Artigo Sobre Uso de Imagem de Menores Nas Redes Sociais

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IV ENCONTRO VIRTUAL DO

CONPEDI

DIREITO, GOVERNANÇA E NOVAS TECNOLOGIAS


II

DANIELLE JACON AYRES PINTO

JOSÉ RENATO GAZIERO CELLA

AIRES JOSE ROVER

FERNANDO GALINDO AYUDA


Copyright © 2021 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito
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transmitida sejam quais forem os meios empregados sem prévia autorização dos editores.
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D597
Direito, governança e novas tecnologias II [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI
Coordenadores: Aires Jose Rover; Danielle Jacon Ayres Pinto; Fernando Galindo Ayuda; José Renato Gaziero Cella;
– Florianópolis: CONPEDI, 2021.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-5648-407-5
Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações
Tema: Constitucionalismo, desenvolvimento, sustentabilidade e smart cities.
1. Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Direito. 3. Governança. IV Encontro Virtual do
CONPEDI (1: 2021 : Florianópolis, Brasil).
CDU: 34

Conselho Nacional de Pesquisa


e Pós-Graduação em Direito Florianópolis
Santa Catarina – Brasil
www.conpedi.org.br
IV ENCONTRO VIRTUAL DO CONPEDI
DIREITO, GOVERNANÇA E NOVAS TECNOLOGIAS II

Apresentação

No IV Encontro Virtual do CONPEDI, realizado de 09 a 13 de novembro de 2021, o grupo


de trabalho “Direito, Governança e Novas Tecnologias I”, que teve lugar na manhã de 09 de
novembro de 2021, destacou-se no evento não apenas pela qualidade dos trabalhos
apresentados, mas pelos autores dos artigos, que são professores pesquisadores
acompanhados de seus alunos pós-graduandos e um graduando. Foram apresentados 21
artigos objeto de um intenso debate presidido pelos coordenadores e acompanhado pela
participação instigante do público presente na sala virtual.

Esse fato demonstra a inquietude que os temas debatidos despertam na seara jurídica. Cientes
desse fato, os programas de pós-graduação em direito empreendem um diálogo que suscita a
interdisciplinaridade na pesquisa e se propõe a enfrentar os desafios que as novas tecnologias
impõem ao direito. Para apresentar e discutir os trabalhos produzidos sob essa perspectiva, os
coordenadores do grupo de trabalho dividiram os artigos em cinco blocos, quais sejam a)
inteligência artificial; b) proteção de dados; c) mídias sociais; d) governança, sociedade e
poder judiciário; e e) novas tecnologias e direitos humanos.

A inteligência artificial foi objeto do primeiro bloco de trabalhos, com as exposições e


debates sobre os seguintes artigos: 1. Soft law e standard global: caminhos para regulação
dos sistemas de inteligência artificial de Pollyanna Maria Da Silva, Matheus De Andrade
Branco; 2. A utilização da inteligência artificial e dos algoritmos e seu potencial para a
melhoria da sustentabilidade e licenciamento ambiental de Deilton Ribeiro Brasil; 3. A
regulação da inteligência artificial e novos contornos para caracterização da responsabilidade
civil de Hérica Cristina Paes Nascimento, Maique Barbosa De Souza e Patrícia Da Silveira
Oliveira; 4. Organização da informação e do conhecimento jurídico com vieses digitais e
eletrônicos de José Carlos Francisco dos Santos; 5. Legal technology: os desafios para
aplicação de decisões automatizadas de Anabela Cristina Hirata e Zulmar Antonio Fachin.

A proteção de dados foi o pano de fundo do segundo bloco de artigos apresentados, em que
os problemas decorrentes de suas dinâmicas foram apresentados e debatidos a partir dos
seguintes trabalhos: 1. Nossos dados, as big techs e o direito de Marcos Alexandre Biondi e
José Carlos Francisco dos Santos; 3. Justiça eleitoral e proteção de dados. Reflexões
preliminares sobre suas competências e a lgpd de Eduardo Botão Pelella; 4. Blockchain,
proteção de dados e autodeterminação informativa: um estudo na perspectiva da lgpd de
Anderson Souza da Silva Lanzillo, Luana Andrade de Lemos e Lukas Darien Dias Feitosa.

As discussões acerca da utilização das mídias sociais congregaram as apresentações dos


seguintes trabalhos: 1. O efeito manada decorrente das redes sociais como transformador do
estado democrático de direito de Isadora Kauana Lazaretti e Alan Felipe Provin; 2. Pós-
verdade; fake news; redes sociais e desinformação: o mau uso das tics e a ofensa aos direitos
da personalidade de Dirceu Pereira Siqueira e Mayume Caires Moreira; 3. Internet: entre
emancipação e alienação na esfera pública democrática de Natalia Maria Ventura da Silva
Alfaya e Marcella da Costa Moreira de Paiva; 4. A proteção normativa da infância e
adolescência no Brasil: da promessa constitucional à exposição de corpos adolescentes no
instagram de Rosane Leal Da Silva e Ana Carolina Sassi; 5. A inserção digital de qualidade
como direito fundamental na era de hiperconectividade? O direito a acessar direitos de Paulo
de Tarso Brandão e Gabrielle Amado Boumann.

Os temas de governança, sociedade e poder judiciário foram objeto de discussão dos


seguintes artigos: 1. O impacto das tecnologias disruptivas no mercado de trabalho e o dever
do estado de Sabrinna Araújo Almeida Lima e Andre Studart Leitão; 2. A preferência pela
utilização de atos sob a forma eletrônica e o incentivo às inovações tecnológicas na nova lei
de licitações e contratos administrativos de João Walter Cotrim Machado e Augusto Martinez
Perez Filho; 3. Os registros públicos na era da tecnologia blockchain de Iuri Ferreira
Bittencourt, Fabio Fernandes Neves Benfatti e Fabiano Nakamoto.

Por fim, o quinto bloco trouxe para a mesa o debate sobre as novas tecnologias e os direitos
humanos, com os seguintes artigos: 1. Relações espaciais feministas, negras, queer, trans e
periféricas nas cidades “inteligentes” de Stéphani Fleck da Rosa; 2. O transumanismo e o pós-
humanismo: uma visão dos direitos humanos à luz da evolução tecnológica e da
sustentabilidade de Ricardo Fabel Braga e Luciana Machado Teixeira Fabel; 3. As novas
tecnologias e uma necessária disrupção legislativa na lei do inquilinato de Thiago Leandro
Moreno e Carlos Renato Cunha; 4. Dignidade humana dos refugiados ambientais e
governança global: violação e transgressões da dignidade dos refugiados nas fronteiras do
Acre de Ionara Fonseca Da Silva Andrade e Patrícia De Amorim Rêgo.

Os artigos que ora são apresentados ao público têm a finalidade de fomentar a pesquisa e
fortalecer o diálogo interdisciplinar em torno do tema “Direito, Governança e Novas
Tecnologias”. Trazem consigo, ainda, a expectativa de contribuir para os avanços do estudo
desse tema no âmbito da pós-graduação em direito brasileira, apresentando respostas para
uma realidade que se mostra em constante transformação.

Os Coordenadores

Prof. Dr. Aires José Rover

Prof.ª Dr.ª Danielle Jacon Ayres Pinto

Prof. Dr. Fernando Galindo

Prof. Dr. José Renato Gaziero Cella


A PROTEÇÃO NORMATIVA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NO BRASIL: DA
PROMESSA CONSTITUCIONAL À EXPOSIÇÃO DE CORPOS ADOLESCENTES
NO INSTAGRAM.
THE NORMATIVE PROTECTION OF CHILDREN AND ADOLESCENCES IN
BRAZIL: FROM THE CONSTITUTIONAL PROMISE TO THE EXPOSURE OF
ADOLESCENT BODIES AT INSTAGRAM.

Rosane Leal Da Silva 1


Ana Carolina Sassi 2

Resumo
Este artigo discute a objetificação dos corpos femininos de adolescentes no Instagram, rede
social utilizada por adolescentes. A excessiva exposição de seus corpos suscitou o problema
de pesquisa, que indaga sobre a suficiência da proteção constitucional prevista no art. 227, da
Constituição Federal. A metodologia utilizada priorizou o procedimento monográfico e
realizou observação direta na rede social, avançando para a análise normativa do tema.
Concluiu-se que promessa a constitucional e a proteção integral não protegem
adequadamente as adolescentes no Instagram, o que mostra que o Brasil precisa observar as
orientações internacionais, sobretudo os Comentários da ONU a respeito do tema.

Palavras-chave: Adolescentes, Instagram, Proteção normativa

Abstract/Resumen/Résumé
This article discusses the objectification of the female bodies of teenagers on Instagram, a
social network used by teenagers. The exposure of their bodies raised the research problem,
which inquires about the adequacy of the constitutional protection provided for in art. 227 of
the Federal Constitution. The methodology was the monographic procedure and observation
in the social network, advancing to the normative analysis of the theme. It was concluded
that constitutional promise and protection do not adequately protect teenager girls on
Instagram, which shows that Brazil needs to comply with international guidelines, especially
the UN Comments about the topic.

Keywords/Palabras-claves/Mots-clés: Teenagers, Instagram, Normative protection

1Doutora em Direito e Professora do Curso de Direito da Universidade Franciscana (Santa Maria- RS). Linha
de pesquisa Direito Constitucional Aplicado: Gestão de Pessoas e Processos.
2 Graduanda em Direito da Universidade Franciscana.

161
INTRODUÇÃO

A análise em perspectiva histórica aponta que a infância e a adolescência historicamente


foram relegadas a um segundo plano e aqueles que deveriam ser os destinatários da proteção
usualmente eram tidos como objetos de atuação e da vontade dos adultos. O direito não se
ocupava de seus direitos de personalidade e, via de regra, as legislações produzidas tinham um
corte menorista, não se reconhecendo a condição de sujeito de direitos, tampouco destinando-
se tratamento social e jurídico diferenciado e que levasse em conta seu desenvolvimento
integral. Tal situação ensaia uma viragem com a Constituição Federal de 1988, cujo art. 227
mostra-se comprometida com um novo constitucionalismo que toma a dignidade humana de
crianças e adolescentes como centralidade, tarefa para a qual compromete igualmente a família,
sociedade e Estado, atores encarregados de promover a proteção integral.
A aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, não apenas
regulamentou a previsão constitucional, como também reconheceu formalmente outros direitos
fundamentais que derivam do estágio de desenvolvimento desses atores sociais. Tal
reconhecimento se justifica porque a adolescência vincula-se intimamente a um período de
transformações, curiosidades e dúvidas, numa ebulição de sentimentos que impulsiona os
adolescentes a se expor na tentativa de obter a aprovação dos demais internautas, interação que
se potencializa em sites de redes sociais. Nesses ambientes digitais os adolescentes passaram a
compartilhar cada vez mais informações sobre a vida pessoal e, conforme levantamento
realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação – CETIC – cerca de 80% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos
são usuários diários da internet e possuem perfis em redes sociais. A pesquisa intitulada TIC
KIDS Online Brasil demonstra, desde 2018, certa tendência de crescimento do uso da
plataforma Instagram, principalmente pelo público feminino na faixa etária de 13 a 14 anos
(COMITÊ..., 2018, p. 25), constatação que orientou a delimitação da investigação nessa rede
social, elegendo-se as interações dessa faixa-etária em específico.
Uma rápida verificação nas publicações evidenciou que a construção da subjetividade
tem sido mediada pelas interações no ambiente digital, com a intensa exposição de imagens e
dados pessoais por parte dessas internautas. Tal constatação conduziu a que se questionasse
sobre a suficiência da atuação dos encarregados da proteção integral, descritos no art. 227 da
Constituição Federal, especialmente levando em conta a exposição da imagem, dados pessoais
e dignidade das adolescentes que interagem na plataforma, sujeitas a situações de objetificação
de seus corpos. Para o enfrentamento da questão utilizou-se procedimento monográfico, com

162
foco para as interações no Instagram, verificando-se seus Termos de Uso e as práticas
empreendidas por meninas em anos iniciais da adolescência, o que foi feito a partir da técnica
de observação direta e não participativa orientada por perfil que mais se destacava para, a partir
dele, observar possível influência em seguidoras. Após a observação, as exposições foram
confrontadas com dispositivos legais constantes na legislação brasileira e com as orientações
do Comitê de Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), empreitada
científica realizada na tentativa de compreender as interações das adolescentes e apontar
estratégias para sua proteção.

1 A ADOLESCÊNCIA MEDIADA PELO INSTAGRAM: A CONSTRUÇÃO DA


SUBJETIVIDADE CAPTURADA PELO MERCADO.

O crescente avanço tecnológico possibilitou que as formas de comunicação e interação


social ultrapassem barreiras geográficas e temporais, produzindo a relativização dos conceitos
de tempo e espaço. A utilização da internet, em especial as redes sociais, ganhou ainda mais
destaque no período de pandemia, constituindo-se em um importante espaço de socialização,
sobretudo para adolescentes.
O Instagram é uma das redes sociais mais utilizadas no Brasil, notabilizando-se por
permitir ao usuário publicar fotos e vídeos, além de possibilitar transmissões ao vivo. Esse site
de rede social surgiu da parceria realizada entre o empresário norte-americano Kevin Systrom
e o engenheiro de software brasileiro Mike Krieger e foi lançada em 06 de outubro de 2010
(PATEL, 2020). De acordo a pesquisa realizada pelo Tecmundo (MULLER, 2018) essa
plataforma obteve um crescimento considerável de uso diário no Brasil e, corroborado por
dados divulgados pelo Statista, chega-se a expressivo contingente de 99 milhões de brasileiros
que acessaram o Instagram em janeiro de 2021 (TANKOVSKA, 2021).
Para participar da rede é preciso que o usuário se cadastre por meio de um endereço de
e-mail, crie uma senha de login, insira seus dados pessoais e monte o seu perfil. Cada perfil é
composto por uma foto, nome e informações pessoais que cada usuário julga necessário ou
adequado compartilhar.
Inicialmente as redes sociais restringiam o ingresso apenas aos maiores de 18 anos,
porém o uso pelas crianças e adolescentes forçou a revisão das regras, pois muitos falseavam
informações ao realizar o cadastro na plataforma, inserindo dados falsos no sistema. A partir
dessa constatação o Instagram (assim como o Facebook), passou a permitir a criação de perfis

163
por usuários a partir de 13 anos de idade, o que evidencia a importância de mencionar, ainda
que brevemente, seus termos de uso em relação às crianças e adolescentes.
Já no início do documento, a plataforma anuncia a missão de “fortalecer seus
relacionamentos com as pessoas e com as coisas que você adora” e, para isso oferece produtos,
recursos, aplicativos, serviços, tecnologias e software que poderão ser utilizados de maneira a
gerar oportunidades personalizadas de criar, conectar, comunicar, descobrir e compartilhar
dados pessoais e informações (INSTAGRAM, 2021).
Os usuários, ao concordarem com os termos, ficam sujeitos às seguintes regras
(INSTAGRAM, 2021):

1.Você deve ter pelo menos 13 anos ou a idade mínima legal em seu país
para usar o Instagram.
2.Você não pode estar proibido de receber qualquer aspecto do nosso
Serviço nos termos da legislação aplicável ou se envolver em pagamentos
relativos ao Serviço caso tenha seu nome em uma lista de terceiros não
autorizados a tanto.
3.Sua conta não pode ter sido desativada por nós por violação da lei ou de
qualquer uma das nossas políticas.
4.Você não pode ter sido condenado por crime sexual
5. Você não pode se passar por outras pessoas ou fornecer informações
imprecisas.
6.Você não pode fazer algo ilícito, enganoso, fraudulento ou com finalidade
ilegal ou não autorizada.
[...]
9.Você não pode publicar informações privadas ou confidenciais de outra
pessoa sem permissão ou fazer qualquer coisa que viole os direitos de outra
pessoa, incluindo os direitos de propriedade intelectual (por exemplo, violação
de direitos autorais, violação de marca comercial, falsificação ou bens
pirateados). [grifo da autora]

Como consequência do aceite, o usuário da plataforma dá o consentimento para que


sejam utilizados o seu nome, foto do perfil e informações sobre seus relacionamentos e ações
com outras contas, anúncios e conteúdo patrocinado, ou seja, concorda com um sistema de
monitoramento e monetização sobre suas publicações. Entretanto, constata-se que não há
disposições específicas de proteção às crianças e adolescentes e, partindo do teor do Termo de
uso, a plataforma afirma que aplicará proteções específicas da legislação de cada país, o que
remete à Lei nº 8.069, de 1990 – Estatuto da Criança e Adolescente – e, mais recentemente, à
Lei nº 13.709, de 2018 – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
O interesse em vincular o tema à proteção de direitos de personalidade e de dados
pessoais de crianças e adolescentes se amplia em razão das possibilidades de uso que a
plataforma oferece, pois os usuários podem realizar publicação de fotos e vídeos que poderão
ser compartilhadas no seu perfil de modo “permanente” ou “temporal”. Logo, os usuários

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podem optar por deixar as imagens em seu feed1, neste caso poderá divulgar conjuntamente a
localidade, uma legenda, usar filtros digitais e marcar outros usuários; ou realizar divulgação
por tempo limitado por meio dos stories, em que ficará disponível por 24 horas, sendo possível
outras funcionalidades, como adicionar stickers2, músicas, indicação do horário e fazer menções
a outras contas. Essa funcionalidade também permite realizar enquetes, testes, perguntas,
contagens regressivas para datas e eventos, apoiar pequenas empresas, disponibilizar o clima
da localidade e usar hashtags3. Todos esses usos e facilidades despertam muito interesse em
adolescentes e em todas as operações há divulgação de dados pessoais por parte dos internautas.
A interação entre usuários e contas ocorre por meio das curtidas, comentários nas
publicações e envio de mensagens privadas. Ademais, para “adicionar” ao seu círculo de
contatos é preciso “seguir” o usuário, que poderá retribuir com essa mesma reciprocidade. Cada
uma das funções ofertadas encarrega-se de recolher dados pessoais, assim entendidos como
qualquer informação, tais como nome, dados de imagem, localização geográfica e demais
informações sobre uma pessoa identificada ou identificável, conforme disposto no art. 5º,
incisos I e II, da Lei nº 13.709/2018 (BRASIL, 2018).
A configuração da plataforma estimula comportamentos performáticos e de exposição,
na medida em que as reações instantâneas por parte dos demais internautas contribuem para
que se ignorem os antigos limites da interação social, com implicações profundas na experiência
cotidiana, na construção da subjetividade e nos relacionamentos sociais e afetivos (SIBILIA,
2020, p. 98). Como consequência, há potencial transformação na construção da subjetividade,
que de um processo individual e particular relacionado à interioridade da pessoa humana, no
qual constrói suas impressões individuais e sua forma própria de ser e estar no mundo
(MIRANDA, 2005, p.32) transforma-se em processo aberto, público e fortemente ditado pelas
tecnologias. No momento em que essa experiência é projetada para o ambiente de redes sociais
fica sujeita às mais variadas interferências, tanto impulsionadas pelo capitalismo de vigilância
(ZUBOFF, 2021) que se encarregará de impor modelos comportamentais, quanto ditadas pelos
demais usuários das plataformas, que poderão influenciar comportamento de quem se encontra
em fase de desenvolvimento.
Segundo Zuboff (2021, p. 84), o capitalismo de vigilância atua com agilidade e de
maneira furtiva e a cada curtida há um bem jurídico a ser rastreado, que é analisado por alguma
empresa do segmento. Compara a atuação das empresas do segmento a um tubarão que estivesse

1
Local que reúne todas as publicações do perfil, ou seja, resumo dos conteúdos produzidos.
2
Adesivos virtuais.
3
São palavras precedidas do símbolo # para identificar postagens sobre o tópico.

165
nas profundezas mas, de tempos em tempos, salta na superfície da água para buscar uma nova
presa, que são os usuários das redes. Essa presa navega despreocupada, ingenuamente confiante
de que exerce sua liberdade de escolha e crente de que usufrui livremente serviços
disponibilizados gratuitamente, a ignorar que paga por esses serviços com a sua privacidade e
seus dados pessoais. Trata-se de um “projeto de mercado até então inédito” (ZUBOFF, 2021,
p. 85), no qual as empresas recolhem os dados, elaboram perfis dos usuários e utilizam as
informações para incentivar novos comportamentos e desejos, sempre atuando em favor do
mercado.
Esse modus operandi, além da extração e predição de dados, favorece a construção e
elaboração como “meio de modificação comportamental”, já que a formação dos perfis permite
a predição de comportamentos e facilita a introdução de novos estímulos que vão criar novos
“modos de ser e estar no mundo” que atendem aos comandos do capital. É o que Zuboff (2021,
p. 105) chama de “poder instrumentador sem precedentes”. Na base fundacional dessa
sociedade encontram-se grandes empresas, como Google e demais plataformas, cuja tecnologia
consegue atuar como um verdadeiro “sensor de comportamento humano” (ZUBOFF, 2021, p.
106).
Fascinados diante das inúmeras possibilidades de interação e ignorando os mecanismos
tecnológicos utilizados pelos sites de redes sociais, cujo aparato dificulta que se perceba a sua
forma de atuação, os usuários adolescentes colocam-se em risco. Partindo da constatação de
sua vulnerabilidade, Livinsgtone et. al (2015) categorizou os riscos em três categoriais: de
conteúdo, riscos de contato e riscos de conduta. No caso específico dos adolescentes, redes
sociais como o Instagram permitem a interação das adolescentes com distintos conteúdos e
pessoas, o que pode ampliar o risco de contato, posto que a aproximação pode ser feita com
algum objetivo indevido e que se relaciona à objetificação dos corpos femininos.
Não é de hoje que crianças e adolescentes são instigados a perceber o mundo e se
comportar a partir da visão proposta pelos meios de comunicação, algo que já ocorria com a
televisão e outras mídias tradicionais. O fenômeno atual, ditado pelas tecnologias da informação
e comunicação é mais intenso e invisivelmente invasivo, pois os usuários menores de idade não
conseguem perceber os reais objetivos por trás dos novos aplicativos que são lançados no
mercado. Essa assimetria informacional se acirra diante do fato de 95% das crianças e
adolescentes acessarem a internet desde seus celulares, o que coloca em suspenso a orientação
parental, levando muitos pais a ignorarem a exposição a que se submetem os nativos digitais

166
4
(COMITÊ..., 2020, p. 64).
A pesquisa realizada no Brasil aponta que, seguindo as tendências internacionais, o
tempo e a intensidade de uso da internet aumentam à medida em que se eleva a faixa-etária e
que as atividades de comunicação foram intensamente realizadas por adolescentes, incluindo o
uso de redes sociais. (COMITÊ..., 2020, p. 69). A grande questão é que esses internautas ainda
estão em processo de formação e muitos deles não dispõem de discernimento completo para
perceber os riscos de sua própria exposição, ampliando-se a vulnerabilidade no caso das
meninas, pois como registrado por Sibilia (2020, p. 171), as telas expandem o campo de
visibilidade, sendo esse espaço propício à projeção de performances por meio de selfies, o que
pode levar à construção de subjetividade alterdirigida.
Nesse contexto e embalado pelo crescimento das plataformas, não se pode ignorar que
tais ambientes têm atuado ativamente nos processos de construção social da realidade,
influenciando decisivamente na formação das noções de realidade e ficção do público infantil
e adolescente, cuja autonomia cognitiva é induzida pela observação das ações, interações e
comunicações realizados no meio virtual (SAMPAIO, 2009, p. 11). Esse processo de criação
intersubjetiva passa a ser mediado por “filtros e bolhas”, com efeitos sobre os direitos
fundamentais das adolescentes em face dos riscos decorrentes da exposição. Dentre esses
últimos destacam-se os comentários e observações que promovem a objetificação dos corpos
das adolescentes, perpetuando comportamentos típicos de sociedades patriarcais (SOUZA,
SILVA, 2019, p. 153).
Na cultura de aparências, do espetáculo e da visibilidade, as tendências exibicionistas e
performáticas buscam alimentar o reconhecimento dos olhares alheios, pois cada vez mais é
preciso “aparecer para ser” (SIBILIA, 2020, p. 171). É por meio de conteúdos postados, curtidos
e compartilhados nas redes sociais que se propaga de maneira incontrolável a figura de um “eu
visível” (SOUZA, SILVA, 2019, p. 157) e para cumprir esse objetivo as redes sociais se
apresentam como grandes aliadas, como se verá na sequência.

2 POR DENTRO DO INSTAGRAM: A EXIBIÇÃO DE CORPOS E O PROCESSO DE


OBJETIFICAÇÃO DE ADOLESCENTES NA SOCIEDADE DE VIGILÂNCIA.

4
Expressão utilizada por Prensky (2001, p. 02) ao se referir aqueles nasceram e cresceram imersos na cultura
digital, o que os tornaria mais habilitados a realizar várias tarefas ao mesmo tempo, com capacidade para receber
e tratar informações, com preferência ao uso de imagens.

167
Conforme a Pesquisa Sobre o Uso da Internet por Crianças e Adolescentes no Brasil
(COMITÊ..., 2018, p. 57) o Instagram apresenta maior índice de crescimento em relação ao
número de crianças e adolescentes com perfis na plataforma. Como parte de sua estratégia, a
própria plataforma estimula seus usuários a publicarem fotos, seja de paisagens ou de si mesmo,
num reforço positivo para a assunção de padrões comportamentais que deixam as experiências
de vida transparentes ao escrutínio e avaliação social. Enquanto ocorre essa exposição o
mercado tira proveito dos dados e informações, bem ao gosto do “capitalismo de vigilância”
estudado por Zuboff (2021). Sem perceber, a vida de muitas pessoas, com ênfase para as
adolescentes, transforma-se num verdadeiro “show do eu” pois conforme denunciado por
Sibilia (2020, p. 311), as pessoas são estimuladas a se colocarem no centro da publicação, em
processo de auto exibicionismo capaz de influenciar o modo de agir de seus seguidores na rede
social.
Parte desse estímulo provém de outras influenciadoras digitais, cujo atributos físicos
são reforçados a cada postagem e utilizados como instrumentos capazes de promover a saída
do anonimato para alçar as titulares das contas a uma espécie de celebridade do momento. Para
tanto, atributos relacionados a sua beleza e à imagem do corpo perfeito são expostos como algo
a ser desejado e perseguido, o que tem o poder de influenciar outras mulheres, sobretudo mais
jovens e que buscam aceitação e reconhecimento social.
Esse é o cenário no qual se inserem muitas adolescentes que estão se descobrindo e
construindo a sua subjetividade, processo para o qual buscam parâmetros numa figura de
referência e de sucesso nas redes sociais, utilizada como modelo comportamental. Para tanto,
muitas vezes associam sua imagem pessoal a padrões adultos, com fotos e imagens nas quais o
corpo é retratado em primeiro plano e de maneira erotizada, pois assim alcançariam maior
visibilidade e popularidade (MARTINELI; MOÍNA, 2009, p.67). Este é o exemplo de Melody,
de 13 anos de idade e personalidade bem conhecida no Instagram, que se apresenta como
cantora e compositora: A adolescente possui grande influência nessa faixa etária e em seu perfil
no Instagram é possível observar atitudes e trejeitos próprios a uma mulher adulta, pois ostenta
poses e publica vídeos sensuais, expondo diuturnamente a sua imagem corporal
(@MELODYOFICIAL13, 2021).
É muito provável que esse padrão comportamental incentive muitas outras adolescentes
que a seguem, pois de acordo com Canela (2009, p.82) o período mais significativo de
exploração e desenvolvimento sexual ocorre durante a adolescência, quando se valem de suas
próprias experiências corporais, hormonais, psicológicas e da interação com o mundo exterior
para desenvolver sua sexualidade.

168
A observação inicial do referido perfil e o confronto das práticas ali retratadas com a
produção teórica sobre o tema instigaram a ampliação da observação, chegando-se ao total de
cinco perfis de adolescentes, selecionados a partir de perfis de meninas mais populares. Assim,
a partir desse perfil inicial foram escolhidos os demais, a seguir identificados sem o prenome e
apenas pelo sobrenome indicado nas referências, a saber: Beck; Becker; Ingrid; Nunes 5. Tal
recorte foi feito com o auxílio da ferramenta de sugestão de perfis similares, do próprio
Instagram. Primeiramente, foi analisado o tipo de publicação e se as titulares das contas
realizavam exposição de seus corpos. A observação apontou para o uso frequente de roupas
sumárias, tais como biquinis, shorts e tops, o que colocava em evidência os atributos físicos das
meninas.
A observação da plataforma Instagram demonstrou que, de maneira geral, as usuárias
valem-se de padrões comportamentais que colocam em evidência os seus atributos físicos, na
busca da auto valorização advinda da interação com outros usuários em suas publicações, seja
com curtidas ou comentários. A partir desse “feedback” positivo dos outros internautas parecem
obter atribuição de sentido e sensação de pertencimento no ambiente em que estão inseridas
(MARTINELI; MOÍNA, 2009, p.67).
À vista disso, as lições de Canela (2009, p.82) auxiliam a compreensão do tema,
especialmente quando refere haver uma visão da sexualidade constantemente fundamentada na
exploração da mulher enquanto objeto, o que produz impactos negativos na formação da
sexualidade de adolescentes, pois a sexualidade fica vinculada à supervalorização do corpo e
da imagem. Ao tratar do tema, Sibilia (2020, p. 312) explica que na sociedade do “espetáculo
do eu”, milhões de imagens de vidas èxtimas de qualquer um são expostas voluntariamente,
pedindo para serem curtidas e comentadas, num processo de consumo de vidas alheias.
Esse fenômeno contribui para o aprofundamento de uma “ditadura do corpo”, na qual o
que prevalece é um padrão de beleza pré-estabelecido pelas grandes indústrias de moda e
estética, predominando a ideia de que uma pessoa só é considerada bonita se estiver de acordo
com esse modelo que supervaloriza um corpo escultural, magro e alto (CARVALHO, 2009,
p.90). Para atingi-lo, muitas garotas acabam se submetendo a tratamentos estéticos e ingestão
de produtos que colocam em risco seu desenvolvimento físico e mental, comprometendo
inclusive sua saúde.
A observação realizada evidenciou um ponto em comum entre os perfis 6: um mesmo

5
Referências completas ao final do trabalho.
6
Todos os perfis observados encontram-se devidamente descritos nas referências, com os endereços do Instagram
indicados.

169
padrão comportamental que coloca as garotas e seus corpos 7 no centro das atenções, destacando
o jeito de agir e posar para as lentes. Nota-se uma performance sensual e sexualizada nas
escolhas das imagens compartilhadas, com destaque para partes específicas dos corpos
adolescentes, como nádegas e seios.
Percebe-se que em geral, não há um conteúdo ou mensagem cultural ou artística
específico para divulgar que possa ser apreciado ou criticado pelos demais. As contas dessas
adolescentes não objetivam divulgar um assunto, centrando-se nos corpos que se tornaram a
própria mensagem a ser difundida, num processo de publicização da intimidade que é
incentivado pela necessidade atual de consumo de vidas alheias.
Outro aspecto constatado nas observações empreendidas foi o teor dos comentários
formulados por internautas do gênero masculino, predominantemente adultos, que mesmo
diante do perfil de uma adolescente não hesitavam em usar linguagem inapropriada, chamando
as meninas de “gostosa”, “delícia”, “corpinho lindo”. Em determinados casos o caráter obsceno
predominava, contribuindo ainda mais para o processo de objetificação adolescente, chegando
até mesmo a associá-las a atrizes pornográficas como Mia khalifa.
Partindo dessa constatação dos novos hábitos de interação e de exposição de sua
imagem na rede social Instagram, na sequência será discutido o alcance da proteção legal
positivada no ordenamento jurídico.

3 MEDIDAS SOCIAIS E JURÍDICAS PARA A PROTEÇÃO DAS ADOLESCENTES


NO INSTAGRAM

O processo histórico de construção e reconhecimento do direito de crianças e


adolescentes é lento e gradual no Brasil, não se encontrando concluído mesmo passados mais
de trinta anos da elaboração do Estatuto da Criança e Adolescente. Veronese (2017 p.03)
explica que, inspirados pelos debates que se travavam no âmbito da elaboração da Convenção
Internacional dos Direitos da Criança, documento internacional com maior número de adesões
em todo o mundo, a Constituição Federal de 1988 adotou a doutrina da proteção integral, a qual
faz clara opção em reconhecer a condição de “sujeitos de direitos” a quem está em processo de
formação. Essa opção constitucional não somente desaguou na elaboração da Lei nº 8.069/1990

7
Nesse sentido valem as lições de Naomi Wolf (1992, p.11-12) sobre o que denomina de “mito da beleza”,
movimento que emprega imagens da beleza feminina como uma arma política contra a evolução da mulher. Nesse
processo são impostos padrões cada vez mais rígidos e objetificantes e, quanto mais numerosos forem os
obstáculos legais e materiais vencidos pelas mulheres, mais pesadas e cruéis imposições são feitas para que atinjam
o padrão de beleza feminina, que ademais de obtido, precisa ser ostentado e exibido

170
- Estatuto da Criança e Adolescente - como também “tornou imprescindível a formulação de
políticas públicas voltadas para esta área, em ação conjunta com a família, com a sociedade e o
Estado, enfim, um tripé de corresponsabilidade”.
A doutrina da proteção integral implica em prioridade imediata e absoluta, segundo a
qual a proteção infantoadolescente deve sempre se sobrepor e começar na própria família,
considerada como o grupo social primário e ambiente “natural” para o crescimento e bem-estar
de seus membros. Cabe ao grupo familiar garantir-lhe proteção e cuidados especiais, ainda que
se ressalte o papel da comunidade na sua efetiva intervenção/responsabilização com os infantes
e adolescentes (VERONESE, 2017, p. 04).
A previsão constitucional da proteção integral8, consagrada no art. 227 da Carta
Constitucional, ainda se encontra pendente de maior efetividade, pois a mudança normativa não
tem o poder de alterar as práticas institucionais e culturais, sendo ainda comuns e naturalizados
determinados comportamentos que não hesitam em ferir direitos e objetificar os corpos
adolescentes, como visto na seção anterior deste artigo.
Tais condutas encontram-se em colisão com os princípios sustentados na doutrina da
proteção integral adotada constitucionalmente, que valoriza a dignidade humana de crianças e
adolescentes, colocados como prioridade imediata e absoluta da família, sociedade e Estado.
Além da proteção integral, outro princípio referencial nas questões que envolvem as crianças e
adolescentes é o princípio do melhor interesse, cuja tecitura aberta e ampla permite certa
elasticidade interpretativa e de aplicação, cabendo a análise dos elementos do caso concreto
para definir a melhor solução frente ao interesse das crianças e adolescentes. Na tentativa de
oferecer um horizonte interpretativo, Tânia Pereira (2000, p.95) sustenta que o princípio do
melhor interesse tem a função de reafirmar os deveres da família, da sociedade e do Estado com
as crianças e adolescentes, defendendo ser ele uma norma cogente de responsabilidade ativa. O
Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), por sua vez,
reconhece que esse conceito precisa ser melhor explicitado, pois ainda que este princípio esteja
presente no cenário jurídico internacional desde a Declaração Universal dos direitos da criança,
de 1959, sua redação aberta favorece as mais diversas interpretações por parte dos adultos,
usualmente encarregados de definir esses interesses. Na tentativa de dirimir dúvidas, o Comitê
publicou o Comentário nº 14, de 29 de maio de 2013, documento que destaca as várias facetas

8
Conforme Silva (2009, p.21), “Com o advento da proteção integral, é reconhecida a crianças e adolescentes a sua
condição de pessoa em peculiar estágio de desenvolvimento, cabendo à família, à sociedade civil e ao Estado
promoverem as medidas necessárias à promoção e proteção de seus direitos, em atenção à dignidade, respeito e
liberdade, valores que servem de base axiológica sobre a qual se ergue o Direito da Criança e do Adolescente”.

171
desse princípio: a) trata-se de um direito substantivo e subjetivo dos titulares diante dos Estados,
obrigados a promover sua satisfação sob pena de serem demandados diante de um tribunal; b)
princípio jurídico que aponta a direção para uma interpretação coordenada entre o sistema
internacional, no qual despontam a Convenção e seus Protocolos Facultativos e as legislações
nacionais; c) regra processual, segundo a qual o momento da tomada de decisão deve impor
que os encarregados da proteção integral (especialmente os Estados) avaliem o impacto positivo
e negativo daquela decisão específica sobre a vida e dignidade da crianças e/ou adolescente
concretamente considerado (ORGANIZAÇÃO, 2013, p. 10).
A análise sob qualquer uma dessas funções conduz a constatação de que o princípio do
melhor interesse da criança deve ser observado pelos encarregados da proteção integral,
sobretudo quando se discute a exposição da imagem e o tratamento de dados pessoais de
adolescentes na internet. Conforme explicitado por Peréz Luño (2012, p. 126), o caráter aberto
e público dos sistemas comunicativos, sobretudo as redes sociais, podem produzir riscos para
importantes direitos, como a imagem, intimidade e dados pessoais. Quanto a esses últimos,
sustenta que deve se desenvolver o máximo grau de proteção para quem se encontra com menos
idade (2012, p. 129) invocando, para tanto, o princípio do superior interesse, presente nos
documentos internacionais sobre proteção de dados pessoais, que também devem ser entendidos
como direitos fundamentais.
A compreensão da fundamentalidade dos dados pessoais é de suma importância, pois se
mal utilizados podem acarretar limitações e discriminações aos titulares. Enquanto as
legislações de alguns países, como Alemanha por exemplo, desde a década de 1970 já
conferiam proteção infraconstitucional aos dados pessoais, tema que ganhou enquadramento
constitucional no restante da União Europeia em decorrência da Convenção nº 108, de 1981,
(SARLET, 2020, p. 183), no Brasil a trajetória de proteção de dados pessoais é bem mais lenta,
registrando recente positivação em âmbito infraconstitucional. A Constituição Federal de 1988
não contemplou esse direito explicitamente no art. 5º o que não impede, todavia, que se chegue
a essa interpretação a partir da associação com vários outros princípios e direitos fundamentais,
dentre os quais a dignidade humana, o princípio do livre desenvolvimento da personalidade, a
tutela constitucional da privacidade e intimidade (SARLET, 2020, p. 184).
Em sede infraconstitucional, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) dispôs, em seu
art. 14, que o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes deverá ser realizado em
seu melhor interesse e em consonância com a legislação especial. Tal previsão, ainda que possa

172
parecer tímida se comparada ao Regulamento Europeu de proteção de dados9, constitui
importante referência, já que esses sujeitos de direitos não tinham sido mencionados no Marco
Civil da Internet.
A escolha do princípio do melhor interesse, ainda que esteja alinhada com documentos
internacionais, não se apresenta isenta de críticas pela doutrina especializada, pois de acordo
com Amaral (2020, p. 165-166) teria sido mais adequado invocar a proteção integral para tratar
o tema, pois além de sua pertinência com a prioridade absoluta prevista no art. 227 da
Constituição Federal, reforçaria o nível de proteção de quem se encontra em estágio
diferenciado de desenvolvimento. Segundo o autor, ainda que seja de indiscutível importância,
o melhor interesse não se constitui em marco normativo do tema da infância, cujas pilares são
a proteção integral e a prioridade absoluta. Não obstante sua crítica, deve-se recordar que o art.
14 da LGPD faz referência à legislação especial que rege a matéria, o que permite que a
hermenêutica constitucional se sobreponha no momento da aplicação da legislação ao caso
concreto, conduzindo a aplicação da LGPD sob o princípio da proteção integral.
Outro ponto polêmico é que a LGPD dispôs que o tratamento de dados pessoais de
crianças deverá ser consentido pelos pais ou responsáveis, caso em que os controladores
deverão realizar todos os esforços razoáveis para que a legitimidade desse consentimento não
seja viciada. A exigência do consentimento parental, todavia, não contemplou os adolescentes,
o que se constitui em importante lacuna, pois aos 13 anos de idade já é possível abrir uma conta
no Instagram e, a partir dela, realizar exposições de imagens e demais dados pessoais,
informações que podem ser usadas pelo mercado e por outros particulares.
Por certo não se ignora a autonomia e a capacidade progressiva de crianças e
adolescentes, segundo as quais deve ser conferida maior liberdade à medida em que os sujeitos
se desenvolvem e detêm melhores condições de discernimento. Portanto, não parece razoável
exigir consentimento parental para que os adolescentes, com mais de 16 anos e relativamente
capazes pelo Código Civil, possam abrir uma conta em site de rede social. Por outro lado, não
se pode ignorar que há diferenças significativas de maturidade entre os anos iniciais e os finais
da adolescência, o que abre a discussão para a dispensa de acompanhamento parental para os
mais novos, considerados absolutamente incapazes pelo art. 3º da legislação civilista.

9
Frota (2020, p. 186-190) oferece importante apanhado de documentos internacionais que podem ser citados, em
âmbito global, para a proteção de dados pessoais de crianças, a começar pela Convenção das Nações Unidas, de
1989; a Convenção 192, do Conselho da Europa, denominada Convenção de Lanzarote, firmada em 2007; a Carta
de Direitos Fundamentais da União Europeia, cujo artigo 24 determina que qualquer ato referente às crianças,
praticados por instituições públicas ou privadas, deverá levar em conta o seu melhor interesse; a Convenção
Europeia dos Direitos Humanos e a Carta Europeia de Direitos Fundamentais, do ano 2000; o recente Regulamento
Europeu de Proteção de Dados Pessoais, de 2016.

173
Ademais, o consentimento parental não exime o controlador dos dados (a plataforma
Instagram, no caso) de realizar o tratamento em consonância com outros princípios previstos
na LGPD, entre eles a boa-fé, contemplada no art. 6º. Este princípio, combinado com o melhor
interesse previsto no próprio art. 14, em leitura orientada pelos demais princípios estabelecidos
no Estatuto da Criança e Adolescente, leva a que se questione o papel social das plataformas, a
naturalização da objetificação dos corpos das adolescentes e a inércia do Estado brasileiro.
Quando o tema versa sobre a proteção de direitos humanos e fundamentais de crianças
e adolescentes no ambiente digital deve-se ter presente os termos da “Observación general núm.
25 (2021) relativa a los derechos de los niños en relación con el entorno digital”, produzida em
2021 pelo Comitê dos Direitos das Crianças das ONU (ORGANIZAÇÃO, 2021). Segundo este
documento, que se apresenta como verdadeira convenção sobre os direitos de crianças e
adolescentes no entorno digital, os Estados devem produzir ações articuladas com a família,
escola e empresas, sempre voltadas à prevenção e promoção de direitos. Este esforço pressupõe
a realização de campanhas e a elaboração ou revisão da legislação existente, o que deve ser
orientado pelas normas internacionais existentes e observar os avanços tecnológicos. O tema
precisa de avaliação constante sobre os impactos do entorno digital nos direitos humanos de
infantes e adolescentes, dados que deverão ser levados em conta pelas empresas, num sistema
de responsabilidade compartilhada que não deve ser orientado somente pelo lucro
(ORGANIZAÇÃO, 2021, p. 5).
Logo, as empresas também precisam ser implicadas na proteção integral das
adolescentes no ambiente das redes sociais, em especial do Instagram, analisado neste trabalho.
Ademais, o debate deve ser acompanhado de ações que envolvam também as usuárias
adolescentes e suas famílias, que devem ser destinatárias de ações tais como campanhas de
esclarecimento e sensibilização para o uso seguro das redes sociais, pois as meninas precisam
ser vistas e tratadas como agentes sociais e protagonistas de suas histórias (CERQUEIRA;
GUIA; SOUSA, 2009, p.150).
As crianças e adolescentes devem ser orientados e informados sobre seus direitos e os
riscos oriundos da exposição em redes sociais, ações essenciais para que possam realizar
escolhas conscientes, pois somente com o trabalho integrado e cooperativo poder-se-á construir
uma sociedade democrática, interativa e responsável.

CONCLUSÃO

174
A internet e as redes sociais, com destaque para o Instagram, fazem parte do cotidiano
de muitas adolescentes brasileiras, que utilizam o ambiente para o compartilhamento de fotos e
vídeos, muitos dos quais trazem sua imagem e dados pessoais em destaque. A exposição virtual
tem potencial para interferir positiva ou negativamente na experiência cotidiana dessas
internautas, em suas interações sociais e culturais e, principalmente, na subjetividade, cuja
construção se dá permeada pela identidade digital.
A construção da subjetividade, antes mais reservada, foi projetada ao ambiente virtual
das redes sociais e de lá recebe as mais variadas influências, o que coloca o público feminino
como um dos alvos preferenciais. Muitas adolescentes sentem-se instigadas a reproduzir
modelos e padrões de comportamento de outras influenciadoras digitais, o que contribui para a
exposição prematura de seus corpos, a precoce erotização e objetificação da infância e
adolescente, agora sob os comandos de um verdadeiro capitalismo de vigilância.
A análise de perfis permitiu que se constatasse a superexposição de meninas nas redes
sociais, o que pode indicar que a orientação parental não existe ou, na hipótese de ocorrer, não
tem sido suficiente e constante para proteger de maneira adequada os dados pessoais e a imagem
das adolescentes. De igual forma, a análise dos Termos de uso do Instagram não permite
identificar a devida proteção aos adolescentes, o que leva a afirmar que a empresa parece não
estar adequadamente comprometida com a proteção integral e o melhor interesse dos infantes
e adolescentes, pautando-se nos interesses do mercado. Melhor sorte não assiste ao Estado, que
além da tímida previsão normativa, o que incluiu a recente previsão do art. 14 da LGPD, parece
não avançar em outras ações articuladas entre os atores encarregados da proteção integral, em
completa inobservância do que estabelecem os Comentários nº 14 e, especialmente o recente
Comentário nº 25, do Comitê de Especialistas da ONU. Todo esse conjunto de constatações
indica que ainda há um caminho a percorrer na prevenção e proteção das adolescentes,
educando-as e preparando-as para o uso adequado e seguro das redes sociais, esforço que ainda
precisa ser empreendido para que as promessas constitucionais de proteção integral ganhem
vida e efetividade no Brasil.

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