Artigo Sobre Uso de Imagem de Menores Nas Redes Sociais
Artigo Sobre Uso de Imagem de Menores Nas Redes Sociais
Artigo Sobre Uso de Imagem de Menores Nas Redes Sociais
CONPEDI
Representante Discente: Prof. Dra. Sinara Lacerda Andrade – UNIMAR/FEPODI – São Paulo
Conselho Fiscal:
Prof. Dr. Caio Augusto Souza Lara – ESDHC – Minas Gerais
Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim - UCAM – Rio de Janeiro
Prof. Dr. José Filomeno de Moraes Filho – Ceará
Prof. Dr. Lucas Gonçalves da Silva – UFS – Sergipe
Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR – São Paulo
Secretarias
Relações Institucionais:
Prof. Dra. Daniela Marques De Moraes – UNB – Distrito Federal
Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues - UNIVEM – São Paulo
Prof. Dr. Yuri Nathan da Costa Lannes - Mackenzie – São Paulo
Comunicação:
Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho - UPF/Univali – Rio Grande do Sul
Profa. Dra. Maria Creusa De Araújo Borges - UFPB – Paraíba
Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro - UNOESC – Santa Catarina
Relações Internacionais para o Continente Americano:
Prof. Dr. Heron José de Santana Gordilho - UFBA – Bahia
Prof. Dr. Jerônimo Siqueira Tybusch - UFSM – Rio Grande do Sul
Prof. Dr. Paulo Roberto Barbosa Ramos - UFMA – Maranhão
Relações Internacionais para os demais Continentes:
Prof. Dr. José Barroso Filho – ENAJUM
Prof. Dr. Rubens Beçak - USP – São Paulo
Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr - Unicuritiba – Paraná
Eventos:
Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta - Fumec – Minas Gerais
Profa. Dra. Cinthia Obladen de Almendra Freitas - PUC – Paraná
Profa. Dra. Livia Gaigher Bosio Campello - UFMS – Mato Grosso do Sul
Membro Nato – Presidência anterior Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UMICAP – Pernambuco
D597
Direito, governança e novas tecnologias II [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI
Coordenadores: Aires Jose Rover; Danielle Jacon Ayres Pinto; Fernando Galindo Ayuda; José Renato Gaziero Cella;
– Florianópolis: CONPEDI, 2021.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-5648-407-5
Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações
Tema: Constitucionalismo, desenvolvimento, sustentabilidade e smart cities.
1. Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Direito. 3. Governança. IV Encontro Virtual do
CONPEDI (1: 2021 : Florianópolis, Brasil).
CDU: 34
Apresentação
Esse fato demonstra a inquietude que os temas debatidos despertam na seara jurídica. Cientes
desse fato, os programas de pós-graduação em direito empreendem um diálogo que suscita a
interdisciplinaridade na pesquisa e se propõe a enfrentar os desafios que as novas tecnologias
impõem ao direito. Para apresentar e discutir os trabalhos produzidos sob essa perspectiva, os
coordenadores do grupo de trabalho dividiram os artigos em cinco blocos, quais sejam a)
inteligência artificial; b) proteção de dados; c) mídias sociais; d) governança, sociedade e
poder judiciário; e e) novas tecnologias e direitos humanos.
A proteção de dados foi o pano de fundo do segundo bloco de artigos apresentados, em que
os problemas decorrentes de suas dinâmicas foram apresentados e debatidos a partir dos
seguintes trabalhos: 1. Nossos dados, as big techs e o direito de Marcos Alexandre Biondi e
José Carlos Francisco dos Santos; 3. Justiça eleitoral e proteção de dados. Reflexões
preliminares sobre suas competências e a lgpd de Eduardo Botão Pelella; 4. Blockchain,
proteção de dados e autodeterminação informativa: um estudo na perspectiva da lgpd de
Anderson Souza da Silva Lanzillo, Luana Andrade de Lemos e Lukas Darien Dias Feitosa.
Por fim, o quinto bloco trouxe para a mesa o debate sobre as novas tecnologias e os direitos
humanos, com os seguintes artigos: 1. Relações espaciais feministas, negras, queer, trans e
periféricas nas cidades “inteligentes” de Stéphani Fleck da Rosa; 2. O transumanismo e o pós-
humanismo: uma visão dos direitos humanos à luz da evolução tecnológica e da
sustentabilidade de Ricardo Fabel Braga e Luciana Machado Teixeira Fabel; 3. As novas
tecnologias e uma necessária disrupção legislativa na lei do inquilinato de Thiago Leandro
Moreno e Carlos Renato Cunha; 4. Dignidade humana dos refugiados ambientais e
governança global: violação e transgressões da dignidade dos refugiados nas fronteiras do
Acre de Ionara Fonseca Da Silva Andrade e Patrícia De Amorim Rêgo.
Os artigos que ora são apresentados ao público têm a finalidade de fomentar a pesquisa e
fortalecer o diálogo interdisciplinar em torno do tema “Direito, Governança e Novas
Tecnologias”. Trazem consigo, ainda, a expectativa de contribuir para os avanços do estudo
desse tema no âmbito da pós-graduação em direito brasileira, apresentando respostas para
uma realidade que se mostra em constante transformação.
Os Coordenadores
Resumo
Este artigo discute a objetificação dos corpos femininos de adolescentes no Instagram, rede
social utilizada por adolescentes. A excessiva exposição de seus corpos suscitou o problema
de pesquisa, que indaga sobre a suficiência da proteção constitucional prevista no art. 227, da
Constituição Federal. A metodologia utilizada priorizou o procedimento monográfico e
realizou observação direta na rede social, avançando para a análise normativa do tema.
Concluiu-se que promessa a constitucional e a proteção integral não protegem
adequadamente as adolescentes no Instagram, o que mostra que o Brasil precisa observar as
orientações internacionais, sobretudo os Comentários da ONU a respeito do tema.
Abstract/Resumen/Résumé
This article discusses the objectification of the female bodies of teenagers on Instagram, a
social network used by teenagers. The exposure of their bodies raised the research problem,
which inquires about the adequacy of the constitutional protection provided for in art. 227 of
the Federal Constitution. The methodology was the monographic procedure and observation
in the social network, advancing to the normative analysis of the theme. It was concluded
that constitutional promise and protection do not adequately protect teenager girls on
Instagram, which shows that Brazil needs to comply with international guidelines, especially
the UN Comments about the topic.
1Doutora em Direito e Professora do Curso de Direito da Universidade Franciscana (Santa Maria- RS). Linha
de pesquisa Direito Constitucional Aplicado: Gestão de Pessoas e Processos.
2 Graduanda em Direito da Universidade Franciscana.
161
INTRODUÇÃO
162
foco para as interações no Instagram, verificando-se seus Termos de Uso e as práticas
empreendidas por meninas em anos iniciais da adolescência, o que foi feito a partir da técnica
de observação direta e não participativa orientada por perfil que mais se destacava para, a partir
dele, observar possível influência em seguidoras. Após a observação, as exposições foram
confrontadas com dispositivos legais constantes na legislação brasileira e com as orientações
do Comitê de Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), empreitada
científica realizada na tentativa de compreender as interações das adolescentes e apontar
estratégias para sua proteção.
163
por usuários a partir de 13 anos de idade, o que evidencia a importância de mencionar, ainda
que brevemente, seus termos de uso em relação às crianças e adolescentes.
Já no início do documento, a plataforma anuncia a missão de “fortalecer seus
relacionamentos com as pessoas e com as coisas que você adora” e, para isso oferece produtos,
recursos, aplicativos, serviços, tecnologias e software que poderão ser utilizados de maneira a
gerar oportunidades personalizadas de criar, conectar, comunicar, descobrir e compartilhar
dados pessoais e informações (INSTAGRAM, 2021).
Os usuários, ao concordarem com os termos, ficam sujeitos às seguintes regras
(INSTAGRAM, 2021):
1.Você deve ter pelo menos 13 anos ou a idade mínima legal em seu país
para usar o Instagram.
2.Você não pode estar proibido de receber qualquer aspecto do nosso
Serviço nos termos da legislação aplicável ou se envolver em pagamentos
relativos ao Serviço caso tenha seu nome em uma lista de terceiros não
autorizados a tanto.
3.Sua conta não pode ter sido desativada por nós por violação da lei ou de
qualquer uma das nossas políticas.
4.Você não pode ter sido condenado por crime sexual
5. Você não pode se passar por outras pessoas ou fornecer informações
imprecisas.
6.Você não pode fazer algo ilícito, enganoso, fraudulento ou com finalidade
ilegal ou não autorizada.
[...]
9.Você não pode publicar informações privadas ou confidenciais de outra
pessoa sem permissão ou fazer qualquer coisa que viole os direitos de outra
pessoa, incluindo os direitos de propriedade intelectual (por exemplo, violação
de direitos autorais, violação de marca comercial, falsificação ou bens
pirateados). [grifo da autora]
164
podem optar por deixar as imagens em seu feed1, neste caso poderá divulgar conjuntamente a
localidade, uma legenda, usar filtros digitais e marcar outros usuários; ou realizar divulgação
por tempo limitado por meio dos stories, em que ficará disponível por 24 horas, sendo possível
outras funcionalidades, como adicionar stickers2, músicas, indicação do horário e fazer menções
a outras contas. Essa funcionalidade também permite realizar enquetes, testes, perguntas,
contagens regressivas para datas e eventos, apoiar pequenas empresas, disponibilizar o clima
da localidade e usar hashtags3. Todos esses usos e facilidades despertam muito interesse em
adolescentes e em todas as operações há divulgação de dados pessoais por parte dos internautas.
A interação entre usuários e contas ocorre por meio das curtidas, comentários nas
publicações e envio de mensagens privadas. Ademais, para “adicionar” ao seu círculo de
contatos é preciso “seguir” o usuário, que poderá retribuir com essa mesma reciprocidade. Cada
uma das funções ofertadas encarrega-se de recolher dados pessoais, assim entendidos como
qualquer informação, tais como nome, dados de imagem, localização geográfica e demais
informações sobre uma pessoa identificada ou identificável, conforme disposto no art. 5º,
incisos I e II, da Lei nº 13.709/2018 (BRASIL, 2018).
A configuração da plataforma estimula comportamentos performáticos e de exposição,
na medida em que as reações instantâneas por parte dos demais internautas contribuem para
que se ignorem os antigos limites da interação social, com implicações profundas na experiência
cotidiana, na construção da subjetividade e nos relacionamentos sociais e afetivos (SIBILIA,
2020, p. 98). Como consequência, há potencial transformação na construção da subjetividade,
que de um processo individual e particular relacionado à interioridade da pessoa humana, no
qual constrói suas impressões individuais e sua forma própria de ser e estar no mundo
(MIRANDA, 2005, p.32) transforma-se em processo aberto, público e fortemente ditado pelas
tecnologias. No momento em que essa experiência é projetada para o ambiente de redes sociais
fica sujeita às mais variadas interferências, tanto impulsionadas pelo capitalismo de vigilância
(ZUBOFF, 2021) que se encarregará de impor modelos comportamentais, quanto ditadas pelos
demais usuários das plataformas, que poderão influenciar comportamento de quem se encontra
em fase de desenvolvimento.
Segundo Zuboff (2021, p. 84), o capitalismo de vigilância atua com agilidade e de
maneira furtiva e a cada curtida há um bem jurídico a ser rastreado, que é analisado por alguma
empresa do segmento. Compara a atuação das empresas do segmento a um tubarão que estivesse
1
Local que reúne todas as publicações do perfil, ou seja, resumo dos conteúdos produzidos.
2
Adesivos virtuais.
3
São palavras precedidas do símbolo # para identificar postagens sobre o tópico.
165
nas profundezas mas, de tempos em tempos, salta na superfície da água para buscar uma nova
presa, que são os usuários das redes. Essa presa navega despreocupada, ingenuamente confiante
de que exerce sua liberdade de escolha e crente de que usufrui livremente serviços
disponibilizados gratuitamente, a ignorar que paga por esses serviços com a sua privacidade e
seus dados pessoais. Trata-se de um “projeto de mercado até então inédito” (ZUBOFF, 2021,
p. 85), no qual as empresas recolhem os dados, elaboram perfis dos usuários e utilizam as
informações para incentivar novos comportamentos e desejos, sempre atuando em favor do
mercado.
Esse modus operandi, além da extração e predição de dados, favorece a construção e
elaboração como “meio de modificação comportamental”, já que a formação dos perfis permite
a predição de comportamentos e facilita a introdução de novos estímulos que vão criar novos
“modos de ser e estar no mundo” que atendem aos comandos do capital. É o que Zuboff (2021,
p. 105) chama de “poder instrumentador sem precedentes”. Na base fundacional dessa
sociedade encontram-se grandes empresas, como Google e demais plataformas, cuja tecnologia
consegue atuar como um verdadeiro “sensor de comportamento humano” (ZUBOFF, 2021, p.
106).
Fascinados diante das inúmeras possibilidades de interação e ignorando os mecanismos
tecnológicos utilizados pelos sites de redes sociais, cujo aparato dificulta que se perceba a sua
forma de atuação, os usuários adolescentes colocam-se em risco. Partindo da constatação de
sua vulnerabilidade, Livinsgtone et. al (2015) categorizou os riscos em três categoriais: de
conteúdo, riscos de contato e riscos de conduta. No caso específico dos adolescentes, redes
sociais como o Instagram permitem a interação das adolescentes com distintos conteúdos e
pessoas, o que pode ampliar o risco de contato, posto que a aproximação pode ser feita com
algum objetivo indevido e que se relaciona à objetificação dos corpos femininos.
Não é de hoje que crianças e adolescentes são instigados a perceber o mundo e se
comportar a partir da visão proposta pelos meios de comunicação, algo que já ocorria com a
televisão e outras mídias tradicionais. O fenômeno atual, ditado pelas tecnologias da informação
e comunicação é mais intenso e invisivelmente invasivo, pois os usuários menores de idade não
conseguem perceber os reais objetivos por trás dos novos aplicativos que são lançados no
mercado. Essa assimetria informacional se acirra diante do fato de 95% das crianças e
adolescentes acessarem a internet desde seus celulares, o que coloca em suspenso a orientação
parental, levando muitos pais a ignorarem a exposição a que se submetem os nativos digitais
166
4
(COMITÊ..., 2020, p. 64).
A pesquisa realizada no Brasil aponta que, seguindo as tendências internacionais, o
tempo e a intensidade de uso da internet aumentam à medida em que se eleva a faixa-etária e
que as atividades de comunicação foram intensamente realizadas por adolescentes, incluindo o
uso de redes sociais. (COMITÊ..., 2020, p. 69). A grande questão é que esses internautas ainda
estão em processo de formação e muitos deles não dispõem de discernimento completo para
perceber os riscos de sua própria exposição, ampliando-se a vulnerabilidade no caso das
meninas, pois como registrado por Sibilia (2020, p. 171), as telas expandem o campo de
visibilidade, sendo esse espaço propício à projeção de performances por meio de selfies, o que
pode levar à construção de subjetividade alterdirigida.
Nesse contexto e embalado pelo crescimento das plataformas, não se pode ignorar que
tais ambientes têm atuado ativamente nos processos de construção social da realidade,
influenciando decisivamente na formação das noções de realidade e ficção do público infantil
e adolescente, cuja autonomia cognitiva é induzida pela observação das ações, interações e
comunicações realizados no meio virtual (SAMPAIO, 2009, p. 11). Esse processo de criação
intersubjetiva passa a ser mediado por “filtros e bolhas”, com efeitos sobre os direitos
fundamentais das adolescentes em face dos riscos decorrentes da exposição. Dentre esses
últimos destacam-se os comentários e observações que promovem a objetificação dos corpos
das adolescentes, perpetuando comportamentos típicos de sociedades patriarcais (SOUZA,
SILVA, 2019, p. 153).
Na cultura de aparências, do espetáculo e da visibilidade, as tendências exibicionistas e
performáticas buscam alimentar o reconhecimento dos olhares alheios, pois cada vez mais é
preciso “aparecer para ser” (SIBILIA, 2020, p. 171). É por meio de conteúdos postados, curtidos
e compartilhados nas redes sociais que se propaga de maneira incontrolável a figura de um “eu
visível” (SOUZA, SILVA, 2019, p. 157) e para cumprir esse objetivo as redes sociais se
apresentam como grandes aliadas, como se verá na sequência.
4
Expressão utilizada por Prensky (2001, p. 02) ao se referir aqueles nasceram e cresceram imersos na cultura
digital, o que os tornaria mais habilitados a realizar várias tarefas ao mesmo tempo, com capacidade para receber
e tratar informações, com preferência ao uso de imagens.
167
Conforme a Pesquisa Sobre o Uso da Internet por Crianças e Adolescentes no Brasil
(COMITÊ..., 2018, p. 57) o Instagram apresenta maior índice de crescimento em relação ao
número de crianças e adolescentes com perfis na plataforma. Como parte de sua estratégia, a
própria plataforma estimula seus usuários a publicarem fotos, seja de paisagens ou de si mesmo,
num reforço positivo para a assunção de padrões comportamentais que deixam as experiências
de vida transparentes ao escrutínio e avaliação social. Enquanto ocorre essa exposição o
mercado tira proveito dos dados e informações, bem ao gosto do “capitalismo de vigilância”
estudado por Zuboff (2021). Sem perceber, a vida de muitas pessoas, com ênfase para as
adolescentes, transforma-se num verdadeiro “show do eu” pois conforme denunciado por
Sibilia (2020, p. 311), as pessoas são estimuladas a se colocarem no centro da publicação, em
processo de auto exibicionismo capaz de influenciar o modo de agir de seus seguidores na rede
social.
Parte desse estímulo provém de outras influenciadoras digitais, cujo atributos físicos
são reforçados a cada postagem e utilizados como instrumentos capazes de promover a saída
do anonimato para alçar as titulares das contas a uma espécie de celebridade do momento. Para
tanto, atributos relacionados a sua beleza e à imagem do corpo perfeito são expostos como algo
a ser desejado e perseguido, o que tem o poder de influenciar outras mulheres, sobretudo mais
jovens e que buscam aceitação e reconhecimento social.
Esse é o cenário no qual se inserem muitas adolescentes que estão se descobrindo e
construindo a sua subjetividade, processo para o qual buscam parâmetros numa figura de
referência e de sucesso nas redes sociais, utilizada como modelo comportamental. Para tanto,
muitas vezes associam sua imagem pessoal a padrões adultos, com fotos e imagens nas quais o
corpo é retratado em primeiro plano e de maneira erotizada, pois assim alcançariam maior
visibilidade e popularidade (MARTINELI; MOÍNA, 2009, p.67). Este é o exemplo de Melody,
de 13 anos de idade e personalidade bem conhecida no Instagram, que se apresenta como
cantora e compositora: A adolescente possui grande influência nessa faixa etária e em seu perfil
no Instagram é possível observar atitudes e trejeitos próprios a uma mulher adulta, pois ostenta
poses e publica vídeos sensuais, expondo diuturnamente a sua imagem corporal
(@MELODYOFICIAL13, 2021).
É muito provável que esse padrão comportamental incentive muitas outras adolescentes
que a seguem, pois de acordo com Canela (2009, p.82) o período mais significativo de
exploração e desenvolvimento sexual ocorre durante a adolescência, quando se valem de suas
próprias experiências corporais, hormonais, psicológicas e da interação com o mundo exterior
para desenvolver sua sexualidade.
168
A observação inicial do referido perfil e o confronto das práticas ali retratadas com a
produção teórica sobre o tema instigaram a ampliação da observação, chegando-se ao total de
cinco perfis de adolescentes, selecionados a partir de perfis de meninas mais populares. Assim,
a partir desse perfil inicial foram escolhidos os demais, a seguir identificados sem o prenome e
apenas pelo sobrenome indicado nas referências, a saber: Beck; Becker; Ingrid; Nunes 5. Tal
recorte foi feito com o auxílio da ferramenta de sugestão de perfis similares, do próprio
Instagram. Primeiramente, foi analisado o tipo de publicação e se as titulares das contas
realizavam exposição de seus corpos. A observação apontou para o uso frequente de roupas
sumárias, tais como biquinis, shorts e tops, o que colocava em evidência os atributos físicos das
meninas.
A observação da plataforma Instagram demonstrou que, de maneira geral, as usuárias
valem-se de padrões comportamentais que colocam em evidência os seus atributos físicos, na
busca da auto valorização advinda da interação com outros usuários em suas publicações, seja
com curtidas ou comentários. A partir desse “feedback” positivo dos outros internautas parecem
obter atribuição de sentido e sensação de pertencimento no ambiente em que estão inseridas
(MARTINELI; MOÍNA, 2009, p.67).
À vista disso, as lições de Canela (2009, p.82) auxiliam a compreensão do tema,
especialmente quando refere haver uma visão da sexualidade constantemente fundamentada na
exploração da mulher enquanto objeto, o que produz impactos negativos na formação da
sexualidade de adolescentes, pois a sexualidade fica vinculada à supervalorização do corpo e
da imagem. Ao tratar do tema, Sibilia (2020, p. 312) explica que na sociedade do “espetáculo
do eu”, milhões de imagens de vidas èxtimas de qualquer um são expostas voluntariamente,
pedindo para serem curtidas e comentadas, num processo de consumo de vidas alheias.
Esse fenômeno contribui para o aprofundamento de uma “ditadura do corpo”, na qual o
que prevalece é um padrão de beleza pré-estabelecido pelas grandes indústrias de moda e
estética, predominando a ideia de que uma pessoa só é considerada bonita se estiver de acordo
com esse modelo que supervaloriza um corpo escultural, magro e alto (CARVALHO, 2009,
p.90). Para atingi-lo, muitas garotas acabam se submetendo a tratamentos estéticos e ingestão
de produtos que colocam em risco seu desenvolvimento físico e mental, comprometendo
inclusive sua saúde.
A observação realizada evidenciou um ponto em comum entre os perfis 6: um mesmo
5
Referências completas ao final do trabalho.
6
Todos os perfis observados encontram-se devidamente descritos nas referências, com os endereços do Instagram
indicados.
169
padrão comportamental que coloca as garotas e seus corpos 7 no centro das atenções, destacando
o jeito de agir e posar para as lentes. Nota-se uma performance sensual e sexualizada nas
escolhas das imagens compartilhadas, com destaque para partes específicas dos corpos
adolescentes, como nádegas e seios.
Percebe-se que em geral, não há um conteúdo ou mensagem cultural ou artística
específico para divulgar que possa ser apreciado ou criticado pelos demais. As contas dessas
adolescentes não objetivam divulgar um assunto, centrando-se nos corpos que se tornaram a
própria mensagem a ser difundida, num processo de publicização da intimidade que é
incentivado pela necessidade atual de consumo de vidas alheias.
Outro aspecto constatado nas observações empreendidas foi o teor dos comentários
formulados por internautas do gênero masculino, predominantemente adultos, que mesmo
diante do perfil de uma adolescente não hesitavam em usar linguagem inapropriada, chamando
as meninas de “gostosa”, “delícia”, “corpinho lindo”. Em determinados casos o caráter obsceno
predominava, contribuindo ainda mais para o processo de objetificação adolescente, chegando
até mesmo a associá-las a atrizes pornográficas como Mia khalifa.
Partindo dessa constatação dos novos hábitos de interação e de exposição de sua
imagem na rede social Instagram, na sequência será discutido o alcance da proteção legal
positivada no ordenamento jurídico.
7
Nesse sentido valem as lições de Naomi Wolf (1992, p.11-12) sobre o que denomina de “mito da beleza”,
movimento que emprega imagens da beleza feminina como uma arma política contra a evolução da mulher. Nesse
processo são impostos padrões cada vez mais rígidos e objetificantes e, quanto mais numerosos forem os
obstáculos legais e materiais vencidos pelas mulheres, mais pesadas e cruéis imposições são feitas para que atinjam
o padrão de beleza feminina, que ademais de obtido, precisa ser ostentado e exibido
170
- Estatuto da Criança e Adolescente - como também “tornou imprescindível a formulação de
políticas públicas voltadas para esta área, em ação conjunta com a família, com a sociedade e o
Estado, enfim, um tripé de corresponsabilidade”.
A doutrina da proteção integral implica em prioridade imediata e absoluta, segundo a
qual a proteção infantoadolescente deve sempre se sobrepor e começar na própria família,
considerada como o grupo social primário e ambiente “natural” para o crescimento e bem-estar
de seus membros. Cabe ao grupo familiar garantir-lhe proteção e cuidados especiais, ainda que
se ressalte o papel da comunidade na sua efetiva intervenção/responsabilização com os infantes
e adolescentes (VERONESE, 2017, p. 04).
A previsão constitucional da proteção integral8, consagrada no art. 227 da Carta
Constitucional, ainda se encontra pendente de maior efetividade, pois a mudança normativa não
tem o poder de alterar as práticas institucionais e culturais, sendo ainda comuns e naturalizados
determinados comportamentos que não hesitam em ferir direitos e objetificar os corpos
adolescentes, como visto na seção anterior deste artigo.
Tais condutas encontram-se em colisão com os princípios sustentados na doutrina da
proteção integral adotada constitucionalmente, que valoriza a dignidade humana de crianças e
adolescentes, colocados como prioridade imediata e absoluta da família, sociedade e Estado.
Além da proteção integral, outro princípio referencial nas questões que envolvem as crianças e
adolescentes é o princípio do melhor interesse, cuja tecitura aberta e ampla permite certa
elasticidade interpretativa e de aplicação, cabendo a análise dos elementos do caso concreto
para definir a melhor solução frente ao interesse das crianças e adolescentes. Na tentativa de
oferecer um horizonte interpretativo, Tânia Pereira (2000, p.95) sustenta que o princípio do
melhor interesse tem a função de reafirmar os deveres da família, da sociedade e do Estado com
as crianças e adolescentes, defendendo ser ele uma norma cogente de responsabilidade ativa. O
Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), por sua vez,
reconhece que esse conceito precisa ser melhor explicitado, pois ainda que este princípio esteja
presente no cenário jurídico internacional desde a Declaração Universal dos direitos da criança,
de 1959, sua redação aberta favorece as mais diversas interpretações por parte dos adultos,
usualmente encarregados de definir esses interesses. Na tentativa de dirimir dúvidas, o Comitê
publicou o Comentário nº 14, de 29 de maio de 2013, documento que destaca as várias facetas
8
Conforme Silva (2009, p.21), “Com o advento da proteção integral, é reconhecida a crianças e adolescentes a sua
condição de pessoa em peculiar estágio de desenvolvimento, cabendo à família, à sociedade civil e ao Estado
promoverem as medidas necessárias à promoção e proteção de seus direitos, em atenção à dignidade, respeito e
liberdade, valores que servem de base axiológica sobre a qual se ergue o Direito da Criança e do Adolescente”.
171
desse princípio: a) trata-se de um direito substantivo e subjetivo dos titulares diante dos Estados,
obrigados a promover sua satisfação sob pena de serem demandados diante de um tribunal; b)
princípio jurídico que aponta a direção para uma interpretação coordenada entre o sistema
internacional, no qual despontam a Convenção e seus Protocolos Facultativos e as legislações
nacionais; c) regra processual, segundo a qual o momento da tomada de decisão deve impor
que os encarregados da proteção integral (especialmente os Estados) avaliem o impacto positivo
e negativo daquela decisão específica sobre a vida e dignidade da crianças e/ou adolescente
concretamente considerado (ORGANIZAÇÃO, 2013, p. 10).
A análise sob qualquer uma dessas funções conduz a constatação de que o princípio do
melhor interesse da criança deve ser observado pelos encarregados da proteção integral,
sobretudo quando se discute a exposição da imagem e o tratamento de dados pessoais de
adolescentes na internet. Conforme explicitado por Peréz Luño (2012, p. 126), o caráter aberto
e público dos sistemas comunicativos, sobretudo as redes sociais, podem produzir riscos para
importantes direitos, como a imagem, intimidade e dados pessoais. Quanto a esses últimos,
sustenta que deve se desenvolver o máximo grau de proteção para quem se encontra com menos
idade (2012, p. 129) invocando, para tanto, o princípio do superior interesse, presente nos
documentos internacionais sobre proteção de dados pessoais, que também devem ser entendidos
como direitos fundamentais.
A compreensão da fundamentalidade dos dados pessoais é de suma importância, pois se
mal utilizados podem acarretar limitações e discriminações aos titulares. Enquanto as
legislações de alguns países, como Alemanha por exemplo, desde a década de 1970 já
conferiam proteção infraconstitucional aos dados pessoais, tema que ganhou enquadramento
constitucional no restante da União Europeia em decorrência da Convenção nº 108, de 1981,
(SARLET, 2020, p. 183), no Brasil a trajetória de proteção de dados pessoais é bem mais lenta,
registrando recente positivação em âmbito infraconstitucional. A Constituição Federal de 1988
não contemplou esse direito explicitamente no art. 5º o que não impede, todavia, que se chegue
a essa interpretação a partir da associação com vários outros princípios e direitos fundamentais,
dentre os quais a dignidade humana, o princípio do livre desenvolvimento da personalidade, a
tutela constitucional da privacidade e intimidade (SARLET, 2020, p. 184).
Em sede infraconstitucional, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) dispôs, em seu
art. 14, que o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes deverá ser realizado em
seu melhor interesse e em consonância com a legislação especial. Tal previsão, ainda que possa
172
parecer tímida se comparada ao Regulamento Europeu de proteção de dados9, constitui
importante referência, já que esses sujeitos de direitos não tinham sido mencionados no Marco
Civil da Internet.
A escolha do princípio do melhor interesse, ainda que esteja alinhada com documentos
internacionais, não se apresenta isenta de críticas pela doutrina especializada, pois de acordo
com Amaral (2020, p. 165-166) teria sido mais adequado invocar a proteção integral para tratar
o tema, pois além de sua pertinência com a prioridade absoluta prevista no art. 227 da
Constituição Federal, reforçaria o nível de proteção de quem se encontra em estágio
diferenciado de desenvolvimento. Segundo o autor, ainda que seja de indiscutível importância,
o melhor interesse não se constitui em marco normativo do tema da infância, cujas pilares são
a proteção integral e a prioridade absoluta. Não obstante sua crítica, deve-se recordar que o art.
14 da LGPD faz referência à legislação especial que rege a matéria, o que permite que a
hermenêutica constitucional se sobreponha no momento da aplicação da legislação ao caso
concreto, conduzindo a aplicação da LGPD sob o princípio da proteção integral.
Outro ponto polêmico é que a LGPD dispôs que o tratamento de dados pessoais de
crianças deverá ser consentido pelos pais ou responsáveis, caso em que os controladores
deverão realizar todos os esforços razoáveis para que a legitimidade desse consentimento não
seja viciada. A exigência do consentimento parental, todavia, não contemplou os adolescentes,
o que se constitui em importante lacuna, pois aos 13 anos de idade já é possível abrir uma conta
no Instagram e, a partir dela, realizar exposições de imagens e demais dados pessoais,
informações que podem ser usadas pelo mercado e por outros particulares.
Por certo não se ignora a autonomia e a capacidade progressiva de crianças e
adolescentes, segundo as quais deve ser conferida maior liberdade à medida em que os sujeitos
se desenvolvem e detêm melhores condições de discernimento. Portanto, não parece razoável
exigir consentimento parental para que os adolescentes, com mais de 16 anos e relativamente
capazes pelo Código Civil, possam abrir uma conta em site de rede social. Por outro lado, não
se pode ignorar que há diferenças significativas de maturidade entre os anos iniciais e os finais
da adolescência, o que abre a discussão para a dispensa de acompanhamento parental para os
mais novos, considerados absolutamente incapazes pelo art. 3º da legislação civilista.
9
Frota (2020, p. 186-190) oferece importante apanhado de documentos internacionais que podem ser citados, em
âmbito global, para a proteção de dados pessoais de crianças, a começar pela Convenção das Nações Unidas, de
1989; a Convenção 192, do Conselho da Europa, denominada Convenção de Lanzarote, firmada em 2007; a Carta
de Direitos Fundamentais da União Europeia, cujo artigo 24 determina que qualquer ato referente às crianças,
praticados por instituições públicas ou privadas, deverá levar em conta o seu melhor interesse; a Convenção
Europeia dos Direitos Humanos e a Carta Europeia de Direitos Fundamentais, do ano 2000; o recente Regulamento
Europeu de Proteção de Dados Pessoais, de 2016.
173
Ademais, o consentimento parental não exime o controlador dos dados (a plataforma
Instagram, no caso) de realizar o tratamento em consonância com outros princípios previstos
na LGPD, entre eles a boa-fé, contemplada no art. 6º. Este princípio, combinado com o melhor
interesse previsto no próprio art. 14, em leitura orientada pelos demais princípios estabelecidos
no Estatuto da Criança e Adolescente, leva a que se questione o papel social das plataformas, a
naturalização da objetificação dos corpos das adolescentes e a inércia do Estado brasileiro.
Quando o tema versa sobre a proteção de direitos humanos e fundamentais de crianças
e adolescentes no ambiente digital deve-se ter presente os termos da “Observación general núm.
25 (2021) relativa a los derechos de los niños en relación con el entorno digital”, produzida em
2021 pelo Comitê dos Direitos das Crianças das ONU (ORGANIZAÇÃO, 2021). Segundo este
documento, que se apresenta como verdadeira convenção sobre os direitos de crianças e
adolescentes no entorno digital, os Estados devem produzir ações articuladas com a família,
escola e empresas, sempre voltadas à prevenção e promoção de direitos. Este esforço pressupõe
a realização de campanhas e a elaboração ou revisão da legislação existente, o que deve ser
orientado pelas normas internacionais existentes e observar os avanços tecnológicos. O tema
precisa de avaliação constante sobre os impactos do entorno digital nos direitos humanos de
infantes e adolescentes, dados que deverão ser levados em conta pelas empresas, num sistema
de responsabilidade compartilhada que não deve ser orientado somente pelo lucro
(ORGANIZAÇÃO, 2021, p. 5).
Logo, as empresas também precisam ser implicadas na proteção integral das
adolescentes no ambiente das redes sociais, em especial do Instagram, analisado neste trabalho.
Ademais, o debate deve ser acompanhado de ações que envolvam também as usuárias
adolescentes e suas famílias, que devem ser destinatárias de ações tais como campanhas de
esclarecimento e sensibilização para o uso seguro das redes sociais, pois as meninas precisam
ser vistas e tratadas como agentes sociais e protagonistas de suas histórias (CERQUEIRA;
GUIA; SOUSA, 2009, p.150).
As crianças e adolescentes devem ser orientados e informados sobre seus direitos e os
riscos oriundos da exposição em redes sociais, ações essenciais para que possam realizar
escolhas conscientes, pois somente com o trabalho integrado e cooperativo poder-se-á construir
uma sociedade democrática, interativa e responsável.
CONCLUSÃO
174
A internet e as redes sociais, com destaque para o Instagram, fazem parte do cotidiano
de muitas adolescentes brasileiras, que utilizam o ambiente para o compartilhamento de fotos e
vídeos, muitos dos quais trazem sua imagem e dados pessoais em destaque. A exposição virtual
tem potencial para interferir positiva ou negativamente na experiência cotidiana dessas
internautas, em suas interações sociais e culturais e, principalmente, na subjetividade, cuja
construção se dá permeada pela identidade digital.
A construção da subjetividade, antes mais reservada, foi projetada ao ambiente virtual
das redes sociais e de lá recebe as mais variadas influências, o que coloca o público feminino
como um dos alvos preferenciais. Muitas adolescentes sentem-se instigadas a reproduzir
modelos e padrões de comportamento de outras influenciadoras digitais, o que contribui para a
exposição prematura de seus corpos, a precoce erotização e objetificação da infância e
adolescente, agora sob os comandos de um verdadeiro capitalismo de vigilância.
A análise de perfis permitiu que se constatasse a superexposição de meninas nas redes
sociais, o que pode indicar que a orientação parental não existe ou, na hipótese de ocorrer, não
tem sido suficiente e constante para proteger de maneira adequada os dados pessoais e a imagem
das adolescentes. De igual forma, a análise dos Termos de uso do Instagram não permite
identificar a devida proteção aos adolescentes, o que leva a afirmar que a empresa parece não
estar adequadamente comprometida com a proteção integral e o melhor interesse dos infantes
e adolescentes, pautando-se nos interesses do mercado. Melhor sorte não assiste ao Estado, que
além da tímida previsão normativa, o que incluiu a recente previsão do art. 14 da LGPD, parece
não avançar em outras ações articuladas entre os atores encarregados da proteção integral, em
completa inobservância do que estabelecem os Comentários nº 14 e, especialmente o recente
Comentário nº 25, do Comitê de Especialistas da ONU. Todo esse conjunto de constatações
indica que ainda há um caminho a percorrer na prevenção e proteção das adolescentes,
educando-as e preparando-as para o uso adequado e seguro das redes sociais, esforço que ainda
precisa ser empreendido para que as promessas constitucionais de proteção integral ganhem
vida e efetividade no Brasil.
REFERÊNCIAS
175
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília, DF: Presidência da República, 2016. Disponível em: Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm . Acesso em: 08 mar 2021.
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Brasília,
DF, 14 ago. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 05 maio 2021.
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. TIC Kids online Brasil 2018. Pesquisa
sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil: TIC kids online Brasil 2018 =
Survey on internet use by children in Brazil: ICT kids online Brazil 2018 / Núcleo de
Informação e Coordenação. Disponível em:
https://cetic.br/media/docs/publicacoes/216370220191105/tic_kids_online_2018_livro_eletro
nico.pdf . Acesso em: 07 mar. 2021.
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. TIC Kids online Brasil 2019: Pesquisa
sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor de
Internet no Brasil, 2020. Disponível em https://cetic.br/pt/tics/kidsonline/2019/criancas/A3/.
Acesso em 30 out. 2020.
FROTA, Mário. Dados de crianças e sua indefectível tutela: começar em casa, prosseguir
criteriosamente na escola. In: LIMA, Cíntia Rosa Pereira de. Comentários à Lei Geral de
Proteção de Dados. São Paulo: Almedina, 2020, p. 183-224.
176
INSTAGRAM. Termos de Uso, 2021. Disponível em:
https://help.instagram.com/581066165581870 Acesso em: 04 maio 2021.
MULLER, Léo. O Instagram foi o app que mais cresceu no Brasil. Tecmundo, 2018.
Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/internet/135466-instagram-app-cresceu-
brasil.htm. Acesso em: 08 abr 2021.
PATEL, Neil. Como Usar o Instagram: O Guia Definitivo [atualizado 2020]. Disponível
em: https://neilpatel.com/br/blog/instagram/ Acesso em: 15 abr 2021
177
PEREZ LUÑO, Antonio-Enrique. Los derechos humanos en la sociedad tecnológica.
Universitas: 2012.
PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants. MCB University Press, Vol. 9, No. 5,
October 2001. Disponível em
http://www.lablearning.eu/documents/doc_inspiration/prensky/digital_natives_digital_immigr
ants.pdf. Acesso em 27 jul 2019.
SAMPAIO, Inês Silvia Vitorino. Publicidade e Infância: uma relação perigosa. In: VIVARTA,
Veet. Infância e Consumo: estudos no campo da comunicação. Brasília, DF: ANDI; Instituto
Alana, 2009, p. 09- 21.
SILVA, Rosane Leal da. Ana Luz, a menina dos dedinhos mágicos: encontro entre a ficção e o
Direito para pensar a proteção de dados pessoais de crianças e adolescentes na internet. In:
VERONESE, Josiane Rose Petry; SILVA, Rosane Leal da. A Criança e seus Direitos: entre
violações e desafios. Porto Alegre/RS. Editora Fi, 2019, p. 37-64.
SOUZA, Fabiana Munhoz; SILVA, Rosane Leal da. A prática de revenge porn entre
adolescentes e as respostas jurídicas: da promessa de proteção integral às insuficiências das
decisões judiciais. In: VERONESE, Josiane Rose Petry; SILVA, Rosane Leal da. A Criança e
seus Direitos: entre violações e desafios. Porto Alegre/RS. Editora Fi, 2019, p. 151- 186.
VERONESE, Josiane Rose Petry. Direito da Criança e do Adolescente: Novo curso - Novos
Temas. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris, 2017.
WOLF, Naomi. O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres.
Rio de Janeiro. Editora Rocco, 1992.
178