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Resumo
O presente artigo aborda o termo “mulata” e, na tentativa de compreender a maneira
específica como as artes plásticas se apropriaram dessa personagem, escolhemos a
produção de Di Cavalcanti para investigar, reconhecido no mundo das artes como o
“pintor das mulatas”. Diante da escolha do nosso objeto de estudo, nos propusemos,
então, a identificar, descrever e analisar os elementos de significado presentes em obras
que retratam mulatas, executadas pelo artista, procurando considerá-los segundo
questões de raça, gênero e classe. Elegeu-se a interseccionalidade como o principal
caminho teórico a se percorrer, tentando apreender melhor o fenômeno social que
permeia a personagem “mulata” e suas características singulares. Como método, optou-
se pela análise semiótica de três imagens. Os achados apontam a vulnerabilidade da
mulher negra/mestiça por ter sua vida marcada pelas sobreposições de três eixos de
subordinação: raça, gênero e classe.
Palavras-chave: mulata; gênero; raça; classe; obras de artes; interseccionalidade; análise
semiótica de imagens
Abstract
This article approaches the term “mulata” in an attempt to understand the specific way in
which the visual arts appropriated the “mulata” character. We decided to choose the
production of Di Cavalcanti, recognized in the world of the arts as the “painter of
mulatas”. Before choosing our object of study, we had proposed to identify, describe and
analyze the elements of meaning present in works portraying mulatas performed by the
artist, seeking to consider them according to the issues involved in race, gender and class.
Intersectionality was chosen as the main theoretical path to be followed to better
understand the social phenomenon which permeates the “mulata” character, due to its
unique characteristics. As a method of analysis, we opted for the semiotic analysis of
three images. The findings point to the vulnerability of the black / mestizo woman
because her life is marked by the overlaps of three axes of subordination: race, gender
and class.
Keywords: mulata; genre; race; class; works of art; intersectionality; semiotic image
analysis
Introdução
Parece adequado, então, enfatizar que o interesse específico pela temática desta
pesquisa se deu principalmente pela possibilidade de pensar os lugares sociais ocupados
pela mulher negra/mestiça brasileira ao longo da história de nosso país. Optamos, então,
pela produção artística de Di Cavalcanti, por sua importância enquanto artista brasileiro e
pela grande quantidade de obras produzidas por ele.
Para o nosso trabalho, nos interessa especificamente a vida das mulheres negras/
mestiças no Brasil, a maneira como eram vistas, retratadas, exploradas e objetificadas, a
forma como a sexualidade dessas mulheres saía da esfera do privado para o público e como
seus corpos eram/são acessados pela sociedade.
1 Segundo Corrêa (1996), por anos discutiu-se na literatura médica se os mulatos seriam ou não estéreis. Tal
discussão baseava-se justamente na relação que se faz do termo “mulato” com o termo “mula” – animais estéreis,
advindos do cruzamento entre éguas e jumentos.
colônia, quando negros e negras eram escravizados De forma geral, é possível dizer que,
durante o período compreendido entre 1600 e 1888, o termo era bastante utilizado de forma
quase exclusivamente pejorativa, para se referir a filhas e filhos nascidos da mistura das
raças branca e negra.
De uma relação de dominação entre homem e mulher, senhor e escrava, se deu a
miscigenação “‟forçada‟ que foi construída através da violência física-sexual e psicológica
praticada contra as mulheres negras, como fruto da lógica do próprio sistema escravista”
(Pacheco, 2013, p. 59).
Para Ribeiro (2007), à “mulata” foi reservado, por sua vez, um lugar especial, pois ela
nasce da mistura das duas raças, mas não é considerada nem branca, nem negra. O discurso
a respeito dessa outra mulher é diferente daquele produzido sobre a mulher negra. A
concepção da “mulata” exalta características como dengosa, ambiciosa, preguiçosa e cheia de
manhas. Por ser mestiça, carrega em si as características da sensualidade repassadas pela
negra, ao mesmo tempo em que eram consideradas “quase brancas” e também “menos
feias”, pois tinham os traços mais finos. Esse conjunto de atributos associados à mulata,
construído inicialmente no séc. XVII, permanece ainda hoje.
De forma geral, considerando-se os usos cotidianos do termo “mulata”, segundo
Gilliam & Gillian (1995):
De acordo com o que vimos até aqui, fica, desse conjunto de informações, a conclusão
de que o que está aqui presente é um estereótipo de uma mulher sensual, erótica, sedutora e
disponível sexualmente. Assim, chega-se à constatação de que se transformou a mulher
negra na mulata irresistível, “do ponto de vista do homem branco – [onde se] reconstrói a
relação de dominação, racial e sexual, enquanto resultado de atributos naturais da própria
mulher negra/mulata” (Giacomini, 1994, p. 223).
Com isso, podemos afirmar que as inúmeras concepções da mulher negra/“mulata”,
nesse momento, priorizam o corpo, a sensualidade e a sexualidade desta mulher, colocada
como símbolo sexual. Imagens e ideias racistas, machistas e preconceituosas evidenciam a
maneira como nossa sociedade as enxergava. Através das artes, da literatura, da música,
essas imagens foram difundidas e contribuíram para o racismo cordial, ou mito da
2 Para Ribeiro (2007), trata-se de um conjunto sistemático de crenças, atitudes e comportamentos que colocou o
Brasil como um país com ausência de discriminação e preconceito de raças. A ideia de mito surgiu, então, no
início do século XX e foi disseminada por intelectuais brasileiros nos anos de 1937 a 1944, na tentativa de inserção
do Brasil no cenário da democracia e da liberdade, em oposição ao racismo e totalitarismo nazista que fora
derrotado na Segunda Guerra Mundial.
A mulher teve seu corpo explorado como possibilidade artística desde os tempos mais
remotos, e, ao longo da história, foram tantas as obras artísticas produzidas com essa
temática que esse se tornou um campo de estudos fecundo para as Ciências Sociais e
Humanas, que em muitos momentos recorreram a essa fonte na tentativa de captar o
pensamento social produzido sobre o corpo feminino em um determinado momento (Costa,
2002).
Sobre o corpo da mulher, Mary del Priore (1993), em seu livro, Ao sul do corpo: condição
feminina, maternidades e mentalidades no Brasil Colônia, acentua, que “desde há muito, na
sociedade brasileira, as mulheres não foram e não são mais do que seus próprios corpos,
corpos que são terras desconhecidas, territórios impenetráveis e que foram durante séculos
auscultados, mapeados, interrogados e decodificados pela imaginação masculina” (p. 333).
No que diz respeito à Psicologia Social, não são numerosos os estudos que utilizam a
análise de imagens para a compreensão de objetos específicos, como raça, gênero e outros,
mas essa tem sido uma prática adotada pela Sociologia da arte desde o início do século XX
(Costa, 2002).
Em seu livro, A imagem da mulher: um estudo de arte brasileira, Costa (2002) realiza uma
análise de imagens de mulheres retratadas nas artes plásticas para averiguar as condições de
vida da mulher na sociedade brasileira. Segundo Costa (2002), os estudos que se baseiam em
análises de materiais iconográficos possibilitam a compreensão da maneira como a sociedade
se organiza e se representa, bem como o papel dos elementos estéticos na construção desse
processo. Para a autora, no Brasil, diversas foram as representações sobre a mulher
em obras de artes, embora, com frequência, essas representações tivessem como
referência mais ampla as imagens da Virgem Maria, representando o sagrado, e Eva,
como pecadora. As produções artísticas, então, reproduziram a noção de controle
sobre o corpo e o pudor feminino.
Segundo Almeida (2007), a imagem da mulata foi elaborada por Di Cavalcanti para se
opor à da mulher branca, mas também à da mulher negra, que era, por sua vez, associada ao
trabalho manual. O investimento do artista na expressão da sensualidade dos gestos dessa
mulher, expondo seu corpo e sua sensualidade e evidenciando sua sexualidade, tinha como
objetivo despertar o desejo masculino.
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo (Di Cavalcanti) foi um artista
brasileiro nascido em 6 de setembro de 1897, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, mais
precisamente na rua Mata-Cavalos, no centro da cidade, em casa de tio abolicionista. No dia
26 de outubro de 1976, foi internado com a saúde bem debilitada, não resistiu e morreu aos
79 anos de idade (Eluf, 2013).
Diversas foram as “mulatas” retratadas por Di Cavalcanti. Do início ao fim de sua
carreira, estima-se que foram centenas de telas, desenhos e caricaturas dedicados a elas.
Segundo Almeida (2007), as características enfatizadas pelo artista, quando pintava suas
“mulatas”, são as mesmas que estão presentes no imaginário social construído ao longo dos
anos sobre essas mulheres. Segundo a autora, ao se apropriar de tais significados, o artista
precisa se haver com o que já foi produzido socialmente: “mesmo que não haja a intenção ou
que se deseje uma transformação ou re-significação de tal representação, é impossível
desvincular esta do simbolismo ao qual ela está inscrita” (Almeida, 2007, p. 95). Podemos ver
isso na própria fala do artista:
A mulata, para mim, é um símbolo do Brasil. Ela não é preta; geralmente não
é pobre; gosta de música e é indolente. A mulata é o feminino, e o Brasil é
um dos países mais femininos do mundo. A política brasileira, de todos os
tempos, é das coisas mais femininas deste País. A mulata representa tudo
isso (Di Cavalcanti, citado por Arte no Brasil, 1979).
Interseccionalidade
Pensando, então, no recorte escolhido para este estudo, optamos pela utilização do
Para Carneiro (2005), a perspectiva cunhada por Guimarães (2002) esclarece e justifica
que a cor apresenta em si a conotação racial indecomponível. Isso porque a cor tornou-se
critério para as diferenças sociais existentes entre os negros e brancos, no instante em que se
concebe uma concepção de raça em que a cor tem peso e será responsável por estabelecer as
diferenciações raciais.
Já a terminologia “gênero” surge inicialmente nos anos de 1950 e 1960 nos Estados
Unidos, tendo como campo principalmente a Psicologia. Trabalhos dessa época destacavam
a diferenciação entre identidade sexual e sexo biológico, utilizando aqui a oposição
sexo/gênero (Mayorga, Coura, Miralles & Cunha, 2013). Para nós, o que interessa é a
maneira como “gênero” foi apropriado, questionado, desmistificado, reinventado e
resignificado pelas mulheres feministas negras. Tal proposta coloca em xeque a maneira
como as mulheres e suas especificidades foram universalizadas e ainda a necessidade de se
transformar gênero em um marcador social, de forma a denunciar, inclusive, as diferenças
muitas vezes ocultas dentro do próprio movimento feminista (Mayorga, 2014).
O conceito de classe, segundo Guimarães (2002), central para a compreensão dos
estudos de estruturas, organização e estratificação social, nasce na academia brasileira em
estudos como o de Donald Pierson em 1942, que caracterizou o Brasil como “sociedade
multirracial de classe”. Segundo o autor, ainda no ano de 1940, “a revista Sociologia, editada
pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, serviu de veículo para o primeiro debate
teórico sobre classes sociais, na nascente sociologia brasileira” (Pierson, 1948 citado por
Guimarães, 2002, p. 13).
Segundo Guimarães (2002), referindo-se a Marx, o conceito de “classe”, tal qual o
conhecemos, universalizou-se e difundiu-se através do que foi cunhado por Marx e os
marxistas, com o intuito de demonstrar que, para a organização, dinâmica e
Finalmente, destacamos que seria uma tarefa ainda mais árdua e difícil sem esses
parênteses que abrimos na tentativa de buscar o caminho que seria percorrido na
compreensão e análise do nosso objeto de estudo.
Procedimentos metodológicos
Para este artigo, optamos pela análise de três obras de arte do artista Di Cavalcanti, que
fazem parte de um conjunto maior presente na pesquisa de mestrado realizada por Chamon
(2017). Para acessar as imagens, foi realizado uma pesquisa no acervo da Biblioteca do
Museu Nacional de Belas Artes na cidade do Rio de Janeiro. Todo o material acessado faz
parte de uma pasta dedicada ao artista.
Como Di Cavalcanti faleceu em 1976, seu acervo ainda não é de domínio público,
Ainda na perspectiva de Godoy (1995), nos interessa esse tipo de pesquisa, pois,
segundo a autora, os documentos são considerados uma fonte natural de informações, pois
surgem em um período histórico, econômico e social e, dessa forma, nos fornecem dados
específicos desse contexto no qual foi produzido. As informações contidas nos documentos
seriam uma fonte não reativa, ou seja, o que foi apreendido nessas informações não sofre
modificações com o passar do tempo.
Cabe, então, neste momento, retomarmos os objetivos da nossa proposta de pesquisa
que se propôs a identificar, descrever e analisar os elementos de significado presentes em
obras que retratam mulatas, executadas pelo artista Di Cavalcanti, procurando considerá-los
segundo questões envolvendo raça, gênero e classe. E, ainda de forma específica: identificar,
descrever e analisar os elementos figurativos típicos da caracterização de mulatas em obras
de arte brasileira; identificar, descrever e analisar elementos figurativos referentes aos
ambientes retratados nessas obras (contextos social, cultural, econômico, geográfico);
analisar, segundo a interseccionalidade, a Psicologia Social e outras contribuições, o conjunto
de resultados encontrados particularmente em relação às questões de gênero, raça e classe
social envolvidas; e contribuir para o desenvolvimento do procedimento de análise de
imagens em psicologia social, com foco nas artes plásticas (pintura). Escolhemos as obras de
óleo sobre tela justamente pela riqueza de informações que poderiam ser extraídas delas.
Como procedimento para a análise das imagens, optamos pela análise semiótica.
Acreditamos que, através da semiótica, apreenderíamos melhor os significados e
significantes das “mulatas” pintadas por Di Cavalcanti. Passaremos agora a apresentar
algumas informações sobre esse tipo de análise.
O conceito de imagem abarca muitas possibilidades e possui diversos significados que
são utilizados de maneiras diferentes, como um desenho feito por uma criança, ou uma
grande tela feita por um renomado artista, ou ainda um filme, um cartaz, ou grafite. Apesar
dessa diversidade, é consenso que sempre haverá algo de visual e que a produção desse
visual dependerá sempre de um sujeito. Para se tornar imagem, esse algo dependerá de
alguém que o produza e/ou que o reconheça como tal (Joly, 2007).
No nosso caso, optamos pela proposta analítica da semiótica que aborda a imagem a
partir de sua significação. Nossa escolha vai em direção ao que aponta Joly (2007):
Ainda que as coisas nem sempre tenham sido formuladas deste modo,
podemos dizer, agora, que abordar ou estudar certos fenômenos sob o seu
aspecto semiótico é considerar o seu modo de produção de sentido, por outras
palavras, a maneira como eles suscitam significados, ou seja, interpretações.
Efetivamente, um signo é um signo apenas quando exprime ideias e suscita no
espírito daquele ou daqueles que o recebem uma atitude interpretativa (p. 30).
Para Barthes (2009), o código da conotação é histórico, ou, como já foi dito
anteriormente, cultural. Os signos seriam os gestos, atitudes e expressões, efeitos plásticos,
cores e texturas que irão se dotar dos diversos sentidos a partir da maneira como serão
utilizados por determinada sociedade. A conexão entre significante e significado será
motivada ou inteiramente histórica.
Segundo Joly (2007), cometemos um erro quando consideramos que analisar uma
determinada imagem comprometeria o possível prazer estético proporcionado por ela.
Em nossa análise, nos preocupamos em analisar os aspectos plásticos e icônicos dos
quadros de Di Cavalcanti. Segundo Joly (2007) e Terra (2014), ao se descrever as mensagens
plásticas, elementos como cores, iluminação e enquadramento, por exemplo, deverão ser
observados. Ainda que admitidos como “elementos literais”, eles também receberão a
mensagem conotativa, pois mesmo os signos plásticos precisam, para a sua significação, da
mediação da cultura. No que diz respeito à interpretação icônica, deu-se, portanto, atenção à
postura das modelos, no nosso caso as “mulatas”, nos quadros, à disposição dos elementos e
dos objetos que compunham os cenários. Para Joly (2007) e Terra (2014), a maneira como
listamos os elementos que compõem uma mensagem icônica e a articulação desses com os
mais diversos significados evocados permitirá alcançar a conotação que, segundo as autoras,
seria por princípio sociocultural.
Joly (2007) enfatiza ainda que: “Se bem que seja por vezes difícil separar radicalmente
significação plástica e significação icônica, esta primeira abordagem mostra, de um modo
voluntariamente didático, como o dispositivo plástico da mensagem visual é portador de
significações bem perceptíveis” (p. 119).
Resultados
Para a realização da análise semiótica, trabalhamos de forma separada com três obras.
As imagens foram analisadas respeitando sua ordem cronológica de criação. Vale ressaltar
que cada uma delas foi recortada em pequenos quadros que denominamos figuras, o que nos
permitiu analisar as imagens de maneira mais detalhada.
Em um primeiro momento, foi feita a descrição ou (denotação) do quadro, em segundo
momento realizamos a análise conotativa de primeiro nível e, posteriormente, a análise
conotativa de segundo nível, como pode ser observado a seguir. Enfatizamos que os
significados identificados nas imagens não esgotam todas as possibilidades analíticas,
apresentamos aqui uma leitura. O que podemos identificar como uma aproximação da
linguagem corrente (Barthes, 2009).
Imagem 1. Duas mulatas com vaso de flores, dec. 60. Óleo s/tinta. Dimensões: 0,88x1,15m (Zilio, 1980).
Descrição (denotação)
3 Para definirmos a cor da pele das “mulatas”, utilizamos uma tabela que se encontra no Anexo A. Ela está
também disponível em: http://www.modefica.com.br/wp-content/uploads/2014/12/esmaltes-CAPA.jpg.
encoberta pelas flores que se encontram em um vaso branco que está no chão.
3- Mulher adulta, cor 3R11, visão do corpo parcial. Apresenta os cabelos escuros soltos na
altura dos ombros. Do lado direito, seus cabelos estão sobre os ombros e no esquerdo
jogados para trás. Está parcialmente deitada de lado, apoiando sua cabeça no braço
direito. Usa um vestido listrado com um decote que deixa parte dos seus seios à mostra.
Seu braço esquerdo repousa sobre a lateral do seu corpo e sua perna esquerda está
dobrada.
4- Vaso branco com flores de cores variadas (branca, amarela, rosa e vermelha) e folhas
verdes. O vaso encontra-se no chão sobre um pequeno tapete, o qual possui um desenho
de dois vasos. As flores do vaso estão cobrindo o joelho direito da mulher que está em
primeiro plano.
Quarto pouco luxuoso, está com poucos móveis, escuro. A mulher da figura 2 sugere
desinibição e sensualidade por sua nudez e pela maneira como seu corpo está posicionado
sobre a cama. A mulher da figura 3 sugere sensualidade pelo decote em seu vestido, que
deixa parte dos seios aparentes. A postura do seu corpo sugere que ela pode estar esperando
por algo.
Imagem 2. Mulatas de Petrópolis, 1962. Óleo s/tinta. Dimensões: 92x73 cm (Zilio, 1980).
Descrição (denotação)
1- Ao fundo vemos uma paisagem, uma cidade pequena com diversas casas, montanhas,
árvores e outras plantas. O céu está azul claro.
2- Casal adulto (homem e mulher). Parecem estar conversando, próximos ao muro de uma
casa.
3- Mulher adulta, cor 3Y07, cabelos escuros, partidos ao meio e soltos na altura dos ombros.
Olhos escuros bem marcados e puxados. Está debruçada de frente, sobre um pequeno
muro, sua mão esquerda segura o seu punho direito. Parece usar maquiagem e apenas a
parte de cima de sua vestimenta está aparente, o tecido é da cor amarela com alguns
detalhes (flores ou estrelas) vermelhos e pretos. Apenas seu pescoço e parte dos seus
braços estão aparentes, o restante do seu corpo está encoberto pelo muro. À sua
esquerda vemos uma mulher com um cesto na cabeça, ao lado de um animal (burro ou
cavalo) que carrega em seu lombo duas cestas cheias.
4- Criança do sexo feminino, cor 3Y07, cabelos escuros e soltos na altura do ombro. A
criança está virada na direção da mulher da figura 5, olhando-a. Os detalhes do seu rosto
não são bem definidos, mas podemos ver os contornos dos olhos, boca e do nariz. Seu
corpo não está totalmente aparente, sua vestimenta é branca com alguns detalhes escuros
(marrom ou preto). Seu braço esquerdo está dobrado sobre a perna direita da mulher da
figura 5 e seu braço direito está envolvendo essa mesma perna.
5- Mulher adulta, cor 4R15, cabelos escuros, soltos na altura dos ombros e partido de lado.
Possui olhos escuros e um pouco puxados. Não parece usar maquiagem. Está sentada
em uma cadeira com o corpo em meio perfil. A mulher está olhando para frente. Usa um
vestido azul, deixando aparente apenas parte de um de seus ombros e parte dos seus
braços. O braço esquerdo está sobre a cabeceira da cadeira de madeira e o direito sobre
suas pernas. Não se pode afirmar que se trata de um ambiente interno ou externo.
6- Homem adulto, cor 4R15, está de perfil na rua, usa uma camisa branca com uma cesta
coberta na cabeça. Está posicionado atrás da mulher da figura 5, ao seu lado direito.
7- Vaso de flores escuro, que está sobre um móvel próximo ao cotovelo esquerdo da
mulher. Vemos flores vermelhas e amarelas; folhas e galhos altos também estão na rua,
ao lado do vaso.
O espaço sugere um ambiente familiar, pela postura das mulheres e pela presença da
criança. Esse ambiente ainda é composto por todo o cenário no fundo, que parece se tratar de
um vilarejo, com pequenas casas, pessoas e animais que caminham e completam a cena, e
ainda pela paisagem que vemos: as árvores, as montanhas etc. A mulher da figura 3, que
compõe o ambiente supostamente familiar, parece se tratar de um membro da família ou
uma amiga (vizinha) por sua postura, debruçada em cima de uma mureta.
Na figura 4 vemos uma criança que envolve a perna de uma mulher como se buscasse
sua atenção. A figura 5 sugere uma mulher dona de casa, mãe da pequena criança que está
segurando sua perna.
A cena retratada por esse quadro nos remete primeiramente a um ambiente interno.
Cena íntima e cotidiana de uma casa familiar, o que podemos notar pela presença de uma
criança e de uma mulher com um vestido simples, sem decotes, em um tom azul bem forte
que parecem ser mãe e filha. A criança busca a atenção dessa mulher, olhando em sua
direção como quem busca um afago. A cena ainda se completa com a imagem da mulher da
figura 3, que está debruçada sobre uma mureta, seu olhar se dirige para o observador. O
quadro nos parece uma foto de família.
É a mistura do ambiente interior e exterior que compõem essa sensação familiar, de
acolhida. Na imagem, há um homem que está com uma cesta na cabeça, pode se tratar de um
vendedor. A cena ainda mostra outras pessoas na rua, um cavalo ou burro e, ainda, a
paisagem no fundo que nos parece acolhedora, como uma pequena vila.
As mulatas desse quadro compõem uma pequena família no aconchego do lar.
Imagem 3. Mulata com gato, 1966 Óleo s/tinta Dimensões: 89x116 cm (Di Cavalcanti, 2017).
Descrição (denotação)
1- Ambiente externo, céu azul e claro. No fundo, montanhas e plantas e alguns prédios e
arcos. À esquerda, encontra-se um homem adulto, cor 1Y11, de terno marrom. Usa
sapatos pretos, possui cabelos claros e curtos. Seu braço esquerdo está sob sua axila
direita e ele está virado para frente. À direita, vemos outro homem de costas, vestido
com uma batina na cor preta e chapéu também preto. Vemos duas mulheres adultas, cor
3R11. A mulher que está à esquerda encontra-se de costas, mas seu rosto está de perfil.
Ela parece estar interagindo com o homem à sua esquerda. Tem os cabelos escuros,
longos e soltos. Está usando um vestido em um tom rosado abaixo dos joelhos. Ela está
com os braços desnudos, usa calçados claros. Seus braços estão na frente do seu corpo. A
mulher da direita está de frente, seus cabelos são escuros e curtos na altura do queixo e
estão divididos ao meio. Usa um vestido vermelho decotado que deixa seus seios
parcialmente aparentes. Seus braços estão desnudos e levemente flexionados. Usa
sapatos brancos. Um pouco a sua frente vemos um corrimão e dois degraus de uma
escada.
2- Mulher adulta, cor 1Y11, olhos claros puxados, cabelos escuros, soltos com uma franja
jogada de lado, longos, pouco abaixo dos ombros. Usa uma flor vermelha no cabelo e
maquiagem (batom, sombra). Está usando dois colares, um com pérolas e outro com um
crucifixo grande. Usa um vestido vermelho ”tomara que caia” que deixa parcialmente
seus seios à mostra. Braços desnudos. Encontra-se sentada em uma cadeira de forro
amarelo. Suas mãos estão envolvendo um gato preto que está em seu colo, olhando para
frente com os olhos arregalados.
3- Mulher adulta, cor 1Y01, cabelos curtos e claros. Está de perfil. Usa um vestido decotado
azul com parte dos seus seios à mostra. Braços desnudos. Está em uma janela. Suas mãos
estão sobre o peitoral da janela.
4- Homem adulto, cor 3Y12, usa bigodes e está vestindo um terno marrom. Usa chapéu da
mesma cor. A gola da sua camisa é azul. Está à direita da mulher da figura 2 e seu olhar
está voltado para ela. Suas mãos estão apoiadas em uma bengala.
Esse quadro nos sugere uma integração entre ambiente interno e externo. Mulheres e
homens compõe a cena. No que diz respeito ao ambiente interno, podemos afirmar que se
trata de um ambiente íntimo, talvez um bordel, ambiente de prostituição. A mulher que está
em primeiro plano destoa das outras personagens presentes no quadro. Sua vestimenta e
adereços são luxuosos, seus olhos são claros, o enfeite no cabelo a coloca em uma posição de
destaque. Poderia ser a dona do estabelecimento. À sua direita, vemos a imagem de um
homem bem vestido que parece observar essa mulher. Um olhar de quem espera, ou ainda,
de quem tem a posse dessa mulher. Podemos sugerir se tratar de seu cafetão.
Na imagem de fundo, vemos duas mulheres, um homem bem vestido e um padre de
costas. O homem e a mulher que estão à esquerda do quadro interagem com o olhar,
podendo se tratar de uma prostituta e um possível cliente, que observa atentamente da rua o
que se passa.
Ainda sobre o ambiente externo, acreditamos tratar-se de uma viela em área boêmia.
Intriga-nos a presença do padre nessa cena. Estaria apenas de passagem ou saindo do
ambiente que consideramos se tratar de um bordel/prostíbulo?
A mulher à direita parece caminhar em direção à porta do estabelecimento, enquanto a
outra moça/prostituta observa a rua pela janela, expondo sua imagem à espera de alguém.
As mulatas desse quadro estão vestidas de maneira mais elegante, possuem o tom da
pele mais claro. Seriam prostitutas de luxo?
Discussão
Em nosso trabalho, buscamos identificar nas imagens analisadas significações que são
compartilhadas pela sociedade e que pudessem apoiar nossa discussão no que diz respeito
ao gênero, à raça e à classe, sem a pretensão de esgotar as diversas possibilidades de
interpretação.
Entendemos que, quando é realizada uma interpretação de uma determinada imagem,
o resultado dependerá do espectador, do receptor da mensagem. Os resultados dependerão
também daquilo que é compartilhado culturalmente e socialmente, para além do que o
sujeito em si pensa ou deseja (Joly, 2007).
Nesse sentido, entendemos que, quando, por exemplo, falamos de raça negra,
identificamos significações desse termo que estão em consonância com o saber da nossa
sociedade a respeito dele. Podemos dizer que características como cor de pele, traços do
rosto e textura do cabelo são elementos que identificam se uma determinada pessoa pertence
ou não a uma determinada raça.
No nosso caso, para identificar a cor da pele das “mulatas” presentes nas imagens,
recorremos a uma tabela em que são apresentados tons de pele que são utilizadas para as
pessoas nas pinturas. Esta tabela apresenta diversos tons nude (coloração do mesmo tom da
pele da pessoa). Quando comparamos às cores de pele das “mulatas” presentes nas 3
imagens, vimos que, apesar de encontrarmos uma variação nos tons de pele, esta variação
não as colocaria em raças diferentes.
Quando analisamos as “mulatas” de Di Cavalcanti, é possível encontrar características
específicas que, então, colocariam essas mulheres como pertencentes à raça negra. Mas a
questão é que, historicamente, a “mulata” não foi reconhecida como uma mulher negra, nem
tampouco como uma mulher branca. Mas sim como uma outra mulher, que carregava as
características consideradas “boas” nas mulheres negras, como o rebolado, a sensualidade e
a sexualidade exacerbada, unidas à cor da pele que não era tão escura quanto à da mulher
negra e, portanto, era considerada mais bonita, além dos traços do rosto serem mais “finos” e
segura, o gato, é a única a usar joia, a ter o cabelo enfeitado por uma flor. Seu vestido se
diferencia, é compatível com vestimentas de festas. As outras mulheres que compõe esse
quadro também estão vestidas com roupas mais luxuosas. Ainda que o ambiente ali
representado nos remeta também a um ambiente de prostituição, ele claramente se difere do
quadro Duas mulatas com vasos de flores.
Vemos nesse quadro a personificação de uma mulata que se aproxima mais da mulher
branca do que da mulher negra. Os cabelos, os olhos claros, o vestido e as joias revelam um
poder aquisitivo melhor do que o das “mulatas” dos outros quadros. A presença dos três
homens também se apresenta como uma característica marcante. Dois deles usam terno e o
terceiro uma batina, o que nos leva a entender que se trata de um padre. A presença desses
homens nos faz pensar no quanto o espaço retratado se difere dos outros, pela presença
masculina.
Quando comparamos os quadros, podemos perceber uma diferenciação nas
vestimentas. Quanto mais claro o tom de pele da “mulata” retratada, mais luxuosa será seu
vestido. Vemos isso no quadro Mulher com gato, em que a “mulata” do primeiro plano, que
carrega um gato no colo, possui o tom de pele mais claro, os olhos verdes, os cabelos lisos e
compridos. Ela encontra-se em destaque com sua roupa e adereços luxuosos, se destacando
das outras mulheres.
Vemos, então, o quanto as “mulatas” de Di Cavalcanti cumprem papéis “esperados”
nos quadros analisados. Quando não são expostas com seus corpos nus, ou com grandes
decotes, com seios quase à mostra, reforçando o papel erotizado e sensualizado da “mulata”,
aparece como a “mãe preta” do lar, do ambiente privado. Assim, os papéis de gênero
impostos culturalmente, já naquele momento, por nossa sociedade patriarcal são percebidos
nas imagens.
É imprescindível falarmos um pouco mais sobre como os papéis de gênero atravessam
os quadros analisados, principalmente quando pensamos no capítulo no qual apresentamos
a “mulata” em diversos momentos da história. Símbolo da identidade brasileira, ventre que
foi utilizado como laboratório de melhoria da raça negra, como observou Silva (2008), a
mulata é descendente dos homens brancos portugueses e das negras, que as pariam. Mais
uma vez, papéis de gêneros bem demarcados. À mulher negra o papel de ser a procriadora, a
mãe. À “mulata”, o de se tornar símbolo sexual, disposta a cumprir seu papel a serviço do
homem branco.
A maneira como as “mulatas” estão representadas nas imagens analisadas – as roupas
simples, os ambientes pouco luxuosos, com poucos objetos – nos remete à imagem do negro
brasileiro que, em grande parte, mora em lugares simples, nas regiões periféricas, pelo baixo
poder aquisitivo, pela dificuldade de acesso à educação, pelo desemprego e pela falta de
boas oportunidades de trabalho. Os ambientes que se assemelham a ambientes de
prostituição denunciam a fragilidade da condição social dessas mulheres.
4 As subjetividades expostas pelo artista estão marcadas pelos três eixos de subordinação que colocam as
“mulatas” como objetos a serem apropriados, corpos a serem consumidos. Não podemos esquecer que, apesar de
ser considerado o pintor das “mulatas”, Di Cavalcanti não inventou essa personagem, ela já existia, já pertencia a
um contexto histórico, já era marcada por diversas violências sofridas.
No ambiente de prostituição, no lar como mãe preta, na nudez artística, nos decotes, na
pobreza aparente, nos diferentes tons de pele, o que vemos são as marcações de gênero, raça
e classe que colocam a “mulata” em situação de vulnerabilidade, pois são expostas como
mercadorias e colocadas para servir. Essas mulheres foram colocadas à disposição da
sociedade. Mulheres racializadas que apresentam comportamento sexual indisciplinado, que
sensualizam, que mostram o corpo com facilidade, estereótipos de gênero impostos a
mulheres de raça e classe social consideradas inferiores (Crenshaw, 2002). Assim,
vulnerabilidades que se interseccionam.
Fica evidente que a mulher apresentada nas obras de arte de Di Cavalcanti é próxima
daquela descrita em romances literários, em propagandas, em revistas, em tantas outras
formas de representação da “mulata”. Fica explícita a presença das características atribuídas
às mulheres negras/mestiças que compõem parte do imaginário da nossa sociedade acerca
do papel dessas mulheres enquanto sujeitos sociais.
Os eixos subordinadores – raça, gênero e classe – se interseccionam nas obras
analisadas. O que encontramos também diz respeito à condição das mulheres
negras/mestiças no Brasil atualmente, mulheres marcadas por tripla desigualdade que,
como consequência, vivem em situação de risco. São justamente essas as mulheres que mais
são alvos de estupro e homicídio. Segundo dados levantados pelo Mapa da Violência de
2015, entre os anos de 2003 e 2013, houve um aumento de 54,4% no número de homicídios
cometidos contra mulheres negras, ao passo que contra mulheres brancas esse número
diminuiu cerca de 9,8%. E, mesmo com a vigência da Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006),
que, segundo esse estudo, impactou em uma diminuição dos homicídios contra mulheres
brancas em 2,1%, o mesmo não aconteceu com as mulheres negras. Para elas, o que houve foi
um aumento de 35% no número de casos da violência doméstica sofrida desde a criação da
Lei, em 2006.
Esses dados nos chamam atenção e nos permitem pensar no quanto a disseminação da
imagem da “mulata” como uma mulher fácil, de múltiplos atrativos sexuais, de poucas
roupas, desinibida e sem pudor, contribuíram para que a violência contra a mulher
negra/mestiça se tornasse tão presente e comum nos nossos dias atuais. Corpos que foram
violados desde a época do Brasil Colônia e que ainda hoje são expostos como objetos a serem
consumidos. Corpos que ocupam na sociedade o papel que a eles foi reservado há séculos e
que, mesmo com muitos avanços de nossa sociedade, não foram resignificados.
Por isso, entendemos que é preciso resistir a toda e qualquer forma de violência
contra essas mulheres que já tiveram vários de seus direitos violados ao longo da história.
Conclusão
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Andréa Regina Marques Chamon é Mestra em Psicologia Social, Psicóloga clínica e Social,
especialista em Gênero e Diversidade na Escola. E-mail: [email protected]
Adriano Roberto Afonso do Nascimento é doutor em Psicologia Social, professor do
Programa de Pós-Graduação de Psicologia na UFMG, onde orienta teses e dissertação com
temas sobre Representações Sociais, Memória Social e Identidade Social, nostalgia/saudade,
música popular e masculinidades. E-mail: [email protected]
Anexo A