TGP - 9 - ATOS PROCESSUAIS - Apostila PDF
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APOSTILA
ATOS PROCESSUAIS
Sumário:
ATOS PROCESSUAIS.
1 Conceito
2 Classificação
3 Forma
3.1 Princípios informadores dos atos processuais
4 Tempo
5 Lugar
6 Comunicação
7 Dos vícios ou nulidades processuais
7.1 Ato inexistente
7.2 Nulidade absoluta
7.3 Nulidade relativa
7.4 Ato anulável
7.5 Ato irregular
1 Conceito
Ato processual é todo aquele ato praticado pelas partes e que tem por fim criar, modificar ou
extinguir a relação jurídica processual. Os atos processuais são, via de regra, formais, com requisitos de
validade previstos em lei e criados para assegurar a sua finalidade.
O processo há muito já se tornou matéria e ramo de direito autônomo, a que implica em dizer
que possui institutos, formas e atos próprios.
É preciosa a lição de Enrico Tullio Liebmann, ao oferecer a noção exata do ato processual:
[...] O processo tem início, caminha e se encerra através de diferentes atos dos seus sujeitos e
que são os processuais. Estes se distinguem dos atos jurídicos em geral pelo fato de
pertencerem ao processo e de exercer um efeito jurídico direto e imediato, sobre a relação
processual, constituindo-a, impulsionando-a ou extinguindo-a Em outras palavras, os atos
processuais são os atos do processo.
Pode-se concluir da definição que os atos processuais são aqueles praticados dentro do
processo e com fim de integrá-lo na relação processual. Não vale o ato praticado fora do processo.
A autonomia levada a efeito pelo direito processual faz com que sejam relegados conceitos do
direito material, principalmente no tocante aos atos do processo que nas palavras de Moniz de Aragão
[...] ficam sujeitos a três particularidades marcantes: primeiro, a de visarem a provocar um
pronunciamento jurisdicional, que defina a controvérsia, ou seja, que resolva o litígio entre as
partes; Segunda, a de não terem forças e efeitos em si, pois através da sentença (até mesmo
quando homologatória de atos capazes de extinguir a relação processual, como a renúncia à
pretensão e a desistência da ação é que se alcança o resultado final; terceira, a de sofrerem,
mais do que quaisquer outros, o efeito da inércia da parte.
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A validade dos atos processuais está sujeita à mesma regra dos atos jurídicos, que requerem:
“agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei”, como informa a doutrina autorizada de
José Frederico Marques.
O mesmo mestre explica essa validade afirmando que o agente capaz, no que diz respeito ao
processo, “reside na legitimatio ad processum, a qual é pressuposto de constituição válida da relação
processual”.
Por fim, considera a relevância das formas por ser “o pressuposto que mais se focaliza na teoria
e prática das nulidades processuais”. Havendo desatendimento ao modelo descrito na lei ou não
atendendo o mínimo necessário para atingir o seu fim, considera-se violada e por isso inválida ou ineficaz.
O tema será tratado em capítulo próprio mais adiante.
Vê-se desta forma que os atos processuais, em regra, obedecem ao mesmo princípio quanto à
validade dos atos jurídicos em geral, embora com características e peculiaridades próprias.
2 Classificação
Atos da parte
Atos do órgão jurisdicional
Há duas subespécies:
a) forma expressa, com a cominação de nulidade no caso de sua inobservância;
b) forma expressa, sem a cominação de nulidade para a hipótese de sua inobservância.
No primeiro caso temos como exemplo o art. 276, primeira parte, que diz: “Quando a lei
prescrever determinada forma, sob pena de nulidade ...”. O segundo, cuida o art. 277: “Quando a lei
prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a
finalidade....”
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propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça
do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela ...”
Princípio dispositivo
Consiste esse princípio na faculdade que a parte ou interessado têm de exercitar ou não os seus
direitos. Também chamado de princípio da disponibilidade ou do interesse de agir, faz com que o juiz, em
regra, dependa da disposição ou interesse do indivíduo para o impulsionamento e julgamento dos atos
processuais, uma vez requeridos.
Assim, somente com a cominação de nulidade de forma expressa é que cabe ao juiz agir de
ofício, a não ser que se trate de interesse público, quando também o juiz não aguarda provocação. Do
contrário, terá que aguardar a iniciativa da parte para alegar a nulidade ou defeito do ato processual. Claro
que havendo prejuízo para uma das partes, esta tem interesse em arguir o vício.
Por conta desse princípio há consequência para a parte que não arguir o defeito do ato
processual. Dessa forma, não pode a parte requerer a decretação de nulidade a que dê causa, como
também não cabe levantá-la depois de decorrido o prazo ou passada a oportunidade de fazê-la.
A primeira hipótese se encontra inserta no final do art. 276, quando aduz: “ ... a decretação
desta (nulidade) não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa”.
A segunda, está amparada pelo instituto da preclusão que nas palavras do insigne mestre
Moura Rocha, “consiste na perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual por se haverem
alcançados os limites assinados por lei para o seu exercício”.
A doutrina de Humberto Theodoro é conclusiva:
Pelo princípio da eventualidade ou preclusão, cada faculdade processual deve ser exercida por
inteiro dentro da fase adequada, sob pena de perder a oportunidade de praticar o respectivo
ato, de fazê-lo posteriormente de forma diversa daquela em que já se desincumbiu ou do ônus
processual.
No que tange à norma legal, o princípio está expresso no art. 278, assim vazado: “A nulidade
dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de
preclusão.”
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Princípio da casualidade dos atos processuais
Hélio Tornaghi oferece uma explanação exaustiva sobre o princípio da casualidade, quando
disserta:
Ora, o processo é uma sequência de atos encadeados: a existência, a validez ou a virtude de
cada um depende da de outros a que está ligado por uma relação de causalidade, ou de
subordinação, ou de conformidade, ou sucessão, ou de temporariedade, e assim por diante. Se
o juiz declara que o ato causador ou subordinante, ou conformador, ou pressuposto ou anterior
não tem valia (é nulo), ou se ele próprio o invalida (isto é, o anula), o ato consequentemente, ao
subordinado, ou conformado, ou subposto ou posterior tampouco pode ter validade.
Assim, os atos processuais se conexionam uns aos outros, implicando em que a declaração de
nulidade de um ato ou atos atinja os que lhe forem posteriores e dele dependam ou sejam consequência.
A legislação contempla com grande clareza as hipóteses de nulidades, dentro deste princípio,
como se vislumbra do art. 248: “Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes que
dele dependam: todavia a nulidade de uma parte do ato não prejudica as outras que dela sejam
independentes”.
Concorde com essa linha de raciocínio é o art. 282: “Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará
que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.”.
Princípio da convalidação
Para que haja nulidade de ato processual é necessário que não tenha sido o mesmo
convalidado. Edson Ribas Malachine, Juiz de Direito do Paraná, diz que:
A convalidação do ato processual se opera de duas maneiras: a) se, realizado de outro modo,
alcançar-lhe a finalidade – nos casos, porém, em que a forma não for prescrita com a cominação
de nulidade (art. 277); b) pela preclusão (se a nulidade não for alegada na primeira
oportunidade, o art. 278, caput) – excluídas, todavia, as hipóteses de nulidade “que o juiz deva
decretar de ofício ...
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Liebman define-o com peculiar sabedoria ao afirmar que o mesmo se caracteriza pela
subordinação da
[...] invalidade de um ato processual não à simples inobservância das nulidades,
mecanicamente verificada, mas à relação, apreciada caso por caso, entre o vício e o escopo do
ato: comina-se a nulidade apenas quando o ato, por efeito do vício, não tiver podido atingir o
seu escopo, tudo de maneira a salvar o que foi feito na maior medida em que as exigências
técnicas do processo o permitam.
Diante dessa preciosa lição é que Humberto Theodoro chega a insinuar que:
A rigor, ato nulo de pleno direito é só aquele que contamina o processo de nulidade e o inutiliza
inteiramente, como se dá na omissão do autor no cumprimento das diligências que lhe
determina o juiz nas hipóteses dos arts. 13, I, 37, 265, § 2º e 284 (CPC/673), ou quando um juiz
de grau inferior pratica atos privativos de Tribunal Superior, como processar e julgar ação
rescisória de sentença, em violação às regras de competência hierárquica.
“Por este princípio, a forma se destina a alcançar um fim”, como preleciona Moacir Amaral. Em
seguida, confirma:
Essa é a razão pela qual a lei regula expressamente a forma em muitos casos. Mas, não
obstante expressa e não obstante violada, a finalidade e em vista pela lei pode ter sido
alcançada. Para a lei isso é bastante, não havendo razão para anular-se o ato.
16.4 Tempo
Não havendo previsão na lei ou estipulação pelo juiz do prazo para a prática do ato processual,
ele será de 5 dias (Art. 218, §3º, CPC).
Os prazos são contínuos, não se interrompem nem suspendem nos feriados. Só ocorre a
suspensão dos prazos já iniciados nos casos de recesso forense e férias.
Os prazos processuais podem ser dilatórios ou peremptórios. Os dilatórios podem ser
ampliados ou reduzidos pelas partes, devendo o acordo ser apresentado ao juiz antes do fim do prazo,
cabendo ao juiz estabelecer o novo vencimento (ex: apresentação de rol de testemunhas). Os
peremptórios não podem ser alterados pelas partes (ex: apresentação das respostas do réu).
Os prazos também podem ser próprios e impróprios. Os próprios são aqueles dirigidos às
partes, cuja não observância leva à preclusão (ou seja, a perda da oportunidade processual para a prática
de determinado ato. É a preclusão temporal, que advém independente de qualquer aviso ou comunicação:
Art. 223, CPC. Os impróprios são aqueles dirigidos ao juiz, cuja não observância não gera consequências
dentro do processo (ex: prazo para sentenciar, prazo para a marcação da audiência de conciliação).
Obs: A preclusão (perda da oportunidade processual para a prática de um ato) pode ser de 3
espécies: temporal, quando passa o prazo para a prática do ato; consumativa, quando se pratica o ato; e
lógica, quando se pratica um outro ato incompatível com o ato processual que se pretendia praticar.
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Tempo: horário para prática dos atos processuais
Não confundir horário de prática de ato processual com horário de expediente forense (o
horário de expediente forense serve para os atos que são praticados mediante petição e não para todos os
atos processuais – art. 221, § 3º, CPC).
Obs: ao tratar da informatização do processo judicial, a Lei nº 11.419/06 estabelece que a
petição eletrônica poderá ser encaminhada até as 24 horas do último dia do prazo (na verdade, é
23h59min59sec). E, se o sistema estiver indisponível por algum problema técnico, o prazo é prorrogado
automaticamente até o próximo dia útil à resolução do problema (art. 3º e 10, Lei nº 11.419/06).
Horário para prática de ato processual: em dias úteis (segunda a sábado), das 6 às 20h (art. 212
e 216 do CPC). São dias não-úteis: domingos e os feriados os dias em que não haja expediente forense.
Horário especial: Art. 212, § 2º, CPC; Art. 12, Lei nº 9.099/95; Art. 797, CPP.
16.5 Lugar
Em regra, é na sede do juízo, mas há casos em que o ato processual é praticado em outro local,
como ocorre com uma perícia em determinado apartamento (a perícia será no apto); a oitiva como
testemunha do Presidente da República será em sua residência ou local onde exerce suas funções (Art. 454
do CPC) e qualquer outro caso no interesse da justiça.
16.6 Comunicação
A comunicação dos atos processuais é feita por citação e intimação. E, sendo entre juízos, é
feita pelas cartas.
Obs: no Mandado de Segurança, há previsão da notificação que é idêntica à citação.
As cartas podem ser de três espécies: de ordem, rogatória e precatória. A carta de ordem é
expedida para um juiz hierarquicamente inferior (STF – juiz federal; TJDFT – juiz de direito). A carta
rogatória é dirigida a autoridade judiciária estrangeira. A carta precatória é utilizada em outras hipóteses
(art. 201).
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A citação é o ato processual que dá conhecimento a alguém da existência do processo. E a
intimação é o ato processual que dá ciência a alguém dos atos e termos do processo para que faça ou deixe
de fazer alguma coisa. Arts. 238 e 269 do CPC.
A citação para alguns autores é pressuposto processual de existência e para outros é
pressuposto processual de validade.
A citação deve ser pessoal: art.242 do CPC. Aplica-se a teoria da aparência quando for ré pessoa
jurídica, pode a citação ser feita na pessoa que se apresente como representante legal.
A citação, em regra, poderá ser realizada em qualquer local onde se encontre o réu: arts. 243,
244 e 251 do CPC.
A citação pode ser efetuada pelo correio, por oficial de justiça, por edital ou por meio
eletrônico. Obs: a citação pelo meio eletrônico é possível ainda que seja ré a Fazenda Pública.
Pode ser real ou ficta/presumida. É real quando efetuada pelo correio, por oficial de justiça ou
por meio eletrônico. É ficta quando realizada por edital ou hora certa: arts. 252 e seguintes do CPC.
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Antes de adentrarmos no campo da classificação dos vícios ou nulidades dos atos processuais,
vejamos a sua definição que muito bem traduziu Alberto Luiz Maurino:
Nulidad procesales el estado de anormalidade del acto procesal, originado en la carência de
algunos de sus elementos constitutivos, o en vicios existentes sobre ellos, que potencialmente lo
coloca en situación de ser declarado judicialmente inválido.
Assim, temos em linhas gerais o que venha a ser nulidade processual, sem esquecermos que o
simples conceito não é suficiente, nem de longe, para atender a tão vasta e completa matéria, porém deixa
um caminho dos mais promissores para se desvendar o assunto.
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AMARAL SANTOS – é “aquele que não reúne pressupostos de fato que possa ser reconhecido no
mundo jurídico”.
Mas, se não é fácil distinguir o ato inexistente do nulo em absoluto, mais difícil ainda é
encontrar a diferença entre a nulidade absoluta e a relativa. Para isto, se impõe a necessidade de buscar-se
critérios eficazes a fim de melhor diferençá-los.
Segundo o sempre citado Moniz Aragão, quem contribuiu grandemente para esse resultado foi
o eminente professor Galendo Lacerda ao exprimir que:
Em nosso entender, o que caracteriza o sistema das nulidades processuais é que elas se
distinguem em razão da natureza da norma violada, em seu aspecto teleológico. Se nela
prevalecem fins ditados pelo interesse público, a violação provoca a nulidade absoluta,
insanável do ato.
Esse critério de interesse público, para reconhecer vício absoluto, é compartilhado por Cândido
Rangel Dinamarco, ao dissertar:
As vezes a exigência de determinada forma do ato jurídico visa a nulidade relativa nos seguintes
termos: são as que podem ser declaradas a pedido da parte interessada, por isso quer o direito
que o próprio juiz seja o primeiro guardião de sua observância. Trata-se, aqui, da nulidade
absoluta, que por isso mesmo pode e deve ser decretada de ofício, independentemente de
provocação da parte interessada.
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Um dos motivos que acarreta nulidade absoluta é a inobservância sobre regra de competência
funcional, cujo desrespeito vulnera interesse do Estado e, em consequência, provoca a declaração de
nulidade absoluta.
Um outro exemplo de nulidade absoluta é a falta de intimação do Ministério Público para
intervir no processo, quando for obrigado nos casos previstos em lei.
Há uma grande controvérsia a respeito do assunto, entendendo uns que a nulidade é apenas
relativa, enquanto a maioria acha tratar-se de vício que macula o ato de tal forma que deve ser declarado
absolutamente nulo. Essa última posição vem, inclusive, tendo total aceitação da jurisprudência de nossos
Tribunais que, ao constatar a inexistência de intimação do parquet em processo que deve intervir, declara
a nulidade a partir do momento em que o mesmo deixou de tomar conhecimento do feito.
Um critério que pode ser adotado é o de que o juiz ao se deparar com uma nulidade absoluta
apenas a declara, sem convalidá-la, enquanto na relativa pode, de ofício, reconhecê-la e sanar o ato sem
que as partes tenham solicitado.
Hélio Tornagui declara que “O ato relativamente nulo não produz efeitos até que seja
convalidado”.
Alguns estudiosos do direito não distinguem ato relativamente nulo e anulabilidade,
reconhecendo o primeiro sem cogitar o segundo. Dentre estes podemos citar o preclaro Liebman, que
define a nulidade relativa nos seguintes termos: “São as que podem ser declaradas a pedido da parte
interessada. São, por isso, nulidades essencialmente sanáveis, porque a falta de sua alegação torna
irrelevante o vício do ato”.
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Essa idéia condiz com a análise de Galeno Lacerda: “A anulabilidade é vício resultante da
violação de norma dispositiva. Por esse motivo, como o ato permanece na esfera de disposição da parte, a
sua anulação só pode ocorrer mediante reação do interessado, vedado ao juiz qualquer provisão de ofício”.
Carnelutti assim se pronuncia: “Enquanto o ato relativamente nulo está sob condição
suspensiva da sua confirmação, ou aquiescência, o ato anulável está sob a condição resolutiva de um certo
comportamento que, por ora, me contento de denominar com o nome genérico de reação”.
A grande diferença da anulabilidade para a nulidade relativa é que aquela só pode ser
requerida pela parte, ou seja, a sua decretação depende de que seja solicitada pelo interessado
prejudicado, porque somente sobre si recai o ônus enquanto esta pode ser reconhecida pelo juiz ou
também pleiteada pela parte.
Alguns exemplos citados por Moniz de Aragão servem para esclarecer de vez o assunto. Em
matéria de competência, pode haver nulidade absoluta, relativa e anulabilidade. Se a competência for
funcional, trata-se de nulidade absoluta. Se a competência for territorial, não havendo convenção entre as
partes, o juiz pode de ofício reconhecer incompetente a aí, de nulidade relativa se cogita. Ao contrário,
tendo havido convenção entre as partes, somente a estas cabe questionar sobre se o juiz é competente ou
não e se vislumbra facilmente uma anulabilidade.
Da mesma forma é quando se trata de penhora de bens. Na hipótese da penhora recair sobre
bens impenhoráveis, tratar-se-á de nulidade relativa. Vindo a incidir sobre bens que só poderiam ser
penhorados a falta de outros, de anulabilidade versará.
Exemplos das primeiras: “Inexatidão material ou erro de cálculo da sentença (art. 494, I);
ausência de numeração e rubrica nas folhas dos autos (art. 207)”. São inúmeras e incalculáveis as
encontradas no Código. Das segundas, podem ser ventiladas as infrações aos prazos para proferir
despachos, decisões, sentenças e acórdãos.
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