Ebook Ester - Morávias

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 50

1

2
Sumário

História do Morávias..................................................................................................04
Por que estudar Ester?............................................................................................05

Ester 1...................................................................................................................................06
Ester 2.....................................................................................................................................11
Ester 3...................................................................................................................................14
Ester 4...................................................................................................................................19
Ester 5...................................................................................................................................24
Ester 6...................................................................................................................................27
Ester 7....................................................................................................................................31
Ester 8..................................................................................................................................35
Ester 9..................................................................................................................................39
Ester 10................................................................................................................................43

Agradecimentos...........................................................................................................49

@moravias_

3
História do Morávias

O Grupo de Estudos Bíblicos Morávias nasceu na pandemia. Em meio


ao caos que vivíamos, vimos um grupo de amigos, o GERJC, começar
a realizar encontros para estudar a Palavra. Naquele tempo, algumas
meninas que participavam dos estudos tiveram a iniciativa de
começar a realizar estudos voltados para mulheres, e então surgimos.

Nesses dois anos, muita coisa aconteceu. Passamos por momentos


de cansaço e fraqueza, onde pensamos em não continuar mais;
tivemos ideias que não saíram do papel, e algumas nem mesmo
passaram para ele. Mas o que se sobrepõe são os momentos de
alegria e aprendizado.

Hoje podemos enxergar a história do Morávias como um reflexo da


bondade e do sustento do nosso Senhor, e como nos alegramos com
isso! Nosso objetivo desde sempre foi glorificá-lo, e agora nosso
coração exulta, pois olhamos para trás e vemos o quanto Deus tem
nos usado e feito com que vidas sejam impactadas através desse
trabalho.

Louvamos eternamente a nosso Pai porque Ele tem nos abençoado


com muito mais do que imaginávamos. A Ele toda honra e glória,
pelos séculos dos séculos.

Amém.

4
Por que estudar Ester?

Quando fomos escolher nosso primeiro livro da Bíblia para


estudar, tivemos diversas opiniões, mas a história de Ester
sempre nos encantou.

Ao decorrer dos estudos expostos nesse E-book, você poderá


enxergar, através de uma narrativa repleta de detalhes,
contrastes e reviravoltas, a provisão de Deus na história da
salvação do Seu povo.

A história da vida de Ester é muito mais do que uma simples


narrativa de protagonismo feminino na Bíblia, então se você
quer entender mais sobre o que aconteceu dentro de um livro
onde nem o nome do próprio Deus é mencionado, continue
lendo. Você vai se surpreender com o agir de nosso Pai através
dessa história.

5
CAPÍTULO 1

Contexto
O primeiro capítulo do livro de Ester é divido em dois pontos:
1. Do versículo 1 ao 10: O banquete de Assuero.
• A passagem nos apresenta um rei Persa muito rico e
poderoso, cujo império se expandia desde a Índia até a Etiópia, como
podemos ver no primeiro versículo. Era o Rei Assuero ou Xerxes, filho
de Dario I;
• Também podemos ver que ele ofereceu um banquete a toda
elite Persa – nobres e príncipes - e aos servos do palácio. Tal
banquete foi regado de bebidas e fartura, e Assuero não hesitava em
mostrar toda sua riqueza e glória.
• Ao final dos 180 dias de festa, outros sete dias de banquete
foram oferecidos, onde dois aconteciam simultaneamente. Um por
parte do rei Assuero para todo o povo da Pérsia e outro promovido
pela Rainha Vasti, neta de Nabucodonosor. Alguns comentaristas
consideram que o banquete oferecido por Assuero foi uma atitude
de gratidão pela organização do primeiro banquete.

6
2. Do versículo 11 ao 22: Vasti, a rainha, recusa assistir ao banquete
• Assuero mandou que os eunucos trouxessem Vasti à sua
presença, com a coroa real, para que ele exibisse sua beleza e
formosura aos convidados – como forma de conquista, fazendo da
rainha apenas um objeto. Há uma antiga interpretação judaica que
entende que, ao convocar Vasti para aparecer usando a coroa real,
ele estaria querendo mostrá-la apenas com a coroa, e nada mais. E
Vasti se nega a entrar na presença do rei, provocando sua fúria;
• Como podemos ver no versículo 13, os interesses do rei eram
tratados na presença dos sábios, e dessa forma foi feito. O rei pediu
conselho aos sábios sobre a atitude de Vasti;
• Memucã, um dos sábios do rei, aconselhou que fosse
decretado à rainha Vasti que nunca mais entrasse na presença do rei
e que seu reino fosse dado à outra melhor que ela. Para que dessa
forma isso servisse de exemplo para todas as mulheres do reino e
para que elas não viessem a agir como Vasti perante seus maridos.
Um péssimo conselho, diga-se de passagem! Assuero respondeu à
rebeldia de Vasti com um decreto que foi espalhado, da forma mais
compreensível possível, aos quatro cantos da Pérsia, tentando
revalidar sua autoridade – ora, ele não tinha autoridade sobre sua
própria casa! Contudo, ele apenas fez com que todos ouvissem, em
sua própria língua, a história que se passava em Susã.
Consideremos os seguintes pontos:

1. Podemos perceber que nas duas divisões é utilizada a mesma


palavra: “mostrou”. Ela aparece pela primeira vez no versículo 4: “Então,
mostrou as riquezas da glória do seu reino e o esplendor da sua excelente
grandeza, por muitos dias, por cento e oitenta dias.” onde Assuero quer
mostrar suas conquistas e riqueza do seu reino. E aparece pela segunda
vez no versículo 11: “10. Ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do

7
vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os
sete eunucos que serviam na presença do rei Assuero, 11. que
introduzissem à presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para
mostrar aos povos e aos príncipes a formosura dela, pois era em extremo
formosa.” com o objetivo mostrar a formosura de Vasti. Aqui nós podemos
traçar um paralelo entre os ímpios daqueles tempos e os ímpios dos dias
de hoje. Ambos moldam suas vidas de forma a satisfazer seus desejos, e
sua segurança está firmada no que podemos ter aqui, no que é passageiro.
O objetivo da sua vida é provar, mostrar e exibir suas conquistas materiais
aos outros.

2. Outro ponto a considerarmos é que a primeira vez que a Bíblia cita


a palavra “formosa” é nesse capítulo, referindo-se à Vasti. A palavra em
hebraico referente a formosa está ligada a aparência e beleza exterior. Essa
palavra é citada em 1 Samuel 11:2 mencionando a aparência de Batseba, e é
a mesma que aparece em provérbios 31:30: “Enganosa é a graça, e vã, a
formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.” Uma
forma em que se aborda essa passagem é refletindo sobre a objetificação
de Vasti pelo rei Assuero, mas a perspectiva que devemos olhar é mais
profunda que isso. A beleza exterior, assim como posses e bens, significa
segurança para os homens sem Cristo. Assuero se viu afrontado pelo “não”
que recebeu, seu ego foi ferido por Vasti. Assim é o homem sem Deus
quando qualquer que seja sua fonte de segurança é perdida e ele se vê
sem opção alguma.

3. Podemos nos perguntar o motivo de Vasti ter se recusado a aparecer


para o rei e seus convidados. Alguns comentaristas especulam que
ela não queria se exibir para homens embriagados e outros
consideram que ela não queria mostrar algum defeito em sua
aparência. Não há um consenso

8
a respeito disso, o que nos leva a uma terceira interpretação, sendo esta a
que mais se adéqua ao cenário.

O fato de não ter sido mencionado o motivo que fez com que Vasti
tomasse essa atitude aponta para a soberania de Deus, uma vez que essa
situação levou à coroação de Ester e, posteriormente, ao livramento da
morte do povo judeu pelas mãos de Hamã. A respeito da ira de Assuero,
observa-se que a palavra hebraica utilizada para “marido” no versículo 17
não é a mesma que aparece em Gênesis 2. Em Gênesis, a palavra hebraica
empregada é “ISH” que denota uma relação conjugal, enquanto em Ester é
utilizada a palavra “BAAL” - o mesmo nome da entidade que os ímpios
prestavam culto. Essa expressão significa “senhor” ou “dono”, ou seja, o
contexto do casamento Persa era de escravidão, onde a esposa era a serva
de seu marido. Isso justifica a fúria do rei e o conselho de Memucã para que
o decreto contra Vasti servisse de exemplo às mulheres do reino.

O que aprendemos com esse capítulo?


1. Deus se mostra na história de Ester através de sua providência e
soberania, e não através de situações sobrenaturais ou miraculosas. Deus
não aparece por meio de uma sarça ardendo em chamas ou através de
trovões num monte, mas Ele está agindo durante a história para livrar Seu
povo das mãos do inimigo;
2. Da mesma forma, precisamos enxergar a providência e soberania
de Deus nos tempos atuais. Nós não somos judeus e não vivemos num
regime monárquico como nos tempos de Ester, mas Deus age na nossa
vida com o objetivo de nos conscientizar do pecado e nos levar ao
arrependimento. Assim como Ele libertou o povo judeu em diversas
ocasiões, também nos liberta de uma vida cativa pelo pecado e nos
regenera por meio de seu Filho;
3. Se Deus levanta um de seus filhos para liderar um povo, Ele espera
que use a autoridade que lhe foi dada para a conscientização dos homens

9
sobre sua natureza e a necessidade do Redentor. O império Persa e toda a
riqueza de seus reis ruíram e, do mesmo jeito, as coisas que julgamos
necessárias para nossa segurança passarão, mas Deus é imutável.
Portanto, enxerguemos que o mesmo Deus que levou Ester ao trono e
livrou seu povo é o Deus soberano sobre nossa vida.

10
CAPÍTULO 2
O segundo capítulo de Ester pode ser dividido em duas partes:

1. Do versículo 1 ao 20: Ester eleita rainha.


• Passado o momento de euforia, Assuero lembrou-se de Vasti e do
que ela fez. Então, os servos do rei solicitaram que os comissários fossem às
províncias de Susã e lhe trouxessem todas as moças virgens, formosas e de
boa aparência, a fim de deixá-las sobre os cuidados de Hegai, eunuco do
rei, na casa das mulheres, e serem avaliadas conforme o agrado do rei para
ocupar o lugar de Vasti.
• Na cidade de Susã havia um homem judeu chamado Mordecai, da
linhagem de Benjamin, que foi exilado para a Babilônia por
Nabucodonosor. O mesmo havia criado Hadassa (nome hebraico que
significa murta – uma planta que nasce no deserto, e as folhas exalam uma
fragrância que agradável quando são trituradas. Essa planta era usada pelo
povo judaico para cobrirem as tendas durante a Festa dos Tabernáculos),
que é Ester, sua prima, e a tomado por filha, pois era órfã de pai e mãe.
Ester era bela, de boa aparência e formosura.
• Ester foi levada - sequestrada, na verdade! O processo do concurso
de beleza não foi uma seleção, mas sim um sequestro das moças atraentes
do império para o harém do rei, seguido de uma experiência sexual casual,

11
com base na qual o rei escolheria sua nova rainha - à casa do rei,
juntamente com outras mulheres para ficar aos cuidados de Hegai, o
eunuco do rei. Ester alcançou favor perante Hegai e ele apressadamente
deu-lhe os enfeites e a mandou junto com outras setes jovens aos
melhores aposentos da casa das mulheres. Seu pai, Mordecai, pediu para
que não declarasse sua linhagem, e sempre passava próximo à casa das
mulheres para saber a respeito de Ester.
• Ester ficou 12 meses preparando-se para ir ao rei. Quando chegou
sua vez, seguiu os conselhos de Hegai sobre como agradar o rei e, quando
o mesmo a viu, ele a amou mais que a todas as mulheres. Assim Ester foi
coroada e tomou o lugar de rainha que antes pertencia à Vasti. Então, para
comemorar, o rei deu um banquete à rainha Ester. Mesmo após o tempo
de preparo até se tornar rainha, Ester se manteve fiel ao mandado de seu
pai, Mordecai, de não declarar sua linhagem.

2. Do versículo 21 ao 23: Mordecai descobre uma conspiração.


• Mordecai, estando sentado às portas do palácio, ouviu conspirações
a respeito de um atentado, dos guardas Bigtã e Teres, contra o rei Assuero.
Tendo ouvido, revelou à rainha Ester e ela comunicou ao rei em nome de
Mordecai e o rei tomou providência levando-os à forca e mandou que
anotassem o feito de Mordecai no Livro das Crônicas dos reis da Pérsia.
A. Nos versículos 9, 15, 17 o autor ressalta que, em três momentos
diferentes, Ester alcançou favor perante os homens. Em outra versão, a
ACF, a tradução traz a palavra “graça” no lugar de “favor”, o que pode ser
subentendido como a graça de Deus sobre a vida de Ester, pois ela era
uma mulher favorecida perante as outras e que, por meio de Deus,
alcançou graça e benevolência perante todos, assim como se manteve
obediente ao mandado de Mordecai, o que evidência, além da graça, a
Soberania e a Providência de Deus.
B. O livro de Ester é a evidência da Soberania e Providência de Deus
sobre o povo judeu, uma vez que, tendo o controle de todas as coisas, Ele

12
fez com que Vasti caísse como rainha e levantou Ester em seu lugar, uma
jovem exilada e órfã, para que, através de sua vida, o povo judeu fosse salvo
das mãos de Hamã e não houvesse interrupção da ascendência de Cristo (e
mesmo se os judeus não tivessem ficado imunes de Hamã, Deus usaria de
sua soberania para formar a ascendência que traria o Salvador).

O que aprendemos com esse capítulo?


1. Viver pela graça é viver uma vida de obediência a Deus, que
implica em arrependimento e abandono do pecado para a
transformação da nossa vida por intermédio de Jesus, o Salvador.
2. Mesmo que as situações fujam do nosso controle humano e
não compreendamos o motivo pelo qual algumas situações são
permitidas, em Sua soberania e providência, Deus está agindo sobre
nossa vida e nos moldando aos Seus moldes (o período de
preparação) para que vivamos o propósito que Ele tem pra nós. Por
isso, é necessário que nos mantenhamos calmos e alegres em dias
de grande agitação, porque a vitória pertence a Deus, e nenhum
propósito que Ele queira realizar pode ser frustrado.

“Somente a invisível mão de Deus está


operando por trás de todos esses
cenários ocultos aos olhos humanos.”
- Pb. Josafá Henrique da Silva

13
CAPÍTULO 3
Os planos de Deus, idolatria e Cristo em toda Escritura.
Leitura bíblica: Jo 10.14, 25-29, Rm 9.15-20, Ex 33.19 e
Dn 4.35.
Este capítulo pode ser divido em três partes:
1. Do versículo 1 ao 6: Antes, importa obedecer a Deus que aos
homens.
• Mordecai tomou uma decisão uma decisão dificílima e não se
curvou a Hamã por ser pecado contra Deus – podemos incluir o ciúme e
ressentimento a Assuero por não ter recebido sua honra e, também a
tensão política envolvida na situação: Hamã era descendente de Agague,
inimigo de Saul, que também havia atentado contra o povo judeu - e
declarou sua origem, o que iniciou uma perseguição contra todo o povo do
Senhor que habitava nas 127 províncias da Pérsia.
O texto começa com a promoção de Hamã para uma espécie de
primeiro-ministro do governo na época, um agagita, a qual ocorre sem
razão aparente, o que contrasta com os últimos versículos do capítulo
anterior onde há a falta de reconhecimento por parte do rei em relação a
Mordecai e seu ato heroico em proteção a ele devido aos planos dos
eunucos de tirarem a vida do rei.

14
Hamã era descendente do rei Agague, do império Persa que havia
sido destruído por Samuel mil anos antes, e Mordecai era descendente do
rei Saul. O rei Agague reinava sobre os amalequitas, que eram da linhagem
de Amaleque, neto de Esaú, que, na época, atacaram os judeus sob o
comando de Saul; por isso Deus determinou que os amalequitas fossem
eliminados da terra por Israel (primeiro por Saul, que não cumpriu a ordem
e depois por Samuel, que mostrou total obediência a Deus os eliminando).
Não é a primeira vez na história em que um judeu sofre com a
represália de um povo que não é parte da nação dos filhos de Deus - vede
Daniel, que foi ordenado a se curvar perante a estátua de Nabucodonosor
(Dn 3), ao qual violaria o segundo e o primeiro mandamento. Além de que
curvar-se perante Hamã seria como se Mordecai aprovasse os crimes
cometidos pelos agagitas com os ascendentes dele ao tentar exterminar o
povo judeu de forma cruel. Então, como uma dupla vingança, Hamã
decide que quer destruir o povo judeu.

2. Do versículo 7 ao 11: Fazer parte do povo de Deus e obedecê-lo,


nos leva a sermos perseguidos pelo mundo.
• Fazer parte do povo e obedecer a Deus levou Mordecai e todo o
povo a serem perseguidos por um Hamã furioso.
• Hamã apresentou-se diante do rei generalizando um
acontecimento: disse que um povo não obedecia às ordens do rei,
enquanto apenas um não havia se dobrado diante de Hamã; e o rei, por
sua vez, sem contestar nem se importar, permitiu que Hamã fizesse
conforme sua vontade. O vizir lançou sortes, que eram também utilizadas
para conhecer a vontade dos deuses (da palavra Pur, que posteriormente
daria origem a celebração de judeus, o Purim, para o fim de Hamã, o
inimigo de todos os judeus) para saber qual seria a melhor ocasião para
colocar seus planos em prática. Por conseguinte, o rei receberia o que seria
cerca de dois terços da receita anual do Império Persa em despojos ao
destruir todo o povo judeu. O rei deu seu anel a Hamã o autorizando a

15
emitir decretos reais a fim de que realizasse a sua vingança. A seguir, foi
escrita uma carta para todas as autoridades de todas as línguas, para que
no dia sorteado, todos os judeus fossem aniquilados.

3. Do versículo 12 ao 15: Devemos estar preparados para o dia da


grande tribulação.
• Povos de todas as províncias, segundo a sua língua e escrita,
receberam o decreto do rei para destruir, matar e aniquilar todos os judeus,
ou seja, todo o povo de Deus, em um só dia vindouro. O decreto foi selado
usando o anel do rei, dado por ele a Hamã. Era costume na Antiguidade
que os reis tivessem um anel e que ele fosse usado para selar as cartas
reais, mostrando que aquilo tinha sido ordenado pelo rei, e um decreto real
persa não podia ser revogado.
O uso dos verbos sinônimos no versículo 13 é semelhante aos
utilizados por Samuel ao destruir os amalequitas, fazendo uma alusão a
condenação dele. O povo deveria se preparar para esse dia e nós, cristãos,
também devemos nos preparar para a Grande Tribulação e a Volta de
Cristo. Enquanto estaremos perplexos com a nossa perseguição, aqueles
que não creem em Deus se assentarão para beber, em cumplicidade com
sua condenação (viver a vida como se nada estivesse acontecendo).

O que aprendemos com esse capítulo?


1. Obedecer a Deus em toda a nossa vida e em todas as
circunstâncias, viver nos caminhos dEle e guardar a Sua Lei fará com que
sejamos perseguidos e odiados pelo mundo. Devemos nos preparar para a
volta de Cristo e demonstrar sempre nossa santa vocação. Como diz em 1
Timóteo 8-9: “Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso
Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa
comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,
que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas

16
obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada
em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”.
2. Somos povo exclusivo de Deus, escolhido por Ele antes da
fundação do mundo (Ef 1.4) para vivermos para a Sua glória. O cuidado que
devemos ter em nosso dia a dia é de não criarmos deuses para nós
mesmos, seja esse deus um líder, um amigo, dinheiro, hobbies, objetos, um
namorado/marido ou nós mesmos e nossas vontades. Se seguirmos a
palavra de Deus, suas leis e preceitos, seguimos a Ele; se seguimos nossas
próprias leis e preceitos, nosso deus somos nós mesmos (Fl 3.17-19); se
estamos entre a vontade do Pai e nossas vontades terrenas e carnais,
seremos mornos e a Bíblia diz que pessoas assim serão “vomitadas” (como
diz em Apocalipse 3.16 em relação a igreja de Laodiceia, que era pobre e
cega espiritual e moralmente).
Todos os deuses que nosso coração pecaminoso cria em nada
diferem do touro de ouro que os israelitas criaram no deserto. Por esse
motivo, temos que praticar diariamente a nossa fé em Cristo, viver em
oração e pedir a Ele para que cada vez mais a nossa dependência nEle
aumente.
3. Um dos pontos perceptíveis nesse capítulo é o controle que Deus
tem sobre tudo. Através das fraquezas dos homens, nosso Criador usa das
autoridades ao longo da história para cumprir Seus planos e promessas
feitas ao Seu povo. Deus é soberano e, por este motivo, a intervenção dos
homens não foge da Sua vontade.
A carne milita contra o Espírito (Gl 5.17), e aquele que é
verdadeiramente filho de Deus ouve a voz de seu Pastor, a reconhece e a
segue (Jo 10:14, 25-28). Assim devemos fazer: nos atentar à voz de Cristo e à
palavra de Deus, meditando nela e praticando diariamente, para nos
tornarmos cada vez menos suscetíveis às armadilhas da nossa própria
carne e do nosso egoísmo.
4. Em da Bíblia Deus nos prepara para os diversos textos dias em
que seremos perseguidos por sermos cristãos. Isso ainda ocorre

17
em alguns países, sempre foi e já é uma realidade. Temos de nos
unir como corpo de Cristo, nos fortalecer na Palavra para que
nossa fé não seja abalada diante de situações como essas, para
que não temamos e continuemos em pé (1 Co 10:12), fiéis à cruz de
Cristo e não nos curvemos a esse mundo, que é tão passageiro.
5. Neste mundo criado por Deus, mas onde o pecado se faz
presente, tanto fora quanto dentro de nós, tomar decisões não é
algo tão simples quanto gostaríamos que fosse. Contudo, as
dificuldades se fazem necessárias, e podem ter consequências
maiores que imaginamos. Ao contrário de Assuero que, sem
motivo, permitiu uma perseguição de morte ao povo judeu, Deus
tinha razões de ser contra Seu povo, mas em vez disso, em Sua
graça e misericórdia, Ele deu seu próprio Filho e o entregou aos
seus inimigos.
“Habite, ricamente, em vós a palavra de
Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria,
louvando a Deus, com salmos, e hinos, e
cânticos espirituais, com gratidão, em
vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja
em palavra, seja em ação, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele
graças a Deus Pai.” (Cl 3.16-17)

18
CAPÍTULO 4
Em Daniel 9, diz que haveria tempos difíceis, haveria perseguição e
oposição espiritual para que o povo de Deus caminhasse na marcha da
restauração, ilustrado no livro de Ester.
O clamor do povo com o seu Deus. Enquanto Hamã está comendo,
está se esbanjando o povo de Deus está clamando e jejuando.
Ester nos lembra que o povo de Deus, por ora, está separado do Rei e
seu templo, e nós sofremos por conta da nossa identidade em Cristo.
Porém, enquanto suportamos a dor até que a nova Jerusalém desça do
céu, não estaremos sós, a coragem e a fé manifestadas por Ester, por
Mordecai e pelos judeus mostram como os cristãos devem andar até que
Cristo retorne em glória. Diante disso, podemos aprender algumas coisas
no capítulo 4.

1. ORAÇÃO
Calvino nos ensina que a oração é uma vida de intimidade e
comunhão sincera com Deus. Em suas institutas, há um capítulo nomeado
de “Oração- o principal exercício da fé. Os benefícios diários que dela
procedem”. A oração é uma resposta aquilo que, graciosamente,
recebemos da parte de Deus. Respondemos a Deus porque Ele nos amou

19
primeiro e fez brotar em nós a forma de resposta em amor por Ele, a qual
vem pela oração.
A oração precisa ser tratada como um exercício espiritual que nos
empurra para Deus em busca de intimidade com ele (2 Crônicas 7:14). Ela é
um meio de graça disponível para igreja de Cristo e, através dela, nosso
coração é conduzido ao despertamento, pois a oração não vira apenas uma
lista de pedidos, vira gratidão e comunhão com nosso Pai. Quando
andamos em intimidade com Deus devemos orar sem cessar na
peregrinação, manter o pensamento cativo diante de Deus. (Tiago 5:15-16).
Motivos pelos quais devemos orar:
• Oração exprime nossa confiança em Deus, e é um meio pela qual
nossa confiança cresce;
• Oração nos leva a uma comunhão mais profunda com Deus e Ele
nos ama e deleita-se em falar com Seus filhos;
• Deus permite que nós, criaturas, nos envolvamos em atividades
revestidas de importância eterna.

Grudem diz que que se “oramos pouco, é provavelmente porque não


cremos realmente que a oração consegue de fato muita coisa”. Quando
Ester deseja mandar roupas a Mordecai, fica claro que ela ainda não havia
entendido o motivo de seu primo-pai ter rasgado suas vestes e ter se
vestido de pano de saco em sinal de clamor (Ester 4: 4). Mordecai
expressou-se quanto ao que estava acontecendo em decorrência de seus
atos; e é interessante notar que a reação de todo o povo judeu foi
semelhante. O sentimento do povo era o mesmo, e a falta de
conhecimento da parte de Ester sobre o que se passava em Susã mostra
que, aos poucos, ela estava distanciando-se do povo de Deus, da
comunidade da Aliança. Mas, posteriormente, Mordecai a lembrará das
promessas do Senhor para o Seu povo e guiará a maneira como ela
interpretará a realidade.

20
Se orarmos de forma superficial e apenas preocupados em cumprir
um ritual de espiritualidade, a visão e discernimento que teremos da
providência de Deus também serão superficiais e desprovidos de maior
significado para nós. Mas quando oramos de forma mais profunda,
buscando intimidade com Deus, é quando “começamos a nos sentir
cobertos pelas respostas especificas a nossa oração que, nitidamente, nos
mostram a mão de Deus. “Por meio disso, nossa fé é aumentada se
fortalece e nossa convicção na sua providência aumenta” (Sproul, Verdades
Essenciais da fé Cristã, 2006, p.236).
No Antigo Testamento há demonstrações que o povo de Deus ora,
clama, se coloca em humilhação como Mordecai, e Deus os responde,
deixando evidente o segundo ponto: A providência de Deus.
Uma verdadeira confissão de fé suplica o sustento e a comunhão de
outras pessoas, testemunhando a grande dependência de Deus. Como
temos guardado nosso coração em meio a nossa peregrinação? Temos
aproveitado verdadeiramente os meios de graça?

2. A PROVIDÊNCIA DE DEUS (RM 8:28-29)


Deus é totalmente soberano em seus atos e decretos; nada acontece
fora dos seus desígnios e nem uma só ação ou circunstância ocorre fora de
sua aprovação. Soberania nos remete a governo, o que nos leva pensar que
Deus governa, detendo todo o poder que rege o universo, sustenta e
preserva tudo aquilo que é Dele – mesmo que sua criação esteja
manchada pelo pecado e ato de rebeldia contra ele. Deus é absolutamente
soberano na criação, na providência e na salvação.
A plena certeza do comando soberano de Deus nos salta aos olhos ao
lermos a respeito da providência no Breve Catecismo de Westerminter,
que, em resposta à pergunta de número 11, “Quais são as obras da
providência de Deus¿”, nos diz que “as obras da providência de Deus, são à
sua maneira muito santa, sábia e poderosa de governar todas as suas
criaturas, e todas as ações delas”.

21
Mesmo que diretamente o nome de Deus não seja mencionado, sua
soberania é demonstrada e sua providência é testemunha. “Às vezes
esquecemos que Deus opera por meio de nossas ações em seu governo
providencial no mundo. Se nos esquecemos disso, então começamos a
pensar que nossas ações e escolhas não fazem diferença alguma”
(Grudem, 2009).
A oração e a providência de Deus estão ligadas; o povo no Egito
clamou ao Senhor e sua providência conduziu a história de Moisés. A
oração nos faz enxergar a providência de Deus, assim como Ester, que
entende seu papel, “Se eu perecer, pereci” (Ester 4:17). Ela entendeu sua
função pública não para proveito próprio, mas para a glória de Deus. Isso
mostra que Deus não se esquece da aliança com seu povo.
A fé e teologia de Mordecai finalmente se mostram presentes: ele
sabia que a guerra santa estava acontecendo, mas tinha a certeza do
controle e governo do Senhor.
O plano de Ester era jejuar e orar. Eles criam que Ester fora colocada
lá para isso – e estavam certos.

O que aprendemos com esse capítulo?


1. Muitas vezes nos vemos em apuros, como os judeus no tempo de
Ester. Nas horas dramáticas, a Escritura nos recomenda parar
tudo por um tempo e nos dedicar a oração e ao jejum. Deus é
nosso provedor e sustentador, mas cabe a nós termos uma vida
de responsabilidade e ação. Ter uma vida de comunhão e
intimidade com Deus é essencial para seu povo.
2. Deus não deixa de ser providente quando oramos, pelo contrário,
muitas vezes ele nos revela seus atos de providência enquanto
nos aproximamos dele por meio da oração.
3. Quando nos identificamos com os reinos deste mundo, nós nos
distanciamos, aos poucos, do povo de Deus e ficamos
desatualizados a respeito dos interesses de Deus no mundo. Ester

22
sabia que precisaria escolher entre continuar com sua
“identidade” persa e sua verdadeira identidade. No começo ela
reluta, mas logo faz sua escolha e mostra-se disposta a perecer
pelo povo de Deus. Assim como os judeus, nós tínhamos uma
sentença de morte promulgada e não tínhamos acesso ao trono
do rei para clamar por misericórdia. Precisávamos de um
mediador, de alguém que intercedesse por nós diante do Rei. A
Escritura nos mostra que recebemos um mediador, não
imperfeito, que reluta no começo, mas que desde o início se
identificou conosco e assumiu forma de servo, servindo e vivendo
como nós; e depois de viver sua vida de perfeita obediência,
entrou angustiado na presença do Rei, pois sabia que não estava
apenas arriscando sua vida, mas estava, literalmente, entregando-
a. Para Ester, perecer era uma possibilidade – que, aliás, nem se
cumpriu -, mas, para Jesus, era uma certeza. Ele não voltou atrás!
Ele foi ultrajado, cuspido, ferido e morto; sofreu o inferno em
nosso lugar, mas ressuscitou ao terceiro dia e, depois de um
tempo, entrou na presença do Pai novamente, onde está, agora,
intercedendo por nós.

23
CAPÍTULO 5
Contexto
Ester se prepara para entrar na presença do rei “ao terceiro dia” (v. 1) –
ao final do seu jejum. A maioria dos estudiosos entende esse fato como
uma tipologia de Cristo, que venceu a morte após o terceiro dia. Então ela
foi até o rei que estava sentado no trono. Quando ele viu Ester, a recebeu
de bom grado e lhe estendeu o cetro de outro. Afirmou que concederia a
Ester o que ela quisesse, e ela o chamou para um banquete, juntamente
com Hamã. Nesse primeiro banquete, no entanto, Ester não revela seu
pedido, mas os convida a participar de outro banquete no dia seguinte.
Ao final de uma noite cheia de bebedeira e comilança, Hamã, ao
voltar para sua casa, se depara com Mordecai e sua fúria se acende e ele
bola um plano para matá-lo.

1º Ponto: Deus se move intensamente por meio do jejum.


• O jejum é usado por Deus para alterar o curso da história.
Exemplo: Moisés jejuou durante 40 dias no Monte Sinai para receber
a Lei de Deus (Êxodo 24.18; 34.28); Neemias jejuou e o rei Artaxerxes deu a
ele toda a ajuda que precisava para reconstruir os muros de Jerusalém
(Neemias 1.4). Jesus também jejuou durante 40 dias e 40 noites no deserto.
• O jejum é usado por Deus para nos dar sabedoria.

24
Deus deu à Ester o discernimento para saber qual era o momento
certo de fazer o pedido ao rei.

2º Ponto: A peripécia de quem se gloria em coisas terrenas.


• Hamã se firmava em sua riqueza, filhos e honras que tinha recebido
do rei. Os ímpios de fato prosperam, mas a prosperidade deles é
passageira, porque a destruição os aguarda.
• Nos capítulos 6 e 7 há uma inversão nos fatos e, ao invés do plano de
Hamã ser bem-sucedido, Mordecai é honrado pelo rei e Hamã é executado.
Salmos 147.11: o prazer de Deus não está na força do cavalo, nem no
poder humano, mas ele se agrada daqueles que o temem e esperam em
seu amor.

3º Ponto: Deus permite que a sua igreja seja perseguida.


• Na perseguição contra a igreja, a providência de Deus não se
manifesta em poupar seu povo do sofrimento, mas sim em conceder a
vitória em tempo oportuno. Hamã conspirou contra o povo judeu de forma
completamente obstinada, e o texto sugere que ele não iria descansar até
que o povo judeu fosse destruído. Assim, o povo judeu sofreu, mas Hamã
foi derrotado no final. Assim é a vida da igreja aqui: perseguida, mas todos
aqueles que conspiram contra ela serão destruídos por Deus.

O que aprendemos com esse capítulo?


1. O jejum é usado por Deus para intervir na história e nos dar
sabedoria. Não precisamos invejar a prosperidade dos ímpios, pois
ela é passageira. Nossa confiança deve estar firmada em Deus e
na eternidade, não em coisas terrenas.
2. Deus permite que sejamos perseguidos e que conspirem contra
nós, mas todos aqueles que nos perseguem serão destruídos.
“Que os leitores apreendam de início que não se chama providência
aquela através da qual Deus observa passivamente do céu as coisas que se

25
passam no mundo. Ao contrário, é aquela pela qual como ao suster o leme,
governa todos os eventos, portanto, ela se estende, por assim dizer, tanto
às mãos quanto aos olhos.” – João Calvino.

26
CAPÍTULO 6
Leitura bíblica: Provérbios 16:1

Contexto
Hamã teve seu ego inflado; contou seus feitos para sua esposa e
amigos que, por sua vez, serviram de conselheiros e disseram-lhe para
construir uma forca e executar Mordecai - a forca era o Q do império
medo-persa. Com ela, Hamã mostraria o que aconteceria com quem não
se prostrasse ao segundo mais importante do império.
O capítulo 6 pode ser dividido em duas partes:
1. A elevação de Mordecai.
2. A humilhação de Hamã.
A partir daqui, veremos qual é a providência de Deus no sexto
capítulo de Ester.

Que é providência?
É o caminho que Deus dirige o fluxo da história humana através da
vida comum das pessoas para cumprir as suas promessas. Ou seja, a forma

27
como Deus governa sobre todas as coisas “normais”. Deus controla cada
detalhe em favor de Seu povo.

1. Podemos ver que a ação de Deus se abate sobre o rei quando,


durante à noite, ele tem uma insônia - provavelmente causada
pela ansiedade para com o pedido de Ester ou talvez pelo excesso
de vinho que tomara no banquete (como o rei Dario em Dn 6.18).
Diante disso, Assuero pede que leiam o livro das crônicas –
quando poderia ter chamado uma de suas concubinas ou
simplesmente passeado pelo palácio – e encontram o feito de
lealdade de Mordecai para com o rei.
Essa circunstância é compreendida como uma ação divina em favor
do povo de Deus. É o marco literário para toda a reviravolta que veremos
posteriormente.

6.2–3: Os reis persas se orgulhavam em recompensar


generosamente aqueles que os ajudavam e, até o momento, Mordecai não
havia sido recompensado. Deus usou a negligência do rei Assuero para
recompensar o bom feito de Mordecai na hora certa.

6.4-5: A ação de Deus é vista no horário em que Hamã chega no


palácio. Ao que parece, o rei Assuero consultaria qualquer homem do
governo que aparecesse, e aconteceu que Hamã foi aquele quem estava à
disposição no momento.

6.6-9: “Que se fará ao homem a quem o rei quer honrar?”


O rei, ao ocultar o nome de Mordecai, fez com que o ego de Hamã
fosse ridiculamente inflado. O pensamento de Hamã “mais do que a mim”
é uma ilustração clara de provérbios 16.1: “A soberba precede a ruína, e
altivez do espírito, a queda.”

28
Imediatamente Hamã começa a fazer uma lista das honrarias que
mais seriam estimadas no Oriente – como se houvesse meditado muitas
vezes nessa possibilidade. Hamã não queria simplesmente ser honrado,
mas sim ser adorado e reconhecido como rei perante o povo. Ele baseava
sua felicidade em coisas fúteis e terrenas e Deus usou sua própria idolatria
para honrar Mordecai. Sua queda veio por conta de sua autossuficiência e
por superestimar a si mesmo.
Muitas vezes somos como Hamã. Almejamos glórias e depositamos
nossa felicidade em coisas terrenas e por isso merecíamos apenas
destruição. Se por nós mesmos, estávamos fadados a ela. Porém, Deus tem
um governo soberano e providente, e, por meio dele e do sacrifício de
Cristo, somos redimidos.

6.13: Embora o rei tenha afirmado a etnia de Mordecai, parece que


não havia conhecimento geral disso. A esposa de Hamã e seus amigos, que
antes serviam de conselheiros, agiram agora como sábios prevendo a
queda de Hamã.
A súbita mudança na sorte de Mordecai fê-los perceber que a queda
de Hamã seria total. Eles exprimiram a crença de que o povo judeu era
invencível e talvez até a intuição de que o Deus dos judeus era o Deus vivo.
A pressuposição de que Hamã cairia é uma alusão à aliança de Deus com
Abraão (Gn 17:7) e da promessa de que o descendente da mulher
prevaleceria contra a descendência da serpente (Gn 3.15).

6.14: Com o espírito abatido, Hamã comparece ao segundo banquete


de Ester como uma ovelha a caminho do matadouro, e por mais que Hamã
procurasse esmagar os judeus, Deus daria a vitória ao seu povo, pois
precisava haver Israel para que houvesse Cristo (Jo 4.22; Rm 9.4-5).

Quem é a pessoa a quem Deus quer honrar?

29
Jesus é a pessoa a quem Deus quer honrar. A providência se mostra
de forma extraordinária dando a ele vida três dias depois de sua morte.

O que aprendemos com esse capítulo?


1. Devemos ter cuidado para não achar que somos mais do que
realmente somos e acabar nos tornando Hamãs em nossa vida e
na casa do Senhor, pois Ele pode nos fazer cair para que saibamos
qual é o nosso verdadeiro lugar.
• Ter em mente que quem está com seus pensamentos em suas
alegrias passageiras e egoístas, está indo em rumo à perdição.
• Precisamos entender qual é o nosso lugar na nossa história e na
história da redenção, para que assim como Mordecai, não almejemos
glórias terrenas e possamos agir buscando a glória de Deus e não a dos
homens e, assim, viver de maneira que honre a Cristo e não a nós mesmos.

30
CAPÍTULO 7
O fim de Hamã
Leitura bíblica: Salmos 84.

1. Do versículo 1 ao 3: A humildade do rei para com Ester


Anteriormente vimos que Ester, ao solicitar o primeiro banquete,
demonstra coragem e obediência por se dirigir até o rei, pois apresentar-se
diante do rei sem ter sido convocado era um insulto digno de morte.
Mas Ester obedece às palavras de Mordecai mesmo que isso a fizesse
quebrar a lei. Então, Ester solicita um segundo banquete com a presença
do rei e Hamã, usando suas palavras com sabedoria - já que fica
subentendido que se o rei fosse ao segundo banquete, ele realizaria o que
Ester pediria. O rei e Hamã se dirigem ao segundo banquete com Ester. A
sua tática demonstra o seu autocontrole na forma que ela conduziu seu
diálogo com ele para que esse segundo encontro viesse a acontecer.
Novamente, o rei pergunta a Ester o que ela desejava... Mesmo ele
com toda a sua autoridade e poder, desejava ouvir as petições de Ester.
Podemos fazer um paralelo com a nossa relação com Cristo: mesmo com a
nossa pequenez, Ele permite que nos acheguemos a Ele por meio da
oração. Então, nesse momento Este nesse momento não só pede pelo seu
povo, mas também por sua vida, revelando sua etnia ao rei. Tal ato

31
demonstra a coragem de Ester, que não teme por sua vida ao ir até o rei e
ao contar suas origens.

2. Do versículo 4 ao 6: O amor para com o povo se mostra através


da denúncia de Hamã,
A rainha tinha conhecimento dos dados do decreto, incluindo o
suborno que Hamã fizera ao rei, já que Mordecai lhe fez saber tudo quanto
tinha sucedido em Susã e deixou isso bem claro. Ela repete, no versículo 4,
as palavras iniciais do decreto: “Enviaram-se as cartas, por intermédio dos
correios, a todas as províncias do rei, para que se destruíssem, matassem e
aniquilassem de vez a todos os judeus, moços e velhos, crianças e
mulheres, em um só dia, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de
Adar, e que lhes saqueassem os bens.”
Ester mesmo com sua posição de, mostra humildade para com o rei
quando assume que se fossem vendidos para serem servos “calar-me-ia”:
se calaria (isso não dizia só ao povo, mas a ela, que também era judia).
Então o rei Assuero pergunta a Ester, quem seria capaz de fazer tal ato tão
perverso e fica espantado, diante da menção de pecados que, todavia, ele
também é culpado. “Quem é esse cujo coração o instigou a fazer assim?”
Ester com a verdade mais que suficiente, poderia ter lhe dito: És tu o
homem.
Diretamente, Ester acusa Hamã. Se presencia uma reviravolta na
história onde Hamã, que antes estava feliz por ser convidado ao banquete,
agora enche-se de temor.

3. Do versículo 7 ao 10: A justiça de Deus através da


autoridade do rei Assuero.
O rei ficou furioso e, ao invés de ir atrás do rei clamar por
misericórdia, Hamã permaneceu parado, implorando a Ester.
Quando o rei volta, encontra Hamã prostrado sobre a rainha, o que
lhe deu uma má interpretação do que ele fazia - a transgressão contra o

32
harém do rei era uma acusação tão séria, que seus homens já o tiveram
como condenado, já que o costume de cobrir o rosto era aplicado a
pessoas que iam ser executadas.
Harbona (um dos eunucos do rei) não só sugere o meio para a morte
de Hamã, como chama a atenção que ali seria o local tramado para a
morte daquele que tinha salvado o rei (relembrando o ato de Mordecai). As
ordens do rei são prontamente atendidas e Hamã é executado, sendo um
importante passo para a derrubada do plano. A justiça de Deus é feita por
meio da autoridade que o rei Assuero exerce.

Conclusão
Ester encontra graça para com o rei, que a escuta. Por meio de Cristo,
nós nos podemos nos achegar a Deus, mesmo com a nossa pequenez.
Deus é misericordioso para com Ester, dando sabedoria a ela com as
atitudes e palavras exatas para todos os momentos. O amor para com o
povo se mostra através da denúncia do plano de Hamã. A justiça de Deus
ocorre através da autoridade do rei Assuero e Deus é soberano sobre todas
as situações, e mesmo que tudo ande para uma direção que não
esperamos ou que não é favorável, Deus é quem tem o controle de tudo -
não há por acasos.

O que aprendemos com esse capítulo?


1. Assim como Ester foi obediente a Mordecai, nós devemos
obedecer a Deus, que revela a sua vontade através da sua Palavra
(no caso, a Bíblia) “Se me amais, guardareis os meus
mandamentos.” João 14:15
2. Da mesma forma que Ester entrega o plano pecaminoso de
Hamã, devemos confessar nossos pecados. “Se confessarmos os

33
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça. “João 1:9
3. Assim como Mordecai, Ester e todo o seu povo são alvo para o
plano de Hamã, que aniquilaria a todos os judeus, os servos de
Cristo também passam/passarão por momentos que tudo
parece/parecerá “estar perdido”, mas precisamos lembrar que
Deus é soberano sobre toda a situação e cuida do seu povo.
4. Muitas vezes somos piores que o rei Assuero: espantamo-nos com
os pecados, com atos tão cruéis à nossa volta, mas no fim, somos
culpados por eles (consentimos, ajudamos, não exortamos o nosso
irmão etc.).

34
CAPÍTULO 8
1. Introdução.
A partir do capítulo 8, o povo de Deus começa a encontrar
benevolência na história, boas notícias!
No versículo 1 e 2 nós acreditamos que o desejo de Ester não fosse a
destruição de Hamã nem da sua casa, e sim a salvação dos judeus. mas
com o decorrer dos acontecimentos, tornou-se quase impossível disso ser
controlado. O rei logo deu a casa de Hamã na mão de Ester pra ela fazer o
que ela bem entendesse, e ao apresentar Mordecai como seu parente, o rei
passa seu anel, outrora dado a Hamã, para ele. Mesmo na casa da Pérsia,
onde o povo não acreditava em Deus, o Senhor continuou a engrandecer
os seus filhos.
Sabemos que nem todos os personagens bíblicos foram
engrandecidos ou tiveram uma história 100% feliz, mas vemos várias
histórias que não foram bem assim na Bíblia, e isso acontece conosco
também. Nós precisamos entender que o “tamanho da benção” não é o
que diferencia a nossa fé da fé do nosso próximo.

35
Ester ganhar a casa de Hamã era muito importante, pois significava
que ela havia ganhado tudo que Hamã tinha. Era uma forma de reparar a
ofensa que ela e o povo haviam sofrido.
Tudo isso que aconteceu foi uma reviravolta. Deus inverteu a história!
Nós acreditamos em um Deus que intervém e transforma a nossa situação.
Que notícia maravilhosa!
Mas, tendo em mente um pouco a vida e a história de Mordecai e
Ester, vimos que ela se escondeu por muito tempo. Ela não usava seu
nome hebraico, Hadassa, e passou cinco anos escondendo sua origem, a
origem do seu povo, e assim conquistou seu espaço de glória, comendo
das finas iguarias do rei.
As vezes nós engrandecemos alguns personagens bíblicos, mas isso
é errado, porque eles tiveram, sim, muitas virtudes que precisamos
aprender e observar, mas eles também tiveram erros, assim como todo
mundo, e nós não podemos esquecer disso.
Contudo, Deus foi gracioso com eles e quando sua história for
invertida, assim como a de Ester, lembre-se que é a plena graça de Deus
sobre a sua vida, e a glória deve ser somente a Ele.

2. Ester pede a salvação do seu povo.


O povo de Deus já havia sido engrandecido mesmo na casa da
Pérsia, apesar de suas falhas; Deus havia honrado Ester e Mordecai, mas
muita coisa ainda precisava ser feita. Ester e Mordecai já tinham sido
recompensados, e, com isso, o rei pensou que já estava tudo bem. Ele
pensou que bens materiais, poder e riqueza consolariam Ester e Mordecai.
Mas quem disse que era tudo somente sobre Ester estar bem ou
por ter por poder e glória? Naquela história havia um povo escolhido por
Deus, o povo da aliança, que estava sofrendo, que continuaria sofrendo
independente da morte de Hamã. e Ester sabia disso. Ela continuaria
lutando pelo seu povo - nós vivemos em um país onde somos livres para
adorar nosso Deus e pregar o evangelho a qualquer pessoa, mas sabemos

36
sabe que muitos dos nossos irmãos em Cristo, espalhados pelo mundo,
sofrem por não ter essa mesma liberdade, e passam pelo que os judeus
estavam passando naquele momento: risco de morte. Que temos feito por
eles? Se você não pode contribuir financeiramente, pelo menos tem orado
por eles?
Ainda existe um decreto assinado com o anel do rei, que permitia a
destruição dos judeus em todas as províncias da Pérsia, então Ester se joga
aos pés do rei, em lágrimas, implorando para que ele revogue o decreto,
mal sabendo que uma lei Persa não pode ser revogada.

3. Esperança.
Já que a lei não seria revogada, Mordecai e o secretários do Palácio
logo tentaram estudar uma fórmula que salvasse os judeus, sem anular o
decreto. E, então, Mordecai escreve uma carta à todas as províncias do
reino, desde a Índia até a Etiópia, e cada uma segunda sua língua e o modo
de escrever, decretando que os judeus estavam autorizados a defenderem-
se contra qualquer ataque de seus inimigos, incluindo mulheres e crianças
que tentassem saquear seus bens.
Podemos ver a diferença entre a reação dos judeus quando
receberam a primeira carta, com choro e pranto, e quando receberam a
segunda carta, com felicidade. Agora eles tinham uma esperança brotando
em seu coração.
Nós, como povo de Deus, ainda passamos por tempo difíceis, algumas
perseguições e problemas, mas independente disso, sabemos que temos
uma boa notícia: o evangelho de Jesus Cristo! Assim como povo judeu, nós
também temos alguém intercedendo por nós diante de Deus. Por isso, o
Evangelho tem que impactar nossa vida assim como essa boa notícia
impactou os judeus. Lermos, também, que “se nós confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar” deve gerar alegria e ânimo em
nosso coração, porque tem alguém, ao lado de Deus, intercedendo por nós
e nos garantindo a vida eterna.

37
E assim como a lei que Mordecai escreveu foi traduzida para todos os
povos, o Evangelho também foi. Hoje muitas pessoas têm acesso à Bíblia,
outras ainda não tem, e elas precisam dessa esperança. Vários povos ainda
não conhecem a palavra de Deus, e tem várias línguas que ainda não tem
a Bíblia traduzida… nós podemos ser um canal de esperança para essas
pessoas, apoiando missões, e fazendo o possível para que o evangelho
chegue a todos os povos. Porém, além dessas pessoas que estão longe, às
vezes tem pessoas do nosso lado que ainda não conhecem ou se
esqueceram dessa boa notícia. O nosso vizinho, a nossa amiga, ou a nossa
família. Nós podemos ser um canal das boas-novas para essas pessoas,
levando a alegria e a paz verdadeira.
Que a alegria e a esperança que os judeus tiveram quando
receberam essa boa notícia se estenda também ao nosso coração e
possamos sempre lembrar do Evangelho como a principal boa notícia que
temos pra nos alegramos e termos força nos momentos que precisarmos.

38
CAPÍTULO 9 (9. 1-15)
O revés na história: dia da liberdade e do juízo
Leitura bíblica: Salmo 27:11-14 e Romanos 1:17.

1. Já no primeiro versículo podemos enxergar o dia de reversão, o dia


em que o mal que estava sobre o povo judeu, sendo a data de sua
aniquilação, torna-se um dia de vitória, em que eles se assenhoraram dos
seus inimigos. No primeiro ponto, vimos o agir de Deus aplicando sua
justiça em favor do povo judeu.
Dessa forma, podemos responder afirmativamente que Deus é justo!
Os judeus, mesmo mediante a injustiça e sofrimento que passaram, não
recorreram a meios ilícitos ou alianças ruins, tais como os presentes no
plano de Hamã. Da parte da Rainha Ester, vimos que ela não se valeu de
barganhas, manipulação e mentiras por estar em um patamar social mais
elevado, mas procurou depender de Deus através de jejum e oração.
Na história de Ester, vemos um panorama da nossa história, em que
seja qual for a situação, favorável ou não, a verdade prevalece e o ímpio é
derrotado. Isso nos mostra que Deus se agrada da verdade e quem busca
contendas e mentiras, perecerá.

39
A respeito das armas utilizadas, no versículo 5 é dito que eles feriram
seus inimigos a golpe de espada, e é necessário refletirmos sobre o que a
Bíblia fala sobre esse instrumento:
Em Efésios 6:17 está escrito: “Tomai também o capacete da salvação e
a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;” e em Hebreus 4:12 é dito:
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito,
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do
coração.”. Ou seja, a luta foi vencida através da ação de Deus, por meio de
sua palavra. E a palavra de Deus é a verdade (João 17:17). A arma que nós
usamos é a verdade. Com ela atacamos e nos defendemos, mas, em ela,
estamos descobertos e desprotegidos.

2. Primeiramente, é necessário deixarmos claro que Deus não tem


compromisso com nossos inimigos, mas sim com os inimigos dele. As
narrativas que abordam a história do povo judeu nos apresentam um povo
odiado por outros povos, pois, os judeus eram um povo identificado como
povo de Deus, e isso sempre atraiu o ódio dos ímpios.
No texto estudado podemos ver algumas referências a esse ódio,
como no versículo primeiro e no segundo e outras referências bíblicas nos
mostram que quem odeia o povo de Deus odeia o próprio Deus (Atos 9:5 –
“Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem
tu persegues;”. Onde vemos o Senhor respondendo a Saulo, aquele que
perseguia cristãos). Ou seja, o povo de Deus sempre atrairá a ira de quem
odeia o Senhor. Porém, o intento de destruir o povo de Deus sempre será
frustrado. Prova-se isso observando a arma citada no versículo 13: a forca. A
forca que Hamã mandou construir para que Mordecai fosse morto foi o
instrumento usado para sua própria morte. Toda tentativa de destruir o
povo de Deus é, na verdade, uma tentativa de fazer calar a mensagem
pregada por ele.

40
Pode ser que em uma breve leitura ou em um estudo mais profundo
sobre o livro de Ester nós nos perguntemos se Ester e Mordecai não se
tornaram os vilões, tão injustos quanto seus inimigos. E a resposta é: não!
Deus, em alguns momentos da história, permitiu que os judeus punissem
os povos ímpios, portanto, eles fizeram isso com seus inimigos, mas os
ímpios que se arrependeram e abraçaram a fé do povo judeu não foram
mortos, como vemos em Ester 9:27.
Nos versículos 10, 15 e 16 é citado que o povo judeu matou o povo
inimigo, mas não tocaram nos despojos de guerra. O despojo era tudo que
pertencia aos inimigos. Mas por que essa é uma questão importante de se
observar? Relembremos o rei Saul, o primeiro rei do povo judeu. Sua
história conta que ele foi um rei muito corajoso e trouxe muitas vitórias
para o povo de Israel, porém desobedeceu a Deus ao invadir a nação dos
Amalequitas e tomar posse de seus despojos, usando a guerra para
enriquecimento. Já os judeus, no livro de Ester, ao guerrear, obedeceram
ao Senhor. Pelejaram uma guerra santa em que a riqueza do povo
adversário não era interessante, mas buscavam a preservação do povo que
geraria Jesus Cristo.
No decorrer do livro de Ester há um suspense desenvolvido pelo
autor sem um desfecho concreto. No capítulo 9 todo suspense é finalizado
no primeiro versículo, e sem maiores descrições vemos que o povo judeu
venceu a guerra. Devemos nos atentar ao fato de que o suspense não está
em se o povo de Deus vai ou não vencer. Sabemos que a vitória é certa,
pois a promessa da vinda do Messias não poderia ser frustrada. O suspense
do livro está em como o povo chegaria à vitória. O fim da nossa história nós
sabemos, esperamos ansiosos pela volta de Cristo e pela vida eterna, mas o
suspense está em como viveremos até lá. Entendemos que todas as coisas
cooperam para o nosso bem, mas como algumas situações podem
cooperar sendo difíceis aos nossos olhos? Deus está trabalhando para que
no final, nós, crentes, vençamos, mesmo que no decorrer da caminhada as
peças não se encaixem.

41
O que aprendemos com esse capítulo?
1. No dia final, a justiça será completa. Os filhos de Deus serão
recolhidos para a glória eterna enquanto os rebeldes serão enviados para o
inferno. No versículo 13, Ester pede para que os cadáveres dos filhos de
Hamã sejam expostos para que fique claro o que acontece com aqueles
que são inimigos do Senhor.
2. Deus aceitou como seu povo aqueles que se arrependeram, mas
houve o dia da vingança contra aqueles que se levantaram contra o povo
de Deus. O mesmo acontece atualmente. Há tempo para arrependimento
e adoção por parte do Senhor, mas o dia da libertação será, também, o dia
da justiça.

42
CAPÍTULO 10 (9. 15-32; 10. 1-3)
Leitura bíblica: Salmos 27:11-14 e Romanos 1:17.

Contexto
Mordecai era descendente de Saul, filho de um homem chamado
Simei, que apoiou Absalão contra Davi, mas Davi usou de misericórdia com
Simei, o que tornou possível Simei ter descendência. Ou seja, Mordecai. É
evidente no princípio do livro a providência de Deus em toda a história do
seu povo.
Pur era lançar a sorte, o que Hamã fez para saber qual era o melhor
momento de perseguir o povo de Israel. Entre o primeiro e o terceiro mês
acontece o que se descreve até o capítulo 7. Chegou o mês de lançado o
Pur, dia 13 do decimo segundo mês, mas o novo decreto estabeleceu no
mês terceiro, após a morte de Hamã, os judeus tendo importância no reino
e se tornando senhores daqueles que os odiavam. Os judeus feriram seus
inimigos, foi colocado fim aos inimigos históricos do próprio Deus, e em
momento algum eles tocam em seus despojos (aquilo que é tirado dos
inimigos após a vitória), mostrando que a intenção dos judeus, não sendo
avarenta ou cobiçosa, era apenas lutar contra um ódio que tinham deles (o
contrário de Saul). O povo de Ester obedece, pois melhor é a obediência

43
que o sacrifício v-16. A guerra santa é, enfim, concluída e muitos se
convertem ao ver o favor de Deus pelo seu povo.
Mordiscai havia tornando-se um governante judeu, assentando no
palácio real, honrado, vestido com um anel no dedo, lançando luz sobre o
governante messiânico que havia de vir. Observamos um tipo de Cristo não
só em Ester, mas também em Mordecai.

1. Do capítulo 9. Do versículo 16 ao 18: Condução à Santidade.


Ser santo significa ser separado e ao dizer que Deus é santo, é neste
sentido de fato. Ele ser separado num sentido para ele mesmo,
separado absolutamente de tudo que não é Deus, constituí-o
absolutamente único, incomparável e, portanto, Santo. Piper diz que
a santidade de Deus é o seu valor infinito como singularmente único,
moralmente perfeito, que é sua terna pessoa. O qual pela graça a Si
mesmo se fez acessível.
Santidade é uma das coisas que sem a qual não há possibilidade de
salvação, juntamente com justificação e regeneração (Hebreus 12:14). Sem
santidade não há fé genuína. Cristo não morreu na cruz por seus eleitos a
fim de que tivéssemos apenas uma vida feliz e próspera. A promessa de
Deus em Cristo é nos livrar do fulgor de Sua cólera, que foi totalmente
depositada sobre Cristo na cruz do Calvário. Por essa razão, crer em Cristo
como salvador de nossa alma e não buscar santificação é o mesmo que
crer apenas em parte da obra da cruz e desmerecer a completude daquilo
que Cristo fez por nós. Ser santo é viver no corpo, é fazer parte de Cristo. Se
não há santidade não se está em Cristo, não há compreensão da fé, não há
fé genuína. O processo de santificação está em ter percepção de nossas
mudanças, de libertação das amarras antigas em nosso novo viver em
Cristo.
A santificação é um processo que deve durar toda a nossa jornada
nesta terra, e é preciso estar no mesmo sabendo que a perfeição não é a
meta alcançável nesta etapa, mas que persegui-la é totalmente desejável e

44
honra a Deus, além de responder com amor ao que Cristo fez por nós. A
verdadeira santificação não consiste em conversar sobre fé, nem em expor
sentimentos religiosos, não é na realização de boas obras, nem mesmo ao
nos afastarmos de ocupações comuns, ligando-nos apenas a atividade
religiosas. Mas é sobre a manifestação no esforço por respeitar a lei de
Deus e por manter a vida de obediência, por querer sempre fazer a
vontade de Cristo e viver segundo sua prática de fé.
Santidade envolve se afastar daquelas coisas que desagradam a
Deus. Em um contexto geral na história de Ester podemos observar que
mesmo dentro de um palácio de um rei pagão, Ester se manteve fiel, como
disse Mordecai: para um propósito como esse (interceder pelo povo), que
Deus havia a feito rainha. Santidade é manter-se fiel, até mesmo se isso
custar-lhe a vida (capítulo 3:17), sem se deixar contaminar pelas atrações do
palácio, mesmo com um ano de tratamento de beleza e todas as
mordomias que poderiam fazer com que ela se esquecesse da vida com
Deus. Olhando para a história do povo, vemos um povo que não se curvou
diante dos persas. Outro exemplo que observamos de santidade é no livro
de Daniel, quando seus amigos, em um ato de coragem, se negam a se
curvar diante da imagem de ouro, e como foram perseguidos por sua
santidade ao Deus vivo, assim como Mordecai no início do livro se recusa a
se curvar diante de Hamã.
Observamos na história dos judeus, relatado no livro de Ester, que é
necessário obediência, viver segundo sua prática de fé e santidade, que é
um coração que estima a Deus e que está em chamas por Ele, pois é na
vontade de Deus que você cresce, no que a Bíblia diz, em santificação.
Vivemos em mundo sensual, muito sensual, mas se verdadeiramente
entregamos nosso coração a Deus, também entregamos nossa mente,
nossos olhos, ouvidos… todo nosso corpo.
A providência nos conduz a santidade. Ela providencia ânimo e
condições de andar em santidade. A providência ordena e dá os meios
para a santidade.

45
1. Condução à eternidade.
Um ponto onde veremos sobre o triunfo do povo judeu sobre seus
inimigos.
• A providência que nos permite a condução à santidade também
nos permite esperar com toda a certeza em outra promessa de Deus para
seu povo: a condução à eternidade. Sem santidade, a eternidade ao lado de
Deus não é possível, o que nos insere num modelo de vida que só faz real
sentido aos termos a ideia bíblica da eleição. A vida eterna é o resultado
dos redimidos em Cristo, mesmo que tenha ares de uma premiação, o que
talvez seja a raiz de nossa inversão de valores. Ou seja, não somos salvos
para ir para o céu, mas, sim, satisfazer a vontade de Deus e glorificar seu
nome por seus atos soberanos, o que vem junto com isso é pura graça e
benefício que recebemos de Deus.
• A providência de Deus é a estrada sobre a qual trafegamos até
chegar ao eterno porvir ao lado de Cristo, contemplando a face do criador e
adorando nosso Deus por toda uma incontável e incompreensível
eternidade. A alegria do povo de Deus será completa e, somente ali,
soberana e providentemente nos fez entrar em sua presença santa e
gloriosa.
Aprendemos em Hebreus que os antigos viveram pela fé sem saber
exatamente o que as promessas de Deus representavam, vislumbrando
apenas parte da promessa, aquela que tinham como verificar no aspecto
terreno. E mesmo sem compreender perfeitamente, eles sabiam que havia
algo a mais. Hoje nós temos a revelação completa a partir de Cristo e
sabemos que um dia teremos uma pátria muito mais excelente, a pátria
celestial.
Nove anos após Mordecai ter sido feito ministro do Rei, ele já não
estava mais no cargo. Quem reinava era Artabano, que assassinou Assuero,
além de armar o assassinato do primogênito do mesmo - não há
referências a Ester ou Mordecai, ou foram expulsos do palácio ou mais
provavelmente mortos.

46
Genesis 50:20 diz que intentaram o mal, mas Deus tornou o mal em
bem, mas no original, no hebraico, diz que: “vocês intentaram o mal contra
mim, mas Deus intentou o bem”, os irmãos de José agiram maldosamente
para com ele, mas, mesmo assim, o que Deus tinha planejado desde o
começo já era diferente daquilo que os irmãos de José planejaram. Deus
não torna nada em bem, ele já intenta o bem desde o início, Deus não
pega aquilo que era mal e dá um jeito; sua intenção sempre é e sempre foi
o bem.
Isso revela que Deus estar oculto, não significa que ele se faz ausente.
A vitória do povo de Deus é certa, essa é a nossa celebração. Diante das
festas do mundo, era necessário haver uma festa diferente, baseada na
espiritualidade do povo de Deus. Vemos os filhos de Deus banqueteando
com alegria no final do livro, o que nos leva pensar, como esperança
escatológica, que, de fato, a sorte virou.
O capítulo 10 nos mostra que esperamos por um descanso ainda
maior, um grande banquete dos vencedores. Mesmo que o povo de Deus
em toda a história seja perseguido, na dificuldade vem o livramento, isso é
condução.
É preciso conhecer a Deus e seus atributos para vermos o quão
valioso ele é, e, assim, vivermos à luz disso.
O que aprendemos com esse capítulo?
1. Por causa de Deus, precisamos buscar menos de nosso próprio
prazer e focar na busca de uma vida que agrade a ele.
2. A providência divina não nos abandona em meio a caminhada,
mas nos assegura uma perpetuação dos desígnios de Deus. Mesmo que as
coisas apertem, temos a lembrança que o Senhor é o Deus da providência,
e por ela nos conduz e preserva até chegarmos à eternidade; e ao lado de
Cristo, temos a plena certeza da fé nas promessas de sustentação da parte
de Deus.

47
Leitura em Apocalipse 4:11 e 22:3-5

Estamos em trânsito, estamos indo para o lar eterno. Estamos sendo


guiados pelo bom pastor, que jamais nos deixa e cujo desejo é nos ter com
ele pelos séculos dos séculos.

48
Agradecimentos

Primeiramente, nossos agradecimentos são a Deus! Se você chegou até


aqui, pôde ver uma pequena parte de um todo onde encontramos a
provisão de Deus e o seu sustento por toda a história.

Louvamos a Deus, porque em sua grandeza Ele olha para nós, seus filhos,
com olhar de amor e misericórdia - não à toa entregou Seu único Filho
para morrer por nós. Soli Deo Glória!

Em segundo lugar, agradecemos a você que chegou até o final desse


ebook e dedicou seu tempo para estudar a Palavra através dos nosso
conteúdo. Nosso objetivo é esse, parafraseando Projeto Sola: “Glorificar a
Cristo e edificar a Igreja”. Agradecemos a Deus pela sua vida. :)

Em terceiro lugar, aos meninos do Grupo de Estudos Reformado Jean


Crespin, que deram vida ao Morávias e nos acompanham até hoje,
caminhando ao nosso lado. Agradecemos o apoio e o cuidado que vocês
têm em nos auxiliar a expor corretamente a Palavra.

E em último lugar, mas não menos importante, agradecemos à: Ana Paula


Martins, Bianca Fernandes, Debora Kakuda, Larissa Bonrruque, Lorena
Camargo, Lorena Cavani, Mylena Lima e Nayla Pires por dedicarem seu
tempo a escreverem esses estudos! E não só a elas, mas a todas as
colaboradoras que participaram do grupo e deixaram um pedacinho de si
nesse projeto.

“Rendei graças ao Senhor, porque


ele é bom, porque a sua misericórdia
dura para sempre.” - Salmos 136:1

49
50

Você também pode gostar