MONOGRAFIA DimensionamentoSistemaVentilação
MONOGRAFIA DimensionamentoSistemaVentilação
MONOGRAFIA DimensionamentoSistemaVentilação
ESCOLA DE MINAS
OURO PRETO - MG
2021
LEONARDO SILVA HARMENDANI
[email protected]
OURO PRETO – MG
2021
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO
CDU 621
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
FOLHA DE APROVAÇÃO
Leonardo Silva Harmendani
Dimensionamento de um sistema de ventilação local exaustora para cozinha industrial
Documento assinado eletronicamente por Luis Antonio Bortolaia, PROFESSOR DE MAGISTERIO SUPERIOR, em 15/12/2021, às 16:59, conforme
horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.013271/2021-55 SEI nº 0259269
https://sei.ufop.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=288424&infra_sistema=1… 1/1
Agradeço à minha família, amigos e
todos que contribuíram de alguma forma
para esta etapa.
AGRADECIMENTO
RESUMO
A cozinha industrial é um ambiente dotado de grandes equipamentos que geram calor e resíduos
gasosos que se prendem ao ar. O calor emitido na cozinha prejudica o rendimento dos
funcionários, já que estes são colocados em uma situação de desconforto térmico. Partículas
como benzo(a)pireno, que tem potencial cancerígeno, é desprendida durante o processo de
cocção e prejudica a saúde dos colaboradores. Além disso, a gordura é um contaminante que
traz problemas de incrustação e entupimento no maquinário da cozinha. Esse trabalho tem como
objetivo dimensionar um sistema de ventilação local exaustora capaz de retirar calor, partículas
nocivas à saúde e gorduras do ambiente de trabalho, como também filtrar e devolver o ar limpo
ao ambiente externo, sem contaminantes. Para tal, foi realizada pesquisa sobre os principais
componentes do sistema de ventilação como ventiladores, dutos, filtros e coletores de gordura
e como dimensioná-los para a cozinha apresentada. Para o dimensionamento é necessário
calcular a perda de carga e atender a todas as exigências das normas técnicas, como velocidade
na tubulação, materiais e vazões recomendadas. Foram obtidos resultados satisfatórios que
sanam a problemática do trabalho. Na conclusão é observado que o sistema de exaustão traz
muitos benefícios para o ambiente de trabalho e sua implementação é essencial.
ABSTRACT
The industrial kitchen is an environment equipped with large equipment that generate heat and
gaseous residues that attach to the air. The heat emitted in the kitchen affects the employees'
performance, as they are placed in a situation of thermal discomfort. Particles such as
benzo(a)pyrene, which has carcinogenic potential, is released during the cooking process and
harms the health of employees. In addition, grease is a contaminant that causes fouling and
clogging problems in kitchen machinery. This work aims to design a local exhaust ventilation
system capable of removing heat, harmful particles and grease from the work environment, as
well as filtering and returning clean air to the external environment without contaminants.
Factors such as the kitchen area and the equipment present were taken into account when sizing
the system. In conclusion, it is observed that the exhaust system brings many benefits to the
work environment and its implementation is essential.
LISTA DE SIMBOLOS
𝐴: área, m²;
𝑣: velocidade, m/s;
𝐿: comprimento, m;
𝑏: largura, m;
ℎ: altura, m;
𝑃: perímetro aberto, m.
𝑓: coeficiente de atrito;
ε: rugosidade relativa;
ϑ: viscosidade cinemática
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquematização simples do conceito de ventilação ................................................ 5
Figura 6 - Da esquerda para direita: captor enclausurante, captor do tipo cabine e captor externo.
.............................................................................................................................................. 9
Figura 12 – à esquerda, coifa parcial para fornos elétricos. À direita, coifa total para fornos
elétricos. .............................................................................................................................. 12
Figura 30 - Gráfico da curva de perda de carga dos filtros inerciais Krieger. ........................ 39
Figura 32 - Diagrama com valores da perda de carga e potência sonora do modelo FKA-D-BR-
45......................................................................................................................................... 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 4 - Modelos de filtro inercial com suas dimensões e faixa de vazão volumétrica atendida.
............................................................................................................................................ 39
Tabela 5 - Propriedades que serão usadas para o cálculo da perda de carga na tubulação. ..... 42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 Formulação do Problema ........................................................................................ 1
1.2 Justificativa ............................................................................................................ 2
1.3 Objetivos ................................................................................................................ 2
1.3.1 Geral................................................................................................................. 2
1.3.2 Específicos ....................................................................................................... 2
1.4 Estrutura do Trabalho ............................................................................................. 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 4
2.1 Conforto Térmico ................................................................................................... 4
2.2 Ventilação Geral ..................................................................................................... 5
2.2.1 Ventilação geral diluidora ................................................................................. 5
2.2.2 Ventilação local exaustora ................................................................................ 7
2.3 Sistemas de ventilação para cozinhas profissionais ................................................. 8
2.3.1 Captores ........................................................................................................... 9
2.3.2 Cálculo da vazão ............................................................................................. 13
2.3.3 Ventiladores.................................................................................................... 15
2.3.4 Equipamentos coletores de contaminantes....................................................... 17
2.4 Dutos .................................................................................................................... 22
2.4.1 Perda de carga................................................................................................. 24
2.5 Prevenção contra incêndios ................................................................................... 28
2.5.1 Damper corta-fogo.......................................................................................... 30
3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 32
3.1 Tipos de pesquisa ................................................................................................. 32
3.2 Materiais e métodos .............................................................................................. 33
3.3 Variáveis e indicadores ......................................................................................... 33
3.4 Instrumento de coleta de dados ............................................................................. 34
3.5 Tabulação de dados .............................................................................................. 34
3.6 Considerações finais do capítulo ........................................................................... 34
4 RESULTADOS........................................................................................................... 35
4.1 Leiaute ................................................................................................................. 35
viii
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 50
5.1 Conclusões ........................................................................................................... 50
5.2 Recomendações .................................................................................................... 50
1 INTRODUÇÃO
Segundo Clezar e Nogueira (2009), existem dois grandes grupos que classificam a
ventilação, são eles: ventilação local exaustora, indicada em situações que as fontes de poluição
conseguem ser facilmente identificadas e localizadas no recinto, e ventilação geral diluidora,
indicada quando as fontes de poluição não estão confinadas em pontos identificáveis.
1.2 Justificativa
Tanto o cansaço quanto a irritabilidade são sintomas que podem ser gerados devido ao
desconforto térmico que, além de afetar a saúde dos colaboradores pode promover baixo
desempenho e erros em suas funções (DUFRIO, 2017). O bem-estar dos funcionários está
intrinsecamente relacionado ao seu desempenho e assim, é necessário garantir uma temperatura
agradável e a qualidade do ar no ambiente de trabalho.
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
1.3.2 Específicos
O presente trabalho será dividido em cinco capítulos, sendo escrito segundo as normas
vigentes da ABNT e com o curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Ouro
Preto.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Ademais, o ser humano apresenta dois estados em relação as trocas térmicas com o
ambiente. O primeiro, quando essas trocas ocorrem sem grandes empecilhos, o indivíduo
sentirá a sensação de conforto térmico e seu rendimento no trabalho, nessa perspectiva, é
máximo. Já na outra situação, quando ocorrem as sensações de frio ou calor, é um sinal de que
nosso organismo não está em equilíbrio, ou seja, perde mais ou menos calor que o necessário e
para retomar ao balanço é necessário um esforço adicional que resulta em diminuição no
rendimento e possíveis problemas de saúde (FROTA E SCHIFFER, 2006).
Não é de hoje que a influência do clima sobre a produtividade dos seres humanos é
estudada. Desde a Revolução Industrial, esse tema ganhou espaço e os primeiros esforços para
se chegar a critérios de conforto térmico foram executados e publicados em 1923 pela ASHVE,
Associação Americana dos Engenheiros de Aquecimento e Ventilação, por meio do trabalho
de Houghten e Yaglou, que definiu as linhas de igual conforto, determinando assim a zona de
conforto térmico e dando origem ao Índice de Temperatura Efetiva (RUAS, 1999). Tal índice
pode ser definido como sendo a relação entre as condições de temperatura, velocidade e
umidade do ar e as sensações de conforto, buscando estabelecer padrões para o conforto térmico
(FROTA E SCHIFFER, 2006).
Ainda de acordo com Frota e Schiffer (2006), os índices de conforto térmico podem ser
classificados em três grupos, sendo eles:
Índices fisiológicos: baseados nas reações fisiológicas que surgem das condições
climáticas já conhecidas, como temperatura seca, umidade e velocidade do ar;
Índices subjetivos: baseados nas sensações de conforto geradas nas situações que
os elementos de conforto térmico variam.
5
Segundo Clezar e Nogueira (2009), as indústrias utilizam o índice IBUTG para definir
os níveis de exposição a ambientes quentes, especificando quais são os níveis seguros para o
trabalhador. O seu próprio nome indica como tal funciona, o índice é obtido a partir da
temperatura de bulbo úmido natural (BU) e da temperatura de globo (TG) e é a média ponderada
destas medidas.
Para Clezar e Nogueira (2009), ventilar não é nada mais que trocar o ar de um ambiente
fechado. E os maiores objetivos desse processo são o controle das partículas nocivas à saúde
presentes no ar, da temperatura e umidade para conforto e a prevenção de incêndios e explosões.
A Figura 1 representa este conceito.
A ventilação industrial pode ser classificada de acordo com os seus objetivos, sendo
esses manter o conforto e eficiência dos indivíduos, conhecida como ventilação geral de
ambientes normais, ou visando focar na saúde e segurança dos indivíduos, usualmente chamada
de ventilação geral diluidora (MACINTYRE, 1990).
A Figura 3 mostra as maneiras como a ventilação geral diluidora pode ser aplicada.
Para Costa (2005), o último caso é uma combinação dos anteriores, sua aplicação se dá
quando é necessário remover o poluente e paralelamente manter o ambiente suprido com ar
filtrado e estanque ao ar exterior.
O principal mérito dos sistemas de ventilação local exaustora é sua capacidade de extrair
o contaminante praticamente no instante em que ele é produzido, evitando que ele se expanda
para o ambiente, como mostra a Figura 4. A fim de cumprir seu objetivo, o sistema atua com
uma certa velocidade de captura, adequada para cada situação, gerada por meio dos captores.
Ademais, a ventilação local exaustora tem como característica a capacidade de transportar
detritos como poeiras, fumos e vapores pelo ar (COSTA, 2005). Todos esses atributos fazem
com que esse tipo de ventilação seja uma alternativa mais eficiente, entretanto, Clezar e
Nogueira (2009) situam alguns casos em que ela não pode ser aplicada, como situações em que
a quantidade de fontes poluentes é muito grande ou quando não é possível realizar a
aproximação do captor à fonte do contaminante.
Ainda segundo a ABNT (2020), todas as cozinhas profissionais devem ter um sistema
de exaustão exclusivo, ou seja, totalmente independente de outros mecanismos de ventilação.
Há ainda a possibilidade de os sistemas compartilharem da mesma central de tratamento do ar
9
terminal, desde que seja comprovada a independência dos grupos antes de tal unidade de
tratamento. Além disso, a norma ainda especifica os tipos de materiais recomendados para
construção do sistema, com a finalidade de assegurar o tempo requerido de resistência ao fogo
de uma hora, sendo eles, metais, alvenaria, concreto ou fibrocimento.
2.3.1 Captores
De acordo com Macintyre (1990) os captores como dispositivos que estabelecem uma
corrente para seu interior, pela diferença de pressões. Já para Oliveira (2013) são pontos de
captura que podem apresentar variadas formas, cujo dimensionamento específico para cada
situação traz grande retorno, conseguindo enclausurar parte da fonte de contaminantes e
captando os poluentes para o sistema de exaustão,
Figura 6 - Da esquerda para direita: captor enclausurante, captor do tipo cabine e captor externo.
Fonte: Clezar e Nogueira (2009)
Clezar e Nogueira (2009), classificam os captores em três grupos. Enclausurantes,
quando a fonte de poluentes é completamente coberta pelo captor, apresentando pequenas
frestas de abertura para a entrada de ar. Cabine, com modelo similar ao citado anteriormente,
porém com uma das faces abertas, permitindo acesso ao processo. E por fim, os captores
externos, que não envolvem a fonte.
2.3.1.1 Coifas
Os captores do tipo coifa têm o intuito de deter os gases quentes ou vapores produzidos
por fogões, tanques, fornos, entre outros (COSTA, 2005). Assim, o seu formato tem grande
influência no escoamento dos fluidos e pode afetar diretamente a velocidade de captura e a
perda de carga (ABNT, 2020). Para Costa (2005), as coifas podem apresentar a forma cônica
ou piramidal e são instaladas logo acima do equipamento gerador de contaminantes, a uma
distância suficiente para que os operadores consigam exercer suas atividades com conforto. Já
a ABNT (2020), recomenda a priorização do formato piramidal sempre que possível, por
apresentarem maior uniformidade na velocidade de captura e menor perda de carga.
10
As coifas ainda podem ser classificadas de acordo com sua construção, sendo cada uma
indicada para diferentes casos. Desse modo, a ABNT (2020) classifica as coifas como:
Coifa de ilha simples ou dupla: esse tipo de coifa é instalado logo acima dos
equipamentos de cocção, e apresenta os quatro lados totalmente abertos para
admissão de ar, como mostra a Figura 8. São largamente aplicadas quando os
equipamentos são posicionados em fileiras simples ou duplas;
Coifa para forno: pode ser instalada somente sobre a face do equipamento que
tem portas de acesso, com a área de captação ultrapassando as dimensões do
equipamento, ou ocupar toda a área do equipamento, como mostra a Figura 12.
Figura 12 – à esquerda, coifa parcial para fornos elétricos. À direita, coifa total para fornos elétricos.
Fonte: ABNT (2020)
Coifas para churrasqueiras: esse tipo de coifa depende da fonte de energia da
churrasqueira podendo ser combustível sólido. Nessa situação os três lados da
coifa devem ser fechados e somente a parte frontal aberta, como mostra a Figura
13. No caso de churrasqueira a gás ou energia elétrica, a coifa deve ser instalada
13
Além disso, de acordo com Baptista (2011) existe um fator que pode interferir
diretamente no desempenho final das coifas, as correntes de ar cruzadas. Esse efeito
normalmente ocorre quando existem porta e janelas abertas, se o sistema estiver apresentando
alguma anomalia ou se o sistema não está bem dimensionado para o local. A utilização de
painéis laterais é uma solução relativamente barata para esse problema, podendo ser aplicada
na maioria dos casos.
A ABNT (2020) sugere dois métodos para o cálculo da vazão a ser aspirada pela coifa,
neste trabalho será discutido apenas um, sendo ele o cálculo da vazão a partir da velocidade de
captura na área de face ou perímetro da coifa. Nesse método, são estabelecidos dois
procedimentos para o cálculo da vazão, um levando em conta a velocidade na área de face
transversal do fluxo (𝑣1 ) e o outro a velocidade na área definida pelo perímetro da coisa e sua
altura em relação aos equipamentos de cocção (𝑣2 ). Nesse contexto, o maior valor deverá ser
adotado.
14
Ademais, vale ressaltar que para cada tipo de coifa há alteração nos cálculos, assim fica
definido que as demonstrações a seguir são para coifas de parede, podendo conter uma, duas
ou nenhuma lateral fechada.
Antes da demonstração das fórmulas algumas variáveis devem ser definidas para melhor
entendimento.
A = área, m²;
L = comprimento, m;
b = largura, m;
h = altura, m;
P = perímetro aberto, m.
𝑞𝑣1 = 𝑣1 ∗ 𝐴1 (1)
&
𝑞𝑣2 = 𝑣2 ∗ 𝐴2 (2)
Onde:
𝐴1 = 𝐿 ∗ 𝑏;
𝐴2 = 𝑃 ∗ ℎ;
𝑣1 = 0,40 , m/s;
𝑣2 = 0,25 , m/s.
15
2.3.3 Ventiladores
a. Centrífugos;
b. Hélico-centrífugos;
c. Axiais.
a. Radiais retas;
a. Simples aspiração;
b. Dupla aspiração.
V. Número de rotores:
Os ventiladores de pás radiais, Figura 14, devido a sua construção robusta, têm
capacidade para transportar grandes concentrações de poeira seca, pegajosa e corrosiva.
Entretanto, são pouco eficientes (CHAVES, 2012).
Ainda de acordo com Macintyre (1990), esses equipamentos podem ser classificados
em três grupos:
Filtros de ar;
Coletores de poeiras;
Macintyre (1990, p.270) explica a finalidade dos filtros de ar “[...] remoção de poeiras
no grau de concentração em que possam encontrar-se no ar ambiente exterior ou interior e na
recirculação de ar no recinto”. Já os coletores de poeiras, tem o objetivo de coletar grandes
quantidades de poeira, volumes esses, que podem ter teor de concentração de cem a vinte mil
vezes maiores que a capacidade de absorção dos filtros de ar (MACINTYRE, 1990). Por fim,
o último grupo tem por função retirar gases e vapores do ar.
Para Clezar e Nogueira (2009), o processo de purificação do ar pode contar com ações
físicas, químicas ou pela combinação de ambas. Tais ações são: filtragem, inércia, gravidade,
lavagem e eletrostática.
O primeiro estágio de filtragem das coifas convencionais deve ser constituído por filtros
inerciais, metálicos, removíveis e laváveis (ABNT, 2020), como mostrado na Figura 17. Esse
tipo de filtro se caracteriza pela brusca variação do movimento do gás de exaustão,
proporcionando a separação das partículas de gordura presente na névoa gerada durante a
cocção (TCA INDÚSTRIA, 2020).
19
Existem alguns tipos de extratores de gordura permitidos por norma, cada um apresenta
soluções diferentes para o tratamento do resíduo. De acordo com Capulli (1996), essa gama de
extratores pode ser agrupada de acordo com seu princípio de funcionamento, alguns utilizam
agentes de sequestro dos poluentes, mas também podem usar propriedades elétricas ou
combustão para remoção dos poluentes.
Segundo Capulli (1996), esse equipamento assume a função de lavar os gases logo após
sua captura, por meio de um circuito hidráulico interno com bicos pulverizadores. Assim, a
coifa lavadora dispensa o uso de filtros inerciais como primeiro estágio de captação de gordura.
O processo de filtragem é realizado por meio da lavagem dos gases, através do contato
físico entre a solução e o ar contaminado, como mostra a Figura 18, que por sua vez captura as
partículas mecanicamente, condensa os vapores, neutraliza os gases e controla os odores
(ABNT, 2020).
20
Capulli (1996) descreve como a maior vantagem desse tipo de sistema, sua capacidade
de manter os dutos livres de gordura, reduzindo drasticamente a manutenção requerida. Além
de, facilitar a limpeza interna e dispensar o uso de filtros inerciais.
Os filtros eletrostáticos são outro grupo muito eficiente para a remoção de partículas. O
processo de precipitação eletrostática ocorre de maneira que as partículas de poluente contidas
22
no ar são carregadas eletricamente, e com a influência de um corpo elétrico ela pode ser
separada da corrente gasosa. A figura 21 mostra esse tipo de coletor.
2.4 Dutos
4∗𝑄
𝐷=√ (3)
𝜋∗𝑉
Onde:
O escoamento interno nos dutos sofre grande influência das paredes, que dissipam
energia por conta do atrito. Desse modo, as partículas nas zonas periféricas em contato com as
paredes adquirem a mesma velocidade das paredes, ou seja, zero. E passam a influir nas
partículas vizinhas por meio da viscosidade e da turbulência, causando a dissipação da energia
(ZANINI, 2016).
De acordo com Macintyre (1990) a perda de carga distribuída, que ocorre em todo o
comprimento reto da tubulação, pode ser calculada seguindo dois métodos distintos, um deles
é por meio da aplicação da fórmula universal de Darcy e Weisbach, o outro é definido por meio
de diagramas baseados em dutos com materiais específicos trabalhando em condições pré-
determinadas.
25
𝐿 𝑣2
∆𝑃 = (𝑓 ∗ ∗ )∗𝛾 (4)
𝐷 2𝑔
Onde:
L = comprimento da tubulação, m;
f = coeficiente de atrito;
v = velocidade, m/s.
𝑣∗𝐷
𝑅𝑒 = (6)
𝜗
Nesse contexto, Macintyre (1990) ressalta que esse processo é realizado com os dados
do ar sem contaminantes, e quando há partículas em suspensão junto ao ar, como gordura por
exemplo, uma correção deve ser aplicada, já que a perda de carga aumenta. Assim, definimos
a equação de correção como:
Ao longo dos dutos do sistema de exaustão pode-se encontrar alguns acessórios que
contribuem para o aumento da perda de carga do sistema, por conta do atrito, turbulência e
mudanças de velocidade. Essas peças são, bocas de captação, bocas de saída, grelhas de
insuflamento, curvas e cotovelos, alargamentos, reduções e filtros (MACINTYRE, 1990).
Macintyre (1990) mostra que método mais usual para o cálculo de tais perdas é
determinar individualmente a perda em cada peça. Assim, é necessário ter apenas a velocidade
média do escoamento no acessório para calcular a altura representativa da velocidade, também
conhecida como, pressão dinâmica.
𝑣2
ℎ𝑣 = (8)
16,34
Onde:
∆𝑃 = 𝐾𝐿 ∗ ℎ𝑣 [𝑚𝑚. 𝐻2 𝑂] (9)
Onde:
2.4.1.3 Balanceamento
Ademais, medidas de proteção contra incêndio também devem ser adotadas para a
cozinha. Nesse contexto, as medidas de proteção são tidas como aquelas que visam diminuir os
danos originados pelo incêndio, não deixando que o mesmo se propague e visando sua extinção
e podem ser divididas em medidas ativas e passivas (ABNT, 2020).
Medidas de proteção ativa: são sistemas fixos que estão em funcionamento para
serem acionadas apenas quando ocorrer um incêndio, como registros corta-fogo,
extintores, hidrantes;
Medidas de proteção passiva: são relacionadas à construção do ambiente e do
sistema de exaustão como, seleção de materiais e procedimentos de fabricação
e instalação.
É mostrada a tabela 2.
A ABNT (2020) diz que os extratores de gordura não podem ser possíveis focos de
incêndio, dessa maneira eles devem ser revisados periodicamente de forma a estabelecer planos
de manutenção e limpeza. Além disso, a rede de dutos de exaustão não deve de maneira alguma
em nenhum trecho cruzar com redes de botijões de gás combustível. A rede de dutos deve ainda,
ser acessível e visível por toda a cozinha.
Os dampers são definidos pela ABNT NBR14518 (2020, p.7) como, “dispositivo de
bloqueio que, em caso de incêndio, impede durante um determinado tempo a propagação de
fogo, fumaça e líquidos por meio do duto”. Esse dispositivo é essencial para manter a segurança
de todos no ambiente de trabalho em situações de risco.
Esse capítulo tratou sobre os sistemas de ventilação local exaustora e seus componentes,
bem como o cálculo da perda de carga nas tubulações. Adiante será tratado a metodologia da
pesquisa.
32
3 METODOLOGIA
A pesquisa pode ser classificada quanto a forma de abordagem, seus objetivos e aos
procedimentos técnicos. Sendo assim será detalhado cada vertente da classificação a seguir.
Esse trabalho se trata de uma pesquisa exploratória, que pode ser definida, de acordo
com Lakatos e Marconi (2003, p.188) como, “investigações [...] cujo objetivo é a formulação
de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, [...] ou modificar e clarificar conceitos.” Além
disso, Gil (2008) conceitua as pesquisas exploratórias como a primeira etapa para se obter uma
investigação mais ampla sobre o assunto abordado.
Por fim, de acordo com os procedimentos técnicos o presente trabalho pode ser
classificado como pesquisa bibliográfica, documental e estudo de caso.
Em seu livro Gil (2008) conceitua o termo variável como algo que pode ter diferentes
valores ou aspectos, que são determinados de acordo com a situação ou o meio que estão
inseridos. Além disso, os indicadores são explicados como termos que possibilitarão identificar,
de maneira prática, as variáveis.
A coleta de dados foi realizada por meio de consultas de livros e artigos, além de contar
com a observação do layout da cozinha e análise dos equipamentos presentes que influenciam
diretamente no desenvolvimento do sistema de exaustão.
Todos os dados coletados serão tabulados por meio do software Microsoft Excel,
possibilitando o cálculo rápido e eficaz dos parâmetros desejados. A documentação dos
resultados será realizada por meio da ferramenta Microsoft Word.
4 RESULTADOS
Nesse capítulo são mostrados os dados que foram coletados para o desenvolvimento do
sistema de ventilação exaustora assim como os cálculos necessários para o dimensionamento
do mesmo.
4.1 Leiaute
Para a cozinha em questão foi escolhida uma coifa de parede com um lado fechado e
para o cálculo da vazão será seguido o procedimento descrito na NBR 14518. Assim:
Sendo,
A coifa deve cobrir o espaço de 1,60 m por 0,71 m, contudo pela norma NBR 14518 é
necessário que este tipo de captor apresente no mínimo quinze centímetros de sobreposição
frontal e lateral. Dessa maneira, a coifa deverá ter as seguintes medidas, comprimento (L) de
1,75 m e largura (b) 0,86 m. A fim de ser obter um bom espaço para manuseio dos equipamentos
de cocção a altura (h) adotada será de 0,80 metros.
Nessa conjuntura,
Por fim, a vazão escolhida deve ser o maior valor obtido entre ambas as vazões
calculadas. Assim, a vazão de ar adotada é de 0,7 m³/s ou 2520 m³/h.
Pela equação 3,
4∗𝑄 4 ∗ 0,7
𝐷=√ =√ = 0,3 𝑚
𝜋∗𝑉 𝜋 ∗ 10
Os dutos serão construídos por calandragem, tendo as juntas longitudinais soldadas por
cordão contínuo a fim de os manter estanque.
𝑉 2
𝑉𝑃 = ( )
4005
Sendo:
Desse modo, os filtros inerciais são o primeiro estágio de filtragem presente nas coifas,
seu uso é obrigatório nos captores que não contam com o sistema de lavagem dos gases. Nesse
contexto, a seleção deste equipamento deve ser realizada de maneira criteriosa para atender
todas as exigências presentes na NBR 14518.
Para o presente trabalho, foram selecionados dois filtros inerciais KFI-03 da Krieger
Metalúrgica, que atendem os dados de dimensão da coifa, cobrindo 1,5 metros do comprimento
39
do captor. Pela tabela 4, atendendo à vazão necessária, definiremos a utilização de dois filtros.
Assim, a vazão de entrada nos filtros será 2520/2 = 1260 m³/h.
Tabela 4 - Modelos de filtro inercial com suas dimensões e faixa de vazão volumétrica atendida.
Para o presente trabalho será definida a velocidade de face nos filtros inerciais sendo
1,1 m/s e dessa maneira, a perda de carga será de 70 Pa ou 0,29 polegadas de coluna d’água.
1968,5 2
𝑉𝑃 = ( ) = 0,241 𝑝𝑜𝑙. 𝑐. 𝑎 = 6,12 𝑚𝑚. 𝐻2 𝑂
4005
∆𝑃𝐶𝑂𝐼𝐹𝐴 = 127 𝑃𝑎
A perda de carga nestes equipamentos é encontrada nos catálogos dos fabricantes, que
realizam testes para assegurar a qualidade de seus produtos. Dessa forma, neste trabalho foi
escolhido o modelo FKA-D-BR-45 da empresa Trox do Brasil LTDA, mostrado na figura 31.
Figura 32 - Diagrama com valores da perda de carga e potência sonora do modelo FKA-D-BR-45.
Fonte: Trox do Brail (2021)
No diagrama da figura 32 é possível observar a os valores do diâmetro nominal (DN)
do modelo selecionado e suas respectivas perda de carga e potência sonora de acordo com a
vazão volumétrica na entrada do damper corta-fogo.
Dessa forma, após análise do diagrama é possivel determinar a perda de carga como
aproximadamente 30 Pa.
Para este projeto a rede de dutos deverá ser fabricada em chapa de aço-carbono com
espessura de 3 mm e pintura eletrostática, para evitar a corrosão. Ademais, o sistema de
exaustão conta com 4,5 metros de tubulação reta, além de três curvas de 90°.
Tabela 5 - Propriedades que serão usadas para o cálculo da perda de carga na tubulação.
Comprimento da tubulação (L) 4,5 metros
Assim,
𝜀 0,045
𝜀𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = = = 0,00015
𝐷 300
Desse modo, é possível calcular a perda de carga para a tubulação reta por meio da
equação 4:
𝐿 𝑣2 4,5 102
∆𝑃 = (𝑓 ∗ ∗ ) ∗ 𝛾 = (0,016 ∗ ∗ ) ∗ 11,79 = 14,42 𝑃𝑎
𝐷 2𝑔 0,3 2 ∗ 9,81
Para a perda de carga nos acessórios é adotado o coeficiente de perda de carga localizada
para curvas de 90° em tubulações circulares (KL) como 0,5. Adotando hv = 6,12 mmH2O:
Para o presente trabalho, foi escolhido um lavador de gases para atuar como elemento
de filtragem mais acurado. Seu funcionamento é simples, o ar com os contaminantes passa pelo
lavador que, com seus sprays de água é capaz de retirar as partículas de gordura, separando
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assim o ar limpo e retendo o contaminante. Assim, foi escolhido o modelo LH-1 da empresa
NANOAR, mostrado na figura 34.
A perda de carga do lavador é fornecida pelo fabricante em seu catálogo como 15 mmca,
ou seja, 147 Pa.
A chaminé contará com o mesmo diâmetro da tubulação, ou seja, 0,3 m, ademais a saída
contará com uma grelha metálica, com 70% de abertura de área, que atua protegendo a rede de
dutos da possível entrada de insetos, pássaros ou qualquer outra coisa que possa danificar o
sistema. Desse modo, de acordo com Macintyre (1990) o coeficiente de perda de carga (K) para
saídas abruptas com grelhas com orifícios é mostrado na tabela 6.
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A perda de carga total do sistema é a soma das perdas de carga calculadas até o
momento. Desse modo é possível observar na tabela 7 todas as perdas.
Damper corta-fogo 30
Acessórios 90,03
Total 588,51
Por meio da tabela 7 é possível observar que a perda de carga total do sistema é de
588,51 Pa, entretanto é interessante adotar um coeficiente de segurança para sanar possíveis
erros durante os cálculos. Dessa maneira, adotando um coeficiente de segurança de 5% a perda
de carga total será:
A seleção do ventilador para este projeto ocorreu através do software Vortex, versão 4.0
da Soler & Palau.
Adiante, o programa pede a seleção dos dados do ventilador, como mostra a figura 36.
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Por fim, o programa retorna informações acerca do produto como é mostrado na tabela
8.
Desse modo, foi escolhido o ventilador centrífugo tubular ARF315, com 315 mm de
diâmetro do rotor e 530 mm de diâmetro externo, por atender as especificações do projeto,
possuir um tamanho ideal, que condiz com a realidade do projeto, além de se obter um
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rendimento muito bom em relação aos outros modelos. As especificações do ventilador ARF
315 são mostradas na figura 37.
5 CONCLUSÃO
Esse capítulo visa finalizar o trabalho a partir de todos os dados que foram obtidos
durante o desenvolvimento e os cálculos. Mostrando os benefícios que o sistema pode agregar
à cozinha em questão.
5.1 Conclusões
As cozinhas industriais são ambientes de trabalho com muita pressão e desgaste físico
devido as atividades intensas, assim manter os funcionários o mais confortáveis possível é um
fator de grande valor para melhor execução do trabalho.
Dessa forma em uma cozinha industrial o sistema de ventilação local exaustora contribui
retirando calor do ambiente, ajudando em uma melhoria na qualidade de trabalho dos
colaboradores. Além disso, o sistema visa retirar os contaminantes do arque são fontes de risco
para a saúde dos funcionários.
5.2 Recomendações
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GIL, Antônio Carlos; Como elaborar projetos de pesquisa. 6. Ed. Atlas, 2017.