O Livro Da Selva - Resumo
O Livro Da Selva - Resumo
O Livro Da Selva - Resumo
Eram
10
horas
da
noite
em
Seiouni,
o
Pai
Lobo
preparava-‐se
para
ir
caçar
enquanto
a
Mãe
Loba
vigiava
as
suas
crias…
Entretanto
ouve-‐se
o
rugido
raivoso
do
tigre
quando
falha
a
presa.
Não
é
gado
que
o
tigre
caça,
é
homem.
A
Lei
da
Selva
proíbe
a
caça
ao
homem
porque
é
considerado
o
mais
débil,
indefeso
e
mal
saboroso
dos
seres
vivos.
Ao
ouvir
um
reboliço
a
subir
a
colina,
o
casal
de
lobos
mantém-‐se
alerta.
Em
posição
de
defesa
o
Pai
Lobo
viu
surgir
dos
arbustos
um
cachorro
de
homem
que
se
dirigiu
sem
medo
para
a
toca
dos
Lobos.
Enquanto
viam
o
pequeno
homem,
apareceu
o
Tigre,
Xer-‐Cane,
reclamando
a
sua
peça
de
caça.
Mãe
Loba
enfrentou
o
tigre
e
disse-‐lhe
que
o
cachorro
de
homem
passaria
a
caçar
com
os
Lobos,
ameaçando
Xer-‐Cane:
“Talvez
um
dia
te
cace”.
Os
Lobos
decidiram
ficar
com
ele
e
chamar-‐lhe
Máugli,
que
quer
dizer
rã
porque,
como
as
rãs,
ele
não
tinha
pelos
no
corpo.
Todos
os
meses,
na
noite
de
Lua
Cheia,
os
Lobos
se
reuniam
em
Conselho,
na
Rocha
do
Conselho
que
era
presidida
por
Aquelá,
o
Lobo
Solitário.
Os
novos
filhotes
eram
apresentados
à
Alcateia
para
que
fossem
reconhecidos.
No
meio
das
crias
de
Lobo,
o
Pai-‐Lobo
apresentou
Máugli.
Nessa
altura
ouviu-‐se
um
rugido:
era
Xer-‐Cane
que
reclamava
Máugli
como
seu.
Segundo a Lei, para um estranho ser aceite na Alcateia, dois animais devem defendê-‐lo.
Foi
então
que
surgiu
Balú,
o
grande
e
sábio
urso
pardo,
responsabilizando-‐se
por
ensinar
Máugli
a
viver
e
a
caçar
tal
como
faz
com
todos
os
Lobinhos.
Também,
Báguirá,
a
Pantera
Negra,
veio
em
auxilio
de
Máugli,
oferecendo
por
ele
um
touro
que
havia
acabado
de
matar.
Máugli
cresceu
na
Selva
com
os
seus
irmãos
lobinhos,
aprendendo
com
Balú
e
Báguirá
tudo
o
que
era
importante
na
vida
da
selva.
Báguirá
ensinou-‐o
a
ser
ágil
e
Balú
ensinou-‐lhe
a
linguagem
de
todos
os
animais
para
que
nenhum
lhe
fizesse
mal.
Ocupou
o
seu
lugar
no
Conselho,
ajudava
os
amigos
tirando-‐lhes
espinhos
das
patas
e
caçava
com
Báguirá.
A
Lei
da
Selva
proibia-‐o
de
caçar
touros,
em
memória
do
Touro
que
tinha
sido
oferecido
para
lhe
salvar
a
vida.
Báguirá
avisava-‐o
constantemente
do
perigo
que
ele
corria
na
Selva.
Xer-‐Cane
iria
querer
caçá-‐lo.
Havia
lobos
que
não
concordavam
que
ele
ficasse
na
Alcateia
porque
era
homem.
Ele
corria
perigo
e
devia
lembrar-‐se
disso.
Máugli
não
entendia
porque
razão
os
seus
amigos
lobos
haviam
de
não
o
querer
na
selva.
Báguirá
explicou
que
ele
era
capaz
de
fazer
coisas
que
os
outros
animais
não
eram,
por
isso
mesmo
os
outros
haviam
de
o
querer
longe.
Deu-‐lhe
então
um
conselho:
“vai
até
onde
os
homens
moram
e
apodera-‐te
da
Flor
Vermelha,
ela
será
o
teu
aliado,
é
mais
forte
que
qualquer
animal.
Aquelá
havia
perdido
a
sua
primeira
peça
de
caça
e
no
dia
seguinte
haveria
um
Conselho
para
escolher
o
novo
chefe
da
Alcateia.
A
Lei
da
Selva
permitia
aos
Lobos
lutarem
com
o
Chefe,
mas
nenhum
deles
se
atrevia
a
ter
um
luta
de
morte
com
o
velho
Aquelá.
Então
Xer-‐Cane
exigiu
que
lhe
entregassem
Máugli,
uma
vez
que
ele
era
homem
e
nada
tinha
a
ver
com
o
Povo
Livre,
não
devia
viver
entre
eles.
Os
Lobos
estavam
dispostos
a
entregar
Máugli,
então
ele
levantou-‐se
e
disse:
“já
que
me
consideram
um
homem,
vou
tratar-‐vos
como
cachorros”.
Pegou
na
Flor
Vermelha
e
atirando-‐a
para
o
chão,
afastou
todos.
“Agora vou-‐me embora para junto dos homens, mas prometo não vos atraiçoar como vocês fizeram comigo.”
Antes
de
ir
garantiu
a
Xer-‐Cane
que
voltaria
à
Rocha
do
Conselho
e
que
nessa
altura
traria
a
pele
dele
sobre
a
cabeça.
Aos
outros
Lobos
proibiu
que
matassem
Aquelá.
Todos
fugiram.
Máugli
ficou
com
Aquelá,
Balú
e
Báguirá
e
começou
a
deitar
água
dos
olhos.
Assustado
perguntou
que
seria
aquilo,
estaria
doente?
Báguirá
acalmou-‐o
dizendo:
“isso
são
só
lágrimas.
És
um
homem
e
não
um
cachorro
como
dantes”.
Máugli
despediu-‐se
do
Pai-‐Lobo
e
da
Mãe
Loba
e
dos
seus
amigos,
Balú
e
Báguirá
e
prometeu
que
voltaria.
Então,
ao
raiar
do
novo
dia,
desceu
a
colina
em
busca
desses
misteriosos
seres
–
os
homens.
Muito
antes
de
Máugli
ter
sido
expulso
da
Alcateia
e
muito
antes
de
se
ter
vingado
de
Xer-‐Cane,
Máugli
andava
pela
Selva
aprendendo
a
Lei
com
Balú.
Balú
estava
muito
contente
por
ter
um
aluno
tão
inteligente,
os
Lobos
normalmente
só
querem
saber
o
que
à
Alcateia
diz
respeito
e
Máugli,
por
ser
cachorro
de
homem,
tinha
muito
mais
para
aprender.
Báguirá
ia
muitas
vezes
ouvir
as
lições,
ela
tinha
um
carinho
muito
especial
por
aquele
menino-‐lobo.
Quando
Báguirá
estava
presente,
Balú
pedia
a
Máugli
que
mostrasse
o
que
sabia.
O
mais
importante
eram
as
palavras
mágicas
da
selva.
Máugli
sabia
dizê-‐las
em
todas
as
linguagens
de
todos
os
animais:
“somos
do
mesmo
sangue
tu
e
eu.”
Sabendo
isto,
Máugli
não
tinha
nada
a
temer,
só
mesmo
a
sua
própria
espécie,
os
homens.
Numa
dessas
ocasiões
Máugli
disse
aos
dois
amigos
que
iria
ser
Chefe
de
um
Tribo
e
que
a
iria
dirigir
e
iria
atirar
nozes
ao
velho
Balú.
Ao
ouvir
tamanha
afronta,
a
pantera
perguntou:
“que
nova
loucura
é
essa?
Tiveste
com
o
povo
dos
macacos!”
E
Balú
continuou:
“Estiveste
com
os
macacos
cinzentos,
o
povo
sem
lei?
Que
vergonha!”
Máugli
reparou
que
os
amigos
estavam
aborrecidos
mas
não
percebia
porquê.
Os
macacos
tinham-‐no
tratado
bem
e
tinham-‐lhe
dado
comida.
Então
quis
saber
porque
nunca
o
tinham
levado
lá,
porque
eles
eram
parecidos
com
ele,
andavam
em
cima
de
duas
patas
e
brincavam
todo
o
dia.
Báguirá
explicou
que
os
macacos
não
tinham
lei,
eram
mentirosos,
não
tinham
chefe
nem
língua.
Falavam
com
palavras
que
roubavam
aos
outros
animais.
Na
selva
ninguém
está
perto
deles,
não
se
bebe
onde
eles
bebem,
não
se
caça
onde
eles
caçam.
Eles
são
Bandarlôgues.
Báguirá
acabou
o
seu
discurso
irritada:
“O
povo
da
selva
está
expressamente
proibido
de
se
dar
com
os
Bandarlôgues.”
Os
Bandarlôgues
eram
de
facto
um
povo
sem
lei,
com
quem
nenhum
animal
da
selva
se
dava.
Quando
perceberam
que
Máugli
os
procurava
para
brincar
acharam
que
era
muito
bom
para
eles,
porque
ele
sabia
muitas
coisas
que
os
podiam
ajudar
como
a
entrelaçar
ramos
para
se
protegerem
contra
o
vento.
Assim,
os
macacos
pensavam
que
se
conseguissem
raptar
Maugli
o
obrigariam
a
ensinar
tudo
o
que
sabia
e
eles
passariam
a
ser
o
povo
mais
sábio
da
selva.
À
hora
da
sesta,
Máugli,
envergonhado
por
ter
brincado
com
os
macacos,
adormeceu
entre
Balú
e
Báguirá.
Antes
de
se
dar
conta
do
que
tinha
acontecido,
Máugli
encontrou-‐se
entre
os
ramos
de
árvore,
rodeado
de
macacos.
Acordados
com
a
algazarra,
Balú
e
Báguirá
rugiram
ruidosamente
e
tentaram
apanhar
os
macacos,
mas
eles
fugiram,
saltando
de
ramo
em
ramos
e
de
árvore
em
árvore,
levando
Máugli
com
eles.
Balú
e
Báguirá
decidiram
traçar
um
plano
para
recuperar
Máugli
e
começaram
a
pensar.
Cada
um
tem
o
seu
medo
peculiar,
e
os
Bandarlôgues
temiam
Cá,
a
Cobra
Piton.
Báguirá
duvidou
que
Cá
os
ajudasse
porque
não
era
da
tribo
deles,
não
tinha
pernas,
mas
Balú
sabia
que
a
velha
e
esperta
cobra
havia
de
os
ajudar.
Cá
não
era
uma
cobra
venenosa.
O
seu
poder
residia
na
força
que
possuía
o
seu
enorme
corpo
de
9
metros
de
cumprimento.
Quando
envolvia
alguém
nos
seus
poderosos
anéis,
a
luta
estava
terminada.
Encontraram-‐na
deitada
numa
pedra,
com
ar
faminto.
Cá
não
conhecia
Máugli,
tinha
ouvido
Ikki,
o
porco-‐
espinho
falar
dele
mas
não
sabia
se
era
verdade
porque
Ikki
distorcia
tudo
quanto
ouvia.
Enquanto
estavam
a
falar
com
Cá,
ouviram
Rann
a
chamar.
Rann
era
também
conhecido
por
Chill
que
quer
dizer
milhafre
na
língua
As
moradas
Frias
eram
umas
ruínas
de
uma
antiga
cidade,
eram
o
lugar
que
os
macacos
chamavam
de
sua
cidade
e
foi
para
lá
que
levaram
Máugli.
Máugli
começou
a
juntar
as
lianas
para
os
ensinar
a
fazer
abrigos
como
eles
pediram,
mas
ao
fim
de
algum
tempo,
os
macacos
já
tinham
desistido.
Máugli
sentia
fome
e
como
era
um
estranho
naquela
parte
da
selva
pediu
aos
macacos
autorização
para
caçar
ou
então
que
lhe
levassem
comida.
Os
macacos
não
responderam
nem
levaram
comida,
foi
quando
Máugli
percebeu
que
Balú
e
Báguirá
tinham
razão
em
tudo
o
que
disseram
sobre
os
Bandarlôgues.
Começou
então
a
pensar
numa
forma
de
fugir
dali,
mas
estava
cansado
e
com
fome.
Quando
uma
nuvem
tapou
a
luz
da
lua,
Máugli
escutou
as
passadas
de
Báguirá
e
reconheceu-‐as.
Báguirá
saltou
para
o
meio
dos
macacos
e
começou
a
luta.
Os
macacos
meteram
Máugli
numa
antiga
cave
e
voltaram-‐
se
contra
Báguirá.
A
cave
estava
cheia
de
serpentes
venenosas
e
Máugli
apressou-‐se
a
dizer
na
linguagem
do
povo
venenoso
“Somos
do
mesmo
sangue
tu
e
eu”.
Então
as
serpentes
pararam.
Lá
fora
Báguirá
lutava
pela
própria
vida,
Máugli
gritou-‐lhe
para
que
saltasse
para
as
cisternas.
Ouvindo
a
voz
de
Máugli,
a
pantera
ganhou
forças
e
chegou
Balú
para
a
ajudar.
Os
macacos
eram
muitos
e
os
dois
amigos
não
conseguiam
ganhar
aquela
luta.
Então,
no
momento
certo,
apareceu
Cá.
Quando
ouviram
a
cobra,
os
macacos,
começaram
a
fugir
porque
sabiam
que
ela
tinha
poder
de
fascinação.
Os
seus
pais
tinham-‐lhes
contado
lendas
e
histórias
dela,
e
os
macacos
temiam-‐na
nunca
a
olhando
nos
olhos.
Balú
e
Báguirá
estavam
bastante
feridos,
mas
mesmo
assim
decidiram
ir
procurar
Máugli.
Enquanto
isso
Cá
enfeitiçava
os
macacos.
Balú
e
Báguirá
trouxeram
Máugli
e
apresentaram-‐lhe
Cá.
A
velha
Piton
avisou
Máugli:
“és
tu
o
homenzinho?
Tem
cuidado.
No
crepúsculo
posso
confundir-‐te
com
um
Bandarlôgue.”
Máugli
agradeceu-‐lhe
o
facto
de
lhe
ter
salvo
a
vida:
“Tu
e
eu
somos
do
mesmo
sangue.
Salvaste-‐me
a
vida
esta
noite.
O
que
eu
matar
na
caça
será
para
ti,
sempre
que
tenhas
fome.
Sou
ágil
com
as
mãos
e
um
dia
posso
ajudar-‐te
se
caíres
numa
armadilha.
Talvez
um
dia
possa
pagar
esta
dívida
que
tenho
contigo,
com
o
Balú
e
com
a
Báguirá”.
Conquistada
por
Máugli,
a
cobra
respondeu-‐lhe:
“Tens
o
coração
tão
grande
como
cortês
é
a
tua
língua.
Irás
longe
na
selva
homenzinho”.
Enquanto Cá fez a sua dança hipnótica, Máugli e os dois amigos fugiram dali.
Quando
estavam
a
salvo,
Balú
e
Báguirá
ralharam
com
Máugli,
responsabilizando-‐o
por
tudo
o
que
tinha
acontecido.
Máugli
reconheceu
o
seu
erro,
mas
Báguirá
lembrou-‐o
que
a
Lei
da
Selva
diz
que
“O
arrependimento
não
nos
livra
do
castigo”.
Báguirá deu-‐lhe meia dúzia de pancadas e no final mandou-‐o sentar-‐se no seu lombo e levou-‐o para casa.
Uma
das
coisas
mais
bonitas
da
Lei
da
Selva
é
que
o
castigo
salda
definitivamente
as
contas
e
não
se
volta
a
falar
mais
no
assunto.
Quando se aproximou de um grupo de rapazes, estes fugiram e começaram a gritar com medo.
Os
homens
olharam
Máugli
e
acalmaram
os
outros
rapazes.
Ele
era
só
um
menino-‐lobo
que
devia
ter
vindo
da
selva.
Então,
Messua,
aproximou-‐se
para
vê-‐lo.
Há
muitos
anos
um
Tigre
tinha-‐lhe
raptado
o
filho.
Olhando
para
ele
percebeu
que
era
parecido
com
o
seu
filho
perdido:
Nathoo.
Pegou
nele
e
levou-‐o
para
casa.
Máugli
pensava
que
tudo
isto
era
mais
uma
vez
o
que
tinha
passado
na
selva
quando
foi
apresentado
à
Rocha
do
Conselho.
Máugli
percebeu
então
que
não
sabia
a
linguagem
dos
homens.
Era
capaz
de
falar
com
todos
os
animais,
mas
não
percebia
os
homens.
Decidiu,
no
seu
íntimo,
aprender
a
falar
a
linguagem
dos
homens,
e
ia
repetindo
o
que
Messua
lhe
dizia.
Tinha
muitas
dificuldades
em
aprender
algumas
coisas
como
a
comer
com
a
ajuda
de
talheres
e
não
se
sentia
bem
com
as
novas
roupas
e
a
dormir
numa
cama.
Messua,
como
qualquer
mãe,
deixou-‐o
ir-‐se
adaptando
à
sua
nova
vida,
ao
seu
ritmo.
Na primeira noite, saiu de casa e deitou-‐se no chão, em cima da erva.
Antes
de
conseguir
fechar
os
olhos,
ouviu
alguém
que
o
chamava.
Era
o
Irmão
Cinzento,
o
maior
dos
filhos
da
Mãe-‐Loba,
que
lhe
trazia
notícias
da
Selva,
Xer-‐Cane
tinha
ficado
com
o
pêlo
chamuscado
da
Flor
Vermelha
e
por
isso,
tinha
ido
caçar
para
longe,
até
que
lhe
crescesse
o
pêlo,
mas
tinha
jurado
voltar
e
matar
Máugli.
O
Irmão
Cinzento
perguntou
a
Máugli
se
ele
nunca
se
iria
esquecer
que
tinha
sido
um
lobo.
Máugli
garantiu-‐
lhe
que
jamais
se
esqueceria,
mas
também
não
esquecia
que
tinha
sido
expulso
da
Alcateia.
Quando
se
despediram
combinaram
encontrar-‐se
por
entre
os
Bambus,
o
Irmão
Cinzento
iria
trazer-‐lhe
sempre
noticias.
Durante
3
meses
Máugli
teve
muito
trabalho
na
Aldeia,
para
se
habituar
a
andar
vestido,
a
lavrar
a
terra
e
o
valor
das
moedas.
Era
tudo
muito
difícil
porque
não
entendia
nenhuma
destas
coisas.
Não
entendia
o
porquê
delas
se
fazerem
ou
existirem.
Ao
fim
de
5
meses
Máugli
já
falava
correctamente
a
linguagem
dos
homens.
À
noite
os
homens
reuniam-‐se
para
contarem
histórias
extraordinárias
sobre
deuses,
homens
e
duendes.
Buldeo,
o
homem
mais
velho,
contava
sempre
histórias
sobre
a
Selva
e
Máugli
tinha
que
se
conter
para
não
rir.
Um
dia,
estava
Buldeo
a
contar
uma
história
e
afirmou
que
o
tigre
que
tinha
raptado
Máugli
era
um
tigre
duende
e
que
nele
habitava
o
espírito
de
Purun-‐Dass,
um
usuário
que
tinha
morrido,
como
Purun-‐Dass
era
coxo,
o
tigre
também
coxeava.
Máugli
ao
ouvir
tamanho
disparate
levantou-‐se
e
desmentiu
Buldeo.
“As
tuas
histórias
são
falsas.
Xer-‐Cane
coxeia
porque
nasceu
coxo,
nada
mais.
Não
há
uma
única
palavra
de
verdade
em
todas
as
tuas
histórias
sobre
a
selva”.
Buldeo
ficou
irritado
com
Máugli.
Todos
os
dias
Máugli
levava
uma
manada
de
búfalos
a
pastar
e
encontrava-‐se
com
o
Irmão
Cinzento
no
local
combinado.
Um
dia,
o
Irmão
Cinzento
disse-‐lhe,
preocupado,
que
tinha
visto
Xer-‐Cane
no
barranco
seco
do
Uienganga
e
que
este
tinha
voltado
e
dizia
que
nessa
noite
ia
esperá-‐lo
à
entrada
da
aldeia.
Máugli
quis
saber
se
ele
caçava
com
o
estômago
vazio
ou
cheio,
o
Irmão
Cinzento
contou-‐lhe
que
o
tigre
tinha
já
comido
um
Tentando
encontrar
uma
estratégia,
Máugli
perguntou
ao
irmão
cinzento
se
ele
conseguia
dividir
a
manada
de
búfalos,
de
maneira
a
fazerem
uma
emboscada
a
Xer-‐Cane.
O
lobo
admitiu
que
precisaria
de
ajuda
para
isso,
foi
então
que
ouviram
um
uivo
de
entre
os
ramos,
era
Aquelá.
Então
os
dois
lobos
começaram
a
correr
por
entre
a
manada
e
dividiram-‐na
em
duas,
Máugli
ordenou
que
a
parte
dos
machos
da
manada
fosse
para
a
esquerda
e
que
a
metade
que
tinha
as
fêmeas
e
crias
fosse
conduzida
para
as
margens
do
rio,
onde
as
margens
fossem
altas
e
impedissem
o
tigre
de
saltar.
Montado
no
chefe
da
manada,
Rama,
conduziu-‐os
até
ao
leito
seco
do
rio.
Quando
chegou
gritou
por
Xer-‐Cane,
quando
Xer-‐Cane
percebeu,
os
machos,
conduzidos
por
Aquelá
desciam
em
grande
velocidade
contra
ele,
Xer-‐Cane,
pesado
da
refeição
que
tinha
tido,
tentou
encontrar
uma
saída,
mas
do
outro
lado
vinham
as
fêmeas
e
os
bezerros.
Xer-‐Cane
parou
indeciso.
Quando
a
manada
se
encontrou
a
meio
do
leito
do
rio
seco,
Xer-‐Cane
jazia
no
chão,
morto.
Máugli
começou
a
tirar
a
pele
do
tigre
e
não
deu
pela
chegada
de
Buldeo.
Quando
o
homem
percebeu
que
o
tigre
era
Xer-‐Cane
tentou
convencer
Máugli
a
que
este
lhe
desse
a
pele
do
tigre
porque
valia
muito
dinheiro.
Máugli
disse
que
não
podia
ser,
porque
precisava
da
pele
do
tigre.
Buldeo
enraiveceu-‐se
com
Máugli,
mas
Aquelá
chegou
e
deitou
o
homem
ao
chão,
então
Buldeo
pensou
que
Máugli
não
era
só
um
homem,
com
o
poder
que
ele
tinha
sobre
os
animais,
só
poderia
ser
um
bruxo
e
pediu-‐lhe
que
o
deixasse
partir.
Fugiu
tão
depressa
como
pode
e
quando
chegou
à
aldeia
contou
uma
história
de
magia
que
encantou
todos.
Depois
de
esfolar
a
pele
de
Xer-‐Cane,
Máugli
reuniu
a
manada
e
conduziu-‐a
de
regresso
à
Aldeia,
quando
lá
chegou,
ouviu
o
som
de
campainhas
e
viu
metade
da
população
à
sua
espera
à
entrada.
Primeiro
pensou
que
era
para
lhe
agradecer
ter
morto
o
tigre,
mas
depois
percebeu
que
não.
Os
homens
chamaram-‐lhe
bruxo
e
não
o
queriam
mais
na
aldeia.
Messua
foi
junto
de
Máugli
e
disse-‐lhe
que
Buldeo
tinha
voltado
a
aldeia
contra
ele,
disse-‐lhe
para
fugir
senão
os
homens
matavam-‐no.
Máugli
ordenou
a
Messua
que
corresse
o
mais
que
pudesse
porque
ele
ia
lançar
a
manada
contra
os
homens.
Antes
dela
partir,
garantiu-‐lhe
que
não
era
nem
bruxo
nem
fera.
Com
a
ajuda
de
Aquelá,
Máugli
conduziu
a
manada
contra
as
portas
da
entrada
da
aldeia
afastando
a
multidão.
Máugli
agarrou
na
pele
de
Xer-‐Cane
e
dirigiu-‐se
à
Selva,
ao
encontrar
Racxa,
disse-‐lhe
que
tinha
sido
expulso
da
Alcateia
dos
Homens
mas
tinha
cumprido
a
sua
promessa:
tinha
caçado
Xer-‐Cane.
Todos
juntos
subiram
à
Rocha
do
Conselho
e
Máugli
estendeu
a
pele
do
tigre.
Desde
que
ficaram
sem
chefe
os
lobos
tinham
caçado
e
vivido
sozinhos
com
todas
as
desvantagens
que
esse
isolamento
lhes
trazia.
Quando
viram
que
Máugli
tinha
cumprido
a
promessa,
pediram
a
Máugli
e
a
aquela
que
assumissem
o
lugar
de
Chefes
da
Alcateia,
mas
Máugli
negou
dizendo:
“Expulsaram-‐me
da
Alcateia
dos
Lobos
e
da
Alcateia
dos
Homens,
daqui
em
diante
caçarei
sozinho!”
Limerchin,
uma
carriça
de
inverno,
é
um
pássaro
estranho
mas
que
sabe
dizer
a
verdade,
contou-‐me
esta
história
quando
a
aqueci
e
alimentei
a
caminho
do
Japão.
A
história
passou-‐se
há
muitos
anos,
muito
longe,
num
sitio
chamado
Novastosná,
ponta
de
nordeste
da
Ilha
de
São
Paulo,
no
Mar
de
Bering-‐
Ninguém
vai
a
Novastosná
se
não
tiver
algo
para
fazer
por
lá
e
só
as
focas
têm
o
que
fazer
por
lá,
porque
é
o
melhor
lugar
que
existe
para
as
focas.
Chegavam
no
verão
aos
milhares.
Rompão
Marinho,
todas
as
primaveras
saía
de
onde
quer
que
estivesse
em
direção
a
Novastosná
para
lutar
com
os
outros
machos
por
um
bom
lugar
para
as
suas
crias.
As
femeas
só
chegariam
à
praia
no
final
de
Maio
ou
inicio
de
Junho
e
os
holuchiqui
(machos
solteiros)
afastavam-‐se
destas
lutas.
Quando
Matcá,
esposa
de
Rompão
Marinho,
chegou
à
praia
já
havia
para
eles
um
lugar
reservado,
foi
neste
lugar
que
nasceu
Cótique,
a
cria
de
Matcá
e
Rompão
Marinho.
Quando
Matcá
o
inspecionou
reparou
em
algo
diferente
nele,
ele
ia
ser
branco
e
nunca
se
tinha
visto
uma
foca
branca.
As
focas
quando
nascem
não
sabem
nadar
mas
enquanto
não
o
aprendem
não
ficam
felizes.
Cótique
demorou
duas
semanas
a
aprender
que
a
água
era
o
seu
local
e
a
usar
as
barbatanas.
No
meio
de
muitas
brincadeiras
com
as
outras
crias,
Cótique
aprendeu
a
conhcer
as
ondas
e
também
os
perigos
do
mar
como
a
barbatana
esguia
da
Orca
que
devorava
focas.
No
Outono
as
focas
e
as
suas
novas
crias
faziam-‐se
de
novo
ao
mar
e
durante
todo
o
ano
ensinavam
as
crias
a
apanhar
peixe,
a
prever
o
mau
tempo
e
a
dormir
apenas
com
o
focinho
fora
de
água
e
tudo
o
mais
que
havia
para
as
focas
saberem.
Ao
fim
de
seis
meses,
sem
nunca
ter
ido
a
terra,
perto
da
Ilha
de
Juan
Fernandes,
sentiu
o
corpo
estranho
e
lembrou-‐se
das
praias
de
Novastasná,
foi
então
que
virou
para
norte
e
seguiu
nadando.
No
caminho
encontrou
dezenas
de
outros
holuchiqui.
Chegados
à
praia,
as
focas
velhas
lutavam
por
um
lugar
para
as
suas
famílias
e
eles,
os
holuchiqui,
seguiam
juntos
para
o
interior
onde
ficavam
entregues
a
brincadeiras
e
a
conversas
sobre
as
suas
vidas
e
aventuras.
Todos perguntavam a Cótique porque a sua pele era branca, Cótique não gostava de falar sobre isso.
Estavam
ali
há
uns
dias
quando
2
homens
se
aproximaram
e
ficaram
a
observá-‐los.
Os
homens
tocavam
algumas
focas
para
um
local
onde
as
matavam
para
usarem
a
sua
pele.
Ao
verem
a
foca
branca
ficaram
assustados
porque
não
havia
memória
da
existência
de
uma
foca
branca.
Cótique
enquanto
via
as
focas
serem
tocadas
pelos
homens
perguntava
a
todos
o
que
estava
a
acontecer,
para
onde
iam,
mas
ninguém
lhe
sabia
responder.
Diziam-‐lhe
apenas
que
era
assim
todos
os
anos.
Cótique
decidiu
segui-‐los
e
viu
os
seus
amigos
serem
mortos
e
esfolados
pelos
homens.
Quando
viu
aquilo
começou
a
fugir
o
mais
rápido
que
podia
e
foi
acabar
por
ir
para
o
pé
dos
Leões
Marinhos
que
lhe
disseram
que
há
30
anos
que
os
homens
faziam
aquilo
que
ele
tinha
visto.
O
Leão
Marinho
disse-‐lhe
que
era
normal,
Cótique
queria
saber
se
não
havia
um
local
assim
e
o
Leão
Marinho
disse-‐lhe
que
se
houvesse
só
o
Bruxo
Marinho
saberia.
Depois
de
descansar
um
bocado,
Cótique
pôs-‐se
a
caminho
da
Ilha
da
Morsa
onde
encontrou
o
Bruxo
Marinho
que
lhe
disse
não
saber
onde
poderia
encontrar
tal
local,
mas
aconselhou-‐o
a
ir
falar
com
a
Vaca
Marinha,
se
houvesse
na
terra
um
lugar
assim,
ela
saberia
com
certeza.
Depois
desta
conversa,
Cótique
voltou
a
Novastosná
e
descobriu
que
nenhuma
foca
concordava
com
a
sua
busca.
No
Outono,
assim
que
pôde,
Cótique
entrou
no
mar
com
a
ideia
de
encontrar
a
Vaca
Marinha.
Durante
muito
tempo
procurou
a
Vaca
Marinha
e
um
local
de
paz
para
as
focas
mas
não
encontrou.
O
Empreendimento
de
Cótique,
segundo
o
relato
de
Limerchin,
durou
5
anos,
e
quando
estaa
quase
a
desistir
encontrou
uma
velha
foca
que
lhe
disse
que
havia
uma
profecia
antiga
que
dizia
que
viria
um
dia
uma
foca
branca
que
conduziria
as
focas
para
uma
praia
tranquila,
a
velha
foca
aconselhou-‐o
a
tentar
mais
uma
vez.
Um
dia
encontrou
uns
animais
estranhos
que
nunca
tinha
visto
e
percebeu
que
tinha
encontrado
a
Vaca
Marinha.
Nunca
conseguiu
comunicar
com
nenhuma
das
vacas
marinhas
mas
seguiu-‐as
com
muita
paciência.
Um
dia
a
manada
de
vacas
marinhas
mergulhou
fundo
e
começou
a
nadar
mais
depressa.
Quando,
finalmente,
Cótique
veio
à
tona
viu
a
praia
mais
bela
que
já
tinha
visto
e
percebeu
que
ali
nenhum
homem
alguma
vez
tinha
ido.
Tinha encontrado um local tranquilo. Fixou bem a entrada e o caminho e regressou à sua terra.
Quando
contou
a
todos
que
tinha
encontrado
o
local
ideia,
todos
se
começaram
a
rir
dele,
todos
menos
um
holuchiqui
fêmea
que,
como
ele,
tinha
ficado
mais
um
ano
sem
criar
família.
Cótique
bateu-‐se
com
todos
os
machos
para
provar
que
tinha
razão
e
Rompão
Arinho
ao
ver
a
valentia
do
filho,
ficou
do
seu
lado.
Cótique
dirigiu-‐se
a
todos
dizendo
que
durante
anos
tinha
procurado
um
local
para
proteger
todas
as
focas
e
perguntou:
quem
vem
comigo?
E
muitos
acabaram
por
dizer-‐lhe
que
sim.
Cótique
guiou
milhares
de
focas
pelo
tunel
da
Vaca
Marinha
e
na
Primavera
seguinte,
quando
voltarm
às
praias,
a
noticia
foi-‐se
espelhando
e
todos
os
anos
mais
focas
se
lhes
juntavam
naquele
paraíso
que
Cótique
havia
descoberto.
Riqui-‐Tiqui-‐Tavi
era
um
manguço,
parecido
com
um
gatinho
mas
igual
a
uma
doninha
na
cabeça
e
em
hábitos,
vivia
com
a
mãe
muito
perto
da
Estação
Militar
de
Sigáuli.
Um
dia
houve
uma
grande
cheia
estival
e
Riqui-‐Tiqui-‐Távi
foi
arrastado
pela
força
da
água
até
perder
os
sentidos.
Quando
voltou
a
si
estava
deitado
ao
sol
todo
sujo
e
ouviu
a
vaz
de
um
rapaz
que
dizia
que
estava
um
manguço
morto
no
quintal
e
que
haviam
de
lhe
fazer
o
funeral.
Mas
a
mãe
do
rapazinho
achou
o
manguço
com
vida
e
decidiu
levá-‐lo
para
casa
para
o
tratar.
Depois
de
aquecido
e
limpo
saltou
para
os
ombros
do
rapaz
que
se
chamava
Teddy.
A
família
de
Teddy
deu-‐lhe
abrigo
e
comida.
Os
manguços
são
animais
muito
curiosos
e
passam
a
sua
vida
a
tentar
descobrir
coisas
novas,
foi
o
Rqui-‐Tiqui
fez
na
casa
de
Teddy.
Nas
suas
excursões
ao
quintal
da
família
de
Teddy
ouviu
vozes
num
lamento,
eram
Darzi,
o
pássaro
alfaiate
e
a
mulher
que
explicaram
que
uma
das
suas
crias
tinha
caído
do
ninho
e
Nague,
a
cobra
Capelo.
Riqui-‐Tiqui
não
mostrou
medo
à
cobra,
porque
a
vida
de
um
manguço
é
caçar
cobras
e
Nague
bem
o
sabia,
apesar
de
não
demonstrar
estava
cheia
de
medo.
Nague
tentou
distrair
Riqui-‐Tiqui
para
que
Nagaína,
a
mulher
de
Nague
se
aproximasse
de
Riqui-‐Tiqui
por
trás.
Mas
antes
que
Nagaína
pudesse
fazer
alguma
coisa,
Darzi
a
visou
Riqui-‐Tiqui
e
ele
escapou
à
cobra
tendo-‐çhe
mordido
a
espinha.
As
cobras
fugiram
e
Riqui-‐Tiqui
foi
para
casa
e
pôs-‐se
a
pensar
no
que
havia
acontecido.
Quando
Teddy
encontrou
Riqui-‐Tiqui,
uma
voz
falou-‐lhes
do
Chão,
era
Caraíte
que
é
uma
cobra
acastanhada
tão
perigosa
ou
mais
que
as
Capelos.
Apesar
de
não
saber
que
esta
cobra
pequenina
era
muito
perigosa,
Riqui-‐
Tiqui
lutou
com
ela
para
defender
Teddy.
Quando
o
pai
de
Teddy
chegou
já
Caraíte
estava
morta
e
Riqui
estava
a
tomar
banho
de
pó.
A
mãe
de
Teddy
agradeceu
a
Riqui
como
pôde
por
este
ter
salvo
a
vida
ao
filho
e
Teddy
levou-‐o
para
o
seu
quarto
para
que
dormisse
com
ele.
De
noite,
Riqui
esgueirou-‐se
para
ir
dar
uma
volta
ao
redor
da
casa
e
foi
aí
que
encontrou
Chuchundra,
um
rato
amlmiscarado,
que
estava
cheio
de
medo.
Tinha
visto
a
luta
entre
Riqui-‐Tique
e
Nague
e
temia
que
a
cobra
o
confundisse
com
o
manguço.
Entretanto
ouviu
um
som
muito
leve
e
chuchundra
disse-‐lhe:
são
eles,
vão
com
certeza
enfiar-‐se
no
cano
da
casa
de
banho.
Riqui
não
tinha
tempo
a
perder,
foi
ao
quarto
de
Teddy
não
viu
nada,
foi
ao
quarto
dos
pais
de
Teddy
e
quando
meteu
a
cabeça
no
burac
do
tijolo
ouviu
Nague
e
Nagaína
que
combinavam
um
ataque
à
família
de
Teddy,
porque
quando
a
casa
estivesse
vazia,
Riqui
seria
obrigado
a
deixar
aquele
lugar.
Escondido,
Riqui
viu
Nague
a
aproximar-‐se
e
começou
a
pensar
na
melhor
forma
de
o
atacar.
Quando
o
atacou
a
luta
foi
feroz
porque
Nague
era
uma
grande
cobra,
o
barulho
acordou
o
pai
de
Teddy
que
matou
a
grande
cobra
e
agarrou
Riqui-‐Tiqui.
Durante
o
resto
da
noite
Riqui
pensou
num
plano
para
matar
Nagaína
além
do
mais
não
sabia
quando
nasceriam
as
crias
dela.
Antes
do
pequeno
almoço
correu
à
procura
de
Darzi.
Riqui
estabeleceu
um
plano
com
Darzi
mas
foi
a
mulher
de
Darzi
que
o
concretizou.
Vou
até
onde
estava
Nagaína
e
fingiu
ter
uma
asa
partida.
Nagaína
persegiu
a
mulher
de
Darzi
afastando-‐se,
assim,
do
local
onde
tinha
os
seus
ovos.
Riqui-‐Tiqui
foi
até
lá
e
começou
a
partir
os
ovos,
porque
desses
ovos
acabariam
por
sair
Riqui-‐Tiqui
chamou
Nagaína
e
mostrou-‐lhe
o
último
ovo
dela,
quando
a
cobra
se
distraíu
o
Pai
de
Teddy
pôs
o
filho
a
salvo.
Nagaína
correu
para
salvar
o
ovo
e
começou
a
fugir
com
Riqui
no
seu
alcance.
Mas
uma
cobra
quando
corre
pela
vida
corre
muito
depressa
e
Riqui
estava
a
perder
a
corrida.
A
mulher
de
Darzi
decidiu
interferir
e
com
as
asas
abrandou
a
cobra,
o
que
fez
com
que
o
manguço
a
alcansasse
de
novo,
mordendo-‐lhe
a
cauda,
desceu
ao
ninho
da
cobra
com
ela.
Já
Darzi
cantava
um
triste
cântico
funebre
quando
Riqui
saiu
do
ninho
da
cobra
e
disse:
acabou.
Nagaína
já
não
ataca
mais
ninguém.
Depois
de
descansar
um
pouco
pediu
a
Darzi
que
avisasse
o
Caldeireiro,
passáro
que
dá
todas
as
novidades
a
quem
as
quiser
ouvir,
para
que
este
levasse
a
notícia
que
Nagaína
tinha
morrido.
Tendo
salvado
a
vida
a
todos
e
afastado
as
cobras
do
quintal,
Riqui-‐Tiqui-‐Tavi
comeu
tudo
o
que
de
bom
havia
e
adormeceu
na
cama
de
Teddy.
Cala
Nague,
que
quer
dizer
cobra
negra,
servira
o
Governo
da
Índia
por
47
anos.
Foi
apanhado
juntamente
com
a
Mãe
Rada
Piari
quando
tinha
cerca
de
20
anos.
A
sua
mãe
ensinara-‐lhe
a
ser
destimido
e
ele
pôs
de
lado
o
medo
o
que
lhe
conferiu
a
honra
de
ser
tratado
como
o
elefante
mais
querido
do
governo.
Depois
de
ter
lutado
em
guerras,
ajudado
nas
construções
de
vários
tipos
e
transportado
tendas
para
os
soldados,
foi
retirado
deste
trabalho
mais
árduo
e
colocado
na
caça
aos
elefantes
selvagens.
Cala
Nague
tinha
grande
apreço
por
Tumai
Grande,
que
era
agora
o
seu
condutor
e
pela
sua
família
que
o
haviam
conduzido
antes:
Tumai
Preto,
pai
de
Tumai
Grande
e
Tumai
dos
Elefantes
pai
de
Tumai
Preto.
O
condutor
afirmava
que
Cala
Nague
não
tinha
medo
de
coisa
alguma
à
exceção
de
si
porque
ele
e
os
seus
antepassados
o
tinham
sempre
tratado
e
alimentado.
Tumai
pequeno,
filho
de
Tumai
Grande
sabia
que
um
dia
ele
seria
o
condutor
de
Cala
Nague
e
que
um
dia
haveria
de
o
vender
a
um
Rei
que
ornamentaria
o
elefante
cuja
única
tarefa
seria
ostentar
a
riqueza
do
rei.
Para
Tumai
Pequeno
melhor
que
ser
o
elefante
do
Rei
só
as
aventuras
na
selva.
Um
dia
entusiasmado
com
a
luta
entre
Cala
Nague
e
os
elefantes
selvagens,
Tumai
Pequeno
caiu
no
meio
dos
animais
e
foi
Cala
Nague
que
o
resgatou
e
colocou
em
segurança
ao
pé
de
Tumai
Grande.
Tumai
Grande
zangou-‐se
com
o
filho
porque
Petersensen
Saibe,
o
maior
caçador
de
elefantes
para
o
governo
da
India,
não
gostava
de
intromissões
nem
que
os
elefantes
fossem
feridos
por
falta
de
cautela.
No
fianla
da
Caçada
o
próprio
Petersen
Saibe
trazia
o
escrivão
para
pagar
os
salários
aos
condutores
que,
por
su
vez,
regressavam
para
a
planicie.
Num
destes
dias
quando
Tumai
Grande
foi
receber
o
seu
salário
acomoanhado
de
Tumai
Pequeno,
Machua
Apa
que
era
pisteiro
de
elefantes
comentou
que
era
pena
que
levassem
Tumai
Pequeno
para
a
planicie
porque
ele
percebia
de
elefantes.
Petersen
Saibe,
que
estava
sempre
atento
ao
que
se
passava
ao
seu
redor,
ouviu
o
comentário
e
uvidou
porque
cada
um
tinha
a
sua
tarefa
e
ele
não
conhecia
nenhum
homem
condutor
capaz
de
ser
caçador
de
elefantes.
Machua
Apa
indicou-‐lhe
o
rapaz
e
ele,
montado
na
sua
elefanta
Pudmini,
observou
o
rapaz
com
atenção.
Como
Tumai
Pequeno
não
conseguia
ver
bem
Petersen
Saibe,
fez
sinal
a
Cala
Nague
e
o
grande
elefante
agarrou-‐o
com
a
tromba
e
elevou-‐o
até
perto
do
homem.
Petersen
perguntou-‐lhe
para
que
tinha
ensinado
aquele
truque
ao
elefante,
seria
para
roubar
trigo
dos
telhados
das
casas?
Tumai
Pequeno
apressou-‐se
aresponder:
“Trigo
Não,
Melões”
e
todos
inrromperam
em
gargalhadas.
O
pai
de
Tumai
veio
em
seu
auxilio
e
pediu
desculpas
pelo
rapaz,
dizendo
a
Petersen
que
o
rapaz
era
mau
e
que,
possivelmente,
acabaria
na
cadeia.
Petersen
discordou
porque
um
rapaz
tão
corajoso
para
entrar
no
meio
de
uma
luta
de
elfantes
jamais
seria
preso.
Petersen
disse
a
Tumai
Pequeno
que
um
dia
poderia
dar
um
bom
caçador
mas
que
aquele
lugar
de
luta
não
era
para
crianças.
Tumai
Pequeno
perguntou
se
nunca
poderia
entrar
e
Petersen
respondeu
que
sim,
quando
ele
avistasse
elefantes
a
dançar.
Esta
expressão
queria
dizer
nunca
pois
jamais
alguém
havia
visto
elefantes
dançar.
No
caminho
para
a
planicie
quando
guiavam
uma
coluna
de
elefantes
recém
capturados,
Tumai
Pequeno
ouviu
o
pai
a
discutir
com
um
caçador.
O
caçador
afirmou
que
se
deixassem
os
elefantes
soltos
eles
fugiriam
porque
os
elefantes
abem
quando
acaba
a
época
das
caçadas
e
vão
todos
para
o
mesmo
local
para
dançarem.
Nessa
noite
Tumai
Pequeno
acordou
e
ficou
a
vee
a
a
ouvir
a
noite.
De
repente
ouviu
o
urro
de
um
elefante
selvagem
e
pôde
ver
todos
os
elefantes
da
coluna
levantarem-‐se
num
salto
o
que
fez
todos
acordarem.
Depois
de
reforçadas
as
cadeias
e
estacas
que
amarravam
os
elefantes,
os
hoemsn
tornaram
às
suas
cabanas
para
Cala
Nague
ergueu-‐se
sobre
as
patas
dianteiras
e
começou
a
bater
com
elas,
alternadamente,
no
solo,
e
todos
os
outros
elefantes
o
imitaram
num
barulho
ensurdecedor
mas
cadenciado.
Ao
romper
da
aurora
o
barulho
parou
e
Tumai
Pequeno
não
viu
senão
Cala
Nague,
Pudmini
e
outro
elefante.
Tumai
Pequeno
em
cima
do
dorso
de
Cala
Nague
foi
levado
para
o
acampamento
de
Petersen
Saibe.
Tumai
Pequeno
extenuado
deixou-‐se
dormir,
quando,
passado
duas
horas
acordou,
contou
em
poucas
palavras
a
sua
história
e
como
não
acreditassem
nele
desafiou-‐os
a
irem
ver
a
clareira
que
estava
certamente
muito
maior
depois
da
passegem
de
dezenas
de
elefantes.
Enquanto
Tumai
Pequeno
dormia,
Petersen
e
Machua
Apa
seguiram
a
pista
e
encontraram
a
clareira
onde
consluiram
que
o
rapaz
tinha
contado
a
verdade.
Nessa
noite
houve
festa
no
acampamento
e
era
Tumai
Pequeno
o
centro
de
todas
as
atenções.
No
final
da
festa,
Machua
Apa
levantou
Tumai
Pequeno
e
disse
que
aquele
rapaz
tinha
visto
o
que
mais
ninguém
vira,
que
viria
a
ser
o
melhor
pisteiro
de
sempre
e
que,
por
isso
mesmo,
deveria
ser
conhecido
por
Tumai
dos
Elefantes,
nome
do
seu
bisavô.
De
seguida
mostrou-‐o
aos
elefantes
e
estes
levantaram
as
trombas
e
soltaram
um
grande
urro
em
homenagem
a
Tumai
dos
Elefantes.
Em
Roalpindi
chouveu
durante
um
mês
inteiro
num
acampamento
com
milhares
de
homens,
cavalos,
camelos,
elefantes,
mulas
e
bois.
Estavm
ali
acampados
para
que
o
Vice
Rei
da
Índia
lhes
passasse
revista.
Estava
de
visita
ao
Vice
Rei
um
emir
do
Afegasnistão
que
tinha
trazido
com
ele
uma
escolta
de
800
homens
e
cavalos,
mas
nem
um
nem
outros
jamais
vira
um
acampamento.
Com
a
quantidade
de
animais
que
ali
se
encontravam
havia,
todas
as
noites,
algumas
dezenas
que
se
soltavam
e
corriam
sem
destino,
passando
por
cima
das
tendas
onde
os
homens
tentavam
dormir.
Uma
noite
um
camelo
irrompeu
por
uma
tenda
dando
tempo
apenas
que
o
homem
que
nela
se
abrigada
e
o
seu
cão,
Raposinha,
dali
saissem
a
correr.
O
homem
parou
já
longe
das
linhas
do
acampamento
e
viu
aproximar-‐se
uma
mula
e
um
camelo.
Devido
ao
tempo
que
passara
com
os
indigenas
percebia
o
que
os
animais
diziam
e
ouviu
o
camelo
e
a
mula
a
conversarem.
Alguns
camelos
tinham-‐se
soltadoe
passaram
pelas
mulas
a
correr
e
a
gritar
que
havia
ladrões
e
fogo
e
lamçaram
o
pânico
no
acampamento.
A
mula
deu
dois
coices
ao
camelo
para
que
aprendesse
a
lição
de
não
importunar
os
outros.
Estavam
nisto
quando
ouviram
os
cascos
de
um
cavalo
de
esquadrão.
Logo
em
seguida
se
ouviu
um
grande
reboliço
e
eram
os
bois
que
tinham
sido
acordados.
Uma
mula
nova
vinha
à
frente
a
gritar
por
Biddy
e
quando
a
viu
aconchegou-‐se
nela.
A
mula
nova
estava
com
tanto
medo
que
todos
zombaram
dela,
até
os
bois
que
se
deitaram
a
ruminar.
Mas
o
cavalo
de
esquadrão
que
era
um
cavalheiro
apaziguou
todos
e
disse
à
mula
nova
que
todos
temos
medo
em
alguma
altura
e
não
há
que
etr
vergonha
disso.
Entretanto
puseram-‐se
à
coversa
acerca
da
missão
de
cada
um
e
a
mula
nova
ficou
muito
espantada
e
curiosa
quando
o
cavalo
disse
que
só
tinha
que
obedecer
às
rédeas
do
seu
cavaleiro,
Ricardo
Cunliffe.
Biddy
retorquiu
que
a
elas
só
lhes
ensinaram
a
seguir
e
a
obedecer
ao
homem
que
ai
á
frente.
Estando
a
falar
disto,
o
cavalo
começou
a
contar
que
tinha
que
se
manter
sempre
atento
porque
inrrompia
diversas
vezes
por
entre
multidões
de
homens
a
cavalo
munidos
de
facas
e
de
lanças,
enquanto
visse
a
lança
de
Ricardo
do
seu
lado
direito
estava
seguro
e
tinha
que
garantir
que
Ricardo
não
caía
e
que
nenhum
inimigo
o
derrubava.
Biddy
explicou
então
o
seu
trabalho,
ser
mula
de
peças
de
artilharia
era
um
trapalho
muito
exigente
porque
jamais
poderiam
tropeçar
ou
cair
senão
as
peças
poderiam
feri-‐las.
Além
disso
as
mulas
tinham
que
saber
esconder-‐se
para
não
serem
alvejadas.
O
cavalo
não
entendia
como
era
possível
manter-‐se
imóvel
e
escondido,
ele
gostava
de
estar
na
linha
da
frente
e
combater
com
Ricardo.
Biddy
por
seu
lado
defendia
que
as
peças
de
artilharia
faziam
o
trabalho
melhor
e
mantinham
homens
e
animais
longe
dos
perigos
das
facas.
O
camelo
tinha
estado
a
ouvi-‐los
e
a
determinada
altura
interrompeu-‐os.
Na
verdade
também
ele
era
um
combatente
mas
não
tinha
que
acartar
peças
pesadas
e
subir
colinas
nem
tinha
que
correr
no
meio
de
homens
armados
de
facas,
só
tinha
que
se
deitar
esnondido
atrás
de
escudos
e
deixar
que
os
homens
fizessem
fogo
em
cima
deles.
No
meio
desta
conversa
levantou-‐se
um
dos
bois
e
disse-‐lhes
que
tudo
aquilo
eram
disparates,
só
havia
uma
maneira
de
combater
que
é
juntar
as
juntas
à
peça
grande
de
artilharia
assim
que
o
elefante
(dois
rabos
chamava-‐lhe
o
boi)
urra.
O
elefante
urra
para
dizer
que
não
vem
mais
fumo
daquele
lado
e
então
os
bois
unem
as
juntas
à
peça
e
empurram-‐na
para
outro
local,
até
que
os
homens
voltem
a
desuni-‐los.
Nessa
altura
os
bois
pastam
e
a
peça
grande
e
os
homens
fazem
o
resto.
O
Dois
rabos
tinha
estado
a
ouvir
os
outros
e
ouviu
bem
o
que
os
bois
disseram
dele,
disseram
que
ele
não
combatia
porque
era
cobarde.
Na
tentativa
de
se
explicar
o
elefante
disse
que
via
dentro
da
cabeça
o
que
os
estilhaços
faziam
e
isso
fazia
com
que
tremesse
por
dentro.
Continuo
dizendo
que
não
era
muito
esperto
porque
se
fosse
era
o
rei
da
floresta
como
era
antes
e
não
se
tinha
deixado
capturar.
O
Dois
Rabos
também
tinha
ouvido
a
mula
e
o
cavalo
a
dizeram
que
o
seu
urro
os
repugnava
e
começou
a
urrar
e
a
bater
com
as
patas
dianteiras.
No
meio
deste
alarido
ouviu-‐se
um
som
diferente,
era
a
Raposinha
a
ladrar.
Finalmente
tinha
encontrado
o
homem
e
como
cão
esperto
que
era
sabia
bem
que
os
elefantes
têm
medo
do
ladrar
dos
cães,
mais
que
de
qualquer
outra
coisa.
O homem abriu o casaco e escondeu o cão para que o elefante não o encontrasse.
O
elefante
concluiu
que
todos
se
assustavam
com
alguma
coisa
e
a
mula
mais
nova
insistiu
em
perguntar
porque
razão
haviam
de
combater.
Todos
lhe
reponderam
quase
em
unissono:
Ordens.
Mas
ela
queria
saber
mais.
Ordens
sim,
mas
de
quem?
Todos
lhes
disseram
que
eram
ordens
dos
homens,
mas
ela
não
estava
satisfeita.
Se
eles
davam
ordens,
quem
lhas
daria
a
eles?
O
cavalo
procurou
o
cão
e
Raposinha
chegou-‐se
ao
pé
deles
e
disse
ao
camelo
que
por
causa
dele
se
tinha
assutado
e
o
home
que
era
dono
dela
também.
Ao
ouvirem
isto
os
bois
perceberam
que
se
tratava
de
um
homem
branco
e
desataram
a
fugir
até
que
ficaram
com
as
juntas
entaladas
numa
vala.
O
cavalo
não
entendia
o
medo
dos
homens
brancos,
Ricardo
era
branco
e
era
bom
para
ele.
Por
fim
os
bois
disseram
que
os
homens
brancos
comiam
bois.
No
dia
seguinte
todos
os
animais
compareceram
à
revista
e
o
homem
que
os
tinha
ouvido
observou-‐os
um
a
um
nos
seus
locais
muito
orgulhosos.
O
emir
do
afeganistão
estava
maravilhado
com
o
espetáculo
e
um
ansião
que
o
acompanhava
perguntou
a
um
indigena
como
conseguiam
tudo
aquilo.
O
indigena
disse-‐lhe
que
a
respotsa
era
simples:
dá-‐se
uma
ordem
e
todos
lhe
obedecem.
O
ansião
estava
espantado
pois
não
sabia
que
os
animais
também
obedeciam
e
o
indigena
explicou-‐lhe
que
há
uma
sucessão
de
obediência:
os
animais
obedecem
ao
seu
condutor,
o
condutor
ao
sargento,
o
sargento
ao
tenente,
o
tenente
ao
capitão,
o
capitão
ao
major,
o
major
ao
coronel,
o
coronel
ao
brigadeiro,
o
brigadeiro
ao
general,
o
general
ao
vice
rei
e
o
vice
rei
à
imperatriz.
Desolado
o
ansião
repondeu-‐lhe
que
na
sua
terra
não
era
ssim,
lá
só
obedeciam
à
sua
própria
vontade
ao
que
o
indigena
respondeu
com
esgar
que
era
por
isso
que
tinha
que
ir
à
Índia
receber
ordens
do
Vice
Rei.
A
Lei
da
Selva
é
a
mais
antiga
lei
do
mundo,
prevê
todos
os
casos
que
possam
apresentar-‐se
ao
seu
povo
e
o
seu
código
é
tão
perfeito
porque
foi
aprofundado
com
o
tempo
e
o
hábito.
Um
dia,
quando
Máugli
estava
cansado
das
lições,
Balú
explicou-‐lhe
que
a
Lei
é
como
uma
trepadeira
gigante,
alcança
tudo
e
todos
e
ninguém
lhe
pode
escapar.
Disse-‐lhe
Balú
com
ar
sério:
“Quando
tiveres
vivido
tanto
quanto
eu,
darás
conta
que
toda
a
selva
obedece
pelo
menos
a
uma
lei.”
Máugli
não
ligou
nenhuma
importância,
porque
quem
não
tem
com
que
se
preocupar
senão
com
o
que
comer
e
dormir
não
presta
atenção
ao
resto.
Balú
percebeu,
mas
o
velho
e
sábio
urso
sabia
que
mais
cedo
ou
mais
tarde
a
vida
ensinaria
esta
lição
a
Máugli.
E foi mais cedo do que se pensava. Um ano depois, Máugli pôde ver toda a selva debaixo da mesma lei.
Tudo começou quando as chuvas de inverno faltaram quase completamente.
Um
dia
ia
Máugli
a
passear
na
selva
e
encontro
Ikki,
o
porco-‐espinho.
Quando
o
cumprimentou
como
era
costuma
na
selva
“Boa
Sorte,
Ikki”,
o
porco-‐espinho
respondeu
“e
bem
vamos
precisar
de
sorte
este
ano”.
Máugli
não
percebia,
mas
Ikki
disse-‐lhe
que
as
batatas
silvestres
estavam
a
secar
e
isso
era
muito
mau
sinal,
perguntou-‐lhe
se
continuava
a
mergulhar
na
Rocha
das
Abelhas
e
Máugli
disse
que
não
havia
água
e
podia
partir
a
cabeça.
Intrigado
com
o
que
Ikki
dissera,
Máugli
procurou
Balú.
Balú
disse-‐lhe
que
de
facto
era
mau
sinal,
mas
podiam
esperar
para
ver
como
ia
florescer
o
Mowa
e
naquela
primavera
o
Mowa
não
floresceu.
O
calor
foi
entrando
pouco
a
pouco
no
coração
da
selva
secando
toda
a
vegetação.
As
lagoas
foram
perdendo
a
água,
os
arbustos
foram
secando,
as
rochas
ficaram
sem
musgo,
os
macacos
e
os
pássaros
emigraram
para
o
norte.
A
caça
foi
escasseando,
tinham
que
comer
tudo
o
que
fosse
possível
porque
não
havia
muita
comida,
mas
o
pior
de
tudo
era
a
falta
de
água.
Tudo
foi
secando
e
o
rio
Uienganga
era
o
único
sitio
onde
havia
um
pouco
de
água.
Nessa
altura
Hathi
viu
aparecer
no
leito
do
rio
um
banco
de
pedra
e
soube
que
aquela
era
a
Rocha
da
Paz.
Então
levantou
a
tromba
de
imediato,
como
tinha
visto
o
seu
pai
fazer
há
50
anos,
e
proclamou
A
Trégua
da
Água,
todos
os
animais
o
ajudaram
e
Rann
foi
espalhar
a
notícia
voando
em
todas
as
direcções.
A
Lei
da
Selva
proíbe
toda
a
caça
nos
locais
destinados
a
beber
quando
é
proclamada
a
Trégua
da
Água.
Assim,
podiam
ver-‐se,
todas
as
noites,
todos
os
animais
da
selva,
carnívoros
e
herbívoros,
a
beberem
juntos
no
mesmo
local
sem
que
nenhum
atacasse
o
outro.
Máugli,
Balú
e
Báguirá
foram
até
à
Rocha
da
Paz
para
saber
noticias
e
lá
encontraram
Hathi
vigiando
todos
os
animais,
como
se
fosse
o
guardião
da
Trégua
da
Água.
Ali
estavam
conversando
com
Hathi
quando
se
aproximou
Xer-‐Cane.
Quando
Xer-‐Cane
começou
a
beber
e
a
água
começou
a
ficar
suja
de
sangue.
Xer-‐Cane
tinha
morto
um
homem.
Perante
a
indignação
de
todos
os
animais,
Xer-‐Cane
disse
que
tinha
esse
direito.
Hathi
afastou-‐o
da
água
porque
estava
a
sujá-‐la
e
ela
era
de
todos.
Máugli
ficou
sem
perceber
de
que
direito
falava
Xer-‐Cane
porque
matar
um
homem
era,
segundo
a
Lei
da
Selva,
uma
acto
vergonhoso.
Hathi sentou-‐se na lagoa perto da Rocha da Paz e começou a história:
Houve
um
tempo
em
que
todos
os
animais
andavam
juntos
na
selva.
Naquela
altura
não
havia
secas
e
todas
as
árvores
davam
frutos.
Os
animais
alimentavam-‐se
todos
de
frutas
e
mel.
Foi
Tha,
o
Senhor
da
Selva,
o
Primeiro
Elefante,
que
tirou
a
Selva
das
águas
profundas
com
a
sua
tromba.
E
onde
traçou
sulcos
na
terra
com
as
suas
presas
ali
corriam
os
rios,
onde
ele
pousou
os
pés
brotaram
as
flores,
e
quando
bramiu
caíram
as
árvores…
Foi
assim
que
foi
feita
a
Selva.
Naquele
tempo
o
povo
da
selva
nada
sabia
sobre
o
homem
e
vivia
todo
junto,
numa
única
manada,
mas
pouco
a
pouco
começaram
as
disputas.
Onde
havia
muita
comida
todos
se
tornavam
preguiçosos.
Tha
andava
ocupado
a
criar
outras
selvas,
a
fazer
nascer
outros
rios,
a
fazer
crescer
novas
árvores.
Assim,
para
evitar
lutas
decidiu
nomear
o
Primeiro
Tigre
dono
e
juiz
da
selva
que
tinha
como
missão
resolver
todos
os
problemas
que
o
povo
da
selva
lhe
apresentasse.
Nesse
tempo
o
tigre
era
todo
liso
de
cor
amarelada,
não
tinha
riscas
e
alimentava-‐se
de
fruta
e
ervas
como
todos
os
animais.
A
sua
palavra
era
lei
e
todos
o
respeitavam.
Um
dia
surgiu
uma
questão
entre
dois
jovens
veados
e
um
deles,
enquanto
apresentava
o
seu
problema,
bateu-‐lhe
com
as
hastes.
O
Primeiro
Tigre
esqueceu-‐se
que
era
Juiz
da
Selva
e
sem
pensar
matou
o
veado,
tendo
depois
fugido
para
os
pântanos
do
norte
porque
nunca
tinha
morto
nenhum
animal.
Quando
os
animais
ficaram
sem
juiz
começaram
a
lutar
uns
contra
os
outros,
Tha
ouviu
o
som
das
lutas
e
voltou
à
Selva.
Perguntou
quem
tinha
morto
o
gamo
e
nenhum
animal
lho
quis
dizer.
Tha
ordenou
às
árvores
e
trepadeiras
para
marcarem
quem
o
tinha
feito
para
que
ele
o
reconhecesse.
De
seguida
perguntou
quem
queria
ser
o
Juiz
da
Selva.
O
macaco
que
vivia
nas
árvores
disse
que
queria
ele.
Tha
riu-‐se
mas
acabou
por
concordar.
O
macaco
cansou-‐se
rapidamente
e
ao
fim
de
um
tempo
começou
a
troçar
dos
outros
e
os
outros
dele.
Tha
voltou
à
selva
e
reuniu
todos
os
animais.
Tha
disse
aos
animais:
“O
Primeiro
juiz
trouxe
a
morte
à
selva,
o
segundo
trouxe
a
vergonha.
É
altura
de
terem
uma
lei
à
qual
não
deixem
de
obedecer.
Agora
vão
conhecer
o
medo
e
vão
aprender
que
é
ele
o
senhor”.
Os
animais
não
conheciam
o
medo
e
Tha
mandou
que
o
procurassem
até
que
o
encontrassem.
Uma
noite
os
búfalos
disseram
ter
encontrado
o
Medo
numa
gruta,
“fomos
até
lá
e
encontrámo-‐lo.
Não
tinha
pelos
e
andava
sobre
as
patas
de
trás.
Quando
nos
viu
gritou
e
a
sua
voz
encheu-‐nos
de
espanto,
então
fugimos
porque
pela
primeira
vez
tínhamos
sentido
medo”.
Naquela
noite
os
animais
da
selva
separam-‐se
por
tribos,
já
não
dormiram
juntos.
O
Tigre
quando
soube
foi
em
busca
do
medo
para
o
matar,
no
caminho,
as
árvores
e
as
trepadeiras
lembrando-‐se
da
ordem
de
Tha,
marcaram
o
seu
pêlo
com
riscas
pretas.
Quando
chegou
à
gruta,
o
da
pele
nua
chamou-‐lhe
raiado
e
o
tigre
sentiu
medo
e
fugiu
para
os
pântanos.
Tha
foi
ao
encontro
do
Tigre
que
lhe
pediu
para
lhe
devolver
os
seus
poderes
porque
tinha
sentido
medo
do
da
pele
nua
que
lhe
tinha
chamado
raiado
porque
ele
tinha
a
pele
suja
dos
pântanos.
Tha
disse-‐lhe
para
se
ir
lavar.
Se
fosse
sujidade
sairia.
Depois
de
se
banhar
e
de
se
esfregar
nas
ervas
o
tigre
viu
que
nenhuma
risca
saía
e
perguntando
porque
aquilo
lhe
tinha
acontecido,
Tha
disse-‐lhe
que
era
porque
ele
tinha
levado
a
morte
para
a
selva
e
depois
dela
entrara
o
medo,
aquele
medo
que
ele
sentia
do
da
pele
nua.
Tha
disse
ao
tigre:
“Por
causa
do
que
fizeste,
O
Tigre
pediu
a
Tha
que
permitisse
que
os
seus
filhos
soubessem
que
tempos
houve
em
que
ele
era
o
dono
da
selva
e
não
conhecia
nem
medo,
nem
morte
nem
vergonha.
Tha
garantiu
que
uma
noite
por
ano,
apenas
uma
noite
por
ano,
ele
e
os
seus
filhos
não
teriam
medo
e
se
nessa
noite
encontrasse
o
da
pele
nua,
poderia
matá-‐
lo
porque
não
teria
medo.
Mas,
Tha
pediu
ao
Tigre
para
que
este
fosse
misericordioso
com
o
homem
nessa
noite
porque
o
tigre
também
sabia
o
que
era
ter
medo.
Mas
quando
a
noite
chegou
o
Tigre
enfurecido
por
ter
riscas
no
corpo
procurou
o
da
pele
nua
e
matou-‐o.
Foi
então
que
Tha
apareceu
e
o
questionou
sobre
a
misericórdia
que
haviam
combinado
que
ele
teria.
O
tigre
achava
que
não
importava
porque
tinha
morto
o
medo
e
assim
o
medo
não
existia
mais,
que
ele
podia
voltar
a
ser
o
dono
da
selva.
Tha
garantiu-‐lhe
que
ele
havia
apenas
morto
um,
que
havia
mais
e
que
os
homens
aprendiam
depressa
e
que
tinha
sido
ele
a
ensiná-‐los
a
matar.
Tha
avisou
que
o
homem
iria
caçar
o
tigre
onde
ele
estivesse,
ia
fazer
roupas
da
sua
pele,
e
não
teria
misericórdia
com
ele.
No
final
da
conversa
a
noite
tinha
passado
e
um
outro
homem
saiu
da
gruta
e
ao
ver
o
amigo
morto,
pegou
num
pau
aguçado
e
atirou-‐o
ao
tigre
ferindo-‐o.
Hathi
tinha
terminado
a
sua
história
e
explicou
a
Máugli,
só
quando
um
grande
medo
como
este
que
estamos
a
passar
agora
se
abate
sobre
todos,
só
nessa
altura
podemos
juntar-‐nos
todos
sem
temor.
Durante
o
resto
do
tempo
o
medo
passeia
livremente
pela
selva.
Purum
Dass
era
um
homem
muito
importante
na
Índia,
filho
de
um
alto
funcionário
e
bramane
de
casta,
era
o
primeiro
ministro
de
um
dos
estados
indígenas
semi
independentes
do
Noroeste
do
país.
Purum
Dasse
foi-‐se
apercebendo
que
tinha
que
dar-‐se
bem
com
os
inlgeses
e
havia
que
imitá-‐los
no
que
eles
tinham
de
bom,
isto
se
quisesse
propserar.
Quando
Rei
morreu,
Purum
Dass
tornou-‐se
no
braço
direito
do
herdeiro
do
trono
e
em
conjunto,
sempre
deixando
os
louros
para
o
seu
Senhor,
fundaram
escolas,
abrigos
e
estradas.
Todo
o
poder
instituído
estavam
encantados
com
todas
as
coisas
que
tinham
feito.
Assim,
Purum
Dass
tornou-‐se
amigo
de
todas
as
pessoas
importantes
da
sociedade
indiana,
principalmente,
dos
ingleses
que
tinham
altos
cargos
na
Índia,
mas
também
de
outros
menos
importantes.
Criou
bolsas
de
estudo
e
escreveu
para
um
jornal
explicando
as
aspirações
que
o
seu
senhor
tinha
para
o
reino.
Foi
de
visita
a
Inglaterra
e
recebeu
graus
honorários
de
universidades,
falou
a
todos
acerca
da
refoma
social
hindu
e
foi
considerado,
pela
sociedade
inglesa,
como
o
homem
mais
interessante
que
haviam
encontrado.
Ao
regressar
à
India,
depois
de
pagar
somas
avultadas
para
de
novo
se
purificar,
porque
atravessar
o
mar
significava
impureza,
recebeu
condecorações
e
títulos.
Um
mês
depois
Purum
Dass
fez
o
que
ninguém
faria,
entregou
tudo
e
transformou-‐se
num
Mendigo.
A
sua
riqueza
entregue
ao
governo
da
Índia.
Nomeou-‐se
um
novo
primeiro
ministro.
os
sacerdotes
sabiam
o
que
tinha
acontecido
e
o
povo
calculava-‐o,
mas
não
se
falava
disso.
Agora,
Purum
Dass
era
Saniássi
-‐
medigo
vagabundo
sem
lar,
dependente
dos
vizinhos
para
comer
e
passou
a
ser
conhecido
por
Purum
Baghat.
Andava
a
vaguear,
deixando
que
os
seus
pés
os
levassem
quando
um
dia
avistou
a
linha
dos
Grandes
Himalaias
e
soube
que
era
ali
que
ia
descansar
para
alcançar
o
saber.
Seguiu
a
estrada
do
Himalaia
ao
Tibete,
caminhando
e
meditando
de
olhos
no
chão
e
pensamentos
nas
nuvens.
Encontrou
um
santuário
abandonado
e
foi
ali
que
decidiu
ficar,
observando
algumas
milhas
abaixo
a
vida
de
uma
pequena
aldeia.
Uns
dias
depois
de
ter
chegado,
alertados
pelo
fumo
no
santuário,
os
aldeões
perceberam
a
sua
presença
e
um
sacerdote
subiu
até
lá
para
lhe
dar
as
boas-‐vindas.
Quando
olhou
Purum
Bagath
nos
olhos,
o
sacerdote
voltou
à
aldeia
sem
dizer
nada
e
disse
a
todos
os
aldeões:
Finalmente
temos
um
Santo
Homem.
As
mlheres
da
aldeia
fizeram
várias
iguarias
e
entregaram
ao
sacerdote
para
que
as
levasse
a
Purum
Bagath.
Quando
lhas
entregou
o
sacerdote
quis
saber
se
Purum
pretendia
ficar
por
ali
muito
tempo
e
Purum
Bagath
repondeu-‐lhe
que
sim,
que
finalmente
havia
encontrado
o
lugar
que
lhes
estava
destinado.
OS
aldeões
tinham
uma
imensa
alegria
por
terem
um
homem
santo
perto
deles
e
por
isso
todos
os
dias
lhe
levavam
comida
e
lhe
pediam
para
que
intercedesse
por
eles.
Aos
poucos
os
animais
foram
cedendo
à
curiosidade
e
aproximavam-‐se
do
santuário
para
irem
ver
este
homem
e
comcluíam
que
era
inofensivo.
A
todos
os
animais
Purum
Bagath
chamava
seus
irmãos
e
ao
apelo
dele
todos
se
dirigiam
para
o
santuário.
Ao
fim
de
algum
tempo
como
acontece
a
quase
todos
os
eremitas
e
santos
homens,
Purum
Bagath
tinha
fama
de
milagreiro
já
que
nenhum
animal
lhe
fazia
mal.
Os
anos
foram
passando
e
os
aldeões
envelhecendo,
as
crianças
tornavam-‐se
adultos
e
constituíam
família.
Quando
se
lhes
perguntava
há
quanto
tempo
vivia
ali
aquele
santo
homem,
todos
respondiam:
sempre.
Houve
um
tempo
em
que
choveu
imensamente
durante
meses
e
como
o
santuário
estava
acima
das
nuvens,
Purum
Bagath
não
viu
a
sua
aldeia
durante
todo
esse
tempo.
Quando
o
sol
voltou,
fez
uma
fogueira
e
chamou
os
animais,
mas
nenhum
se
aproximou.
Finalmente
o
chão
começou
a
abrir-‐se
e
Purum
Bagath
percebeu
que
a
montanha
estava
a
ruir.
Tinha
que
se
apressar
a
avisar
os
aldeões
que
sempre
o
tinham
tratado
bem,
se
não
os
avisasse
a
montanha
caíria
sobre
a
aldeia.
Monatdo
em
cima
do
veado
desceu
a
montanha
o
mais
depressa
que
pôde.
Enquanto
descia
muitos
animais
se
lhe
foram
juntando.
Purum
Bagath
estava
agora
em
missão,
salvar
os
aldeões
e
parecia
então
purum
Dass
de
novo.
Quando
chagaram
á
aldeia
começou
a
chamar
todos.
Todos os aldeões se apressaram a sair e Purum liderava a população seguindo com os animais à frente.
Subiram
uma
montanha
do
lado
contrário
do
vale
e
quando
o
veado,
por
instinto,
sentiu
segurança,
pararam.
Purum
Bagath
estava
cansado
e
com
frio.
Durante
a
noite
a
montanha
caiu
e
ao
nascer
do
dia
toda
a
paisagem
se
tinha
alterado.
Os
aldeões
gratos
por
Purum
Bagath
lhes
ter
salvo
a
vida,
foram
um
a
um
rezar
em
frente
a
ele,
como
forma
de
agradecimento.
Quando
chegaram
perto
dele
viram
todos
os
animais
tristes
e
perceberam
que
Bagath
tinha
morrido,
sentado
encostado
a
uma
árvore,
a
muleta
debaixo
do
sovaco
e
a
cabeça
virada
para
Nordeste.
Em
tributo
a
população
construiu
um
pequeno
santuário
onde,
até
aos
dias
de
hoje,
todos
vão
prestar
homenagem
áquele
que
salvou
a
aldeia
e
os
aldeões.
Depois
da
morte
de
Xer-‐Cane,
Máugli
decidiu
que
passaria
a
caçar
sozinho,
mas
mudar
de
vida
nem
sempre
é
fácil.
Máugli
passava
os
dias
com
a
família
de
lobos
e
os
amigos
e
contava
as
histórias
da
Aldeia
dos
Homens
e
de
como
o
expulsaram
e
a
história
da
caçada
de
Xer-‐Cane.
Racxa
tinha
receio
que
os
homens
não
deixassem
Máugli,
mas
ele
não
queria
ouvir
falar
deles.
Num
desses
dias,
estava
Racxa
a
tentar
avisar
o
filho
que
os
homens
podiam
tentar
encontrá-‐lo
quando
Báguirá
ouviu
algo
no
meio
dos
arbustos
e
cheirando,
reconheceu
o
homem,
era
Buldeo
que
lhes
seguia
o
rasto.
Os
Lobos
voltaram-‐se
com
intenção
de
caçar
Buldeo
mas
Máugli
disse-‐lhes
para
não
o
fazerem:
“Os
homens
não
se
comem
uns
aos
outros”.
Báguirá
ficou
espantada
com
a
atitude,
porque
momentos
antes
Máugli
afirmara
não
se
importar
com
os
homens.
Ficaram
então
a
observar
Buldeo
que
tentava
encontrar
o
rasto
de
Máugli
no
meio
de
tantos
outros
rastos
que
via
na
selva.
Aproximaram-‐se
um
grupo
de
homens
e
Buldeo
contou-‐lhes
a
história
do
menino-‐lobo
com
toda
a
espécie
de
acrescentos
falsos
que
conseguiu
inventar.
Dizia
ter
sido
ele
a
matar
Xer-‐Cane
e
que
Máugli
se
tinha
transformado
em
lobo,
então
como
era
o
melhor
caçador
de
todos
os
tempos,
os
outros
homens
deram-‐lhe
a
tarefa
de
caçar
Máugli.
No
meio
da
história
fantástica
Buldeo
disse
que
os
homens
da
aldeia
tinham
prendido
Messua
e
o
marido
porque
geraram
aquele
ser
maligno
e
que
ficariam
com
as
suas
terras
e
o
seu
gado
e
os
queimariam
na
fogueira
como
bruxos.
Máugli
ficou
preocupado
e
atordoado
com
a
informação.
Não
conseguia
entender
porque
razão
haveriam
de
ter
prendido
Messua
e
o
marido.
Como
ouvira
Buldeo
dizer
que
nada
aconteceria
enquanto
ele
não
voltasse,
Máugli
decidiu
ir
ver
o
que
se
passava.
Os
amigos
de
Máugli
ficaram
a
empatar
os
homens
que
ali
estavam
para
que
Máugli
tivesse
tempo
de
chegar
à
aldeia
antes
deles.
Máugli
correu
para
a
aldeia
o
mais
depressa
que
pôde,
entrou
no
local
onde
tinham
prendido
Messua
e
soltou-‐
a
a
ela
e
ao
marido.
Máugli
pediu
a
Messua
que
esperassem
por
ele
porque
arranjaria
forma
de
os
tirar
dali,
enquanto
isso,
ouviu-‐se
um
barulho,
era
Buldeo
que
regressava
à
Aldeia.
Máugli
arranjou
um
cavalo
para
que
Messua
e
o
marido
partissem
para
Khanhiwara,
e
pediu
a
Racxa
que
os
seguisse
de
perto
para
ter
a
certeza
que
chegariam
bem
e
para
que
a
Mãe
Loba
avisasse
toda
a
Selva
que
eles
podiam
passar
sãos
e
salvos.
Como
os
homens
iriam
procurar
o
casal
onde
os
haviam
prendido,
Máugli
pediu
a
Báguirá
que
se
metesse
na
cabana
e
que
os
empatasse.
Quando
abriram
a
porta
da
cabana
deram
de
caras
com
Báguirá
e
fugiram
assustados
e
a
gritar.
Máugli
dormiu
um
dia
e
uma
noite
e
quando
acordou
Báguirá
estava
deitada
ao
seu
lado
com
boas
notícias,
Messua
e
o
marido
tinham
chegado
sãos
e
salvos
a
Khanhiwara
e
a
multidão
tinha-‐se
recolhido
em
casa
com
medo.
Máugli
pediu
à
pantera
que
fosse
buscar
Hathi
e
que
lhe
dissesse
para
trazer
os
3
filhos.
Báguirá
advertiu
Máugli,
não
se
podia
ordenar
nada
a
Hathi,
ele
era
o
dono
da
Selva.
Máugli
disse-‐lhe
para
que
transmitisse
um
recado
a
Hathi:
“ele
que
venha
ter
com
Máugli,
a
Rã…
pela
destruição
dos
campos
de
Bhurtdore”.
Báguirá
não
percebia
porque
Hathi
tinha
obedecido,
e
Máugli
contou-‐lhe
uma
história
antiga.
Há
muito
tempo
um
velho
e
sábio
elefante
tinha
caído
numa
armadilha
e
tinha
ficado
ferido,
quando
os
homens
o
tinham
ido
buscar,
o
elefante
rompeu
as
cordas
e
fugiu,
tendo
ficado
à
espera
que
a
ferida
sarasse.
Uma
noite
regressou,
com
os
3
filhos,
aos
campos
dos
caçadores,
nos
campos
de
Bhurtdore.
Com
a
ajuda
de
Hathi,
Máugli
contou
a
Báguirá
que
o
elefante
e
os
seus
filhos
destruíram
os
campos
e
toda
a
terra
cultivável,
tendo
a
terra
ficado
a
fazer
parte
da
selva.
Máugli
pediu
a
Hathi
que
chamasse
toda
a
Selva
e
que
corressem
como
na
destruição
dos
campos
de
Bhurtdore.
Hathi
disse-‐lhe
que
não
sentia
sofrimento
que
lhe
fizesse
fazer
tal
coisa.
Máugli
disse-‐lhe
que
não
haveria
sangue
nem
matança.
Só
queria
que
eles
fugissem
para
longe
e
que
a
selva
cobrisse
toda
a
aldeia
para
que
se
esquecesse
do
sofrimento
que
eles
haviam
infligido
na
mulher
que
o
alimentou,
Messua.
Quando
os
homens
acordaram
viram
os
campos
destruídos
e
os
búfalos
não
tinham
o
que
pastar.
Os
búfalos
juntaram-‐se
aos
outros
animais
da
selva
e
os
homens
decidiram
comer
do
trigo
que
tinham
armazenado
para
a
época
das
chuvas.
Uma
noite,
Hathi
destruiu
a
cabana
onde
guardavam
o
trigo
com
as
suas
presas
afiadas.
Depois
disto
os
homens
começaram
a
partir.
Começaram
por
partir
os
homens
solteiros.
Os
que
ficaram
foram
apanhados
desprevenidos
pela
época
das
chuvas
e
foram
obrigados
todos
a
deixar
a
aldeia.
No
momento
em
que
o
último
habitante
da
aldeia
fugiu,
Hathi
e
os
seus
filhos
arrasaram
com
o
que
restava
dela.
Um
mês
depois,
quando
passou
a
época
das
chuvas,
o
lugar
onde
antes
era
a
aldeia
dos
homens
estava
coberto
de
erva
fresca
recém-‐nascida.
Num
grande
rio
indiano
estava
uma
flotilha
de
barcos
carregados
com
paus
e
pedras
de
construção,
quando
se
ouviu
uma
voz
grossa
e
espessa
que
causava
arrepios
dizendo:
“Respeitai
os
velhos,
ó
companheiros
do
rio,
respeitai
os
velhos!”.
No
rio
e
ao
longo
das
suas
margens
envoaçavam
vários
tipos
de
aves,
entre
eles
um
grande
Marabu
que
pousou
no
banco
de
areia,
pousou
com
o
seu
enorme
porte
e
apercebeu-‐se
da
chegada
de
um
chacal
que
vinha
fugindo
da
aldeia
onde
os
cães
o
haviam
mordido.
O
chacal
disse
ao
Marabu
que
ele
só
tinha
ido
ver
um
sapato
que
estava
abandonado
mas
que
os
cães,
sem
mais,
o
tinham
atacado.
O
Marabu
disse-‐lhe
então
que
tinha
ouvido
dizer
que
nesse
sapato
estava
um
pequeno
cachorrinho
recém
nascido.
Estando
o
chacal
a
falar
com
o
Marabu
sentiu
a
água
mexer-‐se,
mas
o
Marabu
estava
distraído,
foi
então
que
surgiu
na
margem
um
enorme
e
velho
cocodilo,
era
o
Magar.
O
chacal,
bicho
mesquinho
e
adulador
começou
em
lisonjas
para
o
crocodilo
com
vista
a
que
este
o
poupasse
e,
eventualmente,
lhe
desse
alguns
dos
restos
da
sua
caça.
O
crocodilo
foi-‐se
queixando
da
falta
de
comida
que
havia
por
ali
desde
que
os
homens
tinham
costruído
a
ponte
do
caminho
de
ferro
e
como
as
gentes
da
aldeia
tinham
deixado
de
o
estimar.
O
chacal
sabia
que
a
melhor
forma
de
escapar
á
fome
insaciável
de
um
crocodilo
era
adulá-‐lo
sem
cessar.
O
crododilo,
Magar,
tinha
dado
o
nome
à
aldeia
e
todos
os
homens
o
honravam
com
medo
e
grinaldas
de
flores.
Desde
a
construção
da
ponte
que
os
homens
o
haviam
praticamente
esquecido,
mas
o
crocodilo
sabia
que
haviam
de
vir
as
cheias
e
a
aldeia
havia
de
ficar
alagada
e
necessitaria
de
ser
reconstruída,
como
já
o
fora
5
vezes,
e
que
nessa
altura
os
homens
haviam
de
novo
de
voltar
a
honrá-‐lo.
O
Marabu,
apesar
do
seu
grande
porte
era
bicho
cobarde,
mas
o
chacal
é
o
mais
cobarde
dos
animais.
Apesar
da
cobardia
gostava
de
mostrar
a
quem
era
mais
poderoso
que
ele
que
também
os
mais
fortes
tinham
fraquezas
e
lembrou
o
velho
crocodilo
de
uma
vez
que
tinha
cometido
uma
imprudência.
O
crocodilo
anuiu,
de
facto
quando
era
jovem
tinha-‐se
aventurado
na
aldeia
durante
uma
cheia
e
tinha
caçado
sem
pensar
o
que
fez
com
que
se
tivesse
ferido
numas
pulseiras
de
vidro
e
num
sapato.
Quando
regressava
para
o
rio,
os
homens
tinham
saído
à
rua
tentando
cortar-‐lhe
o
rabo
com
machados,
no
entanto,
alguns
aldeões
tinham
a
certeza
que
ele
levava
a
cheia
com
ele,
que
ele
era
como
uma
divindade
e
tinham-‐lhe
oferecido
uma
cabra
e
grinaldas
de
flores.
Um
dia
o
homem
que
o
tinha
ameaçado
com
o
machado
encalhou
o
seu
pequeno
barco
e
foi
obrigado
a
deitar-‐se
à
água
para
o
desencalhar,
o
crocodilo
esperou
e
seguiu
atentamente
pois
sabia
que
mais
à
frente
haveria
de
encalhar
de
novo
e
que
muitos
viriam
em
seu
auxílio.
Magar
caçava
sempre
que
podia
e
sabia
que
onde
estivessem
os
homens
sempre
haveria
um
descuido
que
muito
lhe
aprazia
a
ele.
O
Marabu
não
tinha
a
mesma
opinião,
ele
a
sua
gente
tinham
vindo
do
sul
porque
antigamente
havia
muito
por
onde
escolher,
no
meio
do
lixo,
mas
agora
mantinham
as
ruas
tão
limpas
que
não
havia
como
alimentar-‐
se.
Estavam
os
três
de
acordo
quando
se
falava
de
rostos
brancos,
eles
tinham
trazido
coisas
para
aÍndia
que
não
pertenciam
ali
e
havia
muito
mistério
em
relação
a
algumas
delas.
O
Marabu
bem
o
sabia
porque
um
dia
lhe
tinham
atirado
um
bloco
de
uma
coisa
dura
que
pensou
ser
comida
e
quando
a
engoliu
gelou
de
dentro
para
fora.
Não
sabia
o
que
era
mas
tinha
observado
que
ao
fim
de
algum
tempo
aqueles
blocos
se
transformavam
em
água.
O
crocodilo,
por
su
vez,
o
único
homem
branco
que
tinha
visto
tinha
sido
na
altura
em
que
construíram
a
ponte
e
esse
homem
metia-‐se
num
barco
à
rocura
dele
e
atirava
para
a
água
como
que
para
o
caçar.
Depois
daquela
longa
conversa
o
crocodilo
retirou-‐se
para
descansar
e
foi
então
que
o
chacal
e
o
marabu
ouviram
homens
brancos
a
descer
na
sua
direção.
Como
o
marabu
era
neco«rofago
sabia
que
não
o
caçariam
e
o
chacal
sabia
que
não
valia
a
bala
de
uma
espingarda,
concluíram
então
que
aqueles
homens
vinham
à
procura
do
crocodilo.
Dois
homens
ingleses
desciam
a
conversar,
queriam
matar
o
crocodilo
pois
ele
tinha
morto
dezenas
de
trabalhadores
quando
da
construção
da
ponte.
Ouviram-‐se
os
tiros
e
o
barulho
era
tão
ensudercedor
que
o
chacal
pensou
que
finalmente
a
locomotiva
tinha
caído
da
ponte.
Os
homens
dispararam
e
apanharam
o
crocodilo
desprevenido,
quando
o
chacal
e
o
marabu
olharam
o
Magar
do
rio
jazia
morto.
Um
dos
homens,
ao
puxar-‐lhe
a
cabeça
contou
que
quando
era
criança
tinha
tido
a
sua
mãe
dentro
da
boca
de
um
crocodilo
e
que
sua
mãe
o
tinha
defendido
atirando
contra
o
grande
animal.
Estava
Máugli
a
jogar
com
Cá,
quando
esta
lhe
disse
que
no
dia
que
tinham
estado
nas
Moradas
Frias
se
tinha
metido
nuns
subterrâneos
e
tinha
encontrado
uma
cobra,
Capelo
Branca,
que
lhe
dissera
que
guardava
coisas
pelas
quais
qualquer
Homem
daria
a
vida
–
o
Tesouro
do
Rei
Kurrum
Rajá.
Máugli
não
sabia
o
que
poderia
ser
essa
“coisa”
sem
vida
que
os
Homens
tanto
ambicionavam
(não
conhecia
o
valor
que
os
homens
davam
ao
ouro
e
às
pedras
preciosas).
Suscitado
pela
curiosidade
foi
lá
com
Cá
e
encontraram,
a
guardar
o
enorme
tesouro,
a
referida
cobra,
Thuu,
já
com
muitos
anos.
Máugli
começou
a
olhar
à
sua
volta
e
nada
lhe
suscitou
interesse,
a
não
ser
as
facas,
mas
como
não
se
equilibravam
tão
bem
como
a
dele,
largou-‐as.
Depois
encontrou
um
ankus
de
ouro
com
pedras
preciosas,
ponta
de
aço
e
com
gravuras
de
cenas
de
caças
ao
elefante,
que
lhe
lembravam
o
seu
amigo
Hathi
e
pediu
à
Thuu
para
levar
o
ankus
de
ouro
para
a
Selva,
garantindo
que
o
traria
de
volta
em
troca
de
rãs
para
ela
comer.
A
cobra
respondeu-‐lhe
que
nenhum
Homem
que
tivesse
entrado
ali
sairia
com
vida
e
que
ele
também
morreria,
pois
contra
ela
não
tinha
palavra
mestra.
Após
uma
breve
luta,
Máugli
e
Cá
dominaram
Thuu,
Máugli
cravando
a
cobra
ao
chão
depois
de
lhe
acertar
em
cheio
com
o
ankus
no
corpo
e
Cá
com
o
seu
peso
em
cima
dela.
Neste
momento
Cá
incentivou
Máugli
a
matar
a
cobra
e
este
recusou-‐se
a
fazê-‐lo,
afirmando
que
não
voltaria
a
matar
se
não
fosse
para
comer.
Máugli
reparou
que
o
veneno
nas
gengivas
de
Thuu
já
tinha
secado
e
disse
a
Cá
para
saírem
dali,
levando
o
ankus
consigo.
A
cobra
gritou
que
não
o
levassem,
pois
este
estava
cheio
de
morte.
Máugli
não
lhe
deu
ouvidos
e
mais
tarde
interrogou-‐se
“como
poderia
aquele
ankus
matá-‐lo?”.
Máugli,
ansioso,
foi
ter
com
Báguirá
para
lhe
mostrar
o
que
havia
encontrado.
Ao
mostrar-‐lhe
o
ankus,
Báguirá
explicou-‐lhe
que
este
era
usado
pelos
homens
para
matar
elefantes
como
Hathi,
e
Máugli
lembrou-‐se
que
os
homens
não
matavam
porque
andavam
a
caçar,
mas
sim
por
preguiça
e
prazer,
que
se
soubesse
não
teria
pegado
nele.
Então,
atirou
o
ankus
para
bem
longe
dele.
Durante
a
noite
um
homem
encontrou
o
ankus
e
levou-‐o.
Pela
manhã,
Máugli
e
Báguirá
decidiram
seguir-‐lhe
os
passos
para
ver
se
o
ankus
lhe
causaria
a
morte.
Seguiram
o
seu
rasto.
Cedo
encontraram
o
rasto
de
alguém
que
o
seguia
e
logo
encontraram
o
cadáver
de
um
aldeão
daquela
zona.
Seguiram
o
rasto
do
caçador
Gonde
(Pé
Pequeno).
Encontraram-‐no
morto
por
um
bambu.
Depois,
seguiram
mais
quatro
rastos,
três
diferentes
(os
cinco
tinham
estado
junto
a
uma
fogueira
antes
da
morte
do
Gonde).
Mais
adiante
encontraram
outro,
morto
também
por
um
bambu
(este
era
o
que
levava
a
comida,
tinham-‐lha
tirado).
Quatro
léguas
mais
à
frente
estavam
os
cadáveres
dos
outros
três
junto
à
fogueira,
onde
se
encontrava
o
ankus,
reluzindo
ao
sol,
e
bolo
de
pão
já
queimado,
que
haviam
comido.
Este
continha
a
“Maçã
da
Morte”
(o
veneno
mais
rápido
de
toda
a
Índia).
O
que
levava
a
comida
misturou-‐a
com
o
bolo.
Máugli
perguntou
então
a
Báguirá:
“Teremos
eu
e
tu
de
nos
matar
um
ao
outro
por
causa
daquele
assassino
de
olho
rubro?”.
Báguirá
contestou
que
conhecia
os
homens,
por
ter
estado
presa
entre
eles
e
disse-‐
lhe:
“a
nós
não
nos
pode
causar
danos
porque
não
desejamos
o
que
os
homens
desejam”.
Assim,
Máugli
pegou
no
ankus
e
levou-‐o
novamente
às
Moradas
Frias
e
devolveu-‐o
à
Capelo
Branca,
Thuu,
dizendo-‐lhe
que
procurasse
outra
cobra
mais
jovem
que
ela,
para
guardar
o
tesouro
do
Rei,
pois
ela
estava
velha
para
uma
função
tão
importante
como
aquela.
Máugli
revelou-‐lhe
que
o
ankus,
numa
única
noite,
tinha
ocasionado
seis
mortes,
sendo
que
a
morte
dos
três
últimos
caçadores
deveu-‐se
ao
facto
de
que
cada
um
estava
com
uma
ambição
oculta:
não
eram
sinceros
entre
si
e
todos
queriam
o
valioso
ankus.
Longe,
nas
terras
geladas
do
Norte,
paredes
meias
com
o
Pólo
Norte
vivia
uma
pequena
população
de
imuites,
ou
como
lhes
chamamos,
esquimós.
Inuite
é
um
nome
muito
melhor
que
esquimó
porque
quer
dizer
“nas
traseias
de
tudo
quanto
há
no
mundo.
Durante
9
meses
é
inverno
e
neva
todos
os
dia,
em
6
desses
9
meses
é
sempre
de
noite
e
nos
3
meses
de
verão
só
gela
dia
sim
dia
não,
no
entanto
no
verão
a
neve
começa
a
derreter
e
a
escorrer
pela
encosta
todas
as
noites.
Era
aqui
que
vivia
Kotuko,
um
rapaz
de
14
anos
com
a
sua
mãe
Amoraq
e
o
seu
pai
Kadlu.
Viviam
numa
casa
feita
de
gelo
toda
forrada
a
peles
e
numa
das
dependências
da
casa
vivia
a
sua
matilha
de
cães.
Certo
dia
nasceu
um
cachorro
e
Kotuko
pediu
aos
pais
que
lhe
dessem
o
seu
nome
pois
um
dia
ele
seria
um
grande
cão,
chefe
da
matilha
e
acompanharia
Kotuko
em
muitos
dias.
Kotuko
estava
encarregue
de
alimentar
a
matilha
e
os
cães
eram
chamados
um
a
um,
pelo
nome,
para
comerem
o
seu
pedaço
de
carne.
Primeiro
comia
o
mais
fraco
e
só
no
final
comia
o
grande
cão
chefe
da
matilha,
Sarpok.
Kadlu
era
caçador
de
focas,
durante
o
inverno
apanhavam-‐nas
quando
estas
vinham
à
tona,
em
buracos
feitos
no
gelo,
para
respirar.
Na
primavera
todos
fugiam
da
zona
do
gelo
mais
quebradiço
e
seguiam
a
montar
tendas
na
zona
rochosa
onde
caçavam
aves
marinhas.
Mais
tarde
seguiam
para
sul
à
caça
de
renas
e
onde
tratavam
de
apanhar
a
reserva
de
salmão
essencial
para
subsistirem
no
inverno.
Em
Setembro,
Outubro
voltavam
para
Norte.
Todas
as
deslocações
se
faziam
em
trenós,
puxados
por
cães
ou
em
pequenos
barcos
que
deslizavam
nas
águas
geladas.
Kadlu
era
um
grande
caçador
e
o
chefe
da
sua
tribo
ou
como
diziam
por
lá,
o
homem
que
tudo
sabe
por
experiência.
Kotuku
estava
cansado
de
ser
jovem,
de
só
armar
armadilhas
a
pássaros
pequenos
e
de
ajudar
as
mulheres
a
tratar
as
peles
de
veado
e
de
foca.
Queria
ser
um
adulto,
queria
ser
um
caçador.
Mas
os
adultos
riam-‐se
dele.
Durante
muito
tempo
Kotuko
dedicou-‐se
a
ensinar
tudo
ao
cachorro
e
este
foi
crescendo,
até
que
não
lhe
permitiram
mais
dormir
com
o
rapaz
e
ele
teve
que
ocupar
um
lugar
frio
ao
pé
da
matilha.
Foram
tempos
dificeis.
À
medida
que
o
cachorro
ia
aprendendo
também
o
rapaz
ia
aprendendo
a
dominar
a
matilha,
a
atrelar
o
trenó
e
a
fazer
com
que
a
matilha
obedecesse
ás
suas
ordens.
Muitos
erros
fez
até
que
lhe
confiassem,
finalmente,
as
rédeas.
Depois
que
o
fizeram,
Kotuko
sentia-‐se
muito
importante,
e
deslizava
pela
neve
até
aos
buracos
das
focas,
aí
ficava
de
vigia
e,
com
a
ajuda
do
chefe
da
matilha,
caçava
e
carregava
as
suas
presas.
A
um
Inuite
só
é
pedido
que
cace
e
que
trate
do
sustento
da
família,
pois
se
as
provisões
ou
as
peles
que
os
cobrem
e
protegem
do
frio
faltarem,
não
há
local
onde
as
possam
arranjar.
A
vida
dos
inuite
é
de
uma
simplicidade
soberba,
é
passada
a
caçar
e
a
arranjar
sustento,
a
tratar
das
peles
e
a
comer.
Houve
um
terrível
inverno
em
que
tudo
mudou,
o
outono
tiha
sido
prematuro
e
feroz
e
fez
partir
o
fino
gelo
que
cobria
os
buracos
das
focas.
Os
pedaços
de
gelo
afiados
foram-‐se
juntando
tendo
criado
uma
barreira
de
cerca
de
20
milhas
onde
era
impossível
fazer
deslizar
um
trenó.
Um
dia
encontraram
uma
tendo
com
4
mulheres
geladas
e
com
fome,
Kadlu
tratou
de
arranjar
local
para
todas
elas
e
a
sua
mulher
Amoraq
levou
uma
rapariga
de
cerca
de
14
anos
para
casa
como
sua
criada.
A
rapariga
não
conhecia
muitos
dos
utensilios
que
eles
usavam,
mas
Kotuko
e
o
seu
cão
gostavam
muito
dela.
Uma
noite
o
cão
de
Kotuko
comportou-‐se
de
uma
forma
estranha,
Kadlu
disse
ao
filho
que
era
a
doença,
então
foi
buscar
um
arpão,
mas
o
cão
esgueirou-‐se,
foi
para
a
parte
de
fora
da
cabana
e
começou
a
ladrar
e
a
uivar
até
desaparecer
na
neve.
O
cão
de
Kotuko
não
estava
doente
de
doença
física,
estava
louco,
a
fome
e
o
frio
tinham-‐no
enlouquecido.
A
doenaç
do
cão
de
Kotuko
depressa
se
espalhou
pelos
outros
cães
da
matilha
e
aos
poucos
uns
iam
morrendo,
os
outros
fugindo
para
parte
incerta.
Kotuko
começou
a
ouvir
e
ver
coisas
que
não
estavam
lá.
Uma
noite
cansado
da
espera
da
caça,
esfomeado
e
com
frio,
começou
a
dirigir-‐se
para
casa,
mas
a
meio
do
caminho,
estonteado
de
casaço
encostou-‐se
a
um
rochedo
que
logo
rebolou
na
sua
direção.
Os
Inuite
acreditam
que
todas
as
pedras
têm
o
seu
dono,
coisa
que
se
deve
ao
facto
de
na
fase
do
degelo,
muitas
pedras
rolarem
soltas.
Kotuko
pensou
ouvir
a
pedra
a
falar
com
ele
e
quando
contou
aos
outros
todos
acharam
possível,
pois
era
crença
de
todos
que
os
rochedos
eram
habitados
e
dominados
por
estranhas
criaturas.
KotuKo
acreditava
que
o
espirito
das
pedras
o
iam
guiar
para
locais
onde
a
caça
era
abundanate
e
o
feiticeiro
da
aldeia,
ao
ouvir
a
sua
história,
aconselhou
que
Kotuko
seguisse
as
pedras,
que
elas
o
haviam
de
guiar.
Quando
Kotuko
se
preparava
para
partir
a
rapariga
segiu-‐o
e
disse-‐lhe
que
ficaria
sempre
com
ele.
Os
dois
seguiram
viagem
para
Norte,
seguindo
a
estrela
que
nós
conhecemos
como
Ursa
Maior.
Depois
de
muitos
dias
de
jornada,
gelados
e
com
fome,
os
dois
avistaram
uma
criatura,
era
Quiquern,
o
fantasma
de
um
cão.
Segundo
a
crença
dos
inuite,
Quiquern
aparece
sempre
que
grandes
acontecimentos
estão
para
se
dar,
sejam
esses
acontecimentos
bons
ou
maus.
O
fantasta
pulava
nas
suas
8
patas
e
Kotuko
e
a
rapariga
esconderam-‐se
dentro
do
seu
abrigo,
então
começou
a
tempestade
e
os
dois
ficaram
quietos
durante
72
horas.
Mantiveram-‐se
sempre
atentos
para
perceber
quando
a
tempestade
terminaria,
mas
as
suas
provisões
não
davam
para
mais
de
2
dias.
Então
puseram-‐se
à
escuta
e
fizeram
um
pequeno
furo
na
parede
da
cabana.
Perceberam
pela
agitação
do
vento
que
ia
dar-‐se
uma
grande
quebra,
ou
seja,
o
gelo
debaixo
deles
estava
a
partir-‐se
e
as
placas
a
soltarem-‐se.
Os
dois
jovens
tinham
a
certeza
que
iriam
para
Sedna,
Sedna
que
quer
dizer
Senhora
do
Mundo
Inferior,
era
o
local
onde
todos
os
que
morrem
têm
que
passar
um
ano
até
entrarem
no
Lugar
da
Felicidade.
Voltaram
a
ver
Quiquern
e
resolveram
segui-‐lo
pois
era
a
única
esperança
de
poderem
fugir
ao
que
aí
vinha,
ao
longe
os
bancos
de
gelo
estavam
a
partir
e
a
soltar-‐se
e
podiam
ouvir
o
estrondo
que
faziam
quando
embatiam
uns
nos
outros,
os
jovens
sabiam
que
estavam
a
ser
empurrados
e
por
isso
só
lhes
restava
fugir.
Quando
Quiquern
parou
e
os
jovens
olharam
com
atenção
viram
que
ele
não
estava
já
em
chão
de
gelo
mas
numa
ilha
com
praias
arenosas
e
cume
granítico.
A
ilha
não
se
mexia
e
Kotuko
e
a
rapariga
foram
até
lá,
construiram
a
sua
casa
de
gelo
com
uma
sensação
de
segurança
que
há
muito
não
sentiam.
Sentiram
alg
na
entrada
da
casa
de
gelo
e
quando
olharam
viram
dois
grandes
cães,
era
o
cão
de
Kotuko
e
o
grande
chefe
da
matilha,
estavam
ligados
um
ao
outro,
emaranhados
nas
suas
trelas
e
arreios
mas
estavam
gordos
e
não
apresentavam
qualquer
sinal
de
loucura.
A
rapariga
percebeu
logo
que
o
vulto
que
achavam
que
era
Quiquern
com
duas
cabeças
e
oitos
patas,
na
verdade
era
o
vulto
dos
dois
animais
e
que
eles
os
tinham
salvo,
tinham
encontrado
terra
firme
e
comida.
Kotuko
separou-‐lhes
as
trelas
e
os
dois
cães
enrroscaram-‐se
nele.
Cansados
adormeceram
e
quando
acordaram
viram
que
havia
água
límpida
e
encontraram
os
cães
a
brincar
perto
de
uma
foca.
Então
encontraram
dezenas
de
foca
e
foram-‐nas
caçando
e
limpado,
encheram
o
trenó
Ao
fim
de
dois
dias
estavam
de
volta
à
aldeia
e
encontraram
todos
vivos,
no
entanto,
muito
fracos
e
com
fome.
Deram-‐çhes
de
comer
e
Kotuko
contou
a
sua
história,
disse
que
a
tempestade
tinha
afastado
os
peixes
e
que
as
focas
tinham
ido
atrás
deles,
que
estavam
25
focas
arpoadas
na
praia
e
que
não
era
mais
que
2
dias
de
viagem.
Assim,
ele
ordeou
que
no
dia
seguinte
os
melhores
caçadores
se
dirigissem
ao
local
que
ele
indicara
e
que
trouxessem
a
caça.
Kotuko e a rapariga iriam construir uma casa para os dois e os dois cães ficariam consigo.
O
Pai-‐Lobo
e
a
Mãe
Loba
já
tinham
morrido,
o
Balú
tinha
envelhecido
muito
e
a
Báguirá
estava
cada
vez
mais
lenta
quando
caçava
o
que
já
mostrava
algum
cansaço
próprio
da
idade.
Aquelá
estava
agora
branco
como
o
leite
e
muito
magro.
A
Alcateia
de
Seiouni
tinha-‐se
dissolvido
mas
quando
os
lobos
novos
cresceram
e
já
eram
cerca
de
40
com
5
anos,
Aquelá
em
plena
voz
dirigiu-‐se
a
eles
e
aconselhou-‐os
que
se
deveriam
juntar
para
seguir
a
Lei
e
acatar
as
ordens
de
um
chefe
como
competia
ao
Povo
Livre.
Fao,
Filho
de
Faona
e
do
Pisteiro
Cinzento
começou
a
dirigir
a
Alcateia.
A
Alcateia
começou
a
crescer
e
a
organizar-‐se
e
Máugli
não
perdia
nenhum
Conselho
na
Rocha
do
Conselho,
principalmente
quando
se
apresentavam
crias
novas
o
que
o
fazia
recordar
com
saudade
o
dia
em
que
ele
tinha
sido
apresentado
e
aceite
pela
Alcateia.
Nestes
encontros
Máugli
somente
observava,
na
realidade
ele
andava
pela
selva
com
os
seus
companheiros
a
caçar
e
a
ver
e
aprender
coisas
novas.
Voltavam
eles
de
uma
caçada
quando
ouviram
o
fial,
um
grito
de
chacal
que
só
se
ouve
quando
este
caça
atrás
de
um
tigre
ou
quando
se
dá
uma
grande
matança.
Correram
para
a
Rocha
do
Conselho
onde
já
se
encontravam
Aquelá
e
Fao
bem
como
todos
os
lobos
machos
adultos.
Ouviram
um
uivo
e
viram
um
lobo
desconhecido
aproximar-‐se
cansado
e
com
a
pata
ferida.
O
lobo
apresentou-‐se,
era
Uan-‐tola
um
lobo
do
sul
que
caçava
sozinho
e
vivia
somente
com
a
sua
família,
sem
pertencer
a
qualquer
Alcateia.
Uan-‐tola
contou
que
se
aproximavam
os
Mabecos,
os
cães
vermelhos,
vinham
desde
o
sul
porque
diziam
que
o
sul
estava
deserto.
Uan-‐tola
contou-‐lhes
que
os
cães
vermelhos
eram
muitos
e
que
eram
todos
adultos
e
que
lhe
tinham
tirado
a
sua
família
por
isso
ele
estava
disposto
a
lutar
contra
eles
ao
lado
do
Povo
Livre.
Os
Mabecos
formam
uma
matilha
quando
são
mais
de
100
e
vivem,
normalmente,
no
Decão
que
fica
a
sul
de
Seiouni.
Quando
se
deslocam
fazem-‐no
sem
se
desviar
de
nada
e
destroem
tudo
o
que
encontram
pelo
caminho.
Aquelá
disse
a
Máugli
que
a
luta
que
se
iria
travar
entre
o
Povo
Livre
e
os
Mabecos
era
uma
luta
de
morte
por
isso
ele
deveria
ir
para
Norte
e
esperar
pelo
fim
dessa
luta,
Máugli
afirmou
que
jamais
o
faria,
o
lugar
dele
era
ao
lado
do
Povo
Livre
e
toda
a
Alcateia
aceitou
lutar.
Máugli
foi
então
sozinho
contar
a
matilha
de
Mabecos.
Seguiu
a
correr
e
sem
ter
cuidado
de
onde
punha
os
pés
e
caiu
quando
tropeçou
no
longo
corpo
de
Cá
que
estava
deitada
a
observar
um
trilho
de
veados.
Ficaram
os
dois
à
conversa
sobre
a
matilha
que
se
aproximava.
Máugli
convenceu
a
Cá
a
ajudar
o
Povo
Livre
e
ele
próprio
a
lutar
contra
os
Mabecos,
Cá
envolveu-‐se
em
pensamentos
e
recordações,
depois
levantou-‐se
e
decidida
foi
descendo
ao
lado
de
Máugli
e
disse-‐lhe
que
ela
sabia
o
que
fazer.
Cá
e
Máugli
desceram
o
rio
e
Cá
parou
num
rochedo
submerso,
Máugli
reconheceu
o
lugar,
era
o
Lugar
da
Morte.
Máugli
disse
a
Cá
para
saírem
dali
mas
ela
explicou-‐lhe
que
o
que
se
dizia
era
que
Hathi
não
se
desviava
por
causa
do
listado
(o
tigre),
mas
que
ambos
se
desviavam
dos
Mabecos
e
que
também
se
dizia
que
eles
não
se
desviavam
de
nada.
No
entanto
não
havia
relatos
de
que
a
Gentinha
das
Rochas
(abelhas
silvestres)
se
desviasse
de
algum
animal.
Maúgli
estava
com
medo
que
a
Gentinha
das
Rochas
acordasse,
mas
Cá
sossegou-‐o
porque
a
Gentinha
só
acordava
ao
romper
da
madrugada.
Cá
contou-‐lhe
a
história
de
um
veado
que
vinha
a
fugir
de
uma
Alcateia
e
que,
sem
perceber,
havia
caído
no
rio
seguido
dos
lobos
que
o
caçavam.
O
veado
salvou-‐se
porque
a
Gentinha
não
estava
organizada,
mas
os
lobos
não,
uns
caíram
à
água,
os
outros
nos
rochedos
e
os
outros
caíram
debaixo
da
Gentinha
das
Rochas.
O
veado
foi
levado
pela
corrente,
mas
Cá
que
por
ali
andava,
lançou-‐se
à
água
e
salvou
o
animal.
A
ideia
de
Cá
era
repetir
a
história:
Máugli
atrairia
os
Mabecos
e
saltava
sobre
o
rio,
os
Mabecos
iriam
cair
na
água
e
nos
rochedos
e
seriam
surpreendidos
pela
Gentinha
das
Rochas,
os
Mabecos
que
conseguissem
salvar-‐se
seriam
levados
pela
corrente
do
Uienganga
até
à
zona
dos
covis
do
Povo
Livre
e
aí
estaria
a
Alcateia
à
espera
deles.
Máugli
foi
em
busca
da
matilha
de
cães
e
quando
os
avistou
subiu
a
uma
árvore
chamando
a
atenção
da
matilha.
Máugli
começou
então
a
falar
com
a
matilha,
dizendo
o
que
sabia
e
pensava
deles,
das
suas
companheiras
e
cachorros
e
da
sua
forma
de
viver.
Não
há
arma
mais
poderosa
do
que
a
língua
afiada
das
gentes
da
selva
e
Máugli
sabia-‐o
bem.
Os
Mabecos
foram
começando
a
ficar
irritados
e
nervosos.
Num
dos
saltos
do
guia
da
matilha,
Maugli
apanhou-‐o
com
destreza
e
cortou-‐lhe
o
rabo
para
garantir
que
a
matilha
não
seguiria
outra
pista
que
não
a
dele.
Então
Máugli
adormeceu
e
quando
acordou
era
quase
noite
e
a
noite
ser-‐
lhe-‐ia
amiga,
porque
os
Mabecos
não
têm
muita
destreza
na
escuridão
e
a
Gentinha
das
Rochas
estaria
quase
a
acordar.
Máugli
começou
a
saltar
de
ramo
em
ramo,
como
faziam
os
Bandarlôgues
e
a
matilha
de
cabeça
no
ar,
sem
o
perder
de
vista,
corria
atrás
dele.
Na
última
árvore,
passou
alho
no
seu
corpo
porque
sabia
que
a
Gentinha
das
Rochas
não
gosta
do
cheiro
do
alho
e
saltou
para
o
chão,
correndo
como
nunca
tinha
corrido
à
frente
da
matilha
de
Mabecos.
A
Gentinha
acordou
em
sobressalto
e
organizou-‐se
de
repente.
Máugli
saltou
para
o
Uienganga
sem
qualquer
mordedura
e
lá
em
baixo,
no
rio,
esperava-‐o
Cá
que
com
o
seu
corpo
comprido
e
grosso
o
segurou
para
que
não
fosse
levado
pela
corrente.
Os
Mabecos,
como
Cá
tinha
previsto,
foram
surpreendidos
tendo
caído
uns
nos
rochedos
e
outros
no
rio.
Cá
segurou
Máugli
e
levou-‐o
rio
abaixo,
sempre
debaixo
de
água
para
que
a
Gentinha
das
Rochas
não
os
visse.
Os
mabecos
foram
levados
pelo
rio
até
à
zona
dos
covis
dos
lobos
onde
o
Povo
Livre
os
esperava
e
começou
a
luta.
Os
Mabecos
começaram
a
perder
a
batalha
e
começaram
a
fugir,
indo
atrás
deles,
Máugli
viu
Aquelá
que
estava
no
chão
ferido.
Aquelá
disse
a
Máugli
que
a
divida
que
ele
tinha
para
com
a
Selva
estava
paga,
porque
senão
fosse
ele,
se
ele
não
fosse
homem
toda
a
Alcateia
tinha
fugido
e
que
estava
na
hora
de
ele
ir
para
junto
dos
da
sua
espécie.
Aquelá
avisou
Máugli
que
deveria
deixar
a
selva
porque
depois
do
verão
viriam
as
chuvas
e
depois
das
chuvas
a
Primavera
e
ele
deveria
ir
antes
que
o
expulsassem.
Máugli
quis
saber
quem
o
expulsaria,
mas
Aquelá
começou
a
entoar
o
seu
canto
da
morte
e
não
lhe
respondeu.
Regressaram
os
lobos
e
começaram
a
lamber
as
feridas
que
ficaram
da
batalha…
Tinha
sido
uma
batalha
dura,
mas
os
cães
vermelhos
sabiam
agora
que
havia
um
povo
que
lhes
resistia.
Dois
anos
depois
da
grande
batalha
com
os
cães
vermelhos
e
da
morte
de
Aquelá,
Máugli
deveria
ter
mais
ou
menos
17
anos.
Quando
começou
a
chegar
a
Primavera,
Máugli
e
Báguirá
estavam
deitados
no
chão
a
apanhar
os
primeiros
raios
de
sol.
Báguirá
deitou-‐se
de
costas
na
erva
e
com
as
patas
tentava
bater
numa
folha
que
remexia
ao
vento.
Máugli
achou
estranho
e
perguntou-‐lhe
se
ela
deveria
comportar-‐se
assim.
Começaram
a
ouvir
Ferao,
um
picanço
escarlate,
a
cantar
a
canção
da
primavera
e
Báguirá
seguiu-‐lhe
o
exemplo
começando
um
ronronar
e
um
gemido
entre
dentes.
Máugli
percebeu
então
que
tinha
chegado
o
tempo
em
que
toda
a
selva
iniciava
cantos
estranhos
e
que
acabavam
por
o
deixar
sozinho,
o
tempo
das
Falas
Novas.
Chama-‐se
Falas
Novas
à
estação
da
Primavera
porque
os
animais
da
selva
cantam,
gemem,
rosnam,
gritam
e
guincham
de
um
forma
que
não
fazem
nas
restantes
estações
do
ano.
Máugli
normalmente
gosta
do
virar
das
estações
e
procura
o
florescer
da
selva
quando
chega
a
Primavera,
mas
fá-‐lo
sempre
sozinho
porque
os
animais
nessa
altura
juntam-‐se
com
os
da
sua
espécie
em
cantos
alegres.
Mas
nessa
Primavera
quando
Mor,
o
pavão,
anunciou
a
chegada
da
estação
dos
novos
cheiros,
Máugli
sentiu
uma
coisa
estranha
dentro
de
si.
Decidiu
então
que
era
tempo
de
fazer
uma
correria
até
aos
Pântanos
do
Norte,
chamou
os
quatro
irmãos
mas
nenhum
lhe
respondeu.
Estava
furioso
porque
ninguém
lhe
ligava,
mas
sentia
um
mau
estar
tão
grande
que
não
tinha
forças.
Começou
a
pensar
que
tinha
comido
veneno
porque
se
sentia
muito
mal
e
era
um
sentimento
que
vinha
do
seu
interior.
Nessa
noite
comeu
pouco
para
se
preparar
para
a
sua
correria
de
primavera
e
largou
a
correr
rumo
aos
Pântanos
do
Norte.
Enquanto
corria
e
sentia
a
erva
e
as
flores
novas,
enquanto
cheirava
e
observava
os
novos
cheiros
e
as
novas
cores
esqueceu-‐se
daquele
mau
estar
e,
chegado
aos
Pântanos
sentou-‐se
a
observar
a
paisagem
e
a
ouvir
as
aves.
Quando
se
preparava
para
cantar
voltou
a
sentir
aquele
mau
estar
que
julgava
ter
deixado
na
selva.
Estava
nos
seus
pensamentos
e
angústias
quando
ouviu
a
voz
de
uma
fêmea
de
búfalo
bravo
dizer:
homem!
Mas
depois
ouviu
Miza,
o
búfalo
bravo,
dizer:
aquele
não
é
homem,
aquele
é
o
lobo
pelado
da
Alcateia
de
Seiouni.
Máugli
não
gostou
que
Miza
não
lhe
ligasse
e
resolveu
zombar
com
ele,
mas
Miza
ficou
irritado
e
disse-‐lhe
amargamente
que
ele
não
era
lobo,
que
ele
deveria
ir
até
à
Alcateia
Humana
que
vivia
depois
dos
Pântanos.
Ao
ouvir
aquilo,
Máugli
ficou
curioso
e
perguntou-‐lhe
onde
poderia
encontrar
essa
Alcateia
Humana
de
que
nunca
tinha
ouvido
falar.
Máugli
seguiu
as
indicações
de
Miza
e
ficou
a
olhar
para
uma
estrela
que
oscilava,
observando
melhor
reconheceu:
era
a
Flor
Vermelha.
Há
já
muito
tempo
que
Máugli
não
pensava
nas
coisas
dos
homens,
mas
naquela
noite
a
Flor
Vermelha
atraiu-‐o.
Maugli
foi
caminhando
até
à
porta
de
uma
cabana
que
se
abriu
e
de
dentro
dela
veio
uma
mulher.
Quando
ouviu
a
voz
dela
sentiu
o
seu
corpo
tremer.
Espantado
com
ele
próprio
chamou:
Messua!?
A
mulher
respondeu:
quem
me
chama?
E
Máugli
perguntou
se
já
se
havia
esquecido
dele
e
enquanto
falava
sentia
a
sua
garganta
seca.
Messua
perguntou-‐lhe
pelo
nome
que
ela
mesmo
lhe
havia
dado
e
ele
disse:
Nathoo.
Messua
contou
então
a
Máugli
o
que
tinha
acontecido
depois
dele
a
ter
ajudado
a
fugir
da
Aldeia
dos
Homens
e
de
ter
ido
para
Khanhiwara.
Os
ingleses
tinham
ajudado
Messua
e
o
marido
e
quando
voltaram
à
Aldeia
dos
Homens
para
reclamar
o
que
era
deles,
não
encontraram
nem
a
Aldeia
nem
ninguém.
Então
o
marido
de
Messua
tinha
aceitado
um
trabalho
nos
campos
e
tinham
conseguido
comprar
algumas
terras.
Tinha
nascido
há
duas
chuvas
uma
criança
que
era
filho
deles
e
o
marido
tinha
morrido
na
estação
passada.
Máugli
saiu
de
casa
de
Messua
e
queixou-‐se
ao
Irmão
Cinzento
de
ninguém
lhe
ter
prestado
atenção
por
causa
da
chegada
da
Primavera.
O
Irmão
Cinzento
mostrou-‐se
preocupado
com
Máugli
porque
ele
tinha
estado
a
dormir
e
a
comer
numa
Aldeia
Humana.
Nisto,
Máugli
avistou
uma
rapariga
envolta
num
pano
branco,
quando
o
avistou
a
rapariga
gritou
mas
depois
suspirou.
Voltou
à
conversa
com
o
irmão
e
perguntou-‐lhe
se
ele
seria
capaz
de
o
seguir
sempre,
mesmo
para
a
Aldeia
Humana,
uma
e
outra
e
outra
vez.
O
Irmão
Cinzento
lembrou-‐
se
então
das
palavras
de
Racxa
que
disse:
“O
homem
vai
para
o
homem
afinal…”.
Máugli
disse
ao
irmão
que
Aquelá
lhe
havia
dito
a
mesma
coisa.
O
Irmão
Cinzento
lembrou
Máugli
do
que
havia
passado
com
os
humanos
mas
terminou
dizendo-‐lhe
que
a
pista
dele
era
a
pista
de
Máugli.
Máugli
pediu-‐lhe
então
que
convocassem
todos
para
a
Rocha
do
Conselho,
ele
queria
falar
ao
Povo
Livre.
Mas
os
animais
andavam
ocupados
com
o
tempo
das
falas
novas
e
quando
Máugli
chegou
à
Rocha
do
Conselho
encontrou
somente
Balú,
Cá
e
o
Irmão
Cinzento.
Máugli
chorou
e
explicou
aos
amigos
que
não
sabia
o
que
tinha
acontecido
com
ele.
Já
não
tinha
forças
nem
alegria.
Andava
triste
e
com
sensações
que
o
deixavam
zonzo.
Estavam
Balú
e
Cá
a
dizer
a
Máugli
que
era
chegada
a
hora,
que
ele
deveria
seguir
a
sua
pista,
não
porque
ninguém
o
expulsava
mas
porque
ele
havia
escolhido
outra
pista
e
devia
seguir
o
que
escolhera,
quando
apareceu
Báguirá
com
um
touro,
era
o
novo
resgate
de
Máugli.
Despedindo-‐se
dos
amigos,
Máugli,
o
cachorro
de
homem,
o
lobo…
Máugli
era
agora
o
homem
e
tinha
escolhido
a
sua
nova
pista
e
era
por
ela
que
iria
seguir.