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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

16ª CÂMARA CÍVEL

Autos nº. 0000428-78.2021.8.16.0113

Apelação Cível n° 0000428-78.2021.8.16.0113


Vara Cível de Marialva
Apelante(s): Banco Votorantim S.A. e TATIANA ANDRADE OLIVEIRA
Apelado(s): TATIANA ANDRADE OLIVEIRA e Banco Votorantim S.A.
Relator: Desembargador Luiz Antônio Barry

RECURSOS DE APELAÇÃO DO AUTOR E DO RÉU – AÇÃO REVISIONAL.

CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO


FIDUCIÁRIA – TARIFAS BANCÁRIAS – POSSIBILIDADE DE COBRANÇA –
EXPRESSA PREVISÃO CONTRATUAL E AUTORIZAÇÃO DO
CORRENTISTA – PRECEDENTES DESTA CORTE DE JUSTIÇA – SEGURO
PRESTAMISTA – VENDA CASADA – CARACTERIZAÇÃO- RESTRIÇÃO À
ESCOLHA DA SEGURADORA - ANALOGIA COM O ENTENDIMENTO DA
SÚMULA 473/STJ – TITULO DE CAPITALIZAÇÃO “CAP PARC
PREMIÁVEL” - MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DE CONTRATAR –
TERMO DE ADESÃO ASSINADO PELA AUTORA, SEPARADAMENTE DO
CONTRATO - COMISSÃO DE PERMANENCIA - IMPOSSIBILIDADE DE
COBRANÇA COM DEMAIS ENCARGOS – REDUÇÃO – SENTENÇA
CORRETA NESTE TOCANTE – RECURSO DE APELAÇÃO 1 NÃO
PROVIDO E RECURSO DE APELAÇÃO 2 PARCIALMENTE PROVIDO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível de nº 0000428-78.2021.8.16.0113 em que


figuram como APELANTE 1 TATIANA ANDRADE OLIVEIRA, APELANTE 2 BANCO
VOTORANTIM S.A. e APELADOS OS MESMOS.
I - RELATÓRIO:

Trata-se de Ação Revisional ajuizadaporTATIANA ANDRADE OLIVEIRA em face de BANCO


VOTORANTIM S.A., cuja sentença (mov. 50.1) julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados
na inicial, nos seguintes termos:

“POSTO ISSO, com anteparo no artigo 487, I,


doCPC, e demais dispositivos invocados, julgo PARCIALMENTE
PROCEDENTES os pedidos, para o fim de reputar ilegaisas cobranças de título de
capitalização (R$ 149,48) e seguro prestamista (R$979,00), e
determinar a reduçãoda comissão de permanência para 5,54% mensais, repetindo-
se de forma simples o indébito, mantendo-se outrossim as demais
estipulaçõescontratuais.Nos termos do artigo 86, do CPC, “secada
litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente
distribuídas entre eles as despesas”. Além disso, “se um litigante sucumbir em
parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos
honorários”. Alia-se à sucumbência nessa consideração o princípio da
causalidade da demanda. Dito isso, e observando-se o resultado do(s) pedido
(s), custas e despesas assim distribuídas: 75% pela parte autora, e 25% pela parte
requerida.

Em se tratando de decisão condenatória, o


artigo 85 §2º, do CPC, determina que os honorários terão assento sobre o valor
da condenação, em percentual entre 10 e 20%, considerados outrossim os parâmetros
explicitados em seus incisos. De outro, houve sucumbência recíproca, a
ensejarcontemplação aos procuradores dos distintos litigantes. No caso de sucumbência
parcial, o § 14º veda a compensação, não contudo
a divisão da verba, à medida do sucesso de cada um. Postas essas premissas,
fixo os honorários em 20% sobre o valor da condenação, cabendo deste montante
25% para o(s) procurador(es) da parte autora e 75%ao(s) procurador(es) da parte
requerida, dada a dimensão do êxito de cada qual.

Observe-se, em relação à parte autora,contudo o contido no § 3º, do


artigo 98, segundo o qual, “vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva
de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário”, condição que estende-se a custas, despesas,
honorários, e demais incidências contidas nos incisos do § 1º, do dispositivo em
apreço.”

Inconformada, a Autora apelou ao mov. 70.1, sustentando, a ilegalidade das tarifas de avaliação do bem,
registro de contrato e da tarifa de cadastro e que o Banco Apelado seja condenado integralmente a arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios.

Também inconformado com a sentença, a instituição financeira Requerida apresentou recurso de


apelação ao mov. 67.1 alegando em síntese que a sentença merece reforma eis que não há ilegalidade na
conbrança de tarifas das tarifas e do seguro de proteção financeira, na inicidencia de juros moratórios e
multa de 2% cumulada com comissão de permanencia.

Contrarrazões pela Autora ao mov. 74.1, sustentando pelo desprovimento do recurso do Réu.

Após, vieram-me conclusos.

É O RELATÓRIO.

II – VOTO E FUNDAMENTAÇÃO:

Presentes os pressupostos de admissibilidade, recebo ambos os recursos de apelação.

Trata-se de Ação Revisional ajuizada por é revisar as clausulas contratuais do Tatiana Andrade Oliveira
em face de Banco Votorantim S.A., onde busca a revisão das clausulas contratuais, encargos e tarifas
decorrentes do contrato de Cédula de Crédito Bancário – Alienação Fiduciária que se encontra encartado
ao mov. 1.9 e 11.3.

A parte Autora afirma que a cobrança das tarifas e encargos contratuais são ilegais e abusivos, devendo
haver seu afastamento. Por sua vez a parte requerida alega a validade das contratações e encargos
moratórios.
Dessa forma, passo a analise simultânea das razões dos recursos, com verificação de cada tópico.

Retira-se do contrato entabulado ítem 5, quadro de Custo Efetivo Total da Operação que há cobrança de
Tarifa de Cadastro (R$ 659,00), Tarifa de Avaliação do Bem (R$ 435,00), Registro de Contrato (R$
120,29, Seguro Presta Mista (R$ 979,00) e Capitalização Parcial Premiável (R$ 149,48).

Em relação aos encargos moratórios, consta previsão de juros remuneratorios de 14,20% para operações
em atraso – que se traduz no que se denomina comissão de permanência e, multa de 2,00%.

DAS TARIFAS:

TARIFA DE CADASTRO:

Vale dizer, que a cobrança da Tarifa de Cadastro é permitida, nos termos da Súmula 566 do STJ:

Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4


/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do relacionamento entre o consumidor e a
instituição financeira. (Súmula 566, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016)

Nos mesmos termos a jurisprudência:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE


FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. COMPENSAÇÃO/REPETIÇÃO SIMPLES DO
INDÉBITO. RECURSOS REPETITIVOS. TARIFAS BANCÁRIAS. TAC E TEC.
EXPRESSA PREVISÃO CONTRATUAL. COBRANÇA. LEGITIMIDADE.
PRECEDENTES. FINANCIAMENTO DO IOF. POSSIBILIDADE. (...) Permanece
válida a Tarifa de Cadastro expressamente tipificada em ato normativo padronizador da
autoridade monetária, a qual somente pode ser cobrada no início do relacionamento
entre o consumidor e a instituição financeira. - 3ª Tese: Podem as partes convencionar o
pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras e de Crédito (IOF) por meio de
financiamento acessório ao mútuo principal, sujeitando-o aos mesmos encargos
contratuais. 11 . Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (REsp 1255573
/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28
/08/2013, DJe 24/10/2013)

Desta forma, é possível a cobrança da Tarifa de Cadastro, inexistindo a mencionada abusividade alegada
pela Autora.

REGISTRO DE CONTRATO:

Em relação ao Registro de Contrato, considerando os documentos juntados demonstrando a prestação dos


serviços de registro do contrato, e os valores pactuados serem condizentes com o valor do bem
financiado com cláusula de alienação fiduciária, não vislumbro motivos para reconhecê-los como
abusivo, e assim determinar a sua devolução como pleiteado pelo Autor na inicial.

O Colendo STJ já exarou entendimento norteador sobre o tema em sede de recurso repetitivo, vejamos:

2.3. Validade da tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula
que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas a:

2.3.1. abusividade da cobrança por serviço não efetivamente prestado; e a

2.3.2. possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto.


(REsp 1578553/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 28/11/2018, DJe 06/12/2018)

Diante do cenário acima o pedido de devolução dos valores cobrados à título de “registro do contrato”
não merecem prosperar.

Ou seja, de acordo com o art. 1.361 do Código Civil, tratando-se de veículo, não há necessidade de
registro do contrato de alienação fiduciária no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do
devedor, mas apenas junto ao Detran local (a “repartição competente para o licenciamento”), indicando-
se que daí decorrerá a “anotação no certificado de registro”.
Portanto, a distinção arguida pela parte entre as tarifas de registro de contrato e de pré-gravame não é
relevante ao caso, já que esta segunda não pode mais ser aplicada, de acordo com o STJ, desde 2011, e
não há outra possibilidade de fazer constar a existência da propriedade fiduciária no CRV que não por
meio do debatido “registro de contrato”.

E a Resolução nº 320/2009, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), citada pela parte apelante,
em seu art. 6º, apenas reitera a hodierna vinculação entre o registro do contrato e a anotação de gravame
junto ao documento do veículo:

Art. 6º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, após registrarem
o contrato na forma prevista nesta Resolução, farão constar no campo observações do CRV o gravame
com a identificação da instituição credora.

Assim, o documento trazido pela parte apelada ao mov. 11.1 fls. 6 é suficiente a indicar o registro do
contrato junto ao órgão competente, de modo que eventual ocorrência em sentido contrário deveria ser
devidamente demonstrada por quem o alegava.

TARIFA DE AVALIAÇÃO:

Atinente a Tarifa de Avaliação a respeito do tema, há previsão de legalidade das cobranças das tarifas
pelas instituições financeiras, amparadas nos Resp. 1.251.331/RS e 1.255.573/RS, ocorre que para que
seja reconhecido como legal a cobrança, deve haver a comprovação da prestação do serviço pelo Banco,
de modo que torne inequívoco o valor despendido a título do serviço.

Nesta esteira, retira-se da Ficha de Cadastro do contrato, que consta a realização de vistoria do bem,
restando caracterizada a prestação do serviço de avaliação do bem, inclusive com assinatura do
vistoriador e da contratante/Autora.

A respeito do tema:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO –


CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO – SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA – APELO DO BANCO RÉU – AUSÊNCIA DE INTERESSE
RECURSAL QUANTO AOS TEMAS DE SEGURO PRESTAMISTA, TÍTULO DE
CAPITALIZAÇÃO E TARIFA DE REGISTRO DE CONTRATO – NÃO
CONHECIMENTO NESSES PONTOS – JUROS MORATÓRIOS – LIMITAÇÃO
EM 12 % AO ANO – SÚMULA Nº 379 DO STJ, ARTIGO 406 DO CÓDIGO CIVIL
E ARTIGO 161, §1º, DO CTN – SENTENÇA ESCORREITA – NÃO PROVIMENTO
NESTE PONTO – APELO DA AUTORA – TARIFA DE AVALIAÇÃO DE BEM –
LEGALIDADE – SERVIÇO EFETIVAMENTE PRESTADO – NÃO
EVIDENCIADA ABUSIVIDADE DA COBRANÇA – SENTENÇA MANTIDA
RECURSO DO RÉU CONHECIDO EM PARTE, E NA PARTE CONHECIDA NÃO
PROVIDA. RECURSO DA AUTORA CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 16ª
C.Cível - 0008152-52.2019.8.16.0001 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADORA
MARIA MERCIS GOMES ANICETO - J. 02.05.2022)

Desta forma, diante da constatação da prestação do serviço pela instituição financeira, afastada a tese de
abusividade da Tarifa de Avaliação.

SEGURO:

Com relação ao seguro vinculado ao contrato, foi decidido no mesmo RESP 1639320/SP (REPETITIVO
- TEMA 972):

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. TEMA 972/STJ. DIREITO BANCÁRIO.


DESPESA DE PRÉ-GRAVAME. VALIDADE NOS CONTRATOS CELEBRADOS
ATÉ 25/02/2011. SEGURO DE PROTEÇÃO FINANCEIRA. VENDA CASADA.
RESTRIÇÃO À ESCOLHA DA SEGURADORA. ANALOGIA COM O
ENTENDIMENTO DA SÚMULA 473/STJ. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
NÃO OCORRÊNCIA. ENCARGOS ACESSÓRIOS.

(...)

2.2 - Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a
contratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada.

(...)

(REsp 1639320/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA


SEÇÃO, julgado em 12/12/2018, DJe 17/12/2018)
Veja-se, então, que não se está a descartar a possibilidade de contratação de seguro, mas apenas
afirmando que esta deve ser de livre vontade do aderente e mesmo possibilitar, caso assim se deseje, com
seguradora desvinculada da instituição financeira que cede o crédito.

No presente caso, o fato de o contrato de seguro ter sido firmado com empresa do mesmo grupo
empresarial do agente financeiro, demonstra que a parte autora foi compelida a contratar o seguro, e
apenas com ela, pois sequer há proposta de adesão em separado assinado pela Autora.

Assim, correta a sentença, devendo ser afastada a contratação e cobrança do seguro prestamista, com
respectiva devolução do valor devidamente corrigido.

DA CAPITALIZAÇÃO PARCELA PREMIÁVEL:

Nos mesmos termos enfrentados quanto ao entendimento da Corte Superior sobre venda casada, seria
indevida a cobrança do encargo ‘Cap Parc Premiável’, se não fosse dada opção de escolha ao consumidor
de a contratar ou não, tampouco de optar por instituição que não aquela do grupo econômico da requerida.

Nesse sentido este Tribunal já se pronunciou:

“Apelações Cíveis. Ação de busca e apreensão. Contrato bancário com alienação


fiduciária em garantia. Taxa de juros remuneratórios. Valores aplicados que não
superam em mais de uma vez e meia a taxa média divulgada pelo banco central no
mesmo período e para operações de mesma natureza. Abusividade não reconhecida.
Cobrança de tarifa de avaliação do bem. Não demonstração de serviço prestado. Tarifa
de registro de contrato. Anotação da alienação fiduciária no cadastro do veículo.
Legalidade na cobrança. Inexistência de abusividade. Entendimento exarado no Resp nº
1.578.553/SP. Cobrança do seguro proteção financeira e de tarifa denominada “cap
parc premiável”. Existência de prática abusiva de venda casada. Exegese do recurso
especial repetitivo nº 1.639.320/SP. Recursos parcialmente providos.” (Apelação Cível
nº 0008790-88.2019.8.16.0194 - Rel. Des. Abraham Lincoln Merheb Calixto - 4ª
Câmara Cível - Julgado em 14-6-2021). Destaquei.
“Apelação Cível. Ação ordinária c/c tutela antecipada. Contrato de financiamento.
Alienação fiduciária. I. Seguro garantia mecânica e ‘cap parc premiável’. Ausência de
informação ao consumidor de se tratar de contratação facultativa e de livre escolha do
contratante. Caracterização de venda casada e abusividade evidenciadas. II. Tarifa de
avaliação do bem. Ausência de laudo de avaliação ou outro documento apto a
demonstrar a efetiva prestação de avaliação do veículo. Abusividade verificada.
Repetição devida, de forma simples. Tese firmada em sede de julgamento de recurso
repetitivo de n. 1.578.553/sp. Ônus de sucumbência. Aplicação do art. 86, parágrafo
único. Sucumbência mínima. Recurso conhecido e provido.” (Apelação Cível nº
0002803-38.2016.8.16.0045 - Rel. Des. Shiroshi Yendo - 15ª Câmara Cível - Julgado
em 10-10-2021). Destaquei.

“Apelação Cível. Ação de revisão de cláusulas contratuais c/c repetição de indébito.


Procedência parcial. Formal inconformismo do réu que defende a legalidade da
cobrança de tarifa de cadastro, tarifa de avaliação do bem e registro de contrato.
Ausência de interesse recursal. Cobrança de seguro prestamista e título de capitalização
(cap. Parc. Premiável). Ausência de previsão contratual abusividade constatada.
Facultatividade da contratação e da escolha da entidade seguradora não demonstrada.
Cobrança indevida, nos termos do recurso repetitivo Resp 1.639.320/SP (tema 972).
Precedentes desta corte. Fixação de honorários recursais. Sentença mantida. Recurso
parcialmente conhecido e, nesta medida, não provido.” (Apelação Cível nº 0010060-
40.2019.8.16.0165 - Relª. Des.ª Joeci Machado Camargo - 7ª Câmara Cível - Julgado
em 29-1-2021). Destaquei.

Portanto, não obstante a inclusão desta espécie de negociação é admitida, em atenção à proteção
conferida pela legislação consumerista há de se observar o respeito à vontade do consumidor, seja pela
opção de contratação do serviço, seja pela oportunidade de livre escolha da instituição financeira
garantidora da operação, com o respectivo benefício revertido em seu favor.

Nesses termos, denota-se que foi previamente pactuado no item 5 – CET – Custo Efetivo Total da
Operação - ‘Cap Parc Premiável’ - no valor e R$ 149,48 e ainda, verifica-se a proposta de adesão do
Termo de Adesão Título de Capitalização em separado, devidamente assinado pela Autora cf. mov. 11.3,
fls. 6, não se apresentando contratação de forma casada, o que torna válida a contratação diante da
manifestação de vontade de contratar pela Autora.
Assim, com razão o banco Réu e ora Apelante, merecendo reforma a sentença neste tocante, para
reconhecer válida a contratação da “Cap. Parc Premiável”.

ENCARGOS DE MORA – COMISSÃO DE PERMANENCIA:

A respeito da cobrança da comissão de permanencia, cabe destacar a Súmula 472 do Superior Tribunal
de Justiça, que prevê:

“A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a


soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual.”

Aliada à interpretação conjunta das súmulas acima transcritas, este Tribunal, por meio das 17ª e 18ª
Câmaras Cíveis, editou o seguinte enunciado:

“10) Comissão de permanência. Cobrança lícita. Limitada pelos juros remuneratórios,


moratórios e multa contratual. - A comissão de permanência quando expressamente
pactuada deve ser mantida no contrato, para caso de inadimplemento, tendo por limite a
somatória dos juros remuneratórios estipulados para o período de normalidade
contratual, mais os juros de mora legais de um por cento ao mês, além da multa
moratória de 2%, a qual incide uma única vez sobre o débito pendente, excluindo-se
quaisquer outros encargos por abusivos”.

Com efeito, a r. sentença reduziu a taxa de juros percentual de 14,20% mensais, que efetivamente excede
o somatório dos juros de mora, juros remuneratórios e multa contratual previstos no contrato.

Correto o raciocínio da sentença de que dividindo-se em 30,49% por 12, com índice mensal de
2,54%, Acrescendo-se 1% de juros de mora e 2% de multa, assim o percentual deve chegar ao
máximo de 5,54% de comissão, não podendo ser cobrada de forma cumulada.
Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS À MONITÓRIA.


CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO – GARANTIA DE ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA DE VEÍCULO. COBRANÇA CUMULADA DE COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA COM DEMAIS ENCARGOS DE MORA. INVIABILIDADE.
SUCUMBÊNCIA MANTIDA - HONORÁRIOS RECURSAIS. MAJORAÇÃO.
SENTENÇA MANTIDA. 1. A comissão de permanência é permitida desde que
expressamente pactuada e não cumulada com demais encargos moratórios, não
podendo, ainda, exceder à soma dos seguintes encargos: taxa de juros
remuneratórios pactuada para a vigência do contrato; juros de mora; e multa
contratual. 2. Nos termos do art. 85, §§ 1º e 11, do CPC, o Tribunal, ao julgar recurso,
majorará os honorários fixados anteriormente. 4. Apelação cível conhecida e não
provida. (TJPR - 16ª C.Cível - 0009885-61.2017.8.16.0021 - Cascavel - Rel.:
DESEMBARGADOR LUIZ FERNANDO TOMASI KEPPEN - J. 10.05.2022)

ISTO POSTO, o voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de Apelação 1 da Autora,


deixando de majorar os honorários recursais, posto que já arbitrado em teto máximo de 20%, na
forma doa rtigo 85, §2º do CPC, e DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DE
APELAÇÃO 2 da Instituição Requerida Banco Votorantim S.A para reconhecer a legalidade da
cobrança da Capitalização Premiavel, contudo, diante do caimento de parte minima de seus
pedidos, mantenho inalterada a distribuição da sucumbencia estabelecida pela sentença.

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 16ª Câmara Cível do


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O
RECURSO DE PARTE E PROVIDO EM PARTE o recurso de Banco Votorantim S.A., por
unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso
de TATIANA ANDRADE OLIVEIRA.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Paulo Cezar Bellio,


sem voto, e dele participaram Desembargador Luiz Antônio Barry (relator), Desembargador Luiz
Fernando Tomasi Keppen e Desembargador Lauro Laertes De Oliveira.

19 de agosto de 2022

Desembargador Luiz Antônio Barry

Juiz (a) relator (a)

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