Inicial - Revisional de Financiamento de Veículos 1
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Nome, brasileira, estado civil, profissão, data de nascimento, portador da cédula de identidade nº
000 SEDS/, inscrito no CPF 000, residente e domiciliada no..., por sua advogada que este subscreve,
vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente:
Em face de BV FINANCEIRA, com sede na Av. das Nações Unidas, 14.171- Torre A - 8º andar – Cj 82
– VI. Gertrudes, São Paulo/SP, Cep.: 04794-000, CNPJ 01.149.953/0001-89, pelos motivos de fato e
de direito a seguir expostos:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A autora não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de
hipossuficiência.
Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela nossa
Constituição Federal (art. 5º, LXXIV) c/c art. 98 e ss, do Código de Processo Civil.
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
A parte promovente opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art.319, inc. VII)
razão pela qual requer a citação do promovida, por carta (CPC, art. 247, caput) para comparecer à
audiência designada para essa finalidade (CPC, art, 334, caput c/c parágrafo 5ª) antes, porém,
avaliando-se o pleito da tutela de urgência aqui almejada.
DOS FATOS
DO DIREITO
O requerente firmou junto à requerida contrato de crédito bancário, financiado o valor total
de R$ 11.828,72 ( onze mil oitocentos e vinte e oito reais e setenta e dois centavos), presume-se
que devem estar inclusas taxas como: IOF, Tarifa de Cadastro, IOF-adicional e Tarifa de Avaliação do
bem, cujo prazo para pagamento foi de 48 meses, tendo como prestação o valor de R$540,00
( quinhentos e quarenta reais), o que representa uma verdadeira extorsão e uma afronta a ordem
legal, quando legalmente, conforme tabela em anexo as parcelas deveriam ser inicialmente de R$
333,83 (trezentos e trinta e três reais e oitenta e três centavos). A tabela anexada (pode usar a
tabela do site www.calculorevisional.com.br), mostra de forma clara e inequívoca e de forma
específica o valor correto da prestação aplicando-se corretamente os juros legal, e o método de
cálculo.
Diante o exposto, logo no início da presente ação, o autor vem discriminar dentre outras
obrigações contratuais, as que pretende controverter e quantificar o valor incontroverso, conforme
mandamento contido no art. 330, §2º do Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
[...]
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente
de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá
de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as
obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de
quantificar o valor incontroverso do débito.
O autor almeja alcançar provimento jurisdicional para afastar os encargos contratuais tidos
como ilegais. Nessa linha de raciocínio, o requerente gravitará com a pretensão de fundo para:
a) Revisar todas as cláusulas inerentes ao contrato, de forma a corrigir as taxas e cobranças
ilegais que foram realizadas pelo réu;
Em específico, também afastar as taxas cobradas no contrato referentes as taxas de
avaliação do bem, taxa de cadastro, IOF, entre outras cobradas arbitrariamente em sede de
contrato de adesão, e por estarem pré-escritas em detrimento de uma das partes sendo está com
maior declínio perante a relação contratual, só podem ser discutidas em sede de juízo, tendo em
vista que não foi oportunizado a escolha de pagar fora do financiamento;
b) Revisar todas as cláusulas do contrato, de forma a afastar as que cobram juros
capitalizados mensais de forma acumulada, reduzir os juros remuneratórios, tendo em
vista que a taxa que está sendo cobrada ultrapassa a média do mercado, bem como
excluir os encargos moratórios, tendo em vista que o autor não se encontra em mora,
posto que foram cobrados encargos contratuais ilegalmente durante o período de
normalidade;
c) Revisar a cláusula, de forma a afastar a constituição em mora, tendo em vista todos os
juros e encargos contratuais ilegais que já foram pagos no período da normalidade.
Destarte, tendo em conta as disparidades legais supra anunciadas, o autor acosta planilha
com cálculos que demonstram o valor a ser pago:
- Valor da obrigação ajustada no contrato R$ 538,81 (quinhentos e quarenta reais);
- Valor controverso da parcela R$ 229,27 (duzentos e vinte e nove reais e vinte e sete
centavos).;
- Valor incontroverso da parcela a ser consignada incidentalmente em juízo R$
309,54 (trezentos e nove reais e cinquenta e quatro centavos).
Nesse compasso, com supedâneo na regra processual ora invocada, o autor requer que
Vossa Excelência defira o depósito, em juízo, da parte estimada como controversa.
É sabido que a prestação de serviços bancários se encontra regida pelas normas de proteção
ao consumidor. Isso porque é plenamente cabível o enquadramento das instituições financeiras,
prestadora de serviços, na conceituação de fornecedor, conforme preconiza no art. 3º, caput, da Lei
nº 8.078/90. De igual sorte, perfeitamente compreendida a situação do aderente na definição de
consumidor, disposta no art. 2º do mesmo ordenamento:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.
[...]
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Inequívoco que as atividades bancárias, financeiras e de crédito restam inseridas na
enunciação de produtos e serviços, por força de preceito legal expresso nesse sentido, conforme
dispõe o §2º do art 3º do CDC, in verbis: “Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. ”
A submissão das atividades bancárias às normas protetivas consumeristas é entendimento
consolidado já sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), vejamos:
Súmula 297: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.
Não é outro o entendimento jurisprudencial, vejamos:
Ação revisional de contrato de financiamento c/c pedido de tutela
antecipada. Alienação fiduciária. Contrato de financiamento pelo bdns
FINAME. Taxa fixa. Decisão agravada que concedeu a prorrogação do
pagamento. Pessoa jurídica. Aplicação do CDC. Possibilidade. Teoria
maximalista do conceito de consumidor. Autor que é destinatário fático dos
serviços. Abstenção de inscrição da requerente em cadastro de
inadimplentes. Retidão da decisão. Multa cominatória. Minoração.
Prorrogação do pagamento. Afastamento. Ausência dos requisitos do art.
273 do CPC. Ausência de prova inequívoca da verossimilhança. Recurso
parcialmente provido. (TJPR; Ag Instr 1402677-8; Barracão; Terceira Câmara
Cível; Rel. Des. Cláudio de Andrade; Julg. 27/10/2015; DJPR 03/11/2015)
(grifos nossos)
Urge salientar que é praxe das financeiras cobrarem IOF, seguro do bem, outros tipos
seguros, taxas como a de abertura de crédito (TAC) e a de emissão de boleto, taxas essas
consideradas ilegais pelo Banco Central, juros compostos, juros de mora acima de 1%, dentre
outras práticas abusivas.
É importante frisar que a TAC pode virar, por exemplo, Taxa de Confecção de Cadastro (TCC)
ou Repasse de Encargos de Operação de Crédito (Reoc), bem como receber outras denominações.
Ainda assim, a cobrança continua sendo ilegal.
Por consequência de todos esses fatos o autor tem o direito de pedir revisão das cláusulas
em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas ou a modificação das
cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais, pois, são direitos básicos do
consumidor, como determina o artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, bem como o
direito de pedir anulação das cláusulas, nos termos do artigo 51 do dispositivo legal citado.
Tendo incorrido em anatocismo, a requerida ofende aos ditames da Lei da Usura, no seu
quarto artigo, e à Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal. Mais que isso, agride ao esforço
conjunto de toda a sociedade em recuperar decênios perdidos em inflação, desvalorização
monetária e estagnação econômica.
O depósito incidente não tem previsão expressa, porém decorre da permissividade do art.
327 do CPC. Segundo o renomado processualista, “é perfeitamente admissível a cumulação do
pedido consignatório com outros pedidos diferentes, num mesmo processo, desde que,
desprezado o rito especial da ação de consignação em pagamento, e verificada a unidade de
competência, observe-se o procedimento comum”.
Assim, não há restrições quanto ao pedido de depósito, e isto se diz para prevenir
infundadas contestações da requerida. Frise-se, não só a doutrina como também a jurisprudência
pátria tem tradicionalmente entendido assim nossa legislação.
Em virtude da dificuldade financeira que vem sofrendo o consumidor, o mesmo efetuará o
depósito judicial, no valor de R$ 309,54 (trezentos e nove reais e cinquenta e quatro centavos),
referentes às parcelas vencidas, depositando-se judicialmente quando deferido a tutela antecipada
por Vossa Excelência.
Será depositado, no que se refere à parcela vincenda o valor de R$ 309,54 (trezentos e nove
reais e cinquenta e quatro centavos), mensalmente, conforme faculta o artigo 542, I, do CPC.
Por conta disso vem perante a justiça pedir uma proteção para pagamento da dívida,
depositando de forma progressiva o pagamento devido por certo período de tempo até sua
atualização.
E dessa forma que seja assegurada e deferida a tutela antecipada para a não negativação da
dívida, pois, há interesse de ser feito o pagamento, tendo assim o autor boa-fé.
Por ser hipossuficiente nesse acordo, vem perante este juízo pedir que seja reavaliado o
contrato para diminuição da parcela, sendo assim, será depositado o valor de R$ 309,54 (trezentos
e nove reais e cinquenta e quatro centavos), que entende ser devido, todo mês, até ser definido o
valor correto, provando assim a boa-fé do autor, conforme faculta o inciso I, do artigo 542, do CPC.
O bem objeto do contrato em tela constitui-se de fundamental utilidade para o exercício das
atividades do requerente.
Por isso, deve ser concedido ao autor a manutenção do bem em litígio em sua posse, haja
vista que de nada adianta discutir uma dívida judicialmente se o bem vinculado ao contrato
bancário for devolvido a posse da credora.
É do conhecimento de todos o tratamento geralmente dado aos veículos de terceiros que ficam à
disposição do banco, quando depositários destes. Os bancos não dispõem de área de segurança
específica para a guarda de bens assim, e por motivos lógicos não lançariam funcionários para essa
função exclusiva.
Vejamos o entendimento jurisprudencial acerca do tema:
O trâmite de uma demanda como esta poderá arrastar-se por um tempo considerável. Foi
exatamente para resolver o ônus do excesso de tempo que existe em nossa sistemática processual,
a possibilidade de antecipação dos efeitos da tutela pretendida, conforme se desprende da leitura
do artigo 300 do CPC.
É o caso, pois, desta lide, vez que presentes com certeza as duas figuras jurídicas necessárias
à manifestação preventiva do Juiz: o fumus bonis juris e o periculum in mora.
A segunda pelo que se já disse em função do risco que corre a requerente em perder seu
crédito - por consequência a idoneidade comercial e o equilíbrio moral – ante uma possível
inscrição em cadastros de consumo (SPC, SERASA, etc).
Foi destacado claramente ao longo dessa peça processual, que a ré cobrou juros
excessivos/abusivos de maneira totalmente indevida, encargo esse que vem sendo suportado de
maneira indevida pelo autor.
O Código de Processo Civil autoriza o juiz a conceder a tutela de urgência quando houver
“probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, conforme
art. 300, in verbis: “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Diante disso, o autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária, conforme art.300,
§2º do CPC, tutela de urgência antecipatória no sentido de:
DOS PEDIDOS
-O Autor opta pela realização de audiência conciliatória, conforme art. 319, inc. VII, razão qual
requer a citação da Promovida por carta, para comparecer à audiência designada para essa
finalidade.
- Liminarmente:
a) determinar e receber o depósito judicial do valor incontroverso da dívida, ou seja, 34 (trinta e
quatro) parcelas iguais e sucessivas no valor de R$ 309,54 (trezentos e nove reais e cinquenta e
quatro centavos) cada, correspondente ao valor de cada parcela vencida e vincenda, conforme
comprova cálculos na tabela em anexo, para que não seja constituído em mora, proibindo o réu de
colocar o nome do autor em cadastro restritivo de inadimplentes do SPC e SERASA.
b) a determinação ao Cartório Cível desta Comarca para que seja comunicada a este Juízo qualquer
demanda ajuizada pela ré contra o autor, no intuito de que, no caso de ulteriores pleitos, possam
reunir-se as ações para simultâneo julgamento, com sobrestamento do feito intentados pela
requerida;
c) a nomeação do autor como depositário do veículo, com o fim de evitar maiores prejuízos com
eventual Ação de Busca e Apreensão;
h) Que seja deferido a inversão do ônus da prova nos termos do art.6º, VIII do CDC, apresentando o
réu o contrato de financiamento realizado entre as partes.
j) Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito e pela juntada de novos
documentos.
Advogada (o)
OAB/UF 0000
- Procuração
- Declaração de Hiposuficiencia
- Contrato ( por estratégia não anexar o contrato logo, isso ganha tempo no processo pra acordo)
- Tela do site Bacen, onde consta a média que o banco estava cobrando há época da contratação
- Planilha de Cálculo ( encontrada no site: www.calculorevisional.com.br) – através da planilha pode
se vê quanto o banco cobrou de juros ao ano e ao mês – e depois mudar a porcentagem e
converter pra o método de juros simples.