Redação e Estruturação de Laudos Periciais

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 29

REDAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DE LAUDOS PERICIAIS,

PARECERES E QUESITOS

1
Sumário

FACULESTE ............................................................................................ 2

INTRODUÇÃO..........................................................................................3

LAUDO E PARECER TÉCNICO...............................................................8

QUAL O TRABALHO DO PERITO...........................................................13

LAUDO PERICIAL E OUTROS DOCUMENTOS TÉCNICOS.................14

CONCLUSÃO..........................................................................................28

REFERÊNCIAS.......................................................................................31

1
FACULESTE

A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de


um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para
cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE,
como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas


de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

2
INTRODUÇÃO

A perícia criminal é atividade típica de Estado, de cunho técnico-


científico, prevista no Código de Processo Penal, que visa a analisar vestígios,
sendo indispensável para elucidação de crimes.

Art. 158 do CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável


o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão
do acusado.

3
A atividade é exercida pelo perito oficial, responsável pela produção da
prova material, consubstanciada em laudo pericial, após a devida identificação,
coleta, processamento e correta interpretação dos vestígios dentro dos limites
estabelecidos pela ciência.

Art. 159 do CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão


realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão


minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.

A lei 12030 de 2009, que dispõe sobre as perícias oficiais, estabelece


quem são os peritos oficiais de natureza criminal, a saber: peritos criminais,
peritos médico-legistas e peritos odontolegistas.

Art. 5o da Lei 12030/2009: (…) são peritos de natureza criminal os


peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas (…).

Os peritos criminais desenvolvem suas atribuições motivados por


requisições provenientes de autoridades competentes, no interesse de
procedimentos pré-processuais (inquéritos policiais) e processuais (processos
judiciais) de natureza criminal, cabendo-lhes as mesmas suspeições dos juízes.

Art. 280 do CPP. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o
disposto sobre suspeição dos juízes.

A criminalística federal

Em Brasília, fica o Instituto Nacional de Criminalística, órgão central da


Perícia Criminal Federal e responsável pela coordenação das atividades de
polícia científica da União em âmbito nacional. Vinculado à Diretoria Técnica-
Científica da Polícia Federal, conta com unidades de Criminalística em todas as
Capitais e em diversas cidades do interior.

A interiorização da perícia federal segue a tendência de outros órgãos,


como a Justiça e o Ministério Público Federais, dentro de critérios de demanda
provenientes de delegacias de Polícia Federal, promovendo maior celeridade
nos atendimentos de investigações.

4
Com equipamentos modernos e tecnologia de ponta, a Criminalística
Federal conta com somente cerca de 1150 peritos criminais federais,
especialistas nas mais variadas áreas de conhecimento forense, como: balística,
química, toxicologia, genética, engenharia, medicina e odontologia legal,
documentoscopia, fonética, análise de vídeos, comparação facial e de locutor,
contabilidade, informática, geologia, gemologia, crimes contra a pessoa e o
patrimônio público, crimes ambientais e acidentes aéreos.

Quem são os peritos criminais federais?

O perito criminal é um servidor público, concursado, de nível superior,


especialista nas mais diversas áreas do conhecimento, que tem a
responsabilidade de interpretar as evidências de um crime, sempre amparado
pelos limites impostos pela ciência, trazendo à luz a verdade dos fatos. A isenção
e a imparcialidade são preceitos fundamentais da investigação pericial, por isso,
aos peritos criminais são impostos os mesmos critérios de suspeição dos juízes,
destinatários fins de seu trabalho.

Os Setecs

O Setec é responsável pela realização de exames periciais relacionados


aos crimes investigados pela Polícia Federal, além de cadastros de informações
criminais, vistorias, varreduras de segurança e apoio técnico às operações
programadas pela Superintendência.

Com equipamentos modernos e tecnologia de ponta para a realização


dos trabalhos periciais, os Setecs atendem o equivalente a 99% das demandas
existentes, pois dispõem de peritos capacitados e laboratórios com potencial
analítico para a solução dos casos, conforme as peculiaridades de cada área,
salvo às de genética forense e balística forense – que, em determinados
momentos, requerem instrumentos e exames mais específicos, exclusivos do
Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília.

Nos últimos anos, o trabalho da Perícia Criminal da Polícia Federal


ganhou mais destaque, devido à fundamentação da prova material como item
imprescindível para a solução das investigações, além do incremento
significativo do efetivo pericial nas Superintendências Regionais.

5
Por meio do concurso realizado em 2001, 270 novos peritos foram
alocados nos Setecs, entre os anos de 2002 e 2004. Já, após o concurso de
2004, houve um aumento ainda maior do quadro pericial nas Superintendências:
500 peritos, de 2006 a 2009. Atualmente, cerca de 1.100 peritos criminais
federais integram os Setecs de todo o Brasil.

Os Nutecs e as Utecs

O crescimento gradativo da demanda pericial no interior de alguns


estados levou a Polícia Federal à criação do Programa de Interiorização da
Perícia, que trata da instalação dos Núcleos Técnico-Científicos (Nutecs) e das
Unidades Técnico-Científicas (Utecs) nas delegacias das cidades que
apresentam maior número de solicitações. O programa segue uma tendência
observada em outras instituições, como o Ministério Público Federal e a Justiça
Federal, e promove maior celeridade nas investigações, que antes ficavam
centralizadas nos Setecs das capitais.

INC, Setec, Nutec e Utec

INC: referência em criminalística

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística trabalham distribuídos


em seis serviços e cinco áreas, vinculados ao DPER – Divisão de Perícias. Os
serviços da criminalística são divididos em Serviços de Perícias Contábeis e
Econômicas, (SEPCONT), Serviço de Perícias Documentoscópicas (SEPDOC),
Serviços de Perícias de Laboratório (SEPLAB), Serviços de Perícias Audiovisual
e eletrônicos (SEPAEL), Serviços de Perícias em informática (SEPINF) e
Serviços de Perícias de Engenharia e Meio Ambiente (SEPEMA).Referência na
criminalística mundial, o INC – Instituto Nacional de Criminalística – é o órgão
central de investigação da Polícia Federal.

Nacionalmente, o Instituto existe desde 1960, quando Brasília tornou-se


a capital federal. Hoje, ocupa 10 mil metros quadrados do Departamento de
Polícia Federal e possui uma estrutura moderna e inovadora com equipamentos
e tecnologia de ponta, que o torna comparável a países como Estados Unidos,
Inglaterra e França.

6
Devido ao aumento das demandas e à especificidade das perícias, os
serviços se subdividiram, criando áreas específicas de atuação. Hoje, o INC
possui as seguintes áreas: Área de Perícias em Genética Forense (APGEF),
Área de Perícias em Balística Forense (APBAL), Área de Perícias Externas
(APEX), Área de Perícias em Meio Ambiente (APMA), APMOD (Área de Perícias
em Medicina Legal e Odontologia Forense).

História do Instituto

O Instituto de Criminalística se instalou em Brasília, em 1960, juntamente


com a mudança da capital. O IC (Instituto de Criminalística) fazia parte do DFSP
(Departamento Federal de Segurança Pública), localizado no Rio de Janeiro e
com âmbito regional. Em 1960, com a transferência da capital, a DRPB
(Departamento Regional de Polícia de Brasília) foi extinta e substituída pela
DFSP, que passou a, oficialmente, ter âmbito nacional. O então IC transformou-
se em INC (Instituto Nacional de Criminalística). O diretor do IC, Antônio Carlos
Villanova (um dos maiores peritos da história do país), foi removido para Brasília,
tornando-se o primeiro diretor do Instituto Nacional de Criminalística.

A maioria dos peritos que compunham o órgão permaneceu na capital


carioca, o que implicou na necessidade de formação de uma turma de novos
peritos, coordenada por Antônio Carlos Villanova. Os peritos trabalhavam em um
barracão de madeira, localizado na Candangolândia, em Brasília.

Há divergências quanto à idade da Polícia Federal. Alguns peritos


afirmam que a Polícia Federal teve início em 1960, em Brasília, a partir da
atuação nacional e oficial do Instituto Nacional de Criminalística. Outros afirmam,
que desde quando a DFSP localizava-se no Rio de Janeiro, já atuava em âmbito
nacional, extra oficialmente.

Ou seja, para estes, a Polícia Federal surgiu antes da construção de


Brasília.A primeira sede formal do IC, após Brasília ser reconhecida como
capital, localizava-se no bloco 10 dos Ministérios, no quinto andar. O INC então
apresentava uma estrutura superior, possuía equipamentos trazidos do Rio de
Janeiro, entre eles microscópios, balanças e vidrarias.

7
LAUDO E PARECER TÉCNICO

O Direito reconhece como meios de prova a oral e a material: confissão,


depoimento das partes, documentos, presunções e indícios, testemunhas e
exames periciais (laudos).

A prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação, que, de modo


geral, só são promovidos por profissional habilitado no assunto em que a perícia
está envolvida. Como o juiz não é conhecedor de todas as técnicas disponíveis,
por mais culto e inteligente que seja, por não ter os conhecimentos científicos ou
técnicos necessários, procura então pessoas de sua confiança que entendam a
matéria que irá julgar. Por exemplo, nos casos que envolvem a técnica de
contabilidade, ele utiliza-se de contadores como seu braço sobre a área, como
se fosse uma extensão sua.

A pessoa que suprirá o juiz das noções que ele humanamente não
consegue ter controle, denomina-se perito e de seu trabalho resultará a
elaboração de um laudo pericial, que é o resultado do conhecimento técnico
sobre o assunto de uma lide judicial. Constitui-se o perito, também denominado
aqui de especialista em perícias, em um auxiliar da justiça que executará seu
trabalho leal e honradamente.

No que tange ao exame, ele é relativo a pessoas, documentos e livros,


coisas móveis e semoventes. Já na vistoria, é a mesma inspeção, só que
aplicada a imóveis e locais, como também máquinas e equipamentos.

Arbitramento é o exame que os peritos fazem de alguma coisa, direito


ou obrigação, para determinar-lhe o valor ou estimar em dinheiro. É realizado,
utilizando-se métodos técnicos e científicos. O arbitramento resolve
antagonismos entre disposições espaciais ou valores e quantidades colocadas
sob pontos de vistas diferentes. Avaliação é a mesma estimação de valor de
coisas, direitos e obrigações.

O juiz nomeia um perito quando a prova de um fato necessita de


conhecimento técnico ou científico particular. Ele sempre é escolhido entre

8
profissionais de nível superior, salvo quando a comarca não dispuser desses
profissionais.

O perito escreve um laudo pericial e esse será uma prova dentro do


processo. O juiz quando der sua sentença, junto ao final do processo, é obrigado
a fundamentá-la com provas, uma delas poderá ser o laudo pericial escrito pelo
perito.

O perito fica oficialmente sabendo que foi nomeado através de uma


intimação. A intimação acontecerá: através de correspondência, com Aviso de
Recebimento – AR; via oficial de justiça; ou ainda através de assinatura do perito
ao pé de carimbo de intimação constante em uma das folhas dos autos do
processo.

A materialização da perícia judicial é direito das partes envolvidas no


processo, que somente será negada, se a prova não necessitar de conhecimento
técnico ou for desnecessária em vista de outras provas produzidas ou for
impraticável a sua verificação.

A designação de perícia geralmente ocorre quando não é possível a


conciliação entre as partes durante audiências – uma das fases programáticas
do processo.

Uma diferença fundamental das provas apresentadas pelas partes no


processo, em relação à prova fornecida pela perícia, está em que, na primeira,
os autores e réus ao apresentá-las não estão sujeitos à isenção, quanto que, na
última, esta é a característica fundamental.

Outra diferença está em que as provas trazidas aos autos do processo


pelas partes, podem versar sobre assuntos de qualquer natureza, e a perícia
será provocada, quando o assunto carecer de conhecimentos técnicos e
científicos.

Cabe se explicar que o processo é constituído de petições


(requerimentos), provas, fundamentações, intimações, recibos de pagamentos
de despesas judiciais, contas judiciais, citação do réu ou réus, cópias de
despachos em imprensa oficial, etc – a este conjunto denomina-se de autos do
processo.

9
Após serem cumpridas as vistorias, exames e trabalhos de campo, de
acordo com as necessidades, que nada mais são do que diligências, havendo a
convicção do perito de como se deram os fatos, situações ou coisas que foram
objeto da perícia designada no processo, ele então trata de redigir o laudo
pericial, o qual se constitui de uma peça técnica que será entranhada, juntada,
aos demais documentos já existentes nos autos.

Chegado o laudo pericial ao processo, é permitido às partes e aos


assistentes técnicos se manifestarem quanto ao seu conteúdo. A manifestação,
se sobrevier, será positiva, negativa ou até indiferente.

A sentença a ser dada pelo juiz é passível de ser fundamentada no que


diz o laudo pericial do perito, no parecer dos assistentes técnicos e nas
manifestações que as partes fizeram sobre o laudo pericial. A sentença vale-se
também de outras provas contidas nos autos. O juiz, em sua sentença, não está
adstrito ao laudo do perito.

As partes do processo, autor e réu, têm a faculdade de nomear uma


pessoa de sua confiança, cada um, para acompanharem a perícia; a este intitula-
se assistente técnico. Dependendo do processo, haverá: apenas o autor; autor
e réu; mais de um autor; e mais de um réu. O assistente técnico também escreve
um laudo, porém esse é denominado parecer técnico pelo Código de Processo
Civil CPC.

O parecer técnico será também uma prova dentro do processo judicial e


o juiz pode firmar nele sua convicção na sentença.

A perícia será chamada de diversas maneiras, dependendo da atividade


que nela se realize, porém terá sempre a denominação maior de perícia. Assim,
dentre outras da nomenclatura: perícia contábil, perícia médica, perícia
grafotécnica, avaliação, vistoria, exame, perícia econômica e perícia trabalhista.

A perícia requer conhecimentos técnicos e científicos para esclarecer


aquilo que o leigo tem dúvidas ou falta de conhecimento, desse modo, por
exemplo, ela será uma avaliação realizada por engenheiro e arquiteto quando a
natureza do assunto for a determinação do valor de um imóvel.

10
Parecer técnico do assistente contesta ou apoia o laudo do perito

No parecer do assistente técnico, é possível constar a contestação de


teses, cálculos financeiros e contábeis, princípios adotados, cálculos
matemáticos, pressupostos, índices, fórmulas, avaliações e diagnósticos
constantes nos laudos dos peritos. É cabível o assistente louvar, falar bem sobre
o laudo do perito naqueles itens que coincidem e ajustam-se as suas teses e que
venham a colaborar com a parte que representa.

Todo item contestado pelo assistente no laudo do perito carece ser


escrito com uma boa descrição do que a questão envolve, a fim de que surta o
efeito pretendido.

A construção do parecer do assistente precisa ser sólida, de forma que


as contestações feitas ao laudo do perito, tenham força suficiente para substituir
o que ele diz. Se com isso começar a valer a tese do assistente, ganhará a parte
que este representa. Estará, assim, o assistente técnico satisfazendo a
incumbência que lhe foi conferida.

O trabalho escrito pelo assistente técnico sobre os fatos da perícia e o


entendimento destes sob o prisma da técnica e da ciência, mais as referências
que faz ao laudo do perito, é chamado parecer de acordo com o Código de
Processo Civil – CPC. Por outros é chamado também de laudo. Sucede que,
muitas vezes, as conclusões do assistente técnico são tão diversas do que
consta no laudo do perito, que o trabalho escrito do primeiro passa a ser,
entretanto, um laudo completo, bem diferente de um pequeno número de
contestações ou afirmações sobre o laudo do perito, redação que se pode
afirmar, pacificamente, como sendo um parecer. O laudo do perito, como o
parecer do assistente técnico, são provas produzidas dentro do processo.

O assistente técnico é de confiança da parte que o contratou,


tacitamente expressa no CPC. É provável dar a impressão de que o juiz nem
venha a ler as contestações, pareceres ou laudos dos assistentes, por esse
motivo. Mas a experiência mostra o contrário, os juízes costumam analisar os
pareceres dos assistentes conjuntamente com o laudo do perito.

11
QUAL O TRABALHO DO PERITO

O perito é chamado pela Justiça para oferecer laudos técnicos em


processos judiciais, nos quais podem estar envolvidos pessoas físicas, jurídicas
e órgãos públicos. O laudo técnico é escrito e assinado pessoalmente pelo perito
e passa a ser uma das peças (prova) que compõem um processo judicial.

O trabalho é remunerado e geralmente cabe adiantamento de


honorários, quando solicitados na devida forma.

Não há horário fixo para o trabalho, podendo ser realizado quando se


dispõe de tempo. Como a atividade não exige exclusividade, há possibilidade do
profissional estar empregado ou ter outras atividades e realizar perícias durante
seu tempo disponível.

Por outro lado, o caráter da função e a importância que a reveste


provocam interesse e honram o profissional nomeado perito, tornado a ocupação
incomum.

Mercado

O mercado de trabalho de perícias judiciais é farto para administradores,


contadores, economistas e engenheiros civis.

Dependendo do tamanho da população e das características das


atividades econômicas da localidade, exercer a função de perito pode ser
convidativa a agrônomos, engenheiros mecânicos e eletricistas, químicos e
médicos.

Entretanto, os profissionais pertencentes a estas categorias e outras que


não sejam a administração, as ciências contábeis, a economia e a engenharia
civil devem sempre pesquisar em suas regiões de ação o mercado a fim de
verificar se a demanda de perícias justifica realizar-se investimentos como a
aquisição de bibliografia.

12
Situação ideal para explorar à área

Devido às características do encargo, o ideal é o profissional interessado


em ser perito ter uma renda que possibilite tranqüilidade no início da atividade,
ou então, já possuir uma ou mais atividades, a qual ou as quais a perícia judicial
viria se somar, aumentando assim o leque de serviços que prestava.

O volume de perícias que dê ao profissional um rendimento médio


mensal que proporcione trabalhar única e exlcusivamente com perícias pode
algum levar tempo.

LAUDO PERICIAL E OUTROS DOCUMENTOS TÉCNICOS

Muito se fala a respeito do laudo pericial e várias outras peças formais,


que estão muito próximas como expressão técnica de algum tipo de exame que
seja realizado, visando esclarecer um fato ocorrido ou determinada dúvida de
natureza específica.

Nesse universo de peças técnicas, teríamos o laudo pericial - oficial


ou não, o parecer técnico - com fins de atendimento à Justiça ou não, e o relatório
técnico. Além das dúvidas existentes quanto à titulação dessas peças técnicas,
maior é a confusão sobre o conteúdo de cada uma delas. Tanto as primeiras,
quanto às de conteúdo, procuraremos discorrer individualmente, no sentido de
trazer à discussão um assunto que tem gerado algumas discussões no âmbito
verbal, porém, muito pouco de interpretação formal existe à respeito.

Outro aspecto que pretendemos abordar, é quanto aos profissionais


habilitados para a execução dessas tarefas técnicas, tanto sob a ótica da
competência legal, como aquelas de natureza técnico-especializada que devam
ser observadas ou que melhor se recomenda para esse mister.

A fim de sistematizar nossa abordagem, vamos analisar cada uma


dessas peças técnicas, enfocando suas peculiaridades, objetivos, aplicações e
conteúdos que entendemos ser necessário observar na suas respectivas
produções.

13
No entanto, ainda como preliminar para embasarmos nossa
discussão, vamos descrever a seguir o significado vernacular de algumas
expressões que merecerão a nossa atenção na presente análise.

Laudo: Escrito em que um perito ou um árbitro emite seu parecer e


responde a todos os quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes
interessadas. Parecer do louvado ou árbitro; peça escrita, fundamentada, em
que os peritos expõem as observações e estudos que fizeram e consignam as
conclusões da perícia.

Perícia: Qualidade de perito. Destreza, habilidade, proficiência.


Exame de caráter técnico e especializado. PERICIAL: Relativo à perícia.
Qualidade de perito; habilidade, destreza, exame ou vistoria de caráter técnico e
especializado.

Perito: Experiente, hábil, prático, sabedor, versado. Aquele que é


prático ou sabedor em determinados assuntos. Aquele que é judicialmente
nomeado para exame ou vistoria. Experimentado; sabedor; hábil; douto; prático.
Aquele que é prático ou sabedor; aquele que está habilitado para fazer perícias.
O nomeado judicialmente para exame ou vistoria.

Parecer: Opinião. Opinião técnica sobre determinado assunto.

Relatório: Descrição minuciosa de fatos de administração pública ou


de sociedade. Parecer ou exposição dos fundamentos de um voto ou apreciação.
Exposição prévia dos fundamentos de um decreto, decisão, etc. Exposição de
todos os fatos de uma administração ou de uma sociedade.

Técnico: Próprio de uma arte ou ramo específico de atividade. Aquele


que é perito numa atividade. Próprio de uma arte ou ciência; O que é perito numa
arte ou ciência.

Técnica: Conhecimento prático. Conjunto dos métodos e pormenores


práticos essenciais a execução perfeita de uma arte ou profissão. A parte
material ou o conjunto de processos de uma arte; prática.

Assistente: Que assiste, observando ou colaborando. Pessoa


presente a um ato ou cerimônia. Pessoa que dá assistência.

14
Com isso, colocamos como compreensão inicial aquelas constantes
do dicionário e, a seguir, faremos as contextualizações e discussões de cada
peça técnica, onde mostraremos que o significado poderá ser um pouco mais
restrito ou ampliado, considerando o enfoque técnico e/ou jurídico das suas
interpretações à luz da atualidade.

02 - LAUDO PERICIAL

O laudo pericial é uma peça técnica formal que apresenta o resultado


de uma perícia. Nele deve ser relatado tudo o que fora objeto dos exames levado
a efeito pelos peritos. Ou seja, é um documento técnico-formal que exprime o
resultado do trabalho do perito.

Dentre as várias peças técnicas, podemos dizer que o laudo pericial


é o documento mais completo, em razão da sua origem que é um exame de
natureza pericial, feito por peritos.

Aqui vale ressaltar que, sob o enfoque técnico-jurídico, um exame


pericial pressupõe um trabalho de natureza eminentemente técnico-científico e
da maior abrangência possível. É, portanto, um trabalho (exame pericial) levado
a efeito por especialistas (peritos) naquilo que estão a realizar, cuja obrigação é
dar a maior abrangência possível ao exame.

Sabemos que um exame pericial deve se pautar pela mais completa


constatação do fato, análise e interpretação e, como resultado final, a opinião de
natureza técnico-científica sobre os fatos examinados. Os peritos não devem se
restringir ao que lhes foi perguntado ou requisitado, mas estarem sempre atentos
para outros fatos que possam surgir no transcorrer de um exame.

Assim, a partir desse amplo e completo exame (a perícia), a peça


técnica capaz de exprimir o universo dessa perícia é o Laudo Pericial.

O laudo pericial é, portanto, o resultado final de um completo e


detalhado trabalho técnico-científico, levado a efeito por peritos, cujo objetivo é
o de subsidiar a Justiça em assuntos que ensejaram dúvidas no processo.
Dentro desse objetivo, temos aqueles laudos destinados à Justiça Criminal e os
que se destinam à Justiça Cível.

15
02.1 - Laudo Pericial Criminal (Laudo Oficial)

O laudo pericial com destino à Justiça Criminal tem como suporte


uma série de formalidades e de regulamentos emanados, principalmente, do
Código de Processo Penal, que o diferencia em vários aspectos daqueles
destinados à Justiça Cível.

A principal característica do laudo pericial criminal é que todas as


partes integrantes do processo dele se utilizam, pois é uma peça técnica-pericial
única, determinada a partir do artigo 159 do CPP (Os exames de corpo de delito
e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais.). Só há a figura do perito
oficial para fazer a perícia, cujo laudo poderá ser utilizado desde a fase de
investigação policial até o processo, neste, tanto pelo magistrado, promotor ou
partes representadas pelo advogado.

Como vemos, qualquer necessidade de perícia no âmbito da Justiça


Criminal, deve ser feita por peritos oficiais, que são aqueles profissionais de nível
superior ingressos no serviço público (Institutos de Criminalística ou Institutos de
Medicina Legal) mediante concurso público, com a função específica de fazer
perícias.

Em razão de ser uma prestação jurisdicional emanada do Estado,


reveste-se da oficialidade e publicidade, sendo o Laudo Oficial do inquérito
policial e do processo criminal. Assim, teremos laudo oficial oriundo das perícias
realizadas por peritos legistas e por peritos criminais, que são os chamados
peritos oficiais.

Por ser uma obrigação do Estado prestar os serviços de perícia na


esfera da justiça criminal, os peritos oficiais devem ser funcionários públicos com
a função específica de fazer perícia, não havendo qualquer remuneração direta
aos peritos signatários do laudo pericial. Os peritos receberão seus vencimentos
normais como funcionários que são, jamais poderão ser remunerados
diretamente por cada laudo emitido com pagamento oriundo das partes
envolvidas no processo.

16
02.2 - Laudo Pericial Cível

O laudo pericial cível tem destinação mais restrita, pois visa esclarecer
dúvidas levantadas pelo magistrado que esteja apreciando um processo.

O exame pericial cível poderá envolver o trabalho autônomo de três


profissionais (peritos) para atuarem sobre um mesmo fato, sendo um nomeado
pelo juiz e os outros dois pelas partes envolvidas no processo. Assim, o
magistrado encontrando alguma dúvida de natureza técnico-científica poderá
nomear um profissional de nível superior para fazer o respectivo exame pericial.

Esse exame pericial realizado pelo chamado "perito do juízo" deve


seguir - do ponto de vista técnico-científico - os mesmos critérios adotados pelos
peritos oficiais na realização das perícias criminais. Esse perito do juízo deverá
analisar todo o fato requerido, além de buscar qualquer outra informação ou
circunstância a ele relacionado que possa ser importante para subsidiar o
magistrado. Deve examinar com todo o cuidado e abrangência aquele objeto da
perícia, a fim de trazer para os autos um trabalho completo e que contemple
todas as informações possíveis de serem extraídas daquele evento.

A perícia realizada na esfera da justiça cível não é obrigação do


Estado. Desse modo, se o magistrado entender necessário o auxílio
especializado, ele nomeará um profissional de nível superior e, cujo pagamento,
será feito inicialmente pelo autor da ação judicial cível.

É, portanto, uma relação direta entre o magistrado e o perito nomeado,


em que o pagamento deverá ser feito pelo autor da ação. O fato do perito do
juízo receber a sua remuneração com dinheiro originário do autor da ação, em
nada o vincula àquela parte, pois ele o recebe dentro da formalidade do
processo, não havendo qualquer relação do perito com o autor da ação.

Dentro das normas previstas no Código de Processo Civil, as partes


envolvidas no processo cível poderão nomear assistentes técnicos para atuarem
no acompanhamento do exame que o perito do juízo esteja realizando.

Os profissionais para realizarem essas atividades, perito do juízo e


os assistentes técnicos, como já salientamos, devem possuir diploma de curso
superior e estarem devidamente inscritos no respectivo conselho regional de

17
fiscalização da profissão, fato esse que deve ser comprovado no processo por
intermédio de apresentação da documentação própria.

Evidente que, tanto o magistrado quanto as partes, deverão procurar


profissionais que, além das exigências já mencionadas, tenham formação e
especialização adequadas ao tipo de exame que se faça necessário naquele
processo.

Dentro dessa necessidade, há sempre uma procura por profissionais


que sejam peritos oficiais, considerando a sua grande experiência na realização
de perícias em geral. Evidentemente, essas nomeações são de caráter particular
entre o magistrado ou as partes com o perito, não envolvendo a sua repartição
de trabalho (IMLs ou ICs). O próprio Código de Processo Civil orienta o
magistrado para dar preferência na nomeação do perito do juízo, dentre os
peritos oficiais, seguindo-se, após a conclusão do trabalho, o respectivo
pagamento pelos serviços prestados.

É comum os magistrados encaminharem expediente aos Institutos de


Criminalística e de Medicina Legal, solicitando a nomeação de peritos oficiais
para atuarem em processos cíveis. Este procedimento está – inclusive – previsto
no artigo 434 do Código de Processo Civil (.... O juiz autorizará a remessa dos
autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento);
todavia, o máximo que os diretores daqueles Órgãos poderão fazer, é indicar um
de seus peritos para que o juiz proceda a nomeação e seja desenvolvida a
respectiva perícia, transação particular entre o magistrado e o perito, mediante
a nomeação direta, não podendo haver a interferência dos respectivos Institutos.

Quanto a peritos oficiais trabalharem como assistentes técnicos para


as partes, no processo cível, nada obsta essa participação desde que nenhum
dispositivo legal da sua relação funcional com o seu Órgão Público
especificamente o proíba, ou algum impedimento de natureza ética, que venha
a conflitar com a sua condição de Perito Oficial.

Considerando que o trabalho do perito do juízo deve ser abrangente,


os assistentes técnicos farão o trabalho de acompanhamento e verificarão se
todos os dados e informações que possam ser favoráveis ao seu cliente estão
contemplados no laudo pericial cível.

18
Se entenderem que foi contemplado, expedirão um relatório para ser
anexado ao processo, informando quanto a sua concordância com o conteúdo
do laudo pericial cível ou poderão – diretamente - assinar junto com o perito do
juízo aquele laudo.

Porém, se qualquer deles não concordar com os termos do laudo


pericial cível, deverão fazer um parecer técnico onde evidenciarão a sua
discordância técnica sobre as conclusões a que chegou o perito do juízo. Por se
tratar de relatório ou parecer técnicos, vamos discutir essa situação com mais
detalhes no item próprio desse trabalho.

03 - PARECER TÉCNICO

Esse documento denominado de parecer técnico tem uma infinidade


de aplicações e seu conteúdo é relativamente genérico, podendo abordar desde
a análise de fatos concretos até situações hipotéticas que venham a servir de
parâmetro para outras análises e/ou conclusões.

O parecer técnico diferencia-se do laudo pericial em razão de ser um


documento conseqüente de uma análise sobre determinado fato específico,
contendo a respectiva emissão de uma opinião técnica sobre aquele caso
estudado. Sobre esse tema, assim se manifesta o ilustre Perito Criminal de
Pernambuco Ascendido Cavalcante em seu livro Criminalística Básica (Ed.
Sagra D.C. Luzzatto, Porto Alegre, RS):

“É a resposta a uma consulta feita por interessado sobre fatos


referentes a uma questão a ser esclarecida. Pode tratar-se de um exame
propriamente dito ou de uma opinião a respeito do valor científico de um trabalho
anteriormente produzido, quer seja por peritos oficiais, ou não; assim sendo, é
um documento particular que independe de qualquer compromisso legal e que é
aceito ou faz fé, pelo renome, competência e qualidade morais de quem o
subscreve.”

Portanto, o parecer técnico sempre deverá ter um objetivo específico


a se dedicar, excluindo-se da análise quaisquer outros elementos que não
venham a corroborar e respaldar o objetivo de tal análise.

19
Assim, em se tratando de um parecer técnico emitido por assistente
técnico que não concordou com o laudo do perito do juízo, ele irá analisar e emitir
a sua opinião sobre os fatos que possam respaldar os argumentos do seu cliente
(a parte que o nomeou no processo); se foi requisitado por uma empresa privada,
deverá se dedicar a buscar elementos técnicos que corroborem a tese do seu
cliente, todos, é claro, dentro dos rigores da ética e da busca da verdade
apontada a partir dessa análise técnico-científica.

Outro aspecto caracterizador do parecer técnico é a sua requisição e


respectivo destinatário. Ele só ocorrerá porque alguém (justiça, órgãos públicos,
empresas privadas, pessoas) necessita de esclarecimento sobre determinado
assunto que não detenha conhecimento ou competência legal para realizá-lo. E,
obviamente, terá sempre um destinatário específico que, geralmente, é quem o
requisitou.

A gama de profissionais habilitados a realizar exames que tenham


por conseqüência gerar um parecer técnico, também é muito vasta em razão do
que já discutimos sobre a variedade de situações.

A primeira preocupação para quem requisita um trabalho dessa


natureza é verificar se tal atividade está dentro daquelas relacionadas como de
exclusiva competência de determinada profissão de nível superior. Em assim
sendo, obrigatoriamente deve se buscar um profissional com uma habilidade
técnico-legal para realizar o trabalho. Em se tratando de nomeação de assistente
técnico para a Justiça Cível é também obrigatório (mesmo que a atividade não
seja exclusiva de nenhuma profissão) que o profissional, além de possuir
diploma de curso superior, esteja registrado no conselho regional de fiscalização
de sua profissão.

Todavia, inúmeras situações encontraremos em que o objeto do


exame requer o conhecimento técnico de pessoas que possuam prática em
determinado ofício, independente de ter formação acadêmica ou não.

Também nesses tipos de trabalhos há uma grande procura pelos


peritos oficiais, em razão da sua experiência em vários tipos de exames. Tanto
para o caso de assistente técnico no processo cível, quanto para qualquer outro
trabalho destinado a outros órgãos públicos ou privados, é comum a participação

20
dos peritos oficiais na condição de contratados particularmente pela parte
interessada em analisar e opinar sobre determinado fato, com a respectiva
emissão do relatório técnico. A limitação imposta ao perito oficial para atuar
nesses tipos de serviços particulares é somente em relação ao seu estatuto
funcional-administrativo, se este assim o restringir.

Em não havendo restrição funcional-administrativa, resta aquela de


caráter ético-legal, onde, especialmente o perito oficial, se tal assunto objeto de
seu exame em instância extra-oficial chegar posteriormente a uma situação de
necessidade de ser feita uma perícia criminal, jamais este perito poderá fazê-lo,
devendo se declarar impedido, nos termos dos artigos 112, 254 e 255 do Código
de Processo Penal.

Para esses tipos de serviços também é comum os interessados


buscarem diretamente por intermédio de associações de peritos a indicação
daqueles associados com prerrogativas legais e/ou conhecimento técnico sobre
o assunto a ser analisado. Quanto à relação existente entre a associação e o
perito por ela designado é questão interna, onde a remuneração pelo trabalho
realizado poderá ficar totalmente para a associação ou ser repassado parte ao
associado que efetuou o trabalho. Sobre a restrição - se houver - no estatuto
funcional-administrativo, na situação em que a remuneração ficou totalmente
para a sua associação, essa restrição não se aplica ao perito, pois ele estará
trabalhando gratuitamente para a sua entidade de classe.

Ainda dentro dessa vasta incursão do parecer técnico, ele também se


aplica como documento a ser emitido por peritos oficiais no exercício de suas
funções públicas (ICs e IMLs) quando se tratar de alguma requisição de
autoridades, onde não se trate especificamente da realização de uma perícia nos
moldes tradicionais, determinados pelo artigo 158 do Código de Processo Penal
(Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.), mas de
alguma análise de situação real ou hipotética a partir de depoimentos nos autos
para saber da coerência técnica do que é alegado, ou qualquer outra situação
no inquérito policial ou processo criminal que necessitem do conhecimento
técnico-especializado do perito oficial.

21
Mesmo o Código de Processo Penal não admitindo a figura do
assistente técnico no processo criminal, vez por outra encontramos pareceres
técnicos elaborados por profissionais que não são peritos oficiais, contestando o
laudo oficial ou levantando outras situações. Lógico que o magistrado não pode
aceitar esse documento como se fosse uma outra perícia, mas ele poderá
considerá-la como mais um elemento de prova que qualquer das partes venha
trazer aos autos, o que estaria respaldado pelo amplo direito de defesa. É um
tipo de procedimento que os peritos oficiais não recomendam, porque em alguns
gera-se distorções de natureza processual, uma vez que, se qualquer das partes
tiver alguma dúvida ou encontrar lacunas no laudo oficial, o próprio Código lhes
garante todo o direito de levantar esses questionamentos até chegar na situação
de realização de uma outra perícia por outros peritos oficiais.

04 - RELATÓRIO TÉCNICO

Genericamente falando sobre o que seria um relatório, teríamos uma


multiplicidade de situações onde ele se aplicaria, pois é quase que cotidiano
vermos referências à elaboração de um relatório em razão de algum fato ou
atividade desenvolvida.

Como nesse trabalho nos interessa aquilo que esteja relacionado ao


trabalho pericial e atividades afins, restringiremos nossa discussão dentro
desses limites. Poderemos ver, então, que um relatório técnico será o resultado
de algum exame ou ação específica que tenha sido realizado por alguma pessoa
que detenha conhecimento técnico-especializado e prático.

Assim, o objeto que originou um relatório técnico será algum exame


parcial ou análise sobre determinada situação específica, cujo resultado -
evidenciado por intermédio do relatório técnico - servirá para complementar um
estudo maior sobre um fato questionado.

Diferencia-se o relatório técnico do parecer técnico, em virtude deste


conter a análise e opinião sobre o objeto do exame, enquanto que o relatório
técnico é apenas um relato da ação (do exame) desenvolvida, com o respectivo
resultado, se for o caso.

22
Na perícia oficial é muito rotineiro esse documento, em função dos
exames complementares que os peritos criminais, p.ex., requisitam de outros
peritos em setores distintos dos Institutos de Criminalística, a fim de obterem
informações técnico-especializadas sobre partes do todo que estão analisando
em uma perícia.

Outra situação aplicável no âmbito da perícia é no processo cível,


quando os assistentes técnicos vierem a concordar com o resultado da perícia
realizada pelo perito do juízo. Além de poderem assinar junto o próprio laudo
daquele perito, terão a possibilidade (e julgamos a mais recomendável) de emitir
um relatório sobre o acompanhamento dos trabalhos periciais e sua respectiva
concordância com os resultados ali evidenciados.

Os profissionais que atuam nessas tarefas, são os mais variados


possíveis, pois sua formação dependerá do tipo de conhecimento ou prática
necessária. Poderão estar envolvidos profissionais de nível superior se o
trabalho for atividade exclusiva de alguma dessas profissões ou qualquer outra
pessoa especialista em determinado assunto.

Também nessas atividades que geram os relatórios técnicos, os


peritos oficiais são muito requisitados, diretamente ou por intermédio de suas
entidades de classe, em razão da vasta experiência que possuem. Sobre as
restrições para desenvolverem esse tipo de trabalho, são as mesmas verificadas
para o caso dos pareceres técnicos.

05 - OUTROS DOCUMENTOS TÉCNICOS E/OU APLICAÇÕES

Ficou claro até esse ponto que a nossa abordagem restringiu-se aquilo
que tenha relação direta ou indireta com o Perito Oficial (perito criminal ou perito
legista), porém, face à diversidade de aplicação e utilização desses documentos
técnicos, vamos comentar duas situações, como forma de ilustrar essa
abrangência.

Uma grande utilização da expressão "laudo" é feita na área da


medicina, onde é comum vermos para qualquer exame que um médico realize,
ao emitir um documento relatando essa tarefa, intitula-o de "laudo médico".

23
Nesse aspecto, para evidenciar o exagero do uso dessa expressão,
basta reportarmo-nos ao significado do vocábulo "laudo" no dicionário (Escrito
em que um perito ou um árbitro emite seu parecer e responde a todos os quesitos
que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas.) para
constatarmos que "laudo médico" só se aplicaria quando ele estivesse atuando
como perito em algum tipo de exame. Sobre isso, existem várias situações em
que o médico estará

atuando como perito, cujo trabalho não se destina à Justiça (se for
para a Justiça, seria o "laudo pericial criminal oficial" ou "laudo pericial cível"),
mas a outros Órgãos Públicos, como a previdência social, os acidentes de
trabalho, nos concursos públicos e tantos outros.

A partir dessa delimitação, podemos dizer que nas situações onde o


médico venha a realizar qualquer exame para um paciente seu (se fosse perícia,
o objeto do exame seria o "periciando"), ao emitir documentos técnicos com fins
diversos, não cabe utilizar a expressão laudo médico, mas sim parecer ou
relatório técnico, dependendo da complexidade de cada caso.

Mas não é só na área da medicina que encontramos essa utilização


exagerada da expressão "laudo" em documentos que relatam exames
efetuados. Até em oficinas mecânicas de automóveis são utilizados para
apresentar o resultado de um exame das condições do veículo. No máximo, para
um caso desses, seria utilizar o documento intitulado relatório técnico, uma vez
que o conteúdo daquele trabalho não se enquadra na complexidade de um
laudo.

24
CONCLUSÃO

Diante do que discutimos até aqui, temos que o laudo pericial é o


documento técnico mais completo, contendo o resultado da constatação,
registro, análise, interpretação, conclusão e opinião sobre um objeto periciado,
onde a Justiça é a destinatária final desse documento.

O parecer técnico é o documento que exprime o resultado de uma


trabalho de análise, seguida de uma opinião sobre um evento específico que
esteja sendo examinado. Os destinatários desse documento (de acordo com o
requisitante inicial) poderão ser a Justiça, outros órgãos públicos, entidades ou
empresas privadas e pessoas em geral. É, portanto, uma produção técnica
intelectual independente, destinada a opinar sobre determinado fato ou assunto.

Já o relatório técnico é um documento que apresenta o resultado de


um exame de uma particularidade, que servirá para integrar o conjunto de um
exame maior e para auxiliar na interpretação de outros fatos. É um relato da ação
técnica, específica, desenvolvida.

Sobre a participação de peritos oficiais em atividades que não sejam


aquelas de fazer perícia criminal, para o qual foram concursados, é um assunto
que tem gerado uma série de dúvidas e distorções, sendo essa uma das razões
da abordagem deste assunto neste capítulo, visando colaborar na interpretação
desse situação, tendo em vista que os mesmos, por requisito obrigatório, são
profissionais devidamente habilitados em determinadas áreas da ciência, lhes é
assegurado por seus conselhos de classe a prerrogativa de produção de
documentos técnicos com a expressão de suas opiniões, as quais, obviamente,
não deverão ser da esfera criminal, a não ser se por nomeação judicial.

A função desenvolvida pelo perito oficial está claramente definida no


Código de Processo Penal e, sobre ela, não há o que contestar. O que existe
especificamente nesse caso, são outros funcionários públicos querendo se
autodenominar de "peritos" para realizarem alguns tipos de perícia na esfera
criminal. Isso é totalmente equivocado e ilegal, pois o artigo 159 do referido
Código é taxativo quando diz que "Os exames de corpo de delito e as outras

25
perícias serão feitos por dois peritos oficiais". E, para ser perito oficial é
necessário os requisitos de formação acadêmica e ingresso na função mediante
concurso público específico para essa atribuição.

O perito oficial em qualquer situação poderá atuar como "perito do


juízo" no âmbito da Justiça Cível. Será uma relação direta e particular do perito
com o magistrado, onde será estabelecido - inclusive - o valor dos honorários
pelo serviço prestado. Essa participação do perito oficial, conforme já
mencionamos, é recomendada pelo Código de Processo Civil nas situações de
perícia médica e perícia documentoscópica e, por extensão, para qualquer outro
tipo de perícia.

Nas outras situações de contratações particulares dos peritos oficiais


para atuarem como assistente técnico na Justiça Cível ou qualquer outro
trabalho para outros órgãos públicos, entidades e empresas privadas ou pessoas
diretamente, o único fator que impediria sua contratação seria algum dispositivo
legal específico, que expressamente o proibisse. Mesmo nessa situação de
impedimento, se o perito realiza um trabalho particular de forma gratuita por
intermédio da sua entidade de classe, nada lhe impedirá de fazê-lo.

A razão da procura de peritos oficiais para desenvolverem perícias


na Justiça Cível e outros trabalhos técnicos, respalda-se no grande conceito que
esses profissionais possuem no mercado, em razão da sua vasta experiência.
Ainda mais, esse fato se torna imprescindível para quem necessita dos serviços
de peritos, quando se tratar de áreas de conhecimento que só os peritos oficiais
possuem prática, como é o caso de perícias documentoscópicas, trânsito, e
mesmo aquelas relacionadas à contabilidade, engenharia, biologia, medicina e
outras, em que necessita de conhecimentos complementares da técnica
criminalística.

A perícia oficial é base para uma investigação policial moderna e


isenta de qualquer subterfúgio que desrespeite as garantias individuais do
cidadão. Os direitos humanos somente serão rigorosamente observados no
âmbito das polícias, se tivermos os Institutos de Criminalística e de Medicina
Legal, funcionando em estruturas autônomas, devidamente equipados e com

26
efetivos adequados, para trabalharem em estreita parceria com os policiais,
subsidiando-os com as ferramentas científicas da investigação.

Também, é a perícia oficial que fornecerá as provas mais consistentes


para o processo criminal, criando as condições necessárias para que o
magistrado possa aplicar corretamente a justiça. Critica-se muito a Justiça pela
sua ineficiência e morosidade, porém, nós que integramos esse sistema,
sabemos que parte da sua alardeada ineficiência é oriunda da não priorização
em investimentos para os Institutos de Perícia, o que acaba refletindo em
processos sem provas periciais suficientes para subsidiar a convicção do
magistrado sobre os fatos relatados naquela peça processual.

Assim, cabe, a todos nós da sociedade, travarmos um cruzada pelo


desenvolvimento da criminalística no Brasil.

27
REFERÊNCIAS

LÓPEZ, E. Mira. Manual de Psicología Jurídica. Buenos Aires: El Ateneo,


1945.

RASKIN, D. Métodos psicológicos en la investigación y pruebas


criminales. Bilbao: DDB, 1994.

ROMERO, E. Psicología de la conducta criminal. In: Módulo 5 del Máster


en Psicología Forense Internacional. Granada: Asociación Española de
Psicología Conductual, 2001.

SORIA, M. Psicología y práctica jurídica en el Derecho. Barcelona:


Biblioteca de Derecho, 1998.

URRA, J. Confluencia entre psicología y derecho. In: URRA, J;


VÁZQUEZ, B. Manual de Psicología Forense. Madrid: Siglo XXI, 1993.

VITACCO, M; ROGERS, R. Predictors of adolescent psychopathy: the


role of impulsivity, hyperactivity and sensation seeking. Journal of The American
Academy of Psychiatry and The Law, v. 29, n. 4, p. 374-382, 2001.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Eletrônico –


Século XXI. Versão 3.0. Editora Nova Fronteira & Lexikon Informática, 1999.

MARQUES, José Frederico. Estudos de direito processual penal. 2ª ed.


São Paulo: Millennium, 2001.

QUEIROZ, Carlos Alberto Marchi. Manual operacional do policial civil:


doutrina, legislação, modelos. São Paulo: Delegacia Geral de Polícia, 2002.

ROCHA, Luiz Carlos da. Investigação Policial. São Paulo: EDIPRO,


2003.

28

Você também pode gostar