01 - Atividades Ludopedagógicas
01 - Atividades Ludopedagógicas
01 - Atividades Ludopedagógicas
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 71
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ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS E HISTÓRICOS
DE ATIVIDADES LÚDICAS
Origens do lúdico
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Algumas o fizeram de modo muito significativo, outras, porém,
discriminavam, além da criança, o seu interesse por toda e qualquer atividade
lúdica.
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O período da Reforma definiu os rumos da educação que
visava, antes de tudo, a corrigir a criança, que acreditava-se
nascia sob o estigma do pecado, e guiá-la para o caminho do
bem. A educação se caracterizava por ser corretiva, punitiva,
disciplinadora e responsável pela formação de crianças
segundo padrões considerados corretos para o adulto. Alegria
significava insanidade e a punição dos erros era considerada
indispensável para obter disciplina. O temor a Deus devia ser
cultivado desde cedo pelos pais e a família deveria ser a
primeira responsável pela doutrinação das crianças. A escola,
mais tarde, daria o “verniz” de acabamento à sua “ilustração”.
A educação da criança pequena era dever e atribuição da
família, que deveria seguir os padrões determinados pela
Igreja.
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Em 1837, Froebel criou, em Blankeburg, o primeiro Jardim de Infância
(Kindergarten). Formada por uma classe de crianças de 3 a 6 anos de idade, o
Jardim de Infância possuía uma metodologia baseada na linguagem oral-
afetiva, utilizando técnicas de brinquedo, valorizando atividades lúdicas e
partindo do simples para chegar ao complexo nas atividades desenvolvidas.
Em 1851, por motivos políticos, os Jardins de Infância foram fechados.
https://sampahistorica.files.wordpress.com/2013/10/1908-alunos-do-jardim-da-infc3a2ncia-da-escola-normal-apesp.jpg
Firmin Marbeau, de acordo com Rizzo (1982), foi quem criou na França
a primeira creche. Na Inglaterra, em função dos efeitos da Revolução
Industrial e da 2ª Guerra Mundial, aumentou o número de creches. Apesar das
escolas gozarem de autonomia pedagógica, os Jardins de Infância na
Inglaterra mantêm até hoje as influências de Froebel, como, por exemplo, a
valorização das atividades manuais, domésticas e de jardinagem, que todo o
povo inglês preza e exercita em sua vida comum.
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menores de 6 anos de idade e em 1909 publicou o “Método Montessori”, que
foi difundido na Índia e na América do Sul, e até hoje esse movimento se
mantém unido por uma associação internacional iniciada por seus familiares.
https://larmontessori.com/o-metodo/
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Por ser elemento folclórico, o jogo tradicional infantil assume
características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação,
mudança e universalidade (KISHIMOTO, 1993, p.15).
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aviões, etc. Até mesmo em brincadeiras com bolas predominava o sexo
masculino. Com tudo isso, as brincadeiras de rua, que exigiam agilidade e
destreza, eram destinadas somente aos meninos, enquanto que às meninas
cabiam apenas o quintal e o espaço doméstico, mesmo porque elas eram
solicitadas mais cedo a auxiliar em serviços dentro de casa. Dessa forma,
perdiam a grande oportunidade de desenvolver sua iniciativa, criatividade,
expressão corporal, aprender a lidar com os desafios da vida, o que é
fundamental para uma apropriada formação da personalidade.
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O papel dos jogos para o desenvolvimento humano
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É o momento com efeito em que a evolução do homem se liberta
totalmente da sua dependência inicial para com as mudanças biológicas
inevitavelmente lentas, que se transmitem por hereditariedade. Apenas as leis
sócio históricas regerão doravante a evolução do homem.
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Leontiev (1978) ressalta que as transformações hereditárias e
biológicas não definem o desenvolvimento (sócio histórico) da humanidade;
este é estimulado por outras forças, e não pela “variação e hereditariedade
biológica”. Para ele, “toda a atividade racional do homem não é senão uma
luta, a luta contra a luta pela existência”. De acordo com suas atividades, os
homens transformam a natureza e produzem sua existência.
Cada pessoa aprende a ser homem, pois apenas o que a natureza lhe
oferece quando nasce não é suficiente para viver em sociedade, segundo
Leontiev (1978). É preciso, ainda, conquistar aquilo que já foi adquirido
durante o desenvolvimento histórico da sociedade humana.
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Esta diferença reside no fato de que a brincadeira da criança
não é instintiva, mas precisamente humana, atividade objetiva,
que, por constituir a base da percepção que a criança tem do
mundo dos objetos humanos, determina o conteúdo de suas
brincadeiras. É isto também que, em primeiro lugar, distingue a
atividade lúdica da criança da dos animais (p. 120).
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atividade adequada. Pela sua função, este processo é, portanto, um processo
de educação.
Para Vygotsky (1989), utilizar instrumentos não é o único fator que vai
desenvolver uma criança, e sim também a percepção, os movimentos
sistemáticos, o cérebro e as mãos, ou seja, o organismo completo. Como
consequência disso, as atividades das crianças são determinadas, em cada
estágio específico, “[...] tanto pelo seu grau de desenvolvimento orgânico
quanto pelo grau de domínio no uso de instrumentos” (p. 23).
14
desenvolvimento da psique de uma criança é sua própria vida
e o desenvolvimento dos processos reais dessa vida (p. 20).
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Portanto, para Leontiev (1998), a atividade principal é aquela atividade
pela qual o “desenvolvimento governa as mudanças mais importantes nos
processos psíquicos e nos traços psicológicos da personalidade da criança,
em um certo estágio de seu desenvolvimento” (p. 65). Este autor dá grande
destaque aos brinquedos como forma de atividade.
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da tomada de consciência da atitude humana em face dos objetos, isto é, das
ações humanas realizadas com eles” (p. 120).
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Já sabemos como o brinquedo aparece em idade pré-escolar. Ela
surge a partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo
dos objetos diretamente acessíveis a ela, mas também em relação ao mundo
mais amplo dos adultos. Uma necessidade de agir como um adulto surge na
criança, isto é, de agir da maneira que ela vê os outros agirem, da maneira
que lhe disseram, e assim por diante. Ela deseja montar um cavalo, mas não
sabe como fazê-lo e não é ainda capaz de aprender a fazê-lo; isto está além
de sua capacidade. Ocorre, por isso, um tipo de substituição; um objeto
pertencente ao mundo dos objetos diretamente acessíveis a ela toma o lugar
do cavalo em suas brincadeiras (LEONTIEV, 1998, p. 125).
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dominante com a realidade, pelo controle de sua atividade principal (DUARTE,
1996, p. 104).
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Leontiev (1998) continua citando a seguinte afirmação feita a uma
criança: “Você não sairá de casa para brincar até que tenha feito suas lições”
(p. 70). Para ele, admite-se o caso de isto resolver o problema e a criança
fazer seus deveres. Isso é o que Leontiev chama de “motivos apenas
compreensíveis”. A criança irá fazer suas tarefas apenas pelo motivo que foi
criado para ela, porém com o tempo nota-se que ela mesma se senta por sua
própria conta e faz suas lições.
20
Adiante, Vigotski (1998) fala sobre a imaginação, fantasia e
pensamento realista de acordo com alguns autores como Piaget e Freud:
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situações fictícias, indica sempre terem saído do mundo dos
adultos (p. 156).
É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo [.. ] o brincar
conduz naturalmente à experiência cultural, e na verdade constitui seu fundamento.
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[...] é a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar
facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos
relacionamentos grupais [...] (WINNICOTT, 1975, p. 63).
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Resumindo as características formais do jogo:
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Araújo (1992) também expressa sua preocupação ao afirmar que hoje,
ao se fabricar brinquedos modernos e eletrônicos, estamos tornando o brincar
da criança algo mecânico, passivo, em que ela somente executa aquilo que
lhe é incumbido, sem criatividade ou qualquer tipo de esforço. Isso é expresso
da seguinte maneira:
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Ainda sobre isso, Felipe (1999) questiona: “[...] o que as pedagogias
culturais têm produzido para as crianças? Como os sujeitos tem sido
posicionado nestas pedagogias?” (P. 168).
Felipe (1999) ressalta que ainda há, hoje, lares em que pode ser
observada a obsoleta divisão de jogos: jogos para meninos e jogos para
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meninas. O livre arbítrio de escolher seus próprios jogos e o prazer que isso
provoca nas crianças não são valorizados pelos pais, que se sentem na
“obrigação” de fazer isso pelos filhos.
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apresentando doenças graves, como bulimia, anorexia, depressão, tudo isso
causado pela busca incessante do que acreditam ser o “corpo feminino
perfeito”.
Mariotti (2000, p.152) afirma que, “pelo jogo, a criança conhece seu
corpo e o adulto revaloriza seu corpo e o abre para o mundo”. Para ele, nós,
seres humanos, somos condicionados e podemos interferir no
condicionamento de nosso corpo e, portanto, podemos falar de liberdade.
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De acordo com Friedmann (1996), “o jogo oferece uma importante
contribuição para o desenvolvimento cognitivo dando acesso a mais
informações e tornando mais rico o conteúdo do pensamento infantil” (p. 64).
Assim sendo, torna-se plenamente possível utilizar-se de jogos no dia-a-dia
escolar, pois estes trazem inúmeros benefícios às crianças, que podem,
através deles, descobrir diversas coisas novas que lhes deem prazer e as
ajudem a entender o mundo em que vivem. Para os adultos, é uma
oportunidade de “voltar a ser criança”, descobrindo as suas fantasias e
sonhos adormecidos dentro de si.
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A partir das diversas funções que o jogo representa para as crianças,
Wallon (1975) os divide em quatro classificações:
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De acordo com o mesmo autor, a educação tem o dever de educar as
gerações a gerações para a emancipação, a autonomia e a liberdade de fazer
escolhas, pois todo ser humano deve ser emancipado, livre para tomar suas
decisões psicológicas, sociais, políticas, econômicas, morais, culturais, entre
outras. Da mesma forma, Gama e Rodrigues (2004) apontam:
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ATIVIDADES LÚDICAS E O ENSINO ESCOLAR
O papel da escola
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A heterogeneidade e a ordem hierárquica [...] da vida cotidiana
coincidem no sentido de possibilitar uma explicitação “normal” da produção e
da reprodução, não apenas no “campo da produção” em sentido estrito, mas
também no que se refere às formas de intercâmbio. A heterogeneidade é
imprescindível para conseguir essa “explicitação normal” da cotidianidade; e
esse funcionamento rotineiro da hierarquia espontânea é igualmente
necessário para que as esferas heterogêneas se mantenham em movimento
simultâneo (HELLER, 1997, p. 18).
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cotidianas, para Heller, são aquelas que estão
diretamente voltadas para a reprodução do indivíduo e,
indiretamente, favorecem também a reprodução da
sociedade. Já as atividades não-cotidianas não estão
diretamente direcionadas à reprodução da sociedade,
embora contribuam indiretamente para a reprodução do
indivíduo.
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crítica para com o mesmo. Para ele, na educação escolar, adota-se de forma
espontânea o significado desse termo, trazendo consigo respostas também
espontâneas a perguntas como: “[...] podemos considerar a relação entre
educação escolar e prática social do indivíduo como sinônimo da relação
entre educação escolar e vida cotidiana do indivíduo?” (p. 35).
35
Por conseguinte, tem-se como objetivo diminuir essa distância, “[...] aproximar
a escola do cotidiano, fazer da educação escolar um processo de formação
que prepare melhor o indivíduo para enfrentar os problemas do cotidiano” (p.
37). Sendo assim, o autor define cotidiano como “[...] aquilo que acontece fora
dos muros da escola ou, pelo menos, fora da sala de aula; é a realidade
concreta dos alunos; é sua prática social; em suma: é a vida” (p. 37).
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Nesse contexto, Duarte (1996) defende a “educação escolar
mediadora” para a formação do indivíduo, “[...] entre a esfera da vida cotidiana
e as esferas não-cotidianas da objetivação do gênero humano” (p. 39).
Adiante, ressalta que a escola, mesmo realizando a mediação entre o
cotidiano e o não-cotidiano para a formação do indivíduo, por si só não é
capaz de “[...] produzir a superação da alienação da vida do indivíduo” (p. 40).
Portanto, o papel da educação escolar é o de transformar as relações sociais,
ou seja, “[...] conduzir os indivíduos no processo de apropriação das
objetivações genéricas para si” (p. 41).
Mas o trabalho como labour não faz parte da vida cotidiana somente
pelo fato de que ele é imprescindível à reprodução do indivíduo, mas também
pelo fato de que existe um âmbito da reprodução do indivíduo que é
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necessário à execução do trabalho. O trabalho enquanto execução faz parte
da vida cotidiana porque para essa execução o indivíduo precisa apropriar-se
de um conjunto de capacidades e precisa reproduzir constantemente esse
conjunto de capacidades (p. 45).
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cotidianas, ou seja, para a vida social como um todo. Assim, então: [...] a
educação escolar se constitui num processo de apropriação, pelos indivíduos,
das objetivações genéricas para si, como por exemplo a ciência. [...] Ela visa a
que o indivíduo possa fundamentar na ciência o pensamento e a ação em
vários momentos da vida social (p. 64).
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Um ponto central desse método é que todos os fenômenos
sejam estudados como processos em movimento e em
mudança. Em termos do objeto da psicologia, a tarefa do
cientista seria a de reconstruir a origem e o curso do
desenvolvimento do comportamento e da consciência (p. 7).
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ele, os sistemas de signos que existem (linguagem, escrita, sistema de
números) foram criados ao longo da história de acordo com as sociedades e
servem para mudar o nível de desenvolvimento social de cada época. Para
Vygotsky, internalizar os signos produzidos culturalmente poderia causar
mudanças comportamentais e, dessa forma, estabeleceria também um elo de
união “entre as formas iniciais e tardias do desenvolvimento individual” (p. 8).
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=1288994
Vigotski (2000) define a palavra como sendo “uma unidade viva de som
e significado e que, como célula viva, contém na forma mais simples todas as
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propriedades básicas do conjunto do pensamento discursivo”. A partir daí
alguns estudiosos tentaram criar “um vínculo mecânico associativo externo”.
Para eles, “na palavra, o som e o significado não têm nenhuma relação entre
si” (p. 7).
42
sua função é comunicativa. “A linguagem é, antes de tudo, um meio de
comunicação social, de enunciação e compreensão” (p. 11).
43
Vygotsky (1993) rejeita essas três posições citadas acima, embora
acredite que a partir da análise de cada uma delas seja possível chegar a uma
visão mais apropriada sobre a relação entre desenvolvimento e
aprendizagem.
Vygotsky (1993) ressalta que existem posições que ainda afirmam “[...]
que o aprendizado tal como ocorre na idade pré-escolar difere nitidamente do
aprendizado escolar, o qual está voltado para a assimilação de fundamentos
do conhecimento científico” (p. 95). Entretanto, ao fazer suas primeiras
perguntas, a criança vai assimilando os nomes de objetos em seu ambiente e,
assim, vai aprendendo.
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Para haver o aprendizado, ele deve ser, de alguma maneira,
combinado com o nível de desenvolvimento da criança. O primeiro nível,
então, é denominado de nível de desenvolvimento real, ou seja, “[...] o nível
de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabeleceram
como resultado de certos ciclos de desenvolvimento já completados” (p. 95).
Em outras palavras, o nível de desenvolvimento real se refere aos
conhecimentos que a criança já tem, já adquiriu de alguma maneira, o que foi
comprovado por Vygotsky (1993) por meio de alguns testes.
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Vygotksy (1993) afirma que, por meio da zona de desenvolvimento
proximal, psicólogos e educadores conseguem entender o caminho interno do
desenvolvimento. Dessa forma, a zona de desenvolvimento proximal permite
aos educadores traçar o futuro imediato da criança de acordo com o estado
dinâmico de seu desenvolvimento, percebendo, assim, não somente o que ela
já atingiu durante seu processo, mas sim aquilo que ainda está em fase de
maturação. Portanto, a escola e os educadores devem propiciar aos alunos a
oportunidade de experimentar e conhecer coisas novas, para que eles
desenvolvam as funções que estão amadurecendo dentro dela. Seja dentro
deles, seja com o auxílio de colegas mais adiantados (não mais inteligentes, e
sim adiantados, por estarem em outro nível de desenvolvimento), com o
auxílio do educador ou com as vivências dos próprios alunos; o importante é a
oportunidade de conhecer e aprender.
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informação e o desenvolvimento interno de um conceito científico na
consciência da criança?” (p. 71).
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A criança precisa [...] é de uma oportunidade para adquirir novos
conceitos e palavras a partir do contexto linguístico geral Ele menciona o
exemplo de uma criança que lê uma palavra desconhecida em uma frase, e,
no entanto, o restante lhe é compreensível; porém, a palavra aparece
novamente em outra frase e ela vai, por si mesma, ter uma ideia, mesmo que
vaga, sobre o significado daquela palavra. Contudo, transmitir de maneira
deliberada novos conceitos aos alunos, de fato, é impossível e inútil, segundo
Tolstoi. Em outras palavras, a criança compreende o contexto geral de uma
frase ou um texto; entretanto, a palavra que lhe é estranha aos poucos vai se
tornando familiar e a criança passa a compreender seu significado.
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Por isso, Duarte (1996) continua afirmando que ao ensino escolar cabe
a função de “[...] transmitir à criança os conteúdos historicamente produzidos
e socialmente necessários” (p. 98). Desses conteúdos devem-se selecionar
aqueles que se encontram na zona de desenvolvimento próximo, em cada
momento do processo pedagógico. Se os conteúdos escolares estiverem
além das possibilidades da criança, o ensino irá fracassar devido ao fato da
criança ainda não “apropriar-se daquele conhecimento e das faculdades
cognitivas a ele correspondentes” (p. 98).
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A importância do lúdico como recurso de ensino e
aprendizagem
A escola é vista pela maioria das pessoas como o lugar onde os alunos
“aprendem” e os professores, por sua vez, “ensinam”. Para Canário (1997),
esta é uma ideia simplificada de escola, e assim define:
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Para Brenelli (1996), as escolas podem e devem apoiar-se nos jogos
para despertar o interesse das crianças em aprender. Contudo, não devem se
basear somente no lúdico, no imaginário, pois podem, assim, acabar isolando
o homem da vida real, permitindo-lhe viver num mundo ilusório e repleto de
fantasias.
O contexto lúdico oferece diversas possibilidades às crianças, como, por exemplo, desenvolver a
criatividade, ter domínio de si, afirmação da personalidade, entre outras coisas. O jogo desperta o
interesse das crianças por apresentar dificuldades e desafios a serem superados, e isso as motiva a
jogar para superar até mesmo seus próprios limites.
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Cabe ainda considerar o fato de que a educação não se dá apenas no espaço
escolar, ela abrange uma grande diversidade de situações e lugares. Neste
sentido, a pedagogia não pode ser compreendida como uma mera reprodução
de técnicas, valores e domínio de certas habilidades, e sim como uma prática
social.
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De acordo com Antunes (2003), em se tratando do grande universo do
brincar, autores como Jean Piaget, L. S. Vygotsky e Maria Montessori
caminhavam na mesma direção e com a mesma linguagem. Esses autores,
ao contrário dos adultos do princípio do século XX que viam as crianças como
seres imaturos, destacavam a imensa influência dos brinquedos na vida das
crianças para o desenvolvimento de sua aprendizagem, criatividade e
sociabilidade.
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A partir disso, ele afirma que os jogos não devem ser demasiadamente
fáceis, causando assim o desinteresse e autoestima do aluno por se
considerar incapaz ou fracassado. O jogo deve estimular o interesse, a
atenção e a participação do aluno.
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talvez fosse melhor o método “tradicional”, com enfoque nos conteúdos
curriculares. Para tanto, fez-se necessário que a pesquisadora em questão
esclarecesse e reforçasse sua opinião sobre o lúdico, embasando-se
teoricamente, e conhecesse mais profundamente a opinião do grupo antes de
começar. Para a autora, portanto, “[...] o brincar possibilita o desenvolvimento
do aluno integralmente na sua subjetividade e que, portanto, não é apenas um
instrumento didático facilitador para o aprendizado de conteúdos curriculares”
[...] (p. 6).
55
Algumas professoras se mostravam inseguras durante as oficinas, com
receio de a direção afirmar que as crianças não estavam progredindo, mas
continuaram assim mesmo. Durante as reuniões, outras professoras que não
estavam envolvidas diretamente participavam e davam suas opiniões e
contribuições.
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Figura 10- Brincar
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um caminho para todos, nem todos tropeçam nas mesmas
pedras, nem todos sentem os mesmos entusiasmos [...] A
tensão entre as gerações que, quando adultas, tendem ao
conservar e, quando novas, ao mudar, é mediado por um
processo que se chama educação (p. 2).
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De acordo com Alves (2003), a escola e a sala de aula se configuram,
de modo geral, como um lugar sério, onde brincar é visto como algo oposto à
atividade séria. Sobre a sala de aula, então, expressa o seguinte:
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Na realidade, os jogos por si só não proporcionam grandes
milagres, isto é, a produtividade do trabalho com jogos
depende diretamente do encaminhamento dado pela
professora a este trabalho. Somos nós, professores, que
iremos problematizar os jogos, lançando desafios e oferecendo
subsídios para os nossos alunos, na busca das respostas (p.
65).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ALGUMAS ATIVIDADES LUDOPEDAGÓGICAS
Brincadeiras em grupo
2) ABOBRINHA: - (MODERADO)
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escolhida. O comprador volta: "__roubaram a minha abobrinha, você viu?" -
Não.
Outra é escolhida e novamente roubada e assim por diante até não sobrar
nenhuma. O comprador vai procurar, acha a casa do ladrão, pede água,
comida e, quando pede para ir ao banheiro encontra lá as abobrinhas.
Final: Elas correm, e a que ele conseguir pegar vai ser o comprador na
próxima vez.
3) AMARELINHA: - (MODERADO)
Material: 1 pedrinha.
Desenvolvimento: Brincam quantas crianças quiserem e cada uma tem sua
pedra. Quando não disputam na fórmula de escolha fala: - Primeira!
(será a primeira), Segunda! Quem falar em segundo lugar será a segunda,
assim sucessivamente.
1) Joga se a pedra na 1ª quadra, não podendo pular nela. Vai com um pé só,
batendo os dois pés no chão, na quarta e quinta casa e no céu sem fim.
2) Chutinho. Vai se chutando a pedra que foi jogada perto, antes da
amarelinha, com um pé só. A pedra não pode bater na risca, se errar passa
para outra criança até chegar sua vez novamente.
3) Na terceira etapa, joga-se sem pedra. Com os olhos vendados diz:
“__Pisei”? As outras respondem: “__Não”. Assim casa por casa até sua vez.
Também na terceira casa é com um pé só. E os dois pés na 4ª e 5ª casas.
4) Tirar casa - de costas joga-se a pedra para trás, onde cair, essa casa será
excluída. Risca-se com giz a mesma, podendo pisar nela com os dois pés.
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4) A GATINHA PARDA: - (CALMO)
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Irão respondendo de acordo com a utilidade do objeto. Se ainda não descobrir,
dará nova volta, indagando:
- Como quer?
Prosseguirá o jogo do mesmo modo. O adivinhador terá direito de citar 3
objetos. Quando descobrir, será substituído pelo que designar.
6) A JAULA: - (ATIVO)
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8) AR, TERRA E MAR: - (CALMO)
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10) ADIVINHA QUE É: - (CALMO)
Material: Um lenço
Preparação: Duas linhas paralelas distantes 8 a 10 m. Marca-se o centro do
campo onde se coloca o lenço.
Formação: Os jogadores formarão dois partidos dispostos atrás da linha.
Todos serão numerados. Cada partido com os mesmos números.
Desenvolvimento: O professor gritará um número e os jogadores chamados
correrão até o centro, terão como objetivo apanhar o lenço e voltar a sua fileira.
No caso de um conseguir apanhar o lenço o outro deverá perseguí-lo e tocá-lo
antes que ele consiga atingir a fileira.
Pontos: Alcançará dois pontos para o seu partido o jogador que conseguir
apanhar o lenço e voltar a fileira sem ser tocado.
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12) ABAIXAR-SE: - (MODERADO)
Material: 3 bolas
Formação: Crianças dispostas em 3 colunas. A frente de cada coluna a uma
distância aproximadamente 1 metro do primeiro colocado, ficará o “capitão” de
cada equipe. Este segurará a bola
Desenvolvimento: A um sinal dado, o capitão atirará a bola ao primeiro de sua
coluna que a devolverá e logo em seguida abaixará. O capitão jogará a bola
para o segundo da coluna que agirá como o primeiro e assim sucessivamente.
A última criança da coluna ao receber a bola gritará “viva”, marcando ponto
para sua equipe.
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14) ATENÇÃO! CONCENTRAÇÃO!: - (CALMO)
1 Referência: http://wata-eh-legal.blogspot.com.br/2007/09/brincadeiras-em-grupo.html
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
70
REFERÊNCIAS
71
ELKONIN, D. B. Psicologia do jogo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
72
REDIN, M. M. Planejando na educação infantil com um fio de linha e um
pouco de vento. In. REDIN, E.; MULLER, F.; REDIN, M. (Orgs.). Infâncias:
cidades e escolas amigas das crianças. Porto Alegre: Mediação, 2007. p. 83-
99.
73