Direito Das Sucessões Casos Praticos

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Aníbal, casou em 1914 com Joana, tendo falecido em 1980.

Do casamento nasceram 2
filhos, Pedro e Vera, ambos casados no regime da comunhão geral de bens com
Violeta e Paulo, respectivamente. Pedro, incompatibilizado com o pai havia anos,
repudiou a herança. Pedro não tinha descendentes. Vera havia falecido dois anos
antes do pai.
Joana fora entretanto condenada pelo crime de homicídio doloso de seu marido.
Aníbal fez testamento no qual dispôs: deixo toda a minha fortuna ao meu médico, que
certamente me acompanhará até ao fim dos meus dias e que me tem auxiliado na
minha doença prolongada. No mesmo testamento dispôs ainda: Caso o meu médico
não queira ou não possa então deixo todos os bens ao Futebol Clube do Porto.

Quem sucede a Aníbal?

Tópicos de resolução:

O aluno terá de abordar os seguintes aspectos:


a) Abertura da sucessão;
b) Do chamamento;
c) Da representação;
d) Da indignidade sucessória;
e) Da sucessão legitimária – legitima objectiva e subjectiva;
f) Da sucessão testamentária;
g) Do instituto da substituição.

+1980 autor da sucessão Aníbal Joana

Violeta Pedro Vera Paulo

Repudiou + 1978

- Joana foi condenada pelo homicídio doloso de Aníbal


- Testamento de toda a herança ao seu medico, caso este não queira ou não
possa, ao FCP.
- Pedro repudia.

Autor da sucessão Aníbal.


Momento da abertura da sucessão, 1980, por morte de Aníbal, art. 2031º CC

Sobrevivem a Aníbal, a sua mulher Joana e o seu filho Pedro. A sua filha Vera, é sua
pré falecida (1978).
São sucessíveis prioritários de Aníbal, todos na 1ª classe sucessória (“cônjuge e
descendentes” – art. 2133º nº1 al. a), do CC, mandado aplicar pelo 2157º CC), sua
mulher Joana e seus filhos Pedro e Vera.

Existe assim sucessão testamentaria, legitimaria vamos ver e quanto á legitima, vamos
ver…

Comecemos pela sucessão legitimaria:


Joana é condenada pelo homicídio de Aníbal, autor da sucessão. Por isso é afastada da
sucessão por indignidade ao abrigo do disposto no art. 2034º al. a) CC.
Por isso seriam chamados a suceder os seus filhos Pedro e Vera. No entanto Pedro
repudia á herança sem deixar descendentes. E Vera faleceu antes de seu pai também
sem deixar descendentes.
No caso de Vera dispõe o art. 2039º que a representação se dá quando a lei chama os
descendentes de um herdeiro a ocupar a posição daquele que não pode ou não quis
aceitar a herança, neste caso Vera não pode por ter falecido antes de seu pai, isto
afasta da sucessão o seu cônjuge Paulo.
No caso de Pedro o efeito do seu repudio retrotrai-se ao momento da abertura da
sucessão considerando-se como não chamado, exceto para efeitos de representação,
art. 2062º CC. Ainda assim o art. 2042º CC afasta da sucessão seu cônjuge Violeta, pois
segundo este preceito legal o direito de representação na sucessão legal apenas está
reservado aos descendentes de filho do autor da sucessão na linha reta e aos
descendentes de irmão do falecido na linha colateral, ora Violeta não é nem uma coisa
nem outra.
Não há assim sucessão legitimaria, por nenhum dos seus herdeiros legitimários poder
ou crer aceitar a herança. Neste caso Aníbal pode dispor livremente de todos os seus
bens.

Sabemos que Aníbal fez um testamento deixando todos os seus bens ao seu Medico e
no caso de este não poder ou não querer aceitar a herança ao FPC. Assim sendo
teremos de verificar se o medico de Aníbal tem capacidade para aceitar a herança,
uma vez que nada nos é dito em relação ao seu repudio. Analisando o art. 2194º CC,
constatamos que o medico do autor da sucessão não tem capacidade para aceitar a
herança, por ser nula a disposição a seu favor. Sabemos que Aníbal dispôs no seu
testamento que caso o seu medico não pudesse ou não quisesse aceitar a herança
então esta iria para o FCP, o art. 2281º nº 1 dá essa possibilidade ao autor da sucessão,
pela via da substituição direta. O que significa que sucede em todos os bens de Aníbal
o FCP. O FCP tem capacidade sucessória pela epigrafe do art. 2033 nº2 al. b) CC.

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