no nosso planeta é
de 0,017% a diferença parece pequena,
mas tal diferença colocou em “xeque” a Desgaseificação da água da crosta terrestre em área geotérmica, no Parque Nacional de
Geysir, Islândia.
origem extraterrestre da água, colocando
mais um ponto de interrogação na origem desse recurso tão importante. O que podemos afirmar é que vinda do espaço ou
não, no nosso planeta a origem da água ocorre por meio de “desgaseificação”, ou seja, liberação de gás de materiais líquidos ou
sólidos. Tal processo iniciou com o resfriamento da crosta do planeta e atua até hoje!
Distribuição de água
doce no planeta
2,5%
Água Salgada
Geleiras Água subterrânea Atmosfera e
Água doce
super cie
69,5% 30,1% 0,4%
97,5%
250
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
ESTADOS LÍQUIDOS DA ÁGUA
A água é encontrada no nosso planeta graças à gravidade. No entanto, ela é encontrada nos três estados físicos da matéria
(sólido, líquido e gasoso). É importante ressaltar que a distribuição latitudinal da água no globo é fundamental para determinar
o estado físico. A mudança do estado físico ocorre com a variação de pressão e de temperatura.
solidificação liquefação
(condensação)
sublimação
Redução de temperatura e de pressão
CICLO HIDROGEOLÓGICO
251
SISTEMA DE ENSINO A360°
Aqui há toda a formação geológica com capacidade de armazenamento de água no país. O Brasil possui uma capacidade
de armazenamento de água subterrânea. Temos a presença no nosso território de aquíferos, os dois maiores são: o Guarani e
o Alter do Chão.
AP
AQUÍFERO
ALTER DO CHÃO
AM PA
BRASIL
AQUÍFERO
GUARANI
PARAGUAI
ARGENTINA
URUGUAI
Como dizia o poeta Ovídio (43-17 a.C) “Poucos rios surgem de grandes nascentes, mas muitos crescem recolhendo filetes
de água.” A grande maioria dos rios “nascem” em filetes de água, em regiões com altimetria maior que em todo o seu curso. Se
a origem da nascente for exclusivamente do regime de chuva esse rio é chamado de pluvial. Se a origem for exclusivamente de
neve é chamado de nival. Caso esse rio tenha sua nascente associada exclusivamente ao derretimento de geleiras é chamado
de glacial.
Caso o rio tenha mais de uma origem ele é chamado de misto ou complexo. Uma nomenclatura bastante usada como
referencial é montante e jusante. Montante significa lugar acima. Estou na montante do rio no alto curso dele, ou próximo à
nascente, já a jusante é quando estou no baixo curso do rio ou próximo da foz. A região de maior profundidade do rio é cha-
mada de Talvegue.
Cabeceira
Nascimento
Afluentes
Reservatório
Encurvamento Cachoeiras
Meandro
abalndonado
Meandros
alto
Foz Curso
mé dio
Curso
Delta
baixo
Curso
http://professoralexeinowatzki.webnode.com.br/hidrologia/aguas-superficiais-rios-/
252
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
Os rios possuem canais fluviais de acordo com a configuração de relevo, clima e solo no qual eles se encontram, sobretudo
o relevo.
Re líneo
Meandrante
Anastomosado
Barros
Entrelaçado
http://aquafluxus.com.br/?p=4899
Quanto mais acentuado ou maior a altimentria do relevo no qual o rio está, maior vai ser a energia potencial gravitacional.
Isso faz com que sua energia cinética seja alta do momento em que há o deslocamento de água no canal do rio, portanto esse
rio será mais retilíneo.
Os canais meandrantes são formados em regiões mais planas, nas quais se tem pouca energia potencial gravitacional, por-
tanto a energia cinética é menor, o que faz com que o escoamento das águas seja sinuoso.
253
SISTEMA DE ENSINO A360°
Canal Anastomosado são rios de canais múltiplos. Esse tipo de rio é comum em regiões de morros e colinas. Nessa catego-
ria,os canais se dividem e se entrelaçam, constituindo um rio sem canal principal.
http://aquafluxus.com.br/?p=4899
Rios perenes são rios que mesmo no período de seca não secam. Já os intermitentes ou temporários, são rios que durante
o período de estiagem acabam secando.
BACIAS HIDROGRÁFICAS
Rede de drenagem são canais conectados (rios afluentes) a um canal principal ou rio principal. O interflúvio - região mais
alta de um relevo serve como um divisor de água de uma bacia hidrográfica.
Nascente
Afluente
da margem
direita
Afluente da
margem
esquerda
Oceano Rio
principal
Foz
Toda extensão territorial de influência física natural no entorno do rio principal e seus afluentes é chamada de bacia hidro-
gráfica.
254
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
O território brasileiro é privilegiado devido à sua riqueza em recursos hídricos, possuindo a maior bacia hidrográfica do
mundo, a macro bacia hidrográfica amazônica. Além dessa bacia, o Brasil possui oito macro bacias hidrográficas.
ranco
Rio
Tucuruí
Rio U
Ilha de Equador
Tro
Rio Negro
Rio B
Marajó
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Rio Japurá
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Rio Amazonas
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Rio Solimões
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Ilha do Hidr. de
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Bananal
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Rio Paraguaçu Paulo Afonso
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pa
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nem
pricórnio Hidr.
Ri
Trópico de Ca a
de Itaipu Rio Iguaçu Bacia Amazônica
Cataratas Bacia do Toca ns-Araguaia
do Iguaçu Bacia do São Francisco
OCEANO
i
ua
Bacia do Paraná
ug
Rio Jacuí
PACÍFICO
Ur
Bacia do Paraguai
o
Ri
Bacia do Uruguai
N Bacia do Sudeste
Bacias
Bacia do Leste secundárias
Escala Bacia do Nordeste
0 370 km
A bacia hidrográfica Amazônica drena 56% do território brasileiro e é delimitada pelas Cordilheiras dos Andes, pelos planal-
tos das Guianas e Central. Tem sua nascente no Peru ao entrar no território brasileiro, sendo lá chamada de Solimões até en-
contrar com o rio Negro, a partir daí é chamado de rio Amazonas. A grande maioria dos seus afluentes é oriunda dos planaltos,
portanto possui uma capacidade de geração de energia muito grande, tal como as usinas de Jirau, Usina Santo Antônio do rio
Madeira e a Usina de São Luiz de Tapajós.
A bacia hidrográfica Tocantins- Araguaia, drena cerca de 11% do território brasileiro. Nessa bacia está a maior ilha fluvial do
mundo, a ilha do Bananal, no sudoeste do estado do Tocantins. Os rios navegáveis da bacia são usados para o escoamento dos
grãos produzidos. No que se refere ao setor de geração de energia, a bacia possui a usina de Tucuruí no Pará.
255
SISTEMA DE ENSINO A360°
A bacia hidrográfica do rio São Francisco drena cerca de 7,5% do território. Há a presença de muitos rios intermitentes e
utilização dos rios para irrigação.
Na bacia hidrográfica do Paraná, com altíssimo potencial energético há mais de 16 usinas hidrelétricas, com destaque para
a usina de Itaipu que é a segunda maior do mundo. Ela está localizada no rio Paraná divisa com o Brasil e Paraguai e foi constru-
ída pelos dois países entre os anos de 1975 a 1982.
A bacia hidrográfica do Paraguai é a grande responsável pelo abastecimento de cheias do bioma pantanal. Um grave pro-
blema ambiental que afeta a bacia hidrográfica, é o assoreamento resultante do desmatamento do bioma cerrado, localizado
no planalto central, interflúvio da bacia.
A bacia do rio Parnaíba drena 3,9% do território brasileiro e é a segunda mais importante do nordeste. É uma bacia de
pequena vazão e de rios intermitentes.
256
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
Apesar das leis ambientais existentes no país, a contaminação dos recursos hídricos é algo tido como “natural” nos grandes
centros urbanos. A situação é extremamente crítica, pois ela coloca em xeque a biodiversidade aquática e diminui a quantidade
de água potável disponível para o consumo.
ESTRESSE HÍDRICO
É caracterizado como estresse hídrico quando o número de habitantes (demanda) é maior que a oferta do recurso. Vários
lugares do planeta estão passando por essa situação hídrica. A falta de acesso à água potável deixa os países mais pobres ou mar-
cados por histórico de conflitos militares, instabilidades políticas e sociais, como no caso dos países do Oriente Médio e África.
A situação de estresse hídrico no Brasil, sempre foi recorrente na região nordeste do país. No entanto, nos anos de 2014 e
2015 a situação foi vivida na região sudeste. O principal sistema de abastecimento da maior cidade do país chegou a utilizar o
volume considerado morto, devido aos baixos níveis das represas do sistema Cantareira no estado de São Paulo. A população
começou um racionamento de água, sendo abastecida com o recurso uma ou duas vezes por semana em algumas regiões do
estado.
Tal situação chegou a esse nível em grande parte, por falta de planejamento governamental.
257
SISTEMA DE ENSINO A360°
TEXTO COMPLEMENTAR
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UNESP A figura representa o ciclo hidrológico. Descreva o ciclo hidrológico a partir da precipitação, in-
Circulação atmosférica Energia solar: dicando a energia que o move, e aponte as diferenças
calor entre o ciclo hidrológico lento e o rápido.
Vapor de água
subterrânea
transpiração da vegetação.
Á do
da
Litosfera Fluidos
ua
Água hidrotermais
lga
Água em rochas
ág
do mar
3. Infi ltração da água no solo e escoamento superfi cial
ce
metamórficas
rfa
e ígneas
te
da água.
In
258
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
A energia solar é a responsável pelo ciclo da dinâmica O mapa acima destaca seis importantes bacias hidro-
externa. gráficas do mundo.
Quanto à diferença entre os ciclos rápido e lento, ob-
serva-se que a água do ciclo lento se refere a que está A Identifique a bacia localizada no hemisfério seten-
contida nas camadas mais profundas das rochas (me- trional, densamente povoada e cuja população se
tamórficas e ígneas) subindo para a atmosfera por dedica, majoritariamente, às atividades do setor
meio de fluidos hidrotermais ou gases vulcânicos (com primário.
participação do CO2). Já no ciclo rápido, a água circula
nas partes superficiais da rocha, geralmente solo, enca- B Explique a importância da bacia Amazônica para a
minhando-se rapidamente para as águas superficiais e economia da Região Norte do Brasil.
para a vegetação, evaporando (ou evapotranspirando),
por intermédio da energia solar, que é o processo básico Resolução:
para pôr em movimento o mecanismo.
A Das bacias apresentadas no mapa, a que possui es-
sas características é a bacia do Ganges.
02| UFRJ Bacia hidrográfica, ou bacia de drenagem, é uma
“área da superfície terrestre definida topograficamente B A importância econômica da Bacia Amazônica para
por um rio principal e seus tributários que drena água, se- a Região Norte é que seus rios constituem via histó-
dimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum.” rica de penetração e de ocupação das terras; via de
(Adaptado de Ana Luisa Coelho Netto, 2001) circulação de bens e pessoas, via de escoamento das
riquezas naturais; via de transporte de mercadorias
(grãos, minérios, etc.) para os mercados externos à
região; fonte de água para o consumo e produção
de energia elétrica; fonte de alimentos e recursos
para as populações ribeirinhas.
Mississipi Danúbio
Ganges
Amazonas Congo
Paraná-Paraguai
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFC Os rios são correntes naturais de água doce, Brasil - Uso dos Recursos Hídricos
com canais definidos e fluxos perenes ou intermi-
tentes que desembocam nos oceanos, lagos ou em
outros rios. Nessa condição, os rios realizam ações
de transformação das paisagens e têm grande im- Consumo Urbano
portância social. Captação
B Aponte três situações de uso dos rios pela sociedade. Países da OCDE - Uso dos Recursos Hídricos
C Aponte a maior e mais importante bacia hidrográfi-
ca do Ceará e nomeie os dois maiores açudes nela
localizados.
Consumo Urbano
c.I. Bacia hidrográfica: Captação
259
SISTEMA DE ENSINO A360°
Explique a diferença entre o padrão brasileiro de uso dos O problema da escassez de água para consumo humano
recursos hídricos e o dos países membros da OCDE, con- tem motivado avaliações quasesempre pessimistas. A es-
siderando a relação entre o consumo urbano e a capta- cassez da água pode provocar muitos conflitos que podem
ção de água bruta. ocorrer ao longo do século XXI. Tendo em vista o exposto,
A identifique o continente que tem maiores proble-
03| FUVEST Considere os mapas abaixo e seus conhecimen- mas de escassez hídrica no mundo;
tos para responder.
B apresente uma consequência decorrente da escas-
USO DA ÁGUA EM RELAÇÃO AO TOTAL DISPONÍVEL sez de água potável em várias cidades dospaíses em
Mapa A - 1995 desenvolvimento.
necessária para que se atinjam metas de desenvolvi- Com base no texto e nas figuras, explique a falta de água
mento humano mais exigentes. no Sistema Cantareira e descreva dois componentes ge-
Relatório do Desenvolvimento Humano. ONU, 2006, p. 27.
ográficos que influenciam nesse problema.
260
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
06| UEL Analise o mapa, a foto e leia os textos a seguir. Após estiagem de 20 horas, volta a chover em Londrina
Até as 15 horas de quarta, já choveu 264,6 milímetros na
cidade.
O número é mais de três vezes maior que a média pre-
vista para todo o mês de junho, de 87 milímetros.
(Jornal de Londrina, 21 jun. 2012, ano 23, n.7172.)
Disponi-
área população
Região hidrográfica bilidade
(%) (%)
hídrica (%)
1-Amazônica 45,1 4,9 81,0
2-Tocantins -
10,9 4,3 6,0
Araguaia
3-Parnaíba 4,0 2,1 0,4
4-São Francisco 7,5 7,4 2,1
(Adaptado de: <http://www.portalsaofrancisco.com
.br/alfa/baciashidrográficas/ imagens/bacia-hidrografica-2jpg>. Acesso em: 7 set. 2012.) 5-Paraguai 4,4 1,1 0,9
A O Brasil apresenta um cenário hídrico privilegiado. 6-Paraná 10,1 32,7 6,4
Dispõe de um dos maiores complexos hidrográ- 7-Uruguai 2,1 2,1 0,6
ficos superficiais, com aproximadamente 8% de 8-Atlântico
toda água doce que está na superfície do planeta, 3,5 12,5 0,1
Nordeste Oriental
e subterrâneos, como os aquíferos Guarani e Alter
do Chão, conforme o mapa ao lado. Possui a maior 9-Atlântico
3,1 3,1 0,3
bacia fluvial do mundo, a Amazônica. Somente o Nordeste Ocidental
rio Amazonas deságua no mar um quinto de toda 10-Atlântico Leste 4,5 8,1 0,3
a água doce que é despejada nos oceanos; apesar 11-Atlântico
da abundância desse recurso natural no cenário 2,5 14,7 1,2
Sudeste
hídrico brasileiro, os órgãos governamentais e não
governamentais têm intensificado sua preocupação 12-Atântico Sul 2,3 7,0 0,7
com relação à sua qualidade e quantidade. Apon-
te três motivos dessa preocupação e enumere três
ações que poderiam ser implantadas para assegu-
rar a qualidade e a quantidade da água destinada
ao abastecimento da sociedade e dos ecossistemas
1 9
naturais. 8
3
B A foto e a manchete do jornal, a seguir, apresentam 2
a ocorrência de enchentes nos últimos anos em Lon-
drina.Cite três alterações ambientais causadas pelo 4 10
processo de urbanização sobre o solo de uma bacia
hidrográfica. 5
6
11
7 12
(Disponível em: <http://molinacuritiba.blogspot.com.
261
SISTEMA DE ENSINO A360°
A a partir dos dados apresentados, faça um contra- armazenamento da maior parte da água doce disponí-
ponto entre a região hidrográfica brasileira com vel para o consumo humano. No Estado de São Paulo,
maior disponibilidade hídrica e a região hidrográfica por exemplo, os aquíferos têm importância significativa,
com maior população. pois abastecem quase metade do território estadual.
(Adaptado de As águas subterrâneas do Estado de São Paulo.
B considerando conhecimentos geográficos sobre o Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente.
uso dos recursos hídricos no território brasileiro, São Paulo: Instituto Geológico, 2012, p. 5.)
indique duas regiões hidrográficas onde a pressão
sobre os recursos hídricos seja muito elevada, apon- A O que é um aquífero e qual o seu processo natural
tando dois fatores que justifiquem essa pressão. de formação?
08| UNICAMP A água utilizada para os mais diversos fins B Explique como as águas superficiais (rios, lagos, la-
não provém apenas dos reservatórios aquáticos que se goas, etc.) relacionam-se com as águas dos aquífe-
podem ver (rios, lagos, lagoas, etc.), mas também fazem ros e aponte um tipo de atividade econômica que
parte dos recursos hídricos os aquíferos, importantes faz intenso uso das águas do Aquífero Guarani, es-
reservatórios subterrâneos que são responsáveis pelo pecialmente nos períodos de estiagem.
T ENEM E VESTIBULARES
01| ENEM Os dois principais rios que alimentavam o Mar A impedir a perfuração de poços.
de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram o nível e o
B coibir o uso pelo setor residencial.
volume do mar por muitos séculos. Entretanto, o pro-
jeto de estabelecer e expandir a produção de algodão C substituir as leis ambientais vigentes.
irrigado aumentou a dependência de várias repúblicas
D reduzir o contingente populacional na área.
da Ásia Central da irrigação e monocultura. O aumento
da demanda resultou no desvio crescente de água para E introduzir a gestão participativa entre os municí-
a irrigação, acarretando redução drástica do volume de pios.
tributários do Mar de Aral. Foi criado na Ásia Central um
novo deserto, com mais de 5 milhões de hectares, como 03| ESPM Observe o texto e os mapas que seguem: Respon-
resultado da redução em volume. sável por 12% das reservas de água doce disponíveis no
TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, 2003. mundo, o Brasil possui oito principais bacias hidrográ-
A intensa interferência humana na região descrita provo- ficas, distribuídas desigualmente em seu território. En-
cou o surgimento de uma área desértica em decorrência da quanto 70% do volume da água brasileira se concentra
na ______________, um volume inferior a 5% das reser-
A erosão.
vas estão na região Nordeste do País. Tal divisão dificulta
B salinização. o acesso nacional à água tratada e exige ainda mais de
C laterização. cada estado nos cuidados com o recurso natural.
Fonte: Governo Federal, 2009.
D compactação.
E sedimentação.
02| ENEM
VENEZUELA SURINAME GUIANA FRANCESA
COLÔMBIA GUIANA
RR AP
• A extensão super cial do Aquífero alter do Chão é
menor a do Guarani, mas maior volume de água
• Dados preliminares apontam um volume de água
AM
AQUÍFERO ALTER DO CHÃO A C E
superior a 86 mil km3 no Aquífero Alter do Chão. PA MA CE
A capacidade do Aquífero Guarani gira em torno de RN
3
45 mil Km . BRASIL PI
PB
PE
AC TO AL
RO SE
MT BA
262
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
A bacia hidrográfica que preenche o espaço no texto Essa notícia permite concluir que
está representada pela letra:
A o rio São Francisco encontra-se no momento da va-
A A zante, pois se trata de um rio em uma área tropical
marcado por uma estação chuvosa e por uma esta-
B B
ção seca.
C C
B mesmo que a estiagem esteja se estendendo, o
D D principal fator da crise do rio São Francisco nesse
momento é o armazenamento de água em suas re-
E E
presas, sendo, portanto, uma causa humana.
04| UEFS Com relação às bacias fluviais brasileiras e sua uti- C o projeto de transposição de águas no rio São Fran-
lização econômica, é correto afirmar: cisco pode ser realmente útil nesse momento, pois
A A bacia hidrográfica do Amazonas, a maior do mun- esta é uma maneira de trazer para o rio águas de
do, está localizada em ampla região de planaltos, outras localidades.
possui mais de 30 000km de rios navegáveis, com D o fato de a nascente do rio São Francisco estar seca
destaque para a hidrovia do rio Xingu, que liga Porto nesse momento vai afetar toda a área da bacia des-
Velho a Manaus. se rio, pois, por maior que um rio seja, sua fonte
B A bacia do Parnaíba é a região hídrica mais impor- principal de água é sua nascente.
tante do Nordeste Oriental, concentrando grande E com a nascente seca, o rio São Francisco só conse-
atividade agroindustrial no seu baixo curso. gue se manter como rio perene graças à água arma-
C A bacia hidrográfica do São Francisco domina am- zenada nos vários represamentos, caso contrário ele
plas áreas do Estado de Minas Gerais e de vários es- já seria um rio temporário.
tados nordestinos, sobressaindo-se economicamen-
06| UEL Observe a figura a seguir:
te com a moderna hidrovia Pirapora Xique-Xique.
D A bacia do rio Paraguai compreende terras do Brasil Bahia
e demais países platinos, percorre um imenso pla- Minas Gerais
Gerais
Goiás
nalto e detém grande aproveitamento hidrelétrico.
0 metros
metr
1 Sedimento São Paulo
Paulo 3
Aquí ro Bauru
Aquífe
400 metros
metr
E O rio Paraná nasce da junção dos rios Paranaíba e Depósito de Basalto
(lava dura)
Grande, abrange uma das áreas com o maior desen-
1000 metros
metr Aqu
ífer ní
2
o ara
Gu
volvimento econômico do país, com destaque para
seu aproveitamento hídrico. 4
Nascente do rio São Francisco está seca pela primeira vez O termo aquífero Guarani foi proposto em maio de 1996,
(In O POVO online, http://www.opovo.com.br/app/opovo/ brasil/ 2014/09/24/ numa reunião de pesquisadores de universidades de vá-
noticiasjornalbrasil,3319509/ nascente-do-rio-sao-francisco-esta-seca-pela-primeiravez. rios países, em Curitiba, como uma forma de unificar a
shtml, acesso 12/10/2014)
nomenclatura de um sistema aquífero comum a todos
eles, e em homenagem à nação dos índios guaranis, que
habitavam a área de sua abrangência.
Sobre esse aquífero, considere as afirmativas a seguir:
I. As rochas do Guarani constituem-se de um pacote
de camadas arenosas depositadas na bacia geoló-
gica do Paraná, entre 245 e 144 milhões de anos. A
espessura das camadas varia de 50 a800 metros, es-
tando situadas em profundidades que podem atin-
gir até 1800 metros. Em decorrência do gradiente
geotérmico, as águas do aquífero podem alcançar
temperaturas relativamente elevadas, em geral en-
tre 50 e 85°C.
263
SISTEMA DE ENSINO A360°
II. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai partilham des- Para o aproveitamento máximo do potencial de geração
se imenso reservatório e não devem enfrentar difi- de energia hidrelétrica, na lógica do planejamento go-
culdades para abastecimento populacional ou para vernamental, deve-se utilizar a bacia hidrográfica repre-
outros usos da água. Entretanto, devem regulamen- sentada em
tar o acesso a ela para que não ocorra sua conta-
minação nem o esgotamento dos recursos hídricos. A 1.
Daí a necessidade de aprofundar estudos que ana-
B 2.
lisem a hidrogeologia do aquífero, para estabelecer
adequada gestão dos recursos hídricos. C 3.
III. Embora as reservas de água subterrânea estejam D 4.
em uso em diversas localidades, não existe uma es-
trutura organizada para a gestão dos recursos hídri- E 5.
cos do Sistema. Especula-se que o uso desequilibra-
do possa afetar a dinâmica da oferta de água. Por 08| FAC. DIREITO DE FRANCA
isso, é fundamental conhecer o arranjo institucional Escala no Equador Boa Vista
Rio X
vulcânicas, como um corpo poroso contínuo no qual
ingu
ocorre água. Essa regularidade leva à definição de
um recipiente único de água subterrânea que deve Porto velho
A Somente as afirmativas I e II são corretas. A bacia hidrográfica do Rio Amazonas se beneficia da in-
B Somente as afirmativas II e IV são corretas. tensa pluviosidade da região Norte do país, por isso ela
é uma rede de drenagem muito densa, constituindo-se
C Somente as afirmativas III e IV são corretas.
no maior sistema fluvial da Terra. Sobre essa bacia pode
D Somente as afirmativas I, II e III são corretas. ser dito que
E Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. A parte grande dos rios da bacia não é navegável em
razão da escassez de água no período da vazante e
07| CEFET Considere o cartograma abaixo. do excesso de águas no período das cheias.
B a bacia amazônica é a maior bacia do mundo, e tam-
bém, a maior bacia hidrográfica contida exclusiva-
mente no território nacional.
1 C uma bacia como a amazônica é constituída por gran-
2 des rios, mas o rio principal é aquele de que direta
ou indiretamente todos os outros são tributários.
3 D apesar das estações marcadas na área da bacia
amazônica, nenhuma outra bacia do mundo contém
tanta água, em função da pluviosidade imensa no
4 verão.
E a imensa floresta existente na zona da bacia é res-
5
ponsável pela dificuldade de navegação dos rios,
pois isso aumenta o volume de sedimentos nos rios.
Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 09| IFSC
Editora Ática: São Paulo, 2009. (Adaptado)
264
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS, DA vou à importação de água de outros estados, assim
como de países do Cone Sul.
SUPERFÍCIE E DA POPULAÇÃO NO PAÍS (EM %)
B social e demográfica, já que políticas públicas de in-
Recursos centivo às migrações, na última década, promove-
Região Superfície População
Hídricos ram o crescimento desordenado da população em
Norte 68,50 45,30 6,98 áreas que seriam destinadas a represas e outros re-
servatórios de água.
Centro-
15,70 18,80 6,41
Oeste C climática e pedológica, pois as altas temperaturas
Sul 6,50 6,80 15,05 durante o ano provocaram a formação de chuva áci-
da e a consequente laterização dos solos.
Sudeste 6,00 10,80 42,65
D econômica e jurídica, levando-se em conta a flexibi-
Nordeste 3,30 18,30 28,91
lidade da legislação vigente em relação a desmata-
Total 100 100 100 mentos em áreas de nascente para implantação de
Disponível em: http://www.daescs.sp.gov.br/index.asp? atividades industriais e agrícolas.
dados=ensina&ensi=brasil. Acesso: 13 ago. 2014.
E ecológica e política, posto que a reposição de água
Considerando os dados apresentados no quadro acima, dos reservatórios depende de fatores naturais, as-
assinale a alternativa CORRETA. sim como do planejamento governamental sobre o
uso desse recurso.
A Não há relação entre o crescimento populacional e
o consumo de água, considerando-se que água é um 11| UCS O Brasil, apesar de possuir bacias hidrográficas im-
recurso renovável. portantes em todas as regiões, vem dando atenção à
B Infere-se do quadro acima que as maiores concen- questão da água, em virtude da sistemática deteriora-
trações de recursos hídricos estão no complexo re- ção dos recursos hídricos e da crescente escassez desses
gional da Nordeste, onde é registrada a maior con- recursos. No tocante a esse tema, assinale a alternativa
centração populacional do Brasil. que se relaciona a esta problemática ambiental.
C Nas regiões Sul e Sudeste, para suprir a carência dos A A degradação dos recursos hídricos, em especial
recursos hídricos, uma das alternativas é substituir das águas subterrâneas, é ocasionada pela poluição,
as hidroelétricas pelas termoelétricas, geradas a oriunda principalmente dos esgotos domésticos e
partir do carvão mineral, considerado fonte renová- dos rejeitos das práticas de aviação.
vel de energia como a água. B O esgoto urbano é o locus dos depósitos oriundos
D As maiores concentrações populacionais do Brasil das residências, empresas e indústrias, principal
encontram-se nas regiões, distantes dos grandes poluidor dos rios; entretanto, no caso do Rio Tietê,
rios brasileiros, como o rio Amazonas. que atravessa a região metropolitana de São Paulo,
a situação é crítica somente em virtude do regime
E Os dados apresentados no quadro 1 indicam que o de chuvas que é escasso na região.
Brasil é privilegiado no que diz respeito à quantida-
de de água, considerando-se que sua distribuição é C Ter rede de esgoto não significa que se está evitan-
uniforme em todo território nacional. do a poluição, pois canalizar e não tratar os efluen-
tes jogados nos rios apenas leva para mais distante,
10| FUVEST As perspectivas ficaram mais pessimistas por- a poluição produzida nas áreas urbanas e rurais.
que a seca atual do Sistema Cantareira é mais crítica que
a de 1953, até então a pior da história e que servia de D O país é rico em rios, de drenagem endorreica, a
parâmetro para os técnicos dos governos estadual e fe- maioria perene, porém alguns rios são temporários.
Estes estão, em sua maioria, compondo as bacias hi-
deral.
drográficas da região Nordeste do Brasil.
O Estado de S. Paulo, 17/03/2014. Adaptado.
E O tratamento dos rios poluídos se dá também por
Acerca da crise hídrica apontada no texto acima e vivida conta do desperdício de água, pois se esse recurso
pela cidade de São Paulo e pela Região Metropolitana, é fosse utilizado de modo controlado não haveria essa
correto afirmar que a situação apresentada é de nature- necessidade, pois o ciclo da água naturalmente eli-
za, entre outras, mina as impurezas.
A geográfica e geopolítica, dado que a grave crise no 12| UFPR O Brasil apresenta uma situação confortável, em
abastecimento experimentada por essa região le- termos globais, quanto aos recursos hídricos. A disponi-
265
SISTEMA DE ENSINO A360°
bilidade hídrica per capita, determinada a partir de va- ficas representadas com os números 1, 2, 3 e 4, respec-
lores totalizados para o País, indica uma situação satis- tivamente.
fatória [...]. Entretanto, apesar desse aparente conforto,
A Paraguai, São Francisco, Paraná e Jacuí.
existe uma distribuição espacial desigual dos recursos
hídricos no território brasileiro. [...] O conhecimento B Paraguai, Paraná, São Francisco e Uruguai.
da distribuição espacial da precipitação e, consequen-
C Paraná, Madeira-Mamoré, São Francisco e Jacuí.
temente, o da oferta de água, é de fundamental im-
portância para determinar o balanço hídrico nas bacias D Paraná, São Francisco, Araguaia-Tocantins e Uru-
brasileiras. guai.
http://arquivos.ana.gov.br/institucional/spr/conjuntura/webSite_relatorio
E Paraná, Araguaia-Tocantins, São Francisco e Uru-
Conjuntura/projeto/index.html., p.37. Acesso em 09 set. 2014 guai.
Sobre o uso, gestão e disponibilidade dos recursos hídri-
cos no país, assinale a alternativa INCORRETA. 14| UEFS A transposição das águas do rio São Francisco, no
Brasil, tem gerado discussões e suscitado paixões. Co-
A A disponibilidade espacial dos recursos hídricos nhecido como o rio da integração nacional, ele despeja
pode variar em função da sazonalidade, haja vista a no oceano Atlântico dois mil e seiscentos metros cúbicos
diferença da precipitação, segundo os meses do ano de água por segundo, o equivalente a três barragens do
e as regiões brasileiras. Sobradinho por ano.
B A região hidrográfica do rio São Francisco tem como Entre os aspectos positivos da transposição das águas do
característica os menores índices de precipitação do rio, segundo especialistas, encontra-se
Brasil, enquanto na região hidrográfica da Amazônia
são observados os maiores índices de precipitação. A o declínio do êxodo rural em razão da eliminação
das secas cíclicas.
C Uma das características do sistema de abastecimen-
to de água para consumo humano no Brasil é a pre- B uma melhor distribuição de renda em virtude da di-
ponderância do uso dos mananciais superficiais. minuição do preço dos alimentos.
D Há uma forte relação entre cobertura vegetal e C o aumento das precipitações, em função da modifi-
água, pois o desmatamento pode provocar aumen- cação do microclima.
to do escoamento superficial e redução da infiltra- D a redução do transporte fluvial, em decorrência da
ção, o que pode alterar o ciclo hidrológico. construção de grande número de eclusas.
E Os problemas de abastecimento de água observa- E a melhoria da qualidade das águas, contribuindo
dos no Brasil são consequências de alterações da para a redução das doenças endêmicas.
sazonalidade das chuvas causadas pelas mudanças
climáticas globais, e do aumento da demanda. 15| UEFS Sobre a questão hídrica, no Brasil, é correto afirmar:
13| IFRS Observe o mapa abaixo das bacias hidrográficas A A Região Norte apresenta o maior déficit hídrico do
brasileiras: país.
B A escassez de água no Nordeste é, tão somente,
atribuída às características geoambientais específi-
cas da região.
C A agricultura irrigada corresponde ao setor econô-
2
mico que menos consome água, pois é praticada
apenas no Sertão nordestino.
3
D A eutrofização, que leva à morte de animais e plan-
1
tas, pela falta de oxigênio e luz, comprometendo a
qualidade da água, é um dos fenômenos que mais
expõe os mananciais.
4
E O maior reservatório subterrâneo de água doce não
poluída do planeta está localizado na porção ociden-
Disponível em http://www.mapasparacolorir.com.br/mapabrasil. tal do Brasil, onde a densidade demográfica é alta,
php Acesso em: 22 set. 2013. mas o dinamismo econômico, incipiente.
Assinale a alternativa que apresenta as bacias hidrográ- 16| UEFS A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre
266
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente C
outras características, solo, pois o uso da água de rios aumenta a evapora-
ção dos sais existentes no solo.
A predomínio de rios com baixo potencial hidráulico e
drenagem endorreica. B a rápida urbanização e as mudanças climáticas ali-
viam a pressão por esse recurso e fazem a distribui-
B predomínio de foz em delta e, no sul do país, lagos
ção ocorrer de maneira igual no tempo e no espaço.
de origem tectônica e de grande profundidade.
C o Aquífero Guarani, que fica exclusivamente em ter-
C rios com regime de alimentação pluvial, drenagem
ritório brasileiro, tem capacidade plena para abaste-
exorreica e, predominantemente, de planalto.
cer as cinco regiões do país.
D ocorrência de rios intermitentes, além dos domínios
D a água é um solvente importante nos laboratórios,
do semiárido, e baixo potencial hidrelétrico no Sul e
nas indústrias e na agricultura e, nesta última, os
Sudeste do país.
fertilizantes NPK são dissolvidos e levados como nu-
E presença de rios autóctones em todos os ecossis- trientes às plantas.
temas e ocorrência de regime nival, sobretudo nas
E a água é um solvente apolar, por isso dissolve princi-
elevadas altitudes do Norte do país.
palmente os compostos que apresentam caracterís-
ticas polares.
17| FATEC Por que cooperação pela água?
18| UFG Leia o texto a seguir.
[...]
Pensei que seguindo o rio
eu jamais me perderia:
ele é o caminho mais certo,
de todos o melhor guia.
Mas como segui-lo agora
que interrompeu a descida?
Vejo que o Capibaribe,
como os rios lá de cima,
é tão pobre que nem sempre
A água é essencial para a vida no planeta e para o de- pode cumprir sua sina
senvolvimento socioeconômico, porém é um recurso li- e no verão também corta,
mitado e distribuído de maneira desigual no tempo e no com pernas que não caminham.
espaço.
[…]
Por isso, foi criada a campanha “Water Cooperation MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Recife:
2013”, que abrange o Ano Internacional de Cooperação Fundaj, Editora Massangana, 2009. p. 14. (Adaptado).
pela Água e o Dia Mundial da Água 2013. No trecho do poema, o retirante faz alusão a uma ca-
Essa campanha visa sensibilizar a sociedade sobre os racterística comum a vários cursos d'água que drenam o
sertão nordestino, que os diferencia em relação ao pa-
potenciais da cooperação pela água e seus desafios e
drão mais comum no território brasileiro. Essa caracte-
facilitar o diálogo entre os atores, promovendo soluções rística compreende a
inovadoras que favoreçam a cooperação pela água.
A velocidade do fluxo das águas nas terras altas.
(ambiente.sp.gov.br/acontece/2013-ano-internacional-de-cooperacao-pela-agua/ Acesso em:
04.04.2013. Adaptado)
B perenidade do fluxo das águas durante todo o ano.
A demanda pela água tem crescido para satisfazer os C intermitência do fluxo das águas na estiagem.
mais diversos tipos de necessidades humanas. Sobre a
D exogenia do fluxo das águas em direção ao mar.
água e seu uso, é correto afirmar que
E endogenia do fluxo das águas em direção ao inte-
A a constante irrigação promove a dessalinização do
rior.
267
D POPULAÇÃO
População é o conjunto de habitantes (pessoas) de uma determinada área. O ser humano sempre foi nômade, depois
passou a ser sedentário e fixou moradia no território durante o período neolítico. Todavia, o deslocamento de indivíduos não
cessou. E nessa primeira parte desse capítulo será abordado justamente isso, os fluxos e os porquês desse deslocamento.
MIGRAÇÃO
Podemos conceituar de maneira bem simples a migração, como o deslocamento populacional sobre o espaço. É necessário
entender os motivos que levam a esse processo e também as características de cada deslocamento.
SHUTERSTOCK
Os principais motivos são: conflitos religiosos, conflitos e perseguições (políticas, ideológicas e psicológicas), desastres na-
turais, fome, subnutrição e a busca por melhores condições financeiras e de infraestrutura. Tais movimentos podem ser classifi-
cados como voluntário (quando é livre, espontâneo) forçado (trabalho escravo ou perseguição de qualquer espécie) controlado
(quando o estado controla o fluxo).
Uma nomenclatura utilizada para se referir ao indivíduo que está saindo é emigrante, e quando se refere à chegada do
indivíduo no seu destino é usado o termo imigrante.
A origem e o destino também dão traços importantes para a caracterização do fluxo migratório. Os principais fluxos são:
Êxodo rural (migração campo- cidade) se refere à saída do indivíduo do campo para cidade.
Migração Pendular – esse tipo de migração é comum em regiões metropolitanas ou em regiões onde exista uma cidade
polarizadora. O indivíduo reside em um município X e se desloca diariamente ou com certa periodicidade para outro município
Y e retorna no mesmo dia para o município X.
Migração Intra regional - quando o indivíduo se desloca dentro da mesma região.
Migração regional - quando o indivíduo se desloca para outra região.
Migração sazonal ou temporária - quando o indivíduo se desloca para uma dada localidade por uma temporada, já com
uma data predeterminada de retorno.
Migração internacional - quando o indivíduo vai para outro país.
Migração de retorno - quando o indivíduo se desloca para uma dada localidade, estabelece sua vida e retorna para seu
ponto de partida.
268
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
TEORIAS DA POPULAÇÃO
Os estudos da dinâmica populacional não são recentes, os gregos já observavam essa dinâmica. Após o processo de in-
dustrialização, houve um crescimento populacional muito grande no qual as três mais importantes teorias da população foram
desenvolvidas após esse período de crescimento, são elas: Teoria Malthusiana, Teria Neomalthusiana e a Teoria reformista.
A teoria Malthusiana, proposta Thomas Robert Malthus no livro “Ensaio Sobre a População”, obra de 1798, na qual ele
afirmava que: a população crescia em progressão geométrica e que ela dobraria a cada 25 anos. Enquanto isso, a produção
de alimentos cresceria em progressão aritmética. Tais fatos justificariam a desigualdade e fome de parte da população. Pelo
fato de ser pastor anglicano, Malthus adotou como solução um controle de natalidade, no qual as pessoas só poderiam ter um
filho. A teoria de Malthus foi derrubada, pois o ritmo de crescimento diminuiu e a produção de alimentos aumentou, devido à
modernização das técnicas e das tecnologias de produção.
A teoria Neomathusiana foi proposta na conferência de São Francisco nos Estados Unidos no ano de 1945, na qual os
países desenvolvidos apontaram os motivos para a fome e desigualdade nos países de 3° mundo (nomenclatura utilizada para
os países capitalistas não desenvolvidos e industrializados, atuais países em via de desenvolvimento), a conclusão foi que isso,
era devido à sua população absoluta ser muito grande. A elevada taxa de natalidade, ou seja, a numerosa população era o
motivo da pobreza, pois tais países tinham que investir muito na saúde, na educação e não sobraria recurso para investimentos
em tecnologia, na agricultura e na indústria alimentícia. Além do fato de que uma numerosa população faz com que os índices
como renda per Capita, sejam menores nesses países. A proposta como solução era um forte controle de natalidade, utilização
de anticoncepcionais e programas de controle familiar para diminuir a taxa de natalidade.
Teoria reformista- Também foi criada na conferência de São Francisco, teoria proposta pelos países de 3° mundo (não
desenvolvidos) e é uma oposição à teoria Neomalthusiana. A população numerosa e jovem não é o problema. O problema é
socioeconômico, pois a falta de investimento nos setores sociais como educação e saúde, faz com que essa população tenha
níveis de pobreza e fome tão altos. Assim, a população não consegue se qualificar e a desigualdade tende aumentar.
POPULAÇÃO DO MUNDO
A população mundo já está próximo de 7,3 bilhões de pessoas nos quais 50,4% dessa população é masculina, segundo
o http://countrymeters.info/pt/World, que contabiliza a população do mundo em tempo real. Apesar de o número ser tão
expressivo, o crescimento vegetativo (crescimento vegetativo = taxa de natalidade – taxa de mortalidade) em algumas regiões
do mundo é negativo. No entanto, em outras o número é muito alto, existe uma concentração demográfica populacional em
dadas regiões do mundo.
No mapa é perceptível a concentração populacional em países como Índia e China no sudeste asiático. A distribuição lati-
tudinalmente e longitudinalmente também é concentrada, assim como retratam os dois mapas a seguir.
269
SISTEMA DE ENSINO A360°
Apesar de a população alcançar esse número, a ONU afirma que o crescimento da população mundial veio caindo de 2,1%
em 1970 para 1,1% em 2012. Isso está relacionado com a inserção da mulher no mercado de trabalho, o que faz com que a taxa
de fecundidade diminua. Nos anos 1970 a média de filhos era de seis por mulher e hoje a média mal chega a dois. O uso de an-
ticoncepcionais, alto custo de criação de um filho e o avanço da medicina também contribuíram para essa redução. Entretanto,
esse ritmo é desigual, pois os países em via de desenvolvimento apresentam um ritmo ainda muito acelerado de crescimento
populacional, enquanto nos países desenvolvidos esse ritmo é bem menor. Tais fatos podem ser analisados na pirâmide etária.
A pirâmide etária é um gráfico que retrata os números relativos e absolutos de habitantes por sexo e faixa etária de uma
dada região. Pode-se observar também, a taxa de natalidade e a expectativa de vida.
A pirâmide da esquerda é de um continente com características de subdesenvolvimento, portanto tem uma base da pirâ-
mide larga por conta da alta taxa de natalidade e um topo fino, pois apresenta uma pequena quantidade de população idosa,
270
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
porque a expectativa de vida é baixa. Já a pirâmide da direita, é de um continente com características de desenvolvido, ela se
apresenta bastante diferente da esquerda. A base é curta, o que significa que a taxa de natalidade é baixa e o topo é bem mais
largo, o que significa que a expectativa de vida é maior.
POPULAÇÃO BRASILEIRA
“O Brasil é um verdadeiro caldeirão étnico”. Falar em formação da estrutura populacional brasileira é tratar da heterogenei-
dade da população. Desde os portugueses e dos europeus (holandeses, franceses, espanhóis) que chegaram ao território bra-
sileiro no século XV e encontraram os autóctones (índios), começou uma mistura genética e cultural. É de extrema importância
lembrar que a chegada dos portugueses causou um verdadeiro etnocídio e quase um genocídio. Números exatos de quantos
índios existiam no território brasileiro são muito imprecisos, todavia houve quase uma unanimidade entres os pesquisadores
do massacre sobre os povos indígenas. No século XVI até o XIX a chegada de africanos “apimentou” ainda mais esse caldeirão.
No final do XIX e início do XX, chegaram mais europeus italianos, alemães e também os asiáticos e japoneses.
A população brasileira se configurou e reconfigurou durante os séculos e passou de uma estrutura rural, para uma estru-
tura urbana. Com o processo de industrialização e modernização do campo, o êxodo rural gerou um crescimento populacional
urbano.
http://www.brasildefato.com.br/node/12787
Nesse período, houve também um fluxo regional muito grande da região nordeste para a região sudeste, por conta da
concentração industrial.
http://sesi.webensino.com.br/sistema/webensino/aulas/repository_data/SESIeduca/ENS_MED/ENS_MED_F02_GEO/644_GEO_ENS_MED_02_03/investigando_caminhos.html
No final do século XX, houve o processo de migração de retorno para o nordeste e a consolidação da região centro-oeste,
por ser uma área de atração populacional.
271
SISTEMA DE ENSINO A360°
Dentre outras mudanças que ocorreram no final do século XX e início do XXI, uma que se destaca é a transição demográfi-
ca. No início da segunda metade do século, o ritmo de crescimento era de quase 3 % ao ano, o que faria com que a população
dobrasse em apenas 25 anos, mas no final da primeira década desse século o ritmo de crescimento era de 0,8 % ao ano, o que
faria com que a população dobrasse a cada 87 anos.
30
20
10
Crescimento demográfico
0
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA Regime
Regime demográfico
demográfico Primeira fase Segunda fase moderno
tradicional Redução da mortalidade Redução da natalidade
estabilizado
Crescimento acelerado Crescimento moderado
http://www.mundoeducacao.com/geografia/transicao-demografica.htm
O Brasil em 2050
90 a 94 anos
Nesse momento a soma dos não pertencentes à PEA- População Economicamente Ativa é menor dos que pertencem, isso
dá a possibilidade de crescimento econômico, porém é uma situação preocupante para o futuro.
NO BRASIL, A PROPORÇÃO
É DE 2,4 PESSOAS E A GENTE TINHA
ECONOMICAMENTE
QUE PEGAR JUSTO
ESSE AQUI!
272
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
TEXTO COMPLEMENTAR
Na semana passada, o Papa Francisco recomendou aos fiéis que não se reproduzam como coelhos, e se referiu ao
que chamou de paternidade responsável. Em Portugal, que é um país de maioria católica, é o governo quem incentiva os
casais a terem mais filhos.
Uma cena cada vez mais comum nas cidades do interior de Portugal: ruas quase vazias e uma população envelhecida.
Portugal está com a mais baixa taxa de natalidade da União Europeia. No ano passado, o número de nascimentos foi a me-
tade do que era há 35 anos. Alguns estudos apontam que a população pode ser reduzida em 20% nos próximos 40 anos.
Portugal está encolhendo. Há vários anos há mais mortes do que nascimentos. Mais portugueses deixam o país, do
que novos imigrantes chegam. E essa situação de esvaziamento é mais dramática ainda em cidades do interior, como
Pampilhosa da Serra. Por isso, apesar de toda a crise, os programas de incentivo à natalidade estão sendo ampliados. Os
governos oferecem mais dinheiro para os portugueses se animarem e ter mais filhos.
O sonho de consumo das cidades do interior de Portugal é uma sala de aula cheia de crianças. Mas está cada vez mais
difícil e caro conseguir. Em Pampilhosa da Serra, há uma espécie de ‘bolsa bebê’. Prêmio equivalente a R$ 4,5 mil, para o
primeiro e segundo filho, e 5 mil euros, cerca de R$ 15 mil, para quantos tiver a partir do terceiro.
O casal José e Belmira, já estão no quarto filho. É o maior programa de incentivo de Portugal. O prefeito diz que já
gastou 150 mil euros e no ano passado conseguiu incentivar 30 casais.
“Este incentivo faz com certeza que aconteça aquele ‘click’ no momento em que o casal está na dúvida se vai ou não
ter mais um filho”, diz José Brito, prefeito de Pampilhosa da Serra.
O dinheiro do ‘bolsa bebê’ só pode ser gasto na cidade e com artigos para a criança.
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UNESP Analise o mapa anamórfico. Explique essa representação cartográfica e mencione dois
exemplos de regiões geográficas mundiais com maiores e
Mortalidade infantil
dois com menores taxas de mortalidade infantil.
(Dados de 2002 que computam a morte no primeiro
ano de vida) Resolução:
A representação cartográfica é denominada anamorfose.
Ela mostra a intensidade da ocorrência de um fenômeno ge-
ográfico em determinada área. No caso dessa anamorfose,
o fenômeno em questão é o da taxa de mortalidade infantil
no mundo. A observação do fenômeno em questão permite
que se conclua, por exemplo, que as maiores taxas de mor-
talidade infantil ocorrem no continente africano e no Sul e
Sudeste asiáticos; as menores taxas de mortalidade infantil
(www.worldmapper.org) ocorrem na Europa e na América Anglo-Saxônica.
273
SISTEMA DE ENSINO A360°
02| UFC Os fluxos migratórios são fenômenos antigos e bas- pastos e a grande especulação imobiliária são também
tante complexos que envolvem pessoas de países, re- as causas dafuga da população do campo para a cidade.
giões e cidades de diferentes culturas e classes sociais. b.II. – Já os fatores de atração populacional dizem res-
Os motivos que levam as pessoas a se deslocarem são peitoà oferta de emprego gerada por algumas ati vida-
diversos e têm gerado consequências positivas e negati- des na construção civil e na indústria presente nosgran-
vas no campo e na cidade. Na perspectiva de entender des centros urbanos; à oferta de serviços, mesmo que
os fluxos migratórios, a Geografia trabalha com alguns temporários, na construção de rodovias,ferrovias, usinas
conceitos e relaciona alguns fatores que explicam tal fe- hidrelétricas, tanto no campo como na cidade. No que
nômeno. Sobre estes conceitos e fatores, faça o que se se refere à região Norte doBrasil, destaca-se o fl uxo de
pede a seguir. pessoas atraídas pelo garimpo, pela extração de madei-
ras e borracha epelas indústrias de mineração. Nessa
A Defina:
região, nas últi mas décadas do século XX, assiste-se à
a.I. êxodo rural: ampliação da fronteira agrícola ao sul de seus limites
a.II. migração pendular: territoriais, o que tem atraído grandes empresasagríco-
las de outras regiões. Os atrativos das cidades, veicula-
B Cite: dos pela mídia sobre uma população quecada vez mais
b.I. dois fatores de repulsão populacional. perde suas raízes com a terra, também contribuem para
o êxodo rural. Ao mesmo tempoem que o campo expul-
b.II. dois fatores de atração populacional. sa, a cidade atrai.
C Apresente: Item c) c.I. – Podemos considerar, como consequências-
c.I. uma consequência positiva ocasionada pelo des- positi vas ocasionadas pelo deslocamento das pessoas, a
locamento das pessoas no Nordeste brasileiro. oportunidade de trocar suas experiências favorecendo
assim o enriquecimento cultural por meio da troca de
c.II. uma consequência negativa ocasionada pelo valores através dos contatos, a possibilidade de sucesso
deslocamento das pessoas no Nordeste brasileiro. na vida profissional favorecido pela oportunidade de es-
D Indique dois fatores que explicam o crescimento po- tudos nos diversosníveis de ensino (fundamental, médio
pulacional de Fortaleza entre 1950 e 1960. e superior) e melhores condições de moradia em fun-
ção daacessibilidade aos serviços como água, energia e
Resolução: saneamento básico. c.II. – São várias asconsequências
Comentário: negati vas ocasionados pelo deslocamento das pessoas
de seu lugar de origem para outro.Quanto ao Nordeste
Item a) a.I. – O êxodo rural é a migração das pessoas brasileiro, podemos citar a perda da identidade do indi-
que moram no campo para a cidade. Vários são os moti - víduo causada pela ruptura com seu lugar de origem,
vos que levam a população rural a migrar para a cidade, ou seja, o distanciamento físico nas relações familiares
dentre estes sedestacam as oportunidades de melho- e de amizades, assim como pelo abandono das imagens
ria de vida, como a oferta de empregos, o acesso aos dos lugares que marcam o coti diano das pessoas:bair-
serviços deeducação, assistência médica, saneamento, ros, ruas, povoados etc. Outra consequência diz respeito
eletricidade. Contribuem também para o êxodo rural as- à condição de forasteiro, de estranho, e à necessidade
secas periódicas, as geadas e a questão agrária, como de integração com o novo espaço físico e social. A po-
a concentração fundiária, a mecanização daagricultura. pulação nordesti na, em algunscasos, sofre preconceito
a.II. – A migração pendular é o deslocamento diário de regional. Mais uma consequência é a discriminação
uma população entre municípios. Esse fl uxo de pessoas decorrente dos modos de falar e de vestir, do gosto
ocorre nas regiões metropolitanas, onde há uma forte musical etc. As condições de moradia dessa população
integração socioeconômica entre os municípios. Trata-se que migra paraas grandes cidades são precárias, pois
de um movimento diário de pessoas entre o local demo- poucos são os que conseguem moradia digna. Muitos
radia e o local de trabalho. Nesse movimento há o uso moramnas periferias dos grandes centros urbanos, onde
intenso dos meios de transporte coleti vo. faltam serviços básicos, como assistência à saúde, co-
leta de lixo, esgotamento sanitário, pavimentação das
Item b) b.I. – Podemos destacar, como fatores de repul- ruas, entre outros.
são populacional, a estagnação econômica das áreas de
repulsão, a concentração fundiária, que gera confl itos Item d) – O crescimentopopulacional de Fortaleza entre
nestas áreas, as catástrofes naturais, como as secas peri- os anos de 1950 e 1960 está inti mamente vinculado às
ódicas e as geadas, a ausência de serviços educacionais migrações provocadas pelas secas periódicas que ocor-
de boa qualidade. A ampliação das relações capitalistas rem no interior do estado do Ceará e à estrutura fun-
no campo, que desestrutura as anti gas relaçõestradicio- diária calcada na grande propriedade. A população de
nais de trabalho (a parceria, o arrendamento etc.), a me- Fortaleza entre 1940 e 1950 era de 89.984habitantes e,
canização da agricultura, a substituição da lavoura por de 1950 a 1960, passou para 244.649 habitantes.
274
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UERJ 2013 - POPULAÇÃO TOTAL: 198 043 320
20
0
1,2 0 1,2
Em milhões
Idade
H M
80
Mapa 3
a parr de 1990
60
64% da
população
total
40
20
0
1,2 0 1,2
Em milhões
PEA *projeção
A largura das setas é proporcional ao número de migran- Com base nas informações acima e em seus conheci-
tes em cada fluxo. mentos, atenda ao que se pede.
Adaptado de sesi.webensino.com.br. A Na atualidade, o Brasil encontra‐se no período de-
Identifique, no conjunto dos três mapas, a macrorregião nominado “janela demográfica”. Caracterize esse
do país com os maiores fluxos emigratórios e a macror- período.
região com os maiores fluxos imigratórios. Em seguida, B Analise a pirâmide etária de 2050 e cite duas medi-
indique um fator de atração e um de repulsão para o das que poderão ser tomadas pelo governo brasi-
fluxo da região Sul para as regiões Norte e Centro-Oeste, leiro para garantir o bem‐estar da população nesse
observado no mapa 3. contexto demográfico. Explique.
0
1,2 0 1,2 Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/
Em milhões
03/01/o-bonus-demografi co/>. Acesso em: 28 jul. 2013.
275
SISTEMA DE ENSINO A360°
O conceito de ‘bônus demográfico’ está ligado ao mo- do formulou a política de povoamento da Região Sul
mento em que uma sociedade possui uma estrutura etá- com populações imigrantes, especialmente euro-
ria capaz de facilitar o crescimento econômico. peus.
B Aponte duas características que predominaram no
Levando-se em consideração esse conceito:
tipo de povoamento empreendido pela colonização
A compare a capacidade de crescimento do país em dirigida na Região Sul, uma referente ao regime de
1960 e em 2020, explicando o seu diferencial entre propriedade da terra adotado e uma referente às
os períodos assinalados. formas de cultivo da terra.
B analise as tendências das curvas ‘somente idosos
(65 ou mais)’ e ‘somente crianças (0 a 14)’, a partir 05| UFG Observe a figura a seguir.
de 1960, e as associe com futuras políticas sociais 90°N
0°
04| UNICAMP A foto A mostra famílias de colonos imigran-
30°S
tes alemães que participaram do povoamento do Paraná
60°S
e a foto B mostra colonos italianos na cidade de Caxias
90°S
do Sul (RS). O eixo horizontal mostra a soma de toda a população em cada grau de latude
276
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
internacionais pode ser dividida em duas fases distintas: Esquema da transição demográfica
de 1830 a 1939 e de 1945 a 2005.
Taxa por mil habitantes
Natalidade
Observe o mapa seguir. 40
Mortalidade
30
FLUXOS MIGRATÓRIOS INTERNACIONAIS
20
Ásia 10 Crescimento
América demográfico
do Norte
Europa
0
ISRAEL 1 2 3 4 Fases
América
Central África Com base na análise do gráfico, nos conhecimentos
América
acerca da população mundial e no modelo teórico da
do Sul
transição demográfica,
Austrália
B Explique, do ponto de vista econômico, por que o A Aponte duas explicações para a maior disponibili-
imigrante, na Europa, tem enfrentado problemas de dade de alimentos nas décadas recentes, situação
discriminação. nunca antes existente na história humana.
B Considerando a sustentabilidade ambiental, quais
07| UFBA
seriam os principais desafios para alimentar e dar
conforto a todos os seres humanos?
T ENEM E VESTIBULARES
01| ENEM A letra dessa canção reflete elementos identitários que
Minha vida é andar representam a
277
SISTEMA DE ENSINO A360°
Com base nos gráficos e em seus conhecimentos, assina- adequação dos dados para a elaboração de estatís-
le a alternativa correta. ticas internacionais.
278
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
C no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento D Os deslocamentos em busca de novas áreas para o
Humano (IDH), que mede a qualidade de vida, o estabelecimento das aldeias eram decididos em as-
Brasil entrou em 2007 no patamar de alto desen- sembleias tribais, nas quais as mulheres indígenas
volvimento humano, estando a frente de alguns de tinham direito a expressar suas opiniões.
seus vizinhos, como Chile, Argentina e Uruguai. No
E Apesar de liderar a formação de novas unidades, os
relatório mais recente, divulgado em 2013 com da-
chefes raramente obtinham privilégios ou posição
dos de 2012, o Brasil fica em 1º lugar entre países da
social diferenciada, não raro, trabalhando ao lado
América Latina, com índice de 0,730.
de seus seguidores e parentes.
D a expectativa de vida ao nascer é calculada consi-
derando, além da taxa de IDH, a expectativa de so- 06| CEFET Considere o cartograma abaixo.
brevida da população residente na região em que o
individuo nasceu. Fatores como clima, relevo, situa- RR
AP
ção urbana, trânsito e meio ambiente, entre outros,
são determinantes para uma maior expectativa de
vida. AM PA
MA RN
E o aumento da expectativa de vida está diretamente TO PI
PB
AC PE
associado à melhoria das condições socioambien- AL
SE
tais da população. Os avanços nesses dados estão RO
MT BA
sendo obtidos desde 1950. Em 2010, constatou-se DF
um aumento de mais de 20 anos na expectativa de GO
MG
vida da população mundial nesse período (1950 – MS ES
2010). No entanto, esse aumento ocorreu de forma SP RJ
igual entre os países desenvolvidos, em desenvolvi- PR
mento e as nações subdesenvolvidas.
SC
05| FGV De qualquer modo, o que se sabe ao certo é que Principais fluxos migratórios
RS
estas aldeias não constituíam povoados fixos e perma- no período (1970 - 1990)
nentes, pois, após alguns anos, os grupos tendiam a mu- Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar.
dar-se para um novo local [...] Rio de Janeiro: IBGE, 2007. (Adaptado)
Diversos motivos podiam contribuir para o deslocamen- A direção dos fluxos migratórios para a região Norte do
to de uma aldeia: o desgaste do solo, a diminuição das Brasil pode ser explicada pela
reservas de caça, a atração de um líder carismático, uma
disputa interna entre facções ou a morte de um chefe. A elaboração de projetos militares para ocupação da
Amazônia.
MONTEIRO, J. Negros da terra - Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo.
São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 22. B participação do INCRA na compra de terras seten-
Considerando o texto acima, indique a alternativa que trionais do país.
apresenta uma afirmação correta sobre os povos indíge- C saturação do Nordeste para reduzir o deslocamento
nas do Brasil na época colonial. interregional.
A Apesar de haver uma maioria de povos nômades D construção de grandes aeroportos para consolidar o
ou seminômades, na região de São Paulo de Pira- setor agropecuário.
tininga, foram encontrados núcleos de agricultores
sedentários, o que permitiu o estabelecimento dos 07| UERJ O haitiano Guerrier Garausses, de 31 anos, era
jesuítas. motorista em seu país de origem. Como muitos conter-
râneos, ele veio ao Brasil em busca de emprego. Saiu da
B A questão da utilização da mão de obra indígena foi
capital haitiana, Porto Príncipe, até a capital da Repú-
um dos aspectos de concordância entre as práticas
blica Dominicana. Lá, foi de avião até o Panamá e se-
coloniais dos jesuítas e os interesses dos colonos lai-
guiu para o Equador. Dali foi para o Peru, até a cidade de
cos, sobretudo na região Sudeste.
Iñapari, que faz fronteira com Assis Brasil, no Acre.
C As unidades independentes indígenas estavam ar- Adaptado de g1.globo.com, 17/04/2014.
ticuladas num complexo sistema de representação
de cada aldeia que formava uma confederação de Debaixo de um sol inclemente, Juan Apaza formava fila
tribos sob o comando de uma elite guerreira. no Parque Dom Pedro II, centro de São Paulo. Costureiro
como quase todos os bolivianos na cidade, Juan está há
279
SISTEMA DE ENSINO A360°
menos de um ano no país, dividindo uma casa apertada 09| UFPR A população brasileira atingiu 202,7 milhões de
com outras dez pessoas. Com as rezas do xamã, incensos pessoas em primeiro de julho deste ano, segundo esti-
e um pouco de cerveja, acredita que sua casa própria se mativa do IBGE [...] O volume de pessoas que vivem no
transformará em realidade. país cresceu 0,86% em relação ao verificado em igual
Adaptado de redebrasilatual.com.br, 26/01/2014.
período do ano anterior. São Paulo continua sendo a ci-
O Brasil, na última década, tem atraído migrantes ori- dade mais populosa do país, com 11,9 milhões de habi-
ginários de países americanos, em especial haitianos e tantes. Em seguida, no ranking de cidades, vêm Rio de
bolivianos. Janeiro (6,5 milhões), Salvador (2,9 milhões), Brasília
A vinda desses migrantes para o Brasil na atualidade (2,9 milhões) e Fortaleza (2,6 milhões). Os 25 municípios
pode ser justificada pelo seguinte motivo: mais populosos do país somam 51 milhões de habitan-
tes e representam 25,2% da população.
A demanda de mão de obra qualificada http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/08/1507099-populacao-
C facilitação para aquisição de dupla cidadania Com base nos conhecimentos de geografia da popula-
ção, assinale a alternativa correta.
D elevação da remuneração da força de trabalho
A O aumento populacional brasileiro é decorrente, so-
08| FCM Dezenas de milhares de migrantes sul-americanos bretudo, do crescimento vegetativo da população,
chegaram ao Brasil a partir dos anos 1990, de forma len- que incorpora os conceitos de natalidade e mortali-
ta e contínua. A recente chegada de alguns milhares de dade.
migrantes negros levou a política migratória brasileira à
pauta das grandes redações, quase sempre apresentando B O crescimento populacional evidenciado indica uma
a migração como "problema" ou "crise" a solucionar. O tendência de aumento nas taxas de natalidade e fe-
Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815), assinado pelo ge- cundidade e uma diminuição da taxa de mortalida-
neral João Figueiredo em 1980, tem como principais ca- de, associada ao envelhecimento da população.
racterísticas o alto grau de restrição e burocratização da C Esse acréscimo populacional tem como consequên-
regularização migratória, a discricionariedade absoluta cia a diminuição da renda per capita e o comprome-
do Estado, a restrição dos direitos políticos e da liberdade timento dos recursos naturais, como evidenciado
de expressão, além de explícita desigualdade em relação por Malthus, pois há um crescimento geométrico da
aos direitos humanos dos nacionais. Com relação ao mo- população e aritmético dos alimentos.
vimento migratório e a histórica dívida brasileira com re-
lação a uma lei de migrações, é correto dizer, EXCETO: D O aumento da população é impulsionado pelo cres-
cimento das periferias das grandes cidades, decor-
A Uma política migratória restritiva implica, no caso das
rente dos processos migratórios, que fazem com
porosas fronteiras do Brasil, um investimento desco-
que diminua o número de habitantes em cidades
munal no aparelho de segurança, em detrimento das
pequenas.
políticas públicas que nos fazem tanta falta.
E O fator que explica o aumento populacional é a imi-
B A lei vigente no Brasil permite que os estrangeiros
gração, pois o Brasil tem recebido grande contingen-
em busca de emprego ou que trabalhem no mer-
te populacional de outros países.
cado informal, como quase metade dos brasileiros,
permaneçam regularmente no país e muitos deles
10| UNICESUMAR Observe as Pirâmides Etárias do Brasil
são levados a solicitar refúgio apenas para ter algum
nas seguintes datas:
documento.
1990 BRASIL
C Diante da opinião pública, migração e refúgio pare- Pirâmide Etária Absoluta
cem ser a mesma coisa, embora nomeiem proces- 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
280
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
2010 BRASIL B Diferentemente do que ocorreu no século XIX, os
Pirâmide Etária Absoluta
mero de adultos e idosos em relação ao número de População (em milhões) Faixa etária Faixa Etária
crianças e jovens, o que nos aproxima de um certo (http://tinyurl.com/usbureau-mocambique Acesso em: 17.03.2014. Original colorido)
perfil europeu.
Homens África do Sul - 2014 Mulheres
100+
11| FUVEST Um tema recorrente no debate contemporâneo 95 - 99
90 - 94
é a migração global. A Organização das Nações Unidas 85 - 89
80 - 84
estima que existam 232 milhões de migrantes em todo 75 - 79
70 - 74
65 - 69
o mundo (ONU, 2013). Há, atualmente, mais mobilidade 60 - 64
55 - 59
que em qualquer outra época da história mundial. Com- 50 - 54
45 - 49
40 - 44
parando a migração atual com a do século XIX, é correto 35 - 39
30 - 34
afirmar: 25 - 29
20 - 24
15 - 19
A Até o século XIX, as nações norte-americanas desta- 10 - 14
5-9
0-4
caram-se como emissoras de migrantes, enquanto,
6 4.8 3.6 2.4 1.2 0 0 1.2 2.4 3.6 4.8 6
hoje em dia, encontram-se entre as principais re- População (em milhões) Faixa etária Faixa Etária
ceptoras desses fluxos, sobretudo os originários do (http://tinyurl.com/usbureau-africa-do-sul Acesso em: 17.03.2014. Original colorido)
continente africano.
281
SISTEMA DE ENSINO A360°
Considere como jovem a população com até 19 anos; A China, Índia e Estados Unidos - as três maiores
adulta, a população entre 20 e 59 anos e idosa, a popu- potências econômicas do planeta - permanece-
lação de 60 anos ou mais. Comparando-se as pirâmides rão nesta ordem como os três mais populosos,
etárias da África do Sul e de Moçambique, conclui-se que sendo que a Federação Russa e o Japão apresen-
A em relação ao total da população, há mais adultos tarão em 2050, recuo de sua população em rela-
na África do Sul do que em Moçambique. ção a 2008.
B a transição demográfica encontra-se mais avançada B O Brasil vem, há décadas, apresentando diminui-
em Moçambique do que na África do Sul, o que se ção nas taxas de crescimento populacional, fruto
depreende observando-se a base mais larga da pirâ- da redução da natalidade e da fecundidade, e au-
mide etária de Moçambique. mentando a esperança média de vida, com o con-
C o processo de urbanização da população está mais sequente aumento do número de idosos para o
adiantado em Moçambique do que na África do Sul, qual se exigirá aumento de preocupação e atenção
o que se observa pelo formato triangular de sua pi- por parte dos ativos.
râmide etária.
C Estados Unidos e Japão são os únicos representan-
D o crescimento natural da população da África do Sul tes na tabela dos chamados países desenvolvidos,
é maior que o de Moçambique, evidenciando o pre- enquanto que quatro deles formam o chamado
domínio da população jovem na África do Sul.
BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China.
E a expectativa de vida na África do Sul é menor do
D O Brasil, atualmente o quinto país mais populoso do
que em Moçambique, o que se verifica pelo predo-
mundo, com 189,6 milhões de habitantes, cairá para
mínio de adultos em detrimento da população idosa
o oitavo lugar em 2050 quando terá 215,2 milhões,
no conjunto da população.
fato previsto devido à redução no ritmo de cresci-
13| ACAFE Leia a tabela abaixo a respeito da população. mento da sua população.
POPULAÇÃO
14| FGV A partir de levantamentos demográficos, o órgão
2008 2050 da ONU que estuda a população elaborou as pirâmi-
Mundo 6.749.678 9.191.287 des etárias que representam modelos de estrutura
1. China 1.336.311 1.408.846 demográfica dos continentes.
2. Índia 1.186.186 1.658.270 Observe as pirâmides I, II e III, referentes ao ano de
3. Estados Unidos 308.798 402.415 2010, apresentadas a seguir.
4. Indonésia 234.342 296.885 I
5. Brasil 189.613 215.287
6. Paquistão 166.961 292.205
7. Bangladesh 161.318 254.084
8. Nigéria 151.478 288.696
9. Federação Russa 141.780 107.832
10. Japão 127.938 102.511
Fonte: IBGE in Especial 18 anos: Carta capital 03/10/2012
283
SISTEMA DE ENSINO A360°
III. A teoria reformista é contrária a teoria de Malthus. E A teoria populacional de Malthus, de 1789, se aplica
Suas afirmações negam o princípio Malthusiano, bem ao Brasil, já que vivemos atualmente a chama-
pois para eles a pobreza é o que gera a superpo- da “explosão demográfica” e temos uma das maio-
res populações absolutas do mundo, tornando-nos
pulação e com a revolução industrial e tecnológica
um dos países com maior densidade demográfica.
tanto a indústria quanto a agricultura aumentariam
sua capacidade produtiva resolvendo o problema da 19| UCS
produção.
TEORIAS DEMOGRÁFICAS
IV. Os Neomalthusianos analisam a aceleração popula-
cional segundo uma ótica alarmista e catastrófica, Com a Revolução Industrial, houve forte migração do
argumentando que, se o crescimento populacional campo para a cidade, em especial, naEuropa Ocidental.
não for impedido, os recursos naturais da terra se Embora ainda precárias, as condições de higiene e sa-
esgotarão em pouco tempo. Para conter o avanço neamento das zonasurbanas eram melhores do que as
populacional propunham a adoção de políticas vi- encontradas no campo, o que deu início à diminuição
sando o controle de natalidade a partir do planeja- das taxasde mortalidade.
mento familiar.
A aceleração no crescimento populacional fez com que
Marque a alternativa CORRETA. muitas pessoas se dedicassem àanálise desse fenôme-
A Todas as afirmativas estão corretas. no. Thomas Robert Malthus foi uma delas.
(MORAES, P. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2001, p. 207 – Texto adaptado.)
B Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
C Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. Sobre a teoria de Malthus, analise a veracidade (V) ou a
falsidade (F) das proposições abaixo.
D Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
E Somente as afirmativas I e IV estão corretas. ( ) Segundo esse teórico, a população cresceria em
progressão geométrica, e a produçãode alimentos
18| UNIOESTE Nos últimos anos o Brasil tem registrado mu- em progressão aritmética.
danças significativas em suas taxas de crescimento vege-
( ) Para Malthus, as áreas de cultivo só aumentariam
tativo. Em 1960 a taxa de crescimento da população era
de 2,99% e em 2010, de 1,17% . Várias teorias procuram na mesma velocidade do crescimentopopulacional
entender e explicar as mudanças populacionais regis- se fosse intensificado o processo de colonização.
tradas nos diferentes países e/ou sociedades. Quanto ( ) Conforme esse autor, a procriação deveria ser per-
às teorias populacionais e suas tentativas em explicar o
mitida somente àqueles que tivessemcomprovada-
desenvolvimento da população brasileira, assinale a afir-
mente condições de alimentar seus filhos.
mativa correta.
A A Teoria Reformista preconiza que, com maior aces- Assinale a alternativa que preenche corretamente os pa-
so à educação, saúde, emprego e distribuição de rênteses, de cima para baixo.
renda, as taxas de crescimento vegetativo começa- A VVF
rão a diminuir como consequência da melhor quali-
dade de vida da população brasileira. B VFV
284
FITOGEOGRAFIA
E
O estudo da espacialização dos animais e plantas no planeta e a configuração de cada região e suas características, as re-
lações autossustentáveis entre os animais e o meio é o que chamamos de ecossistemas. Essas relações acontecem no habitat,
que nada mais é do que o local (ambiente) no qual os seres vivos moram. Na sua moradia cada um exerce uma função socioam-
biental, no seu habitat, essa função é sua ocupação, chamada de nicho.
ZONAS DA VIDA
O termo zona da vida foi criado pelo geógrafo e pesquisador Alexander Von Humboldt em sua observação nos Andes Pe-
ruano.
285
SISTEMA DE ENSINO A360°
BIOMAS
O planeta terra é rico em biodiversidade e também em paisagens naturais. Podemos chamar de biomas os conjuntos de
ecossistemas.
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ár o
Trópico de Câncer
OCEANO
PACÍFICO
Equador
OCEANO OCEANO
PACÍFICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
OCEANO
ATLÂNTICO
286
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
FLORESTA BOREAL
Presente no hemisfério norte em regiões de altas latitudes: Canadá, Finlândia e Rússia. A vegetação se apresenta em forma
de coníferas, pinheiros (aciculifoliadas- folhas em formas de alfinete, agulha) e também com a presença de musgos e liquens.
DESERTOS
Os desertos ocupam um terço do planeta. Caracterizados pelo baixíssimo índice pluviométrico que não chega a 250 mm
anuais,a vegetação desses locais é de xerófilas (plantas adaptadas com o baixo índice pluviométrico e com capacidade de arma-
zenamento de água) como os cactos.
287
SISTEMA DE ENSINO A360°
BIOMAS BRASILEIROS
Por conta da sua extensão territorial continental, o Brasil possui cerca de 20% da biodiversidade do planeta (fauna e flora).
O país abrange cerca de nove biomas: Mata dos Cocais, Caatinga, Pantanal, Vegetação litorânea (Mangue), Mata Atlântica,
Mata das Araucárias, Cerrado, Floresta Amazônica, Campos Sulinos.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
FORMAÇÕES FLORESTAIS
Floresta Amazônica
Mata dos Cocais
Mata Atlân a
Mata dos Pinhais (ou de Araucária)
FORMAÇÕES ARBUSTIVAS E HERBÁCEAS
Cerrado
Caa ga
Campos
FORMAÇÕES COMPLEXAS E LITORÂNEAS OCEANO
Vegetação do pantanal
(cerrados, campos inundáveis)
ATLÂNTICO
Vegetação litorânea
(mangues, res gas e jundus)
0 Km 303 Km
288
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
CAATINGA
Ocupa cerca de 10% do território brasileiro. Predominante na região nordeste do país, os índices pluviométricos da região
são baixos, cerca 400 mm por ano, portanto o clima da região é semiárido. A baixa quantidade de chuva na região faz com que
o solo seja pouco desenvolvido, jovem e pedregoso, mas ainda assim é um solo fértil. Apesar de ser um bioma pouco rico vi-
sualmente, é bastante rico em biodiversidade, já que várias espécies de fauna e flora são endêmicas. A vegetação apresenta-se
em forma de espécies xerófilas (plantas adaptadas com o baixo índice pluviométrico e com capacidade de armazenamento de
água), cactos e palmas. A expansão de frentes agrícolas vem causando o intenso processo de desertificação.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
PANTANAL
Considerada a maior planície alagada do planeta abrangendo o território brasileiro, boliviano e Paraguaio. No território
brasileiro é considerado o menor bioma, mas é de uma riqueza em biodiversidade gigantesca. O Pantanal sofre influência direta
de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
MATA ATLÂNTICA
A floresta tropical está presente na porção leste do país. Atualmente há somente7% da sua extensão em relação ao que
havia quando os portugueses chegaram e começaram o processo de degradação do bioma. Ele é considerado um hotspots da
289
SISTEMA DE ENSINO A360°
biodiversidade, pois é um bioma de biodiversidade endêmica ameaçada de extinção. Tal destruição se deu por conta do intenso
processo de urbanização e industrialização. A vegetação é representada pela peroba, ipê, quaresmeira, cedro, jequitibá-rosa,
jacarandá, pau-brasil, entre outras.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
CERRADO
Segundo maior bioma do território brasileiro, ocupa 22% do território e é o único presente em todas as regiões brasi-
leiras. É um grande divisor de águas do país, berço das nascentes de três bacias hidrográficas (Tocantins, São Francisco e
Prata), sua grande parte está localizada no planalto central. Clima característico com duas estações bem definidas, uma seca
e uma chuvosa. Os solos do planalto central são do tipo latossolo vermelho e amarelo. A vegetação tem características bem
definidas, raízes profundas (por conta da periodicidade da estação chuvosa e o longo período de seca), cascas grossas e bem
esparsas.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
Existe uma grande diversidade de habitats que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofi-
sionomias, tais como: cerradão (árvores altas, densidade maior e composição distinta), cerrado, mais comum no Brasil central
(com árvores baixas e esparsas), campo sujo e campo limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios
há fisionomias florestais conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares.
290
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
http://paisagemnativa.com.br/
O bioma está ameaçado de extinção por conta do intenso processo de urbanização das cidades planejadas dentro do bioma
(Goiânia, Brasília e Palmas), além da industrialização crescente na região. Somando isso com a consolidação da agropecuária,
até o momento houve a destruição do bioma em quase 50%. Isso o coloca como hotspots da biodiversidade, já que possui a
presença de espécies de fauna e flora endêmicas.
MA
PI
TO
BA
MT
GO
MG
MS
PI
MA
TO
BA
MT
GO
MG
MS
291
SISTEMA DE ENSINO A360°
FLORESTA AMAZÔNICA
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
Maior floresta equatorial do mundo, uma de cada cinco espécies presentes no mundo estão nesse bioma. Sendo ele o
maior em todo o Brasil, está presente em cerca de 1/5 da fauna e flora do país. Por estar em uma região equatorial, possui
índice pluviométrico alto de quase 3000 mm anual e uma temperatura elevada o ano todo. Isso faz com que o solo seja do
tipo oxissolo (pouco fértil devido ao intenso processo de lixiviamento). A fertilidade da floresta vem dela mesma, por conta da
grande produção de matéria orgânica e a maior bacia hidrográfica do Brasil está localizada na região. A floresta é dividida em
3 grupos de biodiversidade diferentes: mata de igapó (sempre alagada), mata de várzea (alagada no período de chuva) e mata
de terra firme (nunca alagada).
http://geografiabemfacil.blogspot.com.br/2014/10/as-matas-amazonicas.html
292
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
O bioma enfrenta problemas como a biopirataria e o desmatamento. Por maior que seja o empenho das autoridades e dos
órgãos de fiscalização, a Floresta Amazônica ainda enfrenta problemas que geram consequências ambientais que são sentidas
não só na própria região, mas em diversas outras a curto e longo prazo. O desmatamento diminui e interrompe o ciclo da água
na região e por consequência diminui o volume dos “rios voadores” que são formados.
CAMPOS SULINOS
Vegetação localizada no extremo sul do país. Ocupa apenas 2,7% do território brasileiro. Estimativas indicam valores em
torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas e a presença de alguns arbustos pequenos. Desde
a sua ocupação essa região foi muito destruída por conta do processo de urbanização e industrialização. A pecuária também
tem uma forte contribuição para degradação do bioma, já que a região possui um histórico muito forte nesse ramo. O relevo
presente nessa região brasileira é o de colinas.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
293
SISTEMA DE ENSINO A360°
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
“Carnauba ce” por Leonardo Barbosa - Flickr. Licenciado sob CC BY 2.0, via Wikimedia Commons - http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carnauba_ce.jpg#/media/File:Carnauba_ce.jpg
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
294
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
MATA DAS ARAUCÁRIAS
Está localizada próximo ao Trópico de Capricórnio nas regiões sudeste e sul do país, em uma região de clima subtropical,
com um solo muito fértil, por conta da sua geologia. Possui vegetação de folhas aciculifoliadas- folhas com formado de alfinete,
agulha.
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
OCEANO
ATLÂNTICO
0 Km 303 Km
TEXTO COMPLEMENTAR
No Brasil, que engloba cerca de 60% da bacia amazônica, o bioma cobre 4,2 milhões de quilômetros quadrados (49%
do território nacional) e se distribui por nove estados (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá,
parte do Tocantins e parte do Maranhão). Ele é muitas vezes confundido com a chamada Amazônia Legal - uma região
administrativa de 5,2 milhões de quilômetros quadrados definida em leis de 1953 e 1966 e que, além do bioma amazôni-
co, inclui o Cerrado e o Pantanal.
Sob as superfícies negras ou barrentas dos rios amazônicos, 3 mil espécies de peixes deslizam por 25 mil quilômetros
de águas navegáveis: é a maior bacia hidrográfica do mundo, com cerca de um quinto do volume total de água doce do
planeta. Às suas margens, vivem mais de 24 milhões de pessoas, incluindo mais de 342 mil indígenas de 180 etnias distin-
tas, além de ribeirinhos, extrativistas e quilombolas.
Além de garantir a sobrevivência desses povos, fornecendo alimentação, moradia e medicamentos, a Amazônia tem
uma relevância que vai além de suas fronteiras. Ela é fundamental no equilíbrio climático global e influencia diretamente
o regime de chuvas do Brasil e da América Latina. Sua imensa cobertura vegetal estoca entre 80 e 120 bilhões de tonela-
das de carbono. A cada árvore que cai, uma parcela dessa conta vai para os céus.
Maravilhas à parte, o ritmo de destruição segue par a par com a grandiosidade da Amazônia. Desde que os portugue-
ses pisaram aqui, em 1550, até 1970, o desmatamento não passava de 1% de toda a floresta. De lá para cá, em apenas 40
anos, foram desmatados cerca de 18% da Amazônia brasileira – uma área equivalente aos territórios do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
295
SISTEMA DE ENSINO A360°
Foi por volta da década de 1970 que a porteira se abriu. Numa campanha para integrar a região à economia nacional,
o governo militar distribuiu incentivos para que milhões de brasileiros ocupassem aquela fronteira “vazia”. Na corrida por
terras, a grilagem falou mais alto e o caos fundiário virou uma regra difícil de ser quebrada até hoje.
A governança e a fiscalização deram alguns passos, mas em boa parte da Amazônia, os limites das propriedades e
seus respectivos donos ainda são uma incógnita. Isso pode mudar com a consolidação do CAR (Cadastro Ambiental Rural),
ferramenta de regularização ambiental prevista no Código Florestal, mas que ainda está em processo de implementação.
Os órgãos ambientais correm atrás de recursos para enquadrar os que ignoram a lei, mas o orçamento para a pasta não
costuma ser generoso. O resultado visto do alto, do solo ou das águas, é impactante.
Uma das últimas grandes reservas de madeira tropical do planeta, a Amazônia enfrenta um acelerado processo de
degradação para a extração do produto. A agropecuária vem a reboque, ocupando enormes extensões de terra sob o
pretexto de que o celeiro do mundo é ali. Mas o modelo de produção em geral, é antigo e se esparrama para os lados,
avançando sobre as matas e deixando enormes áreas abandonadas.
Ainda assim, o setor do agronegócio quer mais. No Congresso, o lobby ruralista por mudanças na legislação am-
biental, conseguiu aprovar o novo Código Florestal, que concedeu anistia a quem desmatou ilegalmente e enfraqueceu
a legislação. O objetivo é que mais áreas de floresta deem lugar à produção, principalmente de gado e soja. A fome por
desenvolvimento deu ao país a segunda posição dentre os maiores exportadores de produtos agrícolas. Mas os louros
desses números passaram longe da população local. As taxas anuais de desmatamento na Amazônia brasileira, que ha-
viam caído nos últimos anos, aumentaram 28% entre agosto de 2012 e julho de 2013.
A exploração predatória e ilegal de madeira continua a ser um enorme problema na região e tem como principal con-
sequência a degradação florestal, que é o primeiro passo para o desmatamento. Além disso, ela causa inúmeros conflitos
sociais, como ameaças e assassinatos de lideranças que lutam para proteger a floresta. Como se não bastasse, essa madei-
ra chega aos mercados nacionais e internacionais como se fosse legal, por meio de um processo de “lavagem” que utiliza
documentos oficiais para dar status de legalidade à madeira tirada de locais que não possuem autorização – incluindo
áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação. O sistema do governo que deveria controlar o setor
madeireiro é falho e está totalmente fora de controle.
As promessas de desenvolvimento para a Amazônia também se espalham pelos rios em forma de grandes hidrelétri-
cas, e pelas províncias minerais em forma de garimpo. Mas o modelo econômico escolhido para a região deixa de fora os
dois elementos essenciais na grandeza da Amazônia: meio ambiente e pessoas.
SOLUÇÕES
Desmatamento zero: Ao zerar o desmatamento na Amazônia até 2020, o Brasil estará fazendo sua parte para
diminuir o ritmo do aquecimento global, assegurar a biodiversidade e o uso responsável desse patrimônio para
beneficiar a população local. Atualmente, o Projeto de Lei de Iniciativa Popular pelo Desmatamento Zero no
Brasil, já conquistou o apoio de 1 milhão de brasileiros. Não é preciso derrubar mais florestas para que o país
continue produzindo. Ações contra o desmatamento e alternativas econômicas que estimulem os habitantes da
floresta a mantê-la de pé devem caminhar juntas.
Áreas protegidas: Uma parte do bioma é protegida legalmente por unidades de conservação, terras indígenas ou
áreas militares. Mas a falta de implementação das leis faz com que essas áreas continuem à mercê dos criminosos.
Regularização fundiária: É a definição, pelo Estado, de quem tem direito à posse de terra. O primeiro passo é o
mapeamento das propriedades privadas para possibilitar o monitoramento de novos desmatamentos e a respon-
sabilização de toda a cadeia produtiva pelos crimes ambientais ocorridos.
Governança: Para todas essas medidas se tornarem efetivas, o governo precisa estar na Amazônia, com recursos
e infraestrutura para fazer valer as leis de preservação. A proteção da Amazônia e a criação de um modelo de
desenvolvimento sustentável e justo, para que a região possa gerar oportunidades para os povos que dependem
da floresta.
Fonte do texto <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/Amazonia/> disponível em 30/05/2015.
296
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UERJ As florestas contribuem com a fixação de parte vegetação homogênea, com pequena diversidade
do carbono atmosférico do planeta, amenizando o pro- de espécies
cesso do aquecimento global. As queimadas realizadas floresta aberta, com presença de vegetação rasteira
nessas formações vegetais, contudo, possuem o efeito entre as árvores
inverso, agravando esse processo.
Quantidade de carbono armazenado nas florestas do 02| UNESP No mapa está representada, em verde, uma for-
mação vegetal.
mundo – 2005
Identifique os dois tipos de formações florestais com O mapa indica os locais onde há a formação vegetal
maior potencial para amenizar o aquecimento glo- mediterrânea (adaptada a verões quentes e secos e in-
vernos relativamente brandos). Dentre as características
bal. Em seguida, aponte uma característica das espé-
dessas formações destacam-se:
cies arbóreas encontradas em cada uma dessas duas
formações. Presença de xerófilas (plantas adaptadas aos locais
secos);
Resolução:
Formação esparsa, com baixa densidade;
Floresta Equatorial Amazônica e uma das características:
Predominância de arbustos;
folhas perenes
Grande número de espécies com casca grossa, pou-
árvores com folhas largas ou latifoliadas cas folhas e espinhentas.
plantas adaptadas ao excesso de umidade
floresta densa, com vários andares e sem vegetação
rasteira
vegetação heterogênea, com grande diversidade de
espécies
297
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFBA A ocorrência de um mesmo bioma em continen- A Estabeleça a correlação entre o binômio latitude/
tes distintos é determinada principalmente pelas condi- altitude e a diversidade de espécies encontrada nos
ções de latitude, de temperatura e de precipitação. biomas apresentados.
GRANDES BIOMAS B Desde a Eco-92, busca-se firmar o Tratado da Biodi-
-20
PERFIL LATITUDINAL
versidade, reconhecendo o pagamento de direitos
de propriedade sobre substâncias derivadas dos
Temperatura média anual (°C)
0 I La
tudes médias os maiores beneficiados com esse tratado.
mais extremas
10 Arbus
va Floresta
temperada Floresta La
tudes médias
Campo pluvial
seus conhecimentos acerca desse contexto paisagístico,
es
temperada
Estep
20 Floresta responda:
Deserto
Floresta temperada
Tundra
Taiga
Temperada
Observe o gráfico acima, que relaciona a latitude e a al- Disponível em: <http://commons.wikimedia.org>.
titude com as diferentes paisagens climatobotânicas. Acesso em: 3 de mar. 2010.
298
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
A vegetação predominante do Brasil Meridional era a Os manguezais são ecossistemas de alta produtividade
Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais, um tipo de co- biológica, sendo responsáveis por parte considerável
nífera que outrora forneceu produtos muito utilizados dos recursos marinhos.
na Região Sul e em outras áreas do país. Com base nesta
Ocupam grande extensão dos litorais tropicais e subtro-
afirmação,
picais, porém, apesar de sua grande relevância para a
A indique uma característica da vegetação de araucá- vida dos oceanos, estão entre os ecossistemas mais de-
rias e uma característica do clima subtropical; vastados do planeta.
B cite dois produtos do extrativismo vegetal dessa re- Com base nessas informações e na análise da ilustra-
gião. ção, indique as características ambientais dos mangues,
quanto ao solo e à vegetação, e cite duas ações predató-
05| UFU Examine o mapa com atenção. rias provocadas pelo homem.
299
SISTEMA DE ENSINO A360°
T ENEM E VESTIBULARES
01| ENEM A moderna “conquista da Amazônia” inverteu 03| PUC Analise o mapa dos países com registros de casos
o eixo geográfico da colonização da região. Desde a de dengue no ano de 2011.
época colonial até meados do século XIX, as correntes PAÍSES COM REGISTROS DE CASOS DE DENGUE - 2011
principais de população movimentaram-se no sentido
Leste-Oeste, estabelecendo uma ocupação linear ar-
ticulada. Nas últimas décadas, os fluxos migratórios
passaram a se verificar no sentido Sul-Norte, conec- Isoterma de 10° C
(mês de janeiro)
tando o Centro-Sul à Amazônia.
OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia
inacabada. Jornal Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008 (adaptado).
Isoterma de 10° C
02| ENEM A Floresta Amazônica, com toda a sua imensi- B A grande incidência de casos de dengue na América
dão, não vai estar aí para sempre. Foi preciso alcançar do Sul e África se deve às características ambientais
favoráveis ao mosquito transmissor e às condições
toda essa taxa de desmatamento de quase 20 mil qui-
socioeconômicas das populações.
lômetros quadrados ao ano, na última década do sécu-
lo XX, para que uma pequena parcela de brasileiros se C As regiões desérticas da África e Oceania apresen-
desse conta de que o maior patrimônio natural do país tam ecossistemas pouco favoráveis à sobrevivência
do mosquito transmissor, contribuindo para a di-
está sendo torrado.
minuição da incidência de casos de dengue nesses
AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EdUSP, 1996.
locais.
Um processo econômico que tem contribuído na atua- D O mosquito transmissor da dengue, originário de
lidade para acelerar o problema ambiental descrito é: ecossistemas de clima tropical, com temperaturas
médias elevadas e alta pluviosidade, sobrevive em
A Expansão do Projeto Grande Carajás, com incenti-
ecossistemas de clima frio com temperaturas mé-
vos à chegada de novas empresas mineradoras. dias baixas e com ocorrência de neve.
B Difusão do cultivo da soja com a implantação de
monoculturas mecanizadas. 04| FGV Analise a figura que relaciona temperatura, pluvio-
sidade e vegetação.
C Construção da rodovia Transamazônica, com o ob-
Precipitação / Evaporação (mm/ano)
Pr
2 700
300
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
Considerando que a vegetação está diretamente relacio- 06| UFAL Os ecossistemas costeiros, sobretudo os mangues,
nada às condições climáticas, sobretudo da temperatura são muito frágeis e vêm sofrendo sérios impactos em di-
e da pluviosidade, identifique dois tipos de vegetação na versas áreas do mundo. Sobre esse assunto, analise as
figura. afirmações seguintes:
301
SISTEMA DE ENSINO A360°
6 000 m
40° 80°
Neve e gelo
Amplamente utilizada para agricultura e pecuária.
Tundra
Atude 3 000 m
Floresta de coniferas
Altude
Floresta temperada decorrente do preenchimento da coluna da direita.
Deserto ou grassíand
A III, I, II e IV
B I, II, III e IV
Floresta
tropical
0m
Floresta Deserto Floresta
ou Floresta de Tundraa N
Neve e gelo
tropical temperada coníferas
C III, IV, I e II
grassland
B quanto maior a altitude menor a temperatura, e I. O Bioma Mata Atlântica é constituído por um con-
quanto maior a latitude maior a temperatura. junto de formações florestais e ecossistemas asso-
ciados, que originalmente se estendia por 17 esta-
C a paisagem vegetal é a mesma tanto nas grandes la- dos brasileiros. Mesmo reduzido e fragmentado,
titudes quanto nas baixas altitudes. estima-se que esse bioma abrigue cerca de 35% das
D nas baixas altitudes não há uma influência direta da espécies vegetais existentes no Brasil, incluindo di-
latitude para as formações vegetais. versas espécies ameaçadas de extinção.
09| UFC Considerando as características das formações ve- II. O Bioma Pampa é típico de regiões com baixo índice
getais e as transformações impostas pelo homem, cor- de chuvas e sua vegetação consiste em árvores bai-
relacione corretamente as formações vegetais indicadas xas, arbustos e cactáceas. Estende-se pelos estados
na coluna da esquerda com as características descritas de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco,
na coluna da direita. Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o nor-
te de Minas Gerais.
(I) Floresta temperada
III. A Amazônia, maior bioma do Brasil, é constituído
(II) Floresta estacional e savanas
de floresta equatorial, associada ao clima quente
(III) Vegetação mediterrânea e úmido da região. A exuberância da vegetação
(IV) Florestas pluviais equatoriais tropicais deve-se principalmente ao seu próprio material
orgânico o que torna esse bioma extremamente
( ) Formações vegetais em regiões de clima com verões sensível à ação antrópica.
quentes e secos e invernos amenos e chuvosos. As
maiores ocorrências estão no sul da Europa, onde IV. O Bioma Caatinga está restrito ao estado do Rio
foi muito desmatada para o cultivo de oliveiras e vi- Grande do Sul, onde ocupa 63% do território esta-
deiras. dual. As suas paisagens se caracterizam pelo predo-
mínio dos campos nativos, mas há também a pre-
( ) Formações higrófilas e latifoliadas, extremamente
sença de formações florestais e arbustivas.
heterogêneas, localizadas nas baixas latitudes, em
domínios quentes e úmidos. Nas últimas décadas, o Estão corretas
desmatamento provocou grande redução das áreas
A apenas I e III.
florestadas.
B apenas II e IV.
( ) Formações florestais caducifólias, encontradas em
latitudes intermediárias, com precipitação abun- C apenas I, II e III.
dante e regularmente distribuída. Devido a práticas
D apenas I, III e IV.
agrícolas intensivas e à intensa urbanização, restam
poucas áreas representativas. E I, II, III e IV.
302
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
11| FUVEST Estas fotos retratam alguns dos tipos de forma- 12| ESCS Na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de um
ção vegetal nativa encontrados no território nacional. terço das espécies existentes no planeta. A floresta abri-
ga 2.500 espécies de árvores e 30 mil das 100 mil espé-
cies de plantas que existem em toda a América Latina.
Além da riqueza natural, a Amazônia contém uma fan-
tástica diversidade cultural. A respeito dessa rica região
e dos diferentes aspectos a ela relacionados, assinale a
opção correta.
A O ecossistema da região amazônica é fértil, pois a
floresta extrai grande quantidade de nutrientes do
solo, que é rico em minerais essenciais aos organis-
mos.
B A Amazônia, devido a sua grande massa vegetal, li-
bera quantidade expressiva de água para a atmos-
fera por meio da evaporação e da transpiração das
plantas.
C A diversidade cultural a que o texto faz referência
está relacionada ao número cada vez maior de emi-
grantes estrangeiros na região.
D O aumento da qualidade de vida da população da re-
gião amazônica, verificado nos últimos anos, é atribu-
ído ao bom desenvolvimento econômico da região.
13| FGV No Brasil há a presença de variados biomas e ecos-
sistemas ricos em espécies animais, vegetais e micro-or-
ganismos. É o país com maior diversidade de anfí bios
do mundo: 516 espécies. Possui 522 espécies de ma-
míferos, das quais 68 são endêmicas; 468 espécies de
répteis, das quais 172 são endêmicas, e 1622 espécies
de aves (uma em cada seis espécies de aves do mundo
www.ibge.gov.br. Adaptado. G. Ferreira, Moderno Atlas Geográfico, 2012. Adaptado. ocorre no Brasil).
Correlacione as formações vegetais retratadas nas fotos Adaptado de Conhecer para conservar: As Unidades de Conservação do Estado de São
Paulo.
às áreas de ocorrência indicadas nos mapas abaixo. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. 1999, p. 66.
303
SISTEMA DE ENSINO A360°
304
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente E
16| UNIOESTE O mapa abaixo apresenta a classificação dos A Todas as alternativas estão incorretas.
biomas brasileiros segundo o IBGE (2004). Considerando
B Apenas as alternativas I e V estão incorretas.
o mapa dos biomas, a diversidade de vegetação no país
e o processo de ocupação dos biomas brasileiros, analise C Apenas as alternativas III e V estão incorretas.
as afirmativas abaixo. D Apenas as alternativas I, III e V estão incorretas.
E Apenas as alternativas I, II e III estão incorretas.
305
F GLOBALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO
Após a queda do muro de Berlim (1989) e o fim da Guerra Fria, houve muitas alterações nas relações políticas, econômicas e
culturais. O mundo deixou de ser bipolar (EUA X URSS) e estabeleceu uma nova ordem geopolítica global. A lógica seria uma or-
dem polar na qual os EUA dominaria único e soberano. No entanto, devido à concentração econômica e, sobretudo tecnológica,
isso não aconteceu. O mundo passou a ser multipolar concentrando os pólos nos EUA, Europa e Japão. A divisão Leste - Oeste
também deixou de existir e passou a ser Norte - Sul.
DIVISÃO
PAÍSES PAÍSES DESENVOLVIDOS SOCIOECONÔMICA
SUBDESENVOLVIDOS (NORTE X SUL
A imagem retrata as três grandes áreas de influências globais. Além da linha vermelha está representada a nova divisão
econômica mundial, acima da linha estão localizados os países do norte e abaixo da linha estão os países do sul, os países em
via de desenvolvimento. É importante ressaltar que essa divisão não é cartográfica, tendo em vista que ela não segue a linha do
equador. Sendo assim, ela é econômica.
A palavra globalização aparece como “sinônima” desse período pós Guerra Fria, uma vez que a estrutura política, social
e cultural é resultado dos processos oriundos da globalização. Entretanto, esse processo só foi possível devido ao avanço da
técnica e tecnologia da informação por meio do desenvolvimento de computadores, da própria internet, softwares, celulares,
fibra óptica e toda a gama de equipamentos de comunicação de altíssima velocidade.
O que torna o mundo cada vez menor ou dá a impressão de que ele está menor, é o fato de que a velocidade da informação
alterou a relação tempo-espaço geográfico.
306
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
1500 - 1840
Velocidade das carruagens e dos
barcos a vela: 16km/h
1850 - 1930
Velocidade das locomo as
a vapor: 100km/h; barcos a vapor: 57 km/h
Anos 1950
Aviões a propulsão: 480-640 km/h
Anos 1950
Jatos de passageiros: 800-1100 km/h
O livro Condição Pós-Moderna, de David Harvey, mostra o quanto a noção do espaço geográfico foi alterada com o desen-
volvimento das tecnologias da informação. Tal fato pode ser percebido hoje, uma vez que podemos assistir a uma partida de
futebol, uma corrida, um atentado, uma guerra ou qualquer fato ao vivo, mesmo que ele aconteça do outro lado do globo. Isso
307
SISTEMA DE ENSINO A360°
zação são as que nos fazem crer que todos são integrados,
onde a quantidade de informações e a velocidade delas
criam um mundo que não existe, um mundo virtual, no
qual as noções espaciais e temporais são distorcidas. Um
mundo no qual o Estado está morto ou semimorto (neoli-
beralismo) e a força do capital internacional das multina-
cionais anestesiaram as ações dele. A força das multina-
cionais é simplesmente avassaladora, segundo Santos, ela
é capaz de homogeneizar os indivíduos, sendo o consumo
estimulado ao ponto do autor tratá-lo como um grande
fundamentalismo.
O segundo mundo é de perversidade, é o retrato da
globalização como ela é! A pobreza, a fome e a falta de
acesso à informação é algo característico da globalização.
O desabrigo, a falta de saneamento básico faz aumentar o número de doenças e também a mortalidade infantil. Além da de-
sumanização causada pelo consumo, que gera uma competitividade e legitima o discurso da meritocracia. Outro geógrafo que
faz menção à perversidade desse processo é Josué de Castro, no seu célebre livro Geografi a da Fome. Nele o autor afirma que
“metade da população do mundo não dorme pois tem fome e a outra metade não dorme com medo dos que têm fome!” Se-
gundo a FAO- Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura, cerca de 805 milhões de pessoas passam fome
no mundo.
O terceiro mundo é por uma outra globalização, seria uma globalização mais humana, menos perversa! O que levaria a
isso seria organizações dos países do sul,os que estão em via desenvolvimento a reorganizar a geopolítica global.
MOVIMENTO ANTIGLOBALIZAÇÃO
Os movimentos antiglobalização ganharam força na década de
1990. São organizações que em sua maioria é composta por civis e que
estão indignados com a situação econômica e social no qual estão ins-
taurados pelo modelo neoliberal.
308
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
tivos de fortalecimento nos seus sistemas econômicos. Essa união perpassa o campo econômico, pois, chega ao campo político
e cultural. Os blocos econômicos regionais estão classificados em quatro modalidades diferentes: Zona de livre comércio, União
Aduaneira, Mercado Comum e União econômica e monetária.
Zona de livre comércio é uma modalidade de bloco econômico que visa apenas às reduções e ou eliminações de tarifas
alfandegárias entre os países membros.
Zona de livre
comércio
União aduaneira
Mercado Comum
União Monetária
União aduaneira é uma modalidade de bloco econômico que visa às reduções e ou eliminação de tarifas alfandegárias
entre os países membros, todavia essa tarifa também pode ser aplicada a países não membros. Pois, na modalidade união
aduaneira adota a Tarifa Externa Comum-TEC
Mercado Comum é uma modalidade que adota todas as características da aduaneira, porem nesta modalidade é permitido
a livre circulação: de capital, mercadoria e pessoas entre os países membros do bloco.
União econômica e monetária é uma modalidade de bloco econômico regional que adota todas características de um mer-
cado comum, todavia possui uma moeda única entre os países membros.
Os principais blocos econômicos regionais são: Mercosul, NAFTA,União Europeia, APEC entre outros.
União Europeia -UE, tem seu projeto embrionário logo após o fim da segunda guerra uniram se Bélgica, Netherland ( Ho-
landa) e Luxemburgo ao BENELUX, com objetivo de troca de mercadoria (carvão e aço). Esse grupo deu tão certo que em 1952
juntou aos três países França, Itália e Alemanha Ocidental e criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço- CECA. Com in-
tensificação da guerra fria e a busca pelo mercado consumidor em 1957, foi assinado o tratado de Roma criando a Comunidade
Econômica Europeia CEE e novos membros foram integrados Inglaterra, Irlanda e Dinamarca (1973), Grécia (1981) Espanha e
Portugal (1986). Somente em 1991 UE alcança com todas as características de mercado comum, com assinatura do tratado de
Maastricht, neste tratado foi criada a moeda única o euro. Todavia, ela só entra em vigor e circulação em 2002.
309
SISTEMA DE ENSINO A360°
Com a criação do euro alguns países receberam ajuda financeira para fortalecimento da sua economia e torna assim o
euro uma moeda forte, contudo, com agravamento da crise de 2008 a UE entrou numa terrível crise uma vez que os países que
receberam ajuda deixaram de receber ajuda e assim pararam seu crescimento e esses países começaram a não cumprir com
seus compromissos financeiros. O grupo de países que estão nesta situação é: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, tais
países receberam a sigla pejorativa em inglês PIIGS que significam porcos, “os porcos, mal pagadores da UE”. A situação mais
economicamente grave é da Grécia.
APEC- Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, foi abordado em 1989 pelo ex- ministro australiano e foi criado em
1993 na conferência de Seattle nos EUA. É uma zona de livre comércio, que conta com os países que são banhados pelo oceano
pacífico e margeiam o círculo de fogo.
Atualmente tem 21 membros de economia e cultural bastante diferentes, dentre seus membros estão EUA, China e Austrá-
lia. O principal objetivo do bloco é o fortalecimento e da economia dos membros do bloco.
310
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
Nafta- Tratado Norte-Americano de Livre Comércio é um bloco econômico composto atualmente por EUA, Canadá e Méxi-
co. É uma zona de livre comércio. O bloco tem sua origem em um acordo dos EUA e Canadá em 1988. No ano de 1992 o México
foi anexado ao bloco que entrou em vigor no ano de 1994.O Chile é um país também associado ao bloco.
Mercosul- Mercado Comum do Sul, foi criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinando no tratado de
Assunção no Uruguai, com objetivo é a maior integração das parte e a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos,
em 1994 entra em vigor a Tarifa Externa Comum- TEC. A Venezuela foi integrada como países membro em 2013. Os demais
todos os países da América do sul fazem parte do MERCOSUL como países associados. O Paraguai foi temporariamente suspen-
so em 2012 por causa do golpe de Estado sofrido pelo então presidente Fernando Lugo, que foi deposto por militares. Apesar
do nome o MERCOSUL não é um mercado comum, pois suas características estão mais próximas de uma modalidade de bloco
econômico regional de união aduaneira.
311
SISTEMA DE ENSINO A360°
BRICS- é um grupo econômico composto por países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Somente em
2010, a África do Sul integrou o grupo.
O termo surge pelo economista inglês Jim O’Neill, num relatório Building Bett er Global Economic BRICs. Ele aponta carac-
terísticas em comum nos países que os tornavam atrativos para investidores, dentre elas estão: crescente econômica, grande
extensão territorial, grande mercado consumidor potencial e elevada quantidade de recurso natural. O surgimento do BRICS
reconfigura a geopolítica do planeta, uma vez que os cinco países representam nada mais que 26% das terras emersas do
planeta e sua população somada chega a representar 46% da população mundial e 23% do PIB mundial. Os países em via de
desenvolvimento mostram sua força econômica e política.
Em 2013 em Fortaleza-Ce- Brasil, foi sede da VI cúpula foi criado o banco dos BRICS que é fundo de 100 milhões no qual
será utilizado em auxilio aos países do BRICS ou de países emergentes.
312
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
R EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
01| UFMG Leia este trecho: Argumento 1:
Eurocopa & eurocrises Argumento 2:
Sempre gostei da Eurocopa. O futebol é um porme- 2. Pode-se perceber pela leitura do trecho que o jor-
nor. As minhas razões são políticas. Gosto da Eurocopa nalista tem uma posição com relação à integração
porque ela é a expressão tangível (e bem ruidosa) da europeia.
diversidade nacional europeia que nenhuma constru-
ção federal será capaz de suprimir. EXPLIQUE qual é essa posição, justificando-a.
Dias atrás, a chanceler Angela Merkel [alemã] decla- Explicação e justificativa:
rou em entrevista: a solução para os problemas do
Resolução:
euro passa por mais “integração” dos países da zona
do euro. [...] 1. Argumento 1: A crise econômica vivenciada na
União Européia, com destaque para os países co-
Angela Merkel, claro, não lê a imprensa portuguesa.
nhecidos como PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Gré-
Se lesse, veria o que escreveram a respeito do jogo
cia e Espanha) e as políticas de austeridade fiscal/
Alemanha x Portugal (que os portugueses, injustamen-
te, perderam por 1 a 0). A retórica antigermânica era social “impostas” pela Alemanha.
violenta, o que se entende; o país está sob resgate fi- Argumento 2: A tensão e submissão política, social
nanceiro internacional, com a bênção punitiva da Ale- e militar vivenciada pela Polônia em decorrência da
manha. atuação da ex-URSS durante o período da Guerra
Mas as rivalidades que a Eurocopa oferece não são Fria, na qual a Rússia era a grande república.
apenas explicadas por crises econômicas momentâne- 2. Percebe-se, pela leitura do texto, que o autor tem
as. Existem também memórias históricas que persis- uma posição de não acreditar na concretização
tem em retornar à superfície. de integração européia. Segundo ele, a diversida-
Jogos como Polônia x Rússia ou França x Inglater- de nacional e o interesse de sua manutenção por
ra são evocações fantasmagóricas de lutas seculares parte de alguns países dificultam a integração, já
que deixaram sua pegada arqueológica. Quando essas que muitos povos querem manter e resgatar a sua
equipes se voltarem a enfrentar na Eurocopa, não será identidade e a sua cultura. Além disso, o contexto
apenas de futebol que a mídia irá falar. histórico europeu é marcado por tensões e conflitos
[...] que marcam a história recente de vários Estados, o
que alimenta rivalidades entre parte da população
Na Europa, não existe um único país; nem sequer dessas nações.
como pretendem os federalistas, diferentes “regiões”
que podem fazer parte de um super Estado com capi- 02| UNICAMP Faz cerca de vinte anos que “globalização”
tal em Bruxelas. se tornou uma palavra-chave para a organização de nos-
O que existe são nações múltiplas que, na hora do sos pensamentos no que respeita ao funcionamento do
confronto desportivo, regressam a um sentimento pri- mundo. A palavra “globalização” entrou recentemente
mordial de pertença: a uma língua, uma cultura, uma em nossos discursos e, mesmo entre muitos “progres-
identidade. sistas” e “esquerdistas” do mundo capitalista avançado,
Coutinho, João Pereira. In: Folha de S.Paulo.p. E6. Ilustrada.12 de junho de 2012. (adaptado) palavras mais carregadas politicamente passaram a ter
um papel secundário diante de “globalização”. A globa-
A partir da análise e interpretação desse trecho, FAÇA
o que se pede: lização pode ser vista como um processo, uma condição
ou um tipo específico de projeto político.
1. O jornalista português João Pereira Coutinho es- (Adaptado de David Harvey, Espaços de Esperança. São Paulo: Edições Loyola, 2006. p. 79.)
tabelece uma relação entre o comportamento das
torcidas, a história e a situação econômica euro- A Identifique uma característica política e uma cultu-
peia atual. ral do processo de globalização.
APRESENTE dois argumentos que comprovam a rela- B Quais as principais críticas econômicas dos movi-
ção estabelecida pelo autor. mentos antiglobalização?
313
SISTEMA DE ENSINO A360°
F EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01| UFJF Observe a figura abaixo. Perto, só quando dava
O ENCOLHIMENTO DO MAPA-MUNDÍ Quando muito, ali defronte,
1500-1840
E o horizonte acabava.”
Fonte: www.gilbertogil.com.br/letras/paraboli
ANOS 1960
03| PUC O modelo de formação do bloco regional europeu
sofreu mudanças, ao longo da segunda metade do sécu-
Fonte: HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as
lo XX, de acordo com os caminhos traçados pela geopo-
origens da mudança cultural.2.ed. São Paulo: Loyola, 1992.
lítica mundial no período. Apesar de todos os seus pro-
Responda: blemas, esse modelo se mantém como referência para
outros processos de regionalização no mundo de hoje.
A Que fator explica o “encolhimento” do mapa-mundi?
Leia o trecho da música Parabolicamará, de Gilberto Gil: A Diferencie o objetivo de formação do Mercado Co-
mum Europeu (MCE), pelo Tratado de Roma, de
“ Antes mundo era pequeno 1957, do da União Europeia (UE) pelo Tratado de
Porque Terra era grande Maastricht, em 1992.
314
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
04| UEG Uma das faces da globalização é a criação de mer- 07| UNICAMP Uma tendência marcante no mundo con-
cados comuns entre grupos de nações chamados de me- temporâneo é a formação de organismos regionais,
gablocos ou blocos regionais; é uma forma de regiona- como o Mercosul e a União Européia. Considerando
lização dentro do espaço mundial e, ao mesmo tempo, esse fato, responda às questões:
uma forma de aumentar as relações em escala global,
pois os países participantes de um bloco têm acesso a A A primeira “onda” de integração regional iniciou-
vários mercados consumidores, dentro e fora de seu blo- -se após a Segunda Guerra Mundial e perdurou até
co. Sobre alguns dos blocos da América, responda: cerca de 1970. Considerando esse período, apon-
te pelo menos duas organizações que surgiram na
A Cite os países que compõem o NAFTA e explique
quais são os reflexos dessa organização para o país América Latina, e comente os resultados dessa inte-
representante da América Latina. gração no subcontinente.
B A criação da ALCA sofreu várias críticas em função B Recentemente, a idéia de “regionalismo aberto”
dos prejuízos que pode representar para o Merco- tem sido utilizada para promover a convergência
sul. Explique. dos diversos acordos regionais existentes, visan-
do também à adesão de novos países ao proces-
05| UFRJ O aumento do número de acordos de integração so de integração. Neste contexto, quais seriam
regional foi um dos principais eventos nas relações in- os principais objetivos almejados pela integração
ternacionais nas últimas décadas. Praticamente todos os
regional?
países são membros de algum bloco e muitos participam
de mais de um. 08| UEG Observe o mapa a seguir.
A Apresente duas vantagens da criação de blocos eco-
nômicos para os países integrantes.
B Apresente uma característica que diferencia a União
Europeia de outros acordos de integração regional. 1 2
06| UFMG A 5a Cúpula das Américas, evento continental Trópico de Câncer
315
SISTEMA DE ENSINO A360°
T ENEM E VESTIBULARES
01| ENEM C a influência das grandes potências econômicas.
D a dissolução de blocos políticos regionais.
E o alargamento da força econômica dos países islâ-
micos.
1850 - 1930
O espaço mundial sob a “nova des-ordem” é um emara- Aviões a propulsão: 480 - 640 km/h
nhado de zonas, redes e “aglomerados”, espaços hege-
Anos 1960
mônicos e contra-hegemônicos que se cruzam de forma
complexa na face da Terra. Fica clara, de saída, a polêmi- Jatos de passageirs: 800 - 1100 km/h
ca que envolve uma nova regionalização mundial. Como
A Terra! Terra! por mais distante, o errante navegante
regionalizar um espaço tão heterogêneo e, em parte,
quem jamais te esqueceria. "Terra", de Caetano Ve-
fluido, como é o espaço mundial contemporâneo?
loso.
HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C.W. A nova des-ordem mundial.
São Paulo: UNESP, 2006. B Há soldados armados, amados ou não, quase todos
perdidos de armas na mão. "Pra não dizer que não
O mapa procura representar a lógica espacial do mun-
falei das flores", de Geraldo Vandré.
do contemporâneo pós-União Soviética, no contexto de
avanço da globalização e do neoliberalismo, quando a C Pra começar, quem vai colar,os tais coquinhos da
divisão entre países socialistas e capitalistas se desfez e velho mundo? Pátrias, famílias, religiões e precon-
as categorias de “primeiro” e “terceiro” mundo perde- ceitos, chegou não têm mais jeito. “Pra começar”,
ram sua validade explicativa. Marina Lima e Antonio Cicero.
Considerando esse objetivo interpretativo, tal distribui- D Antes mundo era pequeno porque Terra era grande.
ção espacial aponta para Hoje mundo é muito grande, porque terra é peque-
na. "Parabolicamará", de Gilberto Gil.
A a estagnação dos Estados com forte identidade cul-
tural. E Terra, és o mais bonito dos planetas. Estão te mal-
tratando por dinheiro, tu que é a nave nossa irmã.
B o alcance da racionalidade anticapitalista. "O sal da Terra. Beto Guedes".
316
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
03| FAMECA A nova ordem mundial, conjunto de caracterís- IV. A globalização teve seu processo facilitado pela
ticas econômicas, políticas e sociais, consolidou-se com técnica, pelas formas de telecomunicação mediada
o fim da Guerra Fria. pela rede de computadores que constituem a base
de fluxos do capital financeiro.
Sobre essa nova configuração, é correto afirmar que
A Todas as afirmativas estão erradas.
A a organização de fóruns de debates internacionais
passou a se constituir elemento chave para o novo B Todas as afirmativas estão corretas.
cenário, resgatando o respeito pelos líderes mun- C Somente a afirmativa I é correta.
diais. D Somente a afirmativa III é incorreta.
B as superpotências passaram a ser definidas pela E Somente a afirmativa IV é correta.
elevada produtividade baseada no domínio técni-
co, científico e militar, conferindo maior competiti- 05| UEPA Estudos registram o surgimento, nos anos 1990, do
vidade. movimento antiglobalização ou alterglobalização que uniu
as críticas às causas da miséria, exclusão e conflitos sociais
C as lideranças se construíram de modo natural e as
e propõe a busca de um consenso que viabilize ações con-
novas potências assumiram seu papel de orienta- juntas e a construção de uma outra globalização, a da soli-
ção, criando um cenário positivo para debates de- dariedade. Neste contexto é correto afirmar que:
mocráticos.
A esses movimentos têm conseguido conter os avan-
D a capacidade militar se manteve preponderante nas ços da globalização, principalmente no aspecto cul-
definições das áreas de influência dos países, ele- tural, em razão do efetivo apoio de Instituições Ofi-
gendo novos líderes mundiais. ciais, a exemplo do MST (no Brasil) e Via Campesina
no Continente Africano.
E os grandes países de influência global foram esco-
lhidos a partir de instâncias políticas capitaneadas B algumas ONGs (Organizações Não Governamentais)
por órgãos internacionais, avaliando suas poten- a exemplo do Greenpeace, têm efetivado suas ações
cialidades. de resistência à globalização, atentando principal-
mente às questões ambientais.
04| UESPI A globalização remete ao caráter do capitalismo, C as populações tradicionais amazônicas pouco têm
em seu processo de reprodução, reordenando modos sido influenciadas pelas ações antiglobalização devi-
de vida e espaços já organizados e consolidados, atra- do ao completo isolamento geográfico que as atin-
vés da incessante incorporação de novos territórios. A ge, em especial as comunidades quilombolas.
ideia de globalização, no fim do século XX, refere-se a D na América Latina, em especial no México, o Movi-
uma homogeneização sociocultural, econômica e espa- mento Zapatista é responsável pela liderança conti-
cial. Sobre o processo da globalização na perspectiva nental, tendo, porém, nos últimos anos, atuado em
hegemônica leia as afirmativas e marque a alternativa outras frentes territoriais, como Estados Unidos e
CORRETA. Alemanha.
I. A globalização não ocorreu de forma hegemônica e E a atuação da OMC (Organização Mundial do Comér-
sem resistências, passou por fases e crises sociopo- cio) com sua eficiente ação antiglobalização viabili-
líticas e tecnológicas, e cada vez mais é subordinada zou a participação de Cuba e China na última Reu-
nião da Cúpula das Américas.
ao capital financeiro e os fluxos mercantis das gran-
des corporações transnacionais. 06| UFG Nos últimos anos, países como França, Inglaterra,
II. A globalização da atividade econômica capitalista Espanha e Itália viram se agravar os seus conflitos in-
trata-se de uma forma mais avançada e complexa ternos, em alguns casos com manifestações violentas e
da internacionalização das atividades econômicas confrontos entre manifestantes, a maioria envolvendo
jovens e forças policiais. Esses acontecimentos ocorre-
dispersas em escala planetária, em um crescimento
ram por causa
dos fluxos do capital financeiro de caráter volátil ou
fictício. A da intensificação dos movimentos antiglobalização
que se prolongam desde o final da década de 1990 e
III. A globalização econômica conduz a um processo de tiveram como fato marcante a grande manifestação
fragmentação e exclusão reforçando as desigualda- durante o encontro da OMC em Seatle, nos Estados
des sociais, políticas e econômicas. Unidos.
317
SISTEMA DE ENSINO A360°
B dos movimentos pontuais que acontecem na Euro- E a regionalização é uma ação antiglobalização, que
pa em protestos contra a União Europeia e a imposi- termina sendo uma ação antiacumulação do capital,
ção aos países do euro como moeda única, fator que a favor da presença dominante do Estado no proces-
teria ampliado o desemprego. so produtivo.
C da luta da juventude pela paz mundial, principal-
08| UFPI A afirmação de Marshall McLuhan de que “o mun-
mente contra a participação de seus países em mis-
do se tornou uma aldeia global” é muito utilizada para
sões militares no Afeganistão e Iraque, ao lado dos
expressar o processo atual de globalização. Essa afirma-
Estados Unidos.
ção significa que:
D do crescimento da migração de populações de ou-
A Os povos de todos os países se encontram hoje co-
tros países, envolvidos em guerras ou catástrofes
nectados por redes de comunicação e de transportes.
ambientais, aliado à falta de emprego para a juven-
tude, em virtude da extensão da crise econômica. B A mundialização ou a globalização da cultura e das
comunicações entre os povos do mundo permitiu
E da determinação da juventude que luta por reforma
que todas as informações continuem restritas à es-
educacional e por maior participação do Estado no
cala do lugar, como fruto da expansão do capitalismo
ensino superior com a finalidade de ampliar a gra-
tuidade desse ensino. C Quando se diz que “o mundo ficou pequeno”, refe-
re-se ao planeta Terra, e não mais a uma pequena
07| PUC “Quatro grandes desafios da 'regionalização' [MER- porção do globo, como acontecia antes da comuni-
COSUL, p. ex.]: 1. Limitar a erosão a que está sendo sub- cação quase instantânea entre os lugares
metido o Estado, mediante a recuperação da capacidade
D O lugar continua a corresponder ao espaço geográ-
de regulação; 2. Recuperar o papel da acumulação ca-
fico conhecido por determinado povo: um mundo
pitalista nacional (privada e estatal), em relação à acu-
dos europeus, um mundo dos americanos, um mun-
mulação mundializada (corporações transnacionais) [...]
do dos africanos, etc.
para o desenvolvimento nacional; 3. Fortalecer o papel
do setor privado nacional, com o propósito de que este E A atual revolução técnico-científica mudou a per-
se converta no ator modernizador, dinâmico e transfor- cepção que se tem de mundo, mesmo mantendo a
mador [...]; 4. Reverter as condições estruturais de sub- mesma relação anterior a ela com o espaço geográ-
desenvolvimento e enfrentar as tendências objetivas fico mundial e com o lugar em que se vive.
negativas da globalização.”
09| IFGO
(Raúl BERNAL-MEZA. America del Sur en el sistema mundial hacia el siglo XXI [Améri-
ca do Sul no sistema
mundial, no século XXI]. In: LIMA, Marcos Costa (org.). O lugar da América do Sul na
VENEZUELA
nova ordem mundial.
São Paulo: Cortez Editora, 2001. p. 35) COLÔMBIA
318
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
Com relação ao bloco econômico Mercosul, assinale a 11| IFSP A criação do Euro, em 1999, abre uma nova fase
alternativa correta. nas relações entre os Estados Nacionais na Europa e
apresenta a rediscussão das fronteiras e do protecionis-
A Os países associados do Mercosul após 2012 e que o mo econômico e cultural no mundo. Sobre o Euro, assi-
compõem são: Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. nale a alternativa correta.
B Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai (em suspensão A O Euro e a moeda utilizada por todos os países
temporária) e Venezuela são países membros do membros da União Europeia.
bloco.
B Alguns países fora da Europa, como o Canada e a
C São países membros do Mercosul: Argentina, Brasil, Nova Zelândia, pediram o direito de utilizar o Euro
Peru, Colômbia, Equador e Chile. em substituição de suas moedas nacionais.
D O Chile e a Venezuela aderiram e tornaram-se paí- C Apenas a Dinamarca e a Inglaterra, membros da UE,
ses membros em 2012. não utilizam o Euro.
E O Paraguai foi permanentemente suspenso do bloco. D As sucessivas crises dos anos 2000 enfraqueceram
o Euro e alguns países, como Alemanha, Espanha e
10| ESPM Franca que estão pensando em retornar as suas mo-
edas nacionais.
E O Euro tornou-se a moeda mais estável do mundo,
suplantando o dólar e a libra esterlina.
12| PUC
319
SISTEMA DE ENSINO A360°
13| UNIFOR A União Europeia vem enfrentando uma gra- B esse pacto abriu o país mais rico do mundo ao Mé-
ve deterioração econômica, desde 2007, sendo um dos xico e assim esses países continuaram a sua história
principais problemas representado pela crise da dívida compartilhada, agora de forma institucionalizada,
na chamada Zona do Euro. Analise as afirmativas a se- mostrando que países pobres se beneficiam com o
guir, relacionadas a esses temas: livre-comércio.
I. A crise da dívida começou com a difusão de rumo- C na era da globalização ocorrem vários pactos co-
res sobre o nível da dívida pública da Grécia e o merciais – regionais ou não, que nem sempre foram
risco de suspensão de pagamentos pelo governo (e são) bem sucedidos, e vários são vistos como con-
grego. trários à lógica do livre-comércio, já que privilegiam
II. A Inglaterra é a segunda maior economia Zona do os países membros dos acordos.
Euro, o que torna seu desempenho um elemento- D acordos comerciais regionais, como o citado, fracas-
-chave para a resolução da crise da dívida; saram em razão da condição desigual dos membros,
III. A crise econômica na Europa tem sido um fator e por isso só se insiste, no mundo globalizado, em
determinante nas eleições que vem ocorrendo no acordos e uniões com membros mais homogêneos,
Continente, contribuindo para derrubar governos como a União Europeia.
independentemente de sua orientação política; E tal como o Nafta, o Mercosul é bem sucedido pelas
IV. Os primeiros cinco países europeus que se revela- associação com os EUA formando a ALCA (Área de
ram mais afetados pela crise econômica foram Por- Livre Comércio das Américas), pois o sucesso está
tugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, originando em combinar países de economias de pesos e for-
o grupo denominado pejorativamente de PIIGS; mas diferentes.
V. No papel de maior economia da União Europeia, a 15| UFAL Em 1 de Janeiro de 1994, o Acordo de Livre Co-
Alemanha vem impondo suas ideias para o comba- mércio da América do Norte (NAFTA) entrou em vigor.
te à crise, basicamente fundamentadas na expan- O NAFTA criou uma das maiores zonas de comércio livre
são dos gastos públicos como forma de acelerar o do mundo, que agora liga 450 milhões de pessoas que
crescimento e reduzir o desemprego. produzem 17 trilhões de dólares em bens e serviços. O
Marque a opção correspondente às afirmativas FAL- comércio entre os países do NAFTA vem crescendo des-
SAS: de que o acordo entrou em vigor.
Disponível em: http://www.ustr.gov. Acesso em: 08/12/2013
A I e II
O NAFTA se tornou um dos mais importantes blocos eco-
B IV e V nômicos do mundo, apesar de fazer parte dele apenas
C I, II e IV A EUA, Canadá, Venezuela e Brasil.
D III, IV e V B EUA, Canadá e Inglaterra.
E II e V C EUA, Canadá, Brasil e Argentina.
14| PUC “Se algum acordo de comércio tinha tudo para dar D EUA, Canadá e México.
certo foi aquele firmado entre México, Estados Unidos E EUA, Canadá, México e Brasil.
e Canadá. Sancionado em 1994, o Acordo de Livre Co-
mércio da América do Norte (NAFTA) criou o que era, 16| UEPA A multiplicação dos acordos bilaterais, tratados de
na época, a maior área de livre-comércio do mundo, livre comércio e de blocos econômicos regionais consti-
com 376 milhões de pessoas e um PIB de quase 9 tri- tui um dos fenômenos mais marcantes do cenário mun-
lhões de dólares.” dial pós Guerra Fria. Neste contexto, ocorre destaque
(Joseph E. Stiglitz. Globalização: como dar certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 137)
para a União Europeia, considerado o bloco econômico
com maior nível de integração e que enfrenta nos últi-
Tendo em vista essa informação e considerando as mos anos uma grave crise econômica. Sobre a crise eu-
questões comerciais da chamada globalização, pode ropeia e o bloco União Europeia é correto afirmar que:
ser dito que
A o crescimento econômico deste bloco está em des-
A esse acordo comercial, mesmo considerando as compasso com o resto do mundo, uma vez que, en-
desigualdades entre México e EUA, foi bem suce- quanto seus países membros têm lento crescimento
dido e trouxe novas possibilidades à nação mexica- econômico, os países que compõem outros blocos
na, algo que no contexto da globalização é pratica- apresentam rápido crescimento, principalmente os
mente o único caso de sucesso. que compõem o NAFTA.
320
CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente F
B a crise na Europa foi causada pela dificuldade de milhares de camponeses, a emigração de milhares
alguns países europeus em pagar as suas dívidas. de agricultores para os EUA, a elevação das impor-
Alguns países da região, a exemplo da Grécia e tações mexicanas de produtos agrícolas etc.
Portugal, não vêm conseguindo gerar crescimento
D Transformou o México no principal parceiro comer-
econômico suficiente para honrar os compromissos
cial do Canadá, que, dessa forma, deixou de ser o
firmados junto aos seus credores ao longo dos últi-
“quintal” do Reino Unido, com quem mantinha a
mos anos. Tal fato é grave e poderá ultrapassar as
maior parte de suas relações comerciais antes do
fronteiras da chamada "Zona do Euro".
bloco.
C alguns países, a exemplo da Alemanha e França, que
E Intensificou a transferência das fábricas maquilado-
possuem maior desenvolvimento tecnológico, estão
ras dos EUA para a região metropolitana da Cidade
isentos desta recente crise econômica. O término da
do México. A instalação dessas fábricas nessa aglo-
Guerra Fria e a reunificação alemã influenciaram na
meração urbana aprofundou a concentração terri-
reformulação do equilíbrio geopolítico europeu.
torial da indústria e da população mexicanas.
D a crise atinge todos os países integrantes do bloco
com a mesma proporção, sendo o desemprego es- 18| UFT Sobre o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), é IN-
trutural e conjuntural um dos mais sérios problemas CORRETO afirmar.
dos países integrantes deste bloco econômico.
A Tem como membros plenos e fundadores Brasil, Ar-
E a economia mundial tem experimentado um cres- gentina, Uruguai e Paraguai.
cimento lento desde a crise financeira dos Estados
Unidos entre 2008 e 2009. A crise americana atra- B Foi criado em 1990, oficializado em março de 1992,
vessou fronteiras e influenciou no resto do mundo, através do Tratado de Maastricht.
inclusive na Europa e no contexto da União Euro-
C O bloco constitui uma união aduaneira, cujo estágio
peia, atingindo na mesma proporção todos os paí-
dessa integração econômica, não são cobrados im-
ses integrantes deste bloco.
postos no comércio entre os países membros, exis-
17| UFCG União Europeia, Nafta, Mercosul, Apec, Pacto An- tindo uma tarifa externa comum.
dino são alguns exemplos de blocos econômicos regio- D O Brasil possui a maior e mais industrializada eco-
nais definidos pelo processo de integração econômica nomia do MERCOSUL e é o principal mercado para
entre países. “Na realidade, esses mercados internacio-
exportação do Paraguai, Uruguai e Argentina.
nais constituem um dos caminhos ou etapas da globali-
zação, da interdependência crescente de todos os países E Em dezembro de 1994, foi aprovado o Protocolo de
e povos do mundo, de uma ampliação de mercados, en- Ouro Preto, que estabelece a estrutura institucional
tre outros”. do MERCOSUL e o dota de personalidade jurídica in-
(VESENTINI, J.W. Geografia: geografia geral e do ternacional.
Brasil. São Paulo: Ática, 2005, p. 210).
19| FAC. DIREITO DE SOROCABA O ex-presidente do Para-
Em relação ao Acordo de Livre-Comércio da América do guai, Fernando Lugo, afirmou na noite desta sexta-feira
Norte (Nafta), assinado em 1993, que representa a pro- que acatará a destituição sofrida no Senado e que en-
gressiva integração econômica entre os EUA, o Canadá e frentará na Justiça as investigações relativas ao impea-
o México, é correto afirmar que: chment. O mandato de Lugo foi cassado no Senado por
A Abriu, progressivamente, as fronteiras entre os pa- 39 votos a favor, quatro contra e duas abstenções.
íses membros, facilitando a livre circulação de mer- (http://www.estadao.com.br/noticias/internacional, lugo-...,890229,0.htm,
cadorias, serviços e mão-de-obra entre eles. 22.06.2012. Adaptado)
321
GABARITOS
322
GABARITOS
Quanto à “getulização dos textos esco- pensado (1936) intensificou as trocas co- cialismo, que aumentaria os poderes de
lares”, trata-se de uma importante área merciais entre o Brasil e o regime nazista. João Goulart na Presidência da Repúbli-
de atuação do DIP, visando inspirar, nas Por outro, o Itamaraty realizou intenso ca. Em contrapartida, os apoiadores de
crianças e adolescentes, admiração, entu- esforço diplomático para obter emprés- Jango desejavam fortalecê-lo, com vistas
siasmo e lealdade à pessoa do governante, timos do governo dos Estados Unidos, a promover as chamadas “reformas de
seguindo um paradigma criado pelos regi- com vistas a estabelecer uma indústria base”. Deve-se observar que JK (então
mes totalitários coevos. de base nacional, bem como a possibilitar senador e principal liderança do PSD)
02| o reaparelhamento das Forças Armadas. seria beneficiado pelo restabelecimento
b) O Estado Novo (1937-1945) caracteri- dos poderes presidenciais, visto que ele
a) A tensão entre o governo Vargas e o Esta-
zou-se pela adoção do nacionalismo em postulava ser novamente eleito presi-
do de São Paulo em 1932 pode ser obser-
bases autoritárias, pela incorporação dente, como sucessor de Jango. O acir-
vada no descontentamento dos paulistas
das massas urbanas ao projeto nacional, ramento dessa conjuntura resultaria no
com os rumos políticos após a derrubada
por intermédio da codificação de ampla golpe de 1964.
de Washington Luís em 1930, com a polí-
tica de interventores de Vargas e com as legislação trabalhista, e pela implanta- 03|
práticas autoritárias do governo central. ção de um regime autocrático e centrali- a) O candidato poderá citar:
O intervencionismo estatal na política de zador em torno da figura carismática de
Getúlio Vargas. A importância do papel do líder (Presi-
valorização do café desagradou aos pro-
dente da República) no tipo de presiden-
dutores que compunham a base da elite c) Sim. Ao combater os países do Eixo ao cialismo da Constituição de 1946;
econômica do Estado. Também houve ma- lado dos Aliados, o regime varguista esta-
nifestações populares e trabalhistas de- beleceu profunda contradição entre suas O protagonismo do Poder Executivo em
nunciando o caráter repressor do governo. políticas externa e interna. Essa contradi- comparação a outras instâncias políticas;
b) Para os paulistas, a convocação de uma ção mostrou-se irreconciliável, na medida O intervencionismo econômico do Estado
Constituinte deveria restabelecer a ordem em que acirrou a polarização ideológica Brasileiro no projeto de desenvolvimen-
legal, encerrar o caráter excepcional e au- no interior da sociedade, abriu um flanco to;
toritário do governo provisório, incorporar vulnerável às pressões liberalizantes, ca- A política de industrialização através da
a pauta trabalhista e, ao restaurar o fede- pitaneadas pelos Estados Unidos da Amé- substituição de importações;
ralismo, recuperar o prestígio político an- rica e corroeu as bases de sustentação do
A manutenção da estrutura agrária con-
terior. regime, levando ao seu colapso em 1945.
centracionista;
03| O controle das massas trabalhadoras via
ENEM E VESTIBULARES (P. 41)
Espera-se que o(a) candidato (a) possa, sindicalismo atrelado ao Estado.
01| A 04| D 07| A 10| 24
num texto claro e coerente, demonstrar b) O candidato deverá destacar que a for-
a pertinência da charge como documento 02| B 05| C 08| D 11| D
mação de partidos políticos nacionais
das manobras políticas de Getúlio Vargas, 03| A 06| D 09| C 12| D após 1946 se constituiu num elemen-
relacionando-a com o seu maquiavelismo, to novo na política brasileira. Deverá
demonstrado no aproveitamento político também analisar as características dos
do chamado Plano Cohen. Tratava-se de EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 58)
grandes partidos criados: o PSD, a partir
um falso plano, elaborado pelos integra- 01| da máquina getulista e das lideranças
listas, segundo o qual os comunistas ten- a) O candidato deveria indicar que a prin- regionais tradicionais, tendo como prin-
tariam tomar o poder no país, por meio cipal proposta diplomática do governo cipal força os municípios interioranos
do assassinato de autoridades e de outros Jânio Quadros foi a adoção da Política e as áreas mais conservadoras; o PTB,
atos terroristas. Vargas aproveitou-se des- Externa Independente (PEI), pela qual o formado com base na estrutura sindical
se falso plano para, com o apoio das forças Brasil se distanciava do alinhamento au- forjada na era varguista, herdeiro de um
armadas, dar um golpe institucional, im- tomático com os EUA. A condecoração de projeto nacionalista e a UDN, constitu-
plementando a Ditadura do Estado Novo, Che Guevara, revolucionário integrante ída pela reunião de políticos anti-getu-
sob o pretexto de livrar o país da ameaça do governo cubano, representava essa listas, com forte cunho anti-comunista,
comunista. nova política. contrário à intervenção do Estado na
04| b) A política externa de Jânio desagradou economia e favorável à associação com
Política de socorro ao setor cafeeiro: aten- ao seu próprio partido, a UDN, às for- o capital internacional.
dimento às pressões das oligarquias cafe- ças armadas ideologicamente alinhadas 04|
eiras, canalizando recursos da economia aos EUA, e às demais forças conserva- a) O candidato poderá indicar e analisar uma,
nacional para esse objetivo. doras do país. dentre as seguintes características do Esta-
Atuação do Estado como empresário no 02| do Novo: 1) vigência de regime ditatorial,
setor industrial, canalizando recursos na- Episódio Político: Extinção, por meio de que implicava na suspensão do Poder Le-
cionais privados e recursos estrangeiros um referendo (e não “plebiscito”) realiza- gislativo, permanecendo as grandes deci-
para a área da indústria de bens, em espe- sões políticas na dependência pessoal de
do em 1963, do sistema parlamentarista
cial a siderúrgica. Vargas e seus assessores; agravamento do
implantado durante a crise que se seguiu
05| processo de centralização política, com a
à renúncia de Jânio Quadros.
diminuição dos poderes dos governos es-
a) A “política de barganhas” executada pela Contexto político interno: Polarização taduais, em detrimento do Governo Fede-
diplomacia brasileira entre 1939 e 1942 entre a oposição a Jango, nucleada pela ral, que açambarcou para si alguns dos im-
caracterizou-se pela adoção de uma “equi-
UDN, e o bloco situacionista, formado postos de âmbito estadual e municipal; 2)
distância pragmática” entre os Aliados e
pela coalizão PSD-PTB e apoiado por se- agravamento do processo de centralização
os países do Eixo. Por um lado, a assina-
tores populistas e de esquerda. À oposi- política, com a diminuição de poderes dos
tura do Protocolo sobre Comércio Com-
ção não interessava a volta do presiden- governos estaduais, que passaram a ser
323
GABARITOS
exercidos, via de regra, por interventores forte sentido nacionalista, tendo como tir da arrecadação deste imposto; d) conti-
nomeados diretamente por Vargas, asses- exemplo paradigmático a criação da Petro- nuidade do Ministério do Trabalho como
sorados pelos Daspinhos – réplicas regio- brás - e a campanha “O Petróleo é Nos- “árbitro” dos conflitos entre operários e
nais do Departamento de Administração so”, de grande apelo popular – e da Eletro- empresários, atuando mediante as Juntas
do Serviço Público (DASP), encarregado brás; 3) o fim dos mecanismos do regime de Conciliação que via de regra apontavam
de fiscalizar os governantes estaduais; 3) de exceção, com o restabelecimento dos para soluções “negociadas” que impediam
incentivo claro à industrialização do país, três poderes do Estado e o fim dos órgãos os conflitos entre eles; e) a continuidade
mediante o investimento estatal junto a de censura e propaganda; 4) manutenção do investimento propagandístico que visa-
indústrias de base, com a criação da CSN, da legislação trabalhista e de todas as suas va manter viva a figura simbólica de Vargas
FNM, Cia Nacional de Álcalis e outras; 4) características, visando manter a classe como defensor dos trabalhadores, estrei-
estabelecimento da Legislação Trabalhis- trabalhadora urbana em estado de “mo- tando-se seus laços com estes mediante
apelos para que participassem dos sindi-
ta no país, com a criação do Ministério bilização controlada”; 5) manutenção do
catos de modo a ajudá-lo na luta contra
do Trabalho, Indústria e Comércio, ao sindicalismo corporativista verticalizado e
“os especuladores e os gananciosos”.
qual passou a ser afeta a gestão sobre as atrelado ao Estado; 6) suspensão da exi-
questões relacionadas aos trabalhadores, gência do atestado ideológico antes obri- O candidato deverá analisar, como pontos
lembrando que toda essa legislação esteve gatório para participação na vida sindical; de ruptura, um dentre os seguintes ele-
limitada ao âmbito da classe trabalhadora 7) ocorrência de algumas greves operárias, mentos: a) fim dos mecanismos políticos
urbana e não rural; 5) fim da pluralidade por aumento salarial e melhoria de condi- de exceção, com a suspensão de prisões
sindical e consolidação dos sindicatos cor- ções de vida, inclusive em empresas do arbitrárias, tortura e exílio de antagonis-
porativistas, únicos por ramo profissional setor público; 8) ênfase dos investimentos tas políticos do presidente; b) restabele-
e dependentes do Estado, que fiscalizava estatais em infra-estrutura de transportes cimento dos três Poderes constitucionais,
suas eleições, controlava suas mobiliza- e energia, além do reequipamento da ma- com a recuperação da Câmara e do Sena-
ções e os respaldava com recursos do Im- rinha mercante e do sistema portuário; do enquanto elementos fundamentais ao
posto Sindical criado em 1939; 6) criação 9) criação do BNDE (Banco Nacional de jogo político democrático, impedindo o
do Salário Mínimo em 1940, o qual para al- Desenvolvimento Econômico) orientado exercício de medidas personalistas e au-
guns segmentos de operários representou diretamente para acelerar o processo de toritárias do governante; c) extinção das
um ganho real – sobretudo para aqueles diversificação industrial; 10) agravamento instituições mais claramente ligadas ao
originados do campo, ao passo que para da oposição política entre os setores na- Estado Novo, tais como as Interventorias,
outros, os mais especializados, significou cionalistas e os chamados “entreguistas”, os Daspinhos e o DIP, encarregados de fis-
perdas salariais, sem contar com o fato de os primeiros, associados aos militares e calizar governadores estaduais e efetivar
que o salário mínimo passou a funcionar aos políticos defensores da industrializa- campanhas ideológicas de massa, desti-
como piso para os salários de todas as ca- ção autônoma e independente do capital nadas a valorizar a imagem “paternalista”
tegoriais profissionais do país, contribuin- internacional e os segundos, defensores de Vargas; d) restabelecimento do regime
do para rebaixar os custos dos empresários da menor intervenção do Estado na eco- político-eleitoral e do pluripartidarismo,
brasileiros; 7) a emergência, em função do nomia e da abertura ao capital estrangeiro que propiciou a organização de forças
Imposto Sindical, da figura do “pelego”, o como meio de promoção do desenvol- políticas de apoio e de oposição a Vargas
dirigente sindical que atuava mais no inte- vimento; 11) acirramento das oposições figurando, entre as primeiras, o PSD e o
resse próprio e do Estado do que no inte- políticas ligadas ao anticomunismo (sobre- PTB – originado das bases trabalhistas de
resse das classes trabalhadoras que repre- tudo alguns militares e a UDN), desconten- Getúlio – e, entre as segundas, a UDN,
sentava, amortecendo, assim, conflitos; 8) tes com o não-alinhamento automático do partido de permanente oposição a Var-
agravamento dos mecanismos de censura regime aos EUA. gas, pautado por freqüentes denúncias
política e artística, mediante a criação do relativas a suas ações, tendo como figura
b) O candidato deverá analisar, como pontos
DIP (Departamento de Imprensa e Propa- emblemática Carlos Lacerda; e) emergên-
de continuidade, um dentre os seguintes
ganda) que controlava conteúdos de obras cia de greves operárias que sinalizavam
elementos: a) o prosseguimento da polí-
críticas ao regime, além de fazer a apolo- para a dificuldade do regime e do “caris-
tica industrialista do Estado, calcada em
gia de Vargas junto à sociedade em geral e ma” de Vargas em manter sob controle as
investimentos públicos em empresas de
às escolas em particular, construindo uma classes trabalhadoras em seu conjunto.
bens de capital, tendo em vista as dificul-
imagem de Getúlio como protetor dos tra- dades e/ou oscilações do capital estrangei- 05|
balhadores mediante o uso intensivo de ro em participar deste processo; b) a ma- a) A interiorização da capital foi entendida a
meios de propaganda e cerimônias públi- nutenção do sindicalismo corporativista, partir do discurso da nova organização es-
cas, tais como as comemorações de 1º. de único por profissão e atrelado ao Estado, pacial do território brasileiro, com desta-
maio e programas radiofônicos; 9) utiliza- o que impedia, de fato, a consolidação que para a estratégia denominada “Mar-
ção de prisões arbitrárias, tortura e exílio democrática, já que os sindicatos – órgãos cha para o Oeste”. Integrando diferentes
de intelectuais e políticos de esquerda ou de organização política dos trabalhadores regiões do Brasil, fazendo “avançar” o
antagônicos ao regime; 10) oscilação da – eram definidos como “agências do Esta- progresso. Já nos anos 1940, comissões
política externa brasileira entre aproxima- do”, dificultando a mobilização operária e militares se encarregaram de delimitar o
ção/distanciamento ora com os EUA, ora impedindo a emergência de lideranças de local da nova capital. A caminhada para
com a Alemanha; fato combativas; c) a preservação de toda o Oeste fez parte de um projeto de am-
Quanto à gestão de Vargas já no período a legislação trabalhista, incluindo a do Sa- pliação das fronteiras econômicas, com
democrático o candidato poderá indicar, lário Mínimo e a do Imposto Sindical, sen- o intuito de alavancar a expansão capi-
analisando, uma dentre as seguintes ca- do que a primeira continuava definindo talista nacional. Com São Paulo à frente
racterísticas: 1) retorno das liberdades po- tão somente o “piso” salarial por categoria deste processo, não por acaso a figura do
lítico-eleitorais e do pluripartidarismo; 2) profissional e a segunda mantinha os sin- bandeirante se tornou modelo do nosso
aceleração da industrialização brasileira, dicatos dependentes do Estado na medida self-made man, cidadão que vende a par-
com a firme intervenção do Estado junto em que contavam com os recursos que tir do seu próprio esforço, arrojado, pro-
a indústrias de bens de capital, agora com lhes eram repassados pelo Governo a par- gressista, que desbrava o território.
324
GABARITOS
b) Brasília, a meta-síntese do governo JK, não Utilização da tortura como instrumento b) REAÇÕES CONTRÁRIAS DA SOCIEDADE
estava originalmente no Plano de Metas. de intimidação. Desde 1964, e sobretudo Luta armada. As guerrilhas urbana e rural
O programa cobria ao todo 30 metas, e após 1968, a tortura foi utilizada como tentaram mobilizar as massas e desesta-
Brasília só entrou no final, como um acrés- sistemático instrumento de intimidação bilizar o governo ditatorial, com a criação
cimo, passando a ser a meta número 31. dos adversários do regime militar. de diversas organizações clandestinas
Foi ao longo do governo que ela assumiu
Instauração da censura às artes e aos contrárias à ordem estabelecida.
a função de condensar o programa de JK
meios de comunicação. A supressão do Mobilizações estudantis. Secundaristas e
e de simbolizar a ideia de que era possível
direito à livre expressão foi uma das prin- universitários promoveram diversos atos
dar um salto no tempo, realizar “50 anos
cipais características do regime. Portanto, de repúdio ao regime, destacando-se a
em 5”. A construção de uma nova capital
as artes e os meios de comunicação de UNE – União Nacional dos Estudantes.
pretendia integrar o território desenvol-
massa foram duramente atingidos.
vendo a região central do país, modernizar Imprensa alternativa. Com bom humor e
o Brasil, trazendo para um “novo tempo”, Criação de amplo aparelho repressor. Ór- fina crítica, a exemplo do Pasquim, essa
incentivar o desenvolvimento econômico, gãos e operações articuladas, tais como o imprensa furava o bloqueio da censura e
principalmente na infraestrutura (rodo- DOI-CODI, DOPS, Operação Oban, Opera- propagava uma mensagem de contesta-
vias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria. ção Condor, etc., foram responsáveis por ção ao regime.
ferrenho combate aos indivíduos ou mo-
Arte engajada. Artistas de múltiplas áreas
ENEM E VESTIBULARES (P. 59) vimentos sociais engajados na luta contra
– compositores, cantores, atores e atri-
o regime (Sindicatos, associações, etc.)
01| B 06| B 11| D zes, chargistas e cartunistas, utilizaram
Extinção de partidos políticos e implanta- sua arte para denunciar/criticar o regime
02| VVVFF 07| D 12| D
ção do bipartidarismo. Sob os auspícios militar.
03| C 08| C 13| B do Poder Executivo, todos os partidos
Reação de parcela da Igreja Católica.
04| C 09| A 14| D existentes no Brasil foram oficialmente
Embora a igreja estivesse dividida (par-
05| C 10| A 15| C extintos. Junto com essa medida, foram
te considerável da Instituição apoiou o
criadas duas agremiações políticas: a
golpe), vários clérigos manifestaram sua
ARENA – Aliança Renovadora Nacional
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 72) oposição ao regime, destacando-se D.
(situacionista) e o MDB – Movimento De-
Paulo Evaristo Arns, D. Hélder Câmara e
01| mocrático Brasileiro (oposicionista).
D. Pedro Casaldáglia.
Inspirados no exemplo da Revolução Exílio de adversários políticos. Artifício utili-
Mobilizações dos trabalhadores. Algumas
Cubana, os guerrilheiros buscavam im- zado para enfraquecer a oposição ao regime
categorias promoveram paralisações em
plantar no Brasil focos de resistência con- que afastou, do cenário nacional, importan-
represália ao arrocho salarial e à repres-
tra a Ditadura Militar e o imperialismo, tes nomes de múltiplos setores sociais.
são política, tendo se formado, no final
gastando assim as condições favoráveis Anticomunismo exacerbado. Em pleno da década de 1970, o chamado “novo
para implantação de um estado socialista contexto da Guerra Fria, o golpe militar sindicalismo brasileiro”, cujo berço foi o
no país. marcou o alinhamento oficial do Brasil à ABC paulista, o qual contestou a política
02| esfera política norte-americana. salarial imposta aos trabalhadores.
a) JUSTIFICATIVA DO SLOGAN Suspensão de eleições diretas. A partir Passeatas populares. Elas foram contrá-
Os governos militares tinham um projeto do golpe militar, foram suspensas as elei- rias à ditadura militar, como a “Passeata
ções livres para presidente da República, dos 100 mil”, no Rio de Janeiro.
para o crescimento do Brasil e fortaleci-
governadores de estado e prefeitos de
mento dos valores morais referentes à Lutas pelas “Diretas Já”. No final do regi-
cidades estratégicas.
Pátria (patriotismo/ufanismo), fundamen- me militar, esse movimento reivindicava
tado na doutrina de desenvolvimento e Criação e manipulação do Colégio Elei- a volta da eleição direta para a Presidên-
da segurança nacional. Tal projeto deveria toral. As eleições para presidente foram cia da República.
receber unanimidade da população. O im- delegadas a um Colégio Eleitoral progra-
Denúncias à Anistia Internacional e à
mado para referendar os candidatos im-
perativo no slogan (“Ame-o ou deixe-o”) Organização das Nações Unidas (ONU).
postos pelo regime.
expressa o autoritarismo dos governos mi- Eram feitas denúncias relativas à violação
litares: quem não estivesse satisfeito com a Criação dos senadores biônicos. Quan- dos Direitos Humanos no País.
política nacional deveria deixar o país. do a maioria governamental no referido
03|
Colégio foi ameaçada, o governo contra-
MEDIDAS ADOTADAS PELO GOVERNO -atacou criando a figura dos senadores a) O candidato poderá citar, dentre outras,
Decretação de Atos Institucionais. Instru- biônicos (indicados). uma das seguintes medidas: o fim do AI-
mentos jurídicos que conferiam pseudo- Severas restrições ao livre funcionamento do 5; a suspensão da censura prévia a parte
-legalidade aos atos autoritários do Poder Congresso Nacional. Em variadas situações, da imprensa; e a demissão de membros
Executivo, cujo principal símbolo foi o o regime ditatorial desrespeitou as prerroga- da alta hierarquia militar ligados à linha-
AI-5. Desrespeitavam direitos individuais tivas do Congresso Nacional. Em situações -dura do regime.
e coletivos e se sobrepunham à própria extremas, colocou-o em recesso forçado ou b) O candidato poderá indicar duas das se-
Constituição brasileira. sob os efeitos do “estado de sítio”. guintes ações: a elaboração de uma nova
Cassação dos direitos políticos de par- Construção das grandes obras como a legislação eleitoral – a Lei Falcão; o fecha-
lamentares, servidores públicos e lide- Transamazônica e a ponte Rio-Niterói. mento do Congresso Nacional; a formu-
ranças sindicais. Muitas das principais Estas foram utilizadas como base para a lação do Pacote de Abril; a cassação de
lideranças do país, que atuavam no par- propaganda governamental. parlamentares; e o combate a organiza-
lamento ou nos movimentos sociais, per-
Uso da propaganda para enaltecer o go- ções de esquerda como o PCB e o PC do
deram seus direitos políticos em razão da
perseguição promovida pelos controla- verno. Essa propaganda veiculava diver- B, dentre outras, inclusive assassinando
dores do regime militar. sos slogans ufanistas/nacionalistas. militantes destas organizações.
325
GABARITOS
326
GABARITOS
327
GABARITOS
Paris, ela constituiu uma reação liberal ENEM E VESTIBULARES (P. 142) vocação urbana da atividade industrial
contra as tentativas de Carlos X no sen- 01| B 06| C 11| A 16| B permanece até hoje.
tido de restaurar o absolutismo. A de- A referência ao policial e ao assaltante,
posição desse rei pos fim ao período de 02| B 07| C 12| C 17| B
na medida em que as grandes cidades
retorno dos Bourbons ao trono francês 03| A 08| B 13| A 18| FFFVV são espaço de desigualdade social, uma
(Restauração) e elevou ao poder Luis Feli- 04| A 09| E 14| B 19| D vez que nem todos os seus habitantes en-
pe d’Orleans, que contava com a simpatia contram ocupação na economia urbana.
05| E 10| A 15| A 20| D
da classe burguesa.
03|
Elementos presentes na tela de Delacroix
que atestam sua relação com a Revolução EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 159) a) Deve-se argumentar acerca do processo
de 1789: 01| de constituição do sistema de fábricas e a
distinção entre burguesia e proletariado,
participação das camadas populares, Conteúdo: Mundo na modernidade. A e com base nisso, analisar as mudanças
representadas pela turba em segundo revolução industrial: aspectos culturais, geradas a partir da constituição deste
plano, com destaque para as figuras do sociais e econômicos. O Mundo contem- sistema na concepção e organização das
garoto parisiense e do negro; porâneo. A consolidação do capitalismo: cidades.
participação da burguesia, simbolizada dominação, conflitos e resistências. Glo- Uma boa resposta para a questão deve:
pelo personagem com cartola; balização, neoliberalismos, a questão am-
biental e a sociedade do conhecimento. utilizar como argumento o inchaço das
alusão a liberdade, que foi um tema recor- cidades no final do século XIX e todos os
rente nos dois movimentos revolucionários; a) Sobre a revolução industrial, deve-se problemas dali decorrentes que impulsio-
a presença do barrete frígio, símbolo da articular uma resposta que aponte suas naram as novas idéias para se pensar a
liberdade adotado pelos insurretos de características: o surgimento da manu- cidade moderna de Haussmann buscada
1789 e utilizado ate os dias de hoje. fatura, a urbanização, o surgimento do a partir de Paris;
03| proletariado, o surgimento da indústria mencionar as migrações campo-cidade, e
de bens de capital, a expulsão do homem algumas de suas implicações mais gerais
a) Liberdade e prosperidade.
do campo, o cercamento das terras, a ex- tais como a construção de novos espaços
b) Porque mesmo atuando em conjunto ploração do trabalho assalariado. habitacionais, os chamados bairros ope-
com os trabalhadores e em nome de
b) Devemos articular uma reflexão demons- rários que apresentarão problemas de
uma mesma causa – a derrocada da aris-
trando como o desenvolvimento tecno- insalubridade e infraestrutura, e do outro
tocracia e seus privilégios –, ao assumir
lógico pode contribuir para o desenvol- lado, os espaços jardins, pensados para a
o poder, a burguesia tende a alijar os an-
vimento humano e até mesmo para a nova classe de proprietários das fábricas,
tigos parceiros e governar sozinha, em
preservação ambiental. Essas tecnologias que também viveriam na mesma cidade
nome de seus interesses e em detrimen-
em condições diferentes dos operários;
to do ideal de igualdade defendido pelos não estão, contudo, disponíveis para to-
trabalhadores. dos, o que reforça a desigualdade exis- políticas de intervenção no espaço urba-
tente. Em suma, devemos argumentar no, o deve-se demonstrar o conhecimen-
c) Comunismo (admite-se também socialis-
sobre os aspectos contraditórios das rela- to das políticas de higienização, reurbani-
mo e igualdade)
ções entre desenvolvimento tecnológico zação e controle das massas populares.
04|
e bem-estar social. b) Deve-se analisar o processo de cresci-
Influência das ideias iluministas e da ex- mento e de urbanização das cidades e
pansão do liberalismo; 02|
o quanto é marcado pela força do argu-
Ascensão da burguesia industrial (papel a) O expressivo crescimento territorial e mento científico que se instala e ordena
político e ideológico); demográfico de Paris e Londres, no sé- os diferentes espaços e seu destino. De
culo XIX, pode ser explicado em grande um lado, a preocupação com as questões
Crise do Antigo Regime e contestação re- parte pela consolidação do capitalismo. da moradia, do esgoto, do meio ambien-
volucionária aos seus princípios: absolu- Esse período caracterizou-se pela indus- te, da qualidade de vida dos moradores;
tismo, dominação colonial. trialização das cidades e pela inserção do do outro, o controle das massas, a repres-
05| campo no processo produtivo urbano. são a determinadas práticas, o fomento
a) A preservação da propriedade privada, a Em consequência, acentuou-se o êxodo da disciplina, a higienização dos espaços.
recusa à ideia da luta de classes e a pro- rural, que produziu uma forte concen- Por fim, deve-se demonstrar ainda co-
posta da convivência harmoniosa entre tração populacional nas duas cidades em nhecimento acerca das implicações das
as classes sociais questão, estruturando ao mesmo tempo disposições impositivas de ordenamento
uma sociedade característica.
b) O crescimento dos movimentos reivin- do espaço urbano que não considerou as
b) Dentre as características mencionadas no formas de ser e de viver dos grupos po-
dicatórios, que propõem a superação do
texto, podemos citar: pulacionais que se deslocaram para os es-
capitalismo, relaciona-se aos aspectos do
capitalismo industrial relativos ao mundo A vida na cidade enquanto experiência paços urbanos, atraídos pelos empregos
do trabalho (a concentração de trabalha- fundada no reconhecimento de códigos e que se criavam, ao lado da extinção de
comportamentos que permitem a socia- postos de trabalho em suas antigas vilas e
dores em centros urbanos vivendo em
bilidade. Os códigos são percebidos pelo cidades e sofrerão todos os tipos de pro-
situação de miséria e trabalhando em
olhar: trata-se de uma experiência cultu- blemas do espaço urbano.
condições degradantes etc.)
ral, um “saber adquirido” que implica o
06| “reconhecimento de múltiplos sinais”. 04|
a) Revolução Industrial A referência ao grupo de moças voltando Identificam-se os países e as regiões
b) Embora o trabalhador brasileiro goze desses do trabalho identificadas como operárias. avançados durante o século XIX como
direitos teoricamente, na íntegra tem sofri- Muitas das grandes cidades do século XIX aqueles que desenvolveram intensos pro-
do com desemprego e com baixos salários. eram sobretudo centros industriais, e a cessos de expansão e crescimento econô-
328
GABARITOS
mico, acompanhados pelo fortalecimento os arianos poderiam ter aperfeiçoado os basicamente realizada através do negro
das instituições do Estado e sua relação aborígenes, e não ter sido enfraquecidos escravizado e/ ou trabalho compulsório
com a cidadania. As características bási- pela miscigenação com eles. dos indígenas, na forma do século XIX, foi
cas, segundo Hobsbawm são: b) No século XIX, o imperialismo foi a expan- realizada através de formas de trabalho
a) um Estado nacional homogêneo, capaz são das potências industriais europeias assalariado ou formas de servidão mais
de impulsionar o desenvolvimento eco- na busca por matéria-prima e mercado adaptadas ao processo de crescimento
consumidor, atuando especialmente na do mercado capitalista. Também é possí-
nômico;
África e na Ásia. vel diferenciar as duas colonizações com
b) a organização social e política representa- relação aos elementos culturais, pois na
tiva, do tipo Liberal-Democrática; 03|
primeira ocorreram processos de combi-
c) fortes noções de cidadania que têm rela- a) Devemos apresentar uma razão para o nação entre culturas, gerando trocas cul-
ção direta com as instituições do governo início da Guerra dos Bôeres (1899-1902), turais. Na colonização do final do século
nacional; considerando os seguintes elementos: dis- XIX, a radicalização da integração não le-
puta entre ingleses e bôeres pelo controle vou em conta qualquer tradição, impon-
d) um Estado soberano. O mundo avançado
das áreas de mineração de ouro e de dia- do modos de vida e culturas estranhas às
se destacou por altos índices de cresci-
mantes; o interesse inglês em dominar as regiões colonizadas.
mento comercial, pela expansão industrial,
rotas de comércio que vinham da Índia e
pelo rápido crescimento populacional e b) Essa política imperialista desenvolveu-se
passavam pela região; o objetivo britânico
pelo desenvolvimento de grandes centros em etapas, o que acabou por fazer com
de afirmar o domínio sobre determinadas
urbanos. Este crescimento foi acompanha- que as disputas por mercado tomassem a
áreas frente ao crescimento da influência
do pela democratização do acesso à educa- dimensão central desse processo de colo-
de outros grupos europeus na África – em
ção básica. O continente que se destacou nização. Com isso, juntou-se à política de
especial os alemães, que se expandiam na
como centro do processo de desenvolvi- dominação um ingrediente novo que deu
região meridional do continente e haviam
mento capitalista no século XIX foi a Euro- mais fôlego ao capitalismo: a militariza-
financiado os bôeres na construção de fer-
pa, e, entre os países, se destacaram como ção das principais economias capitalistas.
rovias em fins do século XIX.
sendo pertencentes ao primeiro mundo: a A conseqüência direta dessa militarização
Bélgica, a Grã- Bretanha, a França, a Ale- b) Devemos explicar que, embora militar- foi a disputa por áreas que pudessem
manha, a Holanda e a Suíça. mente derrotados, os bôeres obtiveram renovar constantemente os lucros das
o controle político de diversas províncias economias imperialistas. Isso se iniciou
05|
no pós-guerra pois eram majoritários na nas áreas de colonização e, pelo avanço
a) Os Alemães haviam tomado Paris, e a Co- população branca de várias dessas pro- da crise na Europa, acabou por atingi-la,
muna se levantou como manifesto social e víncias e os negros não tinham o direito levando ao reforço do binômio naciona-
nacionalista. de votar. lismo-imperialismo e, como suporte, a
b) Embora tenha durado pouco mais de 70 04| continuidade da política de armamentos
dias, a Comuna de Paris evidenciou os que, além de ser central para a proteção
a) As diferenças mais significativas envol-
anseios do proletariado por revolução, de conquistas, também possibilitava re-
vem a relação direta da colonização dos
mudanças, por cidadania, sob influência novação tecnológica. Entretanto, o efeito
séculos XV e XVI com as práticas mercan-
do manifesto Comunista, tendo irradiado dessas políticas não incidiu sobre a ques-
tilistas dos Estados centralizados moder-
essa possibilidade pela Europa. Poste- tão central da absorção de mão-de-obra,
nos e da colonização do século XIX com
riormente (início do século XX) nota-se a continuando a gerar desemprego. Mes-
a política imperialista desenvolvida pelo
formação dos Partidos Comunistas e os mo com a política de mobilização nacio-
liberalismo europeu numa fase de domí-
avanços do movimento. nalista, só a guerra poderia resolver essas
nio do capital monopolista. Outra dife-
ENEM E VESTIBULARES (P. 160) rença importante diz respeito ao modo questões – era o que achavam os ideólo-
de ocupação dos territórios coloniais que, gos do capitalismo. Contra a pressão de
01| B 05| C 09| D 13| E vários setores de esquerda, a guerra foi
durante a primeira colonização, foram
02| E 06| B 10| B 14| D inevitável nesse contexto.
espaços de experimentações agrícolas
03| D 07| C 11| A vinculadas à economia agroexportadora 05|
04| E 08| A 12| C as quais forneciam produtos para o mer- a) A partilha da África levou ao fortaleci-
cado europeu ou áreas de mineração que mento das potências europeias, mais
desenvolveram o potencial de riqueza especialmente Inglaterra e França. O ca-
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 177) dos Estados modernos. Já na segunda, pitalismo entra em sua fase monopolista,
01| os espaços de colonização sofreram uma aproveitando-se da disponibilidade de
Devemos identificar os EUA e Japão como radical modernização com a imposição
matérias-primas, mercados consumido-
Estados não-europeus que participaram de formas políticas e modos de produzir
res e mercados de trabalho provenientes
relacionados às crises vividas pelo capita-
do jogo de poder no Extremo-Oriente. das colônias africanas.
lismo. Desse modo, essas áreas transfor-
02| maram-se em mercados consumidores b) Para além de uma série de outros con-
a) As incoerências do pensamento racista do de produtos industrializados e tiveram flitos que acabaram por contribuir para
século XIX, segundo o texto, são: processos de urbanização que redunda- a eclosão da Primeira Guerra Mundial
ram em perda das características cultu- destaca-se o clima de disputa em torno
justificar o domínio inglês sobre os india- rais dessas sociedades ou se destacaram da partilha da África, bem como de sua
nos com o argumento da superioridade como áreas de mineração e foram recor- expansão para a Ásia.
racial — incoerente, pois ambos os povos tadas em seus territórios por inovações
teriam sido originados dos arianos; tecnológicas como as estradas de ferro. A Alemanha, pouco beneficiada com a
Ainda podemos indicar as diferenças com partilha de territórios e incomodada com
considerar que os indianos seriam inferio-
relação à utilização de mão-de-obra que, a expansão inglesa, buscou se fortalecer
res por serem fruto da miscigenação de
na primeira forma de colonização, foi estendendo sua área de influência à Eu-
arianos e aborígenes — incoerente, pois
ropa central.
329
GABARITOS
ENEM E VESTIBULARES (P. 178) receberam apoio da Rússia (eslavos) – visibilidade, pois era considerada antina-
01| E 05| B 09| A 13| C pan-eslavismo, e aqueles receberam tural à condição feminina. Já na Segunda
apoio da Alemanha (germânicos) – pan- Guerra Mundial (1939-1945), a força de
02| C 06| D 10| B -germanismo. Em função de rivalidades trabalho feminina adquire maior visibili-
03| C 07| E 11| D anteriores França e Inglaterra declaram dade, principalmente na indústria bélica,
apoio à Rússia, configurando o início da
04| B 08| C 12| A com o objetivo de substituir a mão de
guerra, que se tornaria mundial a partir
da entrada de EUA ao lado dos aliados. obra masculina, garantindo assim o incre-
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 192) mento da produtividade deste setor.
03|
01| 06|
Mudança: desmembramento de Estados
Duas das transformações: a) A experiência nas trincheiras implicou,
multinacionais, com a formação de dife-
desaparecimentos de impérios centrais rentes Estados-nação. para parte dos soldados, na solidariedade
multiétnicos e pluriculturais, como o aus- entre os homens mobilizados que, dian-
tro-húngaro e o turco-otomano Motivo: temor das nações capitalistas te dos horrores assistidos a cada dia (o
europeias quanto ao avanço do bolche- uso de armas químicas, a fome, a sede,
surgimento de novos Estados no leste
vismo russo para seus territórios. a impossibilidade de dormir, a convivên-
europeu: Tchecoeslováquia, Polônia, Iu-
goslávia, além da Áustria e da Hungria, 04| cia com os corpos despedaçados e em
separadas uma da outra No caso do primeiro documento, datado decomposição), passaram a questionar
entrega de territórios anteriormente tur- de 1916, expressa-se uma posição favorá- o valor nacional (“morrer pela pátria”
cos ao Reino Unido (Palestina, Jordânia e vel à participação no conflito, em acordo não parecia mais tão glorioso). Associado
Mesopotâmia) e à França (Líbano e Síria) com o princípio nacionalista. Para os na- às mortes em massa, também fruto da
pela Liga das Nações cionalistas, a guerra associava-se à defesa experiência nas trincheiras, esse ques-
reforço da política de isolamento impos- da Pátria, o que exigia a unidade do povo tionamento produziu manifestações de
ta à Rússia, com a criação de um cordão para defender os interesses internos. pacifismo, em especial na França, que
sanitário, formado também por países Nesse sentido, os nacionalistas atribuí- se envolvera numa exaustiva luta contra
surgidos da desagregação do império ram ao combate um caráter positivo e sa- os soldados alemães na fronteira. Basta
austro-húngaro neador, inclusive moral. No interior dessa lembrar a relevância da Batalha de Ver-
Dois dos países: atribuição, o soldado era visto como um dun para a memória francesa.
Áustria herói e o entusiasmo articulava-se a um b) O monumento francês, que conclama à
Hungria sentimento de dever para com a pátria fraternidade entre os povos, não serve
que, por sua vez, preenchia de sentido a apenas à memória do passado, mas pre-
Bulgária
vida do combatente. tende chamar a atenção para os infor-
Turquia túnios que não deixariam de existir caso
02| No caso do segundo documento, datado
houvesse o envolvimento em uma nova
a) A produção industrial em larga escala, de 1915, a posição é contrária à guerra, guerra. A Grande Guerra estava vívida na
principalmente de armas. sendo a expressão de um princípio so- memória da população civil. Para o caso
b) O crescimento econômico da Alemanha cialista. Mesmo considerando as tensões francês, as investidas alemãs, que ocorre-
gerou grande concorrência por mercados internas ao movimento e a existência de ram muito antes da Segunda Guerra ser
entre este país e a Inglaterra. O crescimento alguns socialistas que apoiavam a partici- declarada oficialmente, em 1939, foram
da Alemanha também está atrelado à sua pação no conflito, a guerra é interpreta- recebidas com apatia. A remilitarização
ingerência em territórios dominados por da, neste documento, como um sintoma alemã e a ocupação da Renânia (1935-
outros países, como França por exemplo. da disputa imperialista e como um entra- 1936), a anexação da Áustria (1938), a in-
Vale salientar que desde a Unificação Ale- ve aos interesses dos trabalhadores. vasão da Tchecoslováquia (1938) e a sua
mã, processo no qual a Alemanha tomou os anexação, permitida pela França e pela
territórios de Alsácia e Lorena (ricos em mi- 05|
Inglaterra, na Conferência de Munique
nérios), pertencentes à França – que foi hu- a) No primeiro cartaz, a mulher é represen- (1939), são eventos que indicam que a
milhada pelos alemães – os ânimos nacio- tada de maneira passiva, restrita ao am- França não pretendia se envolver em uma
nalistas de ambas as partes se rivalizaram. biente doméstico e às funções tradicio- nova guerra com a Alemanha, em virtu-
Alemanha e Rússia se afastaram em função
nalmente relegadas à condição feminina, de, dentre outros fatores, da dificuldade
de seus objetivos geopolíticos coinciden-
tes sobre Bálcãs, e essa crise diplomática como, por exemplo, o cuidado dos filhos. de convencimento de sua população civil,
era agravada por afirmações étnicas. Tais Neste sentido, o cartaz incita as mulhe- que ainda guardava a memória do massa-
afirmações consistiam no pan-eslavismo res a apoiarem moralmente os homens cre ocorrido na Primeira Guerra Mundial.
representado pela Rússia e o leste europeu, engajados militarmente. Já, no segundo 07|
sobretudo a região dos Bálcãs, que conta- cartaz, a representação da passividade
a) A referência a “uma geração de homens”
va com o apoio russo em detrimento do feminina é substituída por uma imagem
domínio do Império Austro-Húngaro e no aponta para a Primeira Guerra Mundial
ativa, que associa a mulher à força, à ca- como o primeiro grande confl ito gene-
pan-germanismo que vinculava Alemanha pacidade e à confiança no cumprimento
ao Império Austro-Húngaro. ralizado da era industrial. De fato, a mo-
de seu dever. Desse modo, o cartaz incita bilização tecnológica e industrial possi-
O quadro diplomático caótico da Europa a participação das mulheres no esforço bilitou não só a organização de exércitos
culminou na declaração de guerra, quan- de guerra norte-americano. formados por milhões de soldados, mas
do uma reação nacionalista do estudante
Gravillo Princip em Sarajevo assassinou b) Desde a Primeira Guerra Mundial (1914- também a produção, em larga escala, de
o arquiduque austro-húngaro Francisco 1918), as mulheres contribuíam com sua armas de grande efeito destrutivo.
Ferdinando, em 1914. O Império Aus- força de trabalho para a indústria, muito b) As últimas décadas do século XIX foram
tro-Húngaro (germânicos) declararam embora essa participação fosse reduzida. marcadas pelo rápido desenvolvimento
guerra aos Bálcãs (eslavos), mas estes Além disso, essa participação tinha pouca industrial de vários países europeus. Esse
330
GABARITOS
processo levaria a disputas imperialistas cheviques, que implantariam o primeiro são socialista, dos grandes expurgos no
pelo mundo que contribuiriam para o Estado socialista da História. partido e das inúmeras execuções. Para
desencadeamento da Primeira Guerra 03| os comunistas franceses, o terror justi-
Mundial. A guerra, enquanto um confl ito ficava-se pela glória nacional e o triunfo
industrial em larga escala, traria efeitos a) Podemos indicar, entre outras, as seguin- revolucionário, tanto da Revolução Fran-
para a economia mundial, como valori- tes medidas: instituição do Conselho de cesa como da Revolução Russa.
zação de matérias-primas. Para os países Comissários do Povo; proclamação dos
Decretos: sobre a Terra (reforma agrária), b) A antiga URSS (União das Repúblicas So-
diretamente envolvidos, implicaria a con- cialistas Soviéticas) era um estado cen-
versão da indústria convencional em béli- Paz (armistício imediato e negociações
para a retirada da Rússia da 1ª Guerra), tralizado e totalitário definido como uma
ca e o alto grau de endividamento, geran- ditadura de partido único, denominada
do grave crise econômica, desemprego e, Controle Operário (estatização e direção
operária das fábricas); Declaração dos “ditadura do proletariado”. Na fase sta-
portanto, um cenário desolador. Nesse linista (1924-1953), houve um esvazia-
contexto, o próprio modelo econômico Povos da Rússia (igualdade entre as na-
ções russas e o direito de cada uma delas mento dos órgãos colegiados iniciais do
liberal passaria por questionamentos. período Lênin (1917-1924) e uma maior
constituir um Estado nacional próprio);
ENEM E VESTIBULARES (P. 194) organização do Exército Vermelho para concentração de poderes no aparelho
01| D 04| A 07| C 10| C enfrentar os “exércitos brancos” na Guer- burocrático do Estado. Após o período de
ra Civil (1918-1921); adoção do “comu- Stálin, o chamado processo de desestali-
02| A 05| A 08| E 11| D nização não conseguiu diminuir o poder
nismo de guerra” (apropriação de bens e
03| E 06| 23 09| D 12| A terras; regulamentação da produção etc) da burocracia, sendo considerado um dos
durante a Guerra Civil; estabelecimento motivos da desintegração da URSS.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 205) da NEP (Nova Política Econômica), com 05|
01| a permissão para o ingresso de capital a) Porque os bolcheviques consideravam a
estrangeiro e da atividade de pequenas e guerra como uma disputa entre potên-
a) Na primeira metade do século XX, em médias empresas privadas (1921).
meio às transformações na sociedade cias imperialistas e prometeram para os
capitalista, o triunfo da revolução bol- b) Podemos desenvolver, entre outros, os se- soldados russos e retorno do front tão
chevista na Rússia foi interpretado pelas guintes aspectos: a perda de capacidade da logo eles tivessem tomado o poder.
esquerdas como a ruptura com o mode- URSS de manter taxas crescentes de desen- b) Porque a Alemanha tinha de lidar com
lo calcado na propriedade privada dos volvimento econômico, especialmente, na dois fronts de guerra, um a ocidente e ou-
meios de produção cuja crise culminaria virada para os anos 80; o esvaziamento do tro a oriente. Eliminando o front oriental
em 1929. Na visão das esquerdas, o futu- discurso igualitário desvelado, por exemplo, poderia concentrar seus esforços contra
ro apontava na direção do coletivismo. nas gritantes desigualdades que separavam as demais potências da Entente.
os membros do Partido e o resto da popu-
b) A derrocada dos regimes socialistas do lação; o fracasso da perestroika (reestrutu- ENEM E VESTIBULARES (P. 206)
Leste Europeu estava associada: ração), conjunto de iniciativas tentadas por 01| A 04| B 07| B 10| C
às dificuldades econômicas de um mode- Gorbachev para reerguer a economia da 02| C 05| A 08| D 11| E
lo centralizador que não conseguia suprir URSS; o êxito parcial da glasnot (transpa-
as necessidades da sociedade; 03| VVVFF 06| C 09| D
rência), com a afirmação de um ambiente
à censura estatal que inviabilizava críticas de liberdades e debates públicos acerca das
e discussões em torno dos problemas so- grandes questões que envolviam a URSS e EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 224)
cioeconômicos; o chamado socialismo realmente existente; 01|
o acirramento das disputas entre reformis-
à excessiva concentração de gastos esta- a) Na década de 20 do século passado, o
tas (defensores de radicalizar a perestroika
tais no setor militar; continente americano passou por um sur-
e a glasnot) e os conservadores (receosos
à corrupção em setores que controlavam to de crescimento econômico. No Brasil,
de que se perdesse o controle sobre as
a máquina burocrática; a industrialização acelerou-se, financiada
mudanças); a emergência da questão na-
pela cafeicultura. Entretanto, enquanto
às pressões por reformas vindas de diver- cional, ou seja, a luta de inúmeras repú-
nos Estados Unidos, que então manti-
sos setores da sociedade. blicas, até então abrigadas na URSS, por
nham uma posição hegemônica frente às
suas identidades, autonomia e, em muitos
02| demais economias ocidentais, a especu-
casos, independência.
Antes de 1914, o regime czarista rus- lação crescia, aumentando-se artificial-
04| mente as ações das grandes empresas,
so já apresentava graves contradições
internas: o atraso econômico, devido a) Sendo o terror um instrumento a que o os salários deterioravam-se, aumentando
à preponderância da agricultura, prati- Estado recorre para se manter, podem os ganhos dos empresários. A quebra da
cada aliás de forma arcaica; a enorme ser feitas comparações entre o período Bolsa de Nova Iorque, em 1929, pode ser
desigualdade social, com o predomínio de Robespierre e de Stálin. Durante o pe- considerada como a culminância de uma
da aristocracia fundiária, uma burguesia ríodo de Robespierre, na fase mais radical crise gestada pelo exarcebamento do ca-
ainda pouco desenvolvida e a miséria da Revolução Francesa (1794), os julga- pitalismo, com forte repercussão nas so-
do proletariado e sobretudo do campe- mentos sumários no Tribunal Revolucio- ciedades ocidentais.
sinato; e a autocracia do czar, apesar da nário e as execuções na guilhotina de b) Entre os efeitos da crise de 1929, po-
recente existência de uma assembleia opositores aos jacobinos possibilitaram a dem ser citados: a queda significativa na
(Duma) com poderes limitados. Essas realização das reformas que o poder jul- exportação de café; o desemprego no
contradições agravaram-se com as derro- gava necessárias. campo e a aceleração do êxodo rural; a
tas do exército russo na Primeira Guerra No período Stálin (1924-1953), na União interrupção do fluxo de capital estrangei-
Mundial, que levaram à queda do czar Soviética, algo semelhante ocorreu com ro para o Brasil; a queima dos estoques
Nicolau II e a tomada do poder pelos bol- os julgamentos de opositores da sua vi- de café em São Paulo.
331
GABARITOS
02| destacadas: a crise de 1929 teve maior divisão e contradições da esquerda revo-
a) No transcorrer do século XX, a economia impacto sobre as economias do que a lucionária em face ao fascismo, algo que
capitalista foi ampliando a interdepen- de 2008. A crise de 1929 foi uma crise será recorrente nos países ameaçados
dência entre os países. Os Estados Unidos derivada da superprodução e do subcon- pelos fascistas.
ocupavam lugar central na importação de sumo e a de 2008 derivou de uma crise 07|
matérias-primas e manufaturados, além do sistema de financiamento imobiliário.
de serem grandes exportadores de merca- a) Duas características da doutrina nazista
A de 1929 ocorreu no contexto do entre
dorias e capitais. A interrupção dos fluxos Expansionismo – a ideia do “espaço vital”
- guerras, no âmbito do Liberalismo. Já a
de importação e exportação alimentou impulsiona nazistas e fascistas a conquis-
uma recessão econômica em nível mun- de 2008 ocorreu em período mais pacífi-
tarem novos territórios.
dial. co e no contexto do Neoliberalismo.
Militarismo – intimamente vinculada ao
b) O New Deal, formulado numa atmosfera 05| expansionismo, o rearmamento e a con-
keynesiana, representou uma ampliação Nazismo. tínua preparação para guerra foi uma
da presença do Estado na economia. Den- característica marcante do nazi-fascismo,
Duas das características:
tre as medidas adotadas, podemos ressal- que redundou na formação do Eixo Ro-
tar: militarismo ma-Berlim-Tóquio.
fundos de assistência aos desempregados; governo totalitário Antiliberalismo – frontalmente contrá-
empréstimos aos agricultores; Estado intervencionista rio aos ideais liberais de valorização das
realização de obras públicas. liberdades individuais e coletivas, o nazi-
nacionalismo expansionista
-fascismo extinguiu o pluripartidarismo e
03| restrição das liberdades individuais subordinou todos os cidadãos aos desíg-
a) A Grande Depressão, iniciada a partir da 06| nios do Estado.
quebra da Bolsa de Nova York em 1929, Totalitarismo – a exacerbação do antilibe-
a) O candidato poderá responder:
foi provocada pelo excesso de produção ralismo levou à formação de um Estado
industrial, pela elevada especulação finan- 1. O nacionalismo catalão
totalitário na Itália e na Alemanha, na
ceira e pelo não-intervencionismo (libera- 2. O nacionalismo basco qual todos os aspectos da vida social, in-
lismo). Caracterizada por desemprego, fa- clusive os do âmbito familiar, estavam su-
3. Os desequilíbrios regionais na Espanha
lências e deflação (sobretudo nos Estados bordinados aos mecanismos do aparelho
Unidos), a crise foi superada pela adoção 4. A crise econômica dos anos 30
estatal. Desde então, a censura aos meios
do keynesianismo. Tal política econômica 5. A crise agrícola de comunicação e a completa ausência
fundou-se na intervenção do Estado na de liberdade de expressão foram a tônica
6. Os partidos de direita e a hostilidade às
economia, tanto como regulador, quanto nas sociedades sob tais governos.
como agente econômico. autonomias regionais
7. O anticlericalismo Anticomunismo – ao emergir em um con-
b) A partir da primeira crise do petróleo em texto marcado pela polarização ideológi-
1973, as economias capitalistas avança- 8. A ascensão dos fascismos na Europa ca entre o capitalismo e o comunismo, o
das passaram a apresentar dificuldades, 9. A força dos anarco-sindicalistas nazi-fascismo se colocou como uma vio-
como elevada inflação, desaceleração lenta alternativa a ambos. Embora faça
econômica e falência do Estado. O retorno 10. A precária base política da jovem repúbli-
alusão a um vago nacional-socialismo, o
a certas práticas liberais, girando em tor- ca
Partido Nazista era completamente aves-
no da diminuição do papel do Estado na 11. As disputas entre grupos e/ou partidos so aos postulados marxistas.
economia, foi visto como uma forma de que formavam o governo.
dinamizar a economia, ainda que ao custo Antissemitismo – característica inerente
b) A Guerra Civil Espanhola é tida como o ao nazismo que serviu de base para a im-
da desmontagem do bem-estar social e do
ensaio geral da segunda grande guerra, placável perseguição aos judeus. A partir
aumento das desigualdades sociais.
porque os franquistas receberam apoio de sua disseminação, os judeus foram
04| militar dos países fascistas, Itália e Ale- identificados como os grandes inimigos
a) O candidato deverá responder que a ilus- manha. Ao invadirem a Espanha, ao lado da pátria alemã, a ponto de ser propos-
tração informa que na crise de 1929 os das forças franquistas, os fascistas não ta a exterminação desse povo. Apesar
principais prejudicados foram os próprios somente favoreceram a vitória de Franco, de não constituir uma característica do
empresários, ao passo que na crise de como também experimentaram várias tá- fascismo, Hitler contou com o auxílio dos
2008, para dela escapar, recorreram à de- ticas de guerras. italianos na perseguição aos semitas no
missão em massa, prejudicando os traba- contexto da Segunda Guerra.
lhadores. O candidato também poderá responder
Arianismo – crença na superioridade ét-
que a guerra civil espanhola foi o mais
b) SEMELHANÇA: nica dos povos de origem germânica, que
importante conflito militar do entreguer-
Entre os vários pontos em comum o can- contribuiu de forma considerável para
ras. Nesse sentido, ela também pode ser
didato poderá destacar que: ambas as a difusão da intolerância contra todos
considerada um “ensaio geral” das forças aqueles que supostamente estivessem
crises originaram-se nos Estados Unidos e políticas que se enfrentariam na segunda
se espalharam posteriormente para o res- aquém dos arianos em suas múltiplas
grande guerra, ou seja, a aliança entre os qualidades. Com base nessa concepção
tante do mundo. Ambas foram resolvidas
partidos de centro e de esquerda versus o preconceituosa, judeus, negros, eslavos,
a partir da intervenção do Estado sobre a
partido de direita fascista. homossexuais, religiosos e portadores
economia. Ambas derivaram também da
especulação financeira. O candidato também poderá destacar de deficiências, entre outros, foram con-
que essa guerra também pode ser con- siderados seres inferiores passíveis de
DIFERENÇA:
siderada um “ensaio geral” por revelar a extermínio.
Entre as inúmeras diferenças podem ser
332
GABARITOS
333
GABARITOS
Tríplice Entente) reavaliação dos riscos decorrentes das que o incremento dos agronegócios so-
A partilha da África guerras bretudo na produção de grãos (milho e
soja) e de algodão que contribuíram para
Unificação e colonialismo tardios (caso da desenvolvimento de políticas armamen- elevar a demanda por água.
Alemanha e da Itália) tistas nucleares
04|
b) Guerra Fria (identificar as tensões que
concorrência entre os países pela posse a) O continente que tem maior escassez de
marcam o período)
de arsenal nuclear água é o africano.
Surgimento da ONU (razões para sua criação)
b) Uma consequência decorrente da escas-
Criação do Estado de Israel (justificativas ENEM E VESTIBULARES (P. 248)
sez de água potável em cidades dos paí-
políticas e ideológicas) 01| B 06| A 11| A 16| B ses em desenvolvimento, entre outras:
Processo de descolonização (novas confi- 02| B 07| A 12| A 17| E aumento dos riscos de doenças na popu-
gurações políticas e econômicas) 03| B 08| C 13| A 18| A lação;
Plano Marshall (objetivos políticos e ide- 04| A 09| B 14| D aumento da mortalidade infantil ou da
ológicos) subnutrição;
05| E 10| D 15| C
06| aumento da demanda de serviços de saú-
a) Os países representados no cartaz são de pública;
GEOGRAFIA
União Soviética (URSS), Estados Unidos FRENTE C aumento de gastos dos estados para con-
(EUA), Reino Unido e França. Os quatro CLIMATOLOGIA ter doenças;
países foram Aliados durante a II Guerra EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 261) 05|
Mundial para fazer frente aos regimes na- 01| A chuva é um dos componentes geográ-
zi-fascistas representados pelos países do ficos (meteorológicos) fundamentais para
a) erosão, transporte e sedimentação.
Eixo: Alemanha, Itália e Japão. o abastecimento dos rios que mantêm o
b) obtenção de água potável, abastecimento Sistema Cantareira. Outro componente
b) São exemplos de ações que permitiram às de cidades, produção de energia, trans- é a variação de altitude. As seis represas
potências aliadas assegurar a paz após a porte, dessedentação de animais, recrea- compõem o complexo e estão dispostas
Guerra: ção. em diferentes níveis de altitude, interliga-
criação da Organização das Nações Unidas c) Rio Jaguaribe. Açude do Orós e Açude das por túneis que aproveitam os desní-
Castanhão. veis do relevo para a cumulação de água
(ONU);
02| por gravidade nas represas.
divisão do território alemão em quatro Poderão ser considerados, ainda, outros
A diferença nos padrões de uso dos recur-
zonas de ocupação controladas por estes sos hídricos retratados nos gráficos, consi- componentes geográficos, como
países aliados, até 1949; derando o consumo urbano e a captação 1) a concentração populacional. O sistema
da água bruta, reside no fato de que nos atende cerca de 9 milhões de pessoas,
o Plano de Recuperação da Europa (Plano quase metade da população da Região
países da OCDE há uma maior eficiência
Marshall); Metropolitana de São Paulo e parte dos
na distribuição, o que significa menor des-
perdício de água. Além disso, a água é, em municípios de Guarulhos, Barueri, Ta-
a desnazificação da Alemanha e da Áustria; boão da Serra e Santo André.
grande parte, reutilizada nesses países.
organização da nova ordem econômica 2) mudança da paisagem rural e urbana. As
03|
mundial, com a criação do Banco Mundial modificações da paisagem envolvem des-
a) Para uma análise comparativa entre o matamentos, assoreamento dos rios, cons-
e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
uso da água e sua disponibilidade en- truções, estradas, indústrias, entre outros.
07| tre Brasil e os países europeus de clima 06|
Dois dos efeitos para a sociedade japonesa: temperado oceânico, deve-se considerar
a área, o total populacional e a densida- Conteúdo: Apropriação e exploração dos
destruição de cidades diferentes elementos da natureza. Dinâ-
de demográfica. No Brasil, o uso da água
micas das bacias hidrográficas e sua uti-
em relação ao total disponível é menor,
proibição de rearmamento lização, apropriações e consequências;
isso se deve a uma maior oferta de re- impactos ambientais e suas implicações.
prejuízos para a população civil cursos hídricos em áreas tropicais, uma A leitura de diferentes linguagens; análise
vez que as médias pluviométricas apre- e interpretação de mapa e fotografia.
reconstrução nacional em bases capita- sentam-se mais elevadas. Outro fator re-
listas a) Entre os motivos da preocupação em rela-
levante é a grande extensão territorial e
ção à qualidade e quantidade da água es-
aceitação da rendição incondicional pe- a baixa densidade demográfica, por isso tão: a sua contaminação pelo uso de agro-
o consumo relativo é baixo. tóxicos, a contaminação por esgotos não
rante os EUA
b) No período considerado a situação dos tratados e por produtos químicos indus-
ocupação militar e intervenção política e Estados Unidos piorará comparando-se triais. Dentre as ações que poderiam ser
administrativa norte-americana as possibilidades de consumo de água implantadas destacam-se o efetivo con-
face a sua disponibilidade, por causa do trole e fiscalização do uso de agrotóxicos
adoção de reformas políticas de restrição e dos produtos químicos utilizados pela
crescimento da demanda por sua econo-
ao poder exercido pelo imperador indústria, consumidos e não consumidos
mia e população em expansão e também
Dois dos efeitos para as relações interna- ao comprometimento de mananciais, re- pela sociedade; a ampliação de medidas e
flexo do inadequado manejo de uso do da infraestrutura de saneamento visando
cionais:
solo, sobretudo na bacia do Mississíppi, melhorar o processo de descontaminação
instauração da Guerra Fria além da Costa Oeste. Devemos destacar do tratamento de esgoto domiciliar e in-
334
GABARITOS
dustrial (poluição); e a utilização racional Um dos fatores de repulsão: do dobro da população brasileira de 1960
da água dos aquíferos, visando à sua pre- elevado custo da terra – 6%) e a possíveis 31% em 2060. Frente
servação; além da reconstituição das ma- a esse comportamento demográfico, as
tas ciliares dos cursos hídricos. fracionamento da propriedade rural crianças das últimas quatro décadas do
b) Entre as alterações ambientais causadas dificuldade de concorrência do pequeno século XX são os jovens/adultos de hoje e
pela sociedade no solo urbano estão o proprietário com a grande propriedade serão os idosos de 2020 em diante, e as-
desmatamento, o aumento das áreas im- mecanizada sim sendo, é vital que os adultos/jovens de
permeabilizadas e o assoreamento dos 02| hoje tenham mais empregos, possibilida-
cursos hídricos. des de qualificação profissional, formação
a) É o período no qual a população adulta
07| universitária e técnica e, no futuro, quan-
e ativa é superior em contigente aos não
do sejam idosos, tenham mais seguridade,
a) A região com maior disponibilidade hídri- ativos (jovens e idosos), situação obser-
hospitais, centros de recolhimento e ajuda
ca 1 (bacia amazônica) que esta na região vada no Brasil pela pirâmide de 2013, que
apresenta, do total, 68% de adultos. Num à terceira idade pelo Estado.
norte do Brasil é a região com menor po-
determinado momento do futuro, tal 04|
pulação e densidade demográfica do Bra-
situação terminará e, então, a situação a) O Estado nacional brasileiro, constituído
sil, já a região 6 (bacia paraná), que pos-
voltará ao desequilíbrio, pois aumentará em 1822, teve como um dos seus princi-
sui a maior concentração populacional do o número de idosos. Lembrando que, por
Brasil, pois compreende os estados de SP, pais objetivos a formulação de políticas
“janela demográfica” ou “bônus demo-
Sul de GO, sul de MS, Oeste de MG e PR regionais que garantissem o povoamento
gráfico”, entende-se o período no qual o
dos espaços de fronteira, a manutenção
b) 6 – Bacia do Paraná – pressão = maior número de pessoas em idade ativa (dos
da unidade nacional, o aumento da pro-
consumo devido o maior população, 15 aos 65 anos) é suficiente para susten-
dução de alimentos e adoção de regime
maior concentração urbana e industrial tar o contingente de crianças e idosos.
de trabalho livre com população branca
do país, poluição das águas. Poluição de- b) A pirâmide etária do Brasil em 2050 mostra- de origem europeia. Para tanto, o go-
vido ao uso de agrotóxicos na agricultura. rá um enorme contingente de idosos, uma verno imperial empreendeu, como uma
4 – Bacia São Francisco – pressão = semi- redução do número de adultos (de 68% de suas ações, a colonização dirigida na
-árido nordestino e projeto de transposi- em 2013 para 64% em 2050) e um contin- Região Sul do Brasil, especialmente nos
ção do velho Chico. gente reduzido do número de jovens. Esse Estados do Rio Grande do Sul e Santa
08| envelhecimento da população exigirá do Catarina, a qual consistia, entre outros
a) O aquífero é um reservatório de água lo- governo medidas como adoção de políticas aspectos, em incentivar a imigração de
calizado em áreas que apresentam rochas de apoio à população idosa. O sistema de população europeia para o país e a sua
permeáveis de origem sedimentar e/ou previdência social deverá procurar recursos instalação na mencionada região, sobre-
fraturas, com grande capacidade de ar- para sustentar uma população aposentada tudo em zonas fronteiriças com os países
mazenamento. Sua origem relaciona-se cada vez maior, o Estado deverá construir do Rio da Prata ou em áreas de baixo po-
principalmente à infiltração das águas das maior número de hospitais para dar atendi- voamento nos planaltos, pela presença
chuvas que ficam armazenadas em rochas mento À população idosa, esforços deverão de florestas, e nos vales dos rios.
porosas no subsolo. ser enviados na preparação de serviços ge-
b) O regime de propriedade adotado na colo-
b) Parte das águas que formam o Aquífero riátricos, como a formação de médicos en-
nização dirigida era o de pequena proprie-
Guarani se localiza em regiões denomina- fermeiros e cuidadores. Cursos especiais de
dade; o cultivo nos lotes, frequentemente
das “zona de descarga”, ou seja, áreas mar- terceira idade deverão preparar os idosos
com rotação de terras com várias culturas,
cadas pelo afloramento hídrico na superfí- para um provável reaproveitamento ativo
era realizado com instrumentos simples e
cie, permitindo a formação de rios, lagos, dessa população.
lagoas, etc. A principal atividade econômica força de trabalho familiar, voltado predo-
03| minantemente para a subsistência.
que utiliza suas águas é a agricultura, re-
lacionada à estrutura de irrigação. Além a) Com uma população de 87% de crianças 05|
disso, a atividade pecuarista de suínos e e idosos em 1960 e sua provável queda
a) A projeção da primeira figura é Mercator
bovinos também depende desse recurso para 46% em 2020, o Brasil terá muito
e a segunda figura é Peters.
hídrico de alta qualidade. Vale destacar mais condições de crescimento econômi-
que alguns setores industriais, em especial co daqui a sete anos do que teve há 53 b) O motivo fisiográfico é a maior incidência
aqueles ligados ao ramo alimentício, tam- anos (1960), pois 54% de população bra- de áreas terrestres no hemisfério norte.
bém utilizam os recursos do aquífero. sileira estarão em idade ativa (PIA) contra OU
ENEM E VESTIBULARES (P. 264) 13% em 1960; ou seja, em 2020, o Brasil O motivo fisiográfico é a menor presença
terá ‘bônus demográfico’, ampliando as de terras emersas no hemisfério sul.
01| B 06| D 11| C 16| C suas chances de geração de riqueza atra-
02| E 07| A c) Os continentes com maior concentração
12| E 17|D vés do trabalho formal.
de população, segundo o mapa, são: Asia
03| A 08| C 13| E 18|C b) Com as quedas abruptas na fertilidade das e Africa.
04| E 09| D 14| E mulheres brasileiras desde 1960, o percen-
Os continentes com menor concentração
05| A tual de crianças (de 0 a 14 anos) no país
10| E 15| D de população, segundo o mapa, são Amé-
vem caindo, significativamente, e continu-
rica E/OU Europa E/OU Oceania.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 277) ará caindo até chegar aos pretensos 28%
da população total em 2060; já a curva de 06|
01|
idosos vem tendo um comportamento de a) Durante o século XIX até por volta de
Fluxo de emigração: Nordeste. mudança menos drástica desde 1960, sen- 1939, a Europa foi a mais importante
Fluxo de imigração: Sudeste. do que entre 2000 e 2020 há (haverá) um zona de repulsão demográfica do globo,
Fator de atração: expansão das áreas de incremento mais acelerado na expectativa com a ocorrência de fluxos migratórios
fronteira agrícola na Amazônia e no Centro- de vida da população, chegando essa po- para as Américas do Norte e do Sul, Ásia,
-Oeste. pulação a 13% do seu total em 2020 (mais Oceania e África do Sul. Esses fluxos fo-
335
GABARITOS
ram estimulados pelo crescimento popu- talidade e a diminuição do ritmo de cres- III. Florestas latifoliadas equatoriais
lacional, pela revolução técnica na agri- cimento da população (Crescimento De- Chuvas abundantes o ano todo.
cultura, pelo processo de industrialização, mográfico Moderado).
pelas ocorrências de guerras e/ou epide- Pequenas amplitudes térmicas anuais em
mias e pela busca de novas oportunida- Quarta fase — considerada regime de- decorrência da posição latitudinal.
des de trabalho. Diferentemente, após a mográfico moderno, em que as taxas de
natalidade e de mortalidade são baixas e Clima do tipo equatorial.
Segunda Guerra Mundial, a Europa passou
a ser uma zona de atração populacional o crescimento populacional fica próximo Cobertura vegetal do tipo latifoliada, pe-
em decorrência de sua reconstrução eco- a zero, podendo ser até negativo. renifólia.
nômica, da necessidade de suprir mão de 08| Rios com regime pluvial e grandes débi-
obra no mercado de trabalho, da política
de bem estar social, da formação da união a) A maior disponibilidade de alimentos nas tos anuais.
europeia, da busca de oportunidade de últimas décadas se deve a diversos fatores,
Rios com tributários oriundos nos dois
trabalho pelo imigrante e das facilidades dentre os quais se destacam: desenvolvi-
hemisférios (Norte e Sul).
de acesso à mobilidade e à informação. mento de novas tecnologias agrícolas, como
b) O imigrante tem enfrentado problemas de maquinários e equipamentos; aprimora- 02|
discriminação, porque, em vários países eu- mento de técnicas de irrigação; desenvol- a) Quanto maior a latitude menor a diversi-
ropeus, são vistos pela população local como vimento de sementes geneticamente mo-
dade de espécies vivas.
concorrentes no mercado de trabalho, devido dificadas; melhorias de sementes naturais;
à diminuição no ritmo de crescimento econô- maior utilização de insumos agrícolas; técni- *Quanto maior a altitude menor a diver-
mico e aos avanços tecnológicos que ocasio- cas de correção e melhorias do solo. sidade de espécies vivas.
naram o aumento do desemprego.
b) A sustentabilidade ambiental implica b) Porque esses países estão localizados
ou
o uso do solo de forma não predatória, principalmente nas áreas de baixa latitu-
O imigrante tem enfrentado problemas de visando a preservá-lo para gerações fu- de, nas quais a biodiversidade é maior.
discriminação, porque, em vários países
turas. Esse cuidado envolve a valorização
europeus, são vistos pela população local 03|
de técnicas agrícolas que gerem menor
como concorrentes no mercado de traba- a) As áreas desmatadas apresentam, no ge-
lho, e a maior oferta de mão de obra tende impacto ambiental como: plantio em cur-
ral, um tipo de ocupação que se caracteri-
a manter e a reduzir os valores dos salários vas de nível; terraceamento em áreas de
za pela retirada de madeiras nobres, des-
pagos. elevada declividade; rotação de culturas;
matamento, queimadas, plantio de soja e
ou redução do uso de agrotóxicos; incenti- formação de pastos para a agropecuária.
vo à agricultura orgânica e aos sistemas Esta lógica apoia-se, entre outros aspec-
O imigrante tem enfrentado problemas de
agroflorestais — diferentemente, portan- tos, na abertura de estradas, na dificulda-
discriminação, porque, em vários países
europeus, são vistos pela população local to, do que ocorre no modelo dominante de de fiscalização e na impunidade.
como concorrentes no mercado de tra- nos dias atuais. b) Em relação aos solos, o desmatamento
balho por se submeterem a salários mais ENEM E VESTIBULARES (P. 279) promove alterações físicas e químicas. As
baixos. primeiras referem-se à desproteção, tor-
01| C 06| A 11| B 16| D nando-os suscetíveis à erosão; a segunda,
07|
02| A 07| B 12| A 17| A ao empobrecimento, já que sua fertilidade
a) Transição Demográfica: advém, em grande parte, do próprio ma-
03| E 08| B 13| A 18| A
A transição demográfica consiste no pro- terial orgânico da floresta sobrejacente.
cesso de mudança no perfil de idade da 04| A 09| A 14| D 19| B
Em relação ao relevo, a retirada de florestas
população de um país e se caracteriza pela 05| E 10| E 15| C 20| D
promove transporte de materiais, gerando
redução das taxas de natalidade e de mor- processos erosivos (ravinamentos, voçoro-
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 300)
talidade. camentos, deposições) modificando a dinâ-
01|
b) Fases da Transição Demográfica: mica e a estrutura superficial da paisagem.
a)
Primeira fase — corresponde ao regime Em relação à hidrografia, como consequ-
demográfico antigo, cuja economia era I. Taiga (coníferas). ência dos dois processos anteriores, ocor-
predominantemente rural, as famílias ti- II. Savana (Cerrado). re assoreamento dos rios, diminuindo sua
nham muitos filhos (altas taxas de nata- III. Florestas latifoliadas equatoriais. capacidade de fluxo e sua navegabilida-
lidade), mas o número de óbitos era alto de; pelo fato de se tornarem mais rasos,
(elevadas taxas de mortalidade), devido às b) II. Cerrado ocorre também um aumento das áreas de
guerras e às epidemias. O aumento popu- Ocorrência de duas estações do ano bem cheias e a erosão lateral das margens.
lacional era pequeno. marcadas: a seca e a chuvosa.
c) Regionalmente, ao emitir muita umidade
Segunda fase — início de fato da transição Presença de solos do tipo latossolo (solos pela evapotranspiração, a floresta atua
demográfica, na qual as famílias precisa- muito arenosos, com horizontes bem es- como um regulador térmico diminuindo
vam de filhos para aumentar a renda (ele- pessos). as amplitudes térmicas (diferença entre
vadas taxas de natalidade) e onde ocor- Presença de rios de regimes pluviais. temperaturas mais quentes e mais frias) e
reram os avanços médicos com a queda tendendo (embora não necessariamente)
Bioma com elevado grau de interferência
acentuada da mortalidade, resultando em a tornar o clima mais úmido. Globalmente,
antrópica (desmatamento, queimadas).
um crescimento acelerado da população pouco se pode afirmar a respeito da influ-
(Explosão Demográfica). Recobrem, sobretudo, no Centro-Oeste, su-
ência da floresta amazônica, que pode se re-
Terceira fase — é a segunda etapa da perfícies planálticas de estrutura cristalina.
sumir a uma provável e pequena queda de
transição, quando ocorre a queda da na- São típicos de ambientes tropicais. umidade e aumento da amplitude térmica.
336
GABARITOS
04| bustivas e arbóreas dos mangues tiveram Conservação dos recursos hídricos.
que desenvolver características morfofi- b) O candidato deve citar uma atividade hu-
a) Características da vegetação de araucárias:
siológicas especiais para absorver o oxi- mana dentre as seguintes: Agricultura OU
adaptação ao clima de temperaturas bai- gênio, como as raízes aéreas e as pneu- pecuária OU exploração florestal OU mi-
xas no inverno; matóforas (respiratórias). Essas espécies, neração OU urbanização OU construção
de barragens OU construção de estradas.
ocorrência em altitudes superiores a de modo geral, apresentam tronco fino,
1.000 m; pequena altura e são classificadas como ENEM E VESTIBULARES (P. 302)
ambientes com alta umidade (chuvas e/ halófitas e higrófilas. O intenso processo
01| E 06| D 11| C 16| C
ou vales onde formam florestas-galerias); de urbanização das áreas litorâneas tem
levado à degradação desse ecossistema, 02| B 07| C 12| B 17| C
formato de guarda-chuva invertido (re- 03| D 08| A 13| E 18| E
como o desmatamento, os aterros para
tenção de umidade e sustentação de pre-
expansão imobiliária e a contaminação 04| E 09| C 14| B
cipitação nival);
por resíduos sólidos, esgotos, vazamen- 05| C 10| A 15| B
principais ocorrências em solos férteis tos de navios (petroleiros e outros),
(terra roxa); efluentes e/ou vazamentos industriais. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (P. 316)
aciculifoliada (folhas duras e pontiagudas 07| 01|
em formato de agulhas/espinhos); a) As florestas equatoriais localizam-se em a) O “encolhimento” do mapa-mundi ocor-
áreas de clima equatorial (clima quente e reu porque houve um avanço nos meios
árvores separadas por sexo (machos e
úmido), com chuvas bem distribuídas no de transporte e comunicação ao longo da
fêmeas); história, facilitando assim o deslocamen-
decorrer do ano, temperaturas elevadas e
pinhões que alimentam os animais de pe- baixa amplitude térmica. São perenifólias, to e comunicação no planeta.
queno porte. adaptadas à grande umidade. Nelas pre- b) Sim. Pois em ambas situações há ênfases
domina o estrato arbóreo. As árvores são quanto ao processo de globalização eco-
Características do clima subtropical: altas, algumas atingem mais de 40 metros. nômica sedimentada no avanço tecnoló-
estações do ano bem marcadas; São florestas ricas em espécies vegetais e
gico, portanto, elemento primordial para
abrigam riqueza de espécies animais. As
grandes amplitudes térmicas anuais; as constantes modificações no espaço
florestas equatoriais possuem várias plan-
tas que são aproveitadas pelo homem. global.
chuvas distribuídas durante todo o ano;
b) A vegetação da caatinga se caracteriza 02|
índices pluviométricos acima de 1250
mm anuais; por apresentar estrato que varia entre A geopolítica brasileira se diferencia da
o arbóreo e o arbustivo, que pode ser dos demais países do grupo dos BRICs pe-
temperatura média anual em torno de 18 °C. denso ou aberto. É formada por plantas los seguintes aspectos: o Brasil não pos-
b) Produtos do extrativismo vegetal da região: que perdem as folhas no período seco sui armamento de destruição em massa;
(caducifólias) e por outras que possuem estabeleceu com a vizinha Argentina la-
a erva-mate (folhas)/chimarrão; espinhos, ou ainda por aquelas que pro- ços de cooperação pacífica nos setores
a madeira (da imbuia, do ipê, do cedro ou duzem cera para revestir suas folhas. nuclear e militar; estabeleceu com os
São plantas que possuem um mecanis- países da costa africana e sul-americana
do pinheiro-do-paraná);
mo para diminuir a perda de água por
a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico
pinhão; transpiração. Após as primeiras chuvas,
Sul; sua projeção enquanto potência re-
canela; as plantas reanimam-se, florescem e fru-
tificam rapidamente. gional se dá preferencialmente de forma
xaxim. geoeconômica e não através da dissuasão
c) Os dois elementos do clima que mais in-
bélica.
terferem na diversidade de espécies são a
05| chuva e a temperatura. A umidade do ar 03|
a) Bioma: Cerrado. também pode ser considerada. a) O Tratado de Roma (1957), assinado pela
d) As florestas vêm sendo muito devastadas Bélgica, Holanda, Luxemburgo (BENELUX),
b) Bacia Hidrográfica do Paraná, Bacia Hi- para dar espaço aos mais diversos usos. França, Alemanha Ocidental e Itália, visa-
drográfica do São Francisco e Bacia Hidro- Uma das consequências dos desmatamen- va uma união econômica de fato entre
gráfica Tocantins-Araguaia. tos é a erosão superficial dos solos, com
esses países europeus, através de uma
perda da sua fertilidade natural e da ma-
c) Clima Tropical ou Clima Tropical SemiÚmi- téria orgânica. Esses solos causam o asso- política comum para os produtos agríco-
do ou Clima Tropical Típico ou Clima Aw. reamento dos rios e o aumento da turbi- las, transportes e outros setores econô-
dez da água, dentre outros problemas. micos estratégicos, além de definir regras
06| comuns para a concorrência entre os seus
08|
Os manguezais se desenvolvem em áreas mercados nacionais, a partir de uma co-
a) O candidato deve descrever um fator ordenação regional de política econômica
de águas pouco movimentadas ou alaga- dentre os seguintes:
entre os Estados membros. Pretendia-se
das nas reentrâncias dos litorais (baías, Conexão entre os fragmentos de habitats uma união cada vez mais estreita des-
enseadas, estuários e deltas). Os solos ar- OU ses países mediante a eliminação das
gilosos e lodosos, ricos em matéria orgâ- Possibilidade de circulação da fauna en- barreiras alfandegárias que dividiam os
nica, dão origem a um tipo de vegetação, tre os fragmentos OU mercados europeus, o que gerava, inclu-
que revela grande capacidade de adapta- Facilitação da dispersão da flora ou pro- sive, conflitos armados. Ou seja, o MCE
ção a duas condições adversas: a salinida- pagação do fluxo de espécies OU buscava integrar a economia dos países
de do solo e a deficiência de oxigênio, em Favorecimento de refúgios alternativos à membros com o estabelecimento de um
virtude do alagamento pelas oscilações fauna durante grandes perturbações e/ mercado comum. Já o Tratado de Maastri-
das marés. Por essa razão, as espécies ar- ou catástrofes OU cht ou Tratado da União Europeia (1992)
337
GABARITOS
representou um avanço nesse processo anteriormente, a ampliação do poder da também, como fator desfavorável, uma
de integração econômica para os âmbitos União Europeia sobre a região dos Balcãs intensa disputa pela liderança política
político e social, através da construção de devido ao interesse desses novos países nestas organizações.
uma ‘cidadania europeia’, alargando-se de saírem da órbita socialista e da cultura 07|
assim as competências comunitárias atra- unionista imposta por Joseph Broz Tito,
vés de políticas externas e de segurança desde os anos de 1950; 4) a fragmentação a) Organizações que surgiram na América
comuns, além de ampliar a cooperação en- da Tchecoslováquia através da Revolução Latina nesse período: Organização dos
tre eles nos âmbitos da justiça e assuntos de Veludo, em 1989, que criou dois novos Estados Americanos (OEA); Associação
internos. Portanto, Maastricht constituiu países no Leste europeu: a República The- Latino-Americana de Livre Comércio
uma nova etapa na integração europeia, ca e a Eslováquia. (ALALC ou ALADI); Sistema Econômico
dado ter permitido o lançamento da inte- da América Latina (SELA); Comissão Eco-
04| nômica para a América Latina (CEPAL);
gração política, assentando os parceiros
comunitários em três pilares: a união das a) Associação de Livre Comércio do Caribe
Comunidades Europeias, das Políticas Ex- – Estados Unidos, Canadá e México (CARIFTA ou CARICOM); Pacto Andino ou
ternas e de Segurança Comum (PESC) e da Comunidade Andina de Nações (CAN).
– Reflexos para o México: Essas organizações se mostraram pouco
cooperação policial e judiciária em matéria
penal (JAI). Ao instituir uma ‘cidadania eu- Queda no crescimento da economia eficazes e a integração econômica regio-
ropeia’, Maastricht reforçou os poderes do Aumento da dívida externa nal avançou pouco, tendo sido um perí-
Parlamento Europeu e criou a União Eco- odo condicionado pelo protecionismo de
Presença das “maquiladoras”
nômica e Monetária (UEM), com a defini- alguns países. As primeiras iniciativas de
Exploração da mão de obra mexicana integração se inseriram nas estratégias
ção do Euro como moeda regional. Assim
sendo, o tratado de 1992 ultrapassou o ob- Dependência de importação de alimen- de substituição de importações, de forma
jetivo econômico do de Roma (1957), pelo tos que o regionalismo era complementar ao
desejo de constituir-se mais do que uma Endividamento, vulnerabilidade e depen- desenvolvimento nacional.
região aduaneira, mas também por uma dência em relação aos EUA. b) Os principais objetivos dos processos de
nova proposta para a dimensão política e Repressão nas áreas fronteiriças. integração regional são: aumentar o po-
jurídica entre os países comunitários. der econômico e político dos países per-
Adaptado de http://europa.eu/legislation_summaries/
b) A expectativa dos críticos ao projeto de tencentes ao bloco regional; buscar auto-
institutional_affairs/treaties/treaties_maastricht_ criação da ALCA é de que essa organi- nomia em relação aos países exteriores
pt.htm. Acesso em 30 jul. 2013. zação poderia desestruturar as econo- ao bloco; promover a circulação de mer-
b) Os processos geopolíticos de grande re- mias dos países membros do Mercosul, cadorias, pessoas, informação e inves-
percussão político territorial foram: 1) a uma vez que o poder de competição dos timento, ou seja, a concessão mútua de
reunificação das Alemanhas (Ocidental e americanos é muito maior do que o dos preferência e a complementaridade, por
Oriental) ocorrida em 1990 como reflexo demais países. Além disso, de fato have- meio de normas que facilitem esses flu-
da queda do Muro de Berlim (1989) no fim ria uma abertura econômica que estaria xos e harmonizem os acordos comerciais
da Guerra Fria (e o consequente desmonte limitada aos interesses dos norte-ameri- existentes, melhorando tanto a integra-
da Cortina de Ferro, que separava, ideolo- canos, não havendo efetivamente a livre ção dentro do bloco quanto como a parti-
gicamente, as Europas Ocidental e Orien- circulação de bens, tecnologia e pessoas. cipação regional no comércio internacio-
tal). Essa reunificação foi, na verdade, a 05| nal; obter adesão de novos membros, em
reanexação da então República Democrá- a) Entre as vantagens da criação de blocos patamar econômico e social compatíveis
tica da Alemanha (ou Alemanha Oriental, econômicos para os países integrantes para fortalecer o bloco.
socialista) pela então República Federal da estão: i) a expansão das trocas comer- 08|
Alemanha (ou Alemanha Ocidental, capita- ciais entre os países integrantes; ii) a
lista); 2) a fragmentação territorial da URSS a) Os blocos econômicos são: Nafta, União
redução ou isenção de taxas alfandegá-
(1991), que proporcionou o surgimento de Européia e Mercosul.
rias para determinados produtos; iii) o
15 novos países e finalizou a hegemonia estímulo à estruturação de cadeias pro- b) Dentre as diversas vantagens, o aluno po-
soviética no Leste europeu. A nova Alema- dutivas intra-blocos; iv) a transferência derá apresentar:
nha reunificada passou a ser fundamental de tecnologia; v) a criação de um fórum a eliminação de barreiras alfandegárias e
no novo jogo de forças geopolíticas na Eu- de discussões entre países membros a padronização de legislação econômica e
ropa, pois com uma economia bastante para tratar de assuntos não apenas eco- fiscal;
forte (por ser uma potência monetária e nômicos; vi) o fortalecimento dos países
cambial), tornou-se a locomotiva europeia membros em negociações internacio- a livre circulação de capital, mercadoria,
que possibilitou a adesão de novos países nais extra-bloco. serviços e pessoas;
à União Europeia, notadamente no Leste a possibilidade de implantação de moeda
b) A principal característica diferenciadora
europeu. Os novos países surgiram como única e, sobretudo,
da União Européia é a criação de uma
mercados a serem conquistados pelos
unidade política supranacional materiali- a existência de um mercado consumidor
objetivos da ordem regional europeia sob
zada na criação do Parlamento Europeu e e fornecedor.
forte influência alemã como a Polônia, Re-
do estatuto de cidadão europeu.
pública Tcheca, Eslováquia, Hungria, além
das repúblicas bálticas e novas repúblicas 06| ENEM E VESTIBULARES (P. 318)
balcânicas como a Eslovênia e a Croácia; Sim, com tantos organismos em uma 01| C 06| D 11| C 16| B
3) a fragmentação territorial da Iugoslávia, mesma região geográfica torna-se difí- 02| D 07| C 12| D 17| C
nos Balcãs. Com o fim da Guerra Fria, as re- cil estabelecer metas coletivas, uma vez
públicas autônomas da Eslovênia, Croácia que as atribuições, os estágios evoluti- 03| B 08| C 13| E 18| B
e Macedônia declaram-se independentes, vos, assim como os objetivos dessas or- 04| D 09| B 14| C 10| E
o que possibilitou como já foi observado ganizações se sobrepõem. Destaca-se, 05| B 10| A 15| D
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CIÊNCIAS HUMANAS e suas Tecnologias Frente D
ANOTAÇÕES
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SISTEMA DE ENSINO PREPARAENEM
ANOTAÇÕES
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