Gabarito Genética Mendeliana

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Conceitos básicos:
Através de estudo das genealogias é possível identificar várias formas de herança e, para
isto, usamos o heredograma, que é a representação gráfica dos indivíduos relacionados
por parentesco.
Abaixo citamos alguns critérios que não são rígidos, mas que facilitam a
identificação de determinado padrão de herança, quando analisamos um heredograma.

1. Herança autossômica dominante:


1.1. A característica ocorre igualmente em homens e mulheres.
1.2. Indivíduos afetados são frequentemente filhos de casais onde pelo menos um
dos cônjuges é afetado, dessa forma, um casal normal não tem filhos afetados (a não ser
que haja mutação ou penetrância incompleta).
1.3. A característica ocorre em todas as gerações.

2. Herança autossômica recessiva:


2.1. Os dois sexos são igualmente afetados.
2.2. Em geral, os indivíduos afetados resultam de cruzamentos consanguíneos.
2.3. O caráter aparece tipicamente apenas em irmãos, mas não em seus pais,
descendentes ou parentes.
2.4. Em média, 1/4 dos irmãos do propósito ou probando são afetados.

3. Herança recessiva ligada ao sexo (X):


3.1. A incidência é mais alta nos homens (sexo heterogamético) do que nas
mulheres (sexo homogamético).
3.2. O caráter é passado de um homem afetado, através de todas as suas filhas,
para metade dos filhos delas.
3.3. O caráter nunca é transmitido diretamente do pai para o filho.

4. Herança dominante ligada ao sexo (X):


4.1. Os homens afetados transmitem o caráter para todas as suas filhas e nenhum
dos seus filhos.
4.2. As mulheres afetadas que são heterozigotas transmitem o caráter para metade
de seus filhos de ambos os sexos.
4.3. As mulheres afetadas que são homozigotas transmitem o caráter para toda a
sua prole.
4.4. A herança dominante ligada ao X não pode ser distinguida da herança
autossômica dominante pela prole das mulheres afetadas, mas apenas pela prole dos
homens afetados.

1. A doença de Tay-Sachs caracteriza-se pelo estabelecimento de grave retardo no


desenvolvimento progredindo para cegueira, demência, paralisia e morte entre os dois e
três anos de idade. O heterozigoto pode ser detectado por ensaio enzimático da
hexoaminase no soro ou nos fibroblastos, que revela 40 a 60% de atividade abaixo
daquela dos indivíduos normais. A taxa de prevalência dessa anomalia entre judeus é
muito alta (1: 5.000) em relação a populações não judias (1: 400.000). Após o
diagnóstico dessa doença em dois membros da família representada no heredograma
abaixo, foi pedido pelo casal III.4 x III.5 um aconselhamento genético.

afetados

normais

a) Qual o padrão de herança envolvido nessa anomalia genética? Justifique sua


resposta.
- Herança autossômica recessiva, pois observamos pulo de geração, herança do
tipo horizontal e afeta ambos os sexos com a mesma chance.

b) Qual a probabilidade de nascimento de criança afetada para o casal em


questão?
O casal em questão é do tipo casamento consanguíneo. Num primeiro momento temos
que calcular a probabilidade de ambos serem heterozigotos ou portadores e, em seguida,
a probabilidade de terem um filho afetado.

- Probabilidade da mãe ser portadora ou Aa = nós sabemos que o alelo está na sua
geração e família, pois ela tem uma irmã afetada, assim ela pode ser AA OU Aa,
ou seja, duas categorias genotípicas:

A (1/2) a (1/2)
A (1/2) AA = 1/3 Aa = 1/3
a (1/2) Aa = 1/3 aa
Esse genótipo
não deve ser
considerado

Assim, a P da mãe se Aa = 2/3. O mesmo acontece com sua futura marido. Olhem
no heredograma e perceberão que ele também tem um irmão afetado. Portanto, o mesmo
raciocínio deve ser empregado aqui.

- Probabilidade de terem um filho afetado (aa) = P(mãe Aa) X P(pai Aa) X *P(filho
afetado aa) = 2/3 X 2/3 X 1/4 = 1/9.
*P(filho afetado aa) , aqui os pais são heterozigotos e para terem um filho afetado
deverão, ambos, passar o alelo mutado para o filho.

Portanto, resposta final é de 1/9.

2. A transmissão de duas características raras com segregação independente e penetrância


completa está mostrada na genealogia abaixo. O caráter nº 1 está indicado por traços
horizontais, o caráter nº 2 por traços verticais, e portadores de ambos são indicados por
símbolos quadriculados. Responda às questões propostas usando as letras A e a para
representar os alelos responsáveis pela característica 1 e B e b para acaracterística 2.

caráter 1
caráter 2

a) Qual o tipo de herança está mais provavelmente envolvido em cada uma das
características? Justifique.
Característica 1 (A ou a): provável ser herança autossômica recessiva, pois observamos
que houve pulo de geração (herança horizontal) e que afeta ambos os sexos.
Característica 2 (B ou b): provável ser herança autossômica dominante, pois observamos
indivíduos afetados em todas as gerações (não há pulo de geração e herança vertical) e
que afeta ambos os sexos.

b) Dê os genótipos mais prováveis dos indivíduos IV.1, IV.4 e IV.5.


IV.1, A–bb; IV.4 A–Bb e IV.5 aaBb.

c) Qual a probabilidade (P) do nascimento de uma criança duplo homozigota


recessiva do casamento de IV.3 e IV.4.
Num primeiro momento temos que calcular a probabilidade de cada característica e para
cada parental e, em seguida, a probabilidade de terem criança duplo homozigota recessiva
(aabb).

- Começamos pela mãe. Sabemos que ela é Bb (afetada pela característica 2


autossômica dominante). Então só precisamos calcular a P de ser Aa. Idem ao
exercício 2, letra b. P mãe ser Aa = 2/3. Assim, Pmãe (AaBb) = 2/3.
- Agora o pai. LEMBREM-SE que doença genética é rara! O pai, sabemos que ele
é bb, pois é normal para o caráter 2. Temos que calcular a P de ele ser Aa.
o P(Aa) = vamos pela consanguinidade, ou pela chance de
compartilhamento de genes entre aparentados:
o Geração III – seu pai (III.2) pode ser portador (Aa), pois o irmão dele
(III.5) certamente é Aa, pois teve dois filos afetados (aa). Assim, III.2 tem
1/2 de ser Aa e, em sendo, pode passar a alelo mutado para seu filho com
a chance de 1/2.
o Assim, Ppai(Aa) é de 1/2 X 1/2 = 1/4

- Por fim, P(aabb) = Pmãe(AaBb) X Ppai(Aabb) = 2/3 x 1/2 x 1/2 X 1/4 x 1/2 =
1/48
Em vermelho corresponde a probabilidade de passarem o alelo.

3. O heredograma abaixo foi traçado baseado nas informações obtidas após a ocorrência
de fibrose cística em dois filhos de um casal.

a) Qual o tipo de herança da fibrose cística? Justifique.


Herança autossômica recessiva, pois observamos pulo de geração, herança do tipo
horizontal e afeta ambos os sexos com a mesma chance.

b) Supondo que I.1 e II.4 sejam homozigotos, qual a probabilidade (P) de nascer
uma criança afetada do casamento de III.4 com III.5?
Casamento consanguíneo.
- Probabilidade da mãe (III.5) ser portadora ou Aa = nós sabemos que o alelo está
na sua geração e família, pois ela tem uma irmã afetada, assim ela pode ser AA
OU Aa, ou seja, duas categorias genotípicas:

A (1/2) a (1/2)
A (1/2) AA = 1/3 Aa = 1/3
a (1/2) Aa = 1/3 aa
Esse genótipo
não deve ser
considerado

Assim, a P da mãe se Aa = 2/3.

- Probabilidade do pai ser portadora ou Aa. Vamos calcular pela consanguinidade.


Sabemos que o tio, II.5 é heterozigoto Aa, pois ele tem dois filhos afetados (III.6
e 7). Este indivíduo compartilha 1/2 do seu genoma com seu irmão (II. 3) que é o
pai do indivíduo III.4. Por sua vez, este pai (II.3), em sendo heterozigoto, terá a
chance de 1/2 de passar o alelo a para seu filho III.4. Portanto, a P de III.4 ser
heterozigoto é de 1/2 X 1/2 = 1/4.
- Agora, a probabilidade de III.4 e III.5 terem um filho afetado será de P(mãe
Aa) 2/3 X P(pai Aa)1/4 X P(passarem aa) 1/4 = 1/24.

4. Antônio é afetado de um tipo de distrofia muscular que se manifestou aos 18 anos,


tendo o incapacitado aos 50. De seu casamento com Maria, de fenótipo normal,
resultaram quatro filhas normais, dois filhos com o mesmo tipo de distrofia e um filho
normal. Informações complementares revelaram ter o casal de avós maternos comuns e
não haver casos similares nos seus ancestrais.

a) Desenhe o heredograma da família.


b) Baseado no heredograma do item anterior, determine que hipótese(s)
monogênica(s) pode(m) ser excluída(s) para explicar a transmissão da doença. Por quê?
Baseado no heredograma, poderíamos excluir a hipótese de herança ligada ao X, pois
Antônio não poderia passar o alelo mutado para seus filhos, seja dominante ou recessivo.
c) Posteriormente, descobriu-se que Maria tinha dois irmãos com a mesma
enfermidade, que hipótese monogênica explica, agora, melhor essa situação? Por quê?
Neste caso, podemos concluir que a melhor hipótese para o tipo de herança nessa família,
é a recessiva ligada ao X, pois podemos afirmar que Maria é portadora (em função dos
irmãos afetados) e passou o alelo para seus filhos.
d) Qual o risco de um filho afetado de Antônio vir a ter também uma criança
afetada, na hipótese dele se casar com uma mulher heterozigota?

Risco de ½.
e) Sua resposta ao item anterior se modificaria se a mulher heterozigota se casasse
com um homem normal? Como?

Sim. Seria 1/4 = risco de ter um filho homem e afetado.

5. Tente explicar o porquê vemos de 8 a 10% de mulheres portadoras do gene da DMD


(Distrofia Muscular de Duchenne) apresentam fraqueza muscular.

Inativação do X. Pode haver um desvio na relação de 50% para cada X inativado e o X


portador da mutação ser mais representado nas células e, desta forma, a mulher portadora
apresentará sintomas da DMD (Distrofia Muscular de Duchenne).

6. A família Addams sabe de três parentes que têm a doença dos cabelos encaracolados
na qual uma criança não cresce, sofre degeneração cerebral e morre aos dois anos de
idade. As crianças afetadas têm um peculiar cabelo curto e branco, de onde se origina o
nome do distúrbio. Wanda Addams (III7) está insegura quanto a ter filhos porque suas
duas irmãs tiveram filhos que morreram da doença dos cabelos encaracolados. Sua mãe
teve um irmão que morreu da condição. O heredograma da família é mostrado abaixo.
a) Qual o tipo de herança mais provável para esta doença? Justifique.
Pelo heredograma podemos afirmar que é uma herança recessiva ligada ao X;
recessiva pois observamos pulo de geração e ligada ao X, pois afeta unicamente
homens.

b) Qual a chance de Wanda ser portadora?
A mãe de Wanda (II.3) é portadora com certeza, pois duas de suas filhas tiveram
filhos afetados, portanto também são portadoras via herança materna. Além disso a
mãe em questão também teve um irmão com a doença, confirmando que o alelo
mutado está segregando deste lado da família. Assim, a chance de Wanda ser
portadora é a chance de herdar o alelo mutado de sua mãe, ou seja, 50%.

c) Se Wanda for uma portadora, qual a chance de que o filho dela herde a doença?
Neste caso, devemos considerar que, para ser afetado, tem que ser menino. Assim, a
chance é de 50% para um filho do sexo masculino.



7. Você é consultado por um casal, Abby e Andrew, que conta que a irmã de Abby,
Anna, tem síndrome de Hurler (uma mucopolissacaridose); eles estão preocupados se eles
próprios poderiam ter uma criança com a mesma doença. A síndrome de Hurler é uma
condição autossômica recessiva, com uma incidência populacional de aproximadamente
um em 90.000 em sua comunidade.
a) Se Abby e Andrew não são consanguíneos, qual é o risco do primeiro filho
deles ter a síndrome de Hurler?
Abby tem 2/3 de chance de ser portadora. Andrew tem aproximadamente de chance

de ser portador. Assim, seu risco de ter um filho afetado é , ou .

b) Se eles forem primos de primeiro grau, qual é o risco?


2/3 × 1/4 × 1/4 = .

8. O pai de João tem um irmão gêmeo monozigótico, que é casado com a irmã da mãe de
João, a qual, por sua vez, é gêmea monozigótica de sua mãe. João se casou com sua
prima Maria, que é filha do irmão gêmeo de seu pai com a irmã gêmea de sua mãe.

a) A que equivale o parentesco genético entre João e Maria?


Parentesco entre irmãos.
b) Se João for heterozigoto para um gene/alelo autossômico raro e que determina
uma doença recessiva, qual o risco de João e Maria gerarem uma criança com tal
anomalia?
½ x ¼ = 1/8

9. Escolha a expressão da lista abaixo que melhor descreva as situações de a à f:

I. Heterogeneidade alélica
II. Pleiotropia
III. Expressividade variável
IV. Penetrância incompleta
V. Consanguinidade
VI. Heterogeneidade de lócus

a) Um homem não mostra sinais de distrofia miotônica, uma doença autossômica


dominante, embora seu pai e duas filhas tenham a doença ( IV )
b) A porfiria variegada, um erro inato autossômico dominante da biossíntese de
porfirinas, pode causar fotossensibilidade da pele com bolhas, dor abdominal,
neuropatia periférica e episódios psicóticos ( II )
c) Um homem, com alguns nódulos de Lisch e sardas axilares, tem uma filha com grave
escoliose e centenas de neurofibromas ( III )
d) Uma forma rara de deficiência autossômica recessiva de hormônio de crescimento só
ocorre em certas pequenas vilas isoladas dos Alpes suíços ( V )
e) Tanto uma mutação sem sentido quanto uma deleção no gene da ornitina
transcarbamilase (OTC) causam hiperamonemia neonatal letal devido à ausência de
OTC, uma importante enzima hepática no ciclo da ureia ( I )
f) A retinite pigmentosa, uma forma de degeneração da retina, ocorre nas formas
autossômica e ligada ao X ( VI ).

10. A síndrome da mão fendida é uma malformação autossômica dominante com


penetrância reduzida e se caracteriza pela presença de mãos e/ou pés em forma de garras.
Embora o defeito básico não seja conhecido, a malformação deve originar-se quando as
mãos e os pés estão se formando (6ª ou 7ª semana do desenvolvimento). A revisão da
literatura sobre essa anomalia, sugere que o distúrbio tem uma penetrância de 70%.
Observe o heredograma abaixo e responda:
normais

afetados

a) Qual a explicação mais provável para a origem do fenótipo em III.3?

Muito provavelmente a razão é que o pai, indivíduo II.5 é portador, mas não apresenta os
sintomas da patologia em função da penetrância incompleta.

b) Qual a probabilidade de nascerem indivíduos normais do cruzamento II.1 x II. 2?

Neste caso, temos duas possibilidades para nascerem indivíduos normais, uma em que o
indivíduo não é portador, ou seja, é aa (estamos falando de uma doença autossômica
dominante), OU o indivíduo é Aa, mas não manifesta a doença em função da penetrância
incompleta que, neste caso é de 70%. Isso que dizer que 70% dos indivíduos Aa
manifestam a doença, enquanto os 30% restantes, embora sejam portadores, não
manifestam a doença.
Assim, o cálculo para ter um indivíduo normal, neste caso será apenas levanto em
consideração o pai (II.2), pois ele é afetado, portanto Aa. A mãe (II.1) não precisa ser
considerada, pois sabemos que doença genética é rara.

Sendo II.2 Aa, a P indivíduo normal é = P(aa) OU P(Aa nos 30%) = 0.5 + 0.5X0.3 =
0.65.

11. O heredograma abaixo se refere à distrofia miotônica devida a um gene autossômico


dominante. Os indivíduos afetados estão representados por símbolos sombreados e os
sintomas desta doença que cada um apresenta estão descritos ao lado de cada um.
fenômeno miotônico
e fraqueza muscular

fenômeno miotônico
fraqueza muscular
catarata, surdez e
catarata atrofia testicular

fraqueza muscular
surdez
a) Como você explica o fato de II.2 não ser afetado?

Muito provavelmente a razão é que ele é portador (pois tem um filho afetado), mas não
apresenta os sintomas da patologia em função da penetrância incompleta.
b) Sabendo-se que apenas 80% dos indivíduos portadores deste gene dominante
manifestam algum nível de anomalia, calcule a probabilidade do próximo descendente do
casal II.1 e II.2 ser afetado.
Será a probabilidade do pai portador passar o alelo mutado e que ele manifeste a doença
(80% dos casos). Portanto, 0.5 X 0.8 = 0.4.

c) Como você explica o fato dos indivíduos portadores deste gene dominante
apresentarem diferentes conjuntos de sintomas?
A explicação mais provável é pela expressividade variável que deve estar sendo causada
por algum gene modificador.

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