Psicodiagnostico Final

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Psicodiagnóstico

Brasília-DF.
Elaboração

Meirilane Naves da Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO......................................................... 11

CAPÍTULO 1
ORIGEM, HISTÓRICO, DEFINIÇÕES E OBJETIVOS...................................................................... 11

CAPÍTULO 2
ORIENTAÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA E ASPECTOS ÉTICOS
NO PSICODIAGNÓSTICO........................................................................................................ 26

UNIDADE II
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA.......... 31

CAPÍTULO 1
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO: ENTREVISTA CLÍNICA, ANAMNESE E
EXAME PSÍQUICO.................................................................................................................... 31

CAPÍTULO 2
ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA: ENTREVISTA CLÍNICA ESTRUTURADA PARA
DSM-5 (SCID-5)....................................................................................................................... 40

UNIDADE III
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO................................................................................................. 51

CAPÍTULO 1
ETAPAS DO PROCESSO............................................................................................................ 53

UNIDADE IV
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS......................................................................................................... 62

CAPÍTULO 1
LAUDO OU RELATÓRIO PSICOLÓGICO.................................................................................... 62

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 78

ANEXO 1.......................................................................................................................................... 84
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM ANAMNESE – INFANTIL ............................................................. 84
ANEXO 2.......................................................................................................................................... 88
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM ANAMNESE – ADULTO............................................................... 88

ANEXO 3.......................................................................................................................................... 92
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM ANAMNESE – IDOSO................................................................. 92
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução

No exercício da Psicologia Clínica, um dos primeiros procedimentos


que somos convidados a fazer, por dever de ofício, desde a
entrevista psicológica, é a realização de alguma forma de
diagnóstico psicológico. Frequentemente, o que se observa na
prática dos profissionais da área é que estes adotam critérios
diagnósticos cada um “à sua moda”, geralmente sustentados por
algum marco teórico ou, o que é pior, às vezes por nenhum (ROSA,
2002, p.5, aspas do autor).

Qual a sua reflexão sobre a afirmativa de Rosa?

Um dos maiores desafios para os profissionais de saúde mental é fazer uma avaliação
psicológica com qualidade, eficiência e confiabilidade clínica. Esse tema nos convida a
uma reflexão clínica e ética acerca de como nosso modo de compreender a pessoa que
está diante de nós e nossos dispositivos para lidar com as informações obtidas poderão
repercutir na maneira como essa pessoa vivenciará esse momento e nas significações e
desdobramentos deste para a sua vida (NAVES, 2013; BICALHO, 2013).

Sem sombra de dúvidas, fazer avaliações é uma das atividades mais antigas da
Psicologia e foi decisiva para a inserção profissional dos psicólogos em diferentes
setores da sociedade. Essa atividade é exclusiva, inerente e constante na
prática dos profissionais de psicologia. É ela que nos orienta na definição de
diretrizes e na escolha de procedimentos e estratégias clínicas a serem adotados para
as intervenções. No contexto da Psicologia clínica, a atividade diagnóstica antecede
a psicoterapia, fornecendo os dados ou conhecimentos necessários para a definição
de quais as estratégias interventivas mais apropriadas para cada caso ou situação
(ANASTASI & URBINA, 2000; AMARAL et al, 2002; BARBIERI, 2010; LÖHR, 2011;
BORSA, 2016).

Os estudos e a prática sobre a atividade diagnóstica definem que essa é uma atividade
muito complexa e multifacetada (TAVARES, 2012; BORSA, 2016, CFP, 2005, 2010
e 2011) exigindo do profissional uma formação qualificada que nos demanda o
desenvolvimento de atitudes, competências e habilidades teóricas, éticas e técnicas,
incluindo o domínio sobre os instrumentos e testes padronizados e o conhecimento da
legislação e recomendações do Conselho Federal de Psicologia, direcionadas à avaliação
psicológica no Brasil (AMARAL, 2016; CFP, 2010; NUNES et al, 2012; FREITAS;
NORONHA, 2005; CUNHA, 2000).

8
Dito de outro modo, é necessário que o psicólogo desenvolva a capacitação para se
colocar numa possibilidade de elaboração e refinamento teórico sobre a habilidade
de compreender, conceitualizar, categorizar e integrar os conhecimentos adquiridos
e necessários para estar numa relação e intervir com maior efetividade (NAVES,
2007; MILLON, 2003; GOLDFRIED; WOLFE, 1996; TAVARES, 1995; STRICKER;
TRIERWEILER, 1995; STRICKER, 1992; CFP, 2005, 2010 e 2011).

Devido à importância, destacamos que em nossa prática os desafios são propostos no


cotidiano de nosso trabalho em cada vez que uma pessoa procura nossos serviços ou
nos é encaminhada por outro profissional. E, em muitas das vezes, precisamos tomar
decisões num curto período de tempo.

Certamente, esse é um grande desafio! Temos a responsabilidade de fazermos


a avaliação do “modo de funcionamento atual” de uma pessoa e a avaliação de seu
contexto biopsico-relacional-sócio-histórico-cultural e de definirmos as estratégias
a serem realizadas para o seu acompanhamento e/ou encaminhamento. Ao mesmo
tempo, sabendo que essas intervenções e o modo como nos relacionamos com a pessoa
terão repercussões em sua vida (LAZZARI; SCHMIDT, 2008; SANTIAGO, 2002;
NAVES, 2013).

Foi pensando nesse desafio e na responsabilidade ética e clínica evocada por ele que
esta disciplina foi desenvolvida, tendo como fundamentos:

a. a literatura especializada;

b. a legislação e as recomendações do Conselho Federal de Psicologia; e

c. nossa prática clínica.

Tendo estas questões em mente, nesta disciplina, conversaremos sobre os fundamentos


do psicodiagnóstico e os principais elementos e recursos que o constituem, realçando as
estratégias específicas em entrevista. Depois, veremos como operacionalizar o processo
de psicodiagnóstico e faremos reflexões sobre os aspectos éticos implicados. Por fim,
abordaremos questões relacionadas à elaboração de documentos.

Objetivos
»» Definir psicodiagnóstico, ressaltando sua concepção como um processo
decisório complexo e multifacetado.

»» Apresentar a história do seu desenvolvimento e a situação no Brasil.

»» Problematizar questões relacionadas à sua utilização.


9
»» Apresentar técnicas de abordagem.

»» Refletir sobre técnicas de entrevista.

»» Problematizar as questões da entrevista clínica, abordando as questões


éticas.

»» Esclarecer questões relacionadas à elaboração de documentos.

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FUNDAMENTOS E
IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO UNIDADE I
PSICODIAGNÓSTICO

CAPÍTULO 1
Origem, histórico, definições e objetivos
Seria mais fácil se pudéssemos evitar o paciente enquanto
exploramos o reino da psicopatologia; seria muito mais simples se
pudéssemos nos limitar ao exame da química e da fisiologia de seu
cérebro e a tratar os eventos mentais como objetos alheios a nossa
experiência imediata, ou como meras variáveis de uma fórmula
estatística impessoal. Essas abordagens são muito importantes
para a compreensão do comportamento humano, mas não podem
abranger ou explicar todos os fatos relevantes. A fim de penetrar na
mente de outra pessoa, precisamos repetidamente mergulhar no
fluxo de suas associações e sentimentos; precisamos, nós mesmos,
ser seu instrumento de ressonância (JOHN NEMIAH, 1961, p.4).

Você concorda com Nemiah?

Antes de continuarmos nosso estudo, faça uma reflexão crítica sobre a citação
de Nemiah, apresentada acima.

Tendo em mente essa reflexão, como você define psicodiagnóstico?

Escreva sua definição e a guarde, pois a retomaremos mais adiante.

Considerações iniciais
Figura 1.

Fonte: <http://ulbra-to.br/extensao/wp-content/uploads/2016/03/extensao_psicodiagnostico-3.jpg>.

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

Convém destacar que as dificuldades e polêmicas em relação ao assunto já se


apresentam em relação à própria denominação (LAZARRI; SCHMIDT, 2008;
GOMES, 2000).

Podemos observar que muitos autores e/ou profissionais utilizam os termos


psicodiagnóstico, avaliação psicológica, avaliação psicopatológica ou avaliação
psicodinâmica como possuindo a mesma significação, ou seja, referem-se a essas
diferentes denominações como significantes de uma mesma prática (LAZARRI;
SCHMIDT, 2008; SIQUEIRA; OLIVEIRA; 2011; GOMES, 2000). Não é objetivo deste
curso abordar essa discussão. Então, apresentaremos nosso posicionamento acerca
dessa controvérsia. Para antecipar, consideramos que os termos diferentes significam
diferentes práticas, ou seja, psicodiagnóstico é diferente de avaliação psicológica ou
de avaliação psicodinâmica.

Vamos esclarecer essa questão?

De um modo geral, da mesma forma que o termo Psicologia nos remete aos diferentes
modelos teóricos e às diferentes possibilidades de atuação profissional (clínica,
educacional e escolar, social e do trabalho, entre outras), a definição de Avaliação
Psicológica também é ampla e abrange diferentes formas ou “tipos” de avaliação
psicológica como, por exemplo, a avaliação psicopatológica, a avaliação psicodinâmica,
a avaliação neuropsicológica e o psicodiagnóstico.

Nesse sentido, a Psicologia Clínica seria um “tipo” de psicologia enquanto o Psicodiagnóstico


seria um “tipo” de avaliação psicológica. Assim, nessa perspectiva, enquanto os
psicólogos, de um modo geral, fazem avaliação psicológica, os psicólogos clínicos fazem
o psicodiagnóstico, além de outras atividades, (CUNHA, 2000). Em outras palavras,
apenas o psicólogo clínico pode fazer o psicodiagnóstico.

Ficou esclarecido? Vamos recapitular...

Avaliação Psicológica é uma definição abrangente.

Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica.

Psicólogos em geral realizam avaliação psicológica.

Psicólogos clínicos, além de avaliação psicológica e outras atividades, fazem


psicodiagnóstico.

O psicodiagnóstico é realizado exclusivamente pelo psicólogo clínico.

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FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

Breve contextualização histórica sobre


a origem e o desenvolvimento do
psicodiagnóstico
Figura 2.

Fonte: <https://i.ytimg.com/vi/sKYMKAaxHpA/maxresdefault.jpg>.

Sempre que estudamos algum tema, é de fundamental importância conhecer o contexto


histórico que possibilitou o seu surgimento e o seu desenvolvimento. Esse conhecimento
nos possibilita refletirmos criticamente sobre o tema e situá-lo em seus respectivos
contextos evitando, assim, uma postura ortodoxa e descontextualizada sobre o mesmo
(FLORSHEIM, 2014).

Sem dúvida, o conhecimento dos aspectos históricos é tão importante que consta
como a primeira entre uma lista de 27 competências em avaliação psicológica a serem
adquiridas pelo estudante, elencadas na proposta de direcionamento curricular para os
cursos de graduação em Psicologia no Brasil (NUNES et al, 2012). Veremos agora, uma
breve contextualização histórica.

A história do surgimento da Avaliação Psicológica remonta ao final do século XIX


e se confunde e se intercambia com a dos Testes Psicológicos e com a história da
própria Psicologia (AVOGLIA, 2012; PRIMI, 2010; TAVARES, 2011 e 2010; SILVA,
2008, ARAÚJO, 2007). Em seu movimento e intuito de se constituir enquanto ciência
e profissão a Psicologia se fundamentou e sofreu influências de vários conceitos
e modelos oriundos da física, da química, da medicina, da investigação social, da
psiquiatria, da psicopatologia, da psicometria, e da Psicanálise (LAZZARI; SCHMIDT,
2008; WERLANG et al; CUNHA, 2000; OCAMPO; ARZENO, 2001, GOMES, 2000;
ANCONA-LOPES, 1984/2001).

Por sua vez, esses modelos representam correntes de pensamento que ora ressaltam
o predomínio do comportamento, ora do afeto ou da cognição, na tentativa de
compreender e fazer inferências sobre a organização e o funcionamento do psiquismo
humano (TAVARES, 2011; BALIEIRO JUNIOR; 2011; CUNHA, 2000).
13
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

É importante destacar que, nesse contexto e sob a influência de diferentes modelos


científicos, constituíram-se os fundamentos da avaliação psicológica que, a princípio,
foi pautada na utilização de testes psicológicos, especialmente até a primeira metade do
século XX. Esse fato, historicamente, marcou a imagem do psicólogo como um profissional
que usa testes, como um testólogo (CUNHA, 2000). A esse respeito, Tavares (2011, pp43)
esclarece que:
(...) o desenvolvimento da avaliação psicológica sempre foi um
empreendimento cientificamente fundamentado, intimamente atrelado
ao surgimento e à consolidação da Psicologia como ciência e profissão.
Em decorrência dessa íntima associação, a Psicologia e o psicólogo
passaram rapidamente a ser identificados com a atividade da avaliação
psicológica, do psicodiagnóstico e da construção e validação de testes,
instrumentos e procedimentos para esses fins.

Sem dúvida, precisamos registrar que todo processo de avaliação psicológica é constituído
por recursos, estratégias, técnicas e suporte teórico desenvolvidos com fundamentação
científica. Existem pressupostos, regras e fundamentos a serem seguidos, não podendo
ser feito “a qualquer modo”.

Ao longo dos anos, o processo vem passando por transformações e melhorias e,


atualmente, o psicólogo, no exercício de sua profissão, recorre às diferentes estratégias
de Avaliação Psicológica, as quais dependerão da finalidade e da situação de avaliação e,
assim, o uso de testes psicológicos revela-se como um dos recursos disponíveis (PRIMI,
2010; SILVA, 2008; CUNHA, 2000).

Por sua vez, o processo psicodiagnóstico está sendo compreendido como um período
extremamente rico ao se reconhecer que a relação existente entre os envolvidos no
contexto de avaliação pode contribuir para a compreensão global do indivíduo (LAZZARI;
SCHIMIDT, 2008; SAFRA, 1984/2001). De fato, no decorrer do desenvolvimento do
psicodiagnóstico, ocorreram melhorias e crescimentos e há um empenho por parte de
pesquisadores e instituições para garantir a continuidade do aprimoramento desse
processo, bem como o da excelência nos serviços realizados pelos psicólogos.

Você sabia que existem diferentes modalidades de psicodiagnóstico?

Figura 3.

Fonte: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRfoBqXxVda40PHbIMkXhwO8C6kYL1fygQMoMab92_hg9EHn_gTgg.>.

14
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

Ao longo dos anos, muitos estudos foram feitos com a finalidade de possibilitar
melhorias e avanços na avaliação psicológica. Esses estudos também resultaram
em conceber diferentes modalidades de psicodiagnóstico.

Atualmente, em nosso meio, a literatura especializada aponta quatro


modalidades de psicodiagnóstico, a saber:

1. Tradicional ou Clássico (CUNHA, 2000; OCAMPO, ARZENO; PICCOLO,


1978);

2. Compreensivo (TRINCA, 1984 e 1983);

3. Interventivo (ANCONA LOPEZ, 1995 e 2013; GHIRINGELLO; LOPES,


2013; BARBIERI, 2008 e 2010; BARBIERI; JACQUEMIN, 2007; BARBIERI,
JACQUEMIN; ALVES, 2004);

4. Avaliação Terapêutica (VILLEMOR-AMARAL, 2016; FISHER; FINN,


2008; FINN, 2007; TARDIVO, 2007; MEYER et al, 2001).

Para os objetivos deste curso, focaremos na modalidade do Psicodiagnóstico


Tradicional por ser, no Brasil, o modelo mais frequentemente ensinado nos
cursos de graduação em psicologia e o mais praticado nos âmbitos clínicos e
nos contextos de Saúde Mental (VILLEMOR-AMARAL, 2016; REPPOLD; SERAFINI,
2010; NORONHA; REPPOLD, 2010). Por outro lado, dada a sua complexidade,
também focaremos no Psicodiagnóstico do adulto.

Vamos recapitular?

Figura 4.

Fonte: http://www.dsc.ufcg.edu.br/~pet/jornal/novembro2012/images/capa/recapitulando.png.

Em resumo, o desenvolvimento do psicodiagnóstico, ao longo dos anos,


foi marcado por mudanças provocadas pelas transformações ocorridas na
sociedade e pelos debates teóricos e reflexões éticas e clínicas suscitadas em
cada momento histórico (AMPARO, 2013; REPPOLD, 2011).

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

Em seus primórdios, esteve sob a primazia da influência dos modelos médico,


psicométrico e behaviorista e da utilização dos testes psicológicos, contribuindo
para que socialmente o psicólogo fosse referenciado como um profissional “(...)
com tendência de ser um aplicador de testes, submetido a um modelo de trabalho
frio, desumanizado e superdetalhista” (LAZZARI; SCHMIDTI, 2008, p.12).

O advento da Psicanálise significou um marco referencial em seu desenvolvimento,


pois a teoria e a técnica psicanalíticas possibilitaram um novo olhar sobre o
que acontece na relação entre o psicólogo e a pessoa em avaliação (LAZZARI;
SCHMIDTI, 2008; CARRASCO E POTTER, 2005; OCAMPO; ARZENO, 2001; CUNHA,
2000).

Não podemos nos esquecer de que o Psicodiagnóstico é uma prática


exclusiva dos psicólogos (CUNHA, 2000; CFP, 2011) e o seu desenvolvimento
possibilitou a inclusão do psicólogo em variados contextos de ação profissional.
Sua importância é historicamente reconhecida.

Ao longo do seu desenvolvimento, muitos avanços ocorreram e outros ainda se


fazem necessários. E, como psicólogos, temos a responsabilidade ética/clínica/
profissional de garantirmos a qualidade dos serviços por nós oferecidos (CFP, 2011).

Existem quatro modalidades de psicodiagnóstico. No Brasil, o modelo mais


utilizado é o tradicional ou clássico.

O foco do nosso curso será o Psicodiagnóstico tradicional ou clássico na avaliação


de adultos.

Uma pequena pausa antes de prosseguirmos...

Figura 5.

Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-zd_P05PAKsI/UcXZqEKI36I/AAAAAAAAF-w/VBIOgFCGKTg/s1600/pausa+para+reflex%C3%A3o.jpg>.

Anteriormente, ressaltamos que conhecer a história da Avaliação Psicológica é uma das


competências em Avaliação Psicológica a serem desenvolvidas pelo psicólogo.
Devido às limitações deste curso, não nos é possível aprofundarmos no tema. Dessa forma,

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FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

apresentamos, a seguir, uma lista de textos e vídeo para que você possa complementar
seus estudos.

Recomendamos que você faça isso durante o estudo do Capítulo 1, preferencialmente,


antes de prosseguirmos para o próximo ponto: O contexto brasileiro. Bons estudos!

AVOGLIA. H. R. C. O sentido da avaliação psicológica no contexto e para o


contexto: uma questão de direito – Comunicações. Psicólogo – inFormação,
ano 16, n.16, jan. /dez. 2012, pp179-190.

BORSA, J. C. Considerações sobre a formação e a prática em avaliação psicológica


no Brasil. Temas em Psicologia, 2016, v. 24, n.101, pp.131-143.

HAMDAN, A. C. Avaliação psicológica e teste psicológico. (2016). Recuperado


em 21/01/2017 de https://amerhamdan.com/2016/09/12/avaliacao-psicologica-
e-teste-psicologico/

HAMDAN, A. C. História da avaliação psicológica no Brasil. (2015). Recuperado


em 21/01/2017 de https://amerhamdan.com/historia-da-avaliacao-psicologica-
no-brasil/

PRIMI, R. Avaliação psicológica no Brasil: Fundamentos, situação atual e direções


para o futuro. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2010, v.26 n. especial, PP.25-35.

SOARES, A. R. A psicologia no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 2010, 30


(núm. esp.), 8-41. Recuperado em 21/01/2017 de https://drive.google.com/file/
d/0B2nmkhyjqyveUUpBR3V3eW9MT1U/view?usp=drive_web

História da Avaliação Psicológica – Amer Cavalheiro Hamdan. Publicado em


14/08/2014. https://www.youtube.com/watch?v=4wRm2BnI2zs

O contexto brasileiro
Figura 6.

Fonte: <http://www.usp.br/prolam/images/fluxo.jpg>.

17
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

Faremos, agora, uma descrição panorâmica sobre os principais movimentos e atividades


ocorridas no Brasil, nas últimas décadas, e que contribuíram para o desenvolvimento
do psicodiagnóstico no cenário nacional.

No Brasil, principalmente nas duas últimas décadas, tanto por parte dos psicólogos
como por parte de outros profissionais e da sociedade em geral, ocorreu um aumento
do interesse, do cuidado e da preocupação com o rigor nas atividades de Avaliação
Psicológica, o que envolve uma preocupação com a postura ética e com a capacitação
técnica dos profissionais de psicologia (BORSA, 2016; VILLEMOR-AMARAL, 2016;
NORONHA et al, 2014; CFP, 2011; FRIZZO, 2004; NORONHA, 2002).

Com efeito, observa-se que, nos últimos anos, o número de congressos específicos sobre
o tema aumentou, assim como a criação de laboratórios, de linhas de pesquisa e de
cursos de mestrado e de doutorado na área, oferecidos pelas universidades. Entretanto,
ainda há muito que melhorar em termos de qualificação da competência em avaliação
psicológica e dos serviços oferecidos pelos psicólogos (VILLEMOR-AMARAL, 2016;
HUTZ; BANDEIRA, 2003; NORONHA; REPOLD, 2010).

É fundamental destacarmos que o Conselho Federal de Psicologia (CFP), órgão que


regulamenta a profissão, tem tomado medidas para qualificar as atividades de avaliação
psicológica, publicando resoluções e textos esclarecedores para orientar os psicólogos
no exercício dessa prática (VILLEMOR-AMARAL, 2016; BORSA, 2016; NORONHA;
REPPOLD, 2010, CFP, 2005, 2010, 2011).

Nessa perspectiva, ressaltamos quatro resoluções do CFP publicadas na década passada


e que muito contribuíram para a avaliação psicológica no Brasil. Assim, temos:

1. a Resolução n° 016/2002 que dispõe acerca do trabalho do psicólogo na


avaliação psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e
condutores de veículos automotores (CFP, 2002);

2. a Resolução nº 002/2003 que define e regulamenta o uso, a elaboração


e a comercialização de testes psicológicos (CFP, 2003a) e apresenta os
requisitos mínimos que atestam a qualidade de um teste psicológico;

3. a Resolução n° 007/2003, responsável por instituir o Manual de


Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo,
decorrentes de avaliação psicológica (CFP, 2003b) e também orientar
sobre aspectos técnicos e éticos; e

4. a Resolução nº 018/2008 que dispõe acerca do trabalho do psicólogo na


avaliação psicológica para concessão de registro e/ou porte de arma de
fogo (CFP, 2008).

18
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

Outra contribuição fundamental foi o desenvolvimento do Sistema de Avaliação de


Testes Psicológicos – SATEPSI, criado pelo CFP em 2003, em decorrência da Resolução
no 002/2003 (CFP, 2003a). O SATEPSI é responsável pela elaboração e apreciação dos
requisitos para que os testes psicológicos possam ser comercializados e utilizados por
psicólogos no contexto brasileiro (CFP, 2014).

Sem dúvida alguma, o SATEPSI é um grande recurso para os psicólogos e para a sociedade
em geral, pois seu site (http://satepsi.cfp.org.br/) é de livre acesso e disponibiliza
as resoluções e as publicações do CFP sobre a avaliação psicológica (BORSA, 2016;
CFP 2011 e 2014). Além disso, também apresenta as listas de testes psicológicos
aprovados, dos testes desfavoráveis e, também, dos que ainda não foram avaliados pelo
CFP (CFP, 2011).

Já na década atual, em 2010, o Conselho Federal de Psicologia publicou o documento


Avaliação Psicológica: Diretrizes na Regulamentação da Profissão (CFP, 2010).
Nesse documento, o CFP reassegurou sua preocupação e compromisso com as atividades
de avaliação no cenário brasileiro e, ao mesmo tempo, reafirmou os princípios éticos
de respeito à pessoa avaliada, bem como o compromisso com os Direitos Humanos, na
realização dessa atividade (BORSA, 2016).

Na sequência, o Sistema de Conselhos (composto pelo Conselho Federal de Psicologia


e pelos Conselhos Regionais) designou o ano 2011/2012 como o Ano da Avaliação
Psicológica, fomentando discussões e produção científica/ teórica sobre o tema (BORSA,
2016; AVOGLIA, 2012; CFP, 2005, 2010, 2011, 2012, 2013).

Em 2011, o CFP lançou o documento Ano da Avaliação Psicológica – Textos


geradores (CFP, 2011) para guiar as discussões no cenário nacional, tendo como
objetivos fazer o mapeamento dos requisitos para a melhoria e o desenvolvimento da
área de avaliação psicológica e promover discussões sobre como adequar as estratégias
e técnicas de avaliação aos princípios éticos que regem a profissão e às diferentes
contexturas nas quais essas estratégias são utilizadas.

Para fomentar as discussões, esse documento apontou três eixos temáticos relacionados
entre si. São eles:

1. os critérios de reconhecimento, qualificação e validação da avaliação


psicológica, tendo os Direitos Humanos como referência;

2. a avaliação psicológica como um processo; e

3. a qualidade da formação do profissional nessa atividade (CFP, 2011;


AMBIEL, 2011; AVOGLIA, 2012; BORSA, 2016).

19
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

A partir desses três eixos temáticos, várias atividades foram promovidas pelo CFP e
Conselhos Regionais, no período entre 2011 e 2012. Como resultado desses trabalhos, o
CFP publicou dois documentos:

1. o Relatório do Ano Temático da Avaliação Psicológica 2011/2012 (CFP,


2013); e

2. a Cartilha sobre Avaliação Psicológica, revista e atualizada (CFP, 2013).

Convém ressaltar que todas as medidas e textos produzidos pelo CFP e pesquisadores são
um grande acervo de conhecimento e referencial para a prática dos profissionais nessa
área, na medida em que é uma fonte de informações e orientações sobre os aspectos
éticos, teóricos e metodológicos sobre a avaliação psicológica, em seus diversos contextos.
Por certo, essa fonte possibilita o aprimoramento da qualificação dos profissionais e dos
serviços psicológicos oferecidos à população brasileira (CFP, 2013 cartilha).

Mais adiante, veremos as recomendações do CFP. Agora é o momento de estudarmos


as principais definições.

Algumas definições essenciais


Afinal, o que é psicodiagnóstico?

Figura 7.

Fonte: <http://www.amcconsult.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Burocratiza%C3%A7%C3%A3o-5.png>.

Anteriormente, solicitamos que você elaborasse o “seu” conceito de psicodiagnóstico


e o guardasse. Agora é o momento de você retomar esse exercício.

Releia o conceito elaborado por você.

Em seguida, faça a leitura dos conceitos apresentados pela literatura especializada.

Por último, compare o seu conceito com os da literatura especializada analisando


os pontos em comum e os pontos divergentes.

20
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

Veremos, agora, as diferenciações e principais conceitos sobre os procedimentos clínicos


relacionados às atividades de avaliação.

Avaliação Psicológica: O Conselho Federal de Psicologia, na Resolução


n° 007/2003, define como um “processo técnico e científico de coleta de dados,
estudo e interpretação das informações a respeito dos fenômenos psicológicos,
que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se,
para tanto, de estratégias psicológicas − métodos, técnicas e instrumentos.
Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes
históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como
instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação
desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a
conclusão do processo de avaliação psicológica” (CFP, 2003a).

Psicodiagnóstico: “é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza


técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para
entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos
específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando
os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso”
(CUNHA, 2000, p. 26). Esse processo consiste, especialmente, “na identificação de
forças e fraquezas no funcionamento psicológico e se distingue de outros tipos
de avaliação psicológica de diferenças individuais por seu foco na existência ou
não de psicopatologia” (CUNHA, 2000, p. 35).

Método: “conjunto de ações fundamentadas em teorias, que se constitui na


relação de permanente confronto com o empírico. Trata-se de um conjunto
sistematizado de representações teóricas mais gerais que têm um marco teórico
estabelecido, o qual integra tanto as ideias como as experiências vividas pelos
profissionais” (ANACHE, 2011, p.17).

Estratégias de avaliação: referem-se à metodologia adotada pelo psicólogo


para realizar a avaliação. Consistem numa variedade de abordagens e recursos, a
saber, referencial teórico, técnicas, métodos e instrumentos, tais como os testes e
entrevistas (CUNHA, 2000). Podem ser compreendidas como todo o “referencial
técnico de que se dispõe para o desenvolvimento de um procedimento
de conhecimento: entrevista, observação, testes psicológicos, dinâmica de
grupo, demais técnicas características do campo do conhecimento e pesquisa
documental” (SIQUEIRA & OLIVEIRA, 2001, p.46).

Testes psicológicos: “são instrumentos de avaliação ou mensuração de


características psicológicas, constituindo-se um método ou uma técnica

21
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

de uso privativo do psicólogo” (CFP, 2003). São utilizados como recursos na


avaliação psicológica e/ou no psicodiagnóstico, com o objetivo de fornecer
mais informações ao avaliador. Um teste psicológico é [...] “fundamentalmente
uma mensuração objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento,
uma verificação ou projeção futura dos potenciais do sujeito” (SILVA,
2008, p.2).

Agora é o momento de você comparar o seu conceito de psicodiagnóstico com


os da literatura especializada.

Quais são os pontos em comum?

E quais são os pontos divergentes?

Você condensava vários conceitos em um só?

Dito de outro modo, o seu conceito de psicodiagnóstico abarcava os conceitos


de estratégias, método e testes psicológicos, por exemplo?

Agora, você percebe que está mais esclarecido e os conceitos diferenciados?

Antes de continuar no próximo item, leia mais uma vez os conceitos: Avaliação
Psicológica, Psicodiagnóstico, Estratégias de Avaliação, Método e Testes
psicológicos.

Explorando o conceito de Psicodiagnóstico


É muito importante podermos explorar e qualificar um conceito construído, buscando,
por um lado, relacioná-lo e aplicá-lo em diferentes contextos e, por outro, amplificar sua
compreensão e verificar sua interação com outros fatores e outros conceitos relevantes
(NAVES, 2007; TAVARES 2004ª).

Para explorarmos um conceito, destacamos alguns aspectos característicos de uma


definição e os discutimos. Agora, vamos rever o conceito de psicodiagnóstico e, em
seguida, destacar e discutir suas características mais importantes.

Cunha (2000.) define o psicodiagnóstico como um processo científico, limitado


no tempo e com etapas predeterminadas, que se inicia com o prévio levantamento
de hipóteses a serem investigadas, podendo ser refutadas ou confirmadas.
A investigação gerará resultados a serem comunicados. A maneira como essas
etapas se desenvolverão dependerá da complexidade da demanda, a qual definirá
quais os objetivos a serem alcançados.

22
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

Observe que em nossa releitura da definição de Cunha (2000) destacamos alguns


termos em negrito, a saber: processo, científico, limitado, etapas predeterminadas,
investigação, resultados, comunicados, demanda e objetivos. Os termos destacados
representam características fundamentais do psicodiagnóstico e também já anunciam
como esse processo ocorre, ou seja, apontam quais são os diferentes momentos/ etapas
do seu desenvolvimento.

Neste momento, teremos apenas uma visão panorâmica sobre as etapas ou passos do
psicodiagnóstico, pois nos aprofundaremos sobre o tema na terceira unidade.

Agora, veremos mais detalhadamente cada termo destacado no conceito. Isso é muito
importante para termos uma visão integradora desta atividade.

O termo processo possui vários sentidos. Entre eles, nos interessam três sentidos: o
de método, o de seguimento e o de desenvolvimento gradativo. Assim, temos:

a. Processo como método: refere-se ao modo como a atividade é


realizada. Implica um sistema de técnicas, recursos e procedimentos
utilizados para a realização das atividades avaliativas.

b. Processo como seguimento: como o próprio termo indica, traz a


ideia de curso, de continuação, de encadeamento numa sucessão de fatos
e/ou atividades.

c. Processo como desenvolvimento gradativo: refere-se à ideia de


movimento, de crescimento, de uma evolução gradual.

Sintetizando, compreender o psicodiagnóstico como um processo significa


reconhecer que se trata de um conjunto de procedimentos, recursos e técnicas de
avaliação (método), a serem realizados numa sequência de momentos ou etapas, no
decurso do tempo (seguimento), em cujos momentos, e aos poucos, vai se obtendo
informações sobre a pessoa ou grupo em avaliação (desenvolvimento gradativo).
Vejamos as outras características.

O psicodiagnóstico constitui-se como um processo científico, pois todo seu conjunto


de procedimentos, recursos e técnicas de avaliação tem respaldo e fundamentos
científicos, ou seja, é decorrente das pesquisas em psicologia. Isso implica afirmar
que, para se realizar um psicodiagnóstico, o profissional deverá se utilizar apenas de
estratégias de avaliação reconhecidas e aprovadas pelo Conselho Federal de Psicologia.

Quanto às etapas predeterminadas, como a própria expressão indica, os recursos ou


técnicas a serem utilizados, assim como a quantidade de encontros a serem realizados
são determinados e combinados previamente.
23
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

O psicodiagnóstico é delimitado no tempo. Esse marco temporal indica que o processo


possui começo, meio e fim, o que é evidenciado com as etapas predeterminadas, ou seja,
sabe-se de antemão, quanto tempo será necessário para realizar todo o processo, pois
esse ocorrerá com um número de encontros estabelecidos e combinados previamente,
de acordo com o plano de avaliação.

Em relação à investigação, ressaltamos que todo processo avaliativo é investigativo.


Assim, a investigação estará presente em todas as etapas do processo de psicodiagnóstico,
com menor intensidade na sessão ou sessões de comunicação ou como chamamos,
na(s) devolutiva(s).

Por sua vez, o termo demanda relaciona-se ao solicitante. Refere-se a quem nos solicita
o psicodiagnóstico e pode ser uma instituição ou uma pessoa, como um psiquiatra, um
psicólogo ou uma escola, por exemplo.

Por último, o termo resultados refere-se às informações obtidas durante todo o processo.
Esse conjunto de informações deverá ser integrado e comunicado ao solicitante, por
meio do Laudo Psicológico, e também à pessoa avaliada, por meio da devolutiva.

Agora ficou mais claro e possível de entender e reconhecer o psicodiagnóstico


como um processo complexo e multifacetado, não é mesmo?

Propomos mais um exercício...

Baseado nessa discussão que acabamos de fazer ao explorarmos o conceito de


psicodiagnóstico, tente vislumbrar as etapas desse processo.

Consegue se imaginar realizando essas atividades?

Sigamos em frente com nossos estudos!

Objetivos do psicodiagnóstico
Ao descrevermos o conceito de psicodiagnóstico, apontamos que os objetivos deste
serão definidos pela demanda, também conhecida como a fonte da solicitação. A esse
respeito Cunha (2000) nos esclarece que “o processo do psicodiagnóstico pode ter um
ou vários objetivos, dependendo dos motivos alegados ou reais do encaminhamento
e/ou da consulta, que norteiam o elenco de hipóteses inicialmente formuladas, e
delimitam o escopo da avaliação” (p. 26).

Em outras palavras, podemos afirmar que a finalidade ou metas de um psicodiagnóstico


vão variar de acordo com a natureza dos motivos de sua solicitação, e esta poderá ser
mais simples ou mais complexa.

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FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

Nessa perspectiva, de acordo com AVOGLIA, (2012), AFFONSO (2005) e CUNHA


(2000), a princípio, são objetivos básicos do psicodiagnóstico:

1. Classificação simples, como por exemplo, a avaliação intelectual.

2. Descrição: de competências ou desempenhos, por exemplos.

3. Classificação nosológica: diagnóstico de psicopatologia.

4. Diagnóstico diferencial: esclarecer alternativas diagnósticas em


psicopatologia.

5. Avaliação compreensiva: determinação do funcionamento da personalidade,


tais como funções do ego, defesas, entre outras.

6. Entendimento dinâmico: explicações de comportamentos e definições de


focos terapêuticos.

7. Prevenção: identificação precoce de problemas.

8. Prognóstico: determinar o curso provável do desenvolvimento do caso.

9. Perícia forense: avaliar competências ou patologias associadas, por


exemplo, às infrações da lei.

É importante ressaltar que, associado a estes objetivos descritos acima, o psicodiagnóstico


também busca apreender o indivíduo de forma integrada e de maneira mais abrangente,
profunda e complexa possível (CFP, 2003, 2010, 2011 e 2012; TAVARES, 2012 e 2003;
AVOGLIA, 2012) e, primordialmente, trazer benefícios às pessoas envolvidas, assim
como promover a saúde e o desenvolvimento psíquico destas (CFP PRIMI, 2005;
LAZZARI; SCHIMIDT, 2008). Vejamos agora as orientações do Conselho.

Tarefa árdua essa que a psicologia aplicada tem por fazer, em sua
função sempre em essência psicodiagnóstica. Tarefa de apreender
e encapsular por momentos o espírito humano, que, no momento
seguinte, já nos escapa fugidiamente sendo algo mais. É esse
o trabalho que o pensamento psicodiagnóstico precisa fazer
(PERSICANO, 2000, p.94).

Que aprendizado você pode obter com essa citação de Persicano?

25
CAPÍTULO 2
Orientações do Conselho Federal de
Psicologia e aspectos éticos
no psicodiagnóstico

Figura 8.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-3evye2ur40A/Tgie67bpaEI/AAAAAAAAKtE/KL-JPD-Ei2g/s320/SIMBOLO%2BDO%2BCONSELHO%2BFED
ERAL%2BPSI.jpg>.

Orientações do Conselho Federal de


Psicologia - CFP
Além do Código de Ética Profissional do Psicólogo (CFP, 2005) o Conselho Federal de
Psicologia publicou diversos documentos normalizadores sobre a avaliação psicológica.
A relação desses documentos está elencada na Cartilha sobre Avaliação Psicológica
(CFP, 2013) e pode ser consultada no site do CFP (www.pol.org.br), bem como no
SATEPSI (http://satepsi.cfp.org.br/). Para os objetivos deste curso, faremos uma
síntese dos aspectos principais a serem observados e seguidos pelo psicólogo, para a
realização do psicodiagnóstico.

Pelo nível de importância, novamente ressaltamos que o planejamento e a realização do


processo avaliativo - que implica na definição do número de sessões e questões a serem
respondidas, assim como a escolha dos instrumentos/técnicas de avaliação a serem
utilizados - são de competência do psicólogo (CFP 2003, 2010, 2011 e 2012)

No decorrer de todo o processo psicodiagnóstico, o psicólogo deve fundamentar-se na


reflexão e definição de cinco elementos, a saber:

1. o contexto em que o psicodiagnóstico está inserido;

2. os propósitos desse processo;

26
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

3. os construtos psicológicos investigados;

4. a adequação das estratégias escolhidas às características da pessoa


avaliada; e

5. as condições metodológicas, técnicas, e de operacionalização dessas


estratégias (CFP 2003, 2010, 2011 e 2012).

Sem dúvida, cada profissional é responsável pela sua formação e capacitação, com o objetivo
de desenvolver atitudes, competências e habilidades para o exercício da prática clínica.

Mediante a sua complexidade, o psicodiagnóstico exige que o profissional desenvolva


competências específicas para ser capaz de realizar um trabalho com eficiência
e de maneira adequada. Nesse sentido, o CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
(2011) estabelece que, para realizar o psicodiagnóstico, é necessário que profissional
de psicologia:

a. compreenda que a avaliação psicológica e, consequentemente, o


psicodiagnóstico constitui-se num processo;

b. tenha conhecimento de toda a legislação brasileira relacionada aos


processos de avaliação, especialmente o Código de Ética Profissional do
Psicólogo e as resoluções do CFP;

c. tenha uma formação ampla em Psicologia, conhecendo seus fundamentos


básicos e se aprimorando no estudo da avaliação das funções mentais
elementares e superiores (consciência, orientação, percepção, entre
outras);

d. tenha aprofundamento nos conhecimentos em Psicopatologia, para avaliar


e identificar a existência de transtornos mentais.

e. tenha conhecimentos em Psicometria para saber refletir sobre os


construtos, validade e precisão clínica para o uso de testes psicológicos;

f. desenvolva as competências necessárias para a utilização dos testes e\ ou


instrumentos psicológicos;

g. saiba produzir documentos psicológicos relacionados aos processos


avaliativos;

h. saiba transmitir ou comunicar as informações obtidas no psicodiagnóstico;


e

i. saiba conduzir ou manejar uma entrevista de devolução.

27
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

Diante desse quadro complexo de ações a serem realizadas e de competências específicas


a serem adquiridas, cabe a cada profissional de psicologia o compromisso de reconhecer
a necessidade de que precisamos manter e investir em nossa formação continuamente.

Princípios éticos no psicodiagnóstico


Figura 9.

Fonte: <http://www.selbetti.com.br/selbetti/imagens/content/etica/etica.png>.

Avaliar só faz sentido se desencadear transformações e mudanças,


assim como preconizam os Direitos Humanos. A avaliação
psicológica busca garantir a autonomia dos homens por meio
do conhecimento sobre si mesmo e pode possibilitar que o
indivíduo seja empoderado de sua própria história de vida, e
não, simplesmente, impossibilitado de seguir vivendo, reduzido
a uma patologia ou a uma incapacidade. A validade da avaliação
presume, além da observação das exigências éticas, a qualidade
técnica, a coerência teórica e metodológica. Da mesma forma, o
psicólogo, ao obter dados sobre a vida do indivíduo, passa a ter
uma responsabilidade social diante dessas informações, pois
elas podem subsidiar decisões e ações sobre a vida da pessoa
(ANACHE, 2011, pp.188).

Qual a sua reflexão sobre a relação existente entre a psicologia e os Direitos


Humanos?

A Associação Americana de Psicologia – APA (2002) preconiza que os psicólogos


devem ter como preceitos éticos: competência, integridade, responsabilidade científica
e profissional, respeito pela dignidade e direitos das pessoas, compromisso com o bem-
estar do outro e responsabilidade social (REPPOLD; ANACHE, 2011).

No Brasil, nas últimas décadas, as produções do Conselho Federal de Psicologia


proporcionaram a reflexão sobre como os processos de avaliação, entre eles o
28
FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO │ UNIDADE I

psicodiagnóstico, devem ser pautados em ações com responsabilidades ética, social


e cidadã e que assegurem e promovam os Direitos Humanos e o bem-estar dos
indivíduos que utilizam esses serviços (AVOGLIA, 2012; REPPOLD, 2011, CFP, 2003,
2010, 2011 e 2012).

Sem dúvida, promover o bem-estar é uma responsabilidade social e está vinculada


à responsabilidade profissional de capacitar-se com qualidade e escolher técnicas
adequadas para sua prática (.REPPOLD; ANACHE, 2011). A esse respeito, TAVARES
(2011) esclarece que:

[...] a ação ética pressupõe o respeito pela dignidade e pelos direitos


das pessoas; o cuidado com o bem-estar das pessoas; o zelo pelos dados
coletados e pelo modo de armazená-los; o cuidado com o modo como
a informação ou os resultados derivados da avaliação serão utilizados
(para evitar o mau uso dessas informações); o zelo pela segurança e
preservação dos testes [...] (p.44)

Em outras palavras, a ação ética envolve toda a prática do psicólogo. Em se tratando do


psicodiagnóstico, perpassa todas as etapas do processo e as transcende, pois envolve a
guarda dos instrumentos e das informações coletadas.

O Conselho Federal de Psicologia orienta que, na prática de avaliações psicológicas, o


psicólogo deve estar atento aos seguintes princípios éticos: (CFP, 2011)

1. Atuar de forma responsável, sempre buscando aprimorar sua competência


profissional e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento da
Psicologia enquanto ciência e profissão.

2. Sempre utilizar testes e instrumentos psicológicos aprovados pelo


Conselho Federal de Psicologia, os quais podem ser conferidos
consultando-se o site do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos –
SATEPSI.

3. Sempre utilizar instrumentos para os quais possua qualificação, ou seja,


que tenha conhecimento e domínio sobre o referencial teórico que os
sustentam, as técnicas de realização e de interpretação dos dados.

4. Garantir a adequabilidade do contexto ambiental para a realização dos


procedimentos avaliativos assegurando, assim, a qualidade e o sigilo dos
dados levantados durante o processo.

5. Assegurar que os instrumentos e os documentos advindos da avaliação


psicológica estejam seguramente arquivados.

29
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS E IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO PSICODIAGNÓSTICO

6. Disponibilizar informações decorrentes de avaliações somente às pessoas


a quem, de direito, elas de destinam.

7. Garantir e proteger a integridade dos testes, ou seja, além de guardá-los


em local seguro não os divulgar, comercializar ou ensinar às pessoas que
não são da área da psicologia.

Sem sombra de dúvidas, respeitar e seguir esses preceitos éticos apontados pelo Conselho
Federal de Psicologia além de resguardar o campo e os instrumentais psicológicos
também resguarda o profissional no exercício da profissão.

Com efeito, a maioria das representações contra psicólogos nos Conselhos Regionais
de Psicologia referem-se aos processos de avaliação psicológica e, principalmente, à
elaboração dos documentos decorrentes destes processos (CFP 2011, 2012).

No próximo capítulo, conversaremos sobre os principais recursos para a realização do


psicodiagnóstico.

Apresentamos, a seguir, uma seleção de vídeos para o seu enriquecimento.

Entre nós – Avaliação Psicológica - Conselho Federal de Psicologia. Publicado


em 11/06/2015. <https://www.youtube.com/watch?v=asBtAZJxA3g&feature=y
outu.be>.

Avaliação Psicológica [Parte 1/3] – Alessandra A. S. Matias. Publicado em


22/01/2115. <https://www.youtube.com/watch?v=AALb2iStB68>.

Avaliação Psicológica [Parte 2/3] – Alessandra A. S. Matias. Publicado em


22/01/2115. <https://www.youtube.com/watch?v=JyoJpjqGgmg>.

Avaliação Psicológica [Parte 3/3] – Alessandra A. S. Matias. Publicado em


21/04/2115. <https://www.youtube.com/watch?v=iNClwv94UlU>.

30
PRINCIPAIS
RECURSOS PARA O
PSICODIAGNÓSTICO E UNIDADE II
ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS
EM ENTREVISTA
Nesta unidade, conversaremos sobre os recursos básicos para o psicodiagnóstico, a saber:
a entrevista clínica, incluindo a história do examinando e o exame psíquico ou Exame
do Estado Mental - EEM. Conversaremos, também, sobre as estratégicas específicas em
entrevista, apresentando os pontos mais importantes acerca da SCID, uma entrevista
semiestruturada para a avaliação dos transtornos mentais.

CAPÍTULO 1
Principais recursos para o
Psicodiagnóstico: Entrevista clínica,
anamnese e Exame psíquico

Neste capítulo, apontaremos alguns tipos de entrevista clínica, ressaltando as entrevistas


semiestruturadas, nas modalidades: anamnese, diagnóstica e devolutiva.

Figura 10.

Fonte: <https://image.slidesharecdn.com/entrvistaclinica-130813133104-phpapp01/95/entrvista-clinica-1-638.
jpg?cb=1376401216>.

31
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

A entrevista clínica
Entre as técnicas de avaliação, a entrevista clínica (e a entrevista lúdica, para crianças)
é a mais comumente utilizada. Ela não é uma técnica unitária, pois existem diferentes
maneiras de realizá-la e dependerá dos objetivos e da formação do entrevistador
(TAVARES, 2000).

No psicodiagnóstico, é realizada no inicio do processo, podendo ocorrer em mais


de um encontro. Cada entrevista possui seus objetivos próprios, mas de um modo
geral, a entrevista tem como objetivos: acolher a pessoa, identificar a demanda
psicológica ou motivos para a solicitação do psicodiagnóstico, informar e orientar
sobre o desenvolvimento do processo, vislumbrar uma compreensão da dinâmica de
funcionamento da pessoa em avaliação e apresentar informações que contribuam para
a elaboração de hipóteses diagnósticas. (AFFONSO, 2005). Nesses momentos, faz-se o
levantamento da queixa, da história clínica e da história pessoal.

No contexto da psicologia, a entrevista clínica é:

um conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado,


dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos
psicológicos, em uma relação profissional, com o objetivo de descrever
e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal,
família, rede social), em um processo que visa a fazer recomendações,
encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção em benefício
das pessoas entrevistadas (TAVARES, 2000, p.45).

A entrevista possui grande valor clínico, pois possibilita:

a. o acesso a informações gerais sobre a história de vida.

b. a percepção da demanda psicológica, ou seja, das motivações que levaram


a pessoa ao processo de psicodiagnóstico.

c. o conhecimento de informações mais detalhadas e específicas como hábitos,


opiniões, fantasias, comportamentos, crenças, valores e motivações.

d. a identificação de características da personalidade.

e. uma compreensão sobre o funcionamento psicodinâmico da pessoa,


evidenciando mecanismos de defesa.

f. a formulação de hipóteses diagnósticas (NAVES, 2013; MORRINSON,


2010; RODRIGUES, 2009; AFFONSO, 2005; TAVARES, 2000A E 2000B).

Agora, veremos alguns tipos de entrevista.


32
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Tipos de entrevista clínica

Existem diferentes tipos de classificação das entrevistas clínicas podendo ser de acordo
com o enquadramento teórico, com os objetivos ou com a estrutura ou forma (NAVES,
2013; TAVARES, 2000ª). Abordaremos, brevemente, a classificação das entrevistas de
acordo com a estrutura ou forma e de acordo com os objetivos ou finalidade.

Classificação de acordo com a estrutura ou forma


da entrevista1

A maioria dos autores concorda com a classificação das entrevistas quanto ao seu aspecto
formal, dividindo-as em:

a. estruturadas, diretivas ou fechadas;

b. não diretivas, inestruturadas, não estruturadas, abertas ou de livre


estruturação; e

c. semiestruturadas (NAVES, 2013; RODRIGUES, 2009; AFFONSO, 2005;


MOURA & FERREIRA, 2005, TAVARES, 2000a).

Para os objetivos deste trabalho, focaremos na discussão sobre as entrevistas


semiestruturadas.

As entrevistas clínicas semiestruturadas apresentam-se na forma de roteiros


padronizados de perguntas que deverão ser ajustadas em cada situação clínica, de
acordo com as necessidades do momento de entrevista.

Figura 11.

Fonte: <http://blog.linkmyjob.com/2013/06/>.

1 Este texto foi adaptado para este caderno e é parte integrante da tese: NAVES, M. Formulação de casos com Transtorno
Bipolar I por meio da análise de categorias descritivas e psicodinâmicas. Tese de Doutorado. Universidade de
Brasília: Brasília, 2013.

33
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

Nessa técnica, o entrevistador tem a liberdade de construir e acrescentar novas


questões, com o objetivo de evidenciar e/ ou investigar pontos que julgar importantes
para a avaliação de determinado fenômeno e que não foi satisfatoriamente abarcado
pelo roteiro (RODRIGUES, 2009; MOURA; FERREIRA, 2005; TAVARES, 2000A e
2000B).

Essa liberdade presente nas técnicas de semiestruturação requer a competência


e o exercício do julgamento clínico do entrevistador. Isso quer dizer que essas
técnicas objetivam ajudar e intensificar e não substituir e subjugar experiência do
profissional ou o seu julgamento clínico, pois a padronização da técnica não significa a
aplicação mecânica desta (FIRST, FRANCES; PINCUS, 2004; APA, 2002; TAVARES,
2000B).

Nas últimas décadas, as técnicas de entrevista semiestruturada têm contribuído para


o desenvolvimento da qualidade nas pesquisas, no ensino e na prestação de serviços
em Saúde Mental. (NAVES, 2013; RODRIGUES, 2009; SILVA et al., 2006; TAVARES,
2000B E 1997; FENNIG et al., 1994). Elas podem ser consideradas como as principais
responsáveis pelo aumento da validade e da confiabilidade dos diagnósticos realizados
por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e outros profissionais de Saúde Mental
no contexto nacional e no estrangeiro. Existe hoje considerável literatura apontando
para a importância clínica desse tipo de instrumento diagnóstico, cuja utilização é
claramente recomendada para exames clínicos na avaliação dos transtornos mentais.
(TAVARES, 1997 e 2012).

O desenvolvimento e a utilização de instrumentos padronizados têm possibilitado, por


um lado, o aumento da validade diagnóstica e da consistência entre as formulações
diagnósticas de diferentes profissionais com diversas orientações e formações e, por
outro, uma maior adequação do planejamento do tratamento. Por consequência, tem-se
um aumento na eficácia dos tratamentos.

Além disso, a padronização de instrumentos também possibilita o aumento na qualidade


das pesquisas (com uma maior precisão de classificação diagnóstica) e a criação de
bancos de dados para uso administrativo e de pesquisa (TAVARES, 2000b).

Estudos demonstram que os instrumentos semiestruturados são mais efetivos


para produzir diagnósticos principais corretos, para aumentar a homogeneidade e
a confiabilidade diagnóstica (NAVES, 2013; RODRIGUES, 2009; CUNHA, 2000;
TAVARES, 2000B E 1997; COX, HOPKINSON; RUTTER, 1981; COX, RUTTER;
HOLBROOK, 1981) e para revelar diagnósticos secundários (MORRINSON, 2010), do
que as abordagens mais livres.

34
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Figura 12.

Fonte: <https://intervencaopsi.wordpress.com/2014/04/17/entrevista-clinica-e-anamnese/>.

No Brasil, o uso e as pesquisas sobre as técnicas semiestruturadas ainda são novos


(RODRIGUES, 2009; TAVARES, 2000b), mas já existem trabalhos de grande relevância
nos diversos contextos de pesquisa, de ensino e de aplicabilidade clínica como, por
exemplo, a EDAO – Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada, para avaliação da
eficiência adaptativa, visando à prevenção da perda adaptativa (SIMON, 1993 e 1989), a
ESAP – Entrevista Semiestruturada para Autópsia Psicológica (WERLANG; BOTEGA,
2003; WERLANG, 2000a e 2000b) e a HEARTS – Entrevista de História e Avaliação
de Risco de Tentativas de Suicídio. (RODRIGUES, 2009; TAVARES et al., 2007 e 2004;
MONTENEGRO, 2006).

Por outro lado, estudos envolvendo as versões brasileiras de instrumentos com valores
clínicos e de pesquisa, reconhecidos no exterior, também vêm ganhando espaço no
cenário nacional. Temos como exemplo a SCID-5 - Entrevista Clínica Estruturada para
o DSM-5 (Structured Clinical Interview for DSM) - (TAVARES, 2000b; FIRST et al.,
1994; SPITZER et al., 1992, APA, s\d), considerada atualmente como o instrumento
mais abrangente para a avaliação dos transtornos mentais e que, ao mesmo tempo,
tem se apresentado como referência para o desenvolvimento de outros instrumentos
de avaliação, assim como para o desenvolvimento de pesquisas, da prática clínica e
do ensino (TORRENS et al., 2004; SPRINKLE, 2002; DEL BEM et al., 2001 e 1996;
VENTURA et al., 1998; SCARVALONE e cols., 1996; SEGAL et al., 1994).

Vale ressaltar que as entrevistas semiestruturadas são as mais utilizadas na prática do


psicodiagnóstico, dada a sua maior utilidade clínica.

Classificação de acordo com os objetivos


da entrevista
Existe uma grande diversidade de objetivos que se modificam em conformidade com o
referencial teórico e com a pessoa atendida, por exemplo. Entre as várias possibilidades
de entrevistas, classificadas quanto a sua finalidade, abordaremos apenas algumas
35
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

modalidades mais importantes para o psicodiagnóstico. A saber, as entrevistas: a) de


anamnese, b) diagnósticas e c) devolutivas (TAVARES, 2000).

Entrevista de anamnese ou a história pessoal

Fazer o levantamento da história pessoal é um recurso básico do psicodiagnóstico,


juntamente com a história clínica e o Exame do Estado Mental (TAVARES, 2000;
CUNHA, 2000).

A entrevista de anamnese pressupõe uma coleta de informações sobre toda a história


de vida da pessoa em avaliação, buscando-se referências em sua história pessoal para
relacioná-las com os acontecimentos e problemas atuais e, assim, encontrar significações
e um entendimento compreensivo na relação entre sua história e o momento presente. A
entrevista se configura como um detalhamento de informações sobre o desenvolvimento
do indivíduo, desde sua idade mais remota incluindo o período de gestação.

O nível de detalhamento da história pessoal dependerá dos objetivos do entrevistador e


das características do examinando, assim como de sua idade, ressaltando e enfocando a
entrevista nos momentos de vida específicos para o levantamento de informações mais
relevantes e\ ou fundamentais para se alcançar esses objetivos.

De um modo geral, o roteiro para a obtenção das informações envolve:

a. contexto familiar e a construção de um genograma;

b. história pré e perinatal;

c. a primeira infância (até os 3 anos);

d. infância intermediária (3 a 11 anos);

e. pré-puberdade, puberdade e adolescência;

f. idade adulta (CUNHA, 2000).

Nos Anexos 1, 2 e 3 apresentamos, respectivamente, três roteiros/ modelo de entrevistas


com anamnese para crianças, para adultos e para idosos.

Entrevista diagnóstica

Num sentido restrito, essa entrevista refere-se a uma investigação cuidadosa e criteriosa
de um estado ou condição em que uma pessoa se encontra, objetivando descrever,
explicar, compreender e modificar esse estado (NASCIMENTO; RESENDE, 2013;
TAVARES, 2000; CUNHA, 2000).

36
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Em outras palavras, buscamos entender o que está acontecendo com essa pessoa em
um determinado momento de sua vida, para recomendar e indicar o(s) tratamento(s)
ou terapêutica(s) mais adequadas. (RIGONI; SÁ, 2016). Sem dúvida, o objetivo maior
sempre deverá ser a promoção do bem-estar e da saúde mental do indivíduo.

A entrevista diagnóstica pode ser de avaliação sindrômica (presença ou não de sinais


e sintomas que indicam a presença de um transtorno mental) ou psicodinâmica
(forma de funcionamento mental\ afetivo) e representam duas perspectivas diferentes,
mas complementares, para a compreensão do que está ocorrendo com a pessoa em
avaliação (TAVARES, 2000 CUNHA, HULTZ et al., 2016).

Nessa perspectiva, no Capítulo 4 apresentaremos a SCID-5, uma entrevista


semiestruturada para o diagnóstico das psicopatologias. A seguir, conversaremos sobre
o Exame do Estado Mental.

Exame psíquico ou Exame do Estado Mental - EEM

O exame psíquico ou Exame do Estado Mental - EEM - refere-se à avaliação sistemática


das funções mentais básicas e superiores (DALGALARRONDO, 2008) com a finalidade
de identificar alterações e\ou sinais e sintomas no funcionamento dessas funções
(CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2004), sendo fundamental para a avaliação
da existência ou não de uma psicopatologia.

No quadro a seguir, podemos verificar as funções mentais a serem avaliadas, de acordo


com a proposta de Dalgalarrondo (2008):

Quadro 1.

Exame psíquico (estado mental atual e nos dias anteriores à consulta; utilizar, de preferência, as palavras do
paciente)
01. Aspecto geral: cuidado pessoal, higiene, trajes, postura, mímica, atitude global do paciente.
02. Nível de consciência.
03. Orientação: alopsíquica e autopsíquica - tempo, espaço, eu.
04. Atenção.
05. Memória (fixação e evocação).
06. Sensopercepção.
07. Pensamento (curso, forma e conteúdo).
08. Linguagem.
09. Inteligência.
10. Juízo de realidade.
11. Vida afetiva (estado de humor basal, emoções e sentimentos predominantes).
12. Volição.
13. Psicomotricidade.

37
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

14. Consciência e valoração do Eu.


15. Vivência do tempo e do espaço.
16. Personalidade.
17. Descrever sentimentos contratransferenciais.
18. Crítica em relação a sintomas e insight.
19. Desejo de ajuda.
20. Se for o caso, o tratamento é voluntário ou involuntário?
Súmula do exame psíquico (fazer um resumo, utilizando os termos técnicos). _______________________________________________

Fonte: Dalgalarrondo, 2008, p.84

O EEM pode ser feito ao longo da entrevista enquanto se obtém informações acerca
da história clínica e da história pessoal\ anamnese, incluindo a observação do
comportamento e aparência do entrevistado (DALGALARRONDO, 2008; GABBARD,
2006; CORDIOLI, ZIMMERMANN; KESSLER, 2004; ERNÉ, 2000).

Importante ressaltarmos que as funções psíquicas não atuam de modo isolado, mas
sim, como um conjunto complexo e dinâmico de funções que se inter-relacionam e se
afetam mutuamente. Isso quer dizer que as alterações ou perturbações em uma função
mental (como por exemplo, a consciência) provocarão alterações nas outras funções.

Essa ressalva implica em considerarmos que as alterações nas funções psíquicas que
indicariam a presença de sinais e sintomas psicopatológicos também não ocorrem de
forma isolada, mas sim, em todo o conjunto dessas funções.

Figura 13.

Fonte: <http://www.ampliatta.com.br/cursos/extensao-em-psicoterapia-breve-e-neuropsicologia/>.

Em decorrência dessas considerações, queremos enfatizar que o adoecimento de um


individuo ocorre envolvendo toda a sua totalidade ou integralidade e não apenas uma
única função mental.
38
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Nessa perspectiva, enfatizamos que no exame psíquico ou EEM, deve-se avaliar cada
função e, ao mesmo tempo, buscar uma compreensão integrada dessas informações
acerca da pessoa. Nesse sentido, no transcorrer de uma entrevista, é possível avaliarmos,
por exemplo,

[...] se o examinando apresenta-se na hora marcada; se está em


condições higiênicas adequadas; se o modo de se vestir é condizente
com a situação; se ele resiste obstinadamente ou participa como um
colaborador ativo e interessado; se é simpático e receptivo; se está
ansioso, agitado ou tranquilo; se seu estado vígil está normal; se seu
discurso é coerente; se ele responde diretamente ao que é perguntado;
se são claras as suas comunicações ou confusas; se é uma pessoa ativa,
que gesticula, fala bastante durante a entrevista e parece desinibido;
se seu contato é fácil ou difícil, próximo ou distante; se sua aparência
é de uma pessoa sofrida; se o seu rosto demonstra alguma alegria
ou tristeza; se sua expressão indica algum traço, por exemplo, de
agressividade; se sua expressão facial é coerente com os fatos de sua
vida que relata; se sua orientação alopsíquica e autopsíquica estão
perturbadas; se sua memória recente e remota estão preservadas; se
tem fluência verbal; se suas respostas são rápidas e inteligentes; se suas
histórias são improváveis e convincentes ao mesmo tempo; se ele se
coloca como vítima; se tem uma explicação para tudo; se é insensível
quando fala dos outros (NASCIMENTO; RESENDE, 2013, pp.4), entre
outras observações.

Ao final, o profissional deverá integrar essas informações às outras obtidas por outras
fontes e\ ou técnicas de avaliação.

Entrevista devolutiva ou de devolução

No psicodiagnóstico, a entrevista de devolução objetiva comunicar ao individuo os


resultados da sua avaliação, assim como lhe fornecer orientações e recomendações.
Ao mesmo tempo, também é um momento que possibilita a expressão de emoções
e pensamentos da pessoa avaliada, acerca de como ela se sente com os resultados,
informações e recomendações recebidas. Geralmente, essa entrevista é feita para
finalizar o processo, em momento específico, podendo ser realizada em mais de uma
sessão, caso se faça necessário (NUNES; NORONHA; AMBIEL, 2012; SANTOS, 2014;
TAVARES, 2000).

No próximo capítulo, abordaremos uma estratégia específica em entrevista clínica.

39
CAPÍTULO 2
Estratégias específicas em entrevista:
Entrevista Clínica Estruturada para DSM-5
(SCID-5)2

Figura 14.

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-MHbDdYuxkjc/VSYraJrgCjI/AAAAAAAAAMw/BxppqCSuG-g/s1600/e-lupa.jpg.

A Entrevista Clínica Estruturada para DSM-5 (SCID-5) é uma entrevista clínica


semiestruturada de diagnóstico pelo sistema DSM. Foi idealmente desenvolvida nos
EUA para ser utilizada por clínicos ou profissionais de saúde mental com experiência
em avaliação psicopatológica. No entanto, poderá ser utilizada por clínicos menos
experientes, desde que recebam treinamento adequado em psicopatologia e estejam
familiarizados com a classificação e os critérios diagnósticos do DSM-5.

Um dos aspectos importantes dessa técnica é a demonstração do aumento da


confiabilidade do diagnóstico a partir de seu uso, comparado ao processo diagnóstico
usual. Também pessoas que tiveram treinamento nesse método são capazes de produzir
diagnósticos mais válidos sem o emprego formal do método, o que ressalta seu valor
na formação de um profissional em Saúde Mental (APA, s\d; ROHDE, LEWINSOHN;
SEELEY, 1997; TAVARES, 2000b; NAVES, 2013).

Um pouco da história da SCID...


O lançamento do DSM-III, com sua linguagem descritiva e fenomenológica na classificação
dos transtornos mentais, representa um marco histórico e clínico que favoreceu o
2 Este capítulo foi adaptado para este caderno e é parte integrante da tese: NAVES, M. Formulação de casos com Transtorno
Bipolar I por meio da análise de categorias descritivas e psicodinâmicas. Tese de Doutorado. Universidade de
Brasília: Brasília, 2013.

40
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

desenvolvimento do psicodiagnóstico, dos serviços em saúde mental e da estruturação do


julgamento clínico com sua consequente sistematização (BASCO; COLS., 2000; FENNIG
et al., 1994; ROHDE, LEWINSOHN; SEELEY, 1997; SEGAL, HERSEN; VAN HASSELT,
1994; TAVARES, 2000B; TORRENS et al., 2004).

A esse respeito, TAVARES (2000b), esclarece que:

[...] ao se tornar o padrão utilizado por profissionais de diversas


orientações e inclinações, o DSMIII se tornou o principal instrumento
para aumentar precisão diagnóstica, favorecer a comunicação clínica
entre profissionais, e facilitar a generabilidade e comparabilidade entre
pesquisas clínicas (p.77).

Em outras palavras, desde 1980, o sistema DSM ganhou ampla aceitação e tem
contribuído substancialmente para a melhoria da concordância diagnóstica entre os
profissionais de saúde mental.

Na perspectiva atual, são quase 40 anos de pesquisa com esse método de avaliação
diagnóstica. Baseando-se na experiência crescente com sua utilização, a entrevista tem
sido periodicamente revisada para integrar novos desenvolvimentos e, também, as
modificações sofridas no sistema DSM. Sua linguagem tem sido refinada, diminuindo as
ambiguidades nas instruções ao entrevistador e tornando suas questões mais acessíveis
ao entrevistado.

Em maio de 2013 foi lançada a edição DSM-5. Em novembro de 2014, a versão de


pesquisa da SCID-5 foi lançada para publicação pela American Psychiatric Association
(APA). E desde outubro de 2015, duas versões da SCID-5 (Clínica e Transtornos de
Personalidade) estão disponíveis para compra online.

As versões da SCID
Atualmente, existem quatro versões disponíveis da SCID-5, de acordo com a necessidade
e os objetivos do entrevistador: SCID-5-RV (versão para pesquisa), SCID-5-CT (Ensaios
clínicos), SCID-5-CV (versão clínica) e SCID-5-PD (Transtornos de Personalidade).

A SCID-5-RV (Research Version) - versão de pesquisa - é a mais completa e da qual


se derivam as outras. É utilizada para diagnosticar os principais transtornos mentais
em pacientes internados ou em acompanhamento ambulatorial. Essa versão apresenta
uma avaliação completa das principais categorias diagnósticas, avaliando condições
clínicas mais frequentes em contextos da Saúde Mental. Como acréscimos, essa versão
inclui perguntas para investigar e avaliar a gravidade do(s) transtorno(s) mental(is)

41
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

apresentado(s) assim como os seus especificadores (APA, s/d; DEL BEM E COLS, 2001;
FIRST et al., 1994; SPITZER E COLS, 1992; TAVARES, 2000B).

A segunda versão, SCID-5-CT (Clinical Trials) - ensaios clínicos – é uma versão modificada
e personalizada da SCID-5-RV, desenvolvida especificamente para ensaios clínicos, ou
seja, essa versão é [...] “tipicamente personalizada para incluir apenas os elementos de
diagnóstico da SCID-5 que são necessários para determinar se o indivíduo cumpre os
critérios de inclusão e exclusão de um determinado ensaio clínico” (APA, s\d).

Em outras palavras, esta entrevista poderá ser personalizada apenas com a cobertura
diagnóstica para a Esquizofrenia ou para o Transtorno Bipolar, por exemplo, dependendo
da necessidade e interesse do clínico pesquisador (APA, s\d).

A terceira versão, SCID-5-CV (Clinician Version) - versão clínica – é uma adaptação


reduzida da SCID-5/RV (versão de pesquisa), com o objetivo de introduzir os benefícios
de uma entrevista semiestruturada para o setting clínico.

Essa versão abarca os diagnósticos mais comumente presentes nas situações clínicas,
a saber: Transtornos Depressivos e Bipolares, Espectro de Esquizofrenia e outros
Transtornos Psicóticos, Transtornos de Uso de Substâncias, Transtornos de Ansiedade
(Pânico, Agorafobia, Ansiedade Social e Generalizada), Transtorno Obsessivo-Compulsivo,
Transtorno de Estresse Pós-Traumático - TEPT, Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade e Transtorno de Ajustamento. Também avalia outros 17 Transtornos
adicionais (APA, s\d). No Brasil, DEL BEM e cols têm desenvolvido pesquisas com essa
versão.

Por fim, a quarta versão, a SCID-5-PD (Personality Disorders) - Transtornos de


Personalidade - foi desenvolvida para diagnosticar os 10 quadros de Transtorno de
Personalidade, divididos nos grupos A, B e C do DSM-5, assim como outros Transtornos
de Personalidade Especificados.

A estrutura da SCID-5- CV – Versão Clínica


A entrevista possui uma estrutura modular, ou seja, é dividida em módulos de avaliação.
Cada módulo corresponde a uma categoria diagnóstica e possui:

a. questões obrigatórias e critérios operacionais para o diagnóstico pelo


DSM;

b. um sistema categorial para avaliar a presença dos sintomas; e

c. um algoritmo para alcançar um diagnóstico conclusivo.

42
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Em resumo, a estrutura da SCID-5 possui questões baseadas em critérios diagnósticos


e estatísticos, o que aumenta a confiabilidade dos diagnósticos dos transtornos mentais
(SPRINKLE et al., 2002; FIRST et al. 1997). Além disso, também contém perguntas
para avaliar informações demográficas, queixa principal, história psiquiátrica passada
e presente, tratamentos anteriores e desempenho atual (VENTURA et al., 1998; FIRST
et al., 1996; SPITZER et al., 1992).

A estrutura da SCID-5 compreende uma Avaliação Preliminar seguida de módulos


específicos para avaliação de sintomas, episódios e transtornos. Descreveremos
sucintamente, a seguir, as características dessa estrutura.

A entrevista começa com a Avaliação Preliminar destinada à coleta de dados


demográficos básicos, incluindo perguntas menos ameaçadoras, como a história
escolar e de trabalho. Em seguida é feita uma avaliação geral, com questões abertas,
onde o entrevistado é encorajado a falar livremente sobre sua situação atual, incluindo
a queixa principal, sua história de vida e de tratamentos.

Nesta fase, deve-se aproveitar a oportunidade para fortalecer o rapport e obter


informações iniciais importantes para se avaliar a existência ou não de psicopatologia(s)
da pessoa entrevistada. A partir dessa descrição inicial dos sintomas e dificuldades do
paciente, o entrevistador poderá estabelecer algumas hipóteses diagnósticas a serem
confirmadas ou descartadas de modo mais seguro, nos módulos específicos.

Em contraste com a Avaliação Preliminar, os módulos específicos começam com questões


fechadas, seguidas por questões abertas que convidam o entrevistado a elaborar melhor
suas respostas. O entrevistador tem a liberdade de acrescentar suas próprias questões
para investigar afirmações que se contradizem ou mesmo para questionar negações
diante de outras informações que possui sobre a pessoa entrevistada, por exemplo.
Isso porque a SCID permite que o entrevistador utilize seu julgamento clínico, o que
aumenta a validade clínica do seu diagnóstico.

Para concluir, com a ajuda dos critérios e das instruções, no transcorrer da entrevista, o
clínico vai avaliando, julgando e atribuindo códigos às respostas fornecidas e com isso,
ao término da entrevista, terá condições de apresentar um diagnóstico conclusivo para
o caso.

No quadro, a seguir, apresentamos a estrutura da SCID-5-CV, versão clínica, com a


descrição das categorias diagnósticas avaliadas por essa versão da entrevista.

43
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

Quadro 2.

SCID-5-RV – VERSÃO CLÍNICA

MÓDULOS CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS


»» Episódio Depressivo Maior (atual e passado)
Módulo A
»» Episódio maníaco (atual e passado)
Episódios de Humor e Transtorno
»» Episódio hipomaníaco (atual e passado)
Depressivo Persistente
»» Transtorno Depressivo Persistente (anteriormente Transtorno Distímico) (somente atual)
»» Delírios
»» Alucinações
Módulo B
»» Discurso e comportamento desorganizados
Sintomas Psicóticos e Associados
»» Comportamento Catatônico
»» Sintomas Negativos
»» Esquizofrenia
»» Transtorno Esquizofreniforme
»» Transtorno Esquizoafetivo
Módulo C:
»» Transtorno Delirante
Diagnóstico Diferencial de Transtornos
»» Transtorno Psicótico Breve
Psicóticos
»» Transtorno Psicótico Devido a Outra Condição Médica
»» Transtorno Psicótico Induzido por Substância\ Medicamentos
»» Outro Transtorno Psicótico Especificado
»» Transtorno Bipolar I

Módulo D »» Transtorno Bipolar II

Diagnóstico Diferencial de Transtornos »» Outros transtornos bipolares especificados


de Humor »» Transtorno Depressivo Maior
»» Outro Transtorno Depressivo Especificado
»» Transtorno por uso do álcool
»» Transtorno por uso da cannabis
»» Transtorno por Uso de Inalantes

Módulo E »» Outros Transtornos por uso de Alucinógenos

Transtornos de Uso de Substâncias »» Transtorno por uso de opioides


(últimos 12 meses) »» Transtorno por uso de feniciclidina
»» Transtorno por uso de Sedativo\Hipnótico\ansiolítico
»» Transtorno por uso do estimulante
»» Transtorno por uso de outras Substâncias ou substâncias desconhecidas
»» Transtorno do pânico
»» Agorafobia (apenas corrente)
»» Transtorno de ansiedade social (somente atual)
Módulo F
»» Transtorno de Ansiedade Generalizada (somente corrente)
Transtornos de Ansiedade
»» Transtorno de ansiedade devido a Outra Condição Médica
»» Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamentos
»» Outro Transtorno de Ansiedade Especificado

44
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Módulo G »» Transtorno Obsessivo-Compulsivo (apenas corrente)

Transtornos Obsessivo-Compulsivo e »» TOC e Transtornos Relacionados Devido a Outra Condição Médica


Relacionados »» TOC e Transtornos Relacionados induzidos por Substância/ medicação
e TEPT »» Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Módulo H
Transtorno de Déficit de Atenção/ »» Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (somente corrente)
Hiperatividade
»» Como exemplos, temos:
»» Fobia específica
»» Transtorno de Ansiedade de Separação
»» Transtorno de açambarcamento
»» Transtorno Dismórfico Corporal
Módulo I
»» Tricotilomania
Perguntas Preliminares para Outras
»» Insônia
Perturbações
»» Transtorno de hipersonolência
»» Anorexia Nervosa
»» Bulimia Nervosa
»» Transtorno de compulsão alimentar
»» Transtorno Explosivo Intermitente

Módulo J
»» Transtorno de Ajustamento
Transtorno de Ajustamento

Fonte: Adaptado e traduzido de APA, s\d: <https://www.appi.org/File%20Library/Products/AH1522-Comparison-SCID-RV-vs-CV.


pdf Acesso em 12.02.2017>.

Vantagens no uso da SCID


A primeira vantagem em se ter um instrumento com uma estrutura modular é a facilidade
para adaptação aos diversos contextos e settings de acordo com as necessidades da
situação e os objetivos do profissional. Essa adaptabilidade do método mostra-se
essencial para os contextos de pesquisa e de clínicas especializadas (TAVARES, 2000b,
1997 e 1995).

Assim, por exemplo, no contexto da prática clínica, se na avaliação preliminar o


profissional levantou a hipótese diagnóstica de que a pessoa em avaliação apresenta
apenas um quadro de Transtorno do Pânico, ele poderá selecionar apenas o módulo
de avaliação dos Transtornos de Ansiedade para confirmar ou descartar sua hipótese
diagnóstica.

No que se refere ao contexto de pesquisa clínica a SCID pode ser usada para selecionar
uma população de estudo. Dessa forma, por exemplo, em um estudo sobre a eficácia de
vários tratamentos para um transtorno mental específico, pode ser usada para garantir

45
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

que todos os sujeitos do estudo tenham sintomas que satisfazem os critérios para
esse transtorno.

Por outro lado, também pode ser usada para excluir indivíduos com certos transtornos.
Os pesquisadores podem usar a SCID para excluir todos os pacientes com histórico de
sintomas psicóticos, por exemplo. Outra possibilidade é utilizar a SCID para caracterizar
uma população de estudo em termos de diagnósticos psiquiátricos, passados ou atuais,
visto que o instrumento oferece essa condição de avaliação (TAVARES, 1999b; SPITZER
et al., 1992, APA, s/d).

A segunda vantagem da SCID refere-se à organização de seus módulos. Estes são


organizados numa sequência lógica que reflete a reflexão clínica (com decisões e escolha
de caminhos investigativos) que acontece numa ordem naturalmente encontrada nas
entrevistas clínicas conduzidas por profissionais experientes.

A essa sequência lógica de raciocínio e julgamento clínico chamamos de algoritmos.


Estes “representam um meio prático de esclarecer os passos que envolvem o diagnóstico
diferencial. Cada algoritmo inicia com um determinado sintoma e a seguir fornece
pontos de decisão para determinar qual o melhor diagnóstico” (FIRST, FRANCES;
PINCUS, 2004, p.29).

Os algoritmos foram integradas à estrutura da SCID. Isso quer dizer que existe
uma hierarquia nas questões que compõem cada módulo. Estas são agrupadas por
diagnósticos e por critérios. Assim, se um critério essencial para um diagnóstico não é
satisfeito, o entrevistador não precisa formular as perguntas restantes relacionadas aos
outros critérios daquele diagnóstico e pode prosseguir a entrevista, avaliando outras
condições. Por exemplo, se a pessoa nunca apresentou humor rebaixado ou irritável
nem perda de prazer pelas atividades, condições para um episódio depressivo, não é
necessário que o entrevistador faça as outras perguntas desse quadro. Dessa forma, o
entrevistador pode prosseguir avaliando outras condições, o que proporcionará uma
economia no tempo de entrevista.

Além dessas vantagens, a SCID também possibilita padronização das avaliações


psicopatológicas, aumento da validade diagnóstica, consistência diagnóstica
entre equipes multiprofissionais de diferentes orientações, melhor adequação do
planejamento e tratamento terapêutico, maior eficácia nos tratamentos e melhor
qualidade nas pesquisas.

Uma recomendação importante...

46
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Figura 15.

Fonte: <http://www.psicologiasdobrasil.com.br/content/uploads/2016/05/rapport1-1.jpg>.

A experiência na prática clínica nos tem demonstrado que, em muitas das vezes,
a pessoa em avaliação não nos fornece muitas informações importantes sobre
o que tem acontecido com ela, ao nos apresentar sua(s) queixa(s) ou nos relatar
seus problemas ou incômodos. Isso pode acontecer por simples esquecimento
ou por ela pensar que um determinado detalhe ou informação não tenha
importância ou mesmo por ela ainda não ter se atentado a certas experiências.

Nesse sentido, se você for utilizar a versão clínica da SCID-5, recomendamos que
você faça a entrevista completa, ou seja, que você faça a avaliação dos principais
quadros de psicopatologia.

Relato de uma experiência exitosa com o uso


da SCID
Figura 16.

Fonte: <http://www.desenvintegral.com/images/pixabay-bb4b3bca982a44425e.jpg>.

As observações e reflexões que apresentaremos a seguir fundamentam-se em nossa


experiência clínica, no relato de colegas (profissionais e estagiários) e das pessoas/pacientes
entrevistados e na situação de ensino e supervisão, além das referências na literatura
especializada.

À medida que divulgamos nossos trabalhos e serviços com a utilização da SCID,


profissionais de diferentes áreas (psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras, entre outros),
47
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

inseridos na rede de assistência em saúde mental, nos contextos de serviços públicos e


privados, têm nos procurado para a configuração de parcerias. Essas parcerias incluem:

a. realizarmos entrevistas diagnósticas para os auxiliarmos nos impasses


clínicos de seus casos em acompanhamento;

b. realizarmos supervisões com discussão diagnóstica e orientações


norteadoras para o desenvolvimento dos processos de atendimento; e

c. fornecer-lhes capacitação e treinamento para a utilização da SCID.

Em novembro de 2011 finalizamos um curso de extensão de qualificação e treinamento


no “Uso da entrevista SCID para avaliação em Psicopatologia”, com a participação
de psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, estudantes de psicologia e medicina e
residentes em psiquiatria. Essas parcerias, possibilitadas pela utilização e pesquisa com
a SCID, têm resultado no aumento da qualidade das avaliações e dos atendimentos nesses
serviços na medida em que contribuem para a capacitação técnica desses profissionais.
Além disso, os profissionais também se tornam multiplicadores do conhecimento e
técnica adquiridos, o que repercute na melhoria da qualidade do serviço numa escala
maior, se considerarmos esse fator ao longo do tempo.

Por outro lado, a utilização da SCID possibilita uma formação ampla e abrangente em
Psicologia Clínica. Para exemplificar, relataremos uma experiência bem sucedida de
intercâmbio entre o ensino, a pesquisa e a prática clínica.

No primeiro semestre de 2009, ministramos a disciplina Psicopatologia I com o objetivo


de familiarizar, formar e capacitar os estudantes na avaliação diagnóstica pelo sistema
DSM e, também, prepará-los para a utilização da SCID, no próximo semestre. Os quadros
psicopatológicos de incidência mais frequente foram apresentados. Utilizamos diferentes
recursos didáticos para os estudos e descrição desses quadros (aulas expositivas, exibição
de filmes, análise e discussão de casos, role play de entrevistas, entre outros).

Figura 17.

Fonte: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/aula-expositiva-aula-dialogada-diferencas-que-as-demarcam.htm>.

48
PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA │ UNIDADE II

Dando continuidade aos objetivos, no segundo semestre de 2009 ministramos a


disciplina Psicopatologia II, com o propósito de capacitar os estudantes na avaliação
psicopatológica por meio da SCID. A maioria da turma tinha cursado Psicopatologia
I conosco, no semestre anterior e se encontrava, dentro da grade curricular, entre o
5º e o 7º período do curso. Nenhum dos estudantes tinha tido, naquela época, alguma
experiência com a prática clínica.

A disciplina tinha como meta a realização de entrevistas clínicas de avaliação num contexto
clínico real, com usuários de serviços públicos de saúde mental. Durante o semestre foi
feito o treinamento no uso da SCID (exposição teórica, role play, realização de entrevistas
com voluntários não pacientes, observação de entrevistas e supervisão) e, ao seu final,
os estudantes realizaram uma entrevista com usuários/pacientes/voluntários de uma
instituição pública de saúde mental.

O desenvolvimento desses estudantes, durante o semestre, nos impressionou.


Os receios e inseguranças referentes ao primeiro contato com pacientes reais,
apresentados no início do curso, foram se dissipando no decorrer deste. À medida
que o treinamento no uso da SCID avançava, os estudantes iam demonstrando maior
desenvoltura, confiança e naturalidade para iniciar e realizar uma entrevista. Ao mesmo
tempo, também desenvolviam suas capacidades de reflexão clínica, compreensão e
argumentação diagnóstica.

A realização da entrevista no contexto real foi feita em duplas com alternância de


observador-entrevistador, ou seja, enquanto um observava o outro realizava a entrevista
e vice-versa. Nesse sentido, cada estudante teve a oportunidade de participar de duas
entrevistas: uma vez como observador(a) e outra como entrevistador(a).

Nas supervisões, eram feitas discussões diagnósticas dos casos, além da escuta à
experiência e constatou-se que a maioria dos diagnósticos estava correta. Surgiram
dificuldades naqueles casos que requeriam maior experiência clínica e maior
conhecimento em psicopatologia, o que era esperado com um grupo de estudantes em
meio do curso sem ainda terem cursado as disciplinas necessárias para a realização
de estágio em Psicologia Clínica. Cada estudante elaborou um Laudo Diagnóstico
Diferencial Justificado da entrevista realizada para ser entregue aos psiquiatras
responsáveis.

Por sua vez, as pessoas entrevistadas relataram (aos psiquiatras que os atendiam e aos
entrevistadores) sentirem-se acolhidos e compreendidos e alguns espontaneamente
manifestaram o desejo de iniciar um processo psicoterapêutico com a pessoa que o
entrevistou. Com efeito, essa experiência evidencia como a utilização da SCID pode
proporcionar uma formação ampla e abrangente em Psicologia Clínica.

49
UNIDADE II │ PRINCIPAIS RECURSOS PARA O PSICODIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS EM ENTREVISTA

Neste capítulo, apresentamos a Entrevista Clínica Semiestruturada para o DSM,


SCID-5, versão clínica, descrevendo sua estrutura modular. Também descrevemos
a importância de seu uso em diferentes contextos apontando as vantagens e
benefícios que este instrumento oferece aos profissionais de diferentes áreas de
atuação, bem como aos serviços de saúde mental.

De fato, a experiência no uso desse método demonstrou que este é facilitador para
o desenvolvimento da capacidade técnica destes profissionais possibilitando a
melhoria da qualidade das avaliações e dos atendimentos.

Outro ponto importante refere-se ao fato de que as pessoas com pouca prática
clínica, normalmente, questionam sobre o tempo de duração da entrevista
(entre 60 e 90 minutos) alegando ser uma entrevista de longa duração, o que
poderá gerar desconforto para o entrevistado. Ao contrário, nossa experiência
demonstrou que as pessoas tendem a se sentirem acolhidas e aliviadas, quando
entrevistadas com a SCID por perceberem que possuem um espaço e tempo
para serem ouvidas e compreendidas, o que está de acordo com a literatura
(SCARVALONE et al., 1996).

A importância da SCID também pode ser discutida a partir de nossa experiência


com a realização de práticas no ensino, na pesquisa e na extensão. Por meio dessas
situações, constatamos que a utilização da SCID possibilita o desenvolvimento
de competências e habilidades para:

1. a avaliação dos transtornos mentais;

2. o manejo da situação clínica;

3. a realização de entrevistas diagnósticas, mesmo não utilizando


formalmente o método;

4. a postura profissional;

5. a reflexão clínica;

6. a discussão e argumentação diagnóstica;

7. o planejamento terapêutico;

8. a elaboração de Laudo Diagnóstico Diferencial Justificado; e

9. a multiplicação/transmissão do conhecimento e da técnica.

Ao possibilitar o desenvolvimento de várias competências e habilidades a SCID


demonstra conter um método facilitador para promover uma formação ampla e
abrangente em Psicologia Clínica e em outras áreas de atuação em saúde mental.

50
OPERACIONALIZAÇÃO UNIDADE III
DO PROCESSO
Figura 18.

Fonte: <http://i1.wp.com/2.bp.blogspot.com/-uY1Zb10wrBU/VQ7-31ziU8I/AAAAAAAAEfA/KkY0DTtPF3g/s1600/treinamento-visao-de-processos.png>.

Nesta unidade, estudaremos a operacionalização do processo de psicodiagnóstico.

Convém ressaltar que, como já dissemos anteriormente, o psicodiagnóstico é um


processo muito complexo, multifacetado e deve ser planejado e adequado ao contexto
de avaliação e às características do indivíduo a ser avaliado (TAVARES, 2012; BORSA,
2016, HULTZ, 2016; CFP, 2003, 2010, 2011 e 2012).

Dada a complexidade desse processo. compreende-se que se trata de várias avaliações


e investigações dentro de um grande processo de avaliação, o que requer, de nós
psicólogas e psicólogos, muitas especializações para a sua realização (TAVARES, 2012;
AFFONSO, 2005, TRINCA, 1984; CUNHA, 2000, HULTZ, 2016).

Nesta perspectiva, podemos considerar que cada etapa no psicodiagnóstico requer


diferentes especializações do profissional. Como exemplos, podemos pensar nas
atitudes, habilidades e competências necessárias para fazer uma boa entrevista inicial,
para realizar a anamnese, para fazer a avaliação de psicopatologias ou para utilizar-se
de testes psicológicos. Somadas a essas questões, ainda existem as especificidades do
psicodiagnóstico de crianças (ludodiagnóstico), adolescentes e idosos, por exemplo
(HULTZ et al., 2016).

Além dessas competências, para estar em contato com uma pessoa em qualquer situação
clínica, incluindo o processo do psicodiagnóstico, todo profissional precisa desenvolver
habilidades pessoais que vão além das competências técnicas e metodológicas, o que
envolve buscar supervisões e, também, psicoterapia. Como esclarece Affonso (2005), o
profissional também precisa [...] “saber lidar com a angústia do cliente; compreender
51
UNIDADE III │ OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO

e saber utilizar os processos transferenciais e contratransferenciais e para tal saber


reconhecer as defesas e os modos relacionais de um cliente, especialmente aqueles que
atuam na relação com o entrevistador”(pp.186).

Vale lembrar que, devido à complexidade e às especificidades do psicodiagnóstico, fez-


se necessário limitarmos nosso foco de estudo ao psicodiagnóstico tradicional de
adultos, como já dissemos anteriormente. Agora conversaremos sobre as etapas desse
complexo processo.

52
CAPÍTULO 1
Etapas do processo

Para Cunha (2000), o processo do psicodiagnóstico envolve cinco etapas que partem
da formulação de perguntas e se encerram com a comunicação dos resultados. São elas:

1. Formulação das perguntas básicas ou hipóteses.

2. Estabelecimento de um plano de avaliação e Contrato de trabalho.

3. Administração de testes e técnicas.

4. Levantamento, análise, interpretação e integração dos dados.

5. Comunicação dos resultados.

Vejamos cada uma das etapas.

Primeira Etapa: Formulação das perguntas básicas


ou hipóteses
“Um psicodiagnóstico tem mais chance de ser bem sucedido
quando há uma boa pergunta a ser respondida” (BANDEIRA et al.,
2016, s\p).

A primeira etapa do processo envolve o encaminhamento e as entrevistas iniciais.


Essa etapa tem como objetivos: esclarecer e organizar os motivos do encaminhamento
e levantar informações sobre a história de vida e os antecedentes clínicos da pessoa
em avaliação, para a definição de hipóteses e objetivos do processo (RIGONI;
SÁ, 2016).

Destacamos que o ponto de partida de um psicodiagnóstico é o encaminhamento,


compreendido enquanto demanda, e\ou as motivações para a sua solicitação.
Geralmente, a demanda contém perguntas para as quais a fonte encaminhadora busca
respostas. Entretanto, em muitas das vezes, essas perguntas ou motivos ainda estão
vagos e cabe ao psicólogo fazer esse esclarecimento e organizar as questões trazidas
previamente pelo solicitante (HULTZ et al., 2016; TAVARES, 2012; CUNHA, 2000).

Nesse sentido, a primeira tarefa do psicólogo é conhecer bem a demanda, ou seja, é


esclarecer qual a perspectiva da pessoa que solicitou a avaliação (TAVARES, 2012).
Então, o psicólogo deve entrar em contato direto com o solicitante e se informar melhor

53
UNIDADE III │ OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO

sobre os motivos do encaminhamento e quais as questões que ele busca responder.


Costumeiramente, esse contato se faz por meio de um telefonema, mas também se pode
agendar uma reunião com o solicitante, caso se faça necessário.

Figura 19.

Fonte: <http://www.unimedfortaleza.com.br/noticias/novo-numero-para-central-de-atendimento-ao-cliente-2>.

Assim, após o esclarecimento sobre a perspectiva do solicitante e por meio de uma


reflexão clínica sobre essa demanda, o profissional poderá transformar essas questões
iniciais em questões psicológicas que nortearão o processo avaliativo.

Dito de outra forma, as perguntas iniciais definirão os objetivos do psicodiagnóstico


(CUNHA, 2000; HULTZ, 2016). Portanto, neste momento, como nos esclarece Tavares
(2012), [...] “devemos nos esforçar para obter as informações necessárias e completas
antes do contato direto com o sujeito da avaliação” (p324).

Após o esclarecimento e reflexão clínica sobre a demanda, já com questões mais claras
e algumas hipóteses, iniciam-se as primeiras entrevistas que fornecerão informações e
perguntas complementares que redefinirão os objetivos para a avaliação.

Para ilustrar essa etapa, vamos imaginar uma situação hipotética, mas atualmente
muito comum nos âmbitos clínicos. Trata-se da solicitação de psicodiagnóstico
por um médico ou uma equipe antes de realizar uma intervenção cirúrgica.

Imagine que um médico, que atua na área de cirurgia plástica, entrou em


contato com você através de um telefonema. Nessa ligação telefônica, esse
profissional relatou que possui um paciente (homem de 57 anos) que o
procurou com a finalidade de realizar várias intervenções de cirurgias plásticas,
inclusive com procedimentos mais invasivos, relacionadas ao contorno do
corpo e às mudanças de características faciais. Esse médico solicita que você
faça uma avaliação para saber se esse paciente tem “condições psicológicas”
para realizar essas cirurgias.

54
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO │ UNIDADE III

Figura 20.

Fonte: <http://noticias.r7.com/saude/noticias/conselho-proibe-consulta-medica-por-telefone-e-internet-20111212.html>.

Nesse momento, é importante explorar e esclarecer melhor o pedido desse


médico e reconhecer o que ele realmente quer saber com a avaliação. É
importante, por exemplo, perguntar sobre que impressões ele teve sobre o
paciente, sobre quais são suas dúvidas e o que ele quer dizer com “ter condições
psicológicas”.

Imagine que, ao ser questionado com essas perguntas iniciais, o médico


esclareça que teve a impressão de que, nas primeiras consultas, o paciente
aparentava estar “um pouco pra baixo” e que achou atípico um homem, nessa
faixa etária, querer tantas intervenções. Depois, em consultas posteriores, teve
a impressão de que o paciente estava “muito animadinho”, o que lhe pareceu
muito contraditório.

Além disso, também teve a impressão de que o paciente está “apostando muito”
nessas cirurgias como se elas fossem resolver todos os seus problemas e, com elas,
se tornaria uma nova pessoa. Relatou também que os familiares estão estranhando
o comportamento do paciente e disseram que ele “parece outra pessoa”.

O médico também esclarece que o paciente possui boa saúde física e que do
ponto de vista da clínica médica possui boas condições para as intervenções.
Entretanto, precisa saber como o paciente vivenciaria essas cirurgias e se reagiria
bem aos resultados dos procedimentos.

Com esses esclarecimentos feitos pelo médico já podemos começar a fazer


“traduções” das suas questões para o âmbito psicológico. Então, você pode
começar a se perguntar:

1. Será que esse paciente se encontra deprimido?

2. Suas expectativas em relação às cirurgias plásticas estão reais ou


fantasiosas?

55
UNIDADE III │ OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO

3. Como essa pessoa funcionava antes se atualmente “parece ser outra


pessoa”?

4. Como esse paciente reagiria com os resultados reais dos procedimentos?

5. Qual seria o prognóstico para esse caso?

Note que essa primeira reflexão sobre as questões do médico já se transformaram


em quatro perguntas de cunho psicológico. Por sua vez, essas quatro perguntas
já apontam para quatro possíveis objetivos para a avaliação, a saber:

1. Diagnóstico diferencial

2. Avaliação do funcionamento psicodinâmico;

3. Prevenção; e

4. Prognóstico.

Tendo como referência essas questões, o próximo passo é a realização das


entrevistas iniciais para levantamento da história de vida e da história clínica.
Essas informações em conjunto (advindas do esclarecimento da demanda
e das entrevistas), já possibilitam o levantamento de questões básicas e o
desenvolvimento de objetivos. Com isso, é possível estabelecer um plano de
avaliação e realizar o contrato de trabalho.

Segunda etapa: Estabelecimento de um plano de


avaliação e Contrato de trabalho
O plano de avaliação é um processo pelo qual se procura
identificar recursos que permitam estabelecer uma relação entre
as perguntas iniciais e suas possíveis respostas (CUNHA ,2000,
pp.107).

Esta etapa consiste em estruturar um plano de avaliação que implica em selecionar


os instrumentos e\ou técnicas psicológicas a serem utilizadas durante o processo e,
também, em combinar o contrato de trabalho.

O Plano de avaliação inicia já com a análise do encaminhamento e\ou demanda.


Assim, as entrevistas iniciais também fazem parte do plano, pois além de fornecerem
informações para subsidiarem a sua estruturação, também fornecem outros dados para
o psicodiagnóstico.

A definição de questões básicas e de objetivos para a avaliação autoriza ao psicólogo


estabelecer o projeto de avaliação e, com isso, definir quais técnicas e instrumentos são
mais adequadas para alcançar esses objetivos.

56
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO │ UNIDADE III

Considerando o caso ilustrativo apresentado anteriormente como exemplo (do paciente


candidato às cirurgias plásticas), na elaboração do seu plano de avaliação, seria
recomendada a utilização da entrevista SCID-5 para investigar se existe um Transtorno
Mental e, também, uma entrevista psicodinâmica, para alcançar uma compreensão
dinâmica do funcionamento daquela pessoa, além da administração de alguns testes
psicológicos para obter mais informações e confirmar ou refutar as hipóteses.

Consequentemente, com essas definições, pode-se definir quantos encontros, a


princípio, serão necessários para o desenvolvimento do processo e, com isso, prever ou
estimar qual será o tempo de duração. Com essa perspectiva, fica possível estabelecer o
contrato de trabalho, no qual:

[...] são previstos os papéis de cada parte; a questão de sigilo e


privacidade; o número aproximado de encontros, incluindo-se as
primeiras entrevistas; a bateria de testes que será utilizada, se necessário;
as entrevistas de devolução; e a forma como serão pagos os honorários
(caso se trate de consultas particulares ou em uma instituição paga)
(RIGONI; SÁ, 2016, s\p).

Importante ressaltar que, para fazer a estimativa do tempo do processo, assim como o
cálculo dos honorários, deve-se também considerar o tempo necessário para fazer a análise
e integração das informações obtidas por meio das diferentes técnicas e instrumentos e,
também, a estimativa das horas necessárias para a escrita do Laudo Psicológico.

Quanto ao tempo de duração de um psicodiagnóstico, convém destacar que dependerá


do contexto total da avaliação, incluindo o local em que será realizada, podendo ser
mais breve, caso seja num ambiente de internação, por exemplo. De um modo geral,
sendo realizado em clínicas, numa dinâmica ambulatorial, o processo tende a durar em
média entre 6 a 12 encontros (HULTZ et al., 2016), mas alguns autores apontam que
não deve ultrapassar a 7 sessões (NASCIMENTO; RESENDE, 2014).

Pesquisadores ressaltam que tanto a abreviação quanto o prolongamento do processo


podem ser prejudiciais, pois, no primeiro caso, corre-se o risco de se obter resultados
precários devido à falta de informações e, no segundo, pode-se comprometer o
fechamento da avaliação e, por consequência, o processo de encaminhamento (RIGONI;
SÁ, 2016; OCAMPO et al., 2009).

Nesse sentido, mais do que seguir rigorosamente uma regra sobre o número de encontros,
é necessário ter bom senso e fazer uma reflexão clínica sobre cada caso e situação de
avaliação, na definição de um plano de avaliação. Certamente, existem situações em
que serão necessários mais de sete encontros, ou seja, o contexto de avaliação é que
definirá qual a necessidade.
57
UNIDADE III │ OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO

Bateria de testes

O Plano de Avaliação também abrange a utilização de uma bateria de testes. Em primeiro


lugar, vejamos algumas considerações sobre os testes psicológicos:

[...] os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação


e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos
com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos
psicológicos, compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto,
cognição/inteligência, motivação, personalidade, psicomotricidade,
atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais diversas
formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos
instrumentos (CFP, 2003, pp.2).

Classificamos os testes psicológicos segundo os critérios de:

a. objetividade e padronização: psicométricos e impressionistas ou projetivos;

b. constructo ou processo psicológico: capacidade intelectual, aptidões,


psicomotricidade, neuropsicológicos, personalidade, atitudes, etc.; e

c. forma de resposta: verbal, escrita e motor\computador. (SILVA, 2008).

No planejamento da bateria de testes, comumente se utilizam testes psicométricos


associados a técnicas projetivas (HULTZ et al., 2016; CUNHA, 2000).

Bateria de testes é a expressão utilizada para designar um


conjunto de testes ou de técnicas, que podem variar entre dois
e cinco ou mais instrumentos, que são incluídos no processo
psicodiagnóstico para fornecer subsídios que permitam confirmar
ou infirmar as hipóteses iniciais, atendendo o objetivo da avaliação
(CUNHA, 2000, pp.109).

O uso de testes psicológicos (psicométricos e projetivos) auxilia e aprimora a capacidade


avaliativa do profissional para a compreensão dos fenômenos psicológicos e da pessoa
em avaliação. São técnicas de grande eficiência e objetividade, pois são realizadas
com custos e tempo reduzidos e seguem padrões de validade e fidedignidade clínicas
(HULTZ et al., 2016; URBINA, 2007).

Vale ressaltar que nenhum teste isolado fornecerá uma compreensão abrangente de
uma pessoa ou substituirá o olhar clínico do psicólogo, mas os testes se configuram
como recursos preciosos para refinar e ampliar nosso olhar clínico (CUNHA, 2000;
HULTZ et al., 2016).

58
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO │ UNIDADE III

A definição dos testes a serem utilizados dependerá:

a. dos objetivos da avaliação, isto é, do fenômeno ou constructo que se quer


avaliar;

b. das características da pessoa a ser avaliada, como idade, sexo, escolaridade,


profissão, condições física, entre outras; e

c. da capacitação do profissional, ou seja, o psicólogo deve estar capacitado


para aplicar, analisar e interpretar o(s) teste(s) escolhido(s) (HULTZ et
al, 2016, CFP, 2003, 2010, 2011 e 2012).

No que se refere à ordem ou sequência para a administração dos testes escolhidos,


recomenda-se que se inicie com os menos ansiogênicos (CUNHA, 2000; HULTZ
et al, 2016).

Terceira etapa: Administração de testes e técnicas


É sempre importante salientar que o foco da testagem deve ser o
sujeito, e não os testes. Mas, para que o psicólogo possa concentrar
a sua atenção no paciente, deve estar perfeitamente seguro
quanto à adequabilidade do instrumento para o caso em estudo,
estar bem familiarizado com as instruções e o sistema de escore,
saber manejar o material pertinente e ter em mente os objetivos a
que se propõe para a administração de cada instrumento (CUNHA,
2000, pp.113).

Antes de administrar qualquer técnica, o psicólogo deverá fazer uma revisão prévia
sobre características particulares referentes aos instrumentos e à pessoa em avaliação
para fazer ajustes necessários como, por exemplo, conferir se o paciente é destro ou
canhoto e adequar as condições para a testagem.

Outro ponto importante refere-se à organização prévia do material necessário para


a aplicação do teste, pois este deve estar acessível no momento da avaliação. Por fim,
sempre estabelecer um bom rapport antes de iniciar qualquer atividade (CUNHA, 2000).

Convém ressaltar que o psicólogo sempre deve estar [...] “suficientemente familiarizado
com o instrumento, jamais utilizando uma técnica em que não esteja treinado o
suficiente para estar seguro no seu manejo” (CUNHA, 2000, pp. 113).

Vejamos alguns cuidados essenciais que devem ser seguidos na escolha e


utilização de um teste psicológico.

59
UNIDADE III │ OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO

O Conselho Federal de Psicologia recomenda que antes de utilizar um teste


psicológico o profissional deverá consultar o Sistema de Avaliação de Testes
Psicológicos (SATEPSI), disponibilizado no site do CFP (www.cfp.org.br), para
conferir se o teste escolhido foi aprovado por este Conselho.

Feita a conferência e constatado que o teste escolhido está aprovado pelo CFP,
o próximo passo será estudar o seu manual de instruções para se informar
sobre o constructo psicológico medido por ele, sobre as situações contextuais
e as finalidades da sua adequada utilização, bem como para obter outras
informações importantes.

Ressaltamos que a utilização de testes não aprovados pelo CFP constitui-se


numa infração ética.

A respeito da utilização de um teste, não é redundante ressaltar que antes da


administração de qualquer instrumento é preciso que o profissional avalie se o
teste escolhido é apropriado para a avaliação daquela pessoa, isto é, deve julgar
se essa pessoa não possui empecilhos de ordem psicológica e\ ou física para a
utilização do referido teste.

Outra determinação do CFP refere-se às condições e procedimentos


de administração e interpretação do teste. O profissional deverá seguir
integralmente o padrão explicitado no seu manual, respeitando e seguindo esse
padrão durante todo o processo de sua utilização, o que envolve a aplicação, o
uso de materiais recomendados e a interpretação dos resultados.

Por fim, o profissional deve estar atento e cuidar de todo o contexto de aplicação
do teste, garantindo que o ambiente e o espaço físico estejam adequados, de
acordo com o padrão apresentado e determinado pelo seu manual de instruções.

Quarta etapa: Levantamento, análise,


interpretação e integração dos dados
É necessário recapitular, então, as hipóteses levantadas
inicialmente e no decorrer do processo, tendo em mente
os objetivos do exame. As hipóteses levantadas servirão de
critérios para a análise e a seleção dos dados úteis, enquanto os
objetivos fornecerão um enquadramento para a sua integração.
Desta maneira, as perguntas indicarão que respostas devem ser
buscadas, confirmando ou não as hipóteses (CUNHA, 2000, p.117).

Nesta etapa, realiza-se a análise quantitativa e qualitativa dos dados coletados a partir
dos instrumentos e das estratégias de avaliação selecionados, promovendo a integração

60
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO │ UNIDADE III

dessas informações. Ao mesmo tempo, deve-se relacionar tais informações com as


hipóteses iniciais e com as metas da avaliação, para que se possa formular conclusões
e apontar potencialidades e vulnerabilidades da pessoa avaliada (HULTZ et al, 2016).

Quinta etapa: Comunicação dos resultados


Na operacionalização do processo, a comunicação dos resultados
logicamente deve se realizar como último passo, seguida apenas
pelas recomendações pertinentes e pelo encerramento. É da
responsabilidade do psicólogo definir seu tipo, conteúdo e forma
(CUNHA, 2000, pp.121).

Esta etapa envolve a comunicação dos resultados e o encerramento do processo.

A Comunicação dos resultados ocorrerá por duas vias:

a. oral, por meio da(s) entrevista(s) de devolução e

b. escrita, por meio de um Laudo\Relatório Psicológico.

No capítulo anterior, abordamos a entrevista de devolução. Conversaremos sobre o


Laudo na próxima unidade.

61
ELABORAÇÃO DE UNIDADE IV
DOCUMENTOS
Nesta unidade, conversaremos sobre a elaboração do Laudo ou Relatório Psicológico.

Figura 21.

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-6slqVm4yOR8/Ux8ZhxEjTmI/AAAAAAAAGuM/rZTEcdw2Kzg/s1600/ESCREVENDO.jpg>.

CAPÍTULO 1
Laudo ou Relatório Psicológico

Em primeiro lugar, teceremos algumas considerações sobre a Resolução CFP Nº 007/2003


do Conselho Federal de Psicologia que trata da elaboração de documentos psicológicos.
Em seguida, descreveremos sucintamente os tipos de documentos psicológicos e, por fim,
focaremos o estudo da elaboração do Laudo\ Relatório Psicológico.

Considerações iniciais: A Resolução CFP


Nº 007/2003
Primariamente, vale ressaltar que todo documento elaborado pelo psicólogo sempre
deverá estar fundamentado, exclusivamente, nos procedimentos clínicos reconhecidos
e integrados ao arcabouço teórico e técnico da Psicologia.

Em outras palavras, para a elaboração de documentos psicológicos, os profissionais


deverão se pautar nas informações obtidas através de entrevistas, testes psicológicos,
dinâmicas de grupo e\ ou outras técnicas e métodos de investigação psicológica para a
coleta de informações acerca de uma pessoa ou um grupo.

62
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

Em acréscimo, como fonte de informação, o psicólogo também poderá se fundamentar


em outros documentos psicológicos produzidos anteriormente por outros profissionais,
assim como em registros clínicos (por exemplo, prontuários psicológicos) desde que
esses sejam pertinentes ao que se busca investigar.

Quanto à escrita de documentos psicológicos, o Conselho Federal de Psicologia publicou


a Resolução CFP Nº 007/2003 instituindo, assim, o Manual de Elaboração de
Documentos Escritos que fornece orientações aos psicólogos sobre como elaborar
documentos escritos advindos de avaliações psicológicas.

Por meio dessa Resolução, o CFP também determina que a elaboração de todo
documento derivado da avaliação psicológica deve seguir as diretrizes desse manual,
sendo que, o não cumprimento dessa norma será considerado falta ético-disciplinar.

Descrição do Manual de Elaboração de


Documentos Escritos

Ressaltamos que é de fundamental importância que você estude a Resolução CFP


Nº 007/2003 integralmente, pois destacaremos apenas alguns pontos considerados
essenciais para nossas reflexões.

O estudo dessa resolução é importante, pois ela descreve os pressupostos (éticos,


técnicos e científicos) que servem como norte durante a elaboração dos documentos
para as modalidades e descrições dos documentos existentes e para questões sobre a
validade e guarda dos mesmos.

Quanto à validade dos conteúdos dos documentos, a resolução orienta que o


profissional deverá seguir a legislação existente relacionada aos casos já especificados.
Nas situações em que não há uma legislação definida, o psicólogo deverá, quando for
possível, indicar o prazo de validade das informações fornecidas, considerando-se os
constructos psicológicos avaliados e os objetivos da avaliação.

Ressalta-se que, para indicar um prazo de validade, é necessário que o psicólogo disponha
de fundamentos técnicos, teóricos e metodológicos que justifiquem a indicação feita e
que os disponibilize sempre que lhe for solicitado.

Em relação à guarda dos documentos, gerados a partir de avaliações psicológicas,


a resolução orienta que esses documentos, assim como o conjunto do material clínico
que embasou a sua elaboração, deverão ser guardados por, pelo menos, cinco anos. Por
certo, esse prazo poderá ser estendido por determinação da justiça ou em situações
específicas, previstas por lei.

63
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Ressalta-se que tanto o profissional que realizou a avaliação quanto a instituição na


qual a avaliação foi realizada, quando for o caso, serão responsáveis pela guarda de todo
o material de avaliação e dos documentos escritos gerados por ela.

Assim, o profissional e a instituição devem seguir as orientações presentes no Código de


Ética do Psicólogo, inclusive cuidando do destino desses documentos e materiais caso
o serviço psicológico seja extinto na referida instituição.

Entre os pressupostos éticos e técnicos, ressaltamos que na elaboração de todo documento


o psicólogo sempre deverá se pautar, também, no Código de Ética Profissional
do Psicólogo.

Em outras palavras, devemos estar atentos aos nossos deveres como profissionais da
área de psicologia e respeitarmos todas as recomendações do CFP, referentes às nossas
relações profissionais que envolvem a(s) pessoa(s) atendida(s), o sigilo inerente ao
nosso trabalho, as questões relacionadas à justiça e, também, a quem se destina as
informações que forneceremos.

Destacamos também que todo documento deve ser produzido em conformidade com
os objetivos da avaliação ou de acordo com seu destinatário, ou seja, cada documento
deve conter apenas as informações necessárias para o esclarecimento das dúvidas ou
questões levantadas pelo solicitante da avaliação.

A Resolução CFP Nº 007/2003 é explícita na orientação de que a escrita dos documentos


deve ser pontual, isto é, restrita apenas às informações necessárias para se alcançar
os objetivos solicitados e que o psicólogo deve se recusar a fornecer qualquer outra
consideração que não esteja especificamente relacionada à finalidade da avaliação e do
documento redigido.

No que diz respeito à assinatura dos documentos, o Manual define que todo documento
elaborado pelo psicólogo deve conter seu número de inscrição no Conselho Regional de
Psicologia e ser assinado por ele. Nos documentos compostos por mais de uma página, o
psicólogo deverá rubricar cada uma delas e assinar na última página. Essa regra aplica-
se a todas as modalidades de documento.

Tipos de documentos psicológicos

De acordo com a Resolução CFP Nº 007/2003 (CFP, 2003) existem quatro modalidades
de documentos, a saber: Declaração, Atestado Psicológico, Relatório / Laudo Psicológico
e Parecer Psicológico. Desses, apenas o Atestado Psicológico e o Relatório\ Laudo
Psicológico são decorrentes da avaliação psicológica.

64
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

Descreveremos a Declaração, o Parecer e o Atestado de forma sucinta.

Por sua vez, estudaremos a elaboração do Relatório ou Laudo Psicológico com maior
aprofundamento, de acordo com os objetivos desta disciplina.

Declaração

Como o próprio nome indica, este documento visa a declarar ou a informar objetivamente
sobre ocorrências ou fatos referentes a um atendimento psicológico. Assim, uma
Declaração poderá ser emitida com a finalidade de declarar:

a. o comparecimento às sessões, inclusive de acompanhantes, quando se


fizer necessário;

b. o acompanhamento psicológico da pessoa atendida;

c. as informações acerca das características do atendimento.

O documento deve ser redigido em texto corrido, sem parágrafos, para evitar alterações.
Caso seja necessário o parágrafo, deve-se preencher o espaço com traços.

Vejamos um modelo ilustrativo. Lembre-se de que essa é apenas uma ilustração!


Você deverá adequar a elaboração do documento a cada situação clínica.

Figura 22.

DECLARAÇÃO

Declaro, para fins de comprovação, que o Sr. Fulano de Tal, CPF nº xxxxxxxxx, faz acompanhamento psicológico no (ambulatório ou consultório),
desde janeiro de 2016, sob meus cuidados profissionais, comparecendo às sessões todas às terças-feiras, no horário das 16:00 às 17:00h.
--------------------------------------------------------------------------------

Cidade, dia, mês, ano.

________________________________
Nome completo do profissional
Nº de inscrição no CRP
Carimbo e assinatura

Atestado Psicológico

Este documento atesta ou certifica um estado psicológico ou mesmo, uma determinada


circunstância, com o objetivo de afirmar as condições psicológicas da pessoa solicitante,
para fins de justificar:

a. as faltas e\ ou impedimentos;

65
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

b. a condição de estar ou não apto(a) para o desempenho de atividades


específicas (após um processo de avaliação psicológica);

c. a solicitação de afastamento, licença ou dispensa de atividades para


tratamento de saúde por problemas psicológicos, conforme o disposto na
Resolução CFP N° 015/96.

No registro de informações para o Atestado, além de nome completo do solicitante e a


finalidade do documento, também devem constar uma descrição sucinta dos sintomas,
situação ou condições psicológicas apresentadas pelo solicitante, podendo ser necessário
registrar, também o código da Classificação Internacional de Doenças - CID, que esteja
em vigor no momento de emissão do Atestado.

Assim como na Declaração, o Atestado também deve ser redigido em texto corrido, sem
parágrafos, para evitar alterações. Caso seja necessário o parágrafo, deve-se preencher
o espaço com traços.

Vejamos uma ilustração. Reiteramos que você deve contextualizar a elaboração do


documento à sua realidade.

Figura 23.

ATESTADO
Atesto, para fins de dispensa no trabalho, junto a (nome da instituição ou profissional a quem se destina o documento), que o Sr. (nome completo
do solicitante e numero CPF ), apresenta (descrição sucinta de sinais e sintomas), sintomas compatíveis com CID (código e nomenclatura da CID),
necessitando, no momento, de 30 (dias) dias de afastamento de suas atividades laborais para ( indicar a razão). -------------------------------

Cidade, dia, mês, ano.

_____________________________
Nome completo do profissional
Nº de inscrição no CRP
Carimbo e assinatura

Parecer Psicológico

O Parecer psicológico é um documento sucinto sobre questões específicas e pontuais


na área psicológica. Os resultados de um Parecer devem ter fundamentação nos
conhecimentos científicos em psicologia, podendo ser conclusivos ou indicativos.

Esse documento objetiva esclarecer dúvidas pontuais sobre determinadas


questões-problema que interferem em dada decisão. Esse objetivo configura o parecer
como uma resposta esclarecedora a uma consulta, exigindo, assim, do consultor ou
parecerista a competência no assunto.
66
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

Diferentes instituições (escolas, por exemplo) e profissionais (neurologistas,


psiquiatras, juízes, entre outros) podem solicitar pareceres. Para responder a
essas solicitações, não é exigido que o psicólogo faça um psicodiagnóstico, pois,
considerando-se que este seja especialista no assunto, espera-se que responda
às questões-problema ou quesitos a partir da sua especialidade, ou seja, de seu
conhecimento técnico e referencial teórico.

Figura 24.

Fonte: <http://www.dialogopsi.com.br/blog/conversar-com-um-psicologo/>.

As questões-problema ou quesitos referem-se às perguntas elaboradas pelo


solicitante do parecer, as quais deverão ser respondidas de forma sucinta,
convincente, esclarecedora e fundamentadas num referencial teórico da psicologia.
Todas as perguntas devem ser respondidas ou esclarecidas. Caso não existam
dados suficientes para fornecer uma resposta categórica, o psicólogo deve usar
o termo “sem elementos de convicção”. Se a pergunta ou o quesito estiver mal
elaborado recomenda-se qualificá-lo como “prejudicado”, “sem elementos” ou
“aguarda evolução”.

Quanto à estrutura, o parecer é constituído por quatro itens: identificação, exposição


de motivos, análise e conclusões. Discutiremos esses itens com maior aprofundamento
e detalhes, quando formos estudar o Laudo Psicológico. Para o momento, faremos uma
abordagem apenas ilustrativa.

Importante ressaltar que, no Parecer, diferente do Laudo Psicológico, existe a recomendação


de que, na identificação, indique-se a titulação do solicitante e do parecerista, no intuito
de apresentar a especialidade do parecerista e justificar a sua competência na área
em questão.

67
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Vejamos a descrição de uma forma ilustrativa.

Figura 25.

PARECER

1. IDENTIFICAÇÃO

PARECERISTA: (nome completo do psicólogo, titulação e registro no CRP).


SOLICITANTE: (nome completo e titulação)

II. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS


Neste campo, devem-se descrever os motivos ou objetivos da consulta e detalhar quais as questões-problema ou quesitos solicitados para serem
esclarecidos. ----------------------

III. ANÁLISE
A análise deve discutir as questões da demanda, ou seja, fazer uma discussão do que foi detalhado no item anterior: exposição de motivos. -------
----------------------------------------------
A discussão deve ser feita de forma resumida, mas meticulosa e pautada nos conhecimentos (técnicos e teóricos) em psicologia, incluindo artigos
científicos como fontes de informação e fundamentação\ citações.-------------------------------------------------------
Podemos considerar que neste campo – análise – deve-se apresentar as justificativas que irão fundamentar as conclusões. -----------------------
---------------------------------------------------

IV. CONCLUSÕES
Neste campo, o parecerista apresentará o seu posicionamento frente às questões levantadas, ou seja, responderá as questões-problema. ---------
----------------------------------

Cidade, dia, mês, ano.

_____________________________
Nome completo do profissional
Nº de inscrição no CRP
Carimbo e assinatura

O Laudo Psicológico
A Resolução CFP Nº 007/2003 (CFP, 2003) define o laudo e\ ou relatório psicológico
como um documento, derivado da avaliação psicológica, que descreve um estado
emocional e\ ou uma conjuntura psicológica, considerando as condições culturais,
sociais, históricas e políticas de um indivíduo ou grupo de pessoas.

Essa resolução ressalta que a elaboração do laudo deve estar pautada em informações
adquiridas e analisadas por meio de métodos, procedimentos e técnicas consagradas na
psicologia, assim como todo documento produzido pelo psicólogo.

68
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

A resolução também explicita que o relatório psicológico tem a finalidade de descrever


os procedimentos utilizados na realização do processo avaliativo, assim como as análises
e sínteses conclusivas advindas destas, devendo também relatar e propor recomendações
sobre conclusões diagnósticas e prognósticas, projetos interventivos e psicoterapêuticos
e encaminhamentos, além de poder apontar a necessidade de atendimentos psicológicos,
solicitando que se tomem essas providências.

Importante ressaltar novamente que, como todo documento psicológico, para a elaboração
do laudo ou relatório, o psicólogo deve se restringir a fornecer apenas informações
estritamente essenciais para responder à demanda e alcançar os objetivos da avaliação
solicitada.

Em relação à linguagem escrita, utilizada para sua elaboração, a resolução esclarece


que, sendo o relatório\ laudo um documento essencialmente científico, sua narrativa
deve ser objetiva, clara, concisa, coesa e de fácil compreensão para o destinatário.
Nesse sentido, caso seja necessário utilizar um termo técnico, este deverá ser conceituado
e explicado.

Estrutura do Laudo ou Relatório psicológico

Quanto à sua estrutura, de acordo com a Resolução CFP Nº 007/2003 (CFP, 2003),
este documento deverá ser composto por, no mínimo, cinco componentes ou tópicos.
São eles: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão.
A seguir, apresentaremos e descreveremos cada um desses componentes.

Com o intuito de dinamizar o alcance desse objetivo, simularemos um Laudo Psicológico


decorrente do psicodiagnóstico de um adulto, para efeitos ilustrativos. Ressaltamos
que se trata apenas de uma ilustração. Sendo assim, não apresentaremos um relatório\
laudo completo. Forneceremos apenas uma amostra de elaboração de cada um dos
cinco componentes que constituem esse documento para que você desenvolva uma
referência de como redigir este documento, a partir de cada tópico.

Para apresentarmos nossa simulação tomaremos como modelo nosso caso fictício,
apresentado no Capítulo 5. Lembra-se? Trata-se do encaminhamento de um cirurgião
plástico que solicitou o psicodiagnóstico de um paciente com a finalidade de saber se
este tem condições psicológicas para se submeter às cirurgias. Faremos uma descrição
do caso para fundamentar nossas reflexões. Destacamos que é um caso fictício “criado”
especificamente para este exercício. Para a criação deste caso, nos inspiramos em
situações reais e na literatura, especialmente em Cunha (2000).

69
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Vejamos um modelo ilustrativo. Mais uma vez destacamos que se trata de uma
ilustração! Reiteramos que você deverá adequar a elaboração do documento a cada
situação clínica.

Descrição do caso ilustrativo

Identificação do sujeito. Fulano de Tal – F.T.

Sexo: masculino,

Idade: 57 anos

Estado civil: casado

Escolaridade: curso superior

Profissão: professor universitário na área de exatas

Outras informações: mora com esposa e um casal de filhos. Perdeu um irmão num
acidente de carro há 3 anos.

No Capítulo 5, fizemos algumas reflexões clínicas e formulamos algumas hipóteses


iniciais. Vamos recapitular?

Com esclarecimentos feitos pelo médico, começamos a fazer “traduções” das suas
questões para o âmbito psicológico.

1. Será que esse paciente se encontra deprimido?

2. Como esse paciente funcionava antes e o que está acontecendo com ele
agora para “parecer ser outra pessoa”?

3. Suas expectativas em relação às cirurgias plásticas estão reais ou


fantasiosas?

4. Como esse paciente reagiria com os resultados reais dos procedimentos?

5. Qual seria o prognóstico para esse caso?

Note que essa primeira reflexão sobre as questões do médico já se transformaram em


cinco perguntas de cunho psicológico. Por sua vez, essas cinco perguntas já apontam
para quatro possíveis objetivos para a avaliação, a saber:

1. Diagnóstico diferencial

2. e 3. Avaliação do funcionamento psicodinâmico;

70
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

4. Prevenção; e

5. Prognóstico.

A partir dessas reflexões, elaboramos nossas primeiras hipóteses:

1. As primeiras informações apontam para a possibilidade de que o paciente


possa estar vivenciando um estado depressivo.

2. Querer fazer tantas cirurgias pode ser uma resposta maníaca aos sintomas
depressivos?

3. A morte repentina e trágica do irmão foi o gatilho para essas


transformações?

4. Qual é a dimensão da sua percepção irrealista?

5. Existem sintomas psicóticos presentes?

O próximo passo é a realização das entrevistas iniciais para levantamento da história de


vida e da história clínica. Essas informações em conjunto (advindas do esclarecimento
da demanda e das entrevistas), já possibilitam o levantamento de questões básicas e o
desenvolvimento de objetivos. Com isso, é possível estabelecer um plano de avaliação e
realizar o contrato de trabalho.

Imagine que já realizamos as quatro primeiras etapas do processo psicodiagnóstico.


Agora, estamos na quinta etapa: Comunição. Vamos elaborar o laudo e realizar a
entrevista de devolução para encerrarmos o caso.

Vejamos uma amostra de como seria o laudo desse caso. Ressaltamos que o objetivo
é de ilustração das definições. Então, para ser mais esclarecedor e ilustrativo optamos
pela seguinte organização das informações:

1. apresentação das definições de acordo com a Resolução;

2. ilustração com o modelo de Laudo.

Definição e descrição dos componentes do


Relatório com modelo ilustrativo

Primeiro tópico: Identificação

É o primeiro tópico do documento e tem como objetivo descrever a identificação dos


envolvidos (relator(es)\ autores e interessados) e, também, a finalidade do processo.

71
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

O AUTOR/RELATOR – psicólogo(s) que realizou(aram) a avaliação, com a(s) respectiva(s)


inscrição(ões) no Conselho Regional).

O INTERESSADO – solicitante (instituições, profissionais ou a própria pessoa a


ser avaliada).

O ASSUNTO/FINALIDADE – demanda de avaliação (descrição resumida, clara,


minuciosa e precisa da finalidade da avaliação)

Figura 26.

MODELO - Relatório\ Laudo Psicológico


1. Identificação (Modelo):

RELATORA: Nome completo do psicólogo – CRP xxxxxxxx.---------------------------------------


INTERESSADO: nome completo do solicitante – médico cirurgião plástico. -------------------
ASSUNTO/FINALIDADE: Realizar o diagnóstico diferencial do Sr. Fulano de Tal para avaliar se possui condições de se submeter às cirurgias
corretivas.-----------------------

Segundo tópico: Descrição da demanda


Neste tópico, deve-se descrever de forma sucinta, mas minuciosa, todas as informações
relacionadas ao(s) motivo(s) e à finalidade da solicitação do psicodiagnóstico.

É de extrema importância fazer uma boa análise e descrição da demanda, pois esta
descrição justifica a escolha dos procedimentos, recursos e técnicas selecionados para
o processo de avaliação.

Figura 27.

MODELO - Relatório\ Laudo Psicológico

1. Identificação (Modelo):
RELATORA: Nome completo do psicólogo – CRP xxxxxxxx.---------------------------------------
INTERESSADO: nome completo do solicitante – médico cirurgião plástico. -------------------
ASSUNTO/FINALIDADE: Realizar o diagnóstico diferencial do Sr. Fulano de Tal para avaliar se possui condições de se submeter às cirurgias corretivas.
-----------------------

2. Descrição da demanda (Modelo)


Fulano de Tal foi encaminhado para diagnóstico diferencial por seu cirurgião plástico, com a finalidade de saber se esse paciente tem “condições
psicológicas” para realizar cirurgias estéticas. No telefonema, o médico informou que F.T. o procurou com a finalidade de realizar várias intervenções de
cirurgias plásticas, inclusive com procedimentos mais invasivos, relacionadas ao contorno do corpo e às mudanças de características faciais. Também
esclareceu que teve a impressão de que o paciente estava “um pouco pra baixo” e que achou atípico um homem, nessa faixa etária, querer tantas
intervenções. Além disso, também teve a impressão de que o paciente está “apostando muito” nessas cirurgias como se elas fossem resolver todos
os seus problemas e, com elas, se tornaria uma nova pessoa. Relatou também que os familiares estão “estranhando” o comportamento do paciente
e disseram que ele “parece outra pessoa”, pois antes era uma pessoa discreta, reservada e de muita responsabilidade financeira, mas que desde
a morte de seu irmão seus comportamentos sofreram alterações e no ultimo ano, tornou-se o oposto do que era antes. O médico informou que o
paciente possui boa saúde física e que do ponto de vista da clínica médica possui boas condições para as intervenções. Entretanto, precisa saber
como o paciente vivenciaria essas cirurgias e se reagiria bem aos resultados dos procedimentos. ---------------------------

72
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

Terceiro tópico: Procedimento


No terceiro tópico, descreve-se minuciosamente todo o processo de levantamento de
informações, relatando quais foram as pessoas entrevistadas, o número de encontros
realizados e os recurso, técnicas e instrumentos utilizados.

Lembre-se de que nos pautamos nas hipóteses iniciais para programar o plano de
avaliação. Por sua vez, essas hipóteses são formuladas com informações advindas do
encaminhamento e esclarecidas, confirmadas, refutadas e\ou reformuladas com as
entrevistas iniciais.

Vamos recapitular nossas reflexões e hipóteses iniciais?

1. As primeiras informações apontam para a possibilidade de que o paciente


possa estar vivenciando um estado depressivo.

2. Querer fazer tantas cirurgias pode ser uma resposta maníaca aos sintomas
depressivos?

3. A morte repentina e trágica do irmão foi o gatilho para essas transformações?

4. Qual é a dimensão da sua percepção irrealista? Existem sintomas psicóticos


presentes?

Como pode ser observado com a leitura destas quatro questões, nossas reflexões iniciais
apontam para a necessidade de avaliar:

1. a existência de um quadro de Transtorno Bipolar;

2. a presença de sintomas psicóticos;

3. a importância de excluir fatores orgânicos e de fazer diagnóstico diferencial.

Com essas reflexões, o plano de avaliação envolveria:

I. Entrevista clínica com o irmão mais velho: possibilita obter informações


sobre a história de vida do paciente, comportamentos e dinâmica de
relacionamento durante a infância e adolescência.

II. Entrevista clínica com a esposa: possibilita obter informações sobre a


história de vida do paciente, comportamentos e dinâmica de relacionamento,
principalmente na idade adulta.

III. Entrevista clínica com o paciente: história de vida e histórico clínico.

IV. Entrevista clínica com o paciente – SCID-5: para avaliação de Transtorno


Mental.
73
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Bateria de testes:

I. Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender - Sistema de pontuação gradual


(B-SPG): possibilita fazer triagem da existência de disfunção cerebral.

II. RORSCHACH:

III. Escala de Inteligência Wechsler para Adultos - WAIS III

Vejamos uma amostra de como seria o Laudo.

Figura 28.

MODELO - Relatório\ Laudo Psicológico

1. Identificação (Modelo):
RELATORA: Nome completo do psicólogo – CRP xxxxxxxx.---------------------------------------
INTERESSADO: nome completo do solicitante – médico cirurgião plástico. -------------------
ASSUNTO/FINALIDADE: Realizar o diagnóstico diferencial do Sr. Fulano de Tal para avaliar se possui condições de se submeter às cirurgias
corretivas.-----------------------

2. Descrição da demanda (Modelo)


Fulano de Tal foi encaminhado para diagnóstico diferencial por seu cirurgião etc etc etc etc ----------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------

3. Procedimento (Modelo)
Foram realizados 08 (oito) encontros, com duração de, aproximadamente, uma hora e 30 minutos cada. O primeiro encontro foi destinado à
entrevista inicial com o paciente. No segundo e terceiro encontros, realizou-se entrevista com a esposa e o irmão, respectivamente. No quarto
encontro, realizou-se a entrevista SCID-5, com o paciente. O quinto, o sexto e o sétimo encontros foram destinados à aplicação dos seguintes
instrumentos: Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender, Rorschach, Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS). No nono encontro, realizou-se a
entrevista de devolução com o paciente e sua esposa. ----------------------------------------------------------------------------------

Quarto tópico: Análise

Neste tópico, deve-se descrever, de forma clara, objetiva, concisa e fidedigna as


situações clínica vivenciadas e os resultados das avaliações, fazendo uma integração
dessas informações colhidas durante o processo.

Como existem muitas informações e várias ações reflexivas envolvidas no tópico


análise, para evitar confusões e possibilitar a melhor organização destas informações,
sugere-se que se divida o tópico em três itens: história (clínica, de vida, ocupacional,
etc) resultados e integração dos dados (LAGO; YATES; BANDEIRA, 2016;
PASQUALI, 2001).

Vejamos uma amostra deste tópico.

74
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS │ UNIDADE IV

Figura 29.

MODELO - Relatório\ Laudo Psicológico

1. Identificação (Modelo):
RELATORA: Nome completo do psicólogo – CRP xxxxxxxx.---------------------------------------
INTERESSADO: nome completo do solicitante – médico cirurgião plástico. -------------------
ASSUNTO/FINALIDADE: Realizar o diagnóstico diferencial do Sr. Fulano de Tal para avaliar se possui condições de se submeter às cirurgias
corretivas. -----------------------

2. Descrição da demanda (Modelo)


Fulano de Tal foi encaminhado para diagnóstico diferencial por seu cirurgião etc etc etc etc ---------------------------------------------------------

3. Procedimento (Modelo)
Foram realizados 08 (etc, etc, etc, ) -----------------------------------------------------------------------

4. Análise (Modelo)
4.1. História de vida e história clínica
Fulano de Tal ...(resumo das informações mais importantes e pertinentes, de acordo com a demanda da avaliação, e necessárias para se alcançar
os objetivos da avaliação).-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4.2. Resultados
4.2.1. Entrevista com a SCID-5: descrever os resultados
encontrados---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4.2.2. Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender: descrever os resultados
encontrados------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4.2.3. Rorschach: descrever os resultados encontrados --------------------------------------------------------------------------------------------
4.2.4. Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS): descrever os resultados
encontrados---------------------------------------------------------
4.3. Integração dos dados
Uma maneira de apresentar os dados de forma integrada é apresentar cada construto avaliado agrupando e relacionando as análises que cada
instrumento forneceu, por exemplo:
Teste de realidade e sentido de realidade------------------------------------------------------------
Organização afetiva, etc. --------------------------------------------------------------------------------------

Quinto tópico: Conclusão

Neste tópico, deve-se apresentar uma síntese dos resultados alcançados, assim como
recomendações ou considerações acerca dos fenômenos, estado emocional e\ou
situações psicológicas, sociais, culturais investigadas e avaliadas durante todo o
processo, respondendo à demanda de solicitação da avaliação.

Recomenda-se a subdivisão do tópico em itens, com a finalidade de organizar melhor a


apresentação das informações.

Após a conclusão, encerra-se o documento, com indicação de local, data da emissão,


nome e inscrição do profissional, carimbo e assinatura.

75
UNIDADE IV │ ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Figura 30.

MODELO - Relatório\ Laudo Psicológico

1. Identificação (Modelo):
RELATORA: Nome completo do psicólogo – CRP xxxxxxxx.---------------------------------------
INTERESSADO: nome completo do solicitante – médico cirurgião plástico. -------------------
ASSUNTO/FINALIDADE: Realizar o diagnóstico diferencial do Sr. Fulano de Tal para avaliar se possui condições de se submeter às cirurgias
corretivas. -----------------------

2. Descrição da demanda (Modelo)


Fulano de Tal foi encaminhado para diagnóstico diferencial por seu cirurgião etc etc etc etc ----------------------------------------------------------

3. Procedimento (Modelo)
Foram realizados 08 (etc, etc, etc, ) -----------------------------------------------------------------------

4. Análise (Modelo)
4.1. História de vida e história clínica
Fulano de Tal ...(resumo das informações mais importantes e pertinentes, de acordo com a demanda da avaliação, e necessárias para se alcançar
os objetivos da avaliação). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4.2. Resultados
4.2.1. Entrevista com a SCID-5: descrever os resultados encontrados ---------------------------------------------------------------------------
4.2.2. Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender: descrever os resultados encontrados ----------------------------------------------------------
4.2.3. Rorschach: descrever os resultados encontrados --------------------------------------------------------------------------------------------
4.2.4. Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS): descrever os resultados encontrados ------------------------------------------------------
4.3. Integração dos dados
Uma maneira de apresentar os dados de forma integrada é apresentar cada construto avaliado agrupando e relacionando as análise que cada
instrumento forneceu, por exemplo:
Teste de realidade e sentido de realidade ------------------------------------------------------------
Organização afetiva, etc --------------------------------------------------------------------------------------

5. Conclusão (Modelo)
5.1. Síntese dos resultados: O paciente apresenta um quadro maníaco com características psicóticas. Confrontando os resultados de todo
o processo de avaliação com sua história clínica e de vida e, também, pelo relato de seus familiares, observou-se que apresentava um Episódio
Depressivo Maior antes da morte súbita e traumática de seu irmão. Sendo que essa perda intensificou o seu quadro depressivo. O paciente não
buscou nenhum tratamento anteriormente. No ultimo ano, passou a apresentar sintomas de elevação do humor e mudanças bruscas em seu
comportamento, tornando-se... (continua a descrição...) -----------------------------------------------------------------------------------
5.2. Diagnóstico diferencial: (F31.2) Transtorno Bipolar Tipo I, Episódio atual maníaco, Com características psicóticas congruentes com o
humor. --------------------------------------
5.. Indicações terapêuticas:
a) Para o paciente: Encaminha-se o paciente para: 1) Avaliação e acompanhamento psiquiátrico: 2) Psicoterapia individual; 3) Acompanhamento
em grupos específicos. -------b) Para os familiares: Participação em programas de intervenção terapêutica grupo, para família de portadores do
Transtorno Bipolar. ---------------------------------------------------------

Por ser verdade, firmo o presente Laudo Psicológico.


Local, data.

(assinatura e carimbo)
____________________________________________
Nome completo do psicólogo
CRP xxxxxxxx

76
Para (não) finalizar

Nesta disciplina, conversamos sobre o Psicodiagnóstico ressaltando sua concepção como


um processo decisório que envolve várias etapas. Para isso, primeiramente, fizemos
uma breve contextualização histórica sobre o seu desenvolvimento e sobre a situação
atual no Brasil. Depois, fomos conhecendo alguns elementos, recursos e estratégias que
constituem o processo.

Pautados nos referenciais teóricos e práticos e nas recomendações do Conselho Federal


de Psicologia, vislumbramos que se trata de um processo complexo e multifacetado
que se configura como um conjunto de múltiplas avaliações que requerem do psicólogo
uma formação ampla e com várias especializações. Isso pode ser observado ao
longo das reflexões sobre cada etapa existente na operacionalização do processo no
psicodiagnóstico.

Por último, conversamos sobre as recomendações e pressupostos éticos necessários


para a elaboração de documentos decorrentes da avaliação psicológica e vislumbramos
uma amostra de elaboração do laudo ou relatório psicológico.

Sem dúvida, esta disciplina nos demonstrou a importância do psicodiagnóstico para o


desenvolvimento da psicologia como ciência e profissão, assim como sua importância
para a inserção do psicólogo no cenário social.

Vimos também sua importância como promovedora de bem-estar e de saúde mental


das pessoas que recorrem aos profissionais de psicologia, buscando algum tipo de ajuda
e orientações.

Como conversamos no decorrer da disciplina, a complexidade da atividade de avaliação


requer de nós, profissionais de psicologia, a responsabilidade de nos comprometermos
com a nossa formação para que exerçamos uma prática clínica com qualidade e pautada
numa conduta ética, socialmente responsável e cidadã e que assegure e promova os
Direitos Humanos e o bem-estar dos indivíduos que utilizam de nossos serviços.

77
Referências
AFFONSO, R M. L. A importância da epistemologia no ensino da avaliação psicológica
no processo psicodiagnóstico. Avaliação psicológica, 2005, v. 4, n. 2,183-193.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais – 4 ed. Texto Revisado - DSM- IV-TR. Trad.
Cláudia Dornelles. Porto Alegre: ArtMed, 2002.

____________. Structured Clinical Interview for the DSM-IV Axis I Disorders,


s/d. Disponível em: http://www.scid4.org/ Acesso em 09 de fevereiro de 2017.

____________. SCID-5. Disponível em: https://www.appi.org/products/


structured-clinical-interview-for-dsm-5-scid-5. Acesso em 09 de fevereiro de 2017.

ANACHE, A. A. Notas introdutórias sobre os critérios de validação da avaliação


psicológica na perspectiva dos direitos humanos. In: NORONHA A. P. P. et al. (Orgs.).
Ano da avaliação psicológica: textos geradores. Brasília: Conselho Federal de
Psicologia, 2011.

BANDEIRA, D. R, TRENTINI, C.M. & KRUG, J.S., 2016, Psicodiagnóstico: formação,


cuidados éticos, avaliação de demanda e estabelecimento de objetivos. In: HULTZ
et al. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: ArtMed. 2016. Disponível em https://
books.google.com.br/books?id=9jFfDAAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-
BR#v=onepage&q&f=false. Acesso em 12 de fevereiro de 2017.

BASCO, M. R., BOSTIC, J. Q., DAVIES, D., RUSH, A. J., WITTE, B., HENDRICKSE,
W. & BARNETT, V. Methods to Improve Diagnostic Accuracy in a Community Mental
Health Setting. American Journal of Psychiatry, 2000, 157:1599-1605.

BERNSTEIN, C. A. Meta-Structure in DSM-5 Process. Psychiatric News. American


Psychiatric Association, 2011, V. 46, N. 5, Page 7, versão online.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Ano da Avaliação Psicológica - Textos


geradores. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2011.

_____________. Avaliação Psicológica: Diretrizes na Regulamentação da


Profissão. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2010.

_____________. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília: Conselho


Federal de Psicologia, 2005.

78
REFERÊNCIAS

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mental. 2004. Disponível em: <http:/www/.ufrgs.br/psiq/Avalia%C3%A7%C3%
A3o%20%20do%20Estado%20Mental.pdf>. Acesso em: 08 de fevereiro de 2017.

COX, A., HOPKINSON, K. & RUTTER, M. Psychiatric interviewing techniques: II.


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83
ANEXO 1

Roteiro de entrevista com Anamnese –


infantil

(Fonte: https://docs.google.com/file/d/0B7C31UCsYaOiemV5Z0lfb21UTFk/
edit?usp=sharing)

Data:__________
Quem trouxe a criança:____________________________________________________
Frequência do atendimento:_____________ Data/hora:_____________________________

1. Identificação
Nome:________________________________________________________________
Apelido:_______________________________________________________________
Idade:_____________ Sexo:_______________________________________________
Local e data de nascimento:__________________________________________________
Cidade:__________________________ Telefone:_______________________________
Escola:________________________________________________________________
Escolaridade:______________________ Período escolar___________________________
Nome do professor:_______________________________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

2. Dados familiares
Nome do pai:___________________________________________________________
Grau de instrução:___________________Profissão_______________________________
Idade:___________Naturalidade:__________________Estado civil:__________________
Nome da mãe:__________________________________________________________
Grau de instrução:___________________Profissão_______________________________
Idade:___________Naturalidade:___________________Estado civil:_________________
Religião dos pais:________________________________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Outros filhos
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

3. Queixa ou motivo da consulta


______________________________________________________________________

84
ANEXOS

_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Desde quando há o problema?______________________________________________
Já procurou outros especialistas? Quais? _________________________________________________________________________
Está fazendo algum tipo de tratamento médico, psicológico, psiquiátrico ou neurológico? __________________________________________
Por quê?_______________________________________________________________
Quem indicou a clínica?___________________________________________________

4. Antecedentes pessoais
4.1.Gestação
Fez alguma transfusão durante a gravidez?_______________________________________
Levou algum tombo?_____________________________________________________
Doenças durante a gestação________________________________________________
Condições de saúde da mãe durante a gravidez____________________________________
Condições emocionais____________________________________________________
Houve algum episódio marcante durante a gravidez? _________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

4.2.Condições de nascimento
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

5. Desenvolvimento
5.1.Saúde
A criança sofreu algum acidente ou se submeteu a alguma cirurgia? _______________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Possui reações alérgicas?_________________________________________________
Tem bronquite ou asma?__________________________________________________
Apresenta problemas de visão?_____________________________________________
E de audição?________________________________________________________
Dor de cabeça?_______________________________________________________
Já desmaiou alguma vez?___________Quando?________________________________
Como foi?___________________________________________________________
Teve ou tem convulsões?_________________________________________________
Há alguém na família que apresenta problemas de desmaios, convulsões, ataques? ______________________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
5.2 Alimentação
A criança foi amamentada?________Até quando?______________________________
Como é sua alimentação? ___________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
É forçada a se alimentar?_________________________________________________
Come sem derrubar a comida?_____________________________________________
Recebe ajuda na alimentação?______________________________________________

85
ANEXOS

Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

5.3 Sono
A criança dorme bem?_________________________________________________
Como é seu sono? (agitado, tranquilo)?______________________________________
Fala dormindo?______________________________________________________
É sonâmbula?_______________________________________________________
Range os dentes?____________________________________________________
Dorme em quarto separado dos pais?_______________________________________
Com quem dorme?___________________________________________________
A criança acorda e vai para a cama dos pais?__________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________

5.4.Desenvolvimento psicomotor
Como era como bebê?__________________________________________________
É lento para realizar alguma tarefa?__________________________________________
Veste-se sozinho?________________ Toma banho sozinho?______________________
Calça-se sozinho?________________ Sabe dar nó nos calçados?___________________
É desastrado?________________________________________________________
Pratica esportes?___________Quais?_______________________________________
Rói unhas?_____________________ Chupa o dedo?__________________________
Tem outra mania ou tic?Qual?_____________________________________________
Precisa de ajuda para fazer alguma coisa?_____________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

6. Escolaridade
A criança gosta de ir à escola?____________________________________________
É bem aceita pelos amigos ou é isolada?_____________________________________
Já repetiu a série alguma vez?___________________ Por quê? _______________________________________________________
Gosta de estudar?_______Tem o hábito de leitura?______________________________
Faz as lições que os professores passam?_____________________________________
Os pais estudam com a criança?___________________________________________
Mudou muitas vezes de escola?____________________________________________
Por quê?___________________________________________________________
Vai bem em matemática?________________________________________________
Tem dificuldade em leitura e escrita?_________________________________________
É irrequieta na escola?__________________________________________________
Em que circunstâncias?_________________________________________________
Quais as principais dificuldades encontradas na escola? ________________________________________________________________
O que os professores acham dela?___________________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

86
ANEXOS

7. Linguagem
Descreva a comunicação atual:______________________________________________
Observações: ____________________________________________________________________________________________

8. Sexualidade
Recebeu alguma educação sexual?_______________De quem?___________________
Como foi?__________________________________________________________
Tem curiosidade sexual?_________________________________________________
Os pais conversam sobre sexualidade com a criança?_____________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

9. Aspectos ambientais
Prefere brincar sozinha ou com amigos?______________________________________
Prefere brincar com crianças maiores ou menores que ela?_________________________
Faz amigos com facilidade?_______________________________________________
Adapta-se facilmente ao meio?____________________________________________
Como é o relacionamento da criança com os pais?_______________________________
E com os irmãos?_____________________________________________________
Quais as medidas disciplinares normalmente usadas com a criança? _______________________________________________________
Quem as usa?_______________________________________________________
Quais as reações da criança frente a essas medidas?_____________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

10. Características pessoais e afetivo-emocionais


Como é a criança sob o ponto de vista emocional?______________________________
______________________________________________________________________
Entre as características abaixo,em quais ela se enquadra mais?
Agressiva( )
Passiva ( )
Dependente( )
Irrequieta ( )
Medrosa ( )
Retraída ( )
Excitada ( )
Desligada ( )
Outros:________________________________________________________________
Como reage quando contrariada?____________________________________________
Atividades preferidas:_____________________________________________________
Observações: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

11. Atividades diárias da criança

Descreva a rotina da criança desde quando acorda até a hora de dormir:____________

87
Anexo 2

Roteiro de entrevista com Anamnese –


Adulto

(Fonte: https://docs.google.com/file/d/0B7C31UCsYaOiQUdtakJrVGJtX0k/
edit?usp=sharing)

Data do atendimento: ____________________________________________________

Identificação:

Nome:___________________________________________________________________
Idade: __________Sexo: _________________ Nacionalidade: ______________________
Estado Civil: ____________________ Data de nasc.:______________________________
Grau de instrução:__________________________________________________________
Profissão:________________________________________________________________
Residência (cidade/estado): __________________________________________________
Telefones para contado: _____________________________________________________

Atendimento:

Frequência:___________________________ Data/hora:___________________________

Queixa Principal:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Secundária:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Sintomas:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Histórico da Doença Atual:


Início da patologia:
_____________________________________________________________________________________________________

88
ANEXOS

_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Frequência: _____________________________________________________________________________________________
__________________________________________
Intensidade: ______________________________________________________________
Tratamentos anteriores: _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Medicamentos: __________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Histórico Pessoal:

Infância: _______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Rotina ________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Vícios: ________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Hobbies: _______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Trabalho: ______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Histórico Familiar:

Pais: _________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Irmãos: ________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Cônjugue: ______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Filhos: ________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Lar: __________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
História Patológica Pregressa (enfermidades e tratamentos atuais e anteriores): _________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Exame Psíquico:
Aparência: _____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Comportamento: _________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

89
ANEXOS

Atitude para com o entrevistador:

( )cooperativo , ( ) resistente, ( ) indiferente

Orientação

( )Autoidentificatória, ( ) corporal, ( )temporal, ( ) espacial, ( ) orientado em relação a patologia


Observações:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Atenção
Vigilância: ______________________________________________________________
Tenacidade:______________________________________________________________

Memória
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Inteligência
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Sensopercepção

( ) normal, ( ) Alucinação

Pensamento

( ) acelerado, ( )retardado, ( )fuga, ( ) bloqueio, ( ) prolixo, ( ) repetição


- Conteúdo: ( ) obsessões, ( ) hipocondrias, ( ) fobias, ( ) delírios
expansão do eu: (grandeza, ciúme, reivindicação, genealógico, místico, de missão salvadora, deificação, erótico, de ciúmes, invenção ou reforma, ideias
fantásticas, excessiva saúde, capacidade física, beleza...).
- retração do eu: (prejuízo, autorreferência, perseguição, influência, possessão, humildades, experiências apocalípticas).
- negação do eu: (hipocondríaco, negação e transformação corporal, autoacusação, culpa, ruína, niilismo, tendência ao suicídio).
_____________________________________________________________________________________________________
Linguagem

( )(má articulação )
( )afasias, verbigeração (repetição de palavras)
( )parafasia (emprego inapropriado de palavras com sentidos parecidos)
( ) neologismo
( )mussitação (voz murmurada em tom baixo)
( )logorreia (fluxo incessante e incoercível de palavras)
( ) para-respostas (responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver com o que foi perguntado)

Afetividade
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

90
ANEXOS

Humor

( )normal; ( ) exaltado; ( )baixa de humor; ( )quebra súbita da tonalidade do humor durante a entrevista;

Consciência da doença atual

( ) sim, ( )parcialmente, ( ) não


HIPÓTESE DIAGNÓSTICA
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

91
Anexo 3

Roteiro de entrevista com Anamnese –


Idoso

(Fonte: https://docs.google.com/file/d/0B7C31UCsYaOiT1cxcHR1dGxQdGc/
edit?usp=sharing)

IDENTIFICAÇÃO

Nome do paciente: ____________________________________ Data de hoje: _______


Nome do depoente: _____________________________________________________
Relação com o paciente: __________________________________________________
Telefones de contato: _____________________________________________________
Data de nascimento: ______________________ Idade: ___________ Sexo: _________
Local de nascimento: _____________________________________________________
Escolaridade: ___________________________________________________________
Diagnóstico médico (se houver): ____________________________________________
Queixa: ________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

LEVANTAMENTO DE SINTOMAS
Preocupações físicas
o Dores de cabeça
o Tonturas
o Enjoos ou vômitos
o Fadiga excessiva
o Incontinência urinária/fecal
o Problemas intestinais
o Fraqueza de um lado do corpo ____ ____ ____ _______(Indicar a parte do corpo)
o Problemas com a coordenação
o Tremores
o Tiques ou movimentos estranhos
o Problemas de equilíbrio
o Desmaios

Sensórias
o Perda de sensações / Dormências (Indique o local) __________________________

92
ANEXOS

o Formigamentos ou sensações estranhas na pele (Indique o local)_______________


o Dificuldade de diferenciar quente e frio
o Comprometimento visual
o Vê coisas que não estão lá
o Breves períodos de cegueira
o Perda auditiva
o Zumbidos nos ouvidos
o Escuta sons estranhos
o Dores (descreva) _____________________________________________________

Preocupações Intelectuais
o Dificuldade de resolver problemas que a maioria consegue
o Dificuldade de pensar rapidamente quando necessário
o Dificuldade de completar atividades em tempo razoável
o Dificuldade de fazer coisas sequencialmente

Linguagem
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Habilidades não verbais


Problemas para encontrar caminhos em lugares familiares
Dificuldade de reconhecer objetos ou pessoas
Dificuldade de reconhecer partes do próprio corpo
Dificuldade de orientação do tempo (dias, meses, ano)
Outros problemas não verbais __________________________________________

Memória
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Humor/Comportamento/Personalidade

Tristeza ou depressão ______ ______ _____ ___________


Ansiedade ou nervosismo ______ ______ _____ ___________
Estresse ______ ______ _____ ___________
Problemas no sono [cochilo ( ) / dormindo muito ( )] ___________
Tem pesadelos em uma base diária/semanal ___________
Fica irritado facilmente ___________
Sente euforia (se sentindo no topo do mundo) ___________
Sente-se muito emotivo (chorando facilmente) ___________
Sente-se como se nada mais importasse ___________

93
ANEXOS

Fica facilmente frustrado ___________


Faz coisas automaticamente (sem consciência) ___________
Sente-se menos inibido (fazendo coisas que não fazia antes) ___________
Tem dificuldade em ser espontâneo ___________
Houve mudança na energia [perda ( ) / aumento ( )] ___________
Houve mudança no apetite [perda ( ) / aumento ( )] ___________
Houve mudança no peso [perda ( ) / aumento ( )] ___________
Houve mudança no interesse sexual [aumento ( ) / queda ( )] ___________
Houve falta de interesse em atividades prazerosas ___________
Houve aumento de irritabilidade ___________
Houve aumento na agressividade ___________
Outras mudanças no humor, personalidade ou em como lida com as pessoas?
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

O paciente está passando por algum problema em sua vida nos aspectos a seguir
listados?
Matrimonial/Familiar:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Financeiro/Jurídico:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Serviços domésticos/Gerenciamento de dinheiro:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Condução de veículos:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Início dos Sintomas:_____________________________________________________

Sintomas se desenvolveram ( ) vagarosamente ( ) rapidamente


Seus sintomas ocorrem ( ) de vez em quando ( ) frequentemente
O que parece que faz o problema piorar?
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Histórico Médico
Problemas médicos apresentados antes da condição atual do paciente:

94
ANEXOS

Arteriosclerose
______________________________________________________________________
Demência
______________________________________________________________________
Outras infecções no cérebro ou desordens (meningite, encefalite, privação de
oxigênio etc)
______________________________________________________________________
Diabetes
______________________________________________________________________
Doenças cardíacas
______________________________________________________________________

Câncer
______________________________________________________________________
Doenças graves/desordens (doenças imunológicas, paralisia cerebral, pólio,
pneumonia, etc)
______________________________________________________________________
Exposição à substância tóxica (ex: chumbo, solventes, químicos)
______________________________________________________________________
Grandes cirurgias
______________________________________________________________________
Problemas psiquiátricos
______________________________________________________________________
Outros
______________________________________________________________________

O paciente normalmente toma medicamentos?


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

O paciente fez consulta ou está sob tratamento psiquiátrico? Sim ( ) Não ( )

Histórico do uso de substâncias


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

História da família

Quantos irmãos o paciente tem?_____________________________________________

Tem algum problema em comum (físico, acadêmico, psicológico) associado a algum dos seus irmãos? ________________________________

95
ANEXOS

Relação com a família:


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Estado civil:____________________________________________________________
Quantos anos de casado(a) tem: de __________ até__________
Nome do(a) esposo(a): ____________________________________________________
Profissão do(a) esposo (a): _________________________________________________
Saúde do(a) esposo (a): Excelente Boa Ruim
Há crianças em casa: ____________________________________________________
Quem mais atualmente vive em casa? _________________________________________
Algum membro da família tem problema de saúde ou necessidades especiais significantes? ________________________________________

Histórico Profissional
O paciente trabalha atualmente? ( ) Sim ( ) Não
O paciente já se aposentou? ( ) Sim ( ) Não
Cargo ou função no trabalho: _______________________________________________

Lazer
Resuma os tipos de lazer que o paciente gosta: ___________________________________
___________________________________________________________________
Ele ainda é capaz de realizar estas atividades? ____________________________________
Ele tem alguma religião ou frequenta alguma igreja? Sim ( ) Não ( )
Se sim, qual? __________________________________________________________

Hipótese Diagnóstica:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

96

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