Acordao
Acordao
Acordao
Inconformada, a Autora apelou ao mov. 70.1, sustentando, a ilegalidade das tarifas de avaliação do bem,
registro de contrato e da tarifa de cadastro e que o Banco Apelado seja condenado integralmente a arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios.
Contrarrazões pela Autora ao mov. 74.1, sustentando pelo desprovimento do recurso do Réu.
É O RELATÓRIO.
II – VOTO E FUNDAMENTAÇÃO:
Trata-se de Ação Revisional ajuizada por é revisar as clausulas contratuais do Tatiana Andrade Oliveira
em face de Banco Votorantim S.A., onde busca a revisão das clausulas contratuais, encargos e tarifas
decorrentes do contrato de Cédula de Crédito Bancário – Alienação Fiduciária que se encontra encartado
ao mov. 1.9 e 11.3.
A parte Autora afirma que a cobrança das tarifas e encargos contratuais são ilegais e abusivos, devendo
haver seu afastamento. Por sua vez a parte requerida alega a validade das contratações e encargos
moratórios.
Dessa forma, passo a analise simultânea das razões dos recursos, com verificação de cada tópico.
Retira-se do contrato entabulado ítem 5, quadro de Custo Efetivo Total da Operação que há cobrança de
Tarifa de Cadastro (R$ 659,00), Tarifa de Avaliação do Bem (R$ 435,00), Registro de Contrato (R$
120,29, Seguro Presta Mista (R$ 979,00) e Capitalização Parcial Premiável (R$ 149,48).
Em relação aos encargos moratórios, consta previsão de juros remuneratorios de 14,20% para operações
em atraso – que se traduz no que se denomina comissão de permanência e, multa de 2,00%.
DAS TARIFAS:
TARIFA DE CADASTRO:
Vale dizer, que a cobrança da Tarifa de Cadastro é permitida, nos termos da Súmula 566 do STJ:
Desta forma, é possível a cobrança da Tarifa de Cadastro, inexistindo a mencionada abusividade alegada
pela Autora.
REGISTRO DE CONTRATO:
O Colendo STJ já exarou entendimento norteador sobre o tema em sede de recurso repetitivo, vejamos:
2.3. Validade da tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula
que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas a:
Diante do cenário acima o pedido de devolução dos valores cobrados à título de “registro do contrato”
não merecem prosperar.
Ou seja, de acordo com o art. 1.361 do Código Civil, tratando-se de veículo, não há necessidade de
registro do contrato de alienação fiduciária no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do
devedor, mas apenas junto ao Detran local (a “repartição competente para o licenciamento”), indicando-
se que daí decorrerá a “anotação no certificado de registro”.
Portanto, a distinção arguida pela parte entre as tarifas de registro de contrato e de pré-gravame não é
relevante ao caso, já que esta segunda não pode mais ser aplicada, de acordo com o STJ, desde 2011, e
não há outra possibilidade de fazer constar a existência da propriedade fiduciária no CRV que não por
meio do debatido “registro de contrato”.
E a Resolução nº 320/2009, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), citada pela parte apelante,
em seu art. 6º, apenas reitera a hodierna vinculação entre o registro do contrato e a anotação de gravame
junto ao documento do veículo:
Art. 6º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, após registrarem
o contrato na forma prevista nesta Resolução, farão constar no campo observações do CRV o gravame
com a identificação da instituição credora.
Assim, o documento trazido pela parte apelada ao mov. 11.1 fls. 6 é suficiente a indicar o registro do
contrato junto ao órgão competente, de modo que eventual ocorrência em sentido contrário deveria ser
devidamente demonstrada por quem o alegava.
TARIFA DE AVALIAÇÃO:
Atinente a Tarifa de Avaliação a respeito do tema, há previsão de legalidade das cobranças das tarifas
pelas instituições financeiras, amparadas nos Resp. 1.251.331/RS e 1.255.573/RS, ocorre que para que
seja reconhecido como legal a cobrança, deve haver a comprovação da prestação do serviço pelo Banco,
de modo que torne inequívoco o valor despendido a título do serviço.
Nesta esteira, retira-se da Ficha de Cadastro do contrato, que consta a realização de vistoria do bem,
restando caracterizada a prestação do serviço de avaliação do bem, inclusive com assinatura do
vistoriador e da contratante/Autora.
A respeito do tema:
Desta forma, diante da constatação da prestação do serviço pela instituição financeira, afastada a tese de
abusividade da Tarifa de Avaliação.
SEGURO:
Com relação ao seguro vinculado ao contrato, foi decidido no mesmo RESP 1639320/SP (REPETITIVO
- TEMA 972):
(...)
2.2 - Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a
contratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada.
(...)
No presente caso, o fato de o contrato de seguro ter sido firmado com empresa do mesmo grupo
empresarial do agente financeiro, demonstra que a parte autora foi compelida a contratar o seguro, e
apenas com ela, pois sequer há proposta de adesão em separado assinado pela Autora.
Assim, correta a sentença, devendo ser afastada a contratação e cobrança do seguro prestamista, com
respectiva devolução do valor devidamente corrigido.
Nos mesmos termos enfrentados quanto ao entendimento da Corte Superior sobre venda casada, seria
indevida a cobrança do encargo ‘Cap Parc Premiável’, se não fosse dada opção de escolha ao consumidor
de a contratar ou não, tampouco de optar por instituição que não aquela do grupo econômico da requerida.
Portanto, não obstante a inclusão desta espécie de negociação é admitida, em atenção à proteção
conferida pela legislação consumerista há de se observar o respeito à vontade do consumidor, seja pela
opção de contratação do serviço, seja pela oportunidade de livre escolha da instituição financeira
garantidora da operação, com o respectivo benefício revertido em seu favor.
Nesses termos, denota-se que foi previamente pactuado no item 5 – CET – Custo Efetivo Total da
Operação - ‘Cap Parc Premiável’ - no valor e R$ 149,48 e ainda, verifica-se a proposta de adesão do
Termo de Adesão Título de Capitalização em separado, devidamente assinado pela Autora cf. mov. 11.3,
fls. 6, não se apresentando contratação de forma casada, o que torna válida a contratação diante da
manifestação de vontade de contratar pela Autora.
Assim, com razão o banco Réu e ora Apelante, merecendo reforma a sentença neste tocante, para
reconhecer válida a contratação da “Cap. Parc Premiável”.
A respeito da cobrança da comissão de permanencia, cabe destacar a Súmula 472 do Superior Tribunal
de Justiça, que prevê:
Aliada à interpretação conjunta das súmulas acima transcritas, este Tribunal, por meio das 17ª e 18ª
Câmaras Cíveis, editou o seguinte enunciado:
Com efeito, a r. sentença reduziu a taxa de juros percentual de 14,20% mensais, que efetivamente excede
o somatório dos juros de mora, juros remuneratórios e multa contratual previstos no contrato.
Correto o raciocínio da sentença de que dividindo-se em 30,49% por 12, com índice mensal de
2,54%, Acrescendo-se 1% de juros de mora e 2% de multa, assim o percentual deve chegar ao
máximo de 5,54% de comissão, não podendo ser cobrada de forma cumulada.
Nesse sentido:
19 de agosto de 2022