Dois Conceitos de Liberdade Isaiah Berli
Dois Conceitos de Liberdade Isaiah Berli
Dois Conceitos de Liberdade Isaiah Berli
Mediante as respostas para essas questões dos limites admissíveis de coerção pontos
de vistas opostos são mantidos no mundo de hoje, cada um alegando a fidelidade de um
grande numero de homens. Parece a mim, portanto, que qualquer aspecto dessa questão é
digno de exame.
1
Coagir um homem é privá-lo da liberdade – liberdade de que? Quase todo moralista na
história humana elogia a liberdade. Como a felicidade e a bondade, como a natureza e a
realidade, liberdade é um termo cujo significado é tão poroso que há poucas interpretações a
que é capaz de resistir. Não proponho discutir nem a história dessa palavra prótea nem seus
mais de duzentos sentidos registrados por historiadores de idéias. Proponho examinar não
mais que dois desses sentidos – mas eles são sentidos centrais, com uma grande quantidade
de historia humana por trás, e, se me ousar a dizer, ainda por vir. O primeiro desses sentidos
políticos de freedom ou liberty (usarei ambas para dizer o mesmo), que (seguindo muitos
p e ede tes àvouà ha a àse tidoà egativo àest àe volvidoà aà espostaà àpe gu taà Qual é a
área em que o sujeito – uma pessoa ou um grupo de pessoas – é ou deve ser deixado para
faze à ouà se à oà ueà eleà à apazà deà faze à ouà se à se à i te fe iaà deà out asà pessoas? à Oà
segu do,à ueà devoà ha a à deà se tidoà positivo à e volveà aà espostaà daà pe gu taà Qualà ouà
quem é a referência de controle e interferência que pode determinar alguém a fazer ou ser
issoà aoà i v sà da uilo? à ásà duasà uest esà s oà la a e teà dife e tes,à apesa à deà asà espostasà
para elas talvez coincidirem.
Normalmente me é dito para ser livre no grau em que nenhum homem ou corpo de
homem interfira em minhas atividades. Liberdade Política nesse sentido é simplesmente a área
em que cada homem pode agir desobstruído por outros. Se sou impedido por outros de fazer
algo que eu poderia, caso contrário, fazer, sou naquele grau sem liberdade; e se essa área é
contraída por outro homem além de um certo mínimo, posso ser descrito como sendo
coagido, ou, talvez, escravizado. Coerção não é, de qualquer forma, um termo que cobre toda
forma de inabilidade. Se digo que não sou capaz de pular mais que dez pés no ar, ou que não
posso ler, pois sou cego, ou não consigo entender páginas negras de Hegel, seria excêntrico
dizer que sou naquele grau coagido ou escravizado. Coação implica na interferência deliberada
de outros seres humanos em uma área em que eu agiria de outra forma. Você tem falta de
liberdade política ou liberdade apenas se for impedido de atingir um objetivo por um ser
humano. Mera incapacidade de se atingir um objetivo não é falta de liberdade política. Isso é
t azidoà peloà usoà deà taisà exp ess esà ode asà o oà li e dadeà e o i a à eà suaà
o t apa tidaà es avid oàe o i a .àÉàdis utido,à uitoàplausivel e te,à ueàseàu àho e à à
muito pobre para obter algo em que não haja banimento legal – pão, uma viagem ao redor do
mundo, recurso à corte legal – ele é tão livre para ter tais coisas quanto seria se elas fossem
proibidas a ele pela lei. Se minha pobreza fosse um tipo de doença que me impedisse de
compra um pão, ou pagar uma viagem ao redor do mundo, ou ter meu caso ouvido, como
claudicação me impede de correr, essa inabilidade não seria naturalmente descrita como falta
de liberdade, muito menos falta de liberdade política. É apenas devido a minha crença que
minha inabilidade de ter tal coisa é devida ao fato de que outro ser humano tomou
previdências por meio de que eu sou, enquanto outros não são, impedido de ter dinheiro
suficiente para pagar por isso, acredito que sou vitima de escravidão ou coerção. Em outras
palavras, o uso do termo depende numa teoria particular social e econômica sobre as causas
de minha pobreza ou fraqueza. Se minha falta de bens materiais reflete minha falta de
capacidade mental ou física então começo a falar sobre ser privado de liberdade (e não
simplesmente sobre pobreza) apenas se eu aceitar a teoria. Se, em adição, eu acreditar que
estou sendo mantido em desejo por um acordo específico que considero injusto ou desleal,
falo de escravidão econômica ou opressão. A natureza das coisas não nos enlouquece, apenas
má vontade o faz, disse Rousseau. O critério de opressão é parte do que eu acredito ser o jogo
jogado por outros seres humanos, direta ou indiretamente, com ou sem intenção de fazê-lo,
onde meus desejos são frustrados. Por ser livre, nesse sentido, quero dizer não sofrer
interferência dos outros. Quão maior a área de não interferência, maior minha liberdade.
Isso é o que queriam dizer os filósofos políticos clássicos ingleses quando usaram essa
palavra. Eles discordavam sobre quão grande deveria ser essa área. Supunham que a área não
podia, como as coisas eram, ser ilimitada, por que se fosse, entrar-se-ia num estado no qual
homens poderiam, sem limites, interferir com outros homens; e esse tipo de liberdade
atu al à levaria ao caos social no qual as mínimas necessidades dos homens não seriam
satisfeitas; ou então a liberdade dos fracos seria suprimida pelos fortes. Por que perceberam
que os propósitos e atividades humanas não se harmonizam automaticamente uns com os
outros e por isso (independente de suas doutrinas oficiais) eles colocaram grande valor em
outros objetivos, tais como justiça, felicidade ou cultura, ou segurança, ou graus variados de
igualdade, eles estavam preparados para reduzir a liberdade ante aos interesses de outros
valores que eles acreditavam serem desejáveis. Pois sem isso, era impossível de se criar o tipo
de associação que eles acreditavam desejável. Conseqüentemente, se assume que por esses
pensadores a área de ação livre dos homens deve ser limitada pela lei. Mas, igualmente se
assume, especialmente por tais libertários como Locke e Mill na Inglaterra, e Constant e
Tocquevilee na França, que deve existir certa área mínima de liberdade pessoal que não deve,
de forma alguma, ser violada, pois se ultrapassada, o individuo se encontrará em uma área
deveras estreita mesmo que para o mínimo desenvolvimento de suas faculdades naturais; o
que por si só torna impossível perseguir, e até mesmo conceber, os vários fins aos quais os
homens mantêm bons ou certos ou sagrados. Segue-se que uma fronteira deve ser
estabelecida entre a área da vida privada e a da autoridade pública. Onde deve ser
estabelecida é um problema de argumento, na verdade de barganha. Homens são
amplamente interdependentes, e nenhuma atividade dos homens é completamente privada
ua toàaà u aào st ui àasàvidasàdosàout osàdeàalgu aàfo a.à áàli e dadeàdosàpeixesàg a desà
é a morte dos peixi hos ;à a liberdade de alguns deve depender da repressão de outros. A
liberdade para um professor de Oxford, outros são conhecidos por adicionar, é uma coisa
muito diferente da liberdade para um camponês egípcio.
A força dessa proposição deriva de algo que é, ambos, verdadeiro e importante, mas a
frase se mantém um artifício político. É verdade que para oferecer direitos políticos, ou
proteção contra a intervenção do Estado, para homens meio-vestidos, iletrados, desnutridos
ou doentes é uma zombaria de sua condição; eles precisam de ajuda médica ou educação
antes que possam entender, ou fazer uso de um aumento em suas liberdades. O que é
liberdade para aqueles que não podem utilizá-la? Sem condições adequadas para o uso de
liberdade, qual o valor dela? Coisas principais vêm na frente: há situações nas quais – para usar
um ditado atribuído satiricamente aos niilistas por Dostoiévski – botas são superiores a
Puchkin; liberdade individual não é a necessidade primária de todos. Pois liberdade não é a
mera falta de frustrações de qualquer tipo; isso inflaria o significado até que significasse muito
ou muito pouco. Os camponeses egípcios precisam de roupas ou remédios antes, e mais que,
liberdade pessoal, mas o mínimo de liberdade que ele necessita hoje, e o nível mais alto que
pode vir a precisar amanhã, não é uma espécie de liberdade peculiar para ele, mas idêntica à
dos professores, artistas e milionários.
O que faz a proteção da liberdade individual tão sagrada à Mill? Em seu artigo famoso
ele declara que, a menos que o individuo seja deixado para viver como deseja e à àaàpa teà deà
sua conduta] que diz respeito meramente a ele mesmo, civilizações não podem avançar; a
verdade não vai, por falta de mercado livre de idéias, vir à tona; não haverá espaço para
espontaneidade, originalidade, gênios, para energia mental, para coragem moral. A sociedade
se à es agadaà peloà pesoà daà edio idade oletiva .à Oà ueà fo à i oà eà dive sifi adoà se à
esmagado pelo peso do costume, pela constante tendência dos homens à conformidade, que
ge aà ape asà apa idadesà u has ,à ho e sà ape tadosà eà ofus ados ,à o p i idos à eà
i flexíveis à A auto-afirmação pag à àt oàdig aà ua toàaà autonegação ist .à Todosàosàe osà
que [um homem] é susceptível de cometer contra conselho e advertência, são compensados
pelo mal de permitir outros, para obrigar os outros ao que consideram seu bem. A defesa da
liberdade consiste no objetivoà egativo àdeàafasta ài te fe ias.àá eaça àu àho e à o à
perseguição a menos que ele se submeta a uma vida na qual ele não exerce escolha alguma
em seus objetivos; Bloquear em sua frente todas as portas exceto uma, não importa qual
nobre a perspectiva em que se abre, ou quão benevolente são os motivos daqueles que
organizam isso, é pecar contra a verdade que ele é um homem, um ser com uma vida própria
para viver. Isto é a liberdade como foi concebida pelos liberais no mundo moderno dos dias de
Erasmus (alguns diriam Occam) até os nossos. Cada pedido de liberdades civis e direitos
individuais, todo protesto contra a exploração e humilhação, contra a invasão da autoridade
pública, ou a hipnose em massa do costume ou propaganda organizada, surgem dessa
concepção individualista e muito disputada do homem.
Três fatos sobre esta posição podem ser notados. Em primeiro lugar, Mill confunde
duas noções distintas. Uma que toda coerção é, na medida em que frustra os desejos
humanos, más como tal, embora possa ter de ser aplicada para evitar outros males maiores;
enquanto a não interferência, que é o oposto de coerção, é boa como tal, embora não seja o
ú i oà e .àEstaà àu aà o epç oà egativa àdaàli e dadeàe àsuaàfo aà l ssi a.àáàout aà à ueà
os homens devem procurar descobrir a verdade, ou para desenvolver certo tipo de
personagem que Mill aprovou – critico, original, imaginativo, independente, não-conformado
ao ponto de excentricidade, e assim por diante – e que a verdade pode ser encontrada, e que
tal personagem pode ser criado, apenas em condições de liberdade. Ambas essas visões são
visões liberais. Mas elas não são idênticas, e a conexão entre elas é, na melhor das hipóteses,
empírica. Ninguém diria que verdade ou liberdade de expressão poderiam florescer onde o
dogma esmagasse todos os pensamentos. Mas, a prova da história tende a mostrar (como,
aliás, foi defendido por James Stephen em seu ataque formidável à Mill em seu Liberdade,
Igualdade, Fraternidade) que integridade, amor pela verdade e pelo individualismo crescem
pelo menos tão freqüentemente em comunidades severamente disciplinadas, entre, por
exemplo, os Calvinistas puritanos da Escócia ou Nova Inglaterra, ou sob a disciplina militar,
como nas sociedades mais tolerantes e indiferentes, e se é assim, o argumento de Mill para a
liberdade como uma condição necessária para o crescimento da genialidade humana cai por
chão. Se seus objetivos se mostrassem incompatíveis, Mill seria forçado por um dilema cruel,
independentemente das novas dificuldades criadas pela inconsciência de suas doutrinas com
utilitarismo estrito, mesmo em sua versão humana delas.
II
Esse paradoxo tem sido freqüentemente exposto. É uma coisa dizer que eu sei o que é
bom para X enquanto ele próprio não sabe; e até mesmo ignorar seus desejos para seu próprio
bem; e outra bem diferente é dizer que ele eo ipso escolheu isso, não conscientemente, não
como ele faz todo dia em sua vida, mas em seu papel como um eu racional do qual seu eu
empírico não tem conhecimento – oà euà eal à ueà disti gueà e ,à eà oà podeà es olh -lo
quando é revelado. Essa representação monstruosa, que consiste em equacionar o que X
escolheria se fosse algo que ele não é, ou pelo menos não ainda, com o que X realmente
procura e escolhe, é o coração de todas as teorias políticas de auto-realização. É uma coisa
dizer que eu posso ser coagido para meu próprio bem, que sou muito cego para enxergar: isso
pode, na ocasião ser para meu benefício; na verdade, pode alargar o âmbito de minha
liberdade. Outra é dizer que se é para meu bem, então não estou sendo coagido, pois eu havia
desejado isso, independente seu eu sabia ou não. E euàsouàliv eà ouà ve dadei a e te àliv e à
mesmo enquanto meu pobre corpo terreno e minha mente tola rejeitam isso, e lutam como
grande desespero contra aqueles que buscam, mesmo que benevolentes, me imporem isso.
Essa transformação mágica, ou por passe de mágica (pela qual William James tão
justamente zombou dos Hegelianos), pode sem dúvidas ser perpetradas com a mesma
fa ilidadeà o à oà o eitoà egativo à deà li e dade,à aà ualà oà euà o à ueà oà seà deve iaà
interferir não é mais um individuo com desejos e necessidades reais como são normalmente
o e idos,à asàoàho e à eal àde t oàide tifi adoà o àaàp o u aàdeàalgu àp op sitoàideal
não sonhado por seu eu empírico. E, como no caso o euà positiva e te àliv e,àessaàe tidadeà
pode ser inflada em alguma entidade super-pessoal – um Estado, uma classe, uma nação, ou
es oàaàp p iaà a haàhist i a.àMasàaà o epç oà positivaàdeàli e dadeà o oà est eàdeàsià
mesmo, que sugere um homem dividido contra si mesmo, tem em fato, e por questão
histórica, de doutrina e prática, que faz mais fácil essa divisão da personalidade em duas: o
transcendente, controle dominante e o feixe empírico de desejos e paixões à serem
disciplinado. É esse fato histórico que tem sido influente. Demonstra (se demonstrações de
fatos tão óbvios são necessárias) aquelas concepções de liberdade diretamente derivadas de
visões do que constitui o eu, uma pessoa, um homem. Manipulação suficiente da definição de
homem, e liberdade pode ser feita para significar o que quer que o manipulador deseje. A
história recente tornou bem claro que a questão não é meramente acadêmica.
As conseqüências da distinção entre dois eus se tornarão ainda mais claras se alguém
considerar as duas principais formas de desejos auto-dirigidas – di igidasàpelaà ve dadei o àeuà
de alguém – que foram historicamente tomadas: a primeira, de autonegação, a fim de alcançar
independência, a segunda, de auto-realização, ou auto-identificação total com um princípio
específico ou ideal a fim de atingir o mesmíssimo fim.
III
Sou possuidor de razão e vontade. Eu concebo fins e desejo atingi-los; mas, eu sou
impedido de atingi-los, não me sinto mais mestre da situação. Posso ser impedido pelas leis da
natureza, ou por acidentes, atividades dos homens, ou efeito, muitas vezes involuntário, das
instituições humanas. Essas forças talvez sejam demais para mim. O que devo fazer para evitar
de ser esmagado por elas? Devo me libertar dos desejos que sei que não posso realizar. Desejo
ser o mestre do meu reino, mas minhas fronteiras são longas e inseguras, por isso eu os
contrato a fim de eliminar a área vulnerável. Começo desejando felicidade, poder,
conhecimento, ou a realização de alguns objetivos específicos. Mas eu não posso comandá-los.
Escolho evitar a derrota e desperdício e, portanto, decido não lutar por nada que não posso
obter. Determino-me a não desejar o que é inatingível. O tirano me ameaça com a destruição
de minha propriedade, com pena de prisão, com o exílio ou a morte de pessoas que eu amo.
Mas se não me sinto mais ligado a propriedade, não me importo mais se estou na prisão, se
matei dentro de mim meus afetos naturais, então ele não pode me dobrar às suas vontades,
pois tudo que me sobrou não é subjugado a medos empíricos ou desejos. É como se eu tivesse
executado um recuo estratégico em uma cidadela interior – minha razão, minha alma, meu eu
u i o à– que faz o que pode, nem forças externas cegas, ou a maldade humana, podem
tocar. Retirei-me para dentro de mim mesmo; lá, e apenas lá, estou seguro. É como se eu
dissesse:à Te hoàu aàfe idaàe à i haàpe a.àH àape asàdoisà todosàdeà eàli e ta àdaàdo .à
Um é curar a ferida. Mas se a cura é muito difícil e incerta, há outro método. Posso me livrar
da ferida cortando minha perna. Se me treinar a não querer nada para que a posse da minha
perna seja i dispe s vel,à oàse ti eiàaàfaltaà dela. àEstaà à aàauto-emancipação dos ascetas e
quietistas , sábios estóicos e budistas, homens de várias religiões ou de nenhuma, que fugiram
do mundo e escaparam do jugo da sociedade ou opinião pública, por algum processo de auto-
transformação deliberada que lhes permite não se importar mais para qualquer valor da
sociedade, para permanecer isolados e independentes na borda dela, não mais vulneráveis às
suas armas. Todos os isolamentos político, toda autarquia econômica, toda forma de
autonomia, tem algum elemento dessa atitude. Elimino os obstáculos em meu caminho
abandonando meu caminho; eu recuo em minha própria seita, minha própria economia
planejada, meu próprio território deliberadamente isolado, onde nenhuma voz do lado de fora
precisa ser ouvida, e nenhuma força externa pode ter efeito. Essa é uma forma de busca por
segurança; mas também tem sido chamada de busca por liberdade pessoal, nacional ou
independência.
A partir dessa doutrina, e sua aplicação aos indivíduos, não há uma grande distância
das concepções daqueles que, como Kant, identificaram a liberdade não de fato como a
eliminação dos desejos, mas como a resistência a eles, e controle sobre eles. Identifico-me
com o controlador e escapo da escravidão do controlado. Sou livre por que, e na media que,
sou autônomo. Obedeço às leis, mas eu as impus, ou as encontrei, em meu próprio eu sem
oaç o.à Li e dadeà à o edi ia,à asà asà palav asà deà ‘ousseau,à o edi ia a uma lei que
p es eve osàaà sà es os ,àeà e hu àho e àpodeàes aviza àaàsià es o.àHete o o iaà àaà
dependência a fatores externos, a responsabilidade de ser um joguete do mundo externo que
não posso controlar inteiramente, e que, portanto, me controla e es aviza .à“ouàliv eàape asà
oàg auàe à ueà i haàpessoaà oà à alge ada àpo à ada, que obedece forças sobre as quais
eu não tenho controle algum; não posso controlar as leis da natureza; minha atividade livre
deve, portanto, em hipótese ser levantada acima o mundo empírico da causalidade. Esse não é
o lugar para discutir a validade dessa doutrina antiga e famosa, eu só gostaria de salientar que
as noções de liberdade como resistência (ou fuga) aos desejos irrealizáveis, e como
independência da esfera a causalidade, desempenham um papel central na política não menos
do que na ética.
Pois se a essência dos homens é que eles são seres autônomos – autores de valores,
de fins em si mesmos, a autoridade máxima que consiste precisamente no fato que tem
vontade livre – então nada é pior que tratá-los como se não fossem seres autônomos, mas
objetos naturais, joguetes de influencias casuais, criaturas à mercê de estímulos externos,
cujas opções podem ser manipuladas por sues governantes, seja por ameaças de força ou
ofertas de recompensas. Tratar os homens dessa maneira é tratá-los como se não fossem
auto-dete i ados.à Ni gu àpodeào iga -me a se àfelizàaàsuaàp p iaà a ei a ,àdisseàKa t.àOà
pate alis oà à oà aio àdespotis oài agi vel . É assim, pois tratar os homens como se não
fossem livres, mas material humano para mim, o reformador benevolente, moldá-lo de acordo
com meu próprio, não deles, propósitos adotados livremente. Isto é, é claro, precisamente a
política que os primeiros utilitaristas recomendaram. Helvetius (e Bentham) acreditavam não
em resistir, mas em usar, a tendência dos homens de serem escravos de suas paixões; eles
desejavam balançar recompensas e punições em frente aos homens – a forma mais
indesejável possível de heteronomia – se, isso quer dizer ueàosà es avos àpudesse àse à aisà
felizes. Mas, para manipular os homens, para impulsioná-los em direção às metas que você – o
reformador social – vê, mas que eles não vêem, é negar a essência humana, ou enganá-los,
isto é, para usá-los como meios para meus, não deles próprios, fins concebidos
independentemente, mesmo se for para o próprio benefício deles, é, com efeito, tratá-los
como sub-humanos, se comportar como se os fins deles são menos finais e sagrados que os
meus. Em nome de que posso até mesmo me ver no direito de forçar os homens a fazer o que
eles não desejam ou concederam? Somente em nome de algum valor maior que eles mesmos.
Mas se, como Kant propôs, todos os valores são feitos de tal forma pelos atos livres dos
homens, e chamados de valores apenas se são assim, não há valor maior que o individual.
Portanto, fazer isso é coagir os homens em nome de algo menor e menos final que eles
mesmos – submetê-los ao meu desejo, ou para o desejo de outrem de felicidade ou
conveniência ou segurança ou oportunidade. Estou visando algo desejado (por qualquer
motivo, não importando quão nobre) por mim ou meu grupo, para os quais estou usando
outros homens como meios. Mas essa é uma contradição do que sei que os homens são, ou
seja, fins neles mesmos. Todas as formas de adulteração dos seres humanos, chegando a eles,
moldando-os contra sua vontade ao seu próprio padrão, todo pensamento de controle e
condicionamento, são, portanto, uma negação daquilo nos homens que os fazem homens e de
seus valores fundamentais.
O individuo livre de Kant é um ser transcendente, além do domínio da causalidade
natural. Mas em sua forma empírica – em que a noção de homem é aquela da vida comum –
essa doutrina era o coração do humanismo liberal, tanto moral e politicamente, foi
profundamente influenciado por Kant e Rousseau no século XVIII. É uma versão a priori da
forma de um Individualismo Protestante secularizado, em que o lugar de Deus é tomado pela
concepção de vida racional e o lugar da alma do individuo que tenciona no sentido da união
com ele é substituída pela concepção do individuo, dotado de razão, esforçando-se para ser
governado pela razão e apenas razão, e depender de nada que possa desviar ou iludi-lo
envolvendo sua natureza irracional. Autonomia, não heteronomia: agir e não que ajam através
de você.
A noção de escravidão das paixões é – para aqueles que pensam nesses termos – mais
que uma metáfora. Poi, me livrar do medo, amor ou desejo de conformar é me livrar do
despotismo de algo que não posso controlar. Sófocles, quem Platão relata dizendo que apenas
a velhice libertou da paixão do amor – o jugo de um mestre cruel – é relatado como uma
experiência tão real como a da libertação de um tirano humano ou de um proprietário de
escravos. A experiência psicológica de observar- eà ede doàaàalgu ài pulsoà i fe io ,àagi doà
por um motivo que não gosto, ou fazer algo que no momento que faço detesto, e refletir mais
tarde que eu não era eu mesmo, ou não estava em controle de mim mesmo, quando fiz aquilo,
pertence a essa forma de pensar e falar. Identifico a mim mesmo com meus momentos críticos
e racionais. As conseqüências de meus atos podem não importar, pois não estão em meu
controle; apenas meus motivos estão. Esse é o credo do pensador solitário que desafiou o
mundo e se emancipou das cadeias de homens e coisas. Nessa forma a doutrina pode parecer
primariamente um credo ético, e dificilmente político; no entanto, suas implicações políticas
são claras, e entra na tradição do individualismo liberal, pelo menos tão profundamente
ua doàoàse tidoà egativo àdeàli e dade.à
Talvez valha a pena observar que em sua forma individualista o conceito do sábio
racional que escapou para a fortaleza interior de seu eu verdadeiro parece surgir quando o
mundo externo se provou excepcionalmente ido,à uelà ouà i justo.à Eleà à ve dadei a e teà
liv e ,àdisseà‘ousseau,à quem deseja o que pode executar, e faz o que deseja. àE àu à u doà
em que o homem buscando felicidade, justiça ou liberdade (em qualquer sentido) pode fazer
pouco, por que acha muitas avenidas de ação bloqueadas para ele, a tentação de retirar-se
para si mesmo pode tornar-se irresistível. Pode ter sido assim na Grécia, onde o ideal Estóico
não pode ser totalmente desconectado com a queda das democracias independentes ante à
centralizada autocracia Macedônia. Foi assim em Roma, por razões análogas, após o fim da
República. Surgiu na Alemanha no século XVII, durante o período da mais profunda
degradação dos Estados Germânicos que se seguiu à Guerra dos Trinta Anos, quando o caráter
da vida pública, particularmente nos pequenos principados, forçou aqueles que valorizavam a
dignidade da vida humana, não pela primeira ou ultima vez, a uma espécie e emigração
interna. A doutrina que sustenta que o que não posso ter, devo ensinar-me a não querer, que
um desejo eliminado, ou resistido com sucesso, é tão bom quanto um desejo satisfeito, é
sublime, mas me parece, inconfundivelmente, uma forma de doutrina de uvas verdes: sobre o
que não posso ter certeza, não posso querer verdadeiramente.
Isto deixa claro por que minha definição de liberdade como a habilidade de fazer o que
deseja – o que é, com efeito, a definição adotada por Mill – não vai ser possível. Se descubro
que posso fazer pouco ou nada do que desejo, preciso apenas contrair ou extinguir meus
desejos,à e t oà se eià liv e.à “eà oà ti a oà ouà pe suas oà o ulta à o segueà aà o diç oà deà seusà
súditosà ouà lie tes àe àpe de àseusàdesejosào igi aisàeà a aça doà i te aliza do à aàfo aà
de vida que ele inventou para eles, ele irá, em sua definição, ter tido sucesso em libertá-los.
Ele irá, sem dúvidas, tê-los feito sentirem-se livres – como Epicteto se sente mais livre que seu
mestre (e se diz que o homem proverbial sentiu-se feliz na tortura). Mas o que ele criou é a
verdadeira antítese de liberdade política.
IV
Auto-realização
O único método verdadeiro de alcançar a liberdade, nos é dito, é pelo uso da razão
critica, a compreensão do que é necessário e o que é contingente. Se sou um estudante, todas
menos as mais simples verdades matemáticas intrometem-se como obstáculos ao livre
funcionamento de minha mente, como teoremas cuja necessidade não entendo; são ditos
serem verdades por alguma autoridade externa, e se apresentam a mim como corpos
estranhos que esperam de mim que mecanicamente absorva em meu sistema. Mas quando eu
entendo as funções dos símbolos, axiomas, as formas e regras de transformação – a lógica pela
qual as conclusões são obtidas – e compreendo que essas coisas não podem ser obtidas de
outra maneira, pois elas parecem seguir a partir de leis que governam o processo de minha
própria razão, então as verdades matemáticas não intrometem-se como entidades externas
forçadas sobre mim que devo receber independente de querer ou não, mas como algo que eu
desejo livremente no curso do funcionamento natural de minha própria atividade racional.
Para o matemático, a prova desses teoremas é parte de seu livre exercício de sua capacidade
natural de raciocínio. Para o músico, depois de assimilar o padrão da contagem do compositor,
e fazer dos fins do compositor seus próprios, a reprodução da musica não é obediência às leis
externas, uma compulsão e barreira para a liberdade, mas um exercício livre, desimpedido. O
músico não é ligado à contagem como um boi ao arado, ou um trabalhado fabril à maquina.
Ele absorveu a contagem ao seu próprio sistema, teve, ao entendê-la, identificado-a consigo
mesmo, mudou de impedimento à uma atividade livre em um elemento dessa atividade em si.
O que se aplica à musica ou matemática deve, nos é dito, em principio se aplicar à todos os
obstáculos que se apresentam como nódulos de coisas externas bloqueando nosso auto-
desenvolvimento. Esse é o programa de racionalismo iluminista de Spinoza para as ultimas
(algumas vezes inconscientes) disciplinas de Hegel. Sapere aude. O que você sabe, aquilo que
você compreende a necessidade – a necessidade racional – você não pode enquanto
permanecendo racional, querer fazer o contrário. Pois, querer que algo seja diferente do que
deve ser é, dadas as premissas, a necessidade de governar o mundo – ser pro tanto ou
ignorante ou irracional. Paixões, preconceitos, medos, neuroses, nascem da ignorância, e
tomam a forma de mitos e ilusões. Ser governado por mitos, se eles brotam da imaginação
vivida dos charlatões inescrupulosos que nos enganam a fim de nos explorar, ou por causas
psicológicas ou sociológicas, é uma forma de heteronomia, de ser dominado por fatores
externa, em uma direção, não necessariamente desejada pelo agente. Os cientistas
deterministas do século XVIII supuseram que o estudo das ciências da natureza, e a criação das
ciências da sociedade no mesmo modelo, fariam a operação de tais causas transparentemente
claras, e assim, permitiriam indivíduos a reconhecer sua própria parte no funcionamento do
mundo racional, frustrando apenas quando mal interpretada. O conhecimento liberta, como
Epicuro ensinou há muito tempo, eliminando automaticamente os medos e desejos.
Herder, Hegel e Marx substituíram seus próprios modelos vitalistas da vida social pelos
mais velhos, mecânicos, mas acreditaram não menos que seus adversários, que entender o
mundo é ser livre. Eles meramente diferenciaram-se deles sublinhando o papel desempenhado
pela mudança e crescimento no que faziam seres humanos serem humanos. A vida em
sociedade não podia ser entendida por uma analogia retirada da matemática ou da física.
Deve-se também entender a história, que são as leis peculiares do crescimento contínuo, quer
seja por conflitos dialéticos ou de outra forma, que governam os indivíduos e grupos na sua
interação uns com os outros e com a natureza. Não entender isto é, de acordo com esses
pensadores, cair num tipo particular de erro, isto é, a crença que a natureza humana é
estática, que suas propriedades essenciais são as mesmas o tempo todo, que é regida por leis
naturais invariáveis, sejam elas concebidas em termos teológicos ou materialistas, o que
implica no corolário falacioso que um legislador sábio pode, em principio, criar uma sociedade
perfeitamente harmoniosa em qualquer tempo com a educação e legislação apropriadas, por
que os homens racionais, em todas as épocas e países, devem sempre exigir as mesmas
satisfações das mesmas necessidades inalteráveis. Hegel acreditava que seus contemporâneos
(e de fato todos os seus antecessores) interpretaram erroneamente a natureza das instituições
por que eles não entendiam as leis – as leis racionalmente inteligíveis, já que brotavam da
operação da razão – que criam e alteram as instituições e transformam o caráter humano e a
ação humana. Marx e seus discípulos sustentaram que o caminho dos seres humanos era
obstruído não apenas por forças naturais, ou imperfeições de seu próprio caráter, mas, ainda
mais, pelo funcionamento de suas instituições sociais, que eles tinham originalmente criado
(nem sempre conscientemente) para certos propósitos, mas cujo funcionamento eles
sistematicamente vieram a compreender mal, e que logo em seguida tornou-se obstáculo para
o progresso de seus criadores. Marx ofereceu hipóteses sociais e econômicas para a
consideração de tais mal entendidos, em particular da ilusão de que esses arranjos feitos pelo
homem fossem forças independentes, como leis inevitáveis da natureza. Como exemplos de
tais forças pseudo-objetivas, ele apontou para as leis de oferta e demanda, ou a instituição da
propriedade, ou da eterna divisão da sociedade entre ricos e pobres, ou proprietários e
trabalhadores, como muitas categorias inalteráveis. Não até que nós tivéssemos atingido um
estagio que os feitiços dessas ilusões pudessem ser quebrados, isto é, até que homens o
suficiente atingissem o estagio que sozinho lhes permitisse entender que essas leis e
instituições eram elas mesmas o trabalho das mentes humanas e mãos, historicamente
necessárias em seus dias, e depois confundidas com poderes objetivos, inexoráveis, poderia o
velho mundo ser destruído, e substituído por uma maquina social libertadora e mais
adequada.
Somos escravizados por déspotas, instituições, crenças ou neuroses, que podem ser
removidas apenas através de analise e entendimento. Estamos presos por espíritos malignos
que nós mesmo temos – embora não conscientemente – criado, e que podem ser exorcizados
apenas por mim ao me tornar consciente e agir apropriadamente: de fato, para Marx
entendimento é a ação apropriada, Sou livre se, e apenas se, planejo minha vida acordo com
meu próprio desejo; planos implicam regras; uma regra não me oprime ou escraviza se eu a
impor a mim mesmo conscientemente, ou a aceito livremente, tendo entendido-a, sendo ela
criada por mim ou por outros, desde que seja racional, isto é, em conformidade com a
necessidade das coisas. Entender por que as coisas devem ser como elas devem ser é desejar
que sejam assim. Conhecimento liberta não ao nos oferecer mais possibilidades abertas entre
as quais podemos fazer nossa escolha, mas por preservar-nos da frustração de tentar o
impossível. Desejar que leis necessárias sejam outra coisa ao invés do que são é ser a presa de
desejos irracionais – um desejo de que o que deve ser deveria também ser não-X. Para ir mais
longe, e acreditar que essas leis são outra coisa do que o que necessariamente são é ser louco.
Esse é o coração metafísico do racionalismo. A noção de liberdade contida nela não é a
o epç oà egativa àdeàu à a poà ideal e te àse obstáculos, um vácuo no qual nada me
obstrui, mas a noção de auto-orientação ou autocontrole. Posso fazer o que quero comigo
mesmo. Sou um ser racional; o que quer que possa demonstrar a mim mesmo como sendo
necessário, incapaz de ser diferente em uma sociedade racional – isto é, em uma sociedade
dirigida por mentes racionais, na direção de metas as quais um ser racional faria – eu não
posso, sendo racional, desejar varrer do meu caminho. Eu assimilo isso em minha substancia
como faço com as leis da lógica, da matemática, da qual eu nunca poderei ser frustrada, uma
vez que não posso querer que seja diferente do que é.
O templo de Sarastro
Aqueles que acreditam em liberdade como auto-direção racional estão sujeitos, cedo
ou tarde, a considerar como ela pode ser aplicada não apenas para a vida interior do homem,
mas para suas relações com os outros membros de sua sociedade. Mesmo os mais
individualistas entre eles – e Rousseau, Kant e Fichte certamente começaram como
individualistas – vieram em algum ponto a perguntar a si mesmo se a vida racional não apenas
para o individuo, mas também para a sociedade, era possível, e se sim, como se alcançava.
Desejoàse àliv eà o oà i haàvo tadeà a io alà euàeuà ve dadei o àcomanda, mas os outros
também devem ser. Como posso evitar colisões com suas vontades? Onde é a fronteira que
fica entre meus (racionalmente determinados) direitos e o direito idêntico dos outros? Pois se
sou racional, não posso negar que o que é certo para mim deve, pelas mesmas razões, ser
certo para os outros que são racionais como eu. Um Estado Racional (ou livre) seria um Estado
governado por tais leis as quais todos os homens aceitariam livremente; isto quer dizer, tais
leis as quais eles próprios teriam promulgado se tivessem sido perguntados, como seres
racionais, eles exigiriam; daí as fronteiras seriam as quais todos os homens racionais
considerassem certo serem as fronteiras para os seres racionais.
Mas quem, de fato, deveria determinar quais são as fronteiras? Pensadores desse tipo
discute, que se os problemas morais e políticos fossem genuínos – como certamente eram –
eles devem, em principio, serem solucionáveis; isto quer dizer, deve haver um e apenas uma
solução para qualquer problema. Todas as verdades poderiam, em principio, ser descobertas
por um pensador racional, e demonstrada tão claramente que todos os outros homens não
poderiam evitar aceitá-la; na verdade, esse já era o caso, em grande medida, nas novas
ciências naturais. Nesta hipótese, o problema da liberdade política seria solucionável
estabelecendo uma ordem justa que daria a cada homem toda a liberdade para a qual um ser
racional tinha direito. Minha reivindicação por liberdade irrestrita pode a primeira vista não
ser reconciliável com minha igualmente inqualificável reivindicação; mas essa solução racional
de um problema não pode colidir com a solução igualmente verdadeira de outrem, pois duas
verdades não podem ser logicamente incompatíveis; portanto, uma ordem justa deve ser, em
principio, detectável – uma ordem na qual as regras fazem possível soluções corretas para
todos os problemas possíveis que podiam surgir na mesma. Esse estado, ideal, harmonioso das
coisas das coisas às vezes é imaginado como o Jardim do Éden antes da Queda do Homem, um
Éden de onde fomos expulsos, mas pelo qual ainda estamos cheios de saudade; ou como a
idade do ouro ainda antes de nós, na qual homens, tendo se tornado racional, não será mais
di e io adoà aosà out os ,à ouà alie a à ouà f ust a à u à aoà out o. Nas sociedades existentes,
justiça e igualdade são ideais que ainda pedem alguma quantidade de coação, pois a elevação
prematura dos controles sociais podem ter levado à opressão dos mais fracos e mais estúpidos
por mais fortes, mais capazes ou mais inescrupulosos. Mas é apenas a irracionalidade da parte
dos homens (de acordo com essa doutrina) que os leva a desejar oprimir, explorar, ou
humilhar uns aos outros. Homens racionais respeitarão o principio da razão, e não ter
qualquer desejo de lutar ou dominar uns aos outros. O desejo de dominar é ele mesmo um
sintoma da irracionalidade, e pode ser explicado e curado pelos métodos racionais. Spinoza
oferece um tipo de explicação e remédio, Hegel outro, Marx um terceiro. Algumas das teorias
podem, talvez, em algum grau, suplementar a outra, outras não são combináveis. Mas todas
elas assumem que em uma sociedade de seres perfeitamente racionais o desejo de dominação
estará ausente ou ineficaz. A existência de, ou vontade de, oprimir será o primeiro sintoma de
que a solução aos problemas da vida social não foi ainda alcançada.
Isto pode ser colocado de outra forma. Liberdade é autodomínio, a eliminação dos
obstáculos à minha vontade, quaisquer que sejam esses obstáculos – a resistência da natureza,
minhas paixões desgovernadas, instituições irracionais, desejo ou comportamento oposto dos
outros. A natureza eu posso, ao menos em principio, sempre moldar através de meios
técnicos, e moldar minha forma. Mas como eu devo tratar seres humanos recalcitrantes?
Devo, se pude ,ài po à i haàvo tadeà elesàta ,à old -los àaoà euàpad o,àdar papeis
para eles em minha peça. Mas isso não irá significar que apenas eu sou livre enquanto eles são
escravos? Será assim se meu plano não tiver nada a ver com os desejos ou valores deles,
apenas com os meus próprios. Mas se meu plano é inteiramente racional, irá permitir o
ve dadei o àdese volvi e toàdeàsuasàve dadei asà atu ezas,àaà ealizaç oàdeàsuasà apa idadesà
deàde is esà a io ais,àpo à faze àoà elho àdeàsi à– como parte da realização de meu próprio eu
ve dadei o .à Todasà asà soluç esà ve dadei asà pa aà todosà osà p o le asà ge uí osà deve à se à
compatíveis:m mais que isso, devem caber em um único conjunto; pois isso que significa
chamá-los todos racional e ao universo harmonioso. Cada homem tem seu caráter especifico,
habilidades, aspirações, fins. Se eu entender quais são esses fins e naturezas, e como eles se
relacionam uns com os outros, posso, ao menos em principio, se tiver o conhecimento e a
força, satisfazer a eles todos, desde que a natureza e as questões sejam racionais. A
racionalidade é conhecer as coisas e pessoas pelo que são: não devo usar pedras para fazer
violinos; ou fazer violinistas natos tocarem flauta. Se o universo é governado pela razão, então
não haverá necessidade para coerção; uma vida planejada corretamente para todos irá
coincidir com a plena liberdade – a liberdade de auto-orientação racional – para todos. Será
assim se, e apenas se, o plano for o verdadeiro plano – o padrão único que sozinho atende as
reivindicações da razão. Suas regras serão regras prescritas pela razão: elas só parecerão
cansativas para aqueles cuja razão está adormecida, que não compreendem as verdadeiras
e essidades àdeàseusàp p iosàeusà eais .àássi à ueà adaàpa teà e o he e àeàdese pe har
seus papeis dados a eles pela razão – a faculdade que entende sua verdadeira natureza e
discerne seus verdadeiros fins – não poderá haver conflito. Cada homem será um ator liberto,
auto-dirigido no drama cósmico. Assim, Spinoza noz diz que crianças, apesar de serem
coagidas, não são escravas pois obedecem ordens dadas em seus próprios interesses, e que o
sujeito de uma comunidade verdadeira não é escravo, pois o interesse comum inclui o dele
p p io.à“i ila e te,àLo keàdizà O deà oàh àleià oàh àli e dade ,àpo à ueàaàleià a io alà àaà
di eç oàpa aàosà i te essesàade uados àouà e àge al àdeàu àho e ;àeàa es e taà ueàdesdeà
ueàaàleiàdesseàtipoà àoà ueà osà o eàdeàp ta osàeàp e ipí ios àeleà alà e e eàoà o eàdeà
o fi a e to ,àeàfalaàdosàdesejosàdeàes apa àdissoà o oàse doàfo asài a io aisàdeà li e ça à
o oà utais àeàassi àpo àdia te.àMo tes uieu,àes ue e doàseusà o e tosàli e ais,àfalaàdeà
liberdade política como sendo não permissão de fazer o que se quer, ou mesmo o que a lei
permite, mas apenas o pode à deà faze à oà ueà sà te osà vo tade à oà ueà Ka tà p ati a e teà
epete.à Bu keà p o la aà oà di eito à doà i dividuoà deà se à o tidoà e à seuà p p ioà i te esse,à
po ueà oà o se ti e toà p esu idoà deà adaà iatu aà a io alà à e à u ísso oà o à aà o de à
predisposta das oisas .
A mesma atitude foi claramente expressa por Auguste Comte, que quando perguntado
por que, se não permitimos liberdade de pensamento na química ou biológica, nós deveríamos
permitir isso na moral ou na política. Por que, de fato? Se não faz sentido falar de verdades
políticas – afirmações de fins sociais que todos os homens, porque são homens, devem, uma
vez descobertas, concordar por assim ser; e se, como Comte acreditava, o método cientifico irá
no devido tempo revelá-las, então qual caso há para liberdade de opinião ou ação – ao menos
como fim em si mesmo, e não meramente como uma simulação do clima intelectual – tanto
para indivíduos quanto para grupos? Por que deveria se tolerar qualquer conduta que não foi
autorizada por especialistas adequados? Comte colocou sem rodeios o que tinha estado
implícito na teoria racionalista da política em seu começo na Grécia Antiga. Se pode, em
principio, haver apenas uma forma correta de vida; o sábio a segue espontaneamente, por isso
é chamado sábio; O ignorante deve ser arrastado para ela por todos as formas sociais em
poder do sábio; por que deveria esse erro demonstrado sofrer e sobreviver e procriar? O
i atu oà eà ig o a teà deve à se à fo çadosà aà dize à aà sià es o:à ápe asà aà ve dadeà li e ta,à eà aà
única forma na qual posso aprender a verdade é fazendo cegamente hoje, o que você, que
sabe, me ordena, ou me coage, a fazer, na certeza de que só assim vou chegar em sua visão
la a,à eà se à liv eà o oà vo .à Te osà vagado,à aà ve dade,à deà ossoà o eçoà li e al.à Essaà
discussão, empregada por Fichte em sua ultima fase, e depois deles por outros defensores da
autoridade, dos escolásticos vitorianos e administradores coloniais ao ultimo nacionalista ou
ditador Comunista, é precisamente o que a moral dos Estóicos e Kantianos protesta contra
mais amargamente em nome da razão do individuo livre seguindo sua própria luz interior.
Dessa forma o argumento racionalista, com sua suposição de uma única solução verdadeira, é
conduzido por etapas, que, se não logicamente valido, é historicamente e psicologicamente
inteligível a partir de uma doutrina ética de responsabilidade individual e auto-
aperfeiçoamento individual para um Estado autoritário obediente às diretrizes de uma eline de
guardiões platônicos.
O que pode ter levado para uma reversão tão estranha – a transformação do
individualismo severo de Kant em algo próximo a uma doutrina totalitária da parte dos
pensadores, alguns dos quais que alegavam serem seus discípulos? Essa questão não é
meramente de interesse histórico, pois não foram poucos os liberais contemporâneos que
passaram pela mesma evolução peculiar. É verdade que Kant verdadeiramente insistiu,
segundo Rousseau, que a capacidade de auto-orientação pertence à todos os homens; que
não poderia haver especialistas em questões morais, já que a moralidade não é uma questão
de conhecimento especializado (como os filósofos utilitaristas sustentam), mas do uso correto
das faculdades humanas; e conseqüentemente que o que faz dos homens livres não é agir de
maneiras auto melhoráveis, que eles podiam ser coagidos a fazer, o que ninguém poderia fazer
por – ou em nome de – outra pessoa. Mas até mesmo Kant, quando veio a lidar com questões
políticas admitiu que nenhuma lei, desde que fosse de tal forma que eu deveria, se
perguntado, aprovar como um ser racional, poderia possivelmente me privar de nenhuma
parte de minha liberdade racional. Com isso, a porta foi aberta amplamente para os
especialistas das regras. Não posso consultar todos os homens sobre todas as leis o tempo
todo. O governo não pode ser um plebiscito continuo. Além disso, alguns homens não são tão
bem sintonizados com a voz de sua própria razão quanto outros: alguns parecem
singularmente cegos. Se sou um legislador ou um governante, devo assumir que a lei que
imponho é racional (e posso consultar apenas minha própria razão) ela será automaticamente
aceita por todos os membros de minha sociedade na medida em que eles sejam seres
racionais. Pois, se eles desaprovarem, eles devem, pro tanto, serem irracionais; eles então
terão de ser reprimidos pela razão: se a deles ou a minha não deve importar, pois, os
pronunciamentos da razão devem ser os mesmos em todas as mentes. Eu emito minhas
ordens e se você resiste, cai sobre mim reprimir o elemento irracional em você que se opõe a
razão.Minha tarefa seria mais fácil se você reprimisse isso em você mesmo; eu tento educar
você a fazê-lo. Mas sou responsável pelo bem-estar público, não posso esperar até que todos
os homens sejam inteiramente racionais. Kant pode protestar que a essência da liberdade
subjetiva é que ele, e apenas ele, tenha dado a si mesmo a ordem a obedecer. Mas esse é um
conselho de perfeição. Se você falha em disciplinar-se, eu devo fazê-lo por você; e você não
pode reclamar de falta de liberdade, pois o fato de que o juiz racional de Kant te mandou para
a prisão é a evidencia de que você não ouviu sua razão interior, que, como uma criança, um
selvagem, um idiota, você mão é maduro para se auto-orientar, ou permanentemente incapaz
disso.
Se isso leva ao despotismo, ainda que pelo melhor e mais sábio – para o Templo de
Sarastro na Flauta Mágica – mais ainda despotismo, o que acaba por ser idêntica a liberdade,
pode ser que haja algo errado com as premissas do argumento? Que as premissas básicas são
elas mesmas falhas? Deixe-me dizer-lhes mais uma vez: primeiramente, que todos os homens
tem apenas um propósito verdadeiro, e apenas um, aquele da auto-orientação racional;
segundo, que os fins de todos os seres racionais devem por necessidade se ajustar em um
único padrão harmonioso universal, que alguns homens podem ser capazes de discernir mais
claramente que os outros; terceiro, que todos os conflitos, e conseqüentemente todas as
tragédias, devem-se exclusivamente ao confronto da razão ou da insuficiência racional – os
elementos imaturos e não-desenvolvidos da vida, se individual ou comunitário – e tais
conflitos são, em principio, evitáveis, e por seres racionais completos, impossíveis; finalmente,
quando todos os homens forem feitos racionais, eles irão obedecer leis racionais de suas
próprias naturezas, que é uma e a mesma em todos eles, e então ser completamente
cumpridores da lei e completamente livres. Será que Sócrates e os criadores da tradição
central Oriental na ética e política que o seguem estavam errados, por mais de dois milênios,
que a virtude não é conhecimento, ou que a liberdade é idêntica a nenhum deles? Que, apesar
do fato que eles governam a vida de mais homens que nunca antes em sua longa historia,
nenhum desses pressupostos básicos dessa visão famosa é demonstrável, ou talvez, mesmo
verdade?
VI
Há ainda, mais uma abordagem histórica importante para esse tópico, que, por
confundir liberdade com suas irmãs, igualdade e fraternidade, levam a conclusões
similarmente não-liberais. Desde que a questão foi levantada próximo ao fim do século XVIII, a
uest oàdoà ueà ue àdize à u ài dividuo àte àsidoàpe gu tadaài siste te e te,àeà o àefeitoà
crescente. Na medida em que vivo na sociedade, tudo que faço afeta inevitavelmente, é a
afetado por, o que os outros fazem. Até mesmo Mill se esforça de forma extenuante para
marcar a distinção entre as esferas da vida privada e social que se rompem sob exame.
Praticamente todos os críticos de Mill apontaram que tudo que eu faço talvez tenha
resultados que irão prejudicar outros seres humanos. Além disso, sou um ser social em um
sentido mais profundo que minhas interações com os outros. Pois, não sou eu o que sou, em
algum grau, em virtude do que os outros pensam ou sentem por mim? Quando me pergunto o
que sou, e respondo: um Inglês, um Chinês, um mercador, um homem sem importância, um
milionário, um condenado – eu encontro através da analise que possuir tais atributos implica
em ser reconhecido como pertencente de um grupo ou classe pelas outras pessoas da
sociedade, e que esse reconhecimento é parte do significado da maioria dos termos que
indicam algumas de minhas características mais pessoais e permanentes. Não sou a razão
desencarnada. Nem sou Robinson Crusoé, sozinho contra sua ilha. Não é apenas que minha
vida material dependa de minha interação com os outros homens, ou que eu sou o que sou
como resultado de forças sociais, mas que algumas, talvez todas as minhas idéias sobre mim
mesmo, em particular meu senso de minha própria moral e identidade social, são inteligíveis
apenas em termos da rede social da qual sou (a metáfora não deve ser pressionada demais)
um elemento.
A falta de liberdade sobre a qual homens ou grupos reclamam tanto, na maioria das
vezes, para a falta de reconhecimento adequado. Eu posso estar procurando não pelo que Mill
desejava que eu procurasse, ou seja, segurança contra a coação, prisão arbitrária, tirania,
privação de algumas oportunidades de ação, ou espaço para que não preste contas à ninguém
pelos meus movimentos. Igualmente, posso não estar procurando por um plano racional ou
vida social, ou auto-aperfeiçoamento de um sábio desapaixonado. O que eu posso tentar
evitar é ser ignorado, ou patrocinado, ou desprezado, ou presumir demais – em suma, não ser
tratado com um individuo, tendo minha singularidades insuficientemente reconhecida, ser
classificado como um membro de alguma amalgama sem traços, uma unidade estática
identificável, especialmente traços humanos e meus próprios propósitos. Esta é a degradação
que estou lutando contra – não estou procurando igualdade de direitos legais, ou liberdade de
fazer o que desejo (embora, que possa querer isso também), mas uma condição na qual eu
posso sentir que sou, por que sou levado a ser, um agente responsável, cuja vontade é levada
em consideração por que eu tenho direito a isso, mesmo se eu for atacado e perseguido por
ser o que eu sou, ou escolher o que eu escolho.
Esse é um anseio por status e reconhecimento: O mais pobre que há na Inglaterra tem
uma vida a viver como o maior deles. Eu desejo ser compreendido e reconhecido, mesmo que
signifique ser impopular e que as pessoas não gostem de mim. E as únicas pessoas que podem
assim reconhecer-me, e assim, dar-me sentido de ser alguém, são os membros da sociedade a
qual, historicamente, moralmente, economicamente e talvez etnicamente, eu sinto que
pertenço. Meu eu individual não é algo que eu posso separar de minha relação com os outros,
ou daqueles atributos meus que consistem da atitude deles em relação a mim.
Conseqüentemente, quando exijo ser liberado do, digamos, estado de dependência política ou
social, o que eu exijo é uma alteração da atitude deles para comigo daqueles cuja opinião e
comportamento ajudam a determinar minha própria imagem de mim mesmo.
Muito tem sido escrito na falácia de considerar grupos sociais como sendo literalmente
pessoas ou eus, cujo controle e disciplina de seus membros mão é mais que auto-disciplina,
auto o t oleàvolu t ioà ueàlevaàaoàage teài dividualàliv e.àMasà es oà aàvis oà o g i a , ou
natural seria desejável chamar a demanda por reconhecimento e status de demanda por
liberdade em algum sentido terceiro? É verdade que um grupo do qual o reconhecimento e
statusà àp ete didoàdeveàte àu aà edidaàsufi ie teàdeàli e dadeà egativa à– de controle por
uma autoridade exterior – caso contrário, o não seria dado ao requerente o status que
procura. Mas a luta por status mais elevado, o desejo para escapar de uma posição inferior,
deve ser chamado desejo por liberdade? É mero pedantismo confinar essa palavra aos
sentidos principais discutidos acima, ou estamos nós, como suspeito, em perigo de chamar
qualquer melhoria de sua situação social favorecida por um ser humano de um aumento por
sua liberdade, e isso não renderá a esse termo tão vagueza e dilatação tornando-o
praticamente inútil? E ainda, não podemos simplesmente descartar esse caso como um mera
confusão na noção de liberdade com aquela de status, solidariedade, fraternidade ou
igualdade, ou alguma combinação desses. Pois o desejo de status é, em alguns aspectos, muito
próximo do desejo de ser um agente independente.
Podemos recusar a esse objetivo o titulo de liberdade; ainda isso seria uma visão
superficial que assumiu que analogias entre indivíduos e grupos, ou metáforas orgânicas, ou
vários sentidos da palavra liberdade são meras falácias, devido tanto as afirmações de
semelhança entre entidades em aspectos em que são diferentes, ou simplesmente confusão
semântica. O que se é desejado daqueles que estão preparados para trocar suas próprias
liberdades e a liberdade de ação individual pelo status de seus grupos dos outros, e seus
próprios status dentro do grupo, não é simplesmente a rendição da liberdade pelo bem da
segurança, de algum lugar assegurado em uma hierarquia harmoniosa em que todos os
homens e todas as classes sabem seu lugar, e estão preparados para trocar o doloroso
privilegio de escolha – oàpesoàdaàli e dade à– pela paz e conforto e relativa inconsciência de
uma estrutura autoritária e totalitarista. Sem duvida existem tais homens e tais desejos, e sem
duvida tais desistentes da liberdade individual podem ocorrer e de fato muitas vezes ocorreu.
Mas é uma incompreensão profunda do temperamento de nosso tempo assumir é isso que
torna o nacionalismo ou marxismo atrativo para nações que foram governadas por mestres
estrangeiros, ou por classes que eram dirigidas por outras classes em um regime semi-feudal
ou hierarquicamente organizado. O que eles procuram é mais parecido com o que Mill chamou
deà auto-afi aç oàpag ,à asàe àu aàfo aà oletiva,àso ializada.àDeàfato,à uitoàdoà ueàdeà
diz sobre suas próprias razões por desejar liberdade – o valor que ele coloca em destaque e
não-conformidade, sobre a afirmação dos valores próprios do individuo face a opinião
prevalecente, personalidades fortes e auto-suficientes livres das cordas que conduzem dos
legisladores oficiais e instrutores da sociedade – tem pouco a ver com sua concepção de
liberdade como não-interferência, e muito com seu desejo de que os homens não tenham suas
personalidades fixadas em valores baixos, assumidos serem incapazes de comportamento
autônomo, original eà aut ti o ,à es oà ueàtalà o po ta e toàvenha a ser encontrado com
opróbrio, ou restrições sociais, ou legislação impeditiva.
“e à duvidasà todasà asà i te p etaç esà daà palav aà li e dade , mesmo incomum, deve
i lui àu à í i oàdoà ueà ha eiàdeàli e dadeà egativa .àDeveàhave àu aà eaà aà ualàeuà oà
sou frustrado. Nenhuma sociedade literalmente suprime todas as liberdades de seus
membros; um ser que é impedido por outros de fazer tudo por conta própria não é um agente
moral, e não poderia nem legalmente nem moralmente ser considerado um ser humano,
mesmo que um fisiologista ou biologista, ou mesmo um psicólogo se sinta inclinado a
classificá-lo como homem. Mas os pais do liberalismo – Mill e Constant – querem mais que
esse mínimo: eles exigem um grau máximo de não-interferência compatível com as exigências
mínimas da vida social. Parece improvável que essa exigência extrema por liberdade nunca
tenha sido feira por ninguém além de uma pequena minoria altamente civilizada e
autoconsciente seres humanos.
VII
Liberdade e Soberania
A Revolução Francesa, como todas as grandes revoluções, foi, ao menos em sua forma
Ja o i a,à assi à o oà u aà e upç oà doà desejoà pelaà li e dadeà oletivaà positiva à deà auto-
orientação por parte de um grande corpo de franceses que se sentiram libertos como uma
nação, mesmo que o resultado tenha sido, para um grande numero deles, uma severa
restrição de liberdade individual. Rousseau falou exultante do fato de que as leis da liberdade
pudessem vir a ser mais austeras que o jugo da tirania. A tirania é serviço para mestres
humanos. A lei não pode ser tirana. Por liberdade, Rousseau, não quis dizer que a liberdade
egativa à oàdeve iaàsof e ài te fe iaàe àu aà eaàdefi ida,à asàaàposseàpo àtodos,àeà oà
apenas por alguns, dos membros qualificados de uma sociedade a participar do poder público
que tem direito de interferir com todos os aspectos da vida de cada cidadão. Os liberais da
primeira metade do século XIX previram corretamente que a liberdade em seu sentido
positivo à pode iaà fa il e teà dest ui à uitasà li e dadesà egativas à ueà elesà o side ava à
sagradas. Apontaram que a soberania dos povos podia facilmente destruir a dos indivíduos.
Mill explicou, pacientemente e incontestavelmente, que governo pelas pessoas não era,
necessariamente, liberdade. Pois, aqueles que governam são, não necessariamente, as
es asà pessoas à ueà a uelesà ueà s oàgove ados,àeà u àautogove oàde o ti oà oà àoà
gove oà deà adaà u à po à si ,à asà aà elho à dasà hip teses,à u à po à todos . Mill e seus
dis ípulosàfala a àdaà ti a iaàdaà aio ia àeàdaàti a iaàdaà opi i oàeàse ti e toàp edo i a tes ,à
e não viu grande diferença entre elas e nenhum outro tipo de tirania que se usurpa sobre as
atividades dos homens para alem das fronteiras de suas vidas privadas.
Isso é quase o pólo oposto daqueles propósitos dos que acreditam na liberdade no
se tidoà positivo à– auto-orientado. O anterior quer coibir a autoridade como tal. O segundo,
quer colocada em sua mão. Essa é uma questão cardeal. Essas não são duas interpretações de
um único conceito, mas duas atitudes profundamente divergentes e inconciliáveis para os fins
da vida. É bom se reconhecer isso, mesmo que, na prática, muitas vezes é necessário
encontrar um acordo entre elas. Pois, cada uma dela, faz afirmações absolutas. Essas
alegações não podem ser ambas, completamente satisfeitas. Mas é uma falta profunda de
entendimento moral e social não reconhecer que a satisfação que cada uma delas procura é
um valor supremo que, ambas, historicamente e moralmente, tem igual direito de ser
classificadas entre os interesses mais profundos da humanidade.
VIII
O Um e os Muitos
Uma crença, mais que qualquer outra coisa, é responsável pela matança de indivíduos
nos altares dos grandes ideais históricos – justiça, progresso, felicidade das gerações futuras,
missões sagradas, emancipação de uma nação, raça ou classe, ou mesmo a própria liberdade,
que exige sacrifícios dos indivíduos pela liberdade da sociedade. Esta é a crença que em algum
lugar, no passado ou no futuro, na revelação divina ou na mente do pensador individual, nos
pronunciamentos da historia ou da ciência, ou no coração simples de um bom homem
incorruptível, existe uma solução final. Essa fé antiga se baseia na convicção de que todos os
valores positivos nos quais os homens acreditaram mais, no final, são compatíveis, e talvez até
mesmo impliquem u à oàout o.à A natureza liga verdade, felicidade e virtude juntas por uma
alge aà i dissolúvel ,à disseà u à dosà elho esà ho e sà ueà j à vive a ,à eà falouà e à termos
similares da liberdade, igualdade e justiça.
Mas isso é verdade? É sabido que nem a igualdade política ou a organização eficiente
ou justiça social é compatível com mais do que o mínimo de liberdade individual, e certamente
não com irrestrito laissez-faire; que a justiça e generosidade, lealdade publica e privada, as
exigências dos gênios e as reivindicações da sociedade podem entrar em conflitos violentos
uns com os outros. E não é um grande caminho entre isso e a generalização de que nem todas
as coisas boas são compatíveis, e menos ainda, todos os ideais da humanidade. Mas em algum
lugar, nos é dito, e de alguma forma, deve ser possível para todos esses valores viverem
juntos, pois a menos que seja assim, o universo não é um cosmos, não é uma harmonia; a
menos que seja assim, conflitos de valores devem ser um elemento intrínseco, irremovível da
vida humana.
Mas se não estamos armados com uma garantia a priori de que a preposição de que a
harmonia total de valores é algo a ser encontrado – talvez em algum reino ideal as
características que nós não podemos, em nosso estado finito, conceber – nós devemos
recorrer aos recursos ordinários da observação empírica e conhecimento humano comum. E
isso, certamente não nos dá permissão para supor (ou mesmo entender o que significa dizer)
que todas as coisas boas, ou todas as coisas más dessa forma, são conciliáveis umas com as
outras. O mundo que encontramos na experiência comum é um em qual somos confrontados
com escolhas entre fins igualmente finitos, e afirmações igualmente absolutas, a realização de
que alguns inevitavelmente envolvem os sacrifícios dos outros. De fato, é por que essa é a
situação deles que os homens colocam imenso valor sobre a liberdade de escolha; pois, se
tivessem certeza de que em algum estado perfeito, realizável pelos homens na Terra, nenhum
fim perseguido por eles jamais estariam em conflito, a necessidade e agonia da escolha iriam
desaparecer, e com ela a importância central da liberdade de escolha. Qualquer método de
trazer esse estado final para mais perto pareceria então completamente justificável, não
importando quanta liberdade fosse sacrificada para encaminhar seu avanço.
É, não tenho duvidas, alguma certeza dogmática que tem sido responsável pela
profunda, serena, inabalável convicção na mente de alguns dois mais cruéis tiranos e
perseguidores na historia que o que eles fizeram era plenamente justificável por sua
finalidade. Não digo que o ideal de auto-aperfeiçoamento – tanto para os indivíduos, nações,
igrejas ou classes – deve ser condenado em si mesmo, ou que o idioma que foi usado em sua
defesa foi em todos os casos foi resultado de um uso de palavras confuso ou fraudulento, ou
de perversidade moral ou intelectual. Na verdade, eu tenho tentado mostrar que a noção de
li e dadeà e à seuà se tidoà positivo à ueà est à oà o aç oà dasà exig iasà pelaà auto-direção
natural ou social que anima os movimentos públicos mais poderosos e moralmente justos de
nosso tempo, e que não reconhecer isto é não compreender os fatos e idéias mais vitais de
nossa era. Mas igualmente, parece-me que a crença de que alguma formula simples pode, em
principio, ser encontrada, pela qual todos os diversos fins dos homens podem ser
harmoniosamente realizados é demonstravelmente falsa. Se, como acredito, os fins dos
homens são muitos, e nem todos eles são, em principio, compatíveis uns com os outros, então
a possibilidade de conflito – e tragédia – pode nunca ser eliminada da vida humana, nem
pessoal e nem social. A necessidade de escolher entre reivindicações absolutas é então uma
característica aceitável da condição humana. Isto dá valor à liberdade como Acton a concebeu
– como um fim em si mesmo, e não uma necessidade temporária, decorrente de nossas
noções confusas e irracionais e vidas desordenada, uma situação que uma panacéia poderia
um dia colocar nos eixos.
Não desejo dizer que a liberdade individual é, mesmo nas sociedades mais liberais, o
único, ou mesmo o dominante, critério da ação social. Nós obrigamos as crianças a serem
educadas, e nós proibimos execuções públicas. Estas são certamente restrições à liberdade.
Nós as justificamos com o fundamento de que a ignorância, ou educação bárbara, ou prazeres
cruéis e excitações são piores para nós que a quantidade de restrição para reprimi-los. Este
julgamento, por sua vez, depende de como determinamos bem e mal, isto é, de nossos valores
morais, intelectuais, religiosos, econômicos, e estéticos; que estão, por sua vez, ligados com a
concepção de homem, e das demandas básicas de sua natureza. Em outras palavras, nossa
solução para tais problemas é baseada em nossa visão, pela qual somos guiados consciente ou
inconscientemente, o que constitui uma vida humana plena, em contraste com a natureza
ape tadaà eà ofus ada ,à o p i ida à eà i flexível à deà Mill. Para protestar contra as leis que
governam a censura ou moral pessoal como infrações intoleráveis da liberdade pessoal
pressupõe uma crença de que as atividades que tais proíbem são necessidades fundamentais
de homens como homens, em uma boa (ou, de fato, qualquer um) sociedade. Defender tais
leis é sustentar que essas necessidades não são essenciais, ou que elas não podem ser
satisfeitas sem sacrificar outros valores que são superiores – satisfazer necessidades mais
profundas – que liberdade individual, determinados por algum padrão que não é meramente
subjetivo, um padrão para quais alguns status objetivos – empíricos ou a priori – são
reivindicados.
O pluralismo, com a medida de liberdadeà egativa à ueà i pli a,à pa e e-me mais
verdadeiro e mais humano que os objetivos daqueles que procuram maior disciplina,
est utu asà auto it iasà doà idealà doà autodo í ioà positivo à po à lasses,à povos,à ouà po à todaà aà
humanidade. É mais verdadeiro, por que ele, ao menos, reconhece o fato de que os objetivos
humanos são muitos, não todos eles comensuráveis, e em rivalidade perpétua uns com os
outros. Assumir que todos os valores podem ser classificados em uma escala, de modo que é
uma mera questão de determinar qual o mais alto, parece-me falsificar o conhecimento de
que os homens são agentes livres, para representar suas decisões morais como uma operação
que uma régua de cálculo poderia, em principio, realizar. Para dizer isso em uma síntese
ultima, reconciliadora, ainda realizável é interessante, ou a liberdade individual é puramente
democrática ou um Estado autoritário, é jogar um cobertor metafísico ou sobre auto-engano
ou sobre hipocrisia deliberada. É mais humano por que não priva (como os construtores do
sistema fazem) os homens, em nome de algum ideal remoto, incoerente, que muitos deles
acharam indispensável para suas vidas como autotransformadores, seres humanos
imprevisíveis. No final, homens escolheram entre seus valores finais; eles escolheram assim
por que suas vidas e pensamentos são determinados por categorias e conceitos morais
fundamentais que são, de qualquer forma sobre grandes extensões de tempo e espaço, uma
parte de seu ser, pensamento, e sentido de sua própria identidade; parte do que os torna
humanos.
Pode ser que o ideal de liberdade a escolher acabe sem reivindicar validade eterna
para eles, e que o pluralismo de valores conectados com isso, é o único fruto tardio de nossa
sociedade capitalista em declínio: um ideal que tempos remotos e sociedades primitivas não
reconheceram, e um que a posterioridade considere com curiosidade, até mesmo simpatia,
mas pouca compreensão. Pode ser assim; mas nenhuma conclusão cética me parece seguir
daí. Princípios não são menos sagrados por que sua duração não pode ser garantida. Na
verdade, o simples desejo por garantias de que nossos valores são eternos e seguros em algum
paraíso objetivo é talvez apenas um desejo por certezas de infância ou os valores absolutos se
u à passadoà p i itivo.à Pe e e à aàvalidadeà elativaàdeà u aà deà ossasà o vi ç es ,à disseà u à
ad i velà es ito à deà ossoà te po,à eà ai daà supo t -la com firmeza é o que distingue um
ho e à ivilizadoà deà u à a o .à Exigi à aisà doà ueà issoà ,à talvez,à u aà e essidadeà
metafísica profunda e incurável; mas permitir isso a determinar a prática de alguém é um
sintoma de imaturidade política e moral igualmente profundas e mais perigosas.