TCC Julliana
TCC Julliana
TCC Julliana
QUIXADÁ
2022
JULLIANA FREIRE NICOLAU DE LIMA
QUIXADÁ
2022
JULLIANA FREIRE NICOLAU DE LIMA
BANCA EXAMINADORA
Albert Einstein
AGRADECIMENTOS
Inventory management tools and demand forecasting methods are usually applied to medium
or large companies. The present work demonstrated that the application of these concepts is
feasible in a microenterprise in the retail sector. Currently, retail microenterprises are inserted
in an increasingly unstable economy and with increasingly fierce competition, so that efficient
inventory management is essential for the financial security of the company seeking to achieve
competitive advantages. Therefore, there are several tools that collaborate with the inventory
control and management process in order to make products available to customers in the right
quantity, at the right time, and at the right price. One of these tools is the so-called ABC
analysis, which, in addition to verifying the ideal quantity of merchandise and its compatibility
in the share of gross sales, also acts to eliminate the rupture, which causes serious problems for
the retailer. Other important tools are the Safety Stock and the Order Point which were
demonstrated in this research. This work shows a case study of the application and its results.
The present research aims to analyze possibilities for the application of inventory management
tools in a micro-enterprise in the construction industry, through the knowledge of practices
already used by the organization, the identification of possible flaws in its practices and the
presentation of improvements. For this, a descriptive and exploratory research was adopted,
with a combined approach, through the collection of documentary data and the observation of
the practices used. Among the main results, it was found that the company studied did not use
any method to define the ideal levels of stocks or purchases. To initially define the size of the
stocks, based on the work of the theoretical survey and the empirical bibliography, an ABC
classification was initially developed and for products that fall into class A, the safety stock and
the order point were defined.
ES Estoque de Segurança
PP Ponto de Pedido
JIT Just-in-Time
TR Tempo de Reposição
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Com o avanço da tecnologia, o comércio ficou cada vez mais competitivo em qualquer
esfera de negócio e consequentemente, têm-se consumidores mais exigentes. Dessa forma, para
atender satisfatoriamente o público alvo, essas empresas estão cada vez mais buscando
ferramentas para contribuir com o aumento da qualidade, redução de custos e tempo de
processo, com o objetivo de manter a atuação e o espaço no mercado.
Uma má gestão dos estoques pode se tornar uma barreira no crescimento das empresas,
em especial das pequenas empresas. Muitas vezes, quando não se tem uma gestão de estoque
eficiente, a administração decide priorizar o atendimento das necessidades imediatas e sem
programação dos consumidores. Para trabalhar assim, é preciso ter em estoque uma grande
variedade de itens, tornando mais difícil uma gestão eficiente e correndo o risco da falta de
algum item que tenha maior giro assim como excesso de itens de menor relevância. Tudo isso
pode vir a gerar a diminuição das vendas considerando a falta do produto como também o
acúmulo de recursos investidos em estoque por um longo período de tempo.
Se o nível de estoque não for mantido de forma adequada, terá impacto direto no fluxo
de caixa e consequentemente em todo resultado financeiro da empresa. O fato de ter muito
estoque não garante disponibilidade do produto correto e satisfação do cliente, mas pode causar
danos à rentabilidade da empresa (OLIVEIRA, 2019).
Apesar da relevância do tema, muitas empresas ainda não conseguem constatar o valor
que se tem em implementar corretamente metodologias relacionadas à gestão de estoques para
organizar o mesmo e definir o tempo e a quantidade que deve ser comprada, com o intuito de
se fazer mais competitivas e se manter no mercado.
de reduzir custos e melhoria da qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos ao cliente. O
gestor precisa ter informações sobre as principais técnicas da gestão de estoque e produção,
como por exemplo: Curva ABC, Lote econômico de compra (LEC), Ponto de pedido, MRP
(Material Requeriment Planning), entre outros.
A gestão de estoques aplicada com eficiência proporciona a empresa dados para que não
haja falta dos produtos para o cliente, permite uma compra adequada à demanda e não maior
do que o preciso, fazendo com que se tenha redução dos desperdícios.
Diante do exposto, este trabalho tem como objeto de estudo uma empresa do segmento
varejista chamada de ADSP Elétrica, ME (Micro Empresa) situada no centro da cidade de
Quixadá, que oferece materiais de construção, elétricos e hidráulicos em geral. A ADSP
Elétrica, como uma empresa de varejo, atua com a compra e revenda de mercadoria. Entre esses
processos, é indispensável uma gestão inteligente do estoque para que se possa reduzir os seus
custos empregando ferramentas de gestão.
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
Em sua pesquisa, Oliveira et al. (2016, p. 10) afirmam que “a falta de conhecimento
sobre as metodologias de gestão de estoque e até mesmo o desconhecimento sobre os tipos de
estoque e a ausência de departamentos específicos para gerenciamento dos estoques são os
principais desafios para a gestão de estoques das MPEs”.
No que tange ao varejo da construção civil, Lopes (2021, p. 14) afirma que:
A partir desse contexto, este trabalho busca responder à seguinte questão: Como realizar
uma gestão de estoques eficiente para um comércio varejista da construção civil de pequeno
porte?
Esse trabalho se justifica visto que os estudos em pequenos comércios varejistas do ramo
de construção civil mostra que a grande maioria não utiliza de fato ferramentas gerenciais para
controle e gestão de estoque, assim como não mostram uma metodologia de gestão de estoques
que traga a redução dos níveis de estoque e a melhoria das suas aplicações em compras. Logo,
por conta dessas possíveis fraquezas relacionadas à gestão de estoques, além da constante e
necessária procura por melhorias gerenciais que possibilitem vantagens competitivas, é
percebido a necessidade de que seja aplicada ferramentas da qualidade para definição de quais
produtos devem ter prioridade no controle e planejamento de estoques da empresa e a
implantação da mesma para que possam continuar utilizando a ferramenta posteriormente.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo apresenta primeiramente uma introdução ao tema de estoque, assim como
seus tipos e gerenciamento, em seguida as ferramentas de gestão de estoques que serão
utilizados no trabalho como também outras ferramentas que mesmo não utilizada neste
momento poderão ser aplicadas em projetos futuros.
2.1 Estoque
De acordo com Silva (2020), o estoque dentro de uma empresa é uma ferramenta de
muita importância e que exige cuidados, pois temos basicamente dois lados. Um deles gera
certa garantia em relação a variação incerta e dinâmica de demanda, no entanto, uma grande
quantidade de produto em estoque pode ocasionar perdas relativas ao investimento e
manutenção visto que ocupam espaço, podem deteriorar e perder o produto.
Silva (2020) ainda argumenta que o estoque tem como papel principal atender a
demanda através do suprimento de mercadoria, pois quando o abastecimento não é paralelo à
demanda, teremos então a necessidade de possuir produtos em estoque.
Chiavenato (2014) diz que o estoque é composto de materiais, podendo ser matérias-
primas, materiais em processamento, materiais semiacabados, materiais acabados, produtos
acabados que não é consumida em algum momento na empresa, mas que é preciso permanecer
em função de necessidades iminentes.
Para que a empresa mantenha suas finanças como desejada ela precisa fazer uma gestão
de estoques eficiente, pois se optar por condicionar um nível de estoque maior que o preciso
pode até passar uma segurança de atender as demandas dos clientes de imediato, porém, isso
pode chocar com um custo que pode comprometer outras áreas da empresa ou acumular capital
que poderia ter sido aproveitado em outros investimentos (CAMPOS, 2017).
4
Ballou (2006) separa o estoque em cinco categorias diferente, que serão apresentadas
na tabela 1 a seguir:
Estoque de especulação formados por materiais como ouro, prata e cobre que
possuem valorização financeira constante no
mercado.
Segundo Lima (2013) uma boa gestão de estoques faz com que o gestor tenha a
visualização de que o estoque está sendo bem utilizado, se está em boa localização em relação
ao layout, se bem armazenado, se está sendo utilizado de forma correta e se está tendo o melhor
controle possível. Para isso o gestor pode fazer uso de algumas aplicações como.
Inventário físico: resume-se a contagem dos produtos em estoque. Caso o estoque esteja
desproporcional ao registro de controle de estoque as medidas cabíveis relacionadas a
contabilidade e tributação devem ser tomadas para que não cause prejuízo a empresa.
Ele pode ser:
o Periódico: onde uma ou duas vezes por ano a empresa convoca alguns
colaboradores com a missão de contagem dos itens.
o Rotativo: quando os itens são contados de forma constante, ou seja, a empresa
define um período para que a recontagem seja realizada, a qual pode ser diária,
semanal, quinzenal, mensal, entre outros.
Acurácia dos controles: depois de realizado o inventário, deve-se verificar a acurácia do
estoque, ou seja, o quão exato essa quantidade ou valor está. Ele relaciona os produtos
que foram fisicamente contados e os que estão no sistema de controle de estoque.
Nível de serviço ou nível de atendimento: indica a eficácia do estoque ao atender a
demanda, quanto mais foi atendida e está igualmente relacionada ao sistema de controle,
6
Ballou (2006) lembra que duas filosofias aperfeiçoam o gerenciamento do estoque. Uma
delas fala do conceito de “puxar” onde, nenhum ponto de estoque depende do outro, a demanda
de reposição é calculada de acordo com a realidade de cada ponto. Visa principalmente reduzir
o desperdício. O outro conceito é o de “empurrar”, este produz o máximo que pode baseado em
uma demanda, porém, a quantidade pedida de reposição pode não está orientada com o lote de
produção ou volume de pedido.
A gestão de estoque procura manter um controle frequente das quantidades que devem
estar disponíveis conforme a demanda da empresa, pois é procurado o menor tempo e menor
volume do material em estoque (DUARTE; RODRIGUES, 2020).
Rigoleto et al. (2017) afirma que para obter uma boa gestão é fundamental que haja uma
adequada liderança, pois desse modo é esperado que os problemas sejam identificados em
tempo hábil, critérios e alternativas de ação definidas para que sejam obtidos bons resultados
nas tomadas decisão.
A gestão eficiente dos estoques deve fazer uso de ferramentas e técnicas que venham a
otimizar a capacidade de armazenamento, diminuindo custos e identificando uma possível
ausência de produto no momento solicitado pelo cliente, além de proporcionar resposta mais
efetivas a variações de demanda (DAVID et al., 2019).
7
Santos et al. (2017) menciona que existem ferramentas próprias da gestão de estoques,
como por exemplo, o Lote Econômico de Compra (LEC), a Curva ABC, o Estoque de
Segurança, o Estoque Máximo, o Ponto de Ressuprimento, o Just in time e o Inventário.
seja, define como devem ser arquivadas as informações sobre estoques e qual metodologia será
estabelecida para tomada de decisões e definição de prioridades dos itens de estoque.
De acordo com Wissmann (2021), a primeira etapa de um processo de compra deve ser
a escolha de um fornecedor, pois quanto melhores as condições oferecidas por ele, melhores os
resultados de uma boa compra e consequentemente mais vantagens competitivas a empresa
terá.
Viana (2006) diz que a seleção de bons fornecedores é indispensável e deve ser
admitida através de seu desempenho. O autor faz referência a quatro critérios, indicados na
Tabela 2:
Ballou (2001) diz que a administração e coordenação entre os setores da empresa devem
ser interligados, visto que setores como marketing, compras e todas as outras atividades dentro
do canal de suprimentos agem de forma conjunta e nenhuma delas devem atuar de maneira
distinta para que não haja qualquer desequilíbrio e/ou impacto nas operações.
De acordo com Kogik (2018) a gestão tem alguns pontos principais para atingir o
sucesso e depende da inter-relação dos diversos setores para que as atividades como manter o
controle de entrada e saída de mercadorias, levantamento dos custos de pedido e de falta de
produtos, realização de inventário e analise da conformidade de estoque para um bom fluxo dos
produtos e controle do estoque mínimo, definir os custos de estoque e armazenagem, além de
uma boa integração dos sistemas de controle, sejam realizadas de forma conjunta e assertiva.
10
Fonseca (2015) também menciona sobre a relação do setor de compras com outras áreas,
quando diz que apesar de cada setor ter suas metas e objetivos particulares, para o planejamento
estratégico devemos levar em conta todas elas. Como exemplo citou a área financeira e
marketing, onde em determinado momento de decisão em ampliar o nível de estoque seria
necessário capital de giro e que campanhas realizadas podem interferir na demanda dos
produtos.
Ballou (2006) descreve a categoria A como os produtos mais vendidos pela empresa, a
categoria B como os produtos de venda mediana e a categoria C são os produtos com fluxo
lento, ou seja, os menos vendidos. E ainda diz que apesar de não haver ao certo uma forma
precisa para a classificação, considerar o nível de venda nessas três categorias já é uma boa
forma para iniciar o processo.
Dias (2010) pontua uma série de quatro etapas a serem seguidas para evitar possíveis
problemas na aplicação do método ABC. A primeira etapa consiste em fazer um levantamento
dos produtos juntamente com quantidade, preços unitários e totais. Na segunda etapa se faz
necessário elencar os itens em uma tabela para que possam ser classificadas em forma
decrescente referente aos preços totais e o somatório deles. Na terceira etapa o valor total de
cada produto deverá ser dividido pelo somatório total de todos os produtos que foi definido na
etapa anterior e após ser preenchida uma nova coluna com o percentual que cada produto
representa. Na quarta e última etapa todos os produtos são divididos e acordo com suas
respectivas classes A, B, e C, considerando a sua prioridade e o tempo disponível para tomada
de decisão do problema.
O cálculo da curva ABC é importante pois possibilita investigar quais dos itens
selecionados tem maior valor agregado e os que não tem. Dessa forma, quando chegar o
momento de recolocar os produtos em sua posição iremos verificar os que oferecem uma
rentabilidade maior e merecem mais atenção (MORO, 2018).
A curva ABC é uma das técnicas mais utilizadas para essa função pois analisa o tempo,
consumo, quantidade e valor dos produtos para assim fazer a classificação da importância de
cada um (NARESSI, 2019).
Como dito, a curva ABC contribui de forma eficaz para a tomada de decisão por parte
da gerência da empresa reduzindo custos e adicionando valor aos clientes. Como a ferramenta
identifica os produtos com maior rentabilidade, favorece a gerência na avaliação da demanda
de recursos em um determinado mix de produtos. Além disso, a curva ABC pode ser usada em
qualquer área de trabalho para visualização de prioridades (SILVEIRA, 2010).
A curva ABC é essencial para a tomada de decisão na composição do estoque. Com ela,
é possível fazer a separação dos produtos em estoque por valor e quantidade possibilitando a
distinção de cada um deles, ajudando na identificação de possíveis problemas na gestão de
estoque, na redução de custos e despesas e no aumento da competitividade (BATISTA, 2015).
Nem todos os produtos em estoque requerem a mesma atenção por parte do controle de
estoques ou precisam estar sempre disponíveis para que os clientes sejam atendidos com o
produto certo, na hora certa. Alguns são mais lucrativos ou requerem um nível de serviço
diferenciado por terem clientes mais exigentes. Como nem todos os itens têm o mesmo
destaque, a dedicação deve ser dada para os mais relevantes (GRAZIANI, 2013).
Ballou (2006) lembra que o resultado do planejamento de acordo com uma filosofia
Just-in-Time é a geração de movimento de produtos que são estudados e metodicamente
sincronizados com as demandas relacionadas. Deste modo, o armazenamento de mercadorias,
13
o qual prevê seu uso futuro requer certo investimento, sendo que seu principal objetivo seria
conciliar de forma ideal a oferta e demanda de tal forma a considerar que a manutenção de
estoques seja dispensável.
Conforme o Princípio de Pareto, na classe A da Curva ABC cerca de 20% dos produtos
representam até 80% da receita da empresa, sendo assim classificada podemos conduzir de
forma mais assertiva os recursos e esforços que serão investidos em estoque (BALLOU, 2006).
Desse modo, afirmamos que a classificação da mercadoria por meio da Curva ABC
prevê noções que auxiliarão na gestão eficiente do estoque intervindo diretamente nos
resultados econômicos da empresa.
De acordo com Dias (2010), o estoque de segurança poderia se elevado ao ponto de não
haver ausência do produto em estoque, no entanto, os custos referentes à manutenção do estoque
se tornariam excessivos. Ao contrário, um estoque menor que o ideal pode acarretar maiores
custos de ruptura com a falta de produto, ocasionando a perda de venda e a interrupção da
produção. Logo, para determinar o estoque mais próximo do ideal o autor se baseia em dois
pontos:
Ainda segundo Dias (2010), podemos usar cinco fórmulas diferentes para a composição
do estoque de segurança serão apresentadas no Tabela 3:
TR = tempo de reposição do
produto
𝑇4 = Atraso no tempo de
reposição
Dias (2010) explica que cada fórmula apresentada na Tabela 3, possui características
próprias para sua aplicação. A fórmula 1 é a mais simples e sem precisão matemática para o
cálculo do estoque mínimo. Já a fórmula 2, apesar de descomplicada só pode ser aplicada caso
o consumo durante o tempo de reposição seja menor que 20 unidades, a demanda do produto
seja instável e ainda que a quantidade solicitada ao estoque seja igual a 1. A fórmula 3 só poderá
ser utilizada caso o tempo de reposição for constante, ou seja, não sofra variações. Pode-se
aplicar a fórmula 4 quando se espera o aumento do consumo no período de atraso do tempo de
reposição, caso não haja atraso, o T4 será igual a zero. A fórmula 5 é a única que admite o
estoque zero e uma possível ruptura por falta do produto.
Emáx= ES + LC
Onde:
ES = Estoque de Segurança;
LC = Lote de Compra
Segundo Machline (1961), o LEC é a quantidade de material que deve ser solicitado por
vez para que o custo total seja mínimo, levando em consideração alguns custos como de
armazenamento e as despesas gerais de compra. Sanvicente (1997) diz que o modelo do Lote
Econômico de Compra define o volume ideal de recursos empregados em mercadorias
estocadas, ou seja, qual volume ideal para que o custo total seja mínimo.
De acordo com Rubin (2016), a conduta para especificar o LEC é pautada em algumas
pressuposições: a cota de consumo para o produto é constante; não há limitação na capacidade,
ou seja, sem racionamento de recursos; os custos de armazenamento e os custos fixos de pedido
são os dois consideravelmente relevantes; as decisões de um produto podem ser tomadas
desvinculadas de outro produto, isto é, a administração de um item não afeta a administração
de outros; descontos não são considerados independentemente da quantidade; o lead time, ou
seja, o tempo esperado entre o pedido e a chegada da mercadoria é constante.
A gestão de estoques considera a procura pelo mais pertinente nível de estoque cíclico
para cada item, determinando o lote econômico de compra. Para Chopra e Meindl (2016, p.
256), " estoque cíclico é o estoque médio em uma cadeia de suprimentos em decorrência de
produção ou compras em tamanhos de lote maiores do que o cliente precisa." Sendo assim,
quando a demanda é uniforme e constante, o estoque cíclico e o tamanho do lote (Q) estão
especificados da seguinte maneira:
𝑄
𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑐í𝑐𝑙𝑖𝑐𝑜 = (1)
2
𝑄
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 = ∗ 𝐶𝑚 (2)
2
Onde,
Q: tamanho do lote
Os autores ainda classificam como custo de pedido todos aqueles relacionados a emissão
e recebimento de um pedido acrescentado independente do seu tamanho. E é composto pela
soma de alguns custos como: o tempo do comprador – é seu tempo gasto fazendo um pedido
extra, caso o comprador esteja operando apenas nesse serviço; custos de transporte –
normalmente é adicionado independentemente do tamanho do pedido, pois um caminhão
cobrará o mesmo valor se estiver cheio de mercadoria ou pela metade; custos de recebimento –
incluem qualquer trabalho administrativo como conferência do pedido de compra e atualização
dos registros de estoque; e finaliza com outros custos – cada cenário pode ter custos específicos,
que serão considerados se forem acrescentados para cada pedido, independentemente da sua
quantidade. (CHOPRA; MEINDL, 2016).
𝐷
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 = 𝑄 ∗ 𝐶𝑝 (3)
Onde,
Q: tamanho do lote
Oliveira et al (2018) ainda citam o custo de aquisição que equivale ao custo de compra dos itens
que ficarão estocados. Matematicamente é representado assim:
Onde,
Krajewski e Ritzman (2004) afirmam que o custo anual total é a soma do custo anual de
manutenção e do custo anual de pedido conforme a figura 3, logo temos:
𝑄 𝐷
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ( 2 ∗ 𝐶𝑚) + (𝑄 ∗ 𝐶𝑝) (5)
De acordo com Bowersox et al (2011), a forma mais eficiente para fazer o cálculo do
LEC é mediante a fórmula matemática a seguir, pois ela verifica a quantidade ótima de
ressuprimento considerando as pressuposições descritas anteriormente. Então temos que:
√2∗𝐶𝑝∗𝐷
𝐿𝐸𝐶 = 𝐶𝑚
(6)
19
Dias (2010) diz que o ponto de pedido ou ponto de ressuprimento é um indicador capaz
de apontar o momento ideal para o reabastecimento dos itens do estoque, para a obtenção do
PP devemos ter ciência do consumo médio mensal, do tempo para que esse produto chegue à
empresa (lead time) e o estoque mínimo, como o autor demonstra na fórmula:
𝑃𝑃 = 𝐶 𝑥 𝑇𝑅 + 𝐸. 𝑀𝑛 (7)
Onde:
PP = Ponto de Pedido
TR = Tempo de Reposição
Viana (2006) destaca ainda que a quantidade do PP deve ser o bastante para que seja
mantido o consumo do produto a ponto de não ser preciso consumir o estoque de segurança.
No entanto, a demanda do setor de varejo é variável, o que pode gerar a necessidade do uso do
estoque de segurança em algumas situações. A preocupação da empresa deve ser de que isso
não se torne uma situação rotineira, pois caso seja, indicará um provável erro no
dimensionamento desse estoque.
Ballou (2006, p. 288) diz que “ é comum que a quantidade do ponto de pedido exceda a
quantidade do pedido. Isso ocorre frequentemente quando os prazos de entrega são
prolongados, ou muito altas as taxas de demanda. ”
20
Ballou (2006, p. 344) cita que “a programação Just-in-Time (JIT) é uma filosofia
operacional que representa alternativa ao uso de estoques para que se possa cumprir a meta de
disponibilizar os produtos certos, no lugar certo e no tempo certo”.
Uma variação do sistema JIT para prática no comércio varejista, é a logística de resposta
rápida. A obrigatoriedade de abastecimento imediato, em razão da variação progressiva do
mercado, força a empresa varejista a fragmentar seu grupo de fornecedores em duas categorias:
a) fornecedores distantes, pois os custos são mais baixos e são específicos para pedidos
presumíveis, e b) fornecedores próximos, para o fornecimento urgentes e ocasional
(MINADEO, 2012).
A Matriz GUT é uma ferramenta aplicada frequentemente pelas empresas para eleger
os problemas que devem ser abordados pela gestão, como também para analisar a prioridade
que algumas atividades devem ser realizadas e antecipadas (PERIARD, 2011).
A grande vantagem em se utilizar a Matriz GUT é que ela dar auxilio à gestão na
avaliação quantitativa dos problemas da empresa, possibilitando priorizar as ações corretivas e
preventivas (PERIARD, 2011).
2.3 Power BI
Mais uma vantagem percebida por essa ferramenta é que as informações e dados podem
ser visualizados por qualquer computador, tablet ou celular em qualquer localização contando
que haja conexão à internet, pois é necessário apenas que o responsável tenha o usuário e senha
para acesso ao Power BI (VALE, 2018).
Segundo Pereira (2020), o Microsoft Power BI é uma ferramenta que nos permite
consolidar as informações, ter maior coerência nos dados apresentados, deixando a
apresentação mais visual e interativa. Essas informações podem estar em diversos formatos,
como uma planilha de Excel ou arquivos colocados na nuvem. O Power BI pode ser aplicado
tanto de uma forma mais simples para pequenos trabalhos no Excel e banco de dados local,
como também para trabalhos mais elaborados como os de alto nível empresarial como
demonstra a Figura 4.
22
A ferramenta Power BI, possui uma interface amistosa para que aqueles usuários com
pouco conhecimento possam ter acesso e usar sem muitos problemas. Com ela é possível fazer
publicações na internet do painel gerencial, admite ajustes para apresentação em dispositivos
móveis e efetua a atualização das informações regularmente. Outro ponto importante é o fato
de existir muitas explicações e tutoriais acessíveis na internet que ensinam como fazer uso da
ferramenta, o que simplifica a aplicação e utilização da mesma pelos colaboradores (PELOIA,
2018).
Como desvantagem Freitas (2020) diz que uma limitação do Power BI é referente à
validação dos dados, pois a ferramenta entende que todas as informações colocadas estão
corretas e somente as coletas. Por isso, não é possível retificar os dados por meio da plataforma.
Logo o responsável deve ter maior cuidado na elaboração, para que as informações estejam
exatas na etapa anterior, antes de ser inserida no Power BI.
23
3 METODOLOGIA
Este capítulo tem como objetivo apresentar a classificação da presente pesquisa, assim
como suas etapas.
Após, para definição do nosso objetivo, foi realizada uma entrevista aberta
semiestruturada com a gerente da ADSP Elétrica, situada no centro da cidade de Quixadá-CE,
com o intuito de verificar e buscar melhorias referentes a gestão de estoque da empresa, assim
como saber se o estoque, tratado de forma atual, estaria suprindo as necessidades da empresa.
Para verificação dos dados e obtenção da curva ABC e do LEC, analisamos os relatórios
gerados pelo sistema da empresa, cedidos pela gerente, contendo os dados de venda dos meses
de outubro, novembro e dezembro de 2021 e janeiro de 2022 onde encontrava-se dados
referentes ao código e descrição dos produtos, quantidade vendida no período, valor unitário e
valor total de vendas.
Segundo Menezes et. al. (2019), o estudo de caso é uma categoria de pesquisa na qual
se dirige a um caso específico com a finalidade de entender as causas do problema em sua
totalidade.
Gil (2017) diz que a pesquisa aplicada é aquela focada na obtenção de conhecimentos
para que se possa aplicar de forma prática e imediata em problema e situação específica,
incluindo verdade e interesses da empresa, sendo assim, podemos classificar este trabalho dessa
forma.
25
De acordo com Gil (2017), o estudo de caso vem sendo usado com diversas finalidades
como investigar situações reais das quais não tenham seus limites nitidamente definidos,
defender a integridade do objeto estudado, representar as condições do cenário em que se realiza
o estudo, elaborar teorias e hipóteses para assim esclarecer os fatores que possam causar
situações que dificultem ou impeçam a aplicação de pesquisa e experimentos.
Para a coleta de dados, foi realizada entrevistas com a gerente da empresa que fica
também no atendimento ao cliente em horários específicos, o que caracteriza a pesquisa como
exploratória. Além disso, também foi empregado como instrumento de coleta a observação da
realidade no setor de venda e estoque da empresa.
Segundo Gil (2017), as pesquisas descritivas podem ter como objetivo a representação
das características do objeto estudado, assim como a identificação de prováveis relações entre
variáveis. Utiliza, por exemplo, questionário e observação metódica como técnica para coleta
de dados.
Porém, como mencionado antes, a pesquisa também apresenta caráter exploratório, pois,
Gil (2017, p.33) diz que:
Este trabalho também apresenta caráter bibliográfico, visto que, houve fundamentos
preparatórios e embasamento com obras de outros autores sobre o tema, para que se pudesse
obter uma base teórica sólida o suficiente para desenvolvimento da pesquisa.
teórica do tema estudado, podendo encontrar esse embasamento em livros, monografias, tese,
dentre outras ferramentas.
Como afirmou Gil (2017), basicamente toda pesquisa acadêmica propõe que em alguma
ocasião sejam realizadas pesquisas para que permita a fundamentação teórica ao trabalho, como
também o reconhecimento da fase atual da compreensão do tema.
Essa pesquisa apresentou uma abordagem combinada, pois apresenta avaliações tanto
qualitativas quanto quantitativas, visto que irá possibilitar a determinação de indicadores
vigentes na realidade atual da empresa e mostrar dados objetivos e característicos para análise
futura. Considerando também que esse estudo poderá ser aplicado em outros estabelecimentos
com porte próximo ao da ADSP Elétrica tendo visão coletiva e não singular, assim como
determina uma das características do estudo quantitativo (DE FREITAS MUSSI, 2019).
Turrioni e Mello (2012) apresentam que a pesquisa quantitativa julga que tudo pode ser
dimensionado, ou seja, torna numérico as informações colhidas para que se possa classificar e
analisar. A pesquisa qualitativa diz que existe um elo ativo entre o sujeito estudado e o mundo
real que não pode ser descrito numericamente. Ela visa principalmente compreender os fatos e
dar significado. A coleta de dados se dá no ambiente natural do objeto pesquisado e o
pesquisador como instrumento-chave irá analisar os dados coletados de forma indutiva. A
pesquisa combinada diz que o pesquisador pode aliar entendimentos das pesquisas qualitativas
e quantitativas nas etapas do desenvolvimento da pesquisa.
De acordo com Yin (2015), o estudo de caso é uma dentre outras maneiras de se fazer
pesquisa científica. Ele é composto pelas etapas de: Planejamento ou delineamento, Desenho,
Preparação, Coleta, Análise e Compartilhamento de resultados (OLIVEIRA, 2019).
Um estudo de caso é uma análise, que investiga um fato recente da vida real,
principalmente quando ainda não foram definidas limitações entre o fato e o cenário o qual se
encontra. A etapa de planejamento procura constatar os motivos para que o estudo de caso seja
28
realizado, definir o uso do método de estudo de caso e por fim, perceber a potência e restrição
deste método (YIN, 2015).
O desenho de pesquisa deste trabalho já foi mostrado anteriormente, visto que está
descrito os métodos e técnicas escolhidos para tratar o problema da pesquisa de forma eficiente,
ou seja, sobre a coleta, verificação e análise dos dados.
De acordo com Yin (2015), a etapa de preparação se dá pela ordenação dos problemas
abordados durante a pesquisa, quem irá ser envolvido e o direcionamento do caso para que os
envolvidos aprovem. É importante também na preparação que seja criado um cronograma para
que as etapas da pesquisa sejam concretizadas com credibilidade. Nessa etapa é sugerido o foco
e objetivo da pesquisa e assegura a continuidade e sistematização da pesquisa.
Este trabalho impôs uma observação no local, no qual a autora esteve inserida e nessa
etapa foi avaliado o acesso às informações e permitindo a verificação dos objetivos. Após,
definiu-se onde a autora teria maior acesso ao ambiente pesquisado, os prazos foram definidos
em cronograma e selecionados as fontes de coleta de dados.
29
De acordo com Yin (2015), a base de uma boa coleta de dados é a capacidade do
pesquisador de compreender as informações obtidas de forma eficaz para que o objetivo seja
cumprido, e não somente registrar os dados de forma automática, pois as informações podem
se contradizer e pôr o trabalho a perder.
Gil (2017, p. 87) diz que “na maioria dos estudos de caso, a coleta de dados é feita
mediante entrevistas, observação e análise de documentos, embora muitas outras técnicas
possam ser utilizadas”. A coleta de dados deste trabalho foi realizada a partir de uma entrevista
com a gerente, como já mencionado, juntamente com observação no local da rotina da empresa
e obtenção de relatórios de vendas referente ao período solicitado. Em seguida os dados foram
postos em uma planilha de Excel para criar um banco de dados fixando as informações.
Segundo Yin (2015), a etapa de análise necessita de contar com argumentações teóricas
e pontuar algumas das técnicas analíticas fazendo uso de dados qualitativos e/ou quantitativos,
investigar informações concorrentes e mostrar dados fora das perspectivas.
Para a análise dos dados neste trabalho, será feita uma planilha de Excel, e logo após
transferida para Power BI, que dará melhor visualização e compreensão aos gestores da empresa
para atualizações futuras. O referencial teórico e a pergunta de pesquisa irão nortear a análise
dos dados obtidos.
Devido sua versatilidade, por ser desenvolvido por uma empresa com confiabilidade no
mercado e por permitir o uso inicial gratuito, mesmo com algumas limitações da versão desktop,
as necessidades da empresa seriam atendidas, o Power BI, desenvolvido pela empresa
Microsoft, foi a ferramenta escolhida para a análise dos dados obtidos na ADSP Elétrica, visto
30
que nos permite visualização de dados em tempo real e atualizações automáticas, o que facilita
a sua utilização que pode ser através de um computador, tablet e até celular.
Gil (2017, p. 88) fala que “a forma tradicional de análise dos estudos de caso consiste
na identificação de alguns tópicos-chave e na consequente elaboração de um texto discursivo.
É recomendável, no entanto, a elaboração de instrumentos analíticos para organizar, sumarizar
e relacionar os dados”.
Yin (2015) diz que para compartilhar os resultados primeiramente devemos estabelecer
o público-alvo do estudo, integrar de forma atraente a leitura composições de texto e imagens,
as fundamentações devem ser claras para que o leitor seja capaz de compreender e concluir por
si só e a escrita deve ser analisada e adequada.
A figura 7 representa as fases deste trabalho, assim como descreve Gil (2017), o
delineamento do estudo de caso acontece diferente dos outros pois, não precisa necessariamente
31
acontecer em uma sequência rígida. O planejamento é mais flexível nessa modalidade e pode
sofrer alterações no decorrer da pesquisa de acordo com o desenvolvimento da etapa anterior.
32
4 RESULTADOS
Este capítulo aborda inicialmente um pouco da história da empresa, quais são os produtos
comercializados pela empresa, como é a sistemática realizada para controle de estoque, de que
forma é realizado o processo de compra, venda e recebimento de mercadoria. Em seguida, são
apresentadas as etapas para realização da proposta com a finalidade de atingir os objetivos
previamente definidos.
4.1 A empresa
Apesar da loja física ter apenas cinco anos de atuação, o dono já exercia informalmente
a profissão de prestador de serviços elétricos, hidráulicos e de construção civil há mais de trinta
anos. Viu a oportunidade de abrir o próprio negócio através da ME (microempresa) e ter para
os negócios, todos os benefícios que esta natureza jurídica oferece.
A figura 8 apresenta o organograma atual da ADSP que no momento desta pesquisa tem
seu quadro de funcionários composto pelo diretor, uma gerente, três vendedores que também
são responsáveis pelo serviço de entrega e um caixa.
33
A ADSP é procurada e se destaca pela qualidade dos serviços prestados, ela tem como
prioridade a satisfação e bem estar do cliente desde o momento da chegada na loja até a saída
com o produto e atualmente trabalha com vários parceiros e fornecedores.
O fluxo é longo e informal, é percebido que, caso não tenha o produto na loja no
momento da venda a primeira atitude é verificar se a loja vizinha, que é concorrente, possui em
estoque para fazer um empréstimo e só depois esse produto é solicitado para o fornecedor.
Ao chegar na loja o cliente é abordado e questionado sobre o produto que deseja, caso
este produto tenha em estoque o vendedor informa as opções disponíveis no momento e as
especificações de cada produto incluindo preços. Sendo do interesse do cliente o vendedor anota
em um bloco de notas o seu pedido, encaminha o bloco e o cliente para realizar o pagamento
no caixa e após entrega o produto ao cliente.
No caso do produto não ter em estoque, o vendedor se encaminha até a loja vizinha para
verificar a disponibilidade da mercadoria, quando afirmativo a concorrente empresta este
produto à ADSP e o vendedor finaliza a compra do cliente normalmente. Em caso negativo, o
vendedor anota o produto procurado numa lista de compras para ser solicitado para o fornecedor
e informa ao cliente o prazo pra chegada do produto.
compras são realizadas de acordo com o feeling da gerente, ou seja, conforme a quantidade
vendida ela supõe uma quantidade para compra sem nenhum planejamento prévio. A figura 10
mostra o fluxograma relacionado ao processo de compras.
No fluxograma da Figura 10, vemos que não existe etapa de planejamento de compras,
as mesmas são realizadas entre uma semana e quinze dias de espaçamento ou quando se percebe
a falta de algum produto em estoque.
A coleta de dados deu início a partir de reuniões agendadas com a gerente da empresa
para que fosse possível realizar entrevistas e ter acesso às documentações necessárias. Em
paralelo foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o tema e análise dos documentos e
informações obtidos na entrevista e por observação para garantir a confiabilidade dos dados.
Durante a entrevista, foi acertado que a empresa poderia disponibilizar a relação de produtos
vendidos de um período de quatro meses, visto que esses estavam atualizados no sistema e
possuíam maior confiabilidade.
38
No Quadro 2 percebemos que os itens foram divididos nas classes A, B e C, sendo 65%
do faturamento é composto pelos itens da classificação A, os de classificação B são
responsáveis por cerca de 25% das receitas e os itens da categoria C correspondem a 10% do
faturamento. Martins e Alt (2009) expõem que esse valor pode oscilar entre 35% e 70% do
efeito desses itens no faturamento da empresa, evidenciam também que vários autores divergem
sobre as porcentagens tidas como ideais para serem usadas na classificação dos produtos e
quando realmente aplicada raramente atenderia esses percentuais.
Observou-se que em conjunto nos quatro meses foram vendidos 1791 itens diferentes,
sendo que após a classificação pelo faturamento verificou-se que apenas 155 itens fariam parte
do grupo A correspondendo a 8,7% dos produtos vendidos e 65% do faturamento, 418 itens do
grupo B que corresponde a 23,3% dos produtos vendidos e 25% do faturamento e o grupo C
com 1218 itens correspondendo a 10% do faturamento e 68% dos itens vendidos como
demonstrado no quadro 3 a seguir.
Abaixo temos um dashboard feito no Power BI (Figura 13) para melhor visualização
das quantidades e proporções referentes a classificação ABC do faturamento.
Quadro 4 - Classificação ABC pela quantidade total de produtos vendidos de Out-21 a Jan-22
No quadro 5, onde consideramos o valor unitário dos produtos, percebemos que apenas
76 itens ficaram presentes no grupo A, ou seja, 4,2% dos itens, 454 itens no grupo B,
significando 25,3% dos itens e 1261 itens no grupo C representando 70,4% dos itens.
41
Tabela 4 - Cálculo do ES e PP
Para o Ponto de Pedido foi utilizada a fórmula 7 apresentada anteriormente por Dias
(2010) no tópico 2.2.6 deste trabalho. Na Tabela 4 podemos visualizar os valores referentes ao
Estoque de Segurança aplicando os dois métodos e Ponto de Pedido de cada produto
individualmente.
Ballou (2006, p. 285) diz que “a taxa de demanda e o prazo médio de entrega precisam
ser expressados na mesma dimensão de tempo”. Logo todas as dimensões de consumo e TR em
nossos cálculos foram expressas em dias e não em meses.
Para definir o PP, foi considerado o consumo médio diário dos meses analisados, ou
seja, o somatório de saída total dividido pelos 102 dias uteis trabalhados nos quatro meses, no
cálculo foi utilizado também o tempo de reposição (lead time), considerando o histórico de
entrega dos fornecedores e o estoque de segurança de cada um dos itens que foi previamente
calculado usando os dois métodos.
Após a análises dos dados da Tabela 4, percebemos que apenas os dados quantitativos
não eram o suficiente para verificação dos níveis de estoque, sendo assim a Curva ABC foi
aplicada também para o total de itens vendidos e para o valor unitário dos produtos para que se
pudesse obter outras analises qualitativas nesse sentido, os quais foram apresentados
anteriormente.
recursos voltados para compra do estoque. Dentro do processo de compra e controle do estoque
da ADSP, sugere-se a aplicação do método de análise da curva ABC para isso, a empresa deverá
utilizar de fato o software a qual já possui acesso e torna-lo funcional para ajudar no processo
de avaliação e controle dos itens, o que irá promover uma melhor tomada de decisão no
momento do ressarcimento do estoque. A adoção de uma rotina de inventário físico também é
essencial para um melhor e mais preciso gerenciamento do estoque. A Figura 16 é uma proposta
de fluxograma para o inventário físico.
Diante o exposto foi decidido criar uma Matriz GUT para essas propostas e verificar
através do Diagrama de Pareto qual destas devem ser aplicadas primeiro como pode ser
observado nas Figuras 17 e 18.
Com a Figura 18 observamos que para eliminar ou reduzir as causas com maior GxUxT
é preciso direcionar ações principalmente na correção das seguintes causas: Falha no controle
e gerenciamento do estoque, falta de inventários periódicos, não utilizar o sistema para gerar
dados confiáveis e falta de planejamento de compra, reduzindo assim, 70% das causas
responsáveis por possíveis rupturas ou gastos desnecessários com estoque.
5 CONCLUSÃO
Uma das principais dificuldades enfrentadas nessa pesquisa, foi a falta de dados, mesmo
a empresa possuindo um sistema para auxiliar, por não fazer uso correto do mesmo e sendo
assim possível analisar dados de apenas quatro meses, o que é bem pouco para realizar
planejamento de gestão, e impossibilitou a aplicação de algumas ferramentas da gestão como
por exemplo o LEC e o estoque máximo. Outro obstáculo enfrentado foi a ausência de pesquisas
recentes sobre o assunto em empresas de porte parecido com a ADSP. Para pesquisas futuras,
espera-se ter dados suficientes com tempo abrangente para que se possa utilizar das ferramentas
que não foram possíveis neste momento.
Para que os objetivos deste trabalho fossem atendidos, inicialmente foi descrito como a
empresa trabalhava e organizava a gestão de estoque, após os produtos foram classificados de
acordo com a Curva ABC referente ao faturamento, a quantidade vendida e o valor unitário no
período disponibilizado. A Curva ABC demonstrou a importância de priorizar os produtos da
classe A, visto que a empresa tratava todos os produtos com a mesma importância. Além da
questão de quantidade vendida, a aplicação da ferramenta identificou aqueles produtos que
foram responsáveis pelo maior faturamento dos meses analisados. O que possibilita maior
volume de informações e facilita tomadas de decisão.
52
Desse modo, esta pesquisa comprova a importância do uso da Curva ABC para o
gerenciamento do estoque agregada com a gestão estratégica da empresa. A ferramenta pode
evitar compras em excesso, e investimentos que poderiam gerar prejuízos a empresa. O
levantamento dos dados gerou uma certa dificuldade devido a desorganização das informações
geradas pelo software, com isso a autora analisou minuciosamente e de forma cuidadosa, assim
todos os possíveis erros foram questionados e sanados junto a gerencia da ADSP.
Sabe-se que anteriormente o estoque era considerado como uma estratégia competitiva
de mercado, porém já se compreende que o estoque em excesso pode significar encargos para
a empresa. O estoque deve ser determinado com atenção, responsabilidade e seriedade pela
gestão. A curva ABC promove informações precisas e demonstra o desempenho de cada classe
53
de itens proporcionando assim que o gestor dimensione recursos para cada classe de acordo
com sua importância e necessidade, além de permitir um dimensionamento correto de compras
e contribuindo para a não ruptura e consequentemente insatisfação do cliente.
Esse trabalho contribuiu com a aplicação de três ferramentas da qualidade, são elas a
Curva ABC, Estoque de Segurança e Ponto de Pedido. Futuramente a validação seria ideal para
comprovação da performance e verificação do diferencial na otimização das atividades da
ADSP.
Com base na análise dos resultados obtidos, entende-se que variáveis específicas do
segmento de mercado e estratégia de negócios são levadas em consideração para a realidade
atual da empresa estudada, tais como: sazonalidade, oportunidades de negócios, descontos de
tabela de preços, fornecedores não confiáveis, descontos por volume de compra, apenas o
sistema de curva ABC e estoque de segurança facilitam efetivamente a gestão de estoque atual
da empresa.
O estoque de segurança e o ponto de pedido certificarão que a empresa não fique sem
produto por conta de mudanças nos prazos de entrega e flutuações na demanda. Foi possível
entender que as ferramentas são muito importantes, e a teoria auxilia a gestão e controle de
estoques, mas sua utilização é necessária para a experiência e tomada de decisão por parte do
gestor considerando as características de cada empresa e seus departamentos para que se
adequem às necessidades da empresa.
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58
APÊNDICE 1
Caro Respondente, essa pesquisa é parte de um Trabalho de Conclusão de Curso para graduação
em Engenharia de Produção Civil – IFCE – campus Quixadá-CE, e tem como objetivo aplicar
ferramentas de conceito gerencial, nos setores de compra e estoque da ADSP Elétrica, para que
assim possa ser reduzida a perda de produto e então aperfeiçoar o gerenciamento da empresa,
tornando-os mais organizados e funcionais. Para concluí-la, peço sua colaboração, respondendo
às perguntas abaixo. Desde já agradeço sua colaboração.
Existe alguma dificuldade para se controlar o estoque da forma atual? Caso sim, essa
dificuldade se deve a qual fator?
O cliente procura uma mercadoria e está em falta no momento. Nesse caso, qual
procedimento a empresa segue?
Qual o principal diferencial (apena um) que o cliente busca ao comprar na ADSP (preço,
condições de pagamento, rapidez na entrega, qualidade do produto, disponibilidade do
produto).
Acha que é necessário ter uma forma didática e automatizada para ajudar a equipe nesse
controle de estoque?