Gestão de Conflitos Internos
Gestão de Conflitos Internos
Gestão de Conflitos Internos
Universidade Rovuma
Pemba, Agosto de 202
Doglas Alexandre Massona
UNIVERSIDADE ROVUMA
Pemba, Agosto de 2022
ÍNDICE
1 Introdução ........................................................................................................................... 3
3 Conclusão ......................................................................................................................... 13
4 Referências ....................................................................................................................... 14
1 Introdução
O conflito é algo inerente do ser humano, a convivência em sociedade torna o conflito algo
inevitável, e em uma organização empresarial não é diferente. As diferenças entre cargos,
salários, privilégios, desempenhos e prémios, torna o conflito existente por um desses motivos
ou mesmo por coisas relacionadas a assuntos pessoais. Quando envolvidos exercem poder de
buscar solução que valorizam o progresso, um conflito não tem que ser necessariamente ruim,
situações divergentes podem estimular a busca de soluções inteligentes, contudo muitas vezes
é necessário a intervenção eficaz de um gestor, assim o papel deste consiste em intervir quando
necessário, fazendo com que o conflito seja construtivo.
No presente trabalho irá se abordar sobre as formas de gestão de conflitos e a tipologia dos
conflitos.
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2 Forma de Gestão de Conflitos e Tipos de Conflitos
A definição lexical da palavra conflito, reforça a noção que geralmente ocorre no senso comum:
a palavra remete à ideia do embate, da luta, da desavença e da guerra. A noção advém,
inclusive, da raiz latina da palavra. O vocábulo latino conflictus, origem da palavra em língua
portuguesa, já compreendia o sentido de golpear ou atacar. No entanto, como observa Mary
Parker Follett (1925), o conflito pode ser considerado sem um prejulgamento ético e, nesse
caso, ele não é necessariamente bom ou mau. De acordo com sua perspectiva, devemos
abandonar a noção do conflito como guerra e apenas admiti-lo como o aparecimento de
diferenças: de opiniões ou de interesses. Em verdade, o conflito é parte integrante da vida e
deveríamos canalizá-lo em prol de benefícios para nós mesmos. Follett utiliza, para ilustrar
essa ideia, duas situações: a do engenheiro mecânico e a do violinista, dois profissionais que
lidam com o atrito e com a fricção de forma positiva. O engenheiro preocupa-se em eliminar
atritos, mas ele sabe como utilizá-lo ou capitalizá-lo em função da construção de algo positivo.
Por exemplo, a transmissão de potência por correias depende da fricção entre a correia e a
polia. A fricção entre a condução das rodas da locomotiva e os trilhos permite o trem
locomover-se. No caso do violinista, a fricção do arco junto às cordas permite o som. (Vianna,
2013)
Ademais, sublinha Follett, foi por intermédio da fricção que o homem primitivo descobriu o
fogo e revolucionou o processo evolutivo humano.
No entanto, temos que admitir, observando a reacção cotidiana das pessoas, que há duas
tendências muito claras no que se refere ao conflito: uma negativa e outra positiva.
No primeiro caso, o conflito é encarado como algo prejudicial, que deve ser evitado de qualquer
forma, e muitas pessoas declaram ser avessas às situações conflituosas. No segundo caso,
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embora se admita a possibilidade de efeitos negativos nas situações conflituosas, as situações
conflituosas constituem oportunidades – tendo em vista as diferenças de opinião e de visão –
para a aprendizagem e enriquecimento em termos pessoais e colectivos. Nesse caso, os aspectos
negativos devem ser minimizados em prol dos benefícios que podem advir do conflito. Essa é,
certamente, a perspectiva defendida por Mary Follett, com a qual concordaremos ao abordar o
tema neste módulo. (Vianna, 2013)
Existe um importante trabalho de gestão de conflitos nas organizações, mas para isso é
importante compreender todo o fluxo que envolvem tais discussões.
Só que existe uma etapa preliminar a isso tudo, que é a compreensão dos tipos de conflitos que
podem ocorrer no cotidiano. E existem duas linhas de raciocínio para isso. (Alves, 2022)
A primeira, promovida por Burbridge (2012), destaca o surgimento de conflitos a partir de dois
princípios:
conflito interno, que é aquele motivado por pessoas com opiniões divergentes;
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conflito externo, que envolve elementos que influenciam o conflito, como um factor
político ou económico.
Para Berg (2012), contudo, são três tipos de conflitos que devem ser analisados:
conflito pessoal, que é a maneira com a qual cada indivíduo age e reage em
circunstâncias diversas, como tudo aquilo que é dito ou feito por ele próprio, ou outra
pessoa;
conflito interpessoal, algo motivado por uma situação na qual algumas pessoas com
perspectivas contrastantes entra em debate;
conflito organizacional, que é o único que ocorre como consequência de uma
circunstância, e não pautado em valores ou opiniões. (Alves, 2022)
Observe, ainda, que é possível classificar a incidência de conflitos por meio da gravidade deles.
Um debate saudável tem o seu valor, é claro, mas o excesso de discussões toma o caminho
oposto. Para isso, Chiavenato (2004) destaca os três graus de gravidade que devem ser
observados na gestão de conflitos:
conflito manifestado, que é uma divergência expressa por pelo menos, uma das partes
envolvidas;
conflito percebido, quando as opiniões contrastantes geram interferência de maneira
evidente;
conflito experienciado, que é o fim da argumentação lógica e racional e promove
sentimentos negativos, como angústia, raiva, frustração e hostilidade entre pelo menos
uma das partes envolvidas. (Alves, 2022)
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casos, como destacam MARTINELLI et alii (1998), em que o conflito é inerente à função ou
papel desempenhado pelo indivíduo dentro da organização. Esse seria o caso de policiais,
advogados e auditores, por exemplo. Nas organizações, e mais especificamente no contexto do
trabalho, predominam os conflitos interpessoais, que podem ser de duas ordens:
Hierárquicos: quando envolvem tensões no nível gerencial ou mais precisamente na
relação com as autoridades dentro da organização. Esse tipo de conflito pode ser
decorrente, inclusive, da falta de legitimidade ou não reconhecimento do corpo
dirigente.
Pessoais: quando envolvem tensões entre os indivíduos, geralmente causadas por
disputas, luta por poder e prestígio ou discordâncias de concepção e procedimentos no
processo de trabalho. (Vianna, 2013)
Uma vez que conhecidos e identificados os conflitos precisam ser administrados ou geridos,
para que se resolvam da forma mais eficiente e eficaz.
A respeito da administração e gestão de conflitos, Chiavenato (2004, p. 418) afirma que: “uma
qualidade importante no administrador é sua qualidade de administrar conflitos”.
Para isso, o gestor tem à sua disposição três abordagens para a gestão de conflitos, sendo elas,
conforme Chiavenato (2004): (Alves, 2022)
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directa entre os envolvidos; ou colaboração, que ocorre após passadas as etapas
anteriores, com as duas partes buscando uma resolução vantajosa para todos.
Para Berg (2012) existem várias maneiras de abordar e administrar conflitos, porém uma das
mais eficazes é denominada de “Estilos de gestão de Conflitos”, método criado por Kenneth
Thomas e Ralph Kilmann, que propõem cinco formas de gestão de conflitos, conforme a
seguir:
1) Competição: é uma atitude assertiva e não cooperativa, onde prevalece o uso do poder.
Ao competir o individuo procura atingir seus próprios interesses em detrimento dos da
outra pessoa, é um estilo agressivo onde o individuo faz uso do poder para vencer.
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Berg (2012) afirma ainda que não existe estilo certo ou errado para gerir conflitos, e que cada
um pode ser apropriado e efectivo dependendo da situação, do assunto a ser resolvido e dos
personagens envolvidos. O importante é conhecer e servir-se das várias opções a nossa
disposição para manejar conflitos e aprender a utilizar suas técnicas.
Nem todo conflito é igual e nem todo conflito deve ser abordado da mesma forma, conforme
Burbridge e Burbridge (2012), por esta razão o gestor precisa saber como e quando usar cada
ferramenta a sua disposição, como: negociação, poder, litígio, arbitragem, ouvidoria,
conciliação, e diversas ouras ferramentas disponíveis.
Portanto o desafio está em saber o que aplicar em cada ocasião, procurando escolher e aplicar
as técnicas de forma inteligente.
Embora os estudos sobre conflitos convirjam para ideia de que estes são diferentes e devem ser
analisados caso a caso, é importante que seja do conhecimento do gestor as diferentes formas
de abordagem dos desentendimentos, para que ao identificar sua tipicidade, possa aplicar a
ferramenta mais adequada para conclusão da situação conflituante.
Os conflitos podem ter resultados positivos ou negativos, esse resultado depende de diversos
factores, desde o motivo do conflito até mesmo a forma como foi tratado. (Alves, 2022)
Chiavenato (2004) destaca alguns efeitos positivos e negativos dos conflitos, conforme a
seguir:
Efeitos positivos: o conflito desperta sentimentos e energia no grupo, fazendo com que
muitas vezes busquem meios mais eficazes de realizar tarefas e soluções criativas e
inovadoras. Também é estimulada a coesão intragrupal, e por vezes é chamada atenção
para problemas existentes, que sendo tratados de forma eficaz evitam problemas
maiores no futuro.
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De acordo com Burbridge e Burbridge (2012), os conflitos auxiliam no processo de mudanças
necessárias e crescimento das organizações, mas em contrapartida, geram custos que passam
despercebidos, mas que influenciam no funcionamento da empresa, como a alta taxa de
rotatividade, absenteísmo, motivação reduzida, baixa produtividade, etc. (Alves, 2022)
“O que vai determinar se o conflito é construtivo ou negativo será a motivação das pessoas
envolvidas, sendo que, em qualquer organização, é de responsabilidade do gestor ou gerente
facilitar a gestão desse conflito.” (McINTYRE, 2007, p. 303). (Alves, 2022)
Evidencia-se que os conflitos interferem sim no funcionamento das organizações, resta então
identificar se essa interferência é favorável ou não às actividades, estimulando as situações
onde as discordâncias geram novas ideias e soluções diferenciadas, e mitigando aquelas onde
as consequências serão restritas aos custos e perdas, tanto na produtividade quanto na qualidade
de relacionamento entre as pessoas.
Porter (1973, apud Martinelli et alii, 1998) classifica em três tipos os enfoques para lidar com
o conflito, de acordo com as motivações que estão por trás do comportamento das pessoas. Os
três tipos são:
1. Aquele que empurra a solução do conflito: negociador assertivo e entusiástico, que
gosta de ver as coisas feitas. Sua ênfase está sempre na acção, movimento e
cumprimento das tarefas.
2. O que ajuda a solucioná-lo: negociador disposto a ajudar as pessoas sempre que pode
fazê-lo, muitas vezes deixando que elas aprendam com os próprios erros.
3. Aquele que analisa o conflito: age em função da lógica e ordenação, procurando fatos
para basear a sua tomada de decisões.
Pressupõe-se que todas as pessoas tenham um pouco de cada tipo descrito acima, mas a
tendência é ter um deles de forma mais destacada. Cada tipo define uma maneira típica de
reagir às situações, assim como acontece com os estilos na tomada de decisões. Dessa forma,
aquele que empurra o conflito tem como desafio combater o opositor, já o que se preocupa em
auxiliar tem como reacção normal a tentativa de deixar as coisas justas, mesmo que para isso
precise se afastar do seu caminho para poder atender às necessidades da outra parte; por fim,
aquele que analisa o conflito busca sempre os fatos, as regras e a lógica da discussão. (Vianna,
2013)
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Além dessa classificação, Mary Parker Follett (1925) distingue três métodos para lidar com os
conflitos, os quais ela define da seguinte forma:
Dominação: quando envolve a vitória de um lado sobre o outro. Essa é a maneira mais
fácil de lidar com conflitos, particularmente quando se deseja resultados rápidos, mas
geralmente não é a mais adequada no longo prazo. Exemplo desse tipo de solução tem
sido observado em conflitos bélicos ou guerras, que geralmente são reincidentes.
Compromisso: quando as partes envolvidas abrem mão de alguma coisa ou cedem um
pouco a fim de ter a suspensão do conflito e retomar a regularidade da situação. Esse
tipo de solução é base da táctica sindical e das negociações colectivas na área do
trabalho.
Integração: envolve a integração de dois desejos que são preservados mediante uma
solução que não implica em sacrifícios para as partes envolvidas no conflito. Follett
exemplifica com um fato simples vivenciado por ela. Na biblioteca de Harvard, certa
vez, em uma das salas menores, havia alguém que desejava a janela aberta. Follett
preferia mantê-la fechada. Para resolver esse conflito, resolveram abrir a janela da sala
contigua, onde ninguém estava sentado. Ora, essa solução não envolveu dominação e
também não envolveu compromisso, porque não houve restrições ao desejo das partes,
mas integração. (Vianna, 2013)
Follett não queria que o vento norte soprasse directamente sobre ela, e seu colega de sala só
queria um ambiente mais ventilado, não importando de onde viesse a brisa. De acordo com
Follett, esse tipo de solução ainda é um desafio para quem toma decisões em situações
conflituosas. (Vianna, 2013)
Você pode estar se perguntando como agir efectivamente em situações de conflito. O que você
pode e deve fazer como gerente operacional caso enfrente essas situações com sua equipe.
Infelizmente não há uma resposta cartesiana para esse tipo de indagação. Lidar com confl itos
exige a capacidade de leitura da situação e das percepções envolvidas. Em verdade, para lidar
com essas situações, o gerente deve procurar aperfeiçoar-se em diversas habilidades
relacionais, entre elas a capacidade de comunicação e de escuta activa. Não obstante, alguns
procedimentos podem ser observados para a resolução eficaz dos conflitos:
Construa uma atmosfera favorável ao diálogo.
Mantenha o clima de respeito.
Identifique a causa do problema.
Identifique e interprete as percepções.
Relativize seu ponto de vista e se coloque no lugar do outro.
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Seja construtivo ao fazer críticas.
Aja sempre no sentido de eliminar as causas do conflito.
Quando estiver errado, reconheça o seu erro.
Procure soluções, não culpados.
Considere as experiências já vivenciadas.
Analise e escolha a melhor solução.
Estabeleça soluções integradas ou de benefícios mútuos.
Não adie o enfrentamento de problemas nem os esconda.
Aja com resiliência.
Aperfeiçoe sua capacidade de interacção e comunicação. (Vianna, 2013)
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3 Conclusão
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4 Referências
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