Lei 15 de Defesa Do Consumidor - República de Angola

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LEI 15/03 DE 22 DE JULHO DE 2003

LEI DE DEFESA DO CONSUMIDOR

CAPÍTULO I

Princípios Gerais

ARTIGO 1º

(Objecto)

A presente lei estabelece os princípios gerais da política de defesa


do consumidor.

ARTIGO 2º

(Dever geral de protecção)

1. Ao Estado incumbe proteger o consumidor, apoiar a constituição e o


funcionamento das associações de consumidores, bem como a
execução do disposto na presente lei.

2. A incumbência geral do Estado na protecção dos consumidores


pressupõe a intervenção legislativa e regulamentar adequada em todos
os domínios envolvidos.

ARTIGO 3º

(Definições e âmbito)

1. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica a quem sejam fornecidos


bens e serviços ou transmitidos quaisquer direitos e que os utiliza como
destinatário final, por quem exerce uma actividade económica que vise a
obtenção de lucros.

2. Fornecedor é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que
desenvolvem actividades de produção, exportação, distribuição ou
comercialização de bens ou prestação de serviços.

3. Bem é qualquer objecto de consumo ou um meio de produção, móvel


ou imóvel, material ou imaterial.

4. Serviço é qualquer actividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração, inclusive ás de natureza bancária, financeira,
crédito e securitária, excepto as decorrentes das relações de carácter
laboral.

5. Uso normal ou razoavelmente previsível é toda a utilização que se


mostra adequada à natureza ou características do bem ou que respeita
ás indicações ou modos de uso aconselhados, de forma clara e evidente
pelo produtor.

6. Consideram-se incluídos no âmbito da presente lei os bens e serviços


fornecidos e prestados por organismos da administração pública, por
pessoas colectivas públicas, por empresas de capitais públicos ou
detidos maioritariamente pelo Estado e por empresas concessionárias
de serviços públicos.

CAPÍTULO II

DIREITOS DO CONSUMIDOR

ARTIGO 4º

(Direitos do consumidor)

1. O consumidor tem direito:

a) a qualidade dos bens e serviços;

b) a protecção da vida, saúde e segurança física contra os riscos


provocados por práticas no fornecimento de bens e serviços
considerados perigosos ou nocivos;
c) a informação e divulgação sobre o consumo adequado dos bens e
serviços,
asseguramento à liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

d) a protecção dos interesses económicos e contra a publicidade


enganosa e abusiva;

e) a efectiva prevenção e reparação dos danos e morais, individuais,


homogéneos, colectivos e difusos;

f) a protecção jurídica, administrativa, técnica e a facilitação de defesa


dos seus direitos em juízo.

2. Os direitos previstos na lei não excluem outros decorrentes de


tratados ou convenções internacionais de que a República de Angola
seja signatária da legislação interna ordinária, de regulamento
aprovados pelas autoridades administrativas competentes, bem como
dos que derivam dos princípios gerais do direito, analogia e equidade.

ARTIGO 5º
(Qualidade dos produtos e serviços)

1. Os bens e serviços destinados ao consumo devem ser aptos a


satisfazer os fins a que se destinam e produzir os efeitos que lhes
atribuem, segundo as normas legalmente estabelecidas ou, na ausência
delas, de modo adequado às legítimas expectativas da consumidor.

2. Sem prejuízo do estabelecimento de prazos mais favoráveis por


convenção das partes ou pelos usos, o fornecedor de bens móveis não
consumíveis está obrigado a garantir o seu bom estado e o seu
funcionamento por período nunca inferior a um ano.

3. O consumidor tem direito a uma garantia mínima de cinco anos para


os imóveis.

4. O decurso do prazo da garantia suspende-se durante o período de


tempo em que o consumidor se achar privado do uso dos bens em
virtude das operações de reparação resultantes de defeitos originários.
ARTIGO 6º
(Protecção à saúde e à segurança física)

1. Os bens e serviços colocados no mercado de consumo não


acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, excepto os
considerados normais e previsíveis em decorrência da sua natureza e
fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito.

2. È proibido o fornecimento de produtos ou serviços que, em condições


de uso normal ou previsível, incluindo a duração, impliquem os riscos
incompatíveis com a sua utilização, não aceitáveis em termos de
protecção à saúde e à segurança Física das pessoas.

3. Os serviços de administração pública que, no exercício das suas


funções, tenham conhecimento da existência de produtos ou serviços
proibidos, nos termos do número anterior, devem notificar tal facto às
entidades competentes para a fiscalização do mercado.

4. Os organismos competentes da administração pública devem mandar


apreender, retirar do mercado ou interditar os produtos e prestação de
serviços que impliquem para a saúde pública ou que não obedeçam os
requisitos técnicos e utilitários, legalmente exigidos.

5. O fornecedor de bens e serviços que posteriormente a sua introdução


no mercado ou a sua prestação, tiver conhecimento da periculosidade
que apresentam às autoridades competentes e aos consumidores,
mediante avisos nos meios de comunicação social.

ARTIGO 7º
(Formação e educação)

1. Ao Estado incumbe a promoção de uma política educativa para os


consumidores, através da inserção nos programas e nas actividades
escolares, bem como nas acções de educação permanente de matérias
relacionadas com o consumo e os direitos dos consumidores, usando,
designadamente, os meios tecnológicos próprios de uma sociedade de
informação.
2. Ao Estado incumbe desenvolver acções e adoptar medidas tendentes
à formação e à educação do consumidor, designadamente, através de:

a) concretização no sistema educativo, em particular no ensino dos II e


III níveis, de programas de actividades de educação para o consumo;

b) apoio as iniciativas que neste domínio sejam promovidas pelas


associações de consumidores;

c) promoção de acções de educação permanente, de formação e


sensibilização para os consumidores em geral;

d) promoção de uma política nacional de formação de formadores e de


técnicos especializados em área de consumo.

3. Os programas de carácter educativo difundidos no serviço público de


rádio e de televisão devem integrar espaços destinados à educação e
formação do consumidor.

ARTIGO 8º
(Informação em geral)

Ao Estado incumbe desenvolver acções e adoptar mediadas tendentes


à informação em geral do consumidor, designadamente, através de:

a) apoio ás acções de informação promovidas pelas associações de


consumidores;

b) criação de serviços de informação ao consumidor junto das


administrações municipais;

c) constituição de conselhos de consumo;

d) criação de bases de dados e arquivos digitais acessíveis de âmbito


nacional, no domínio do direito do consumo, destinado a difundir
informação geral e especifica.

ARTIGO 9º
(Informação em particular)
1. O fornecedor obriga-se a informar de forma clara e adequada o
consumidor sobre os diferentes bens e serviços com especificação
correcta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem

2. Quando se verifique falta de informação, informação insuficiente,


ilegível ou ambígua que comprometa a utilização adequada de bem ou
do serviço, o consumidor goza do direito de retratação do contrato
relativo à sua aquisição ou prestação, no prazo de sete dias úteis a
contar da data de recepção do produto ou da data de celebração do
contrato de prestação de serviços.

3. O fornecedor de produtos ou de serviço que viole o dever de informar


responde pelos danos que causar ao consumidor, sendo solidariamente
responsáveis os demais intervenientes na cadeia da produção á
distribuição, que hajam igualmente violado o dever de informação.

4. O dever de informar não pode ser degenerado ou condicionado por


invocação de segredo de fabrico não tutelado na lei, nem pode
prejudicar o regime jurídico das cláusulas contratuais gerais ou outra
legislação mais favorável para o consumidor.

CAPITULO III
Prevenção e Reparação dos Danos
ARTIGO 10º
(Direito à reparação de danos)

1.O vendedor, o produtor, o construtor nacional ou estrangeiro e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes do projecto, fabricação, construção, montagem,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus bens, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização
e riscos, excepto quando provar que não colocou o bem no mercado, o
defeito não existe ou haja culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

2. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação de serviços, bem como por informação
insuficientes ou inadequadas sobre a sua fruição e riscos, excepto
quando provar que, tendo prestado o serviço o defeito não existe ou
haja culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

1º- O bem é defeituoso quando não oferece a segurança que dele


legitimamente se espera, levando em consideração as circunstâncias
relevantes, nomeadamente, as sua da sua apresentação, o uso e os
riscos que razoavelmente dele se esperam e a época em que foi
colocado em circulação.

2º- O bem não é considerado defeituoso pelo facto de outro de melhor


qualidade ter sido colocado no mercado.

3º- Sempre que o construtor, o produtor ou o importador não puderem


identificados, o comerciante ou vendedor é igualmente responsável.

4º- O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, nomeadamente, o modo do seu
funcionamento, o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
esperam e a época em que foi fornecido.

ARTIGO 11º
(Responsabilidade por vício do bem)

1. Os fornecedores de bens de consumo duradouros e não duradouros


respondem solidariamente pelos vícios de qualidade e quantidade que
os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que destinam ou
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade em relação às indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

2. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, pode o


consumidor exigir alternativamente e à sua escolha, a substituição do
bem por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso, a
restituição imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas
e danos, ou a redução proporcional do preço, ou ainda a
complementação do peso ou da medida.

3. O consumidor pode fazer uso imediato das alternativas do número


anterior deste artigo, sempre que, em razão da extensão do vício, a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do bem, diminuir-lhe o valor ou se se tratar de bem
essencial.

Único:- São impróprios ao uso e ao consumo os bens:

1º cujos prazos de validade estejam vencidos;

2º deteriorados, alterador, adulterados, avariados, falsificados,


corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou saúde, perigosos ou ainda
aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação,
distribuição ou apresentação.

ARTIGO 12º
(Responsabilidade por vicio do serviço)

1. O prestador de serviços responde pelos vícios de qualidade que os


tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes
da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir
alternativamente e a sua escolha:

a) a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;


b) a restituição imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais
perdas
e dano;
c) a redução proporcional do preço.
2. No fornecimento de serviços que tenham por objecto a reparação de
qualquer bem considera-se implícita a obrigação do fornecedor de
empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou
que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto
a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.

3. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas concessionárias ou sob


qualquer forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

1º- A reexecução dos serviços poder ser confiada a terceiros


devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.

2º- São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os


fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não
tendam as normas regulamentares de prestabilidade.

3º- Nos casos de incumprimento, total ou parcial, das obrigações


referidas no nº3 deste artigo, são as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista nesta lei.

ARTIGO13º
(Caducidade e prescrição)

1. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação


caduca em:

a) 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de bens não


duradouros;
b) 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de bens
duradouros.

2. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos


causados previstos no artigo 9º desta lei, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano da sua autoria.

Único: Inicia-se a contagem do prazo caducidade a partir da entrega


efectiva do bem ou do termo da execução dos serviços.
ARTIGO 14º
(Desconsideração da personalidade jurídica)

1. O juiz pode desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso
de poder, infracções da lei, facto ou acto ilícito e violação dos estatutos
ou contrato social.

2. A desconsideração também é efectivada quando houver falência,


estado de insolvência, encerramento ou inactividade da pessoas jurídica
provocados por má administração.

3. Pode ainda ser desconsiderada a pessoa jurídica, sempre que a sua


personalidade for, de alguma forma, obstáculo a ser ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

CAPÍTULO IV
Protecção Contratual

ARTIGO 15º
(Protecção dos interesses económicos)

1. O consumidor tem direito à protecção dos seus interesses


económicos, impondo-se nas relações de consumo a igualdade material
dos intervenientes, a lealdade e boa fé, nos preliminares, na formação e
ainda na vigência dos contratos.

2. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigam os


consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar
conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão do seu
sentido e alcance.

3. As cláusulas contratuais são interpretadas de maneira mais favorável


ao consumidor.

4. O consumidor não fica obrigado ao pagamento de bens e serviços


que não tenha prévia ou expressamente encomendado ou solicitado ou
que não constitua cumprimento de contrato válido, não lhe cabendo, do
mesmo modo, o encargo da sua devolução ou compreensão, nem a
responsabilidade pelo risco de perecimento ou deterioração da coisa.

5. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias úteis a


contar da data de recepção do bem ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de bens ou serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial por meio de correspondência ou outros
equivalentes.

1º- Se o consumidor exercitar o direito de retractação previsto neste


artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o
período de reflexão, são devolvidos de imediato e monetariamente
actualizados.

2º- Ao Governo incumbe adoptar medidas adequadas a assegurar o


equilíbrio das relações jurídicas que tenham por objecto bens e serviços
essências, designadamente, água, energia eléctrica, gás,
telecomunicações e transportes públicos.

ARTIGO 16º
(Cláusulas abusivas)

São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais


relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

a) impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade por vícios


de qualquer natureza dos bens e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos.

b) subtraíram ao consumidor ao opção de reembolso da quantia já paga,


nos casos previstos nesta lei;

c) transferiram responsabilidades a terceiros;


d)estabeleçam obrigações consideradas iníquas e abusivas que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam
incompatíveis com a boa fé e a equidade;
e) estabeleçam inversão do ónus da prova em prejuízo do consumidor;
f) determinem a utilização compulsória de arbitragem;
g) imponham representante para concluir ou realizar outro negócio
jurídico pelo consumidor;
h) deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor;
i) permitam ao fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem
que igual direito seja conferido ao consumidor;
j) autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que
igual direito seja conferido ao consumidor;
k) autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
l) infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais e de
standardização;
m) estejam em desacordo com o sistema de indemnização por
benfeitorias necessárias.

§1º- Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

1. ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico;

2. restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do


contrato, de modo a ameaçar seu objecto ou equilíbrio contratual;

3. mostra-se excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-


se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras
circunstâncias peculiares ao caso.

§2º- A nulidade cláusula contratual abusiva não invalida o contrato,


excepto quando da sua ausência, apesar dos esforços de integração,
decorrer ónus excessivos à qualquer das partes.

§3º - É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente


requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente acção para ser
declarada nulidade da cláusula contratual que contrarie o disposto nesta
lei ou, de qualquer forma, não assegure o justo equilíbrio entre direitos e
obrigações das partes.

ARTIGO 17º
(Outorga de crédito)
No fornecimento de bens ou serviços que envolva a outorga de crédito
ou concessão de financiamentos ao consumidor, o fornecedor deve,
entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:

a) preço do bem ou serviço em moeda corrente nacional;


b) montante dos juros de mora e de taxa efectiva anual de juros;
c) acréscimos legalmente previstos;
d) número e periodicidade das prestações;
f) soma total a paga, com e sem financiamento.

§ 1º- As multas de mora decorrentes do incumprimento de obrigações


no seu termo não podem ser superiores a 2% do valor da prestação.

§2º- É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito,


total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais
acréscimos.

ARTIGO 18º
(Pagamento em prestações)

Nos contratos de compra e venda de móveis mediante pagamento em


prestação, bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a
perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão
do incumprimento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do bem
alienado.

ARTIGO 19º
(Contrato de adesão)

Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas


pela autoridade competente ou estabelecidas unilaterlamente pelo
fornecedor de bens ou serviços, sem que o consumidor possa discutir
ou modificar substancialmente o seu conteúdo.

1º- A inserção de cláusulas no formulário não desfigura a natureza de


adesão de contrato.

2º- Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutiva, desde que


alternativa, cabendo a escolha ao consumidor.
3º- Ao contratos de adesão escritos são redigidos em termos claros e
com caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua
compreensão pelo consumidor.

4º- As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor


deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

CAPÍTULO V
Práticas Comerciais
ARTIGO 20º
( Oferta de produtos e serviços)

1. Toda a informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada


por qualquer forma ou meio de comunicação com ralação a bens e
serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar o contrato que vier a ser celebrado.

2. A oferta e apresentação de bens ou serviços devem assegurar


informações correctas, claras, precisa, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidade, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre dados,
bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.

3. O consumidor tem direito à assistência após venda, devendo ser


assegurada a oferta de peças e acessórios, pelo período de duração
média normal dos bens fornecidos.

ARTIGO 21º
(Publicidade)

1. A publicidade deve ser lícita, inequivocamente identificada e respeitar


a verdade e os direitos do consumidor.

2. As informações concretas e objectivas contidas nas mensagens


publicitárias de determinado bem, serviço ou direito, consideram-se
integradas no conteúdo dos contratos que se venham a celebrar após a
sua emissão, tendo-se por não escritas as cláusulas contratuais em
contrário.
3. É proibido toda publicidade enganosa ou abusiva.

1º- É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de


carácter publicitário, inteira ou parcialmente falsa ou capaz de induzir em
erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dado sobre
bens e serviços.

2º- É abusiva, dentre outra, a publicidade discriminatória de qualquer


natureza que incite a violência, explore o medo ou a superstição, se
aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o
consumidor a comportar-se de forma prejudicial ou perigosa à sua
saúde ou segurança.

3º- Para efeitos desta lei, a publicidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial do bem ou serviço.

ARTIGO 22º
(Práticas abusivas)

1. É vedado ao fornecedor de bens ou serviços, dentre outras práticas


abusivas:

a) condicionar o fornecimento de bem ou serviço ao fornecimento de


outro bem ou serviço, bem como sem justa causa, a limites
quantitativos;

b) recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exacta


medida de suas disponibilidades de stock e ainda, de conformidade com
os usos e costumes;

c) enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer


bem ou fornecer qualquer serviço;

d) prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em


vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impor-lhe
seus bens ou serviços;
e) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor, excepto as decorrentes de
práticas anteriores entre as partes;

f) repassar informação depreciativa, referente a acto praticado pelo


consumidor no exercício de seus direitos;

g) colocar no mercado de consumo qualquer bem ou serviço em


desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes
ou se normas específicas não existirem, pelo Instituto Angolano de
Normação e Qualidade- IANORQ;

h) recusar a venda de bens ou prestações de serviços, directamente a


quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, excepto os
casos de intermediação regulados em leis especiais;

i) elevar sem justa causa os preços de bens e serviços;

j) deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou


deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.

2. Os serviços prestados e os bens remetidos ou entregues ao


consumidor, na hipótese prevista na alínea c), equiparam-se as
amostras grátis, não existindo obrigação de pagamento.

ARTIGO 23º
(Obrigatoriedade de orçamento)

O fornecedor de serviço é obrigado a entregar ao consumidor orçamento


prévio discriminado o valor da mão-de-obra. dos materiais e
equipamentos a serem empregues, as condições de pagamento, bem
como as datas de início e termo dos serviços.

1º- Salvo estipulação em contrário, o valor orçado tem validade pelo


prazo de 10 dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.

2º- Uma vez aprovado pelo consumidor o orçamento obriga os


contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociações
das partes.
3º- O consumidor não responde por quaisquer ónus ou acréscimos
decorrentes da contratação de serviços de terceiros, não previstos no
orçamento prévio.

ARTIGO 24º
(Cobrança de dívidas)

1. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplemente não é exposto


a ridículo, nem é submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.

2. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito a repetição do


indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correcção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

CAPÍTULO VI
Sanções Administrativas

ARTIGO 25º
(Actuação da administração)

Ao Estado incumbe e nas suas áreas de actuação administrativa emitir


normas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo de
bens e serviços.

1º- Os organismos da administração pública que intervêm na protecção


dos direitos dos consumidores fiscalizam e controlam a produção,
industrialização, distribuição, a publicidade de bens e de serviços e o
mercado de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde,
da segurança, da informação e do bem-estar do consumidor , baixando
as normas que se fizerem necessárias.

2º- As entidades referidas no 1º parágrafo podem expedir notificações


para que, sob pena de desobediência, prestem informações sobre
questões de interesse do consumidor, resguardando o segredo
industrial.
ARTIGO 26º
(Sanções)

1. As infracções das normas de defesa dos consumidores ficam sujeitas,


conforme o caso e sem prejuízo das sanções de natureza civil, penal e
das definidas em normas específicas, ás seguintes sanções
administrativas:

a) multa;
b) apreensão do bem;
c) inutilização do bem;
d) proibição de fabricação do bem;
e) suspensão de fornecimento de bens ou serviços;
f) suspensão temporária da actividade;
g) revogação de concessão ou permissão de uso;
h) interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de
actividade.

2. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infracção,


a vantagem auferida e a condição económica do fornecedor, é aplicada
mediante procedimento administrativo, revertendo os valores à entidade
administrativa de protecção ao consumidor.

3. As penas de apreensão, de inutilização de bens, de proibição de


fabricação de bens, de suspensão de fornecimento de bens ou serviço,
de revogação da concessão ou mediante procedimento administrativo,
assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de
quantidade ou qualidade por inadequação ou insegurança do bem ou
serviço.

§ 1º- A multa é um montante não inferior a 2000 e não superior a 3500


UCF (Unidade de Correcção Fiscal) ou índice equivalente que venha a
substituí-lo.

§2º- As sanções previstas neste artigo são aplicadas pela autoridade


administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas
cumulativamente, inclusive por medida cautelar antecedente ou
incidente de procedimento administrativo.
§3º- Pendendo acção judicial na qual se discuta a imposição de
penalidade administrativa, não há reincidência até o trânsito em julgado
da sentença.

CAPÍTULO VII
Da Defesa do Consumidor em Juízo

ARTIGO 27º
(Protecção jurídica)

Ao órgão da administração publicação incumbe, especificamente


destinado à defesa dos interesses e direitos protegidos pela lei,
promover a criação e apoiar centros de arbitragem com o objectivo de
dirimir os conflitos de consumo.

§1º- A defesa dos interesses e direitos e interesses protegidos por esta


lei, são admissíveis todas as espécies de acções capazes de propiciar
sua adequada tutela.

§2º- Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por esta lei, são
admissíveis todas as espécies de acções capazes de propiciar sua
adequada e efectiva tutela.

ARTIGO 28º
(Legitimidade activa)

Têm legitimidade para intentar as acções previstas no 2º parágrafo do


artigo anterior:

a) os consumidores directamente lesados;

b) as associações de consumidores legalmente constituídas há pelo


menos uma ano;

c) o Ministério público;

d) o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, quando estejam em


causa interesses individuais homogéneos, colectivos ou difusos.
ARTIGO 29º
(Facilitação judicial)

Nas acções de defesa dos direitos e interesses protegidos por esta lei
não há pagamento de custas, emolumentos, honorários e quaisquer
outra despesas, nem condenação do autor ou autores, salvo
comprovada má fé.

§ 1º- Em caso de litigância de má fé, o autor ou autores e todos os


demais responsáveis pela propositura da acção são solidariamente
condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem
prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

§2º- No caso da acção ser julgada improcedente, o autor ou autores


intervenientes são condenados em montante, a fixar pelo juiz, entre 1/10
e a totalidade das custas que normalmente seriam devidas, tendo em
conta a sua situação económica e a razão formal ou substantiva da
improcedência.

ARTIGO 30º
(Nulidade)

1. Sem prejuízo do regime das cláusulas contratuais gerais, é nula


qualquer convenção ou disposição contratual que exclua ou restrinja os
direitos atribuídos pela presente lei.

2. A nulidade referida no número anterior apenas pode ser invocada


pelo consumidor ou seus representantes.

3. O consumidor pode optar pela manutenção do contrato quando


algumas das suas cláusulas forem nulas nos termos do nº1.

CAPÍTULO VIII
Instituições de promoção e Tutela dos Direitos do Consumidor
ARTIGO 31º
(Associações de consumidores)

1. As associações de consumidores são associações dotadas de


personalidade jurídica, sem fins lucrativos e com o objectivo principal de
proteger os direitos e os interesses dos consumidores em geral ou dos
consumidores seus associados.

2. As associações de consumidores podem ser de âmbito nacional ou


local, consoante a área a que circunscrevem a sua acção e tenham,
pelo menos, 3000 ou 500 associados, respectivamente.

3. As associações de consumidores podem ser ainda de interesse


genérico ou de interesse específico.

1º- São de interesse genérico as associações de consumidores cujo fim


estatuário sela a tutela dos direitos dos consumidores em geral e cujos
órgãos sejam livremente eleitos pelo voto universal e secreto de todos
os seus associados.

2º- São de interesse específico as demais associações de consumidores


de produtos e serviços determinados, cujos órgãos sejam livremente
eleitos pelo voto universal e secreto de todos os seus associados.

ARTIGO 32º
(Direitos das associações de consumidores)

1. As associações de consumidores gozam dos seguintes direitos:

a) ao estatuto de parceiro social em matérias que digam respeito à


política de consumidores, nomeadamente, traduzido na indicação de
representantes para órgãos de consulta ou concertação que se ocupem
da matéria;

b) direito a solicitar, junto das autoridades administrativas ou judiciais


competentes, a apreensão e retirada de bens do mercado ou a
interdição de serviços lesivos dos direitos e interesses dos
consumidores;
c) direito a corrigir e a responder ao conteúdo de mensagens
publicitarias relativas a bens e serviços postos no mercado, bem como a
requerer, junto das autoridades competentes, que seja retirada do
mercado publicidade enganosa ou abusiva;

d) direito a consultar os processos e demais elementos existentes nas


repartições e serviços públicos da administração central, regional ou
local que contenham dados sobre as características de bens e serviços
de consumo e de divulgar as informações necessária à tutela dos
interesses dos consumidores;

e) direito a serem esclarecidos sobre a formação dos preços de bens e


serviços, sempre que o solicitem;

f) direito de participar nos processos de regulação de preços de


fornecimento de bens e de prestações de serviços essenciais,
nomeadamente nos domínios da água, energia, gás, transportes e
telecomunicações e a solicitar os esclarecimentos sobre as tarifas
praticadas e a qualidade dos serviços, por forma a poderem pronunciar-
se sobre elas;

g) direito a solicitar aos laboratórios oficiais a realização de análises


sobre a composição ou sobre o estado de conservação e demais
características dos bens destinados ao consumo públicos os
correspondentes resultados, devendo o serviço ser prestado segundo
tarifa que não ultrapasse o preço de custo;

h) direito à presunção de boa fé das informações por elas prestadas;

i) direito à acção colectiva;

j) direito de queixa e denúncia, bem como direito de se constituírem


como assistente em sede de processo penal e a acompanharem o
processo contra-ordenacional, quando o requeiram, apresentando
memoriais, pareceres técnicos, sugestões de exame ou outras
diligências de prova até que o processo esteja pronto para decisão final;

k) direito a receber apoio do Estado, através da administração central e


local, para a prossecução dos seus fins, nomeadamente, no exercício da
sua actividade no domínio da formação, e representação dos
consumidores;

l) direito à isenção do pagamento de custas e preparos;

m) direito a benefícios fiscais idênticos aos concedidos ou a conceder às


instituições particulares de solidariedade nacional.

ARTIGO 33º
(Acordos de boa conduta)

1. As associações de consumidores podem negociar com os


profissionais ou as sua organizações representativas acordos de boa
conduta, destinados a reger as relações entre uns e outros.

2. Os acordos referidos no número anterior não podem contrariar os


preceitos imperativos da lei, designadamente, os da lei concorrência,
nem conter disposições menos favoráveis aos consumidores do que as
legalmente prevista.

3. Ao acordos de boa conduta celebrados beneficiam todos os


consumidores, sejam ou não membros das associações intervenientes.

4. Os acordos atrás referidos devem ser objecto de divulgação,


nomeadamente, através da afixação nos estabelecimentos comerciais,
sem prejuízo da utilização de outros meios informativos mais
circunstanciados.

ARTIGO 34º
(Ministério Público)

Ao Ministério Público incumbe a defesa dos consumidores, âmbito da


presente lei e no quadro das respectivas competências, intervindo em
acções administrativas e cíveis tendentes à tutela dos interesses
colectivos ou difusos dos consumidores.

ARTIGO 35º
(Instituto Nacional de Defesa do Consumidor)
1. O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor é um instituto público
destinado a promover a política de salvaguarda dos direitos dos
consumidores, bem como a coordenar e executar as medidas tendentes
a sua protecção, informação e educação e de apoio às organizações de
consumidores.

2. Para a prossecução das suas atribuições, o Instituto Nacional de


Defesa do Consumidor é considerado autoridade pública dos seguintes
poderes:

a) solicitar e obter dos fornecedores de bens e prestadores de serviços,


mediante pedido fundamentando, as informações, os elementos e os
interesses colectivos e difusos dos consumidores;

b) ordenar mediadas cautelares de cessação, suspensão ou interdição


de fornecimentos de bens ou prestações de serviços que,
independentemente de prova de uma perda ou um prejuízo real, pelo
seu objecto, forma ou fim, acarretem ou possam acarretar risco para a
saúde, a segurança e os interesses económicos dos consumidores.

1. O conselho Nacional do Consumo é um órgão independente de


consulta e acção pedagógica e preventiva, exercendo a sua acção em
todas as matérias relacionadas com o interesse dos consumidores.

2. São, nomeadamente, funções do conselho:

a) pronunciar-se sobre as questões relacionadas com o consumo que


sejam submetidas a sua apreciação pelo Governo, pelo Instituto
Nacional de Defesa do Consumidor, pelas associações de
consumidores ou por entidades nele representadas;

b) emitir parecer prévio sobre iniciativas legislativas relevantes em


matéria de consumo;

c) estudar e propor ao Governo a definição das grandes linhas políticas


e estratégias gerais sectoriais de acção na área do consumo;

d) dar parecer sobre o relatório e o plano de actividades anuais do


Instituto Nacional de Defesa do Consumidor.
e) aprovar recomendações a entidades públicas ou privadas ou aos
consumidores sobre temas, actuações ou situações de interesses para a
tutela dos direitos do consumidor.

O Governo, através do instituto Nacional de Defesa do Consumidor,


presta ao conselho o apoio administrativo, técnico e logístico necessário.

3. Ao Governo incumbe, mediante diploma próprio, regulamentar o


funcionamento, a composição e o modo de designação dos membros do
conselho nacional do consumo, defendo em todo o caso ser assegurada
um representação dos consumidores não inferior a 50% da totalidade
dos membros do conselho.

CAPÍTULO IX
Disposições Finais

ARTIGO 38º
(Vigência)

Os regulamentos necessários à execução da presente lei são


publicados no prazo de 180 dias após a sua entrada em vigor.

ARTIGO 39º
(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor à data publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 27 de


Fevereiro de 2003.

O Presidente da Assembleia Nacional, Roberto António Víctor Francisco


de Almeida.

Promulgada em 3 de Abril de 2003.

Publique-se.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

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