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GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ

Carlos Massa Ratinho Junior

Secretário de Estado da Educação e do Esporte

Renato Feder

Presidente da União Nacional dos Dirigente Municipais de Educação do Paraná

Marli Regina Fernandes da Silva

Vice Presidente da União Nacional dos Dirigente Municipais de Educação do


Paraná

Marcia Aparecida Baldini

Diretor Geral

Diretor de Educação

Roni Miranda

Departamento de Desenvolvimento Curricular

Anderfábio Oliveira dos Santos

Núcleo de Cooperação Pedagógica com Municípios

Eliane Bernardi Benatto


Apresentação

Os desafios enfrentados no ano de 2020, em virtude da pandemia


causada pelo Coronavírus (COVID-19), demandaram a necessidade de
adaptação e reorganização das relações de trabalho, das interações sociais, das
formas de prestação de serviços, entre outras tantas atividades humanas
presentes na sociedade.
A educação escolar, nesse contexto, não deixou de sofrer os impactos do
imprescindível isolamento e distanciamento social. Com a suspensão das
atividades escolares presenciais, secretarias de educação, professores,
diretores e equipes pedagógicas de todo o Brasil foram levados a planejar e
implementar novas e flexíveis formas de ensinar. Atividades pedagógicas
impressas, transmissões de aulas em canal de televisão aberta, disponibilização
de conteúdos em aplicativos e em plataformas como o YouTube e o Google
Classroom são alguns dentre tantos recursos utilizados na tentativa de, apesar
das dificuldades impostas, dar continuidade ao processo de ensino-
aprendizagem.
Apesar das medidas acima mencionadas, muitas inseguranças e
incertezas permeiam o processo educativo, principalmente com relação à
continuidade da oferta do ensino remoto e como se dará a retomada das
atividades presenciais. Essas inquietações foram manifestadas pelas escolas
tanto da rede estadual como das redes municipais, por meio da pesquisa: "Ações
Undime - PR", realizada pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação do Paraná (Undime-PR), que contou com a resposta de 99% dos
municípios paranaenses. Essa pesquisa teve como finalidade realizar um
levantamento acerca dos protocolos adotados pelos municípios paranaenses
diante da pandemia causada pelo Coronavírus e perceber quais foram as
grandes conquistas e os desafios relatados pelos municípios nesse momento.
Um dos grandes desafios apontados foi quanto à dificuldade em continuar
com a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)/Referencial
Curricular do Paraná nas atividades remotas, uma vez que não ofereciam a
mesma caga horária das atividades presenciais. Desta forma, a equipe da
Undime-PR viu a necessidade da construção de um mapa de foco das
habilidades essenciais a serem trabalhadas em cada componente curricular.
O projeto foi apresentado à Secretaria de Estado da Educação e do
Esporte do Paraná (Seed-PR), e como a proposta foi ao encontro do que já
estava sendo planejado, a Diretoria de Educação, por meio do Departamento de
Desenvolvimento Curricular e do Núcleo de Cooperação Pedagógica com
Municípios, da Seed-PR, e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação do Paraná (Undime-PR), em regime de colaboração, construíram, a
partir do Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e orientações, o
“Referencial Curricular do Paraná em Foco”.
Este documento apresenta os objetos de aprendizagem que são
essenciais para a progressão das aprendizagens em cada componente
curricular do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental e tem o intuito de
subsidiar a organização do trabalho pedagógico nas redes e escolas que
compõem o Sistema Estadual de Educação do Paraná.
Apesar das incertezas quanto à extensão das medidas sanitárias
necessárias para a contenção da COVID-19 e os desafios que a organização do
ano letivo de 2021 nos apresenta, espera-se que o Referencial Curricular do
Paraná em Foco contribua com o trabalho educativo e o planejamento das
atividades pedagógicas por parte dos profissionais da educação, assim como na
incessante busca por qualidade e equidade no processo de ensino-
aprendizagem. Além disso, também é um importante instrumento para a
continuidade da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
do Referencial Curricular do Paraná.

Roni Miranda Marli Regina Fernandes da Silva

Diretor de Educação da Secretaria Presidente da União dos Dirigentes


de Estado da Educação e Esporte do Municipais de Educação do Estado do
Paraná Paraná
1 Introdução

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) determina


que a educação básica tem como finalidade “desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”
(BRASIL, 1996). Entretanto, em um país com dimensões continentais como o
Brasil, a garantia de uma formação comum para todos perpassa por considerar
uma diversidade cultural, social e econômica bastante ampla.
Diante disso, o Art. 26 da LDBEN estabelece que os currículos das
diferentes etapas da Educação Básica

(...) devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada


sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (BRASIL, 1996)

Para atender essa prerrogativa, além da publicação da coletânea de


Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, em 2015 foi iniciado o
processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que, até
sua homologação, pelo então ministro da educação, em 14 de dezembro de
2018, passou por um amplo processo de discussão e teve três diferentes
versões.
A BNCC assegura o desenvolvimento de dez competências gerais para
Educação Básica, a saber: conhecimento; pensamento científico, crítico e
criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; trabalho e projeto de
vida; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; e
eesponsabilidade e cidadania.
Além disso, desdobra as competências gerais para atender as
especificidades das áreas e dos componentes curriculares que integram o
currículo de toda educação básica. Em outras palavras, “é um documento de
caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica” (BRASIL, 2018, p. 7), se
constituindo, assim, como referência para a formulação dos currículos pelos
sistemas, redes e escolas de todo o território nacional.
Atendendo a Resolução n.º 2/2017-CNE/CP, publicada no Diário Oficial
da União, em 22 de dezembro de 2017, que institui e orienta a implantação da
Base Nacional Comum Curricular, o estado do Paraná, por meio da Secretaria
de Estado da Educação e do Esporte do Paraná (Seed-PR), representando o
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), em
parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), o Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE-PR) e a União
Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme-PR), iniciou o
processo de elaboração de um documento preliminar que contou com a
participação de técnicos pedagógicos da Seed-PR, dos Núcleos Regionais de
Educação (NRE) e das Secretarias Municipais de Educação (SME), além da
leitura crítica de docentes externos. O documento referencial partiu do princípio
legal da educação com qualidade, igualdade e equidade, considerando,
sobretudo, as características históricas e culturais das diferentes regiões do
estado, tendo os seguintes princípios como norteadores: educação como direito
inalienável de todos os cidadãos; prática fundamentada na realidade dos sujeitos
da escola; igualdade e equidade; compromisso com a formação integral;
valorização da diversidade; educação inclusiva; o respeito às fases do
desenvolvimento dos estudantes na transição entre as etapas e fases da
Educação Básica; a ressignificação dos tempos e espaços da escola; e a
avaliação dentro de uma perspectiva formativa.
Diante disso, uma minuta do documento “Referencial Curricular do
Paraná: princípios, direitos e orientações1” foi disponibilizada para consulta
pública e as contribuições delas advindas contaram com a participação de toda
a comunidade escolar do Paraná, ou seja, profissionais da educação das redes
municipais, privadas e estadual, estudantes e responsáveis.
Após a análise por parte dos coordenadores, articuladores e redatores
envolvidos no processo de escrita, as contribuições recebidas foram
sistematizadas e integradas ao documento e o mesmo foi encaminhado para o
Conselho Estadual de Educação do Paraná para emissão do ato normativo.

1Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1383
Em razão disso, a Deliberação n.º 03/2018-CEE/CP, aprovada em 22 de
novembro de 2018, instituiu o “Referencial Curricular do Paraná: princípios,
direitos e orientações”, assim como orienta sua implementação no âmbito do
Sistema Estadual de Educação, estabelecendo, em seu artigo segundo, que este
é “o documento orientador do processo de elaboração ou adequação dos
Currículos e Projetos Político-pedagógicos das instituições de ensino das redes
públicas e privadas” (PARANÁ, 2018).
Desse modo, ao longo de 2019, o Sistema Estadual de Educação do
Paraná pôde se organizar para que, a partir do ano letivo de 2020, o Referencial
Curricular do Paraná fosse implementado e utilizado para adequação do Projeto
Político-pedagógico (PPP) e atualização da Proposta Pedagógica Curricular
(PPC) das unidades escolares.
Ainda que a data para adequação do PPP e PPC fosse prorrogada pela
Deliberação n.º 01/2019-CEE/CP para o final do ano letivo de 2020, devido à
situação vivenciada neste ano atípico, a reorganização dos documentos
orientadores da escola deverá ser apresentada até o final de 2021, conforme
Deliberação n.º 04/2020.
Nesse sentido, mesmo que os objetivos de aprendizagem e os princípios
e fundamentos indicados no Referencial Curricular passaram a nortear o
trabalho docente já no início de 2020, a escola pode utilizar o presente
documento para adequação do Projeto Político-Pedagógico e da Proposta
Pedagógica Curricular.
É importante ressaltar que a implementação de reformas curriculares se
constitui por si mesma como desafiadora, exigindo discussão, superação de
adversidades, acompanhamento e formação contínua para sua efetividade. Não
obstante, 2020 foi um ano bastante atípico, marcado pela necessidade de
isolamento social, suspensão das aulas presenciais e demais medidas
sanitárias, necessárias para o enfrentamento da emergência de saúde pública,
em virtude da pandemia causada pelo Coronavírus (COVID-19).
Em decorrência, inúmeras providências pedagógicas e estruturais foram
tomadas para assegurar a continuidade da oferta educacional para os
estudantes, assim como diferentes recursos foram utilizados para que a garantia
ao acesso à educação foi assegurada.
Entretanto, se a prática diária da ação docente presencial apresenta
numerosos desafios, se adaptar à uma nova organização e avaliar o
conhecimento apropriado pelo estudante no ensino remoto se configura pela
necessidade de enfrentamento de situações ainda mais adversas, que se tornam
mais complexas se considerarmos o processo de transição dos Anos Iniciais
para os Finais do Ensino Fundamental.
Diante disso, o presente documento tem o intuito de, a partir do disposto
no “Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e orientações”, indicar
os objetivos de aprendizagens essenciais para auxiliar as instituições e redes de
ensino pertencentes ao Sistema Estadual de Educação do Paraná a
organizarem seus currículos de forma mais flexível, auxiliando no planejamento
de ações que tenham como propósito reduzir o distanciamento entre o que está
prescrito no referencial curricular como domínio de conteúdos e habilidades
esperados para o cada ano do Ensino Fundamental e o que é de conhecimento
efetivo por parte dos estudantes.
Cabe ainda observar que o “Referencial Curricular do Paraná em Foco”
não visa apenas a flexibilização curricular em virtude das aulas remotas e
atividades não presenciais. Ele é um documento norteador das aprendizagens
indispensáveis para a continuidade do percurso educativo e pode ser utilizado
como instrumento na busca pela equidade no processo de ensino-
aprendizagem, assim como se configura como um instrumento na
implementação da BNCC e do Referencial Curricular do Paraná.
Deste modo, o “Referencial Curricular do Paraná em Foco” contempla os
seguintes componentes curriculares em sua organização: Língua Portuguesa,
Matemática, História, Geografia e Ciências.
Cabe ressaltar que, apesar de o documento não abranger todas as
disciplinas que compõem o currículo do Ensino Fundamental, entre elas: Arte,
Educação Física, Ensino Religioso e Inglês, isso não significa que tais
componentes sejam considerados menos importantes no processo de ensino-
aprendizagem e no desenvolvimento integral dos estudantes.
Entretanto, dada a especificidade de seus objetos de estudo e ensino,
essas se constituem como componentes cuja progressão para aprendizagens
posteriores são relativamente independentes.
Salientamos, porém, que além dos conhecimentos pertencentes aos
componentes contemplados, o conhecimento estético e da produção artística na
Arte, as diferentes manifestações da cultura corporal na Educação Física, o
conhecimento e respeito ao sagrado de diferentes matrizes religiosas no Ensino
Religioso, assim como o estudo da língua no Inglês são essenciais para a
formação de um cidadão crítico e reflexivo, que se reconhece enquanto agente
histórico, político, social e cultural.
Portanto, a não inclusão dos componentes anteriormente mencionados,
não impede que cada rede e/ou escola reflita e organize os objetivos de
aprendizagens essenciais de cada ano, segundo as especificidades destas
disciplinas.
2 Organização do Referencial Curricular do Paraná em Foco

A partir do disposto na Base Nacional Comum Curricular, o presente


documento parte da estrutura do que foi normatizado pelo Conselho Estadual de
Educação do Paraná no “Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e
orientações”.
Entretanto, para além do texto introdutório e do quadro organizador que
contém a unidade temática, objetos de conhecimento e objetivos de
aprendizagem das diferentes disciplinas escolares, o “Referencial Curricular do
Paraná em Foco” indica os objetivos de aprendizagem essenciais, elenca os
conhecimentos prévios necessários e também apresenta um comentário sobre
os objetivos de aprendizagem foco dos componentes curriculares de Língua
Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências, do 1º ao 5º ano dos
Anos Iniciais e do 6º ao 9º ano dos Anos Finais do Ensino Fundamental.
Além disso, os componentes de Língua Portuguesa e Matemática, trazem
a especificação das expectativas de fluência relacionadas a um determinado
bloco de objetivos.
Uma particularidade do documento relativo aos Anos Iniciais é a
apresentação de algumas possibilidades de relações que podem ser
estabelecidas entre os componentes curriculares. Os Mapas de Relações entre
Componentes podem contribuir para que as relações interdisciplinares
contextualizem e aprofundem os conhecimentos e objetivos desenvolvidos.
Essas relações interdisciplinares podem, apesar de intencionalmente
planejadas, ocorrer de forma mais natural, dada a organização dos Anos Iniciais,
cujos componentes são, em grande parte, trabalhados por um único docente.
Partindo do exposto, cada componente curricular apresenta a seguinte
organização:
 Texto introdutório: expõe a característica e a especificidade do
componente curricular, explicita quais foram os critérios para a seleção
dos objetivos de aprendizagens foco e orienta como os profissionais da
educação podem utilizar o documento em sua prática docente.
 Unidade temática ou campos de atuação: é a organização dos objetos
de conhecimento de forma mais ampla e abrangente, indicados a partir
do campo de estudo em que se localizam os objetos de conhecimentos e
conteúdos a ele relacionados.
 Práticas de linguagem: item exclusivo do componente curricular de
Língua Portuguesa onde é apresentada a prática de linguagem que o
objetivo foco desenvolve. Elas podem ser: oralidade, leitura/escuta,
escrita/produção textual e análise linguística/semiótica.
 Objetos de conhecimento: podem ser conteúdos, conceitos ou
processos a partir dos quais se organizam os objetivos de aprendizagem.
Os objetos de conhecimento são organizados a partir das unidades
temáticas ou campos de atuação de cada componente curricular,
considerando sua especificidade e objeto de estudo e ensino.
 Conteúdos: são os desdobramentos, de forma mais específica, dos
objetos de conhecimento. São essenciais para o desenvolvimento dos
objetivos de aprendizagem foco.
 Conhecimento prévio: conhecimentos e conteúdos que devem ser
previamente apropriados pelos estudantes para que o objetivo em
questão possa ser desenvolvido. Esse item é bastante importante e deve
ser considerado na elaboração de atividades e avaliações diagnósticas.
 Objetivo de aprendizagem-foco: são os conhecimentos essenciais a
serem desenvolvidos para que os estudantes possam dar continuidade
no seu percurso formativo. Além disso, são, em grande parte,
considerados como conhecimento prévio em anos ou processos
cognitivos posteriores.
 Objetivos de aprendizagens relacionadas: apresentam relação direta
com os objetivos de aprendizagem foco e se constituem como objetivos
complementares no desenvolvimento.
 Expectativa de fluência: conhecimentos que precisam ser mobilizados
com fluência ou de forma imediata pelos estudantes para facilitar a
aprendizagem dos objetivos de aprendizagem dentro do próprio ano ou
em anos seguintes. As expectativas de fluência estão descritas nos
componentes de Língua Portuguesa e Matemática.
 Comentário: explicação ou observação a respeito do objetivo de
aprendizagem, foco ou do conteúdo a ele relacionado. Em alguns
comentários é possível encontrar sugestões de leitura para
aprofundamento com relação ao assunto abordado.
 Mapa de progressão da etapa: mapa cognitivo que considera a
progressão nas aprendizagens. Essa integração intencional e articulada
é imprescindível para garantir uma maior abrangência dos objetivos de
aprendizagem focais, possibilitando assim, que o professor, a partir de
uma visão sistêmica, elabore e defina quais encaminhamentos
metodológicos serão mais apropriados no processo de ensino-
aprendizagem.
3 Avaliação formativa e o Referencial Curricular do Paraná em Foco

Apesar da discussão sobre avaliação formativa ser bastante extensa, o


intuito desse texto é trazer alguns elementos para reflexão docente, assim como
ressaltar a necessidade da avaliação diagnóstica na realização do planejamento
e da organização do trabalho pedagógico.
O significado do ato de avaliar pode ser interpretado ou reconhecido de
diferentes formas, de acordo com o contexto de sua realização, a concepção que
a embasa, os valores de quem avalia e mesmo aqueles conceitos já concebidos,
que influenciam diretamente no processo e no resultado da avaliação.
Entretanto, a avaliação escolar se constitui, não apenas pela simples
coleta de informações e a mensuração do número de acertos, notas, escores,
entre outros, mas também como uma importante aliada no processo de ensino-
aprendizagem e na definição de encaminhamentos e estratégias mais
adequadas para que os estudantes, efetivamente, aprendam.
Com relação aos aspectos legais da avaliação escolar, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n.º 9394/96, afirma, em seu artigo
24, inciso V, que

a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:


a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b)
possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso
escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante
verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos
com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino
em seus regimentos (BRASIL, 1996).

Apesar da LDBEN n.° 9394/96 se ater aos aspectos mais amplos da forma
como deve acontecer a avaliação dos estudantes, a Deliberação n.° 07/1999, do
Conselho Estadual de Educação do Paraná, aprofunda a discussão,
estabelecendo, em seu Art. 1º, que

A avaliação deve ser entendida como um dos aspectos do


ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da
aprendizagem e de seu próprio trabalho, com as finalidades de
acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos,
bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor (PARANÁ,
1999).

Diante disso, não podemos deixar de ressaltar que a prática pedagógica


se dá na relação intrínseca e inseparável entre os seguintes elementos:

Planejamento

Avaliação Ação

Portanto, falar sobre avaliação sem discutir a importância de que a ação


docente em sala de aula precisa ser intencional e previamente organizada, torna
qualquer debate sobre o tema superficial e sem relevância quanto ao verdadeiro
e essencial papel que avaliação escolar têm nos processos educativos de
qualquer natureza, sobremaneira na educação escolar.
Partindo desse pressuposto, o presente documento é um importante
aliado dos professores na elaboração de seu planejamento, pois indica, a partir
da unidade temática ou campos de atuação e dos conteúdos dos diferentes
componentes curriculares, os objetivos de aprendizagem que devem ser
alcançados, o conhecimento prévio exigido para o alcance desses objetivos e
também aqueles objetivos que estão relacionados com ele de forma direta.
É evidente que o planejamento não se limita apenas às definições de
conteúdos e objetivos. É necessário que o professor conheça diferentes métodos
e procedimentos de ensino, assim como consulte e pesquise materiais
diversificados para a elaboração de suas aulas.
Os autores Michael K. Russel e Peter W. Airasian, apresentam um quadro
com orientações acerca da elaboração do planejamento:

 Realize avaliações iniciais (diagnósticas) das necessidades e das características dos


alunos.
 Use as informações da avaliação diagnóstica ao elaborar o planejamento.
 Não dependa inteira e indiscriminadamente de livros didáticos e do seu material de
apoio.
 Inclua uma combinação de objetivos e atividades de nível mais alto e mais baixo.
 Inclua uma ampla variedade de atividades e estratégias didáticas que se encaixem
nas necessidades de aprendizagem de seus alunos.
 Associe os objetivos com estratégias, atividades e avaliações planejadas.
 Reconheça suas próprias limitações e preferências pedagógicas.
 Inclua estratégias de avaliação.
FONTE: RUSSEL; AIRASIAN, 2014, p. 94

Essa ‘preparação’ não só auxilia na definição do encaminhamento


metodológico mais adequado para as características da turma e de seus
estudantes, mas na antecipação de determinados percalços que possam
aparecer no decorrer do trabalho educativo. É indiscutível que ela não é
suficiente, haja vista que inúmeras situações podem ocorrer para comprometer
o andamento da aula, sejam elas de ordem disciplinar, emocional ou mesmo de
desinteresse, mas é na avaliação dessas questões durante a aula, que o
professor pode tomar decisões acerca do que pode ser feito para superar os
obstáculos que dificultam a aprendizagem.
Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional
esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente e
irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por
uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde
possivelmente está caminhando os resultados de sua ação. A
avaliação, nesse contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao
contrário, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de
um encaminhamento político e decisório a favor da competência de
todos para a participação democrática da vida social (LUCKESI, 2005,
p. 46)

Veja o exemplo dessa relação no diagrama abaixo:


Isto posto, é necessário ressaltar que o ato de avaliar sempre está
relacionado a atribuir valor e, nesse sentido, a forma como essa atribuição é
realizada “tem força para transformar, justificar ou até desacreditar aquilo que
avalia” (DEPRESBITERES, 2001, p. 138).
Essa atribuição de valor não pode se amparar em uma atitude de
indiferença quanto ao que é satisfatório ou insatisfatório a partir de um “padrão
ideal” de julgamento. A avaliação deve partir de critérios claros para embasar a
tomada de decisão do professor quanto às modificações necessárias nas
atividades e encaminhamentos realizados, visando a aprendizagem. Ou seja, a
avaliação não se encerra na constatação. Ela é, antes de tudo, um ato dinâmico
que implica na decisão de ‘o que fazer’.
Assim, a definição dos critérios, dos instrumentos e a utilização dos dados
deles provenientes é crucial para determinar se a avaliação está sendo utilizada
como meio classificatório e excludente ou, de fato, formativo. A condução dessa
prática, se conduzida de forma inadequada, pode ser um elemento contra o
avanço e sucesso dos estudantes.
Para que isso não ocorra, ao elaborar os instrumentos avaliativos, é
imprescindível que eles sejam: a) adequados ao que se está avaliando
(informação, compreensão, análise, síntese, aplicação); b) apropriados aos
conteúdos e critérios/objetivos previamente estabelecidos; c) com questões que
possuam um nível de complexidade compatível com o que foi trabalhado em sala
de aula; d) que a linguagem utilizada esteja condizente com a faixa etária dos
estudantes avaliados, possuindo clareza e precisão quanto à comunicação do
que se quer avaliar; e d) a prévia definição dos valores e pesos destinados a
cada questão e/ou atividade – isso garante que a aferição de notas, por exemplo,
se dê de modo justo e igual à todos os estudantes.
Com relação à aplicação dos instrumentos de avaliação, é preciso
considerar os seguintes elementos: a) forma e tempo destinado à aplicação; b)
a postura do professor durante o processo – é necessário que o professor se
reconheça enquanto adulto da relação pedagógica e c) acompanhamento e
observação dos estudantes no período destinado à realização.
A correção dos instrumentos de avaliação também são parte importante
do processo. É essencial que ela aconteça sem desqualificar o trabalho do
estudante e que os erros identificados sejam SEMPRE considerados como uma
possibilidade de aprender, utilizando os dados obtidos como um recurso na
melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
Entretanto, não basta aplicar e corrigir. Uma avaliação só será
efetivamente ‘formativa’, quando seus resultados contribuírem para que os
estudantes revejam seus erros e o professor retome os conteúdos e objetivos
com encaminhamentos, explicações e atividades diferenciadas.
Para tal fim, é fundamental discutir os resultados obtidos com os
estudantes, fazendo a devolução do instrumento corrigido, comentando os
aspectos positivos e indicando as fragilidades que devem ser retomadas com a
turma, ressaltando que os erros devem ser utilizados para superar as
dificuldades apresentadas.
Apesar da necessária prática da avaliação formativa, a aferição de notas
e conceitos é uma exigência burocrática, mas necessária, do ponto de vista dos
sistemas de ensino e dos sujeitos que estão fora de sala de aula, mas podem
contribuir de forma significativa na organização do trabalho pedagógico da
escola e das redes de ensino.
No entanto, essa atribuição é uma responsabilidade de excepcional
importância. O formato que esses resultados são apresentados variam,
conforme o sistema de ensino e a etapa ou fase em que ele é realizado.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é frequente a utilização de
pareceres descritivos ou na indicação de categorias de desempenho baseadas
em padrões (como por exemplo: atingiu, atingiu parcialmente, não atingiu)
relacionadas aos objetivos de aprendizagem. Já nos anos finais do Ensino
Fundamental, a Rede Estadual de Educação do Paraná utiliza a nota numérica
de 0 a 10, mas podemos encontrar outras experiências, como a utilização de
letras, escores. Contudo, independente do sistema adotado, ele sempre irá se
basear nos julgamentos do professor, que antes de tudo, precisa ser justo para
com os estudantes e também refletir o desempenho o nível de aprendizagem por
eles alcançados.
É importante considerar algumas questões ao se atribuir notas:

 Elenque o padrão de comparação a ser utilizado (critérios, objetivos, habilidades, entre


outros).
 Escolha os instrumentos mais adequados para a análise dos padrões de comparação
(provas, projetos, apresentação oral, etc.).
 Atribua pesos (valores) a cada padrão de desempenho ou questão avaliada.
 Utilize o mesmo critério para a correção de instrumentos dissertativos para todos os
estudantes. Isso evita discrepância nas notas ou conceitos.
 Não considerar aspectos comportamentais ou disciplinares quando o objeto de
avaliação for o desempenho acadêmico dos estudantes.

FONTE: Baseado em RUSSEL; AIRASIAN, 2014, p. 264

Diante do exposto e considerando os desafios educacionais a serem


enfrentados em virtude das medidas sanitárias adotadas para a contenção da
pandemia causada pelo Coronavírus (COVID-19), é essencial ressignificar a
prática da avaliação em sala de aula, superando uma cultura avaliativa
classificatória e excludente, infelizmente, tão presente na educação. Espera-se
nesse sentido, que o Referencial Curricular em Foco possa contribuir na prática
formativa da avaliação.

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