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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA DE

MONTEIRO LOBATO PARA FORMAÇÃO DAS


MENTES INFANTIS

Larissa de Barros Carvalho – RA 1708200138

RESUMO: Este trabalho visa apresentar o estudo em torno da literatura infantil de


Monteiro Lobato, mais especificamente sobre o texto As jabuticabas da obra Reinações de
Narizinhos (2007) e a importância de seu desenvolvimento na escola para formação de
leitores críticos. Assim, procurei nesse artigo científico definir o que é literatura infantil,
expor vida e obras de Monteiro Lobato e trabalhar com a importância da leitura para o
desenvolvimento infantil.

PALAVRAS-CHAVES: Literatura Infantil, Monteiro Lobato, desenvolvimento


infantil.
INTRODUÇÃO

Este artigo científico analisa o Pude então, ampliar os meus


desenvolvimento infantil sob a conceitos a respeito da literatura infantil
perspectiva da leitura diária de autores lobateana adequando ao meu trabalho em
renomados em sala de aula, como, por sala de aula, tornando cada vez melhor a
exemplo, Monteiro Lobato. Assim como minha postura como educadora, pois
uma pesquisa expositiva, parti da acredito que a partir do momento em que
definição de literatura infantil, depois fiz conhecemos melhor como a literatura
um estudo sobre a vida e características infantil auxilia no desenvolvimento
gerais das obras de Monteiro Lobato infantil além de outros requisitos que ela
voltadas ao público infantil, porém me já proporciona como a informação, o
especifiquei mais no texto As jabuticabas prazer de ler e viajar sem sair do lugar,
que se encontra na sua obra Reinações de proporcionará atividades mais
Narizinhos (2007) e por último trabalhei significativas para a construção e o
com a importância da literatura de Lobato desenvolvimento das crianças.
para o desenvolvimento infantil em sala Sendo assim, este tema foi
de aula. escolhido para o meu artigo científico,
A escolha desse tema deve-se ao por ser um gênero discursivo bastante
fato de já ser profissional da área da lido em sala de aula, e porque senti a
educação, e principalmente professora de necessidade de estudar as habilidades
Língua Portuguesa. Natural de Taubaté, infantis que podem ser adquiridas através
não poderia deixar de escrever sobre uma da leitura.
figura tão especial para a minha cidade e Este trabalho não apresenta um
que ao mesmo tempo teve sua marca na público alvo específico sendo relevante
Literatura Brasileira. Assim, achei muito na vida profissional e pessoal de qualquer
propício um artigo científico que tratasse pessoa porque desenvolve o pensamento
dessa figura ilustre que foi e ainda é crítico acerca de como a literatura infantil
presença constante em todas as casas que proporciona o desenvolvimento humano
adotam uma boa literatura como leitura. que tem início na primeira fase da vida da
qual somos submetidos: a infância.
A NATUREZA DA LITERATURA INFANTIL

Definir o que é literatura não é na Índia com a Novelística Popular


uma tarefa muito fácil, pois muitos Medieval.
estudiosos identificam-na como um A Literatura Infantil foi constituir-
gênero discursivo que representa os fatos se mesmo como gênero no século XVII e
da época em que foi escrita e todas às para Barcellos (2008), tinha como base
vezes que for lida, independente do um conceito de sociedade diferente da
momento, ano ou século, também que temos atualmente, sua valorização
representará os valores e acontecimentos como a conhecemos só veio a partir do
daquela época, sendo assim, usada como século XIX com a adaptação das fábulas,
um veículo denunciador que alerta e conto de fadas, narrativa de aventuras etc,
transforma o pensamento do leitor ou ao universo da criança.
receptor, além de fonte de prazer e André (2004, p. 20), afirma que
informação. essa adaptação teve período certo na
Segundo Coelho (2000, p.28), é história da sociedade, ou seja:
“[...] processo de produção/recepção
que, conscientemente ou não, se converte A literatura infantil nasceu
como gênero literário na
em favor de intervenção sociológica, Revolução Industrial, período
ética ou política”, porém a literatura que no qual a criança passou a
ocupar lugar de destaque na
irei tratar nesse artigo trata de um público cena familiar.
um pouco mais específico, o infantil, ou Embora a primeira literatura
ainda, há todas as pessoas que revelam infantil fosse francesa, isto é, as Fábulas
uma alma inocente e pura como a das de La Fontaine, sua difusão aconteceu na
crianças se identificando com esse tipo de Inglaterra, país de grande potencia
leitura. comercial e marítima que foi considerada,
Acredita-se que nem sempre a na época, um importante pólo industrial,
literatura infantil recebeu o status que tem pois tinha acesso mais facilmente às
hoje, ela nasceu com a necessidade do matérias primas necessário e contava com
homem de contar suas experiências e mercados consumidores em expansão no
segundo Oliveira (2009) teve suas origens continente europeu e americano. Assim,
um novo estereotipo familiar se passou a sustentar a valorização da
constituía, baseada na queda do criatividade, da independência e da
feudalismo e no poder rural, a emoção infantil, o chamado pensamento
urbanização se estabilizava e com ela crítico [...]”.
surgia a divisão do trabalho que se fazia Portanto, José Carlos Barcellos
necessário o pai de família trabalhar para (2008, p. 13), coloca que “poderíamos
sustentar a família, enquanto a mãe conceituar literatura infantil como aquela
gerenciar o lar e cuidar da criação dos que constrói um leitor implícito infantil”,
filhos. (LAJOLO e ZIBERMAN, 1985). e nesse sentido, acredito que alguns
Nessa época, segundo Lajolo e gêneros correspondem a um público alvo
Ziberman (1985), o esforço da família e outros correspondem a outros, as
para proporcionar a melhor infância características que demarcam uns e outros
possível aos filhos, motivaram o na produção de um texto oral ou escrito,
aparecimento de objetos industriais recebe a influencia direta do receptor,
voltados as crianças, como brinquedos e aquele que vai ouvir ou ler a história e
livros, estudos psicológicos e com isso, permiti também a escolha
pedagógicos voltados também ao vocabular, dos temas, dos recursos
desenvolvimento infantil começaram a estilísticos etc, que tomaram forma e
tomar certa proporção, e, a formalização conduziram a narrativa.
de uma instituição que as preparassem Podemos notar, por exemplo, no
para a vida adulta surge, a escola. texto As Jabuticabas de Monteiro Lobato
Porém com todos esses avanços a na obra Reinações de Narizinhos (2007),
respeito do universo infantil, muitos esse livro tem como foco principal o
autores, inclusive Darós (2005), Lajolo e universo infantil.
Ziberman (1985) afirmam que os livros
infantis tinham um objetivo muitas vezes VIDA E OBRAS DE
moral ou meramente didático. Quando MONTEIRO LOBATO
começou a se pensar na criança como um
Conforme Vieira (2004), José
ser cheio de particularidade, a literatura
Renato Monteiro Lobato, nasceu no dia
infantil tomou um rumo diferente que, de
18 de abril de 1882 na cidade de Taubaté
acordo com Darós (2005, p.24), “[...]
e faleceu em 4 de julho de 1948 em São
Paulo. Filho de José Bento Marcondes Com muitas idas e vindas a
Lobato e de Olímpia Augusta Monteiro cidade de São Paulo, Monteiro Lobato
Lobato tinha como avôs maternos à marca sua presença crítica na exposição
professora primária Anacleta Augusta do das obras de Anita Malfaltti, argumenta
Amor Divino e José Francisco Monteiro, politicamente contra o presidente da
o Visconde de Tremembé. república da época Getúlio Vargas
O Visconde de Tremembé era acreditando que o Brasil só precisava de
dono do solar que reside até hoje na vontade política para superar seus grandes
Chácara do Visconde, na qual parentes e problemas.
familiares passavam alguns momentos de Depois de toda campanha política
lazer, inclusive Monteiro Lobato que a favor do desenvolvimento do país, foi
adorava a biblioteca de seu avô, uma das preso, esteve até incomunicável.
instalações do local. Alfabetizado pela Segundo Vieira (2004, p. 53)
mãe e posteriormente freqüentador de “Lobato sofreu muito”, ficou órfã de pai
algumas aulas particulares, estudou e mãe ainda muita criança, depois perdeu
advocacia fora da sua cidade natal e dois filhos para a tuberculose, que na
escreveu diversas obras criando também época não tinha tratamento, faliu
os personagens infantis do Sítio do empresas e as reergueram inúmeras
Picapau Amarelo. vezes, isso fez de Lobato um homem
Por causa de uma lembrança de anticonvencional que dizia tudo o que
seu pai, uma bengala que tinha as iniciais pensava.
JBML, em 1893, mudou seu nome para Assim, visitando a cidade de
José Bento, porém popularmente Taubaté, encontramos diversas
conhecido como Monteiro Lobato. homenagens ao escritor, como, por
Depois de formado advogado na exemplo, a Escola Estadual “Monteiro
capital, retorna a Taubaté em 1905 e Lobato” que fica situada no Jardim Maria
inicia seu namoro com Maria da Pureza Augusta, o próprio Sítio do Picapau
Castro Natividade, a quem sempre Amarelo, na Chácara do Visconde, nomes
chamava carinhosamente de Purezinha e de ruas e avenidas nos bairros da cidade,
com quem teve quatro filhos, Martha, esculturas e pinturas do mestre Justino, a
Edgard, Guilherme e Ruth. biblioteca municipal no parque Dr.
Barbosa de Oliveira, Jardim da Estação e (1921), O Marques de Rabicó (1922),
até semanas lobateanas organizadas desde Fábulas (1922), A caçada da onça de Jeca
1952 e que se prolonga até os dias atuais (1924), O Garimpeiro do Rio das Garças
no mês de abril. (1924), O noivado de Narizinho (1928),
Para Azevedo em Vieira (2004, O gato de botas (1928), Aventuras do
p.102), Lobato foi: Príncipe (1928), A cara de coruja (1928),
[...] fazendeiro, jornalista, O irmão de Pinicchio (1929), Circo de
empresário. Ele criou a
indústria do livro de uma Escavalinho (1929), Ferro, o pó de
forma empresarial mesmo. Pirlimpimpim (1931), Antevéspera
Ele mexeu com marketing;
ele mexeu com a parte (1933), História do mundo das crianças
gráfica da criação de capas,
de coisas que atraiam o (1933), As caçadas de Pedrinho (1933),
público. Ele se preocupou Novas reinações de Narizinho (1933),
com uma literatura de
formação. Mesmo a sua Emília no país da Gramática (1934)
literatura adulta é uma
literatura de formação. Ele
Contos Leves (1935), Aritmética de
está preocupado com livro Emília (1935), Geografia de Dona Benta
que fale com o seu povo, que
conte coisas que o povo (1935), Histórias das Invenções (1935),
precisa saber e ele depois vai
Dom Quixote das Crianças (1936),
fazer isso também com as
crianças. Ele tem capacidade Memórias da Emília (1936), O poço do
de perceber uma coisa que
ninguém na época percebeu, Visconde (1937), Serões de Dona Benta
que trabalhando a criança, ele Memórias da Emília (1936), Histórias de
estaria trabalhando o adulto
do futuro. tia Nastácia (1937) Picapau Amarelo

Suas principais obras foram: (1939), O Minotauro (1939), Contos

Urupês (1918), Cidades Mortas (1919), pesados (1940), Reforma da Natureza

Idéias de Jeca Tatu (1919), Negrinha (1941) e O espanto das gentes (1941), A

(1920), A onda verde (1921), Obras Chave do tamanho (1942) algumas

Completas (1946) reuniões de textos adaptações e traduções de obras

jornalísticos todas voltadas para os internacionais, além do objeto de estudo

adultos, e para o público infantil, Lobato do meu artigo científico Reinações de

escreveu: A menina do nariz arrebitado Narizinho (1931).

(1920), Fábulas de Narizinho (1921), O REINAÇÕES DE NARIZINHO


Saci (1921), O Narizinho Arrebitado
(2007) E O TEXTO “AS
JABUTICABAS”: UM BREVE
ESTUDO
Considerado um autor modernista, como cita Bosi (1994), Monteiro Lobato, após
dez anos de empreendimento literário na área da literatura infantil, remodela a história de
Narizinho reuni mais algumas que escreveu até então e constituiu uma nova obra,
Reinações de Narizinho cujo lançamento data de 1931.
A obra inteira conta com as aventuras dos netos de Dona Benta, Tia Nastácia, a
boneca Emília, mais alguns seres mágicos como o sabugo Visconde, os animais falantes
que também habitam o Sítio do Picapau Amarelo como o porco Rabicó, o burro
Conselheiro e o rinoceronte Quindim, sem falar dos eventuais seres aquáticos do reino das
Águas Claras que fica localizado no fundo do riacho que passa atrás do sítio, ou dos
visitantes mais ou menos habituais como o Gato Félix e o Pequeno Polegar que participam
dos acontecimentos narrados no Sítio do Picapau Amarelo.
O texto “As Jabuticabas”, narrado em terceira pessoa e composto por alguns
diálogos da turminha do sítio, fonte de inspiração do meu trabalho, conta principalmente
com a volta de Narizinho e Emília do Reino das Águas Claras e com a vontade insaciável
de Narizinho de comer jabuticabas.
Segundo Barcellos (2008), Monteiro Lobato (1882-1948) se encaixa nas narrativas
de aventura, e conforme o autor, esse gênero tem como característica a realização do
homem através da ação do mundo, ou seja, há
uma preocupação com o conhecimento do mundo exterior e com a ação humana que visa a
melhorá-lo tornando-o habitável.
Lajolo e Ziberman (1985) também vêm confirmar esse conceito, pois elas dizem
que o sítio de Monteiro Lobato representa a sociedade, o mundo e não apenas reproduz a
vida no campo.
No texto “As jabuticabas”, isso fica explícito na passagem em que D. Benta recebe
uma carta do correio da filha Antonica avisando sobre a ida de Pedrinho ao sítio.
Assim, a realidade se mistura com a fantasia, ora a turminha do sítio dialoga sobre
coisas totalmente reais ora com motivos lúdicos, ou seja, podemos notar a realidade
presente quando Narizinho, por exemplo, pergunta a Emília sobre o local onde mora Dona
Carochinha, ou ainda em uma fala de D. Benta (que representa o adulto da família) quando
afirma que as histórias maravilhosas de Narizinho sobre a viagem ao Reino das Águas
Claras “[...] são sonhos de crianças” (LOBATO, p. 38), porém a fantasia se mistura com a
realidade quando logo em seguida Tia Nastácia afirma que Narizinho deve ter encontrado
alguma varinha de condão para contar todas essas histórias fantasiosas.
Além desse elemento metafórico que é o Sítio do Picapau Amarelo, Lobato é
considerado, principalmente por Abramovich (1997), um dos poucos escritores que
demonstram o seu bom humor em suas obras, que nos faz rir, gargalhar quando lemos um
texto seu, ou seja, a autora conceitua que:
[...] há três nossos que são sempre divertidos em seus escritos, e que sua obra é
criada não apenas com graça e sabor, mas com percepção do inusitado, com o
humor como concepção básica, sendo tudo realmente engraçado, gargalhante,
inesperado e, por isso, muito inteligente. (ABRAMOVICH, 1997, p. 58).

Assim, Lobato faz parte desses três autores que para Abramovich (1997) é um autor
bem humorado juntamente com João Carlos Marinho e Sylvia Orthof. Particularmente isso
pode ser comprovado e sentido principalmente quando lemos o texto “As Jabuticabas” em
Reinações de Narizinhos (2007).
Para muitos estudiosos de Monteiro Lobato, A personagem Emília é o instrumento
adequado de Lobato para transmitir seus “recados”, ou seja, considerada o alter-ego
lobatiana, ela é crítica e representa suas maneiras de pensar quase como uma imposição. O
Visconde de Sabugosa personifica os “sábios” que rejeitam as verdades não contidas nos
livros e a dupla Pedrinho e Narizinho espelha a curiosidade infantil que impulsiona o
homem em direção a descobertas e progresso.
A adorável Dona Benta é o símbolo do adulto de mente aberta que aceita a liberdade
imaginativa dos pequenos e os estimula a evoluir. Tia Nastácia, ao contrário, embora
bonachona e alegre, reflete o adulto ignorante, sempre a procurar motivos sobrenaturais em
tudo o que se lhe apresenta diferente do conhecido cotidiano. Segundo Lajolo (1998)
representa os negros, escravos. Apesar do tratamento afetivo destinado a essa personagem
negra, seu espaço se reduz à cozinha, emblema de seu confinamento e de sua
desqualificação social. Com relação à cultura, Tia Anastácia, entre outros personagens
representam uma forma de conhecimento sempre desdenhada pela cultura dominante e por
outros personagens do sítio.
Portanto, essa obra entre outras do genial Monteiro Lobato é um texto rico em
recursos que estimulam o desenvolvimento das capacidades infantis e que seria ousadia
minha querer citá-los todos nesse artigo científico, mesmo assim faço minhas contribuições
através do que pesquisei sobre o assunto.

A IMPORTÂNCIA DA o que os japoneses ou


alemães acham de eventos
LITERATURA PARA O que estão ocorrendo nesse
exato momento.
DESENVOLVIMENTO
INFANTIL No entanto, com a modernização,
a sociedade em geral e principalmente a
O contato com leituras muitas
escola afirma que está cada vez mais
vezes não é encarada como uma atividade
difícil despertar o hábito da leitura nas
fácil, pois exige diversas habilidades que
crianças, sendo a líder de preferências dos
não estamos aptos a utilizar, como, por
pequenos os jogos eletrônicos como o
exemplo, quando lemos algum texto para
vídeo game, computador ou ainda a
buscar informação prática, ou para
comunicação rápida e direta, porém
satisfazer a curiosidade, informar-se sobre
eletrônica, como os programas
o que está acontecendo no mundo,
televisivos.
divertir-se, aprender, relacionar-se com as
Por essa razão, a escola deve
pessoas, fazer amigos etc, fazemos um
propor o contato ainda mais cedo com os
grande esforço cognitivo que às vezes não
livros, mesmo antes de serem
nos damos conta. Mas, alguns autores e
alfabetizadas, as crianças devem
com eles, Bencini (2006, p.31), acreditam
comparar e manusear o livro como se
que o único instrumento que ainda não há
fosse um brinquedo, para quando
preconceitos é a leitura, ou seja:
maiorzinhas cheguem à conclusão que o

[...] ler é o único jeito de se livro é uma fonte inesgotável de


comunicar de igual para igual conhecimento.
com o restante da
humanidade, seja no tempo- Portanto o prazer apenas sensorial
por meio de textos escritos
no início desenvolve depois três
por gente que já morreu,
como Jean Piaget ou William comportamentos distintos que serão
Shakespeare-, seja no espaço-
ao ver, em jornais e revistas,
utilizados para o resto da vida: o ler por estimulador em casa, por isso, o RCN
prazer, para estudar e para se informar. (1998) explica que práticas letradas
Delia Lerner em Becini (2006, devem ter início antes mesmo das
p.31) afirma que: crianças irem à escola, pois na instituição
A maior parte das escolas só escolar a leitura e a escrita podem ser
trabalha com textos didáticos
ou literários e muitas vezes trabalhadas no sentido da criança
de maneira burocrática, sem entender como se dá seu uso social.
sentido para os alunos.
Nesse sentido, o trabalho na
Por isso, o Referencial Curricular
Educação Infantil não é mais entendido
Nacional (1998) recomenda o uso de
como um trabalho que pode ser executado
diferentes gêneros discursivos na
por profissionais desqualificados. O
Educação Infantil, quando sugere
Referencial Curricular Nacional (1998)
atividades como contar histórias, dar
pressupõe que os conceitos vygotskyanos
recados, explicar jogos ou informações,
sejam amplamente adotados e aceitos
etc. Isso significa que essas atividades
pelo professor de Educação Infantil, o
não são atividades corriqueiras ou banais;
qual deverá perceber sua relevância
são instrumentos de comunicação social
social, histórica, de letramento, para a
que já devem ser desenvolvidos na
inserção das crianças em sociedade.
criança desde a Educação Infantil,
Assim, o professor deve ser o
segundo Lopes-Rossi (2002, p. 26)
mediador, a pessoa experiente que irá
fundamentada em Bakhtin, “todos os
propor atividades que desafiem os alunos,
gêneros do discurso tem características
para que eles avancem no seu processo de
típicas que incluem entre outras formas
desenvolvimento e atinjam o mais breve
linguagem adequadas [...]” isto é,
possível, conforme Vygotsky em Oliveira
necessitam de um ambiente próprio para
(1997) e Rego (1995), a zona de
serem desenvolvidas pelos falantes da
desenvolvimento real na quais tarefas
língua.
antes auxiliadas passam a serem
Por tudo isso, o professor tem
executadas sozinhas, independentes.
como função propiciar à criança o acesso
Acredito desta forma, que o
a situações em que a leitura e a escrita
trabalho com o texto As Jabuticabas na
sejam valorizadas, independente se o
obra Reinações de Narizinhos (2007) de
aluno tem ou não um ambiente
Monteiro Lobato auxilia as crianças da buscarão nela informações que possam
faixa etária de 0 a 6 anos de idade, pois a utilizar na vida real de maneira lúdica.
obra apresenta críticas, questionam CONSIDERAÇÕES FINAIS
idéias, atos e atitudes, e, as crianças
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