Renata Pantozo - Duas Vidas

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PERIGOSAS NACIONAIS

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DUAS VIDAS

Quando seu passado finalmente é revelado,


Clara se vê entre duas famílias e o amor da sua
vida.
Dois caminhos e um coração dividido.
A única certeza da vida dela é que não
abrirá mão de seu grande amor.

SEGUNDA TEMPORADA DE DESTINO


TROCADO.

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Capítulo 1
NARRAÇÃO FERNANDO

Teddy esta na cadeira lendo as noticias do mundo


em seu celular pra mim. Acho na verdade que esta
tentando se distrair até a hora do almoço. Ainda
estou chocado pra caramba com a possibilidade do
Erick ser gay.

- Teddy!

Ele para de ler e me olha.

- Chega de notícias.

Abre um pequeno sorriso e suspira.

- O que quer fazer?

- Não sei.

A porta do quarto se abre.

- Sr. Ribeiro.
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Uma enfermeira entra. Na verdade uma jovem e


sorridente enfermeira.

- Como se sente?

- Bem!

- O médico liberou andar pelo quarto e o banho.

Um sorriso safado surge em seus lábios.

- Vim ajuda-lo.

- Não precisa.

Teddy diz se levantando.

- Eu dou banho no mozão. Pode levar essas mãos


atrevidas daqui.

Tento não rir da cara dele bravo com ela.

- Tem certeza?

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Olho pra ele e depois pra ela.

- Clara vai adorar saber do seu banho dado por essa


bela enfermeira.

Fala com os braços cruzados, balançando a cabeça.

- Tenho! Adoro banho dado por amigo gay da


mulher que amo.

Feliz da vida ele olha pra enfermeira.

- Mais alguma coisa?

- Não. Apenas vou ajudar a levanta-lo.

Vem para a cama e com a ajuda do Teddy me tira


dela, finalmente.

- Pequenos passos.

Ela diz me soltando e ele acompanha. Respiro


fundo e ando um pouco.

- Com dor?
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- Não muita. Apenas me incomoda esses curativos.

- Vou arrumar antes do banho.

- Obrigado!

Em poucos minutos ela troca o curativo em minha


barriga por um menor e me deixa sem camisa.
Não sei quem suspirou mais em me ver sem ela.

- Tente não molhar.

- Serei cauteloso. Cuidarei bem do mozão.

Olho para Teddy que parece bem animado.

- Sem tocar lá.

- Posso olhar?

- Nem passar os olhos. Vou tomar banho de cueca.

- Cueca branca pra ficar transparente?

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- Teddy quando eu ficar melhor, me vingo de você.

- Você me ama, para de se fazer de difícil. Olha


esse sorriso.

- Vamos logo!

Entramos no banheiro e Teddy tranca a porta. Tiro


os chinelos e respiro fundo com um pouco de dor.
Ele liga o chuveiro.

- Vou tirar sua calça.

Se aproxima e quando toca a minha calça, começa


uma melodia sexy de striptease.

- Para!

Digo rindo da cena dele fazendo caras e bocas


puxando a minha calça.

- Vamos tornar esse momento mais engraçado,


mozão.

Tira uma perna minha da calça e deita a cabeça,


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vendo meu pacote.

- Acho que Clara se apaixonou por isso tudo aqui.

- Teddy!!!!

- Isso já tem volume assim mortinho, pensa nele


criando vida.

- Inferno!

Digo rindo e me virando.

- Agora sim a visão de dois montes carnudos


lindos.

- Sai do banheiro.

- Parei!

Tenta parar de rir e vai tirando minha outra perna


da calça.

- Já guardei a minha bicha no cofre do tio patinhas.

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Ando até o chuveiro rindo e assim que a água


quente bate em meu corpo solto um suspiro de
alivio.

- Vou esfregar as costas e você se diverte com a


frente.

Teddy diz já passando a bucha em meu corpo.


Apoio as mãos na parede.

- Acha que Clara demora pra voltar?

- Pra te responder isso vou ter que soltar a bicha do


cofre. Ela é a intuitiva.

- Não aguento mais essa distância.

- Falta um dia no hospital. Provavelmente amanhã


você tem alta.

- Não vão me liberar para ir a Londres.

A mão dele fica tensa nas minhas costas.

- Ela não esta em Londres, né?


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- Esta...

Sua voz falha e me viro, encaro seus olhos.

- Te conheço pouco, mas da pra perceber que não


sabe mentir.

Teddy revira os olhos.

- Faz o peito e o pacote da felicidade.

Me entrega a bucha com mais sabonete.Enquanto


me lavo, desvia o olhar. Ele nunca desviaria o
olhar. Estaria me irritando e fazendo piadas
picantes. Desviar o olhar me diz que esta
escondendo algo. Seu celular toca e Teddy vai para
o canto.

- Sra. Ribeiro!

Observo falar com a minha mãe.

- Claro que fico de tarde com ele, será um prazer.


Esta tomando banho e logo almoça.
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Fica calado ouvindo-a falar.

- Sem problemas. Fico o tempo que precisar.

Desliga o telefone e volta.

- Mais umas horas comigo, mozão.

Termino de lavar minha cabeça.

- Pronto!

Teddy fecha a água do chuveiro e vem com a


toalha. Me seca com cuidado na parte de trás e me
seco na frente.

- Como vamos tirar essa cueca molhada?

Pergunta rindo.

- Se me contar onde Clara esta, deixo você tirar.

- Isso não vale, mozão.

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- Sabia... ela não esta em Londres. Onde ela esta


Teddy?

- Odeio minha boca enorme. Esta perto.

Enrola a toalha em minha cintura e se abaixa. Enfia


a mão por baixo da toalha e rapidamente arranca
minha cueca.

- Perto onde?

Pega a cueca seca e começa a me vestir por baixo


da toalha, também.

- Vem para o canto seco vestir a calça.

Ordena serio e ando até onde ele pediu. Tira minha


toalha e coloca minha calça. Coloco o chinelo e me
olha.

- Consegue colocar a camisa?

- Não...

Ele com calma coloca a minha camisa.


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- Teddy...

Me olha.

- Por favor, onde ela esta?

- Amanhã... prometo que amanhã quando tiver alta


eu conto.

- Conta tudo?

- Sim...

- Obrigado!

Abre a porta do banheiro e nos assustamos ao ver


Erick.

- Como foi o banho?

Pergunta vermelho e acho que isso é ciúmes.

- O melhor que já tive.

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Teddy me olha assustado.

- Teddy tem mãos boas para esfregar.

A boca dos dois se abrem me encarando e Erick


respira fundo.

- Vou almoçar.

Se vira indo para a porta.

- Você não vem Palmitão?

Teddy ainda esta me encarando.

- O que esta fazendo?

Sussurra achando que não chama atenção.

- Te ajudando. Olha como ele esta com ciúmes.

- Você acha?

Confirmo com a cabeça e ele sorri.

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- Bicha ciumenta?!?!? Adoroooo!

Tento não rir.

- Teddy!

Erick o chama mais uma vez.

- Vai ficar bem?

- Sim... parece que minha comida já chegou.

Digo apontando a sopa horrível perto da cama.

- Quer ajuda?

- Não. Chega de me ajudar com essas boas mãos.

- Já volto!

Ele me abraça, tomando cuidado pra não me


machucar.

- Obrigado!

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**************

Termino minha sopa sem nada. Sem sabor, sem sal,


sem merda nenhuma. A porta do quarto se abre.

- Quarto 246?

- Sim...

Um homem entra segurando um envelope.

- Srta. Clara Ribeiro!

- Minha irmã.

Ele olha em volta.

- Alguém que possa receber o exame dela?

- Eu...

Digo nervoso. Ela fez um exame antes de ir? O


homem me entrega o envelope e me da um papel
para assinar.

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- Obrigado!

Sai do quarto e encaro o envelope. Será algo grave?


Ela esta doente e se tratando em outro lugar?
Inferno!!!!! Rasgo o envelope desesperado pra
saber o que é. Analiso as folhas e vejo meu nome
também. As respostas sempre ficam na ultima
folha. Sigo para a ultima página e leio a ultima
linha.

" Compatibilidade sanguínea: Negativa"

A porta do quarto se abre. Erick e Teddy entram


sorrindo, mas logo os sorrisos somem ao me ver.

- O que é isso?

Pergunto nervoso.

- Ai merda!!!!

Erick vem correndo e arranca o exame da minha


mão.

- Me explica agora isso, Erick.


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Ele olha para o Teddy.

- O que apareceu?

- Negativo.

- Parem de falar entre vocês.

- Temos que contar a ele.

- Contar o que?

Teddy segura minha mão e calmamente começa a


falar. As palavras desaparecem após ele dizer que
Clara não é minha irmã. Meu coração só precisa
saber disso.

- Onde ela esta?

Erick senta na cama.

- Em Holambra, onde vocês nasceram. Ela queria


ver se achava algo, antes do resultado sair.

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- Me levem pra Holambra.

Digo saindo da cama.

- Fernando, você ainda não pode sair.

- Se não me levarem, vou sozinho.

Tiro meus chinelos e começo a procurar meu tênis.

- Você ainda esta debilitado.

- Que se foda a porra dessa cirurgia.

Grito nervoso e sinto minha barriga doer.

- A mulher que eu amo esta passando pelo pior


momento da vida dela. Eu quero estar lá! Quero ser
seu apoio nessa hora e quero ouvir da boca dela que
nosso amor é mais que permitido.

Teddy se abaixa a minha frente e me ajuda com o


tênis.

- Espere até amanhã.


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- Não, Erick! Já esperamos tempo demais.

Teddy pega minha mala.

- O que vai fazer?

- Vou levar o Fernando até a mulher dele.

Estica a mão para o Erick.

- Preciso do seu carro.

- O que?

- Vamos precisar do seu carro para ir até Holambra.

- Vocês são loucos.

- Erick, imagine você na situação dele. A pessoa


que ama precisando de você e você dela.

Os dois ficam se olhando.

- Espera aqui.
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Erick se vira e sai do quarto. Alguns minutos


depois, volta com uma sacola e as chaves do carro.

- Ele precisa dessa medicação. Daqui 6 horas você


começa conforme indiquei no papel dentro da
sacola.

Se aproxima de mim.

- Toma esse.

- O que é isso?

- Vai te ajudar a suportar a viagem.

- O que faremos com meus pais?

- Cuido deles.

Se vira para o Teddy.

- Amanhã cedo estarei lá com vocês.

- Não precisa.
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Teddy fala de forma doce.

- Eu cuido dele.

- Precisa sim...

Erick segura a mão do Teddy.

- Alguém precisa cuidar de você, enquanto ele


cuida dela.

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Capítulo 2

NARRAÇÃO CLARA

Abro a porta e não acredito no que vejo.

- Fernando!

Ele parece com dor e cansado. Ergue um envelope


branco com a marca do hospital de São Paulo.

- Me diz que isso é verdade.

Sua voz é falhada e sussurrada. Ele segura o


resultado do DNA.

- Não sou sua irmã.

Solta um suspiro e joga o envelope no chão, vindo


em minha direção. Suas mãos agarram meu rosto e
seus olhos encaram os meus.

- Nunca mais me deixe.

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Diz avançando em meus lábios e me beija. Sua


boca quase devora a minha desesperadamente e
meu corpo instantaneamente já se encosta no dele
em busca de seu calor. Minhas mãos se espalmam
em seu peito e posso sentir seu coração acelerado
como o meu. Não acredito que ele esta mesmo
aqui.
Desço minha mão e sinto sua camisa molhada.

- Fernando!

Solto meus lábios do dele e abaixo meus olhos.

- Você esta sangrando.

Seu corpo amolece e vejo que esta pálido demais.

- Você não devia ter vindo.

Digo o apoiando de lado e puxando seu corpo até a


cama.

- Precisava vir.

Sua voz é de dor. O deito na cama e levanto sua


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camisa.

- Seu curativo esta cheio de sangue.

Seus olhos se fecham um pouco.

- Só preciso dos meus remédios.

Abre os olhos e sorri.

- E de você.
Sei que devia estar muito brava com ele agora por
ter saído do hospital assim, mas a verdade é estou
feliz em vê-lo aqui. Era o que eu mais precisava
agora.

- Onde esta seu medicamento?

- Atrás de você.

Me viro e vejo Teddy.

- Mozão, você devia ter me esperado.

- Você é muito lento.


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- Teddy!

Saio do lado de Fernando e corro para os braços do


meu amigo.

- Você não devia ter vindo com ele assim.

- Ele não sossegaria até te ver.

Assim que o solto me passa a sacola com


medicamentos.

- Erick mandou essa lista com os horários e tudo


bem explicadinho.

Encaro a lista e já pego o medicamento de


Fernando. Dou a ele com um copo de água. Aos
poucos ele vai se acalmando.

- Preciso trocar esse curativo.

Teddy pega o exame de DNA do chão e fecha a


porta.

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- Eu te ajudo.

Juntos tiramos a camisa suja do Fernando Com


uma tesoura que Erick mandou na sacola, corto o
curativo sujo e Fernando geme.

- Desculpa!

- Tudo bem!

Retiro tudo e vejo a cicatriz. Meu coração aperta.

- Olha pra mim.

Fernando pede e ergo minha cabeça.

- Não se sinta culpada.

- Não adianta falar. Eu sei que sou.

Coloca sua mão sobre a minha.

- Foi graças a isso que você descobriu que não


somos irmãos.

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Isso é verdade. Ainda viveríamos essa mentira toda.


Continuo limpando o sangue sem dizer nada.

- Quem de nós dois não é um Ribeiro?

Fernando pergunta e respiro fundo.

- Eu...

Começo a cobrir a cicatriz com outro curativo.

- Certeza?

Confirmo com a cabeça.

- Já achou alguma coisa por aqui?

- Sim...

Termino o curativo e olho pra ele.

- Tenho tanta coisa pra te contar. Nem sei por onde


começar.

- Vamos fazer assim...


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Passa a mão em meu rosto.

- Você deita aqui comigo, no meu peito e me conta


tudo.

- Posso deitar do outro lado do seu peito pra ouvir


também?

Fernando ri com a pergunta do Teddy, mas logo


para por causa da dor.

- Precisa ser no meu peito?

- Vai ser mais confortável.

- Que tal se você me deixar essa noite sozinho com


a Clara e amanhã deixo vocês sozinhos pra
conversar?

- Mas eu queria deitar no seu peito sarado.

- Teddy, isso não vai acontecer.

Me levanto rindo, vendo a evolução dos dois nessa


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amizade.

- Essa noite sou dele e amanhã sou sua. Mas agora


preciso que fique de olho nele para eu tomar um
banho.

- Certo!

- Já conversou com o pessoal do hotel pra ver se


tem quarto?

- Sim, mozão! Vai ficar aqui com a Clara e eu no


quarto ao lado ouvindo o sexo nervoso de vocês de
saudade.

Sigo para o banheiro rindo e ouvindo os dois


brigando.

***************

Tomo um banho rápido, coloco uma camisa e


minha calcinha. Respiro fundo ao me encarar no
espelho. Observo meu rosto e me comparo a Sra.
Silva. Seus olhos me vêm a mente. O traço dos
lábios e nariz. Me pego percorrendo com o dedo
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cada traço do meu rosto parecido com o dela.


Minha mãe... Minha família. Respiro fundo e abro
a porta do quarto. Encosto nela ao ver Teddy e
Fernando na cama conversando animadamente.
Teddy esta contando algo empolgado e Fernando
sorri.

- Atrapalho?

Os dois me olham.

- Não...

Teddy responde pulando da cama.

- Vou para o meu quarto.

Todo animado me abraça.

- Cuida dele.

- Pode deixar.

- Boa noite, Anjo!

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- Boa noite, Teddy! Obrigado por vir.

- Não perderia esse babado por nada.

Me solta e vai até o Fernando.

- Depois termino de te contar, mozão. Agora


descansa.

Se inclina sobre ele.

- Nada de fazer besteira, ainda esta dodói. Guarda o


mozizim na cueca.

- Mozizim?

- Tipo miniatura do mozão.

Fernando revira os olhos e tenho uma crise de riso.

- Vai dormir, Teddy.

- Estou indo.

Vai até a porta e sorrindo sai do quarto. Fernando


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me olha, estica o braço e bate na cama ao seu lado.

- Vem!

Ando até ele e percebo que esta sem as calças e os


sapatos. Esta apenas de cueca coberto por um
lençol.

- Tirou a roupa sozinho?

- Não...

Me sento ao seu lado.

- Teddy tirou pra mim.

- Vocês estão bem íntimos.

Digo rindo e me deito ao seu lado.

- Não sabe de nada. Ele já até me deu banho.

- Mentira?!?!?!

- Temos muitas coisas pra te contar de lá, mas...


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Para de falar e ergue o braço. Me deito nele e me


acomodo em seu peito.

- Quero agora saber sobre você e o que passou aqui.


Alisa meu cabelo e meu corpo relaxa depois de dias
na tensão e angustia. A sensação de ser acolhida e
protegida por Fernando, me faz querer chorar. Sem
conseguir segurar, solto o choro e ele me aperta
mais em seu peito.

- O que foi?

- É tudo tão complicado.

- Me conta.

- Você não ficou abalado em saber que não somos


irmãos?

- Não...

Ergo meus olhos e o vejo me encarar.

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- Me sinto extremamente feliz em não ter você


como irmã.

Ele inclina o rosto.

- Agora você poder ser minha, só minha e sem


culpa.

Seus lábios roçam os meus.

- Você ficou abalada?

- Por não ser sua irmã? Não.

Subo minha mão e toco seu rosto.

- Eu quero ser sua. Só sua para sempre.

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Capítulo 3
NARRAÇÃO FERNANDO

- Você não ficou abalado em saber que não somos


irmãos?

Sua pergunta me pega de surpresa, mas a resposta é


simples.

- Não...

Ergue a cabeça e me olha.

- Me sinto extremamente feliz em não ter você


como irmã.

Me inclino para ficar mais perto dela. Passei quase


três dias de merda sem sentir seu cheiro, seu calor e
agora quero senti-la.

- Agora você poder ser minha, só minha e sem


culpa.

Toco seus lábios com os meus de leve.


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- Você ficou abalada?

- Por não ser sua irmã? Não.

Toca meu rosto.

- Eu quero ser sua. Só sua para sempre.

Nós dois estamos sorrindo como dois idiotas


apaixonados.

- Mas não é tão simples como parece.

- Como assim?

Clara suspira e desce os olhos para o meu peito.


Sua mão sai do meu rosto para o meu peito e ela
começa a desenhar algo com os dedos nervosa.

- Me conta o que descobriu.

- Depois que eu descobri que não era sua irmã,


Erick questionou uma troca de bebês na
maternidade.
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- Por isso veio para Holambra?

- Sim... o exame demoraria muito e tinha que saber


o que aconteceu.

Seus olhos se erguem um pouco.

- Minha intenção era vir e achar as respostas antes


de você sair do hospital.

- Por que não me esperou? Podíamos vir juntos


achar as respostas.

- Não queria perder mais tempo Fernando.

Seus olhos estão marejados.

- Perdi 9 anos.

Uma lágrima escorre de seu rosto.

- Não queria perder nem mais um dia sem ser sua.

Me viro e ficamos com o rosto colado.


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- Você descobriu como foi a troca?

- Como foi não, mas quem é a outra família da


troca sim.

Suspira e permanece me olhando.

- Eu tenho um irmão gêmeo.

Abro um sorriso.

- Olha só, você tem um irmão de verdade gêmeo.

- Sim... e assim como não me parecia com você,


não me pareço em nada com ele.

- Ele é tão feio assim?

- Não...

Responde sorrindo.

- Falo quanto aos traços. Ele parece nosso pai e eu


a nossa mãe.
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É a primeira vez que a vejo falar de outros pais que


não sejam os nossos e isso é estranho.

- Então conheceu seus pais biológicos?

- Sim... essa noite.

- Como eles são?

- Parecem legais.

Então um estalo me vem a mente.

- Se você foi trocada e tem um irmão gêmeo, eu


também tenho uma irmã gêmea. Como ela é?

Clara fica tensa, sai do meu peito e se senta na


cama.

- O que foi?

Se levanta e começa a andar pelo quarto.

- Quando decidi vir achar minha família, imaginei


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algumas coisas.

Cruzas os braços e para de andar, me encarando.

- Descobrir a troca, desfazê-la e cada família ter sua


filha verdadeira ao seu lado.

- E...

Tem que ter o “ficar comigo” nesse plano.

- Ficar com você...

Sorri e suspira.

- O que deu errado?

- Não existe outra menina.

Olho pra ela sem entender nada.

- Mas teve troca.

Clara se senta na beira da cama.

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- Sim! De um bebê morto, por um bebê vivo.

Paro alguns segundos para entender tudo.

- Então minha irmã gêmea morreu no parto?

Ela confirma com a cabeça.

- Nossa...

Me sento na cama ainda atordoado e com dor.

- Nossa mãe vai surtar com isso.

- Ai esta a complicação toda.

Olho pra Clara.

- Existem duas famílias. Uma que já aceitou a


morte de sua filha, que na verdade esta viva. Outra
família que acha que tem uma filha, mas na
verdade não tem.

Se arrasta na cama e se senta ao meu lado.

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- Eu não sei o que fazer.

- Seu medo é machucar a nossa mãe?

- Sim... Ela sempre foi maravilhosa para mim. Pode


não ter me colocado no mundo, mas me amou
muito como filha.

- Verdade!

- Só que existe a Laura.

Seus olhos voltam a marejar.

- Dava para ver nos olhos dela a dor, ainda da perda


da filha e a ferida no peito por não tê-la ao seu lado.

- Você se sente dividida?

- Muito.

Sua cabeça se encosta em meu ombro.

- Posso dar minha opinião?

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- Deve.

Beijo sua cabeça.

- Você descobriu as coisas agora. Esta tudo


explodindo dentro de você.

Sua mão busca a minha e ela enlaça os dedos nos


meus.

- Procura saber mais sobre eles. Vamos mais a


fundo nessa troca e ver os motivos de ter
acontecido.

- Isso pode demorar muito tempo. Existem coisas


sobre o dia do nosso nascimento que são estranhas.

- Quais?

- O medico que teoricamente fez o nosso parto,


sofreu um acidente no hospital que o levou a morte
um tempo depois.

Ela me olha.

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- Esse acidente foi em seguida ao nosso parto.

- E o medico que fez o parto da outra família?

- Ainda esta no hospital.

- Então vamos falar com ele.

- Não é tão simples assim. É uma médica e ela


parece bem chata.

- Posso jogar o charme dos Ribeiro nela e ver se


consigo algo.

Clara me bate no braço.

- Aí...

- Nada de charme pra ela e nem pra ninguém.

- Esta com ciúmes?

Aperta os olhos brava e não consigo deixar de rir.

- Acha que eu trocaria a mulher da minha vida


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assim?

Abraço-a e a puxo para mim. Senta sobre o meu


colo, me montando. Meus braços em torno dela,
enquanto suas mãos estão em meu rosto.

- Clara, nada e ninguém me separa mais de você.

Seu dedo desliza em meu lábio inferior.

- Você tem duvida sobre as famílias, mas espero


que não tenha sobre nós.

Se curva e cola a testa na minha. Fecha os olhos e


respira fundo.

- Você é a única certeza em minha vida, Fernando.

Abre os olhos e o azul deles está tão intenso.

- Perdi a minha identidade, não sei quem eu sou e


ainda estou tentando entender de onde vim.

Segura meu rosto em suas mãos.

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- Toda a minha estrutura desmoronou e a única


coisa que me manteve ainda erguida foi você.

Beija meus lábios com carinho. Subo uma mão


enfiando em seu cabelo e a prendendo em meus
lábios. Intensifico o beijo e Clara geme em minha
boca. Todo meu corpo desperta pra ela com esse
simples gemido. Se entrega ao beijo e suas mãos
seguem para o meu cabelo. A forma como ela se
agarra nele me deixa louco. Minhas mãos seguem
para sua camiseta e começo a tira-la. Subo a
camiseta expondo aos poucos sua barriga. Solta
meu cabelo e ergue os braços para que eu tire por
completo. Assim que passo a camiseta pela sua
cabeça, jogo-a na cama. Clara me olha ofegante.
Seus longos cabelos caídos sobre seus seios.
Delicadamente retiro uma parte do cabelo que
cobria o seio direito. Ergo meus olhos pra ela. Ela é
tão linda! Tão perfeita e minha. Retiro do seio
esquerdo a outra parte do cabelo, deixando os dois
agora expostos. Ergo minha mão e toco seu rosto.
Clara fecha os olhos me sentindo. Com o dedo
percorro seus lábios e desço pelo queixo. Tomba a
cabeça um pouco para trás. Minha mão desce entre
seus seios e ela suspira excitada. Abre os olhos e
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me encara. Com um desejo enorme avança em


mim, agarrando meu cabelo novamente e me beija.
Seus lábios estão famintos e sua língua exigente.
Começa a rebolar no meu colo.

- Você é a minha única certeza.

Sussurra em minha boca.

- Não importa o que aconteça.

Me olha intensamente.

- Eu te amo e nada vai ficar entre nós dois. Nada...

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Capítulo 4
NARRAÇÃO CLARA

Fernando toca meu rosto e esse simples toque


queima meu corpo todo. Senti falta de senti-lo e
agora sem culpa seu toque é como um fósforo no
meu corpo que é apenas combustível, pronto para
explodir com ele. Fecho meus olhos me entregando
ao seu carinho, pela primeira vez como mulher e
não irmã. Seu dedo percorre meu lábio e desce pelo
meu queixo. Minha respiração esta acelerada
querendo mais e mais. Sua mão desce para o meio
dos meus seios e um suspiro sai da minha boca. O
quero tanto. Meu corpo esperou 9 anos para senti-lo
por completo novamente. Abro meus olhos e vejo
os olhos dele mais escuros e intensos do que nunca.
Observa meus seios com desejo puro e sobe os
olhos me encarando. Sem aguentar esperar mais, o
puxo para a minha boca. Agarro seu cabelo com
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tanta força que meus dedos doem, mas é uma dor


prazerosa. Minha boca devora a dele e seu sabor é
ainda melhor sem a culpa. Tudo na minha vida
pode estar de cabeça para baixo, menos ele, menos
o que sentimos.

- Você é a minha única certeza.

Sussurro ainda o beijando.

- Não importa o que aconteça.

Encaro seus olhos.

- Eu te amo e nada vai ficar entre nós dois. Nada...

Fernando segura meu rosto e sua respiração esta


acelerada como a minha.

- Não importa pra mim quem você seja ou a qual


família você pertence.

Roça os lábios nos meus e os sela de forma


carinhosa.

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- Sempre será a minha Clara. A mulher que eu


sempre amei e sempre vou amar.

Sua boca desce pelo meu pescoço e ele intercala


beijos e chupadas. Vou me curvando, dando acesso
a ele para os meus seios. Me apoio na cama e ele
vem se inclinando também, descendo para o meu
seio. Antes de chegar no bico do meu seio, geme
alto de dor. A cirurgia dele. Volto meu corpo o
inclinando de volta também e olho seu curativo.

- Você esta sangrando de novo.

Saio de suas pernas.

- Não é nada.

Tenta me puxar de volta.

- Fernando você foi operado há menos de 4 dias.


Como isso não é nada?!

- A gente faz de vagar. Eu fico parado, juro.

Começo a rir da cara dele desesperado.


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- Não... deita. Você precisa de repouso.

- Eu preciso de você.

Olho pra ele e busco todas as forças possíveis para


dizer não, quando eu quero dizer sim.

- Não...

Puxo a coberta sobre seu corpo e pego minha


camiseta.

- Quando estiver melhor, juro que faremos isso


lindamente.

Coloco minha camiseta.

- Mas até lá vamos ficar nos beijos e carinhos fofos.

Ergue uma sobrancelha daquele jeito safado.

- Carinhos fofos pelo corpo?

Pergunta com a voz sensual.


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- Vamos ver suas limitações.

Ele abre um pouco o cobertor.

- Volta pra cama e vem me fazer um carinho fofo.

- E eu? Não recebo um carinho fofo?

- Vem aqui logo.

Quando subo na cama para me unir a ele, batidas


desesperadas na porta surgem e Fernando me olha.

- Esta esperando alguém?

- Não...

As batidas são cada vez mais altas. Saio correndo


com medo de ser algo grave com Teddy. Abro a
porta e vejo a Lina ofegante e com os olhos
marejados.

- Esta tudo bem?

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Pergunto preocupada, sem dizer nada ela avança


em mim e me abraça.

- Lina, estou ficando preocupada.

A Puxo para dentro e fecho a porta. Fernando com


dificuldade se levanta e vem até nós, enrolado na
coberta.
Solto ela do meu corpo e ergo sua cabeça.

- É o bebê? Você esta sentindo alguma coisa?

Nega com a cabeça e sorri.

- No via a hora de voltar pra casa e te ver.

- Por que?

- Você é irmã do Caique, não é? Por isso saiu


daquele jeito.

Abro um pequeno sorriso e limpo seu rosto


molhado pelas lágrimas.

- Sim...
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Pula novamente em mim, mas dessa vez rindo.

- Eu tenho uma cunhada.

Fernando nos observa com um enorme sorriso.

- Sim...

Digo com os olhos marejados.

- Meu filho tem uma tia.

Me solta e me olha carinhosamente.

- Você vai ter um sobrinho.

Pega a minha mão e coloca em sua barriga.

- Estamos tão felizes.

- Você contou ao Caique e a família dele sobre a


troca?

Pergunto nervosa.
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- Não! "Estamos felizes", me referia ao bebê e eu.

Seus olhos focam em mim.

- Não vai contar a eles a verdade?

Sua voz é quase um sussurro. Olho para Fernando


que nos observa atento.

- Ainda não sei, Lina.

- Eles precisam saber.

- É complicado.

Me afasto andando pelo quarto e vejo Lina ficar


sem graça. Pela primeira vez ela percebeu que
Fernando esta enrolado na coberta.

- Atrapalhei alguma coisa?

Olho pra ela sorrindo.

- Lina, este é o Fernando Ribeiro.


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Fernando se aproxima e estica a mão.

- Prazer!

- Ai meu Deus!!! O irmão que não é irmão da


Clara.

- Sim...

Ele fala sorrindo e solta a mão da Lina.

- Você não estava no hospital?

Abre um pouco a coberta e aponta para o curativo


em sua barriga, ainda sujo de sangue.

- Ai caramba, isso não é bom!

Imediatamente ordena que ele deite.

- Já volto!

Sai correndo do quarto desesperada.

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- Ela é sua cunhada então?

Fernando pergunta como se fosse algo normal.

- Parece que sim.

Ando até a cama e me sento ao lado dele.

- Parece que ela gosta de você.

- Eu também gosto dela. Muito!

A mão dele vem até a minha.

- O que te prende a família Ribeiro?

- A minha história com nossos pais.

Lina entra no quarto correndo novamente. Começa


a limpar o Fernando e verificar os pontos. Da um
belo sermão nele sobre infecção e problemas
posteriores que podem leva-lo a morte. Apenas
observo tudo com a minha mente a mil.

- Já tomou seus remédios?


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- Sim senhora!

Ele diz rindo e ela o encara brava.

- Mesmo humor idiota do Caique. Tem certeza que


não é você o bebê trocado?

- Eu acho que não. Sou homem e tudo indica que


trocaram duas meninas.

- Verdade! Graças a Deus! Prefiro a Clara como


cunhada.

Os dois estão rindo.

- Vou deixar vocês dormirem. Fernando, por favor,


repouso total.

Diz a ele e depois me olha.

- Amanhã conversamos mais.

- Sim...

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Ela recolhe suas coisas e segue para a porta.

- Boa noite!!!

Sai e fecha a porta. Fernando me puxa e caio na


cama ao seu lado.

- Depois desse sermão nada de carinho fofo.

Me acomodo em seu peito.

- Só calor do corpo mesmo.

- Fico feliz só com isso. No hospital eu tive os


roncos do Teddy.

Dou um beijo em seu peito rindo.

- Você falou que o que te prende é a história que


teve com nossos pais.

Ergo meus olhos para ele.

- Não sai da nossa mãe, não possuo o sangue deles.

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Respiro fundo.

- Mas os tenho como meus pais. Eu tenho amor e


gratidão de filha por eles. Criei um vínculo, uma
história e agora não consigo simplesmente dizer eu
não sou a filha de vocês e deixa-los em um vazio.

- Entendo!

- Outra coisa que me dói é que não existe uma filha


para dizer essa é a filha de vocês, para suprir o
buraco que vou causar.

- Nossa mãe surtaria.

Fecho meus olhos imaginando o tamanho da dor


dela.

- Vamos pensar em algo.

Fernando diz beijando minha cabeça.

- Vamos ficar aqui, descobrir o que houve,


conhecer sua nova família e você decide o que vai
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fazer.

- Não posso fazer você largar tudo e ficar aqui


comigo, Fernando. Você tem sua vida, empresa,
suas coisas.

- Olha pra mim!

Ergo meus olhos encontrando os dele.

- Eu não vou sair daqui sem você. Realmente tenho


uma vida e ela esta aqui precisando de mim. Você é
a minha prioridade.

Me acomodo mais em seu corpo.

- E agora que eu disse isso.

Sua mão desliza em meu decote.

- Você podia tirar toda a roupa e dormir com esse


corpo perfeito colado ao meu, sem nada.

- Esta querendo que eu me deite nua ao seu lado?

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- Sim...

- Sem fazer safadeza?

- Isso eu não posso garantir.

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Capítulo 5
NARRAÇÃO FERNANDO

Com calma ela se senta ao meu lado.

- Acha que pode se controlar?

Pergunta subindo a camiseta delicadamente pelo


corpo e respiro fundo.

- Vou tentar.

Retira a camiseta e joga aos pés da cama.

- Sabe qual o problema?

Nego com a cabeça encarando seus seios e sua


cintura fina.

- Sou eu me controlar.

Vem até mim e me beija. Ela não esta sobre mim,


mas seu corpo se molda na lateral do meu
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perfeitamente. Sua perna sobre a minha e posso


sentir seu sexo quente em minha coxa. Seu beijo
vai esquentando e ela se esfrega em mim, me
fazendo gemer em sua boca. Com uma mão seguro
suas costas a colando ainda mais em mim e a outra
seguro seu rosto, quase sua nuca. Ela separa nossos
lábios em busca de ar.

- Quero fazer algo.

Sussurra e me olha tímida.

- Faça.

Digo seguindo com a boca em seu pescoço.

- Eu nunca fiz antes.

Olho pra ela que morde os lábios. Então me lembro


que Teddy disse que nunca teve outro homem além
de mim. Tudo o que tivemos até hoje foram suas
únicas experiências e sempre eu a toquei.

- Clara...

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Seguro seu rosto em minhas mãos encarando seus


olhos.

- Meu corpo é seu. Faça o que quiser com ele.

Engole seco e sua pupila dilata.

- Fernando eu não...

A beijo calando sua insegurança.

- Apenas faça o que quiser e vou te dizendo se esta


bom.

Sorri e passa o nariz no meu.

- Me promete ficar quieto para ficar bom logo?

- Sim, vou deixar você fazer tudo.

Sinto sua mão em meu peito.

- Então apenas sinta e me guie.

Sua mão desce pelo meu corpo, enquanto seus


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lábios sugam os meus com força. Toma cuidado


com o meu curativo e logo toca a cabeça dele com
a ponta do dedo. Meu membro pulsa com apenas
esse toque. Clara passa a mão toda por cima dele e
logo o envolve com cuidado. Começa um leve
deslizar sexy.

- Quero ver você me tocando.

Sussurro e vejo seu rosto ficar vermelho. Ela solta


meu membro e tira tudo que tem sobre a cama, nos
deixando livre, deixando nossos corpos em total
evidência.

- Fiquei assustada quando o vi pela primeira vez.


Achei que não entraria em mim.

Diz sorrindo e beija meu queixo.

- Mas quando ele estava completamente dentro de


mim naquela noite.

Desce a boca para o meu ouvido e volta a segurar


meu membro.

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- Percebi que ele se encaixava perfeitamente.

Fecho meus olhos apreciando sua boca em meu


pescoço e sua mão me masturbando de leve.

- Nunca me senti tão completa e feliz como naquele


dia.

Vem beijando até minha boca.

- Quero me sentir assim novamente.

Minha respiração se mistura a dela por causa dos


nossos lábios próximos. Seus movimentos vão
acelerando enquanto me olha.

- Quero ser sua novamente.

Meu corpo estremece ao imagina-la sendo minha


novamente.

- Clara!

Chamo por ela sentindo meu corpo quase no limite.


Não sei se esperei tanto por isso que as sensações
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são mais fortes ou se ela causa essa loucura dentro


de mim. Começa a me beijar e tento me controlar
para não mover o corpo, mas é quase impossível
quando o orgasmo vem com tudo.
Ele pulsa na mão dela, jorrando sem fim e meu
corpo começa a relaxar. Relaxar demais eu diria.
Meus olhos e meu corpo estão agora pesados
demais. Sinto seus lábios em meu rosto, mas não
consigo abrir os olhos. Esse orgasmo acabou de
levar o resto de força que eu tinha. Sinto a mão da
Clara me limpando, a coberta subindo.

- Durma bem!

É última coisa que escuto antes de tudo apagar.

********************

Abro meus olhos com dificuldade, pelo cansaço


extremo. Olho em volta e não vejo Clara. Meus
olhos se fecham novamente.

- Clara!

A chamo e abro os olhos novamente. Vejo com


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dificuldade ela sentada na janela.

- Clara!

Chamo mais alto e a vejo vir correndo.

- Estou aqui.

Sua voz é de choro e estou tão cansado que não


consigo me manter de olhos abertos para ver se esta
chorando mesmo.

- Fica aqui comigo.

Peço quase sem voz. Ela deita ao meu lado e se


encaixa em meu peito. Me aperta um pouco em seu
corpo e tudo se torna escuro novamente.

***************

Sinto uma mão em meu rosto.

- Acorda dorminhoco.

Clara sussurra e logo sinto falta de seu toque. Abro


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meus olhos e ela sorri.

- Esta bem?

Apenas confirmo com a cabeça e volto a fechar


meus olhos.

- Vou me trocar e descer pra pegar nosso café.

- Não...

Digo abrindo os olhos e me esticando na cama com


calma para não ferrar ainda mais a minha cirurgia.

- Vou com você.

- Seria bom você repousar.

- Estou cansado de repouso e...

Me sento olhando pra ela.

- Ontem tive um relaxamento a mais e estou ótimo


agora.

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Ela fica vermelha.

- Recebi uma massagem maravilhosa no meu...

Me cala com sua mão rindo.

- Calado...

- Espero que tenha lavado essa mão depois de


ontem.

Digo sufocado pela sua mão em minha boca e Clara


ri alto.

- Lavei.

Tira a mão da minha boca.

- Tem certeza que consegue descer?

- Sim... O que vamos fazer hoje?

Se levanta da cama e pega duas pastas.

- Saber mais sobre a noite da troca.


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- Tem alguém no hospital que era daquela época?

- Sim. A médica que fez o nosso parto e uma


enfermeira que acompanhou o parto da família
Silva.

- Poderíamos falar com elas.

Me levanto da cama e Clara vem me ajudar a


colocar a roupa.

- A médica que fez nosso parto acho impossível.


Lina me disse que ela é o cão.

Fecha a minha calça e coloca a minha camiseta.

- Mas a enfermeira foi o anjo que me entregou


essas pastas. Tenho certeza que ela sabe de alguma
coisa.

Se abaixa e coloca o tênis no meu pé.

- Então vamos falar com a enfermeira.

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Para na minha frente e respira fundo.

- Primeiro o café, depois as pastas e ai pensamos na


sequência.

- Sim senhora!

Digo rindo e ela me beija.

- Adoro quando fica obediente.

*************

Entramos no local do café. Me sento e Clara segue


pegar algumas coisas pra bebermos e comermos.
Assim que ela coloca nosso café na mesa e se senta,
risadas altas surgem na porta do local. Nós dois
encaramos os dois homens felizes que estão vindo
em nossa direção.

- Erick...

Clara diz assustada.

- Oi!
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Fica um silêncio estranho e Teddy me olha como se


quisesse me contar algo importante. Minha mulher
se levanta e abraça o Erick.

- Chegou agora de manhã?

- Não, cheguei de madrugada.

- Conseguiu um quarto?

Erick olha para o Teddy e depois para mim sem


graça.

- Estou no quarto com o Teddy.

Agora estamos todos sem jeito, menos Teddy que


tenta esconder um sorriso.

- Vamos pegar nosso café.

Ele diz puxando o seu Tomatinho até o local onde


estão as coisas. Clara se senta novamente com uma
cara engraçada.

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- O que esta acontecendo?

- Muita coisa.

Digo comendo um pedaço do pão. Estamos os dois


observando Teddy e Erick cheios de intimidade se
servindo.

- O que você acha?

Me pergunta e ergue a xícara de café até os lábios.

- Acho que mais alguém além de você, pegou no


palmitão de alguém.

Ela cospe o café e eu paro de rir com dor na


cirurgia.

- Acha?

- Acho.

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Capítulo 6
NARRAÇÃO CLARA

Teddy e Erick juntos é algo que me dá medo.

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- Isso não é bom.

- Por que não é bom?

Encaro Fernando.

- Não sabemos se Erick realmente é. Acho que os


dois desenvolveram uma amizade, assim como
você com Teddy.

- Eu não sou amigo daquele ser estranho.

Olho pra ele com uma sobrancelha erguida.

- Só um pouco.

Cruzo os braços ainda o encarando.

- Certo, sou amigo dele e curto suas loucuras.

- Ai esta! As loucuras dele! Teddy se entrega muito


e ainda não sabemos qual é a do Erick.

- Clara, pensa comigo.

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Fernando se ajeita na cadeira e pega a minha mão.

- O cara vive grudado no Teddy. Veio de São Paulo


de madrugada após um plantão e não foi pra te ver.

Vira a cabeça e olha os dois ainda pegando a


comida.

- Ficou no quarto do Teddy, sabendo que poderia


ser comido por ele.

Aperta minha mão com carinho.

- Se ele não era, agora é.

- Só espero que dê certo. Teddy quando tem uma


decepção amorosa se torna a depressão em pessoa.

- Tudo vai dar certo. Deixe os dois.

Paramos de falar quando eles se sentam com a


gente.

- Conta pra gente tudo que descobriu.

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Erick pede me olhando.

- Se preparem, a coisa é bem complicada.

***************

Assim que termino de contar, os dois estão calados


e assustados.

- Minha nossa senhora dos babados caralhudos.

Teddy solta e Fernando começa a rir.

- Lina é sua cunhada?

Confirmo com a cabeça para Erick.

- Você já conheceu seus pais e seu irmão?

Novamente confirmo com a cabeça pra ele. Teddy


segura a mão do Fernando.

- Mozão perdeu a Clara como irmã e ainda


descobre que a gêmea dele morreu no parto. Você
esta bem? Quer um abraço?
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- Estou bem, Teddy! Para de arranjar desculpa pra


me abraçar.

- Credo, seu grosso! Só queria te oferecer um


abraço amigo.

- Obrigado, mas estou bem! Minha preocupação é


Clara.

Todos me olham e respiro fundo.

- Qual o problema, anjo?

- Todos, Teddy! Tenho um amor pelos Ribeiro de


pai e mãe, não é fácil esquecer tudo.

- Você não precisa esquecer.

- Eu sei, só que minha mãe perderá duas filhas ao


mesmo tempo. Não consigo imaginar o sofrimento
dela.

- Entendo!

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- Por outro lado tem a família Silva que durante


anos conviveram com a dor da perda da filha deles,
que na verdade esta viva. Eles merecem depois de
tudo descobrir que estou aqui.

- Eu não queria estar no seu lugar.

Erick diz com o olhar triste.

- Mas você não pode simplesmente fingir que não


aconteceu a troca. Precisamos de alguma forma
fazer tudo isso ser o menos doloroso possível para
cada lado dessa história.

- É o que quero tentar fazer. Quero ser de alguma


forma uma Ribeiro e ainda uma Silva.

- Dupla identidade.

Teddy diz com um enorme sorriso.

- Em São Paulo Clara Ribeiro e em Holambra Clara


Silva.

Todos começam a rir e então Lina surge com sua


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mãe.

- Parece que seu grupo aumentou.

A Sra. Lombard diz sorrindo e acho estranho. Ela


parece não me odiar tanto agora.

- Eles vieram passar um tempo comigo.

Teddy e Erick se apresentam.

- Teddy o amigo.

- Erick o outro amigo.

- Fernando o marido.

Olho para o Fernando sem entender sua


apresentação.

- Marido? Não vi aliança na mão de Clara.

- Clara perdeu em uma de nossas viagens e desde


então não usamos. Mas logo compraremos novas.

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Ainda o estou encarando, sem entender nada.

- Vou lá terminar de organizar a cozinha.

Assim que a Sra. Lombard se afasta, bato nele.

- Por que disse que somos casados?

Fernando me puxa pra ele e me beija.

- Finalmente estamos em um lugar que ninguém


sabe que sou seu irmão, mesmo não sendo. Pelo
menos aqui eu posso ser seu homem e você minha
mulher.

- Vai poder me beijar e andar comigo sem medo.

- Sim...

Beija meu pescoço.

- E outras coisas também.

Sussurra e sinto meu rosto ficar vermelho.

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- Ele disse safadeza pra você. Que fofo!

Teddy diz apontando para o meu rosto.

- Não disse!

Tento disfarçar.

- Ele disse que vai te comer sem culpa, né?

Meu rosto queima ainda mais.

- Sabia...

Todos estão rindo da minha cara. Lina vem para o


meu lado.

- Quero te fazer um pedido.

Olho pra ela que esta radiante.

- Pede!

Se abaixa ficando quase de joelhos na minha frente.

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- Contei para a minha mãe sobre a gravidez.

- Como ela reagiu?

- Ficou muito feliz. Nunca vi ela tão sorridente.

- Que bom!

Ela respira fundo.

- Vamos almoçar na casa dos Silva.

Seus olhos brilham e já sei o pedido.

- Lina...

- Por favor! É só ir como minha amiga de novo.


Vai ser uma grande comemoração e vai poder
conhecê-los mais um pouco.

Não sei o que dizer ou como fugir desse pedido.

- Leva seu marido.

Lina diz com um enorme sorriso.


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- Não apela.

- Será seu primeiro momento com ele, sendo um


casal.

Sinto uma mão em meu ombro, sei que é Fernando.

- Quero conhecer sua família.

Fala baixo perto do meu ouvido.

- Não sei como reagir perto deles. E se me der


pânico de novo e eu sair correndo como ontem a
noite?

- Clara, você correu quando toda a verdade surgiu.


Agora você vai sabendo de tudo e poderá apenas
ver como é ser um Silva.

Fernando beija meu ombro.

- Estarei ao seu lado.

Respiro fundo.
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- Eu vou, mas primeiro quero ler aqueles arquivos.


Quero ver se acho algo.

- Certo! Leia os arquivos e meio dia esteja aqui


embaixo para irmos.

- Combinado!

Lina segue para a cozinha onde esta a mãe dela.

- Vamos subir e ver os arquivos.

Digo me levantando e ajudando Fernando a


levantar.

- Nós queremos ajudar.

Erick e Teddy também se levantam e seguimos


para o quarto em silêncio. Um sentimento de medo
toma meu corpo. Tenho medo do que posso
descobrir nesse arquivo. Entramos no quarto e
Fernando segue para sentar na cama. Enquanto
pego as pastas, Erick e Teddy seguem para as
cadeiras perto da cama. Me sento ao lado de
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Fernando e entrego a ele a pasta da família Ribeiro.

- Acho que prefere ver a sua primeiro.

Sorri e abre a pasta em suas mãos, enquanto seguro


a minha firme.

- O que tem aí?

- Minha mãe deu entrada com fortes dores. Dr.


Saulo Lombard iniciou atendimento, mas o parto
foi realizado pela Dra. Fátima Hank.

Me olha e respiro fundo.

- Lina disse que ela é a Dra. Fátima Torres. Deve


ter casado e pego o nome do marido. Ainda
trabalha no hospital.

- Aqui fala de parto de gêmeos com complicação


no segundo, mas nada sobre morte. Tem a alta da
nossa mãe e a nossa.

Ele me mostra o papel com a assinatura de alta


dada pela Dra. Fátima. Com as mãos tremulas abro
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a minha pasta. Observo a abertura do atendimento.

- O casal Silva deu entrada após um acidente de


carro. Foi o Dr. Saulo Lombard quem atendeu e
realizou o parto.

Observo as anotações do parto.

- Aqui consta que o segundo bebê nasceu sem vida.

Olho para Fernando.

- Olha quem relatou isso e assinou.

Ao fim da folha vejo o nome de Fátima.

- Se foi o Dr. Lombard quem realizou o parto,


porque ele mesmo não relatou a morte?

- Lina me disse que foi na noite do nosso parto que


ele sofreu o acidente e posteriormente morreu.

Ficamos em silêncio até Erick se levantar


assustado.

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- E se...

Para de falar e balança a cabeça.

- Fala Tomatinho.

Teddy diz se levantando também.

- Nós poderíamos imaginar uma troca comum de


maternidade, mas pode ser mais que isso.

- Como assim mais?

- E se essa Fátima trocou você pelo bebê morto


para encobrir algo que fez de errado como médica
no parto.

- Isso seria loucura demais.

- Fátima fez a troca e o pai da Lina descobriu. Se


negou a participar e então ela fez algo a ele que o
matou. Tornando esse um segredo apenas dela.

- Não é só dela. A enfermeira Mercedes. Ela é a


resposta para tudo isso.
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Capítulo 7
NARRAÇÃO CLARA

- Vamos nos dividir hoje.

Teddy diz olhando para o Erick.

- Como assim?

Fernando pergunta curioso, como eu.

- Vocês dois vão a casa da família Silva. Nós dois


vamos tentar achar essa Mercedes.

- Não quero vocês metidos em confusão.

Teddy me olha com uma falsa cara de bravo.

- Eu metido em confusão?

- Você sabe que quando baixa a bicha investigadora


em você, até polícia aparece.

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- Aquela vez foi um engano.

Fernando e Erick nos olham perdidos.

- O que ele fez?

Erick pergunta e vejo interesse em saber mais sobre


o meu amigo.

- Clara, não se atreva.

Começo a rir e me afasto deles.

- Pode contando.

Fernando Pede rindo junto.

- Se Teddy deixar, eu conto.

- Nem pensar.

Teddy segue andando para a porta.

- Palmitão, volta aqui!

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Erick diz correndo até ele.

- Precisamos achar a tal da Mercedes, Tomatinho.


Não temos tempo para histórias velhas.

- Pelo amor de Deus, preciso saber. Faço o que


você quiser, mas me conte.

Teddy para com a mão na maçaneta da porta.

- O que eu quiser?

Posso ver seu sorriso safado. Fernando e eu


estamos com os olhos assustados.

- Sim...

Erick diz baixinho, com vergonha para não


ouvirmos.

- Então vamos para o quarto.

Teddy abre a porta e sai sendo seguido por Erick,


que fecha a porta. Ainda estou chocada com o que
ouvi. Agora tenho certeza que os dois estão mais
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que envolvidos e Erick é do time do Teddy. Olho


para o Fernando que esta encarando a porta de boca
aberta.

- Eu ouvi mesmo isso?

Pergunta sem me olhar.

- Sim.

Agora ele me olha.

- Quem diria!? O Tomatinho come palmito.

Começo a rir alto.

- Você sabia que tomate é fruta? E não estou


falando do mundo dos alimentos.

Me aproximo dele e beijo sua boca.

- Seu humor sempre foi incrível.

Quando vou me afastar, Fernando pega a minha


mão e me puxa pra ele. Meu corpo bate em seu
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peito e ele me abraça.

- Me conta o que Teddy fez.

Pede com os lábios próximos aos meus.

- Não.

Seu olhar é intenso.

- Se me contar, faço o que você quiser.

Lá esta o sorriso mais sexy que já vi, que me deixa


arrepiada.

- O que eu quero, você ainda não pode me dar.

Sussurro me aproximando de sua boca. Mordo seu


lábio inferior e antes que eu solte seu lábio, sua
boca já busca a minha. Começa a me beijar com
desejo. Sua boca saboreando a minha com fome.
Suas mãos sobem para a minha cabeça e ele segura
meu rosto, me mantendo em seu beijo.

- Não posso me perder em você ainda.


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Desce a boca para o meu pescoço, beijando e


chupando.

- Mas posso fazer você gozar apenas com o toque


das minhas mãos.

Sobe para o meu ouvido.

- Ainda tenho a minha boca, que esta louca para


sentir novamente seu gosto.

Meu corpo esta totalmente mole. Sabe como me


deixar vulnerável. Meu corpo se entrega facilmente
a ele.

- Me conta o que ele fez.

- Ele desconfiava de seu antigo namorado.

Suas mãos entram por baixo da minha camiseta.


Desliza pela minha barriga em direção ao meu seio.

- Ao invés de perguntar se tinha algo ou contratar


alguém para investigar, Teddy decidiu seguir o
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namorado em tudo.

Sinto seus dedos puxando meu sutiã e seguindo


para meu seio. Minha cabeça tomba para trás ao
senti-lo apertar meu mamilo.

- Continua.

- Já percebeu que Teddy não é nada discreto. O


namorado percebeu que tinha alguém perseguindo
ele. Imediatamente pensou que era algum grupo
contra gays que queria mata-lo.

Sua boca vem para a minha e antes de me beijar,


espera eu terminar.

- Ele correu para uma delegacia. Teddy ao invés de


parar de perseguir, imaginou que tinha um caso
com um policial.

Seu nariz roça no meu e sua mão envolve meu seio.

- Quando entrou na delegacia, a policia estava


pronta para atirar nele. Teddy desmaiou de susto e
quando acordou estava preso em uma das celas.
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Fernando sorri.

- Bem a cara dele.

- Perdeu o namorado, mas ganhou dois paqueras


policiais.

Ele começa a puxar a minha camiseta e geme um


pouco de dor ao erguer os braços para puxar a
camiseta pela minha cabeça.

- Acho melhor esperar você se recuperar para


brincar.

Ergue uma sobrancelha.

- Brincar?!?!? A coisa aqui é seria.

Joga minha camiseta na cama e olha meu sutiã.

- Fernando, precisamos nos arrumar para ir com a


Lina.

Seu corpo vem empurrando o meu para a parede.


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Sinto a parede em minhas costas.

- Vai ser rápido.

Me beija com carinho.

- Rápido e muito prazeroso.

Sinto sua mão entrar em minha calça e fecho meus


olhos. Quando seu dedo chega em meu sexo, meu
celular começa a tocar.

- Preciso atender.

- Não precisa.

Seu dedo circula em meu sexo e suspiro.

- Fernando...

Sussurro tentando me concentrar no que quero. Seu


dedo ali ou atender o celular. Respiro fundo e o
empurro com cuidado.

- Preciso atender. É o toque da nossa mãe.


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Sigo para o celular e antes que pare de tocar, o


atendo.

- Mãe!

Digo quase sem fôlego, vendo Fernando encostar


na parede me olhando.

- Esta tudo bem querida?

- Sim.

- Sua voz esta estranha.

- Estava indo para o banho. Tive que correr para


atender o telefone.

Fernando sorri. Sabe que o motivo da minha voz


estranha é ele e seus dedos em mim.

- Clara, preciso que volte logo.

- O que foi?

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- Teddy sumiu, Erick sumiu e seu irmão foi


internado em uma clínica para dependentes.

A voz dela é de tristeza.

- Não sei o que fazer. Já tinha visto seu irmão


bêbado algumas vezes, mas nunca imaginei que era
grave assim.

- Mãe, fica calma!

- Erick disse que ele foi internado, mas não disse


onde. Fui no hospital e ninguém sabia de nada.
Estou preocupada, filha.

Me sento na cama e sinto dó dela, de como esta


angustiada.

- Vou tentar falar com Erick e saber mais sobre a


internação.

Fernando vem andando até onde estou.

- Clara, volta pra casa! Eu preciso de você, filha.

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Meu coração aperta.

- Vou voltar mãe. Assim que possível.

- Obrigada! Quando tiver informações do seu irmão


me avise.

- Pode deixar.

Fica calada, assim como eu.

- Eu te amo, meu bem!

- Também te amo, mãe!

- Volta para o seu banho. Tchau!

- Tchau!

Desligo o telefone e sinto a mão de Fernando


limpar meu rosto. Não percebi que estava
chorando.

- O que foi?

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Ergo meus olhos para ele.

- Todo mundo sumiu e ela precisa da filha dela.

Ergo os ombros.

- Ainda sou a filha dela.

- Clara...

Tenta falar alguma coisa, mas me afasto antes dele


falar.

- Não posso fazer isso com ela. Não posso dizer


que não sou sua filha e fazê-la sofrer assim.

Digo quase gritando e minhas lagrimas são


intensas.

- É melhor voltar e esquecer tudo isso. A família


Silva continua com a filha morta e nossa mãe com
uma filha viva.

Fernando se levanta e vem até onde estou. Me


abraça e enfio meu rosto em seu peito.
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- Ela vai sofrer e não quero ser a culpada.

Sua mão alisa minhas costas.

- Calma!

Sussurra e beija minha cabeça.

- Vamos viver um dia de cada vez. Hoje você será


uma Silva. Amanhã se quiser voltamos e você será
uma Ribeiro. Não precisa acontecer tudo de uma,
vamos com calma.

Respiro fundo.

- Estamos juntos nessa.

Aperto ele ainda mais.

- Te disse que não me importa o que escolha.


Sempre estaremos juntos.

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Capítulo 8
NARRAÇÃO FERNANDO

Clara ergue seus olhos azuis pra mim.

- Promete que vai ficar comigo mesmo se eu


continuar uma Ribeiro?

- Prometo!

- Mesmo que enfrente nossos pais, sem dizer que


somos irmãos?

- Enfrento o mundo por você.

Ela suspira e fecha os olhos.

- Só me responda uma coisa.

Abre os olhos e volta a me encarar.

- Você esta preparada pra esquecer o que viu e


viveu aqui?

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Passo minha mão em seu rosto

- Você conheceu seu irmão verdadeiro. Esteve com


seus verdadeiros pais.

Beijo seus lábios.

- Tem um bebê vindo ai que possui o seu sangue.

Seus olhos voltam a encher de lágrimas.

- Vai esquecer tudo isso e voltar pra sua vida sem


nenhum problema?

Suas lágrimas são intensas agora.

- Você esta pensando na dor da nossa mãe e


querendo deixar essa família com a dor de uma
filha morta, mas e você?

Clara solta um soluço.

- Precisa pensar em você. O que seu coração quer.


Tenho certeza que vai sofrer com qualquer escolha,
pois um lado vai sofrer. Mas você tem que fazer a
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escolha pensando em você.

- O que acha que tenho que fazer?

- Nesse momento acho que deve dar uma chance de


conhecer seus verdadeiros pais.

- E nossos pais?

- Hoje vamos nesse almoço que a Lina pediu.


Amanhã voltamos pra casa para nossa mãe não
surtar.

Respiro fundo e a abraço.

- Vejo como esta a empresa e voltamos daqui dois


dias.

- Vamos ficar dividindo entre as duas famílias?

- Sim! Pelo menos até você decidir o que fazer.

- Eu teria duas vidas.

Começo a rir e ela me olha sem entender.


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- Qual a graça?

- Preciso me lembrar de ficar sem te beijar na frente


da nossa mãe. Porque aqui vou fazer de tudo com
você e lá só olhar.

Ela começa a rir.

- Vai aguentar?

- Nada impede de fazer escondido.

Amo quando fica vermelha.

- Me torturou desde que voltei de Londres. Acho


que não vai ter problema em continuar fazendo
aquilo tudo.

- Eu te torturei?

Pergunto descendo minha mão para sua bunda.

- Sim.

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Aperto ela firme e a puxo para colar ainda mais seu


corpo no meu.

- Não foi tanta tortura assim.

Desço minha boca para o seu pescoço.

- A tortura não foi o que fez.

Paro de beijar seu pescoço e a encaro sem entender


nada. Sorri de forma doce e segura meu rosto em
suas mãos.

- A maior tortura foi não poder me entregar a tudo


aquilo. Não poder te torturar da mesma forma. Te
amar como estava querendo me amar.

Beija meus lábios.

- Podemos arrumar isso.

Agora é ela quem me olha sem entender.

- Quando estivermos ao lado dos nossos pais, deixo


me torturar e fazer o que quiser comigo escondido.
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A ideia de loucuras escondidas me deixa


empolgado.

- Esta doido pra namorar nos cantos daquela casa,


né?

- Temos tantos lugares para explorar.

- Esta parecendo um adolescente, Fernando.

- Talvez eu esteja voltando ao dia que foi para


Londres. Se tivesse ficado, teríamos feito loucuras.

- Ainda bem que fui embora.

- Por que diz isso?

- Se eu tivesse ficado, talvez nunca saberíamos da


troca e nos esconderíamos pra sempre.

- Pode ser! Mas vamos mudar de assunto. Agora


queria dar uma namorada gostosa.

Quando nossos lábios se tocam, começam a bater


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na porta.

- Clara! Vamos sair daqui 30 minutos.

Lina grita do corredor.

- Já descemos.

Grita de volta e me da um leve beijo.

- Vamos nos arrumar. Quero que veja como é a


família Silva.

***************

Estamos no carro de Clara. Ela esta calada e


perdida em pensamentos, enquanto Lina e sua mãe
conversam animadas sobre o bebê no banco de trás.
O caminho em volta vai sendo preenchido por
arvores e plantações.

- Estamos chegando.

Lina diz e Clara respira fundo. Levo minha mão até


a dela no volante. Ela me olha de lado e da um
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pequeno sorriso.

- Então eles moram em una área rural?

Pergunto e Lina confirma.

- Eles moram em uma fazenda.

Clara entra com o carro em uma pequena estrada e


posso ver uma casa. Para o carro em frente a casa,
Lina e sua mãe já saem felizes do carro.

- Não vou conseguir.

Clara sussurra respirando várias vezes nervosa.

- Vai sim!

Abro a porta do carro e saio. Sigo até a porta dela e


abro.

- Você vai conseguir e vou estar aqui se precisar.


Agora desce!

Solto seu cinto e estendendo minha mão. Assim


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que sua mão toca a minha, percebo que esta fria.

- Lina...

A voz de uma mulher surge e quando viro para


olhar, levo um belo susto. Volto meus olhos para
Clara que me observa.

- Essa é sua mãe?

Pergunto em um sussurro e Clara confirma com a


cabeça. É incrível a semelhança das duas. É como
se eu tivesse viajado no tempo para o futuro e
estivesse vendo Clara mais velha.

- Somos parecidas, né?

Começamos a andar até a casa.

- Parece que estou vendo você no futuro.

Aperto sua mão e me aproximo de seu ouvido.

- Só que você é mais bonita.

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Paramos em frente a mulher.

- Clara!

- Sra. Silva!

As duas se abraçam e isso é estranho.

- Espero que esteja melhor. Lina me disse que não


estava bem e por isso foi embora daquele jeito.

- Estou bem melhor, Sra. Silva!

- Me chame de Laura, por favor!

Ela me olha.

- E quem é esse belo homem?

- Fernando, marido da Clara.

Lina fala, a mulher sorri e me cumprimenta.

- Belo casal. Vamos entrar!

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Andamos pela casa e passamos pela cozinha.

- Mauricio esta com o Caique assando a carne aqui


nos fundos.

Lina olha para Clara e vejo sua mãe calada. Deve


estar se sentindo estranha aqui. Ainda culpa nossas
famílias pela morte do marido.

- Quando quiser ir embora me avisa. Te levo


embora sem problemas.

A mãe da Lina sorri e seguimos para fora da casa


onde já sentimos um cheiro de carne. Um homem
alto e loiro vem até a Lina e a abraça, rodando-a
enquanto ela grita.

- O bebê!!!

Quase todos gritam e ele para assustado.

- Eu esqueci.

- Estou bem, Caique!

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Estamos todos rindo.

- Vai demorar para entender que tem uma coisinha


nossa aqui.

Toca a barriga de Lina e olho para Clara.

- Quero uma coisinha nossa também.

Sussurro e ela arregala os olhos.

- Sério? Isso é hora pra falar isso?

Ri e bate em meu ombro.

- Sabe que temos uma grande chance de gêmeos,


né?!

- Não pensei nisso.

Somos interrompidos pelo tal Caique.

- Como vai, Clara?

- Bem!
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Ele a abraça e depois vem pra mim.

- Você deve ser o Fernando. Lina me disse que veio


hoje ficar com a Clara.

- Sim...

Pega a minha mão e nos encaramos. Tento achar


algo nele que me lembre Clara, mas não vejo nada.

- Bebe alguma coisa?

- Não, obrigado!

Seguimos para uma enorme mesa.

- Mauricio, não torre as carnes.

Vejo o pai de Clara. Caique parece muito com ele.


Tem um jeito ogro e acho engraçado.

- Gostei do seu pai.

Clara me olha e vejo brilho em seus olhos.


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- O que foi?

- Você disse "seu pai".

- Sim.

- Sempre foi nosso pai. Isso é estranho.

- Pra mim foi normal.

Beijo sua cabeça.

- Sei que vai sofrer com isso, mas já te expulsei da


minha família.

Ela revira os olhos.

- Parece feliz em fazer isso.

- Muito!

- Clara...

O tal Mauricio vem e a abraça forte.


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- Esta melhor, querida?

- Estou sim.

- Quem é esse ai?

Dou um sorriso.

- Fernando.

Segura minha mão e me encara segurando o riso.

- É feio pra ela.

- Eu sei disso.

Respondo rindo.

- Vamos comer.

Nos sentamos e Clara coloca comida para mim e


depois para ela.

- Leda, fico feliz que tenha superado o passado. O


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que aconteceu com o seu marido não foi nossa


culpa.

Todos se calam na mesa com o que Mauricio diz.

- Precisa parar de culpar minha família.

- Não culpo apenas a sua. Culpa a dela também.

Leda aponta para Clara.

- Naquele dia alguma coisa aconteceu com as duas


famílias e meu marido sofreu o acidente.

Laura olha Clara assustada.

- Você é uma Ribeiro?

Merda!!! Merda!!! Clara trava nervosa. Não é a


hora de descobrirem.

- Eu sou!

Digo e todos me olha.

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- Fernando Ribeiro. Clara é minha mulher!

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Capítulo 9
NARRAÇÃO CLARA

Solto o ar que estava segurando.

- Clara não é uma Ribeiro.

Fernando pega a minha mão e leva aos seus lábios.


Beija de leve e me acalmo com seu toque. Esta
tentando tirar qualquer suposição da cabeça deles.

- Minha linda mulher.

Sussurra sorrindo e me inclino para ele. Beijo seus


lábios de leve e me afasto um pouco.

- Obrigada!

Digo baixinho só pra ele ouvir. Volto a me sentar


direito.

- Se você é um Ribeiro, então tem uma irmã gêmea.

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Mauricio diz colocando algumas carnes na mesa.

- Sim, tenho.

Aperto a mão de Fernando assustada com o rumo


da conversa.

- Mas ela mora em Londres.

- Como ela é?

Agora é Laura quem pergunta.

- Por que o interesse em minha irmã?

Os dois abrem um sorriso.

- Acho que não sabem disso, mas nasceram no


mesmo dia que nossos filhos.

Mauricio com um sorriso pequeno, mas um olhar


triste.

- Como assim?

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Caique agora esta encarando o pai sem entender.


Eles nem sonham que sei muito mais daquela noite
do que eles.

- Na mesma noite que sua mãe entrou na sala de


parto, a Sra. Ribeiro também entrou. O mais
incrível é que as duas estavam grávidas de gêmeos.

- Caraca, que maneiro!

Caique olha para o Fernando.

- É estranho saber que nascemos no mesmo dia.


Podíamos ser gêmeos.

Fernando me olha. Não Caique, eu sou sua irmã


gêmea e não Fernando.

- O que aconteceu com o outro bebê gêmeo de


Caique?

Olho para Lina brava. Ela não devia cutucar o


passado assim, agora. Posso ver os olhos do
Mauricio ficarem carregados de tristeza.

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- Naquela noite sofremos um acidente de carro. A


estrada estava uma merda e perdi o controle do
carro. O acidente prejudicou os bebês e tiveram que
fazer o parto as pressas.

Mauricio olha para a mãe de Lina.

- O Dr. Lombard fez de tudo para salvar os bebês,


mas apenas Caique sobreviveu.

Sinto um aperto no peito. A dor dele ainda é


enorme, posso sentir pelo som de sua voz e seus
olhos marejados.

- Foi tudo minha culpa. Se não tivesse perdido o


controle do carro, hoje teríamos nossa filha aqui
nessa mesa conosco, comemorando a chegada do
pequeno Silva.

Agora são meus olhos que ardem com as lágrimas


que seguro. Estou aqui pai!!!! Estou com vocês
comemorando esse momento. Fernando aperta
minha mão e percebo que estou chorando.

- Não foi sua culpa, meu bem.


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Laura segura a mão de Mauricio.

- Já falei mil vezes isso. Deus decidiu levar nossa


garotinha e temos que aceitar.

- Pode dizer o que quiser. Ainda sim a culpa em


meu peito nunca vai sumir.

- Vamos mudar de assunto. Vocês já choraram


demais com essa história.

Caique diz e limpo meu rosto das lágrimas, assim


como Mauricio. Respiro fundo para manter o
controle. Todos começam a falar do bebê e eu só
consigo imaginar a dor deles em descobrir a morte
da filha. Mauricio deve sofrer com esse peso do
acidente.

- Já escolheu um nome para o bebê?

Fernando pergunta a Lina e saio dos meus


pensamentos.

- Combinei com Caique que cada um escolhe um


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nome. Escolho se for menina e ele se for menino.

- Qual nome escolheu, filho?

Caique olha para Mauricio sorrindo.

- Se for menino será Mauricio.

Nosso pai abre um enorme sorriso.

- Para ser um grande homem como você, meu pai.

Estou com um enorme sorriso no rosto.


Nitidamente eles se amam.

- E se for menina?

A mãe da Lina pergunta e ela me olha.

- Se for menina se chamará Elisa em homenagem


ao bebê que faleceu.

Novamente meus olhos se enchem de lágrimas.


Laura se levanta chorando e abraça a nora.

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- Obrigada!

Começo a me sentir sufocada. O ar vai sumindo e


sinto que posso desmaiar a qualquer momento.
Isso tudo é demais pra mim.

- Com licença!

Afasto a cadeira e me levanto.

- Já volto!

Me afasto sem olhar para trás. Começo a busca o


ar, mas parece que ele não chega em meu peito.
Entro na casa e sinto minhas pernas falhando. Me
apoio na parede para continuar andando e sair o
máximo possível de perto de todos.

- Clara!

Posso ouvir a voz do Fernando, mas não me viro.


Continuo andando.

- Clara, para!

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Grita e minhas pernas travam. Minhas forças


somem e meu corpo começa a cair. Sinto seus
braços em torno de mim, me amparando.

- Calma!

Sussurra me puxando para seu peito e assim que


encosto nele, explodo em um choro, enfiando meu
rosto em seu peito. Meu choro é uma mistura de
dor, angustia e tristeza. Eu não aguento mais isso.
Ele vai tentando me acalmar e me aperta ainda mais
em seu corpo. Suas mãos alisando minhas costas e
o sinto beijar várias vezes a minha cabeça.

- Eu não aguento mais.

Digo soluçando.

- Eu sei.

Sua voz é calma.

- Sei que é difícil, mas precisa ser forte.

Ficamos assim abraçados até meu choro acalmar,


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sem falar mais nada. Não sei quanto tempo se


passou.

- Precisamos voltar.

Fernando diz me soltando aos poucos de seus


braços.

- Devem estar preocupados.

Limpa meu rosto.

- Quer ir embora?

- Não sei o que eu quero.

Digo perdida.

- Vou avisar a Lina que vamos embora.

- Espera!

Seguro sua mão.

- Elas estão com a gente. Não quero atrapalhar esse


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momento dela.

Solto sua mão.

- Volta pra lá e diga que já vou. Vou no banheiro


melhorar a minha cara e vou em seguida pra lá.

- Esta bem!

Se aproxima e beija meus lábios.

- Esta bem mesmo?

- Sim.

Beija minha testa e se afasta seguindo para fora da


casa. Percorro a casa para achar o banheiro. Vejo
alguns porta retratos espalhados pela casa. Vejo
fotos do Caique em todas as suas fases na parede.
Ele agora mais velho e adolescente. Vejo ele
criança e paro em uma dele sentado em uma
enorme toalha xadrez. Parece que era um lindo dia
no parque. Toco a foto com carinho. Era para eu
estar sentada ao lado dele nessa toalha,
compartilhando esse momento.
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- Foi no aniversário dele de um ano.

Me viro assustada e vejo Mauricio.

- Ainda estávamos abalados com a perda de nossa


filha e resolvemos não fazer festa.

Vem andando em minha direção e para ao meu


lado.

- Mas não podíamos deixar de festejar o milagre da


vida com nosso filho.

Respira fundo e me olha.

- Colocamos uma toalha em nosso quintal, Laura


fez um bolo bem gostoso e passamos a tarde toda
ali com ele, agradecendo por estar vivo e bem.

Seus olhos estão em mim, me analisando.

- Ainda não me acostumei com a sua semelhança e


da minha mulher.

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Abro um pequeno sorriso, mas não consigo dizer


nada. Sua mão se ergue e toca meu rosto.

- Acho que nossa filha seria assim, igualzinha a


você, com esses lindos olhos.

Seguro o choro preso na garganta. Sou eu pai, a sua


filha.

- Sabe o que é estranho?

Nego com a cabeça.

- Aqui dentro do meu peito.

Tira a mão do meu rosto e coloca em seu peito.

- Aqui eu sinto que você é a minha garotinha.

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Capítulo 10
NARRAÇÃO FERNANDO

Deixo Clara se arrumando dentro da casa. Mesmo


querendo ficar com ela e tira-la dessa agonia, é
melhor deixa-la um pouco sozinha, agora que esta
mais calma. Não consigo imaginar sua dor com
tudo isso.

- Como esta Clara?

- Bem.

Respondo a Laura e me sento novamente a mesa.

- Deu um pouco de náusea nela.

Laura abre um enorme sorriso.

- Será que teremos um outro bebê por aqui?

- Não...

Digo sem jeito.


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- Eu adoraria, mas ainda não.

Tento não rir, já que ainda não nos amamos para


isso acontecer. Olho em volta.

- Onde esta o Mauricio?

- Foi ao banheiro.

Merda!!! Merda!!!

- Vou ver se Clara quer minha ajuda.

Me levanto novamente e corro para dentro da casa.


Não acho que ela queira vê-lo agora, enquanto esta
vulnerável. Entro na casa e escuto eles.

- Ainda não me acostumei com a semelhança sua e


da minha mulher.

Paro no corredor, o vendo tocar o rosto de Clara.


Os dois estão se olhando de forma carinhosa.
Decido não intervir ainda.

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- Acho que nossa filha seria assim, igualzinha a


você, com esses lindos olhos.

Clara esta paralisada. Queria tanto poder ver seus


olhos agora, ouvindo isso.

- Sabe o que é estranho?

Ela apenas mexe a cabeça negando saber a


resposta.

- Aqui dentro do meu peito.

Mauricio tira a mão do rosto dela e coloca em seu


peito.

- Aqui eu sinto que você é a minha garotinha.

Me assusto com as palavras dele. Coração de pai


sempre sabe. Isso é incrível.

- Sei que ela esta morta, mas...

Sua voz esta falhada.

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- Ver você me fez imaginar como ela seria e


cheguei a sonhar que talvez, você pudesse ser ela.
Que Deus tivesse me dado a chance de ver como
ela seria.

Os olhos de Mauricio estão cheios de lágrimas e


imagino que os de Clara também.

- Me desculpe, isso é coisa de velho louco e ...

Mauricio para de falar assim que Clara se joga


sobre ele, o abraçando pela cintura. Ele sorri e a
abraça forte. Posso ouvir o choro dela. Mauricio
suspira e fecha os olhos.

- Não chore! Não quero que minha dor seja sua


tristeza hoje.

Clara o aperta ainda mais.

- Se você quiser...

Ela diz entre o choro.

- Posso ser sua garotinha.


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Ergue a cabeça e o encara.

- Pode me dar o amor que por anos guardou pela


sua filha.

Mauricio começa a chorar.

- Não quero que você faça esse sacrifício por mim,


Clara.

- Não será um sacrifício. Você não faz ideia de


como eu preciso sentir esse amor de pai agora.

Ele ergue a mão e limpa o rosto dela.

- Então será a minha garotinha a partir de agora.

Se inclina e beija sua testa.

- Esta tudo bem?

Pergunto entrando no corredor. Clara solta


Mauricio e limpa o rosto.

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- Esta!

Um sorriso lindo surge em seu rosto.

- Esta mais que bem, esta perfeito.

- Preciso ir ao banheiro. Esse velho aqui já bebeu


cerveja demais e precisa esvaziar o tanque.

Os dois se olham de forma cúmplice e Mauricio se


vira indo ao banheiro. Clara observa ele saindo e
quando ele desaparece em uma das portas, me olha.
Ando até ela sorrindo.

- Você ouviu tudo, né?

- Sim.

- Vai parecer estranho para você.

Paro na frente dela.

- Amo nosso pai. Amo muito!

Volta os olhos para o corredor, onde Mauricio


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passou.

- Mas estar nos braços do Mauricio, do meu pai


biológico.

Respira fundo contendo o choro.

- Foi único. Nunca senti isso com o Helio. É como


se estivesse em casa. Finalmente na minha casa,
depois de anos.

- Esse abraço foi especial pra você.

- Foi muito.

- Fico feliz em te ver bem assim.

- Ainda tenho duvidas e medos.

- Eu sei, mas logo vai saber o que fazer.

*************

O resto do almoço foi mais tranquilo. Parece que o


momento pai e filha acalmou o coração de Clara. E
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o mais incrível, foi ver os dois interagindo juntos


depois. Ela pode ser a cara da Laura, mas possui o
jeito do Mauricio.

- Já estou cansada.

Lina diz com os olhinhos caídos.

- Deve estar com sono. Eu na sua gravidez só


queria dormir.

A mãe dela diz rindo.

- Vamos voltar.

Clara diz sorrindo. Todos se levantam da mesa e


seguimos para onde esta o carro. Nos despedimos
de todos e vejo Clara abraçar Mauricio por ultimo.
Ele sussurra algo pra ela que se inclina e beija o
rosto dele.

O caminho de volta foi silencioso. Clara esta calada


dirigindo e na parte de trás as duas dormem.

- O que ele te disse, agora na hora de vir embora?


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Ela sorri, mas não me olha.

- Volte logo, minha garotinha.

- Vai voltar.

Me olha por segundos e depois volta a olhar a


estrada.

- Quero ver nossa família antes de voltar a ver os


Silva.

Respira fundo.

- Pensei em voltar amanhã para São Paulo. Acalmar


as coisas por lá.

- Concordo!

- Dependendo de como for.

Me olha novamente.

- Me decido sobre o que vou fazer.


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Volta o olho para a estrada e levo minha mão sobre


a dela.

- O que decidir, não me importa. O que me importa


é ficar com você.

- Eu sei. Só espero decidir pelo caminho certo.

- Você vai. É só ouvir seu coração, Clara.

Escuto um estouro e o carro começa a balançar.

- Não acredito.

Clara diz encostando o carro.

- O que houve?

Lina pergunta com a voz assustada.

- Acho que o pneu furou.

Descemos do carro e lá esta a merda do pneu


murcho.
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- Vou trocar.

- Nem pensar, Fernando. Você esta se recuperando


ainda.

Clara diz brigando comigo.

- O que vamos fazer então?

Um carro para atrás do nosso e um homem de certa


idade desce dele.

- Precisando de ajuda?

Diz e vejo Lina sem graça.

- O pneu furou Dr. Torres.

Clara me olha assustada e ele para ao nosso lado.

- Não precisa me chamar de doutor, Lina. Ainda


mais eu que não atuo faz anos.

- É costume, já que trabalho com sua mulher.


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Lina olha para Clara.

- Vou ajuda-los a trocar o pneu.

Ando com ele até o porta malas.

- Não posso trocar, pois passei por cirurgia


recentemente.

Ele sorri pra mim.

- Não tem problema, garoto.

Pega o pneu.

- Eu sou Fernando Ribeiro.

O Sr. Torres solta o pneu assustado. Seus olhos me


encaram.

- Filho do Helio e da Vera?

- Sim...

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Posso vê-lo nervoso. Ele sabe da troca dos bebês.


Posso sentir pela forma como esta me olhando.
Preciso ter certeza que sabe da troca.

- Estou com a minha irmã na cidade a passeio.


Os olhos dele arregalam. Pronto!!! Era o que eu
precisava para ter certeza que sabe da troca e muito
mais. Tenho certeza que a mulher dele tem dedo
podre nessa história.

- Sua irmã?

- Sim...

Ele olha em volta e vê Clara. Fica encarando-a


perdido.

- A filha dos Ribeiro.

Sussurra perdido. Respira fundo e pega o pneu


rapidamente.

- Vou trocar logo o pneu e vão poder seguir


viagem.

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Sem falar mais nada, começa a trocar o pneu. Evita


olhar para mim e para Clara. Assim que termina de
trocar, arruma tudo e guarda o pneu furado.

- Pronto, agora podem ir.

Limpa a mão em um paninho.

- Obrigado!

Digo e ele sorri sem graça.

- Preciso ir.

Se vira e segue para o seu carro.

- Vamos logo que já vai escurecer.

A mãe da Lina diz entrando no carro com ela.

- Ele sabe da troca.

- Tem certeza?

Clara me olha.
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- Sim.

Encaro seus olhos.

- Ele sabe de tudo, Clara. Provavelmente a mulher


dele deve ter contado o que aconteceu naquela
noite.

- Precisamos da enfermeira Mercedes pra resolver


tudo isso.

*******************

Entramos na cidade e logo estamos de volta ao


hotel. Acordamos Lina e sua mãe e saímos do
carro. Enquanto elas entram, vejo Erick vindo com
Teddy pela praça. Os dois estão sorrindo e
conversando animados. Quando nos olham, os
sorrisos somem.

- O que foi?

Pergunto quando eles param do nosso lado.

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- Vamos conversar lá dentro.

Erick diz nervoso.

- Teddy o que houve?

Ele olha para Clara.

- Mercedes sumiu. Pediu licença do trabalho e


sumiu da cidade.

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Capítulo 11
NARRAÇÃO CLARA

Meu mundo todo desaba. Minha única chance de


saber o que realmente aconteceu naquele dia some.

- Como assim sumiu?

- No trabalho só souberam informar que ela pediu


uma licença sem data de retorno.

Fecho meus olhos não acreditando nisso.

- Fomos até a casa dela e não tinha ninguém.


Estava vazia.

Erick diz com a voz preocupada. Abro meus olhos


e não gosto da expressão de seu rosto.

- O que foi?

- Vamos conversar lá dentro.

- Não. Quero saber o que você esta pensando agora.


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- Clara...

Fernando alisa meu braço.

- É melhor entrar.

- Não, Fernando! Quero tudo de uma vez e agora.

Erick passa a mão no rosto nervoso.

- Solta logo a sua teoria Tomatinho. Para de


suspense que eu já estou nervoso como a Clara.

- Estou com medo!

Diz e já me olha.

- Ela é a única pessoa que conhece a história das


famílias Silva e Ribeiro.

- Sim...

- Quem fez a merda da troca, nunca precisou se


preocupar com ela. Os Ribeiro foram embora da
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cidade.

- Você acha que...

Não consigo terminar, imaginando coisas horríveis.

- Você aparecendo na cidade Clara, colocou a vida


da Mercedes em risco. A única testemunha.

Minhas pernas falham e Fernando me ampara.

- Calma...

Sua voz é tranquilizadora, mas não faz efeito sobre


mim.

- Eu posso ser a culpada por algo de ruim a


Mercedes?

- Não sabemos se ela saiu da cidade ou se fizeram


algo com ela, mas temos que descobrir.

- Não vou me perdoar nunca se algo aconteceu com


ela por minha culpa.

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- Não é sua culpa, Anjo.

Teddy me abraça.

- Não se sinta culpada, caso aquela Fátima louca


tenha feito algo. Ela é a culpada de tudo.

Enfio meu rosto no pescoço dele. Então algo passa


pela minha cabeça. Não foi apenas a vida da
Mercedes que coloquei em risco.

- Lina...

Digo me afastando de Teddy.

- O que tem ela?

Todos me olham.

- Ela também corre perigo. Foi quem me ajudou em


tudo. Se essa Fátima for mesmo culpada e não quer
provas disso, vai tentar algo com ela, assim como
provavelmente fez a Mercedes.

- Você acha?
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- Acho.

Respondo a Fernando.

- Precisamos ficar de olho nela.

Erick diz de forma firme. Respiro fundo tomando


uma decisão.

- Vou voltar pra São Paulo.

- Agora? No meio do bafo todo?

- Sim, Teddy. Se estiver longe daqui, Fátima e


quem mais for culpado não vão se preocupar mais
com esse segredo. Lina estará em segurança.

- Mas precisa investigar mais para desvendar esse


mistério todo.

- Vocês ficariam para resolver isso? Volto com


Fernando e vocês continuam investigando.

Erick e Teddy se olham.


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- Não quero atrapalhar vocês em nada. Erick, sei


que tem seu trabalho e o Teddy precisa voltar...

- Nós ficamos.

Ambos respondem juntos.

- Aviso no trabalho que não tenho data para voltar.

- Anjo, não volto pra Londres até você estar 100%


bem.

Erick abaixa a cabeça. Posso ver que ele não quer


que Teddy volte para Londres. Acho que esta mais
envolvido do que eu imaginava.

- Vamos entrar.

Fernando diz pegando a minha mão. Erick entra na


frente calado e andando rápido.

- Espera, Tomatinho!

Teddy diz, mas Erick segue rápido para as escadas


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e sobe.

- O que ele tem?

- Tem pressa pra fugir de você.

Fernando fala rindo.

- Muito engraçado, mozão. Pro seu governo, nós


estamos bem. Muito bem eu diria.

- Esse é o problema.

Os dois me olham.

- Vocês estão bem e mesmo assim acabou de dizer


que vai voltar pra Londres.

Teddy arregala os olhos.

- Como vão manter alguma coisa com essa


distância? Não sei realmente como esta a vida de
vocês, mas é nítido que ele não quer que você volte
pra Londres.

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- Ai que fofo!!!!

Teddy diz suspirando.

- Ele me quer aqui, mozão.

- Só ele quer. Por mim você pode voltar pra


Londres.

Meu amigo se aproxima dele.

- Isso não é verdade.

Abraça Fernando que me olha assustado.

- Você também me ama, seu gostoso. Esta tentando


ser grosseiro, mas no fundo esta com medo de me
perder.

Começo a rir vendo os dois abraçados.

- Me solta, Palmitão!

- Não... vou te dar muito amor agora pra você não


sentir saudade de mim enquanto estiver em São
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Paulo.

- Não vou sentir sua falta.

- Assume que aprendeu a me amar.

- Não...

- Vamos lá, meu hétero mais lindo.

- Não me chame assim.

- Abra esse coração e diz que me ama.

- Não...

Estou chorando de rir.

- Se não disser que me ama, não vou te soltar.


Vamos ficar assim trocando amor nesse abraço.

- Teddy, você é chato.

- Não é isso que eu quero ouvir, mozão.

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Fernando respira fundo e sei que foi vencido.

- Eu te amo, Palmitão!

Teddy beija o rosto de Fernando e o solta todo


feliz.

- Viu... não foi tão difícil.

- Some da minha frente antes que eu te bata.

- Adoro violência logo após uma declaração de


amor.

- Sobe pro seu Tomatinho.

- Quero que saiba de uma coisa antes.

Teddy diz encarando Fernando.

- No meu coração tem espaço para vocês dois.

- Sai daqui...

Fernando diz ameaçando pegar Teddy e ele corre


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para a escada.

- Eu te amo, mozão!

Grita subindo os degraus correndo.

- Esse seu amigo me irrita.

- Acho que o ama.

Me olha tentando não rir.

- Aprendeu a amar o jeito dele.

- Aprendi a aceitar.

- Não precisa se fazer de durão. Amar o Teddy é


fácil, todo mundo ama essa bicha louca.

Ele me abraça e seguimos até a escada.

- Clara!

A voz da Lina surge e me viro para trás.

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- Deixaram isso aqui pra você na recepção.

Vem andando até mim e me entrega um envelope.

- Quem deixou?

Pergunto vendo que no envelope não tem nome.

- Não sei. Já estava no balcão quando fui pegar as


cartas.

- Obrigada!

Ela se afasta e subo a escada encarando o envelope.

- De quem será?

Fernando pergunta.

- Não faço ideia.

Enquanto abro o envelope, ele abre a porta do


quarto. Entro e vejo uma carta dentro do envelope.
Me sento na cama encarando a carta.

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- É da Mercedes.

Sussurro encarando a letra dela.

- Tem certeza?

- Sim, esta assinada por ela.

Mostro a ele, que se senta ao meu lado.

- O que ela escreveu?

Respiro fundo e começo a ler.

" Clara Silva.

Acho que já descobriu sobre a troca de bebês da


família Silva e Ribeiro.
Sim... você é uma Silva. Estive ao lado do Dr.
Lombard no parto de sua mãe e vi você nascer
quase sem vida. Por um milagre, os médicos
conseguiram te salvar.
Quando sai da sala de cirurgia, você estava indo
para a incubadora.
Já tinha passado meu plantão e eu estava indo
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embora, quando soube do acidente no vestiário


com o Dr. Lombard. Achei que era uma fatalidade,
até retornar para o meu plantão.
A família Silva não estava com sua linda garotinha
viva e isso me deixou triste.
Foi então que conheci a família Ribeiro e seus
gêmeos, mas o que me chamou atenção foi a
garotinha deles. Você nasceu com uma pequena
mancha no braço. Quando o Dr. Lombard te
entregou para mim, para te limpar, eu reparei. A
garotinha da família Ribeiro possuía a mancha e
ali eu percebi que ouve a troca. Percebi que não
tinha sido um acidente com o Dr. Lombard e a
única pessoa que teria feito isso para encobrir a
troca, era Fátima.
Durante um tempo tentei descobrir como ela fez a
troca. Ela não tinha acesso a ala da pediatria,
onde ficavam os recém nascidos aguardando para
ir com suas mães.
Mas então ela se casou. Se casou com o pediatra
do hospital.
O mesmo que pegou você dos meus braços e levou
para essa ala da pediatria.
Nada tira da minha cabeça que o Dr. Torres
ajudou ela nessa troca.
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Ambos são culpados por tudo isso. Quando te vi


naquela sala, sabia que estava em busca de provas.
Finalmente alguém desvendaria tudo e resolveria a
morte do Dr. Lombard.
Mas eu também sabia que a minha vida estaria em
risco. Fátima se livraria da única pessoa presente
naquele dia. Sou a única testemunha desse crime.
Estou me afastando da cidade e só retornarei
quando precisar de mim.
Estou segura. Espero que consiga incriminar esses
dois logo.
A família Silva merece ter sua garotinha de volta.

Mercedes"

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Capítulo 12
NARRAÇÃO FERNANDO

Clara termina de arrumar sua mala.

- Acho que peguei tudo.

Olha em volta no quarto.

- Você esta bem?

- Sim.

- Tem certeza, Clara?!?!?

Solta um longo suspiro e me olha.

- Estou apenas assustada com toda a verdade em


minhas mãos agora.

Desvia o olhar do meu e olha a carta sobre a


mesinha.

- Antes era tudo suposição. Eu ainda acreditava no


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fundo do meu coração, que minha história não


estava ligada a morte do pai da Lina.

Me levanto da cama e ando até ela.

- Percebeu quanta gente sofreu nessa historia toda?

- Sim...

Toco seu rosto. Ela parece cansada em meio a toda


essa merda. Talvez voltar para casa seja bom. Vai
aliviar sua mente e seu corpo de tudo que essa
cidade descarregou sobre ela nesses últimos dias.

- Vamos voltar pra casa e lá tente pelo menos


esquecer um pouco isso tudo.

- Você acha que vou conseguir voltar para o meio


dos Ribeiros e conviver normalmente sem me sentir
uma intrusa?

- Acho...

Beijo seus lábios.

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- Você pode não ter o sangue dos nossos pais, mas


tenho certeza que isso não diminui o amor que tem
por eles.

Abaixa os olhos encarando o chão.

- Se não os amasse, não estaria voltando para


acalmar nossa mãe e muito menos sofrendo assim
para escolher entre as duas famílias.

- Nunca disse que não os amava. Eu só...

Se afasta de mim e anda pelo quarto.

- Me sinto estranha agora. Como se estivéssemos


em uma guerra e existissem dois lados e eu
estivesse no meio sem saber para onde correr.

- Vamos fazer um acordo.

Para de andar e presta atenção em mim.

- Quando seu carro sair dessa cidade, desliga tudo.


Esquece tudo que sabe. Apenas foque em voltar e
acalmar nossa mãe.
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- Vou tentar.

Se senta na cama.

- Caso não consiga, estarei por lá para tentar te


ajudar.

- Promete que não vai me deixar sozinha com eles?

Começo a rir e ela me olha brava.

- Você fala como se eles fossem te machucar.

- Não Fernando... a única pessoa que pode


machucar aqui sou eu.

- Para de se sentir culpada. Você era um bebê e não


teve culpa de nada.

Me ajoelho a sua frente.

- Caso tenha que contar a verdade, estará apenas


contando o passado de adultos que fizeram merda.

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Ela me abraça.

- Eu te amo tanto!

Beijo seu pescoço. É muito bom ouvir isso dela.

- Também te amo muito!

************

Erick me ajuda a colocar as malas no carro. Clara


esta se despedindo de Lina e sua mãe.

- Queria fazer uma pergunta.

Ele me olha.

- Faça.

Fico meio sem jeito e olho em volta para ver se


Teddy esta por perto. A bicha bocuda esta do lado
da Clara.

- Queria saber se já posso...

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Ele começa a rir da minha falta de palavras.

- Se já pode fazer sexo?

- Isso.

- Deixa eu dar uma olhada em sua cicatrização.

Ergo a camiseta e ele mexe no curativo.

- Você tem alguns pontos de inflamação na cicatriz.

- Isso é ruim?

- Isso quer dizer que não teve repouso suficiente.


Espere os pontos pelo menos melhorarem.

- Merda!!!

- O que é uma merda?!?!?!

Teddy para ao meu lado e olho para Erick tentando


pedir para que não fale o nosso assunto.

- Estava vendo a cicatriz do Fernando. A merda é


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que tem alguns pontos de inflamação.

- Tadinho!!!

Teddy passa a mão em meu ombro.

- Não vai poder fazer naninha ainda com a Clara.

Erick começa a rir e olho feio para os dois.

- Não fica bravinho, mozão. Logo vai poder brincar


de esconde-esconde, enfiando sua cobrona na toca
da Clara.

O Tomatinho começa a rir alto.

- Você escuta as bobeiras que fala?

Digo tentando não rir.

- Muitas vezes não. Agora por exemplo estou só


pensando em sua cobrona.

Erick para de rir e olho pra ele erguendo uma


sobrancelha.
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- Toma! Estava engraçado até ele te cutucar.

- Não sei do que esta falando. Somos apenas


amigos.

Teddy sussurra para mim que eles são ótimos


amigos. Essa bicha é terrível.

- Eu ouvi Teddy, não precisa sussurrar.

- Ainda bem. Odeio tentar falar escondido.


Tomatinho é um amigo íntimo.

Bate seus cílios todo empolgado.

- Muito intimo, muito, muito, muito...

- Ele já entendeu.

Erick diz bravo.

- Muito ciumento, muito, muito, muito...

Estou rindo da briguinha dos dois.


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- Chega, Palmitão!

- Ui!!!! Ele esta bravo.

- Melhor se despedir. Clara já esta vindo para irem.

Teddy me abraça.

- Cuida da minha amiga.

- Vou cuidar.

Ele me aperta forte.

- Não vai me soltar?

- Espera um pouco. Quero acumular abraço até


você voltar.

Abraço ele forte também. Vou sentir falta do seu


bom humor, das suas piadas.

- Eu te amo, mozão!

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- Hum...

- Vou entender esse "hum" como "eu também te


amo, coisa linda".

Me solto dele rindo. Erick se aproxima de mim.

- Esperamos vocês para colocar um ponto final


nessa historia.

Segura minha mão com força.

- Tentem achar mais provas.

- Vamos tentar.

- Cuida do Teddy.

Ele sorri e apenas confirma que vai tomar conta


dele.

- Não preciso que cuidem de mim.

Nós dois olhamos para ele.

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- Tá... eu preciso.

Revira os olhos.

- União dos meus machos para cuidar de mim. Isso


é fofo!

- Não sou seu macho.

Digo vendo Clara se aproximar.

- Sou macho dela.

Puxo Clara para os meus braços.

- Ela dividi o macho dela comigo.

- Não divido não. Esse é meu.

Ela diz e beija meu rosto.

- Só meu.

- Viu!!!

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- Egoísta.

Agarra a mão do Erick.

- Não tem problema. Também tenho meu macho.

Tomatinho fica vermelho como tomate de verdade.

- Todo mundo agora esta feliz.

Estou rindo muito do desconforto do Erick. Acho


que ele ainda não se adaptou a esse novo status gay
dele. Ainda me pergunto se sempre foi gay ou se o
Teddy causou essa mudança nele. Após mais beijos
e despedidas, seguimos viagem.

**********
O caminho todo foi silencioso. Clara esta em seus
pensamentos profundamente e apenas observei.
Entramos na rua da casa dos nossos pais e a mão
dela fica inquieta no volante.

- Calma!

Coloco minha mão sobre a dela.


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- Vai dar tudo certo.

Ela respira fundo.

- Pare um pouco o carro.

Me olha sem entender, mas para o carro.

- O que foi?

Solto meu cinto e avanço nela, puxando sua boca


para a minha. Geme conforme minha língua invade
mais e mais sua boca. Sugo seu lábio inferior e me
afasto.

- O que foi isso?

Pergunta sem fôlego.

- Não sei quanto tempo ficarei sem te beijar dentro


da casa dos nossos pais.

Ela sorri.

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- Você era bom quando queria me torturar, sempre


dava um jeito de me pegar.

- Estou já pensando nos locais onde vou te torturar.

Clara morde o lábio fazendo minha ereção


aumentar.

- Agora vamos, antes que eu comece nesse carro.

Paramos o carro na garagem. Descemos e pegamos


as malas. Seguimos lado a lado, sem nos tocar. Ela
abre a porta e esta tudo silencioso.

- Mãe...

Grito e nada dela aparecer.

- Será que ela saiu?

Clara pergunta colocando a mala no chão.

- Não sei. Mãe!!!!

Grito novamente.
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- Acho que não tem ninguém. Papai deve estar na


empresa.

- Não vejo nem os empregados.

Parece que todos resolveram sair e isso me da uma


ideia boa. Agarro Clara e nos jogo no sofá.

- Fernando...

Ela grita assustada.

- O que esta fazendo?

- Aproveitando a casa vazia.

Me acomodo entre suas pernas. Empurro meu


membro em seu sexo e ela fecha os olhos, sentindo
ele duro por ela. Me curvo e beijo o seio direito
dela sobre o tecido da blusa, sentindo uma leve dor
na barriga, mas não paro. Beijo o esquerdo e subo
para o pescoço. Dou beijos mais intensos e
chupões. Clara se esfrega em mim me deixando
mais louco ainda. Chego em seus lábios e os beijo,
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sugando e mordendo. Suas mãos agarram meu


cabelo. Ela puxa e acaricia ao mesmo tempo e isso
é bom.

- Clara...

Escuto a voz da minha mãe e em segundos sou


empurrado para o chão pela minha linda mulher.

- Porra...

Resmungo e Clara se senta assustada.

- Desculpa!

- Filho...

Minha mãe entra na sala.

- O que aconteceu?

Me levanto do chão e olho Clara vermelha.

- Clara me empurrou no chão.

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- Por que fez isso meu bem?

- Ele estava me perturbando.

Minha mãe me abraça forte.

- Estava tão preocupada com você.

Beija meu rosto.

- Como você esta?

- Estou bem mãe.

Seus olhos estão cheios de lágrimas.

- Parou de beber?

- Sim.

- Graças a Deus!

Se vira e olha Clara.

- Oh minha querida!!!
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Clara se levanta e as duas se abraçam.

- Obrigada por trazer seu irmão de volta para casa.

Minha mulher fecha os olhos e se encaixa no


abraço de nossa mãe.

- Não precisa agradecer.

As duas se separam e minha mãe segura o rosto de


Clara em suas mãos.

- Você parece triste.

- Estou bem, mãe!

As duas ficam se olhando.

- Eu sei que não esta bem.

Vejo ela segurar o choro

- Você saiu de dentro de mim, minha filha. Eu sei


que não esta bem.
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Clara começa a chorar e minha mãe a puxa para


seus braços.

- Mamãe esta aqui. Ela sempre vai estar.

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Capítulo 13
NARRAÇÃO CLARA

Tento não chorar, mas esta difícil. Ela sempre foi


minha confidente e agora não posso contar a ela a
coisa mais importante sobre a minha vida.

- Você saiu de dentro de mim, minha filha. Eu sei


que não esta bem.

Oh Deus!!!! Não consigo mais segurar as lágrimas.

- Mamãe esta aqui. Ela sempre vai estar.

Me puxa para seus braços novamente e me aperta.

- Foi Teddy?!

- Não, mãe!

- O que esta acontecendo, meu bem?

- Só estou mesmo cansada e com problemas para


fazer minha mudança para São Paulo.
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- Estou tão feliz que vai voltar pra perto da gente.

Me solta novamente de seu abraço e olha para


Fernando.

- Vem aqui! Finalmente vamos voltar a ficar juntos.

Fernando se aproxima e nos abraça. Enquanto


minha mãe enfia o rosto no peito dele. Ele me olha
de forma carinhosa. Aproximo meu rosto do dele e
beija minha testa.

- Vamos avisar seu pai.

Minha mãe sai eufórica do nosso abraço e corre


para o telefone.

- Ele vai ficar tão feliz.

Enquanto ela liga para o meu pai, Fernando me


puxa para seus braços e me abraça. Minha mãe
sorri nos vendo abraçados e imagino se ela vai
aceitar nosso amor.

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- Vou ficar aqui na casa dos nossos pais com você.

Ergo a cabeça e olho pra ele.

- Não quer ficar no seu apartamento?

- Não.

Beija a minha cabeça.

- Não vou me afastar de você, Clara.

Deito minha cabeça em seu peito e o aperto forte.

- Obrigada!

Minha mãe desliga o telefone.

- Seu pai logo estará em casa. Vou organizar o


jantar.

Diz empolgada indo para a cozinha. Assim que ela


some da sala a mão de Fernando desce para a
minha bunda.

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- O que esta fazendo?

- Aproveitando.

- Não...

Digo me afastando e ele me olha safado.

- Deixa só eu matar a saudade da sua boca.

- Você já me beijou nesse sofá.

- Foi tão rapidinho.

- Não começa, Fernando...

Começo a me afastar e ele vem andando junto.

- Nossa mãe vai ficar enfiada no jantar.

Ele esta cada vez mais perto e não tenho como


fugir.

- Mas nosso pai logo chega.

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O sorriso safado dele surge.

- Você estava calminho em Holambra.

- Acho que a adrenalina de fazer escondido me


deixa assim.

- Você precisa parar de querer fazer besteira


escondido.

Bato minhas costas na parede e ele esta a dois


passos de mim.

- Você quer que eu pare?

Meu corpo arrepia. Não quero que ele pare, mas


estou com medo de sermos pegos.

- Eu te conheço!

Digo encarando seus olhos.

- Me conhece?

- Sim...
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Da um passo ficando muito próximo.

- Mesmo que eu diga que quero que pare, você não


vai parar.

Seu sorriso se amplia.

- Realmente você me conhece.

Preciso fugir dessa tentação, antes que aconteça


alguma merda.

- Olha a nossa mãe.

Ele vira para ver e aproveito para correr. Subo a


escada como uma louca, rindo. Posso ouvir os
passos dele correndo atrás de mim. Entro no
corredor dos quartos e antes de alcançar a minha
porta, meu corpo é agarrado e rodado no ar.
Começo a rir ainda mais e ele me para, empurrando
meu corpo na parede. Fernando cola o peito no meu
e posso sentir sua ereção em minha barriga.

- Te peguei...
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Sussurra perto da minha boca.

- Se comporte.

- Impossível me comportar perto de você.

Sua boca avança na minha. Seus lábios envolvendo


os meus com paixão. Enfio minhas mãos em seu
cabelo e o puxo ainda mais para a minha boca
sedenta por ele. Suas mãos percorrem todo o meu
corpo, que queima de desejo. Chupa meu lábio
inferior e assim que o solta, segue para o meu
pescoço. Beija com vontade e intercala pequenos
chupões.

- Você vai me marcar.

- Que se dane que vou te marcar.

Desce beijando entre meu decote.

- Fernando, estamos no corredor.

- O que tem?
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Sua língua esta entre os meus seios. Ele sobe os


beijos e para me olhando.

- Quero brincar um pouco.

- Aqui não...

Digo ofegante e cheia de tesão. Suas mãos vão para


as minhas coxas. Me ergue do chão e enlaço as
pernas em sua cintura. Enquanto ele anda para o
meu quarto, o beijo gostoso.

- Não esta sentindo dor?

- Não...

Sussurra em meus lábios.

- Estou com muito tesão pra sentir dor.

Sorri e volto a beija-lo. Pega na maçaneta da porta


para abrir.

- Clara... Fernando... estão aí em cima.


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Paro de beija-lo que bufa.

- Nosso pai.

- Vamos entrar e ficar calados.

- Não...

Digo rindo.

- Me coloca no chão.

Peço e ele me desce. Assim que nosso pai aparece


no corredor, ele me puxa para a sua frente e
entendo o motivo. Sua ereção esta em minha
bunda.

- Que bom que voltaram.

Meu pai vem sorridente nos abraçar. Me abraça


primeiro e beija meu rosto.

- Como esta minha filha?

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- Estou bem!

Abre um enorme sorriso e vira para o Fernando.

- Fico tão feliz te vendo assim bem, meu filho.

Puxa Fernando e o abraça. Tento não rir ao ver o


quadril do Fernando para trás, para não encostar
sua ereção em nosso pai.

- Estou feliz em voltar pra casa, pai.

Assim que os dois se soltam, vejo os olhos do meu


pai marejados. Nunca o vi emocionado assim. Ele
tenta disfarçar.

- Vamos descer e beber algo.

- Claro!

Descemos todos e ficamos na sala falando sobre a


empresa do Fernando, a empresa do meu pai e a
minha falsa ida para Londres. Fernando esta
empolgado com as atualizações que meu pai passa
a ele sobre a empresa. Ele sente falta do trabalho,
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posso ver em seu rosto.

- Vou ajudar a mamãe.

Digo me levantando e Fernando me olha


preocupado. Tento mostrar a ele que esta tudo bem.
Entro na cozinha e ela esta empolgada com a nossa
empregada, preparando o jantar.

- Já esta com fome?

- Mais ou menos. Na verdade estou fugindo da


conversa chata dos homens na sala.

Ela começa a rir.

- Me ajuda limpando as cenouras?

- Claro...

Pego a faca e começo a ajudar.

- Você parece diferente.

- Diferente como mãe?


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Vem a minha frente.

- Você ainda esta com Teddy?

- Não. Chegamos a conclusão que somos bons


amigos.

Minha mãe me analisa.

- Você esta apaixonada.

Sinto meu rosto ficar vermelho.

- Eu acertei.

Fico sem graça.

- Quem é? Eu conheço?

Não sei o que responder. Fico olhando pra ela sem


jeito.

- Eu conheço.

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Começa a rir e ela nem imagina que ele esta na sala


agora conversando com o marido dela. Tenho
vontade de dizer que amo o filho dela e que pode
parecer estranho, mas tem explicação.

- Não vai me contar?

- É algo novo ainda.

- Mas vai me contar um dia?

- Sim...

- Você o ama?

Respiro fundo.

- Mais do que a mim mesma.

Ela me abraça forte.

- Você merece um grande amor, minha filha.

Me solta e passa a mão em meu rosto.

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- Queria que seu irmão encontrasse alguém


também.

Dou um sorriso em graça.

- Mas parece que ele tem o dedo podre pra escolher


mulheres. Aquela Carla só esta dando trabalho.

- Ela fez alguma coisa enquanto estávamos longe?

- Depois conversamos sobre aquela mulher. Hoje


eu quero aproveitar essa felicidade de ter meus
bebês de volta.

O jantar é servido e seguimos para a mesa.


Fernando puxa a cadeira ao seu lado e me olha. Oh
não!!!! Nem ferrando vou ser torturada por ele
nesse jantar.

- Vou me sentar ao lado da nossa mãe.

Meu enorme sorriso contrasta com o olhar mortal


dele, enquanto me sento.

- Esta carente de mãe.


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Cuspo a água que estava tomando. Na verdade


estou com excesso de mãe.
Após o jantar, tomamos um café na sala.

- Vocês devem estar cansados.

- Um pouco.

Respondo quase deitada no sofá.

- Vamos dormir e amanhã continuamos a conversa.

Todos nos levantamos e seguimos para os nossos


quartos.

- Preciso de um banho.

- Eu também.

Olho para Fernando que sorri. Ele para em frente


ao quarto dele e antes de entrar me puxa e beija
meu rosto.

- Não tranque a porta.


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Sussurra e me solta. Sem olhar pra ele, ando com


nossos pais que me deixam na porta do meu quarto.
Entro e fico olhando a chave. Quero que ele venha
no meu quarto de madrugada? Meu corpo todo
grita SIM. Deixo a porta destrancada e sigo para
um banho.

***************

Termino o banho e me enrolo na toalha. Abro a


porta do banheiro e levo um susto.

- Mãe!!!!

Ela esta sentada de camisola na minha cama.

- Me conta quem é o homem que esta apaixonada,


por favor!!!!

A porta do quarto se abre.

- Clara, acho que nossos pais dormiram...

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Capítulo 14
NARRAÇÃO FERNANDO

Termino meu banho e coloco minha calça do


pijama. Será que meus pais já dormiram? Olho
minha cicatriz na barriga, para ver se ela esta
melhor. Merda!!!! Ainda esta estranha em algumas
partes. Pelo jeito, nada de sexo hoje. Mas posso
brincar. É sempre bom uma brincadeira para dar
uma aliviada na tensão do dia. Corro para o
banheiro e pego meu perfume Espirro um pouco
dele na minha mão. Passo em volta do meu
membro. Vai que ela resolve brincar mais do que
eu. Saio do quarto com um sorriso idiota no rosto.

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Ando com calma no corredor. Paro com o ouvido


na porta do quarto dos nossos pais. Estou me
sentindo um adolescente. Posso ouvir o ronco do
meu pai. Caminho livre para o quarto de Clara.
Ando até o quarto e entro nele rapidamente.

- Clara, acho que nossos pais dormiram...

Me viro e quase tenho uma parada cardíaca. Ai


caralho!!!! Minha mãe me olha e não faço a menor
ideia do que fazer. Olho para Clara de toalha.
Primeiro, preciso fingir que fiquei constrangido
vendo-a de toalha.

- Desculpa!

Digo me virando.

- Achei que já estivesse vestida.

Escuto os passos acelerados dela para o guarda


roupa.

- O que veio fazer aqui, Fernando?

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Minha mãe pergunta em um tom desconfiado.

- Já te digo, assim que Clara colocar uma roupa.

- Pronto!

Diz com a voz cansada da correria. Me viro e ela


esta de camiseta e bermudinha.

- Agora me diz o que veio fazer aqui.

- Relembrar os velhos tempos.

Digo tentando sorrir.

- Quando éramos pequenos, sempre fugi para o


quarto dela. Era nosso momento para fazer coisas
que vocês não deixavam.

Minha mãe sorri e se levanta da cama.

- Recuperando o tempo perdido?

- Sim...

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Se aproxima e beija meu rosto.

- Fico feliz por voltarem a ficar bem. Eram tão


amorosos.

Minha mãe não faz ideia de como somos amorosos


agora.

- Vou fazer algumas coisas de comer bem gostosas


para essa noite de irmãos tão especial.

Querida mãe, a coisa gostosa de comer que quero


essa noite esta bem atrás de você. Abro um sorriso
para esconder meus pensamentos pervertidos.

- Já volto!

Abro a porta pra ela sair e quando fecho depois que


passa, levo um belo tapa no braço.

- Ai!!!

Olho para Clara que esta brava.

- Quase morri do coração.


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- Não tive culpa.

- Teve sim. Batesse na porta antes de entrar.

- Nunca bati na sua porta antes.

- Então comece a bater.

- Passei no quarto dele e ouvi o ronco do papai.


Imaginei que estivessem dormindo já.

- Ouviu nossa mãe roncando?

- Não...

- Então não podia imaginar os dois. Sabe muito


bem que a mamãe tem problema para dormir e fica
acordada até tarde.

- Queria vir logo aqui te ver.

Me arrasto até ela e agarro seu corpo, beijando seu


pescoço.

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- Não...

Tenta se soltar de mim, mas não faz muita força.


Ando com ela até a parede e subo beijos do
pescoço até sua boca.

- Fernando, a mamãe pode aparecer a qualquer


momento.

Puxo seu lábio inferior com meus dentes e ela


geme. Enfio minha língua em sua boca e nosso
beijo começa já intenso.

- Para...

Pede sussurrando e minhas mãos já percorrem seu


corpo todo.

- Isso é tortura.

Diz sem parar de me beijar.

- Tortura é não poder fazer amor com você.

Escutamos um barulho no corredor e Clara me


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empurra pra longe dela. Começa a arrumar a roupa


bagunçada em seu corpo e acalmar a respiração.

- Não podemos fazer isso aqui na casa dos nossos


pais.

- Por que não?

- É muito perigoso.

- Eu gosto do perigo.

- Fernando, tenta pensar com a cabeça de cima.

Começo a rir da forma que ela fala.

- Se a nossa mãe pega alguma coisa, tem um ataque


do coração.

- Ela não vai pegar nada.

- Não quero arriscar.

Respira fundo.

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- Enquanto estivermos aqui, não quero você me


torturando. Vamos ficar longe.

- Amanhã vou te levar para o meu apartamento e te


prender lá para o meu prazer o dia todo.

Morde o lábio e quando vai responder, a porta se


abre.

- Deixei cair um prato.

Minha mãe entra com uma bandeja.

- Tem algumas coisas que vocês gostavam na


infância de vocês.

Pego a bandeja da mão dela e levo até a mesinha no


canto do quarto.

- Acham que precisa de mais alguma coisa?

- Não, mãe! Esta tudo perfeito. Vamos só assistir


um filme e depois o Fernando volta para o quarto
dele me deixando em paz.

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Olho para Clara. Tento dizer a ela pelo olhar que


não vou dormir em meu quarto sozinho. Ela
devolve a resposta também pelo olhar e ergue uma
sobrancelha. Não me desafie, Clara!!!!

- Vou deitar. Tomei remédio para dormir e ele já


esta fazendo efeito.

Minha mãe anda até Clara.

- Boa noite, filha!

Beija seu rosto.

- Boa noite, mãe!

Vem até mim e me beija.

- Boa noite, filho!

- Boa noite, mãe!

Anda até a porta.

- Juízo vocês dois.


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Abro um enorme sorriso para Clara e minha mãe


fecha a porta.

- Não... nada de safadeza.

Vai até a televisão e a liga. Pega o controle e segue


para a cama. Sobe nela e senta no meio.

- Pega a bandeja e vem.

Faço o que pediu e subo na cama com a bandeja,


me sentando ao seu lado.

- O que quer ver?

- Seus seios.

- De filme.

- Um com cenas de sexo.

Ela começa a rir.

- É sério.
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- Por mim pode colocar o que quiser.

Clara começa a rir e sei que vai colocar algum


romance velho. Enquanto ela procura um filme,
vasculho a bandeja. Pego um pedaço de bolo de
chocolate, mas ele esta cheio de cobertura e meleco
meu dedo. Levo o dedo a minha boca e chupo a
cobertura. Isso me deu uma ideia.Olho para Clara,
que esta muito vestida, mas não vai me deixar tirar
a sua roupa.
Preciso antes deixa-la excitada e então ela ficará
nua rapidinho. Ergo minha mão limpa e empurro o
cabelo dela para o lado.

- O que esta fazendo?

- Tirando seu cabelo do pescoço.

- Por que?

- Esta calor e acho lindo o seu pescoço.

Vira a cabeça e me olha.

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- Prende, você fica linda com ele preso.

Solta o controle e arruma o cabelo em um coque.

- Melhor assim?

- Muito melhor.

Pega o controle novamente e volta a procurar um


filme. Passo o dedo na cobertura do bolo e o levo
até o pescoço dela.

- Sabia que iria aprontar.

Diz rindo e aproximo minha boca. Chupo seu


pescoço, tirando o excesso de chocolate. Tomba a
cabeça me dando mais acesso a sua pele. Clara se
rende tão fácil. Puxo sua camiseta um pouco,
deixando seu ombro de fora. Passo cobertura e
chupo.

- Vai me sujar.

- Verdade.

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Agarro a barra de sua camiseta e a começo puxo


para tirar.

- Agora não vamos mais suja-la.

Digo jogando a camiseta no chão. Seus seios estão


lindamente expostos.

- Vai ficar me torturando, me chupando toda?

- Acho que sim...

Respondo rindo e passando cobertura entre seus


seios. Entro na frente dela e me inclino lambendo
entre seus seios.

- Sabe que a cobertura do seu bolo vai acabar, né?

Olho para o lado e vejo que tenho pouca cobertura.

- Mas ainda tem a do seu bolo.

Raspo a cobertura do meu e meleco o bico dos seus


dois seios. Abocanho o direito e chupo com
vontade e ela geme. Solto o direito e avanço no
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esquerdo, o devorando da mesma forma. Mordo seu


mamilo de leve e ela solta um pequeno grito de
prazer. Subo minha boca na dela.

- Precisa fazer silêncio.

Beijo-a de forma rápida e vou para o bolo dela.


Quando vou atolar meu dedo na cobertura, sua mão
segura a minha. Clara puxa minha mão e leva meu
dedo sujo a sua boca. Suga com força e meu
membro duro pulsa na calça do pijama. Vira o
corpo e fica a minha frente. Solta meus dedos e
leva a minha mão ao seu seio.Sua outra mão vai até
o bolo. Ela passa o dedo na cobertura dela.

- Meu bolo...

Passa o dedo em meus lábios me melecando.

- Minha cobertura.

Avança em minha boca chupando meus lábios, bem


gostoso.

- Achei que não era pra fazer nada.


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- Cala a boca!

Me empurra na cama rindo. Sobe em cima de mim


e lambuza o dedo no bolo de novo.
Faz um rastro do meu peito até a beira da calça em
meu quadril de chocolate.

- Acho que te sujei.

Se inclina sobre mim.

- Melhor eu te limpar.

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Capítulo 15
NARRAÇÃO CLARA

Me inclino sobre seu corpo um pouco e beijo seus


lábios. Desço para seu peito, lambendo e chupando.
Posso ouvir sua respiração acelerada. Chego em
sua barriga definida e beijo seus gominhos.
Começo a lamber todo o chocolate e paro perto da
calça.

- Acho que não quero mais chocolate.

- Não começa com brincadeira. Tem cobertura pra


caralho ali pra você passar em todo o meu pau e
chupar, pelo menos umas 3 vezes.

Estou rindo do desespero dele.

- Excesso de doce pode causar diabetes, sabia?

- Então para de fazer cu doce e me coloca na sua


boca.

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- Não sei se quero. Na verdade acho melhor parar e


assistir o filme.

- Não...

Se ergue e me joga na cama e arranca a calça,


ficando nu. Me monta e não consigo parar de rir.

- Conheço um jeito bom pra te obrigar e me colocar


na sua boca.

Passa o dedo no meu bolo e depois na cabeça do


seu membro.

- O que vai fazer?

Sorri safado e vem se arrastando sobre mim. Seu


membro fica cada vez mais perto da minha boca.
Meus braços estão presos embaixo de suas coxas.
Quando seu membro chega no meu rosto, sinto um
cheiro de perfume forte, misturado ao chocolate. É
o cheiro do perfume dele.

- Você passou perfume no seu pinto?

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- Não...

Gagueja ao responder e ergo minha cabeça


aproximando de seu membro.

- Ele esta com o seu cheiro.

- Ainda bem, já que é meu pau.

Diz rindo e olho feio pra ele.

- Você sabe o que eu quis dizer.

- Pensa no chocolate.

- Pensa você como vai ser bom o gosto de


chocolate e o seu perfume na minha boca.

- Tem problema perfume com chocolate?

- Sabia...

Empurro-o de cima de mim.

- Não vou ficar com gosto de perfume na boca.


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- Mas tem chocolate.

Se arrasta na cama atrás de mim.

- Não...

Quando consigo sair da cama, ele me agarra pela


cintura. Me puxa de volta para a cama e me joga
com tudo.

- Não vou chupar ele...

Digo rindo e tentando sair de seus braços. Seu


corpo deita sobre o meu e sinto seu membro duro
na minha barriga. Fernando beija meus lábios e vai
até minha orelha.

- Então serei obrigado a te chupar, para o nosso


prazer.

Fecho meus olhos sentindo um arrepio em todo o


meu corpo. Ele beija meu pescoço e meu ombro.
Vem para os meus seios e começa a beija-los.
Desce os beijos para a minha barriga e quando esta
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perto da minha bermuda, sobe as duas mãos para os


meus seios. Começa a aperta-los e puxar os
mamilos, me fazendo contorcer.

- Ergue o quadril.

Ordena e ergo o quadril. Com a boca ele vai


puxando a bermuda para baixo.

- Merda!!!!

Diz quando não consegue mais descer a bermuda


com a boca.

- Não quero tirar as mãos de onde estão.

Reviro os olhos e desço minhas mãos, tirando


minha bermuda, chutando pra longe.

- Pronto!

Ele sorri me olhando. Sem tirar os olhos dos meus,


vai descendo a boca para me chupar. Não quero
desviar os olhos e nem piscar. Quero vê-lo me
saboreando. Belisca meus mamilos ao mesmo
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tempo que enfia a língua em meu sexo. Meu corpo


arqueia de prazer e sua boca começa a me chupar.
Segura firme meus seios e começa a investir a
língua dentro de mim. Agarro seu cabelo,
empurrando sua cabeça para ir mais fundo. Meu
celular começa a tocar.

- Não...

Fala antes mesmo do meu cérebro raciocinar se


devo atender.

- Deixa tocar.

É a música do Teddy.

- É o Teddy.

- Por isso mesmo. Essa música gay só podia ser


dele.

- Pode ser algo importante.

- Quando eu terminar, você liga de volta.

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Decido não atender e deixar Fernando continuar


essa maravilhosa tortura. O celular para de tocar e
relaxo o corpo.Fecho meus olhos e quando volto a
me entregar ao momento, o celular volta a tocar.

- Não dá.

Puxo a cabeça dele do meu sexo.

- Me desculpe!

Se ajoelha na cama bravo e me viro para pegar o


celular na mesinha.

- Oi, Teddy!

Digo atendendo rápido e me apoio nos cotovelos, já


que estou de bruços.

- Briguei com o Tomatinho.

- O que houve?

Sinto a mão de Fernando em minha bunda. Ele não


vai fazer isso.
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- Não sabia que ele tinha planos longos para nós e...

- Oh merda!!!

Solto sem querer, quando Fernando enfia o dedo


em mim.

- O que foi, anjo?

- Nada.

Minha voz quase não sai.

- Fernando, esta com você?

Fecho meus olhos sentindo seus dedos entrar e sair


de dentro de mim com muita intensidade.

- Sim...

Falo em um gemido.

- O que estão fazendo de bom?

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- Nada...

- Sua voz é de quem...

Ele começa a rir.

- Sua safada! Vocês esta transando com ele


enquanto fala comigo?

Viro minha cabeça para trás para mandar Fernando


parar, mas esqueço o que iria dizer quando vejo ele
se masturbando com uma mão, enquanto a outra
esta em meu sexo me torturando

- Ohhhhh!!!

Solto quando ele roda o dedo dentro de mim. Enfio


meu rosto no colchāo.

- Anjo, você esta tirando o atraso.

Solto outro gemido abafado pelo lençol ao sentir a


boca de Fernando em meu sexo.

- Preciso desligar.
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Digo ao Teddy sentindo meu orgasmo surgindo.

- Não desliga. Deixa eu ouvir.

- Tchau, Teddy!

- Não, Clara! Nunca te pedi nada. Deixa eu ficar


ouvindo. Só larga o celular em qualquer lugar e se
joga nesse delicia. Nem vou fazer barulho aqui.

Minha mão livre agarra o lençol.

- Tchau...

Desligo o celular e meu corpo começa a tremer


assim que meu orgasmo explode com força. Sinto
Fernando deitar sobre mim e seus gemidos de
prazer ecoam em meu ouvido. Sinto-o jorrar sobre
a minha bunda. Seu corpo esta pesando sobre o
meu, mas não me incomodo. Meus olhos se fecham
e o sono vem com tudo.

*************

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A claridade me incomoda. Vou abrindo aos poucos


os olhos e me deparo com um homem lindo
dormindo a minha frente. Fernando esta de bruços e
sua boca levemente amassada pela cama, me faz
sorrir.
Ele é lindo até dormindo de boca aberta. Ergo
minha mão e toco seu cabelo macio. Toco seu
nariz, desço para os seus lábios e ele geme meu
nome.

- Clara, você viu o seu irmão!?!?!

Escuto o barulho na porta. É o meu pai.

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Capítulo 16
NARRAÇÃO FERNANDO

“Sinto uma mão deslizar pelas minhas costas. A


mão de Clara para em minha bunda e ela aperta de
leve, me fazendo sorrir ainda de olhos fechados.

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- Acorda...

Sussurra em meu ouvindo. Beija e morde a parte


fofa da minha orelha.

- Quero fazer amor com você.

Abro um olho e a vejo sorrindo pra mim.”

- Acorda...

Sua mão toca meu ombro.

- Acorda...

Empurra mais forte meu ombro. Sinto meu corpo


sendo empurrado e então a dor.

- Aí caralho!

Digo gemendo e abro os olhos. Estou com a cara


chão e meu corpo dói muito. Que merda aconteceu?

- Clara, você viu seu irmão?

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Ai caramba!!!! Arrasto-me para baixo da cama.

- Ele não esta no quarto dele?

- Não! Sua mãe disse que ele estava aqui com você
ontem de noite.

- Nós assistimos um filme e depois ele foi para o


quarto dele.

Vejo a calça do meu pijama jogada perto da cama.


Meu pai não pode vê-la. Estico minha mão com
calma e puxo a calça. Escuto passos em volta da
cama e então os pés do meu pai surgem na minha
cara. Me encolho ainda mais e ele se senta na cama.

- Como ele esta?

- Fernando?

- Sim...

- Estava bem. Por que a pergunta?

- Ficamos preocupados com ele. Ainda não acredito


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que estava bebendo mais do que devia.

- Disse que não vai mais beber, pai.

Os dois ficam em silêncio.

- Fico feliz que voltou pra perto da gente. Parece


que você equilibra seu irmão.

Ele não faz ideia do equilibro que ela me dá. Ela


equilibra meu corpo todo.

- Pode deixar que agora fico de olho nele.

- Será que estava bebendo por causa da Carla? Ela


tentou falar comigo algumas vezes, mas evitei.

Nunca gostei daquela mulher.

- Acho melhor continuar evitando. Fernando não


gostaria de saber que deu trela para aquela coisa.

Os dois começam a rir.

- Vou ligar pra ele e saber onde se enfiou.


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- Talvez tenha ido para o apartamento dele.

- Queria muito que ele fosse para a empresa dele


comigo. Fiz o que pude por lá, mas estamos um
pouco enrolados.

- Se aparecer eu digo a ele.

- Acho que vou passar em sua casa antes de ir pra


empresa. Assim já o pego e levo pra me ajudar.

Vejo os pés do meu pai se movendo.

- Tenha um bom dia, meu bem.

- Bom trabalho, pai!

Escuto os passos dele para fora do quarto. A porta


se abre e em seguida se fecha. Me arrasto pra fora
da cama e vejo Clara pular dela.

- Quase morri do coração agora.

Diz pra mim baixinho, enquanto me levanto. Assim


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que fico em pé, levo um belo soco no braço.

- Ai!!!! Por que esta me batendo?

- Já falei muitas vezes do perigo que corremos


fazendo essas coisas aqui em casa.

- Ele não me viu.

- Mas foi quase. Tentei te acordar e você só sabia


sorrir safado a cada cutucão que te dava.

- Estava sonhando com você.

Dou um passo rápido até ela e agarro sua cintura.


Puxo seu corpo no meu e o fato de estarmos nus, o
faz acordar empolgado.

- Não começa.

Clara diz lambendo os lábios.

- Chega de loucuras.

Enfio meu rosto em seu pescoço e começo a beija-


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lo.

- É sério.

Tenta me afastar, mas sem muita vontade. Subo


minha boca para a dela e a beijo. Suas mãos estão
em meu peito.

- Você precisa ir.

- Não preciso.

- Precisa sim. Nosso pai esta indo para o seu


apartamento.

- Não adianta eu ir agora. Não vou chegar antes


dele.

- Você vai para a empresa direto. Vai passar o dia


com ele pra não ficar aqui me torturando.

- Eu não quero ir.

Mordo seu lábio inferior.

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- Quero ficar com você.

- Já passamos por muitos riscos e precisamos nos


afastar um pouco.

Respiro frustrado e ela sorri.

- Vou ficar um pouco com a nossa mãe. Ela parece


carente de atenção.

Me empurra e vai pegando sua camiseta.

- Vou descer e segurar nossa mãe na cozinha.


Provavelmente nosso pai já saiu.

Coloca a camiseta.

- Se veste no seu quarto e some daqui.

Abre a porta do quarto e me olha.

- Se comporte longe de mim.

- Vou tentar.

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Ela ri e sai do quarto. Coloco a minha calça e saio


do quarto evitando fazer barulho.
Depois de me trocar, colocar meu terno que há
muito tempo não coloco, sigo para fora do meu
quarto. Desço a escada com calma.

- Mãe, espera!

É a voz de Clara. Acelero meus passos e saio da


escada, me escondendo atrás da cortina.

- Mãe...

- Só vou trocar de roupa rapidinho. Vem junto e


conversamos.

Sinto Clara na minha frente na cortina. Esta de


costas para mim.

- Só caiu um pouco de café.

- Não vou ficar fedendo café

Estico minha mão e passo na bunda de Clara.

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- Ai merda!!!

Ela da um salto pra frente e me seguro pra não rir.

- O que foi?

- Nada! Vamos subir.

Levo um soco e seguro o gemido.

- Safado...

Ela sussurra e escuto os passos na escada. Quando


tudo esta silencioso, saio de trás da cortina. Saio de
casa e vejo o taxi que chamei na porta. Entro nele e
dou o endereço da minha empresa. Já estou
sentindo falta dela. Me solto no banco e observo o
caminho que o taxista faz.

**************

Demoro uma eternidade pra chegar até minha sala.


Os funcionários todos me param para abraçar e
dizer que estavam felizes com a minha
recuperação. Entro na minha sala e me jogo na
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cadeira. Vejo uma pilha de documentos na mesa e


imagino que seja isso que ele queria que eu
resolvesse. Pego alguns contratos e começo a ler
para ver se paro de pensar nela. Quanto estou no
terceiro contrato a porta do escritório se abre.

- Ai esta você!?!?!?

Meu pai diz sorrindo e fecha a porta.

- Veio cedo?

- Sim...

É estranho mentir para o meu pai.

- Estou vendo esses contratos parados na mesa.

- Não consegui resolver nada sobre eles.

- Você já fez muito por mim pai.

Ele vem andando e se senta a minha frente.

- Esta bem para fazer isso?


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- Acho que sim.

- Acho que deveria voltar aos poucos. Fica meio


período e volta pra casa.

Com toda a certeza do mundo, vou voltar para casa


correndo. A saudade de Clara já esta impossível de
suportar.

- Vou almoçar com as nossas garotas.

- Uma boa ideia. Vou deixar você aqui então e vou


dar atenção para a minha empresa.

- Certo! Obrigado pai! Por tudo.

O que eu achava que seria rápido, foi além do que


eu previa. Já esta escurecendo e estou no penúltimo
contrato. Não consegui ir almoçar com Clara e
minha mãe. As coisas estavam mais enroladas do
que eu imaginava. Meu celular começa a tocar.
Olho o visor e vejo o nome do meu pai.

- Oi!!!!
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- Oi!!!!

Sua voz é triste.

- O que houve?

- Vou precisar ir vistoriar uma obra fora da cidade.

- Algo grave?

- Não, mas tem que ser hoje. Volto amanhã cedo.

Uma ideia passa pela minha cabeça.

- Leva a mamãe. Ela vive reclamando que não sai


de casa.

- Acho que seria interessante. Depois eu poderia


jantar com ela e ficar em um hotel.

- Um momento romântico.

Digo rindo e ele ri também.

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- Estamos precisando.

- Pode deixar que cuido da Clara.

- Qualquer coisa que precisar me liga.

- Pode deixar.

- Vou esperar sua mãe voltar do shopping com a


sua irmã e vou sequestra-la.

- Ela vai amar.

- Até amanhã. filho.

- Até amanhã, pai.

****************************

NARRAÇÃO CLARA

Minha mãe esta radiante. Seu sorriso é contagiante.

- Amei nossa tarde de garotas.

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Abro um sorriso para ela, mantendo meus olhos na


estrada.

- É bom ter a minha garotinha aqui comigo.

Meu coração aperta.

- É bom ter outra mulher nessa família novamente.


Você longe eu sempre perdia nas votações.

Fico em silêncio, sem saber o que dizer. Paro o


carro na nossa garagem e vejo meu pai. Saímos do
carro e ele sorri.

- Vim te sequestrar.

- Sequestrar?!?!?!

Minha mãe pergunta assustada.

- Sim! Tenho que fazer uma pequena viagem e


adoraria que me acompanhasse.

Minha mãe anda sorrindo até ele.

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- Um sequestro romântico?

- Sim...

Os dois se abraçam e se beijam me deixando sem


graça.

- Vou arrumar minhas coisas.

- Não precisa, já arrumei tudo.

- Tenho até medo do que arrumou.

Os dois estão sorrindo apaixonados.

- Clara, nós não voltamos hoje.

- Certo! Juízo vocês dois.

Eles sorriem para mim e entram no carro.

- Se precisar de algo nos liga.

- Pode deixar.

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Vejo o carro deles indo embora e relaxo o corpo.


Pego nossas sacolas de compra no meu carro e sigo
para dentro de casa, que está tão vazia. Coloco as
sacolas no sofá e subo a escada. Preciso de um
banho. Passo em frente a porta do quarto de
Fernando e esta tudo calmo. Acho que ele ainda
não veio para casa. Será que vai dormir na casa
dele? Ando até meu quarto olhando meu celular.
Nenhuma mensagem dele. Abro a porta do quarto e
entro. Assim que tiro os olhos do celular me
assusto. O quarto esta todo iluminado com velas.
Fernando esta no meio dele, completamente nu.
Meu coração esta acelerado e não consigo me
mover. Ele vem andando até onde estou. Passa por
mim e escuto ele fechar a porta. Sinto seu corpo
atrás do meu. Suas mãos tocam meus braços e ele
desliza suavemente seus dedos em minha pele.
Fecho meus olhos quando sinto sua boca em meu
ouvido.

- Estamos sozinhos.

Sussurra com a voz rouca. Segura meus braços e


me vira pra ele. Abro meus olhos e encaro seus
lábios. Subo meus olhos e encontro os dele.
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- Quero você aqui...

Sobe uma mão e alisa meu rosto.

- Onde eu te amei pela primeira vez.

Seus lábios selam os meus com calma.

- Depois que eu te amar.

Roça o nariz no meu.

- Vamos esquecer que um dia foi embora para


Londres. Vamos recomeçar de onde paramos. Você
sendo minha.

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Capítulo 17

Sua mão toca meu ombro e delicadamente puxa a


alça do meu vestido, a fazendo cair pelo meu braço.
Minha pele queima e não sei o que fazer. Foram
nove anos esperando por ele. Vem com a outra mão
e repete o mesmo processo na outra alça. Meu
vestido cai até a cintura, deixando meus seios
livres. Ele morde os lábios encarando meus seios
nus. Da um passo em minha direção e seus lábios
estão quase colados aos meus. Meus seios tocam
seu peito nu e sinto um tremor dentro de mim. Suas
mãos agarram o meu vestido e ele começa a puxar
para baixo. Seu corpo vai descendo e ele vai
beijando por onde passa. Ajoelha-se a minha frente
e vejo-o olhar meu sexo coberto pela calcinha.
Assim que retira meu vestido e joga longe, ergue os
olhos me encarando cheio de desejo.
Mantendo os olhos nos meus, enfia os dedos na
calcinha e puxa, passando ela pelas minhas pernas.
Joga a calcinha para o lado e sorri.

- Agora estamos empatados.

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Um pequeno sorriso surge em meus lábios.

- Os dois nus? Isso não me parece certo.

- Bem...

Sinto suas mãos acariciarem minhas pernas.

- Para o que eu pretendo fazer...

Sussurra perto do meu sexo.

- É melhor assim como estamos.

Beija em volta do meu sexo e fecho meus olhos.


Suas mãos seguram firme minhas pernas e abro-as
um pouco. Então sua boca afunda em meu sexo.
Solto um gemido alto quando ele chupa com
vontade. Seguro firme seu cabelo e minha cabeça
tomba para trás. Sua língua começa a deslizar para
dentro e para fora de mim e mordo meus lábios
segurando o desejo de gozar em sua boca. Seus
dedos apertam ainda mais minha perna me puxando
para ele, fazendo sua boca se perder em meu sexo.
Minhas pernas começam a se contorcer com o
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prazer.

- Não quero gozar em sua boca.

Digo ofegante e sinto sua boca soltar meu sexo.


Seu corpo se ergue e ele me encara. Segura meu
rosto em sua mão.

- Como você quer gozar, Clara?!?!

Sua voz rouca me faz arrepiar.

- Me diga.

Sua boca avança na minha e ele me beija forte,


devorando na mesma intensidade que ele me
chupava. Solta meus lábios e sorri. Roda em torno
do meu corpo e sinto sua ereção na minha bunda.

- Acho que sei como quer gozar.

Sussurra em meu ouvido e começa a beijar meu


pescoço. Minha cabeça tomba pra o lado, me
entregando aos seus beijos.

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- Você quer gozar assim?!?!?!

Sua mão desliza pelo meu ventre até meu sexo.


Seus dedos começam a me acariciar e minha bunda
empina em sua ereção. Meu corpo todo esta
entregue ao seu toque, como se pertencesse a ele. E
sempre pertenceu. Meu corpo sempre foi e sempre
será dele. Fernando desce um pouco mais seus
dedos afundando em minha entrada.

- Não quero assim.

Digo baixo fechando minhas pernas, impedindo


seus dedos de entrar em mim. Ele morde minha
orelha e mais uma vez roda, ficando na minha
frente. Seus olhos buscam os meus.
- Como você quer gozar, Clara?

Engulo seco, sentindo meu coração acelerado.

- Quero...

Respiro fundo. Avanço nele e o beijo com desejo.

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- Quero você dentro de mim.

Peço entre os beijos.

- Eu preciso de você dentro de mim.

Imploro soltando seus lábios.

- Me faça sua novamente.

Fernando me ergue do chão e enlaço minhas pernas


em sua cintura. Anda comigo até minha cama e
com carinho me deita nela se deitando ao meu lado.

- O que eu mais quero é me perder em você Clara.

Seu olhar e seu sorriso são tão lindos.

- Mas quero te amar de todas as formas que eu


puder.

Sobe sobre o meu corpo.

- Apenas me deixe te amar.

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Beija meus lábios com calma e vai descendo


beijando meu corpo. Apenas observo seu corpo se
arrastando sobre o meu. Sua boca chega onde ele
queria e sua tortura começa. Fecho meus olhos e
meu quadril se move, seguindo o ritmo da sua boca.
Suas mãos sobem para os meus seios e ele começa
a apertar e puxar meus mamilos.

- Oh Deus!!!

Me agarro no lençol sentindo meu corpo perto de


gozar. Ele belisca meus mamilos e sua língua entra
em mim, me levando ao limite. Meu corpo começa
a se contorcer enquanto explodo em um orgasmo
maravilhoso. Sinto sua boca e suas mãos saírem do
meu corpo enquanto gozo. Quando vou voltando,
abre minhas pernas e entra em mim até o fundo, me
fazendo gozar de novo.

- Merda, Clara!!!

Geme enquanto meu sexo aperta seu membro


dentro de mim. Fernando não se move, até meu
orgasmo acabar. Quando meu corpo se acalma, ele
começa a se mover com calma Seu corpo se
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acomoda sobre o meu e nossos rostos estão rente.

- Eu amo você!

Diz com os olhos conectados aos meus.

- Amo mais do que tudo.

Seguro seu rosto em minhas mãos.

- Eu sou sua...

Sussurro em seus lábios.

- Meu corpo, minha alma e coração pertencem a


você.

Seus lábios buscam os meus e ele me beija


enquanto acelera os movimentos. Sua respiração
esta acelerada e imagino que esteja próximo de seu
orgasmo. Seu corpo tenciona e ele se move mais
fundo e mais rápido. Meu corpo se une ao dele e
começa a sentir a deliciosa sensação do orgasmo
perto. Solto seu rosto e levo minhas mãos as suas
costas e o puxo pra mim. Seu corpo se deita
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completamente sobre o meu e ele vai fundo dentro


de mim me fazendo gozar. Cravo minhas unhas em
suas costas e ele grita meu nome.

- Clara...

Sinto-o pulsar dentro de mim e a sensação é a


melhor do mundo. Nossos corpos vão se
acalmando. Seu rosto esta em meu pescoço.
Estamos os dois ofegantes. Fernando sai de cima de
mim e me puxa para o seu peito. Fecho meus olhos
ainda não acreditando que finalmente meu corpo
voltou a ser dele.

- Sabe o que é estranho?

Ergo minha cabeça e olho pra ele.

- Não...

- Eu vivi no inferno quando foi embora. Achei que


nunca mais você seria minha.

Sua mão toca meu rosto.

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- Você voltou, descobrimos a verdade e mesmo


você ao meu lado, ainda não me sentia fora do
inferno.

Respira fundo.

- Hoje você me tirou dele. Eu me sinto vivo de


novo.

Subo meu corpo e o beijo.

- Nós estamos vivos de novo.

Abre um enorme sorriso contra os meus lábios.

- Alguém lá embaixo esta vivo também.

Começo a rir e subo em seu corpo.

- Ele ressuscita fácil.

Me esfrego em seu membro que esta ficando duro.

- É o milagre da Santa Clara.

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Estamos os dois rindo.

- Seu pecador.

- Vou pecar mais um pouco agora.

Move o quadril e entra em mim.

- Pronta pra mais?

- Sim...

*****************

Meu corpo esta exausto sobre o colchão. Não


consigo abrir os olhos. A mão de Fernando passa
pela minha bunda.

- Pelo amor de Deus!!!! Eu não aguento mais.

Ouço sua risada.

- Calma... só estou te tocando.

Sinto seu corpo colar ao meu.


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- Vou te dar um descanso, mas amanhã eu quero


mais.

Beija minha cabeça.

- Eu te amo!

- Também te amo!

*********************

Um barulho de algo caindo no chão e se quebrando


me faz acordar assustada. Olho em volta e meu
coração dispara.

- Oh meu Deus!!!!

Empurro Fernando de cima do meu corpo e puxo o


lençol. Isso só pode ser um pesadelo.

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- Mãe!

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Capítulo 18

Seus olhos estão arregalados sobre nós.

- Ai merda!!!!

Escuto a voz do Fernando, mas não me viro para


ele. Minha atenção esta toda em nossa mãe. Seus
olhos se enchem de lágrimas.

- Mãe, nós podemos explicar!

Fernando diz e sinto ele sair da cama. Ela vira o


rosto, provavelmente vendo a nudez dele. Meu
corpo esta completamente paralisado.

- Isso não tem explicação.

Sua voz é baixa, mas posso sentir sua dor. Aperto


ainda mais o lençol em meu corpo, me sentindo
suja e vulgar.

- Vocês são irmãos!


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Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Você primeiro precisa me ouvir.

Vejo Fernando andar até ela que recua. Ele já esta


com a calça do pijama.

- Tanta gente tentou abrir meus olhos sobre vocês.

Abaixo minha cabeça.

- Eu sempre achando lindo o amor de irmão de


vocês.

Minhas lágrimas começam a cair. Mesmo sabendo


que não estamos pecando, pois não somos irmãos,
ainda sim me sinto suja e culpada. Ergo minha
cabeça e vejo-a olhando para o Fernando.

- Por isso quando ela foi embora você surtou.

Passa a mão em seu rosto.

- Essa coisa acontece a muito tempo.


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Desce a mão para o seu peito.

- Vocês...

Começa a andar para trás e me desespero.

- Mãe...

Puxo o lençol comigo e saio da cama.

- Não...

Ergue a mão, me fazendo parar.

- Isso é doente. É errado de todas as formas


possíveis.

Começa a chorar.

- Meu Deus!!!!! Ela é sua irmã.

Minha mãe avança no Fernando e começa a bater


nele que se encolhe.

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- Você deveria protegê-la e não isso.

- Mãe para... eu amo a Clara!

Ele diz fugindo de seus tapas.

- Você não pode ama-la. Ofendi a pobre da Carla


que tentou me avisar. Não acredito que vocês
tiveram coragem de fazer uma coisa dessas.

- Mãe, tenta nos ouvir.

Digo pegando sua mão e ela puxa com raiva sua


mão da minha.

- Não me toque.

Vejo em seus olhos uma mistura de raiva,


decepção, fúria e tristeza.

- Não ousem me tocar, depois de cometerem esse


pecado.

Sua respiração esta estranha. Ela começa a


fraquejar em nossa frente e entro em pânico.
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- Por favor! Senta e nos escute.

Minha mãe limpa o rosto das lágrimas com raiva.

- Quero vocês fora da minha casa.

Suas mãos tremem e seu corpo esta instável.

- Fora da minha casa agora.

Grita chorando.

- Não faz isso.

Peço quebrada e completamente machucada com


sua reação.

- Mãe, você não esta bem.

Fernando tenta acalma-la.

- Eu disse para não me tocar.

Grita novamente e segue andando para a porta


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cambaleando.

- Fernando...

Entendendo o meu desespero ele a segue para fora


do quarto e corro para pegar meu vestido e
calcinha. Coloco tudo o mais rápido que consigo,
ouvindo a discussão deles no corredor. Tantas
vezes disse a ele para não fazer nada aqui. Não
acredito que deixei tudo isso acontecer. Deus!!!!
Nós tínhamos que ter mais cuidado. Termino de
colocar minha roupa e corro para o corredor.
Quando meu pé pisa fora do quarto, apenas escuto
o grito do Fernando.

- Mãe...

Meu corpo trava vendo ele na ponta da escada, mas


não a vejo. Escuto o barulho de algo caindo e me
desespero. Meus pés correm o mais rápido que
posso, mas não acompanham o tamanho do meu
desespero. Vejo Fernando descer a escada correndo
e começo a pedir a Deus que minha mãe não tenha
rolado pela escada. Minhas pernas param quando o
que eu mais temia se confirma.
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- Mãe...

Grito ao ver o corpo dela caído no chão e Fernando


de joelhos ao seu lado.

- Não...

Desço a escada correndo sentindo meus olhos


nublarem com as lágrimas que saem intensamente.
Me ajoelho do outro lado de seu corpo, em frente a
Fernando.

- Mãe! Abre os olhos, por favor!

Peço com meu coração em quebrado, vendo seu


corpo frio no chão, imóvel.

- Mãe!

Escuto a voz apavorada de Fernando, mas não o


olho. Observo o corte em sua cabeça e seguro sua
mão.

- O que vamos fazer?


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Ergo meus olhos e encaro Fernando.

- Chame uma ambulância. Rápido!

Se levanta desesperado em busca de um telefone e


mantenho meus olhos nela.

- Me desculpa!

Digo entre meus soluços.

- Por favor, me desculpa!

Deito minha cabeça em seu peito e posso ouvir seu


coração batendo tão fraco.

- Não queria te magoar.

Fecho meus olhos, não acreditando que sou a


culpada pela dor dela. Eu não queria...

- Fica bem. Por favor!

- A ambulância já esta vindo.


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Limpo meu rosto e me levanto do peito da minha


mãe.

- Clara!

- Não...

Digo grosseiramente, sem olha-lo.

- Agora não.

Respiro fundo e mantenho meus olhos no corpo


inerte a minha frente.

- Eu...

- Agora não, Fernando!

Grito e escuto ao fundo o barulho da ambulância.


Em minutos os paramédicos estão na sala,
atendendo minha mãe.

- Como ela caiu?

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Um deles pergunta.

- Estava um pouco agitada e abalada quando desceu


a escada.

Fernando responde e me mantenho calada.

- Estava sentindo algo quando foi descer a escada?

- Aparentemente estava um pouco tonta e com falta


de ar.

Eles a imobilizam.

- Ela esta bem?

Minha pergunta quase não sai.

- Ela não fraturou nada. Não vejo nada de grave por


fora, o que não descarta alguma coisa grave por
dentro.

Meu coração aperta.

- Alguém vai nos acompanhar dentro da


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ambulância?

- Eu vou.

Digo dando um passo em direção aos paramédicos.

- Troque de roupa e avise nosso pai. Te encontro no


hospital.

Não consigo olhar pra ele. Estou com raiva de mim,


dele, de tudo, por sermos tão imprudentes.

********************

Sento-me ao lado do corpo da minha mãe e me


mantenho calada o caminho todo. Meus olhos
atentos a ela e meu coração em uma oração a Deus
para que não tenha nada errado.

- Ela tem problema no coração?

Olho o paramédico ao meu lado.

- Que eu saiba não.

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Ele se mantém calado.

- Por que a pergunta?

- Detectamos uma arritmia cardíaca nela. Seu


coração esta com batimentos fracos.

Eu sou a culpada por isso. Seu coração foi levado


ao limite por minha culpa. A ambulância para e
imediatamente enfermeiros e médicos retiram
minha mãe da ambulância e seguem para dentro do
hospital. Desço da ambulância e tento acompanha-
los.

- Você fica aqui fora.

Uma médica me diz no meio da correria.

- Logo damos notícias.

Paro de acompanha-los, quando a maca some em


um corredor. Então tudo fica silencioso e me vejo
sozinha. Me encosto na parede e volto a chorar,
quando as lembranças começam a remoer a minha
cabeça.
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- Como ela esta?

Olho para o lado e vejo o meu pai.

- Eu não sei.

Me abraça forte e meu choro só aumenta. Se ele


soubesse o que aconteceu não me abraçaria assim.

- Não consigo entender.

Me solta e seus olhos estão sobre os meus.

- Ela queria voltar cedo, para poder tomar café com


vocês. A deixei na porta de casa e fui para uma
reunião.

Abaixo a cabeça envergonhada.

- O que aconteceu pra ela cair assim da escada?

- Pai...

Escuto a voz do Fernando, mas não ergo minha


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cabeça. Observo meu pai se afastar e escuto os dois


conversando. Volto a me escorar na parede e ali
permaneço alheia a conversa deles. Mantenho meus
olhos focados em meus pés. Posso sentir Fernando
me olhando, mas não ergo a cabeça. Escuto passos
pelo corredor.

- Familiares de Vera Ribeiro.

Ergo minha cabeça e vejo meu pai passar por mim,


indo até a médica. Acompanho ele e sei que
Fernando esta atrás.

- Sou o marido. Como ela esta?

A médica nos olha.

- Ela sofreu a queda e teve uma leve luxação na


cabeça, mas nada muito grave. Iremos analisar com
mais profundidade quando acordar. O que deve
acontecer amanhã apenas, pois decidimos mantê-la
sedada para controlar o outro problema.

- Que outro problema?

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Meu pai pergunta nervoso.

- A Sra. Ribeiro apresenta um quadro grave de


arritmia cardíaca.

Envolvo meus braços em torno de mim.

- Seu coração apresenta uma falha em suas batidas.


Ela tem uma diminuição nas batidas, o que
chamamos bradicardia.

- Como isso aconteceu? Ela nunca teve nada.


Nunca reclamou de sentir nada.

- Passou por algum estresse ou algum trauma


recente?

Oh meu Deus!!!! Minhas lágrimas começam a cair


descontroladamente.

- Que eu saiba não.

- O importante é que foi diagnosticado a tempo.


Vamos acompanhar o seu quadro.

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Meu pai respira fundo.

- Posso ver a minha mulher?

- Claro!

Ele vai seguindo a médica.

- Clara!

- Não...

Meu corpo se encolhe fugindo de seu toque.

- Eu não posso.

Me afasto do Fernando me sentindo imunda,


perdida e carregada de culpa. Me viro e começo a
andar em direção a saída do hospital.

- Clara!

Escuto sua voz me gritando, mas não paro de andar.


Preciso sair daqui. Preciso me afastar de tudo isso.

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Capítulo 19
NARRAÇÃO FERNANDO

Enquanto meu pai conversa com a médica,


mantenho meus olhos em Clara. Ela esta me
evitando e isso esta me matando por dentro. Sei que
a situação não é nada boa, mas tenho medo dela
surtar e me culpar por tudo isso. Não queria de
forma alguma que minha mãe soubesse sobre nós
dessa forma. Clara parece tão perdida e cheia de
culpa, que minha vontade é de apenas abraça-la e
fazer tudo isso sumir. Não pode me ignorar assim.
Tenho medo de não me querer mais ou tentar se
afastar de novo por causa dessa maldita culpa. Esse
era o maior medo dela. Machucar nossos pais e
carregar isso o resto de sua vida.

- Posso ver a minha mulher?

Meu pai pergunta e por alguns segundos tiro meus


olhos dela.

- Claro!

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Vai seguindo a médica e aproveito sua saída de


perto para falar com ela.

- Clara...

- Não...

Ela foge do meu toque e começo a entrar em


pânico.

- Eu não posso.

Se abraça e começa andar rápido, quase correndo


pra fora do hospital. Não pode fazer isso
comigo, com a gente. Não pode fugir disso tudo de
novo.

- Clara!

Ando rápido atrás dela e posso ouvir seu choro.


Para na calçada e seguro seu braço. A viro pra mim
e encaro seu rosto.

- Não faça isso.

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Sinto meu peito doer.

- Não fuja de mim.

- Preciso sair daqui.

Diz entre seus soluços.

- Vou com você.

- Preciso ficar sozinha.

Seus olhos estão nos meus cheios de dor e medo.

- Me deixa ir. Por favor!!!!!

Solto seu braço e a vejo entrar em um do taxi que


estava parado em frente ao hospital. Não vou
impedi-la de ir, mas por dentro estou quebrado por
me deixar mais uma vez. O táxi vai embora e fecho
meus olhos. Sem saber o que fazer ou o que pensar,
meu coração e minha mente gritam por uma pessoa
apenas. Abro meus olhos e pego meu celular do
bolso. Procuro o nome e disco assim que encontro.

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- Fala, mozão!

Respiro pesado ao ouvir a voz do Teddy.

- O que houve?

- Clara me deixou.

- Como assim a Clara te deixou? Me explica isso.

Conto a ele tudo que aconteceu e por incrível que


pareça ele escuta sem interromper.

- Ela acabou de me deixar aqui parado na frente do


hospital e sumiu. Não faço ideia pra onde foi.

Fico calado esperando ele falar algo, mas se


mantém mudo.

- Teddy!!!!

- Estou chocado. Isso não podia ter acontecido.

- Eu sei. Estou me sentindo péssimo com a minha


mãe. Ela não merecia saber assim, e...
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Respiro fundo, sentindo uma dor no peito.

- Você tem medo dela te deixar pra sempre?

- Sim...

- Ela não faria isso, mozão. Te ama demais pra te


deixar.

- Teddy, ela acabou de me deixar parado em frente


ao hospital e sumiu dentro de um táxi.

- Clara só precisa de tempo.

Ando de um lado para o outro, perdido.

- Ela me culpa por tudo que aconteceu.

- Conheço a Clara. Ela seria incapaz de te culpar.

- Me culpa sim. Pediu varias vezes para não


fazermos nada na casa dos meus pais e não escutei.

Me sento em uma pequena mureta.


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- A queria tanto que não me importava em estar na


casa dos meus pais.

- Ai esta o problema!?!?!?

Teddy diz bravo.

- Você nunca se importou dos seus pais


descobrirem sobre a troca. Na verdade para você
seria até bom.

- Claro que seria bom. Nós vamos poder assumir o


nosso amor sem medo ou culpa.

- Você não se importava deles saberem, mas Clara


sim. Já passou pela sua cabeça que talvez ela
decida permanecer uma Ribeiro? Que ela decida
não falar nada sobre a troca.

Agora sou eu quem permanece calado ouvindo


Teddy.

- Ainda não sabe o que fazer, pra que lado correr.


Então na cabeça dela, ainda existe a culpa, quando
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esta perto dos seus pais.

- Que culpa?!?!?! Nós não somos irmãos.

- Fernando, tenta entender.

Encaro minhas mãos ouvindo o Teddy.

- Clara há nove anos atrás, quando ainda pensava


ser sua irmã, foi para Londres fugir dessa loucura,
porque ela sempre se sentiu culpada desse
sentimento e você não.

Ele esta certo.

- Você nunca se sentiu culpado por ama-la.

- Só queria ama-la e o resto nunca me importou.

- Então... sempre o peso da culpa foi carregado por


ela. Agora que vocês sabem que não são irmãos,
você estava pouco se importando para os seus pais.

Começo a entender onde ele quer chegar.

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- Ela ainda carrega o peso da culpa.

- Sim... Ela pode não ter o sangue de uma Ribeiro,


mas foi criada como uma. Pra você pode não ser
errado o que fizeram, mas pra ela é.

Teddy respira fundo.

- Com tudo que esta acontecendo, ela não vai


pensar no laço sanguíneo. Vai pensar com o
coração, aquela culpa toda que fez ela ir embora
para Londres vai voltar a atormenta-la e agora vai
ser pior. Porque sua mãe viu vocês. Ela não te
culpa, ela se culpa, porque sempre foi assim.

- Não sei como ajudar ou o que fazer.

- Deixa ela ter um tempo sozinha. As vezes esse


susto vai ajuda-la a decidir o que fazer.

- Você acha que ela decidiu?

- Acho. Ela só precisa se reencontrar com ela


mesma.

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- Obrigado, Teddy!

- Não precisa agradecer. Na verdade se quiser


deixar eu passar a mão em você só um pouquinho
pra agradecer...

Começo a rir.

- Isso não vai acontecer.

- Merda!!!! Não custava tentar.

- Mas posso te abraçar forte quando te ver.

- Nesse abraço eu posso dar um cheiro no seu


pescoço?

- Pode.

- Obrigado, mozão!

- Vou desligar. Preciso ver como meu pai esta.

- Tudo bem! Qualquer coisa me liga.

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- Tenta falar com a Clara.

- Vou tentar. Beijo!

Desligo o telefone e mesmo sem vontade, retorno


para dentro do hospital. Assim que chego no
corredor vejo meu pai. Ando até ele que me olha de
um jeito estranho.

- Quero saber o que aconteceu. Não me esconda


nada. Tenho certeza que sua mãe passou por
alguma coisa grave e você sabe o que é.

*****************

NARRAÇÃO CLARA

Entro em casa e me sinto completamente estranha.


A sensação que tenho é que não faço parte dela.
Como se nunca tivesse vivido aqui com meus pais.
Corro para o meu quarto e sem pensar arranco
minha roupa e vou para o chuveiro. A água bate em
meu corpo e pego a bucha. Em uma tentativa
desesperada, tento lavar de mim essa sensação
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horrível que consome a minha alma. Me sinto


completamente suja, imunda. Minha pele começa a
ficar vermelha, ardida e já sem forças meu corpo
vai ao chão e o choro explode de dentro de mim.
Abraço minhas pernas e espero acordar desse
pesadelo. Fecho meus olhos e a imagem da minha
mãe no quarto repassa varias vezes na minha
cabeça. Suas palavras ecoam e me sinto cada vez
mais sufocada. Preciso sair daqui.
Me levanto do chão e desligo o chuveiro. Puxo uma
toalha e me seco rápido. Pego uma roupa qualquer
e me visto desesperada. Termino de me arrumar e
pego minha bolsa. Saio do meu quarto correndo,
limpando as lágrimas do meu rosto. Vejo a chave
do meu carro sobre a mesinha da sala e a pego.
Assim que saio de casa, respiro fundo em buscar de
ar para me tirar essa sensação que me sufoca. Corro
para a garagem e entro no meu carro. Jogo minha
bolsa no banco e ligo o carro, saindo de casa.
Enquanto sigo pela rua, meus olhos apenas
observam pelo retrovisor o que antes para mim era
a minha casa.

Estou dirigindo sem saber ao certo pra onde estou


indo. A sensação que tenho é que meu corpo e meu
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carro estão no automático. Meus olhos estão


atentos na estrada, alheios a confusão dentro de
mim. Não sei por quanto tempo estou dirigindo,
mas finalmente entendo para onde meu coração
esta me levando. Paro o carro e olho em volta.
Fecho meus olhos e respiro fundo. Não sei porque
vim parar aqui. Desço do carro e minhas mãos
estão frias. Meu coração parece que vai sair pela
boca. Dou alguns passos, mas minhas pernas
travam. Então a pessoa que eu esperava encontrar
aparece. A única pessoa que eu queria ver agora
surge como um anjo. Assim que ele me vê, abre um
enorme sorriso e isso era o combustível que
precisava para fazer minhas pernas se moverem.
Corro em direção a ele, sentindo meu coração na
boca. Abre os braços e me lanço neles chorando.

- Pai...

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Capítulo 20
NARRAÇÃO CLARA

Mauricio me acolhe com tanto carinho que o choro


só aumenta.

- O que aconteceu?

Pergunta preocupado. Nosso abraço durou apenas


segundos. Ele me afasta e seus olhos estão
marejados.

- Do que me chamou?

Ergo minha mão e toco seu rosto.

- Pai!

Algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto.

- Sei que não sou seu pai de verdade, mas...

Ele solta um soluço e o choro explode.

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- Por um segundo imaginei que a minha garotinha


estivesse viva.

Seguro seu rosto em minhas mãos.

- Estou viva.

Mauricio me olha sem entender.

- Sou a sua garotinha.

Sussurro com um enorme sorriso.

- Não brinca comigo.

Acaricio seu rosto molhado.

- Preciso te contar uma história e preciso que você


apenas me escute. Tudo bem?

Confirma com a cabeça que entendeu.

- Quer se sentar?

Nega com a cabeça.


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- Não consigo mover minhas pernas e meu coração


esta batendo forte demais.

Respiro fundo e decido que não posso mais


esconder minha verdadeira origem. Chega de
esconder de quem eu amo, quem eu sou.
Mantendo meus olhos nos dele, começo a falar.

- Sou Clara Ribeiro, filha de Vera e Helio. Meu


irmão gêmeo é Fernando, que esteve comigo aqui
na sua casa.

Seus olhos se arregalam.

- Nasci no mesmo dia e hospital que seus filhos.

- Eu sei disso.

- Apenas escute.

Seguro sua mão.

- Me apaixonei pelo meu irmão e estava tentando


fugir desse amor.
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Seus olhos se arregalam mais.

- Em meio a tantas brigas para fugir desse


sentimento, ele sofreu um acidente.

Aperto sua mão para ganhar coragem.

- Fernando quase morreu e precisou de doação de


sangue. Imediatamente me coloquei como uma das
doadoras.

Fecho meus olhos e tento afastar as lembranças


ruins daquele dia.

- Enquanto doava, um amigo médico percebeu algo


estranho. Eu não tinha o mesmo sangue dos meus
pais e nem do meu irmão.

A respiração dele acelera.

- Ele me disse que eu não era uma Ribeiro.

Agora é ele quem aperta a minha mão chorando.

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- Na hora pedi um exame de DNA para ter certeza,


mas ele demoraria demais. Então decidi vir até
onde nasci para descobrir o que aconteceu.

Coloco minha mão e a dele em seu peito e posso


sentir seu coração acelerado.

- Precisava descobrir se houve algum erro no meu


nascimento e principalmente, quem eu era.

Não quero contar a ele a parte criminosa daquela


noite. Não agora.

- Na noite em que nasci, fui trocada por outra


criança. Uma criança morta.

Mauricio chora compulsivamente.

- Me tiraram do lado do meu irmão gêmeo vivo e


colocaram no meu lugar um bebê morto.

Ele desce os olhos e seu corpo treme com o choro.

- Não sou uma Ribeiro, na verdade eu sou uma...

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- Silva.

Diz com a voz baixa.

- Você não morreu como me fizeram acreditar


esses anos todos.

Ergue os olhos me encarando.

- Não matei a minha filha.

- Não... ela esta bem aqui na sua frente.

Mauricio ergue suas mãos e toca meu rosto.

- Minha garotinha!

Seu sorriso é enorme.

- Minha filha!

Beija a minha testa e me abraça forte.

- Pai!

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Enfio meu rosto em seu peito e me sinto em casa.


Eu sou uma Silva, aqui é o meu lugar. Amo muito a
Vera e o Helio, mas não sou parte deles. Aqui eu
me sinto completa.

- Ainda não consigo acreditar.

- Mas é verdade.

Beija a minha cabeça.

- Tantos anos perdidos.

Sua voz é triste.

- Tantos abraços, beijos, sorrisos perdidos.

- Não pense nisso. Não pense no que não fizemos.

Ergo minha cabeça, me mantendo em seus abraços.

- Pense nos que ainda vão acontecer.

Beijo seu rosto.

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- O primeiro de muitos beijos.

Abraço ele novamente.

- Acho que esse já é nosso quarto abraço.

Ele ri e funga.

- Parece que estou no céu. É uma felicidade que


não cabe em mim.

Ficamos alguns minutos apenas nesse abraço.

- Os Ribeiro já sabem da troca?

- Ainda não.

Me afasto do meu pai.

- Você é o primeiro a saber.

- Como essa troca foi feita? Ainda não entendi


como fizeram uma coisa dessas.

- Ainda não sei como foi feito.


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Não quero acusar Fátima sem antes ter provas.

- O Dr. Lombard foi tão atencioso e preocupado.


Nunca ele faria isso.

- Nós vamos descobrir juntos. Lina esta me


ajudando.

- Ela sabe?

- Sim...

- Agora acho que preciso me sentar.

Acompanho ele até uma cadeira na varanda.

- Laura vai ficar tão feliz.

Se senta e me sento ao seu lado.

- Caique provavelmente vai te perturbar como um


bom irmão.

- Espero que sim.


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Mauricio olha para mim.

- Você provavelmente já sabe da troca faz tempo.

- Faz uma semana.

Segura minha mão.

- Você tinha duvidas se queria contar a verdade?

Abaixo minha cabeça e sinto sua mão em meu


queixo. Ele ergue minha cabeça.

- Você pensou em continuar uma Ribeiro?

- Eu tive medo.

- Medo?!?!?

Olho em seus olhos.

- Tive medo de mudar a vida das duas famílias de


forma drástica.

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Solto um longo suspiro.

- Vocês ficariam felizes em ganhar uma filha, mas


eu acabaria com a felicidade dos Ribeiro com a
perda da filha deles.

- Você pensou que talvez pudesse ser a filha das


duas famílias?

Diz com um sorriso acolhedor.

- Quem disse que você sendo uma Silva, não pode


ser também uma Ribeiro?

- Não sei como fazer isso.

- Basta você continuar sendo a Clara que foi criada


todos esses anos por eles. Ser uma Ribeiro com eles
e pra gente, você pode nos ensinar como é ter uma
filha, nós não sabemos o que fazer.

Nós dois estamos rindo.

- Conte a verdade e mostre a eles que você ainda é


a filha deles. Não de sangue, mas de coração.
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- Você não se importaria de dividir sua filha com


eles?

Mauricio passa sua mão em meu rosto. Seus olhos


brilham.

- Não tive a minha filha por muitos anos.

Vejo seus olhos se encherem de lágrimas.

- Mesmo que me desse apenas um pedacinho de


você pra mim e um pedação pra eles...

Suas lágrimas descem.

- Esse pedacinho já me faria o pai mais feliz do


mundo.

Me jogo sobre ele e o abraço.

- Como é possível isso?

Sussurro chorando.

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- O que é possível?

- Eu te amar como um pai.

Beija minha cabeça.

- É porque sempre te amei, minha filha. Você sente


o meu amor.

- Esta tudo bem aqui?

Me solto de Mauricio e vejo Laura a nossa frente


nos olhando.

- Aconteceu alguma coisa?

Limpo meu rosto das lágrimas e meu pai se levanta.

- Aconteceu sim.

Estica sua mão para mim e a pego. Me puxa para


levantar e levanto, ficando na frente da minha mãe.

- Quero te apresentar alguém.

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Laura começa a rir.

- Você esta ficando velho, meu bem.

Aponta para mim.

- Já conheço a Clara.

Mauricio abre um enorme sorriso.

- Essa não é a Clara.

Ela me olha assustada.

- Quem é você?

Respiro fundo.

- Sou sua filha.

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Capítulo 21

Seu rosto perde a cor e seus olhos me observam


toda.

- Isso não tem graça.

Passa por nós dois tremendo e entra na casa.


Mauricio me olha e não sei o que fazer.

- Laura...

Grita por ela e entra na casa também. Escuto-a


brigando com ele e decido entrar.

- Nós não estamos brincando.

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Sua respiração esta acelerada e isso me assusta.

- Você mais do que ninguém sabe o quanto esse


assunto ainda mexe comigo.

Fala com os olhos cheios de lágrimas.

- Você sabe que nunca superei.

Começa a chorar.

- Isso não se faz.

Limpa o rosto e meu pai se aproxima dela. Abraça


seu corpo que treme. Limpo meu rosto das minhas
lágrimas que escorrem.

- Você não pode brincar dizendo que ela é nossa


filha.

Soluça com o rosto no peito do meu pai.

- Não pode...

Me olha e respira fundo.


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- Não estamos brincando.

Afasta seu corpo do dele e segura seu rosto.

- Nunca faria isso com você.

Delicadamente limpa o rosto dela com seus dedos.

- Ela é a nossa Elisa...

Sem dizer nada se solta do meu pai, caminha até


mim calmamente. Meu coração esta disparado.
Para na minha frente e seus olhos estão nos meus.

- Nossa Elisa!?!?!?

Pergunta com a voz carregada de emoção. Já não


consigo mais controlar o choro.

- Nossa garotinha.

Meu pai responde e ela me puxa para os seus


braços.

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- Oh Deus!!!!

Diz me apertando forte e seu choro aumenta.

- Minha menina.

Seu corpo vai amolecendo e nós duas caímos no


chão de joelhos, mas ela não me solta. Me embala e
repete várias e várias "minha menina". Beija minha
cabeça e vem seguindo para o meu rosto. Me solta
e segura meu rosto em suas mãos.

- Mãe!

Abre um enorme sorriso.

- Repete!

Agora estou sorrindo.

- Mãe!

Seu choro agora é de felicidade. Mauricio se


aproxima e se ajoelha do nosso lado. Seu sorriso é
ainda maior.
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- Minhas meninas.

Nos puxa e nos envolve em seus enormes braços.

- Meu mundo agora esta completo.

Fecho meus olhos me sentindo em casa. Me


sentindo finalmente no meu lugar.

- Preciso saber o que aconteceu.

Minha mãe se solta dos braços do meu pai.

- Como você apareceu e o que aconteceu com você


naquele dia?

Mauricio me olha e depois olha para ela.

- Vamos para a cozinha.

Se levanta e segurando nossas mãos nos ajuda a


levantar também.

- Vamos tomar um café enquanto te contamos tudo.


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Andamos até a cozinha com a minha mãe


segurando minha mão forte.

- Vou passar o café.

Meu pai segue para a pia e nos sentamos.

- Me conta tudo.

- Certo!

Tento soltar minha mão, mas ela não deixa.

- Não consigo te soltar. Tenho medo de acordar e


isso ser um sonho.

- Não é um sonho.

Aperto sua mão.

- Tudo isso é verdade.

Sua mão sobe para o meu rosto.

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- É incrível nossa semelhança.

Seu sorriso é tão contagiante.

- É como se estivesse me vendo no passado.

- Me lembrei do dia do nosso casamento.

Olho meu pai que sorri para nós.

- Eu tinha a sua idade.

Agora sou que estou sorrindo.

- Você estava linda.

- Você sempre diz isso, meu bem.

- É porque é verdade.

Minha mãe revira os olhos e volta a atenção para


mim.

- Agora me conte tudo.

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Respiro fundo e começo a contar a mesma coisa


que contei ao Mauricio. Termino de contar e ela
não diz nada. Esta sem expressão no rosto e não sei
o que esta pensando. Meu pai coloca duas xícaras
de café a nossa frente. Ela solta a minha mão e seus
olhos se estreitam.

- O Dr. Lombard.

Sussurra e se levanta.

- A chave de tudo isso é ele.

Anda de um lado para o outro.

- Ele não faria a troca de bebês. Vimos o quanto ele


lutou para você sobreviver.

Para de andar e se vira pra gente. Meu pai se senta


ao meu lado.

- Quem fez o parto da família Ribeiro?

Esta conseguindo desenrolar tudo e tenho medo


dela atrapalhar a nossa investigação.
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- Fátima...

Meu pai responde e encaro a xícara de café.

- Nunca gostei dela.

Laura anda até nós e se senta.

- Fátima seria capaz de algo assim. Pelo ego de


médica dela. Ninguém na cidade a suporta, nem a
Lina.

Bebo um gole do meu café.

- Mercedes...

Meu pai diz e meu corpo arrepia.

- Mercedes deve saber de algo.

- O que acha filha?

É estranho ouvir eles me chamarem assim, quando


você passa 25 anos ouvindo outras pessoas te
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chamarem de filha.

- Eu não sei. Estamos tentando descobrir.

- Você acha que Fátima atacou o Dr. Lombard?

- Possivelmente.

Apenas observo os dois resolvendo tudo.

- Ele descobriu a troca e ela o matou para ele não


falar.

Merda!!!! Começo a ficar nervosa.

- Torres...

Meu pai diz se levantando.

- Precisamos falar com ele.

- Agora?

- Sim...

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Os dois me olham.

- Lina sabe disso tudo?

- Sabe que sou filha de vocês, mas não sobre isso


que acabaram de conversar.

Respondo para a minha mãe.

- Ela nem sonha que o pai pode ter sido morto por
aquela mulher.

- A mãe dela...

Meu pai diz assustado.

- Será que ela nos odeia porque sabe da troca?

- Não...

Eles me olham.

- Ela sabe que a morte do Dr. Lombard não foi


acidente. Imagina que algo aconteceu, mas não
sabe sobre a troca.
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- Nos culpa por ele ter ficado até tarde fazendo o


meu parto.

- Sim...

Minha mãe fica triste.

- Tanto sofrimento por culpa daquela mulher.

- Ainda não sabemos se Fátima é culpada, Laura.

- Eu sei que é.

- Vamos conversar com Torres.

Eles me olham.

- Você vem com a gente?

- Não posso.

- Por que?

- Preciso agora resolver o outro lado da história.


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Laura me olha assustada.

- Você vai ficar com a família Ribeiro?

- Calma...

Ando até ela e seguro sua mão.

- Agora sou uma Silva.

Laura sorri para mim.

- Mas também sou uma Ribeiro.

Respiro fundo.

- Eles não sabem ainda a verdade e chegou a hora


de contar.

- Depois que disser a verdade a eles, o que vai


fazer?

- Eu não sei pai.

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Meu coração aperta.

- Amo as duas famílias. É como se eu tivesse duas


mães e dois pais.

Os dois me abraçam.

- E você tem.

Fecho meus olhos.

- Já disse que não tem que escolher uma família.


Você pode ser a Clara deles e a nossa Elisa.

- Duas vidas...

Digo rindo e me afasto, respirando fundo.

- Preciso agora arrumar algumas coisas.

Beijo o rosto dos dois.

- Eu amo vocês!

- Também te amamos, querida!


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- Volta logo. Seu irmão ainda não sabe de você.

- Vou voltar. Só vou arrumar tudo e volto.

**************

Do carro vejo os dois na porta me olhando. Eles


sorriem e acenam pra mim. Ligo o carro e mesmo
com medo, chegou a hora de trazer a verdade. Não
sei como vai ser a reação deles, mas não posso mais
viver com essa mentira. Os Ribeiro merecem a
verdade. Entro na estrada e meu coração aperta. A
imagem do Fernando assustado comigo me
atormenta. Só espero que ele me perdoe por fugir.
Precisava me afastar, precisava passar por isso
sozinha e descobrir o meu caminho. É como se com
a verdade a culpa do que aconteceu sumisse. Só
espero que ele me perdoe.

*************

Paro o carro em frente ao hospital. Já esta de noite


e imagino que minha mãe já acordou. Minhas mãos
apertam o volante e não consigo tira-las de onde
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estão. Estou com medo. Muito medo da reação


deles. Minhas mãos estão suando. Tomo coragem e
abro a porta do carro. Saio e fecho a porta. Minhas
pernas estão pesadas, mas não paro de andar.
Chego até a recepção.

- Quarto de Vera Ribeiro.

A senhora da recepção sorri.

- O que a senhorita é dela?

- Filha...

Sorri e me passa um crachá de visitante. Me explica


como chegar no quarto e me informa o número
dele.

Sigo para o corredor e quando entro nele, minhas


pernas agora estão moles. O peso todo de antes
sumiu e parece que não vou chegar nunca no
quarto. Paro em frente a porta e tudo esta silencioso
demais. Seguro a maçaneta e me encho de
coragem. Giro ela e a porta se abre. Esta tudo
escuro.
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Escuto o barulho das maquinas e então vejo minha


mãe na cama dormindo. Entro e olho em volta. Não
vejo Fernando, mas vejo meu pai em uma poltrona.
Ele esta observando minha mãe com as mãos em
seus joelhos. Seus olhos desviam dela e me olham.
Parece cansado e triste. Leva o dedo a boca me
pedindo silencio e com os olhos pede para eu sair
com ele. Se levanta da poltrona e vem em minha
direção. Olho minha mãe mais uma vez e ela
parece em paz. Saio do quarto e em seguida o meu
pai, que com cuidado fecha a porta.

- Onde esta o Fernando?

- Não sei...

Seus olhos estão nos meus e então eles se enchem


de lágrimas.

- Ele me contou.

Meu corpo congela.

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Capítulo 22
NARRAÇÃO CLARA

Fernando contou a ele sobre a troca dos bebês. O


medo dele me rejeitar por não ser sua filha me
sufoca. Meu corpo congela e sinto minhas pernas
amolecerem. Não sei o que dizer ou fazer. Meus
olhos começam a ficar desfocados pelas lágrimas
que vão surgindo. Meu pai ergue a mão e passa em
meu rosto, secando algumas lágrimas que
escorrem.

- Nada mudou pra mim.

Solto um longo suspiro.

- Você ainda é a Clara...

Da um passo em minha direção e agora segura meu


rosto em suas mãos.

- A minha filha.

Um gemido de alivio sai da minha boca e ele beija


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a minha testa. Suas lágrimas pingam em meu rosto.

- A minha pequena que amei todos esses anos como


filha.

Me jogo em seu corpo e enfio meu rosto em seu


peito. Meu choro é abafado pelo seu peito.

- Sempre será a minha filha.

Me aperta em seus braços.

- Tive tanto medo de me rejeitar.

- Não me importa se não tem o nosso sangue,


Clara.

Segura meus braços, me puxa para fora do seu


peito e me olha com carinho.

- Você não tem nosso sangue, mas tem nossos


corações.

- E vocês tem o meu. Não quero ter que escolher


uma família.
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Começo a rir nervosa.

- Eu quero as duas. Quero ser Silva, quero ser


Ribeiro, quero ser tudo.

Um enorme sorriso rasga seu rosto.

- Então seja.

Limpa seu rosto grosseiramente.

- Sempre disse a vocês que podem ser o que


quiserem.

- Sim...

Respiro aliviada.

- O que mais Fernando te contou?

Ergue uma sobrancelha e arregalo meus olhos.

- Merda!!!!

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Solto sem querer e ele me olha bravo.

- Desculpa, pai!!!!

Pega a minha mão e me puxa para uma cadeira.

- Por que nunca nos falaram sobre esse sentimento?

- Porque sabíamos que era um sentimento proibido


entre irmãos.

- Nós teríamos tentado resolver isso.

- Como? Não tinha como resolver algo que nossos


corações não entendiam que era errado.

- Por isso foi para Londres?

- Sim...

- Você quase matou seu irmão fazendo isso. Ele


ficou depressivo por anos.

Abaixo minha cabeça me sentindo culpada.

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- Não foi fácil pra mim também.

- Por que não nos contaram quando descobriram na


época do acidente dele?

- Precisa saber se era verdade e como aconteceu.

- Já descobriu?

- Mais ou menos. Teddy e Erick estão em


Holambra para descobrir mais sobre isso.

- Então Fernando foi se juntar a eles.

- Fernando foi para Holambra?

- Sim. Disse que precisava resolver isso logo para


dar um jeito na vida dele.

Meu coração aperta com medo do que possa ser


esse jeito que ele quer dar.

- Vocês demoraram demais para nos contar.

A voz do meu pai é brava.


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- Precisou sua mãe pegar vocês na intimidade e


quase morrer para contar?

- Não queríamos que ela descobrisse assim.

Lá vem o peso da culpa em meus ombros.

- Queria primeiro descobrir tudo e depois contar ou


não contar.

Seus olhos me analisam.

- Pensou em não falar nada sobre a troca?

- Sim... pensei em deixar tudo como estava.

- Isso não faria bem a você.

- Eu sei, mas não queria mudar a vida de ninguém.

- Clara, você precisa parar de pensar nos outros.

Abaixo minha cabeça.

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- Para de querer evitar o sofrimento dos outros. Isso


faz você sofrer.

Ergue minha cabeça.

- Estou sofrendo agora com a verdade, mas vou


aprender a lidar com o fato de que perdi minha
filha há 25 anos atrás.

Seus olhos me analisam.

- Mas ganhei outra no mesmo dia.

- Vou tentar pensar em mim, numa próxima vez.

Dou um pequeno sorriso sem graça.

- Mamãe já surtou quando acordou?

- Ela ainda não acordou.

- Não?!

Balança a cabeça negativamente.

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- Os médicos acharam melhor deixa-la dormir e


descansar desse estresse que teve.

- Então ela ainda não voltou para a realidade dessa


merda toda?

- Não...

Alguns médicos passam por nós.

- Como estava Fernando quando saiu daqui?

Pergunto com a voz baixa, com medo da resposta.

- Muito abalado. Não queria me dizer o real motivo


e eu sabia que não era a situação da sua mãe.

- Deve estar me odiando.

- Por que?

- Fugi daqui quando tudo estava na pior parte. O


deixei com os problemas e fui embora.

- Por que fez isso?


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- Precisava tomar uma decisão antes que mais


alguém se machucasse.

- Qual foi a decisão?

- Contar a outra família a verdade.

- Por que não nos contou primeiro?

- Por causa da mamãe. A saúde dela não esta boa e


não quero piorar.

- Mas você sabe que assim que ela acordar, as


lembranças vão vir e vamos ter que contar.

- Eu sei.

- Mas vamos com cuidado. O médico disse que a


arritmia esta controlada, mas precisa ficar de olho.

- Isso é bom.

- Pensei em tirar um tempo para ela. Vai precisar de


mim. Talvez uma viagem.
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- Ela ama viajar.

- Sim...

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

- Você quer que eu fique com ela hoje?

- Não precisa.

Sorri para mim.

- Você parece cansada. Vai pra casa e vem amanhã


cedo. Vou precisar de você aqui quando ela acordar
para resolver tudo isso.

- Pode deixar.

Beija minha cabeça e se levanta.

- Vou voltar pra sua mãe.

- Boa noite, pai!

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Ele abre um enorme sorriso.

- Boa noite, filha!

Assim que entra no quarto, sigo para o carro para ir


embora.

****************

Entro em meu quarto e me sento na cama. Meu


corpo esta extremamente cansado. Poderia
facilmente apenas deitar e dormir mas preciso fazer
duas coisas antes. Falar com Fernando e tomar
banho. Pego meu celular e ligo pra ele. O telefone
toca várias vezes, mas ele não atende. Cai na caixa
postal e desligo. Tento mais uma vez e novamente
caixa postal.

- Deixe seu recado.

Sua voz grossa surge e após um sinal para deixar


recado, decido falar.

- Sou eu...

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Respiro fundo.

- Precisamos conversar. Me liga quando ouvir esse


recado.

Fico em silêncio e então desligo. Se esta em


Holambra, provavelmente esta com Teddy. Procuro
o número e ligo para o Teddy. Cai direto na caixa
postal.

- Aqui é o Teddy e agora não posso falar. Deixe seu


recado. Caso seja a Clara, saiba que estou
consolando o mozão, porque você fez merda. Te
amo, fui...

Desligo o telefone rindo. Pelo menos Fernando esta


com ele, o que me deixa menos preocupada.
Encaro o celular em minhas mãos. Não sei como
arrumar a merda que fiz com ele. Respiro fundo e
decido tomar um banho.

**************

Entro no hospital muito cedo. Não consegui dormir


e Fernando ainda não me atende. Passo pela
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recepção e ando para o quarto da minha mãe. Paro


em frente a porta e abro com calma. Entro e vejo
meus pais dormindo. Ando até a poltrona onde esta
meu pai. Passo a mão em seu rosto e ele acorda
assustado.

- Calma!

Sussurro e ele relaxa. Olha para a minha mãe e


depois para mim.

- Como foi a noite?

- Bem! Ela dormiu tranquilamente.

Diz se sentando.

- Agora de manhã o médico vai passar para ver


como ela esta.

Estica-se todo e resmunga de dor por dormir na


poltrona.

- Helio... Clara...

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A voz fraca dela surge e me viro para a cama. Meu


corpo congela quando ela olha dentro dos meus
olhos. O medo de começar a gritar comigo pelo que
viu vem com tudo. Seus olhos desviam dos meus e
vão para o do meu pai.

- O que estou fazendo nesse hospital?

Parece um pouco perdida.

- O que aconteceu comigo?

Não me mexo. Apenas observo meu pai se


aproximar dela.

- Você não se lembra do que aconteceu?

Seus olhos se arregalam.

- O que aconteceu?

Segura a mão do meu pai com força.

- Só me lembro que estávamos voltando mais cedo


da viagem.
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Olha pra mim.

- Não queria deixar Clara sozinha.

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Capítulo 23
NARRAÇÃO CLARA

Meu corpo relaxa um pouco, mas a falta de


memória dela me deixa preocupada. Minhas pernas
se movem com calma até perto deles.

- Você voltou para casa.

Meu pai diz com a voz calma.


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- Não me lembro de ter voltado. Me lembro apenas


de estarmos no hotel, nos preparando para voltar.

Paro ao seu lado e realmente ela esqueceu o que


viu.

- O que eu tenho?

Pergunta nervosa.

- Você esta com um pequeno problema no coração,


querida.

Meu pai toca o rosto da minha mãe.

- Os médicos acham que algum trauma ou estresse


acarretou um problema no coração.

Minha mãe abaixa a cabeça e encara suas mãos.

- Mas estou bem. Não me lembro de nada que tenha


me afetado assim.

Os olhos do meu pai encontram os meus.


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- Vou chamar o médico.

Beija a testa da minha mãe e se afasta indo para


fora do quarto.

- Filha!

Me chama e sento ao seu lado na cama. Seus olhos


estão nos meus e vejo medo.

- O que aconteceu comigo? Por que não me


lembro?

- Eu não sei, mãe.

Seguro suas mãos.

- Esse trauma ou estresse...

Respira um pouco nervosa.

- Será que descobri algo do seu pai?

- Algo do papai?
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- Sim... uma amante, outra família, um filho fora do


casamento.

Aperto suas mãos e tento acalma-la.

- Papai te ama demais, mãe. Ele nunca faria isso


com você.

- Tenho medo de algo afetar a nossa família.

Meu corpo congela.

- Passei anos tentando nos manter juntos, mesmo


com a sua ida para Londres.

Começa a chorar.

- Estávamos bem. Você e seu irmão voltaram a se


entender e estou com medo que o problema agora
seja seu pai e eu.

Puxo-a para mim e abraço seu corpo bem forte.

- Não é nada com o papai.


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- Como você tem tanta certeza?!?!

- Vamos resolver isso juntas. Logo vai descobrir o


motivo do seu problema de saúde.

- Só espero que não seja nada que vá afetar a nossa


família.

Beijo sua cabeça e o medo da reação dela ao


descobrir que não sou sua filha me toma.

- Onde esta seu irmão?

Suspiro e solto seu corpo.

- Assim que soube que estava bem, teve que viajar


para resolver algumas coisas da empresa.

Ela não precisa saber que ele esta em Holambra.


Minha preocupação é como ele esta em lá. A porta
do quarto se abre e meu pai surge com o médico e
mais uma enfermeira. Me afasto e apenas observo o
médico avaliar minha mãe. Vejo a forma que meu
pai fica ao seu lado. De como nesses anos todos
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eles se amaram muito. Acho que nunca vi os dois


brigarem. Fernando e eu já tivemos tantos
desentendimentos, que não conseguiríamos contar
nos dedos das mãos dos dois. Será que algum dia
conseguiremos viver esse amor em paz? Olho para
o meu pai e aviso que vou ficar no corredor. Ele
apenas confirma com a cabeça que entendeu e saio
do quarto. Pego meu celular do bolso e ligo
novamente para o Fernando. O celular chama
várias vezes e cai na caixa postal. Desligo e
começo a andar de um lado para o outro. Ligo
novamente e dessa vez espero cair na caixa postal
para deixar mensagem.

- Sou eu...

Minhas mãos estão frias.

- Nossa mãe acordou e parece que não se lembra do


que aconteceu.

Encosto na parede do corredor e fecho meus olhos.

- Precisamos conversar.

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Sinto minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Assim que ela estiver bem, vou para Holambra.

Fico em silêncio e decido desligar. Limpo meu


rosto e tento me acalmar antes de voltar para o
quarto. Meu telefone toca e vejo o nome do Teddy.

- Oi!

- Anjo!

Começo a chorar tudo de novo.

- O que foi?

- Tudo esta desmoronando.

Posso ouvir a respiração pesada dele no telefone.

- Meus pais biológicos já sabem a verdade. Meu pai


de criação já sabe a verdade. Minha mãe perdeu a
memória depois de me ver com Fernando na cama
e agora...

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Tento respirar, pois o ar some do meu pulmão.

- Agora Fernando não me atende.

- De um tempo a ele.

- Sei que o magoei, mas precisava sair de perto de


tudo pra buscar o que eu queria dentro de mim.

Olho alguns médicos passando. Eles me observam,


mas não falam nada.

- E o que você queria?

Limpo meu rosto e fecho meus olhos.

- Eu só queria acabar com tudo isso logo.

- Por que?

Meu coração acelera demais.

- Porque eu quero ser dele. Quero viver esse amor


sem culpa, sem medo, sem nada.

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Abro meus olhos.

- Só queria colocar as coisas no lugar por nós, mas


parece que fiz merda.

- Não se preocupe com Fernando agora. Arrume o


seu mundo e na hora certa o mundo de vocês se
encaixam.

- Ele esta me odiando muito?

Teddy começa a rir.

- Você sabe que ele não consegue te odiar.

Respiro aliviada.

- Sabia que o Erick virou melhor amigo dele?

Começo a rir da voz enciumada do Teddy.

- Esta com ciúmes do Erick?

- Claro que não. Estou com ciúmes do mozão.

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Começo a rir alto e diminuo ao ver uma enfermeira


me olhar.

- Ele era meu antes de ser do Tomatinho.

- Me prometa que não vão levar o Fernando para o


mundo de vocês.

- Meu amor!!!! É impossível não vir para o nosso


mundo tendo Palmitão e Tomatinho á vontade.

Agora é Teddy quem esta rindo.

- Estamos fazendo uma salada aqui em Holambra.

- Salada?

- Ah sim! Palmitão, Tomatinho e Berinjela. Uma


enorme berinjela aqui no nosso meio.

- Ele vai te bater se ouvir isso.

- Do jeito que esta carente, não vai fazer nada.

- Ele esta muito triste?


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- Esta tentando entender seus motivos.

A porta do quarto se abre e meu pai sai com o


medico.

- Vou assinar a alta dela.

O medico diz e já segue pelo corredor. Meu pai me


olha e sorri, sem muita empolgação. Fecha aporta e
vem até onde estou.

- Teddy, depois nos falamos. Preciso desligar.

- Tudo bem! Te amo, anjo!

- Também te amo!

Desligo e me viro para o meu pai.

- O que o médico disse?

- Que o coração esta batendo normal e que o


motivo é ela não estar nervosa.

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Meu pai se encosta na parede ao meu lado.

- E o motivo dela não estar nervosa é não lembrar


do que aconteceu?

Confirma com a cabeça.

- Disse que ela teve uma amnésia pós traumática.

- Me explica.

- O trauma pra ela foi tão pesado que


inconscientemente ela bloqueou essa lembrança.

- Então a queda foi o que ajudou nesse bloqueio?

- Sim.

- Mas ela vai se lembrar disso?

- O médico disse que sim.

Respiro fundo.

- Mas espero que até ela lembrar, a verdade seja


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dita.

Olho para o meu pai.

- Quando vamos contar a ela?

- Assim que estiver mais calma.

- Entendo.

- Pensei em viajar com ela.

Seus olhos brilham.

- Para onde?

- Talvez voltar ao nosso passado.

Encaro meu pai assustada.

- Chegou a hora de voltarmos para Holambra.

Passa a mão em meu rosto.

- Esta na hora das famílias se unirem.


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Capítulo 24

Respiro fundo encarando a janela do carro. Meu pai


dirigi o carro para Holambra, enquanto minha mãe
ainda questiona porque ele escolheu nosso antigo
lar para uma viagem em família.

- Helio, você sabe que não temos boas lembranças


de lá.

Olho para frente e vejo meu pai me olhando pelo


espelho retrovisor.

- Querida, nós precisamos nos reconectar com o


nosso passado. Preciso me entender com meu
irmão.

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- Ele nunca aceitou o fato de você pegar sua parte


na empresa da família e recomeçar nossa vida em
São Paulo.

Desço meus olhos para o celular. Nada do


Fernando e começo a me desesperar.

- Clara, tem certeza que seu irmão já esta em


Holambra?

- Sim... ele foi para arrumar um hotel para nós.

Digo sem erguer minha cabeça.

- Isso é tão estranho. Não estou gostando da


sensação que me escondem algo.

Ergo meus olhos e ela esta me olhando.

- O que esta acontecendo?

- Nada...

- Você esta mentindo.

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Se vira para o meu pai.

- Helio, o que esta acontecendo?

- Querida, já te disse. Esta na hora de resolver


nossos problemas do passado.

Respira fundo irritada e se cala.

****************

O resto da viagem foi tranquila, apesar do meu


coração apertado. Meu pai para o carro em frente
ao hotel da família Lombard. Descemos do carro e
olho em volta.

- Vou na frente resolvendo algumas coisas, antes de


entrarem.

- Tá bom!

Pego minha bolsa e sigo para dentro do hotel. Dou


de cara com a Sra. Lombard.

- Clara!
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Diz com a voz sem emoção.

- Sra. Lombard, estou com meus pais e preciso de


um quarto.

- Fernando avisou que estavam vindo.

Ela parece ainda mais amarga.

- Já deixei preparado um quarto perto de onde esta.

- Obrigada!

Tento ser amável, mas nada muda sua carranca.

- Lina esta?

- Não...

Responde seca.

- Antes que me pergunte, seus dois amigos


namoradinhos, também não estão.

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Respiro fundo.

- Fernando?

Pergunto e meu coração acelera.

- Saiu desde cedo e não voltou.

Suspiro triste pelo seu sumiço.

- Filha!

Me viro e minha mãe entra com meu pai.

- Tudo certo com nossa hospedagem?

- Sim, Fernando resolveu tudo.

- Que bom! Onde ele esta?

- Parece que saiu, mas deve voltar logo.

Minha mãe olha para a Sra. Lombard.

- Conheço você.
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- Esposa do Dr. Lombard.

- Oh!!!!

Acho que ambas não querem relembrar algo tão


triste agora.

- Vou leva-los até o quarto de vocês.

Sra. Lombard passa por mim e segue para a escada.

- Você não vem, filha?

Olho para o meu pai na escada.

- Vou esperar pelo Fernando um pouco.

- Tudo bem!

Sobem a escada e volto meus olhos para a entrada


do hotel.

**********

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Já se passaram 45 minutos e nada dele. Esta


fugindo de mim e isso me deixa ainda mais
quebrada por dentro. Tudo minha culpa. Subo a
escada para os quartos, sentindo meus olhos
arderem pelas lágrimas que seguro. Dou de frente
com a Sra. Lombard. Ela percebe que seguro o
choro, mas não diz nada.

- A chave do seu quarto, Fernando deixou para te


entregar.

Pego a chave de sua mão e ela passa por mim. Abro


a porta do quarto e entro rapidamente. Meu celular
vibra e meu coração dispara. Jogo minha mala no
chão e pego meu celular no bolso. É o meu pai
Helio.

De: Papai
Para: Clara

Sua mãe esta cansada e vamos repousar até o


jantar. Se precisar de algo nos chame. Beijos

De: Clara
Para: Papai
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Tudo bem! Vou ver se acho Fernando.

Coloco o celular na mesinha e sobre a cama do


nosso quarto tem uma camiseta dele. As lágrimas
que antes segurei bravamente, agora rolam sem
parar pelo meu rosto. Pego sua camiseta e a cheiro.
Fecho meus olhos tentando fazer seu cheiro
acalmar meu coração. Nós vamos ficar bem. Me
deito na cama agarrada a sua camiseta e mantenho
meus olhos fechados. Escuto batidas na porta do
quarto e me levanto rapidamente. Corro até a porta
e abro. Assim que meus olhos encontram o de
Erick, me jogo em seus braços chorando.

- Clara!!!! O que aconteceu?

Meu choro aumenta e enfio meu rosto em seu


pescoço. Erick me traz para dentro do quarto e
fecha a porta. Me senta na cama e se ajoelha a
minha frente.

- O que houve?

- Ele esta fugindo de mim...


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Digo entre os meus soluços.

- Não queria machuca-lo assim.

- Dê um tempo a ele.

Olho para o Erick.

- Você falou com ele?

- Não, mas pude acompanhar tudo pelo Teddy. Ele


é meio fofoqueiro.

Abro um pequeno sorriso e limpo minhas lágrimas.

- O que ele te disse?

- Não confio muito nas versões dele.

Agora é ele quem ri.

- Parece que tudo em sua versão é um drama


mexicano.

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- Talvez dessa vez seja.

Respiro fundo.

- Independente de tudo, apenas deixe tudo se


acalmar.

- Estou exausta fisicamente e mentalmente. Desde


que me disse que eu não era uma Ribeiro pelo meu
tipo sanguíneo, minha vida tem sido uma loucura.

Se levanta e puxa a coberta da cama. Me arrasto


nela e me deito no travesseiro. Ele tira meus
sapatos e depois os dele. Se deita na cama a minha
frente e nos cobre.

- Que tal desligar um pouco e tentar dormir?

Passa a mão em meu rosto.

- Esse pesadelo vai acabar quando eu acordar?

Sorri carinhosamente.

- Não, mas pelo menos você vai ter energia para


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continuar a batalha.

- Onde esta o Teddy que não esta cuidando de


você?

- Esta cuidando do Fernando, enquanto eu cuido de


você.

Beija a minha testa.

- Agora durma.

****************

Abro meus olhos aos poucos.

- Teddy?!?!

Ele abre um enorme sorriso.

- Sentiu minha falta, anjo?

- Sim...

Abre os braços e me sento na cama para abraça-lo.


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- Que tal um banho agora e depois uma volta


comigo?

- Quero falar com o Fernando.

- Você vai falar com ele na hora certa. Agora vai


ficar um pouco comigo. Vai tirar esse cheiro de
"bad" desse seu corpinho lindo e colocar uma bela
roupa.

- Por que uma bela roupa?

- Não é porque sou gay, que tem que se vestir como


baranga. Eu ainda gosto de gente bonita,
independente de sua escolha sexual.

Começa a rir.

- Então vai e use algo como se fosse querer dar pra


mim.

- Senti tanto sua falta.

- Eu sei. Agora vai para o banho.


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*************

Termino de arrumar meu cabelo e ele me olha no


espelho sorrindo.

- Linda!!!!

Passo a mão em meu vestido vermelho.

- Tem certeza?

- Sim! Me fez até ficar excitado.

- Você excitado com uma mulher?

- Não querida! Com esse vestido. Ele ficaria lindo


em mim.

Reviro os olhos e ele ri da minha cara.

- Agora vamos para uma noite nossa.

Estica a mão e a seguro.

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- Meus pais estão aqui. Não queria deixa-los


sozinhos.

- Erick esta cuidando deles. É hora de você


esquecer tudo isso um pouco.

- Tudo bem!

****************

Estamos no carro há 20 minutos. O caminho é o


mesmo que para a casa dos meus pais biológicos.

- Estamos indo para a casa dos Silva?

- Não...

Olho em volta.

- Onde vamos?

- Conheci algumas pessoas em Holambra. Vamos


jantar na casa de uns amigos.

Teddy para em frente a uma enorme casa. Em torno


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dela não se vê nenhuma outra casa. Esta tudo


apagado.

- Tem certeza que estão esperando a gente?

- Sim, tenho!

Desce do carro e o sigo descendo também. Da a


volta no carro e pega a minha mão. Andamos por
um caminho lindo de flores. Belas flores plantadas
na lateral do caminho de pedras. Paramos em frente
a casa. Teddy bate na porta e tudo esta silencioso.

- Teddy, não deve ter ninguém.

- Tem que ter. Eles não podem ter esquecido o


jantar.

Olha em volta.

- Fique aqui que vou ver se tem alguém nos fundos


da casa.

- Teddy!
Me ignora e sai me deixando sozinha. Olho em
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volta e tudo esta escuro. Um barulho na porta me


assusta. Dou um passo para trás e a porta se abre.
Não tem ninguém na porta.

- Oi!!!!

Digo dando um passo para frente.

- Tem alguém aí?

Pergunto dando mais alguns passos e entro na casa.


Meus olhos brilham ao ver a casa sem móveis, toda
coberta de flores. A luz é baixa e não tem um lugar
sem flores. Estou encantada! Escuto passos atrás de
mim.

- Clara!

Me viro rapidamente.

- Fernando!

Olho pra ele e minhas mãos tremem.

- Eu queria...
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As palavras vão sumindo por causa do meu


nervosismo e meus olhos se enchem de lágrimas.

- Me desculpa!

É a única coisa que sai da minha boca.

- Gostou da casa?

Me viro e olho em volta.

- É linda!

Me viro novamente e levo um susto ao vê-lo de


joelhos.

- Ela pode ser nossa, se...

Meu coração dispara ao vê-lo tirar uma caixinha de


veludo vermelha de seu paletó.

- Se você aceitar se casar comigo.

Abre a caixinha e um belo anel surge. Olho o anel e


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depois para ele, ainda tonta com tudo isso.

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- Diga sim para ser minha e para sempre será uma


Ribeiro. Você será a minha Sra. Ribeiro. Pertencerá
para sempre na nossa família, como minha mulher.

Capítulo 25
NARRAÇÃO FERNANDO

Ando de um lado para o outro na sala da casa. Olho


mais mil vezes para tudo, tentando ver se tem algo
errado. Minhas mãos estão suando e meu coração
parece que vai sair pela boca. Desde que ouvi a
conversa dela com Teddy, tive certeza que não
podíamos mais esconder o nosso amor. Quero ela
pra mim. Seja uma Silva ou uma Ribeiro, quero que
Clara seja minha. Não teve medo de nós quando
fugiu, só precisava se encontrar. Escuto barulho de
carro se aproximando e vou para a janela, perto da
porta. Olho o carro parando. Teddy sai do carro e
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logo em seguida ela. Clara esta linda! Mais linda do


que nunca. Olhando-a agora, percebo o quanto senti
sua falta. Falta de apenas olhar seu rosto e seu
corpo. Ama-la com meus olhos. Os dois andam até
a porta e respiro fundo. Escuto baterem e fico em
silêncio. Espero o sinal do Teddy. Escuto os dois
conversando. Teddy diz que vai dar a volta e Clara
entra em pânico. Olho a janela e ele esta me
olhando com um enorme sorriso. Faz um coração
com a mão e me da tchau. Reviro os olhos, pois
isso é típico dele. Dou dois passos até a porta e
abro, voltando para trás para ela não me ver.

- Oi!!!!

Diz entrando aos poucos.

- Tem alguém aí?

Olha em volta e posso ver seu corpo relaxar, vendo


as flores por toda a parte. Chegou a hora.
Encosto a porta sem fazer barulho e ando atrás
dela.

- Clara!
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Se vira assustada e me olha.

- Fernando!

A voz dela é carregada de choro.

- Eu queria...

O choro entalado em sua voz sobe para os seus


olhos que brilham cheios de lágrimas.

- Me desculpa!

Sussurra perto de chorar. Não quero que ela chore.


Não agora...

- Gostou da casa?

Vira e observa a nossa futura casa. Isso se ela


aceitar meu pedido. Antes de se virar, me ajoelho.

- É linda!

Diz se virando e sua boca se abre me vendo de


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joelhos. Me encho de coragem.

- Ela pode ser nossa, se...

Tiro a caixinha com a aliança do meu bolso e olho


para a minha futura mulher.

- Se você aceitar se casar comigo.

Abro a caixinha, mostrando o anel. Uma lágrima


escorre pelo rosto de Clara. Controlo a vontade de
me levantar e seca-la. Ainda falta fazer o pedido.

- Diga sim para ser minha e para sempre ser uma


Ribeiro. Você será a minha Sra. Ribeiro. Pertencerá
para sempre na nossa família, como minha mulher.

Um soluço escapa de Clara e suas lágrimas agora


são intensas pelo seu rosto. Cai de joelhos e cobre
seu rosto com as duas mãos. Seu corpo treme e a
puxo para os meus braços assustado. Não digo nada
e apenas aperto-a contra o meu corpo. Seu rosto em
meu peito e apenas o eco de seu choro ecoa pela
casa. Beijo sua cabeça e me afasto. Seguro seu
rosto em minhas mãos e vejo que seus olhos azuis
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estão ainda mais claros.

- Isso é um não!?!?!

Com as costas da mão, tenta limpar seu rosto.

- Achei que tivesse perdido você.

Avança em minha boca e me beija. Um beijo de


saudade e medo.

- Me desculpa!

Beija meu rosto todo.

- Me desculpa!

Para seus lábios sobre os meus.

- Ainda não me respondeu.

Digo com a boca exprimida pela dela, que se afasta


rindo.

- Sim... mil vezes sim.


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Respiro aliviado. Tiro o anel da caixinha e pego sua


mão.

- Depois que eu colocar esse anel no seu dedo,


nunca mais vai fugir de mim.

Abre um enorme sorriso.

- Nunca mais.

Coloco o anel em seu dedo e Clara se joga em meu


corpo, me fazendo cair de costas. Continua
beijando meu rosto.

- Eu amo você!!!

Diz várias vezes, até parar de me beijar e me olhar.

- Você disse nossa casa?

Pergunta com os olhos saltados.

- Sim...

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Tiro alguns fios de cabelos de seu rosto.

- Nossa...

Beijo a ponta de seu queixo.

- Não vou deixar você voltar para Londres.

Passo a mão em seu rosto.

- Sei que vai ser difícil nossa vida em São Paulo.


As pessoas já nos conhecem como irmãos.

Beijo seus lábios.

- Pensei em recomeçar nossas vidas aqui. Perto dos


seus pais.

Clara sai de cima de mim.

- Fernando, isso é uma mudança muito drástica


para os nossos pais e para a sua empresa.

Nos levantamos.

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- Não quero que sacrifique sua empresa por mim.

Seguro sua mão.

- Não é por você, é por nós.

Trago sua mão a minha boca e beijo a aliança.

- Não vou sacrificar a empresa. Posso abrir mais


uma aqui e nomear um vice-presidente para a de
São Paulo.

- Ainda teríamos nossos pais.

- Já falei com nosso pai e ele aprovou.

Me olha de um jeito interrogativo.

- Vem conhecer nossa casa.

Puxo-a pela mão.

- Já comprou?

- Assinei a compra hoje.


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Entramos na sala de jantar. Clara olha tudo atenta.

- A cozinha...

Solta minha mão e anda passando o dedo no balcão


e depois na pia. Para em frente a enorme janela que
tem uma linda vista para o nosso enorme quintal.
Me aproximo e abraço seu corpo, beijando seu
pescoço.

- Agora esta escuro, mas quando esta iluminado, da


para ver nosso enorme gramado cheio de árvores.

Aproximo minha boca de seu ouvido.

- Para os nossos filhos correrem.

Clara se vira e ri.

- Filhos? No plural?

- Sim...

Beijo sua boca.


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- Muitos.

- Muitos!?

Seus olhos se arregalam.

- Clara, você tem um irmão gêmeo e eu tive uma


irmã gêmea. A probabilidade de colocar dois dentro
de você de primeira é enorme.

- Não me assuste assim, Fernando!

- Podemos começar agora.

Minha mão desce pelo seu ombro e braço. Desvio


para sua barriga e quando chego na barra do seu
vestido, alguém muito chato aparece.

- Clara... Fernando...

Reviro meus olhos e ela ri. Teddy nos chama mais


uma vez.

- Seu amigo é muito chato.


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- Nosso! Parece que você usou bastante ele nesses


dois dias.

Me empurra e nos arrasta até a sala. Teddy esta no


meio dela, encantado com as flores. Não o deixei
ver a decoração.

- Teddy!

Clara grita e quando vai correr, a seguro pela mão.


Me olha sem entender e dou um sorriso.

- Espera!

Aponto com a cabeça e Clara olha para trás do


Teddy. Erick se aproxima com calma, enquanto o
Palmitão se vira.

- Que susto, Tomatinho. Não sabia que também


viria para o momento dos dois.

Erick respira fundo e abraço Clara para assistir algo


interessante. Quando esta na frente do Teddy, o
Tomatinho se ajoelha.
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- Para de brincadeira... isso não tem graça.

Erick fecha os olhos e respira fundo mais uma vez.


Acho que esta buscando coragem.

- Anda Erick! Levanta! Não se brinca com isso.

Então ele abre os olhos.

- Teddy, desde que descobri o tipo de homem que


eu era, questionei várias vezes se realmente era essa
a minha escolha.

Palmitão esta paralisado.

- Mas você surgiu na minha vida e as duvidas


sumiram.

- Tomatinho, não! Não quero chorar.

Erick enfia a mão no bolso e retira a caixinha com a


aliança e me sinto orgulhoso por ter ajudado a
escolher o anel.

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- Não vou deixar você voltar para Nova York.

Abre a caixinha e Teddy solta um grito.

- Se resolver voltar, quero estar ao seu lado. Como


seu companheiro, seu marido.

Tem alguém muito gay chorando emocionado e


vejo que Clara também.

- Palmitão, quer casar ...

- Sim...

Teddy não deixa Erick terminar e se joga em cima


dele, caindo os dois no chão.

- Sim... sim... sim...

Grita feito louco beijando o rosto de Erick.

- Eu vou ser o Sr. Tomatinho!

Grita mais alto ainda e começamos a rir. Erick


consegue mesmo em meio a gritaria e euforia de
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Teddy, colocar o anel no dedo dele. Meu amigo se


levanta e começa a rir vendo o anel. Se vira para
nós e sorri. Merda!!! Ele vai vir abraçar Clara todo
empolgado e vai sobrar pra mim. Me afasto da
minha mulher e como previa, ele vem correndo
como um caminhão desgovernado.

- Eu vou me casar!

Quando acho que vai agarrar Clara, desvia e me


agarra.

- Também vou me casar, mozão!!!!

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Capítulo 26
NARRAÇÃO TEDDY

Entro na casa com calma. Já deu tempo dele fazer o


pedido.

- Clara... Fernando...

Chamo pelo meu casal fofo e nada. Passo pela sala


toda decorada e fico chocado de como o mozão foi
romântico. Que bofe perfeito a Clara arranjou.

- Teddy!

Vejo minha amiga com um enorme sorriso do outro


lado da sala.

- Teddy!

Quando ela tenta correr para me abraçar, Fernando


a segura. Ele indica a ela algo atrás de mim e já
quase me cago de medo. Ninguém merece ser
roubado nesse dia tão importante pra eles. Me viro
com calma e vejo Erick. Meu corpo relaxa.
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- Que susto, Tomatinho! Não sabia que também


viria para o momento dos dois.

Erick parece nervoso, mais nervoso que o normal.


Se ajoelha com calma e meu coração volta a
disparar.

- Para de brincadeira! Isso não tem graça.

Misericórdia, que minhas pernas tremem mais que


duas bichas peladas brincando na neve.

- Anda Erick! Levanta. Não se brinca com isso.

Esta de olhos fechados, respirando fundo. Então


abre os olhos e a forma como me olha, sei que é
serio o babado.

- Teddy, desde que descobri o tipo de homem que


eu era, questionei várias vezes se realmente era essa
a minha escolha.

Minha nossa senhora!!!!! Isso deve ser sonho!!!!

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- Mas você surgiu na minha vida e as duvidas


sumiram.

- Tomatinho, não! Não quero chorar.

Tento segurar as lágrimas que queimam meus


olhos. Erick enfia a mão no bolso e retira uma
caixinha. Cadê o mozão aqui do lado pra me
segurar agora??? Acho que vou ter um treco.

- Não vou deixar você voltar para Nova York.

Abre a caixinha e sem querer solto um grito


escandaloso. O anel é babado sério.

- Se resolver voltar, quero estar ao seu lado. Como


seu companheiro, seu marido.

Merda!!!! Merda!!!! Que se dane as lágrimas.

- Palmitão, quer casar ...

- Sim...

Respondo sem nem ouvir o resto da pergunta,


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porque ele pode desistir. Me jogo em cima do


Tomatinho e beijo todo seu rosto.

- Sim... sim... sim...


A risada dele é contagiante e estamos rindo no
chão.

- Eu vou ser o Sr. Tomatinho!

Grito rindo ainda mais. Erick coloca a aliança em


meu dedo e coloco a dele nele.Eu vou me casar!!!!
Eu vou me casar!!!! Não consigo me segurar de
emoção e me levanto vendo o anel no meu dedo.
Preciso contar pra todo mundo. Me viro e vejo meu
casal fofo. Abro um enorme sorriso ao ver Clara
chorando por mim. O mozão tem um enorme
sorriso, que logo desaparece e seus olhos se
arregalam. Adoro quando ele sabe o que vou fazer.
Começo a correr em direção a ele e Fernando se
afasta. Ah mozão!!!! É você mesmo que eu quero.

- Eu vou me casar!

Grito e desvio de Clara, agarrando meu amigo.

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- Também vou me casar, mozão!!!!

Fernando começa a rir.

- Eu vi...

Seu sorriso agora é daqueles de deixar qualquer


pessoa na face da terra mole, não interessa a
sexualidade. Podia morder esse delicia, mas em
respeito a Clara me controlo.

- Espero que seja tão feliz quanto Clara e eu.

Olha pra ela que devolve o sorriso encantador.


Shippo esses dois até no inferno, ao lado do capeta,
sentado no colo dele.

- Quero que seja meu padrinho.

Fernando me olha sem graça.

- Eu!?!?!

- Sim... meu melhor amigo e meu crush eterno.

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- Ouvi isso.

Olho para trás e vejo Erick.

- Qual é!?!?! Ele chegou primeiro na minha vida.

- Se eu não soubesse do amor desses dois, teria


ciúmes do Fernando.

- Cara,só sou um amigo.

Mozão diz erguendo as mãos.

- Como meu amigo, quero que participe desse


momento importante da minha vida.

- Tudo bem, eu aceito!

Abraço ele novamente.

- E eu achando que era sua melhor amiga.

Solto Fernando e vejo Clara fingindo estar brava.

- Não fica assim, anjo!


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Abraço ela também.

- O que acham de comemorar?

Tomatinho diz empolgado.

- Tem um bar no centro da cidade. Podemos ir


beber algo.

- Por mim tudo bem.

Fernando diz e puxa Clara para seus braços.

- Vamos?

- Sim...

Ela fala sorridente.

- Espera!

Grito e eles me olham.

- Esta faltando algo aqui.


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Me olham sem entender nada.

- Mozão, faça o pedido.

- Que pedido?

Fernando esta perdido e olho pra ele bravo.

- Você sabe que pedido.

Então entendendo o que eu quero, começa a rir.

- Qual a graça?

Clara pergunta nos olhando.

- Teddy...

Tenta parar de rir.

- Quer ser meu padrinho?

- Sim...

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Grito e quando vou pular nele, Fernando corre para


fora da casa e eu o sigo.

- Volta aqui mozão...

- Chega de abraços...

********************

Depois de correr por quase 10 minutos, consegui


abraçar o mozão e agora estamos em frente ao bar.
Assim que entramos já da para perceber que é bem
rústico. Isso vai dar merda. Lugares assim não
estão acostumados a pessoas como Erick e eu.

- Não é melhor escolher outro lugar?

Digo olhando em volta.

- Não...

Erick diz firme e me puxa pela mão até uma mesa e


nos sentamos. Os olhares me incomodam, mas
tento evitar. Fernando e Erick começam a beber,
Clara e eu ficamos apenas no suco. Alguém precisa
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dirigir.

**************

Já estamos aqui há duas horas e os meninos estão


muito bêbados.

- Erick parece feliz.

Clara diz em meu ouvido e a insegurança de ter


feito a coisa errada, vem com tudo.

- Acho que forcei esse pedido de casamento.

Ela me olha sem entender.

- Se você acha que forçou esse pedido, por que


aceitou?

- Porque amo o Erick. Nunca senti por alguém o


que sinto por ele. Só que não acho que o amor dele
seja grande assim.

- Por que acha que forçou o pedido de casamento?

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Respiro fundo, ainda observando os dois bêbados,


rindo felizes.

- Você esta perto de se entender com sua família.


Tudo esta perto de virar um felizes para sempre.

Olho para Clara.

- Assim como você, fugi para Londres. Deixei


minha família no Rio de Janeiro, porque não me
aceitavam como sou.

Segura a minha mão, tentando partilhar do meu


momento.

- Conversei com Erick sobre isso. Disse a ele que


assim como você, queria resolver minha historia
com a minha família. Disse que voltaria para o Rio.

Ela aperta minha mão.

- Por isso no pedido ele disse que iria com você pra
lá.

- Sim...
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Solto um longo suspiro.

- Acho que isso o fez entrar em pânico.

- Ele gosta de você, Teddy.

- Clara, percebeu que no pedido ele não disse te


amo?

Meu coração aperta.

- Ele nunca me disse isso. Estamos noivos e nunca


dissemos essas duas palavras tão importantes.

- Conversa com ele.

Olho para o Tomatinho e respiro fundo.

- Depois que a bebedeira passar converso com ele.

Solto a mão dela.

- Vou ao banheiro.

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Me levanto e ando até o corredor do banheiro.

- Você não pode entrar ai.

Paro em frente a porta do banheiro masculino. Me


viro e vejo um homem alto, com um jeito grosseiro.

- Preciso ir ao banheiro.

- Pessoas como você não podem usar esse banheiro.

Reviro os olhos.

- Pessoas como eu ainda tem um pau e esse pau


precisa mijar.

Seguro a maçaneta da porta para abrir e o cara


agarra meu braço.

- Solta ele.

Por cima dos ombros do cara, vejo Erick. O


brutamontes começa a rir.

- Sua mulherzinha esta entrando no lugar errado.


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- Eu disse para soltá-lo.

Erick diz mais firme.

- Não precisa disso tudo. É melhor eu sair daqui.

Me solto do cara e quando vou passar por ele,


escuto me ofender. Em segundos Erick passa por
mim e quando vejo, os dois estão no chão.

- Puta que pariu!!!!

Grito indo até eles. Quando o idiota vai bater no


Erick, o puxo e jogo na parede. Me olha assustado,
pela força que usei.

- Eu disse que tinha pau. Isso significa que também


bato como homem.

Dou um soco na cara dele que cai no chão de


bunda.

- Vem, Erick!

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Estendo minha mão pra ele que a pega e se ergue.


Vejo que sua boca sangra. Me abraça e andamos
até a nossa mesa.

- O que aconteceu?

Fernando pergunta assustado.

- Um idiota.

Digo sem dar importância.

- O que ele fez?

Sento Erick na cadeira.

- Clara, pega gelo pra mim.

Peço e ela anda até o balcão.

- Queria encrenca com o Teddy.

Meu noivo bêbado diz fechando os olhos com dor.


Clara aparece com um balde de gelo e um pano.
Coloco o gelo no pano e levo até a boca ferida dele.
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- Ai!!!!

Grita e tento não rir. Ele abre os olhos.

- Não precisava ter tentado me defender.

Sussurro e ele segura a minha mão perto de sua


boca.

- Nós seremos um só. Suas brigas serão as minhas


brigas.

Um pequeno sorriso surge em meus lábios.

- Você esta bêbado.

Ele sorri e geme de dor em seguida.

- Não tão bêbado para continuar comemorando.

Puxa minha mão de sua boca e avança me dando


um beijo rápido.

- Te amo!!!
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Sussurra, antes de sair rindo. Meu coração parece


uma escola de samba. Eu amo esse Tomatinho.
Clara toca meu ombro.

- Ele te ama!!!!

Diz com a voz doce.

- Eu ouvi.

- Clara!

Ela se vira e seu aperto em meu ombro é forte.

- Caique...

Me viro e os dois irmãos se olham. Ambos estão


paralisados.

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Capítulo 27
NARRAÇÃO CLARA

Vejo Erick dar um beijo rápido em Teddy e dizer


alguma coisa que faz meu amigo sorrir feito bobo.
Erick se afasta rindo, indo até Fernando que bebe
feliz e me aproximo de Teddy.

- Ele te ama!!!!

- Eu ouvi.

- Clara!

Viro minha cabeça e vejo Caique e Lina

- Caique...

Será que ele já sabe de tudo?!?!! Busco em seu


rosto alguma resposta a minha pergunta. Então um
lindo sorriso surge em seus lábios e ele corre em
minha direção. Só tenho tempo de me afastar de
Teddy, antes dele me agarrar em uma abraço forte,
que tira meus pés do chão. Me roda rindo e abraço
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ele rindo também.

- Acho que já te contaram.

Vai parando de me rodar e me coloca no chão, sem


me soltar de seu abraço.

- Minha irmã...

Diz com a voz cheia de alegria.

- Eu tenho uma irmã.

Me agarra tão forte que minha cabeça se espreme


em seu peito.

- Vai matar a coitada.

Lina diz batendo em seu braço.

- Me deixa curtir. Tenho 25 anos de abraços não


dados.

Do nada ele me solta e me da um tapa no braço.

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- Ai!!! O que eu te fiz?

- Pelos tapas não dados.

Devolvo o tapa rindo.

- Vamos parar por aqui.

Então seu olhar brincalhão muda e vejo lágrimas


em seus olhos.

- Perdemos tanto tempo.

Certo!!!! Agora estou com os olhos cheios de


lágrimas.

- Nunca mais vai ficar longe de mim.

Me puxa e me abraça tão forte que me sufoca, mas


não digo nada. Finalmente sei o que é abraçar um
irmão sem o desejar. Sentir um amor puro, sem
qualquer desejo, como era com Fernando. Com a
cabeça em seu peito, fecho meus olhos e curto um
abraço de irmãos.

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- Me diz que você ainda é virgem, por favor?!?!?!


Aquele idiota ainda não te cutucou, né?

Começo a rir e ele se afasta, segurando meus


braços e olhando sério pra mim.

- Eu vou matar aquele cara.

- Caique, já tenho idade pra isso.

- Não me interessa. Você é minha irmã e agora


posso proteger sua honra.

Minha risada aumenta e vejo ele tentando ficar


sério.

- De que século você veio?

- Vou marcar o duelo com ele.

Bato em seu braço.

- Para... Lina é mais nova do que eu e você


engravidou a coitada.

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Então percebo que pela primeira vez, posso falar do


meu sobrinho, sem ter medo.

- Eu vou ser tia.

É difícil não sorrir feito uma idiota.

- Eu vou ser pai.

E novamente estamos nos abraçando como irmãos


que se amaram a vida toda.

- Espero que seja um moleque. Daqueles bem


ligeiros.

- Vai ser uma menina linda como a tia.

- Não brinca com isso.

- Agora podem se soltar.

Lina diz e percebo que ela esteve ao nosso lado


assistindo a tudo até agora.

- Se é pra falar do meu filho, então me coloquem na


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conversa.

Ando até ela e a abraço.

- Obrigada por tudo!

- Não precisa agradecer. Além do meu bebê, você


veio como um lindo presente para a nossa família.

Sinto alguém se aproximar e pelo calor do meu


corpo sei bem quem é.

- Quanto abraço.

Solto Lina e vejo um Fernando extremamente feliz


e bêbado. Automaticamente envolve seus braços
em meu corpo e me beija. Um beijo nada
apropriado para se dar na frente dos outros. Solta
meus lábios e sorri malicioso.

- Menos...

Sussurro e ele ergue uma sobrancelha.

- Não coma a minha irmã na nossa frente.


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Olho para Caique rindo.

- Então já sabe de tudo?

- Sim...

Diz sorridente.

- E vamos ter uma conversa sobre suas intenções.

Fernando pega a minha mão com aliança e ergue.

- Ah!!!! Certo!!!! Então pode comer sem


problemas.

- Caique!!!!

Lina diz batendo nele e estamos rindo.

- Qual é? Ela tem uma aliança de noivado. Sinal


que ele não quer só sexo.

- Para de falar besteira. Vamos pra casa.

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Lina me olha.

- Nos vemos amanhã e conversaremos sobre tudo.

- Tudo bem!

Lina agarra a mão de Caique que sorri pra mim.

- Tchau, irmã!

- Tchau, irmão!

Assim que eles se afastam, olho em volta


procurando Teddy.

- Você viu o Teddy e o Erick?

- Foram embora.

Fernando diz muito perto do meu ouvido, me


causando arrepio.

- Foram comemorar.

Morde a ponta da minha orelha e desce beijando


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meu pescoço.

- Vamos embora!

Seus beijos já estão em meu queixo.

- Vamos comemorar também.

Sussurra perto da minha boca.

- Preciso desesperadamente do seu corpo.

- Você esta bêbado.

- Isso não muda meu desejo por você.

Puxa ainda mais meu corpo para o dele.

- Quero fazer amor gostoso.

Beija de leve minha boca.

- Até meu corpo não aguentar mais.

- Do jeito que esta, se chegar no quarto acordado já


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é uma vitória.

Enfio a mão em seu bolso direito, tentando achar a


chave do carro. Algo duro cutuca minha mão e ele
sorri.

- Isso não é a chave.

Tiro minha mão e coloco no bolso esquerdo,


achando a mesma coisa dura cutucadora.

- Também não...

Reviro os olhos rindo e levo minhas duas mãos


para trás, procurando em seus bolsos traseiros a
chave. Isso me faz o abraçar e ele aproveita para
roçar em mim.

- Para a bunda.

Digo rindo e puxo a chave de seu bolso.

- Vem...

- Vai dirigir?
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- Sim, você esta bêbado.

- Bêbado de amor.

- Vamos antes que diga mais alguma coisa cafona.

Pego sua mão e o arrasto para fora do bar. Chego


no carro e tento abrir a porta do passageiro, mas é
impossível com um Fernando me agarrando.

- Fernando...

Tento me afastar dele.

- Você esta tão linda...

Beija meu pescoço e suas mãos parecem


multiplicar e todas elas percorrem meu corpo. Ele
literalmente virou um polvo. Fernando polvo.
Finalmente abro a porta e o jogo pra dentro.
Quando vou colocar seu cinto, tenta chupar meu
peito.

- Não...
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Bato em sua mão que tenta abaixar meu decote.

- Só uma chupada.

- Não.

Faz um bico fofo e o beijo, antes de fechar a porta.


Vou para o lado do motorista e entro. Assim que
fecho a porta e me viro pra ele, o vejo quase
dormir. Ainda queria fazer amor até a exaustão.
Puxo meu cinto.

- Assim que chegarmos, vou arrancar sua roupa e te


possuir.

Esta me falando safadeza de olhos fechados. Deve


estar dormindo.

- Vou chupar você toda.

Fernando bêbado é um tarado narrativo.

- Vamos transar em cima de tudo. Cama, mesa, pia,


em todos os lugares.
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Então ele apaga e sei porque começa a roncar.


Parece que vou cuidar de um bêbado a noite toda.
Paro o carro em frente ao hotel. Solto meu cinto e
do Fernando. Saio do carro e sigo para a porta dele.
Assim que abro, ele quase cai do banco. Seguro sua
cabeça.

- Fernando...

Chamo por ele o segurando.

- Preciso da sua ajuda para sair do carro.

- Hum...

Resmunga e continua na mesma.

- Precisamos ir para o quarto.

- Gosto de quarto.

Diz com a voz safada, sem abrir os olhos.

- Então vamos sair do carro.


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- Cama e Clara.

Diz rindo e ignoro. Coloco seu braço em volta do


meu pescoço e o puxo para fora do carro.

- Mova os pés.

- Estou movendo.

Vem andando comigo e cheira meu cabelo.

- Cheiro de Clara.

Entramos no hotel e ando até a escada. Ele para no


primeiro degrau e se solta de mim.

- Deixa que consigo.

Agarra a mão no corrimão.

- Tá!!!! Vai ser difícil.

- Você ainda queria fazer amor.

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- Clara... Fernando...

- Ai cacete!!!!

Fernando diz se virando.

- Mãe...

Me viro e respiro fundo.

- Você esta bêbado?

- Não...

Fernando diz, mas não consegue se manter reto.

- Esta mãe! Amanhã pode dar o sermão, agora


tenho que cuidar dele.

- Que vergonha meu filho. Porque fez isso?

- Só estava feliz demais por terem vindo também.

- Clara cuide dele, filha. Amanhã teremos uma bela


conversa. Achei que tivesse superado seu
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alcoolismo.

Fernando fica calado.

- Vamos subir.

Mamãe me ajuda a subi-lo e paramos em frente a


porta do meu quarto.

- Consegue mesmo cuidar dele?

- Sim...

Beija minha cabeça e depois a cabeça de Fernando.

- Boa noite, queridos!

Abro a porta e Fernando entra. Mamãe segura


minha mão.

- Qualquer coisa me chama.

- Pode deixar.

- Ele vai dar trabalho.


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- Me viro com ele.

Sorri e segue para o quarto dela. Fecho a porta e me


assusto quando meu corpo é colado nela. Fernando
me prende na porta com seu corpo e suas mãos
deslizam em meu corpo. Escuto ele trancar a porta.

- Você é minha!

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Capítulo 28

Sua voz é arrastada.

- Fernando você precisa de um banho.

- Um banho me esfregando em você.

Tenta me puxar para ele mas se desequilibra e


quase nos leva ao chão.

- Você não tem condição nenhuma de fazer


besteira. Quase nos fez cair.

Me solto dele rindo e me viro. Tem o olhar


estranho e sexy de bêbado e tento não rir ainda
mais disso.

- Vamos fazer amor no chão. Assim a gente não


cai.

Pega a minha mão para ir pro chão.

- Não! Vamos para um banho tirar essa bebedeira.


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Apoio ele em meu corpo e o arrasto para o


banheiro.

- Vou ensaboar meu pau e te esfregar por dentro.


Vou lavar até sua alma.

Começo a rir alto.

- Você é um depravado narrativo.

Tenta me agarrar assim que entramos no banheiro.

- Senta!

Ordeno apontando para a privada.

- Só se você sentar em cima de mim pelada.

Reviro os olhos o empurrando para sentar. Começo


a tentar tirar sua camisa, mas é impossível já que
ele quer tirar meu vestido junto.

- Fernando!

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Repreendo brava e ele me olha.

- Fique quieto e me deixe tirar sua roupa.

Obediente, fica parado enquanto abro os botões da


camisa. Assim que abro todos, puxo a camisa pelo
ombro e a tiro.

- Vamos para a calça agora.

Ajudo-o a se levantar e vou soltando seu cinto,


abrindo o botão e zíper da calça. Ele quase tomba,
mas o seguro.

- Você é tão linda.

Diz com olhar bobo pra mim.

- Vocês duas... Duas Claras...

Começa a rir alto.

- Vou transar com vocês duas. Uma senta na minha


cara para eu chupar e a outra no meu...

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- Para de falar besteira.

Vou me abaixando para tirar sua calça. Puxo junto


com a cueca até sua canela e sou surpreendida por
duas mãos segurando a minha cabeça.

- Abre a boquinha...

Fernando tenta colocar seu membro na minha boca,


mas ao invés disso, pela sua descoordenação
alcoólica, me da uma surra de pau na cara.

- Para...

Tento me afastar rindo muito, mas ele esta tentando


de todas as formas achar a minha boca. Seguro seu
membro e ele para, me olhando com um enorme
sorriso.

- Brinca com ele!

- Meu Deus!!!! Você bêbado fica impossível. Tira


as pernas da calça ou mordo ele com força.

- Qual das duas vai me morder?


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- As duas.

- Duas Claras bravas eu não aguento.

Começa a tirar as pernas da calça e fica nu. Solto


seu membro.

- Bom menino.

Me levanto e sigo para o chuveiro o deixando de pé


perto da privada. Ligo a ducha e espero ela
esquentar.

- Te peguei!!!!

Sou jogada pra baixo da água e molho todo o meu


vestido. Fernando esta agarrado em mim feito um
chiclete.

- Você me molhou toda.

- Adoro Clara molhadinha.

E lá esta novamente um Fernando polvo cheio de


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mãos em meu corpo.

- Esta ficando quase impossível te dar banho.

- Esquece o banho. Depois que te sujar toda com


meu prazer você se lava.

- Você fica depravado bêbado.

- Eu fico uma delícia, isso sim. Devia provar pra


ver.

Me solto dele e o encaro.

- Vamos tomar um banho e depois se tiver


condições de alguma coisa, talvez eu faça amor
com você.

- Vocês duas estão se fazendo de difícil e isso me


deixa ainda mais excitado.

- Nós duas queremos um banho, então seja um bom


menino.

Seguro a barra do meu vestido. Puxo ele pelo meu


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corpo e ergo até minha cabeça. Quando estou quase


tirando, meu seio direito é sugado com força.

- Merda!!!!

Meu corpo todo arrepia e ele aumenta a chupada.

- Fernando!

Jogo o vestido de lado e ele muda para o seio


esquerdo. Sua boca é devoradora.

- Quatro seios de Clara pra chupar.

Murmura e tenta achar, talvez mais um seio.


Abocanha de novo o direito e volta a chupar forte.
Foca Clara!!!! Esta bêbado e precisa estar vendo
pelo menos uma de você para transar. Seguro sua
cabeça e puxo ele, desconectando do meu peito.
Sua boca ainda tem o formato do encaixe e isso é
engraçado.

- Banho...

Sussurro e ele bufa.


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- Depois que se uniu com a outra Clara esta mais


brava e estou tendo menos sexo. Manda a outra
Clara embora.

Se vira para o nada e olha fixamente para o meu


lado.

- Sai! Vai embora e deixa a Clara dar pra mim.

Puxo ele para a água rindo.

- Feche os olhos e fique quieto.

Começo a lavar o cabelo dele. Enquanto esfrego


seu couro cabeludo, vai resmungando algumas
coisas depravadas. Segura minha cintura e enfia os
dedos em minha calcinha. Enxaguo seu cabelo e
para a minha surpresa ele vai rasgando minha
calcinha em partes. Abre um olho para me ver e
fecha de novo rindo.

- Era mais fácil me pedir pra tirar.

- Rasgo a sua calcinha enquanto a outra Clara tira a


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dela.

Ele cismou com a outra Clara. Pego o sabonete e


começo a lavar seu corpo. Lavo os ombros, braços,
peito e barriga. Quando chego perto de sua virilha,
tenta colocar sua ereção na minha mão. Desvio e
tento não rir. Lavo em volta, mas não o toco e ele
abre os olhos bravo.

- Lava ele.

- Não...

- Ele esta sujo.

- Eu sei.

Entrego o sabonete para que faça isso.

- Pode lava-lo enquanto me lavo.

- Mas estou bêbado.

- Bêbado não transa.

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- Estou ótimo!

Ensaboa a mão enquanto começo a lavar minha


cabeça. Fecho os olhos e escuto ele rir. Abro os
olhos e ele esta encarando o membro dele.

- Por que esta rindo?

- Eu tenho dois paus... Isso é muito foda!

Olha pra mim com um enorme sorriso.

- Vou poder foder as duas Claras ao mesmo tempo.

- Você nunca mais vai beber. Esta me ouvindo?

- Por que?

- Você bêbado fica tarado.

Seus olhos ficam tristes.

- Depois que foi embora, fui um bêbado triste. Pela


primeira vez bebi por felicidade, porque finalmente
você vai ser minha.
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- Oh Fernando!!!

Avanço nele e o abraço. Aperto-o em meu corpo e


seu rosto se afunda em meu pescoço.

- Nunca mais vai beber por tristeza. Eu prometo!

Beija meu pescoço, vem para o ombro e empurra


sua ereção em minha barriga.

- Você esta abusando de mim em um momento de


fraqueza?

Para de me beijar e me olha com carinha de


cachorro sem dono. Juro que estou me segurando
para não beija-lo todo.

- Só um sexo de leve. Uma metidinha rápida.

- Termina de lava-lo e vamos pra cama.

- Vamos fazer amor?

- Vamos! Mas vou por cima. Acho mais seguro pra


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você.

Se afasta, meio rápido e meio tombando termina de


se lavar.

- Vai se lavando logo. Vocês duas!

É engraçado vê-lo se apoiando na parede pra se


lavar sem cair. Terminamos o banho e o ajudo a se
secar. Enrolo a toalha na cintura dele e o sento na
privada.

- Agora vou me secar.

- Posso lamber você toda até ficar sequinha.

- Vou usar a toalha. Agradeço sua boa vontade em


me ajudar.

Continuo me secando rindo.

- Por que esta se secando rodando?

Estreita os olhos e quase cai da privada. Corro a


tempo de segurar sua cabeça.
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- Vem deitar.

Vou nos arrastando até o quarto. Praticamente jogo


ele na cama.

- Sobe para o travesseiro.

Sua toalha se solta, fico admirando-o lindo pelado e


se arrastando. Incrivelmente ainda esta excitado. Se
joga no travesseiro e me olha.

- Vem vocês duas.

Abre os braços e subo na cama. Me arrasto sobre


ele e pairo sobre seu corpo.

- Tão linda!

Sussurra e segura meu rosto em suas mãos.

- E tão brava.

Sorri e me puxa para um beijo.

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- Vocês duas já podem chupar meus paus. Caiam


de boca, Claras!

- Você esta muito bêbado.

Beijo seu queixo.

- Mas vou deixar você feliz.

Vou beijando seu rosto e desço. Beijo pescoço,


peito, barriga e quando chego no seu membro, olho
pra ele.

- Fernando!

Ele esta de olhos fechados.

- Fernando!

Solta um longo suspiro e começa a roncar. Não


acredito que ele dormiu.

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Capítulo 29
NARRAÇÃO FERNANDO

Sinto o sol quente bater no meu corpo, mas não


abro os olhos. Tudo dói e me sinto como se tivesse
sido atropelado por mil cavalos enlouquecidos.

- É tão lindo ver criar vida.

Abro um olho e vejo Teddy. Fecho de novo o olho


por causa da claridade.

- Deveria existir um documentário só pra ele. O


endurecer da coisa do mozão.

Abro meus olhos assustado e olho para o meu


corpo.

- Merda!!!!

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Tento puxar a coberta, mas essa coisa esta


enroscada em algum lugar.

- Mozão, para de me seduzir balançando essa coisa


linda na minha cara.

Teddy diz com um enorme sorriso ao pé da cama,


ainda encarando meu membro duro. Pego o
travesseiro o cubro minha parte íntima.

- O que você faz no meu quarto?

Pergunto bravo, mas então percebo que não me


lembro de ir para o meu quarto. Olho em volta e
sinto alívio ao ver que realmente estou no meu
quarto.

- Clara me pediu pra ficar de olho em você.

Pisca os olhos de forma encantadora e bufo.

- E você ficou olhando mesmo.

- Não me culpe. Estava coberto, mas se revirou


algumas vezes e acabou assim.
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Mexe as sobrancelhas pra mim e reviro os olhos.

- Achei que já tinha ganhado meu dia te vendo nu


de costas, mas quando virou eu tive a visão do
paraíso. É como se tivesse entrado na terra das
pirocas gigantes.

Jogo o travesseiro nele e puxo outro para cobrir


meu membro de novo. Teddy enfia o travesseiro no
nariz e aspira.

- Nada como o cheiro maravilhoso de piroca de


mozão.

- Você ficou noivo e nem assim sossega?

- Amor! Aliança no dedo não é castração de pau e


nem cegueira. O que eu vi aqui foi o endurecimento
glorioso da sua coisa.

- Cala a boca!

Tento me sentar, mas minha cabeça dói.

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- A noite foi boa, né?

- Poderia te responder se me lembrasse.

- Oh meu Deus!

Grita me assustando.

- O que foi?

- Você não se lembra dessa noite? Nadinha?

- Vira a cara pra parede. Quero colocar uma calça


ou qualquer coisa que me cubra na parte que fica
olhando

Digo bravo.

- Eu já vi o que tinha que ver, bobinho.

- Vira.

Ele revira os olhos e vira pra parede.

- A última coisa que me lembro é de estarmos no


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bar bebendo, comemorando nossos noivados.

Digo saindo da cama e ando até minha mala.

- Mais nada?

- Mais nada.

Sinto minhas costas queimar e quando viro a


cabeça, ele esta encarando minha bunda.

- Teddy!

Ergue os olhos pra mim e sorri.

- Tão linda sua bundinha. Dá até vontade de


morder.

- Vira.

Tento não rir.

- Você malha os glúteos?

Pergunta se virando.
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- Quem malha glúteos é mulher.

- Machista!

Resmunga e se vira.

- Não foi machista assim ontem de noite.

Coloco minha calça.

- Por que disse isso?

Ele não fala nada, o que já me diz que tem algo ai.
Sempre solta algo, mesmo que inapropriado.

- Teddy!!!

- Não posso me virar. Ordens suas.

Respiro fundo pra não dar um coice logo cedo, com


a minha cabeça doendo.

- Solta logo.

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Se vira e me olha.

- Clara me disse que sua noite ontem foi intensa.

- Clara disse isso?

- Sim...

Encaro-o buscando alguma pista de que, talvez,


seja brincadeira dele. Mas não parece mentir.

- O que mais ela disse?

- Que foi o melhor sexo de vocês até agora.

Merda!!! O melhor?!?!? Me sento na cama e fecho


meus olhos Não me lembro nem de ter vindo para
o quarto.

- Me disse que fizeram coisas novas.

Passo a mão em meu rosto, não acreditando que


tive algo intenso, diferente com Clara e nem me
lembro.

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- Esta suspirando até agora. Feliz e sorridente.

Olho pra ele que sorri animado.

- Quer repetir tudo de novo essa noite.

Inferno!!! Como posso repetir o que fiz se nem faço


ideia do que é?

- Me contou como foi e fiquei sem ar de tão...

Suspira e me arrasto para perto dele.

- O que eu fiz?

Pergunto sussurrando.

- Meu querido...

Bate em meu ombro.

- Vai ter que descobrir sozinho.

Se levanta da cama feliz demais.

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- Teddy... Por favor!

Imploro com cara de fofo. Ele ergue uma


sobrancelha.

- Isso não vai funcionar.

- Por favor!!

Cruza os braços e estreita os olhos.

- O que eu ganho se contar o que ela me contou?

- Pede o que quiser.

Abre um enorme sorriso.

- Isso não.

Seu sorriso some e não tem como não rir.

- Você nem sabe o que eu ia pedir.

- Todo pedido relacionado ao meu corpo esta


proibido.
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- Você sabia o que eu ia pedir.

Esta rindo da minha cara.

- Vou pensar aqui o que eu quero e depois te digo.

Volta a se sentar na cama.

- Me conta o que eu fiz.

- Ela disse que você estava impossível. Louquinho


de desejo por ela.

- Sempre estou assim por ela.

- Bem!! Ontem você estava muito mais.

Pisca pra mim.

- Disse que foram para o chuveiro e você queria


fazer lá, mas ela não queria.

Não lembro de nada disso.

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- Disse que você parecia um polvo, cheios de


braços e que ficava dizendo coisas muito
pervertidas.

- Falei besteira pra Clara?

- Sim... Das pesadas.

- Nunca disse coisas assim pra ela. Digo que a


quero e tudo mais, mas nunca fui...

- Um putão.

Teddy diz rindo alto.

- Ontem você estava putão gostoso.

- Teddy se contenha

- Vou tentar.

- Continua.

Ele se inclina pra mim.

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- Vocês tomaram um banho e vieram pra cama.

Estou atento a tudo que me diz.

- Clara disse que te montou.

Ela por cima me parece muito bom.

- Disse que você estava louco vendo-a por cima.


Que fechou os olhos e delirou profundamente.

Uau!!! Clara por cima deve ser bom mesmo.


Vamos repetir isso essa noite.

- Disse que depois ela saiu de cima de você e ficou


muito...muito...

Fecha um olho para achar a palavra.

- Me falta uma palavra para descrever o sentimento


dela depois que saiu de cima de você.

- Nossa... Mandei bem e nem lembro.

- Mandou muito bem.


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Me sento direito na cama, satisfeito com o que me


diz que fiz.

- Não é toda noite que se perde a virgindade anal.

Teddy diz levantando da cama. Ai caramba!!!! Eu


comi a bunda da Clara. Meus olhos estão
arregalados encarando-o.

- Nem todo mundo curte isso.

Opa!!! Clara gostou e disse que quer repetir. Hoje


vamos ter bunda de novo.

- Ela disse que gostou de fazer?

Teddy começa a rir muito.

- Você achou que foi Clara quem deu a bunda?

- Não foi!?

Pergunto nervoso.

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- Não...

Me levanto da cama nervoso.

- Eu não...

- Você sim...

Estou em choque e a primeira coisa que faço é


contrair a bunda pra ver se dói.

- Ela me disse que pediu pra colocar o dedo.

Meu Deus!!! Eu não fiz isso. Não sei o que dizer.

- Me contou que colocou um dedo e você pedia


mais.

Meu corpo cai na cama e cubro meu rosto com o


braço.

- Quase enfiou o braço todo.

Tiro o braço da cara e olho Teddy. Ele esta sério.


Não tem nenhum sorriso pra me fazer achar que é
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graça dele.

- Não fique assim, mozão. Muito homens sentem


prazer com isso.

- Teddy, não piora as coisas.

- Mas nem todos aguentam uma mão toda na bunda


e ainda pede mais.

Volto a cobrir meu rosto.

- Não fique assim por não se lembrar.

Bate em minha perna.

- Hoje vai ter mais.

- Puta merda!!!

Ele ri e olho pra ele.

- Tome um banho e desça para o café. Estamos te


esperando.

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Pisca pra mim e sai do quarto. Não tenho coragem


de olhar pra Clara e estou chocado de pensar na
mão toda dela na minha bunda.

*************

Desço a escada do hotel depois de um banho, me


sentindo estranho. Sigo para o refeitório, onde estão
servindo o café. Vejo meus pais com Clara. Minha
mãe me vê e me olha brava. Ando até eles e minha
mãe se levanta.

- Estou decepcionada com você.

Diz me encarando. Imagino que tenha me visto


bêbado ontem. Oh mãe!!! Isso não foi nada, perto
do que aconteceu naquele quarto com a Clara.

- Me desculpe!
- Mais tarde conversamos. Tenho um almoço com
uma velha amiga. Depois do almoço vamos sentar e
conversar.

Beija meu rosto e volta a se sentar. Meu pai apenas


me olha sorrindo e imagino que já saiba do meu
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noivado com Clara, o motivo da bebedeira.

- Bom dia, pai!


- Bom dia, filho!

Me sento ao lado de Clara.

- Bom dia!

Beijo seu rosto.

- Bom dia!

Me da um pequeno sorriso e coloca sua mão na


minha sobre a mesa. A primeira coisa que faço é
ver o tamanho de sua mão e de seus dedos. Suspiro
aliviado. Ela tem mãos pequenas, mas não usa a
aliança que dei. Coloco um café preto pra mim,
enquanto meus pais vão conversando. Me inclino
no ouvido da Clara.

- O que aconteceu ontem, não vai se repetir. Nem


adianta tentar.

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Capítulo 30
NARRAÇÃO CLARA

Assim que acordo, encaro meu belo noivo de


bruços ao meu lado, roncando muito. Resmunga
algumas coisas mas não acorda. Quero rir da noite
passada, mas me controlo para não acorda-lo.
Ainda não acredito que me deixou na vontade.
Antes de sair da cama, cubro ele que geme. Me
troco vendo se acorda, mas parece estar em um
sono profundo. Acho melhor deixa-lo dormindo.
Minha mãe deve estar louca para conversar com ele
sobre a bebedeira de ontem, então é melhor estar
100% recuperado para ouvir. Abro a porta do
quarto e dou uma última olhada no meu bêbado
safado. Melhor não levar a chave. Apenas fecho a
porta sem fazer barulho.

- Saindo escondido?

Levo um susto com a voz do Teddy em meu


ouvido.

- Que susto Teddy.


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- Por que saindo de fininho do quarto?

- Fernando esta dormindo.

Olho pra ele que esta com a sobrancelha erguida de


forma safada.

- Deixou o coitado cansado, sua safada?

- Quem me dera.

Bufo e ele me observa.

- Ontem trouxe para casa um tarado cheio de tesão.


Dei um banho e fui pra cama com ele, esperando
uma noite louca com esse tarado.

- Deixa eu adivinhar.

Se inclina pra mim.

- Ele dormiu?

Confirmo com a cabeça.


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- Não foi diferente comigo. Tomatinho veio cheio


de palavras safadas e promessas deliciosas.

Revira os olhos.

- Não deu tempo nem de tomar banho. Chegou e


caiu na cama feito merda.

Tampo minha boca para não rir alto.

- Agora estou aqui com fogo no rabo até agora.

- Nem me fale. Demorei pra dormir.

- Eles merecem um castigo por isso.

- A dor de cabeça que vão sentir já será um castigo.

- Quero mais!

- Deixa eles Teddy. Vamos tomar café!

- Vai descendo. Vou só ver se o Tomatinho esta


respirando.
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O encaro e ele sorri.

- Tudo bem!

****************

Assim que entro no salão onde servem as comidas,


vejo meus pais sentados em uma mesa. Eles
sorriem para mim e vou até eles.

- Bom dia, filha!

- Bom dia, pai!

Beijo seu rosto.

- Bom dia, mãe!

- Bom dia, querida! Como esta seu irmão?

- Capotado. Caiu na cama ontem e não acordou


mais.

- Estou decepcionada com seu irmão. Helio, vamos


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ter uma conversa com ele. Não pode beber desse


jeito.

- Deve ter tido algum motivo importante.

Papai me olha sorrindo e devolvo o sorriso.

- Nenhum motivo justifica essa bebedeira.

Mamãe respira fundo.

- Vou pegar mais café.

Se levanta e meu pai se vira pra mim.

- Devo dar os parabéns a minha filha pelo noivado?

Coloca sua mão sobre a minha e passa o dedo em


minha aliança.

- Fico feliz por vocês, meu bem.

- Obrigada!

O abraço forte.
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- Acho melhor não usar a aliança, por enquanto.


Pelo menos até sua mãe descobrir tudo.

Me solto dele assustada.

- Não tinha pensado nisso.

Tiro a aliança imediatamente e minha mãe volta


para a mesa.

- Encontrei uma velha amiga ontem enquanto


andava pela pracinha.

- Que amiga?

Pergunto junto com meu pai.

- Uma amiga que não via a muito tempo. Desde que


saímos dessa cidade.

- Vocês nunca nos contaram o motivo de terem


saído dessa cidade.

Os dois se olham.
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- Briga de família.

Meu pai fala triste. Sei que ele não fala com seu
irmão a muito tempo, mas nunca soube o que levou
a briga. Fernando e eu achávamos que era briga
sobre a empresa da família, mas sempre achei que
tinha mais coisa nisso.

- Vou almoçar com essa amiga hoje.

- Acho que vou ver se encontro meu irmão ainda


nessa cidade.

Papai diz de cabeça baixa. Sinto alguém nos


olhando e quando ergo a cabeça, vejo Fernando.
Ele parece péssimo. Se arrasta até nossa mesa e
minha mãe se levanta, já avisando que vão
conversar mais tarde. Fernando não questiona e
apenas aceita o descontentamento dela calado.
Passa pelo meu pai o cumprimentando e vem se
sentar do meu lado.

- Bom dia!

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- Bom dia!

Dou um pequeno sorriso e ele me devolve um


suspiro. Coloca sua mão sobre a minha e fica
encarando meus dedos. Merda!!!! Ele percebeu que
tirei a aliança. Só espero que entenda logo que fiz
isso por causa da nossa mãe. Solta a minha mão e
resmunga algo baixo, mas não consigo ouvir.
Pega a xícara e coloca café puro. Me viro para
prestar atenção na conversa dos meus pais e sinto
ele se inclinar.

- O que aconteceu ontem, não vai se repetir. Nem


adianta tentar.
Tentar?!?!?! Do que ele esta falando?

- Espero mesmo que não se repita. Fiquei um pouco


desapontada com o rumo da nossa noite.

Seus olhos se arregalam e vejo se nossos pais estão


nos olhando. Graças a Deus estão mantendo uma
conversa fechada entre eles.

- Aquilo nunca aconteceu comigo antes.

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Olho para ele pelo canto dos olhos.

- Então fui a premiada? Devo ficar feliz pelo que


fez ontem?

Respira fundo.

- Clara, nunca deixei...

Fica sem graça.

- Devia ter usado meus dedos comigo.

Cospe o café que tinha acabado de beber.

- Tudo bem, querido?

Minha mãe pergunta nos olhando, enquanto ele se


limpa.

- Sim... O café que estava quente.

Meus pais voltam a conversar.

- Devia saber me tocar e não só tocar os outros.


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- Não quero mais que me toque.

Olho pra ele sem entender.

- Não gosta do meu toque em você?

Sussurro magoada.

- Lá, não!.

Olho para baixo, no meio de suas pernas.

- Toco errado ele?

Sinto meu rosto queimar e olho em volta.

- Sei que não tenho experiência, mas é tão ruim


assim?

Seus olhos se arregalam.

- Não! Seu toque nele é maravilhoso. Amo como o


acaricia.

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Agora é Fernando quem olha em volta. Quando vai


continuar, meus pais se levantam da mesa.

- Vou me arrumar para o meu almoço e já desço.

- Vou acompanhar a mãe de vocês.

Os dois seguem para o quarto deles e Fernando se


vira mim.

- Não quero que toque atrás.

Atrás!?!? Demoro a entender e quando percebo que


é sua bunda o assunto, tento não rir.

- Tocar a sua bunda?

Pergunto um pouco alto e ele cobre minha boca


com sua mão.

- Fala baixo.

Me olha bravo.

- Ontem foi a única e última vez que enfiou a mão


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na minha bunda.

Começo a rir e ele cobre ainda mais a minha boca.

- Não quero aquilo. Mesmo que ontem eu tenha...

Vem para o meu ouvido.

- Pedido mais e dito que gostava.

Quase caio da cadeira quando explodo em uma


gargalhada. Todos nos olham e não consigo parar
de rir.

- Clara, isso não é engraçado.

- É sim...

Tento me acalmar. Sei que dizem que "cu de


bêbado não tem dono", mas de onde ele tirou que
eu enfiei a minha mão na bunda dele?

- Por que acha que enfiei a mão na sua bunda?

Estreita os olhos pra mim.


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- Teddy me contou.

- Contou?

Volto a rir e tudo fica claro pra mim. Teddy não foi
ver o Tomatinho. Foi perturbar Fernando.

- Me disse que conversou com ele sobre nossa noite


e as coisas que eu pedi.

Seguro sua mão e respiro fundo para não rir.

- Fernando, nós tomamos um banho e fomos para a


cama.

- Não precisa me contar o que fizemos. Teddy já


fez isso.

Seguro seu rosto em minhas mãos.

- Não fizemos nada. Você dormiu.

Pisca algumas vezes me encarando.

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- Não fizemos nada?

- Nadinha... Fiquei toda excitada e você roncando.

Solta um suspiro muito alto aliviado.

- Tem certeza?

- Sim! Você me perturbou a noite toda querendo


sexo e na hora capotou.

Abro um enorme sorriso.

- Teddy esta brincando com você.

- Bom dia!

Solto o rosto de Fernando e viramos a cabeça para


ver um Erick horrível.

- Não me olhem assim.

- Oi!

Teddy diz saindo de trás dele.


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- Qual é o babado do dia?

- Seu...

Fernando se levanta da mesa e Teddy arregala os


olhos.

- Vou te matar, Teddy!

- Ai Jesus!!!!

Sai correndo e Fernando vai atrás.

- Socorro, Tomatinho...

Grita desesperado, indo para a rua e Erick se joga


na cadeira.

- Se vira, Palmitão!

Me levanto rindo.

- Cuido dos dois.

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Digo indo atrás deles para fora do prédio. Assim


que saio na rua, vejo os dois correndo em volta do
carro.

- Nunca mais brinque comigo assim!

Fernando grita e Teddy corre rindo.

- O garanhão ficou com medo de perder a


masculinidade com uma cutucada por trás?

- Fala isso na minha cara se for homem.

- Não sou homem. Sou um palmito lindo.

Estou rindo dos dois.

- O que esta acontecendo?

Minha mãe diz parando do meu lado.

- Teddy esta na cidade também?


- Sim... Ele e Erick, nosso amigo.
- Por que ele esta correndo do Fernando?
- Coisas de homens.
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Quando ela vai me dizer alguma coisa, um carro


para e buzina.

- Preciso ir. Fátima já chegou para me pegar.

Meu corpo congela ao ver a médica loira que


provavelmente trocou os bebês, no carro.

- Até mais tarde!

Mamãe beija meu rosto e segue para o carro.

- Fernando!

Grito e ele para de correr e me olha. Percebendo


meu nervosismo, segue meu olhar.

- Merda!!!!

Diz vendo comigo minha mãe indo embora com


Fátima.

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Capítulo 31
NARRAÇÃO FÁTIMA

Paro o carro em frente ao hotel da Leda. Essa


mulher sempre foi um calo no meu pé, atrás de
respostas sobre a morte do marido. Ainda sou
obrigada a aguentar a ridícula da filha dela no
hospital. Vera sorri ao me ver e sai de perto da
filha. Clara esta perto da verdade e preciso acabar
com qualquer prova que me leve ao que fiz no
passado. Vera entra no meu carro.

- Quanto tempo, Fátima!

- Sim!

Quando vou sair com o carro, percebo que além da


filha, o filho também me olha assustado.

- Seus filhos não estão felizes com sua


aproximação comigo.

Digo rindo e me afastando com o carro. Vejo pelo


espelho retrovisor conversarem nervosos.
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- Não disse a eles que era com você para causar


essa reação mesmo.

Olho para Vera que mantém a cara fechada.

- Você continua a mesma pessoa manipuladora.

Me olha e abre um sorriso.

- Obrigada!

- Acho melhor conversarmos em um lugar mais


reservado.

- Não!

Diz balançando a cabeça.

- Tenho planos e isso inclui lugar aberto.

- Tem certeza?

- Sim!

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- Espero que seu plano não me cause ainda mais


problemas.

***************

Entramos em um restaurante conhecido, perto do


hotel. Nos sentamos e logo pedimos as bebidas.
Assim que o garçom se afasta, encaro a Vera.

- Acho que eles já sabem sobre a troca.

Ela me olha furiosa.

- Como assim já sabem?

Quase grita e olho em volta.

- O seu arquivo e o da Laura Silva sumiram, assim


como a Mercedes.

- Quem é Mercedes?

- A enfermeira que acompanhou Lombard no parto


da Laura.

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- Como você pode deixar isso acontecer?

Bate na mesa irritada.

- Era só você ter queimado a merda dos arquivos.

- Não posso fazer isso. A polícia desconfiaria. Já


ficaram no meu pé desde as investigações da morte
do Lombard.

Me calo ao ver o garçom se aproximando com


nossas bebidas. Ele coloca em nossa mesa e sai.

- Você foi embora viver sua vida, mas eu fiquei e


passei esses anos todos sendo alvo de olhares e
julgamentos. As pessoas ainda acham que alguém
matou o Lombard e sou a principal suspeita.

Pego minha bebida e dou um gole grande nela.

- Principalmente a Leda.

- Estou hospedada no hotelzinho dela.

Vera fala bufando e bebe sua bebida também.


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- Não te tratou com raiva, como faz comigo?

- Ignoro esse tipo de gente.

Da de ombros.

- Como sabe que os arquivos sumiram?

- Os mantinha em uma caixa no fundo de uma sala


cheia de outras caixas cheias de outros arquivos.
Toda semana passava apenas para ver se ainda
estavam no lugar certo.

Encaro minha bebida.

- Faz uma semana que tudo sumiu.

Vera respira fundo.

- E Mercedes sumiu na mesma semana que os


arquivos também sumiram.

- Não foi ela quem pegou?

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Olho para a mulher sombria a minha frente.

- Algo me diz que foi sua filha.

- Clara?

- Sim... Estava andando com a Lina e peguei essa


infeliz no arquivo esses dias.

- Ainda estou irritada pela mentira que Clara me


contou. Dizia que estava em Londres de novo e na
verdade estava aqui mexendo onde não devia.

Fala e vira mais um pouco da bebida.

- Aquela merda de acidente com Fernando foi o que


levantou as suspeitas.

- Suspeitas que agora já deve ter virado uma


verdade.

- Não! Eles não podem confirmar as trocas. Isso


tudo só deve ficar na cabeça deles.

Esta ficando nervosa.


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- Durante esses anos todos controlei os dois sobre


um possível envolvimento. Vi recair a culpa sobre
eles quando se apaixonaram, mas graças a Deus,
Clara se afastou e vai se afastar de novo.

- Acho que acabou tudo, Vera!

Ela me olha brava.

- Não! Eles são meus filhos. Todos esses anos eu os


criei como irmãos e assim vão permanecer. Nem
que eu tenha que viver o resto da minha vida
fingindo amnésia.

Vira toda a bebida.

- Podem se envolver escondidos como estão


fazendo e finjo que não vejo. Mas vão permanecer
irmãos. Meus filhos... Meus e de Helio.

- Ainda não sei como me convenceu a fazer a troca.

Digo vendo uma Vera transtornada.

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- Helio sempre quis uma menina. Era seu sonho e


precisava dar isso a ele para manter meu
casamento.

- Filhos não seguram casamento.

- O meu segurou! Tanto segurou que ele optou em


ficar comigo a aceitar as coisas que o irmão dizia
sobre mim.

Seu sorriso me assusta.

- Passou esses anos todos afastado do irmão por


mim, mãe dos filhos dele.

Empurra o cabelo para trás, vitoriosa.

- Dei os filhos que ele quis, fui a mulher que ele


queria por anos e em troca tenho uma vida luxuosa.

- Ele nunca percebeu a mulher que na verdade tem?

Vera ri sínica.

- Fátima, meu marido nunca saberá a verdadeira


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mulher que tem. Para ele, no momento, sou a pobre


esposa que sofre do coração e teve uma perda de
memória.

- Presumo que seja tudo mentira.

- Nada que uma boa quantia de dinheiro ao médico,


não me ateste.

Pisca para mim.

- Isso não vai durar muito tempo. Seus filhos sabem


que não são irmãos de sangue. Agora estão com as
provas e será questão de dias para tornarem tudo
público.

- Só por cima do meu cadáver.

- Não tem como esconder mais a troca. Eles já


sabem que fiz e agora estão tentando me ligar a
morte do Lombard.

- Vamos dar um jeito de tirar essas provas das mãos


deles. Assim não poderão desfazer ou confirmar a
troca dos bebês.
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- Vera hoje em dia qualquer exame de DNA


comprova que a garota não tem seu sangue.

- Não vou perder a Clara.

Bate na mesa brava e isso chama a atenção de todos


no restaurante. O garçom se aproxima.

- Esta tudo bem? Precisam de mais alguma coisa?

Ela sorri e pede o cardápio. Ele nos entrega dois e


escolhemos nossos pratos.

- Com licença!

Diz educado e se afasta.

- Vamos pegar esses arquivos, vou continuar


doente e com amnésia.

Me olha e respira fundo.

- Nem que essa falsa doença se agrave. Vou


continuar impedindo que Clara e Fernando fiquem
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juntos. Vou continuar fazendo se sentirem


culpados. Eles são meus filhos e assim vão
permanecer.

- Você passou esses anos todos aceitando que eles


se envolvessem escondidos?

- Não achei que isso iria muito longe. Sei que


Fernando não é um homem que se importaria em se
relacionar com a irmã, mas fiz Clara carregar o
peso. Sabia que ela não conseguiria de forma
alguma se envolver com o próprio irmão.

Vera não parece carregar nenhum peso de culpa. Já


eu carrego a culpa da morte de Lombard até hoje.
Minha vida nunca mais foi normal e muito menos
meu casamento com Torres.

- Clara se sentiu tão culpada que foi para Londres


por nove benditos anos. Voltou quando soube do
noivado de Fernando. Maldita boca. Não sei porque
contei.

Revira os olhos.

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- Tudo bem que a menina não prestava, mas era


melhor Carla do que Clara de volta. Achei que os
sentimentos deles tivessem morrido.

O garçom chega com os nossos pedidos, deixa os


pratos e se retira.

- Não é melhor deixa-los viver esse amor? Me


informei com meus advogados e provavelmente
não serei presa se conseguirmos eliminar as provas.

- Não será presa por isso, mas será pela morte do


Lombard.

Diz sem qualquer cerimônia, como se não fosse me


atingir com suas palavras.

- Foi um ato de desespero. Estava apavorada por ter


aceitado sua proposta de trocar os bebês.

- Aquela família não precisava da Clara. Muito


filho pra cuidar e sustentar com pouco dinheiro. Fiz
um favor a eles.

Estou assustada com a forma que ela fala sem


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sentimento.

- Como conseguiu enganar seu marido e seus filhos


por tanto tempo?

Me olha e abre um enorme sorriso.

- Sempre fui uma boa mãe e esposa. Perfeita com


eles e sensível demais.

Começa a rir.

- Para eles, me machucar de alguma forma é


inaceitável.

Corta a carne e coloca na boca como se estivesse


falando banalidades.

- Sempre consegui afastar Clara de Fernando, mas


infelizmente esses dois lutam para ficar juntos. Não
devia tentar força-los a conviver como irmãos.
Tenho que mantê-los longe um do outro, para
esquecerem essa relaçãozinha.

Toma um gole de água.


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- Mas acho que me jogar da escada, comprar o


médico para ter problema no coração e amnésia, me
deu algum tempo para bolar um plano.

- Plano?

Pergunto com medo disso.

- Sim! Vamos conseguir essas provas e meus filhos


vão continuar sendo meus filhos.

Me olha de um jeito que me assusta.

- Vou precisar de você.

- Não! Por sua causa já cometi crimes demais. Te


dei uma filha como quis e ainda matei um amigo de
trabalho. Posso não ser a melhor pessoa no mundo,
mas não quero mais me envolver com isso.

- Você quem sabe.

Da de ombros e encara o prato.

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- Todos os crimes são seus. Nada prova que fiz


parte e sabia de tudo.

Ergue os olhos pra mim.

- Pegar as provas te ajudaria muito, mas você não


quer. Prefere que toda essa cidade de merda ache
que é uma criminosa.

Não quero ir presa. Não quero ser humilhada pela


cidade pelo o que fiz há anos atrás a uma amiga
ingrata.

- Se me ajudar com o plano, continuará com sua


vida de merda aqui e eu com meus filhos e meu
marido na minha vida feliz.

Respiro fundo.

- Esta comigo?

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Capítulo 32
NARRAÇÃO CLARA

Já são 20h e nada da minha mãe chegar ainda.


Estamos todos aflitos na recepção do hotel.
Fernando e meu pai estão em um canto discutindo o
que fazer para encontra-la. Não quero pensar que
Fátima tenha feito alguma coisa a ela. Lina esta do
meu lado segurando minha mão e dizendo palavras
de conforto, que eu realmente não estou prestando
atenção. Meus olhos voltam para a porta e faço una
oração pra que minha mãe passe por aquela porta
inteira.

- O telefone continua fora de serviço.

Escuto Teddy dizer aflito e meu coração aperta.


Tudo isso é minha culpa. Não devia ter deixado
meus pais voltarem pra essa cidade, antes de
resolvermos tudo.

- A polícia não faz nada.

Fernando grita, chamando minha atenção e olho pra


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ele. Meus olhos encontram os seus, que refletem


meu medo. Não sabemos o nível de maldade da
Fátima. Fecho meus olhos e mantenho minha
oração pra que minha mãe esteja bem.

- Vamos pra rua.

Escuto Erick dizer e abro os olhos.

- Aqui parados não vamos conseguir nada.

Todos estão olhando pra ele.

- Vamos nos dividir e varrer essa cidade toda atrás


delas.

- Podemos começar pelos restaurantes, perguntando


se elas realmente estiveram almoçando juntas.

Lina diz e sai do meu lado.

- Vamos montar duplas. Não sabemos ao certo o


que esta acontecendo e é melhor não andarmos
sozinhos.

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Fernando se aproxima enquanto os outros pensam


em como vamos vasculhar a cidade toda. Para na
minha frente e toca meu rosto.

- Vamos encontra-la.

Não quero falar. Tenho certeza que se abrir minha


boca vou chorar e agora não é o momento.

- Quer ficar aqui no hotel esperando por ela?

Nego com a cabeça.

- Oh Clara!

Me puxa para o seu corpo e me abraça. Enfio o


rosto em seu pescoço e o choro que segurei até
agora sai sem controle. Suas mãos alisam minhas
costas.

- Ela não esta bem para passar por tudo isso.

Sussurro em seu pescoço.

- Tenho medo do problema no coração.


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Respiro fundo, tentando parar de chorar.

- Tenho medo que suas lembranças voltem e que


reviva o choque que teve de nos pegar juntos.

- Não vamos pensar o pior.

Se afasta e segura meu rosto me encarando.

- Pode ser que Fátima não fez nada e as duas


estejam apenas matando a saudade da amizade.

- Sei que tem alguma coisa acontecendo.

Limpa minhas lágrimas com carinho.

- Papai acha melhor assim que ela voltar,


contarmos tudo.

Abaixo minha cabeça.

- Assim fica ciente dos perigos que corre com


Fátima, caso ela ainda não saiba.

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Teddy se aproxima com Erick.

- Fernando, você vai acompanhar seu pai nas


buscas pelos restaurantes e na casa de Fátima que
são locais mais distantes. Seu pai conhece melhor a
cidade.

- Certo!

Fernando diz a Erick.

- Vou com Teddy pelos restaurantes e locais aqui


em volta.

- O que eu faço?

- Vai acompanhar Lina no hospital. Fátima teria


que entrar em plantão para cobrir um médico
doente ás 19h.

Erick segura minha mão.

- Se ela não estiver lá, então temos que nos


preocupar.

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- Se não estiver no hospital, o que Lina e eu temos


que fazer?

- Voltem para o hotel e nos esperem. Caso sua mãe


chegue, nos avise.

- Tudo bem!

Os dois se afastam e Fernando me vira pra ele. Me


surpreende com um beijo. Seus lábios estão mais
violento que o normal.

- Tome cuidado.

Sussurra ao soltar meus lábios.

- Não se separe da Lina.

- Pode deixar.

Toco seu rosto.

- Cuide do papai. Ele parece muito nervoso.

- Vou cuidar.
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Beijo seus lábios com carinho.

- Cuide de você também.

Sorri e passa o nariz no meu.

- Já volto!

Saímos todos do hotel e sigo com Lina para o


hospital.

- Vou entrar direto para a sala dos médicos e


enfermeiras. Depois vou para a sala da diretoria do
hospital.

- Posso percorrer com você esses lugares?

- Infelizmente não. Você me espera na recepção do


hospital.

- Fica de olho, caso ela apareça.

- Certo!

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Chegamos no hospital e Lina segue para dentro das


salas. Olho as pessoas que esperam ser atendidas.
Na parede do fundo tem uma televisão ligada em
um canal que passa as ultimas noticias importantes
da cidade.

- Senhora...

Olho para baixo e vejo um menino.

- Oi!

Ele estende a mão para mim e vejo um papel.

- Isso é pra senhora.

Pego o papel de sua mão.

- Quem mandou me dar?

- Uma mulher.

Meu coração acelera.

- Onde esta essa mulher?


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Se vira para a porta e olho também.

- Acho que já foi embora.

Corro para fora do hospital, para ver se encontro a


mulher, pode ser Fátima. Saio para a rua e olho em
todas as direções, mas não a vejo. Minhas mãos
tremem e assustada, desdobro o papel. É uma carta.

" Estou com sua mãe e só a devolvo se me trouxer


os arquivos que roubou do hospital. Esteja sozinha,
com os arquivos em mãos, no endereço abaixo ou
sua mãe morre. Você tem uma hora para me
encontrar. Se contar a alguém sobre esse bilhete,
ela morre. Se aparecer acompanhada, ela morre.
Seja rápida!"

Leio o endereço e estou apavorada sem saber o que


fazer. Fátima seria capaz de matar minha mãe,
como matou o Dr. Lombard. Preciso impedir que
isso aconteça. Corro para o hotel e entro sem olhar
em volta. Subo a escada e corro para o meu quarto.
Assim que entro, jogo o bilhete na cama e vou pra
minha mala. Abro rapidamente e viro minhas
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coisas sobre a cama. Minhas roupas caem e por


ultimo os arquivos das duas famílias. Recolho eles
e pego o bilhete na cama. Digito o endereço no
GPS do celular e imediatamente ele reconhece o
local. Tenho 36 minutos para chegar no endereço.
Pego as chaves do carro. Olho o bilhete e tento
pensar em alguma forma do Fernando me achar.
Vou na frente e tento de alguma forma salvar
minha mãe e esperar que ele nos encontre. Saio do
quarto e desço a escada.Na recepção do hotel
encontro a mãe de Lina.

- Preciso de um favor!

Digo a ela que me olha assustada.

- Assim que Fernando chegar aqui, entregue isso a


ele.

Coloco o bilhete em sua mão.

- É importante.

- Tudo bem!

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- Obrigada!

Me viro para sair, tenho pouco tempo.

- Clara!

Olho pra Leda que parece preocupada.

- Não faça nenhuma loucura.

- Preciso salvar minha mãe

Digo e já saio do hotel, indo para o meu carro. Vejo


pelo retrovisor uma\Lina assustada, procurando por
algo e imagino que seja por mim. Entro no carro
rápido e o ligo Ela vai querer vir comigo se me ver.
Saio tão rápido que os pneus derrapam.

****************

Meus olhos estão fixos no GPS que vai mostrando


o caminho e quanto tempo falta para chegar. O
celular começa a tocar e o nome do Fernando pisca
na tela sem parar. Aperto o volante nervosa. A
ligação vai pra caixa postal. Em poucos segundos
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volta a tocar de novo e novamente o nome dele


pisca na dela. Respira Clara!!! Você não pode
chorar ou entrar em pânico agora, sua mãe precisa
de você. O telefone para de tocar e o GPS anuncia
que estou perto. Estou no meio do nada e ele pede
para entrar em uma rua de pedras. Uma mensagem
do Fernando chega no meu celular ao mesmo
tempo que vejo um galpão abandonado. Uma luz
clara vem de um ponto especifico. Desligo o carro,
pego o celular e os arquivos. Saio do carro, mas
mantenho os faróis acesos para me guiar pelo
caminho. Ando até a parte onde esta iluminado no
galpão e vejo uma porta. Um misto de emoções
invadem meu peito. Paro na porta e olho dentro do
galpão. Meus olhos param em um certo ponto.

- Mãe!

Ela esta toda amarrada em uma cadeira e assim que


me vê, começa a chorar.

- Mãe!

Entro correndo no galpão para ir até ela.

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- Nem mais um passo...

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Capítulo 33
NARRAÇÃO FERNANDO

Entro no carro com meu pai e seguimos para os


locais mais distantes do hotel. Paramos em dois
restaurantes, mas ninguém reconheceu minha mãe
pelas fotos que mostramos. Voltamos para o carro
para ir a mais um. Meu pai liga o carro e olho o
celular para ver se alguém mandou mensagem.

- Agora de fato estou ficando com medo.

Diz com os olhos focados na estrada.

- Não se apavore como Clara.

- Fernando ela não esta em lugar nenhum.

Olha pra mim rapidamente com medo e volta a


olhar a estrada.

- Vou pedir ajuda para mais pessoas. Assim que


pararmos no próximo restaurante, vou ligar para o
seu tio.
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- Vocês voltaram a se falar?

Solta um longo suspiro.

- É complicado.

- Sempre nos disse que foi para São Paulo para


ampliar os negócios e isso gerou briga com seu
irmão.

Se mantém calado.

- O que aconteceu de fato com vocês?

- É assunto passado.

- Um assunto passado que levou vocês a uma


separação grave. Chega de segredos nessa família!

Paramos o carro em frente ao restaurante. Ele solta


o cinto e se vira para mim.

- Sua mãe foi o motivo da minha briga com ele e de


sairmos de Holambra.
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Estou paralisado no banco.

- Nossa família sempre teve dinheiro. Quando


conheci sua mãe ela era uma jovem sem muitas
condições financeiras. Trabalhava em um bar com
seus pais para se manterem.

Abre um sorriso que logo em seguida desaparece e


a tristeza toma seu rosto.

- Me apaixonei por ela perdidamente e minha


família não aceitou nosso envolvimento.

- Eles nunca aceitaram o amor de vocês?

Pergunto chocado, pois o amor deles sempre foi um


exemplo para mim e para Clara.

- Não aceitaram e não me importei com isso.


Amava e amo sua mãe demais. Continuei vivendo o
nosso amor intensamente.

- Depois do casamento eles passaram a aceitar o


amor de vocês?
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- O casamento só piorou as coisas.

- Por que?

- Casei com sua mãe grávida. Em pouco tempo


juntos ela engravidou.

- Logo de gêmeos.

Digo rindo e ele sorri.

- Minha família era de apenas homens e desejei


muito que viesse uma menina, para talvez amolecer
o coração deles.

Meu pai olha para a janela.

- Mesmo sem saberem que Clara foi trocada,


achando que era sua filha, eles amoleceram?

- Do dia do nascimento de vocês para frente, nossas


vidas virou um inferno.

- Por que?
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- A morte do Dr. Lombard foi o principal motivo.


Tudo mostrava que alguém o tinha ferido, mas
ninguém sabia quem e porque.

- Acho que agora já sabemos quem e porque.

Meu pai me olha.

- Na época uma pessoa acusou Fátima.

- Quem?

- A enfermeira que trabalhou naquela noite com


ele.

- Mercedes...

Ele confirma com a cabeça.

- Ela disse a policia que tudo tinha ocorrido bem no


parto dos Silva. Que as duas crianças estavam
vivas, quando ele deixou a sala de cirurgia.

- Prova de que o bebê dos Silva não tinha morrido.


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- Sim! Foi Mercedes quem encontrou Lombard no


chão do vestiário do hospital.

- Mas porque a vida de vocês virou um inferno se


Mercedes acusou apenas a Fátima?

Respira fundo.

- Mercedes achava que alguma coisa aconteceu


naquele hospital, na noite que levou a Fátima a
matar Lombard.

- Percebeu que tinha algo errado quando o bebê que


estava bem dos Silva, apareceu morto.

- Sim! A polícia não levou a sério as acusações dela


e nós também não. Um bebê saudável pode ter
alguma coisa pós parto e morrer.

Passa a mão pelo rosto.

- Era o que sua mãe e eu achávamos, mas minha


família começou a questionar sua mãe sobre o que
aconteceu no parto, já que eu não pude assistir.
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Me olha com tristeza.

- Você sabe o quanto sua mãe é traumatizada com o


parto que ela acha que era da Clara.

- Diz que foi horrível ver a correria dos médicos


para reanima-la.

- Sim!

Então me prendo a uma lembrança que ela mesmo


conta pra gente.

- Pai! A mamãe sempre conta que Clara voltou a


vida e a colocaram perto dela para se acalmar.

- Sim!

- O bebê nasceu morto, não conseguiram reanima-


lo.

Me encara.

- Fizeram a troca muito rápido então para que a


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mamãe não percebesse.

- Pode ser que sim. Talvez olhando os arquivos do


nascimento de vocês podemos ver os horários de
nascimento. Clara pode ter nascido antes da sua
irmã.

Uma sensação estranha me incomoda.

- Quero saber passo a passo como tudo aconteceu.


Talvez Mercedes possa nos ajudar nisso.

- Precisamos que ela venha nos ajudar a finalizar


esse quebra cabeça sobre as trocas. Torres pode ser
outra ajuda. Ele foi o pediatra de plantão no dia do
nascimento de vocês.

- O mesmo Torres que se casou com a Fátima?

Pergunto ainda mais incomodado.

- Sim! Agora vamos voltar a procurar sua mãe.

Saímos do carro e entramos no restaurante.


Andamos até um balcão e mostramos a foto da
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minha mãe para uma mulher e perguntamos se a


viram.

- Sim! Ela esteve aqui com uma outra mulher.

Diz e chama um garçom.

- Você que atendeu a mesa onde estava essa


senhora, hoje a tarde?

Mostro a foto ao garçom que confirma.

- Sabe me dizer se viu alguma coisa estranha?

- Sim! Uma das mulheres estava um pouco


alterada.

- Era a mulher que acompanhava essa da foto?

- Não! Essa da foto estava alterada. As vezes


brigava com a outra que estava assustada.

Olho para o meu pai sem entender nada. Minha


mãe estava alterada com Fátima, que estava
assustada?
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- Sabe me dizer que horas saíram do restaurante de


vocês?

- Era uma 15h, mais ou menos.

- Obrigado!

Enquanto meu pai termina de falar com o garçom,


meu telefone toca e me afasto para atender. É um
numero desconhecido.

- Pronto!

- Fernando, é a Lina!

Ela esta chorando.

- O que aconteceu?

- Clara...

Meu coração dispara.

- O que tem ela?


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Seu choro aumenta.

- Enquanto procurava dentro do hospital por


Fátima, ela sumiu.

- Clara sumiu!?!?!?

Grito e meu pai me olha assustado.

- Sim! Andei em volta do hospital e na praça, mas


não a encontro.

- Ela não voltou para o hotel?

- Não sei! Ela não voltaria sem mim, disse que me


esperaria.

- Volte para o hotel e me espere. Estamos indo.

- Tudo bem!

Entendendo o meu desespero, meu pai me segue


para fora do restaurante e entramos no carro.

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- Vamos para o hotel! Lina disse que Clara sumiu,


enquanto estavam no hospital.

- Merda!!!!

Meu pai soca o volante e segue acima da


velocidade pela estrada. Enquanto ele dirige,
mando mensagem para Teddy.

De: Fernando
Para: Teddy

Clara sumiu! Voltem para o hotel.

Envio e ligo para o celular da Clara. Ele chama


várias vezes.

- Atende, Clara!

Sussurro e a ligação vai para a caixa postal. Desligo


e ligo de novo. Mais uma vez chama e segue para a
caixa postal.

- Porra!!!

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Jogo o celular com tudo no chão do carro e quero


desesperadamente socar alguma coisa.

- Calma!!!

Meu pai pede colocando sua mão em minha perna.

- Se Fátima machucar Clara ou a mamãe, juro que a


mato com as minhas mãos.

Meu pai para o carro em frente ao hotel. Na porta


estão nos esperando Lina, Teddy e Erick.

- Nada dela?

Lina balança a cabeça negativamente, chorando.

- Viram no quarto?

- Não...

Passo por eles e quando entro para seguir para a


escada, escuto a voz da mãe de Lina me chamando.

- Me viro e ela esta atrás de mim.


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- Clara pediu para entregar isso.

- Clara voltou para o hotel?

- Sim...

- Faz quanto tempo?

- Uns 20 minutos.

Pego o papel de sua mão e vejo que é um bilhete.


Começo a ler a raiva me cega. Vou matar a Fátima.
Aperto o papel em minhas mãos não acreditando
que Clara fez a merda de ir sem a gente nesse lugar.
Corro para fora do hotel.

- As chaves.

Grito com meu pai que me passa a chave do carro.

- O que houve?

- Clara foi salvar a mamãe.

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Seus olhos se arregalam.

- E agora as duas correm perigo.

Estou em pânico e muito nervoso, ainda sem


acreditar no que Clara esta fazendo.

- Vou buscar as duas e matar a Fátima.

Corro para o carro com o papel em mãos. Entro e


vejo que junto comigo entram no carro meu pai,
Teddy e Erick.

- Me passa o papel.

Erick diz e entrego a ele, enquanto ligo o carro.


Sigo para rua e o GPS do celular dele nos guia até o
endereço no papel. O caminho todo só consigo
pensar em matar Fátima. Ela é a culpada por todo o
meu sofrimento e de Clara. É a culpada por todas as
merdas na minha família. Entramos em uma estrada
de pedra e ao fim dela, vejo um galpão.

- É ali.

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Teddy aponta e vejo o carro de Clara parado com


as luzes acesas. Paro o carro ao lado do dela e salto
dele rapidamente.

- Fernando, não faça nenhuma besteira. Você pode


colocar sua mãe e sua irmã em perigo.

Ignoro meu pai e corro em direção a porta de


entrada do galpão. A raiva consome meu corpo.
Quando estou perto da porta um barulho me faz
travar. É um tiro. Meu coração para de bater por
segundos e a raiva em meu corpo desaparece,
dando lugar ao medo.

- Clara...

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Capítulo 34
NARRAÇÃO CLARA

Paro de andar ao ouvir a voz dela.

- Não se aproxime da Vera.

Me viro e a vejo em um canto, com uma arma


apontada para mim.

- Trouxe o que me pediu.

Mostro os arquivos em minha mão.

- Esta sozinha?

Fátima parece nervosa, suas mãos tremem.

- Sim!

- Filha, o que esta acontecendo?

- Cale a boca, Vera!


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Fátima grita ainda mais nervosa. Minha mãe não


faz ideia do porque disso tudo. Temo por sua saúde
ainda mais.

- Abre os arquivos para eu ver se estão ai dentro.

Ordena e começo a abrir o arquivo, mostrando as


folhas. Vem se aproximando para olhar os papeis e
abaixa um pouco a arma. Enquanto seus olhos estão
no arquivo, os meus estão em suas mãos que
envolvem a arma.

- Passe pra mim.

Muito devagar, vou esticando minha mão para ela.


Uma de suas mãos solta a arma para pegar o
arquivo. Respiro fundo pra criar coragem e me
jogar sobre ela para tirar a arma de sua mão. Assim
que toca as pastas, me lanço sobre ela e nós duas
caímos no chão. Agarro seu pulso e bato sua mão
no chão até soltar a arma.

- Clara!

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Escuto minha mãe gritar e Fátima geme embaixo


do meu corpo. Me levanto rápido e pego a arma ao
seu lado. Aponto pra ela, que me olha assustada.

- Não atire.

Pede com os olhos cheios de lágrimas.

- Você vai pagar por todas as coisas ruins que fez.

Grito cheia de raiva.

- Pela troca dos bebês, pela morte do Dr. Lombard


e pelo sequestro da minha mãe.

- Chega!

Grita e vai se levantando do chão. Me afasto, mas


mantenho a arma virada para ela.

- Não aguento mais carregar essa culpa sozinha.


Chegou a hora da verdade.

- Atira nela, Clara!

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Minha mãe grita desesperada.

- Ela vai tentar te fazer alguma coisa, querida.


Escute sua mãe e atire antes que algo pior aconteça.

- Mandei calar a boca.

Fátima grita para a minha mãe.

- Parem!

Peço nervosa, sem saber o que fazer.

- Chegou a hora de saber toda a verdade.

- Fátima, não faça isso.

Olho para a minha mãe que esta agitada tentando se


soltar.

- Filha, me solte para poder te ajudar.

- É melhor manter sua mãe amarrada. Pelo menos


até ouvir tudo que tenho pra te contar.

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Arruma sua roupa e me olha.

- Ela não é a boa mãe que você imagina.

- Ela esta tentando ganhar tempo. Vai inventar


coisas sobre mim para te fazer me odiar.

- Deixa ela falar. Quero saber que versão tem sobre


tudo isso.

Minhas mãos tremem e em meio a essa briga das


duas, meu coração diz que tem algo errado.

- Esse sequestro foi ideia dela, para pegarmos os


arquivos.

- Mentira!

Ignoro minha mãe e continuo olhando para Fátima.

- Vou te contar desde o inicio.

Ergue os arquivos.

- Essas pastas não contam tudo.


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Joga no chão.

- Sou amiga da Vera, bem antes de se envolver com


Helio. Quando ele apareceu na vida dela, uma
jovem sem riquezas, viu a chance de ter algo na
vida e o fez se apaixonar por ela.

- Clara, é mentira! Eu me apaixonei pelo seu pai.


Eu o amo!

- Fez de tudo para engravidar dele e com isso


conseguir um belo casamento.

- Para de mentir!

- Deixa ela falar.

Digo sem olhar para a minha mãe.

- Acompanhei a gestação até o dia do parto. A


queda da sua mãe na escada não foi um acidente.
Ela se jogou depois de uma briga com a família do
Helio, que nunca a aceitou. Ela fez isso para eles se
sentirem culpados.
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Começa a rir.

- Guarde essa parte e logo vai entender como ela é


manipuladora.

- Eu te odeio, Fátima!

- Não me importo.

Diz olhando para minha mãe e depois volta a me


olhar.

- A queda fez com que o parto fosse adiantado. Fiz


de tudo que pude para salvar os bebês, mas a
menina estava enrolada no cordão e na hora de
puxar, infelizmente por um erro meu, a enforquei e
ela faleceu.

Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Fiquei apavorada e minha equipe no dia também.


Tentei explicar a Vera o que tinha ocorrido, mas ela
não queria saber. Disse que precisava apenas de
uma menina saudável. Que era pra trocar por
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qualquer uma no berçário, que ninguém se


importaria.

Olho para a minha mãe chorando.

- Uma das enfermeira apavorada contou sobre os


Silva, que eles também estavam tendo gêmeos.

Limpo meu rosto e volto a olhar para Fátima.

- Torres era o pediatra de plantão e o responsável


pelos bebês nascidos naquela noite. Sua mãe
ameaçou acabar com a minha carreira e com a
minha vida se eu não fizesse a troca do bebê morto
dela, pelo bebê vivo dos Silva.
Meu Deus!!! É bem pior do que imaginávamos.

- Isso é loucura!

Digo assustada.

- Disse que ela queria te colocar contra mim, minha


filha. Não sei do que esta falando. Não vi nada no
parto, mas ouvia a correria para salvar você. No fim
você foi colocada em meu peito.
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- Sua mãe me obrigou a trocar os bebês.

- O que houve com o Dr. Lombard?

Pergunto praticamente anestesiada com tudo isso.

- Torres e eu discutíamos no vestiário. Ele não


queria ter feito a troca, mas implorei por sua ajuda.
Pelo amor que ele tinha por mim, me ajudou. Em
meio a essa briga, Lombard entrou no vestiário e
ouviu tudo. Ameaçou contar a polícia e por medo,
acabei atingindo a cabeça dele e o ferindo.

Abaixo minhas mãos, deixando a arma pender ao


lado do meu corpo.

- Filha!

Minha mãe me chama, mas não olho pra ela.

- Como posso acreditar em uma coisa tão... tão...

Encaro Fátima com muita raiva.

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- Uma coisa tão monstruosa assim.

- Agora vem a melhor parte.

Sorri de um jeito melancólico.

- Sua mãe sempre soube de seu envolvimento com


Fernando.

- Como? Clara você se envolve com seu irmão? Oh


meu Deus!

- Vera, não precisa mais fingir amnésia.

- Filha, me diz que isso é mentira.

Minha mãe começa a respirar pesado.

- Meu peito esta doendo, esta doendo muito. Clara


me solta, não estou bem.

- Ela comprou o médico de São Paulo para dizer


que tinha perdido a memória e que estava com
problemas no coração. Lembra da falsa queda dela
grávida?
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- Não pode ser.

- Sim! Ela fingiu a queda depois que viu você e seu


irmão juntos.

Começo a andar de um lado para o outro sem saber


no que acreditar.

- Mãe, me diz que isso tudo é mentira.

Peço com o coração doendo e os olhos cheios de


lágrimas.

- É mentira meu amor. Solta a mamãe.

Seu rosto é triste, mas seus olhos não transmitem


esse sentimento.

- Carla procurou a Vera logo após o acidente do


Fernando.

Olho para Fátima.

- Foi cheia de veneno contar sobre vocês, mas


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acabou sendo surpreendida ao saber que sua mãe já


sabia. Sua mãe comprou o silêncio da garota, para
que esse romance de vocês ficasse escondido.

- Como sabe de tudo isso?

- Enquanto passávamos a tarde juntas armando o


sequestro, ela me contou.

Esse tempo todo eu vivia como um monstro.

- Ela não se importava com o envolvimento de


vocês, enquanto fosse escondido.

Aperto a arma em minha mão.

- Vera plantou em você a semente da culpa. Por


anos te vez sentir pena dela pelo parto difícil que
teve. Machuca-la para você era algo inaceitável e
por causa disso, você largou seu amor e foi para
Londres. Jogou direitinho com seus sentimentos.

Começo a chorar muito, não acreditando que a


mulher que eu amei como mãe, na verdade é um
monstro.
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- Filha!

- Não me chame de filha.

Ergo a arma e aponto para ela.

- Me nego a ser filha de um monstro como você.

- É tudo mentira.

- Chega!

Aperto o gatilho e o disparo ecoa pelo galpão.

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Capítulo 35
NARRAÇÃO FERNANDO

Meu coração para de bater por segundos e a raiva


em meu corpo desaparece, dando lugar ao medo.

- Clara!

Não consigo me mover.

- Fernando!

Escuto meu pai gritar comigo e me segurando pelo


braço.

- Vamos!

Me puxa e vai me arrastando para a porta do


galpão. Meu coração acelera mais e mais a cada
passo que dou.

- Diz a verdade.

Escuto Clara gritar e é como se o ar voltasse para o


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meu corpo, me fazendo voltar a respirar e


expulsando o medo pra fora.

- É a verdade que você quer?

Minha mãe grita de volta e paro com meu pai na


porta.

- Mandei trocar o bebê morto por você.

Olho para dentro do galpão e vejo Clara com a


arma apontada para nossa mãe, que esta amarrada
em uma cadeira. Fátima apenas assisti a cena e
ainda não acredito no que ouvi.

- Não me arrependo. Foi graças a isso que mantive


meu casamento com seu pai.

Olho para o meu pai que parece em choque.

- Sempre soube de seu envolvimento com seu


irmão e fingia não ver. Não me importava com
vocês se pegando escondido, mas vocês tinham que
levar isso longe demais. Tinham que querer viver a
merda desse amor.
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- Você me deixou sentir culpa esses anos todos por


amar o Fernando? Me viu ir embora e não fez
nada?

- Você queria que eu dissesse que não eram irmãos


e que mandei trocar os bebês, só para viver esse
amor idiota entre vocês? Acha mesmo que faria
isso e estragaria a vida que tenho com Helio?

Começa a rir como se não sentisse um pingo de


culpa.

- Tive muito trabalho para prende-lo a mim com a


gravidez e ainda mais trabalho para nos afastar de
sua família que me odiava. Não deixaria que vocês
acabassem com tudo que lutei pra ter.

Olho para Clara que abaixa a arma.

- Tenho nojo de você. Nojo das coisas que fez.

- Faria tudo de novo. Me jogaria da escada quantas


vezes fosse preciso para que sentissem culpa pelo
que fez.
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- Amo o Fernando!

Clara grita muito brava.

- Nada me faria desistir dele.

- Mas talvez eu possa fazê-lo desistir de você e


ainda te internar para tratamento, depois do trauma
de hoje.

- Vera!

Meu pai grita e minha mãe nos olha assustada.

- Oh querido! Que bom que chegou. Me tire daqui


por favor!

Me choco ao ver como ela muda a expressão do


rosto e o tom de voz, se fazendo de vítima.

- Fátima falou algumas coisas mentirosas para


Clara e ela esta perturbada. Estou com medo dela
me ferir.

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Clara não se mexe e nem se vira para nos ver. Vejo


meu pai caminhar até minha mãe que sorri para ele.

- Me solte, por favor!

Meu pai erguer a mão e da um tapa no rosto dela,


que choraminga.

- Você é um monstro.

Grita pra ela. Minha mãe o olha assustada.

- Esses anos todos estive casado com um monstro,


sem sentimentos.

- Helio!

Sussurra e meus olhos desviam para Clara que


permanece parada. Ando em sua direção para ver se
esta bem.

- Clara!

Chamo por ela, mas não se vira.

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- Clara!

Paro em sua frente e seus olhos estão perdidos


vendo meu pai brigar com a nossa mãe.

- Olha pra mim.

Seguro seu rosto o virando pra mim e seus olhos


encontram os meus.

- Você esta bem?

Solta um longo suspiro e também a arma. Começa


a chorar e nega com a cabeça, tentando me dizer
que não esta bem. Puxo-a para mim e a aperto
contra o meu peito. Assim que se sente segura em
meus braços, começa a chorar. Um choro cheio de
dor.

- Você ouviu?

- Sim...

Se afasta do meu peito e me olha.

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- Ela foi a culpada por tudo. Pelo nosso sofrimento.

- Acabou!

Encosta a cabeça novamente em meu peito, vejo


Teddy e Erick na porta do galpão. Eles estão tão
chocados quanto nós.

- Fernando!

Olho para o meu pai.

- Me ajude a soltá-la.

- Não é melhor mantê-la assim?

- Filho!

Olho para a pessoa que me colocou no mundo com


muito nojo.

- Não me chame de filho.

Me olha com o rosto sem qualquer sentimento.

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- Não tenho mãe.

Viro o rosto, vejo Teddy e Erick estão do nosso


lado.

- Podem levar Clara para o carro?

- Sim... Nós chamamos a polícia local.

- Vou aguardar a polícia aqui, mas é melhor ela ir


para o hotel.

- Tudo bem!
Afasto Clara e seguro-a para me olhar.

- Fique com o Teddy. Logo estarei com vocês no


hotel.

Beijo seus lábios de leve.

- Te amo!!!

Sussurro e ela suspira.

- Agora vai.
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Eles se afastam para ir embora. Pego a arma do


chão e coloco em meu bolso. Vou até meu pai, que
desamarra a Vera. Nunca o vi tão cheio de raiva.
Libera suas mãos e braços.

- Deixa que solto embaixo.

Digo me abaixando. Assim que coloco minhas


mãos na corda, escuto-a gritar por Fátima. Viro a
cabeça e a vejo correr para fugir. Meu pai corre
para impedir e tudo acontece tão rápido que não
consigo evitar. Vera se inclina para pegar a arma do
meu bolso. Assim que a encontra puxa e ergue em
direção ao meu pai e Fátima.

- Não!

Me jogo sobre ela, mas não evito o disparo.

- Pai!

Vejo o tiro acertar seu peito e ele lentamente cair


no chão. A raiva cresce dentro de mim e arranco a
arma da mão do monstro que um dia chamei de
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mãe. Me levanto e a deixo no chão me olhando em


pânico.

- Não faça isso. Eu sou sua mãe!

Minhas mãos tremem. Olho para o lado e vejo


Fátima sobre o corpo do meu pai o socorrendo.
Vejo o sangue nas mãos dela e tudo explode dentro
de mim. A ira, o ódio e o desejo de vingar todos
que ela feriu me fazem querer atirar. Fecho meus
olhos para tentar acalmar, mas não adianta. Sinto
mãos segurarem as minhas e abro meus olhos.
Clara esta com seus olhos azuis me implorando
para não fazer.

- Não!

Meu corpo todo treme.

- A minha vontade também foi essa, mas não vale a


pena.

- Papai!

Sussurro com os olhos cheios de lágrimas. Clara


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segura firme minha mão e a ergue para o alto.


Mantenho meus olhos nela e atiro. A raiva não
passa e atiro mais duas vezes. Ela cola a testa na
minha e chora comigo. Solta a minha mão e meu
braço cai sem forças.

- Agora vamos cuidar do nosso pai.

Diz com a voz doce, tentando me acalmar. Escuto o


barulho das sirenes e olho para a mulher nojenta no
chão.

- Espero que morra na prisão.

Erick e Teddy ficam ao lado dela, enquanto Clara


me arrasta até nosso pai. Fátima esta montada no
corpo dele, com suas mãos pressionando seu peito.
Nos ajoelhamos ao lado de seu corpo.

- Ele precisa de socorro rápido. Precisamos de uma


ambulância.

Fátima diz me olhando.

- Não deixe ele morrer, por favor!


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Imploro a ela que mantém os olhos em mim.

- Vou fazer de tudo para mantê-lo vivo. Não quero


ter mais uma vida da sua família morrendo em
minhas mãos.

Sinto a mão dele me tocar e olho para o meu pai no


chão. Sua respiração esta pesada e parece doloroso
respirar. Vejo que também segura a mão da Clara.
Puxa nós dois mais para baixo, para perto dele. Une
minha mão a de Clara e chora.

- Me prometam...

Sussurra e para de falar com um gemido.

- Que vão cuidar um do outro.

- Não fala assim pai!

Clara pede chorando e ele a olha.

- Você vai ser sempre minha garotinha, minha


filha.
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Vira para mim.

- Tenho orgulho de você, meu filho. Espero que


tenham uma linda família.

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Capítulo 36
QUATRO MESES DEPOIS

NARRAÇÃO CLARA

Observo em volta para ver se esta tudo como eu


imaginei.

- Os convidados já vão chegar.


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Viro um pouco para olha-lo. Teddy sorri ao me ver


de noiva.

- Você esta como um anjo.

Me viro totalmente para que ele me veja por


completo.

- Não acha muito simples?

Pergunto e ele amplia seu sorriso.

- Não! Esta deslumbrante.

- Como estou de noivo?

Enfia as mãos nos bolso, sorrindo timidamente.

- Perfeito! Mas eu jurava que usaria branco


também. Afinal é o dia do nosso casamento.

Anda até onde estou e segura a minha mão.

- Gosto de surpreender e já que todos esperavam


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branco...

Ergue os ombros.

-O Palmitão aqui escolheu outra cor.

Puxa minhas mãos para seus lábios e beija ambas.

- Agora vamos, porque o mozão e Tomatinho não


podem nos ver de noivas. Da azar.

Me arrasta para fora da tenda montada no quintal


dos meus pais.

- Sua mãe estava te procurando.

Meu corpo estremece e ele para de me puxar. Se


vira pra mim e me olha preocupado.

- Tudo bem?!?!

Respiro fundo.

- Sim. É só que essa palavra ainda me causa


calafrios. Sei que Laura não merece que eu me
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sinta assim com essa palavra, mas me faz lembrar


Vera e tudo que ela fez.
Carinhosamente aperta minha mão.

- Ainda esta tudo recente. Aquela vaca já esta


pagando pelos seus crimes.

Faz dois meses que ela e Fátima foram julgadas por


todos os seus crimes. Não quis saber do julgamento
e nem qual a pena delas. Enterrei o assunto dentro
daquele galpão, onde minha vida desmoronou.
Assim que coloquei meus pés fora de lá, recomecei
uma nova vida.

- Espero que fique um bom tempo pagando dentro


daquele presídio.

- Ela vai...

Voltamos a andar até a casa dos meus pais e assim


que entro, minha mãe suspira.

- Quer que sua mãe tenha um ataque do coração?

Teddy começa a rir, mas para ao vê-la brava.


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- Achei que tivesse desistido. Estava aqui pensando


no que dizer ao Fernando.

- Não precisa de tanto drama. Estava apenas vendo


como ficou a decoração.

- Você gostou? Se quiser posso pedir pra trocar o


que não te agradou.

Ando até ela e abraço-a forte.

- Ficou tudo perfeito, mãe.

- Que bom... Agora vamos terminar de te arrumar.

Subimos a escada e entramos no quarto principal.

- Já estou pronto!

Teddy diz se sentando elegantemente na cadeira


perto da cama.

- Sua família não vem mesmo?

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Minha mãe pergunta e vejo a tristeza em seus


olhos.

- Não! Meu pai não estava bem para vir. Eles


moram no Rio de Janeiro e fica difícil viajar.

Ele esta mentindo. Esta encobrindo o fato dos pais


dele não aceitarem sua opção sexual.

- Então ficarei muito honrada em conduzir


Fernando e você até o altar.

É incrível como ele consegue mudar de humor


fácil. Minha mãe coloca meu véu e sinto borboletas
em minha barriga. Minhas mãos estão frias. Batem
na porta e vejo uma cabeça aparecer dentro do
quarto.

- Todos os convidados chegaram.

Caique diz e quando me olha, abre um enorme


sorriso.

- Você esta linda!

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As borboletas em minha barriga aumentam.

- E eu?

Teddy diz rodando e Caique ri.

- Se eu jogasse no seu time, te roubaria do Erick


agora mesmo.

- Mas você pode vir jogar no meu time se quiser.

Caique ri e minha mãe bate no ombro do Teddy.

- Deixe meu filho quieto. Daqui a pouco vai ser pai.

Lina já esta com uma bela barriga e meu sobrinho


nasce muito em breve. Será o pequeno Saulo
Mauricio, em homenagem aos pais. Eles decidiram
se casar depois do nascimento do bebê. Meu irmão
se aproxima e me abraça forte. Me mantém em seus
braços como sempre faz ao me abraçar. Diz ele
que esta recuperando os abraços perdidos.

- Não demore muito ou Fernando tem um treco lá


fora.
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Diz ao me soltar.

- Já vamos descer.

Se afasta e vai para a porta.

- Vou indo com Teddy. Vai entrar o Erick primeiro,


depois entro com Teddy e Fernando.

Minha mãe diz toda emotiva.

- Depois você entra.

- Certo!

- Desça daqui 10 minutos.

- Certo!

Repito novamente nervosa e ela beija meu rosto.

- Tudo vai dar certo, filha! Não se preocupe.

- Obrigada!
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Antes de saírem, Teddy me manda um beijo que


retribuo e ele o guarda no peito. Espero os 10
minutos e já escuto a música vindo da tenda no
jardim.
Saio do quarto e ando até a escada. Começo a
descer com cuidado e meus olhos se enchem de
lágrimas ao ver Mauricio, meu pai, chorando ao me
ver. Mesmo com os olhos desfocados, chego ao fim
da escada.

- Você esta linda!

Ergo minha mão e limpo seu rosto.

- Obrigada, pai!

- Acho que a beleza da Clara é muito parecida com


a minha.

Olho para a porta e vejo meu pai Helio sorrindo.

- Talvez um pouco dos dois.

Ele se aproxima.
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- Fernando estava nervoso e tentei acalma-lo.

Cada um para de um lado do meu corpo.

- Vamos?!?!?!

Perguntam me dando os braços e os aceito muito


feliz.

- Vamos!

A música começa a tocar e de braços dados com os


meus dois pais, sigo pelo lindo caminho de flores e
logo vejo o altar. Fernando me olha com um
enorme sorriso. Vejo Teddy e ao lado, o seu
Tomatinho. Meus pais beijam meu rosto e
cumprimentam Fernando que logo em seguida vem
para mim.

- Clara Silva!

Virei oficialmente uma Silva e graças a isso, estou


me casando com o homem da minha vida.

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- Fernando Ribeiro!

Se inclina para perto do meu rosto.

- Pronta para voltar a ser uma Ribeiro?

- Sim!

Segura a minha mão e nos guia para a frente do juiz


de paz. Paramos ao lado do Erick e Teddy, que já
esta chorando. A cerimônia começa e meus olhos
não desviam dos de Fernando. Tudo que passamos
repassa em minha cabeça. Acho que eu o amei
desde sempre.

- Vamos aos votos, começando com o Erick.

Erick se vira para Teddy, que ainda chora


compulsivamente. Solta um longo suspiro e
começa.

- Theodoro...

Sorri de um jeito carinhoso e Teddy revira os olhos.

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- Te prometo ser fiel, na alegria e na tristeza, na


saúde e na doença, por todos os dias de nossas
vidas. Até que a morte nos separe.

Coloca a aliança no dedo de Teddy.

- Agora é sua vez Theodoro.

- Me sinto meu avô cada vez que repetem o meu


nome assim.

Todos começam a rir.

- Tomatinho...

Erick olha bravo pra ele que ri.

- Desculpa! Força do habito. Erick...

Pisca fofo pra ele.

- Te prometo ser fiel, na alegria e na tristeza, na


saúde e na doença, por todos os dias de nossas
vidas. Até que o mozão descubra que me ama e
largue a Clara. Aí eu deixo você e vou viver com
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ele.

Dou um tapa no braço de Teddy e Fernando esta


rindo alto, assim como os convidados.

- É brincadeira! Sou completamente apaixonado


pelo Tomatinho e não troco ele por ninguém. Nem
pelo mozão.

Coloca a aliança no dedo de Erick.

- Depois conversamos sobre isso.

Erick diz sorrindo.

- Pode me punir que eu deixo.

O juiz de paz resmunga e manda os dois se


acalmarem.

- Eu os declaro casados. Podem se beijar.

Teddy pula sobre Erick e o beija.

- Te amo, Tomatinho!
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- Também te amo, Palmitão!

- Agora são vocês.

Fernando segura minha mão e olhando no fundo


dos meus olhos, começa a deslizar a aliança em
meu dedo.

- Clara! Te prometo ser fiel, na alegria e na tristeza,


na saúde e na doença. Por todos os dias de nossas
vidas. Até que a morte nos separe.

Ergue minha não e beija minha aliança.

- O destino te trouxe pra mim e nunca mais te


deixarei fugir. Você é minha!

Meus olhos estão cheios de lágrimas. Pego aliança


e começo a deslizar em seu dedo.

- Fernando! Te prometo ser fiel, na alegria e na


tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de
nossas vidas.

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As lágrimas já estão rolando pelo meu rosto.

- Até que a morte ou o Teddy nos separe.

Ele sorri.

- Agradeço ao destino por ter nos unido. Você é


meu!

Fernando ergue as mãos e limpa o meu rosto. O


segura com carinho e me olha sorrindo.

- Eu os declaro casados. Podem se beijar.

Os aplausos ecoam pela tenda.

- Minha Sra. Ribeiro!

Sussurra em meus lábios, enquanto me beija com


amor.

- Sua...

*******************

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DOIS ANOS DEPOIS

Teddy e Erick andam de um lado para o outro no


hospital.

- Se acalmem!

Digo e eles me olham.

- Não tem como nos acalmar. Nosso filho vai


nascer hoje.

Então escutamos uma enfermeira chamar os dois.

- Já podem vir se arrumar para ver o nascimento.

Os dois correm para a enfermeira animados. Assim


que passam pela porta, encosto minha cabeça no
ombro do Fernando. Faz um bom tempo que estou
muito cansada.

- Ainda não acredito que o bebê deles vai nascer.

Fernando beija a minha cabeça. Suzan é uma amiga


do Teddy, que aceitou ser barriga amiga do bebê
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deles.

- Já entraram?

Olho pra frente e vejo meu pai Helio com um suco


de acerola na mão. Sei que é acerola pelo cheiro
que me enjoa.

- Já!

Respondo respirando fundo.

- Perdi a hora.

Diz sem graça e sabemos bem o porque. Desde que


começou a namorar a Leda, mãe da Lina, não sai
mais de um certo hotel.

- Quer suco?

Assim que ele coloca o copo perto do meu rosto, o


cheiro intensifica e não consigo mais segurar. Me
levanto da cadeira e corro para o banheiro.

- Clara!
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Enfio minha cara toda na privada e solto tudo e


mais um pouco. Sinto as mãos do Fernando puxar
meu cabelo. Quando tudo acaba e não tenho mais o
que vomitar, me sento no chão.

- Estou preocupado com você.

Olho pra ele, ainda mole.

- Faz um tempo que anda vomitando.

Me ajuda a levantar do chão e então Lina entra no


banheiro.

- Seu pai foi me procurar. Disse que não estava


bem.

- Foi só enjoo.

Ela me olha com um sorriso e entendo o que ela


pensa que seja. Pode ser, já que faz um tempo que
parei com meus remédios.

- Vem comigo!
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- Pra onde vai levar a Clara?


Fernando pergunta preocupado.

- Vem você também.

*************

Entramos em uma sala e ela me entrega um


potinho.

- Já sabe o que fazer.

Fernando nos olha perdido. Vou para o banheiro da


sala e faço xixi no pote. Saio e entrego a Lina que
coloca em seguida o palitinho dentro.

- Vocês poderiam, por favor, me dizer o que esta


acontecendo?

Fernando pede e Lina sorrindo mostra o palitinho.

- Vocês vão ser papais.

Ele esta calado, encarando o palitinho.


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- Merda!!!

Digo o virando pra mim.

- Você esta bem?

Pisca algumas vezes.

- Lina, acho que ele não esta bem.

- Estou...

Sussurra e seus olhos descem pra minha barriga.

- Você esta grávida!!!!

Suas mãos tocam a minha barriga e estou chorando.

- Parei de tomar remédio. Pensei em te contar,


mas...

Sou calada por sua boca, que me beija com calma.

- Eu te amo tanto!
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Começa a beijar meu rosto todo.

- Querem ver o bebê?

Fernando para de me beijar e juntos apenas


balançamos as cabeças concordando.

********************
Estou deitada na maca e Lina começa a passar o gel
na minha barriga.

- Clara, pelo que me contou de atraso da


menstruação, deve estar em torno de 9 pra 10
semanas. Vamos tentar ver pela barriga e se não
der, vamos para o outro método.

- Tudo bem!

Fernando esta agarrado em minha mão.

- Seria incrível vocês terem gêmeos.

Lina diz empolgada.

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- A possibilidade é bem grande.

Sinto a mão dele apertar a minha.

- Gosto da ideia.

Diz puxando minha mão para sua boca e mantém


em seus lábios, enquanto Lina coloca o aparelho na
minha barriga. Mexe de um lado, mexe do outro e
começo a ficar preocupada. Sua boca se abre.

- O que foi?

Pergunto nervosa.

- São gêmeos?

Fernando pergunta ao afastar minha mão de sua


boca.

- Não são gêmeos.

Ele suspira desapontado.

- São trigêmeos...
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Lina diz e o sinto soltar minha mão. Assim que o


olho, vejo desabar no chão.

EPÍLOGO

TRÊS ANOS DEPOIS

NARRAÇÃO FERNANDO

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Seguro Isabella pela mãozinha, enquanto ela tenta


animada pegar o balão a sua frente. Olho mais uma
vês para ter certeza se é mesmo a Isabela. Ter
trigêmeas idênticas é complicado e ter uma mãe
que as vestem iguais é pior ainda.

- Fernando, traga a Vivian pra trocar a fralda.

Certo! Errei a filha, mas o bom é que as amo da


mesma forma. Como Clara acerta quem é quem?
Pego a minha pequena no colo, que gargalha
quando a balanço.

- Vamos trocar esse bumbum!

Digo beijando a lateral do seu corpo e ela ri ainda


mais.

- Pronto!

Coloco minha pequena no colo de Clara, que sorri


para mim.

- Enquanto troco a Vivian, troque a Beatriz.

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Olho o carrinho triplo que temos e tem duas filhas


idênticas nele. E agora? Quem é a Beatriz? Clara
esta me olhando, esperando para ver se pego a filha
certa. Ela sempre faz isso. Ela e Teddy vivem
apostando que eu não acerto quem é quem. Meu
aliado é o Erick, que as vezes me aponta com a
cabeça quem. Diz ele que como médico, fica mais
fácil encontrar pontos de diferença no contorno
ósseo delas. Pra mim é tudo igual.

- Ainda não sabe quem é a Bia?

- Você não ajuda vestindo todas iguais. Podia


diferenciar pelo menos as cores. Beatriz sempre de
vermelho, Vivian sempre de rosa e Isabella de lilás.

Ela esta rindo da minha cara.

- Se acertar a Bia, prometo que teremos uma noite


romântica amanhã.

- Isso é interessante.

Olho as minhas duas pequenas e sussurro baixinho.

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- Bia...

Uma delas ri e sei que é a minha Beatriz.

- Vem filha!

- Eu ouvi você a chamar!


Clara fala rindo e faço carinha de culpado.

- Perdi nosso momento romântico.

- Serei boazinha com você. Ainda vai ter nosso


momento.

- Quem quer bolo?

Um Teddy escandaloso grita, segurando um bolo


enorme. Saulo Mauricio passa por mim feito um
foguete e logo atrás surge o Erick com o
aniversariante. Álvaro Miguel hoje completa três
anos. Esta vestido de cowboy Woody e o tema da
festa é Toy Story.

- Vamos trocar as fraldas logo e ir para o parabéns


do nosso afilhado.
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Enquanto troco a Beatriz, ela termina de trocar a


Vivan e vai para a Isabella. Seguro duas filhas e ela
uma. Nos aproximamos da mesa dos parabéns e
quero rir ao ver que Erick esta fantasiado do Buzz e
o Teddy do cavalo do Woody.

- Eles sempre vão se fantasiar com o Álvaro


Miguel?

- Teddy acha isso o máximo.

- Tenho dó do nosso afilhado. Não é a toa que vive


querendo ir lá em casa.

O parabéns começa a ser cantado com toda a


animação e empolgação que Teddy consegue.
Nossas filhas o acompanham e sei que são loucas
pelo tio Palmitão. Se bem que acho que amam mais
tio Tomatinho.

*************

A festa acabou e estamos largados no gramado do


quintal. Nossas trigêmeas dormes no carrinho a
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nossa frente e nosso afilhado no pequeno sofazinho


improvisado ao lado. Todos já foram embora e
restou apenas Clara, Erick, Teddy e eu. Caique
queria ficar, mas Lina esta no final da gestação da
pequena Flora e estava cansada. Meu pai sumiu
com a Leda e imagino que tenham ido para mais
uma viagem louca de moto pelo mundo a fora. Os
dois sempre desaparecem e só aparecem para ver os
netos.

- Meus pais querem fazer um almoço amanhã na


casa deles.

Clara diz encostando a cabeça em meu ombro.

- Pensei em almoçar lá e deixar nossas filhas


dormirem com eles.

Sua boca vem para o meu ouvido.

- Assim podemos ter nosso momento romântico.

Sussurra e sei que isso significa namorar gostoso


sem filhas para atrapalhar.

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- Teremos um momento romântico amanhã a noite?

Levo um susto com a voz do Teddy no meu ouvido.


De onde ele saiu? Clara esta rindo, enquanto ele se
senta ao meu lado.

- Tomatinho, amanhã vamos ter um jantar


romântico com a Clara e o mozão.

- Ninguém te convidou!

Digo bravo e ele deita a cabeça em meu ombro.

- Não existe momento romântico sem mim, delícia!


Já devia saber disso, mozão.

- Erick, segura seu marido que hoje ele esta


ativamente sexual pro meu lado.

- Já desisti de segurá-lo. Aparentemente vai morrer


com tesão por você e isso não tem cura.

Todos estão rindo, enquanto ele se esfrega em mim


como um gato no cio.

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- Como é que eu te aguento até hoje?

Pergunto rindo e ele bate os cílios para mim.

- Amor! Você me ama com todas as forças do


core...

Faz um coração com as mãos para mim.

- Diz que me ama!

- Não...

Enfia o dedo entre meus lábio e cutuca eles.

- Diz que me ama, mozão!

- Vou morder seu dedo.

- Delícia!

- Tudo que eu digo, você leva como sexual.

- É que você exala masculinidade e deixa tudo


sexual.
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Imita um tigre pra mim.

- Você bebeu?

- Um pouco! Minha bicha interior esta levemente


despirocada. Nesse momento esta fazendo um
striptease pra você.

Morde o lábio safado.

- Se pudesse ver...

Revira os olhos como se estivesse com prazer.

- Clara! Estou com medo dele.

- Relaxa que o Teddy só seduz, mas não ataca. É


como um animal castrado.

Impossível não rir disso.

- Animais castrados também grudam nas pernas e


roçam de tesão.

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- Se agarrar a minha perna, te chuto até a lua.

- Para de me seduzir, mozão! Isso me deixa mais


excitado.

Álvaro Miguel acorda e coça os olhinhos. Sorri ao


nos ver e graças a Deus Teddy se acalma quando vê
o filho.

- Oi, meu amor! Vem com o papai!

Ele olha em volta e então sorri ao ver as gêmeas no


carrinho.

- Meu filho é apaixonado pelas meninas.

- São grandes amigos.

Teddy empurra meu ombro rindo.

- Nós somos grandes amigos! Meu filho é


apaixonado... Isso significa que assim como você e
Clara, o amor já existe.

- Para de alimentar isso com nossos filhos!


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Digo bravo e ele ri.

- Você pode amar desde sempre sua irmão que não


era sua irmã, mas meu filho não pode amar suas
gêmeas?

- A prova de que ele ama como amigo é que ele


ama as três.

Teddy abre um enorme sorriso safado.

- Meu amor! Ele é meu filho...

- O que isso significa? Ele tem inveja da roupa


delas?

Agora ele ri escandalosamente da minha cara.

- Isso significa que ele faz parte do amor livre.

- Estou com medo de continuar ouvindo suas


besteiras.

- O amor não tem cor, sexo, religião ou quantidade.


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Meu filho quer fazer com suas filhas um harém.


- Não! Mantém seu filho longe das minhas
meninas.

- Pode deixar que vou ensina-lo a ser gentil.

- Theodoro, não!

- Aí que delícia! Que tudo quando me chama assim.

- Estou brigando com você e não sendo atraente.

- Mozão, você é atraente até fazendo coco.

- Você nunca me viu cagando.

Ele faz uma cara de desentendido e olho furioso pra


ele.

- Você já me espionou cagando?

Começa a assoviar.

- Erick!

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O chamo puto e ele esta rindo.

- Não tenho controle sobre ele. Desculpa!

- Clara!

Olho para a minha mulher.

- Se resolvam sozinhos... Não me meto nessa


amizade estranha.

Viro a cabeça para o gay mais irritante que existe


na terra.

- Você me ama...

Estreito meus olhos e ele vai se levantando aos


poucos.

- Você me ama muito...

Fica em pé e balança o corpo, fazendo uma


dancinha ridícula.

- Você me deseja...
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- Teddy!

Me levanto rápido e ele sai correndo rindo.

- Clara, segura o mozão!

Ela esta rindo e me sento de novo, enquanto ele


corre feito uma gazela.

- Vocês são estranhos!

Erick comenta bebendo sua cerveja.

- Eu sei!

Digo dando de ombros.

- Infelizmente eu gosto desse Palmitão!

- Sei como é!

Ele fala rindo.

- Tem algo nele que não podemos evitar!


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- Vocês me amam...

Teddy grita correndo em volta de nós. Clara me


abraça e beija meu rosto.

- Eu te amo por aguentá-lo!

- Eu te amo por me aguentar!

- Sempre vou te amar!

Beija meu pescoço.

- O destino me levou a você para te amar.

- Foi um belo destino trocado...

Nos olhamos e vejo o sorriso da mulher que amo.

- Duas vidas vividas ao seu lado. Você teve a


Ribeiro e a Silva.

- E viverei quantas vidas mais você tiver ao seu


lado.
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Nenhum caminho nessa vida, traçado por Deus, é


sem motivo. As vezes o caminho errado é o que nos
leva ao certo.

FIM.......

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